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PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PROCESSUAL

Conceito:
A doutrina distingue os princípios gerais do direito processual daquelas normas
ideais que representam uma aspiração de melhoria do aparelhamento
processual; por esse ângulo, quatro regras foram apontadas sob o nome de
"princípios informativos" do processo: a) o principio lógico, b) o principio
jurídico, c) o principio político, d) o principio econômico. Alguns princípios
gerais tem aplicação diversa no campo do processo civil e do processo penal,
apresentando feições ambivalentes. A verdade formal prevalece no processo
civil, enquanto a verdade real domina o processo penal. Outros princípios, pelo
contrario, tem aplicação idêntica em ambos os ramos do direito processual.
Principio da Imparcialidade do Juiz:
O caráter de imparcialidade é inseparável do órgão da jurisdição. O juiz coloca-
se entre as partes e acima delas: esta é a primeira condição para que se possa
exercer sua função dentro do processo. A imparcialidade do juiz é pressuposto
para que a relação processual se instaure validamente. Aos tribunais de
exceção contrapõe-se o juiz natural, pré-instituído pela Constituição e por lei.
Nessa primeira acepção, o principio do juízo natural apresenta um duplo
significado: no primeiro consagra a norma de que só é juiz o órgão investido
de jurisdição; no segundo impede a criação de tribunais ad hoc e de exceção,
para o julgamento de causas penais ou civis. A garantia desdobra-se em três
conceitos: a)só são órgão jurisdicionais os instituídos pela Constituição; b)
ninguém pode ser julgado por órgão constituído após a ocorrência do fato; c)
entre os juízes re-constituídos vigora uma ordem taxativa de competências que
exclui qualquer alternativa deferida à discricionariedade de quem quer que
seja.
Princípio da Igualdade:
A igualdade perante a lei é premissa para a afirmação da igualdade perante o
juiz. As partes e os procuradores devem merecer tratamento igualitário para
que tenham as mesmas oportunidades de fazer valer em juízo as suas razões.
A absoluta igualdade jurídica não pode, contudo, eliminar a desigualdade
econômica; pro isso, do primitivo conceito de igualdade, formal e negativa,
clamou-se pela passagem à igualdade substancial. No processo penal o
principio da igualdade é atenuado pelo favor rei, postulado básico pelo qual o
interesse do causado goza de prevalente proteção, no contraste com a
prestação punitiva. No processo civil legitimar-se normas e medidas destinadas
a reequilibrar as partes e permitir que litiguem em paridade em armas, sempre
alguma causa ou circunstância exterior ao processo ponha uma delas em
condições de superioridade ou de inferioridade em face da outra.
Principio do Contraditório e da Ampla Defesa
O principio do contraditório também indica a atuação de uma garantia
fundamental de justiça: absolutamente inseparável da distribuição da justiça
organizada, o principio da audiência bilateral encontra expressão no brocardo
romano audiatur et altera pars. O juiz, por força de deu dever de
imparcialidade, coloca-se entre as partes, mas equidistante delas: ouvindo
uma, não ode deixar de ouvir a outra, somente assim se dará a ambas a
possibilidade de expor suas razões, de apresentar suas provas, de influir sobre
o convencimento do juiz. No Brasil, o contraditório na instrução crimina vinha
tradicionalmente erigido em expressa garantia constitucional, sendo deduzido
da própria Constituição , indiretamente embora, para o processo civil. No
processo penal, entendem-se indispensáveis quer a defesa técnica, exercida
por advogado, quer autodefesa, com possibilidade dada ao acusado de ser
interrogado e de presenciar todos os atos instrutórios. Tratando-se de direitos
disponíveis, não deixa de haver o pleno funcionamento do contraditório ainda
que a contrariedade não se efetive. É o caso do réu em processo civil que,
citado em pessoa, fica revel, mesmo revel o réu em processo crime, o juiz dar-
lhe-á defensor e entender-se que feita uma defesa abaixo do padrão mínimo
tolerável, o réu será dado por indefeso e o processo anulado. Em síntese, o
contraditório é constituído por dois elementos: a) informação; b) reação.
Principio da Ação:
Principio da ação, ou da demanda, indica a atribuição á parte da iniciativa de
provocar o exercício da função jurisdicional. Tanto no processo penal como no
civil a experiência mostra que o juiz que instaura o processo por iniciativa
própria acaba ligado psicologicamente à prestação, colocando-se em posição
propensa a julgar favorável a ela.
No processo inquisitivo, onde as funções de acusar, defende e julgar
encontram-se enfeixadas em um único órgão, é o juiz que inicia de oficio o
processo, que recolhe as provas e que, a final, profere a decisão. O processo
acusatório é um processo penal de partes em que acusador e acusado se
encontram em pé de igualdade; é ainda, um processo de ação, com as
garantias da imparcialidade do juiz, do contraditório e da publicidade.
No processo penal brasileiro adota-se o sistema acusatório. Quanto á fase
previa representada pelo inquérito policial, já vimos que constitui processo
administrativo, sem acusado mas com litigantes, de modo que os elementos
probatórios nele colhidos só podem servir à formação do convencimento do
Ministério Publico, mas não para embasar uma condenação.
Principio da Disponibilidade e da Indisponibilidade:
Chama-se poder dispositivo a liberdade que as pessoas têm de exercer ou não
seus direitos. Em direito processual tal poder é configurado pela possibilidade
de apresentar ou não sua prestação em juízo, bem como de apresentá-la da
maneira que melhor lhes aprouver e renunciar a ela ou a certas situações
processuais. Trata-se do principio da disponibilidade processual.
O principio da obrigatoriedade sofre outras limitações: a) nos casos de ação
penal privada, o ius accusationis fica confiado ao ofendido ou a quem
legalmente o representante, instaurando-se o processo somente se estes o
desejarem; b) nos crimes de ação penal publica condicionada à representação,
os órgãos públicos ficam condicionados à manifestação da vontade da vitima
ou de seu representante legal; c) assim também ocorre nos crimes cuja ação
fica subordinada a requisição do Ministro da Justiça; d) nas infrações penais de
menor potencial ofensivo, de ação condicionada à representação, a transação
civil acarreta a extinção da punibilidade penal; e) o Ministério Público, ao invés
de oferecer denúncia, pode propor a imediata aplicação de pena alternativa
quando não houver transação civil a ação for publica incondicionada; f) nos
crimes de média gravidade o Ministério Público pode propor a suspensão
condicional do processo. Tão importante é o principio da indisponibilidade da
ação penal, pois não poderá o Ministério Público desistir do recurso interposto,
porém, pedir absolvição do réu podendo o juiz proferir sentença condenatória.
A pretensão punitiva pertence ao Estado, é indisponível.
Também nessa fase da persecutio crimis o principio sofre exceções nos casos
nos casos de crime de ação privada, nos quais se admite renúncia, perdão e
perempção. É denominada ação penal popular, que, no ordenamento brasileiro
atual, só se permite nos crimes de responsabilidade praticados pelo
Procurador-Geral da Republica e pro Ministros do Supremo Tribunal Federal.
Principio Dispositivo e Principio da Livre Investigação das Provas –
Verdade Formal e Verdade Real:
o principio dispositivo consiste na regra de que o juiz depende, na instrução da
causa, da iniciativa, das partes quanto às provas e às alegações em que se
fundamentará a decisão: iudex secundum allegata et probata partium iudicare
debet.
No processo penal sempre predominou o sistema da livre investigação de
provas. Mesmo quando, no processo civil, se confiava exclusivamente no
interesse das partes para o descobrimento da verdade, tal critério não poderia
ser seguido nos casos em que o interesse publico limitasse ou excluísse a
autonomia privada. No campo do processo civil, embora hoje juiz não mais se
limite a assistir inerte a produção das provas, pois em principio pode e deve
assumir a iniciativa desta, na maioria dos casos pode satisfazer – se com a
verdade formal, limitando-se a acolhe o que as partes levam ao processo e
eventualmente rejeitando-se a demanda ou a defesa por falta de elementos
probatórios. No processo penal, porém, o fenômeno é inverso:só
excepcionalmente o juiz penal se satisfaz com a verdade formal, quando não
disponha de meios para assegurar a verdade real. Conclui-se, pois, que o
processo civil, hoje, não é mais eminentemente dispositivo, como era outrora;
e o processo penal, por sua vez, transformando-se de inquisitivo em
acusatório, não deixou completamente à margem uma parcela de
dispositividade das provas.
Principio do Impulso Oficial:
É o principio pelo qual o componente ao juiz, uma vez instaurada a relação
processual, mover o procedimento de fase a fase, até exaurir a função
jurisdicional.
Principio da Persuasão Racional do Juiz:
Regula a apreciação das provas existentes nos autos, indicando que o juiz deve
formar livremente sua convicção. Situa-se entre o sistema da prova legal do
julgamentosecundum conscientiam. O primeiro significa atribuir aos elementos
probatórios valor inalterável e prefixado, que o juiz aplica mecanicamente. O
segundo coloca-se no pólo oposto; o juiz pode decidir com base nas provas dos
autos, mas também sem provas e até mesmo contra provas.
O principio secundum conscientiam é notado, embora com certa atenuação,
pelos tribunais do júri, compostos por juízes populares. A partir do século XVI,
porém começou a delinear-se o sistema o sistema intermediário do livre
convencimento do juiz, ou da persuasão racional, que se consolidou sobretudo
com a Revolução Francesa.
A Exigência de Motivação das Decisões Judiciais:
Na linha de pensamento tradicional a motivação das decisões judiciais era vista
como garantia das partes, com vista à possibilidade de sua impugnação para
efeito de reforma. Moderadamente, foi sendo salientada a função política da
motivação das decisões judiciais, cujos destinatários não são apenas as partes
e o juiz competente para julgar eventual recurso, mas quisquis de populo, com
a finalidade de aferir-se em concreto a imparcialidade do juiz e a legalidade e
justiça das decisões.
Principio da Publicidade:
O principio da publicidade do processo constitui uma preciosa garantia do
individuo no tocante ao exercício da jurisdição.
Ao lado da publicidade, que também se denomina popular, outro sistema
existe, pelo qual os atos processuais são públicos só com relação às partes e
seus defensores, ou a um número reduzido de pessoas.
A Declaração Universal dos Direitos do Homem, solenemente proclamada pelas
Nações Unidas em 1948, garante a publicidade popular dos juízos e a ordem
jurídica brasileira outorga a esse principio a status constitucional, dispondo que
"todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar
a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou
somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidação"
(cons., art. 93, IX, red. EC n. 45, de 8/12/2004).
No campo penal, sobre organização criminosa, cerca de sigilo o resultado de
investigação de que chega a incumbir o próprio juiz, em dispositivo de
duvidosa constitucionalidade, mas o sigilo só pode ser temporário, enquanto
estritamente necessário, não podendo sacrificar o contraditório, ainda que
deferido.
A Publicidade como garantia política não pode ser confundida com o
sensacionalismo que afronta a dignidade humana.

Fonte:http://analgesi.co.cc/html/t29309.html

Conclusão:_______________________________________________________________________
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PRINCÍPIOS GERAIS DO
DIREITO PROCESSUAL

Fábio Aureliano nº08


Profª Cíntia Perez
Módulo:Teoria Geral do Processo
Etec de Cidade Tiradentes-Ext. CEU Alto Alegre

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