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Universidade de São Paulo

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de


Ribeirão PretoDepartamento de Química
Júlia Mendonça Margatho nº USP 11217343

DISCUSSÃO DO
FILME GATTACA

Após assistir o filme Gattaca, responda a questão abaixo.

1) Identifique no filme GATTACA uma situação que pode ser considerada um dilema ético,
explicando brevemente a situação e expondo seus comentários e posicionamentos.

A principal situação, a meu ver, que pode ser considerado um dilema ético é a
“geneticofobia” tratada no filme, ou a superioridade da população geneticamente “perfeita”,
essas duas questões são faces da mesma moeda.
Vê-se logo no início do filme que os bebês nascidos biologicamente, ou seja, de maneira
natural, logo são submetidos a uma análise genética do seu DNA para analisar possíveis
falhas genéticas e a probabilidade de contrair certas doenças, como no caso do personagem
principal a miopia e certos problemas cardiorrespiratórios.
Em seguida, retrata-se o nascimento do outro filho do casal, agora “perfeito”, contendo a
melhor combinação genética, sem possibilidades de doenças e com um fenótipo bem
característico como o belo eurocêntrico. Assim, começa a segregação e as diferenças entre
um irmão e outro, mas as diferenças não ficam só no contexto familiar, GATTACA começa a
explorar a sociedade distópica em que o filme acontece. Nessa sociedade, seres humanos
nascidos de forma natural são considerados inválidos e por isso não seriam capazes e nem
aceitos para trabalhar em grandes empresas como na companhia aeroespacial abordada no
filme, assim, apenas os seres humanos selecionados e com os melhores genes, já teriam certa
propensão e características favoráveis para certas funções, como ser engenheiro espacial e
participar de missões fora da Terra.

Nesse contexto, é perceptível a segregação, discriminação, e perseguição que os seres


humanos “naturais” vivem nessa sociedade distópica apresentada, portanto o filme, traz essa
questão para se refletir, será que se pudéssemos alterar e selecionar as melhores
características o mundo não ficará segregado de mais uma forma? Será que isso não seria
prejudicial para toda a humanidade? Será que apenas as pessoas mais ricas seriam capazes de
garantir melhores características genéticas? Além dessas questões é cabível as questões mais
filosóficas, que discorrem do controle da vida e da natureza, até onde o ser humano poderiam
controlar sua própria espécie?
Penso, que o filme gostaria de abordar o quão absurdo seria se a ciência junto a genética
caminhasse para esse rumo, da seleção artificial e da concepção de seres humanos
“perfeitos”, pois só traria mais conflitos e segregação para a humanidade.

DISCUSSÃO CAPÍTULO 8 – GENÉTICA ESCOLHAS QUE NOSSOS


AVÓS NÃO FAZIAM DE MAYANA ZATZ

O livro da Mayana Zatz traz inúmeros questionamentos difíceis de se tomar uma posição. São
extremamente reflexivos e questionam o futuro da humanidade com as intervenções que a
genética poderia realizar. Achei muito interessante o argumento do Jeremy Rifkin, autor do
livro “O século da biotecnologia”, onde ele aponta que usar a genética para se selecionar
características para ter crianças “melhores e mais perfeitas” seria uma “melhoria de eugenia
comercial”. Esse ponto é muito relevante de ser discutido, pois até onde poderíamos levar
seleção genética em embriões sem ferir a ética ? Acredito que o (dpi) diagnostico pré-
implantação, tecnologia muito citada pela autora, ao abordar histórias em que essa técnica foi
utilizada, nos traz também essa reflexão, será que conhecer os genes e selecionar os mais
interessantes aos embriões em vitro, não é uma espécie de seleção artificial que tornaria a
sociedade mais injusta ? Muitas características consideradas fúteis, como predisposição a
pernas inquietas, qualidade da cera de ouvido e calvície poderiam ser alteradas, mas também
há características genéticas relevantes, como predisposição para canceres, doenças imunes,
hipertensão, Alzheimer, transtorno de bipolaridade, depressão, diabetes, surdes, que poderiam
ser considerados, e assim entramos novamente em um dilema: qual característica genética
poderia ser evitada e por que nesse caso não seria antiético ?
Eu acredito que realizar um (dpi), ou até mesmo um teste genético quando jovem, é uma boa
alternativa para se analisar as pré-disposições genéticas que o ser possa a ter, e possibilitar um
maior cuidado e maior prevenção com certas doenças e condições. Agora, selecionar
embriões em vitro para garantir características fenotípicas como cor de cabelo, altura, cor dos
olhos e outras características fúteis seria antiético, seria utilizar de uma ciência tão nobre para
interesses vazios e supérfluos que só se baseiam nos interesses pessoais dos progenitores.

Outro ponto interessante abordado no texto, é em relação aos atletas e as características


genéticas hereditárias que podem contribuir para um melhor desempenho. No texto, foram
citados vários casos de atletas que teriam condições genéticas que os beneficiam, como
características mais complexas como um gene que aumenta a produção do hormônio epo e
resulta na maior produção de hemoglobina e consequentemente uma maior energia aos
músculos, a características mais simples como altura que é uma condição desejável em certos
esportes como o basquete. A discussão se torna muito interessante quando pensamos que
essas características já existentes poderiam ser editadas e pré-selecionadas em embriões, mas
seria antiético dar vantagens a seres humanos pré-selecionados e terem sucesso em um
esporte ? Na minha concepção sim, características que beneficiem uma pessoa de alguma
forma, seja com predisposição positiva ao esporte, ou até mesmo relacionada aos padrões de
beleza que beneficiem essa pessoa a ser um artista de sucesso, causam segregação social,
visto que apenas pessoas com alto poder aquisitivo poderiam ter acesso a essas tecnologias e
se tornarem progenitores de embriões geneticamente selecionados, o que adicionaria mais um
elemento segregacionista em nossa sociedade, as pessoas mais afortunadas e que já possuem
uma maior qualidade de vida ainda poderiam ter genes “melhores”, garantindo um corpo mais
belo, mais saudável e ainda com características positivas para praticarem esportes de alto
rendimento, enquanto pessoas pobres que nunca teriam acesso a essa tecnologia,
continuariam tendo doenças hereditárias severas, e nunca teriam a chance de ter genes com
pré-disposição “positiva” a esportes, ou ao padrão de beleza, ou seja, poderiam ser excluídos
por essa sociedade “melhorada geneticamente”.

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