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O candomble sofre influencia da igreja catolica que é exatamente onde nasce o

sincretismo , ele tem influencia indigena, porque ele nasce no Brasil dentro da
senzala com a união dos povos africanos , tds eles precisam cultuar os seus
orixas e acaba acontecendo essa mistura, e dentro dessa necessidade de cultuar
os orixas , nasce o candomblé que é onde é festejado todos os orixas, entao o
candomble era uma religiao proibida os negros não podiam cultuar os seus
deuses, orixas, a sua cultura, e todos deveriam virar catolicos, entao a igreja ja
impunharam a religiao p negros e indigenas que aqui ja viviam. Dentro desse
contexto eles começam a cultuar os deuses catolicos e de alguma forma o
catolicimo é inserido na cultura yoruba, eles começam a fazer essa adaptação, o
sincretismo, fazendo uma ligação dos seus deuses, seus orixas guerreiros , da
coclheita, o orixa do amor , com os santos da igreja catolica, como sao jorge,
santa barbara , nossa senhora da conceição , ai nasce o sincretismo,porque eles
colocam os santos da igreja na frente e os seus escondidos nos altares , não
deixando em nenhum momento sua cultura apagar.
hoje nos temos na cultura do candomble coisas que nao são adotadas na africa
por exemplo , no candomble nos temos o vinho canonico que é de origem
europeia, nos temos a utilização de altares que são os PEJIS dos orixas , e assim
se carrega a cultura porque os novos negros que ja nascem no brasil , eles ja
possuem a cultura da igreka catolica inserida neles. O candomblé por sua vez de
cultura forte carrega consigo o forte nas comidas, atraves da dança, das cantigas
são faladas e contadas as historias dos orixas, demonstrando quem são, que
tipo de enredos que carregam, tipos de orixas e as origens que possuem com a
natureza
O Candomblé é uma religião monoteísta que acredita na existência da alma e
na vida após a morte.
A palavra “candomblé” significa “dança” ou “dança com atabaques” e cultua os
orixás, normalmente reverenciados por meio de danças, cantos e oferendas.

O Candomblé é a prática das crenças africanas trazidas para o Brasil pelas


pessoas escravizadas. Portanto, não é uma religião africana e sim afro-brasileira.

Por isso, a história do Candomblé se mistura com a do Catolicismo. Proibidos de


continuar com sua religião, os escravos usavam as imagens dos santos para
escapar da censura imposta pela Igreja. Isto explica o sincretismo encontrado no
Candomblé no Brasil, algo que não se verifica na África.

Nos dias de hoje, porém, muitas casas de candomblé não aceitam o sincretismo
e buscam retornar às origens africanas. Igualmente, na versão brasileira, temos
uma mistura de orixás de várias regiões do continente africano.
Isto se deve ao fato dos negros que desembarcaram para serem escravos eram
de várias partes da África. Cada Orixá representa uma força ou personificação
da natureza e também um povo ou uma nação

O Candomblé, como prática religiosa, ganhou contornos nítidos na Bahia em


meados do século XVIII e definiu-se durante o século XX. Atualmente, existem
milhões de praticantes em todo Brasil, podendo chegar a mais de 1,5% da
população nacional.

A fim de preservar esta herança da cultura africana, a Lei Federal 6292, de 15 de


dezembro de 1975, tornou certos terreiros de candomblé patrimônio material
ou imaterial passível de tombamento.

Os Orixás são entidades que representam a energia e a força da natureza.


Desempenham um papel fundamental no culto quando são incorporados pelos
praticantes mais experientes.

Possuem personalidades, habilidades, preferências rituais e fenômenos naturais


específicos, o que lhes conferem qualidades e forças distintas.

https://www.todamateria.com.br/candomble/

Candomblé Ketu (pronuncia-se queto) é a maior e a mais popular “nação” do


Candomblé, uma das Religiões afro-brasileiras.
KETU ERA UMA CIDADE DA AFRICA EXTINTA, ONDE O GRANDE CAÇADOR
OXOSSI, QUE ERA REGIDA POR OXOSSI E VEIO PARA O BRASIL, POR ISSO O REI
DO KETU É OXOSSI APESAR DE TER UMA LIGAÇÃO MUITO FORTE COM O ORIXÁ
XANGO. KETU É ORIGINÁRIA DE UMA REGIÃO DA ÁFRICA QUE FOI EXTINTA MAS
QUE VEIO PRO bRASIL COMO NAÇÃO, É UMA NAÇÃO DA RELIGIÃO DO
CANDOMBLÉ, E ESSAS NAÇÕES DO CANDOMBLE SÃO ORIGINÁRIAS DE REGIOES
DA AFRICA , KETU ALEM DE SER UMA NAÇÃO ÉUMA REGIAO DA AFRICA ONDE O
REI É OXOSSI, O DEUS CAÇADOR, O DEUS DESBRAVADOR E ISSO É UMA GRANDE
COMPROVAÇÃO, PORQUE OXOSSI POR ELE IR ATRÁ DE CAÇA ERA ELE QUEM
CONSUZIA O SEU POVO A LUGARES ABTAVEIS, ENTÃO ACABA QUE O KETU NÃO
MORRE PORQUE OXOSSI , DE ALGUM JEITO ESPIRITUALMENTE FALANDO
DESBRAVOU O BRASIL PARA A RELIGIÃO CONTINUAR.

No início do século XIX, as etnias africanas eram separadas por confrarias da


Igreja Católica na região de Salvador, Bahia. Dentre os escravos pertencentes ao
grupo dos Nagôs estavam os Yoruba (Iorubá). Suas crenças e rituais são
parecidos com os de outras nações do Candomblé em termos gerais, mas
diferentes em quase todos os detalhes.
Teve inicio em Salvador, Bahia, de acordo com as lendas contadas pelos mais
velhos, algumas princesas vindas de Oyó e Ketu na condição de escravas,
fundaram um terreiro num engenho de cana. Posteriormente, passaram a
reunir-se num local denominado Barroquinha, onde fundaram uma
comunidade de Jeje-Nagô pretextando a construção e manutenção da primitiva
Capela da Confraria de Nossa Senhora da Barroquinha, atual Igreja de Nossa
Senhora da Barroquinha que, segundo historiadores, efetivamente conta com
cerca de três séculos de existência.[1]

No Brasil Colônia e depois, já com o país independente mas ainda escravocrata,


proliferaram irmandades. “Para cada categoria ocupacional, raça, nação – sim,
porque os escravos africanos e seus descendentes procediam de diferentes
locais com diferentes culturas – havia uma. Dos ricos, dos pobres, dos músicos,
dos pretos, dos brancos, etc. Quase nenhuma de mulheres, e elas, nas
irmandades dos homens, entraram sempre como dependentes para
assegurarem benefícios corporativos advindos com a morte do esposo. Para
que uma irmandade funcionasse, diz o historiador João José Reis, precisava
encontrar uma igreja que a acolhesse e ter aprovados os seus estatutos por
uma autoridade eclesiástica”.

Muitas conseguiram construir a sua própria Igreja como a Igreja do Rosário da


Barroquinha, com a qual a Irmandade da Boa Morte manteve estreito contato. O
que ficou conhecido como devoção do povo de candomblé. O historiador
cachoeirano Luiz Cláudio Dias Nascimento afirma que os atos litúrgicos originais
da Irmandade de cor da Boa Morte eram realizados na Igreja da Ordem Terceira
do Carmo, templo tradicionalmente freqüentado pelas elites locais.
Posteriormente as irmãs transferiram-se para a Igreja de Santa Bárbara, da
Santa Casa da Misericórdia, onde existem imagens de Nossa Senhora da Glória
e da Nossa Senhora da Boa Morte. Desta, mudaram-se para a bela Igreja do
Amparo desgraçadamente demolida em 1946 e onde hoje encontram-se
moradias de classe média de gosto duvidoso. Daí saíram para a Igreja Matriz,
sede da freguesia, indo depois para a Igreja da Ajuda.
O fato é que não se sabe ao certo precisar a data exata da origem da Irmandade
da Boa Morte. Odorico Tavares arrisca uma opinião: a devoção teria começado
mesmo em 1820, na Igreja da Barroquinha, tendo sido os Jejes, deslocando-se
até Cachoeira, os responsáveis pela sua organização. Outros ressaltam a mesma
época, divergindo quanto à nação das pioneiras, que seriam alforriadas Ketu.
Parece que o “corpus” da irmandade continha variada procedência étnica já que
fala-se em mais de uma centena de adeptas nos seus primeiros anos de vida.

Essas confrarias eram os locais onde se reuniam as sacerdotisas africanas já


libertas (alforriadas) de várias nações, que foram se separando conforme foram
abrindo os terreiros. Na comunidade existente atrás da capela da confraria foi
construído o Candomblé da Barroquinha pelas sacerdotisas de Ketu que depois
se transferiram para o Engenho Velho, ao passo que algumas sacerdotisas de
Jeje deslocaram-se para o Recôncavo Baiano para Cachoeira e São Félix para
onde transferiram a Irmandade da Boa Morte e fundaram vários terreiros de
candomblé jeje sendo o primeiro Kwé Cejá Hundé ou Roça do Ventura.

O Candomblé Ketu ficou concentrado em Salvador, depois da transferência do


Candomblé da Barroquinha para o Engenho Velho passou a se chamar Ilê Axé
Iyá Nassô mais conhecido como Casa Branca do Engenho Velho sendo a
primeira casa da nação Ketu no Brasil de onde saíram as Iyalorixás que
fundaram o Ilê Axé Opô Afonjá e o Terreiro do Gantois.

Os Orixás do Ketu são basicamente os da Mitologia Yoruba.

Olorun também chamado Olodumare é o Deus supremo, que criou as


divindades ou Orixás (Òrìsà em yoruba). As centenas de orixás ainda cultuados
na África, ficou reduzida a um pequeno número que são invocados em
cerimônias:

• Exu, Orixá guardião dos templos, encruzilhadas, passagens, casas, cidades e


das pessoas, mensageiro divino dos oráculos.

• Ogum, Orixá do ferro, guerra, fogo, e tecnologia.


• Oxóssi, Orixá da caça e da fartura.
• Logunedé, Orixá jovem da caça e da pesca
• Xangô, Orixá do fogo e trovão, protetor da justiça.
• Ayrà, Usa branco, tem profundas ligações com Oxalá e com Xangô.
• Obaluaiyê, Orixá das doenças epidérmicas e pragas, Orixá da Cura.
• Oxumaré, Orixá da chuva e do arco-íris, o Dono das Cobras.
• Ossaim, Orixá das Folhas, conhece o segredo de todas elas.
• Oyá ou Iansã, Orixá feminino dos ventos, relâmpagos, tempestades, e do Rio
Niger
• Oxum, Orixá feminino dos rios, do ouro, jogo de búzios, e amor.
• Iemanjá, Orixá feminino dos lagos, mares e fertilidade, mãe de muitos Orixás.
• Nanã, Orixá feminino dos pântanos e da morte, mãe de Obaluaiê.
• Yewá, Orixá feminino do Rio Yewa.
• Obá, Orixá feminino do Rio Oba, uma das esposas de Xangô
• Axabó, Orixá feminino da família de Xangô
• Ibeji, Orixá dos gêmeos
• Irôco, Orixá da árvore sagrada, (gameleira branca no Brasil).
• Egungun, Ancestral cultuado após a morte em Casas separadas dos Orixás.
• Iyami-Ajé, é a sacralização da figura materna, a grande mãe feiticeira.
• Onilé, Orixá do culto de Egungun
• Oxalá, Orixá do Branco, da Paz, da Fé.
• OrixaNlá ou Obatalá, o mais respeitado, o pai de quase todos orixás, criador do
mundo e dos corpos humanos.
• Ifá ou Orunmila-Ifa, Ifá é o porta-voz de Orunmila, Orixá da Adivinhação e do
destino.
• Odudua, Orixá também tido como criador do mundo, pai de Oranian e dos
yoruba.
• Oranian, Orixá filho mais novo de Odudua
• Baiani, Orixá também chamado Dadá Ajaká
• Olokun, Orixá divindade do mar
• Olossá, Orixá dos lagos e lagoas
• Oxalufon, Qualidade de Oxalá velho e sábio
• Oxaguian, Qualidade de Oxalá jovem e guerreiro
• Orixá Oko, Orixá da agricultura

Na África cada Orixá estava ligado originalmente a uma cidade ou a um país


inteiro. Tratava-se de uma série de cultos regionais ou nacionais. Sàngó em Oyó,
Yemoja na região de Egbá, Iyewa em Egbado, Ogún em Ekiti e Ondo, Òsun em
Ilesa, Osogbo e Ijebu Ode, Erinlé em Ilobu, Lógunnède em Ilesa, Otin em Inisa,
Osàálà-Obàtálá em Ifé, subdivididos em Osàlúfon em Ifan e Òságiyan em Ejigbo

No Brasil, em cada templo religioso são cultuados todos os Orixás,


diferenciando que nas casas grandes tem um quarto separado para cada Orixá,
nas casas menores são cultuados em um único quarto de santo (termo usado
para designar o quarto onde são cultuados os Orixás).

https://www.geledes.org.br/candomble-ketu/

Ritual
O Ritual de uma casa de Ketu, é diferente das casas de outras nações, a
diferença está no idioma, no toque dos Ilus (Atabaque no Ketu), nas cantigas,
nas cores usadas pelos Orixás, os rituais mais importantes são: Padê, Sacrifício,
Oferenda, Sassayin, Iniciação, Axexê, Olubajé, Águas de Oxalá, Ipeté de Oxum,…

A língua sagrada utilizada em rituais do Ketu é o (Iorubá ou Nagô) é derivado da


língua Yoruba. O povo de Ketu procura manter-se fiel aos ensinamentos das
africanas que fundaram as primeiras casas, reproduzem os rituais, rezas, lendas,
cantigas, comidas, festas, esses ensinamentos são passados oralmente até hoje.
(ver oralidade)

Hierarquia
As posições principais do Ketu (são chamados de cargo ou posto, em yoruba
Olóyès , Ogãns e Àjòiès), em termos de autoridade, são:

O cargo de autoridade máxima dentro de uma casa de candomblé é o de


Iyálorixá (mulher – mãe-de-santo) ou Babalorixá (homem – pai-de-santo. São
pessoas escolhidas pelos Orixás para ocupar esse posto. São sacerdotes, que
após muitos anos de estudo adquiriram o conhecimento para tal função.
Existem casos que a pessoa escolhida através do jogo de búzios ainda não estar
preparada para assumir o posto, nesse caso terá que ser assistida por todos
Egbomis (meu irmão mais velho) da casa para obter o conhecimento necessário.

1. Iyalorixá ou Babalorixá: A palavra iyá do yoruba significa mãe, babá significa


pai.
2. Iyakekerê (mulher): mãe pequena, segunda sacerdotisa.
3. Babakekerê (homem): pai pequeno, segundo sacerdote.
4. Iyalaxé (mulher): cuida dos objetos ritual.
5. Agibonã: mãe criadeira, supervisiona e ajuda na iniciação
6. Egbomi: Ou Egbomi são pessoas que já cumpriram o período de sete anos da
iniciação (significado: meu irmão mais velho).
7. Iyabassê: (mulher): responsável pela preparação das comidas-de-santo
8. Iaô: filho-de-santo (que já incorpora Orixás).
9. Abiã ou abian: Novato.
10. Axogun: responsável pelo sacrifício dos animais. (não entram em transe).
11. Alagbê: Responsável pelos atabaques e pelos toques. (não entram em
transe).
12. Ogâ ou Ogan: Tocadores de atabaques (não entram em transe).
13. Ajoiê ou ekedi: Camareira do Orixá (não entram em transe). Na Casa Branca
do Engenho Velho, as ajoiés são chamadas de ekedis. No Gantois, de “Iyárobá” e
na Angola, é chamada de “makota de angúzo”, “ekedi” é nome de origem Jeje,
que se popularizou e é conhecido em todas as casas de Candomblé do Brasil.
(em edição)

Referências
1. ↑ Silveira, Renato da. Candomblé da Barroquinha. Editora Maianga, 2007. ISBN
8588543419
• VATIN, Xavier. Rites et musiques de possession à Bahia. Paris: L’Harmattan,
2005.

Bangbose-

Bangbose obitiko além de ser um ancestral importante para as casa que descendem ou que
são lideradas por seus descendentes carnais ele também é lembrado como um dos
fundadores da casa branca que por sua vez é um dos terreiros mais antigos de Salvador,
inclusive dizem que é o mais velho de todos. Bangbose é lembrado na casa branca como
um dos fundadores. Ele tem uma tradição oral que foi colhida por Pierre verger de Mãe
senhora que era mãe de santo do terreiro Opo Afonjá, ela faleceu 1967 e ela disse a verger
que Ya nasso voltou a Africa levando sua filha de santo Marcelina obatossi e a filha carnal
desta, Maria Magdalena. Após 7 anos em ketu, o grupo voltou a Bahia trazendo livre o
africano Banbosé que auxiliou na fundação do terreiro da Casa Branca.
De acordo com a família Bamgbose-Martins de Lagos, que descende de Bamboxê Obitikô,
ele pertencia a uma linhagem real de Oyó, e como tal era descendente direto de Xangô. Um
dos primeiros alafins (reis) do reino, Xangô foi deificado após sua morte e se tornou um dos
mais importantes orixás de Oyó, e seu culto difundiu-se junto com a expansão política do
Estado. Conforme mencionado anteriormente, Bamboxê era sacerdote de Xangô. No Brasil,
as tradições orais afirmam ainda que foi consagrado a Ogodô, uma “qualidade” desse
orixá.10 Frequentemente, nomes e práticas associados a determinada qualidade de orixá
vêm de mitos e ritos de regiões específicas da iorubalândia. No Brasil, como em Cuba,
Xangô Ogodô é especificamente associado aos nupes, grupo étnico cujas terras faziam
fronteira a leste e ao norte com o antigo reino de Oyó.

Rodolfo Martins de Andrade ou Bamboxê Obiticô Em virtude de suas idas e vindas deixou
filhos tanto no Brasil como na África, todos de mães diferentes. Segundo informações de
familiares, sua filha mais velha foi Maria Julia Martins Andrade que se casou com Antonio
Américo de Souza e passou a se chamar Maria Julia Andrade Sowzer, esta teve um filho
[7]
nascido em Lagos de nome Felisberto Sowzer.
Depois de sua visita ao Rio em 1893, Bamboxê retornou novamente a Lagos, pois, no início de setembro de 1895,
sua esposa Orisabukola deu à luz mais uma filha, seguida por outra, a caçula do casal, em junho de 1897
(Castillo, 2012, p. 78). Não consegui localizar o registro, mas não há dúvida de que ele ainda fez outra
viagem ao Brasil: como já vimos, ele faleceu na Bahia. Ao que parece, sua morte aconteceu antes de
1905, porque, quando João do Rio fez a matéria citada, para os trechos referentes a Bamboxê utilizou o
tempo passado. 60 Jornal do Brasil, p. 1, 21 abr. 1893; Cidade do Rio de Janeiro, p. 1, 21 abr. 1893; O
Tempo, p. 1, 21 abr. 1893, p. 1; O País, p. 1, 2 abr. 1983. 149 Embora vivenciasse em carne própria a
perseguição do culto aos orixás, sendo preso pelo menos duas vezes, Bamboxê Obitikô também
alcançou o alvorecer de apelos para um fim desse quadro, levantados primeiro por Nina Rodrigues.
Baseado em pesquisa etnográfica em diversos terreiros da Bahia, o trabalho de Nina mencionava o Ilê
Axé Iyá Nassô Oká (usando o apelido “Engenho Velho”), mas não fez qualquer menção a Bamboxê
(Rodrigues, 2006 [1900], p. 50 e 101). O babalaô somente entrara na etnografia afro-baiana quatro
décadas depois da matéria de João do Rio, citado em uma lista dos feiticeiros mais temidos da Bahia no
século XIX. Na mesma lista, consta João Alabá, decerto a pessoa por esse nome que morava no Rio de
Janeiro, caracterizado por João do Rio como grande feiticeiro. O nome Alabá é iorubá, o que indica que
ele era nagô ou descendente de nagôs (Campos, 1943, p. 305; Rio, 2006, p. 83; Odudoye, 2001 [1972],
p. 86).61 Não se sabe se João Alabá e Bamboxê se conheciam, mas é provável. Evidentemente, o
babalaô fazia parte de uma extensa rede constituída por nagôs que viajavam entre Salvador e Rio de
Janeiro. Tudo indica que o alferes Candido da Fonseca Galvão fosse vinculado, de alguma forma, a essa
rede. Ademais, vários viajantes atlânticos mencionados também faziam parte desse vaivém de libertos,
como Eliseu do Bomfim, que voltou de Lagos junto com Bamboxê em 1878. Eliseu esteve no Rio pelo
menos duas vezes. Quando chegou pela primeira vez, em maio de 1879, Bamboxê já estava desde o
mês anterior. O babalaô voltou para a Bahia em junho, mas Eliseu ficou até outubro do ano seguinte.
Eduardo Américo de Souza Gomes, casado com a filha de Bamboxê, Maria Júlia Martins de Andrade,
passou um mês no Rio de Janeiro em 1881, enquanto sua esposa e sogro estavam em Lagos. Talvez
fizesse a viagem ao Rio para vender produtos trazidos da África, aproveitando para entregar cartas ou
encomendas enviadas pelo sogro.62 Embora ainda não tenham chegado à luz indícios concretos de
Joaquim Vieira da Silva no Rio, diante das memórias orais de sua presença e das evidências concretas
sobre as idas de outros conhecidos seus, é bastante plausível. O legado de Bamboxê Obitikô no culto
aos orixás no Rio de Janeiro continua até hoje. Os primeiros herdeiros foram Mãe Aninha, sua filha de
santo, e Felisberto Sowzer, seu neto. Nas primeiras décadas do século XX, ambos foram líderes
importantes no mundo do candomblé até suas mortes, em 1938 e 1940, respectivamente. Nas próximas
gerações foram substituídos por Agripina de Souza (uma das primeiras filhas de santo de Aninha),
Cantulina Pacheco (neta carnal de Joaquim Viera da Silva e também filha de santo de Aninha) e Regina
61 João Alabá é lembrado nas tradições orais como devoto de Omolu e fundador de um dos primeiros
terreiros nagôs, localizado na rua Barão de São Félix (Rocha, 2000, p. 31-33). 62 APB. Livro de saída de
passageiros, v. 53,1877-1881, vapor Tarqués, 25/5/1879, e vapor Gisonde, 6/11/1880; Livro de entrada de
passageiros, v. 3, 1879-1883, vapor Douro, 27/10/1880 e 12/7/1881, e vapor Equateur, 18/11/1880; maço
5909, Registros de passaportes, fl. 23v. (Eliseu do Bonfim). Sobre africanos libertos da Bahia que faziam
comércio no Rio de Janeiro, ver Sampaio (no prelo). 150 Topázio Sowzer (filha carnal de Felisberto
Sowzer), todas elas naturais da Bahia. Além dessas pessoas, da descendência carnal e espiritual de
Bamboxê Obitikô, outros baianos envolvidos no candomblé também se estabeleceram na então capital
federal nesse período (Rocha, 2000, p. 32-35; Conduru, 2010; Augras e Santos, 2005). A multifacetada
trajetória de Bamboxê Obitikô fornece um estudo de caso que esclarece diversos aspectos da
experiência vivenciada por africanos no Brasil escravocrata, bem como a influência do quadro político da
queda do Império de Oyó sobre o crescimento do culto a Xangô. Ao mesmo tempo, ao seguir seus
passos entre Salvador, Recife, Lagos e Rio de Janeiro, percebe-se a existência de sofisticadas redes
sociorreligiosas, tanto no movimento de retorno à África quanto no trânsito a outras capitais do império,
especialmente o Rio de Janeiro. Sua atuação nesta cidade constitui um exemplo bastante concreto do
papel de atores “baianos” no crescimento do culto aos orixás durante as últimas décadas do século XIX,
um fenômeno bastante comentado na historiografia e na etnografia da religiosidade afro-brasileira, mas
relativamente pouco documentado.

Regina Topazio de Souza, uma mulher negra que nasceu em Salvador no ano de 1914, sendo filha de Damásia
Topazio Sowzer e Felisberto Américo Sowzer (Benzinho Bangbosé), neta de Maria Julia Martins de
Andrade e Eduardo Américo de Souza, e bisneta do Rodolfo Martins de Andrade ( Babalaô Bangbosé
Obitikó), por ser Regina filha de africano, herdou sua cultura religiosa, o culto as religiões de Matriz
Africana, neste caso o Candomblé. Regina foi iniciada no candomblé aos seis anos de idade e a partir daí
levou esta missão até os seus 95 anos de idade, quando faleceu aos vinte e cinco dias do ano de 2009,
deixando para sua família um legado, dar continuidade ao culto que ela aprendeu com o pai e os avós,
repassou a seus familiares carnais e de santo.
Descrever a história de vida de Regina Topazio de Souza, ou Mãe Regina de Iemanjá (Mãe Regina de Bamboxê),
como era conhecida, é contar um pouco das histórias destas negras valentes, guerreiras e ousadas que
fazem parte da construção deste país e a vida dela vai além, quando além de uma vida marcada por
lutas, perseverança e discriminação, é também uma vida marcada pela dedicação, amor e sabedoria no
culto aos orixás, e ainda com a missão não só de cultuar como também de transmiti-la da forma com que
fez durante toda sua vida.
Regina Topazio de Souza era professora, casada, mãe de três filhos, ficou viúva cedo e após a morte de sua mãe,
vem para o Rio de Janeiro no ano de 1957, quando abre sua casa de santo no bairro de Cavalcante e
depois migra para Santa Cruz da Serra, em Caxias, e lá construiu sua roça de santo junto com seus filhos
de santo.
Acredito que primeira pessoa da família Bamboxê que chega ao Brasil é o Babalaô Bamboxê Obitikó, trazido por
Marcelina da Silva, que era ex-escrava de Ya Nassô, uma das mulheres que estavam a frente do primeiro
grande Candomblé da Bahia, a Casa Branca do Engenho Velho, como Ya Nassô morreu na África,
Marcelina da Silva volta ao Brasil alforriada e com a missão de dar continuidade a Casa Branca do
Engenho Velho com as irmãs de Ya Nassô. A partir deste momento Marcelina da Silva acaba por trazer
algumas figuras que no futuro irão contribuir com ela na continuidade desta casa de santo, e este é o
caso do Babalaô Bamboxê Obitikó, que chega ao Brasil, no ano de 1840, pois de 1831 a 1835 existe
uma lei na Bahia proibindo a entrada de escravos libertos, por conta das revoltas, então ele aguarda este
período para pode entrar no Brasil. Bamboxê Obitikó se torna escravo no Brasil e vai ser batizado como
Rodolfo Martins de Andrade e depois que compra sua alforria ele passa a ser um homem muito
importante, pois ele tem o saber religioso, e com isso ele irá inserir no Candomblé o Sistema Bamboxê,
um sistema próprio desta família no ato de jogar búzios. Bamboxê Obitiko (Rodolfo Martins de Andrade),
irá começar a levar seus filhos a África para passear e há um período em que leva sua filha Maria Julia e
lá ela da a luz ao menino Felisberto Américo Sowzer, este vem ao Brasil a primeira vez com nove anos
de idade e fica assim viajando muito, depois ele se casa com Damásia Topazio, e desta união nascem
quatro filhos (Irenea Topazio Sowzer, Regina Topazio Sowzer, Crispim Topazio Sowzer e Taurino Eduardo
Topazio Sowzer, sendo Regina o objeto deste trabalho. Desta forma acredito na contribuição da família
Bamboxê para a cultura brasileira, em especial para a história de todos nós brasileiros. A Yalorixá Regina
de Bamboxê ao longo de sua vida será a mulher que levará o nome desta família a diante, assim como a
cultura de seus antepassados africanos e conduz com maestria, podendo ser chamada não só por mim,
mas por todos que a conheceram de matriarca da família Bamboxê e no Rio de Janeiro recebeu prêmio
em 2003, por ser uma das Yalorixás mais antigas e respeitadas do estado naquela época. É a história
desta mulher negra que tenho o prazer e orgulho de dividir com vocês e tomo a liberdade de abaixo
mostrar uma das frases dela e como sua história tem me contagiado e me trouxe até este desafio:

“EU SOU UM, QUE DOIS NÃO GANHA”


Mãe Regina de Bamboxê

Aos sete dias do mês de setembro de mil novecentos e quatorze, nasce Regina Topazio de Souza, filha de
Felisberto Américo de Souza e Damazia Topazio de Souza, em Salvador, Bahia, na Rua Luiz Anselmo, nº
72. Regina será iniciada no Candomblé por Mãe Judite, filha de santo de seu pai aos seis anos de idade,
sendo filha da Yaba Iemanjá. Regina Topazio de Souza cresceu na Bahia com seus pais e irmãos, sendo
eles Irenea Sowzer, Crispim Sowzer, Taurino Sowzer e irmãos por parte de pai, Mãe Caetana e Mãe
Tertuliana. Todos cresceram sob os ensinamentos do africano Felisberto Sowzer, também conhecido por
Benzinho Bangbosé.

A Yalorixá Regina sofreu diversos preconceitos e perseguições por ser adepta do Candomblé, religião a que foi fiel
até os seus 95 anos. Durante muitos anos, a Yalorixá foi procurada por jornais e revistas para falar de
seu legado e o de sua família no Candomblé, mas sempre se negava, dizendo que não gostava de dar
entrevistas. Durante toda sua vida espiritual, tem-se muito pouco de sua aparição pública. Só foi possível
encontrar uma foto de quando ela recebeu um título das mãos do Ministro da Cultura, Gilberto Gil, em
2003 – o Prêmio Camélia, como uma das yalorixás mais antigas do Rio de Janeiro. Além disso, uma foto
no jornal Icapra, quando de sua ida ao enterro do Pai Paulo da Pavuna, um jornal que divulga as religiões
de matriz africana; e uma foto no livro Mulheres negra do Brasil.
A Yalorixá Regina de Bamboxê viveu uma vida em prol da religião e, desta forma, deixou um legado. A continuidade
de uma história que atravessou o Atlântico foi continuada aqui por gerações e gerações, e decerto
continuará sendo conduzida e transmitida por sua família consanguínea e igualmente por sua família de
santo. Os pais e mães de santo tem uma forma muito peculiar de guardar seus segredos e só
repassando aos filhos de santo de acordo com sua idade de santo, algumas coisas vão sendo escritas
em cadernos que são guardados e mostrado somente quando o filho esta pronto e é num destes
cadernos da Yalorixá Regina, que pude constatar toda sua sabedoria e como a mesma transitava entre o
idioma Português e o Nagô (Ioruba).
Outra tradição que a Yalorixá Regina herda de seu pai, é a forma com que aprendeu a jogar búzios. Ela cresceu e
conviveu em meio aos ensinamentos do culto africano. Seu bisavô, o africano Bamboxê Obitikó, e seu
pai, o africano Benzinho Bamboxê, ambos eram babalaôs e responsáveis pelo sistema Bamboxê
implementado no Brasil. O saber de Mãe Regina, foi uma das formas com que se manteve no Rio de
Janeiro, pois além de ter muitos filhos de santo, ela tinha também muitos clientes e o que era de se
estranhar, por ser uma mulher que não aparecia na mídia, porém segundo seus filhos de santo foi a Mãe
de santo responsável por cuidar de muitas pessoas e também sacerdotes do Candomblé no Rio de
Janeiro, mas sempre buscando o anonimato, afim de manter o segredo. Desta forma, conseguiu construir
a casa de santo em Santa Cruz da Serra, sem a ajuda de ninguém, somente com sua fé e a condução da
religiosidade. Pode-se afirmar que foi uma vida em prol da religião. O que foi sempre relatado por seus
alguns dos seus filhos de santo que tive a oportunidade de entrevistar, todos cada um do seu jeito, tinham
o mesmo relato “minha mãe de santo era muito rígida, mas amava os orixás, o orixá era a vida dela...”, e
assim por diante. Sobre a prática da Yalorixá Regina de Iemanjá, seu conhecimento e reconhecimento
através do jogo de búzios, o depoimento do filho de santo, Junior de Omolu revela como sua yalorixá
adquiriu fama e respeito no Rio de Janeiro:
“Tinha um conhecimento enorme, cada um que procurava ajuda encontrava: palavra, resposta, certeza, solução, e
aquilo passavam pra outro, outro. Muitas das vezes fiquei lá ajudando ela, ajudando as pessoas que iam
jogar, ela só atendia terças e quartas-feiras, somente 15 pessoas, davam 8 horas da manhã e já tinham
as 15 esperando. Você era obrigado a pedir para voltar no dia seguinte, a revolta das pessoas era
grande, de madrugada, duas e meia, 3, 4 horas, eu escutava o barulho de carros chegando. As pessoas
chegavam, tomavam cafezinho, esperavam até a hora de abrir a porta para fazer o jogo. Ela foi
conhecida pela competência, naquela época não havia mídia que fosse divulgar a Yalorixá, foi o trabalho,
ser reta, correta, direta, [...]. (Sebastião Junior, NI/2012)
Em 2009, aos vinte e cinco dias do mês de setembro, vem a falecer Mãe Regina de Iemanjá, momento não só da
morte de uma yalorixá, mas um pouco também da cultura brasileira, que como uma grande matriarca
soube manter, cultuar, transmitir da forma como recebeu e a partir de agora, como acreditam os nagôs,
irá seguir no orun, pois para os nagôs a morte é um reencontro com a vida, com a ancestralidade, e este
encontro se dá num ritual chamado axexê. A despedida da Yalorixá Regina de Iemanjá foi vivenciada de
muitas maneiras, não só no plano físico, com o sepultamento do corpo, como também no espiritual. Seu
corpo foi carregado pelos seus filhos, filhos estes que ela cultivou durante seus 89 anos dedicados ao
Orixá, à família do santo. Pode-se ver um dos códigos da comunidade do Candomblé e como seus
adeptos saúdam seus mortos, até porque na concepção que cultuam, a Yalorixá Regina está passando
do mundo dos vivos para o mundo dos mortos. Ela não morre agora, passa a ser um egun ou ancestral
para toda a comunidade.
Os procedimentos para a realização da cerimônia fúnebre incluem um jogo no qual se define o herdeiro do axé.
Neste jogo foi determinado que George Romulo Pereira Silva, seu bisneto carnal, seria seu herdeiro. Pai
George tinha 12 anos de iniciado e somente 13 de idade. Sua mãe, Regina Damazia Pereira Maia
(Yalorixá Lina de Oxumarê), neta de Mãe Regina Bamboxê, assume o cargo de Yalorixá do Axé Ilê
Yamim, entretanto existia aí mais um item na sucessão. A Yalorixá Lina de Oxumaré não estava à frente
do Axé Ilê Yamim apenas pela menoridade de seu filho George, mas em cumprimento de uma
determinação e herança familiar, pois assim como Bamboxê Obitikô (Rodolfo Martins de Andrade) e
Benzinho Bamboxê (Felisberto Américo Sawzer), George Romulo tem como determinação de Ifá ser
babalaô e dar continuidade à história da família Bamboxê. Desta forma, ele será o Babalaô, e Mãe Lina
de Oxumarê será a Yalorixá do Axé Ilê Yamim. Esta será a hierarquia da casa, determinada no jogo de
búzios.
Como no Brasil, as religiões negras seguem os ritos africanos trazidos por negros vindos de diversas partes da
África. Nas comunidades de Candomblé, será possível ver o ritual fúnebre de um iniciado na religião de
matriz africana, que, neste caso, é uma sacerdotisa
O ritual fúnebre da Yalorixá Regina de Iemanjá foi marcado por grandes emoções, segundo os membros da casa,
pois em sua passagem para o orum, mundo dos mortos, quem responde agora é seu egun ou ancestral,
e durante todo o axexê lhe foi perguntado, através do jogo de búzios feito por seu sobrinho carnal Pai Air,
qual seria o destino de Iemanjá para todos do Axé Ilê Yamim, como também o destino da casa, o herdeiro
do axé e como toda a comunidade do terreiro deveria agir dali por diante.
https://www.scielo.br/j/tem/a/hMLHYwMvRWrNZ3MgYsjY3Pj/?lang=pt&format=pdf
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rodolfo_Martins_de_Andrade

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