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DIREITO AMBIENTAL

LEI Nº 9.605/1998 – LEI DOS CRIMES AMBIENTAIS

Livro Eletrônico
DIREITO AMBIENTAL
Lei n. 9.605/1998 – Lei dos Crimes Ambientais
Nilton Coutinho

Apresentação.................................................................................................................................................... 5
Lei n. 9.605/1998 – Lei dos Crimes Ambientais............................................................................... 6
Introdução – Aspectos Penais da Proteção Ambiental................................................................. 6
Lei n. 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998. . ............................................................................................ 6
Agravantes e Atenuantes.......................................................................................................................... 10
Penas Restritivas de Direitos.................................................................................................................... 11
Suspensão Condicional da Pena. ............................................................................................................ 14
Da Pena de Multa........................................................................................................................................... 14
Da Obrigação de Reparar o Dano........................................................................................................... 15
Penas Aplicáveis às Pessoas Jurídicas. . .............................................................................................. 16
Apreensão do Produto e Instrumento de Infração Administrativa ou de Crime.............17
Ação Penal........................................................................................................................................................ 18
Classificação de Crimes: Critérios........................................................................................................ 22
Tipo Penal: Art. 29....................................................................................................................................... 26
Tipo Penal: Art. 30....................................................................................................................................... 29
Tipo Penal: Art. 31......................................................................................................................................... 29
Tipo Penal: Art. 32........................................................................................................................................ 30
Tipo Penal: Art. 33. ........................................................................................................................................ 31
Tipo Penal: Art. 34........................................................................................................................................ 33
Tipo Penal: Art. 35....................................................................................................................................... 34
Tipo Penal: Art. 38....................................................................................................................................... 35
Tipo Penal: Art. 38-A. .................................................................................................................................. 36
Tipo Penal: Art. 39........................................................................................................................................37

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Tipo Penal: Art. 40....................................................................................................................................... 39


Tipo Penal: Art. 40-A. .................................................................................................................................. 39
Tipo Penal: Art. 41......................................................................................................................................... 40
Tipo Penal: Art. 42......................................................................................................................................... 41
Tipo Penal: Art. 44........................................................................................................................................ 42
Tipo Penal: Art. 45....................................................................................................................................... 43
Tipo Penal: Art. 46....................................................................................................................................... 44
Tipo Penal: Art. 48....................................................................................................................................... 45
Tipo Penal: Art. 49........................................................................................................................................47
Tipo Penal: Art. 50....................................................................................................................................... 48
Tipo Penal: Art. 50-A................................................................................................................................... 49
Tipo Penal: Art. 51........................................................................................................................................ 49
Tipo Penal: Art. 52....................................................................................................................................... 50
Tipo Penal: Art. 54....................................................................................................................................... 52
Tipo Penal: Art. 55 (Usurpação Mineral)........................................................................................... 55
Tipo Penal: Art. 56....................................................................................................................................... 57
Tipo Penal: Art. 60....................................................................................................................................... 59
Tipo Penal: Art. 61........................................................................................................................................ 62
Tipo Penal: Art. 62....................................................................................................................................... 63
Tipo Penal: Art. 63....................................................................................................................................... 63
Tipo Penal: Art. 64....................................................................................................................................... 64
Tipo Penal: Art. 65....................................................................................................................................... 66
Tipo Penal: Art. 66....................................................................................................................................... 68
Tipo Penal: Art. 67. ....................................................................................................................................... 69
Tipo Penal: Art. 68....................................................................................................................................... 70
Tipo Penal: Art. 69-A. ...................................................................................................................................72
Crimes contra Administração e Princípio da Insignificância. . ...................................................73

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Lei Complementar n. 140/2011. .............................................................................................................. 75


Independência das Esferas Penal e Administrativa..................................................................... 78
Questões de Concurso............................................................................................................................... 82
Gabarito............................................................................................................................................................ 84
Gabarito Comentado................................................................................................................................... 85
Referências Bibliográficas. ....................................................................................................................... 89

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Sobre o autor:

Nilton Carlos de Almeida Coutinho é Procurador do Estado de São Paulo com vasta experi-
ência na área do direito público (com ênfase em direito ambiental e administrativo)
É doutor em Direito Político e Econômico pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e
mestre em direito pelo Cesumar/PR.

Apresentação

Saudações, meu(minha) amigo(a).


Chegamos agora ao nosso último módulo do curso de direito ambiental voltado para a OAB.
Neste módulo, tratemos acerca da Lei n. 9.605/1998, com ênfase nos aspectos penais a
ela relacionados. Trata-se de uma boa oportunidade para você revisar seus conhecimentos em
direito penal e processo penal e se aprofundar no estudo dos crimes ambientais.
O módulo é baseado no meu livro sobre crimes ambientais, prefaciado pelo Ministro Nefi
Cordeiro, do STJ. Espero que apreciem a leitura. E, principalmente, espero que os temas aqui
abordados venham a “cair” na sua prova da OAB.
Termino aqui desejando a você muito sucesso nessa caminhada e que a “carteirinha ver-
melha” seja apenas a primeira de várias conquistas profissionais que você terá ao longo de
sua vida.
Abraços e sucesso,
Prof. Nilton Carlos Coutinho.

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LEI N. 9.605/1998 – LEI DOS CRIMES AMBIENTAIS


Introdução – Aspectos Penais da Proteção Ambiental
De inícío, registre-se que a CRFB tratou, expressamente, da responsabilização penal das
condutas que agridam o meio ambiente. Com efeito, o Art. 225, § 3º, estabelece que as con-
dutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas
físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de
reparar os danos causados.
Na área legislativa, tal proteção se deu por meio de diversas leis, sendo certo que a proteção
na área penal foi consideravelmente ampliada com a entrada em vigor da Lei n. 9.605/1998,
a qual será objeto de análise específica.

Lei n. 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998


Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao
meio ambiente, e dá outras providências

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Sujeito Ativo do Delito

A Lei n. 9.605/1998 seguir a regra geral estabelecida no código penal. Assim, nos termos
do art. 2º da citada lei, todo aquele que de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes
previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade.1
A referida lei estabeleceu, ainda, a responsabilização do diretor, do administrador, do mem-
bro de conselho e de órgão técnico, do auditor, do gerente, do preposto ou mandatário de
pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática,
quando podia agir para evitá-la.
Segundo o referido dispositivo é fundamental que tais pessoas SAIBAM da conduta crimi-
nosa praticada por outrem e se OMITAM, não impedindo, assim, a ocorrência do delito.

1
Texto similar ao constante no código penal: Art. 29 – Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a
este cominadas, na medida de sua culpabilidade.

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Aliás, a  jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que aquele que, na condição de


diretor, administrador, membro do conselho e de órgão técnico, auditor, gerente, preposto ou
mandatário da pessoa jurídica, tenha conhecimento da conduta criminosa e, tendo poder para
impedi-la, não o fez deve responder pelo delito.2

Da Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica

A Lei n. 9.605/1998 inova no ordenamento jurídico a estabelecer a responsabilidade penal


da pessoa jurídica.
Segundo estabelece o art. 3º da citada lei, as pessoas jurídicas serão responsabilizadas
administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração
seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado,
no interesse ou benefício da sua entidade.

Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras,
coautoras ou partícipes do mesmo fato.

Aliás, a parte final do art. 2º da Lei n. 9.605/1998, que trata da omissão penalmente rele-
vante dos diretores, administradores e gerentes das pessoas jurídicas é expressa no sentido
de que tal omissão não implica exclusão da responsabilização da pessoa jurídica pela omis-
são imprópria, mas, pelo contrário, estende a possibilidade de imputação pela prática delitiva
a seus gerentes e administradores.

Teoria da Dupla Imputação

Chamada a posicionar-se sobre o tema, a  Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal,


no julgamento do RE 548.181/PR, de relatoria da Exma. Ministra Rosa Weber, decidiu que o
art. 225, § 3º, da Constituição Federal não condiciona a responsabilização penal da pessoa
jurídica por crimes ambientais à simultânea persecução penal da pessoa física em tese res-
ponsável no âmbito da empresa.

2
Neste sentido, veja: (HC 92.822/SP, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, Rel. p/ Acórdão Ministro NAPOLEÃO NUNES
MAIA FILHO, QUINTA TURMA, julgado em 17/06/2008, DJe 13/10/2008).

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Em outras palavras, não se adota, no Brasil, a teoria da dupla imputação, sendo possível
responsabilizar-se a pessoa jurídica ainda que não haja a punição das pessoas físicas que
tenham contribuído para a prática do delito.

Desconsideração da Personalidade Jurídica

Segundo a jurisprudência dominante, a  desconsideração da pessoa jurídica consiste na


possibilidade de se ignorar a personalidade jurídica autônoma da entidade moral para chamar
à responsabilidade seus sócios ou administradores, quando a utilizam com objetivos fraudu-
lentos ou diversos daqueles para os quais foi constituída.3
Nessa linha, o  art.  4º possibilita a desconsideração da pessoa jurídica (aplicação da
Disregard Doctrine) sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos
causados à qualidade do meio ambiente. Assim, basta tão somente que a personalidade da
pessoa jurídica seja obstáculo ao ressarcimento dos prejuízos causados à qualidade do meio
ambiente.
Tal possibilidade se apoia no princípio da reparação in integrum e do princípio poluidor-
-pagador.
Nesse sentido, o art. 14, § 1º, da Lei n. 6.938/1981 estabelece que o poluidor é obrigado,
independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio
ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade.
Do mesmo modo, tratando-se de um direito fundamental, a reparação ao meio ambiente
deve ser realizada em sua integralidade, ou seja: sua reparação deve se dar de forma que se
recomponha ao máximo e ao mais próximo possível da situação em que se encontrava (status
quo ante). Aliás, por esta razão, admite-se, no direito ambiental, a cumulação de obrigação de
fazer (reparação da área degradada), não fazer e de pagar quantia certa (indenização).
Trata-se de medida fundamental para possibilitar a adequada proteção do bem jurídico am-
biental, de tal modo que a indenização pecuniária imposta deve abarcar a responsabilização
por todos os danos individuais, coletivos, intergeracionais, econômicos, ecológicos e morais
decorrentes de conduta lesiva (GURSKI JUNIOR,2016).
3
REsp 647493 / SC. Relator(a). Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA (1123). Órgão Julgador. T2 - SEGUNDA TURMA. Data
do Julgamento. 22/05/2007. Data da Publicação/Fonte. DJ 22/10/2007 p. 233

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CAPÍTULO II
DA APLICAÇÃO DA PENA

Dosimetria e Individualização da Pena

Segundo estabelece a CRFB em seu Art. 5º, XLVI, a individualização da pena será regulada
por meio de lei, sendo possível, entre outras, as seguintes espécies de pena:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos.
Assim, tem-se que, para cada conduta praticada deve ser aplicada uma pena específica e
individualizada (AZEVEDO, 2003).
Na área ambiental, tem-se que, não obstante, o juiz esteja vinculado a parâmetros abstra-
tamente cominados pelo legislador, é permitido-lhe, entretanto, atuar discricionariamente na
escolha da sanção penal aplicável ao caso concreto, após o exame percuciente dos elementos
do delito, e em decisão motivada.4 Aliás, a sentença proferida pelo juiz é, em última análise,
um ato administrativo, razão pela qual sua motivação é obrigatória, inclusive para permitir que
a parte saiba a razão da aplicação de determinada pena, tomando as medidas cabíveis para
reformá-la, caso entenda que a mesma é injusta.
Com o objetivo de auxiliar o juiz na individualização da pena, o art. 6º da Lei n. 9.605/1998
estabelece que a autoridade competente deverá observar alguns aspectos no momento de
imposição e gradação da penalidade.
São eles:

I – a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas consequências para a saúde
pública e para o meio ambiente;
II – os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental;
III – a situação econômica do infrator, no caso de multa.

4
AgRg no AREsp 760286 / PR. Relator(a): Ministro RIBEIRO DANTAS. Órgão Julgador: QUINTA TURMA. Data do Julgamento:
06/06/2019

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Motivos da Infração

Os motivos da infração são extremamente relevantes para a dosimetria da pena, podendo


aumentar ou reduzir a pena a ser aplicada.5

Consequências para a Saúde Pública e Para o Meio Ambiente

Com relação às consequências do crime, a jurisprudência entende que estas devem ser
entendidas como o resultado da ação do agente, ou seja: o dano (material ou moral) causado
ao bem jurídico tutelado. Nesse aspecto, quando as consequências para a saúde pública e
para o meio ambiente forem superiores ao inerente ao tipo penal o aumento da reprimenda é
medida que se impõe.6
Por fim, observe-se que, no que diz respeito ao quantum de aumento da pena-base,

O Superior Tribunal de Justiça entende que o julgador não está adstrito a critérios pura-
mente matemáticos, havendo certa discricionariedade na dosimetria da pena, vinculada
aos elementos concretos constantes dos autos. No entanto, o  quantum de aumento,
decorrente da negativação das circunstâncias, deve observar os princípios da proporcio-
nalidade, da razoabilidade, da necessidade e da suficiência à reprovação e à prevenção
do crime, informadores do processo de aplicação da pena.7

Agravantes e Atenuantes
Circunstâncias Atenuantes

Em sede de crimes ambientais existem determinadas circunstâncias previstas em lei que


atenuam a pena do infrator. São elas:

I – baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;


II – arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação signi-
ficativa da degradação ambiental causada;

5
Observe-se, por exemplo, que no crime de homicídio, o motivo pode aumentar a pena (como ocorre no caso de homicídio
cometido por motivo fútil ou torpe) bem como reduzi-la (como ocorre no caso deste ser cometido por motivo de relevante
valor social ou moral).
6
Neste sentido, veja-se: AgRg no AREsp 760286 / PR. Relator(a): Ministro RIBEIRO DANTAS. Órgão Julgador: QUINTA TURMA.
Data do Julgamento: 06/06/2019
7
REsp 1.599.138/DF, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 24/4/2018, DJe 11/5/2018

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III – comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental;


IV – colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental.8

Circunstâncias Agravantes

Do mesmo modo, existem circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem
ou qualificam o crime. Ou seja: somente quando tal circunstância não esteja prevista na Lei
n. 9.605/1998 como “elementar” ou “qualificadora” do tipo penal ela será considerada como
circunstância agravante. São elas:

I – reincidência nos crimes de natureza ambiental;


II – ter o agente cometido a infração:
a) para obter vantagem pecuniária;
b) coagindo outrem para a execução material da infração;
c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente;
d) concorrendo para danos à propriedade alheia;
e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime
especial de uso;
f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;
g) em período de defeso à fauna;
h) em domingos ou feriados;
i) à noite;
j) em épocas de seca ou inundações;
l) no interior do espaço territorial especialmente protegido;
m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais;
n) mediante fraude ou abuso de confiança;
o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental;
p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada
por incentivos fiscais;
q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades competentes;
r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções.

Penas Restritivas de Direitos

Conforme estabelece o art. 7º da Lei n. 9.605/1998, as penas restritivas de direitos são


autônomas e substituem as privativas de liberdade em determinadas situações, a quais pas-
samos a elencar.

8
Art. 14 da Lei n. 9.605/1998.

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Tratando-se de crime culposo ou caso a pena privativa de liberdade aplicada seja inferior a

quatro anos a substituição por pena restritiva de direitos será admitida. Exige-se, ainda, que a

culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como

os motivos e as circunstâncias do crime indiquem que a substituição seja suficiente para efei-

tos de reprovação e prevenção do crime.9

Duração da Pena Restritiva de Direitos

Por expressa disposição legal, tem-se que as penas restritivas de direitos a que se refere

este artigo terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída.

Modalidades de Penas Restritiva de Direitos

A Lei n. 9.605/1998 previu as seguintes espécies de penas restritivas de direito:

I – prestação de serviços à comunidade;


II – interdição temporária de direitos;
III – suspensão parcial ou total de atividades;
IV – prestação pecuniária;
V – recolhimento domiciliar.

Prestação de Serviços à Comunidade

Conceito: a prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao condenado de

tarefas gratuitas junto a parques e jardins públicos e unidades de conservação, e, no caso de

dano da coisa particular, pública ou tombada, na restauração desta, se possível.10

9
Observe-se que regra similar encontra-se prevista no art. 44 do código penal, o qual estabelece que “as penas restritivas de
direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: I – aplicada pena privativa de liberdade inferior a
um ano ou se o crime for culposo; II – o réu não for reincidente; III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
10
O texto da Lei n. 9.605/1998 (art. 9º) é similar ao previsto no código penal: Art. 46 – A prestação de serviços à comunidade
consiste na atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto a entidades assistências, hospitais, escolas, orfanatos e
outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais.

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Interdição Temporária de Direitos

Conceito: as penas de interdição temporária de direito são a proibição de o condenado


contratar com o Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios,
bem como de participar de licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos,
e de três anos, no de crimes culposos.

Suspensão Parcial ou Total de Atividades

A suspensão de atividades destina-se a uma hipótese específica, qual seja a desobediên-


cia das prescrições legais.11

Prestação Pecuniária

Conceito: A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima ou à entida-


de pública ou privada com fim social, de importância, fixada pelo juiz, não inferior a um salário
mínimo nem superior a trezentos e sessenta salários mínimos.
Segundo entendimento do STJ,

A finalidade da prestação pecuniária é reparar o dano causado pela infração penal, motivo
pelo qual não precisa guardar correspondência ou ser proporcional à pena privativa de
liberdade irrogada ao acusado.12

 Obs.: O valor pago será deduzido do montante de eventual reparação civil a que for conde-
nado o infrator.

Recolhimento Domiciliar

Tecnicamente, o recolhimento domiciliar constitui-se como uma modalidade de pena priva-


tiva de liberdade em regime aberto.13
11
Vide art. 11 da Lei n. 9.605/1998
12
AgRg no REsp 1.707.982/MG, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 19/4/2018, DJe 27/4/2018
13
Neste sentido, veja-se art. 117 da Lei de Execuções Penais (Lei n. 7.210/1984).

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Contudo, o recolhimento domiciliar, no âmbito da Lei n. 9.605/1998 foi classificado como


uma espécie de pena restritiva de direitos, previsto no art. 13 da referida lei.
Segundo estabelece a Lei n. 9.605/1998, o  recolhimento domiciliar baseia-se na auto-
disciplina e senso de responsabilidade do condenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar,
frequentar curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e horários
de folga em residência ou em qualquer local destinado a sua moradia habitual, conforme esta-
belecido na sentença condenatória.

Suspensão Condicional da Pena


A suspensão condicional da pena, prevista originariamente no código penal, foi inserida
(com adaptações) no Lei n. 9.605/1998. Desse modo, nos crimes previstos na referida Lei,
a suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a pena privativa
de liberdade não superior a três anos.
A suspensão condicional da pena no âmbito do código penal, exige o preenchimento cumu-
lativo de três requisitos. São eles:
• que o condenado não seja reincidente em crime doloso;
• que a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem
como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício; e
• que não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 do Código Penal.

Seguindo tal raciocínio tem-se que, em sede de crimes ambientais, ainda que a pena tenha
sido fixada em 3 anos (preenchendo assim o requisito objetivo do art. 16 da Lei n. 9.605/1998)
é possível a culpabilidade, a  conduta social, as  circunstâncias e as consequências do deli-
to sejam desfavoráveis, fazendo com que os agentes não tenham direito ao sursis, pois não
preenchidos os requisitos subjetivos previstos no inciso II do art. 77 do Código Penal.14

Da Pena de Multa
Ainda que se trate de multa estabelecida com base na Lei n. 9.605/1998 tem-se que esta
será calculada segundo os critérios do Código Penal (JEUS, 2003).
14
HC 350897 / RS Relator(a) Ministro RIBEIRO DANTAS (1181) Órgão Julgador T5 - QUINTA TURMA Data do Julgamento
18/05/2017 Data da Publicação/Fonte DJe 25/05/2017

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Lei n. 9.605/1998 – Lei dos Crimes Ambientais
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Segundo o Código Penal, o valor máximo aplicado será de 360 dias-multa.15


Contudo, caso o juiz entenda que – ainda que aplicada no valor máximo – o valor apura-
do é ineficaz, poderá aumentar o valor da multa em até três vezes, tendo em vista o valor da
vantagem econômica auferida.

Da Obrigação de Reparar o Dano


No caso de suspensão condicional da pena, a Lei n. 9.605/1998 estabelece que a verifi-
cação da reparação a que se refere o § 2º do art. 78 do Código Penal16 será feita mediante
laudo de reparação do dano ambiental, e  as condições a serem impostas pelo juiz deverão
relacionar-se com a proteção ao meio ambiente.
A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que possível, fixará o montante do
prejuízo causado para efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa.17
Do mesmo modo, a Lei n. 9.605/1998 explicitou que a perícia produzida no inquérito civil
ou no juízo cível poderá ser aproveitada no processo penal, instaurando-se o contraditório.18

Sentença Penal Condenatória e Reparação dos Danos Causados

A sentença penal condenatória, sempre que possível, fixará o valor mínimo para reparação
dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelo
meio ambiente.19

Execução da Pena Pecuniária

Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá efetuar-se pelo valor fixa-
do nos termos do caput, sem prejuízo da liquidação para apuração do dano efetivamente sofrido.
15
O valor do dia-multa será fixado pelo juiz, nos termos estabelecidos pelo art. 49, § 1º do CP, não podendo ser inferior a um
trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário.
16
Art. 78, § 2º do código penal: “Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as circuns-
tâncias do art. 59 deste Código lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá substituir a exigência do parágrafo anterior
pelas seguintes condições, aplicadas cumulativamente: a) proibição de frequentar determinados lugares; b) proibição de
ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz; c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensal-
mente, para informar e justificar suas atividades.”
17
Art. 19 da Lei n. 9.605/1998.
18
Vide art. 19, parágrafo único.
19
Art. 20 da Lei n. 9.605/1998.

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Penas Aplicáveis às Pessoas Jurídicas


Conforme visto, a Constituição Federal permitiu a responsabilização penal da pessoa ju-
rídica. Contudo, as pessoas jurídicas, dada sua condição, submetem-se às seguintes penas:

I – multa;
II – restritivas de direitos;
III – prestação de serviços à comunidade.

Tais penas podem ser aplicadas de forma isolada, cumulativa ou alternativa.

Pena – de multa

A multa é a sanção penal mais aplicada em relação à pessoa jurídica e segue as mesmas
regras estabelecidas no âmbito o código penal e já mencionadas nesta obra.

Penas restritivas de direitos da pessoa jurídica

Espécies: a Lei n. 9.605/1998 elencou três espécies de penas restritivas de direitos aplicá-
veis à pessoa jurídica. São elas:

I – suspensão parcial ou total de atividades20;


II – interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade21; e
III – proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou
doações.22

Prestação de Serviços à Comunidade pela Pessoa Jurídica

A Lei n. 9.605/1998 previu, também, a  possibilidade de aplicação de pena prestação de


serviços à comunidade pela pessoa jurídica, a qual poderá ocorrer por meio de custeio de pro-
gramas e de projetos ambientais, execução de obras de recuperação de áreas degradadas, ma-
nutenção de espaços públicos ou contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.23
20
A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às disposições legais ou regulamenta-
res, relativas à proteção do meio ambiente (art. 22, § 1º, da Lei n. 9.605/1998).
21
A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando sem a devida autorização, ou
em desacordo com a concedida, ou com violação de disposição legal ou regulamentar (art. 22, § 2º da Lei n. 9.605/1998).
22
A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios, subvenções ou doações não poderá exceder o prazo
de dez anos (art. 22, § 3º, da Lei n. 9.605/1998).
23
Vide art. 23 da Lei n. 9.605/1998.

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Pena – de Liquidação Forçada

Por fim, registre-se que a pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente,


com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada
sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como tal per-
dido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.

CAPÍTULO III
DA APREENSÃO DO PRODUTO E DO INSTRUMENTO DE INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA OU
DE CRIME

Apreensão do Produto e Instrumento de Infração Administrativa ou


de Crime

Visando coibir a prática de delitos ambientais, a Lei n. 9.605/1998 previu a possibilidade de


apreensão de produtos e instrumentos da infração ambiental cometida.
É importante observar que tal apreensão pode ocorrer tanto na hipótese de crime quanto
de infração administrativa.
Desse modo, verificada a infração, serão apreendidos seus produtos e instrumentos,
lavrando-se os respectivos autos.24

Apreensão de Animais

Na hipótese da localização de animais em poder dos infratores estes serão prioritariamen-


te libertados em seu habitat. Porém, caso tal medida seja inviável ou não recomendável por
questões sanitárias, tais animais serão entregues a jardins zoológicos, fundações ou entidades
assemelhadas, para guarda e cuidados sob a responsabilidade de técnicos habilitados.25
Registre-se, no entanto que, até que os animais sejam entregues a estas instituições (jardins
zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas) o órgão que realizo a atuação deverá zelar
para que estes sejam mantidos em condições adequadas de acondicionamento e transporte
que garantam o seu bem-estar físico.
24
Vide art. 25 da Lei n. 9.605/1998.
25
Neste sentido, veja o art. 134, VII, do Decreto n. 6.514, de 22 de julho de 2008.

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Apreensão de Produtos Perecíveis ou Madeiras

Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, serão estes avaliados e doados a institui-


ções científicas, hospitalares, penais e outras com fins beneficentes.26

Apreensão de Produtos e Subprodutos da Fauna não Perecíveis

Tratando-se de produtos e subprodutos da fauna não perecíveis estes serão destruídos ou


doados a instituições científicas, culturais ou educacionais.27

Apreensão de Instrumentos Utilizados na Prática da Infração

Os instrumentos utilizados na prática da infração serão vendidos, garantida a sua desca-


racterização por meio da reciclagem.28
Por fim, registre-se que o Decreto n. 6.514/1998 determinou que o termo de doação de
bens apreendidos vedará a transferência a terceiros, a qualquer título, dos animais, produtos,
subprodutos, instrumentos, petrechos, equipamentos, veículos e embarcações doados.29

CAPÍTULO IV
DA AÇÃO E DO PROCESSO PENAL

Ação Penal

Em razão da indisponibilidade do bem jurídico ambiental e da obrigatoriedade de atuação


estatal com vistas a sua proteção, estabeleceu-se que a ação penal em sede de infrações
penais previstas na Lei n. 9.605/1998 é pública incondicionada.
Deste modo, a ação penal será promovida por meio de denúncia do Ministério Público, não
estando sujeita a qualquer condição de procedibilidade.

26
Neste sentido, veja o art. 134, I e II, do Decreto n. 6.514, de 22 de julho de 2008.
27
Neste sentido, veja o art. 134, III, do Decreto n. 6.514, de 22 de julho de 2008.
28
Neste sentido, veja o art. 134, IV, do Decreto n. 6.514, de 22 de julho de 2008.
29
Contudo, excepcionalmente admite-se que a autoridade ambiental autorize a transferência dos bens doados quando tal
medida for considerada mais adequada à execução dos fins institucionais dos beneficiários. ( art. 137, parágrafo único, do
Decreto n. 6.514/1998).

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Crimes Ambientais de Menor Potencial Ofensivo

Considera-se crime ambiental de menor potencial ofensivo aquele cuja competência para
julgamento é do Juizado Especial Criminal (BITENCOURT, 1997).
A Lei n. 9.099/1995, por sua vez, estabelece que os Juizados Especiais Criminais possuem
competência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor
potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência.30
Por fim, a  referida lei considera como “infração penal de menor potencial ofensivo” as
contravenções penais (independentemente da pena cominada) e os crimes a que a lei comine
pena máxima não superior a dois anos, cumulada ou não com multa.

Transação Penal

A lei de crimes ambientais também previu a possibilidade de transação penal por meio de
proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei
n. 9.099, de 26 de setembro de 1995.
Trata-se de possibilidade restrita aos crimes ambientais de menor potencial ofensivo,
exigindo-se, contudo, que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, salvo em caso
de comprovada impossibilidade.

Suspensão Condicional do Processo

A suspensão condicional do processo constitui-se como um benefício previsto no âmbito


da Lei n. 9.099/1995 e que traz como consequência – na hipótese de não haver revogação
do benefício durante o prazo estabelecido – a extinção da punibilidade do agente (TÁVORA e
ALENCAR, 2019).
Segundo estabelece o art. 89 da Lei n. 9.099/1995, o Ministério Público, nos crimes nos
quais a pena mínima cominada seja de até um ano31 poderá, ao oferecer a denúncia, propor
a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo
30
Vide art. 60 da Lei n. 9.099/1995.
31
Não é necessário que o crime seja de menor potencial ofensivo, bastando que a pena mínima não ultrapasse um ano.

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processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que
autorizariam a suspensão condicional da pena, constantes no art. 77 do Código Penal.32
Observe-se, ainda, que caso haja incidência de causa especial de aumento esta deverá
ser levada em conta na fixação da pena mínima em abstrato, de tal forma que, ultrapassado o
limite de 1 ano, é descabida a aplicação do sursis processual.33 Neste sentido, veja-se Súmula
n. 243/STJ.34
Do exposto, tem-se que a suspensão condicional do processo é ato bilateral. Logo, exige a
concordância clara e inequívoca do processado, por meio de declaração da vontade persona-
líssima, voluntária, formal, vinculada aos termos propostos, tecnicamente assistida e absoluta
– ou seja, não pode ser condicional ou, tampouco, parcial.35
A Lei n. 9.605/1998 incluiu o instituto da suspensão condicional do processo em relação
aos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, com as seguintes modificações:
• a declaração de extinção de punibilidade (decorrente da expiração do prazo de suspen-
são do processo sem revogação do benefício) dependerá de laudo de constatação de
reparação do dano ambiental, salvo no caso de tal reparação não ser possível.
• na hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter sido completa a reparação,
o  prazo de suspensão do processo será prorrogado, até o período máximo de cinco
anos, com suspensão do prazo da prescrição;36
• findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à lavratura de novo laudo de constatação de
reparação do dano ambiental, podendo, conforme seu resultado, ser novamente prorro-
gado o período de suspensão, até o máximo de cinco anos, conforme mencionado;

32
Art. 77 do código penal: A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2
(dois) a 4 (quatro) anos, desde que: I – o condenado não seja reincidente em crime doloso; II – a culpabilidade, os antece-
dentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do
benefício; III – Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 do Código Penal.
33
REsp 261371 / SP Relator(a) Ministro FERNANDO GONÇALVES. Órgão Julgador T6 - SEXTA TURMA Data do Julgamento
15/10/2002 Data da Publicação/Fonte DJ 01/09/2003 p. 324.
34
Súmula n. 243/STJ: O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações penais cometidas em
concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja
pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano.
35
HC 30459 / SC Relator(a) Ministra LAURITA VAZ (1120) Órgão Julgador T5 - QUINTA TURMA Data do Julgamento 28/09/2004
36
É importante observar que durante o período de prorrogação, não se aplicarão as condições dos incisos II, III e IV do § 1º
do artigo 89 da Lei n. 9.099/1995.

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• esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração de extinção de punibilidade de-


penderá de laudo de constatação que comprove ter o acusado tomado as providências
necessárias à reparação integral do dano.

De todo o exposto, conclui-se que, nos crimes ambientais, a suspensão condicional do pro-
cesso sujeita-se ao disposto no art. 28 da Lei n. 9.605/1998, só se extinguindo a punibilidade
após a emissão de laudo que constate a reparação do dano ambiental, prorrogando-se o sursis
quanto a essa condição, caso a reparação não tenha sido completa.37

Revogação do Sursis

As hipóteses de revogação do sursis processual encontram-se previstas nos parágrafos 3º


e 4º do art. 89 da Lei n. 9.099/1995.
O parágrafo terceiro contempla hipótese de revogação obrigatória. Assim, a  suspensão
será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado por outro crime ou
não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano.
Já o parágrafo quarto contempla hipótese de revogação facultativa. Desta forma,
a suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por
contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta.

Prazo para Revogação do Sursis

É importante observar que o benefício da suspensão condicional do processo pode ser re-
vogado mesmo após o transcurso do período de prova, desde que a causa da revogação tenha
ocorrido durante o referido lapso temporal.38

Crimes Ambientais e Princípio da Insignificância

A jurisprudência do STJ admite a aplicação do princípio da insignificância aos crimes am-


bientais, desde que, analisadas as circunstâncias específicas do caso concreto, se observe

37
RHC 62119 / SP Relator(a) Ministro GURGEL DE FARIA (1160) Órgão Julgador T5 – QUINTA TURMA Data do Julgamento
10/12/2015 Data da Publicação/Fonte DJe 05/02/2016.
38
RHC 42864 / SC Relator(a) Ministro JORGE MUSSI (1138) Órgão Julgador T5 – QUINTA TURMA Data do Julgamento
14/04/2015 Data da Publicação/Fonte DJe 22/04/2015.

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que o grau de reprovabilidade, a relevância da periculosidade social, bem como a ofensividade


da conduta não prejudiquem a manutenção do equilíbrio ecológico, o que, na hipótese concre-
ta, não é possível de ser aferido, de plano, no atual momento processual.39
Assim, são requisitos para o reconhecimento da atipicidade da conduta:
• Mínima ofensividade da conduta do agente;
• Ausência de periculosidade social da ação;
• Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
• Inexpressividade da lesão jurídica provocada.

Uma vez preenchidos todos esses requisitos, torna-se possível a aplicação desse princípio,
afastando-se a própria tipicidade penal.40 Frise-se, entretanto, que em razão do status constitu-
cional conferido à tutela jurídica do meio ambiente constitucional tem-se que a aplicação do prin-
cípio da insignificância nos crimes ambientais deve ficar restrita àquelas situações nas quais,
evidentemente, não há que se falar em lesividade ao bem jurídico (DUARTE e DANTAS, 2009).

CAPÍTULO V
DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE

Classificação de Crimes: Critérios

Para o melhor estudo dos crimes ambientais, optamos por apresentar ao leitor um capítu-
lo específico analisando os diversos critérios de classificação existentes em relação a esses
delitos. Assim, o  leitor encontrará neste capítulo a conceituação e o detalhamento de cada
modalidade penal relevante para o tema deste livro.41
Eventuais observações pontuais e específicas em relação a cada crime serão feitas no
momento de análise do respectivo tipo penal.

39
APn 888 / DF Relator(a) Ministra NANCY ANDRIGHI (1118) Órgão Julgador CE - CORTE ESPECIAL Data do Julgamento
02/05/2018 Data da Publicação/Fonte DJe 10/05/2018
40
AgInt no AREsp 1269973 / GO Relator(a) Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO (1182) Órgão Julgador T6 - SEXTA
TURMA Data do Julgamento 11/12/2018 Data da Publicação/Fonte DJe 01/02/2019
41
Dados os objetivos desta obra, serão apresentados, apenas, aquelas classificações relevantes para o estudo dos crimes
ambientais.

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PRIMEIRO CRITÉRIO:
Com relação à necessidade de ocorrência de um resultado naturalístico para sua consuma-
ção, a doutrina classifica os delitos em:
• Crime Material: é aquele em que prevê um resultado naturalístico para sua consumação,
sendo certo que o crime só se consuma com sua ocorrência.
• Crime Formal: é aquele em que o tipo penal descreve um resultado naturalístico, o qual,
entretanto, não é exigido para sua consumação. Em outras palavras: a ocorrência do
resultado é possível, mas é prescindível para a consumação do delito.
• Crime de Mera Conduta: é aquele no qual o tipo penal não descreve um resultado
naturalístico, mas, apenas, uma conduta. Assim, a mera prática da conduta descrita já
consuma o crime.

SEGUNDO CRITÉRIO:
Em relação à necessidade de uma característica específica do autor do crime, a doutrina
classifica os crimes em:
• Crime Comum: é aquele que pode ser praticado por qualquer pessoa.
• Crime Próprio: é o que exige uma qualidade especial do agente para a prática do delito.
• Crime de Mão Própria: é aquele em que somente o autor pode praticar, não tem como pe-
dir para que outro o faça por ele. Não admite o chamado longa manus. Ex.: Prevaricação
– Art. 319. Falso Testemunho – Art. 342.

TERCEIRO CRITÉRIO:
Com relação às condutas previstas no tipo penal incriminador, a doutrina classifica os
crimes em:
• Crime de Ação Única: aquele que prevê uma única conduta típica no tipo penal.
• Crime de ação múltipla ou conteúdo variado ou tipo misto: é aquele em que o tipo penal
é composto por mais de uma conduta típica, sendo certo que a prática de qualquer das
condutas previstas já configura o delito em análise. Nessa modalidade delituosa, a prá-
tica de mais de um dos núcleos verbais, no mesmo contexto, configura crime único.

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QUARTO CRITÉRIO:
Com relação à quantidade de agentes que praticam a conduta típica, a doutrina costuma
classificar os delitos em:
• Crime unissubjetivo ou unilateral ou monossubjetivo: é aquele no qual a conduta típica
pode ser praticada por apenas uma pessoa.

Tal crime admite o concurso de pessoas, o  que pode ocorrer eventualmente. Por essa
razão, também costuma ser denominado de crimes de concurso eventual.
• Crime plurissubjetivo ou de concurso necessário: diferentemente dos crimes unissubje-
tivos, estes delitos exigem, obrigatoriamente, uma pluralidade de autores para a prática
do delito.

QUINTO CRITÉRIO:
Com relação à necessidade (ou não) de ocorrência de um dano ao bem jurídico tutelado,
a doutrina costuma classificar os delitos em:
• Crime de dano: É aquele que exige a efetiva lesão de um bem jurídico.
• Crime de perigo: É aquele em que não se exige o dano, consumando-se com a mera
possibilidade de dano, ou seja, com a simples exposição do bem a perigo de dano.

Tais crimes se subdividem em: Crimes de perigo real e crimes de perigo presumido.
• Crime de perigo concreto: é aquele no qual sua configuração típica exige a demonstra-
ção de que o bem jurídico efetivamente foi posto em perigo real, ou seja: a ocorrência do
risco de dano ao bem jurídico tutelado deve ser demonstrada.
• Crime de perigo abstrato: é aquele no qual o legislador presume a ocorrência do risco ao
bem jurídico tutelado com a prática da conduta descrita no tipo penal. Assim, nesses cri-
mes não há a necessidade de demonstração de que o bem jurídico foi colocado em risco.

SEXTO CRITÉRIO:
Com relação à forma como o delito será prática, os crimes podem ser classificados em:
• Crime de forma livre: é aquele no qual o tipo penal não estabelece um meio específico
para execução do delito.

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• Crime de Forma Vinculada: é aquele no qual a lei estabelece uma forma ou formas
específicas para a realização do núcleo do tipo penal.

SÉTIMO CRITÉRIO:
Como relação ao momento da ocorrência da consumação e sua extensão no tempo,
pode-se falar em:
• Crime instantâneo: é aquele no qual a consumação ocorre em momento exato, ou seja:
a consumação se dá em um momento determinado no tempo.
• Crime permanente: é aquele cuja consumação se protrai no tempo, ou seja: a fase da
consumação continua existir à medida que o tempo passa.

Neste critério, a doutrina observa a existência de outras espécies, a saber:


• Crime instantâneo de efeitos permanentes: é aquele que se consuma imediatamente
(ou seja: é uma espécie de crime instantâneo). Porém, os efeitos desse crime se prolon-
gam no tempo. Observe-se que, nessa hipótese, o agente causador do dano estará em
situação de flagrante ainda que a conduta tenha se iniciado já a algum tempo.
• Crime a prazo é o nome dado aquele crime que sua consumação depende da ocorrência
de determinado prazo.

OITAVO CRITÉRIO:
Com relação ao número de atos exigidos para a consumação do delito, a doutrina classi-
fica os crimes em:
• Crime unissubsistente: é aquele que se consuma com a prática de um único ato. Por
essa razão, a doutrina majoritária entende que tal crime não admite tentativa.
• Crime plurissubsistente: é aquele cuja prática exige mais de uma conduta para sua con-
figuração, ou seja: há a necessidade de uma pluralidade de atos para que haja o crime.

NONO CRITÉRIO:
Quanto à forma da conduta pratica (positiva ou negativa) os delitos se classificam em:
• Crime comissivo: é aquele que é praticado por um comportamento positivo do agente,
isto é, um fazer.

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• Crime omissivo: é aquele praticado por meio de um comportamento negativo, uma abs-
tenção, um não fazer.42

Seção I
Dos Crimes contra a Fauna

De maneira simplista tem-se que a fauna é o conjunto de animais específicos de determi-


nado ambiente (habitat). Segundo estabelece a Lei n. 5.197, de 3 de janeiro de 1967, a fauna
silvestre é constituída pelos animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do seu desen-
volvimento e que vivam naturalmente fora do cativeiro.
No mesmo sentido, a lei de crimes ambientais conceitua como espécimes da fauna silves-
tre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas
ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do
território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras.

Tipo Penal: Art. 29


• Conduta típica: matar, perseguir43, caçar, apanhar44, utilizar.
• Objeto material: espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória.
• Elemento normativo: sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade
competente, ou em desacordo com a obtida.

Tais elementos do tipo penal são chamados de “normativos” em razão da necessidade de


uma atividade valorativa, ou seja, um juízo de valor por parte do aplicador da norma (CUNHA
et. al., 2019).
• Pena – detenção de seis meses a um ano, e multa.
• Sujeito ativo: Qualquer pessoa. Trata-se, portanto, de crime comum.

Classificação
• crime de ação múltipla, também chamado de crime de conteúdo variado ou plurinuclear;
• crime instantâneo (na modalidade matar, apanhar e utilizar);
42
Os crimes omissivos se subdividem em crimes omissivos próprios e crimes omissivos impróprios.
43
Perseguir: seguir de perto, ir ao encalço de.
44
Apanhar: prender, capturar, agarrar.

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• crime permanente (na modalidade perseguir e caçar);


• crime comissivo;
• crime de resultado (crime material);
• crime comum;
• crime de ação única;
• crime unissubjetivo;
• crime de dano;
• crime de forma livre;
• crime plurissubsistente;

Consumação e Tentativa

Tratando-se de crime de resultado, o mesmo se consuma com a efetiva lesão do bem jurí-
dico tutelado, ou seja, com a morte, perseguição, ou caça de animal, sem a devida permissão,
licença ou autorização da autoridade competente.
A tentativa é admissível, caso a consumação no ocorra por razões alheias à vontade do
agente.

Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz

Caso o agente venha a desistir de prosseguir na execução do delito ou venha a impedir que
o resultado se produza, só responderá pelos atos já praticados (PRADO, 2012).

Figuras Equiparadas:

Segundo estabelece o art. 29, § 1º, incorre nas mesmas penas:

I – quem impede45 a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida;46
II – quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural;
III – quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza
ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como
45
Na modalidade “impedir a procriação da fauna” tem-se uma hipótese de crime permanente, eis que sua execução se protrai
no tempo.
46
Nota-se, aqui, a presença de um elemento normativo do tipo, consistente na expressão “sem licença, autorização ou em
desacordo com a obtida”.

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produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida
permissão, licença ou autorização da autoridade competente.

Perdão Judicial

A lei permite que, em determinadas situações, possa o juiz deixar de aplicar a pena. Exige-se,
no entanto, que se trate de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada
de extinção. Nestas hipóteses pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar
a pena.

Conceito de Espécimes da Fauna Silvestre

Segundo estabelece a Lei n. 9.605/1998, são espécimes da fauna silvestre todos aqueles
pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que
tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro,
ou águas jurisdicionais brasileiras.47

Causas de Aumento de Pena

A pena será aumentada em metade nas seguintes situações:

I  – se o crime é praticado contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que
somente no local da infração;
II – se o crime é praticado em período proibido à caça;
III – se o crime é praticado durante a noite;
IV – se o crime é praticado com abuso de licença;
V – se o crime é praticado em unidade de conservação;
VI – se o crime é praticado com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocar destrui-
ção em massa.

Figura Qualificada

A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do exercício de caça profissional.48


• Tipo Penal Específico: Atos de Pesca

47
Cf. art. 29, § 3º, da Lei n. 9.605/1998.
48
Art. 29, § 5º, da Lei n. 9.605/1998.

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Observe-se que a lei criou figuras típicas específicas para os atos de pesca. Assim, quando
as condutas típicas forem praticadas contra espécimes da fauna aquática NÃO se aplica o
disposto no art. 29, mas, sim, o disposto nos arts. 34 ou 35, a depender da situação descrita.49

Tipo Penal: Art. 30


Conduta típica: exportar para o exterior, ou seja: transportar para fora do País.
Objeto material: peles e couros de anfíbios e répteis em bruto.
Elemento normativo do tipo: sem a autorização da autoridade ambiental competente.
Pena – reclusão, de um a três anos, e multa.
Classificação:
• Crime Formal
• Crime Comum
• Crime de Ação Única
• Crime Unissubjetivo
• Crime de forma livre
• Crime instantâneo
• Crime plurissubsistente
• Crime comissivo

Consumação e Tentativa

Momento consumativo: Momento da saída do couro ou pele do país.


Tentativa: é admissível.

Tipo Penal: Art. 31


O tipo penal prevê a punição daquele que introduzir espécime animal no País, sem parecer
técnico oficial favorável e licença expedida por autoridade competente.
Objetividade jurídica: consoante assevera CAPEZ (2018) protege-se o equilíbrio ecológico,
que pode ser prejudicado com a introdução de espécime animal no País sem parecer favorável
e licença.
49
Veja o art. 29, § 6º, da Lei n. 9.605/1998.

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Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa.


Elemento normativo do tipo: Encontra-se contido na expressão “sem parecer técnico oficial
favorável e licença expedida por autoridade competente”.

Classificação
• Crime Formal
• Crime Comum
• Crime de Ação Única
• Crime Unissubjetivo
• Crime de perigo abstrato
• Crime de forma livre
• Crime instantâneo
• Crime plurissubsistente
• Crime comissivo

Consumação e Tentativa

O momento consumativo se dá no instante em que há a introdução do espécime animal


no País.
Tentativa: é admissível.

Tipo Penal: Art. 32

Conduta típica: Praticar ato de abuso, maus-tratos50, ferir ou mutilar51.


Objeto material: animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:

Consumação e tentativa

O momento consumativo deste delito variará conforme a conduta praticada. Na conduta


de “praticar abuso ou maus-tratos” o crime consuma-se no instante da produção do perigo de

50
São exemplos de maus-tratos: bater, espancar, tratar com violência, manter o animal em lugar sujo ou inadequado.
51
Mutilar: extirpar parte do corpo do animal.

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dano aos animais. Nas condutas de “ferir” e “mutilar” a consumação ocorre com a efetiva lesão
ou mutilação. Pode, portanto, ser crime de dano ou crime de perigo.
Tentativa: não é admissível.

Classificação:
• Crime de perigo/dano
• Crime de forma livre
• Crime de ação múltipla ou de conteúdo variado
• Crime Material
• Crime Comum
• Crime unissubjetivo
• Crime instantâneo
• Crime unissubsistente
• Crime comissivo/omissivo

Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa.


Competência para julgamento: JECrim (Art. 61-Lei n. 9.099/1995).
Figuras equiparadas: incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou
cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos
alternativos.52
Aumento de pena: a pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.53

Tipo Penal: Art. 33


Conduta típica: provocar (produzir, gerar) o perecimento de espécimes da fauna aquática.
Requisitos:
–– que tais espécimes habitem em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicio-
nais brasileiras;
–– que o perecimento de tais espécimes decorra da emissão de efluentes ou carreamento
de materiais.
52
Art. 32, § 1º
53
Art. 32, § 2º

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Objetividade jurídica: O tipo penal tem como objetivo a proteção do equilíbrio ecológico.
Pena – detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas cumulativamente.

Classificação:
• Crime Material
• Crime Formal
• Crime Comum
• Crime de Ação Única
• Crime de Ação Múltipla ou Conteúdo Variado
• Crime Unissubjetivo
• Crime Plurissubjetivo
• Crime de Dano
• Crime de forma livre
• Crime instantâneo
• Crime unissubsistente
• Crime plurissubsistente
• Crime comissivo
• Crime omissivo

Figuras equiparadas

Incorre nas mesmas penas:

I – quem causa degradação em viveiros, açudes ou estações de aquicultura de domínio público;
II – quem explora campos naturais de invertebrados aquáticos e algas, sem licença, permissão ou
autorização da autoridade competente;54
III – quem fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer natureza sobre bancos de moluscos
ou corais, devidamente demarcados em carta náutica.55

54
Observa-se que tal crime só ocorrerá quando houver a presença do elemento normativo, ou seja: o crime só existirá se a
exploração for realizada “sem licença, permissão ou autorização da autoridade competente”.
55
Art. 33, parágrafo único, da Lei n. 9.605/1998

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Tipo Penal: Art. 34


Conduta típica: Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em pescar em lugares
interditados por órgão competente.
Pena – detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Classificação:
• Delito Comum
• Crime Simples
• Crime Plurissubsistente
• Crime Comissivo
• Crime de Ação Única
• Crime Unissubjetivo
• Crime de Forma Livre

Segundo entendimento do STJ, a conduta prevista no art. 34 da Lei n. 9.605/1998 possui


natureza formal, de perigo abstrato, que prescinde de qualquer resultado danoso para sua
configuração.56

Consumação e tentativa

O crime se consuma com a efetiva retirada, extração, coleta, apanha, apreensão ou captura
dos espécimes da fauna aquática ou dos vegetais hidróbios, no tipo penal previsto no caput.
Aliás, a captura é mero exaurimento da figura típica em questão, que se consuma com a
simples utilização do petrecho não permitido.

Figuras equiparadas

Incorre nas mesmas penas quem:

I  – pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos inferiores aos
permitidos;
56
AgRg no AREsp 1441288 / SC. Relator(a): Ministro JOEL ILAN PACIORNIK. Órgão Julgador: T5 - QUINTA TURMA. Data do
Julgamento: 23/04/2019. Data da Publicação/Fonte: DJe 30/04/2019

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II – pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos,


técnicas e métodos não permitidos;
III – transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimes provenientes da coleta, apanha
e pesca proibidas.

Tipo Penal: Art. 35

A Lei n. 9.605/1998 optou por criar um tipo penal específico quando a pesca é realizada
com objetos ou substâncias que podem causar grandes danos ao meio ambiente.
Neste tipo penal a conduta ilícita não está no ato de pesca em sim, mas, sim, nos mecanis-
mos e instrumentos utilizados para a prática do ato.
Assim se o agente pescar mediante a utilização de explosivos ou substâncias que, em con-
tato com a água, produzam efeito semelhante; ou pescar mediante a utilização de substâncias
tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade competente, sua pena passará para um novo
patamar, qual seja: reclusão de um ano a cinco anos.

Conceito de pesca

A Lei n. 9.605/1998 traz um conceito legal de pesca. Segundo estabelece o Art. 36, consi-
dera-se pesca todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espé-
cimes dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não
de aproveitamento econômico, ressalvadas as espécies ameaçadas de extinção, constantes
nas listas oficiais da fauna e da flora.

Consumação e tentativa: discussão doutrinária

Em razão do conceito legal apresentado, a doutrina classifica o crime de pesca como crime
de atentado57, uma vez que a tentativa é punida da mesma forma que a consumação.
Neste ponto, a doutrina diverge, havendo aqueles que entendem que – diante da tipificação
legal – este crime não admite tentativa e aqueles que entendem que a tentativa é possível, mas,
em razão do tipo penal descrito a tentativa é punida com a mesma pena do crime consumado.
57
Crime de atentado ou de empreendimento é aquele no qual o legislador equipara a forma tentada à forma consumada do
delito

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Com relação à tentativa CAPEZ (2018) entende que está é possível, pois a pesca poderá
não ocorrer por circunstâncias alheias à vontade do agente (por exemplo: art.  35 da Lei n.
9.605/1998 – o sujeito é obstado pela autoridade florestal no momento em que ia acionar o
dispositivo explosivo).

Causas de exclusão de ilicitude

A Lei n. 9.605/1998 trouxe eu seu texto uma serie de crimes contra a fauna, criminalizando
condutas que venham a causar a morte de animais.
Contudo, em determinadas situações o abate de animal não será considerado crime
(HABIB, 2019). Isso ocorrerá quando o abate for realizado:

I – em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família;58


II – para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais, des-
de que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente;
III – vetado.
IV – por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente.

Seção II
Dos Crimes contra a Flora

Considera-se flora o conjunto das espécies vegetais de determinada região.

Tipo Penal: Art. 38

Observações preliminares: observe-se que a agravante do art. 15, II, “d”, da Lei n. 9.605/1998
(“causar danos à propriedade alheia”) não pode incidir nesta hipótese, uma vez que o citado
artigo é expresso no sentido de que tal agravante somente será aplicável quando não constituir
o crime, sendo certo que o delito descrito no Art. 38 do mesmo diploma legal se refere, exata-
mente, à conduta de causar danos (“Destruir ou danificar floresta considerada de preservação
permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção”).
Condutas típicas: DESTRUIR (fazer desaparecer, aniquilar, desfazer) e DANIFICAR
(deteriorar, produzir dano, inutilizar) ou utilizá-la com infringência das normas de proteção.
58
Caça famélica

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Elemento normativo do tipo: observe-se que a última conduta típica mencionada (utilizá-la
com infringência das normas de proteção) precisa de uma terceira norma que regule a prote-
ção de tais florestas. Tem-se, no caso, uma norma penal em branco.
Objeto material: floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em
formação.
Sobre o tema, o Superior Tribunal de Justiça, ao analisar referido tipo penal, assentou que
“o elemento normativo ‘floresta’, constante do tipo do Art. 38 da Lei n. 9.605/1998, correspon-
de à “formação arbórea densa, de alto porte, que recobre área de terra mais ou menos extensa.
O elemento central é o fato de ser constituída por árvores de grande porte”.59
Pena – detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Classificação
• Crime Material
• Crime Comum
• Crime Unissubjetivo
• Crime de Dano
• Crime de forma livre
• Crime instantâneo
• Crime plurissubsistente
• Crime comissivo

Modalidade culposa: se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.

Tipo Penal: Art. 38-A

Trata-se de tipo penal incluído pela Lei n. 11.428, de 2006 e especial em relação ao tipo
descrito no art. 38. Isso porque, apesar da conduta típica ser a mesma do referido dispositivo
legal, o objeto material sobre o qual incide a conduta é diferente, sendo restrito a floresta do

59
RHC 63909 / CE Relator(a): Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA (1170) Órgão Julgador: T5 - QUINTA TURMA Data
do Julgamento: 26/03/2019 Data da Publicação/Fonte: DJe 22/04/2019

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Bioma Mata Atlântica. Do mesmo modo, observa-se que o grau de reprovabilidade da conduta
é maior do que o do artigo antecedente.
Condutas típicas: abrange as condutas de destruir ou danificar, ou, ainda, ou utilizá-la com
infringência das normas de proteção.
Objeto material: no tocante ao objeto material do tipo tem-se que a conduta deve recair
sobre vegetação primária ou secundária, em estágio avançado ou médio de regeneração, do
Bioma Mata Atlântica.
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Classificação:
• Crime Material
• Crime Comum
• Crime Unissubjetivo
• Crime de Dano
• Crime de forma livre
• Crime instantâneo
• Crime plurissubsistente
• Crime comissivo

Observe-se que, no tocante à responsabilidade penal do sócio-administrador e da pessoa


jurídica o STJ possui entendimento uníssono no sentido de que estará presente quando de-
monstrada que este concorreu para a realização do crime ordenando a limpeza do terreno
ou, sabendo da prática da conduta típica descrita no artigo 38A da Lei n. 9.605/1998 pelo seu
preposto, deixou de agir quando podia e devia para evitá-la.
Modalidade culposa: se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.60

Tipo Penal: Art. 39

Conduta típica: cortar, ou seja: separar, dividir o tronco da árvore.


Objeto material: árvores localizadas em florestas de preservação permanente.
60
Art. 38-A, parágrafo único, da Lei n. 9.605/1998.

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Sobre o tema, o código florestal (Lei n. 12.651/2012) destaca que as florestas existentes
no território nacional e as demais formas de vegetação nativa são bens de interesse comum a
todos os habitantes do País, exercendo-se os direitos de propriedade com as limitações que o
ordenamento jurídico estabelecer.
Consumação e tentativa: apesar do tipo penal referir-se ao corte de “árvores” (no plural) a
consumação do delito se dá com o corte de UMA árvore.
Tentativa: admissível.
Elemento normativo do tipo: para que o delito venha a existir é necessário que o corte ocor-
ra “sem permissão da autoridade competente”.
Pena – o delito é punido com pena de detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as
penas cumulativamente.

Classificação
• Crime Material
• Crime Comum
• Crime de Ação Única
• Crime unisubjetivo
• Crime de Dano
• Crime de forma livre
• Crime instantâneo
• Crime plurissubsistente
• Crime comissivo

Princípio da insignificância

Sedimentou-se a orientação de que a aplicação do princípio da insignificância pressupõe


a concomitância de quatro vetores, a  saber: a mínima ofensividade da conduta, nenhuma
periculosidade social da ação, o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e a
inexpressividade da lesão jurídica provocada.

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No entendimento do Superior Tribunal de Justiça de somente haverá lesão ambiental irrele-


vante quando, na ponderação entres os desvalores da ação e do resultado, houver ínfimo grau
de lesividade da conduta praticada.61

Tipo Penal: Art. 40


Conduta típica: Causar dano direto ou indireto.
Objeto material do delito: Unidades de Conservação e às áreas de que trata o art. 27 do
Decreto n. 99.274, de 6 de junho de 1990, independentemente de sua localização.
Pena – reclusão, de um a cinco anos.
Conceitos preliminares: Unidade de conservação: Entende-se por Unidades de Conserva-
ção de Proteção Integral as Estações Ecológicas, as Reservas Biológicas, os Parques Nacio-
nais, os Monumentos Naturais e os Refúgios de Vida Silvestre.62
Circunstância agravante: a ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção
no interior das Unidades de Conservação de Proteção Integral será considerada circunstância
agravante para a fixação da pena.63
Modalidade culposa: se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.64 Observe-se
que nos termos estabelecidos pela lei, a redução é obrigatória.

Tipo Penal: Art. 40-A

Unidades de Conservação de Uso Sustentável: Entende-se por Unidades de Conservação


de Uso Sustentável as Áreas de Proteção Ambiental, as Áreas de Relevante Interesse Ecoló-
gico, as Florestas Nacionais, as Reservas Extrativistas, as Reservas de Fauna, as Reservas de
Desenvolvimento Sustentável e as Reservas Particulares do Patrimônio Natural.65
61
REsp 1770667 / RS
Relator(a): Ministro NEFI CORDEIRO (1159)
Órgão Julgador: T6 - SEXTA TURMA
Data do Julgamento: 19/03/2019
Data da Publicação/Fonte: DJe 04/04/201
62
Vide art. 40, § 1º da Lei n. 9.605/1998, com redação dada pela Lei n. 9.985, de 2000.
63
art. 40, § 2º , da Lei n. 9.605/1998.
64
art. 40, § 3º, da Lei n. 9.605/1998.
65
Veja o art. 40-A, § 1º, da Lei n. 9.605/1998, incluído pela Lei n. 9.985, de 2000.

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• Circunstância agravante: a ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de ex-


tinção no interior das Unidades de Conservação de Uso Sustentável será considerada
circunstância agravante para a fixação da pena.66
• Modalidade culposa: se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.67

 Obs.: Observe-se que, conforme expressa disposição legal, a redução é obrigatória.


• Abolitio criminis: em razão do veto presidencial ao caput do art. 40-A os atos lesivos às
unidades de conservação de uso sustentável acabaram ficando sem a adequada prote-
ção jurídica na esfera penal.

Tipo Penal: Art. 41

Conduta típica: provocar incêndio em mata ou floresta.


Observe-se que se trata de crime especial, em relação ao crime de incêndio previsto no
código penal. Isso porque, no presente caso, o incêndio deve ocorrer em mata ou floresta.

Classificação:
• Crime Material
• Crime Comum
• Crime de Ação Única
• Crime Unissubjetivo
• Crime de dano
• Crime de forma livre
• Crime instantâneo
• Crime plurissubsistente
• Crime comissivo

Pena – reclusão, de dois a quatro anos, e multa.

66
Veja o art. 40-A, § 2º, da Lei n. 9.605/1998.
67
Art. 40-A, § 3º, da Lei n. 9.605/1998

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Modalidade culposa: se o crime é culposo, a pena é de detenção de seis meses a um ano,


e multa.68

Tipo Penal: Art. 42

Condutas típicas: fabricar, vender, transportar ou soltar.


Objeto material: balões que possam provocar incêndios.
Bem jurídico tutelado: a flora e a saúde das pessoas, tendo em vista a exigência específica
de que o incêndio se dê em florestas e demais formas de vegetação, ou em áreas urbanas ou
em qualquer tipo de assentamento humano (PRADO, 2005).

Classificação:
• Crime formal
• Crime Comum
• Crime de Ação Múltipla ou Conteúdo Variado
• Crime Unissubjetivo
• Crime de perigo
• Crime de forma livre
• Crime instantâneo
• Crime plurissubsistente
• Crime comissivo

Consumação e tentativa

Observe-se que, apesar do tipo penal mencionar expressamente que o balão deve ter
potencialidade lesiva para provocar incêndio em florestas ou em áreas urbanas ou áreas de
assentamento humano, tal resultado não é requisito para a consumação do delito.
Assim, não se trata de crime material, mas, sim, crime formal, consumando-se com a fa-
bricação, venda, transporte, ou a soltura do balão que possa causar danos aos bens jurídicos
mencionados no tipo penal.

68
Art. 41, parágrafo único, da Lei n. 9.605/1998.

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Tentativa: a tentativa é admissível, lembrando-se, entretanto, que – por se tratar de crime


de conteúdo misto ou variado – a prática de qualquer dos núcleos verbais já faz com que o
crime esteja consumado.

Classificação:
• Crime doloso
• Crime comum
• Crime formal
• Crime de perigo
• Crime unissubjetivo

 Obs.: Por ser um crime de perigo não é necessário que tenha havido um dano efetivo.

Pena – detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Tipo Penal: Art. 44


Conduta típica: Extrair pedra, areia, cal ou qualquer espécie de minerais de determinadas
florestas.
Segundo estabelece o tipo penal o crime ocorre quando a extração de tais materiais ocor-
rer em florestas de domínio público ou consideradas de preservação permanente.
Exige-se, ainda, que tal extração ocorra sem prévia autorização, ou seja: o tipo penal é com-
posto por um elemento normativo.
Pena – detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Classificação:
• Crime Material
• Crime Comum
• Crime de Ação Única
• Crime Unissubjetivo
• Crime de Dano
• Crime de forma livre

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• Crime permanente, persistindo o momento consumativo durante todo o período em que


esteja sendo realizada a extração dos materiais constantes do tipo penal.
• Crime plurissubsistente
• Crime comissivo

Tipo Penal: Art. 45


Conduta típica: Cortar (separar, dividir) ou transformar (alterar, modificar, converter) madei-
ra de lei em carvão para determinados fins, em desacordo com as determinações legais.
Madeira de lei. Trata-se de um conceito meramente legal, bastando que um ato do poder
público a classifique como tal.
Biologicamente falando, entende-se como madeira de lei aquela que, por sua qualidade e
resistência possui uma durabilidade maior do que as demais madeiras.
O tipo penal exige ainda que tal corte ou transformação ocorra para fins industriais, energé-
ticos ou para qualquer outra exploração. Observe que NÃO há a necessidade de que tal explo-
ração possua fins econômicos.
Pena – reclusão, de um a dois anos, e multa.
Elemento subjetivo: Trata-se de crime doloso, havendo a necessidade de dolo específico,
ou seja: é necessário que o corte ou a transformação de madeira em carvão se dê para fins
industriais, energéticos ou para qualquer outra exploração.

Classificação:
• Crime Material
• Crime Comum
• Crime de Ação Múltipla ou Conteúdo Variado
• Crime unissubjetivo
• Crime de dano
• Crime de forma livre
• Crime instantâneo
• Crime plurissubsistente
• Crime comissivo

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Tipo Penal: Art. 46

Conduta típica: receber ou adquirir. Na conduta de receber temos a obtenção da posse. Já


na modalidade adquirir, tem-se a obtenção da propriedade.
Elemento subjetivo: dolo, sendo certo que o tipo penal exige, ainda, uma finalidade especí-
fica, consistente em fins comerciais ou industriais.
Objeto material: o tipo penal refere-se ao recebimento ou aquisição de madeira, lenha, car-
vão e outros produtos de origem vegetal.
Elemento normativo do tipo: exige-se que o recebimento ou aquisição seja feito sem que
se exija a exibição de licença do vendedor, outorgada pela autoridade competente, e sem mu-
nir-se da via que deverá acompanhar o produto até final beneficiamento.

Classificação
• Crime doloso
• Crime comum
• Crime material
• Crime de dano
• Crime não transeunte
• Crime unissubjetivo
• Crime plurissubsistente
• Crime de ação múltipla
• Crime instantâneo, mas de efeitos permanentes.

Pena – detenção, de seis meses a um ano, e multa.


Figuras equiparadas: Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, tem em de-
pósito, transporta ou guarda madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem
licença válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada pela autoridade
competente.69

69
Parágrafo único

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Momento consumativo: se dá com o recebimento ou aquisição (para fins comerciais ou


industriais), bem como com a venda, exposição à venda, depósito, transporte ou guarda de
matéria de origem vegetal sem prévia autorização da autoridade competente.
Competência: Justiça estadual.
Registre-se que eventual interesse do Ibama, na hipótese de transporte de madeira sem
autorização daquela autarquia será indireto e não específico.70
Observe-se, entretanto, que, se o transporte for feito com licença falsa supostamente expe-
dida pelo Ibama, a competência passará a ser da justiça federal.

Tipo Penal: Art. 48

Conduta típica: Impedir ou dificultar a regeneração natural de determinados bens jurídicos.


Impedir: significa embaraçar, interromper, tornar impraticável; dificultar: significa tornar di-
fícil ou custoso, inserir dificuldade.
Objeto material (bens jurídicos tutelados): florestas e demais formas de vegetação.
Pena – detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Classificação:
• Crime Material
• Crime Comum
• Crime de Ação Única
• Crime Unissubjetivo
• Crime de Dano
• Crime de forma livre
• Crime permanente
• Crime plurissubsistente
• Crime comissivo
• Crime punido somente na modalidade dolosa

70
Neste sentido, RE 300.244, HC 81916

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Crime permanente e prescrição

Tratando-se de crime permanente a prática do delito se protrai no tempo e provoca a vio-


lação contínua e duradoura do bem jurídico tutelado, com a renovação a cada momento da
consumação, de forma que a contagem do prazo prescricional só tem início com a cessação
da permanência.71

Crime permanente e flagrante

Segundo estabelece a lei processual penal, as autoridades policiais e seus agentes têm o
dever de prender todo aquele que seja encontrado em flagrante delito.72
A situação de flagrante abrange o momento de cometimento da infração penal e outras
situações estabelecidas em lei.73
Desse modo (e com base nos mesmos fundamentos apresentados no item anterior, no
sentido do momento consumativo do delito protrair-se no tempo) tem-se que o crime perma-
nente admite prisão em flagrante enquanto não cessar a sua realização.

Conflito aparentemente de normas

No caso de agente que promove a construção em solo não edificável, acabando por impe-
dir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas de vegetação tem-se que o
delito do artigo 48 da Lei n. 9.605/1998 resta absorvido pelo do artigo 64 da mesma legislação.
Nessa situação o delito de impedir a regeneração natural da flora constitui-se como pós-fato
impunível, com base no princípio da consunção.74

71
AgRg no AREsp 312502 / DF Relator(a) Ministro FELIX FISCHER (1109) Órgão Julgador T5 - QUINTA TURMA Data do Julga-
mento 13/06/2017
72
Art. 301 do código de processo penal.
73
Segundo estabelece o art.  302 do CPP, considera-se em flagrante delito quem: I  –  está cometendo a infração penal; II
– acaba de cometê-la; III – é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que
faça presumir ser autor da infração; IV – é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam
presumir ser ele autor da infração.
74
AgRg no REsp 1750117/PB. Relator(a) Ministro JORGE MUSSI. Órgão Julgador: QUINTA TURMA. Data do Julgamento
02/04/2019 Data da Publicação/Fonte DJe 08/04/2019.

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Assim, aquele que constrói uma edificação, claramente não poderá permitir que dentro
daquela venha a nascer uma floresta. Assim, a conduta de impedir ou dificultara regeneração
de florestas e demais formas de vegetação constitui-se como mero exaurimento do crime de
construção indevida, pelo aproveitamento natural da coisa construída.75

Tipo Penal: Art. 49


Conduta típica: Destruir76, danificar77, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio deter-
minadas espécies da flora, que constituem o objeto material deste delito.
Objeto material: plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade
privada alheia78.

Classificação:
• Crime Material
• Crime Comum
• Crime Unissubjetivo
• Crime de Dano
• Crime de forma livre
• Crime instantâneo
• Crime plurissubsistente
• Crime comissivo

Consumação e tentativa: tratando-se de crime material e de dano a consumação ocorre


no momento em que há a efetiva destruição, lesão ou danos aos bens descritos no tipo penal.
A tentativa é admissível.
Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Modalidade culposa: o parágrafo único da referida lei previu a possibilidade de punição da
modalidade culposa. Nessa hipótese a pena será de detenção de um a seis meses, ou multa.
75
REsp 1639723/PR, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 07/02/2017, DJe 16/02/2017.
76
Destruir: fazer desaparecer, arruinar, devastar.
77
Prejudicar: prejudicar, causar danos
78
A expressão propriedade “alheia” constitui-se como elemento normativo do tipo, impedindo que o proprietário da planta
seja sujeito ativo deste delito.

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Tipo Penal: Art. 50

Conduta típica: destruir ou danificar determinados bens jurídicos específicos, que se cons-
tituem como objeto material do presente delito.
Objeto material do delito: o tipo penal se assemelha aos previstos nos artigos 38 e 49
da Lei n. 9.605/1998, diferenciando-se, entretanto, em razão do bem jurídico tutelado. Assim,
nos crimes descritos no art. 50 a conduta típica incide sobre florestas nativas ou plantadas ou
vegetação fixadora de dunas, protetora de mangues, que são objeto de especial preservação.
Florestas nativas: são aquelas crescidas naturalmente, sem a intervenção do homem.
Florestas plantadas: são aquelas cultivadas com a intervenção do homem, ou seja: oriun-
das de reflorestamento.
Vegetação fixadora de dunas ou protetoras de mangues: aqui, tem-se a proteção jurídica
de determinadas espécimes da flora que se constituem como áreas de Preservação Perma-
nente. Assim, neste artigo, protege-se qualquer tipo de vegetação que fixadora de dunas ou
protetoras de mangues.

Classificação:
• Crime Material
• Crime de Ação Única
• Crime Unissubjetivo
• Crime de Dano
• Crime de forma livre
• Crime instantâneo
• Crime plurissubsistente
• Crime comissivo

Consumação e tentativa: Tratando-se de crime material o crime se consuma com a efetiva


lesão do bem jurídico tutelado; tratando-se de crime plurissubsistente a tentativa é admissível.
Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa.

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Tipo Penal: Art. 50-A

Conduta típica: desmatar, explorar economicamente ou degradar determinados bens da fauna.


Objeto jurídico tutelado: florestas (plantadas ou nativas) em terras de domínio público ou
devolutas.
Terras devolutas: são aquelas que nunca entraram legitimamente no domínio particular,
isto é, nunca foram objeto de ocupação. Essas terras pertencem à União.
Elemento normativo do tipo: Exige-se que tal conduta seja praticada sem autorização do
órgão competente.
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa.
Causa excludente de ilicitude: o tipo penal traz uma excludente de ilicitude que, configura,
em última análise, uma situação de estado de necessidade consistente na prática do tipo penal
a fim de permitir a subsistência imediata do agente ou de sua família.79
Aumento de pena: com o objetivo de coibir desmatamentos em grandes áreas criou-se
uma regra específica de aumento de pena. Assim, se a área explorada for superior a 1.000 ha
(mil hectares), a pena será aumentada de 1 (um) ano por milhar de hectare.80

Tipo Penal: Art. 51

Condutas típicas: comercializar81 ou utilizar82 motosserra em florestas e nas demais formas


de vegetação, sem licença ou registro da autoridade competente.
Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa.
Elemento subjetivo: É o dolo, consistente na vontade livre e consciente de comercializar ou
utilizar a motosserra sem possuir licença ou registro necessários.
O crime não é punido na modalidade culposa, de tal modo que se o agente, por imprudên-
cia, negligência ou imperícia não percebe que está comercializando ou utilizando o produto
sem as exigências legais necessárias haverá a atipicidade da conduta.

79
§ 1º da Lei n. 9.605/1998.
80
Art. 50, § 2º, da Lei n. 9.605/1998.
81
Comercializar: alugar, negociar, vender.
82
Utilizar: significa usar, fazer uso ou valer-se de algo.

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Elemento normativo do tipo: observe, finalmente, que a tipicidade da conduta depende da


inexistência de licença ou registro da autoridade competente, os quais se constituem como
elementos normativos do tipo.

Classificação:
• Crime formal
• Crime de Ação Única
• Crime Unissubjetivo
• Crime de perigo abstrato
• Crime de forma livre
• Crime instantâneo
• Crime plurissubsistente
• Crime comissivo

Tipo Penal: Art. 52

Conduta típica: penetrar dentro da área de uma unidade de Conservação conduzindo (isto
é, levando, carregando, portando ou transportando) determinados objetos que podem causar
danos à fauna ou à flora local
Assim, para a existência do delito é necessário que seja encontrado com o autor substân-
cia ou instrumento próprio para caça (criando um risco para a fauna daquela unidade de con-
servação) ou para exploração de produtos ou subprodutos florestais (criando risco para a flora
daquela unidade de conservação).
Elemento normativo do tipo: para a ocorrência do delito exige-se, ainda, que o autor não possua
licença da autoridade competente para penetrar na unidade de conservação com tais objetos.

Classificação:
• Crime doloso
• Crime comum
• Crime formal, uma vez que, apesar de a conduta criminosa poder, em tese, causar dano
para a unidade de conservação, tal resultado não é elemento do delito.

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• Crime de ação única
• Crime unissubjetivo
• Crime de perigo
• Crime de forma livre
• Crime instantâneo
• Crime plurissubsistente
• Crime comissivo

Pena – Detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Conflito aparente de normas: porte de arma de fogo x Art. 52

A jurisprudência entende que esse crime é especial em relação ao crime de porte de arma
de fogo e, portanto, deverá ser aplicado nesses casos.

Aumento de pena nos crimes contra a flora

Segundo estabelece o art. 53 da Lei n. 9.605/1998, a pena a ser aplicada será aumentada
de um sexto a um terço em determinadas hipóteses.
Assim, sedo fato resultar a diminuição de águas naturais, a erosão do solo ou a modifica-
ção do regime climático haverá o aumento de pena acima mencionado.
Do mesmo modo, se crime é cometido:
• no período de queda das sementes;
• no período de formação de vegetações;
• contra espécies raras ou ameaçadas de extinção, ainda que a ameaça ocorra so-
mente no local da infração;
• em época de seca ou inundação; ou
• durante a noite, em domingo ou feriado também haverá a incidência do aumento de pena.

Seção III
Da Poluição e outros Crimes Ambientais

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A lei de Política Nacional do Meio Ambiente (Lei n. 6.938/1981) em seu artigo 3º, III, con-
ceitua poluição como a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta
ou indiretamente:
• prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
• criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
• afetem desfavoravelmente a biota;
• afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
• lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.

Tipo Penal: Art. 54

Pelo conceito apresentado, observa-se que inúmeras são as condutas capazes de causar
poluição. Do mesmo modo, é possível que uma conduta gere poluição em níveis maiores ou
menores.
Pensando assim, o legislador optou por punir a conduta daquele que vier a causar polui-
ção de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde
humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora.

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• Crime Unissubjetivo
• Crime Plurissubjetivo
• Crime de Dano ou crime de perigo (*)
• Crime de forma livre
• Crime instantâneo ou crime permanente(**)
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Observações relevantes

Observe que o tipo penal prevê tanto a existência de um crime de perigo (contido na ex-
pressão “resultem ou possam resultar em danos à saúde humana) quanto crime de dano (na
hipótese em que há a “mortandade de animais ou a destruição significativa da flora”).
Assim, de acordo com o entendimento do STJ, a  Lei de Crimes Ambientais deve ser in-
terpretada à luz dos princípios do desenvolvimento sustentável e da prevenção, indicando o
acerto da análise que a doutrina e a jurisprudência têm conferido à parte inicial do Art. 54 da
Lei n. 9.605/1998, de que a mera possibilidade de causar dano à saúde humana é idônea a
configurar o crime de poluição, evidenciada sua natureza formal ou, ainda, de perigo abstrato.83
Logo, o delito previsto na primeira parte do artigo 54 da Lei n. 9.605/1998 possui nature-
za formal, sendo suficiente a potencialidade de dano à saúde humana para configuração da
conduta delitiva, não se exigindo, portanto, a realização de perícia.84 Aliás, segundo entendeu
o STJ, havendo nos autos laudo pericial atestando que a conduta praticada era suficiente para
causar ou potencialmente poderia determinar prejuízo à saúde das pessoas, afigura-se presen-
te a justa causa para a ação penal.85
No tocante à duração do momento consumativo tem-se que este dependerá da forma
como o agente causou a poluição, podendo haver tanto a hipótese de crime instantâneo, como
crime permanente.

Momento consumativo e tentativa

O crime consuma-se com a efetiva poluição que provoque dano à saúde pública, mortan-
dade de animais ou destruição significativa86 da flora.
A tentativa é admissível.
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.

83
Neste sentido, veja: RHC 62.119/SP, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, Quinta Turma, DJe 5/2/2016
84
EREsp 1417279/SC, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, Terceira Seção, DJe 20/04/2018
85
RMS 50393 / PA Relator(a) Ministro FELIX FISCHER (1109) Órgão Julgador T5 - QUINTA TURMA Data do Julgamento
12/09/2017 Data da Publicação/Fonte DJe 20/09/2017
86
Observe-se que, em razão da redação dada ao dispositivo, a poluição causada deve ter um grau elevado, ou seja: deve ter o
potencial de causar danos para a saúde humana, ou provocar a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora.

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Modalidade culposa: o legislador optou por criminalizar a conduta daquele que, culposa-
mente, causa poluição, nos termos descritos no art. 54, caput.
Nesta hipótese, será aplicada pena de detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Forma qualificada: em situações específicas, a pena passará para um novo patamar, qual
seja: reclusão, de um a cinco anos. Tal pena será aplicada nas seguintes hipóteses:

I – Se o crime tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana;
II – Se o crime causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos
habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população;
III – Se o crime causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público
de água de uma comunidade;
IV – Se o crime dificultar ou impedir o uso público das praias;
V – Se o crime ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos
ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos.

Posicionamento do STJ

Segundo entendimento do STJ, a emissão de som, quando em desacordo com os padrões


estabelecidos, provocará a degradação da qualidade ambiental, adequando-se à descrição típica
constante no art. 54, caput e § 2º, I, da Lei n. 9.605/1998, c/c o art. 3º, III, da Lei n. 6.938/1981,
pois descreve a emissão pela pessoa jurídica de ruídos acima dos padrões legais estabelecidos,
causando prejuízos à saúde humana, consoante preconiza a Resolução do Conama n. 01/1990.
O delito descrito no art. 54, § 2º, V, da Lei n. 9.605/1998 é crime de perigo, não se exigindo
a ocorrência do efetivo dano ao bem jurídico. Assim, não é necessário que a poluição pelo lan-
çamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas
afete a saúde, a fauna ou a flora.
Em resumo, tem-se que, com base nos princípios do desenvolvimento sustentável e da pre-
venção, o STJ firmou posicionamento no sentido de que a mera possibilidade de causar dano
à saúde humana é suficiente para configurar o crime de poluição, dada a sua natureza formal
ou, ainda, de perigo abstrato.87
Contudo, segundo entendeu aquele Tribunal, esse perigo é concreto, cabendo ao órgão
acusatório demonstrar concretamente que esses bens jurídicos foram expostos à perigo.88
87
RHC n. 62.119/SP, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA. Órgão julgador: Quinta Turma, DJe 5/2/2016.
88
Processo REsp 1638060 / RS Relator(a) Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR (1148) Órgão Julgador T6 - SEXTA TURMA Data
do Julgamento 03/05/2018 Data da Publicação/Fonte DJe 11/05/2018

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Figuras equiparadas: poluição por omissão

Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar de adotar, quando
assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano am-
biental grave ou irreversível.89

Observações finais

Enquanto o caput do art. 54 da Lei Ambiental traz crime material (resultado de poluição com
danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significa-
tiva da flora), seu § 3º trata do crime omissivo próprio (deixar de adotar, quando assim o exigir
a autoridade competente) como perigo concreto (risco de dano ambiental grave ou irreversível.

Tipo Penal: Art. 55 (Usurpação Mineral)

De início, registre-se que a Constituição Federal estabelece em seu art. 225, § 2º, que aque-
le que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de
acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
Trata-se de obrigação decorrente de expressa disposição constitucional, no sentido de
que “o Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, levando em
conta a proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos garimpeiros”.90
Frise-se, ainda, a regra expressa no art. 170 da CRFB, segundo o qual a proteção do meio
ambiente constitui-se como um princípio da atividade econômica.
Desse modo, a Lei n. 9.605/1998 permitiu a pesquisa, lavra ou extração de recursos mine-
rais, desde que o mesmo se comprometa a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo
com solução técnica exigida.
Assim, tem-se que tal delito se caracteriza como espécie de delito perpetrado contra o patrimô-
nio público, cujo foco central está no prejuízo resultante da indevida ou irregular extração mineral.
Conduta típica: executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais.

89
Art. 54, § 3º, da Lei n. 9.605/1998.
90
Art. 174, § 3º CRFB.

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Elemento normativo do tipo: encontra-se contido na expressão “sem a competente autori-


zação, permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida”.
Pena – detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Momento consumativo e tentativa: o delito se consuma com a mera extração do material
sem a autorização da autoridade competente.
A tentativa é possível.

Classificação:
• Crime comum

Elemento subjetivo: o crime admite somente a forma dolosa.


Figuras equiparadas: também incidirá nas mesmas penas aquele que deixar de recuperar
a área pesquisada ou explorada, nos termos da autorização, permissão, licença, concessão ou
determinação do órgão competente.91
Trata-se, aqui, de crime omissivo próprio criado com o objetivo de garantir a efetiva prote-
ção do meio ambiente degradado pela atividade mineradora.

Justiça competente/foro competente

Em conflito de competência referente à justiça competente para o julgamento de crime de


usurpação mineral, decidiu-se no sentido de que compete à justiça estadual o julgamento do
crime do art. 55 da Lei n. 9.605/1998, consubstanciado em extração rudimentar de areia em
leito de rio, quando não demonstrada excepcional lesão a interesse da União.92
Observe-se, no entanto, que os recursos minerais são bens da União e somente ela possui
competência para regular a sua exploração, estabelecendo critérios mínimos que impliquem
menos agressão ao meio ambiente. Assim, é de extrema importância que a lavra ocorra em per-
feita consonância com as normas que regulam a matéria, impondo-se interpretar sob tal viés a
previsão contida no art. 2º da Lei n. 8.176/1991, que torna obrigatório ao agente a necessidade
de autorização legal ou a observância das obrigações determinadas pelo título autorizativo.93

91
Vide art. 55, parágrafo único, da Lei n. 9.605/1998,
92
AgRg no CC 151896 / RJ. Relator(a): Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO (1182). Órgão Julgador: S3 - TERCEIRA
SEÇÃO. Data do Julgamento: 12/12/2018
93
RHC 63031 / PA

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Tipo Penal: Art. 56


Conduta típica: produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer,
transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigo-
sa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente.
Objeto material: produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao
meio ambiente
Elemento normativo do tipo: em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou
nos seus regulamentos:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Classificação:
• Crime comum
• Crime de conteúdo múltiplo ou variado
• crime formal
• Crime de perigo abstrato

Elemento normativo: A conduta ilícita prevista no art. 56, caput, da Lei n. 9.605/1998 é nor-
ma penal em branco, cuja complementação depende da edição de outras normas, que definam
o que venha a ser o elemento normativo do tipo94 “produto ou substância tóxica, perigosa ou
nociva à saúde pública ou ao meio ambiente”.
Nos termos do entendimento deste Superior Tribunal de Justiça

a conduta ilícita prevista no art. 56, caput, da Lei n. 9.605/1998 é de perigo abstrato. Não
é exigível, pois, para o aperfeiçoamento do crime, a ocorrência de lesão ou de perigo de
dano concreto na conduta de quem produz, processa, embala, importa, exporta, comer-
cializa, fornece, transporta, armazena, guarda, tem em depósito ou usa produto ou subs-
tância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo
com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos.95
94
No caso específico de transporte de tais produtos ou substâncias, o Regulamento para o Transporte Rodoviário de Produ-
tos Perigosos (Decreto n. 96.044/1988) e a Resolução n. 420/2004 da Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT,
constituem a referida norma integradora, por inequivocamente indicar os produtos e substâncias cujo transporte rodoviário
é considerado perigoso.
95
REsp 1.439.150/RS, Sexta Turma, Rel. Min. Rogério Schietti, DJe 16/10/2017.

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Art. 56 e princípio da insignificância

Conforme já mencionado, predomina no STJ o entendimento de que é possível a aplicação


do princípio da insignificância aos crimes ambientais, devendo-se analisar as circunstâncias
específicas do caso concreto para aferir, com cautela, o grau de reprovabilidade, a relevância
da periculosidade social, bem como a ofensividade da conduta, haja vista a fundamentalidade
do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado às presentes e futuras gerações, con-
soante princípio da equidade intergeracional.
Porém, no caso do art. 56 da Lei n. 9.605/1998 observa-se que este descreve crime am-
biental formal de perigo abstrato, ante a presunção absoluta do legislador de perigo na rea-
lização da conduta típica e a prescindibilidade de resultado naturalístico, e pluridimensional,
pois, além de proteger o meio ambiente em si, tutela diretamente a saúde pública, haja vista a
periclitância de seus objetos, altamente nocivos e prejudiciais, com alta capacidade ofensiva.
Desse modo, não é possível falar-se em ausência de periculosidade social da ação, porquanto
esta lhe é inerente. Em outras palavras, não é possível a aplicação do princípio da insignificân-
cia em relação a este tipo penal.96
Figuras equiparadas: a lei de política nacional de resíduos sólidos (Lei n. 12.305, de 2010)
criou novas figuras típicas que sujeitarão o sujeito ativo às mesmas penas previstas no art. 56,
caput (reclusão, de um a quatro anos, e multa).
Assim, incorre nessas penas quem:

I – Abandona os produtos ou substâncias referidas no caput ou os utiliza em desacordo com as


normas ambientais ou de segurança;
II – Manipula, acondiciona, armazena, coleta, transporta, reutiliza, recicla ou dá destinação final a
resíduos perigosos de forma diversa da estabelecida em lei ou regulamento.

• Aumento de pena: se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa, a pena é au-


mentada de um sexto a um terço.97
• Modalidade culposa: se o crime é culposo o agente incidirá em uma pena de detenção,
de seis meses a um ano, e multa.98

96
Neste sentido, veja: RHC 64039 / RS - DJe 03/06/2016.
97
Art. 56, § 2º, da Lei n. 9.605/1998.
98
Art. 56, § 3º, da Lei n. 9.605/1998.

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Conflito aparente de normas

A Lei n. 7.802/1989 é especial em relação à Lei n. 9.605/1998 no que tange ao transporte


de agrotóxico. Entretanto, aquela não veicula o verbo importar como um dos núcleos do tipo
previsto no art. 15, diferentemente do que ocorre com a Lei dos Crimes Ambientais, em seu
art. 56. Este dispositivo é mais amplo, contendo doze núcleos, dentre eles o de importar e o de
transportar substâncias tóxicas.

Princípio da consunção

O princípio da consunção resolve o conflito aparente de normas penais quando um delito


menos grave é meio necessário ou normal fase de preparação ou execução de outro mais da-
noso. Nessas situações, o agente apenas será responsabilizado pelo último crime. Para tanto,
porém, imprescindível a constatação do nexo de dependência entre as condutas, a fim de que
ocorra a absorção da menos lesiva pela mais nociva ao meio social (HC n. 377.519/RJ, Sexta
Turma, Rel. Min. Antônio Saldanha Palheiro, DJe de 9/2/2017).

Crimes contra a fauna: Figuras preterdolosas

O Art. 58 previu algumas hipóteses para o aumento de pena em relação aos crimes dolosos
previstos nesta Seção.
Assim, as penas serão aumentadas:

I – de um sexto a um terço, se resulta dano irreversível à flora ou ao meio ambiente em geral;
II – de um terço até a metade, se resulta lesão corporal de natureza grave em outrem;
III – até o dobro, se resultar a morte de outrem.

Por fim, é  importante salientar que as penalidades acima mencionadas somente serão
aplicadas se do fato não resultar crime mais grave.

Tipo Penal: Art. 60

Como sabemos, a CRFB atribuiu ao poder público o dever de proteger o meio ambiente.

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Assim, a CRFB condicionou a instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de


significativa degradação do meio ambiente à realização de estudo prévio de impacto ambien-
tal. Tal exigência tem o objetivo de evitar danos ambientais desarrazoados, em descompasso
com o princípio do desenvolvimento sustentável.
Assim, com base nos princípios da precaução e prevenção a realização de estudo de
impacto ambiental é obrigatória nas situações definidas em lei.
• Conduta típica: caso haja a construção, reforma, ampliação, instalação ou início das
atividades de algum empreendimento que possa causar significativa degradação
ambiental sem a observância das normas legais, o autor incorrerá nas penas previstas
neste delito.
• Elemento subjetivo: dolo, consistente na vontade livre e consciente de construir, refor-
mar, ampliar, instalar ou fazer funcionar estabelecimentos, obras ou serviços potencial-
mente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou
contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes.
• Elemento normativo do tipo: é importante salientar que, para a configuração do delito,
tais condutas devem ser realizadas sem licença ou autorização dos órgãos ambientais
competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes.

Resolução Conama n. 237/1997

Com relação aos elementos normativos do tipo penal faz-se necessário a observância da
resolução n. 237, de 19 de dezembro de 1997, do CONAMA.
Tal resolução esclarece que o licenciamento Ambiental é um procedimento administrati-
vo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a
operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas
efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar
degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas téc-
nicas aplicáveis ao caso.99
Tal procedimento administrativo compõe-se de vários atos administrativos, que são as
licenças ambientais respectivas: licença previa, licença de instalação e licença de operação.
99
Vide art. 1º, I da resolução CONAMA n. 237/97

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Dessa forma, tem-se que a Licença Ambiental é o ato administrativo pelo qual o ór-
gão ambiental competente, estabelece as condições, restrições e medidas de controle
ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para
localizar (licença prévia), instalar (licença de instalação), ampliar e operar (licença de
operação) empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais conside-
radas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam
causar degradação ambiental.
A referida resolução ainda esclarece que a localização, construção, instalação, am-
pliação, modificação e operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recur-
sos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras, bem como os empre-
endimentos capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão
de prévio licenciamento do órgão ambiental competente, sem prejuízo de outras licenças
legalmente exigíveis.
Assim, caso tais condutas sejam praticadas sem o aval do ente público responsável pelo
licenciamento ambiental ficarão os autores sujeitos às sanções administrativas e penais100
correspondentes.

Classificação:
• Crime Formal
• Crime de Ação Múltipla ou Conteúdo Variado
• Crime Unissubjetivo
• Crime de perigo
• Crime de forma livre
• Crime instantâneo
• Crime plurissubsistente
• Crime comissivo

Ainda com relação a classificação do delito, tem-se que o crime previsto no art. 60 da Lei
n. 9.605/1998 é de perigo abstrato, uma vez que não se exige prova do dano ambiental, sendo
100
Pena: detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

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certo que a conduta ilícita se configura com a mera inobservância ou descumprimento da nor-
ma, pois o dispositivo em questão pune a conduta do agente que pratica atividades potencial-

mente poluidoras, sem licença ambiental.101

Tipo Penal: Art. 61

Conduta típica: disseminar, ou seja: espalhar algo, alastrar, dissipar, propagar.

Objeto material: exige-se que a disseminação se refira a doença, praga ou espécies que

possam causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora ou aos ecossistemas.

Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Seção IV
Dos Crimes contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural

A política de desenvolvimento urbano encontra-se diretamente relacionada à proteção do


meio ambiente e tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da
cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.
Com relação ao patrimônio cultural brasileiro, registre-se que a Constituição Federal, em
seu art. 216, § 3º, estabeleceu a necessidade do legislador infraconstitucional elaborar o Plano
Nacional de Cultura, o qual terá como objetivo o desenvolvimento cultural do País e a integra-
ção das ações do poder público que conduzam à, por exemplo, defesa e valorização do patri-
mônio cultural brasileiro;
Do mesmo modo, o art. 216 incluiu os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisa-
gístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico como parte do patrimônio
cultural brasileiro.
Do mesmo modo, atribuiu ao Poder Público, com a colaboração da comunidade, o dever
de promover e proteger o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vi-
gilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.

101
RHC 89461/AM. Relator(a): Ministro FELIX FISCHER. Órgão Julgador: QUINTA TURMA. Data do Julgamento: 17/05/2018.
Data da Publicação/Fonte: DJe 25/05/2018.

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Por fim, a CRFB (art. 216, § 4º ) explicitou que os danos e ameaças ao patrimônio cultural
serão punidos, na forma da lei, sendo certo que, na esfera penal e administrativa, tal punição
será feita com base na Lei n. 9.605/1998.

Tipo Penal: Art. 62


Condutas típicas: Destruir (arruimar, demolir, assolar) inutilizar (tornar inútil, imprestável)
ou deteriorar (estragar, corromper, desfigurar, reduzir a utilização de) determinados objetos.
Objetos materiais: bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judi-
cial; e arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou similar protegido
por lei, ato administrativo ou decisão judicial.
Pena – reclusão, de um a três anos, e multa.
Modalidade culposa: Se o crime for culposo, a pena é de seis meses a um ano de detenção,
sem prejuízo da multa.102

Classificação:
• Crime material
• Crime Unissubjetivo
• Crime de dano
• Crime de forma livre
• Crime instantâneo
• Crime plurissubsistente
• Crime comissivo

Tipo Penal: Art. 63


Conduta típica: Alterar o aspecto ou estrutura de determinados bens.
Segundo ensina FREITAS (2006) alteração consiste na modificação ou desfiguração da
aparência, do aspecto ou da estrutura, consistente na sua composição, de edifício ou lo-
cal protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial, sem autorização da autoridade
competente ou em desacordo com a concedida.
102
Art. 62, parágrafo único, da Lei n. 9.605/1998.

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Objeto material: a alteração deve incidir sobre o aspecto ou estrutura de edificação ou


local especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial.
Tratando-se de crime contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural, tem-se que a
proteção da edificação ou do local deve ter sido realizada em razão de seu valor paisagístico, eco-
lógico, turístico, artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental.

Classificação:
• Crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa.103
• Crime formal
• Crime unissubjetivo
• Crime de Ação Única
• Crime de dano
• Crime de forma livre
• Crime instantâneo
• Crime plurissubsistente
• Crime comissivo

Elemento normativo do tipo: exige-se que a alteração seja realizada sem autorização da
autoridade competente ou em desacordo com a concedida.
Pena – reclusão, de um a três anos, e multa.

Tipo Penal: Art. 64


Conduta típica: Promover construção em solo não edificável, ou no seu entorno.
Exige-se, ainda, que tal proibição se dê em razão do valor paisagístico, ecológico, artístico,
turístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental inerente a tal
local ou seu entorno.

Classificação:
• Crime formal
• Crime Unissubjetivo
103
Registre-se que o proprietário da edificação ou local especialmente protegido também pode ser sujeito ativo deste crime.

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• Crime de Ação Única
• Crime de dano
• Crime de forma livre
• Crime instantâneo
• Crime plurissubsistente
• Crime comissivo

Elemento normativo do tipo: para que ocorra o crime é essencial que tal construção seja
realizada sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com autorização
eventualmente concedida.

Consumação e tentativa

Em razão do tipo penal apresentado (promover construção) tem-se que o crime se consuma
com o simples início da edificação.
Tentativa: é admissível.
Pena – detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Conflito aparente de normas


Art. 60 x Art. 64

Observe-se que, apesar de possuírem redação semelhante, os delitos previstos nos artigos
60 e 64 da Lei n. 9.605/1998 não se confundem
No primeiro caso, tem-se crime contra a poluição e outros delitos; no segundo, crime con-
tra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural.
Ademais, a razão da repressão penal no primeiro caso deriva do perigo decorrente da ins-
talação, construção ou funcionamento de um empreendimento que possa causar significativo
impacto ambiental; já no art. 64 a razão da tutela penal deriva do valor paisagístico, ecológico,
artístico, turístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental e que
justifica a impossibilidade de construção naquele local.
Por fim, tem-se que a construção naquela área é admissível, desde que obedecidas as exi-
gências legais; já no delito previsto no art. 64 tem-se área non edificandi.

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Art. 48 x Art. 64

É possível que haja alguma dúvida quando a construção em solo não edificável destrói área
de preservação permanente e impede a regeneração da fauna naquele local.
Nesses casos é necessário perquirir-se acerca do dolo do agente. Deste modo, se a inten-
ção do agente era construir edificação em solo não edificável, tem-se que o crime de destruir
área de preservação permanente (Art. 48) constitui-se como meio necessário para a realização
do crime-fim.
Logo, a destruição da área de preservação permanente constitui-se como crime-meio, fi-
cando, portanto, absorvido pelo crime-fim, que é o de edificação proibida. Aplica-se, no caso,
o princípio da consunção. Pela mesma razão, o impedimento da regeneração da fauna em ra-
zão da construção realizada em local não edificável constitui-se como post factum impunível.104

Tipo Penal: Art. 65


Conduta típica: pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano.
Conspurcar significa manchar, sujar, macular, danificar. Pode ser realizada de várias for-
mas, inclusive por meio de pichação. Esta, por sua vez, refere-se ao ato de escrever ou rabiscar
sobre muros, fachadas de edificações ou monumentos, usando tinta em spray aerossol, ou
produto similar.
Objeto jurídico tutelado: o meio ambiente artificial (na hipótese do caput) e o meio ambien-
te cultural (na hipótese do parágrafo primeiro).
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Forma qualificada: Se a edificação ou monumento urbano constituir-se em coisa tombada
em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena passará para um novo pa-
tamar, qual seja: de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de detenção e multa.

Classificação:
• Crime material
• Crime Unissubjetivo
104
REsp 1376670 / SC Relator(a) Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ. Relator(a) p/ Acórdão: Ministro NEFI CORDEIRO. Órgão
Julgador: SEXTA TURMA. Data do Julgamento: 16/02/2017 Data da Publicação/Fonte DJe 11/05/2017.

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DIREITO AMBIENTAL
Lei n. 9.605/1998 – Lei dos Crimes Ambientais
Nilton Coutinho

• Crime de Ação Única
• Crime de dano
• Crime de forma livre
• Crime instantâneo
• Crime plurissubsistente
• Crime comissivo

Sujeito passivo: tratando-se de crime contra o patrimônio cultural e o ordenamento urbano,


temos como sujeito passivo imediato a coletividade; e, como sujeito passivo secundário o Es-
tado e o proprietário da edificação.
Grafite: o grafite constitui-se como forma de expressão artística, não se confundindo com
a pichação, que é um ato de vandalismo. Pensando nisso, o legislador entendeu que não cons-
titui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou
privado mediante manifestação artística.
Requisitos para a atipicidade da conduta: observe, entretanto, que, para que a conduta seja
atípica é necessário que:
• no caso de bem privado, exige-se que a realização do grafite seja consentida pelo pro-
prietário e, quando couber, pelo locatário ou arrendatário do bem privado;
• no caso de bem público, é necessário que haja autorização do órgão competente e a ob-
servância das posturas municipais e das normas editadas pelos órgãos governamentais
responsáveis pela preservação e conservação do patrimônio histórico e artístico
nacional.105
Seção V
Dos Crimes contra a Administração Ambiental

Para que o poder público possa atuar de forma eficaz na proteção ambiental é fundamental
que os agentes públicos atuantes na área ambiental desempenhem suas atribuições de forma
honesta, proba e eficiente, obedecendo as leis e normas ambientais.
Assim, não obstante a existência das figuras típicas descritas no código penal no capítulo
atinente aos crimes contra a Administração, a Lei n. 9.605/1998 inseriu em seu texto algumas

105
Art. 65, § 2º, da Lei n. 9.605/1998.

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DIREITO AMBIENTAL
Lei n. 9.605/1998 – Lei dos Crimes Ambientais
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condutas típicas específicas para a administração ambiental, prevendo a punição de servi-


dores públicos com atuação na área ambiental que prestem informações falsas, bem como
particulares que, com sua conduta, possam vir a prejudicar a atuação dos agentes públicos na
fiscalização ambiental.
Passemos a elas:

Tipo Penal: Art. 66

Conduta típica: fazer o funcionário público afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade,
sonegar informações ou dados técnico-científicos em procedimentos de autorização ou de
licenciamento ambiental.
Pena – reclusão, de um a três anos, e multa.
Trata-se, como se vê de crime especial em relação ao crime de falso testemunha ou falsa
perícia,106 previsto no código penal.
Classificação: é um crime próprio, pois só pode ser praticado por funcionário público.
Conceito de funcionário público: segundo estabelece o art.  327 do código penal, consi-
dera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.

Funcionário público por equiparação

O código penal também estabeleceu que aquele que exerce cargo, emprego ou função em
entidade paraestatal, e aquele que trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou
conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública será equiparado a
funcionário público e, portanto, poderá ser autor de delitos privativos de funcionários públicos
(BITENCOURT, 2015).
É um crime formal, consumando-se no momento em que o funcionário faz a afirmação fal-
sa, omite a verdade ou sonega a informação, não sendo necessário o resultado naturalístico.

106
Art. 342 do código penal: Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou
intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral.

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A doutrina o conceitua como crime de mão própria (também chamado de crime de ação
pessoal ou de conduta infungível). Isso porque, dado o caráter personalíssimo da conduta, não
admite coautoria. Contudo, admitem participação.107
É, também, classificado como crime instantâneo, consumando-se no momento em que o
funcionário público faz afirmação falsa ou enganosa, omite a verdade, sonega informações ou
dados técnico-científicos em procedimentos de autorização ou de licenciamento ambiental.
O tipo penal admite que o crime seja cometido por meio de conduta positiva ou negativa
(crime comissivo ou omissivo). Assim, o funcionário público que FAZ afirmação falsa ou en-
ganosa pratica o delito de forma comissiva. Já o funcionário público que omite a verdade ou
sonega informações responde pelo crime na modalidade omissiva.
Por fim, registre-se que se trata de um tipo especial, eis que a conduta deve ocorrer em proce-
dimentos de autorização ou de licenciamento ambiental (FERREIRA e PORTOCARRERO, 2019).

Tipo Penal: Art. 67

Sujeito ativo: trata-se de crime próprio, sendo praticado por funcionário público, nos ter-
mos do Art.  327 do código penal ou por pessoa a ele equiparado nos termos do parágrafo
único do mesmo artigo.
Conduta típica: conceder licença, autorização ou permissão em desacordo com as normas
ambientais.
Requisito específico: além do ato ter sido praticado em desacordo com as norms ambien-
tais é essencial que a referida licença, autorização ou permissão seja concedia em relação a
atividades, obras ou serviços que dependam de ato autorizativo do Poder Público.
Pena – detenção, de um a três anos, e multa.
Bem jurídico tutelado: Administração Pública Ambiental
Modalidade culposa: Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano de detenção,
sem prejuízo da multa.108

107
Considera-se partícipe aquele que, sem praticar atos de execução, induz, instiga ou presta auxílio material à execução de
crime cometido por outrem.
108
Parágrafo único, da Lei n. 9.605/1998.

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Classificação:

Trata-se de:
• Crime próprio
• Crime formal, não sendo exigida a ocorrência de resultado finalístico.109

Aliás, segundo jurisprudência dominante no STJ trata-se de crime formal de perigo abstra-
to, consumando-se com a simples emissão do ato administrativo, independente do mesmo vir
(ou não) a ser executado ou da sua concessão causar danos ambientais.110
• Crime Unissubjetivo
• Crime de Ação Única
• Crime de dano
• Crime de forma livre
• Crime instantâneo
• Crime plurissubsistente
• Crime comissivo

Tipo Penal: Art. 68

Conduta típica: Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir
obrigação de relevante interesse ambiental:
Pena – detenção, de um a três anos, e multa.

Classificação:
• Crime formal
• Crime Unissubjetivo
• Crime de Ação Única
• Crime de perigo abstrato
109
AgRg no REsp 1675032 / RJ Relator(a) Ministro JORGE MUSSI (1138) Órgão Julgador T5 - QUINTA TURMA Data do Julga-
mento 25/09/2018 Data da Publicação/Fonte DJe 03/10/2018
110
AgRg no REsp 1730114 / SC Relator(a) Ministro RIBEIRO DANTAS (1181) Órgão Julgador T5 - QUINTA TURMA Data do Jul-
gamento 04/09/2018 Data da Publicação/Fonte DJe 14/09/2018

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• Crime de forma livre
• Crime instantâneo
• Crime plurissubsistente

Trata-se de crime próprio, mas não restrito apenas a funcionários públicos, podendo ser
praticado por aquele que, embora não sendo funcionário público, tenha o dever legal ou contra-
tual de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental.
Trata-se de crime omissivo impróprio, no qual o apontado agente, contrariando o dever le-
gal ou contratual de fazê-lo, deixa de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental para
evitar resultado danoso ao meio ambiente.111
Aliás, consoante assevera BARROS (2006) nos crimes omissivos impróprios (impuros, es-
púrios ou comissivos por omissão) o núcleo do tipo é uma ação, mas a tipicidade compreende
também a conduta daquele que não evitou o resultado, por atuação ativa. Assim, a tipicidade
em tais delitos deriva da violação do dever jurídico de impedir o resultado.
Em outras palavras: o Crime omissivo impróprio? é aquele em que uma omissão inicial do
agente dá causa a um resultado posterior, o qual o agente tinha o dever jurídico de evitá-lo
Modalidade culposa: Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano, sem prejuízo
da multa.
Tipo Penal: Art. 69
Conduta típica: Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de ques-
tões ambientais.
Obstar significa impedir a ação fiscalizadora. Já na conduta de dificultar, a ação fiscaliza-
dora é, apenas, retardada ou atrasada em razao da conduta do autor.
Pena – detenção, de um a três anos, e multa.

Classificação:
• crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa.
• crime formal, consumando-se com o mero ato de obstar ou dificultar a fiscalização.
• Crime Unissubjetivo
111
Tais delitos também são chamados comissivos por omissão, em razão do fato de o agente ter o dever de evitar
o resultado naturalístico.

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• Crime de forma livre
• Crime instantâneo
• Crime plurissubsistente

Tipo Penal: Art. 69-A

Trata-se de tipo penal incluído por força da Lei n. 11.284, de 2006 (a qual dispõe sobre a
gestão de florestas públicas para a produção sustentável e dá outras providências).
Conduta típica: Elaborar ou apresentar estudo, laudo ou relatório ambiental total ou parcial-
mente falso ou enganoso, inclusive por omissão.
Observe-se que tais condutas devem ser praticadas no âmbito de um procedimento admi-
nistrativo de licenciamento, concessão florestal ou qualquer outro desta natureza.
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.

Classificação:
• Crime próprio
• Crime de mão própria
• Crime formal
• Crime Unissubjetivo
• Crime de Ação Única
• Crime de forma livre
• Crime instantâneo
• Crime plurissubsistente
• Crime comissivo ou omissivo, a depender da conduta praticada.

Modalidade culposa: visando garantir que os procedimentos administrativos realizados


pelos agentes públicos serão realizados com a atenção, eficiência, seriedade e diligência que
se espera de um servidor público, achou-se por bem em tipificar a conduta praticada de forma
culposa.
Assim, se o agente público, por imprudência, negligência ou imperícia apresenta um estu-
do, laudo ou relatório falso será punido, também, na esfera penal.

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Pena – Se o crime é culposo o agente incidirá em uma pena de detenção, de 1 (um) a 3


(três) anos.
Aumento de pena: A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se há dano
significativo ao meio ambiente, em decorrência do uso da informação falsa, incompleta ou
enganosa.112

Crimes contra Administração e Princípio da Insignificância


O Superior Tribunal de Justiça entende ser possível a aplicação do princípio da insignifi-
cância a determinados casos de crimes praticados contra o meio ambiente. Contudo, o art. 68
da Lei n. 9.605/1998 encontra-se dentro da Seção V do citado diploma legal, sendo, portanto,
classificado como crime contra a administração ambiental, o  que torna inaplicável o citado
brocardo por ter como finalidade resguardar, também, a moral administrativa.113

CAPÍTULO VI
DA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA

Como se sabe, tanto as sanções penais quanto as administrativas são espécies de mani-
festações do poder punitivo estatal.
Ao longo dos anos, procurou-se formular critérios diferenciadores de tais sanções. Assim,
para alguns, haveria a diferença qualitativa entre tais sanções. Isto quer dizer que as sanções
penais se destinariam à punição de condutas que atingissem interesses de todo o corpo social,
ao passo que as sanções administrativas estariam direcionadas aos atos que ofendessem os
interesses da própria Administração Pública. Em outras palavras: enquanto os ilícitos penais
causariam danos a bens jurídicos dos membros da sociedade, os ilícitos administrativos se
traduziriam no descumprimento de um dever de obediência perante a Administração Pública.
Já para uma segunda corrente, haveria apenas uma diferença quantitativa em relação às
sanções aplicadas, o que significa dizer que os interesses tutelados seriam os mesmos, “resi-
dindo a diferença unicamente na gravidade da conduta reputada como ilícita114”.
112
Art. 69-A, § 2º, da Lei n. 9.605/1998.
113
AgRg no AREsp 962776 / RS Relator(a) Ministro NEFI CORDEIRO (1159) Órgão Julgador T6 - SEXTA TURMA Data do Julga-
mento 17/10/2017 Data da Publicação/Fonte DJe 23/10/2017.
114
MELLO, Rafael Munhoz de. Princípios constitucionais de direito administrativo sancionador: as sanções administrativas à
luz da Constituição Federal de 1988, p. 72-73

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Lei n. 9.605/1998 – Lei dos Crimes Ambientais
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Todavia, prevalece o entendimento segundo o qual a diferenciação entre ilícito penal e ad-

ministrativo dependerá, apenas, da vontade política do legislador. Isso porque cabe a ele (Poder

Legislativo) definir as condutas tipificadas, atribuindo as respectivas sanções. Deste modo, tor-

na-se possível dizer que haverá um ilícito administrativo quando a lei impuser uma sanção ad-

ministrativa e, do mesmo modo, haverá um ilícito penal quando a lei imputar uma sanção penal.

É essa, aliás, a opinião de FREITAS (2005, p. 201) o qual nos esclarece que uma conduta

poderá (ou não) ser classificada como um ilícito penal a depender “exclusivamente do critério

político de escolha do legislador”.

Deste modo, tem-se que as sanções administrativas diferenciam-se das sanções penais

em razão de seu elemento subjetivo, de tal forma que, enquanto aquelas são aplicadas pela

própria Administração, estas são aplicadas pelo Judiciário.

Os itens que se seguem fazem uma breve análise do regramento acerca das sanções admi-

nistrativas na área ambiental, decorrentes do exercício do poder de polícia ambiental.

Poder de polícia ambiental

Segundo estabelece o art. 78 do CTN, considera-se poder de polícia atividade da adminis-

tração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática

de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene,

à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades eco-

nômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública

ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.

Conceito de infração administrativa

Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras

jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente.115

115
Art. 70 da Lei n. 9.605/1998.

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Lei n. 9.605/1998 – Lei dos Crimes Ambientais
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Autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e instaurar


processo administrativo

Segundo estabelece a Constituição Federal a competência material em relação ao meio


ambiente é comum a todos os entes estatais.
Assim, são autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e instaurar
processo administrativo os funcionários de órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional
de Meio Ambiente (SISNAMA), designados para as atividades de fiscalização, bem como os
agentes das Capitanias dos Portos, do Ministério da Marinha.

Lei Complementar n. 140/2011

Com o objetivo de dar cumprimento aos incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo único
do art. 23 da Constituição Federal, foi editada a lei complementar n. 140/2011, a qual estabe-
lece regras para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas
ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à proteção
ambiental.
Assim, levando em conta o princípio da predominância do interesse, tal lei determinou que a
competência para lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo para a
apuração de infrações à legislação ambiental cometidas em atividades que causem impacto am-
biental significativo compete ao órgão responsável pelo respectivo licenciamento ou autorização
Contudo, tal regra não impede o exercício pelos entes federativos da atribuição comum
de fiscalização da conformidade de empreendimentos e atividades efetiva ou potencialmente
poluidores ou utilizadores de recursos naturais com a legislação ambiental em vigor.
Nesta hipótese prevalecerá o auto de infração ambiental lavrado pelo órgão que detenha a
atribuição de licenciamento ou autorização acima mencionada.116
Registre-se, ainda, que, nos casos de iminência ou ocorrência de degradação da qualidade
ambiental, o ente federativo que tiver conhecimento do fato deverá determinar medidas para
evitá-la, fazer cessá-la ou mitigá-la, comunicando imediatamente ao órgão competente para
as providências cabíveis.117
116
Art. 17, § 3º, da Lei Complementar n. 140/2011
117
Cf. art. 17, § 2º, da Lei Complementar n. 140/2011

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Participação popular no combate às infrações administrativas

Conforme estabelece o art. 225 da CRFB, o dever de defender e preservar o meio ambiente


para as presentes e futuras gerações também foi atribuído à coletividade, a qual passa a ter
papel ativo nesse processo.
Por esta razão, permitiu a lei que qualquer pessoa, constatando infração ambiental, dirija
representação a qualquer funcionário de órgão ambiental integrante do SISNAMA com compe-
tência para fiscalização ou agentes das Capitanias dos Portos, para efeito do exercício do seu
poder de polícia.118

Indisponibilidade do interesse público

A Administração Pública deve zelar para que as normas ambientais sejam obedecidas e os
eventuais infratores responsabilizados. Assim, a autoridade ambiental que tiver conhecimento
de infração ambiental é obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante processo ad-
ministrativo próprio, sob pena de corresponsabilidade.119

Processo administrativo para apuração de infração ambiental

As infrações ambientais são apuradas em processo administrativo próprio, assegurado o


direito de ampla defesa e o contraditório, observadas as disposições desta Lei.

Sanções aplicáveis às infrações administrativas

As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções:120

I – advertência121;
II – multa simples122;

118
No mesmo sentido, veja-se art. 17, §1º, da Lei Complementar n. 140/2011.
119
Vide art. 70, § 3º da Lei n. 9.605/1998.
120
Observado o disposto no art. 6º.
121
A advertência será aplicada pela inobservância das disposições desta Lei e da legislação em vigor, ou de preceitos regula-
mentares, sem prejuízo das demais sanções previstas neste artigo.(art. 70, § 2º).
122
A multa simples será aplicada sempre que o agente, por negligência ou dolo, apesar de advertido por irregularidades que
tenham sido praticadas, deixar de saná-las, no prazo assinalado por órgão competente do SISNAMA ou pela Capitania dos
Portos, do Ministério da Marinha; ou se o agente opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SISNAMA ou da Capitania
dos Portos, do Ministério da Marinha.(art. 70, § 3º).

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III – multa diária123;


IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equi-
pamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração;124
V – destruição ou inutilização do produto;
VI – suspensão de venda e fabricação do produto;
VII – embargo de obra ou atividade;
VIII – demolição de obra;
IX – suspensão parcial ou total de atividades;
XI – restritiva de direitos.125

No tocante às penas de suspensão de venda e fabricação do produto, embargo de obra ou


atividade, demolição de obra, ou suspensão parcial ou total de atividades, tem-se que estas
serão aplicadas quando o produto, a  obra, a  atividade ou o estabelecimento não estiverem
obedecendo às prescrições legais ou regulamentares.

Múltiplas infrações administrativas

Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas,


cumulativamente, as sanções a elas cominadas.126

Conversão da multa simples em outra sanção

A multa simples pode ser convertida em serviços de preservação, melhoria e recuperação


da qualidade do meio ambiente.127
Ainda com relação à pena de multa é importante destacar que os valores arrecadados
em pagamento de multas por infração ambiental serão revertidos ao Fundo Nacional do Meio

123
A multa diária será aplicada sempre que o cometimento da infração se prolongar no tempo.
124
Art. 134, V, do Decreto n. 6.514/1998 – os demais petrechos, equipamentos, veículos e embarcações descritos no inciso IV
do art. 72 da Lei n. 9.605, de 1998, poderão ser utilizados pela administração quando houver necessidade, ou ainda vendi-
dos, doados ou destruídos, conforme decisão motivada da autoridade ambiental;
125
Segundo estabelece o art. 70, § 8º, as sanções restritivas de direito são: I – suspensão de registro, licença ou autorização; II
– cancelamento de registro, licença ou autorização; III – perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais; IV – perda ou
suspensão da participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; V – proibição de contratar
com a Administração Pública, pelo período de até três anos.
126
Art. 72, § 1º, da Lei n. 9.605/1998.
127
Art. 72, § 4º, da Lei n. 9.605/1998.

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Ambiente, ao Fundo Naval, aos fundos estaduais ou municipais de meio ambiente, ou outros


fundos correlatos, conforme dispuser o órgão arrecadador.
Por fim, tem-se que o pagamento de multa imposta pelos Estados, Municípios, Distrito
Federal ou Territórios substitui a multa federal na mesma hipótese de incidência.128

Independência das Esferas Penal e Administrativa


Esta Corte Superior tem jurisprudência no sentido da desnecessidade de instauração
de procedimento administrativo ambiental para dar início a ação penal, na hipótese em
que o Ministério Público já possua elementos suficientes a sustentar a denúncia. 129 os
arts. 70 e seguintes da Lei n. 9.605/1998 descrevem as infrações e respectivas penali-
dades administrativas, constituindo a base legal que fundamenta a regulamentação feita
pelo Decreto 3.179/1999. 8. O STJ já teve a oportunidade de examinar o tema, concluindo
pela possibilidade de a autoridade ambiental instaurar processo para apurar infração
administrativa e impor a respectiva sanção, sem prejuízo da competência do Poder Judi-
ciário para fixar sanção penal, dada a autonomia das responsabilidades criminal e admi-
nistrativa. Precedente: REsp 1.245.094/MG, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 13/4/2012.

CAPÍTULO VII
DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL PARA A PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Art. 77. Resguardados a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes, o Governo bra-
sileiro prestará, no que concerne ao meio ambiente, a  necessária cooperação a outro país, sem
qualquer ônus, quando solicitado para:
I – produção de prova;
II – exame de objetos e lugares;
III – informações sobre pessoas e coisas;
IV – presença temporária da pessoa presa, cujas declarações tenham relevância para a decisão de
uma causa;
V – outras formas de assistência permitidas pela legislação em vigor ou pelos tratados de que o
Brasil seja parte.
§ 2º A solicitação deverá conter:

128
Art. 76 da Lei n. 9.605/1998.
129
RMS 36737 / SP. Relator(a): Ministro RIBEIRO DANTAS (1181)
Órgão Julgador. T5 - QUINTA TURMA. Data do Julgamento: 11/12/2018

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Lei n. 9.605/1998 – Lei dos Crimes Ambientais
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I – o nome e a qualificação da autoridade solicitante;


II – o objeto e o motivo de sua formulação;
III – a descrição sumária do procedimento em curso no país solicitante;
IV – a especificação da assistência solicitada;
V – a documentação indispensável ao seu esclarecimento, quando for o caso.

CAPÍTULO VIII
DISPOSIÇÕES FINAIS

Tratando-se de lei especial, as  normas estatuídas na Lei n. 9.605/1998 tem preferência
sobre as demais leis.
Contudo, a referida lei estabeleceu a aplicação subsidiária das disposições do Código Pe-
nal e do Código de Processo Penal.130
Dentre os dispositivos aplicáveis aos crimes ambientais cite-se o Art. 109 do código penal.
Assim, segundo entendimento pacífico na jurisprudência tem-se que, em virtude da omis-
são da Lei n. 9.605/1998, adotam-se, subsidiariamente, as disposições constantes no referido
dispositivo penal.131
Desse modo, tem-se que, em razão da omissão da Lei n. 9.605/1998, os prazos de pres-
crição aplicáveis aos delitos cometidos por pessoas jurídicas são os dispostos no artigo 109
do Código Penal.132

Art.  79-A. Para o cumprimento do disposto nesta Lei, os  órgãos ambientais integrantes do
SISNAMA, responsáveis pela execução de programas e projetos e pelo controle e fiscalização dos
estabelecimentos e das atividades suscetíveis de degradarem a qualidade ambiental, ficam au-
torizados a celebrar, com força de título executivo extrajudicial, termo de compromisso com pes-
soas físicas ou jurídicas responsáveis pela construção, instalação, ampliação e funcionamento
de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, considerados efetiva ou
potencialmente poluidores.
§ 1º O termo de compromisso a que se refere este artigo destinar-se-á, exclusivamente, a permi-
tir que as pessoas físicas e jurídicas mencionadas no  caput  possam promover as necessárias

130
Cf. art. 79 da Lei n. 9.605/1998.
131
AgRg no RMS 59533 / SP. Relator(a): Ministro JORGE MUSSI (1138). Órgão Julgador: T5 - QUINTA TURMA. Data do Julga-
mento: 28/05/2019. Data da Publicação/Fonte: Je 06/06/2019
132
AgRg no AgRg no AREsp 1289926 / RS. Relator(a): Ministro JORGE MUSSI (1138). Órgão Julgador: T5 - QUINTA TURMA.
Data do Julgamento: 09/04/2019. Data da Publicação/Fonte: DJe 22/04/2019

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correções de suas atividades, para o atendimento das exigências impostas pelas autoridades
ambientais competentes, sendo obrigatório que o respectivo instrumento disponha sobre:
I – o nome, a qualificação e o endereço das partes compromissadas e dos respectivos represen-
tantes legais;
II – o prazo de vigência do compromisso, que, em função da complexidade das obrigações nele
fixadas, poderá variar entre o mínimo de noventa dias e o máximo de três anos, com possibilidade
de prorrogação por igual período;
III – a descrição detalhada de seu objeto, o valor do investimento previsto e o cronograma físico
de execução e de implantação das obras e serviços exigidos, com metas trimestrais a serem
atingidas;
IV – as multas que podem ser aplicadas à pessoa física ou jurídica compromissada e os casos de
rescisão, em decorrência do não cumprimento das obrigações nele pactuadas;
V  – o valor da multa de que trata o inciso IV não poderá ser superior ao valor do investimento
previsto;
VI – o foro competente para dirimir litígios entre as partes.
§ 4º A celebração do termo de compromisso de que trata este artigo não impede a execução de
eventuais multas aplicadas antes da protocolização do requerimento.
§ 5º Considera-se rescindido de pleno direito o termo de compromisso, quando descumprida qual-
quer de suas cláusulas, ressalvado o caso fortuito ou de força maior.
§ 6º O termo de compromisso deverá ser firmado em até noventa dias, contados da protocoliza-
ção do requerimento.
§ 7º O requerimento de celebração do termo de compromisso deverá conter as informações ne-
cessárias à verificação da sua viabilidade técnica e jurídica, sob pena de indeferimento do plano.
§ 8º Sob pena de ineficácia, os termos de compromisso deverão ser publicados no órgão oficial
competente, mediante extrato.

Decreto n. 6.514, de 22 de Julho de 2008

A Lei n. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 conferiu ao Poder Executivo a obrigação de regu-


lamentara referida lei no prazo de noventa dias a contar de sua publicação.
Tal regulamentação, contudo, ocorreu somente uma década depois, com a promulgação
do Decreto n. 6.514/2008.
Tal decreto dispõe sobre as infrações e sanções administrativas ao meio ambiente, estabe-
lece o processo administrativo federal para apuração destas infrações, e dá outras providências.
Assim, no que tange às infrações e sanções administrativas ao meio ambiente o decreto
trouxe algumas disposições gerais relevantes, bem como tratou de forma detalhada das
diversas espécies de infrações administrativas cometidas contra o meio ambiente. assim, da

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mesma forma que ocorreu com a tipificação penal das condutas, observa-se que o Decreto
Federal 6.514/1998 trouxe em seu texto uma serie de infrações contra a fauna (subseção I);
infrações contra a flora (Subseção II); infrações relativas à poluição e outras infrações ambien-
tais (Subseção III); infrações contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural (Subseção
IV); infrações administrativas contra a administração ambiental (Subseção V) e infrações co-
metidas exclusivamente em Unidades de Conservação (Subseção VI).

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QUESTÕES DE CONCURSO
Questão 1 (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO V – PRIMEIRA FASE/2011) A Lei
n. 9.605/1998, regulamentada pelo Decreto 6.514/2008, que dispõe sobre sanções penais e
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, trouxe novidades
nas normas ambientais.
Entre elas está a
a) desconsideração da pessoa jurídica, que foi estabelecida para responsabilizar a pessoa
física sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à
qualidade do meio ambiente.
b) possibilidade de assinatura de termos de ajustamento de conduta, que somente é possível
pelo cometimento de ilícito ambiental.
c) responsabilidade penal objetiva pelo cometimento de crimes ambientais.
d) substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direito quando tratar-se de cri-
me doloso.

Questão 2 (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO VIII – PRIMEIRA FASE/2012) Luísa,


residente e domiciliada na cidade de Recife, após visitar a Austrália, traz consigo para a sua
casa um filhote de coala, animal típico daquele país e inexistente no Brasil.
Tendo em vista tal situação, assinale a afirmativa correta.
a) Ao trazer o animal, Luísa não cometeu qualquer ilícito ambiental já que a propriedade de
animais domésticos é livre no Brasil.
b) Ao trazer o animal, Luísa, em princípio, não cometeu qualquer ilícito ambiental, pois o crime
contra o meio ambiente só se configuraria caso Luísa abandonasse ou praticasse ações de
crueldade contra o animal por ela adotado.
c) Ao trazer o animal, Luísa cometeu crime ambiental, pois o introduziu no Brasil sem prévio
licenciamento ambiental, sendo a Justiça estadual de Pernambuco competente para julgar a
eventual ação.
d) Ao trazer o animal, Luísa cometeu crime ambiental, pois o introduziu no Brasil sem licença e sem
parecer técnico oficial favorável, sendo a Justiça Federal competente para julgar a eventual ação.

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Questão 3 (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO XIX – PRIMEIRA FASE/2016)


Pedro, em visita a determinado Município do interior do Estado do Rio de Janeiro, decide pichar
e deteriorar a fachada de uma Igreja local tombada, por seu valor histórico e cultural, pelo Ins-
tituto Estadual do Patrimônio Histórico-Cultural – INEPAC, autarquia estadual. Considerando o
caso em tela, assinale a afirmativa correta.
a) Pedro será responsabilizado apenas administrativamente, com pena de multa, uma vez
que os bens integrantes do patrimônio cultural brasileiro não se sujeitam, para fins de tutela,
ao regime de responsabilidade civil ambiental, que trata somente do meio ambiente natural.
b) Pedro será responsabilizado administrativa e penalmente, não podendo ser responsabili-
zado civilmente, pois o dano, além de não poder ser considerado de natureza ambiental, não
pode ser objeto de simultânea recuperação e indenização.
c) Pedro, por ter causado danos ao meio ambiente cultural, poderá ser responsabilizado admi-
nistrativa, penal e civilmente, sendo admissível o manejo de ação civil pública pelo Ministério
Público, demandando a condenação em dinheiro e o cumprimento de obrigação de fazer.
d) Pedro, além de responder administrativa e penalmente, será solidariamente responsável
com o INEPAC pela recuperação e indenização do dano, sendo certo que ambos responderão
de forma subjetiva, havendo necessidade de inequívoca demonstração de dolo ou culpa por
parte de Pedro e dos servidores públicos responsáveis.

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GABARITO
1. a
2. d
3. c

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GABARITO COMENTADO
Questão 1 (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO V – PRIMEIRA FASE/2011) A Lei
n. 9.605/1998, regulamentada pelo Decreto 6.514/2008, que dispõe sobre sanções penais e
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, trouxe novidades
nas normas ambientais.
Entre elas está a
a) desconsideração da pessoa jurídica, que foi estabelecida para responsabilizar a pessoa
física sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à
qualidade do meio ambiente.
b) possibilidade de assinatura de termos de ajustamento de conduta, que somente é possível
pelo cometimento de ilícito ambiental.
c) responsabilidade penal objetiva pelo cometimento de crimes ambientais.
d) substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direito quando tratar-se de
crime doloso.

Letra a.
a) Certa. Conforme o art. 4º da lei de crimes ambientais – Lei n. 9.605/1998:

Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao
ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente.

b) Errada. Nem a Lei n. 9.605/1998 e nem o Decreto n. 6.514/2008 preveem a assinatura de


termo de ajustamento de conduta.
Lembre-se, ainda, de que O Termo de Ajustamento de Conduta já existia quando foi publicada
a Lei n. 9.605/1998,
O TAC está previsto no artigo 5º, § 6º, da Lei n. 7.347, de 24 de julho de 1985, que disciplina a
ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor,
a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, in verbis :

Art. 5º (...)
§ 6º Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento
de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título executivo
extrajudicial. (Incluído pela Lei n. 8.078, de 11.9.1990)

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c) Errada. A responsabilidade penal é subjetiva devendo ser analisado se houve dolo ou culpa


do agente.
Não se admite a responsabilidade penal objetiva em se tratando de direito penal – deve restar com-
provada a CULPA latu sensu (dolo ou culpa strictu sensu) para que haja responsabilidade penal.
Uma única observação é a classificação da imputação da pessoa jurídica que não se dá a título
de dolo ou culpa e sim a título social pois assim estabelece a CF.
Somente haverá responsabilidade objetiva quanto a responsabilidade civil pois bastará a com-
provação do prejuízo independente de dolo ou culpa.
d) Errada. Essa possibilidade de substituição da pena não é uma inovação das normas ambientais
como dito no enunciado da questão, tal raciocínio já é algo previsto pelo código penal brasileiro.

Questão 2 (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO VIII – PRIMEIRA FASE/2012) Luísa,


residente e domiciliada na cidade de Recife, após visitar a Austrália, traz consigo para a sua
casa um filhote de coala, animal típico daquele país e inexistente no Brasil.
Tendo em vista tal situação, assinale a afirmativa correta.
a) Ao trazer o animal, Luísa não cometeu qualquer ilícito ambiental já que a propriedade de
animais domésticos é livre no Brasil.
b) Ao trazer o animal, Luísa, em princípio, não cometeu qualquer ilícito ambiental, pois o crime
contra o meio ambiente só se configuraria caso Luísa abandonasse ou praticasse ações de
crueldade contra o animal por ela adotado.
c) Ao trazer o animal, Luísa cometeu crime ambiental, pois o introduziu no Brasil sem prévio
licenciamento ambiental, sendo a Justiça estadual de Pernambuco competente para julgar a
eventual ação.
d) Ao trazer o animal, Luísa cometeu crime ambiental, pois o introduziu no Brasil sem licença
e sem parecer técnico oficial favorável, sendo a Justiça Federal competente para julgar a
eventual ação.

Letra d.
Vide Lei n. 9.605/1998,

Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial favorável e licença expe-
dida por autoridade competente:

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LC n. 140/2011:

Art.  7º São ações administrativas da União: XVII - controlar a introdução no País de espécies
exóticas potencialmente invasoras que possam ameaçar os ecossistemas,  habitats  e espécies
nativas;

Questão 3 (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO XIX – PRIMEIRA FASE/2016)


Pedro, em visita a determinado Município do interior do Estado do Rio de Janeiro, decide
pichar e deteriorar a fachada de uma Igreja local tombada, por seu valor histórico e cultu-
ral, pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico-Cultural – INEPAC, autarquia estadual.
Considerando o caso em tela, assinale a afirmativa correta.
a) Pedro será responsabilizado apenas administrativamente, com pena de multa, uma vez
que os bens integrantes do patrimônio cultural brasileiro não se sujeitam, para fins de tutela,
ao regime de responsabilidade civil ambiental, que trata somente do meio ambiente natural.
b) Pedro será responsabilizado administrativa e penalmente, não podendo ser responsabili-
zado civilmente, pois o dano, além de não poder ser considerado de natureza ambiental, não
pode ser objeto de simultânea recuperação e indenização.
c) Pedro, por ter causado danos ao meio ambiente cultural, poderá ser responsabilizado admi-
nistrativa, penal e civilmente, sendo admissível o manejo de ação civil pública pelo Ministério
Público, demandando a condenação em dinheiro e o cumprimento de obrigação de fazer.
d) Pedro, além de responder administrativa e penalmente, será solidariamente responsável
com o INEPAC pela recuperação e indenização do dano, sendo certo que ambos responderão
de forma subjetiva, havendo necessidade de inequívoca demonstração de dolo ou culpa por
parte de Pedro e dos servidores públicos responsáveis.

Letra c.
A conduta praticada por Pedro está prevista na Lei n. 9.605/1998 que dispõe sobre as sanções
penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá
outras providências.

Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano:


Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.

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§ 1º Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor artístico, ar-
queológico ou histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de detenção e multa.

Obre as demais alternativas:


a) Errada. Os bens integrantes do patrimônio cultural brasileiro sujeitam-se ao regime de res-
ponsabilidade civil ambiental.
b) Errada. Pedro TAMBÉM será responsabilizado civilmente.
d) Errada. O INEPAC não será responsável pela recuperação e indenização do dano, destacan-
do, ainda, que a responsabilidade de PEDRO é objetiva, não havendo necessidade de demons-
tração de dolo ou culpa.
Aprofundamento sobre o tema:
Quanto à responsabilidade civil está configurado o dano causado por Pedro, portanto, indepen-
dente de sua responsabilidade penal e administrativa, temos as seguintes previsões no Código
Civil:

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais so-
bre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem deci-
didas no juízo criminal.
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.

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