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Palabras clave: Poder judicial. Legislativo. Judicialización. Los poderes del Estado. Proceso
legislativo.
1
Advogado, Professor efetivo do Curso de Bacharelado em Direito da UESPI-PI e da Faculdade
Piauiense Mauricio de Nassau; Mestre em Direito pela Universidade Cândido Mendes e Doutor em
Direito pela Universidade de Salamanca-Espanha.
2
Graduanda em Direito na Universidade Estadual do Piauí, campus Professor Antônio Geovanne de
Sousa- Piripiri, aluna PIBIC/UESPI.
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INTRODUÇÃO
realizar suas funções determinadas, atrelado a uma interação equilibrada para que
não entrem em conflito, o que é explicado pela técnica dos freios e contrapesos
(checks and balances).
Na esteira deste raciocínio, a Teoria dos freios e contrapesos surge para dar a
possibilidade de um órgão controlar a atuação do outro, de modo tal que nenhum
abuse de seu poder, assim como supracitado, o poder controlando o poder. Neste
caso, um órgão não tem o direito de interferir no outro, exceto em casos que
necessitem a faculdade de impedir. Podem-se destacar aqui duas importantes
ferramentas do Sistema de freios e contrapesos: o controle de constitucionalidade e
o veto presidencial.
Sob esta ótica, a Carta Constitucional de 1988, adota a separação das funções
estatais dentro do Sistema de freios e contrapesos, atribui funções estatais de
soberania a três poderes e institui o Ministério Público como o responsável pelo
respeito aos direitos fundamentais e pelo zelo e fiscalização dos poderes e do
equilíbrio entre eles.
Infere-se, portanto, que mesmo a divisão do poder sendo feita mediante a
atribuição de cada uma das funções governamentais de legislar, administrar e julgar
a órgãos específicos, tal separação não impede que além das funções típicas
(principais), os órgãos exerçam funções atípicas que, a priori, seriam de
competência de outrem, sem violar o sistema de tripartição de poderes.
Analisando o art. 59, CF, percebe-se que ali estão elencados atos que
derivam das normas constitucionais e que ocupam a mesma posição destas
normas (como as emendas constitucionais) e, também, atos que derivam das
normas constitucionais e que se encontram hierarquicamente abaixo, sendo
atos normativos primários, sejam gerais ou individuais. Portanto, por
“processo legislativo” entende-se o momento de produção dos atos
normativos até o nível primário, inclusive. Definido o objeto que resulta do
processo legislativo, iremos nos referir a ele como “norma”.
Neste sentido, é salutar afirmar que por via do processo legislativo, o direito
regula sua própria criação, visto que as normas disciplinadoras de outros processos
são por ele reguladas. Seu caráter é instrumental na medida em que instrumentaliza
a produção das normas que os outros campos de direito vão regular. Por assim
dizer, o processo legislativo é o conjunto de atos preordenados por meio dos quais
se produzem as leis. Tão logo, se devem respeitar suas formalidades, sendo este
procedimento o responsável por garantir a legitimidade e a qualidade do
ordenamento jurídico.
É lugar comum dizer que o poder estatal responsável pela função de elaborar
as normas jurídicas, por meio do processo legislativo, é o Poder legislativo.
Entretanto, apesar da autonomia deste poder para a elaboração das leis, não são
excluídos do processo legislativo os poderes – judiciário e executivo. Destarte, no
que tange a esta interdependência funcional na produção de normas judiciais, é
necessário, sobretudo, ressaltar o controle do judiciário ao papel do legislativo na
produção de normas.
Este controle jurisdicional pode se dar de forma preventiva ou repressiva.
Quando se fala do controle preventivo, que ocorre na fase embrionária da norma,
ainda na fase de tramitação legislativa, o controle jurisdicional visa impedir a
continuidade de um processo legislativo baseada em norma inconstitucional, no
intuito de evitar que a mesma entre no ordenamento jurídico. Já no controle
repressivo, a norma faz parte do ordenamento, e o que se busca é a supressão do
ato dissonante da Constituição.
No caso do controle de constitucionalidade na fase de constituição da norma, a
via adequada a ser utilizada é o mandado de segurança, devendo o impetrante ser
membro da Casa Legislativa onde se dá o processo. Quando, em contrapartida o ato
legislativo já se encontra inserido no ordenamento jurídico, o controle repressivo
poderá se dar por meio do controle abstrato de constitucionalidade, que pode ser
proposto por um dos legitimados na Constituição.
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O Poder Judiciário não pode intervir no processo de elaboração das leis. Sem
dúvida, incumbe-lhe dizer se uma lei é constitucionalmente válida ou não.
Mas não lhe é permitido ordenar ao Poder Legislativo que promulgue
determinada emenda, nem ordenar ao Poder Executivo que sancione
determinado projeto. Ac. un. do Pleno do STF, de 29.10.68, Rel. Min.
OSWALDO TRIGUEIRO, na "RTJ" 48/192.
Por outro lado, foi trazido do modelo europeu o controle por ação direta, que
permite que determinadas matérias sejam levadas em tese e imediatamente ao
Supremo Tribunal Federal. A tudo isso se soma o direito de propositura amplo,
previsto no artigo 103 da Constituição Federal, pelo qual inúmeros órgãos, bem
como entidades públicas e privadas — as sociedades de classe de âmbito nacional
e as confederações sindicais — podem ajuizar ações diretas. Nesse cenário, quase
qualquer questão política ou moralmente relevante pode ser alçada ao STF.
Destarte, o referenciado autor Barroso, ainda nos salda com o seguinte
raciocínio:
Ao se lançar o olhar para trás, pode-se constatar que a tendência não é nova
e é crescente. Nos últimos anos, o STF pronunciou-se ou iniciou a discussão
em temas como: (i) Políticas governamentais, envolvendo a
constitucionalidade de aspectos centrais da Reforma da Previdência
(contribuição de inativos) e da Reforma do Judiciário (criação do Conselho
Nacional de Justiça); (ii) relações entre Poderes, com a determinação dos
limites legítimos de atuação das Comissões Parlamentares de Inquérito
(como quebras de sigilos e decretação de prisão) e do papel do Ministério
Público na investigação criminal; (iii) direitos fundamentais, incluindo limites à
liberdade de expressão no caso de racismo (Caso Elwanger) e a
possibilidade de progressão de regime para os condenados pela prática de
crimes hediondos. Deve-se mencionar, ainda, a importante virada da
jurisprudência no tocante ao mandado de injunção, em caso no qual se
determinou a aplicação do regime jurídico das greves no setor privado
àquelas que ocorram no serviço público.
vigente. Pessoalmente, acho que o modelo tem nos servido bem. [grifo
nosso]
CONCLUSÃO
Depreende-se, portanto, que a teoria da tripartição dos poderes estatais é de
fundamental importância para a conjuntura política e jurídica brasileira. Sob esta
ótica, a independência funcional decorrida deste princípio não excluiu a possibilidade
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REFERÊNCIAS
BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. 10. ed. ver. e atual. São Paulo: Malheiros
Meditores, 2000.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 18. ed. São Paulo: Saraiva,
2014.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 22. ed. São Paulo: Atlas, 2007.