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Entre Zeus e Narcisos

Na Antiguidade, Zeus quando percebe que os homens começariam a viver em sociedade lhes
entrega a justiça e a vergonha, para que tenham discernimento para seguir as leis impostas e que
tenham uma vida harmoniosa em coletividade. Porém, com o advento das tecnologias e o
surgimento do modelo capitalista de produção, as pessoas têm se tornado cada vez mais
individualistas e desprezando o coletivo.
Com o desenvolvimento de novas tecnologias e o modelo capitalista vigente, o homem
despreza os presentes entregue por Zeus, e torna-se cada vez mais parecido com Narciso, que
olhava, somente, para si mesmo e acabou morrendo afogado, e assim está nossa sociedade, o
homem do século XXI possui dificuldade para viver junto com as diferenças e há uma disputa
ocasionada pelo capitalismo e pela mídia entre as pessoas para ver quem é melhor, criando uma
rivalidade entre os indivíduos, causando uma diáspora.
Outrossim, em uma reportagem feita por José Leal, na Ilha das Flores, onde ficam os
imigrantes quando chegam, ele diz a respeito dos equívocos de nossa política imigratória, os
imigrantes são vistos como “gente para o asfalto, para entulhar as grandes cidades”, ou seja, são
tratados como se fossem lixos e inexistentes. A partir disso, é notório como o homem não aceita as
diferenças e se esquecem que é preciso de tudo para fazer um mundo, e cada pessoa é um mistério
de heranças e de taras, ademais, grandes nomes como o pintor Portinari, o arquiteto Niemayer e o
físico Lattes não foram importados pelo Brasil, é preciso saber lidar com as indiferenças culturais e
raciais para vivermos juntos, pois um grande homem do Brasil pode descender de um clandestino.
Logo, os homens do século XXI, tidos como intolerantes às diferenças raciais e culturais,
devem aceitar os presentes de Zeus e utilizá-los para conseguir viver juntos em harmonia como
sociedade, somente assim, deixarão de serem Narcisos.

Laura Teixeira

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