POLÍTICA - ILAESP
RELAÇÕES INTERNACIONAIS E INTEGRAÇÃO
INTRODUÇÃO AO DIREITO
Foz do Iguaçu
2015
Entende-se por ordenamento jurídico um conjunto ou complexo constituído por
normas. As normas nunca existem isoladamente, mas sempre em um contexto de
normas (ordenamento) com relações particulares entre si. Bobbio observa neste ponto
que a palavra Direito, dentre seus inúmeros sentidos, contém também o sentido de
ordenamento jurídico (como nos casos do Direito Romano e do Direito Canônico, por
exemplo).
Dentro das teorias gerais do Direito que foram desenvolvidas ao longo de muitos
séculos, os estudos quase nunca foram orientados pelo ponto de vista do ordenamento
jurídico, mas sim pelo ponto de vista da norma, sem inseri-la no ordenamento. O
pioneiro nos estudos do ordenamento jurídico como parte complementar, e portanto, de
suma importância, dos estudos da norma jurídica, foi Hans Kelsen. O livro de Norberto
Bobbio segue a mesma premissa kelseniana.
1 - critério formal;
2 - critério material;
3 - critério do sujeito que põe a norma;
4 - critério do sujeito ao qual a norma é destinada.
Isso ocorre porque o terceiro critério tece sobre o sujeito que põe a norma ser o
sujeito de poder soberano, e este só se constitui como soberano por possuir o monopólio
legítimo da força, que só é legítimo por estar incutido como tal em um ordenamento
jurídico. Logo, o poder soberano é intrínseco ao ordenamento jurídico.
Quanto ao quarto critério, este pode dizer que o sujeito ao qual a norma é
destinada é o indivíduo (o que implica a existência da noção de obrigatoriedade, que
implica a sujeição dos indivíduos a sanções, e que implica a existência de um
ordenamento jurídico complexo) ou o juiz (que só possibilita a execução de uma sanção
através de um poder a ele conferido por uma norma, que está inserida em um
ordenamento jurídico complexo).
Como estes dois tipos de fontes estão diretamente relacionados ao processo pelo
qual se produz as normas, é necessário partir da compreensão e enumeração das fontes
de direito de um ordenamento para então analisá-lo.
Mas até então tratamos apenas da concepção clássica de antinomia. Esta pode
ser também concebida como de princípios, ao analisarmos as contradições entre os
valores morais de um ordenamento, de avaliação quando há discrepâncias nas
penalidades de determinados delitos (e por isso esta concepção relaciona-se mais com
justiça que antinomia), ou teleológica quando existem inconsistências entre uma norma
que prescreva o meio para determinado fim e a norma que prescreva especificamente o
fim (mas esta concepção possui além de elementos típicos da antinomia, elementos
relacionados às lacunas).
Podem também ser insolúveis, tanto quando não podem ser solucionadas através
dos critérios tradicionais e são geralmente solucionadas a partir do critério da forma
(que é ilegítimo por depender da subjetividade do intérprete para ser aplicado), quanto
quando mais de um dos critérios tradicionais pode ser aplicado para solucioná-las. Neste
último caso, o critério hierárquico e o de especialidade prevalecem sobre o cronológico,
mas qual prevalece entre o hierárquico e o de especialidade fica à par do intérprete.
Portanto, o que Bobbio conclui acerca das antinomias é que estas devem ser
evitadas e/ou eliminadas de todo e qualquer ordenamento jurídico para a mais profunda
efetivação (coerência) do mesmo.
Após tratarmos do que para nosso autor são as duas primeiras das três
características fundamentais do ordenamento jurídico (a unidade e a coerência), resta-
nos a completude.
A completude pode ser explicada como a ausência de lacunas. Uma lacuna
existe quando no ordenamento não existe nem a norma que proíba certo
comportamento, nem a norma que o permita. Também entende-se por lacuna a ausência
de critérios válidos para decidir qual norma deve ser aplicada em casos de normas
contraditórias entre si. Ou seja, a incompletude ocorre quando não existe no
ordenamento normas que abranjam certa problemática ou exista um problema de
coerência.
Tendo até então analisado o ordenamento jurídico a partir do seu interior, o autor
finaliza o livro com uma análise feita do ponto de vista exterior. Desta forma partimos
para as relações entre os ordenamentos, que podem ser distinguidas entre relações de
coordenação e relações de subordinação (ou reciprocamente de supremacia).
Num terceiro ponto de vista, tomando como base a validade que um determinado
ordenamento atribui às regras de outros ordenamentos com os quais entra em contato, os
relacionamentos entre os ordenamentos podem ser de:
Por fim, Bobbio propõe uma nova perspectiva teórica para a análise dos
fenômenos dos sistemas normativos, acentuando as definições que podem ser aplicadas
nesta análise e as problemáticas que delas derivam.