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Atanair Nasser:
Olá, pessoal! Vamos tratar da extinção do crédito tributário, que é nosso item 17. Vou
fazer um pouco diferente do que vimos, porquanto abordarei cada ponto de forma mais
pormenorizada, ao invés de fazer um esboço geral e depois trazer as minúcias. Então vamos lá!
17. Extinção do crédito tributário.
a) Pagamento;
Havendo vários débitos, sem condições de pagamento de todos eles, procede-se ao
pagamento: 1º) dos débitos em que se é contribuinte, depois daqueles em que se é o
responsável; 2º) as contribuições de melhoria, depois as taxas e depois os impostos; 3º) os mais
antigos antes dos mais novos; 4º) os de maior valor.
Restituição: se a restituição é negada administrativamente, o prazo prescricional para
sua discussão será de 2 anos (CTN, art. 169). Tese dos cinco anos mais cinco anos oriunda do
STJ: efeitos limitados aos termos da LC 118/05; interpretação do STF.
O pagamento é a forma clássica de extinção do crédito e das obrigações, não havendo
muito o que discutir. O art. 160 do CTN defere o prazo de 30 dias para o pagamento do tributo
constituído definitivamente, se outro prazo não for estipulado em lei, o que permite que cada
entidade pública discipline esse prazo na lei que institua o tributo de sua competência privativa.
Portanto, é uma regra supletiva, mas que em âmbito federal é plenamente adotada quanto aos
tributos lançados de ofício e por declaração. Porém, a maioria dos tributos é atrelada ao
lançamento por homologação, oportunidade em que a lei disciplina datas específicas para
pagamento. Como exemplo, até o dia 15 do mês seguinte ao vencido, no segundo dia útil do
mês subsequente, etc (as fórmulas variam de tributo para tributo). Um problema surgirá se o
sujeito passivo não tiver condições de fazer o pagamento total do débito tributário, caso em que
o art. 163 do CTN estabeleceu forma específica de imputação em pagamento, diferente daquela
tratada no Código Civil. Vamos relembrar o que diz lá?
Art. 352. A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só
credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem líquidos
e vencidos.
Art. 353. Não tendo o devedor declarado em qual das dívidas líquidas e vencidas quer
imputar o pagamento, se aceitar a quitação de uma delas, não terá direito a reclamar
contra a imputação feita pelo credor, salvo provando haver ele cometido violência ou
dolo.
Art. 354. Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros
vencidos, e depois no capital, salvo estipulação em contrário, ou se o credor passar a
quitação por conta do capital.
Art. 355. Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quitação for omissa quanto
à imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar. Se as
dívidas forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-se-á na mais
onerosa.
CTN, Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de
modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa,
vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a
responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do
cumprimento total ou parcial da referida obrigação.
Por fim, temos de abordar uma questão muito interessante que envolve a limitação da
interpretação judicial no tempo. É o caso da tese instituída na jurisprudência do STJ de que o
contribuinte teria o prazo de dez anos para postular a restituição de tributo pago indevidamente
nos casos de lançamento por homologação, por interpretação do disposto no art. 168 do CTN
quando diz que o prazo de cinco anos de prescrição começará a correr da extinção do crédito
tributário, assim considerado em definitivo apenas depois de cinco anos de seu recolhimento
antecipado, como decorre do art. 150 do CTN, em especial o seu §4º. Para compreender,
imagine que o sujeito passivo teve de promover o recolhimento do tributo lançado por
homologação e assim o fez. A autoridade administrativa tem, em regra, o prazo de cinco anos
para homologá-lo. Pode ocorrer essa homologação antes, é verdade, mas o normal é que,
estando correto aos olhos do fisco, deixe ele transcorrer o prazo de cinco anos para
homologação tácita, que opera, portanto, a extinção definitiva do crédito tributário. Assim, no
entendimento do STJ, com essa extinção definitiva iniciaria o prazo de cinco anos para recobrar
o valor indevidamente pago, caracterizando a conhecida tese de cinco mais cinco.
A fazenda pública perdeu todos os recursos interpostos e a questão jurídica já estava
consolidada sob a ótica do STJ, fixada na tese dos cinco mais cinco. Com isso, o governo
propôs e o Congresso aprovou a Lei Complementar 118/05, que no seu art. 3º disse como
deveria ser interpretada a questão: “para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei
no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, a extinção do crédito
tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do
pagamento antecipado de que trata o § 1o do art. 150 da referida Lei”. Veja que a Lei dispôs
que o prazo para repetição ou restituição começaria a ocorrer a partir do pagamento antecipado
e não da homologação deste, normalmente ocorrida com a homologação tácita após decorridos
cinco anos. Isso afetou a jurisprudência até então consolidada do STJ, pondo fim à concepção
da tese de cinco mais cinco. Duras batalhas judiciais foram travadas depois disto, pretendendo a
Corte, num primeiro momento, que sua interpretação fosse perene para o futuro, o que não foi
acolhido na jurisprudência do STF, bem assim que a nova dinâmica fosse aplicada apenas aos
pagamentos indevidos e, portanto, objeto de restituição após a LC 118/05, o que também não foi
acolhido na jurisprudência da Suprema Corte. Sendo lei interpretativa, como vimos antes, sua
aplicação seria imediata. Porém, o STF temperamentou sua incidência com o prazo de vacatio
legis nela estipulado, no sentido de que as ações movidas antes do referido prazo estariam
sujeitas ao sistema de cinco mais cinco, mas aquelas ações movidas posteriormente já se
submeteriam à concepção do prazo de cinco anos apenas. Com isso, debaixo da jurisprudência
da Suprema Corte, o STJ então delimitou a discussão nos exatos limites ali dispostos:
III - Acerca da apontada afronta ao art. 3º, da Lei Complementar n. 118/2005, o recurso
não comporta acolhimento. O acórdão recorrido está em consonância com a
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, que, em julgamento submetido ao
regime do art. 543-C do CPC/73, no REsp n. 1.269.570/MG, DJe 4/6/2012, Rel. Min.
Mauro Campbell Marques, modificou entendimento anteriormente construído no REsp
n. 1.002.932/SP, consignando que nos tributos sujeitos a lançamento por homologação,
nas ações ajuizadas a partir de 9/6/2005, ou seja, da vigência da Lei Complementar n.
118/2005, é aplicável o prazo prescricional de cinco anos contados do pagamento
antecipado, previsto no art. 3º do referido diploma legal, em conformidade com o
julgamento proferido pelo STF no RE n. 566.621/RS. Para as ações ajuizadas antes de
9/6/2005, deve ser aplicada a tese dos "cinco mais cinco", ou seja, cinco anos da data do
fato gerador, acrescidos de outros cinco anos a partir da data da homologação tácita,
desde que não seja ultrapassado o prazo de cinco anos da vigência da Lei Complementar
n. 118/2005. Considerando o fato de que a presente demanda foi ajuizada em 5/3/2010,
aplica-se, portanto, o prazo prescricional de cinco anos, afastando-se a tese dos "cinco
mais cinco". Nesse sentido, destaco os seguintes julgados: REsp n. 1.269.570/MG, Rel.
Ministro Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, julgado em 23/5/2012, DJe
4/6/2012 e AgInt no REsp n. 1.601.655/RS, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda
Turma, julgado em 6/10/2016, DJe 17/10/2016. IV - Agravo interno improvido. (AgInt
no AREsp 1338692/MS, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA TURMA,
julgado em 15/08/2019, DJe 23/08/2019).
Para o conhecimento amplo do debate, trago à colação o julgado do STF citado:
DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA
DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 – DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À
SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO
LEGIS – APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU
COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE
9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a
orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a
lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era
de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos
arts. 150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se auto-
proclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10
anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei
supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser
considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos
Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como
qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A
aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de
indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões
deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação
imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem
resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança
jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça.
Afastando-se as aplicações inconstitucionais e resguardando-se, no mais, a eficácia da
norma, permite-se a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após
a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da
Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não
apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações
necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil,
pois, não havendo lacuna na LC 118/08, que pretendeu a aplicação do novo prazo na
maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata
de lei geral, tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a
inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerando-se válida a
aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente às ações ajuizadas após o decurso da
vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543-
B, § 3º, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido. (RE
566621, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Tribunal Pleno, julgado em 04/08/2011,
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-195 DIVULG 10-10-2011 PUBLIC 11-10-
2011 EMENT VOL-02605-02 PP-00273 RTJ VOL-00223-01 PP-00540)
Devo apenas salientar que, embora o voto condutor tenha criticado a natureza jurídica
da LC 118/05 como interpretativa, opondo-lhe o princípio da segurança jurídica, o fato é que o
STF reconheceu sua validade e incidência aos pagamentos indevidamente feitos antes de sua
vigência, impondo-lhes o prazo de cinco anos para repetição, tal como previsto na norma.
Obtemperou apenas quanto às ações propostas, ou seja, se o sujeito passivo não tivesse proposto
ação alguma até 09/06/2005, estaria ele sujeito ao novo prazo de cinco anos. Ora, a decisão,
portanto, não retirou a natureza interpretativa da nova Lei, uma vez que, se nova Lei fosse, com
as características próprias de inovação jurídica, teria de valer dali para frente, de tal modo que
os pagamentos indevidos feitos até a nova Lei teriam de se submeter, independentemente de
ação ou não em curso, ao entendimento anterior, o que não foi acolhido pelo STF. Na verdade,
portanto, a nova Lei é sim interpretativa e se aplicou para os fatos geradores passados,
respeitando-se apenas, em homenagem à segurança jurídica, as ações já propostas com base no
entendimento anterior.
b) Compensação;
A compensação é outra modalidade de extinção do crédito tributário na medida do
encontro de contas, como é conceituada. Se devo $100 a fulano; e fulano me deve $100, é
ridículo que eu vá a ele levar os $100 e, no mesmo momento, ele me dar $100 que me deve. O
encontro de contas, portanto, decorre de natureza óbvia da reciprocidade de relações. Mas no
campo tributário temos uma historinha mais complexa!
Imagine que antigamente não se permitia a compensação com o poder público, em
nenhuma hipótese fora de Lei especial tratada pelo respectivo ente público, o que inexistia na
época do Código Civil de 1916, o qual dispunha:
Art. 1.017. As dívidas fiscais da União, dos Estados e dos Municípios também não
podem ser objeto de compensação, exceto nos casos de encontro entre a administração e
o devedor, autorizados nas leis e regulamentos da Fazenda.
Surgiu, então, o art. 74 da Lei 9.430/96, que tratou do ponto em âmbito federal com as
devidas condições e temperamentos. Vou transcrevê-lo posteriormente na sua redação
definitiva, que é a que prevaleceu ao final. Evitamos com isso qualquer falsa compreensão.
Nessa época, admitia-se a compensação apenas de tributo com tributo especificamente
considerado, ou seja, IPI com IPI, IR com IR, assim por diante. Tivemos evolução paulatina
nessa concepção, mas vamos vê-la na sua redação final depois. O caso é que, na linha da
concepção histórica, surgiu o debate sobre a compensação no Projeto de Lei de novo Código
Civil, que depois de anos de discussão no Parlamento acabou gerando o art. 374 do Código
Civil de 2002:
Art. 374. A matéria da compensação, no que concerne às dívidas fiscais e parafiscais, é
regida pelo disposto neste capítulo.
Ou seja, o novo Código Civil de 2002 passou a tratar a compensação no âmbito da
Administração Pública, inclusive sob o aspecto tributário, na mesma forma que a compensação
geral aplicada aos cidadãos, o que permitiria o encontro de contas geral. Contudo, antes mesmo
que entrasse em vigor essa disposição legal, o Presidente da República baixou a Medida
Provisória n. 104/2003, convertida na Lei 10.667/2003, que simplesmente revogou o art. 374
antes mesmo que ele entrasse em vigor! Então voltamos à regra da Lei 9.430/96, que vigora até
hoje. Incrementando as regras em vigor, o art. 170-A do CTN, incluído recentemente, passou a
dispor que a compensação de crédito objeto de discussão judicial somente servirá para tanto
após o trânsito em julgado. Com tal acréscimo, temos hoje a vigência plena do art. 74 da Lei
9.430/96, que assim trata da questão em âmbito federal:
Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em
julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita
Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizá-lo na compensação
de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por
aquele Órgão. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de
2002) (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) (Vide Medida
Provisória nº 608, de 2013) (Vide Lei nº 12.838, de 2013)
V - o débito que já tenha sido objeto de compensação não homologada, ainda que a
compensação se encontre pendente de decisão definitiva na esfera
administrativa; (Redação dada pela Lei nº 13.670, de 2018)
4 – seja objeto de súmula vinculante aprovada pela Supremo Tribunal Federal nos
termos do art. 103-A da Constituição Federal. (Incluído pela Lei nº
11.941, de 2009)
§ 17. Será aplicada multa isolada de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor do
débito objeto de declaração de compensação não homologada, salvo no caso de
falsidade da declaração apresentada pela sujeito passivo. (Redação dada
pela Lei nº 13.097, de 2015)
Lembro, por fim, que cada entidade pública terá a prerrogativa de dispor sobre a
compensação em seu âmbito, guardadas suas peculiaridades regionais, o que é insuscetível de
análise de cada caso nesta seara.
c) Transação;
Embora o art. 171 do CTN se refira ao acordo mútuo apenas para por fim ao litígio
judicial, certo é que a transação serve também para preveni-lo, desde que, em qualquer caso,
autorizado por lei. Desse modo, a norma trará as condições e os critérios oportunos para que se
opere a transação preventiva ou resolutiva de litígio judicial.
d) Remissão;
É o perdão total ou parcial da dívida tributária, podendo abranger no seu contexto a
penalidade imposta, desde que parte ou totalmente o débito principal seja atingido. Oferece a
possibilidade geral ou individual, mas sempre dependente da Lei, conforme art. 172 do CTN. O
dispositivo traça rumos e vetores de equidade para os quais seria recomendada a remissão, mas
a Lei pode estabelecer as condições mais apropriadas que entender. Colaciono os seus termos
para conhecimento:
Art. 172. A lei pode autorizar a autoridade administrativa a conceder, por despacho
fundamentado, remissão total ou parcial do crédito tributário, atendendo:
Parágrafo único. O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido,
aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo 155.
Por último, apenas para distinguir situações, registro que remissão não é o mesmo que
remição, sendo esta última a exclusão do bem sujeito à execução, já penhorado, por parte do
executado ou algum familiar legitimado. É instituto do processo civil e não do tributário!
Também deve ser distinguida a remissão da anistia, porquanto esta última diz respeito ao perdão
das penalidades no Direito Tributário.
g) Consignação em pagamento;
Segue praticamente as mesmas regras do Direito Privado, servindo de instrumento para
discussão em relação a algum erro na apuração do tributo. Veja que não é propriamente
consignação a discussão sobre a ilegitimidade do tributo, por ilegalidade ou
inconstitucionalidade. O foco da discussão reside no erro de apuração discutido entre credor e
devedor.
I - a dação seja precedida de avaliação do bem ou dos bens ofertados, que devem estar
livres e desembaraçados de quaisquer ônus, nos termos de ato do Ministério da Fazenda;
e (Redação dada pela Lei nº 13.313, de 2016)
§ 2º Caso o crédito que se pretenda extinguir seja objeto de discussão judicial, a dação
em pagamento somente produzirá efeitos após a desistência da referida ação pelo
devedor ou corresponsável e a renúncia do direito sobre o qual se funda a ação, devendo
o devedor ou o corresponsável arcar com o pagamento das custas judiciais e honorários
advocatícios. (Redação dada pela Lei nº 13.313, de 2016)
Art. 4º-A. Sem prejuízo dos requisitos e das condições estabelecidos no art. 4º, nas
hipóteses de estado de calamidade pública, reconhecidas em ato do Poder Executivo
federal, o crédito inscrito em dívida ativa da União poderá ser extinto mediante dação
em pagamento de bens imóveis que possuam valor histórico, cultural, artístico, turístico
ou paisagístico, desde que estejam localizados nas áreas descritas nas informações de
desastre natural ou tecnológico e as atividades empresariais do devedor legítimo
proprietário do bem imóvel decorram das áreas afetadas pelo desastre. (Incluído
pela Medida Provisória nº 915, de 2019)
§ 1º Para fins da avaliação de que trata o inciso I do caput do art. 4º, caberá ao Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional a autenticação prévia e a definição do
valor histórico, cultural, artístico, turístico ou paisagístico, observado, no que couber, o
disposto no art. 28 do Decreto-Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937. (Incluído
pela Medida Provisória nº 915, de 2019)
§ 2º O contribuinte que se encontrar na situação de que trata o caput, cujo crédito que
se pretenda extinguir não esteja inscrito em dívida ativa, poderá solicitar sua inscrição
imediata à Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil do Ministério da Economia,
desde que renuncie expressamente ao direito sobre o qual se fundamente eventual
discussão judicial ou administrativa, observado, no que couber, o disposto no § 2º do
art. 4º. (Incluído pela Medida Provisória nº 915, de 2019)
§ 4º Não serão aceitos imóveis de difícil alienação, inservíveis ou que não atendam
aos critérios de necessidade, utilidade e conveniência, a serem aferidos pela
administração pública federal, condicionada a aceitação pela Procuradoria-Geral
da Fazenda Nacional e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
ao interesse público e à observância da normas e procedimentos específicos para a
avaliação do bem. (Incluído pela Medida Provisória nº 915, de 2019)
Como se vê, não é qualquer bem imóvel aceito para a dação em pagamento, mas apenas
aqueles que sejam servíveis à Administração ou sejam capazes de liquidação, seguindo-se
sempre à avaliação prévia pelo próprio ente, o que afasta a pretensão do sujeito passivo em
relação ao valor por ele pretendido. O fisco não abre mão do valor por ele apurado.
j) Decadência;
O prazo decadencial previsto no CTN é de cinco anos, contados do primeiro dia do
exercício seguinte àquele que poderia ser lançado o fato gerador, consoante dispõe o art. 173:
Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após
5 (cinco) anos, contados:
I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter
sido efetuado;
II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício
formal, o lançamento anteriormente efetuado.
h) Prescrição;
A última forma de extinção do crédito tributário diz respeito ao prazo prescricional de
cinco anos, tal como disposto no art. 174 do CTN, a saber:
Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos,
contados da data da sua constituição definitiva.
I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; (Redação dada
pela Lcp nº 118, de 2005)
Esses precedentes trazem inúmeras normas pertinentes ao nosso estudo, sendo uma
delas o início do prazo prescricional após o prazo para pagamento do tributo. Outra diz respeito
à interrupção do prazo prescricional, para o qual nós temos as hipóteses citadas do parágrafo
único do art. 174, sendo o despacho do juiz que determina a citação o caso mais enfático. Outro
momento de interrupção ocorrerá com a citação válida, determinada no art. 240 do CPC, que
seu parágrafo único determina a retroação à data de propositura da ação. Veja que o
entendimento oriundo de que a prescrição deve ser tratada por Lei Complementar, por força do
art. 146, III, ‘b’, da Constituição Federal, foi temperado pelo STJ ao admitir que o art. 240 do
CPC pudesse assim prever, sendo ele reflexo do art. 219 do antigo Código de Processo de 1973.
Nesse caso, a justificativa é razoável, porquanto interpreta que a demora dos mecanismos
judiciais não pode prejudicar o cidadão, no caso a fazenda pública como jurisdicionada. Seria
ilógico pensar na prescrição tendo o exequente movido a ação no prazo, cujo termo transcorreu
por omissão judicial. Todavia, é possível ao executado provar que não houve omissão própria
do Judiciário, mas sim atraso injustificável por parte do fisco para o ajuizamento da ação.
A citação do devedor solidário opera efeitos em relação a todos os devedores, ainda que
não sejam parte na execução fiscal, como é comum. Portanto, se existir responsável nos termos
dos arts. 134 e 135 do CTN, terão eles também sofrido os efeitos de interrupção da prescrição
com a citação válida, que retroage seus efeitos à data da propositura da ação.
Mais à frente trataremos de outras circunstância envolvendo a prescrição e seus efeitos
no caso de redirecionamento da execução fiscal contra os responsáveis mencionados, mas
deixaremos para tratar desse assunto posteriormente, a fim de não misturar conceitos e regras.
Leia, por gentileza, os dispositivos pertinentes do CTN a respeito do que tratamos
aqui hoje, bem assim aproveite para adiantar as respostas do questionário até onde
estudamos. Até breve!