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Universidade São Judas Tadeu

Curso de Graduação em Psicologia

Amanda Freitas 817126495

Daniela Castro 817122697

Daniela Lentini 81716144

Giuliano Citrini 81712496

Fabrício Rezende 81725667

Márcio Malcher 81728391

Stefany Lima 817125855

Karina Pereira 81717475

Atividade Avaliativa

Temas Avançados em Psicologia

São Paulo

2020
Psicologia Jurídica

Inicialmente no Brasil, as primeiras parcerias entre a psicologia e o

judiciário decorrem de perícias desenvolvidas por médicos; durante a realização de

psicodiagnósticos o psicólogo elaborava parecer técnico-científico que fundamentava as

decisões judiciais. Os psicólogos clínicos atuavam como peritos no judiciário e por

meio de concurso poderiam obter o cargo de psicólogo jurídico (Brito, 2012, p. 197;

Rovinski, 2009, p. 15).

O profissional atua no atendimento as partes que compõem o litigio,

elaborando avaliações e perícias psicológicas, além de participar de entrevistas e emitir

aconselhamentos, contribuindo na política preventiva, traçando o paralelo entre os

efeitos jurídicos diante da singularidade de cada indivíduo. Nos juizados de família,

cabe ao psicólogo auxiliar os pais, além de atender os dependentes, esclarecendo

questões, mitigando ansiedades, enxergando a criança como individuo com direito à

expressão e à informação (BRITO, 1999; FIORELLI, 2010; TRINDADE, 2010).

A atuação do psicólogo na Vara da Família

O profissional que atua na vara da família tem inúmeras incumbências,

variando por obviedade mediante análise do caso em concreto. Em processos de

separação em que a demanda versar sobre a guarda dos filhos, caberá ao psicólogo

auxiliar no arbitramento em relação as visitas. Ocorre que, essa tarefa é de extrema

complexidade, devido a necessidade de expertise no conhecimento sobre

desenvolvimento infantil, o processo psicológico que permeia e o psicodinamismo da

família. Somente após a análise minuciosa dessas peculiaridades é que poderá auxiliar o

magistrado para fundamentação de sua decisão.


Quando a separação não ocorre de forma consensual e é acionado o

judiciário a fim de resolver o dissenso, temos a chamada dissolução litigiosa, nesse

caso, poderá o psicólogo realizar a função de mediador (que será futuramente

destrinchado em tópico seguinte), mas em casos que esse método de resolução não for

viável, o psicólogo ficará responsável por analisar desde a gênese do litigio (motivos

que levaram a atual situação conflituosa) e o que obsta um acordo na atualidade.

Além disso, deverá analisar se os pais se encontram aptos a receberem a

guarda do filho, o profissional sempre terá como escopo o bem-estar da criança,

impedindo assim colocar em risco a integridade e desenvolvimento da criança por

questões como negligencia, maus tratos, ou até mais graves como abusos sexuais.

Ainda que a Lei nº 13.058/2014 tenha disciplinado sobre a guarda

compartilhada, o olhar do psicólogo é de suma importância devido seu olhar técnico e a

análise da subjetividade da questão no caso em concreto.

Portanto, nessa seara, o profissional poderá atuar na perícia psicológica e na

função de assistente técnico. De acordo com Brandimiller (1996 apud Silva, 2013, p. 4),

a perícia é o exame de situações (relações entre coisas e/ou pessoas) ou fatos

(ocorrências envolvendo coisas e/ou pessoas), realizado por um especialista ou uma

pessoa entendida da matéria que lhe é submetida, denominada perito, com o objetivo de

determinar aspectos técnicos ou científicos.

A perícia desempenha atividade de suma importância, sendo decisiva ao

julgamento do feito, não se limita ao termo jurídico da prova, buscando compreender a

dinâmica da comunicação familiar que se encontra em crise e apresentando soluções a

fim de diminuir ou extinguir a questão que desgasta a relação dos envolvidos.


O psicólogo jurídico poderá ainda auxiliar no esclarecimento de fatos

validando provas, após avaliar a capacidade de responsabilidade dos envolvidos e o

prognóstico de condutas (Rovinski, 2004, p. 59), essa função decorre de avaliações

psicológicas, por meio da coleta de dados, exame e apresentação do resultado perante o

juízo determinante da tarefa.

O profissional ajuda na aplicação de conceitos de psicologia ao direito de

família num claro e necessário diálogo entre a psicologia e o direito, focado no bem

estar do menor envolvido, onde, através de sua expertise técnica clarifica os conflitos,

desde sua formação até sugestões que visam dirimi-lo, além de prestar auxílio a todos os

agentes que compõem a relação, através de um apoio emocional e afetivo, sendo,

portanto, indispensável para a solução de tais conflitos.

Adoção

Outra atividade de extrema complexidade do psicólogo na atuação do tema

em epígrafe, durante o processo de adoção, o psicólogo, levando em consideração o

Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) promulgado pela Lei nº 8.069/1990, além

do Código Civil Brasileiro de 2002 e de teorias psicológicas do desenvolvimento

infantil e adolescente, além de outros, deverá o profissional elaborar estudos

psicossociais dos agentes que formam essa relação, sendo estes, a criança a ser adotada,

além das famílias candidatas a adoção da primeira. São utilizadas como técnicas, desde

entrevistas e visitas a residência do casal até a análise de todos os dados coletados

(valores, ações, filosofias) daqueles que fazem parte do processo adotivo.

É partir desse momento que o psicólogo emitirá laudo avaliatório, por meio

de pareceres e relatórios que indicarão de forma positiva ou negativa acerca da decisão

adotiva no caso anteriormente estudado, cujo objetivo é a garantia de proteção à


criança/adolescente. Fica incumbido ainda de prestar assistência à criança quanto a

aceitação da adoção, a adaptação e integração da criança com a nova família, pois em

casos de famílias que já possuírem filhos biológicos, podem surgir problemas como

rejeição ou ciúmes, além dos demais familiares que não estão no núcleo afetivo mas

compõem o círculo familiar.

Alienação Parental

Na década de 80 o psiquiatra estadunidense Richard Gardner definiu a síndrome

de alienação parental (SAP) como um distúrbio infantil sofrido principalmente por

menores envoltos em disputas judiciais nas quais seus genitores disputavam sua guarda.

Gardner (2001) defende que a síndrome tem como gênese a programação ou lavagem

cerebral praticada por um dos pais a fim de o filho rejeite o outro.

A proposta de Gardner foi rapidamente difundida pelo mundo e inclusive no

Brasil, porém, a escassez de estudos e debate acerca do tema culminaram na

naturalização do tema sem a devida análise/resposta crítica.

Em 2010, Souza produz um estudo sobre o tema e pontua a importância da

associação de pais separados acerca do debate em relação a síndrome, associação essa

que surgira inicialmente buscando a simetria de direitos e deveres dos pais, preservando

a convivência familiar, entretanto, como corolário acabaram obtendo outras

adversidades, o que acarretou na disseminação do tema perante a associação.

A partir da promulgação da lei nº 11609/2008 fez emergir considerável aumento

da circulação de informações sobre o SAP, a comoção gerada, em decorrência da

consternação sofrida pela vítima da síndrome acarretou na elaboração do Projeto de Lei

nº 4853/08, que punia o agente praticante da alienação parental. Dotado de comoção


pública, rapidamente o projeto foi sancionado pelo Presidente da República, e por fim

sanciona-se a Lei nº 12.318/2010 que disciplina o tema.

O projeto de lei que ensejou na lei supracitada tem como motivação os

efeitos emocionais e psicológicos das crianças vítimas da alienação, comprometendo

sua saúde mental na fase infantil e adulta. Em investigação realizada por Brito (2008) os

menores classificaram como insuficientes o contato com aquele que não obtivera a

guarda, causando prejuízos para a relação, no qual os filhos não se sentiam a vontade

para conversar sobre questões pessoais com os pais afastados pela guardiã, em

decorrência da falta de habitualidade no contato com o pai que não permaneceu com a

guarda.

No Brasil, quando se considera estudos sobre a síndrome, os resultados de

pesquisas sobre a separação conjugal tendem a serem inobservados, aqui, entende-se

que a alienação da vítima decorra do sentimento de vingança do guardião alienador, que

por questões pessoais (traições, abandono etc.) obstam o contato da criança/adolescente

com o outro genitor, outros pesquisadores incrementam o rol de possíveis causas, onde

o alienador seja portador de “moléstia mental ou comportamental” (Lagastra Neto,

2009, p. 39) ou pela prática de “tortura psicológica” (Barbosa, 2010).

Estudos que analisam a formação de alianças ou alinhamentos entre as

crianças e os guardiões apontam vários motivos que contradizem a ideia de que filhos

com pais separados sejam portadores de transtornos ou de distúrbios psicológicos, como

defendem alguns pesquisadores (Vallejo Orellana, Sanchez-Barranco Vallejo, Sanchez-

Barranco Vallejo, 2004), nesse sentido, importante ressaltar o pensamento de Hurstel

(1999), que destaca que possíveis corolários devem ser analisados na interseção de

fatores sociais e pessoais.


Partindo dessa ótica, alguns países começam a solicitar estudos detalhados

sobre os efeitos da separação para os pais e filhos, sendo o ordenamento jurídico o

sustentáculo ao exercício da maternidade e paternidade, nesse mesmo sentido, salienta-

se o estudo realizado por Irène Théry (1998) que a pedido do governo Frances, avaliou a

legislação local e se ela era suficiente a tutela da família em sua realidade

contemporânea, e em de insuficiências, quais as mudanças necessárias. No estudo que

contou com a colaboração de diversos profissionais, a socióloga apontou o que chamou

de psicologização de questões que surgem no debate sobre as famílias contemporâneas,

com interpretações carregadas de conteúdo moral e que desconsideram o contexto

social, político, econômico e cultural que afetam as questões familiares (1998, p. 20).

Se aprofundando ainda mais na questão em âmbito nacional, como dito

alhures, o projeto de lei que fez surgir a Lei 12.318/2010, teve como pressuposto o livro

elaborado pela associação brasileira de pais separados, além de textos traduzidos,

porém, sem qualquer adendo acerca das discussões contemporâneas sobre o tema, tal

ausência prejudicou o debate, no qual o assunto em comento fosse tratado como fato

incontroverso.

Mediação e Conciliação

A sociedade vem demandando cada vez maior atenção da Psicologia e assuntos

cada vez mais complexos têm originado interesse e por que não dizer necessidade de

serem analisados através do olhar de um psicólogo. Muitos destes casos podem

acarretar danos a terceiros e comprometimento de uma subjetividade dos envolvidos,

que somente a intermediação de um psicólogo poderia valorizar e interpretá-la.

No caso de conflitos como esse em famílias que procuram o poder judiciário, o

Juiz terá à sua disposição o Psicólogo Jurídico. Este último atuará com uma equipe
multidisciplinar atendendo os membros deste núcleo familiar a fim de assegurar que

principalmente a criança e o adolescente tenham seus direitos garantidos.

No Brasil, desde 1994 o juiz teve concedida a liberdade de conciliar estes

conflitos. Ou seja, ele não irá apenas decidir, mas sim mediar o conflito entre os

litigantes. Ele tem o dever de assegurar que ambas as partes sejam igualmente tratadas,

evitando qualquer ato que impeça o andamento do processo e fazer com que a solução

seja alcançada da forma mais eficaz e rápida possível.

É neste momento que a atuação do psicólogo se torna imprescindível, pois o Juiz

precisará do parecer psicológico de todos os integrantes deste núcleo familiar, que será

elaborado por este profissional.

A Psicologia tem uma relação histórica com o direito, tendo começado a sua

aproximação no sistema penitenciário, quando psicólogos precisavam analisar

comportamentos de indivíduos que infringiam a lei. A conversa entre as duas áreas tem

forte aproximação, uma vez que o objeto de estudo das duas pode ser o mesmo: o

comportamento humano. De certa forma, a Psicologia pode até mesmo beneficiar-se

mais devido à natureza de seus estudos, uma vez que pode considerar a subjetividade

dos indivíduos, ao contrário do direito que deve focar na regulamentação dos

comportamentos.

Como vimos a Psicologia Jurídica observa o “eu” de cada integrante, procurando

entender como estão reagindo dentro do conflito. Mas acredito que seja importante

entender que para isso, o psicólogo precisa ter um olhar amplo ao conflito familiar,

entendendo a sua origem e estrutura. É possível afirmar que todo conflito é gerado por

alguma mudança na dinâmica da família, normalmente desencadeado por problemas e

falta de comunicação entre os seus integrantes. Analisar também os papéis de poder que
cada um tem, como poder físico, econômico e de informação é muito importante para

entender o desenvolvimento destes conflitos.

O psicólogo pode ser um mediador nos casos de dissolução litigiosa de

matrimônio investigando os motivos que levaram o casal ao litígio, que são as situações

onde uma das partes não está de acordo com a separação. E até mesmo favorecendo um

possível acordo.

Eventos como a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) nos

anos 90, atribuiu um novo olhar nesta mediação: os direitos das crianças ou menores

envolvidos. Por isso, garantir que estes direitos sejam atendidos é um fio condutor para

que todo o conflito litigioso chega à uma solução eficiente. Na prática o psicólogo pode

aplicar testes psicológicos, laudos e pareceres a fim de entender a situação do menor

envolvido, principalmente em casos de adoção.

Na mediação, além do psicólogo perito, responsável em fazer toda essa análise

mencionada acima, também pode ser necessário um psicólogo assistente técnico, este

não será responsável em levantar novas provas para o caso, apenas reforçará tudo o que

o perito já coletou podendo apenas complementá-la.

Por isso é possível afirmar que na conciliação, este processo de avaliação

psicológico dentro da dinâmica familiar sob um olhar técnico realizado por um perito,

chamado de perícia. É fundamental para clarear os diversos aspectos envolvidos, ao

Juiz. Favorecendo o seu julgamento e tornando possível que o desfecho esteja o mais

próximo possível ao considerado justo e menos danoso aos envolvidos.

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