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DISCUSSÃO DO
FILME GATTACA
1) Identifique no filme GATTACA uma situação que pode ser considerada um dilema ético,
explicando brevemente a situação e expondo seus comentários e posicionamentos.
A principal situação, a meu ver, que pode ser considerado um dilema ético é a
“geneticofobia” tratada no filme, ou a superioridade da população geneticamente “perfeita”,
essas duas questões são faces da mesma moeda.
Vê-se logo no início do filme que os bebês nascidos biologicamente, ou seja, de maneira
natural, logo são submetidos a uma análise genética do seu DNA para analisar possíveis
falhas genéticas e a probabilidade de contrair certas doenças, como no caso do personagem
principal a miopia e certos problemas cardiorrespiratórios.
Em seguida, retrata-se o nascimento do outro filho do casal, agora “perfeito”, contendo a
melhor combinação genética, sem possibilidades de doenças e com um fenótipo bem
característico como o belo eurocêntrico. Assim, começa a segregação e as diferenças entre
um irmão e outro, mas as diferenças não ficam só no contexto familiar, GATTACA começa a
explorar a sociedade distópica em que o filme acontece. Nessa sociedade, seres humanos
nascidos de forma natural são considerados inválidos e por isso não seriam capazes e nem
aceitos para trabalhar em grandes empresas como na companhia aeroespacial abordada no
filme, assim, apenas os seres humanos selecionados e com os melhores genes, já teriam certa
propensão e características favoráveis para certas funções, como ser engenheiro espacial e
participar de missões fora da Terra.
O livro da Mayana Zatz traz inúmeros questionamentos difíceis de se tomar uma posição. São
extremamente reflexivos e questionam o futuro da humanidade com as intervenções que a
genética poderia realizar. Achei muito interessante o argumento do Jeremy Rifkin, autor do
livro “O século da biotecnologia”, onde ele aponta que usar a genética para se selecionar
características para ter crianças “melhores e mais perfeitas” seria uma “melhoria de eugenia
comercial”. Esse ponto é muito relevante de ser discutido, pois até onde poderíamos levar
seleção genética em embriões sem ferir a ética ? Acredito que o (dpi) diagnostico pré-
implantação, tecnologia muito citada pela autora, ao abordar histórias em que essa técnica foi
utilizada, nos traz também essa reflexão, será que conhecer os genes e selecionar os mais
interessantes aos embriões em vitro, não é uma espécie de seleção artificial que tornaria a
sociedade mais injusta ? Muitas características consideradas fúteis, como predisposição a
pernas inquietas, qualidade da cera de ouvido e calvície poderiam ser alteradas, mas também
há características genéticas relevantes, como predisposição para canceres, doenças imunes,
hipertensão, Alzheimer, transtorno de bipolaridade, depressão, diabetes, surdes, que poderiam
ser considerados, e assim entramos novamente em um dilema: qual característica genética
poderia ser evitada e por que nesse caso não seria antiético ?
Eu acredito que realizar um (dpi), ou até mesmo um teste genético quando jovem, é uma boa
alternativa para se analisar as pré-disposições genéticas que o ser possa a ter, e possibilitar um
maior cuidado e maior prevenção com certas doenças e condições. Agora, selecionar
embriões em vitro para garantir características fenotípicas como cor de cabelo, altura, cor dos
olhos e outras características fúteis seria antiético, seria utilizar de uma ciência tão nobre para
interesses vazios e supérfluos que só se baseiam nos interesses pessoais dos progenitores.