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Grupo de Metodologias Ativas

Prof.: Luis Carlos Laurenço


Curso: Direito
Disciplina: Direito das Relações de Consumo

Aula IV – Vício do Produto e do Serviço

1 – O risco dos negócios

Toda atividade econômica é de risco. O empreendedor precisa descobrir o ponto de equilíbrio


de quanto risco vale a pena correr a um menor custo possível, para aferir a maximização dos
benefícios – produção em série

Pela teoria do risco da atividade ou do empreendimento, todo aquele que fornece produto ou
serviço no mercado de consumo cria um risco de dano aos consumidores e, concretizado este,
surge o dever de repará-lo independentemente da comprovação de dolo ou de culpa.

O dano é causado ao consumidor pelo produto/serviço e não pelo fornecedor, que só é


considerado na medida em que é o responsável pelo ressarcimento dos prejuízos e, por conta
disto é que a responsabilidade deve ser objetiva.

Os elementos a serem comprovados na responsabilidade objetiva: defeito ou vício do produto


ou serviço; evento danoso (eventus damni) ou prejuízo causado ao consumidor erelação de
causalidade entre o defeito/vício e o evento danoso/prejuízo.

2 – Os Vício dos Produtos e dos serviços

Os vícios estariam ligados à inadequação do produto ou serviço aos fins a que se destinam (arts.
18 a 20). São considerados vícios as características de qualidade e quantidade que tornem o
produto ou serviço impróprio ou inadequado ao consumo a que se destina e também que lhe
diminua o valor. Também são considerados vícios os decorrentes da disparidade havida em
relação às indicações constantes do recipiente, embalagem, rotulagem, oferta ou mensagem
publicitária.

3 – Os vícios dos produtos – art. 18 e art. 19

Como o art. 18 faz menção a fornecedor, conclui-se que a responsabilidade é de todos os que
desenvolvem atividades no mercado de consumo e, estes fornecedores respondem
solidariamente pelos vícios, inclusive o comerciante.

Pode-se constatar a existência de duas modalidades de vício do produto: vício de qualidade


(cuja disciplina está no próprio art. 18 do CDC) e vício de quantidade (citado no art. 18 e
disciplinado no art. 19 do CDC).

No vício de qualidade o fornecedor tem o dever de disponibilizar no mercado de consumo


produtos e serviços de qualidade, ou seja, inteiramente adequados ao consumo a que se
destinam. Assim, haverá vícios de qualidade quando: tornar os produtos impróprios ao
consumo, tornar os produtos inadequados ao consumo, diminuir o valor do produto ou o
produto estiver em desacordo com as informações da oferta.

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Diante da constatação de um vício, o fornecedor tem o prazo de 30 dias para saná-lo. Caso o
vício de qualidade do produto não seja sanado no prazo de 30 dias, o consumidor poderá, sem
apresentar nenhuma justificativa, optar pela: substituição do produto por outro da mesma
espécie, em perfeitas condições de uso; a restituição imediata da quantia paga, monetariamente
atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos ou pelo abatimento proporcional do preço.

O fornecedor pode diminuir o prazo oferecido para saneamento do vício a até 7 dias; o prazo
também pode ser aumentado a até 180 dias. Requisitos para a efetivação de tal convenção sem a
violação dos direitos do vulnerável nas relações de consumo: nos contratos de adesão, a cláusula
de prazo deverá ser convencionada em separado; manifestação expressa de concordância pelo
consumidor.

O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1º do art. 18, quando: a
substituição das partes viciadas puder comprometer, a qualidade do produto, as características
do produto, a substituição das partes viciadas puder diminuir o valor do produto ou se tratar de
produto essencial.

Nos vício de quantidade (art. 19), todos os partícipes do ciclo de produção são responsáveis
diretos pelos vício de quantidade e este se configura pela entrega de qualquer produto em
quantidade diversa (para menos) daquela paga pelo consumidor, independentemente do tipo de
medida.

Nem todas as variações constituem vício de quantidade do produto, algumas alterações


decorrem da própria natureza do bem, o que não implicará, necessariamente, no surgimento de
vício. Ex.: os dentes de alho que sofrem variação para menor, contudo, a mudança só é aceitável
se for incapaz de alterar a qualidade.

Diferentemente do art. 18 que cuida do vício de qualidade, a norma do vício de quantidade não
oferece prazo para o fornecedor sanar o problema logo, o consumidor pode exigir o
cumprimento imediato das alternativas que lhe oferece a lei, quais sejam: complementação do
peso ou medida; substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os
aludidos vícios; restituição da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízos das
perdas e danos.

4 – Os vícios do serviço – art. 20

Os vícios de qualidade na prestação de serviços estarão configurados, quando: tornar o serviço


impróprio ao consumo, diminuir o valor do serviço, serviço em desacordo com as informações
da oferta e da publicidade. Seria serviço impróprio ao consumo: os inadequado para os fins que
razoavelmente dele se espera e os que não atendam as normas regulamentares de prestabilidade.

Ante a constatação de vício no serviço, o vulnerável poderá exigir, alternativamente e à sua


escolha: a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível; a restituição imediata
da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; o
abatimento proporcional do preço

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Bibliografia de referência para aprofundamento

BENJAMIM. Antonio Herman; MARQUES, Claudia Lima e BESSA, Leonardo Roscoe.


Manual de Direito do Consumidor. RT: 7ª Ed, 2016
CAVALIEIRI FILHO, Sergio. Programa de Direito do Consumidor. Atlas: 4ª ed, 2014
NUNES, Rizzato. Curso de Direito do Consumidor. Saraiva: 11ª ed, 2017
FILOMENO, José Geraldo Brito. Manual de Direitos do Consumidor. Atlas: 14ª ed, 2016

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