Pela teoria do risco da atividade ou do empreendimento, todo aquele que fornece produto ou
serviço no mercado de consumo cria um risco de dano aos consumidores e, concretizado este,
surge o dever de repará-lo independentemente da comprovação de dolo ou de culpa.
Os vícios estariam ligados à inadequação do produto ou serviço aos fins a que se destinam (arts.
18 a 20). São considerados vícios as características de qualidade e quantidade que tornem o
produto ou serviço impróprio ou inadequado ao consumo a que se destina e também que lhe
diminua o valor. Também são considerados vícios os decorrentes da disparidade havida em
relação às indicações constantes do recipiente, embalagem, rotulagem, oferta ou mensagem
publicitária.
Como o art. 18 faz menção a fornecedor, conclui-se que a responsabilidade é de todos os que
desenvolvem atividades no mercado de consumo e, estes fornecedores respondem
solidariamente pelos vícios, inclusive o comerciante.
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Diante da constatação de um vício, o fornecedor tem o prazo de 30 dias para saná-lo. Caso o
vício de qualidade do produto não seja sanado no prazo de 30 dias, o consumidor poderá, sem
apresentar nenhuma justificativa, optar pela: substituição do produto por outro da mesma
espécie, em perfeitas condições de uso; a restituição imediata da quantia paga, monetariamente
atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos ou pelo abatimento proporcional do preço.
O fornecedor pode diminuir o prazo oferecido para saneamento do vício a até 7 dias; o prazo
também pode ser aumentado a até 180 dias. Requisitos para a efetivação de tal convenção sem a
violação dos direitos do vulnerável nas relações de consumo: nos contratos de adesão, a cláusula
de prazo deverá ser convencionada em separado; manifestação expressa de concordância pelo
consumidor.
O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1º do art. 18, quando: a
substituição das partes viciadas puder comprometer, a qualidade do produto, as características
do produto, a substituição das partes viciadas puder diminuir o valor do produto ou se tratar de
produto essencial.
Nos vício de quantidade (art. 19), todos os partícipes do ciclo de produção são responsáveis
diretos pelos vício de quantidade e este se configura pela entrega de qualquer produto em
quantidade diversa (para menos) daquela paga pelo consumidor, independentemente do tipo de
medida.
Diferentemente do art. 18 que cuida do vício de qualidade, a norma do vício de quantidade não
oferece prazo para o fornecedor sanar o problema logo, o consumidor pode exigir o
cumprimento imediato das alternativas que lhe oferece a lei, quais sejam: complementação do
peso ou medida; substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os
aludidos vícios; restituição da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízos das
perdas e danos.
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Bibliografia de referência para aprofundamento