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O PAPEL DO DIRETOR DE ARTE, COM BASE EM “DOIS PAPAS”, DE

FERNANDO MEIRELLES.

Gustavo Meca

A Arte está diretamente ligada à necessidade, de certo autor, de expressar seus sentimentos,
suas vivências, ou então uma determinada mensagem. Assim, no âmbito audiovisual, a
Direção de Arte existe justamente para contemplar esse processo artístico, sendo assim
responsável pela concepção visual e pela linguagem de qualquer produto audiovisual, como é
o caso do filme "Dois Papas". Dito isso, o processo criativo do Diretor de Arte expande em
vários setores e em várias análises. Primeiramente, é vital o profissional ter um completo
domínio do roteiro a ser utilizado, pois toda a criação estará ligada a isso, a partir dos
diálogos, dos tipos de planos, do tom e do estilo desse roteiro, será analisado como ele criará
e produzirá toda essa concepção artística, dividindo-se, assim, em vários departamentos:
cenografia, referente à construção do cenário, bem como ao seu planejamento, à sua
distribuição e às suas plantas; produção de objetos, que busca objetos para compor a
disposição da cena e trazer sentido artístico; figurino, que abrange a procura da vestimenta
ideal, relacionada à época, paleta de cores e significados; e maquiagem, que busca, também
com base nas cores, a melhor forma de passar um significado, dentro de todas as questões de
caracterização. Dessa forma, esses departamentos se relacionam de forma direta com a
direção geral, responsável pela produção dessa direção de arte, cada departamento também
terá as suas divisões, estabelecendo especificações no âmbito da criação.

A partir da análise do roteiro do filme "Dois Papas", a Direção de Arte deve ser direcionada,
pois aborda um lugar e um momento específico e importante da história mundial. A Capela
Sistina deve ser relacionada à cenografia, seja por vias de efeitos especiais (chroma key) ou
por cenários práticos e reais, além disso, o Altar, o Juízo Final e o piso de mármore, devem
abranger a composição da cena em questão. O figurino dos Papas também deve casar com o
momento e com as posições de cada um na hierarquia da Igreja Católica, além dos
significados das cores, sejam eles na própria paleta ou em outros sentidos cristãos. Ainda
nisso, os sapatos pretos e velhos são cruciais para a construção do personagem e são buscados
para a composição de sentido da cena, em que os pés de Bergoglio cruzam o piso de
mármore. Os objetos também compõem o sentido geral do cenário ao "povoar" a Capela
Sistina da maneira correta. E, por fim, a maquiagem deve causar as expressões e as marcas
faciais nos dois Papas, sejam elas positivas ou negativas, de ansiedade ou de paz, de velhice
ou de juventude, adequando-se à situação desejada no roteiro e pelo Diretor de Arte.

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