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»1 I» i|" ° •' modor na ciência política

1 H IiIm ímI lniU|u rnd a no Início d .-» década


i M /ll pui íl lRIimm p oucas obras fundamentais.
Mi 4 lM ll« atllldoi »obro o si stema partidário,
* M liii.H M lura do corta tr ilogia tornou-se
1 .......«ri r»> f ilu do o fiartidos políticos no Brasi l, A M A y
' 11III i I lti (urino Camp olo do Souz a; Partidos
i i *i» Ino illtIrou n oxfjor lôncla estadual
I I» dl il< Oltivo Br Al II do Lima Jr., c este livro
i m i I illloM tO V oitá reeditando, com no vo
i nln * »ui v illfAo mu lto Amp liada e revista,
' MIu iHím Iii Ir ilorr ompfdo, de Gl&u clo Ary
Iti n Iim i•« H i vi»dado, o trabalho de Gláucl o -
i Iml» fiollllco no Brasil - foi o pri meiro
i ih nlli ii lit , mm I97l,io nd o os demai s
i irnilvlminio i, t'i n forma do diál ogo crit ko,
I ilrt iiilmnl i • Ol ir.i fund am enta l.

Mn. ImiIiii in alo oin Aflnn AI* que este livro à um


li li.i ili i inAllm poNl ICA no Brasi l. Influenciado
, Ih, i -iiiiIh . |ilOtlo!r oi do Orland o de C arvalho
A DEMOCRACIA
i i lllli -» HvU oral no nlvel municipal e pela
.!• i(l I |>ol|| |<,i do lmplrA (Ao o stru tura lbta , INTERROMPIDA
.............
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> n|i !|i indo Ucnl ca» de pesqui sa h oj e-
...................... «m dotorminada s áreas da
ii,il|ni A Hl iM Mii prt tl lo do a rticular a dimen são
i I i mil o |ifii|iil«n «nipIr lcA, a cole ta m ad ça
| * 4| iP M( l dP li i» dobul o e xaus ti vo co m a
'i i mi m >i n <• I iiii il *• »»iran galra o o d iagnóstico
........I* In •s,i 1'ilttiliirA loclopolítica se veem
11 ui" ‘Mi unii i »ft obra, l orvlndo de referènda
i i |imiiIii|Aii AiaillmlcA poitorlor no âmbito
II 11*1 h iilila li Mèm dlMO, o livro tem
i Mm I ’>Ii - dl* I m propiciado um dos debates
......llm iu d " q in > •» (Mn noticia na ciência
ui i i ii iiim n |i, M Como mencionei, sob forte
, h H ui « 1« vulMinu, »urgiram outros dois
•I » tmiM lllaraiiira - o» li vros de
i i ' imiti i Ol av o llr adl, ma* mi o s ó.
i .|i iillii i* imllllio» (omag rodoi, como
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IM l diln W an dir liy Rolt , oicrovem livras
i < Mm ih |iii i llild* no llr tik ll de ol ho nas
> In|i|iMihIIMiiIi o v.irtafAoa regionais
i ilHn i* i h - mui m • iur llnt la pollt ka
IIP) |i»Mlva luailgurailrt por Gláucio.

I ji ii li <mil ii|M niiVii odlfAo, porém,


I i» ili r» i*p i*iui uma obra datada,
Mijiili dl iumo pomainanto político.
• l i i H i< | i i ui | l i i ' vA t .»
I n di< »uns tesos,
i • IIii d* iil llii id n m» drhrtto qu o ie seguiu
.i i I i k u M i da ItTO a HO , ai nda
i i || i ii|.I>M l4|iin ifò iU a o omplrlca.
i • i niii U lin|iiiriiin tt, porqu» GlAudo
i i I m I. mi II v ii do llvio, reowrcvpu
i i |'|| ii | n i i liHinpitliiu multa»
G láucio A r y D i ll on S oares

A DEMOCRACIA
INTERROMPIDA
Copyright © Gláucio Ary Dilloii Soares

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1: edi ção - 2001

R pvisão i:r. O r i ginais : I.niz Alberto Mon.jardim


E ui to xaç Ao Ií l :- i kòmca : Cálanio

lír. vrsÃo: Fatima Caroni e Mauro P into de Pari a


Capa: Visiva Comunicação e Design

I;idia talalográr.ca elaborada pela Bibliokra


Maiio I(enrique .Sinionsen/FdV

Soares, Cláuciu Ary Dilloii.


democracia inter rompida / Gtóucio A ry Dillon Soares. - Rio .le Ja
neiro : Kditora FCV, 2001. Para Ary Soares .
388p.
Indni bibliografia.

). Kiiisil - Ilisiôii,! a . Brasil - Política « governo. PimdaçâóGclii-


lio Vjirjyis. II. Titulo

Cl)l> —981
Sumário

PRF. FÁCIOE ACKADECIMIiWUS

C a p It i i l o 1

Antec ede nle.s l íistóricos

C apítul o 2
A políti ca oligárquica

C apí tul as

A rup tura da po lítica o ligárquica

C apítuix ) <1

A form ação dos partid os polít icos nacionais

C a i -í ruía5

Os pa rtidos poli licos

C apí tul o 6

As coligações eleitorais

C apí tul o 7

Kstruturaseconômicase soci ais

C apí tul o 8

Asb asessocioeconômicasdos partidospolít icos


■■
C api tul o 9

As classes sociais e as eleições

C apí tu lo 10

Clivagens raciais e polít ica

C a p I t uio 11

Clivagens regionais c a política do desenvolvimen to desigual

C apít ulo 12
Clivag ensregionai se asdesigualdadesn arepresentação
provin das d a legisl ação eleit oral
CArtruLo 13
Pre fáci o e ag radecime ntos
Avali açãodo períododemocrático 30 9

C a H iulo 14
A democracia interrompida 331

Sociedade e polilica no Brasil foi um tra balh o nos m oldes da sociologia polí tica .
Hibi.iookawa 373
Não há nada de err ado em incorporar o enfoque dess a dis cipl ina,então nova ,mas
há muito a perder com ;i aceitação dos limites de qualquer enfoque. As criticas
nesse sentido,constr utivas,vieramde váriaspart es.
Trêsanos apósa publicaçãodaqueleli vro, Maria do CarmoC ampeüode Sou
zalançou Estad o e partidos políti cos n o Br as il ,onde,dem aneiraigualmentecons
trutiva, sublinhou as limitações d o enfoque exclusivi sta da soc iologia pol ítica , in
sistindo na necessidade de tra tar do sistema partidário como tal. As críticas da
autora são em parte responsáveis pela atenção aqui di spensada ao sistema parti
dário e ao s partido s polít icos .
M eus amigos W anderley Guilherme dos Santos, Fábio Wand erley Reis e Olavo
Hras il de Lima Jr. tiveram m uita influência 110 rcdirecionamento dc meu s traba
lho s,ainda quedem aneira diferente.WanderleyeFábio o fiz eram atravésdeseus
livr os e pesq uisas, sem dirigir críticas especí ficas a Socieda de cpolilica no Brasil;
já O la vo fe/ . se v e ra s c rí ti ca s a m u it a s d e m in h a s te se s. T iv e m os u m a p e q u e n a po
lêmica a propósito, sem qu e j am ais <1 amizade e 0 respeito profissional mútuos
fossem a fetados. O que Olavo talv ez não saib a é que, ;i despeito do s muito s desa
cordos qu e tivem os nos níveis teórico e metodológico, deve-se a ele a ênfa se aqui
conferida aos estad os corno unid ades políticas i mportantes.
Rever aquele trabalho tantos anos após sua publicaç ão m e deixou numa e n
cruzilhada: ou o fazia superficialmente e o preservava com o peça arqueológica tia
ciência política brasi leira, só que em seg unda edição. 011 levava a sério a revisão,
atualizando-o. Logo fico u claro que atualizar signific aria escrever um livro dife
rente. Um a consulta aos meus arquivos sobre a polí tic a brasileira mostrou-me
que seriam necessá rios vários meses si mplesmente pa ra digerir e incorporar o
queeu j á m a st ig a ra . D c f at o, f o r a m n e c e ss á ri o s a lg u n s a n os , e s ti c ad o s p o r p er ip é
cias de vida que afetam a produção e os cr onogramas, ainda que não pertençam
ao âm bito convencional das considerações acadêmicas . Acrescentem-se a iss o
muitos trabalhos me nos conhecidos, ma s igualmente importantes, publicados pos
teriormente. Resumindo: qua ndo escrevi Sociedade e política no Brasil, havia
alguns cientistas políticos brasilei ros; hoje há u ma ciência política brasileira, com
volume e qualidade. A incorporação da miríade de excelen tes contri buições de
muitas dezena s de cienti stas polít icos não poderia ser feit a po r simples adição,
porquan to cada um a delas expandia c modifi cava 0 qu e eu já havia escrit o. O pro
duto foi um livro novo , ainda que eu tenha tentado preservar a m esma estrutura
do anteri or.
Este livro, corno qua lquer trabalho ambicioso, tem muito cie coleti vo. Sobre Capítulo I
os principais partidos do período em questão, po r exemplo, há excelent es estu
dos. Não foi necessário nem seria aconselhável fazer novas pesquisas sobre o tema.
.lá as havia, eram boas e, no estilo monográfico e histórico, muito melhores do Antecedentes históricos
que as q ue eu poderia faz er. Algumas, mais am plas ou m ais restritas, deixaram
mar ca. M uito já estava feito. Reslava-m e 1e r e conferir sua consistênc ia lógi ca e,
em uns poucos casos , levantar novos dados. Examinei as concordâncias e
discordánciasentreosdiferentesautores,incorporando asm inhasconclusõesao
arcabouço teórico dentro do qual trabalhei.
Há u ma geração ainda m ais jovem, muito bem-form ada e com excelentes Conceitos
trabalhos,embora poucos tenh am lidado com o período de 1945 a 196 4. A contri
buição desses a utor es foi c rucial. Em conferê ncias feilas para um público não familiarizado com a história política
Jairo Marconi N icol au e Fabiano Santos, bons amigos e col egas , deram im brasileira, percebi que para os cidadãos de outros países era difíc il entender por
portan tes sugestões pa ra me lhora r o l ivro . Carlos I lasenba lg fez críticas pertine n que enfatizo os estados como unid ades de a nálise da políti ca brasileira. Por que
tes ao capítulo sob re raça e política, c Ccli Scanlon, ao capítulo sobre classes e não limitar-m e. exclusivamente, à análise da política eni função de classes nacio
polít ica. I lá vários anos , quan do da min ha prim eira tentativa deesc reve r um novo nais? Por qu e não cingir-me ao enfoque da extensão da cidadania a grupos e clas
trabalho,MariaCelinaSoaresD'Araújotambém fizeraimportantescríti casadois ses nacionais? Por que não tratar, exclusi vamente, d o Estado nacional e de suas
capítulos. relaçõescoma população,ainda quem ediatizadas porinstituiçõesnacionaiseregio
O resultado, espero, não será apenas um liv ro novo escril o no s parâm etros de nais? Enfim, |x»r que enfatizar a dim ensão regional e, dentro dela, a estadual?
um livro velho, ma s um livro melhor. O fato de essas perguntas terem sido formuladas revela que a expe riên cia
daqueles estudiosos limitava-se a sociedades com alto grau de integração e
Gláuc iaAr y D il lo n S o a re s equaliza ção interna e que haviam passado por experiênci as histór icas fundamen
talmente diferentes da brasileira. Era, pois, necessári o fornecer, de m aneira su
mári a.. alguns antece dentes históricos do sistem a pol ít ico brasi leiro, relacionan
do características da política brasileira dura nte o período 1945-64 com o sistema
político anterior a 1930, sobretudo com a chamada política dos governadores.
Vário s estudiosos estrangeiros não explicavam a ênfase da da ao estado,conside
rado unid ade d e análise da política brasileira. Por si só, o antec eden te jurídico da
Federaçãoera insu ficie ntepara expli caressaênfase,uma vezqueestruturas fede
rativ as puram ente formais coexist iram e coexis tem, em m uitos países, co m a
irrel evânciapol ítica ea dministrativadasunidadesfederadas.E ratam bém neces
sário explicar a existência de p adrõe s polít icos tradicionais e antiquados na políti
ca brasileira, os quais se mostra vam discordantes de outr os aspectos da vida poli -
tica , econômica e social do país , cujo dinamismo não pareciam acompanhar.
O sistema pol ítico brasileiro, ao contrá rio de alguns sistema s centralizados,

como o chileno e o mexicano, era federativo na forma e no conteúdo. Em 1964,


por exemplo, a receita arrecadada pelo estado de São Paulo representava um ter
ço da arrecadada pela U nião, ci fra esta consid eravelmente superior à encontrada
na maioria dos países latino-americanos .1

11lá países lalino-ameri canos que ião muito centraliza dos no Méxic o, a totalidade da receita
arrecada da eir . 196 0 pelos estados (entidades federais) representava apenas 24% da
I lá importantes anteceden tes hi stóric os referent es organização e à estrutu sim, a dependên cia financeira dos governos estaduais em relação ao governo fe
ra políticas que tiveram, du ran te a República Velha, um a base estadual. A estru- deral, que, não obstante, ainda so corria com freqüência os estad os mais pobres,
lura partidária era estadual e, o que é mais importante, as decisões fundamentais cobrindo os déficil s orçamen tários estaduais, garantind o-lhes solvência fi nancei
sobre o com portamento polí tic o de um estado eram resultado dc forças pol íti cas ra, dando-lhes o aval para em préstimos, contribuindo fortemente para os planos
de cúpula no nível estadual. A inexistência de partido s nacionais implicava que de desenvolvim ento local. Claro está que ess es serviços tinham um preço polít ico:
havia estados "a favor” e estados “contra”; a política era de elite, com baixíssima reduzir a autono mia polí tica dos estados . Contrariar frontalmcnte o governo fe
participação elei toral (o núme ro dc votantes só atingiu mais de 5% da população deral pode ria significar o caos n as finanças estaduais. Não obstante , o poder fi
em 1930, e som ente sup erou «is 10% em 194 5), o que definia a p olítica nacion al nanceiro dos estados outorgava aos governos estaduais certa hegemonia dentro
como um a política baseada nas oligarquias es taduai s. dos seus limites ge ográfico s. Os governos estaduais dispunh am d e recursos para
O período Vargas foi centrali zador, ma s os seus 15 anos não apagaram a im comprar o apoio polít ico interno de que necess itav am, através de pagam ento em
portância dos estados na vida polí tic a nacional . A organi zação perman eceu fede empreg os públicos, obr as públicas, empréstimos, negociatas. Ksses recursos fo
rati va. () papel do s estados na polít ica brasilei ra continuou prepon derante, e a l ram utilizados, freqüen teme nte, dura nte a República Ve lha.
guns estudiosos interpretaram a polí tica naci onal basicamente a pa rtir do jo g o de A existência de forças armad as estaduais am pliou a possibili dade de coação
interesses entre os estados, ao passo que outros desenvolveram análises m ais in físi ca, que repetida s vezes foi util izada co ntra a oposição. A existência de forças
tegradas que passa m pelos est ados. armadas estaduais alterou as relaçõe s de poder entre situação e oposiç ão.
A organizaç ão federativa, nas suas dimen sões legal, l iscal e militar, fizer am
A po lít ica dos estados dos estados as unida des básicas da política brasileira. A ofi cialização dess as con
diç ões e sua transformação em p ol ít ic a , na chamada política dos governadores,
Federalismo e po lí ti ca do s es ta do s foi feita por Cam pos Sales, que p referia cha má-la de política dos estados .3
A polít ica dos estados consist ia,fundamen talmente,em outorgar tota l auto
A República consagrou o princ ípio federalis ta. K mbora tendência s federalis tas
foss emperceptíveisna estrutura polít icabrasi leiradesdeo Império, tendo-seex nomia aos executivos estaduais, inclui ndo o resp eito, pelo governo fe deral, às suas í
pressado, inclusive, em diversos m ovimentos revoltosos regionais, foi a Consti decisões. Kla reduz iu as oposições estaduais a um stcitus simbólico. Contudo, se }
com o ideologia e legisl ação específi ca a política dos estados foi obra de Campo s
tuição de 1891 que consagrou e expa ndiu o princípio federalista. lísse princípio foi
importante c m pelo m enos dois senti dos, porque permitiu que: Sal es, como processo polí tico a sua relevânci a não começou com Cam pos Sale s
nem term inou com ele, tampouco com a famosa Lei Ro sa e Sil va de 1904 . 1 Para
• os estados se apropriassem «l a rece ita da exportação, a mais importante d a épo que os estados fossem entidades politicament e autônom as foram condições sufi
ca; e cientes a consagração, na prática, do princípio federati vo adotad o pela Constitui
• os estados organizassem suas próprias forças armadas. ção de 189 1 e uma base socioeco nômica agrícola sobre a qual se erigiu um a estru
Essa s dua s atribuições tiveram implicações profundas: possibilitaram um a tura de classes e de poder oligárquica. Es se é um exemplo de com o a análise
autonomia real dos estados, concedendo-lhes meios de subsisti r financeiramen políti co-sociol ógica continua dep ois que a análise jurídico-forinal p ára: a soòre-
te, dc maneir a até certo ponto inde pen den te do pod er central.2 Debilit ava-se, as - vivência dessas formas de dom inação polí ti ca, mesmo depois da remoção da le
gislação que as teria possibilitado, não poderia ser explicada pela per spectiva ju
rídico-for m a l .5
i.vrit .» federal. Se agregarmos a s disponibilidades dos estados, che gamos « .17 %, percentual
i onsideravelmcnte inferior àquele encontrado no Brasil, onde, em 1964, a roce i la arreca dada
pelos i stados represe ntava 8l% da arrecadada pela União. Ainda que, a parti r de 1964, possa ■ ‘Outros deram à min ha política a denominação de política dos go vernadores. Teria talvez (sido)
mos olttcrvar uma forte expansão da receito federal sem uma expansão equivalente no nível acertado se dissessem Política dos Estados, lista de nominação exprimiria melhor o meu pensa
r-Hadiuil, .is diferenças relativas entr e o Brasil e o México permaneceram substanciais. mento" (Sales. 1908:236).
' A autonomia financeira dc alguns estado s persistiu durante o período democrático; en tre 1915 J A Lei Kosa e Silva, que introduziu várias características liberais no processo eleitoral, não foi
i' 1961 . o Biasil apresentou orçamentos estaduais consideráveis, em comparação com muitos aceita por vários estados; posteriormente, e m 1916, a Lei Bueno de Paiva fez reverte r aos esta
•nu 11 piiin s, ruja so ma dos orçamentos estaduais era de magnitude comparável à do orçamen- dos o ciireito de regular seus alistamentos eleitorais, durante os quais hoa pa rte da coação e da
li Irdi-i al, A partir dc 1965, essa relação diminuiu, devido ao crescimento «lo orçame nto federal corrupção eleitoral era posta em prática.
<ilo |Hn lri ivntral dur ante a ditadura milita r. : Para um a posição semelhante, ver Carone, 1969 c 19 70.
Os instr umentos d e dominação sição da Paraíba u m a reaproximaçào com a situaçã o,por ser inexe quíve l a oposi
ção eleitoral:
Á autonom ia políti ca e finance ira col ocou nas m ãos do governo estadual um
control eam plod avidapolíti cado estado.Osmeca nismosutil izadosforam vari a “No miseran do regime político em que vivemos estão abolidos de fato os meios nor
dos , entre os q uais querem os enum erar alguns ext remos : mais de revezarem-se os partidos no poder. Sabemos como se fazem e operam as
eleições nos estados; pcxl e o partido da oposição dispor da gr ande maioria do eleito
Empreguismo e nepotismo rado, o governo do estado im pedirá a su a livre manifestação, e se por qua lquer cir
cunstância o não fize r, terá à mão. em todo caso ,uma assembléia unânime , fabri cada
Colocar paren tes, amigos e correligionários em posições de pod er e prestígio a jeito para depurar os adversários que lograrem ser eleitos... Nestas condições,
e distribuir cargos públicos entre colaboradores polí tico s eram práticas freqüen pre tende r a oposição alcançar o poder pelo processo ordinário e legal « las urnas é
tes nos governos estaduais da Repúbli ca Velha . No C eará, o governo de A ntôni o pre tende r uma utopia. Resta, pois, unicamente, o recurso da aproximação, do acor
Pinto Nogueira Aciol i (1896-1900) pode ser tom ado com o um ca so cláss ico de do. da fusão com os elementos governistns, dadas certas condições, aproveitadas
com habilida de certas circunstâncias e respeitados em lodo caso os melindres pes
nepotis mo: colocou um irm ão na S ecretari a do Interior e outro parente na da Fa
soais e políticos do partido... "8
zenda, um sobrinho na administração, oito outros parentes como dep utados; in
vadiu a área educacional, colocando seis parentes na Academia de D ireito, seis na Esse nível de corrupçã o eleitoral foi possível devi do às prerro gativas do go
Escola Norm al e outros três no I.ice u. Outros cargos foram igualm ente invadidos: vernoestadualde nomea rjuizessubst itutosedccontrolai 1a distribuiçãoe o trans
colocou parentes e amigos na C âmara Municipal , no Batalhão de Segurança, no Cor porte dos livros eleitorais, além d o pod er de intimidar, se nec essário pela força, a
rei o, na Câm ara Federal, no Senado, na Inspetoria de Obras contra as Secas et c.6 oposição. Evidentem ente, a inexistência do voto secreto facil itou esse traba lho de
As oligarquias domin antes utilizavam liberalmente verbas públicas, como as intimidação. Nas eleiçõ es propria me nte ditas, abriam -se novas oportunidade sà
das obra s contra as secas , par a fins de enriquecimento pessoal.7 A prática do corrupção:
nepotismo e do empreguismo, além de constituir um a forma de remu neração por
servi ços polí tico s já prestados, assegurava também a continuidade desses servi "c no ato das eleições que o mecanismo de compressão se estabelece: como não
ços. Criava-se um vínculo contratual implíci to, através do qu al o oligarca aceitava existe o voto secreto, e a mesa eleitoral controla a presença e a votação, torna-se
um a série de responsabilidad es relativas ao bem -estar do correligionário políti co fáci l a pressão sob re os eleitores. "4
e este se com prometia a apoiá-l o pol iticamente. Em alguns casos, esse apoio im
A corrupção eleitoral como instrumento de dominação teve sua eficácia
plicava a participação ativa em muitas atividades na época das eleições, lísse vín
maximizada pela instituição da verif icaçãodepo deres .*0 No dizer de Carone: .i
culo contratu al implícito c semelha nte ao existente, ainda hoje, entre os coronéis s
rurais e seus seguidores. "A Constituição outorga ás câma ras leg islativas soberania absoluta na questão do £
A instabilidade dos emp regos públicos estimulava essa par ticipação ativa. A reconhec imento de podere s, daí o caráter irrevogáve l de suas decisões e a impor- Kj
derro ta política do oligarca implicava a perda dos cargos e emp rego s cie muitos tâncin de seu controlo. A reforma dc Ca mpos Sales torna o organism o inacess ível a
seguido res.Para este s,portanto,a continuidadenopode rdooligarcaprotetorera críticas, c seus pronunciamentos, absolutos. Com este aperfeiçoado sistema
fundamental. Essa rede de lealdades foi importante para a permanênc ia das oli controlador, os gov ernos têm em mãos o instrumento de pressão para convencer os <>
garquias locais c estaduais n o poder. É errô neo ver a política oligárquica como um mais recalcitrantesoudegolarasopos ições .Oqu eprevaleceéa maiorpresunçãode
legitimidade, ist o é, ‘a presunção, salv o prova cm contrário, ó a favor daqu ele que se '
sistema no qual participavam somente “os que estão no poder”,cercados por uma
diz eleito pela política dominan te no respectivo est ado*. Assim, completa-se o nic-
perifer ia apáti ca. O sistema oligárqu ico requeria a mobil ização de um setor mais
canism ode pressão cios grupos dominantes, cuja permanência se torna inexorável."1
amplo d a população cujo apoio ativo era importante.

8 Cana d e 29-2-1904 (Pessoa, 1910 :262).


Corrup ção ele ito ral • Carone, 1970:300.
A corrupçã o eleitoral caracterizou a R epública Velha. Era tal o volume dessa “ A implem entação política das decisões da situação foi extremam ente facilitada pela institui
ção da verificação de poderes, que concedia às assembléias estaduais (controla das pela situa
mi rupçào que Epit ácio Pessoa, um presidente da Repúb lic a, recomendou à opo- ção) soberania no reconhecimento iie poderes. Assim, os g overnos estaduais forjava m as atas
eleitor ais, por um lado, e declaravam sua validade alravés da Câmara Legisl ativa, pelo outro. As
r«m uma d wri çflo des sas atividade s, ver Pessoa, 19 10. câmaras legisl ativas decidiam o re sultado das “eleiçõ es”.
Vi r { >ii i l'M»9:B9-91e 1970:275. Ver tam bém Soares, 1912. 1 Carone, 1970:306. A ci tação é de c arta de Campos Sales a Rodrigues Al ves.
Uni exem plo clás sico da inconsistência entre re sultados eleitorais é dad o por mínimo q ue fosse, de respeitabilidad e eleitoral: a diferença no total de votos atri
uma contagem tle votos na Bahi a: a Comissão de Verifi caçã o de Poderes da As buídos a Ilc rmc s da Fonseca s ofreu variações superiores a 10 0 % en tre a rev isã o
sembléia chegou aos seguintes resultados, referentes às eleições de 2 9 de dezem feita por Rui Barbosa e os resultado s dos trabalhos das comissões. O resultado
bro de 1923 para gov ernador da Bahia: Góes Calmon, 70.05 9 votos; Arlindo I- eoni , ofici al fina l, que deu a Herm es da Fons eca 403-867 votos , equivale a 240% do
12. 730votos .O votoe m separad odo sena dorW enccslauGuimarães atribuiu 2-1.521 total da r econtage m feita por Rui Barbosa. Houve estado s em que a fra ude foi tão
votos a Góes C alnion e 47.57 5 votos a Arlindo Leoni.,a K interes sante salien tar que ostensiva que, no total fin al proposto pela Câma ra, toda a votação do estado foi
a Assembléi a aprovou, primeiramente, o votoem separado de W encesla u Guima impugn ada. Por um lado, o núm ero de votos foi , com freqüência, superio r ao nú
rães, revertendo, posterior mente, sua decisão c proclamando governad or Góes mero de pessoas qualificadas para votar; por outro lado, os totais atribuídos ao
Calmon, que foi empossado. A disparidade dos resultados e o com portamento cand idato da oposição eram ridiculam ente baixos e, evidente men te, fals ific ados .
flutuante da Assembléia demonstram a ilegitimidade do processo eleitoral. No A corrupção eleitoral na R epública Velha era, pois, extensa. As e leições não
dizer de Sou za Sam paio (1966 :112 ): eram u m a questão eleit oral, mas um a questão d e poder. A uti liza ção do poder do
estadopelosgovernadores,ocontroledaAssembléiapeloseu partidoe a inst itu i
"O que se quer salient ar, porém, c 0 arbítr io da aritmética eleitoral c ie então. Nesse ção da verificação de poderes torn avam difíci l, s c não im possível , a eleição de um
ambiente, a sociologi a eleit oral não faz sent ido,pois ninguéin pode terce rteza quanto
candidato que não fosse apoiado pelo gov ernador. A norma, portanto, era que 0
aos números apresentados, pela simples razão de que não havia resultado exato
govern ador "fi zes se" seu sucessor: re tom ando o exemp lo da Bahia, vemos que,
nem da votaçã
bascava-sc em ataso falsas
do vencido,cujo
nemnúmero
do vencedor.
não se A cosabe ao
ntagem,
ccrlo de ummembros
... Os lado e dede
outro,
mui efetivamente, assim se passou:
tas mesas receptoras, por vezes sem reunir-se, pois o trabalho podia ser feito em
casa, eram os únicos eleitores, votando por vivo s e mortos. Sua tarefa era a de falsi “Lui zViana (1892-96) fazSevcrino Vieira (1900-04),qu ef azJos éMarcclino(19 0*1 •
ficar as assinaturas dos suposto s eleitores. " 08), e e ste faz Araújo Pin to (1908-1 2). Ai a corrente sc parte p ara r ecome çar com
Seab ra (1912-16), que faz Antón io Moiliz (191 6-20), que fa/. novam ente S eabra (1920-
Tabela I 2-1). Nova ru ptura n a cadeia... para r eatar-se com G óes Calmon (1924-28), que faz
Co ntage m de votos para presidente da Repúbli ca, 19 10 Vital Soares, em 1928, o qual faz re dro Lago cm 19Í 40." '
Resultados Candidatos Em todos estes casos , e também 110da quase totalidade dos governadore s
Herm es da Fonseca Ru i Barbosa que passaram pelos demais es tados, c impossível saber se os eleitos o te riam sido
Total pro posto pelas comissõe s 362.807 195.599 em eleições hones tas. A regra absoluta era a fra ude, que não era privil égio da si
To ta l pr op os to (m en ci on ad o por Rui) 341.594 126.392 tuação: a oposição tamb ém falsificav a os resultados, colocando -se o problema de
Total da recontagem feita por Rui 167.858 200.359 dois grup os — cada qual com 11111docum ento fal so que "provava” 11 sua vitór ia
eleitoral — preten dend o ocupa r as mesm as posições em cad a nível eleitoral: loc al,
Fonte: .Arc«s doCongresso.1910. w. 1,2.
estadual, federal, F-s sa dualida de atingiu o ápice em 1914, no e stado do Rio, e em
O autor agradece a Irene Moutinho a coleta destes dados.
1919, na Bahia, quan do tanto a situa ção quanto a oposição “ der am posse“ à sua
Assembl éia,que por su a vez elegeu o seu governador. A repeti ção de casos seme
Kste exem plo não deve induzir o leitor à crença de que a fraude e leitoral era
lhantes c a am pla difusão desses procedimentos demonstram a ileg iti midade do
um fenôme no exclusivo de alguns estados ou regiões. Nas eleições presidenciais
sistema eleit oral.
tam bém se observava, em nível nacional, uma extensa mo bilização para a fraude
Na m aioria dos casos, essas atitude s da oposição não chegav am a criar sérios
eleitoral. Em 191 0, nas primeira s el eições competitivas para a presidên cia da Re-
problemas para a situação, que impunha suas decisões. F.ntrelanto, em algumas
públi ca, se defrontaram Herm es da Fonseca e Rui Barbosa. Após as elei ções nas
circuns tâncias ,aoposiçãotinhacondiçõesdeenfrentarog ovem oestadual(exem
quais “tri unfou" Herm es da Fonseca, Rui Barbosa empreendeu urna recont agem
dos votos, paralelamente às inúmeras recontagens feitas pela Câmara. A plo s: o governo estadual esti vera em oposição à candidatura do presidente da
República; fortes dissidências no governo estadual passaram para a oposição; a
disparidade entre os vários resul tados demonstra a inexist ência de um padrão.
oposi çãocontava com oapoio de vário scoronéismilitarmentefoit es).Nessesca
sos, estabeleci a-se um impasse. Como eram , então, decididos esses impasses?
Vim Sninp.ii«). 1966:111. Sampaio dcscrevca continuidade governamental baiana na República
Vrllui, Mibli nhniulo a função « la fraude nela e o pape l da intervenção federal n as poucas inter-
u i | h,'ih Nilci.sa continuidade. 1:1Ver Sam pai o, 1966:111.
Foram vários os m ecanismos, entre os quais sali entamos os seguintes, que pare • A impossibili dade dc reele içãoconsecutiva para o governo do estado. Não fo
cem ler sido os mais comuns: ram poucas as vezes em que 0 sucessor, indicado pel o pró prio governador que
• acor do ent re as partes, con ceden do alguns privilég ios à oposição, cm troca da terminava seu termo, desenvo lveu aspira ções de d ominação perm anente, vol
pro cla m ad o, pela oposição, da legit imidade da situação. Km alguns casos, inte tando o aparelho coloca do à sua disposição contra o seu antigo protetor. Houve
gração dos e lementos mais relevantes da oposição na sit uação; tentati vas de bu rlar 0 preceito constitucional da não-reeleição, com o a de Júlio
• interferência do gove rno federal no plano polít ico, apoiada na aç ão lega l do Su de Castilho e, depois, a de Borges de Medeiros, no Rio Gran de do Sul.
premo Tribunal Federal , que não c ra independente da vontade do governo fede • In te r v e n ç ã o fe d e r a l. Os confli tos da política no ní vel federal tinham repercus
ral; sões no nível estadual . K mhora a norm a de conduta do governo federal fosse a
• con fli to armado, quase sem pre com a vitór ia do gover no estadual e esm agamen não-int ervenção e 0 resj)ei to pela autonom ia estadual, em algu ns casos o gover
to, com freq üência físico , da oposição. Não obstante, houv e casos de vitória béli no federal apoiou resolutam ente (leia-se, pela força) a oposição, inclusive den
ca das forças contrárias ao governo estadual .14 tr o dopartido dominante.N osestadoseconomicamentema isfracos,asposs ibi
Esse tema nos conduz ao terceiro instrumento de dom inação da oligarqui a lidades de intervenç ão federa l eram maximizadas, sen do mu ito alta a sua efic ácia.
estabel ecidano poder: • Cisões e recomposições. Com freqüência, um grupo situacionista, sentindo-se
preterido na distribuição de favores e cargos, passava para a oposição, obrigan

A violência do, em ramuitos


ou pa um a casos, n governoque
recomposição, estadual
impla apelar
icav apara a repressão
a redistri pura de po der, com
buição c simple
a par s
A violência contra a oposição, eleitoral ou de qualqu er espécie, cra prática
ticipação, inclus ive, dc elem entos oposicionistas.
relati vamentecom um na Repúbli caVelh a.Carone(1970:298-9)citaváriosexem
plos: • A fa s ta m e n to d o o li ga rc a p ri n ci p a l. O utro mecanismo de mudança era o afasta
mento do oligarca principal pela mo ric, natural ou provocada; pela ida para a
“acasado chefedaoposiçãodeAreia(Paraíba) ,queé cercadaporjagunçososolda capital para ocupar 11111 cargo, por exemplo, no Senad o Federal etc.
dos; é o coronel Valadão, que impede ;i entrada de oposicionistas no recinto eleito • A s " iv si st v n c ia s m il it ar es *. Em épocas diferentes, houve demonstrações de in
ral, é a policia ferindo membro s do Partido Republicano dc São Paulo, que se forma
satisf açãomilitarcom asoligarquiasdeváriosestado s.Foi,entretanto,duran te
para lu tar contr a o governo paulista e Campos Sales; r- a oposição de Maceió, que
nãopodese apresentaràseleiç ões;ou,comosedá em Araca ju,sãoasseçõeselei to o período presid encial de Herm es da Fon seca que essa insa tis fação, assim como
rais que começam a funcionar antes da ho ra legal, impedindo o voto dos oposici o as am bições políticas dc vários militares obtivera m firme apoio federal. Datam
nistas. Estes atos, que se repetem m onotona mente por ocasião dc todas as eleiçõe s, dessa época as famosas “ salvaç ões do N orte" que açam barcaram alg uns estados
provam a inutilid ade da ação de qualquer m ovimento oposicionista leg al." do Nordeste (110Ceará,porexemplo,ocoronelFranco Rabeloderrotou a oligar
quia Acioli, pelo uso da força), tendo havido tentativas em outros estados da
No nível das eleições locais (municipais 011 equivalentes), a violência tam
bém era freqüent e,c a probabilidade de m obil izaçã o da opinião pública nacional Federaçãodesu bstituirodomínio polí ticoda oligarq uia do pode rpelodomínio
como form a de defesa era muitíssimo m enor. Em cada eleição , a viol ência pol ítica polí tic o de u m ou mais m ili tares .15Infelizmente, essas intervenções não acaba
se fazia presente em centen as de mun icípios brasi leiros . ram com a p olítica oli gárquica; em mu itos casos, apenas, m uda ram o s olig arcas.
Portanto, 0 dom ínio políti co dc um e stado trazia consigo fortes meca nismos Portanto, a Repúbli ca Velha não se caracteri zou pela ausência de mudança,
de auto-sustentação. Como explicar,então,a mudança? embora as oliga rquias que dom inaram, c m diferent es épocas, a polít ica estadual
tiv essem uma duraçãoconsiderável ,atingi ndo,em algunscasos, décadas.Asm u
M u d a n ç a s n o p o d e r po lí tic o danças,porém, nãoforam n osúrte mo,reduzindo-seà substit uiçãodcum a oligar

Ainda que algumas oligarqui as loca is e estaduais permanecessem 110poder quia por outra, sem transforma r o sist ema oligárqu ico num sistema aberto, com
durante m uitos anos, houve mudanças. Entre as fontes de mudança, salientamos participação ampliada. A continuidade da política oligárquica foi possível pela
as seguintes: combinação de apar elho político mo ntado em bases estaduais —
11111 e, no interior

' ItiMtiim dois exemplos : em 1 906, 0 governado rde .Mato Grosso, Totó Paes. foi deposto e morto 1 0 r esultado freque nte das intervenções militares não foi o fim do sistema oligárquico nem a
ptfliir. impa i de Generoso Ponce, depois do cerco e lomada de Cuiabá; em 1914, no Ceará, o abertura democrátic a, irasa substi tuiçãodeum a oligarqu ia dominantepor outra.Muitos“c o-
li'ivi'1110l i mi 1. Kahelo fo i depos to pelos jagunços do padre Cícero . mnéis" do períod o democrático participaram das “salva ções mil itares".
dos estados, cm bases municipais — com um siste ma pro fundam ente desigual d e explicá-las, elas deixam de ser unida des, conjunto e totalidade, e torna m-se p nr-
clas ses, ancorado principalmente na distribuição extremam ente concentrada da te s de uma es trutura maior,
proprie dade da tetr a. Abaixo da oligarquia, a sociedade c ivi l era econom icame nte Não foi por acaso que essas caracte ríst icas predominaram num dado período
pobre e desorga nizada. Algumas outra s instituições com pode r dc mobili zação, da história política brasileira e não em outro, nem que elas tenderam a declinar
como a Igrej a, operavam então, em g rande medida, reforçando a oli garqui a. com o avanço d a urbanizaç ão e da industrialização, nem que esse declínio fo i mais
acelera do e completo nos estados que se urbanizaram e industri alizaram mais
A po lí ti ca ol ig àr qu ic a c o m o es tr ut u ra rapidamente; tampouc o foi po r acaso que sua influênci a foi e é maior nos estados
men os urban izados e industrializados, Essa estrutura, na form a em qu e se ve rifi
Desdea Repúbli cae,em algunscaso s,antesdela,encontramos algumascons cou. depende u da dom inação total, c não som ente políti ca, de populações rurais
tantes no sistem a político b rasileiro: pelos coronéis; da pouca re levância política das classes soci ais urban as organiza
• a dominação d a polít ica da m aior parte dos estados por um a oli garqu ia; das ,sobretud o a burguesia,a pequen a burguesia,as c lass es médias e a class e tra
• a reali zação periódica de eleiç ões,quase todas fraudulentas;/ balhadora; e da inexistência ile condições sociocconômicas que propiciassem o
• a existência de constituições estaduais. advento da ideologia com o elemen to relevante na política." Era necessário que o
jo go p o lí ti c o f os se u m j o g o e n tr e ig ua is , e n ã o u m j og o e n t r e o po st o s. A d if e re nc ia
I louve várias tentai iva s de explicar a dom inação oligàrquica deste ou daque ção sociocconômica em classes, se transform ada em oposição política consci ente
le estado, seja a partir de ca racterísticas pessoais do oligarca, seja através d e pecu pela ideologia, é incom patível com a política oligàrquica estáv el.
liaridades locais c estaduais. K ntre os fatores explicati vos estariam a habilidade
política do oligarca, sua capacidade organizacional, seus dotes oratórios, sua p er Características eleitor ais
sonalidade marcan te, o isolamento do estado, a incapaci dade da oposição para
unir-se, a monocultura especí fica do estado (açúcar num estado, borracha nou Sendo a oligar quia pouco numerosa, o jogo polí tico t eria que s er um jogo de
tro, café num terceiro etc. ). Kssas explicações, em bora possam contrib uir para poucos. E, efetivamente, foi assim. Segundo um a fonte estatística, em 1910, nas
elucidar Cer tas peculiari dades de u ma dada oligarqui a num dado mom ento, não primeiraseleiçõe spresidenciai scompetiti vas,compareceram àsurnas, em todoo
expli cam a oligar quia como fenôm eno general izado. O grande núme ro de oligar país. 7 07-65 1 eleitores, num total de m ais de 2: 5 milh ões de hab itantes: votara m,
quias dec reta a falência das explicações casuísticas, feit as par a explicar nina oli aproximadam ente,2,7%da popula ção.1 7O utrasestimativ asdã oresultadosainda
garquia só. E m 1900, por exemplo, encontramos oligarquias em vários estados mais baixos: 1, 6% em 1910 e 2 ,1% em 19M. Som ente em 1930 é qu ees sa percen ta
brasilei ros, a que cha marem os X v A,... X n; em outro m omento, 1920, por exem gem se elevou acima d c5 % ,s Em 19 19, havi a mais de 100 brasilei ros para cada
plo ,encontram os outro grupo d e oligarquia s dominantes,sendo poucas as que se voto dad o ao preside nte eleit o, em flagrante contraste, por exem plo, com as elei
mantiveram de 1900 a 1920 . Cham emos a este novo conjunto Z| ( £, ... Zn. Se to ções presidenciais de 1960, quan do havia m enos de 13 brasileiros para cada voto
marmos todos os momentos relevantes que incluíam muitas eleições, veremos dado a Jânio Q uadros, e as dc 1989. quando havia - 1,2 brasileiros para c ada voto
que a união de todos es ses conjuntos nos dá um conjunto maior, com u m grande dado a Fernando C ollordc Mello." Na Repúbli ca Vel ha, a concentração eleitoral
número de elementos, superior, talvez, a 100. Pretender encontrar explicações em cada estado era alti ssima: os candidatos recebiam, si stematicamente, maio
indivi duais para cada um desses elementos c perd er de vista o fato dc que eles rias absolutas. Nas eleições de 191 0, por exem plo, Herm es da F onseca recebeu
confor mam um a estrutura e de que são condiç ões muito mais gerais que permi 64% do total de votos das eleições presidenciais. Em contraste, Jânio Quadros,
tem explicar essa multiplicidade de fenôm enos. A exist ência, a estabilidade e a candidato que recebe u tremen da votação, obteve 48% d os votos nominais em 196 0.
persistência dessa estru tura r equerem explicações amplas e estáveis.
1,1A política oligàrquica, evid entem ente, leni conte údo e conseqüê ncias ideológicas, mais pelo
O leitor perguntará: "falávamos de oligarquia(s)
Porquê?" e agora aparec e “estru tura ”. que impede que se faça e menos pelo que faz. Entreta nto, por uni lado, o jogo do poder ó entre
facções oligárquicas; por outra, não há partidos com propostas ideológica s substancialmente
Porque estru tura significa partes inter-relacionadas. P ara explicar as olig ar diferentes. Assim, a sa/ fênc/a da ideologia c baixa, c o seu grau dc elaltoração, mínimo.
quiascomofenômeno generalizado, torna -se necessário, num a lógi ca gõddeliana, Ver Catone, 1970:9.
Nftir lora delas. Elas não explicam a si m esma s. Ao se sair das oligarquias pa ra w Ver Srhwartzman, 1970; e Franco, Oliveira & Hime, 1970.
w Er.i grande medida, esse aumento reflete a exlcnsão da cidadania elitoral, mas, em menor
medida, també m as muda nças na composição etária da população.
Tabela 2 Essa descrição do sistema políti co que caracterizou a República Velha, ainda
O d eclínio da política ol igárquica através da participação e leitoral i|ite sum ária, per mite a nalisar a política do período de 194 5 a 196 4 no seu contex-
A no N úm ero de b rasileir os por voto nas eleições presi denciais lo histórico e locali zar os antecedentes de a lguns dos padrõe s que caracterizaram
1919 >100 o período de 1945 a 196 4.
1960 13
1989 4 Mudan ça e continuidade sob Vargas
Esses dados , porém, não revelam a conc entração eleitoral no nível estadual, 0 deba te
a qual espelha a dom inação polít ica do estado por uma oligarquia. Segundo
O impacto da Re voluç ão de 30 na i nfra-estrut ura econômica c na organ iza
Schw artzm an (1970) e Franco, Oliveira e I lime (1970) , o candidalo presidenc ial ção política que carac terizaram a República Velha é questão controversa. I)e um
recebeu nos estados em que foi vitorioso altíssima percentagem dos votos (90%
ladOest ãoosque vêem aíum a verdadeira revo luç ão,tantosocioeco nómica quan
em 191 0, tend o por base 16 estados, 96% em 1914, tendo por bas e 10 estados, c to polít ica. Seria a antítese da Repú blica Velha, repre sentan do a hegemon ia da
«5% em 1930, tendo por base nove esta dos). Por sua vez , o candidato derrotado burguesia, segun do uns, ou a ascensão da s class es e setores m édios, segundo ou
nonívelnacionaltambém obteve maioriasabsolutasnosest adosqueo apoiavam: tro s. Dc outro lado estão os que consideram o regime de Vargas a simples conti
em 1910, 7 *1% na Bah ia e em S ão P aulo; em 1914.. 62% na Bahia; e cm 1930, 85% nuação d a República Velha. Ladosky (1962), por exemplo, afirm a que, no nív el
em trê s estados. Isso mos tra que a base eleitoral era, efetivamente, o estado. O municipal, os 15 anos de varguism o loram de po uca importância:
domínio polí tico do estado a carretava a garantia de um êxito ele itoral absol uto, “Os 15 anos de ge tulismo pouco ou n ada influíram na políti ca municipal. De
evidente men te forjado. As situações de equilíbrio elei toral, em que dois ou m ais dicando-se em suas reformas apenas ao homem da cidade, e sobre ele exerce ndo
candida tos recebessem votaçõe s semelhantes, era m infa ctív eis. Em conl raste, nas sua inlliiéncia política c econômica, seu fascí nio pessoal, o getulismo não foi ca
eleições de 1960, Jân io e Lott, po r exemplo, receberam votação sem elhan te em pa/ dea lterara estrutura soci aldoclã patriarcal ,e naspoucasvezesque otentou,
vários estados: no Ceará (189 m il e 184 mil), em Goiás (125 mil e 127 mil), em fracassou. Por falta de visão de nossa form ação social , não teve Getúlio Vargas a
Minas Gerais (692 mil e 6 80 m il) , no Rio de Jane iro (216 mil e 25 0 mil), no Kio capacidade de re nov ara estr utura políti ca da vida municipal . Se substituiu alguns
Grande do Norte (97 mil e 96 mil), em S anta Catarina (226 mil e 222 mil) , em chefes, f ê-lo por outro s, não alterand o a estrutu ra básica do clã, mas, pelo contrá
Sergipe (42 mil e 45 mil). Nas eleições presiden ciais demo cráticas de I«í-15 a 1964 ri o,for talec eu d o-o.Daísua presença ou seu afastamento não terna realidadein
e posterio res a 1985, houv e muito s casos de equilíbrio elei toral. Iflo la-s e, portan flu ído sobre os homens das pequenas comunas, os quai s, sem razões para aderi
to, no jogo eleit oral, uma diferen ça fundam ental entre a República Velha e o pe rem ou hostiliz aram, simplesmente esperaram o passar da onda, para voltarem à
ríodo democrático de 1945 a 196 4: enqua nto na prim eira o dom ínio políti co do situação de ante s de 30. A próp ria fraude eleitoral empreg ada nas eleições de 194 5
estadoasseguravasupremacia absolutanosresultadoselei torai s,naseg undaessa signifi cou simples repetição de m étodos clássicos de antes de 1930, varian do ape
garan tia não existi a. nas em alguns pequ enos detalhes técnicos. ”
A dominação políti ca dos estados, embo ra avassal adora,não era a mesm a em O período de Varg as parece ter sido mais i mpo rtante par a criar alter nativas
todas as partes. Km muitos esta dos, havia uma do minação total; em alguns, a polít icas novas do que pa ra des troçar as velhas bases socioeconômicas sobr a as
oposição conseguia fazer figurar um n úm ero razoável de votos; e no Distrito Fe quais se assentav a a política da República Velha. A contribuição de l.adosky f oi
deral, a unida de federal mais urba nizada, houve eleições competitivas: nas elei sublinhar o nível em que o getulismo teve o menor impacto: o mu nicipal .
ções de 1910 , o candidato m ais votado recebeu 51% dos vot os, enqu anto nos de
mais eslados o candidato m ais votado recebeu alta percentagem dos votos válidos . 0 fo rt al e ci m en to do se to r pú bl ic o
Esse dado é de importância estrat égica, poi s se trata de u ma exceção à regra da Como salient ou M ário Wagner Vieira da Cunha (1963) , a guerra de 1914 im
concen tração eleitoral. A explicação, no m eu ente nder, é simples: o D istrito Fede pli cou um a transferência do cen tro de decisões da política cafeei ra dc Londres
para Nova York e, em term os mais gerais, a quase hegemonia políti ca e econômi
ral era as unidade
li amo mais urbanizada
u m a propriedade da superiorFederação,
com área a e 10
nasmil
suashectares,
áreas rurais
ao só encon-
passo que as cadosEUA,cujapolít icaestavamaisorientadapara orelacionamentode governo
pequenas propriedades (101 hectares ou menos) representavam 32% da área tot al federal a governo federal. A própria guerra de 1914 inci diu sobre a estru tura polí
<‘iii contra stecom men osde 10 % no Am azonas, Pará, M ato Grosso, Goiás, Pia uí, tica brasileira, exigindo o fortalecime nto do Esiado c, em par ticular, das Forças
Ceará e Pernam buco .20 Armadas. Em consequênci a, houve um a grande ampliação do serviço públi co fe
deral. As pessoas cuja atividade principal era pública passaram de 186 mil cm
1Hiidi. «lo ictviwiimcnto «to 1918-20. apudCnrone, 1970:15-7. 19 20 para 483 mil em 194 0. Ass im, já em 192 0 havia uma classe bastante nu
me rosa de servidores públicos civi s e militares ligados diretam ente a o governo Noque tangeàsdespesaspúblicas ,a ju l g a r p oi os d a d o s c u id a d o sa m e n te c o m
federal e, conse qüen teme nte, afetados pelas decisões polít icas nacionais sobre as pilados e publicados nas Es tat ístic as h istó rica s <!<• Hrusil, a idéi a de que o gover
quais nào tinham qualquer control e, o que tamb ém p oderia fornecer o substrato no Vargas acabou com o federal ismo não corresponde à verdade. O grande de ter
de m assa pa ra m ovim entos e pa rtidos pol ítico s.** No então D istrito Federal, sede minante na alteração da relação entre os orçam entos dos diferentes nívei s de
do governo, O número de funcio nários públi cos dobrou em 2 0 anos, de 50 para governo não foi político nem interno: foi econômico e externo. À explicação foi a
100 miLK Ksse s funcionários c seus familiares pressionaram de form a crescente Grande D epressão , que reduziu a receita da U nião de $2.399.600 em 192 9 para
no sentido de uma revis ão do sistema políti co que lhes concedesse, de fat o e de $1.677 .952 em 1930 , 30% n menos. O s estados sofreram um a qued a de 16% , e o s
direi to, a cidadania plena, um a ve/ , que esses setores emergentes tam bém esta municí pios ,de apena s9%.Apercentagemda sdespesasmunicipaissobreasfede
vam excluídos d o processo político . A guerra de 1914 e o fortalecim ento do setor rais não se alterou m uito, após um a elevação em 1929. Já a relativa aos estados
militar desencadearam fortes pressões para a m odifi cação do sistema políti co,as pass ou de menos de Íi 0 % em 1919 para cerca de 80% c m 1929.
quais se traduziram, incl usi ve,em movimentos armados.' Assim, orçamentariamente, V argas não enfraqueceu os estados e os municí
pio s. Politicamente, fez muito pior: através dos interventores, o cupou os estados
A s finanças pú bl ic as e os principais municípios. A relevância da desce ntralização veio mais tarde: em
A d espesa dos estados, relativamente à despesa do governo federa l, não se 194 5, qua ndo se iniciou a redemocratização, os estados e m unicípios dispunha m
alterouna direçãoprevist apelateoriada centra liza ção:houveum crescimento da dem aiorautonom ia finan ceira,relativamenteaogovernof ederal .Orçam entaria
participação , sobre o total das despesas públicas, dos est ados e, secun dariam ente, mente,os princi pais estados tinham ma ior capaci dade de manobra,e o Brasil e ra
dos mu nicípios em 192 9, ano cm que se iniciou a Gra nde Depressão. Após esse mais “ federativo" depois de V argas do que antes dele.
crescimento, aspercentagenscontinuaram aosci lar,masnessepatam ar maisal to.
Figura I 0 caráter polí tic o da Revolução de 1930
Despesas dos estados e municípios como
Asforçassoci aisquem inaram a Repúbli caVelhaconjugaramseusinteresses
percentag em das despesas fed erai s co. m as facções da oligarquia que se se ntiram prejudicada s com a eleição de Júlio
Prest es. Nào foi um m ovimento pura me nte olig árqui co: outros grupos e clas ses
apoiaram-no, e suas conseqüências não se limitaram à transferência do poder de
11111 grupo oligárquico para outro. O estabelecimento de um corpo judicial inde
pendente, assim como de outras m edidas tendentes a moralizar as elei ções , de
monstraque asforçasnão-oligá rquicas cobraram,e obtiver am,o preçopeloapoi o
i\ revol ução. (Km 1930, os obj etivos das classes e setores cm expan são eram funda
mentalm ente po /ít ícos: a expansão d a cidadania,que incluí a o direito ao voto li
vre e secreto, e o fim da fraude e da corru pção eleitorais. A extensão da cidadania,
a moralização eleitoral e 0 fortalecimento do listado nacional nào interessavam a
nenh um a das facções oli gái quicas cm pugn a. 1
Não ob stante, o esque ma de forças que sustentou a Aliança Liberal, ao i ncluir
grupas olig.irq uicos, estabeleceu limites estreitos às refo rmas n o camp o socioeco -
nômico. A ol igarquia tamb ém cob rou pela sua participação. Não houve modifica
Aros çõe sfundam entaisna infra-est ruturaeconômica,tampoucoredistr ibuiçãodcren
da ou de propriedade. 0 primeiro ministério de Getúli o Vargas era constit uído,
majo ritariamen te, por antigos políti cos e por mem bros da elite econômica do país.
■'O s .-.iiU ouinscle insatis fação militar com a República Velha aparec eram já em 1915, com duas
HAoll,!'. A Revolução d e 1922 o os mov imentos de 192-1 no Amazonas, Rio Gr ande d o Sul e São Na Kazenda, José M aria Wh ilaker, banqueiro paulista; a Agricultura foi para /X s-
1'milo, niiula que com or ien ta re s políticas o socia is diferentes, em seu conjunto revelam um a sisBrasi l,estancieir ogaúcho;a pasta d oExteriorfico u com AfrániodeMeloFranco,
pi •»fimriii ii litiição «los setore s mi litare s menos conse rvador es com o siste ma pol ítico da Re pú- pol íti comineiro,mem broda oligarquia quedominava a Zona da Mata; 11aViação,
lillon Vçlliu. José Américo de Almeida, deputado feder al, que havia sido secretário de João
’ \Vi I tiithii, IO!»:!! 13. Os d ados incluem as atividades administrativas, públicas, e legislativas ,
t i» hisiirn, inclusive .i Defesa Nacional e a Segurança Pública.
Pessoa na Paraíba; no Trabalho , I.indolf o Coll or, dep utad o pelo PR gaúcho; na Capítulo 2
Educação,Francis co Campos,exemplo-secretári o do Interior no governo de A n
tônio Carlos em Minas Gerais; na Justiça, Osvaldo Aranha, político gaúcho, de
família de estancieiros; na chefia de Polícia. Bat ista Luzardo, deputad o liberta A política oligárquica
dor; n a prefeitura do Distrito Federal, Ado lfo Bergamini, exemplo-de pulado, di
retor de jornal .3 ' A análise das chefi as estaduais revela a pr esença de uni número
considerável de tenen tistas, militare s e ci vis, a qual foi a gran de concessão aos
setores em ergenle s feita des de o início do período de Vargas . Parece claro que
Vargas utili zou os tenentes p ara n eutralizar as oli garquias estaduais q ue lhe eram
hosti s, ma s os exclu iu da área federal."
Conceitos
A Revolução de 1930 não foi um a revolução so cial. A despeilo do seu c aráter
político, ela foi importante para o período democrático por, pelo menos, qualro A herança política da Re pública Velha forneceu a b ase a parli r da qual se formou,
razões fundamentais: gradu alme nte, o sistema partidário brasileiro. Sublinhei, tam bém , a signif icação
polí tica do s eslados e as implicações da exten são da cidadan ia às classes médias e
• elevou o ní vel das aspirações de participaçã o polí tica de um a considerável m ino
populares. Essas análises, entretan to, não tratar am da políti ca oligárquica no ní -
ria de brasilei ros, na medida em que perm itiu elei ções em 1933 / 3 4 , nas quais vellocal. O s estudos nesse nível são importantes p ara a com preensão da pol ít ica
mu itos vícios eleitorais da R epública Velha foram abolidos; no ní vel esta dual; ainda que a polí tica dos estados tenha perdido mu ito da sua
• durante a crise de 1929 c a II Gue rra M undial, acelerou-se a industrialização do sig nifi caçãono decorrer dop eríododemocrático,m uitascaracterís ticasda antig a
país . Al é que ponto ho uve umap oM ica deliberada de industrialização, à parte polít ica sobreviveram. Essa sobrevivência foi faci litada pela lentidão da s m uda n
dos processos não dirigidos, é questão controversa, parecendo que, no Estado ças no n ível local.
Novo , se esboço u um a p o lí ti c a de indust rial ização que anteriorm ente não exis Os estudos sobr e poder local no Brasi l deram ênfase à dependência da polí ti
tia;
ca municipal e m relação à política estadual e à federal. Kl a é just ificada: tom ado
• criou-se um a es trutura sindical «p ie, embo ra controlada, foi um p oder oso ins comounidade,om unicípioera dependente,tanto finance ira quantopoliticamen
trumento de mobiliz ação da classe t rabalhadora, sem o que os partidos anco ra te, de decisões tomadas em outros nívei s. Essa dependência £ variável, evidente
do s nessa classe, sobretu do o P TB , não teriam tido, já n as eleições de 1945, um mente, m as, cm princípio, o conceito se apli ca a qua lquer município. A recíproca,
apoio numericam ente sig nif icat ivo; obviamente, não é verdadeira: nenhum governo estadual depende, em extensão
• o fortal ecimento políli co do E stado nacional e a diminuição do pod er po lí ti co conside rável,dcum municíp ioparticul ar.M esmona sgrandescapitais,comoSão
dos estado s facilitaram a organização da política ao redo r dos interess es de cl as- Paulo e Belo Horizonte, os governos estaduais foram e con tinuam a ser, finance i
ses nacionais, estreitando os horizontes da política oligárquica. Ampliou-se o ra c politicamente, muito m ais sólidos que os municip ais. Não obstante, o modo
escopo da política nacional e, em grau m enor, da política estadual. A l inha de polí tico poliárquieo e tradicional, característico dc m uitos estado s brasileiros, re
clivag em política, que er a entre facções da me sma oligarquia, passou a ser, par pous avana polít icaolig árquicamunicipalconsi deradaum sisíenme nãopode ser
cialmente, entre classes sociais diferentes. Esse processo continuou durante o entendido se m referência a ela] Foi exatam ente a existência, em cada estado , de
período democrático e ainda estava longe de conclu ir-se em 1964,sobretudo no políticas oligárquicas cm dezenas ou centenas de municípios que possibilitou a
nivel municipal. suprem acia da política t radicional no nível estadual, em de trime nto de um a polí
tica mo dern a, ideológi ca, baseada n os interesses de classe ou de desenvolvimento
nacional^A políl ica de muitos esta dos brasileiros teria sido muito difer ente se a
polít ica municipal fosse caracterizad a por u ma ampla pa rticipação políti co-clc i-
' A compo sição de classe da lideraiH.-ada Aliança Liberal foi analisa da por lio ris Faust o (1970}. loral dos seto res sociais me nos favorecidos, se não houvesse dom inaçã o de famí
qu r também sublinhou a s suas vincnlaçõcs com a propriedade « la terra e a existência, no seio
lias tradicionais e se os parlidos polít icos represen tassem os interesses de dife
ilolii, de ' ;■ ri os cacique s políticos da República Velha. Ver ta mbém Malta, 1969:-t7.
’ 1 Afolia de influência dos tenentist as nas decisões federais parece ler sido fiuida nicnt.nl para a rentes classes sociais, e não de diferentes famílias oligárquicas e tradicionais.
iuplurn de vários tenentistas com Vargas; a falia de poder dos dissidentes também par ece expli- Evidência disso era o alto grau d e conce nl ração eleitoral de boa p arte dos elei tos
• i r »|»i<ln de lni| *oto tio tenentismo após os prime iros anos do per íodo Varga s. para as assem bléias estadua is, cuja base eleitoral era gcogi aficamenle limit ada,
baseada na dominação politico de um ou poucos municípios. Sem a política i mi a relativa continuidade da do minaç ão das famílias tradicion ais c, cm alguns
oligárquica local ,some nteseriam eleitoscandidatoscujoescopopolíticofossemais caso s,a dependênc ia dessa dominaçãoem rela çãoà concentraçãoda proprieda de
amplo. Ksses candidatos normalm ente representariam idéi as e interesses rele da te rra.2 5
vantes p ara eleitores de m uitos municípios. As ideias capazes de ca talisar eleito A própria exist ência de m uitos est udos sobre o poder local no Brasil i ndica
res geograficam ente dispersos fre quentem ente são de nível ideol ógico, e os inte quehavia (ehá) um /jadrà odepolítica lo cal ,herança do passadopolít icodopaís .
resses capazes de mobilizar elei tores igualmente dispers os f reqüentem ente são Mesmo aceitando que houve uma contam inação da amostra, no sentido de que
de classe. É , pois , ne cessário estud ar a política loca l. vári osdessesestudos teriam buscadoexatamenteos municípiostradic ionaispara
pesquisar, considero o resultado do c onjunto cie estudos de mo nstraçã o sufi ciente
A sobrevivência da infra-estrutura soc ioeconôm ica rural da existência de um padrão generalizado .26
Todavia, a man utenção da infra-estr utura econômica rural não 6 o único ca
A estrutura socioeconôm ica que gerou o sistema político da República Velha minho par a a política oligárqui ca. A diversidade de situações em que foi encontra
não desaparece u com o advento da Revolução de 1930, nem com a ditad ura Varga s, da a pol íti ca oligár quica, em que foram observadas sua sobrevivê ncia e sua deca
nem depois de quase 20 ano s de experiência democrática e continuava vi va de dência, nãod eixa luga r a dúvidas: não há fórm ula única para explicá-la . São vári os
pois de 21 anos de ditadura militar. Evi dentemente, el a não perm aneceu imutá «is camin hos qu e conduzem à política oligárquica, e são vários os caminh os da sua
vel : longe disto. O país se urbanizou rapid am ente e iniciou sua de colagem indu s decadênci a. A m anutenção da infra-estrutura rural caracterizada pela concentra
tri al, que se fez acompa nhar d e outras modifi caçõe s fundamentais, sobretudo na ção da propriedade agríco la não é o único caminho para a polí tica ol igárq uica,
estrutura d e clas ses. A estrutura agrári a, não obstante, transformou-se be m m ais emb ora tenh a sido, de longe, o mais freqüen te. I lá pelo menos dois outro s contex
lentam ente. A modificação mais si gnifica tiva, durante o período dem ocrático, não tos propícios à politica oligárqui ca: a concentraç ão do pod er econômico não-agri-
foi a transformação d a estrutura agrária,mas a redução de sen peso,de sua sign i cola e o cartori alismo. Os estudos sobre poder loca l perm item um a tentativa de
ficaç ão, provo cada pela urbanização c industri alização. Km alguns e slados, cres tipologização e teorização, comi » se segue .''
ceu a agricultura come rcial e industrial. No período demo crático, as modificações
no interior da estrutura agrária foram moderadas e geograficamente lo cal izad as: A influênci a da pr op ried ad e desigual e da signifi cação
elas afetaram , sobretudo, o Sudeste e o Centro-Sul .
eleitoral das zonas rurais
Asobrevivênc ia dessa infra-eslrulura socioe conômica preservou alguns dos
padrões políticos (que cara cterizara m o Império e a República Velha), sobretudo Osprimeiros estudossobrepoderloca lforam fei tos em áreasond ea proprie
no nível lo cal e estadual. Evidentemente, a questão n ão se coloca em termos de dade da terra estava concentrada n as mãos d eum a ou de poucas famíli as, levando
tudooun ada:algunsdessespadrõessobreviv eramquasesem alt erações ,enqu anto seus autore s a um a generalização.2 * K gran de o núm ero de estudo s que chegam a
outros experime ntaram adaptações às novas estruturas polí tica s mais am plas, à conclus ões semelhantes, sugerindo que esta é a form a mais com um do coronelismo
nova legisl ação eleito ral, à ampliação n a participação eleitoral. A área d e dom ina
ção desses padr ões politicos se contraiu, devido à integração progressiva de cen Ver Silva, 1957: Azevedo, 1960; Costa, 1955; Cru/, 1959; llarris, 1956; Hutchinson, 1957;
tenas de m ercado s políticos locais ao mercado politico estadual, e des te ao merca Pieison, 194«; e Araújo, 1955.
do polít i co nacional. Foi a crescente im portância des se merc ado político nacional, • Vários desses estudos foram antropológico s, orientados para estudar p equenas comunidades
tomo tal, algumas vexes buscando comunidades isoladas, outras buscando aquelas em transi
relativamen te à totalidade da política brasileira, que conferiu im portân cia igual
-lo, sen; que a estrutur a polflic a da comunidade fosse o objeto inicial da pesqui sa.
mente cresc ente aos partidos politicos nacionais. A descrição das conseqüê ncias •' Égra nde o débito que a ciência política brasileira tem com a Universidade Federal ile Minas
polít icas da interação e do isolamento económico dos municípios é um campo i!ora is e, cm par ticular, com a Rev ista Brasi leir ti í/e Ksludas Políticos e com Orla ndo de Caiva-
privileg iado da sociolo gia polít ica brasileira: desde a década de I960, en contram - I ui, que estimularam uma série d e estudos sobre o |>odcr local cm diversos estado s do pais.
se à disposição do s analistas politicos mu itos estudos sob re po der loc al. Vári os Ainda aceitando, como aceito, a crítica de José Murilo de Carvalho dc que a maioria desses
deles sublinharam a ausência de mudanças sign ific ativ as na vida polític a de m u fsludos carcce de u ma lioa orientação teórica e utilizava metod ologia elementar, tomados em
nicí pio sque eram dominados porum a ou duasfamíli as.Asanál isesda políti ca de conjunto cies permite m uma compre ensão e uma primeir a tentativa dc teorização sobre a polí
tica oligárquica tio n ível municipal, bem como sobr e a sua decadência. Vale também subli nhar a
( 'nehoeira do Campo , São João Evangelista, Cerra do e Retiro, em Mina s Gerais; Importância da obra pioneira de Vietor Nunes Leal (194 8), que orientou r continua a orientar,
de Kio Rico , M inas Velhas e Vila Recôncavo, na Bahia; de C ruz das Alm as, em São numa direção profícua, muitos estud os de p oder local no Brasi l,
1’uu lo; e de Passagem Grand e, em Alagoas, para citar apena s alguma s, sublinha •’1Ver, por exemplo, o trab alho pioneir o cie Cid Rebelo I torta (1956).
i*da po lítica oligá rquica .*'1 Não obstante, é necessário sublinhar que a concentra mas as decisões municipai s dependem mais das forças urbanas e industriais or
ção ti a propriedade n ão é condição suficiente para que a política seja oligá rquica. ganizadas do que da propriedade da terra. Os coronéi s controlam a área rural ,
Ilá outra s condições, presentes no s casos estudados, que po ssibilitam esse modo mas os votos urbanos são mais numerosos. Poderá haver dom inação da pol ít ica
pol íti co.Uma delasca proclamada subm issãopolí tic a doscam poneses .30A resis 1m al pelo pro prietário, mas ela é pouc o relevante para a política municipal devi
tência é possível, mas não foi freqüente 110 período. do à peq uena significação da agric ultura na eco nomia e dos votos rurais nas elei
O poder polil ico da propriedade da terra depende, por um lado , do peso eco ções. Essa é uma situação instável para 0 coronel , um a vez que a estrutura eco
nômico do setor agrícola na econ omia local; por outro, da importânc ia dos votos
nômica favorece a participação de trabalhadores agrícolas em ativi dades
rurais no total do m unicí pio. É um a equação multi pli cati va: se um dos term os for
não-agrícolas, escapan do assim ao jugo políti co do fazendeiro. A dominaç ão po
zero, não haverá política o ligárquica. A apresenta ção dessas situações em form a
lí ti cadom unicípi op orou trasforçaspoderá levaràconscientizaçãoeà mobil iza
tabular ilustra essas considerações:
ção dos trabalhadores agrícolas numa extensão totalmente fora do controle do
Tabela 3 fa/endeiro. A sobrevivência do p ode r polít ico do fazendeiro, nesse s casos, est á
Situaçõ es para a análise da política munici pal condicionada a um ccito isolamento social da fazenda. Trata-se, com freqüên
Signifi cação do eleitorado rur al Con centraçã o da propriedade agr ícola ci a, de fazendas que, estando administrativamente de ntro de um municíp io,
no eleitorad o total do município Alta Baixa Kcoeconomicaniente estão fora dele. Na si tuação B , a solução perigosa, ali ás,
Gra ndc Oligarqui a hegemônica Poliarqu ía rural para o fazendeiro — é mobilizar eleitoralmente os trab alhad ores agrícolas .
Pequena Dominação urbana, Poliar quía urbana • Poliarquía urbana: nenh um a da s condições para a política oligárquica *e r eal iza .
oligarq uia presen te Primeiro ,apolít icamunicipalnãodepende dosetorrural;segundo,sendoa pro
priedadehem-distr ibuída,nãoh á oligarquia com base na propriedade desi gual .
Kxemplifiquemos a tipol ogia:
• Poli arquia rural: o município é rural e agrícol a, mas a pro priedad e da terra é
• Oligarquia hegemônica: é a mais propícia para a política oligárquica. Ilá con l>em-di stri buída . Os votos rura is são majoritários. A suprem acia eleitoral da zona
centraçãoda propriedadeeosvotosruraissãom ajori tári os.Outrascoisassendo rural não cond uz à política oligárquica no nm nicipio porque não há oligarquia. É
iguais , o pêndulo político tende a favorece r o fazendeiro, porqu e a domina ção da ilustrada pelo distrito de S anta Felicidade.
economia signi fica que a m aior parte da população depend e dele. direta ou indi
retame nte. Com binam-se o controle da econ omia e a insignifi cância do vot o ur Xão obsta nte, as con seqüências políticas dessas m odifica ções econôm icas não
bano, semp re mais difíc il de controlar . Rsles são os m unicípios fundamentalmente m io imediatas. Em muitos municípios brasil eiros, a infra-estrutura econô mica
agrícolas, rurais, domi nad os por um a ou m ais famílias l radicionai s. mudara, m as o corone lismo político n ão. As forças urban as, contrá rias ao coro
• Dominação urban a, oligarquia rural presente: agricultura e pecuária com con nel , ainda não h aviam co nseguido conscientizar, organizar e mobilizar o eleitora
centração da propriedade,m as n um município urbanizado e industr ializ ado,no do urbano. É a “sobr evivência" do po der do coronel, que já não se pod e expl icar
qual, por um lado , a maioria da população econom icamente at iva está 11a indús pela sua heg emo nia econômica. A tendência histórica, segundo a n ossa teoria, é
tria; por outro, os votos urbanos são majoritários. Evidentem ente, o controle da de ocaso do coronelismo.
propriedade d a terra, n essas cond ições, não conduz ao controle polí tico do m u
nicí pio como um todo. O coronel poderá - se eliminarmos o efeito pol íti co da
Análise de caso desviado: S anta Felici dade, distrito
interação cie camponeses e operários 31 - domin ar poli ticamente a zona rura l,
.i jj rí col a sem coron elism o
* 1’ai.i revisões críticas dos estudas sobre pode r local no Brasil, ver Carvalho, 1968/69' Comes
Ui Costa, 1968; Packenliam, 1965; eTabak, 1971. A análise de casos desviados pod e iluminar o corpo central de u ma teoria.
’ t omo to do o nuindo, em certas condições os camponeses se rebelam. Para uma análise de Santa Felicidade é um caso desviad o porque, se ndo um distrito agrícola, não ti-
algumasdas ptincipaisrevoluções camponesas, ver o monumental ir;-baili o de Barrington Moore nlia uma política oligárquica. O estudo detalhado de Santa Felicidade permitiu
.Ir, (1 967). A história lalino-americana está repleta de revoluçõ es indígenas e camponesas como
la var mais adiante ateorizaçãosobrea polít icaoli gárqui ca,com eçandopela con
drmon.Miou Ilui/.er (1972). Eu, juntamente com Jane Collins (1982), critiquei as leses
« . 1nclidislas a rcspeilo do comporta menlo político dos camponeses. clu são bastante óbvi a de que o c aráter rural de 11111distrito não c cond ição sufi
" i Ma inl.Ta^iloé fundamental. James Potrase Uaur ite Zeitlin (1970). nume slud ode mineiros ciente par a que ele seja poli ticamen te oligárquico . San ta Felicidade, distrito si
1."licais chil enos, dcinonslraram que o radicalismo mineiro se expandiu aos municípios rurais
v m I i i I i o n .
t
tuado n 9km de Curitiba, di fere da série de esludos de política lo cal que dem ons • niio se observou a con centraç ão de votos nos dois partidos que repr esentav am a
tram a dom inação clara e indi scut ível do uma oli garqui a. Santa Felici dade é de situa ção e a oposição do período anterior a 193 0;
fundação relativamente tardia e, o que tal vez s eja mais im portante, foi fundada • os partidos políticos dom inante s se alternara m no |>oder eleitoral, com o domí
por um grupo de imigrantes, não comprometidos com a estrutu ra políti ca loc al . nio ora da UDN. ora do PTB, ora do PSD, ora d o PDC .
Santa Feli cidad e era um a áre a predom inanteme nte agr ícol a, ainda que outros se- • liti notória a ausên cia dos no mes d e famílias tradicionais entre as pe ssoas eleitas
toresd e atividade participassem fortem ente na com posição do eleitorado. Km 1963 , c foi substan cial a votação para cand idatos nascida s fora da área. Isso contrasta
38% do s elei tores de Santa Feli cida de estavam ocupados no setor primário e 24% com a hegemon ia de um só partido, caract eríst ica dos municípi os com u m pas
no setor de servi ços, enquanto 18 % correspondiam a atividades domésti cas. A sado político plasmado pelos padrõe s dominantes na República Velh a.
propriedade da terra era bem-distri buida, o que não era com um en tre os municí
Os dad os sobre Santa Felicidade aqui utilizados derivam de dois estudos de
pios agrícolas estudados. Havia, também, uma crescente aproximação política e
Alt iva Pilatii Balhana (1958 e 1969). Destaco um a conclusão fundam ental da au
econômica com a cidade de Curitiba,cm conseqüência da exp ansão desta cida de.
tora:
Em ce rto sentido, Santa Felicidade era parte do merca do polít ico curitibano (era
um distri to elei toral de Curitib a) e desd e seus primórdios foi parte do mercado "a participação « la comunidade de Santa Felicidad e na vida política nacional ocor- ,
econômico representado por Curitiba. Não exis tia , portanto, isolamento. Como ieu na me dida des un integ ração na vida metropolitana «l c Curitiba. Sua efetiva in
seria de espe rar, não houve, na história política de Santa Felicidade, hegemon ia tegração naconjiintura polí tica analisada des envol veu-se, puis , paralelam ente ã sua £1
oligâr quica.Imediatam enteapósa abe rtura democrática em 19 45 ,não foiconsta integração econôinico-so cial na vida da Capital Paranaense."”
tada a tradici onal dominação eleito ral de um ou dois parti dos, esim uma vota ção Estes são dois ponto s funda me ntais. A exis tência tl e um merc ado político iso
bem distribuída entre três partidos principa is, ampliada, poster iormente, a ou lado é condição p ara a políti ca oligârquica. Quando o d istrito eleitoral é parte de
tros partidos. Nas eleições de 1945 para a Câmara Federal, a UDN recebeu 30% um m unicípio maior c urbano , a oligarquia rural não tem possibilidade de ut ilizar
dos votos válidos, o PTB, 23%, e o PRP, 21 %. O PSD e o PR, 10 % cada um, e o
diretamente o poder municipal em benefí cio pr óprio. A i ntegração em mercados J
Partido Comun ista Brasileiro, 6 %. ü período seguinte fo i m arcad o pelo descenso
políti cos m ais amplos, sobre os quais a oligarquia socioeconômica local não tem ,2
da UDN e pelo ascenso do PT B, que passou a ser o parlido dom inante em Santa
cont rol e, impli ca a a lteração do esquema de poder interno da regi ão. O isol amen- \ a
Felicidade. Essa dominaç ão foi mantid a até 1954. Ki n 1958, o PI)C passou à posi
to e a auto nom ia protegem a política oligârquica, concede ndo-lhe mais recursos V)
çãode partidom ajorit ário,com53%d osvotosvál idos ,situaçãoqueduro upouco.
ü, conseq üentem ente, maior p oder à oligarquia. A integração impede esse acrés-
Em 1962, o PSD passou à posição de partido majoritário, com 3 4 %, seguido de
Olmo de [Kid er nas mão s da oligarqu ia e abre a poss ibilidade de que fo rças exter
perto p elo PTB, com 32% do s votos vá lido s.
nas passe m a atuar na região. Os partidos políticos, bem com o out ras forças so-
Nas eleiçõe s estaduais , observou-s e igualmente um a contínua m udança no
cia is organizada s, passam a se interessar pela política l ocal, procurando
partido do minan te: em 1947, o PTB recebeu 37% dos votos válidos, seguido pelo
irregime ntar e mobilizar possíveis partidários, liste último ponto c importante . ^
PSD,com 2 0 %, c do PRP, com 19%; em 195 0. man teve-se a ordem , alterando-se
<>.sestudos so bre poder local enfocam a política municipal a partir da oligar quia. U
as percen tagens, que foram 28, 26 e 13 %, respectivamente. Nesse pleito, a UDN
Implici tamente ,dá-sep orgarantida a passiv idadedosdemais. Entretanto,a pol i
surgiu com 13% e o PTN co m 10 %, ou seja, já em 1950 houve consideráve l disper
tlea tradiciona l implica cumpfínnce, uma c erta aceitação, nem se m pre passiva, da
são eleitoral. Em 1954, o PSD obteve a maior ia dos votos ( 57%). mas, em 1958, o
hegemonia oligârquica por parte dos dema is. Ta l aceitação não é um fato natural
P TB vol tou à |x> siç ão de coma ndo, seg uido j>e lo PI. c pelo PSD , posição que ma n
teve em 196 2, seguido, desta vez, pelo PDC e pela UDN. «la vida. A rebelião tam bém e pos sível. Quand o não h á contato co m o exterior, as
fon tes d c rebeldia encontram-se afastadas e sua comunicação com os campone-
Nas eleições municipais, que refletem c om m aior fidelidade a es trutura local
ie s estão cort adas. A comunicação entre o exterior e os camponeses é feit a ra
<le poder, o PTB dom inou até 196 2, quando o PDC surgiu como p artid o ma j oritá
rio, seguido pelo PSD. pés da oligarqu ia, que a m edeia ã sua maneira. Quando há integração com um
Algumas caracter ísti cas distinguem Sa nta Felicid ade das áreas dom inadas mercadoeconômicoexter no,essacom unicaçãoseestabel ece.Quan do háintegra
|K>r um a oligarquia polít ica c que foram e studad as naquele perío do: çã o com um mercado polí tic o externo, essa comunicação pode ser intencional
mente estabe lecida e o seu conteúdo orientado exatame nte no sentido de rejeitar
• nas prime iras eleiçõe s livr es, em 194 5. não s e observou a tradicional co ncentra
ção de votos no partido que represent ava a olig arqui a domin ante na Repúbl ica
Vellm; " Halhana, 1909:260.
a dominação oligárquica e, conseqüentemente, romper com a estrutura de 110 do estad o, deixando a lide rança (política e econômica) local a cargo de seu
comp/ícince .33 lil ho, Paulo Pinheiro da Silva; qua ndo este se afastou, transm itiu o man do ao cu
nhado, Aug usto Ferreira, que posteriorm ente o transmitiu a Israel Pinheiro da
A con centração da propriedade não- agr íco la Silva, que foi preside nte da Câm ara M unicipal. Com exceção do pró prio João Pi
nheiro, qu e chegou a Caeté com reputação políti ca nacional, a política loc al fun-
No Bras il, a dom inação da polí tic a municipal por u ma oligarquia está quase 1lon oii como treinam ento e degrau na carreira política dos m em bros da família
semp re vinculada à concentração da propriedade agríc ola, mas nã o é som ente a Pinheiro.
propriedade agrí cola que p ode con ferir hegemonia política ao proprietário. Nos
EUA,onde são com uns os distritos cuj a economia gira ao redor de uma indúst ria, A divisão das funções po ii ti ca s p o r nív ei s el ei to ra is
alguns estudos demonstraram que ;i hegemonia polít ica acompan ha a dom inação
econôm ica através da indústria. IIá que d istinguir entre explicação e incidência. Alguns líderes ol igárquicos adqu iriram um a projeção política que transcen-
No Brasil , o caso mais freqüente é o da propriedade da terra que conduz ao con drii os limites do município, ingress ando na políti ca estadual e, às vezes, na fede-
trole polí tico; nao obstan te, a expli cação reside na propo sição mais geral de qu ea 1nl. Cabe, entã o, a pergunta: conseguiam esses líderes m ante r a hegemo nia polí ti-
111 no município sem participar nas eleições municipais? E, cm caso positivo, em
propriedade concentrada d os m eios de produção fac il it a o co ntrole polí tic o. Se a
que condições? A história «l a República Velha é rica em exem plos negativos 110
atividad e econômica loca l girar ao redor da terra, então será a propriedade da
nível estadual Vá rios caciques polít icos estaduais, eleitos par a carg os federais
terra que oferecerá ma ior probabilidade de controle polí ti co; se for um a indús (deputado federal , senador) ou escolhidos para partici par de ministérios, for am
tria, será a pro priedad e da indústria . Pesquisa realizada no município de Caeté
por Celson José da Sil va 51traz im portantes contribu ições para o estudo da políti uibstituído s na chefia po lítica estadual pelos sucessores que eles indicaram. Iro
ca oligárquica e de seu declínio, porq ue a política oligárquica cm Caeté n ão deri nicamente, muito s dos sucessores alijaram os antigos caciques do pode r polít ico
estad ual,mesm olendo sidoescolhi dosa dedopelospróprioscaciques .
vou da propriedade da terra, c sim da propriedade de uma das princi pais fontes
de riqueza lo cal , a Cerâmica Joã o P inheir o, em con junção com a util ização de I lavia um a condiç ão que facili tava essa substituição na R epública Velha: a
fontes externa s de po der político, no nív el estadual e no nível federal, em benefi infra-estrutura econômica, na m aioria dos casos, obedecia a u ma divisão
cio da política oligárquica local. A política de Caeté teve em J oão Pinheiro, figura olif .op óli ca ent re caciques que dom inavam d iferentes áreas do estado. R arame nte
política de relevância nacional, seu g rand e expoente. Kssa relevância implicou a 11.1via um ca cique com heg emon ia econômica em todo o estado. A inexistência de
criação do vinculo en tre a política local e a políti ca em níveis mais elevados, o que hegemonia econôm ica dificult ava a dom inação política. A concentraçã o do poder
foi fundamental para a sobrevivência da política oligárquica quando suas bases econômico públi co no nível estadual garan tia ao executivo estadual u m a forte dose
socioeconômicas estavam se esfacelando. João Pinheiro estabeleceu em Caelé a de poder real difí cil de enfrentar. Um a vez fora do pode r estadual, era dif íci l para
cerâmica queainda tem oseu nome,num momentocm queCaeté ,ent ãoum mu um cacique mun icipal ou regional enfrenta r o “usurpador’’ . Som ente nos poucos
nicípio essencialmente rural, encontrava-se cm claro declínio econômico. Üii- 1iiMjs em que a infra-estrutura econômica do estado estava nas mão s de só um a
ran te várias décadas, foi esta a atividade produ tora m ais relevante do município, pessoa ou família é que este indivíduo 011clã linha condiçõesdeenfrentaro poder
e seu controle permitiu à famíli a Pinheiro o controle polít ico do município, dan il<>pre side nte estadual.
do-lhe condições para a projeção políti ca em nívei s mais elevados. Km 1920, Caeté No nível municipal, a situação era diferente. As reduzidas dimensõ es do mu
linha u ma população total de 17 mi l habitantes. Se gundo as cifras do Censo, havi a ni cí pio , em com paração com o estado, permitiam um n úmero m aior de casos de
dominação econômica por u m a família. O po der financeiro do prefeito estava li
aproximadam entemilpessoasocupadas na indústria.Duasestimativasfeit aspor
mitado pela pequena escala dos orçam entos municipais. Em muitos casos, o
pessoas di ferentes levam à conclusão de que a maioria dessas pessoas trabalhava
na cerâmica.K conomicamen te,a Cerâmica João Pinheirodominava o municíp io. oli gar ca local mantinha vínculo s de dom inação econômica co m um núme ro mui
to maior de pessoas do que o prefeito. Tais condições descrevem boa parte dos
Vários mem bros da fam ília particip aram ativa me nte da pol ítica, incl usive Israe l casos. Kntrelanto, elas não são nec essárias par a que exista política oligárq uica.
Pinheiro, de grande e xpressão política. Km 1906, João Pinheiro foi para o gover-
II á muitos exemplos de manutenção da dominação no nível munic ipal por uma
oliga rquia dedicada à política estadual e federal. Dois mecanism os explicam m ui
" Sobre o conceito do compliance, ver Elzioni, 1961. tos desses casos: a divisão de funções políticas entre o s oligarcas e seus p repostos
11Atfnuleso a CYl son Jos é da Silva muitas infor maçõ es relativas a Caeté, ass im como a pe nnis-
locai s, e a utilizaçã o, 110 município, de re cursos obtidos no nível estadual e fede
.m p.iin utilizar alg uns dado s ainda :ião publicad os.
ral.Oprim eiromec anismo não provocava confl itoentreosoligarcaseospropost os, h m ia política estadual c federal .36 Na República Velha, a intervenção federal,
e o segund o legit imava a oligar quia através dos recursos que levava para o m uni iib crta ou disfarçad a, foi muitas vezes deci siva na deter mina ção do cu rso polí tic o
cípio.
.! .r i- seguid o pelo Esta do .87 A mesm a observação é válida no nível municipal. A
A divisão das funções polilicas se aplica a Caetc. A participação da famíli a habilidade de u ma elite política para canalizar recursos federais e estaduais para
Pinheiro na política cm níveis ma is elevados gerou a n ecessidade de deix ar a polí 0 municíp io constitui uma fonte direta de poder polít ico e um a fonte indireta dc
tica loc al a cargo de terceiros, no caso, o coronel Jo sé dc M ello, figura associada à prest ígi o. Na literatura sobre o poder local , são freqüen tes as referê ncias ao pres-
famíl iadominante,qu econtrolousecundariamente a pol íti caloca ldura ntemuito 1Igio que u m determ inado líder político obteve por ter ‘conseguido” um a estrada ,
tempo. Sua influência se fez sentir, incl usive , depois de 194 5. A ascensão d c José um ginásio etc. \A util ização de verb as c em pregos pú blicos estad uais e federais
de Mello na poli tic a de Cact é iluslra também o impacto dos poderes estadual e mu objetivos políticos pessoaisuião foi e nem é infrcqiicnte na política municipal
federal sobre a polít ica loc al . Josc de Mello havia apoiado o m ovimento renova l>i isi lei ra. Esta foi (e c) um a gran de fonte de pode r polít ico, perm itindo financi ar,
dor no PRM, encabeçado po r Artur Bem ardes e Raul Soare s. A ele ição de Artur par cial ou totalmen te, o ônu s decor rente d a vida políti ca, gratificar correligi oná
Bem ardes criou problemas para a dom inação dos Pinheiro . A situação f oi contor rios etc.
nad a com a ida dc Israel P inheiro para o nível estadual, deixando a políti ca local a Coube a Victor Nunes Leal (1948:30-1) o mé rito de sublinh ar a importância
cargo dc José de Mell o, que foi apoi ado lauto por Artur Bem ardes qua nto pela da atividade poli t ica dos governos esta duais par a a perm anên cia dos coron éis l o-
família Pinheiro. A partir daí, José d e Mello "fi cou” , transform ando -se no chefe .lis, cm contra prestaçã o pelo apoio eleitoral dos coronéis ao então can didato a
da políti ca local. Esse coronel exerceu o controle político loc al em moldes clássi governador na época das eleições , bem como a outros can didatos. Este autor
cos: paternalista, a utoritário, assistencialis ta. Ainda hoje, nmitos anos após sua t-nl ili zou, tam bém , que a política coronelisla depend ia da ma nute nção da e stru
morte, circulam descrições das atividades assistenciais de.José de M ello , “hom em tura agrária tradicional c decorria da falta de autonomia financeira dos municí
ao qual sem pre se pod eria recorrer em caso de doença ou necessidade” . As font es pios:
de pode r econômico que permitiram a José de Mello essas at ividades ass ist en-
ciai s nã o são claras,de vido principalmente ao fato dc que grande p arte dos docu concebemos« coroneli smocomoresultadotiasuperp osiçãodc formasdesen
mentos qu e poderiam esclarecer esses pontos c que se encontravam nos arqui vos volvid as do regime representativo a um a estrutura econômic a c social inadequada.
Ocoronelis moé sobretudoum compromisso,uma troca dcproveitosentreopoder
locais foi queimada (propositalmente, segundo dizem alguns ).35 É interessante público, progressivamente fortalecido, c a decadente influênci a social dos chefes
notar que não há indi cações de que os me mbro s da famí lia Pinheiro tenham usa loca is, notadam ente dos senhore s dc terra s. Não c possíve l, pois, compre ender o
do abertam ente a influ encia deri vada dos cargos estaduais e federai s que ocupa fenômeno sem referencia à nossa estrutura agrária. O problema verdadeiro nã oé o
ram para obter recursos públicos par a Caetc. Não obstante, Caeté continuou a de autonomia, mas o de falta de autonomia (...). Entretanto, ao lado da falta dc
presti giareleitoral menteosm emb rosda famíl iaPinheir o,que contavam,eviden autonom ia legal (...), os chcfcs municipais sempre gozaram dc uma a mpla autono
temente , com o apoio do coronel Mello . mia extraleg al: justa me nte nesta autono mia extralegal que consiste a carta-bran ca
que o governo estadua l outorga aos correligionários locais, em cum primen to da sua
Em 1950. Israel Pinheiro da Silv a candidatou- se a dep utado federal pelo PSD,
prestação ao compromisso típico do ’coronelismoV’
recebendo 2.101 votos. Esses votos representaram 93% dos votos obtidos pelo
PSD em Cacté, sublinhando a dom inação hegemônica do partido pela família Pi As rel ações entre a ausência de autonom ia fina nceir a do município e a voc a-
nheiro, e 41% elo total de votos d epositad os em Caeté . 1, 11o si tuacionista da política municipal foram bem analisada s por Nun es Leal :

"Opera-sc, pois, uma curiosa inversão no exercicioda auto nomia loca l. Se garantida
Coronelismo e cartori alis mo ju ri di ca me nt e co nt ra a s in tr om is sõ es d o po de r es ta du al e as se nt ad a e m s óli da ba se
financeira, a autonomia d«» município teria naturalme nte exercida, no r egime re
‘Não há m unicípi o totalmente autônom o e isolado polit icamenteANem m es presentativo. pela maioria do eleitorado, através de seus mandatários nomeados
mo os municípios rurai s geograficamente ma is afastados estão livres da int erfe - nas urnas. Ma s, com a autonomia lega l cerceada por diversas formas, o exercíci o de

r‘ Nflo obstante, informações colhidas em Caeté sugerem que a utilização de ve rbas públicas Queremos limitar a discussão dest e tópico à interferência polit ica. Evidentemente, a inlerfc-
li lin tido um pape l preponde rante no fina neia mento destas c de outr as atividades qne reforça- n'ni’ia econômica d e empresas pi ivadasou do Estado t em importantes conseqüências |H> liti(sis,
' mu o poder político do coronel . Uma d as histórias prediletas se refere a u ma es trada na qual i omo nos casos de Barroso c Cacté.
(Imante mais dc 20 anos foram enterradas verbas e que não foi concluída. Evidentemente, c 1 Kclenibro que, apesar do exposto, a norma mais comum seguida pelos governos federais na
linpiwsívrl averiguar íi veracida de dessas informações . Hrpiiblica Velha foi a da não-intervenção.
um a autonomia extralegal fica dependendo inteiramente da s concessões do gover 10 foi amp liado. Km algu ns casos, o coronel ingresso u na política estadual e fede-
no estadual. Já não será um direito da maioria do eleitorado: será unia dádiva do h i I, trazendo recursos para o m unicípi o e influen ciando uma série d e nomeações
poder. K uma doação ou delegação dessa ordem beneficiará necessariamente os I>iiin cargos públicos, lvssa ampliação significa que, com a integração política c
amigos do situacionismo estadual que porventura estejam roni a direção adminis
"fonfimic a do país, os estados per dera m bastante do se u papel, que foi ampliado
trativadomunicípi o.Quando foresteocaso,o munic ípiopodeteraté relati vapros
peridade, inclusive através da realização dos servi ços públicos loc ais mais impo r (Imante a República Velha. Nos primeiro s anos do período democ rático, que fo -
tantes. Se ocorre esta r no governo municipal uma corre nte política desvinculada d a iiiin os analisados por N unes Leal, os estado s ainda quase mo nopolizavam ‘o ou-
situação estadual, é claro que não lhe será outor gada a autonom ia extralegal que 11•>lado” de um a série de relações binária s com os municípios e funcionavam como
receberia se partilhasse das suas preferências políti cas. Terá, portanto, de s e mover Intermediários nas relações entre eles e o pode r feder al. Não obstante , com o cor-
estritamente dentro dos m irrados quadros de sua autonomia lega i, que só tem d is ifi- d o tempo c a expansão do setor públ ico, um número crescente de municíp ios
posto de uma receita pública insuficiente para atender aos encargos locais mais
p ivjou a trata r diretamente com órgãos federais, saltando o estado como inter-
elementares. Além disso, as atribuições privativas do estado referentes ao municí
pio (especialmente nomeações) pa ssarão a ser exercidas não de ac ordo com o go iii cdiá i io e negligenciando-o c omo fonte d e recurso s,. 3" Hm par te, e ssa tendência
verno municipal oposicionista, mas segundo as indicações da opos ição municipal lefletiu simplesmente o maior crescimento do poder econômico federal, princi-
govemista. rica, assim, ao inteiro critério do governo estadual respeitar, ou não, as p ilmente a partir de 1965 , mas refletiu tamb ém u ma preocu pação crescente do
preferências da m aioria do eleitorad o local, no que en tende como as suntos do seu poder federal com os municípios. Essa pre ocupaç ão gerou inclusive nova lcgis la-
peculiar interesse.“ çllo tributária visando a racionalizar a adm inistração m unicipa l.11' O trato direto
Nesse quadro, o êxito de um a parcial idade nas elei ções municipais será uma i m i órgãos federais, por um lado, e a ascensão de líderes municip ais às esf eras
vitór ia de Pin o, a não ser qu e ela já seja ou venha a tornar-se aliada da situ ação ui. tad ual e federal, pelo outro, possibi litaram um a nova forma de dominação
oligárqnica atravé s do cartorialismo, ou seja. de uma alta taxa d e empregiiismo
estadual.Emvirtudedessa completainversãodepapéis,éevidenteque,cm regra,
os candidatos aos cargos municipais sufragados pela maioria do eleit orado não local, à custa do erário público estadual e federal. A sobrevivência da política
resultam de um a seleção espontânea, m as de uma escolha mais ou m enos força oligárqu ica através do cartorialismo foi cons tatada pa ralelam ente às transforma -
da.Seoscandidatos aogovernomunicipalapoiadospelogovernoestadualsãoos i.oes socioeconômicas do Brasil, que acar retaram claras modificações n a superes-
que têm maiores oportunidades d e fazer uma administração proveito sa,esse fa to tiulura polít ica, entre as quais um a das mais importantes fo i a dim inuição da
j á p r e d is p õ e d e c is iv a m e n te g ra n d e n ú m e ro de el ei to re s e m fa vo r d o p a rt id o loc al Importância da política dos coronéis na política nacional. Essa hipótese, levanta
govemista. Em tais circunstâncias, mesmo as eleições municipais mais livres e da por José Murilo de Carvalh o, encontra apoio em seu estudo preliminar de
regulares funcionarão, freqüenteme nte, como simples chancela de prévias nomea Umbacena."Trata-sedeárea qu epassou por rápidoproces sode urbani zação:em
ções govern ame ntais. Autêntica mistificação do regime represe ntativo. 192 0,7 7% da população de Barbaocna eram rurais , enqua nto em 196 3 a popul a-
O êxito local do coronel, portanto, é visto com o depe nden te de sua habilidade .10 urbana era claramente majoritária, com 79% do total. Em bora os cálcu los
paratrazer recurs osestaduaisparao municí pio ,38Essa hipótese pion eira foi apoia i dativos à urbanizaç ão de Barbace na exagerem o processo, não levando cm conta
da pelos múltiplos estudo s sobre o poder local no Bras il. Sem emba rgo, seu âmb i- i»lato de que algu ns distritos rurais foram desm emb rados, B arbacena foi um caso
de urbaniza ção acelerada. No pe ríodo anterior, Barbace na era um caso típico de
(H)litica oligárquica: um a tradição d e famílias p oliticamente dom inante s, as que
:,:sNeste ponto, discordo de uma das interpretaç ões dadas à teoria pioneira de Nunes Leal. C reio tinh am grande parte da propriedade da terra cm zon a predominantem ente agrí
que o modo cartorial da políti ca oligárquica fo i, efetivamente, facilitad o pela ausência de a uto cola . Entre tanto, as lápidas transformaçõ es socioeconômicas de Barbacena não
nomia financeira do município. Porém, isso não c onduz à afirmação deqiie a auton omia finan
ceira do município levaria ao fim da política olig árquica, embora pudesse levar ao fim docom - 1lloje h á empre sas especializadas na obtençiioe liberação de recursos públicos para os municí
pro nti s so coronel i sta. Política oligárquica é u ma coisa, c compromisso coronelista é outra. Km pio,. Mediante comissão, é claro.
vários estudos de pode r local , os autor es fizeram referência ;\utilização de fundos municipais de " Hsse problema foi estudado no Departamento d e Ciência Políti ca da Universidad e Federal de
acordo com as preferências privadas d o coronel. A autonomia financeira do município signifie a- Minas Gerais, mediante pesquisa sobre o impacto da reforma tributária de 1967 na política
i hi apenas mais fundos para serem utilizados da mesma maneira, e a menor necessidade de municipal . DadosorçamenlárioseobrindolOanoseinforniaçõessobreae strutura demográf ica,
Iniscá-los na órbita estadual ou na federal. A política ol igárquica não seria extinta: cortar-se-ia, lOcioe conôinica e política de 70 cidades mineiras estavam sendo analisados por uma equipe
.simplesm ente, sua dependência do governo do estado c do governo federal, criando-se condi- ■•instituída por AntômoOcta vio Cintra,que a orientava,Vicente RochaeGera ldo Nlaje lla Moreira
çòrs par a sua perpe tuação em bases exclusivam ente municipais. Contudo, se entenderm os que Duarte.
•I ti.ibulho de Victor Nune s Leal é sobre o coronelismo stricto sensu, isto é, sobre as relações " Ver Carv alho, 1066. Ho a parte da elaboração desta seção foi motivada pela leitura desse traba
••mir opod or local e o estadual, e não sobre a política olig árquica como tal, não há discordância. lho, que proporcion ou tamb ém r. maioria do s dados aqui utiliza dos.
fora m aco mpan hadas de modifica ções dc magnitude semelhante no sistema de (In mci it al para a m anutenção do poder políti co da oligarqui a, sublinhando a di
domin ação: perm aneceu , pois, firme o sistema polílico oligárquico. A persistên minuição da possibilidade de controle do aparelho político estadual por coro
11111
cia do sistema oligárqui co, porém, não deve scr confundida com a ausência de nel , em função da extensão dc sua s propriedades:
mudança:
"lünquanto que an tes de 1930 o coronel' possuía bases de poder amplas e signific a
• houve um a expansã o eleitor al considerável no curto prazo de d ois anos, de 1945 tivas. assemclha ndo-sc a 11111 senhor feudal da s áreas mais atrasad as e isoladas do
a 194 7: em Barbacen a, nas eleições presidencia is de 194 5, houve me nos de 7 mil vale do rio São Francisco, essa estrutura de |>ode r foi rapidam ente destru ída pela
Revol ução de 1930 e pelo per íodo de Vargas. Se antes de 1930 o chefe local tinha o
votos válidos, seguindo-se um período de rápida arregimentação eleitoral para
controle efetivo sobr e a máquina do estad o, para tanto apoian do as oligarquias es
as eleições para prefeito de 1947, quando fora m depo sitados 16. 128 volos. Ks sa taduais, atualmente ele é pouco mais que um intermediário, c seu poder político
expa nsão inicia l foi seguid a de um a perda de su bstancia eleitoral,explicável pela depende do grau em que e!e consegue atender a determina das exigências loc ais.” ’3
diminuição constante da população de Barbacena,de quase 90 mil em 1920 par a
55 mil em 1968. Houve, pois, mobilização eleitoral que compensou uma forte Que remo s crer que, efeti vamente, tem os no cartorialismo u ma explicação para
perda deeleitorespotenciai satravéstia emigração; .1permanência d o padrão olig árquico em Barbacen a. 0 cálc ulo, fe ilo por Carva
• um a terceira força (além d o PSD e da U DN) entrou no jogo polít ico: o PT B. lho, de 5 mil empregos públicos numa população total de 50 mil ou 60 mil (in
Ainda que,como aconteceu com freqüênc ia em m unicípi os do interior,esse par clui ndocri anças)mo stracomoo empregopúblicoerafundamentalem Barb acen a.

tido
me estiv esse
nto de um intimam
terceiro partido ente
— associado a
sobretudo uma
do PT tercei
B - ra
porfamíli a inflcouuente,
si só indi o surgi
mudanças <)\ limites do cartorialismo
na estru tura pol íti ca. Não obstante, as m udanças não elim inaram o c aráter oli
Dos 47 órgãos que atuavam em Barbacena , somente irês eram munici pais
gárquicoda polít ica deBarbacena,quecontinuou a eleger osmem brosd asfamí
(cm contraste com 2 6 federais e 18 estaduais). É pouco provável que os órgãos
lias tradicionais.
municipais respond essem por um a percentagem signific ativa do empr ego públi
co l ota i. Num a população de 55 mil, num municíp io com pouca atividade indus -
0 cart orial ismo Inul. quantos empregos o erário municipal poderia manter? Isso significa que a
lontc dc poder político de Barbacena. na medida em que este dependia do
Como explicar, então,essa perm anência? E quais as difer enças entre a situa
empreguismo público, eslava localizada fora do mu nicípio, nos níveis estadual e
ção anterior a 193 0 e a po sterior a 1945 ? José Murilo de Carvalho apresenta uma
Icdcral.
explicação:
"f1 Nào era, p ortanto, o sistema local que garantia a persistência do sistema po-
“A principal diferença da nova situação é a ausência da a liança família-propriedade lit ico qua ndo as base s socioeconômicas fundam entais desaparecia m, mas a capa-
da terra comobasedoprestígioedopoderpolític a.Desapareceram asgrandespro 1Idn de da oligarquia local de utilizar recu rsos externos,estad uais e federais. Como
priedades, e a popula ção rural deixou de ser expressiva como força eleitoral. Noss a 1 v;««s recurso s era m (e são) escassos e competitivos, som ente os municípios cuja
hipóteseéqueatualmenteos slatus básicos são o familiar co polít ico. A medida que oligar quia atingiu o pode r nos níveis estadual e federal beneficiaram -se extensa
desapareciam as grandes propriedades e que o eleito rado rural perdia sua impor
mente del es. 0 nível de empre go público de Barbacena era ím par. Evidentem en
tância, o poder econômico deixou de ser instrume nto hábil par a o controle eleitoral, i
1 Oschef espo lít ico stinham queencontrarn ova fó rmul a para prenderonovoc lcito- te, Barbacena não reproduz ia a estrutura ocup acional estadu al nem a federal. N o
rado, quase total mente urbano. O poder polí lico que já possuía m, e que poderiam ; ui ve i estadual,boa parte dos empregos públi cos mais rem unerado s se concentra
perde r se não descobrissem a nova fórmula, foi que lhes possibilito u a sobrevivên n is capitais, enqua nto 110 nível federal , historicame nte, houve alta concentração
cia através do controle dos cargos públi cos. Surgi u e hipertroliou-se e m Barbacena 1101Jistri to Federal,depois estado da Gua nabara . 441\, pois,evidente que Barbacena
uma política de clientela. O cargo público, ao mesm o tempo q ue fornecia ao político
odas
novo instrum
zonas ento
rurais ou dedeoutras
controle, cumpria
cidades c quea missão dc absorvercolocação,
não encontravam os elementos
umavindos
vez Mv 1r Uunounier, 1968. Esse artigo deve ser consu ltado, por quem se inter essa em estuda r 0
que a industrialização obedeceu a 11111ritm o lento."4 1 111 Ir local no Brasil, junta ment e com o de José Murilo de Carvalho (1968/69). Kuquanto est e
Ahlino apresenta u ma revisão minuciosa e completa dos estudos sobre p oder local no Brasi l, o
í . í
Bolívar Lamounier, numa análise dos estudos sobre poder local no Brasil, 1riincirotenta ligaras teoriasexistentesnessenívelcom teoriasmaisgerais,colocando -asna ótica
também afirmou que a influ ência nas esferas estadual e federal era condição fun - llii problemática «lo desenvolvimento econômico e da mu dança suciai.
'1posteriormente à criação de Brasília, iniciou-se a transferência de empregos públicos para o
iihi.il Pistri lo Federal. No moment o em que escrevo (199 7), ela está longe de completa.
■'•’XVi Carvalho, 1966:176-7.
é a exceção , e não a regra: quan tas Barbacenas poderia haver? O cartor iali smo, ilescst imulou os esforços conscientes das fo rças soci ais organizada s e dos pa rti
conio camin ho para a m anute nção tia polí tica olig ái-q uic a, não poder ia ser a regra dos pol íticos par a pen etrar n o município;
nacio nal. Não obstante, cabe a pergunta: por que Baibacen a foi uma da s exce
Não obstante, houve casos em qu e a oligarquia cont rolava bens de produção
ções? Ivxat amente porque os mem bros da oligar quia loca l conseguiram cxcrcer
dl* outra índ ole. Foram relativame nte poucas as situações nas qu ais a oligarquia
influên cia consid eráv el no nível esta dua l e no nível federal. 115ias F ortes foi min is
controlava exclusivamente a pr oduçã o agropecuária: em inuilos casos, o controle
tro da Jusliça no governo Dutra c governador doestad o de M inas Gerai s; do lado
• am pliou, açambarcan do parte do com ércio l oca l. Os fazende iros também eram
dos And radas, o m ais notável dos oligarcas desta família, Antônio Carlos Ribeiro
i'I<iprictár ios das vendas, do s postos de gasolin a. Nos casos em que o controle foi
de Andra da, foi preside nte tie Minas G erais e, de acor do com a polí tica 'café com-
lob re o comércio ou algum tipo de indústria de transform ação, persistiu a hege
leite” , deveria ser o sucessor dc Wa shington L uís na pre sidência da República. A o
mon ia oligárqui ca.^íntret anto, como essas ativi dades eram urbanas e a popula
ser p reterido, organizou a Aliança Liberal, contra Júlio P restes. Seu descenden te
çãodependenteera qualitat ivamentediferente (al fabet izada ,com algum contato
Josc Bonifác io de Andrada foi o primeiro secretári o da C âma ra Federal e presi
\ l u no , c o n c e n tr a d a c n ã o d is p e rs a et c. ), a p os si b il id a de de h e g e m o n ia e r a me*
dente da m esma. Evidentement e, são poucos os m unicípi os brasil eiros que apre
iii ii, e a situação, m ais vulnerável às influênc ias extei nas.\
sentam um a oligarqui a polit icamente tào poderosa e que tenha ocupado cargos
A manipulação de recursos através da polí tica f oi um cam inho para a preser-
tão im portantes .
v.ii.iin da política oli gárquica cm mu itos casos no s quais a infra-e strutura socioe -
O estudo de Barbaccna contribui u para a teori a: a in dustri alizaçã o e a urba
nização provocam uma tendência genérica à perd a de signi ficação ti a polít ica i«>nf»mica que lhe favorec ia ruiu. A literatura sublinha a man ipulação d e recursos
i\ ternos;nãoobstante,a m anipulaçãoderecursosdoeráriom unicipaltambém é
oligá rquic a baseada na propriedadeda terra.N ãoobstante,esseimpactopodeser
Importante. No meu en tende r, a auton om ia financeira dos munic ípios si gnif ica-
sofreado na medida ein que a oligarquia local tenha suficiente poder nos níveis
i iii aum entar o s rec ursos que ser iam utilizados em benefício próprio pela oliga r
estadual e federal para canalizar recurs os substanciai s para o município. Os re
quia l ocal . Cresceriam os em pregos m unicipais, íar-se-iam algu ma s obras, tudo
cursos chegaram na forma dc em pregos públ icos , gerando, por pa rte de seus ocu
ilr acordo com critérios polít icos, de conc ordância ou disco rdância com a famíli a
pantes e dos m embros de sua famíl ia, um sentimento de gratidão e lealdad e que
ilumi nante .Kssecaminho,entretanto,nãopermitia nem permitem antera pol íti -
seexpressavapolit icamente atravésdovoto coutrasform as deapoio.Este,entre-
• iioligárquica em muitos municípios. Barba ccna er a uma exceção. < }limite é dado
tanlo, não c um mecanismo auto-sustentado, porque depende da ma nutenção de
(irl.i própria capacidade dos or çam entos estad ual e federal c pelas pressões com-
posiç õesde infl uênci aem esferasdepoder distantesda municipal.Aperdadessas
|ii lili vas para q ue esses rec ursos fossem utili zados de outra maneira.
posi ções poderá determinar, em duas ou três décadas (o tempo necessário para a
renovação de boa par ie tio contingente eleitoral local ), modificações substanciais
na estru tura de po der político local .

Conclusões
Kste capít ulo m ostrou vários caminhos que levaram à criação e à man uten
ção da política oligárquica em âm bitos restritos, usualme nte o município:
• ocontrolemonopóli codosbensde produçãocondu ziu,cm muitoscasos, à hege
mon ia polít ica. No Brasil de 1945 a 1964, essa situaçã o estava estatisticamente
associada à produção agropecuári a e norm almente veio acompanhad a dc possí

veis agravantes;
• o analfabet ismo dc boa parte da população dependente imp edia sua participa
çãoeleit oral(excetoquandoconvinha à oligarqui a) e sua conscienti zaçãoe mo
biliz ação através d a leitura; e
• o isolamento do município, tanto socioeconômico quanto político, concedia à
oli gar quia um quase monopólio sobre as comunicações com o exterior (em con
ju n ç ã o c om o a na lf ab e ti sm o d a p o pu la ç ã o d e pe n d en te ). O is ol am e n to po lí ti co
Capítulo 3

A ru ptu ra d a polít ica oligár quica

<onceitos
Nu capítulo anterior foram analisadas as condições da política oligárquica; no
|ii t M-n tc capítulo serão exp ostas algum as condições que contribu íram pa ra a sua
i iip lura . Pa rtindo do princípio de qu e a infra-estrutur a socioeconômiea deten ni-
ii i generica mente a s upe restru tura políti ca, seria de esperar q ue modificações
IUmlamentais na in fra-es trutura favorável ã política oligárquica provocasse m al-
i»i . içõ es importantes nasu])ere strutura políl iea,ini ciando a r uptura daquele modo
I»'lllii o. Entre essa s modificações, trés merecem atenção detalha da: a urban i/.a -
t.llu, a industrialização e a diminu ição da con centração da prop rieda de d a terra.
I.»Is modifi cações nã o se observam isoladame nte, sendo parte de processos so-
• liii.1 globais. Isolar essas modificações c apen as um rec urso analítico.
Km princípio, a industrial ização e a urbanização po dem oc orrer sem qu e haja
•Irs lru içã o do sistem a de propriedade da terra. A populaç ão urba na de um nuin i-
•l |i io pode crescer sem que isso alt ere o sistema de propriedade e d e relaç ões so
•In i', no campo. Poré m, tanto a urbanizaçã o quanto ;i industrialização usualme nte
ui (melam transformações no campo. Aum entam as oportunidad es para contato
m ire cam pones es e operários, roinpe-se o isolamen to |)ol ílico -soeial da popula-
i.iio rural dependen te, iniciando-se assim a transforma ção política c soci al no ca m
po Ivsse fluxo de influência só não se o bserva qua ndo a cidade e a zona agrícola
•ui questão estão no me smo mun icípio por conveniência administrativa, perten-
•• udo a regiões socioeconom icame nte diferentes, is oladas um a da outra . Nesses
•uso s, o im pacto d a urbanizaç ão c da industrialização sobr e a política municipal c
puramente quanti tati vo: aum enta a proporção de votos urbano-industriais que
«urnp am ao con trole da oligarquia rural.
A fragmentação da propriedade agrí cola, ao contrário da urbanização e da
industri alização, retira as fundaç ões sobre a qual se asse nta a po lítica o ligárquica.
i .lii provoca modificações po líticas no campo, não so me nte na cidade. Há, tam-
ln ui. modificações causada s por interferências nitida men te políti cas. As mudan-
çnf no governo estadua l podem propiciar modificações políticas no nível munici-
inil M uitas dessas modificações estão descritas nos estudo s sobre o p oder local .
NA»obstante, há limites a esse li po de interf erência dentro da ordem democráti-
Qn,Nassituaçõesrevo lucio nária s,quando há uma rupturad osistema dcdomina-
ção po liiii '.i nos níveis mais all os, amp liam-se es ses limites. E m mu itos m un iri- Km 1956, primeiro exercí cio finance iro apó s a entrada em func ioname nto da
pios brasileir os, a hegemonia política c ie uma fam ília sofreu sua p rimeira inter lnl' 1'lea de cimento, saltaram as rendas municipal, estadual e federal obtidas no
rupção com a Revolução de 1930. A Revolução de 1930 não torpedeou a política Mlimi cípio, assim como o nú mero d e veículos motorizados e de construções licen-
oligárquica, mas provocou fis suras na hegemonia política de muitas famílias, per- • tmlas. A pa rtir de 1957, esses í ndices vo ltaram a crescer de mane ira vege taliva. A
m itindo a e ntrada de novos ato res no cenári o políti co. Kra o prime iro impulso Iui »rica decim ento respondia po r percentagem significativa do em prego: dos 1. 320
para a rup tura da p olítica oli gárquica, vindo de for a.
m| m'| m ios de Barroso, 50 0 trabalh avam nela, ou seja , quase 40% .4/ Entre tanto , a
Utilizare i a seguir três estudos par a exemp lificar os diferentes caminhos de:
importânci a da fábrica na estrutura ocupacional local não foi ião decis iva quanto
ruptura do sistema oli gárquico. A industrial ização ser á exem plif icada pelo estudo
...... conomia, por se tratar de uma indústria mais intensiva quanto ao cap ital do
de Barroso; a urbanização, pelo de Caeté; e a fragmentação da prop riedade da terra,
ijin 1hs demais atividades econômicas d e Barroso, mais tradicionais e mais inten-
pelo de Araraquara. Cum pre realçar , porém, que se traia de ilustrações de situações
h ii?. qua nto ao tra balh o.,h Mesmo assim, o quantum do emp rego da fábrica d e
analiticamente de finidas. Em nenh um desses rasos houve somente industrial ização,]
somen te urbanização ou somente fragmentação da propriedade agrí cola. •Imanto foi suficiente para po ssibilitar uma transf ormação crítica 11a estrutura de
• I ivscs dc B arroso e, conseqüentemente, na p olítica do mu nicípio .

Barro so, ou o edeclínio


industrialização m daobilizaçã
política oligárqu
o po líti ca4 5 ica pel a A dom inação das f am íl ias tradici onais e sua ruptura

O m unicípio de Barroso pode ser c onsiderado um caso típico de mudança na Desde 172 0 até 1930, um a fam ília trad iciona l, os Meireles de Souz a, exer ceu
superestrutura po líti ca ocasiona da po r modi fic ações na infra-e strutura econômi lim dom ínio p olítico sem contestação em Barroso. Fo ram ma is de dois séculos dc
ca, cu jo efeito p olíti co somente se fezsentir pela mediação da organização dcclas ha rm on ia fam iliar. Ess a hegemonia d eve ser ent endida num sentido amplo: a
se. Econom icamente, Bar roso foi um m unicípio agrop astoril duranle do is sécu loinllia Meireles absorveu un iras fam ílias influentes (os Pires, os Sou/a , os Pinto)
los. Em 1920, iniciou -se a exploração de ped reiras e a produ ção de cal; depois de "ii nv és <!«• casamentos. A oposição de uma o u o utra fa mília influe nte ( po r exem
1925, estabeleceram-s e duas cerâmicas e ou tras indú stria s de cal. Essa s indús plo , os Rodri gues de M elo) não se refletia na ativi dade p olíti ca p or falta de comli-
tri as pe rmitiram a ampliação do pequeno núcleo urbano de Barroso ca vincu la- i.ni • para um a oposição políti ca que tive sse alguma probab ilidade de êxit o. Km
ção de parte m inoritária da população a ati vidades industriais. Kla s mod ificaram , lüIlO, a despeito do ap oio dado pela oligarquia local â revol ução, A rtur Napol eão,
mas não transformaram , a infra-estrutura econômica d e Barroso, que conti nuou
u m 1 liefe inronleste, foi preterido em favor de Jo sé de Freitas , “eleme nto est ra-
a ser um m unicípio essencial mente agríc ola. Foi f und ame ntal para Ba rroso a ins
lllm aos quad ros políticos locais, natura l de Barbaccna c residente em Be lo Hor i-
tal ação da fábrica de cim ento Portland Barr oso, cujas obras foram inici adas em
Miiic ’ ’ Essa foi a primeira quebra do do mínio da família Meirel es. Como ser ia
1952 , tend o começado a pro du zir em 1955. ^ O im pac to des sa fábrica se f ez sentir
imediatamente na economia e nas finanças locais:
' flllv.i , t960:23í>. O ano a que ess es ninnero sse referem não foi explicitad o, havendo indicações
Tabela 4 c deve ter sido 1955.
O impa cto da f ábrica de cime nto sobre a econ om ia de Barroso ' A ixissibili dade de controle da economia sem co ntro ledire tod o emiprego gerado pela tec nologia
mmmIvi iiu. que é de baixa intensidade em relação ao trabalho, leva .1 interessantes especulações.
A 110 Renda Renda Renda Veículos Construções ' 11»10:1 sider armos que o vínc ulo empregatíeio conduz, nu determinadas condi ções, à subser -
municipal estadual* federal' motorizados licenciadas • ii*<i<-l.i política po r parte do emprega do e, em outras, á revolta po lítica, esse vin cu lo será impo r
CR$ mil CR$ mil CR$ mil tante para a compreensão do compo rtamen to po litico. Não oksh mte, no que lan ge aos recursos
0 1\ Inlluéncia através dc canais instituc iona is (po r exemplo, comunicações de massa etc.), talvez
1955 953 2.710 6.820 97 37
II fuutrn lc da economia sej a m ais relevante do qu e o vínculoeinp regaticio. Kssas consi deraç ões
I9S6 2.143 10.448 23.451 160 61 Ilidir. 111que o fr/JOde imlvi strialivcavàoé relevante para a análise da política. A pro pós ito do tipo
1957 2.181 12.472 26.451 163 74 I» industrialização, ver Soares, 1970:363-85.
' Originada no municípi o. 1960:2.39.1’.interes santesublinhar quetenhasidoexatamente 11111 na tural de Barbacc na,
•llliidr d e srcem do governador, que foi nomeado para Barro so. Isto indica que a manutenção
I I I lílica oligárq uica em Barbaccna se fe/. lainbé m através da utilizaçã o dos cargos públicos
1-Mn scç.lo se baseia em Silv a, i 9 6 0 . »■ri otilros municípios, dados como prémio »c orreligionários políticos, tendo comoconseqüÊn-
"* ibi il, 1». 235 . ||it » quebra da política oligárquica e:n Barroso .
ile esper ar, num m unicípio cuja infra-estrutura socioeconõniica não havia sofrid mi uniram com su bstancial votação. Ba rroso deixou a polít ica oligárquica para en-
transformaçõesradicai s,am udançaveiode for a.Todav ia,amu dança polít ican= II ai nu ma política partidária que , sendo de elite, permitia algum as vi as deexpre s-
se efetuou num vácuo socioeconõmico: duran te vários anos, Francisco Fcrreir 11Dpolítica para as classes menos privilegiadas e a represen tação de se us interes-
Filho, principal opositor dos Meireles, construiu uma só lida base econômica co ní *1 Qu ebraram -se, assim, dois séculos e meio de política oligárquica e dc
o comércio local. Foi exatamente essa base econômica que lhe concedeu cort liiwm onia das famílias tradicio nais.
prestígio e condições para furar a barreira municipal às comunicações polilie.
com o nível estadual c municipal. Aproveitando a quebra da hegemonia do «> papel d a industrialização e da mob ilização eleitoral
Meireles, Ferreira Pilho coligou-se com a família Rodrigues dc Melo e passou
dom inar a políti ca local dur ante alguns anos. O adve nto do Estado Novo reduzi
mn Caeté
a violência das dispu tas políticas loca is até 1945, quando se iniciou nova fase n Km 193 1, estabeleceu-s e em Caelé a Ferro Brasile iro ,51 que iria constituir-se
polí tica dc Barroso. Na aparência, nad a havia mudado, continuando os desceu ou pó lo dinâmico de atividade econômica d o município. Rssa com panhia trans-
den tes da família Meireles, capitaneados po r Geraldo Napoleão , a disputar a h • mu a estrutura soci al de Caeté, permitindo a formação de um operariado in
gem onia local com F rancisco Ferreira F ilho e associados.
dus tri alque,m uitoem boraestivesselong ede transfor má-lonu m “municípioope-
Não obstante,subjacente à continuidade,profundas transformações socioe 1iti m",assentou as base s de classe sobre as qu ais se erigiria um a política diferente.
eonòm ieas mina vam os alicerces dessa política oli gárquica. Km 1951, instalou-s |'i.nii8 modificações tiveram imp ortan tes reflexos na política , m as com um a im-
oSindicatodosTrabalhadoresn as IndústriasdaC onsimção Ci vi l,Ola ria,Cimen III o tniktc decolagem tempora l: nã o b astou a simples existência de pessoas que,
to, Cal e Gesso de Rarroso, e em 195 2, come çaram os trabalhos d e construç ão da |mt . sua situação de classe, propiciassem o estab elecimen to de um a ação política
fábrica de cimento.
ini. .ii ii/ ada. Foi ne cessário mobilizá-las politicamente, orga nizando -as eleitor al
Em 1954, pela prime ira vez,questionou-sefrontalm entca política ol igárqui ca: ment e.Em borajáexisti sseuma class eoperária nomunicípiodesdeo fimdadéca-
um funcion árioda fábrica decimentoapresentou-secomo candidatoà prefeitur a iln <le 1930 ,seus mem bros dem oraram a expressar-se polit icamente como clas se.
contra Geraldo N apoleão, que foi apoiado por todas as força s tradicionais, inclu Coube ao PTB bcneficiar-se da nova infra-estrutura. E sses benefícios pol íti -
sive pelos partidários de Francisco Ferreira Filho. Uniram-se, portanto, as fa • 11 nào apareceram imediata e autom aticamente: foi mister 11111longo processo
çÕesoli gárquicas diante do inimig ocom umq uecontestavaa legiti midadedo pró imlitico -eleitor al para obter frutos concretos. E m 1947, o PTB com petiu pela pri
prio sistema oligárquico. Geraldo Napoleão venceu por grande maioria. Assim meira vez 110municípi o, recebendo somen te34 votos, men os dei, 5% sobre o total
mesmo, o PTB obt eve 29% dos votos nessas ele ições , sendo de no tar que seu pr ilt- votos v álidos . Essa percentag em ascendeu um pouco cm 1950, atingindo 4% .
sidente era um pedreiro e que todos os mem bros do diretóri o eram operári os. Nnt e se q ue os operários eram muito m ais numerosos qu e os votos trabalhi stas,
A diluição das bas es da política oligárquica continuou. Km 195 5, a fábrica de uull cando que muitos operárias ou nã o votaram ou votaram nos partidos tra di-
cimento entrou em funcionamento. Cre sceu o núme ro dc operários no muii icí pi •lom iis. Iniciou-se, então, a expansã o sindical , simultane am ente com uma nova
e aum entou a sua m obili zação polí tic a, um trabalho dif íci l, um a vez que muito miii m políti ca que levou o PTB a coligar-se com o PSD em 1954. Para o PSD, essa
foram recrutados entre os antigos habitantes locais. Km 1958, culminou a mu •ii llg açào se justifi cava cm função da com petição q ue lhe oferecia a l!l)N. A coli -
dan ça na política do município. O PSD , partido que congregava as famílias tradi ((in.ilo recebeu 61 % dos votos válidos, elegendo assim 0 prefeito. Durante 0
cionais,foi claram entede rrotado naseleiçõespara prefeitopela coligaçãooposi to' quadriénio seguinte, houve um movimento sindical considerável, com apoio da
(ITB-PDC-UDN), obtendo somente 6 4 8 volos contra 1.064 da coliga ção. Foi elei liiiNUpolítica obtida lias eleiçõ es anter iores . A sindicalização p erm itiu a m obiliza-
to o f armacê utico l ocal. Dados rel ativos a 196 2 indicam que Benedito Valadares I A u ilos operários com fins eleitorais. Em 195 8, o PTB apresento u cand idato pró-
candidato a sen ador pelo PSD, rcccbeu somente 539 votos em Barros o, os quai I I lu Aprefeitura: o pre sidente do Sindica to da Ferro Brasilei ro, Geraldo Ponciano
correspondem a 26% do total .'-0 A derrota eleitoral da oligarquia nào a afasto- •lume s, que se elegeu com 4 4% do s votos válidos . Term inou, assim, e m Caelé, a
perman entemente do poder poli tic o. E ntretant o, ela é prova indi scut ível da n ip inconlestabil idade da polít ica oligárqui ca. Para tanto foram n ecessária s mudan-
tura de sua he gemonia. Em 197 0, a oli garquia conseguiu eleger para prefeito u
represen tante moderiiizante (com curso de me strado em ciência polít ica nos EUA)
através de um novo esquema de alia nças. Os candidat os sindic ais, no entanto 1AIVrro Bra sileiro base ou-se mu na emp resa anterior, a J. S. Brandão. fundada cm 1925. lím
I »1 1937, foram instalados os primeiros altos-fomos. Iím 1937, ingressou na F erro Brasileiro
Umr.mpo belg a, que au mento u consideravelmente o capital tia empresa. Esla deve ser tomada
" Vi 1 Itus los & Koclia, 196-1. índio a data do início de sua expansão.
ças substanciais na infra-estrutura econômica e um a década tle organ ização e I m C aeté conjugaram-se muitas influ ências para decretar a ruptura da hege-
mobilização polít icas.
iM ui.i oligárquica. A industri alização formou um op erariado urb ano q ue só se
tmiiio u u m a força eleitoral atua nte depois de mobilizado atra vés d a sindica li?a-
O papel da urbaniz ação i i»ii A urbanizaç ão alterou a relação en tre os votos urban os e os rurais, co nceden
do inniqr ia aos primeiros. F inalmente, a mo bilização e a conscientização ultra-
Em regra, os estudo s sobre poder local descreveram as modificações na poli |i i h i i . iiii o s limites da cidade, influenciando os resultados eleitorais no campo,
tica du município com o um todo.5 2 A própria escala geográfica dos m unicípio
li Nli mi tradicio nal da s oligarquias.
levou muitos analista s a considerá -los internamente hom ogêneos, perdend oa
contribuições da análise diferencial ú/terna dos municípios. Caeté ilustra este
ponto: a vitória do candidato trabalhista, Geraldo Ponciano Gomes, não fo <»fim do latifúndio: Araraquara
indifer enciada, como dem onstra a tabela 5 :
A po lít ica de Araraquara durante a República é um interessante exemplo de
ini idi mças polít icas no inte rior da oligarquia, u m verd adeiro rodízio ent re as fa-
Tabela 5
nt ii ii i. oligár quicas que se alternaram no poder dura nte décadas. N o Império, já
Votos obti dos por PTB, PSD e U DN na
liiiiiui vári as as fam ílias que se alte rnara m no poder: “são os Sam paio, os Correi a,
cidade de C aeté e na zona rural , I 95 8
oi Almei da Leite Moraes, os Arr uda Botelho, que se revezam na política munici-
|nil Ksse revezamen to obedecia, em boa parte, a alterações na políti ca estadual.
PTB PSD UDN Total Mlc holli sublinha a tendê ncia da política municipal para acom panh ar as andan ças
Cidade 59 10 31 100(3.203) •In pol íti ca do estado , com uma intercalação en tre liberais e conservadores.
Ca m po 26 28 46 100 (2 548) Mais uma pesquisa que sublinha o vínculo de dependência d a polít ica muni-
X; = 688.353 P < 0.000. i Ipiil <’iii relação à es tadua l! ftsse vínculo explica o r odízio da s fam ílias oligárquicas
Coeficiente Pni = 0.35. no poder, mas nã o explica a política oligárquica como tal. Para explicá-la é mister
io h Iutci - a infra-estrutura econômica do município. Tratava-se de um a reg ião
Um a análise usando um modelo loglin ear saturado reve la a associação entre fundamentalmente agrí cola,que so freu transformações qualitat ivas na segunda
0 PSD c o cam po (0/11) e a associação negativa entre o PT B c o cam po (-0,51 ), ao iil rlml u do século XIX. Os cafezais substituíram os tradicionais cultivos de ca na c
passo que a assoc iação pos itiva entre a UDN e o campo era modesta (0,1 0). •li m i cais . No fim da década d e 1880, a cultura de café dominava, e os fazendeiros
O PTB triunfou na ci dade, mas fo i o meno s votado dos três partidos no cam Iiii ms lutava m p or um a ligaçã o ferroviár ia com os grandes c entros de c onsumo e
po. Knquanto o PTB recebeu aproximadam ente um vot o entre dois da cidade, uo iimi os portos de e xportação. E m 188 5. completou -se a ligação com São Paulo.
campo recebeu um voto entre quatro. O PSD e a UDX apresentaram tendênci a i ii ligação r ei irou Arara quara <l e um certo isolamento em relação aos grandes
oposta,recebendo maior percentagem dos voto s váli dos no cam po. Para a vitóri a MMiiros urbanos, permitindo uma comunicação direta com os setores nao-
do PTB foi fundamental que a cidade contribuísse com a maioria «los votos do nlii; irquicosda população does tado . Lançou, também , as bases da transmu tação
município. Se esses votos representassem 30% do total, e não 56%, como foi o di A raraqua ra nu m grande centro feno viá rio . Tais process os iriam d ar frutos
caso , a U DN teria elei to o prefei to, mesmo m antendo-se as m esmas percentagens |iiil ltí cos mu itas décad as mais tard e. A Rep ública foi nova fonte d e mu dan ça polí-
que cada partido recebeu em cada um a das duas áreas, sobre o respect ivo tot al de lli ii i'iii A raraquara. Os repu blicanos históricos qu e desd e antes da República já
votos. Os resultados sugerem que a m obilização po lítica atingiu principalm ente a pin lirlpavam da política municipal asce ndera m ao poder:
cidade, mas també m teve repercus sões no campo. Se. por um lado, mais da meta
de dos votos urbanos foram dados ao candidato do PTB (sugerindo que três quar "Com a República, tem lugar um revezamento de famílias no poder. O fazendeiro de
tas parles dos operários votaram em seu líder sind ical ), por outro, o PTB obtev e cafécontinua sendoa elitedominante,mas,nocenã riomunicipal ,éa vezdosrepu
blicanos históricos. Famíli as de grande projeção no Império continu am a a tuar na
um entre cada quatro voto s do campo. Km comparação com a m aioria das áreas
polí tica dc Araraquara após a República, mas em plano secundário. Ascendem ago
1ui .li s brasileiras, este foi um resultado excelente para o PTB. ra mem bros das famílias Carvalho, Pinto Ferraz, Xav ier de Mendonça, ligadas entre
m por laços de parentesco.”“ 4

•’ t >t urAkrr descritivo da maioria «los estud os sobre pode r local no Brasil e sua s deficiências Mlilictti, 1968.
mrlo<loló};i(\is foram sublinh ados p or Carvalho, 1968/69. Ilild., p. 62.
As transform ações políticas esladu ais e nacionais continua vam a influencia .......da Câmara; em 1951 c 1955, foram somente dois, restando apenas um em
.

.1política loc al. Sua repercussão, entre tanto, foi no sentido do substituir u ma fac pi'k'1. Km 1963,pela primeira vez na história da República,nen hum fazendeiro foi
ção oligárquica por outra , e não de sub stituir a polít ica oligárquica por um a pol i h Iciio vereador em A raraqua ra.' *
tira democrática.Arazãoésimples:opodercontinuava ancorado na propri edad Ilouve um declínio acelerado do prestígio político dos fazendeiros em
concentrada da terra. Nào obstante, a distribuição da propriedade rural cn 0 iMquara duran te o período democrático, em conseqüência da pe rda de re lc-
Araraqua radife riadopadrão dosmunicípiosrurai sdaépoca:eram váriosos gran «mii lii do se tor cafeeiro na econom ia loc al. N ão significa iss o qu e a políti ca loca l
des fazendeiros, o que de sde cedo criou condições para um a oposição políti ca no min tenha um a base eco nômica. I l á certa correspon dência entr e a política atual e
município. A subdivisão da propriedad e agrícola continuaria, ac entuand o-se mui u ihli u-estnitiira s ociocconômica. O comércio e a indústria passa ram a ter maior
tas década s mais tarde e pro vocan do o fim da polític a oligárqui ca. D urante a Re pcNi>na política local. A extensão d a cid ada nia às classes m édias e a algu ns setores
pública Velha, observou-se n ovo revezamento no po der: os Ferraz, os Mcndonç: li ts sespopularesabri u as portaspara a entrada maciça dasprimeiras nopro-
e os Carval ho eram a s trêsfamíliasqueparticiparamativamente napolíti camuni |ii >«*político , ma s poucos líderes populares de e xtração ope rária conseguiram
cipa l, elegendo seus membros p ara a C âmara e a prefeit ura. Dura nte o período riiif.iiH elet ivos. Arara quara deixou a política oligárquica par a ingre ssar na polít i-
Vargas, as andança s da política lo cal seguiram de perto as muda nças na po lít ica 1m poliárquica.
estadual e nacional. Os Carvalho, membros do antigo PRP, foram inicialmente
afastados do poder,voltando com a ascensão de A demar de Barros ao governo de • >•. cam inhos pa ra a rup tur a da p olítica oli gárquica
São Paulo. Contu do,observa-se um núme ro crescent e de novos nome s exercendo
cargos polí ticos. Esses nomes, em boa par le, nào estavam ligados diretame nte Mã o há c ausa única para o declínio da política oli gárquica. Em todas a s pes—
prop riedad e da terra, e muitos eram profissionais liberais . Era o início da transi qiih.is (|no revimos, houve uma conjunção de situações, ora predominando um
ção da políti ca oligárquica para a políti ca poliárquica. (imxvsso , ora outro. As mudanças na infra-estrutura sociocconômica são funda-
A descrição da decadê ncia políti ca da oligarquia rural de Ara raqu ara desloca Mi' ut tii s para co mp reend er as mu danç as políticas. 'A fragmentaç ão cia proprieda-
a atenç ão para u ma sé rie de fatores políticos em sua explicação, os quais fora ir i | i iigi íc cila, a urbaniza ção e a industrialização são três proc essos q ue min am os
importan tes m as não decisivos . Por detrá s das modificações polí ticas, por detrás "In i ices da política oligárquica em s ua form a tradiciona li Em bora esses proces-
da perda de pode r polí tic o das famílias dominantes, por detrás da perda de podei ......... itejam correlacionados e os dois últimos se relacionem interna me nte, c pos -
político dos fazendeiros, por detrá s da ascensão política das classes médias ur ba i' •>! encon trar exemplos de pre dom inânc ia de um ou de outro na mu dança no
nas, transformavam -se as estrutu ras socioeconômica s. A urbanização espelha esse iit odu político oligárq uico.
conjunto de processos e pode representá-l o: de um município fundamentalmente A mobili zação c a conscientização políticas, feit as sobretud o através da sindi-
rural na Repúbl ica Vel ha, Araraquara passou a um estado de equilíbrio urbano i ili ação, e a difusão ideológica at ravés dos meios de com unicação de m assa tam-
rural em 1940 (49% urbano), e a partir daí cresceu a percentagem da população I» mi (ora m importantes. Não há um a relação mecânica imediat a entre as trans-
municipal que é urbana: 62% em 1950, 75% em 1960 e 78 % em 1965. A urbaniza |i ii mações socioeconôm icas e as" respostas ’ políticas. Com freqüênc ia, as condições
ção facilitou a mobilização politica e a entrada d e novos setores socioeconômicos lii lm estruturais estão da das, m as a inexistência de m obilização, organização e
e classes sociais no proces so eleitoral: de 12 mil votantes em 1951, Araraqua ra i iiit Bci enl iza ção das classes popula res im ped e que essas condições iiilra-eslrntu-
passou a 28 mil em 196 3. Paralelam ente, Arara quara se industri alizava, e a pro iiii-. tenham um a expressão políti ca. Há decolagens entr e os processos.
priedade da terra se subdi vidi a: c# \;j /

“IX*acordo com d ados fornecidos pelo IlXJE.cm 1960 havia um lotai de 1.04 5 pro
A política poliárquica
priedad es agrí colas, distribuídas mima faixa que vai de 5 até 200 hectares. A grande
Apol íti ca oligár quica semanteve relativamenteinalt erada em muitosm uni-
propried ade agrícola deou tror a fragmentou-se."5 4
, l| i|os brasi leiros c foi um pou co mod ificada em alguns deles, ao pas so que a oli-
Desm oronou-se o alicerce da política oligárquica. Nas novas condições, tor i nqiii a perde u a hegem onia em outros.^Que estrutura política a substituiu? Co-
nou se dif ícil a eleição de fazende iros par a postos públi cos: em 1947, foram cinco lln-d inos pelo negativo: a política oligárquica nào foi sucedida po r um a política
os fazendeiros eleitos vereado res, constituindo o grupo ocupacional m ais nume ilamocrat izada, com a mp la participação do setore s e classes sociai s m enos privi-

“ Mk lietti, 1968:73. " Mlchctti, 1908:75.


logia das. Em 1962« men os de um terço da popu lação votava. Seria ingênuo l<>o upações carac terísticas ca alta classe média, das profissões liberais etc . So-
que o colapso da oligarquia foi total, que a infra-estrutu ra socioeconômica que liii*ni«* um ca ndida to poderia s er conside rado me mb ro da baixa classe m édia com
sustentava ruiu e que sc abriu o caminho para a part idpação das class es i> opul ili\tium seguran ça. En tre os can didatos à Assembléia Estadual, repe tia-se o fenô
res na política, tanto no nível eleitoral quanto 110 da representação. Persistiu meno predom inavam os médicos, advogados, funcionários públ icos, pr ofess o-
distri buição desi gual da propriedade, não só na agricult ura m as tam bém nos d H m ilit ar es e jorna list as. Ma is da m etade dos candidatos tinha educação u ni-
mais setor es, bem como um sistema de valor es marcadam ente dassista. As p~ vi'i 'iii min *|En tre os eleitos , reforçavam-se as tendências encon tradas entre os
soas que ocupavam posiçõ es altas e médias continuavam a gozar de m aior pi es • imdidíilos: 91 % dos dep utados estaduais atingir am o curso superior, ao passo
gio que as dem ais, cabendo salientar que essa diferenci ação era (e é) aceita po fluo, na populaç ão adu lta brasileira, essa perc entagem não atingia l%! Tais obser-
amplos setoresdas class espopulares .
são confirmadas pela área de residê ncia: a maioria dos 55 deputados 1110-
Ncmíyej eleitoral, as principais modificações foram a en trada, em peso, d 1 i»mmn ba irros típicos de classe al ta c méd ia .59 Conseqüente mente, os políti cos
classesmédiasno processoelei toraleum a crescenteparticipaçãodas cla sses • I. Itn . 110 estado da G uanabara tinham uma situ ação de classe priv ileg iada, nã o
pulares, que, d evido à exf fincia d a alfahftti sapw*e à insuficiência da mobili zar ei
i«dl<MÍndo a com posição de classe do eleitorado. E studo ante rior sobre a mesm a
polí tic a,continuavam sub-representa d as. No nív el dos repre sentan tes político
A ' mhlé ia demonstra q ue 75 % dos deputad os tinham educação superior. Esse
entreta nto, não se observou um a participação considerável das classes popular-'
» lid oteve om éritoparticulardedemo
m i nstrara fal áci a dostrabalhosque confun
cujos int eresses continuaram a ser representados por d eputados e sen adores co
dem ,1oeup ação efetivam ente exercida com o titule* universitário de capacitação
filiação de classe bem mais elevada. Nesse sentido, mesm o nas ár eas que esc a-
ram à política oligárquica, a política era de eli te. ji ml i ,'i io na l. N a d a m en os d o q u e 10 d eputados que tinham título univer sitár io
•»» míiu ii, anterio rme nte ao man dato , cargos de presidência em co mp anhia s in -
Vários estudos corroboram a hipótes e fundamental de que. em grande med
1In iil dis ou bancos , sendo portanto mem bros da grande burguesia. Em alguns
da, a política do j> ei íodo de 1945 a 1964 era feita por mem bros de um a elite a~
pliada. Estudo sobre a estrutura ocupacional dos líderes dos partidos politic 1I1•«estudos rea lizados sobre a compo sição ocupac ional dos legislat ivos, tais indi -
cearensesdemo nstraque,en treosprefeitosmunicipai sdo Cearáeleitosem 195 \ li lu* e. provavelmente figurariam c om o profissionais liberais, o qu e foi detec tado
predominavam oscomerciantes,agricul toresecriadores,osquaisrepresentava 1 m nut ra pergun ta do questionário .64 O estudo efeluadoem Araraquara, um a área
62% dos prefe itos eleitos pela UDN e 74% dos eleitos pelo PSI), enqu anto os c i|in* .olVeu profu ndas transform ações socioec onômicas n as últim as décad as, rc-
merc iantes rep resentavam 100% dos prefeitos eleitos pelo PSD e pelo PI B !O v1 In que, na Câ mara M unicipal, os fazendeiros, come rciantes etc. foram progres-
comerciantes,agricul toresecriadores representavam 81 % dos vere adore s el eit •d»tnuunte substituídos po r hom ens co m ocupações carac terísticas de classe mé-
pela UDN , 82% do s eleitos pelo PSD, 80% d os eleitos pelo PSP e 78% dos eleito illn, riitre os quais abun dava m os funcionários p úhlic ose os profissionais libe rais.
pelo PTB. Entre deputados federais e deputados estaduais, as profissões libera 1 I mli ora Arar aquara fosse um imp ortan te centro ferroviário, som ente for am elei-
aparecem com certa notoriedade. Nos diretórios muni cipais havia domínio liHi «lm. ferrovi ários em 1947 (em 30 v ereadores), um em 1951 e um c m 196 3. Em
agricult ores, comerciantes c criadores .57 Outro estudo, sobre os candidatos 11 l*i /i, loi ele ito 11111motori sta. Evidentemente, também em Araraquara a s cl asse s
Gu anab ara em 1966, revelou que a represe ntação polít ico-eleitoral era flagrant luiludl iadoras e os setores m ais baixos das classes médias não conse guem eleger
mente eliti sta: toman do os candidatos ao Senado Federal e seus suplentes, nv 1i |ii ••sentant es próprios, em bora fossem o s dois segm entos p opulacionais mais
total de oito encontram os dois advogados, dois jornalistas, 11111 médico, um mini Ulimi -ro sos ent re os eleitores d as áre as urb anas/"
troe doisqueacumulavam uma profi ssãolib eralcomo magistério(advogado u «)•■ estudos realiza dos 110Brasil sobre a composição ocupacional e educacio-
méd ico o outro). Era, pois, evidente o alto status ocupacional dos candidato s, a liiil il o.i candidato s a postos eletivos, assim com o dos efetivam ente eleitos, reve-
sim como o seu nív el educaci onal priv ile giad o. Aproximadam ente a metade d llt.lt que, entre 1945 e 1964, houve uma entrada maciça das classes médias no
66 candida tas ;i Câm ara Federa l era de profissionais lib erais. A presença de nc iM"i i' m > deci sório,sobretudo do s setores m ais privilegiados da classe média. Não
luncioná rios públicos feder ais cham a a atenção para o crescente papel polí li . v.- uma participaçã
..... o signi ficati va de operários, trab alhado res e cam poneses
desempe nhado por esse setor d as classes média s. Ainda que a class ific ação oc nu -1-<outros m em bros da s classes populares.(Conseqüe ntemente, as vagas deixa-
pacion al util izada nesse estudo nã o perm ita uma discriminação adequada, co 1I1111
pel osmembrosd asoliga rquiasruraise agrí cola sforam preenchidaspormem -
base 110 prestígio das ocupações (a ca tegoria de funcionário público inclui mini
11os de Estado, chefes de repartição e também servent es), nota-se o predomíni **Vi 1 Moreira, 1967a.
* V. 1 Moreira, l«X»7b.
*"\Vi Pila & Arr uda , 1966.
'' Ver Montenegro, 1958. Resultados semelhantes foram encontrados por Carvallio, 1958:56-80 ' 1Mtlos de Mic hetti, 1968
bros «l a classe media , c não por elem entos «la s elasses populares.1 Houve demo cra An demais profissões também perdiam importância nos níveis mais eleva-
tizaçào, mas até certo ponto. A democra tização não atingiu as classes trabalhada 1I111 lUilun do-se clara dimin uição de ocupa ções características da peque na bur-
ras, porque fora m escassos os memb ros das classes trabalhadoras eleito s par a o 10"' iiíi das zonas rurais e das peque nas cidades, como com erciantes, bancários,
órgãos políli cos. K ntretanto, a cl asse trabalhadora tev e um a participação cres
.........
.. . funcionários públicos. O gran de salto qualitativo era dos cargos
cento entre os votantes, a q ual se refletiu no crescim ento, tanto absoluto quanti nmiiiri pais para os estaduais: nos níveis esta dua le federal, p rl assp política er a
relativo, da votação dos partidos populares. Assim, a classe trabalhadora resig
" tímida, majoritariam ente, por pessoas com educação universitária. Kss e fe -
nou-sc a eleger, com seus votos, representantes de se us interesses cuja situ ação d
iHiMirn.) s e observa lanlo no seio dos partid os conservadore s quan to no de parli-
classe era superior à sua! A transição de um sistema oligárquiro para um a democra
•I" ifloi mistas e trabalhistas. Por que? Knlre várias expl icações possí veis para o
cia com participação ampliada, n o nível «l os eleit ores, fez- se acom panhar d a passa
I*iMM iujno, é m iste r subli nha r as se guintes:
gein de um sistema oligárquico para 11111 sistema poliárquico, no nível dos eleitos.«
l> w sto s (ia eleição. As cam panh as políti cas eram financiadas quas e cxcl usi-
.............. Pelos candidatos, o que realça a i mportânc ia das diferenças de renda
Estratificação social e níveis eleitorais nu.' ii nocupações. N o nível l ocal a arreg imen tarão política podia ser feita direta-
n'*' P «Io indivíduo, familiares e amigos, m as nos níveis estadual e federal en-
A saída da oligarquia rural e a e ntra da do s setores altos, médios e baixos d a
«Itiv.iiu custos adicionais de viagem e hospeda gem , principalmen te, e d e propa-
classe média no s diversos nívei s eleitorais não se efetuou de ma neir a homogê nea
IH itdu in direta, de massas, que são m uito mais onerosos que os custos da cam panh a
por duas razões: |,.>1111 .-a l ocal . Os custos d a eleição e stratificavam os c andidatos.
• dentro da classe med ia havia variância; e A i"-t ratificação interna dos partidos. A escolha dos cand idatos à Assem-
• a comjx >sição de classe dos níveis eleitorais també m variava. hli'la Kstadual e aos cargos federais n ão estava a cargo do s diretórios loca is, e sim
Alguns esludos mostram que, em vários municípios , muitos func ion ário : .1•dlicçfl o estadual; no caso dos cargos federais, havia tam bém considerável in-
públicos, pequenos comerciantes, alguns comerciários etc. conseguiram eleger ll*M»iu-ia da org aniza ção parti dár ia nac ional, ain da qu e variável de p arti do pa ra
se para cargos l ocais (sobretudo vereadores c,cm m enor escala,pref eit os e depu |i irl ido. Os setores médios « ; baixos d a classe m édia estavam repres entad os nos
tados estaduais), ma s a freqüênc ia dessas categorias ocupacionais cm cargo ; ill n lónos municipais, m as nos níveis estadual e federal a educação universitária
eletivos estaduais e federais era baixa. Os profissionais liberais e os industriais, at (lilIlMiva a ser um a qualificação exigida co m mu ita freqüência. Isso não que r dizer
contrario, cresciam com a importância do cargo. Havia um a alta incidência de advo i|in •. fi guras l ocais nunca fossem aceitas pelo partido com o candidatos a cargos
gados, médicos, engenheiros etc. , nas assembléias estaduais e 11a Câm ara Federal . "H «duai s e federais. Havia critérios eleitorais que poderiam forçar um partido a
À m edida qu e subia o nível el eitoral , crescia a percenta gem de profiss ional ] ■•Mim uma figu ra local . Ksses critérios, em última instância, si gnificavam um a
liberai s, decrescend o a percentagem relativa às outra s profissões . Os fazendeira i|l ii| ntíd ade imp ortante de votos. Ora, a votação de ca ndidato s com apoio exclus i-
e pecuaristas, ao conlrário, exerciam c onsiderável influência no nível municipal V.liiieiltc local depe ndia, por u m lado, da dim ensão eleitoral do município; por
com o atestam as percen tagens, entre os mem bros dos diretórios municipais, do í iMilm. do grau de dom inação política exercida pelo candida to. Conseqüe ntemen-
vereadorese dos pref eit os. iin i pequeno líder loca lquedispusessede poucascentenasdevotospoderiaser
lo vereador , m as não apresentava interes se para o partido como candidato a
Tabela 6
Com posição ocupacional das elites polí ti cas em Minas Gerais Hin du estadual ou lederal. Um líder com alguns m ilhares de votos s eria aceit o,
______ po r nive l eleitoral, cerc a de I9506 í ui, os candidatos eram escolhidos pelo partido. Cada pa rtido aprese ntava, nas
Ní ve l el ei to ra l Pro fi ss õe s li be ra is ■ I "<;oes proporcion ais, um n úm ero d e candida tos bem superior ao núm ero dos
Agropecuária Outras Total
% % % % O MTi am eleitos pelo partido. A ra cionalidade eleitoral se aplicava aos que po-
liim ser eleit os e tam bém aos que não o poderiam. Não interess ava ao partido

S
D iretóriosmunicipais 8 35 57 100 idi dat os que, sem chances de se rem elei tos, acrescent assem ape nas algumas
Vereadores 16 42 42 100
Prefeitos 32 32 36 100 • •oh nas de votos à legen da. Já os candidatos que, mesmo com mínimas chances
Depu tados escaduais 78 -1 18 100 ■li»urrem eleitos , acrescentasse m muitos votos e ram de in teresse par a o partido e
D eputa dosfederais 87 13 100 pun i se us candida tos com cha nce de ser em eleitos/’ 3

imrtici «la legis lação eleito ral era simples: o número devo tos obtidos pelo partido dividi -
IIimIos m oinpu lados de Car valho, l%8. Ni> l" I«»qu ociente eleitoral dava o númer o de eleitos peto pa rtido anlc s das sobras.
A m a n ip u la ç ã o d e recursos externos através dos contato s p es so ai s. A ex ...... pretendo, com
. essa afirmação, caracterizar as assembléias estaduais como
pansão das funções do Kstado , o surgimento dc uma tecnocraci a pública e a in "I i»lógicas e par ticipantes nu m a cultura internacional. Creio, simplesmen te, que
duslri alizaçãomodificaram asregrasda interaçãopessoaldentrodo jo go po lí ti ca •mihinçn odo maior contatodeseus mem broscom padrõessupralocais,elas eram
A simplicidade e a sagacidade rude, que eram qualidades apreciadas na polí ti ci 1nw id r-i avelme nte mais am plas no seu m odo de se r do que as câm aras muniei-
estadualda Repú bli ca Velha,foram sendosubstituí daspor outrasque passara m; l"ih N o nível estadual apareceram os prim eiros representantes de posiç ões so -
ser mais imp ortantes,como conhecim ento técni co que permitisse a apresentaçã ilulhtns, (pie questionavam muitas coisas consideradas naturais por outros. O
de projetos às fonles de re cursos, certos tipos de oratória que perm itissem a uli li •"in «I«’ alguns de bates era mais ac irrado, m ais fundam ental, m ais intelectualiza
zação de meios de comu nicação em massa com fins eleitorais etc.'O pe dido d i do « menos pessoal . A linha de cliv agem também varia va, importando m enos a
recursos para o município já não era feito a um “coronel' ’ urbano, m as a ui! nndl<; to e m ais a ideologia j Não eram mais as vinculações de famíli a que definiam
tecnocra ta estadual ou federal. Os bancos de desenvolvimento, as carteiras de cré d que lado os represe ntantes jogaria m politicamente, ma ssu as vinculações pol í-
«iito, as secretarias dc obras pú blicas etc. passaram a con tar com uma tccnocr acij i“ " partidárias, sua ideologi a, sua base elcitor all Em muitos casos, a reelei ção
própria,com um etosurbano. Seusmemb rostinham nív elunivers itári oeexigian •h pendia « la fidelidade com qu e o rep resen tante defendesse certo s interesses que
sofisti cação verbal e cognitiva de seu s interlocutores, assim c om o um ritual teen i i nililuiam sua bas e eleito ral e financeira. A reeleição do coronel m unicipal não
cod os p rojetos apresentados. ) O coronel local não estava equipa do para preenchei t.iii va em jogo porque derivava d a hegem onia socioeconômica, e não da fidelida
esses requisitos, send o necessária a en trada no cen ário políti co dc um a nova elite de Ideológica.
Mas não superestim emo s o grau de ideologi zaçào das assembléias estaduais
Algum as implicações da estrati ficação dos repres enta ntes «•ilii ( nnara Federal. Km prim eiro lugar, muitos re presentan tes era m eleitos com
po r níveis eleitorais . ...... I»" seu pode r loca l e na sua hegem onia em u m ou m ais municípios; cm sc-
ifiimlo lugar, a amplitude mental do s representantes variava treme ndam ente de
O nív el eleitoral, por s i só« limita as decisões tom adas pelos órgãos represen <.i iil o para eslado; e em te rceiro lugar, é necessário lembra r que muitos títulos
tati vos. É evidente que um a câ ma ra municipal nã o legisl a sobre a política ext erioi lin lvi i sil ários eram obtidos em faculdades locais , em c idades vizinhas ou n a eapi-
do país. Nã o obstante, a e stratifi cação diferencial dos órgãos repre sentativos si I h I do estado, não garantin do ideologia consistente nem visão cosmop olita aos
tuados em níveis difere ntes adiciona outras limitações às anter iores. A temálicj tun i portadores. em relação às câmaras m unicipais que as assembléias
dos debates e o contexto em q ue se situam os proj etos também são diferent es. C Ityllril utivns apa recia m c om o ideológicas e cosm opolitas .'
contexto da políti ca municipal rural e das pequenas cidades era claramente oli No nív el federal, as diferenç as eram ainda m aiores. Ainda que, no s casos es -
gárquicoeorientadopa ra assuntosagropecuári os.Aideol ogia era um a força pou lia liu los . não houvesse um a diferença flagrante na pro porção de ind ivíduos com
co atuante. A es trati ficação da socied ade era tomada com o parte da ordem natu tiiln. irao unive rsitária entre os de puta dos e staduais e os federais, havia diferen-
ral das cois as. As funções sociais do pod er público eram mínim as. I\m verdade i. »' quilitalivas entre os dois grupos. Km prime iro lugar, eram pouco s os coronéi s
muitoslíderesloc aisdefini am a squestõessoci aisem term osde caridadepessoal
Com petia ao legisl ador, porque mem bro da elite, “ajudar ” os pobr es e necessita
dos /’ 1ma snão competiaao governomunicipalmodificara infra-estruturasoc io eí
J ||i>i omandava m votos suficientes pa
fluiyi r, as decisões federais
in i nnsiderável poder que procu
ra ga rantir um a eleição federal.
eram muito impo rtantes par a os grup os econômicos
ravam ga ran tir a defesa dos seus interesses atra-
Km segun-

conòm ica, cuja legitimidade não se achava cm discussão. O p aternalism o pol íti cc V^n«In representaç ão direta n o Congresso. N ão eram poucos os repres entantes de
dominava,e standoau sente qualquerfornia de ideol ogias ocia lis ta. ...... ide s grupos que se elegiam para o Congresso.
Km muita s assemblé ias estaduais, os profiss ionais liberais eram maioria abj I ndo iss o fez com que as câm aras municipais, as assembléias estaduais e a
soluta - por exemplo, 78 % em Minas Ger ais. O trei name nto univers itár io tornj • ui* -u i Federal fossem órgãos considerave lmente diferentes, sendo errado
i "i iiii '1izá-l os como órgãos sem elhantes situado s em níveis diferentes. Knquan-
possível o contato
i*até m esmo com oeiros.
estrang pe í) nsam ento
discurso ideológico,
local com padr ões
cede lugar a um culturais
discurso m nacionais
ais ampl o; !u muitas câmaras m unicipais conservavam intacto o mod o oligârquico de fazer
|i"lin< i, a estru tura d e classes das assembléias estadua is e da Câm ara Federal
IVnt rode cada partid o, eram e leilos os ma is votado s. Um candidato com boa votação íavore dl i iii.Kimzavam um mod o político poliárquico. Kn traram no jogo político muitos
p«ileiiciali ncntc toda s os cuntlkkito s do partido com votação super iora sua, ainda que d e iiàd iniM iibros da classe média, so bretudo de se us setores m ais privilegiados, seja na
íosM- eleito.
'I justo mencionar que m uitos coronéis levav am a serio as funções assistencialistas e ef etiva i qin ill dade de represen tantes dos interesses de sua pró pria classe, seja como re-
luentc* ajudavam as populações carentes. |n ••• •'•ntaiites ideológicos da classe tr aba lhad ora, seja ain da co mo prep ostos dos
interesses da grande burguesia industri al e comerci al. Embora sem dispor de d a j I .ntre 1945 e 1964, as eleições for am ra zoav elm ente limpo s.6 6 Os re sultados
dos para tal ,eu arriscaria a afirmação de qu e o ônus financei ro da elei ção fez con j •li'l lnra is tiveram um a tradu ção polít ica, e, assim, a crescente p articipação eleito-
que, no nível fede ral, fos sem relati vamente poucos os mem bros da classe méd kj i id b*ve profu ndas implicações para a represen tação política dos intere sses regio-
que pessoalmente representavam os interess es de sua própria classe , cresc cnd J ii. ih, de classes, de g rup os econôm icos etc. D eixou de existir um oligopóli o políti -
dc signific ação as que sc elegi am apoiados n uma es trutur a sindical, po r um latloJ i o i mu bases e stadua is no Brasil . M inas c São Paulo já não tinham condições de
e os que representavam os interesses dos grandes grupos econômi cos,pelo out i oj nudiliuuma polí ticadealternar-seno pode r,derepe tiracélebrepolí tic ado caf é-
Portanto, no plano federal, agudizar- se-iam os confl itos entre os intere sses d i ...... leile, nem com o auxílio do Rio Grande do Sul, o primeiro estado forte a
.

clas se soci ais diferent es, principalmente da burguesia e da classe trabalhad ora iii*m igi r-s e seriam ente contra essa polít ica. Nas eleiçõ es diretas, a disp ersão clc i-
organiz ada, utilizando como representantes elementos d e um a terceira clas se, a l i i d sign ifica que os interesses de m uitos estados terão q ue ser levados em consi-
classe média. di m i ; k i e que oscandidatosdeverãoserlíderesdedimensõesefetivamentenaci o-
iiiiln lá não era suficiente a liderança estadu al, nem m esm o a liderança regional,
A exte nsão d a cidadania às cla sses trabalha doras e as i"ii ieleger-se pr esidente da República, uma vez que nen hum a lidera nça geogr a-
lli Hii icn te limitada dispunha do n úm ero de votos necessários par a gara ntir uma
transformações do eleitorado brasileiro »i|i'li,itn presidencial. Como essa base regional da política tem fortes correlatos
mu Inoconô micos, a disp ersão eleitoral fe z com q ue a políti ca de representação
A Revoluçã o de 1930 pode ser expli cada, em parte, pela defasagem entre a j n»i'lUNÍvn de a lguns inter esses definidos e org anizados (café, indú stria dc tra ns
cresceui es aspirações dc grupos urbanos cad a vez ma is numerosos — part icular!
formação etc.) no nível presidencial se torna sse progressiva mente invi ável: de-
men teossetoresm édiosligado sao Estadoe, secundariamente, a classel rabalhal
íi‘iid«*i exclusiv ame nte os intere sses de algu ns estado s aliena ndo os de outr os era
dora - e o monop ólio que a oligarqui a possuí a sobre o pode r p olít ico. A queda da
i nii iin ho certo para a derro ta eleitoral na sucessão. Passam os, assim, da políti ca
República Velha foi facilitada pela insatisfação dessas classes c setores q ue nãfl
conseguiam realiz aras suas aspirações, espec ialmente as aspirações políticas d ;ij d» i iipu la com co ncentra ção dc interesses para a política de base co m conjugação
ili Hilrres ses, na qual vários eslados (e vários interesses) assumir am im portância
classe operár ia. O Estado Novo signi fico u um impedimento polí tico para a maioi
min unia tendê ncia teórica à eqüidistribuição. Passou-se da política e elei ções
ria dos grupos e classes, gerando novas defasagens.
i "u i poucos atores ein condições d e certeza à política e elei ções com m uitos atores
A polít ica do período 1945-64 fi ca mais compreensível qua ndo a focalizamol
• mmniuliçõesde incerteza: as alianç as e a s coligações eram inevitáv eis. Kra neces-
a partir do jogo entre a polít ica dos estados e a extensão da cidadania a grupei
Hii lo le var cm consideração um núm ero cada vez ma ior de intere sses diversos. A
soci ais cada vez mais amplos. Sublinharemos algumas tendências que m arcaram
1'iili ilu t do café com leile cedeu lugar à políti ca da conciliação de múltiplos inte-
cada um d esses dois proc essos separadam ente, embora um a compreensão mail
|l N'irM,
adequada da polít ica durante o período democráti co requeira também uma análij
() po dei - de barganha dos pequenos eslados e partidos aum entou cm funç ão
se da intera ção entre ela s.
(III Him relevância es tratégica para venc er as eleições. Devido à tendênc ia
A evolução t io sist ema polí tic o baseado na extensão da cidadania e do voto I
i • iii lil isi ribu tiv a das alianças e coligaçõe s, um maior núm ero d e unida des passou
novos grupos e classes pode ser aquilatada a partir do crescimento d a part ici pai
çãoeleitoral. O período dem ocrático redefiniu o contexto polí tico de m aneira qual •i |iiiilri alterar o resultad o das eleições: sua adesã o a um a ou a outra aliança foi .
lilal ivamcnte diferente daquele que caract erizou a Repúbli ca Velha. Enquanto j «mi muitos casos, decisiva para a vitória eleitoral. Isso cond uziu à situação , inte-
ii K'liintc *Mn si mes ma , na qu al foi possível um a certa iguald ade es tratég ica den tro
políti ca da República Velha fo i, claramente, de cúpula, a d o período demo cráticj
ili mui g rande desigualda de de poder elei toral . Apa riir do mom ento em que uma
foi mais abrange nte. A participação eleitoral, por si só, não defin e sc uma polí ticj
é de cúpu la ou de massa , porq ue é possí vel ter certa participação elei toral durantj dl<i vot ação num estado pa ssava a s er condição essencial para a eleição de um
i iin dlda to, esse estado passava a ter um pode r estratégico semelh ante ao de um
um período lim itado sem que as eleições tenha m força política/* A partic ipa çãfl i d lo com um n úme ro m uito m aior de votantes. A semelhança estratégica der i-
eleitoral é sobretudo um ind icador negativ o: onde ela é muito baixa, não ha da
\ i do caráter impres cindí vel desse apoio eleit oral e nivela em parte o poder de
mocracia . Esse era o panoram a da Repúbli ca Vel ha.

l.sln fo i, claramente, a situaçã o imediatamente posterior a 1964. Não obstante , a percepção d l não sign ifica que :ião houve fraude. Houve, e muita. Mas a exislôn cia dc u ma justiça
Inolevãu cia do poder eleitoral e de que o podei político eslava, em últim a anális e,circunscrito ad h.iI independente e de uma imprensa livre foram condições necessárias para deslanchar a
militares desanimou um grande número de eleitores, donde a abstenção cm massa e a grani II/ação eleitoral. Seus efeitos se fi/.eram senlir . F.nt 1945, teve início um longo processo de
<|ttnnlidnde de votos nulos e em branco , observáveis já nas el eições de 1970. 11' içuamciitodcniocrálico que continua até hoje.
barganha de dois estados com contingentes el eito rais numericam ente muito d limlr .S ão Paulo, forte concorrência de o utros pa rtidos trab alhista se populistas. O
siguais . Nas eleições majoritá rias allam ente competitivas, com dois ou m ais c ~ i' III praticou o suicídio eleitor al em São Paulo, alienando ou expulsan do as prin-
didatos receb endo votações q uase iguais, Iodos os estad os são estratégicos. N •I | m Ih ligaras políticas do estado. Os votos trabalhistas descon tentes com a orien-
sist emas umm er lakes atl, isso é mais clar o: tanto faz perd er por pouco s ou Iui,'An do P I B foram da dos ao PTN e, em parte, ao PSP (assim com o ao MTR em
mui los votos. O m esm o raciocínio se aplica à análise a partir do s interesses • ’I. que em conjun to receberam 17 deputad os federais em 195 8 e em 1962. O
nômicos e à análise a pa rtir da força eleitoral dos partidos políticos . Num a situ o PR lambem perderam com a associ ação de base com Min as Gerai s, ex-
ção de equil íbri o eleitor al, o apoio de um partido pequeno pode ser decis ivo e | imh m »n no caso do PSD e tolal no caso do PR. Me smo sendo um eslado eleitoral-
eleições majoritárias: sem seu apoio, uma d as alianças perd e na certa. Conseqii e Mi*ui «' forte, o segund o da U nião, seus v otos não eram mais suficientes para ga-
tem ente, esse partido está e m condições de cobrar cai o o seu apoio. •"iilli .i vitória nas eleições presidenciais. Mais do que isso, historicamente,
li iiinv i se de u ma lu ta contra as tendências d o país: o destino de M inas Gerais era
As novas forças eleitorais e a di ssociaçã o en tre base s e cúpul Iiwm Ii i substânc ia elei toral de man eira contínua. Não obstante, a cúpula desses
jiiiii i do s e st av a re pl e la d e in di v íd uo s c o m u m a p er sp ec ti va p u r a m e n te b io gr áf ic a,
As cúpulas de alguns partidos não levaram n a devida consider ação os 10 m jilifinit.il r lo ca l d a p o lí ti ca b ra si le ir a , t o ta lm e n te fi xa da n a é p o c a d e g ló ri a d o p re s-
lliões de eleitores novos que entraram no processo eleitoral entre 1945 e 196 llnl ticl cilor al de M inas Gerais.“ Esse fal o, oriundo, cm alguns casos, deexper iên-
Esses votantes tinham um a compo sição etária, social « • geográfica diferente da rliiH | h ili lic as da República Velha e do E stado Novo, imp ediu a adoç ão de u ma
eleitorado que existia em 1945 : eram mais jovens, de nível socioeconômico m a |UHN|ii'ctivii históric a e re alista po r par te da dire ção d o par tido. A insistê ncia em
baix o e residiam em maior proporção no Sudeste e no Centro-Oest c do país . E liniit« Imi iiiia çâoestadual ou regionalalienou outr asestado seo n iras forçaspolíti -
196 2, foram esses novos eleitores que decidiram ;i ele ição, e nã o os rem anesce ........... ascensão. Outros partidos, mais novos e menos
. estruturados e por isso
tes do eleilor ado de 1945.0 aparecimento dessas novas f orças elei torais no sist ........ mais flexí veis , colheram os frutos dessa inabil idade, crescend o eleit oral-
ma polít ico brasileiro leve sérias implicações para a expansã o do s partidos poli llliilltc nessas áreas. <) maior partido do período, o PSD,n ão se beneficiou do cres-
cos. Vários partidos gran des já estava m relativamen te estruturad os em 194 5. ilin nilo notável do eleit orado brasi leir o, man tendo aprox imadam ente o mesm o
eslmluraç ão ini cia l dos partidos marcou, e muito, a sua organização e a sua di ili iil irto de depu tados depo is da grande perda eleitor al de 1950. Esse crescimento
tribuiçào interna de poder. O Fl'15. por e xemplo, ficou marc ado pela associaç muit o influenciado pelo desenvolvim ento demográfico e p olítico de alguns es-
com G etúli oVargas, sendopraticamenle dominado pela seçãogaúcha dopartid ,entr oosquaisse destacaram São Paulo,Paraná,RiodeJaneiroe Guanaba-
já qu e Ja n g o , Br iz ol a e os m e m b r o s d a fa m íl ia V ar ga s ex er ci a m fo rt e in fl uê nc • ' ..... 'i penetraç ão do PSD era relativam enle frac a e instáve l. 0 de stino do PR
.

dentrod opartido.E ssaassoc iaçã o,inic ialment e,acarretoup arao partidoum cre Ncin elh antc : de 19 deputad os federais em 1954, baixou para qua tro em 1962,
cimenlo baseado n o prestígio pess oal de G etúl io Vargas e na m áquina pol ít i “«•eleit os por M inasGerais.
sindical que ele havia montado. Entretanto, a associação do PTB com Gelúl A flexibi lidade de alguns partido s m ais jovens, com o o PDC, pe rmitiu que
Vargas e com o Rio Grand e do Sul pode ler tido um im pacto negativo em algu • |i i U iassem ma ior prove ito elei toral das m odificações demográficas e eleitorais
setores do eleilorado paulista, em cuja me mória subsistiam as im agens de 1932 ís. Em 196 2, o PDC já disputava ao PSP a quarta posição eleitoral no país,
A dominação do PTB pela seção gaúcha, a parlir de um certo momento, passou imuloexatamente naquelesesladoscom maiorcrescimentoeleitoralabs o-
sereleitoralmentedesvantaj osa,um a vezque alienou fortementeom aiorconti São Paul o e Paraná e t om ando-se o partido br asil eiro de maior cr csc i-
gente eleitoral da União, cujos níveis de industrialização e urbanizaç ão eram p llliutln eleitoral entre 195 8 e 1962. Alguns prognósticos davam ao PDC a tarefa de
pícios à sua expa nsão. O r esultado é que, cm 195 8. o PTB elegeu som ente cin <i»li .iltui r a UDN — certam ente a U DN urb ana , e não a rura l —, con stituin do-se
deputado s federais cm São Paulo, num total de 44, situação que m elhorou e llillll i,i ande partido dc ce ntro e represe ntando as n ovas classes média s urbanas,
196 2, com 12 depu tados em 59. Isso, evidentem ente, não significa que São Paul lUkfl n que vinha send o exercida de man eira pouco inteligente por um a UDN di-
o estado mais industrializado do país, não oferecia bases par a os partidos tra u vldiil i nitre essas classes: a velha classe méd ia dos bacharé is e os gru pos tradicio-
Ihistas , e sim que o principal p artido trabalhista no nível nacional sofreu, no esl im i i tir ais . Portanto, o crescim enloeleiloral diferencial entre os estados acelerou
■ oirwimenti ) de alguns partidos eo decréscimo de outros. O decrésci mo foi fun -
'■’ Creio que foi entr e os membr os rir. geração que participou da Revolução Conslitucioualista d V’*'• 'In dominaç ão do parlido em pau ta pela seção d e um ou mais e stado s com
iy;l2 que houve m.iior resistên cia ao PTli. Não obstante, a influincia eleitoral dessa geração dim
imiti com o tempo. Nas eleições ric 19 62. seus membros ti nham em mé dia fio anos, repres enta Hl! ---------
'* •1nu-«mo
: ; -
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poderia ser dito das elites políticas nordestinas.
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|n»i l.into unia parcela mnilo pequena num eleitorado essencialmente jovem.
decrescente participação no total de eleitores do pais em detrimento dos est ndc Capítulo 4
de m aior crescime nto demográfico e eleit oral na direção do partido.
Assim, ao passo que alguns partidos, como o PDC , souberam aprovei tar
transiçã o da política oligárquica para a poliárquica, outros, com o o PSD e a UDi A f orm açã o dos partidos polí ti cos nacionai s
continuaram parcialmente atados à polí lica o ligár quica e foram preju dicados .
PTB, que se beneficiou com a extensã o da cidadan ia e do voto às classes trabalh
doras, poderia ter crescido muito mais se contasse com uma e strutura interi
democráticaeaberta.A transiçãodaoligarqui aàpoliarquiasefezacomp anhar<
mud ança na força pol íti ca c eleitor al dos partidos, process o interrompido pe
golpe de 196 4. < imeei tos
• •t pui tidos políti cos não nas cem feit os. Klescom eçam em algu m lugar, com algu-
m 1. pessoas e com algu ns recursos; às vezes com algu ma ideologia e algum a pro-
|iM»in para a soc iedade q ue deseja m construir. Se bem-suc edidos, crescem; se não,
•I»llnliiu n, vegeta m o u des apa rece m. A organização dos partidos também não
iM" ■' frita: um país federativo req uer d iretórios regionais (estaduais); um pais
»mi 1municí piosrequerlimaextensa redede diretór iosmunicipais.Afundaçãode
um diretório é apen as 0 início da organização de um partido, que é um proce sso
Iiiii^u/,A estruturação de um partido implica a criaç ão de vínculos com os meios
dn i tii mimic ação de m assa, com organizaçõ es civis (com o os sindicato s e as rel i-
Nino • organiz adas), a lém d a criaç ão de dire tórios. [

A «Ituação em 1945
t»golpe que depôs Getúlio Vargas fo i um golpe puram ente político , não uma
1tu mMii,ao soci oeconômica. As estru turas socioeconómicas, e ntre elas a proprie-
>I"I*' «los bens dc prod ução e, em particular, da terra, n ão foram tocadas. Perma-
.................portanto, as bases socioeconómicas associadas ao poder oligárquiçp.
bililu am ente, o golpe de 1945 tampou co teve características de um a revolução ,
1111111 \ q u e s u a aç ão , m a is de a b e r tu r a d o q u e d e r e p r e s s ã o /’5 nã o p r o c u ro u de s-
Miiulli lar o poder oligárquico estabelecido 110 nível mu nicipal e estadu al. Liini -
(fpHO a rem over Getúlio Vargas e sua equipe do pode r federal e dos governos
UmImiIiiius, sem mod ificar su bsta ncia lm ente a s bases d o sistem a político n os esta-
dim • nos m unicípios. A ditadu ra impediu a vida po lítico-partidária. L?.m 1945,
• »1. di* muitos an os de ditad ura, havia um só partido qu e era efetivam ente na-
illllnl < • dotad o de um a ideologia consistente: o P artido Com unista Hrasi leir o,
|iiii<Iii< lo em ma rço de 192 2,que s oub e ma nter, mesmo perseguido, um a estrutura
iii rti iiil/ Jic ional nacional anc orad a na s capitais e nas principa is cidades. Q uando 0
ImiI i nc1edemoeratizou, o PCB estava prepa rado para as eleições na s cidades. Era

•Min iii ir.rncionar o falo de qu e Getúlio Vargas pôde candidatar-se a sen ador, tendo sido eleita
ViMii|i<iMudo.
forte nas cidades e fraco 110campo. N o Brasi l de 19 45 . ainda prcdominantem c «I»m ie <Ntruti iraçã o e de o rganização partidá ria, o PTB co mpar eceu às urn as em
rural,ser fraco no campo sign ifi cava deixar de concorrer pela conquista “dos intliin r. : ’l unidades. Essa represen tação nos estados em que o PTB não concor-
rações c das mentes” da maioria da população - assim como pelos seus vot os, 11111ui 1945 signif icou aproxim adam ente 27 mil votos com q ue o PTB contou nas
isso 0 PCB foi forte comp etidor na s eleições para prefe ito das capitais e das gr i.lnlçr )r leg isl ati vas de 1947 e com que não pude ra contar anteriorm ente devido
des cidades, mas não p ara os governos estaduais. Perdeu feio 110 interior. uh iiiin limitações organizacionais. Dentro de cada estado, essas limitações não
O PSD e a UDN , ainda que inexist entes duran te a ditadura como parti miM M* reproduziam nos municípios. A existência de u m sim ples diretório esta-
polí tico sformais,dispunham debases soci oeconômi cascde um aparelhoorga iliml dizia pouco a respeito dos municípios. Assim, os partidos ainda não
/. ac io na i n o s ní ve is m u n ic ip a l e e st a d u a l, se n do a s u a fo rm a ç ã o u m p ro b le m a i* «1Mim ados nacionalm ente concorriam às eleições som ente em alguns municí-
ííí- ficii /nçfl o entre a s lideranç as. Km b oa parte , 0 PSDrepresentava osituado 11is 11I111Hlos istados onde tinham diret ório estad ual e em nenhum onde não o tinham.
da ép oca da d itadura ,,íp e a UDN , a oposição. A UDN, produ to da con spira M.l.i niellante, a representação eleitoral 110 nível estadual é.somente um a forma
contr a Vargas, já dispun ha, inclusive, de u ma base organizacional nac KWi a/, a WliMiiiMitnr da estrutura organizacional partidária. Km cada estado há dezenas e,
de um importante entrosamento com setores das Forças Armadas.7 1Tanto o P ||in minores, centenas de municípios. Um partido pode conco rrer às eleições em
quantoa UDN ancorav amboa part ede seupoderna dominaçãosoci oeconô" I os estados mas, dentro de
i i i I ii cada estado, somente em alguns municí pios. É
loca l, seja exclusiva de um dos dois, seja dividida ent re eles ou, m ais raranie iMiliimeiitc nesse nível que residia a grande superioridade do PSD e da UDN:
com um terceir o partido. A UDN, menos forte no campo d o que o PSD, t i Miii |in mtoe m todos os estados esse s partidos dispu nham de um a red e organi zativa
alguma penetração n as classes médias urbanas,particularme nte na cidade do i i • id.i no poder local, com células locais e diretórios municipais, 11am aioriados
de Janeiro. Essa UDN u rbana era, não obstante, 01ilra UDN. iiii nilcip ioso PTB e outros partid os vieram defora, procurando am pliar uma rede
O PTB, i*>r outro l ado, não dispu nha dessa base organizacional, lendo ‘I•
1 11,nu muitos estados ,abrangia um núme ro m odesto de municípios. Se in sta la-
cialmcnlc servidoapenascom oinstrumento dem obil izaç ãodovotooperário, •mu » élulas em outro s municípios, prosseguia o trabalho de a rregim enlaçã o el ei-
benefício de Getúlio Vargas e seus seguidores. Contud o, o aparelho sindical, m lii inl •■ ui municípios nos quais o partido já contav a com um a célula. Conscqücnte-
tado porGetúlio ,oferecia um a base organi zacionalurbano-industri alque foi 11 liHMite, tanto em 194 5 quan to em 194 7, o PTB estava muito long e de es gota ras
lizada com èxito pelo PTB. Para o PCB, 19 45 trouxe a possibilidade de trab a" |H Mtnlhilidades eleitorais que a inf ra-es trutura socioeconômica lh e p ermitia, em
aber tame nte e desenvolver um a estrutura organizacional já existente. Para o P ...... i" de sua definição ideológica e de seu apelo de classes. O incremento na
e a UDN. a redemocratizaç ão sign ific ou some nte um trabalho d e artic ulaçã o, 1nlni; 10 nacional do partido foi de 127 mil votos, dos quais somente 27 mil
nível nacional, de estruturas estaduais e locais já mon tad as- , mas, para o t rt|* ond iam aos estados d
......
. e rep resentaç ão eleitoral nova. A votação do PTB,
representou a necessidade de organizar um partido político nac ional a partir iii i númerosabsolut os,aumentou emoitoestadosedim inuiuem sei s.Suagrande
bases precárias. Esse problem a refletiu-se 11a representaç ão nas eleições , quan ii" i tu el eitoral f oi no R ioG ran de do Sul, onde obteve 132 mil votos a mais do que
por falta de células e diretórios locais, o PTB deixou de co mp etir em cen tenas *ui l 'M5, ao passo que a prim eira gra nde derr ota eleitoral vei o do então Distri to
municípios. I <ilc i.i l, depois estado d a Guana bara, onde o PTB perdeu q uase 4 6 m il ele itores .
Pm I»1considerável ilo crescime nto e leitoral do PTB pode ser exp licada pela
I I mi 1nua expansão de su a rede organizacional no nível municipalxO PSD e a UDN,
A rep resentaçã o nas ele iç ões com o um indi cador da
. itrário, perde ram muitos votos entr e 1945 e 194 7, iniciando 11111desgaste
organização partidária 111« «1 que se prolong aria até 196 4, processo ma is visív el no caso do PSD. Em
, o PSD obteve aproximadamente 868 mil votos a menos do que em 1945,
A represen tação nas eleições reflete ; i organização partidária. Por isso a
um 1 perda de um terço de seu eleitorado de 1945. A UDN, por sua vez, perdeu
presentaçãoelei toralpodeserutilizad a comoum indicadordeestruturação pa
ui' 1ile mil eleitores, aproxim adam ente um quarto de seu eleitorado de 1 945.
dária. Em 19 45 , o PTB concorreu às el eiçõe s para a C âmara F ederal em 14 un i A| 'i'ii,i\ 1re s estados foram responsáveis por cerca de 70% das perd as do PSD: Rio
des da Federação, enquanto o PSD, a IJDN e o PCB concorreram à s el eiçõe s
1liiiikI**do Sul (2lS mil votos a m enos), São Paulo (212 mil votos a m enos) e Mi-
tactos as unidades. Isso si gnifica que 0 PTB não estava organizado em todos
iiiin ( iiMüis (212 mil votos a menos).
esf«í/ os, que dize r, em to dos os mirmcípíos. F. tn 1 947 , graças a um trabalh o int e
A UDN perdeu muito em São Paulo: dos 338 mil votos a menos, 148 mil fo -
111111 |H i didos nesse estad o. Não ob stante, a red ução na votaç ão desse s dois parti-
‘"Getúlio Vargas participou da fundação c organização do PSD e foi o seu líder.
;l lv.se outrosumento foi longevo: continuava presente 110 golpe de 1964-
ilim ii.ii» foi peculiaridade de uns poucos estados: tanto 0 PSD quanto a UDN s o-
Km 1945 , o PRP com petiu individualm ente em 11 unidades,aume ntandoessa
fieram perdas eleitor ais em 17 estados e aumen taram sua votação em apenas q ual
.nl r eleitoral para 18 em 1947. Inicialmente, sua votação provinha basicam ente
tio. Embora concentrado, o desgaste elei toral do PSD e da UDN, de 194 5 a 194/.
lo i um fenômeno d e âmbito nacional , e não regional ou estadual.
......... estados: Rio Grande do Sul,
. São Paulo e M inas Gerais, que representavam
Parte d as perdas dos votos,sobretudo a s ini ciai s,deveu-se a "acomodações! filPW, do tot al. M esmo não sen do um partido estadual, vislo que dispun ha de bases
Mi| ini/acionais extensas, su a base eleitoral era reduzida. Assim, é líci to concluir
no nível estadual, ao conflito ent re grupos dentro dos partidos, o qua l culminava
, orua niza cion almeni e,o perí odode194 5 a 1964 t eveapen assei spart idosna -
com a saída dos perdedores. ’
,i.in ti s: PSD, UDN e PCB, desde o in ício ; e PTB, PSP c PRP, que con struíram suas
|., ,,-h organizaci onais. Entreta nto, eleitoralmente, a qualificação do PSP e do PRP
Partidos estadu ais e pa rtidos region ais
, „mo pa rtidos nacionais é discutível, devido à alta percentagem de seus votos
A necessidade de m ontar um a rede de organizações partidárias car aclemoU •ii I iiik I. i depou cos est ados .
vários partidos, além do PTB. Alguns partiram da estaca zero: por exemplo, a
PDC , em 194 5, competiu em apenas cinco estados nas eleiçõe s para a C amari Cur ti do s estruturado s e parti dos e m estruturação
Federal,aumentan do esse núm ero para 10 em 196 2 (dos quais nove em alianças e
coligaçõe s). Eleitoralmente, porém , o PDC era um p artido regional, um a vez quj I A estrutura de um sistema parti dário tem uma dimensão temporal, ou se ja,

São Paulo contribuiu com nove dos seus 20 deputados federais, e o Paraná, coi r
.

........... o tempo n um movi mento


.

p e r m a n e n te de mudança.' A estruturação e,
outros quatro. O PI) C elegeu somente dois deputados federais em todo o Nordes u m pr oc es so . Contudo, suas implicações el eitorais depe ndem da re laçãoenire
te e quatro em todo o Brasil “subdesenvolvido”. „ hleolo&ia do partido e a infra-estrutura socioeconômica dos locais onde esse
Igual caracterização merec e o PTN, que em 1962 el egeu seis dos seus 11depu ,,hmv.«..so se efetua. Um partido trabalhista tinh a mais a gan har eleitoralmente
tados fed erais cm S ão Paulo.7 2Ou tros casas sem elhantes foram o HL (três deputa' i •iii ili clc cend o-s e num a área u rban o-indu sliial do que num a áre a rural: as ili fe-
dos federais no Rio Gra nde do Sul, num total d e cinco), o PR (cm 1962, todos os •i nti •. cél ulas partidá rias não da vam o m esm o rend ime nto eleitoral. Seu estabe-
quatro d eputados federais foram cleil os por Minas G erais) e até o PSP (nove do ; i„ ii ncnto em áreas “propícias“ , ainda nã o trabalhada s politicamente, trazia maio
21 depu tados federais eleitos por São Paul o). ™ Estes partidos já na sceram con d .. benefíc ios eleitorais do que e m ár eas on de a com posição de classes era pouco
características regionais: em 1945, o PI . obteve 5 1 mil votos no Rio Gr ande d o Sul «iptiva ã ideologia do partido. O PCB parece te r levado esse raciocínio em con-
num total nacional de 57 mil; o PDC obteve 64 mil votos em São Paulo, num tota «Mun ição , pois seus e sforços, enlre 1945 e 1947, foram mais no se nlido de sohdi-
nacional de aprox imad ame nte 100 mil ; e o PR obteve 182 mil votos em M ina II, ,|| «un s bases em área s propícias, nas quais já se encontrava instalado, do que
Gerais , num tota l nacion al de aproximadam ente 220 mi l. 7' |)i> e iteuder sua rede oigan izadu nal a ár eas ru rais, m enos p ropícias. A t radicional
I louve mudan ças. O trabalho organiz ativo deu f rutos : o P SP di spunha, já en inlnlçrtoqueas áreasr uraistinha m pelaideolog iacomunistafezcom quea stenta -
1947, de um a rede orga nizacional considerável e, em 1950, com petiu, individual 11«„* de organização partidária aí promov idas tivessem pou cos benefícios eleit o-
mente ou em alian ças, em todos os estados brasilei ros, hm bora sua presença or ,,.| n !• ,n cons eqüê ncia, o PCB mu dou po uco. O PTB, ao con trário , enceto u uma
gani/acionai se estendesse a todos os estados brasilei ros, sua ancora era no est a
i iu,| |i. inl ia de organização partidá ria em mu itas frentes. O “teto -p ara o seu crcs-
do de São Paulo : naquele ano, dos aproximadam ente 560 mil vot os recebidos na
, (nu ii io, a curto e m édio prazos, e ra m uito m ais alto que o do 1 ’Cl i, já que o cara
eleições para a Câm ara Federal nos 1 1 estados e territórios em qu e competiu ind : i,, m oderado de sua ideol ogia l he pcrmilia conquist ar um núm ero bem maior de
vidual mente, quase 4 00 mil foram obtidos em São Paul o.
vii|. em várias classes sociais, inclusive nas classes rurais. Assim, o PI B mud ou e
II mim muito.
« A concentração do PTN cm São Paulo se «levo no fato do que, inicialmente, ele foi r.in sim ple I lá outr o proce sso dc mudança pa rti dári a sumamente inte ress anle: tra ta- se
Instrumento eleitoral d c Hugo Borghi, tendo recebido, em 1950, 168 mil votos em São 1’auli ,1,, |. ih I id oque,dispondode uma extensaredeorganiz acion al,num dado momen -
mun total de 211 mil em todo o pais. Posteriormente, o PTN superoua associado com Hug
BoiRhi e am pliou sua s bases organizacionais. Não obstante, o peso de São Paulo continuou ma |ii n ii ai gran de núm ero de eleitores de diferentes classes sociai s. Não obstante, a
caildo o partido :ité o fun do período.
T*Todos esses dado s se r eferem a 1962. ■ i. . das de i960 c 70, com a experiência culwna, multiplicaram-se as tentativ as de esta
A experi ôncia nacional e inter nacional ensina que muitos partidos começam su a vida polil it
lai. ,., rentros guerrilheiros nas zonas rurais, inspira das pela teoria do ioco e suas múltipl as
como estaduais ou regionais, ampliando-se posteriormente. Porém, o que diferenciou algui
IMitidc* «lewse período «^que, em 1962, eles ain da não tinha m consegu ido proje ção nacional. viil«|ntos.
atuaç ão políti ca desse partido re define sua ideolo gia, num a situação de compet Miincit é dem ais enfatizar que as eleições de 1945 foram , em m uitos sentidos,
ção com outros partidos. Tal partido perderia votos naquelas classe s que se se itn i>i in iri ra s eleições demo cráticas do país. Duran te 15 anos, do mina ção da figu-
tiss em inadequad amen te represent adas, votos que seriam transferidos para o *ml< Vai gas; em pouco tempo, a s eleições mais livres c amp las da h istória políti ca
tros pa rtidos com u m a ideologi a mais afinada com seus interesses/ ’6 Iss o pod ........llt 'ir u até aquela dala. N ão admira, p ortanto, que o gran de divisor das águas
acontecer se m um a diminuiç ão sig nificat iva da rede organizacional do partido |i h i «<1.11ias fossea posição em relação a Getúlio. Fora desse parâm etro, havia con-
até com sua expansão. Kssa análise tampou co pode ignor ar o nív el de ideologi /aç* tiin.ln Km poucos meses, aparece ram coisas novas, chamad as p a r ti d o s po lí tic os ,
do s istem a políti co. Na República Velha, o nív el de ideologização~ da políti ca e .!«. i nl,ui conc eito de intim idad e exclusiva das elites. Apa rece ram n ovas siglas
muito baixo, havendo pouca diferença entre as ideo logi as e, portanto, entre IMi ilhliuins, desconhecidas. O que signifi cavam? O cpi e prete ndiam esses parti-
bases de classes dos pari idos polí tico s. Era essenc ialmente u ma política de elite, iliw'i1«du io vincu lara essassiglasos anseiosd eclasses,grupos, instituiçõesepes-
as diferenças entre os partidos se correlacionav am m elhor com diferen ças ent itii.iH.* I ise 6 um process o de m uitos anos e m uitas el eiç ões. Em São Paulo, o PS D
fr a ç õ e s d a e li te do qu e com diferentes classes. Nessas condições, prepond erava h i 1 11>N perdera m, juntos, aproxim adam ente 3 50 mil votos, muitos dos qu ais
poder formal: o controle do apa rato estatal e, conseqüentemente, dos recurs Iiiuii I kciiu am o PSP, já qu e Ade mar de Burros soube apro veitar a situação atravé s
públicos e dos me ios de coerção. Em eleições razoavelmente livres, o baixo ní v du hiui |iiiu ;i ]M >litica que m onta ra quan do interven tor no e stado. N o Rio G rande
deideolog izaçãoimplicaum ma iorpapeldo aparelhoorganizaci onal,quepassa «lu flui, o PSD perdeu m ais de 20 0 mil votos, enqu anto o PTB ganh ou mais de 130
ihiI Jr . .«-s mov ime ntos, ent re 1945 e 1950, o gra nd e prejud icad o foi o PSD, que,
ser um dos poucos fatores determinantes da m obil izaçã o e d o êxito elei tora l. F ii|i ui • l«> mais, en fren tou sé rias divisões no seio do par tido, com alas diss idente s
boa m edida, tal era a situação em 1945, qua ndo tiveram início a conscientização
»niii |M'| |nd o sob outra ba ndeira pa rtidária. No M aranh ão, onde o PSD perde u 31
a mobilização das classes sociais, bem com o a ideologi zação do sistema poli ti
Inll vo tos (de 4 1 mil), “surgiu” o PST com 3 2 mil. Parece q ue o PSD obteve em
com fins eleit orais. Naquelas eleições, fo i grande o peso da organizaçã o parti *
*1 1 ,ui ii ilo s votos que não poderia segurar a p artir do m omento em que se conf i-
ria. Não obs tante, o proce sso político-democrático elevou o nível de ideologi za
|ji ||n ii i nino um p arlido com ideologi a conservador a e a partir do mom ento em
do siste ma, por um lado, c de definição ideológ ica dos partido s, pelo outro. L v
qui i irtúlio Vargas, seu fundad or, "definiu-se" favoravelme nte ao PTB. E sses vo -
19-15, muitas classes inte ressadas na re forma do sistem a socioeconôm ico dera
lim loi nn fugindo do PSD até 1954, qua ndo o partido se estabilizou, passa ndo a
seus votos aos partidos conser vadores. Houve pouco temp o para que os partid
ll*l ilr hj;. ist ado some nte pela corrosã o rias bases socioeconômicas sobre as (piai s
se definissem ideologicamente e pa ra que a população conhecesse as ideolog i
» i n a montado .
partidárias.'* A partir de 1947, a definição do PTB e do PSP como partidos
A. perda s eleitor ais da U DN po r razões essencialm ente polít ico-ideológi cas
orientação populist a levou muitos m embros dessas classes a votar nesses par
fllliiin poucas. Em 194 5, sua linha com relação a Getúlio Vargas já estava dada , e
dos,deixando o PSD ca UDN,que na melhor das hipóteses não se definiram id -
Mm Ideol ogia , razoave lmente conhecida. O s principais nom es da U DN er am co-
logica mentepelosinteressesdelase,na pior.se definiram comopa rtidoscons
lilli «1 11<>’>antige lulistas. As modif icaçõe s da UDN, po rtan to, foram me nore s que
vadores. Di du PSD, resultando m ais das modificações na infra-estrutur a sociocconômica
tu |i il. d(i(|iie deu ma mud ança do s eleitores diante do esc larecime nto sobre «| ual
;,J A interação entre a mudanç a ideoló gica num partido e a re sposta deiloral d as classes s oei mu i verdadei ra orientação ideoló gica do partido. As ações de Getúlio Vargas tam-
se faz dentro de parâmetros impostos |telo sistema partidário. Num sistema niultipartidá Ih 11h i »loi am eleitoralmente rele vantes para a U DN, uma ve/ qu eel a aglutinava as
prohalíilist icanienle, há mais alternativas e mais mudanças. Kntreianto, estas não são as úni |i h i(iln intigetulistas. Após a m orte de Getúlio, cm 1954, a UDN pa ssou a com ba
variáveis que entram na equação. A percepção da prolwhilidade de vencer a eleição també li»! h iift ulismn e o trabalhismo. Te ntou, com pouco êxito, desenvolver um a ideo
conta. K o chamado voto útil. l"i In próp ria.
7' 0 nível de ideol ogização de um siste ma 6un i conceito pouco trabalhado e que tem pelo me
dois componenlcs: um indica até que ponto as pessoas e instituições respondem politicam Aextensão da s modificações eleitorais nos diversos partidos po de ser aquila-
a interesses mais amplos do qu e o próprio indivíduo, sua família e seus am igos; outro indica liiiln iti avés das correlações entr e a perc entagem d os votos obtidos po r um pa rti-
que ponto uma visão organizada do mundo desempenha um papel na polític a. il" . o total de votos nos diferen tes estad os em d uas eleições diferentes. Assim,
Nao aplicamos aqui critérios intelectuais, exigentí ssimos, para definir a at uação partida i ui i . 4.11ionando-se a votação obtida pel o PSD em 1945 c om a votação obtida cm
. «•mo ideológica. Níveis de exigência altos, característicos da idealização de muitos intelectu !•*| podemos ver a extensão das modificações por que passo u o PSD nesses doi s
«v.lwuram na realidade dos partidos e, se aplicados, l evariam à conclusão de que não há n
rmH. , \
num a houve partido s ideológ icos dentro o u fora do Brasil.
Os ilados demo nstram que,no curto período de dois unos ,entre 194 5 c 194 Tabela 8
houve importantes modifi cações nos contingente s eleitorai s nos partidos bra Coeficientes de correlação en tre a urbanização em I95 0
leiros, 1:0111a exceção do PCB. O conhecimento da percentagem, sobre o tot al •• .1 pe rcentag em , sobre o total de votos vá li dos, dos votos
votos válidos, obtid a pelo PSD em 1945 praticam ente não nos ajud aria a conhcc obtidos pelos principais partidos nas eleições de 194 5 e 19 47 *
percen lagem sem elhante em 1947, sendo o coefi ciente de determ inação 0,07! R.
coeficiente, porém , e artificialmente baixo, uma vez que, em 1947 , houve imp P unidos U rb a n i z a ç ã o
tantes cisÕcs em alguns estados: os votos pessedist as ma ranhenses,po r cxcmpl 1945 1947
foramdadosa 11111partido f orm ado po r dissidentes. O baixo coeficiente obtido n h 11 0,79 0,81
caso do PSD con trasta com o obtid o no caso do PCB, uma ve / «p ie, conhece ndo ITD 0,68 0,45
votação percentual de 194 5. poderíamos prever 90% da variação na votação in t *1 )N - 0.39 -0,33
• l'M - 0 ,6 0 - 0 ,5 2
restadu al obtida pelo partido em 1947 ! Partido estrutura do, com ade ptos lea is
11111a grande dificuldade de recrutamento de adeptos adicionai s, tanto em funç !'»i •iinugcm da população çue vive em c daúes c vilas co m 10 mil habitantes ou mais.
das táticas e diretrizes do próprio partido quanto em função das resi stên cias
grande parte da população às posiçõe s radi cais que o partido defendia naquel
\ UDN perdeu mais substância, proporcionalmente, 110 Pará, Maranhão,
tempos, o PCB permanec eu inalterado. A UDN e 0 PTB espelham um grau mai
AIm|>. mi Sergipe, São Pa ulo c Para ná, e viu dim inu ir o nú me ro de es tado s rura is e
de mud ança e m relação ao PCB , e men or em relação ao PSD, t endo sido um pou
N| 1li ui.r. onde tin ha alta pen etração. Conseq üenteme nte, a aná lise espacial7 ’ re-
maior a estabilidade eleitoral da UDN.
V»In nirnoi depen dência da UDN em relação à proporçã o da populaçã o viv endo
Tabela 7 • ui rt iras rurais cm 194 7 do que em 194 5 (correlações com a urbaniza ção de —
" li«’ 0, 39, re sp ect iv ame nt e) .
Coefici entes de correl ação (produ to-mom ento) entre as
u l'( 'B, com o seria de esperar, dem onstrou nolável estabilidade 11a sua estru-
percentage ns, sobre o total, dos vot os obtidos por PCB, UDN , PTB
PSD e m cada estado nas elei ções de 19 45 e 194 7 ......... . determinações: a correlação com a urbanização passou de 0.79 par a 0, 81,
illli'i«'iiç;idesprezível. À labela 8 apres enta, de man eira sistemá tica, os c oefici en-
Correlações R r *
ii. 11>1i ori elação referentes à votação recebida pelos quatr o par tidos mc nciona-
PCB, 1945, com PCB, 1947 0. 9^ ” 0.9 0 lliiH •' ■•mi relação com a urbanização.
UDN, I945.co m UDN, 194 7 0.79 0,6 2
A imáli se comparati va permite ver que as áreas urbanas eram bem mais re
PTB. 1945, co m PTB. 1947 0.71 0^50
li iih iii ir: ao PSD do que à UDN . Em 1947, essa rejeição diminu iu nos dois casos,
PSD. 1945, com PSD. 1947 0.26 0.07
in 1 I" 1mnncceumaisforteem relaçãoao PSD. Aatraçãoexercidapelaurbaniza-
^i" nii bi o o PCB era bem maior do que sobre o PTB. A relação existente em 1945
Houve mudan ças na e strutura das determinações da penetração elei toral d
partidos. O PSD, por exem plo, perdeu substância eleitoral nos estados d «Mi1um do P TB pod e ser parcialm ente explicada pelas deficiências na rede orga-
iii n imt .il do partido , que nã o conco rreu à s eleições federais em se te estados,
M aranh ão (por razoes de cisão interna), Sào Paulo e Rio Grande do Sul. Propo
cionalmcntc, a perd a 110M aranhão foi a maior, o que não só levou a um a baixa n |i"l ....... lo predominan temente rurais. A expans ão da rede modifi cou esta ass o-
1lin.ixo/“*
correlação entre a votação obtida pelo partido c a proporção da forç a de trabalh

naagricultur a,como fezdiminuira correl açãonegativ acom aurbanização, 111-J!


da pela proporção da população do estado vivend o em áreas com 10 mil habit »l i.o lr .n l; .ibaTio ante rior a expressão "análise ecológica', que era e é emprega da em ciênci as
tes ou mais . Já o PTB ganhou votos nos estados menos desenvo lvid os e amplio MHl -l•, |>nrn dislingui-)a da análise de sér ies temporais. Hm leni |>os mais recentes, o termo eco-
sua rep resentação no nível estadual, passand o a competir, em 194 7, no Pará, Piau liiN' • i»l*|iii' iu antr o signif icado, total men te difer ente. Por isso uso a expr essã o "anális e espa-
Ceará, Paraíba, Sergipe, Goiás e M ato Grosso (e també m no Acre, então um ter “ IUi»«i niudiuiça diferen cial ent re o PT l i co PCB em relaç ão às suas pró pria s base s soeioe-
tóri o, que não foi considerado na anál ise) . C onseqüentemente, tornou-se men t .•1•••1111
• ii%poderia ser prevista ind iretamen te através do quadro anter ior, considerando
associ ado com a urbanização (de 0,68 para 0,45) . ||||M ii*»' initura s socioeconômicas do país não se alteraram fundamentalm enle dura nte
•.»»!' .I*»Innnos.
de dados eleitorais devido à ilegalidade do PCB). O efeito cumulativo de
As m udanças nas estruturas part idár ias
,. qm ii. is muda nças ao longo de um período mais amplo, digamos 20 anos, per-
A ilegalidade d e» PC B beneficiou eleitoralmente o PTB, contra balan çando ( m i iu afirmar que um
I I i i a mud ança estrutural se efetuou . As muda nças estruturais
movimentoobservado entre1945e 19 47 .M uitoscomunistassecandidataram sol . t .. mu lreqiiència o resultado do acúm ulo de mud ança s contínuas e impcrceptí-
a ban deira do PTB ; em alguns casos, o PC B, embora na ilegalidade, apoiou os ten *. |h que a longo prazo adqu irem significação estrutural. Sempre há m uda nça nas
sivamentecandidatosdo PTB(assimcom ode uiil rospartidos) .Adespeitoda li os , ii • ui unis, as quais s e enco ntram em perm anen te modificação. A existência de
tilidade hist órica de G etúlio Vargas ao s comunistas, m uitos eleitores comunista MuxhutÇii nas estrutur as é uma constan te; as variáveis sào as su as tax as e a sua
voltaram-se para candidatos petebistas como a melhor das |>ol>res alternativa HlKUlllração. Ou tro tipo é rápid o e, à s vezes, provoca, a curto p razo, efeitos seme-
existentes. Km grande par te, esses vot os foram urbano s“ c requalificaram o PT I Ihiiiili". nos provocado s po r proce ssos a longo prazo.84 Alguns p roce ssos que afe-
com o partido urbano. U til izemos, ago ra, um movimento dialeti camente oposfl i.ii .nu d PTB poderiam ser considerado s mud ança s estrutu rais a curto prazo. Não
ao anterio r, isto éf voltem os (lo s dados ã teoria, procur ando cnriquecé -la com no Im mie. prefiro consi dera-los formação dc e struturas, ou estruturação, e não
vas especulações e nov as hipóteses. Kn tendamos o coiiceito de estr utur a polí ti ti m >iloimação de es trutura s, já qu e as estrutu ras políticas e socioeconômicas do
ca,8 2 em geral, e de estrutur as par tidárias, em particular, como u m p rocesso, enã r I l i mio estavam form adas em 194 5.* 5
como 11111dado momentâneo e a-liistórico. As estruturas políticas, como quaij

quer outras
Certo tipoestruturas,
de mud mudam.*3
ança nas estrutu ras é secular, lento e a longo prazo, E st A n • ondições do crescim ento eleit oral
parece ter sido o tipo de muda nça e strutural do PCB no p eríodo de 1945 a 19 47 A;t consi derações acima perm item prever quanto u m partido pod e cresc er,
que foi i nterrom pido p or outro, abrupto, de n atureza política. A direção dess ■ Ic ilm. ilmo nte, num determ inado período. P artindo do pre ssupo stode qu e a infr a-
processo, refo rçando os vínculos existentes com as estrutur as socioeco nómicai mlui asoeioeconômicacondiciona,em últimainstância,olimite teóricodoapoio
foi apenas perceptível devido ao cur to intervalo entre as observaçõe s. En tre 19 4 Iimi• iiu i que um partido pod e ter, o crescimento eleitora l de um partido dependerá:
e 194 7, o PCB s e tornou um pouco mais urbano. Não sabem os se esse proces s .1 modificaçõe s fav oráveis na infra -estrutura (com o a industrial ização e o cres-
continuaria (poderia ter continuado,m as empiricamente não podem os estu dá- 1 til inni lo num érico da classe traba lhador a industrial);
• .i,i esiunsão do sufrágio e d a cidadania política plena a classes favoráveis (por
61 O caráter essencialmente urbano «lo PC 13pode ser demonstrado, por u m lado, pelas al U i- • Miplo. a eliminaç ão dos req uisitos de proprie dade e alfabetização par a o alis-
correlações entre os indicadores de urbanização e a perc entagem dos votos válidos obtidos pe l I.minuto eleitoral);
partido; p or outro, pel a desagregação da votação em eada estado. Nas eleições de 19-15 para i I*util ização real do sufrágio, ou seja. da mobilização eleitoral (por exemp lo, a
Câmara Federal, o PCB recebeu somente 4% dos votos válidos na Paraíba; não obstante, si
diminuição da abstençã o eleitoral );
votação cm Joáo Pessoa ascendeu a 18% do total (ver Blondel, 1957:166). O PCB recebeu votj
ções substanciais nas demais capitais do Nordeste, mas fracassou nos estados como um tod • iln ii mpliaç ão de sua estr utur a organizacional, o que pe rmite ao par tido disputar
exceto ei r. Pernambuco, onde sua votação em Recife e a importância eleitoral daquela cida c IHMii" vutos (por exe mp lo, o estabe lecim ento de células nas favela s, no setor in-
(40% do total do estado) lhe asseguraram 18% dos votos válidos nas doições de 1047. Nas pi I ml) , e do melhor funcionam ento dessa estrutura.
meiras eleições presidenciais depois da redemocratização do Brasil, o candidato com unista lec
Fiúza obteve bons resultados em algum as capitais dos estados nordestinos, chegando a ganha (i ,partidos que contavam com uma rede organizaci onal extensa já em 19 45 ,
por exemplo, em Aracaju (ver Fortes, 1960). Irtlil" no níve l estadual quan to nos municípios, ou seja, PSD e UDN, tinham me-
82 Kntendo estrut ura em sua acepção simples, de part es relacionadas. Uma est rutura política ........
. paço para ampliar seu poderio eleitoral através da expansão organizado-
qualquer estr ulura cujas p artes são política s. •,eu crescimen to eleitoral eslava, pois, limitado a modificações favoráveis na
It1 Infel izmente, o conceito de estru tura na sociologia das décadas de 19.50,60 e 70 es tava ama
ição,
«dobomeostase
c limitado pela sua associação
e estabilidade, , num
os quais, a óticadas
na melhor funcionalista, comseoutros
hipóteses, não enc conceitos, como íu :
ontram necessái •Im problemas fundamentais « loestudo de processos atr avésdo estudo da mudança entre
im iiutis |x.ntos fixos r.o tempo, T,, T2 ,7 ri. é o que desvia a atenç ão do estu dioso da análise
e positivamente ligados aos conceitos de conflito, mudança e processo, e, n a pior das hipótes e e.v.os contínuos para a análise das diferenças entre duas ou mais estrut uras atemporais
conduzem à negação ou subestimação desses conceit os, seja por necessidade lógica doesquen /nl ed am em ca da ri io me nt oo bs er vn do .N la obst ant e, empi ric ame nte ,esse procedimento
teórico, seja por necessidade psicocognitiva e até ideológi ca dos teóricos qu e utilizam esse e 111,11/1a ser usado por falta de alternativa.
quema. .lã é tempo de liberar o conceito de estrut ura dessas amar ras que lhe r oubam utilida de Vici iça tem consequências . A forma ção de um a estnf.u ra acarr eta, também, a necessica-
•iignific.ição e de associá-lo com conflito, mudança c processo. Afinal, repito, aba ndonando ri i ,11 muitas das instituições que sào parle da estrutura que se forma; a simples expansão
Jurgflo sociológico, estrutur a signific a, apen as, um conjunto d e inter-relações. <i«in<’ute inco rpor a estr utura s q ue já existem.
infra-estruturasoci oeconômica ,ao seum elhoraproveitamentopolíti coeâ mai 11 comunista, não estavam eleitoralmente mobilizados. O analfabetismo consti
eficácia eleitoral dessa rede organizacional. tuiu um im pedim ento lega l para qu e muitos votassem, c, mesm o entre os alfabe-
() PCB. embora representado em alguns municípi os eleitoral mente Ibnd os, relativam ente poucos traba lhado res participa ram das eleições em 1945.
tantes e m todos os estados, não dispun ha dt * um a rede organizacional exl ens fl \ mo bi li za çã o po lí ti ca de ss es s e to re s e a ut il iz aç ão ef et iv a d o s b e ne fí c io s d a ci da -
eficaz no interior dos estados. Ao que tudo indica, a estratégia organizacional •tiiiiin, cuja extensão formal às classes alfabetizadas havia sido obtida em 1945,
PCB fo i concen trar seus recursos nas áreas q ue, por suas carac terísticas so cioec mai n fundam entais pa ra o crescimento eleitoral desse partido, pois, do contrário,
nômicas, tinham ma ior probabilidade de proporcionar-lhe um apo io eleitoral su ••"leit orado potencial n ão o beneficiaria com seus votos. Kssa mobilização políti -
tancial a curto prazo: daí sua penetração n as grandes cidades, em contraste co 1n lui possibilitada pela ex tensão da rede organizacional e pelo cre scente rendi
sua irrelevância ou ausênc ia eleitoral nos municípios rurais. mento eleitoral do ap are lho partidário.*’ 7
O PTB, partindo de uma base semelhante à do PCB , ainda que cobrindo 111

nor núm ero d e estados, aproveitou-se melhor cia s diss ensÒes no seio das oli g A oxpansão do PTB no nível municipal
quias políticas locai s. Para ta nto contribuiu, en tre outro s fatores, a m aior fle xib
lidade ideol ógica ti o PTB, partido mais instrumental e oportunista, o que I >a da a sua l imi tad a red e or gan iz aci ona l 110 nível municipal, o teto para sua
permitiu entra r em alianças e coli gações com partidos conservadores no mv 'ptUi são eleitoral atrav és de u m penoso trabalho de estabelec imento de c élulas e

municipal.
para os paE rlidos
ssasconservadores
alianças eram ele
, quedifímuitas
cil aceitvezes
ação pura osaram
rejeit comun istas, bem
o apoio osten co si .lu .-t óri os nos m unicípios era alto. Com para ndo as eleições municipais de 1947 /
UI i-i ni as de 1954/55, efetivamente observa mos um a notável exp ansão do peso
•lo s comunistas. A vinc ularão do PTI5 com Gctúlio Vargas permitiu, igualmen 1litoraldo PTB.Sem tentar avaliarquantosdoscandidatoseleit ospor aliançase
que m uitos oligarcas rura is, solidários com Getúlio,8 6 ingressassem 110 parti 1 llj itjões era m p etebistas, o simples núm ero de ve readores eleitos diretame nte
ainda qu e a grand e maio ria dos oligarcas getuli stas tivesse preferido o PSD. Es pulo PI B indica o sucesso dessa ca mp anha d e estrutura ção e organ ização. No
estrat égia foi também seguida pelo PSP, vist o que, dada a estrutu ra de podei Amu/ onas , o PI’ B saltou de 21) vereadores para 63 (totais, respectivam ente, de
cal, parecia ser a única que permitiria estabelecer 11111 a cabeça-de-ponte i>olíti ||J .'01 65) ;no Ceará,passou tiedoispara 37(to taisde 719 e773);na Bahia,tri plic ou
nos municípios r urais e ob ter alguns votos nas eleiçõe s estadua is e federais. ■ mtin cro de vereado res, de 47 para 134 (totais de 1.4 24 e 1.65 9); em São Paulo,
PCB poderia, pois, ampliar, e muito, seu contingente eleitoral. Essa ampliaç
não seria através da simples represe ntação estadua
extensão tia representação no nível municipal em cada estado. Esta seria ui
l, o que já estava feito, e sim ::: inn os t ripli cou, passando d
•I* v ieado res, de 4.589 para 3.805; em
e 164 para 481, apesa r de um a redu ção no to tal
Santa Catarina, passou de apen
|llliu <|0 (l otais de 443 e56 7, re spectivamen te); c em Mato Grosso , passou de três
as dois

inversão a longo prazo, da da a resistên cia, naquela ép oca, tios eleit ores rurai |Ntllt 16. aume nto que som ente em parte p oderia se r explicado pelo incremento
ideologi a marxista, fora de períodos de cri se. O PTB tam bém poderia aume ntai h" l uli il t ie vereadores, de 188 p ara 318.^ A expan são do PTB foi , portanto , notá-
mu ito, sua votação porque, em 194 5, nào estava represen tado em alguns es la d* ' I I 111 alguns estados, c omo Ceará, Santa Catarina e M ato Gross o, partiu da es -
tampouco dispunh a de uma extensa estrutura organiza cional no níve l numicip IflUH/ei o; nesses estados, o crescim ento relativo, evidentem ente, foi mu ito gra n-
Me smo no s estados em que estava representad o, as modificações tia inf ra-est th' liil processo prosseguiu duran te o decênio seguinte e a ele se deve boa parte
lura socioeconôm ica do país — industriali zação e urbanização —, assim como tiú 1M'M 'imcn to elei toral tio PTB. Não obstan te, m esmo em 1964, o PTB ainda
extensão da cida dania às classes trab alhad oras urban as, favoreciam a su a ex p.- HnIii» i lo nge de dispor de uma rede se melh ante à do PSD o u tia UDN. To ma ndo as
são. O crescimento do eleit orado tamb ém lh e era favoráv el: como a classe inco hIiiii.imvi de 1954/55, nas q uais o PTB cr esceu mu ito, vem os que, e m m uito s esta-
já v ot a va , n s no vo s e le it o re s v ir ia m , e m g r a n d e m ed id a , d os p o b r e s c tr a ba lh a da «!•••*, i' ll1ainda eslava repre senta do em um núm ero relativam ente reduzido de
res. Subia, pois, o lim ite teórico superior d e votos alcançáveis pelo PTB, ass HlllliU'Ipios, ao pa sso que a UDN e o PSD disputava m as eleições em quas e todos

como pelos dem


A essas ais partidoses
consideraçõ populist
devemos as e de esquerda.
agregar outra, fundamental: muitos traba ui municípi os do estado. Assim, em 1954/55, depois de 10 ano s de inte nso traba-
l|m <li organização pa rtidária, o PTB ain da levava um a nítida desv antagem em
lliadores, artesãos e operários, que por sua própria situação de classe estavai
propensos a votar n os parlidos de orientação populist a, esquerdista, reformis **|lin r mio importante da estratégia petebista 6 que o partido, seguindo Get ií lio, não limitou o
H l.
Ivan solidariedade, evidentemente, não derivou da política trabalhista de Gctúlio. mas
políticas locais que beneficiaram uma facção oligárquica.e não outr a. Kla foi facilitada pela n
R ||"’lt- .10 proletariado, ampliando-o aos trabalhadores. Com isso. conquistou o setor infor-
•• muitos eleitore s tia classe média.

•'Xlrnsüo da política trabalhista ao set or agrícol a. " 1 1 do Tribunal Superior Eleitora l. Somente nesses estados foi fornecido o número de
Imi«» «'leitos por u m p arti do nas d uas legislatur as.
relação à UDN e ao PSD; cuja rede era consideravelmente mais ampla. 0 nív el Tabela 9
organização partidária não era homogêneo nos diferentes esta dos. Em S ergi- Porcen tagem sobre o total de municípios em que houve
Magoas, a UDN suplantava o PSD no núme ro de municípios nos quais es tava eleições para vereadores nos quais PS B, PTB,
presentada; n a Paraíba, havia certo equil íbri o; e em Goi ás, o PSD dispunha PSD e UD N com peti ram — 19 54 /5 5____________
um a rede numericam ente mais extens a. O PTB dispunha d e uma rede razo á flltndos PSB PTB PSD UDN T ota l
em Alagoa s, mas essa rede era bem limit ada nos outros três estados. O PTB co *4MI^ipu 20 20 64 95 (61)
petiu em um em cada très município s de Goi ás, em um e m cada quatro nnr AIiik OQi 5 76 63 98 (41)
pios paraiban os e em um em cada cinco municípios sergipanos. I louve casos iSnnlbn 6 24 89 94 (54)
extremos:noM aranhão,autêntica propriedadepolít ica doPSD (queem 19 55 e I lot Ai 3 34 95 68 (59)
M».• dn |.ineiro 53 92 100 81 (59)
geu 3 <1 dos 46 prefeitos), o PTB conc orreu sozinho em três do s 43 municípios
M oPaulo 43 61 57 43 (375)
quais houve eleições para vere adores em 1955 ; a UDN, em nove; e o PSD, cm
Naquele estado, o único partido com representação relat ivamente extensa
municípios, ou 5H%) que fez algum a concorrência ao PSD foi o PSP. Em sete A organização do PTB
43 m unicípi os maranh enses,o PSD foi o único partido a apresentar candidat
eleiçõ espara vereadores!Nãohavia oulropa rtidoorgani zadonaquelesm unidpi Ho, com o creio, o PTB partiu com um
mim | m l ido cm formação, enquanto o PSD e a
a base precária
UDN, em
ao contrário, 194 5, sendde o ainda
dispunham
Depois de 10 anos do democracia, o PTB ai nda não dispun ha de um a orga
tllliii ui j Mui ização já mo ntada ,a mu dan ça na distribuição espacial d o poder io ele i-
zação am pla no nível munic ipal nos estados ru rais, ao passo que, exceção feita a
i i d dn r i‘U deve ter si do maior que a do PSD e a da UDN. A mu dança pode ser
feudos pol íti cos est aduais,como o M aranhão,tanto o PSD quanto a UDN con" iii|tillnlml.i pela correlação ent re o nume ro d ede puta dos federais eleitos po r esses
riam às eleições na maioria dos m unicípios de cada estado . .Já em dois esta |ii ii|l dn• ou i 1945 em cada e stado e o núm ero de dep utado s federais eleitos pelos
industrializados. Rio de Janeiro e São Paulo, o PTB se encontrava e m c ondiç lltiMinii i partidos, nos m esmo s estados, c m eleições subseqüe ntes. Q uan to m aior
de igualdade com os partidos tradicionais ,demonstrand o assim que as condi ç ........... luçilo, men or a m udança. T omand o os 21 est ados, nota-se um a cerla esta-
eram mais favoráveis nos estados mais industrializados e urbanizados. A anál lit iil c no que tange ao PSD e à UDN; o PTB, ao contrári o, experim entou m u-
da representação do PSB é ainda m ais esc larec edora: o partido competiu em : icontinuase,aca daeleiçã o,a correlaçãoco mo ano-based e1945diminuiu.
nos de 10 % dosmunicípiosparaibanas,alagoanosegoi anos;competiu em ape i •. dados revelam uma razoável correlação inicial , que m udou pouco no caso
20%d os municípioss ergipanos;mas competiuem 43%dosm unicípiospn ti li s li i ! da U DN o diminuiu no caso do PTB. Isso signif ica que as mud anças
núme ro igu al ao da UDN, e em 53% dos municípios llumi nenses. *’ »1111o*outre 1950 e 1954, e entre 1954 e 1958 aproxim aram o PSD de sua e stru-
üs pequenos partidos não dispunham de representação cm muitos estad uoi al in icial , ma s distanciara m o PTB da sua. Qua is seriam as causas des-
mesmo naquelesondeest avam representados ,freqüentementeconcorri amàse dlfie nções ? Controland o a repres entação estadual no Congresso em 1958,
çõessomente nascapitaiseem algun smunicípiosmaisurbanizadosc indust ri linliuuentecom o número de deputados eleito s em 19 45 , representa as va
zados. Km 1955, o PTB e as pequen os partidos estavam longe d e esgotar as p i independentes, observa-se que os desvios da reta de regressã o não são
bilidades de expansão eleitoral proporcion adas pela simples ampliação de sua »i iii cí , 0 Rio Gra nde do Sul explica boa parte dos desvios petebistas. Em 194 5,
organizacional no nível municipal. Era, pois, de esperar que continuassem cr li ulu geu um d eputa do federal na quele estado; cm 1958, foram 14 os elei tos,
condo. E, efetivamente, cresceram. ii dn .deacordocom a regressão,seria um tota lde quatrodeputados. Hou-
i mulo, u m desvio da ordem de 10 deputados, somen te naquele estado. O

M A variação no grau de organização partidár ia entre os e stados atesta a im portância «lo cs lltlo desvio, cuja im portância é b em m enor, foi de três dep utad os no estado
lii h.i (o PTB obteve seis, sendo o v alor esperado três). C onseqüe nteme nte, a
como parâm etro institucional .
A percentagem dos muni cípios de um est ado nos quais um partido apres entou candic •çdo encontra da está minim izada, em gra nde par te, pelo caso desviado do
diferente da percentagem dos votos daquele estado aos quais o partido concorreu, liisto imu lo do Sul, que foi responsável por bo a pa rte dos desvios en contra dos nos
mente, os partidos se organizam prime iro nas grandes cidades, expandindo-se poslerionr i.*•! imos. Em 1950, esse esta do ap rese ntav a o m aior de svio no PTB, que
par» as cidades menores e as áreas rurais. Os município s das grandes cidades têm u m eleito
muito nmior do que a média dos municíp ios do estado; por isso os parti dos em organização • ••is deputados a mais do que o esperad o (10, s endo o valor esperado 3,5 ).
pcüiun por uma percentagem maior de votos do que de municípios. lindo desvio, po r ordem de im portância, foi 2,2 . Em 1954, repetiu-se o fe -
A democracia interrompida

t..ini | ■ ' .c.s dois casos aparecem , então, com o desviados porq ue a expectativa era
nôm eno (o desvio sendo d e sele deputado s). A conclusão é óbvia: em 1945. a
presentação petebista no Rio Grande do Sul foi artificialmente baixa. A med ii iiiii .i per da substa ncia l.
•» PSD partiu com um a estrutura organizaci onal bem-montada. As mudan-
que o PTB cresceu no eslado, aumentou o desvi o em rela ção a 194 5. O trab
t , nluci vjid as se devera m, p rimeiram ente, à perda d e substância eleitoral log o
políti co lá rea lizado a pa rtir de 19-15 e a "adesão" de Getúlio ao lyl B impli car
104 5. Muitos votantes que inicialme nte seguiram o PSD passa ram p ara ou-
um g rande aum ento do pod erio el eitor al do partido no Rio Grande do Sul, so’
ii .. |. ti lido s. No Rio Gra nde d o Sul, foi pate nte a tran sferênc ia de votos do PSD
tudo á custa do PS D, que perdeu nove deputados - exatamente quantos o
|i u i ii PI B . Parte da perda eleitoral do PSD se deve à m udanç a na legislação elei -
ganhou. É provável que o prestígio de Gctúlio tenha contribuído pa ra expli e
Iniiil iibre as sobras. O PSD foi o gr ande beneficiado pela Lei Agam meno n, que
crescimento do H '!! e o declíni o do PSD, a par de outros fatores de tipo estru
•t u ......
. as sobras no maior partido cm cada eslado. A adoção ao siste ma
ral. <!lA influência de Getúlio nã o foi uniforme: no Rio Gra nde do Sul, o im pacto
Mi Mi di dividiu esse benefício pelos grandes partidos d e cada estado.
Getúlio foi claro. No nível nacional, porém, seu pod er de explicação f»i mer
I ni 195 4, a situação pessedis ta já er a estável . Os desvios passaram a ser ex-
send o necessário reco rrer a expli cações i nstitucionais e estruturais.

Tabela IO
I i||i tit i* por situações conjunturais, com
111',iiulios eleitor ais em alguns estados,
o as esporádica s cisões estaduais, ou pe-
lísses ganhos, ao contrar
ii ui I nivitrutural à estabilização da votação ab soluta (qu e significou um a tendê ncia
iarem um a ten-

Coefici entes de correl ação produ to- m omen to entre o ilii li lha na votaçã o relativa), difi cultam o ajuste da rata de regressão, constituin-
núm ero de dep utados fe derais eleitos por PSD, .1 il. ivi us. Não obstante, convém repe tir que o PSD surgiu com um a estrutura
UDN e PTB em 1 9 4 5 e em 19 50 , 1954 e 1958 In i .i. iwl: a correlação e ntre 1945, por um lado, e 1950,195 4 e 1958, pe lo ou-
Partidos 1950 1954 1958 iii <\hisiematicamcnt c maior no caso do PSD do que no caso do PTB e da UDN.
0.86 A UDN também partiu com uma estrutura organizacional bem-montada,
PSD. 1945 0.78 0.83
0.77 11*111> ii menos extensa do q ue a pessedista. Seus desvios foram eq üidisti i buid os.
UDN. 1945 0.70 0.66
0.36 V. i iiiOrs locais con tara m a lgo (po r exem plo, a do Piauí no s anos 1950), assim
PTB. 1945 0.73 0.56
• mi" i is perda s eleitorais do pa rtido em São Paulo e no R io Grande do Sul. O
| mi i iilo foi me nos afetado, em term os absolutos, do q ue o PSD pe la fuga de eleito-
O PTB partiu com uma estrutura organi zacional incompleta c sem le r
liw tu i perí odo 1945-50. A UDN teve, com o o PSD, desvios men ores d o que o FPB
imagem formada n a consciênci a políti ca e social das cla sses que poderiam apo
. ...... 1h *iu distribuí
. . dos: em somente dois estados os desvi os foram superiores a
Io. No Rio Gran de do S ul, seu crescimento eleitoral fo i forte: o estado term ino
1111M mas Gerais com 4,0 e Rio Grande do Sul com 3,1) . Xo prim eiro caso, a UDN
período democrático com o seu nome associ ado a Getúlio Vargas e outros lide
I«iihImmi mais voto s e elegeu m ais de putad os d o q ue se ria de espera r; no se gundo.
populistas, como Jango e Leonel Brizola, e, institucionalmcnte, ao PI B. Na‘
•I 11| : elegeu três deputados a menos.
nalme nte, seu crescim ento absoluto foi o maior de todos os pa rtidos brasile i
duran te o período democrático , passando de 22 deputado s federai s em 1945 p
116 em 196 2. As oscilações organizacion ais parec em ter tido maio r importâ n A HVol uçã o da força eleitora l dos partidos p olíti cos de
até 195 4, quando o partido passou a crescer paralelamente nos estados. Con IV IS n 196 2
qüen tem enle , foram altas as correlações entre as eleições de 1958 c 1962, a d
peitodo fortecrescimentoeleitor aldopartido. A iii uUise das m odificações na força eleitoral dos partidos políticos deveria
No caso do PSD, os de svios foram meno res e mais dist ribuíd os: em 19 mu nos votos recebidos nas diversa s elei ções. En tretanto, a crescen te im-
quatro estados contribuíram com desvios maiores que 3,0 (São Paulo com 5 |iHllAiK'ía dasaliança sccoligaçõeseleitoraisdu rante operíod o imp edea alocação
Ma ranhão com 3.9; M inas Gerais com 3,7 ; e Bahia com 3,2). Em São Paulo, o P ...... vi ilo:. aos partidos, um a vez que a informação disponível não discrim ina a
perdeu substancia eleitoral: de 16 deputados, passou para sele; no Maranh Hiiçfto dos partidos que compõe m as aliança s. Portanto, foi necessário ut ilizar o
houve um a cisão partidária, e o PSD aparec e nas estatísti cas eleitorais sem de .........ii)dceleit os,a despeitodas distorçõesnele introduzidaspelosistemaeleitor al.
tados, em bora houve sse elegido seis em 1945 - Na Bahia, o PSD ganho u dois de I m 1945,a dominaç ão do s grandes pa rt idos conse rvad ores er a absol uta: 2 33
tados, e em M inas Gerais, perdeu dois. As pequenas vitórias eleitorais implica •l|i 'M i. dep utado s, ou 81,5%! O PSD eleg eu 151 deput ado s federais, e a UDN, 82.
grande s des vios porqu e o PSD perde u muitos deputados em todo o Brasi l: 39 Ni . mm iiio s o PR, um par tido conservad or pequeno, essa perc entagem atinge
III!V I vjíis altas percentagens sugerem que os partidos conservadores haviam
•*' O confl ito entre seções do PSD
UDN.
e Getúlio levou por vezes o partido ;i uma posição próxima
C jli. id o a m a io ri a d os e le it o re s c o m q u e p o d e r ia m c o n ta r, nã o ne c e ss it an d o
|..líi n rede organizacional p ara crescer, nem mobilizar os eleitores alis távei s.
Figura 2
Essa vai ilagcm se deveu ao fato de que a ação polí tica desses partidos nao s l rJ O declí nio dos partidos conservadores
ciou cm 1945 ;aocontrário, ela representou a continuidadedeum processopoli J
Percentagem sobr e o total de deputados. PS D + U DN. com e sem PR
co cujas raízes provinham da República Velha e cujas semen tes foram planta, .. d
ainda na Colônia e germinaram no Império. I
A manutenç ão da distribui ção do poder eleit oral de 194 5 seria, pai a o sp a ij
dos conservadores , um a solução ótima: est ava asse gurado o controle po . ti co| %
país através dos órgãos elei torais de representação. A aprovação dc uma, icf o nj
agrária séria ou a exten são dos benefícios da legislaçao traba lhista ao irabalhsu M 100
rural seriam impossíveis no Congresso ou no Senado, onde esses
vam com maioria absoluta. Porém, as perspect ivas dos grandes par t idos con sel 80
vadores e ram negat ivas :
60
. os partidos reformistas c trabalhis tas ampliaria ... suas redes orgam /ac.onaí
penetrando em estados c municí pios antes s ubmetidos a dom maçao iniontesj 40
dos partid os conservadore s, comp etindo pelos votos, consc.entr/ xuido os ope
riosecam poneses,difi cultandoeatem esmoim pedindoa utihzaçaodcrecu .sfl
públicos com fins político-clei torais; 20
.a estruturasocialpassavaporprofun dasalteraçõ es,coma urbamzaçao, aindu l 0
trial izaçãoeoconseqüe ntecrescimento numéricod asclassessocia isque iomi 1945 19S0 1954 1958 1962
ciam o substrato eleit oral dos partidos de esquerda; I Anos eleitorais
. os camponese s, cujo voto era devida men te manipulad o c f alsili cado, fonu.cifl
parte relevante dos sufrágios dados aos partidos conservadores, ma s ta m b j
........... foi um fenómeno transit
.. ório, obs ervado somente nas eleiçõ es de
poderiam ser conscient izados e conduzidos a resis tir a tutela polít ica imposl
.

luno : n PS1 ) não recup erou essa s cade iras; em 1954 . o PSD elegeu 114 deputad os,
pelas oligarquias locai s. I „mnls doque em 195 0.Ü PTB, aocontrário,continuou crescendo ,ganhando
O declínio era previsível. O que n ão foi previsto na épo ca foi a sua velocu lad] . ...........co deputados em 195 4 Durante o período .950-62, a repres entai çaoi do
sob ret udo a in ic ial . Ent re 1 04 5 e 19 50 , o PS D s of re u uma q ued a “ " M MlH ui Câma ra dos Deputados foi estável : H 2em 19oO,U4c m 195 4,1 15 em 95
número de seus deputados f eder ais - quase 40 . a despe,t o do aume nto no t o6
■ | III 1962 , levando a crer que o partido obteve êxit o razoavel na tentativa de
de vagas na Câ mara dos D eputados. Essa queda coinci diu com o lançam ento í
um candidato próprio, Cristi ano M achado, nas ele ições presidenciai s contia Gl HHiiiilur* o seu eleito rado . .. j ;
A l)D N tam bém perde u substância elei toral desde 1945 até 19o8 , vendo di -
túli o Vargas. Até que ponto o prestí gio pessoal de Vargas des locou, pei m an en |
................„ú mer odeseusdeputado sfederais .Km 196 2,b eneficiou- sedoaumen to
men te,muitos eleito res do l>SD para o PTB é uma incógn ita . P orem,a mterpretj
............... «de vagasna Câm ara Federal, conseguindo9 1 deputados:naoobstantc.
cão de qu e essa transferência dc votos se deveu exclusiv amente a influencia |
..

GetúlioVargasencontra algum aslimitaçõesnosprópriosdad oseleit orais : ............. mi relativos,permaneceu e stáv el: 21 % cm 1958 c 22% em 1962 . op er o-
................um todo, a tendência da UDN foi mode radamente descendente, tendo
. o aum ento de deputados do PTB fo i menor do que a perda do PSD (29 c
||> ,1,1,, 29% dos depu tados federais em 1945 e 22% em 196 2.
Tomados conjuntamente, os dois grandes partidos conseivadores perderam
• ro íl^ ü e n t^ n ic . mesmo ac eit ando que to dos os d eput ados ganh os pel o H
fossem tirad os do PSD, fica sem explicação o destino dos outros 10 depu ta<U «lh.ll ..... ia continuamente,poispartiram d e 8 2 % dos

■, E..........li,
.

mu 195 lix 8andosi stematicamente


e 51% em 196 2. Se i ancluirmos
p artirdeoentao:64% igualmente
PR. partido em 1950
t ,j8%radici
em ^95 onal4,
.em i m o PCB rôo co nco rr eu , e a cr ed it o qu e muit os dc seu s vot os tenhj
benef ici adooF lü Isso impl icaquepar tedocre sciment odo l i B, porsis oms .............. mes raizes na República Velha, as percentagens são as seguintes
. : 84%,
ficiente para exp licar o decrésc imo inicial do PSD, é explicável pela ti ansfer el ■Ml, M%, 62 % e52%. A m aior perda foi entre 1945 e 1950, ma s os partidos ton-
cia de votante s do PCB par a o PTB.9 2
PSD perdeu 14 deputados que não foram Iransfamlosnu» a m . t a * mais um0
W Em 194*5 O PCB cle&en M dep utad os feder ais, <pe repres eiita vám mais dc 500 mil votos. Z 1...... , Irvilr em considcVatfo» ".udança ao sistema dc disln buiç
das sobras.
w
J * t e » de pu ta dosth J e «dore el ei ta pela ba nd ei ra do PIB. cl.cRarfair.os a «ncluí
servad orescontinuaram perdendo substânciaaté 19 62 .Com prova-se .portant Capítulo 5
tendên cia ao declínio elei toral dos partidos conseiv adore s tradicionais.
O PTB, ao contrário, ascendeu constantemente. B cneficiou-se.pri meiramen
com a tra nsferen cia de um razoável contingente eleitoral pertenc ente ao PC
Os partido s polít icos
com os votos trazidos por Getúlio Var gas em 195 0. Encetou, igualmente, um
tenso trabalho de organização parti dária no nív el municipal , aume ntando mu
o nú me ro de m unicípi os no s quais havia alg um tipo de organização e represen
ção partid ária. Foi beneficiado, lamb em , pela extensão rea l do s ufrágio a cias
socia iscujo s intere ssespretendia representar,assi m com opela crescenlem ob
zação político-eleitoral <l essa s classes. O resultado foi um crescim ento eleit « oncei tos
rápido: de 22 dep utadas federais em 194 5, o PTB passou para 51 cm 1950,56
1954 , 66 em 195 8, saltando pa ra 116 em 196 2, quando p assou a disp utar co Ou |II>| lidos polít icos podem ser definidos em teim os re stritos ou amplos. O s par-
PSD a posição de maior partid o nacional. Em term os relativos , esse rrescime i|, |u i « tiio orywiízn çõts com objetivos políti cos. Passeatas,com ícios e dem onstra-
foi de 8% em 1945 para 17% em 1950,17% em 1954, 20 % em 195 8 e 28% em r íftt '« i tílo são p artidos. U m moúíniewío não é um partido polít ico, ainda qu e possa
Os partidos que eram de tam anho m édio no iní cio do período, o PSP e c »^ III tmnsfor mar n um . A vinculaçâo entre o p artido e as eleições c obriga tória para
cresceram até 195 4 e decresceram a partir daí, fic ando o PR reduzido a qua lH, i»i lidos democ ráticos, m as há partid os não demo cráticos que objetiva m a con-
depu tados federais em 1962. e o PSP, a 21 . ,11)1 In do poder por qualquer meio e que não se comprom etem a respeitar as nor-
Os partidos que eram pequenos, ao contrári o, cresceram em conjun to: democrático-eleitorais.1 Assim, as eleições não são e ssenciais par a definir os
nove deput ado s em 194 5, passaram a 25 em 1950 e 1954, 33 em 1958 e 59 illUl os. •*Mas, serã o os partidos essenc iais par a definir as eleições? Pane bianco
1962. Nestas últim as eleiç ões, o Pa rtido Dem ocrata Cristão supe rou o PR e ig PiMM) ressalta a essencialidade do s par tidos pa ra as eleiçõe s. On de a lei concede
lou-s e ao PSP, elegendo 20 depu tados federais . Era um partido em franca exp ..... part idosessemonopóli o,por defin ição,somenteospartidos podem apresen-
são . M inha interpretação é que o PDC recrutou principalmente eleitores que S 1,(11'iuu lidat os. Mas isso só é verdade num plano formal de análise. Outr as orgam-
guiam, ou pensava m seguir, uma orientação caract erísti ca do s partidos líber . ........ .. como a U DR, o MS P ou a CUT, têm elegi do seus candidatos, ainda que
clássicos e que pode riam ter dado seus votos à UD N. caso este partido não esti „i.mv.s de partidos. Grupos e tendências distinguíveis, que existiam dentro d e
se tolhido por um a contradição e m su as bases políticas e soci ais, di vididas en «kiiUiIos, têm dad o srcem a pa rtidos de direito próprio. Tal foi o ca so da Conver
coronéis conseivadores nas áreas rurais,por um lad o,c a clas se média lib eral gi* ...... Social ista, primeiro tendên cia dent ro do PT, depois PSTU. Kstas sao ques-
zonas urbanas, po r outro. «!)•> ^ relacionadas com definições restritas do s partidos políticos .
O decréscimo dos partidos conservadores e a ascensão do PPB e dos peq poré m, prefiro que entend amos partidos polí tico s num contexto amplo, que
nos partid os não deve m levar a crer que. cm 196 2, a política partidária brasil |m Itil o conc eito d e p e r if e r ia p a r ti d á r ia . Um p artido e mais do que uma sede no
estava eleitoral mente dom inada pelos partidos m odernos. Longe disto : em 19 Ifut mdo andar de u m edif íci o. A periferi a partidária é composta d e pessoas c or-
a UDN eoPSDaindaretinham maisdameladedosdeputados, e,dos4osena iii ill /ii ções da sociedad e civ il habitualm ente vinculadas ao partido. A periferia
res eleitos em 1962, o PSD elegeu 16, c a UD N, oito . Ainda que es sa represe nta ,, oil<l.iria é im porta nte par a explicar fenômenos como a e stabilidade re lativa da
esti vesseartifici almentea ume ntada pelasdesigualdadesintroduzidas pelosis .mi i fio recebida p or um partido em deter min ada instituição, classe ou espaço.
ma elei tora l,peisiste o fatodequedoisdostrêsgrand espartidosbrasileir oser I |„ inrl iii , por exemplo, for mad ores d e opinião, com o j orna is, estações d e rádio e
conservado rese,juntos,dominavam aCâm araFederaleo Senado.Comoexpl i ,|. i.thívi são , sindicatos, religiões organizada s ou setores delas, kssa s vineulações
esse fenôm eno? A explicação, repito, é que tanto a estru tura organizacional d Ml illtu no nível pess oal, grup ai e instituc ional. Algun s políticos e gru pos de políli-

ses
em partidos qu
certa medida, anto o sistema
continuações polít d ico brasil eiro
históricas e umnão “nasceram"
a situação emraizes são194
cujas an 5: er
(>hm "leva m" consigo parte da periferia partidária quando
ih i Iio , Na troca,també a partidáriatrocam
m perde m p arte da periferi um
anterior, partido por u-
nãovinc
>*as.-A infra-estrutura socioeconómiea na qual se apoiava m o s istem a políti co, I ele s, e ganham u m a nova. O acesso a algu
Im.I.i ns meios de comunicação, por
geral , e esses parti dos, em particular, tampouco tinha sido c riada cm 1945. |N<Miiplo,pode ficarmais fáci lcom a troca,m asà custa d e fecharo acessoa outros.
veiodeantes.Tanto aorganizaçãopolí ticaquantoa infra-estruturaeconômica
iníci o desse período eram uma herança d e um Bra si l arcaic o. E sobre essa lie • miniMli Jam la (1993) está consciente de que há partidos que procur am obter ou m anter o
ça, e tam bém so bre o seu declí nio, que versam os capítul os segui ntes. |M<*I*i por via não e leitoral .
Lúcia Hippolito (1985:42) definiu bem essa situação:
O s pr in ci pa is pa rt id os po li ti co s d o pe rí od o “Part ido criado decim a para baixo, certamente. Porém, jamais um partido forte*
mente centralizado. O pod er dos diretórios regionais sobre o comando nacional
impedi u se mprea impos içãodcdiretrizesdocentroem direçãoà periferi a do paili
do.”

0 PSD e a política dos estados


O PSD não era um partido que proporcionas se amplas oportunidades para ir
diretame nte às posiçõ es mais altas da hierarquia polílic a c partidári a. O partido
premiav a a experiência. No dizer dc mu itos de seus líderes, funcionou como um a
esc ola .' Dentro dele, o prog resso dependia d a habilidade de angariar votos e do

E S S S S r s : temp o de serviç o. A carreira ia de vereador, às vez


fei to, a dep utado estadual, mais uma vez com alguns
es com vários man datos, a p re
mandatos, a dep utado fede

- S f í S S 2 S^£**<-
implantação do
2£ a extrema
ral e/ou a uma posiçã o no governo do estado. Pouco
chegaram jovens à cúpula partidári a.
s foram os pessedistas que

Assim, a cúpula partidária, seja na esfera nacional, seja nas estaduais, era
pcqne nos e regionais. O , ■ n relevância que linha no idcol ógico. composta de indiví duosquesc haviam cruzado muitasveze sn a carreira pol íti co-
di ,e “ dos tr ês pr in ci pa is pa rt id o» br as il ei ro s do pe ri o- partidária e colaborado anteriormente. Ogrande núme ro de governos estaduais e
do , u X n Z par a .a n, o, al gu ns «tudos mo no gr áf ico s * * » ™ dei«, de m inistéri os control ados pelo PSD permitiu a forma ção de amplos qua dros ca
pazes de trabalhar em conjunto, já qu e as arestas mais conflit uosas tinham sido
aplainadas.
O PSD A experiência na ca rreira polílica , que rend ia altos retorn os na política rural
edas pequena scidades, era m enosútilnasáreasm etropoli tanas,ondea ideolo gia
As srcens do PSD
cum pria função m ais releva nte. A urbanização a celerada do país roubou ao PSD
n M fni criadodeforaparad entro,porintervcnloresnomead ospor' Vargas.
uma área eleitoralmente favor ável ,substitui ndo-a por uma área de peso crescen
te mas e leitoral mente m enos afim.
O PSD, em muitos sentidos,1 representava uma extensã o d a políti ca dos go
vernadores; característica da República Velha» Os diretórios estaduais tinham
autonomia e m rela ção ao diretório nacional. Consi deravelmente democráti co e
totalmente conciliador 110 nível nacional, paradoxalmente, o PSD consagrava a
hegemonia dos chefes est aduais. Hippolito col ocou bem o problema:

-Donos de um formidável arsenal de votos, controlando firmemente os seus

diretórios,
tudo aquiloesses líderes tinham
que dissesse total
respeito autonomdo pa ia emrtido
à condução relação à direção
dentro do snacional
limites doemseu
estado. Alianças e entendim entos eleitorais, por exempl o, não passavam pela apr o
vação da direção nacional e perseguiam uma lógi ca estritam ente regional (...) I mas]
a soma d c podere s reunidos n o exercício da liderança r egional implic ava a utiliza
ção do po de r dc ivlo con tra o surgimento de novas lideranças (p ie pudessem ame a
infl uência base nacion al O PSD çar a sobrevivên cia das chefias estaduais e, conseqüentemente, s ua influência no
diretório nacional. O poder de velo, acionado para frear as tentativas de moderniza
nJ os ^e ra ata ^a dM om ia massa s-q uadr os. Era ur a p art ido de qua dros ,co mo ção da liderança, teve sérias conseqüências para o partido, pois impediu a renova-
o PSDB, m as de bases locai s e estaduais .
mineirodu ranteto da a exist ência do PSD,co nsegui u,não obstante,screleitog o-
Çà 0 d as dit es p ar ti dá ri as e a « o de u m e le it or ad o m ai s urb aniz o « ta h - vem ador e pre sidente da Repú bli ca.
trializado."’1 Filho da ditadura,o PSD era,porém,um partido dem ocráti co. Internamente,
\ re i- ,c ão e n t r e a li d e r a n ç a n a ci on a l e o s d ir e tó ri o s e s ta d u a is e r a i n ti m a : s e u s o PSD perm itia dissensões íuífti wiuafc. mas proibia as dissensões institucionais
que amea çassem a estrutura e orientarão do parti do. As relaç ões entre as seções
loca is, estaduais e nacional eram muito menos conflit uosas do que no caso de

===~~s=s== outros partido s, como o PTB. Segundo Joff fly, “o diretório nacional do
reunia qu and o estava tudo res olv ido .** Extern ame nte, o PSD funcionava
PSD só se
dentro
dos parâm etros impostos por um a democracia elei tora l. R era o puder dc angariar
votos que da va aos políticos cacif e dentro do partido.

A importância dos votos


mmmm Os diretóri os mu nicipais eram muito influenci ados c às vezes controlados
pelos prefeitos c ex-prefeitos; os diretórios estadu ais eram controlados pelos go
vernadores , sendo poucos os casos em qu e um rebelde chegou a contro lá-lo
quando iss o aconteceu, com freqü ência o candidato concorr eu ao governo do es
tadopor outropartido,elegendo- seeretorna ndoao PSDem posiç ãodelideran ça.
O carátereminentem entefisio lóg ico do PSDtambém fazi a com q ueo part idoeos
seus polí tico s dependessem de nomeações para d istribuir entre os correl igioná
rio s. Num sistem a democrá tico, isso signif ica votos. “O voto é, portanto , vital para

rssss^ o PSD ”, escreveu Hippolito. José Joffily confirma:


“A fo rça da tribuna e outras demonstrações dc atributos parlament ares cmin se
cundária s.Oque importavaerademonstrarquecontavacomtantos prefe itosecom
CÍOt o â mb i toe s ta d u a l,a « ü è n c ia ma is c o n .u n ,d a s£ j £ * . votações progressivas. (. ..) Não se indagava a srcem desses votos . Interessa va a
força eleitoral."*’
O partido de quadros, baseado em interventores, se transformou no partido
dom inado p or governadore s, prefeit os, deputado s e vereadores, eleit os e reele itos .

Fisiologismo, recursos eleitorais e recursos de po d er


0 PSD, com o qua lquer partido fisi ológi co, funcionava den tro de um cír culo:

ri * s r K S i » » = s = ~ os votos traziam
empréstimos
cargos de poder, que
e obras, que traziam m
traziam recursos, que traziam nomeações,
ais vot os. Como o sistema não funci onava de
mane ira a eliminar todos os nom eados pelas administr ações anteriores, ele de
pendia do crescimento d os gastos público s e, em últi ma análi se, do crescimento
econômico qu e permitia a expa nsão dos gastos públi cos.
Hippolito nos diz que h á recursos pri mários (a capacidade de atrair votos ) e
derivados (a transforma ção dos votos e m participação na vida política ). Kssa class i-

<IEApud Hi ppol ito, 1985: 43.


v ' Id., p. 45.
nepotismo. F.nquant o as taxas acelera das de crescimento econômico aum enta

:“ szs sk íse ; ram as receitas doe stad o, a perma nência do clientelismo fo i viá vel ; quan do a eco
nomia estagnou, a crise econômica gerou rapidamente uma crise da política

: = = = H s r ^ “— : clienlelista, do sistem a partidár io e dn sistema polític o.


Ooutro cam inho é o d as realiz ações diretas, que não passa pela rede partidá

Sas^sssH-íSKSBSi^
form ar votos em pod ei. , . . todo s os municípios brasilei -
ri am as tem efeit oeleit oral.Durantem

econômico,particularmente industri
uitotem po,essasreali
a um programa de obras. Depo is, passaram a um pro grama de desenvolvi
zaçõess e resumiram

al. Mas nem todos os projetos surtem o


mento
efei
toeleit oraldesejado.Aditadura milit artem. noseu amplopassivo,uma inacredi
táve l série de m egaprojetos mal planejados e ma l-execut ados que consumiram

^S5CS5SS
t ó g i c a ( a l g u n s d i r i a m e x d u í . l o s „ e lo sp a r ti d o s
recursos imensos sem qualquer benefício para o país. No nível estadual houve
processossemelhantes,ainda q ue dem enor escal a,cujoexempl oantológicof oia
Paulipetro, durante a administração biôni ca de Paulo Maluf . Em países mais de
senvolvidos, cresce a importância dos programas e serviços (em vez das obras),
ri tá rias,co m ... ..falorde transformaçãozero. inclui ndo educação, saúde,segurança,saneame nto,habitação,conser vação eco
lógi ca e seguro social .
Fisiofog/smo e ideofogio Má quem perceba na política client elista, em geral, c no fisiologi smo, em par
ticu lar, ...na posição a-ideo lógi ca. Comu mente essas interpretações se baseiam
na red ução «la ideologi a às ideologias radicais, por um lado, e à consistência ideo
lógi ca, pelo outro. N essa ótica, é dif ícil qualifi car posições de cen tro com o ideoló
vi a dois caminhos drf eremps n iic ji M e um a admini str ação ef i gicas, mas ideológicas el as são. A base rura l do PSD e o seu domínio po r proprie
tários de terras e pequenos negociantes e profissionais de pequenas cidades
contribuíram pa ra explicar por que o PSD sempre se opôs aos projetos de reforma
agrária e à extensão da leg isl ação trabalhis ta aos trabalhadores rurais , a o passo
que aceitou alguns projetos sociai s mais progressi vos para as área s urbanas.
I lippolito, basean do-se cm Abelardo Jurem a, men ciona o apoio dado pelo PSD a
consW
tores aoeflongo
i o dela. Os votos CQ ^ ^ ,itW
aVí im um a „dn.i-.islm çõo os
o», ^mm
,oc:,is'
s alguma s iniciati vas sociais do I*TB, que “do contrário nao passariam .
.lá no seto r rural, o PSD contribuiu para b loquea r todas as iniciati vas refor
mistas. Ulisses Guim arães colocou hem a situação:
ses médias em m ilhares d e
u m deles, a política cheiitclis o . tam bém contribuiu “0 PSD era ac cntuada mentc da classe rural, mui to ligado ao in terior. Quando sur
a r end a en fes tad os .e entre * l l l oral i st as,m a isu r b a n o s giu a questão da refoi nin ag rária, foi um problema qu e atingiu a medula da esli utu-
para aliena r, cada vez mais, . devido à extensão da ra «I o PSD, que era u ma máquina montada - e daí a sua força — em todos os muni
cípios do Brasil. Portanto, o setor tinha muita força no partido.""7

A base fortem ente rural do PSD ajudou a solucionar algumas contradições


ideológicas do partid o. O PSD apo iou várias reform as sociais de aplicação urbana ,
ma s se opôs às reform as sociais no campo. Hippolito conlirma isto :
E =S =S Í =
Figura 3 l‘J62, sofreu nova perda , baixand o para 29%. A correlação negativa entre a força
O declínio do PSD do PSD e a urb aniz ação - tanto entre os estados quanto dentro del es - sug eri a
Percentagem sobre o total de deputados federai s que ha via razõe s so cio econômicas p ara o declínio. Hippolito corretam ente assi
nalou ,entre das ,a cresce nteurbani zaçãoda ijopu lação ;entretanto,comoa pa rti
cipaçãoele itor alémais alta nas zonasurbanasdoqu ena srurais,a transformação
do Brasi l de predomina ntemen te rural a predominantem ente urbano acarretou o
dom ínio polít ico do eleitorado urbano e um peso consider ável do eleitor ado m e-
tropolitano, das grande s cidades. O PSD das raposas só teria a perder nesse nov o
cenário nacional.
A ala moça compreendeu que as mu danças na sociedade requeriam m udan
ças na política do partido. Sem elas, o destino a médio prazo do partido era a
irrelevância eleitoral. Como disse Hippolito:

“A ala moça capta os sinais de mudança em itidos pela soci edade bras ileira e quer
credenciar- se para responder a esses sin ais , Mas quer responder dentro do PSD,
não se trata, cm mom ento nenhum, do romper com o partido e lransfer ir-sc para
outro. As raposas pessedislas, por seu turno, só percebem ita atuação da ala moça
mn a ameaça a seu poder."*'
‘Maciçamente apoiad o pelo eleitorado do interior , o PSD [equilibrou] posturas m ais
conservadoras, exigidas pelas bases, e mais modernizamos, preconizadas pelos É difí cil explicar a adesão d a ala moça ao PSD, qua ndo se ria fá cil ocup ar um
membros mais jo ve ns e r en ova do re s. A ssi m, a po ia o m on op ól io e sta ta l so br e o pe dos partidos d c aluguel. Creio que h á um a série dc explicações plausí veis: em pri
tróleo, a intervenção do listado contra os abusos do pode r econômico, as iniciat ivas meiro lugar, a ala moça não seria tão radical quanto, retrospectivamente, seus
desenvolvimentistas dc Jusoelino, luta pela extensão do voto ao analfabeto e por
uma política nacional dc energia nuclear. No entanto, opõe-se às medidas que am ea membros parecem acredit ar. Podiam conv iver , e convi veram, no m esmo partido
çavam as suas bases dientelistas: reforma administrativa, extensão da legislação com as raposas, fisiológi cas e conservado ras. Segundo, ocupa ram posições de in
trabalhista ao camp o e realização de uma reforma agrária radical."**' fluência e pod er no Legislat ivo, no partido, no gov erno K ubitschek. Iss o difi cil
me nte aconteceria se estivessem em outro pa rtido. O coefici ente multiplicador de
Igualmente, quando João G oulart propôs as reformas de base. que incluíam poder e influ ência do partido parecia co m pens aras difi culdad es dc conviver (e
um a reforma agrária, o PSD preferiu alia r-se à UDN e imped ir a sua passagem. A lutar) no seio do partido com os fisiológicos e conservadores. Terceiro, caso as
propalada “fal ta de ideo log ia” do PSD terminava q uando com eçavam as tentati Forças Armadas não houvessem inter vindo, é poss ível que vários dos membros
vas de modificar a estrutura da propriedade da teria. da ala moça tivessem aproveitado u ma possív el reorganização partidária, com base
nos grandes blocos parlamentares, inclusive a Frente Parlamentar Nacionalista.
ideologia e divisões internas: a “ala moça" e as " raposas ”
O PSD não escapou à sina dos partidos brasil eiros de ter que enfrentar fort es JK , d e se n v o lv im e n ti sm o e a po lí ti ca cl ie nt el is ti ca
divisões internas. H ippolito descreveu com petente me nte os conflitos entre a ‘ala Juscclin o foi, em mu itos sentidos, o maio r líder da história do PSD. Kl eito
moça" e as “raposas ". K ntusiasmadoscom o esti lo m odernizante de.lusccl ino,os com a imprescindível colaboração do PTB, superou o pad rão admin istrativo tanto
mem bros da ala moça tentara m renovar o partido, mas foram bloqueados pela s
raposas. do partido
sentar um quanprogramato dadesenvolvimenlis
polít ica bras ile ira, t laendo sido o primeiro
de governo, presidente
o Programa dc M a apre etas. In
O PSD sofreu um desga ste eleitoral con tínuo entre 1945 e 1962 . Nas eleiçõ es fluenciado pelo Iseb e pela ideologi a desenvolvimentista, por um lado, e alicerçado
dc 19 45 ,o partido obteve maioria na C âmara dos Deputados; já em 195 0. o núme politicamente no clienlel ismo, pelo outro, Juscelino foi o expoente da s contrad i
ro de depu tados fe derais do PSD tinha dim inuído de 151 para 112, 37% do total. ções da política brasileira da época. O PSD, em geral, c o clienteli smo, em particu
Km 1954, o partido decaiu um pouco mais, para 35%, nível ma ntido cm 195 8. Em lar ,permitiram queelegovernassecom maioria nolegislativoeimplementasseo
A democracia Interr omp ida
Adefasagenie ntreoSparti dos
ma ra ch ou , o s par ti dos r ac ha .a u . - ^ ^ um |ad0| „ ala moça leve um
conse rvad oras , e a al a moça, re - nidá ria nos primeiros anos do

mu itas as raposas e poucos os reformistas.

AUDN
o PSD como elemento estabilizado iro? lx . acordo com 1Ao»

saaSSK^' .
Ade s c riç ã odosP al ^ > P » " t eV ^ *» Pa rtidoSCS"

rnmÈm
p o u aM a r i a B e n e y i d e s , q u e Mn n d i a ,ed a d e r r c t a d o E i x o , q u e

SsS^-' ssss^Btss^ss resul tado da vitóna


lhc s ervi ra de mspi raça o. O « ..t e r d e

ceria décadas mais lar de c < *


oposici onista fev. com que o em ento
£ ^ »„tigctulismo. Como aconte-
da UD Nf os s e es se ne.alme nte pol ít i co^ JS * ^ ^ ^ ^ evi (len lem en te _.
»olí ti ca anti -si lu aci oni st a du que manlei
foi mui»o ma is fácil form ar para 0 pais. As diferenças entre
um partidopolít icocombasemu > 1 J jnlranspo„lve is. A Esquerda Demo-
as propostas ideol ógicas ei am su p .»dicalmente diferente da udemsta,
criUi c à, co mumap ro p os ta« « « " ^ “„ n t e v e u ma id e n t id a d e p o lü ic a
parti ãpou da fr ente de oposição ^ ocráticíl concorreu às elei ções em

çào do Partido Social ist a. . . . a UDN se fonnou com base nas


Km ca da es tad o e em m u ito s - ^ va s( a c he ter og êne a

Wm&Mi
oligarquias que se sentiram prejuduada s p vicej aram na Repu-
^ in c lu ía o, ‘' e wmo s som. an . i #»
Mica Vel ha. A est e grupo, m ^ C “ " " " sli gi ndos quan do o dit ador os snb s-

______________________ .
«*> lSenev ides, 1981 :2 3 .
propriamente políticas, houve muitas transformações econômicas e sociais, que
li berais, pr edominantemente ur banos, der am à U DN m uito do que ela tinha de contri buíram para modificar o partido. No fi nal dop eriodo, a U DN cont inua va
basead a em oligarquias rura is e de pequenas cidades, mas os líderes de expr essão
nacional provinham , em me dida desproporcionalmente al ta, dos cent ros urba
nos . A U DN cre sceu, juntam ente com o PDC, em consequênci a do crescimento
num érico da class e m édia. Card oso (1975: 54) sugeri u qu e o crescimento da U DN

sEhsssss=s»»SS
de do Sul, onde cri aram o Partido Libertador;
foi criar o P artido Republicano Progre
Adem a de ar ro s e x ^
ssist a, .pie se tornou I arti do S oual n o
;
c d o PDC se lim itou à cla sse media que es tava for a do setor púb li co. A m eu ver,
em muitos estad os que foram governados por oligarcas udeni
cresce u ou incho u, e os beneficiados po r es se crescimento eram
stas, o setor público
udenistas esf er-
«■ressi sti cuia ba se inicial era ess encial mente pauli sta. Assim, cm pouco ten i ,. duafs. Já no setor pú blico federal, onde també m havia udenistas, a motivaç ão era
5 S S e tuli sta s e fra g me n to u , pe rma n ec e ndo a U DN c o mo om a ,or diferente, s e não oposta: eram funcionári os, m uitos dele s concursados e/ou de
carreira, que se sentiam incomodados com as nomeações políticas e fisiológi cas do
llOS o T a rto d a UDNdepart ido W , depar ti dode op os içã o, depar ti doq ues e PSD e do P TB, partidos que controlaram o gov erno federal a ma ior parte di » te mpo.
Se, devido à asso cia ção com a Esquerda Democrática, durante os prim eiros
anos de vida, a UD N aceit ou algumas posiç ões pro gressi stas, de apoioaos direit os

ssSsaíSK rassssK
trabalhistas , em poucos anos essa s posições foram abandonadas c substituídas
po r posiçõ es conservad oras. A legi slaçã o trabalhista implem entada po r Getúlio,
dizia-se, era avançada dem ais para o Brasil (lei a-se: para os trabalhadores brasi
da e lerna vigil ância.
leir os), argum entosempre precedidoe/ou seguidode copi osos exemplos de como
os trabalhadores abusa vam desses direitos.
As bases de classe 0 reaci onari smoe o anti comunismo passaram a sor os principais vetores ideo
\ n a de fu nd aç ão d a U D N , d e 3 -3 -1 94 5, já in d ic av a a o ri e n ta ç ã o d o p a rt id o e lógi cos da UD N. Parodiando Carlos Castell o Branco, a U DN podia dispensar o
afcuns dos seus probl emas . De acordocom o sexis. noda época, havia apenas tres iilestado de bon s antecedentes e de boa conduta, m as não o atestado ideológico e
mulheres entre70 assinan tes;aquasetotali dade eracomp ostadepessoa sdeelite ;i ausê nci a de fi cha co mprom etedora 110 D ops, ironicamen te uma instituição de
r í S S Ê (2 6 advogados, nove médicos, nove j orna listas nove prof esso-
criação getulista.
J " g ^ h e ir o s , ci nco in dust ri ai s e tc. ). Os ope rá ri os e tr ab al ha do re s
un is m ima ra,n pel a sua a usência, e o único “lavrador" presente era nad a mais,
nada me nosdo queVirgil io de MelloFranco, advogado, jo r n a lis ta e fav ^nde uTD ..^ 0 uden ismo como ideologia
A ausênc ia de setores populares continuaria a caracterizai « t UD N. tanto en 1lá menções freqüentes, tanto nos trabalhos escritos por cientistas políticos
tre os seus polít icos c adepto s quan to, conseqüe ntemente, nas preocup^o es» qua nto nos traba lhos escritos po r polít icos, jornalistas e outras pess oas, ao
moDOSt as do p artido. Benevides notou a ausência de setores popu lares na can | udenismo como algo diferente da UD N. Esse termo fo i usado cm duas ac epçõ es:
,ha do brigadeiro, creditando à UDN o apoio m aciço dos demais set ores, medios um a para designar um mo wm enío que s e est endia além dos l imites form ais da
c -li tos í imp ortante saber l er ess a rela ção: na s «.nas me tropolitanas, pai t cu ar- UD N, e o utra para designar uma ideol ogia. Organizaci onal mente, o uden ismo se
distinguia da UDN po r inc luir set ores extrapartidários; assi m, quando a U DN ul
trap assou os li m ites do partido e foi recrutar adeptos nas Forç as Armadas, 11a
imprensa, na intelectual idade et c., criou-seum udenismo que uãosc redu/.à UDN.
Pd 7- pèío voto da clas se média urbana. Nas zonas rurais e pequenas cdad es, a Benevi des insist e nessa difer ença entre U DN e udenismo. O udenismo e ra uma
UDN com petia pelo mesmo eleitorado que o PSD. com desvanta gem. ideologi a relativamente frouxa e pouco consist ente, com Irês dimensões princ i
pais: o m orali sm o, o bac hareli smo e o antiestat ismo.

A trans formação da UD N
O morali smo
Transc orreram m ais de duas déca das entre a fundação da UD N c o fim força-
do do " d e par tidos do pe rí od o de moc rá tico . Al ém da s tr an sf or maç oe s Um a das di mensões ideol ógic as fundame ntais do udenism o foi o m orali smo .
No plano da retórica, o moralism o era a pedra angular do udenismo. Em presta va-
imo bilismo diante das questõe s soci ais.Ilá um a oposiçãoentre obachareli smo
ae a " t m a soci al. O bachareli smo Ceva a l ei, part icul armente a Const iUuç ao ã
se um va lor qu as e ab so lut o V ™ “ condição de q uase absoluta. A lei, particularmen te mui» sist ema “ dificado .
foi um morali smo *p *» o a » e min, ir a e paul is ta. No .m el nm- ores sí e conge la, na forma dos direitos e dever es, o si stema de dominação dc u na
ar au tos do moia lismo es tav am na UD. ^^ ^ mora|ismo lia(> cra uma
sociedade. 0 im pulso refo rmista objetiva m uda r ess e sis tema de dominação, da. o
nicipal, on. cent enas de ‘ . das bem público eram pra ti-
elemento ,le oposiçã o entre o bacharelismo c a . , foj
A V i são que p õe a ideol ogia pret ensament e nacio nal ac u a d a c asses:
formu lada sob a inspir ação da forma udemsta de ihmu ms .no bachareli sla, q ue
exclui as classe s traba lhadoras do processo político. A concepçao dom inante .
UD N a respeito da s cl asse s Irabal hadoras era paternalist a, como tam bém o eia ,
A retórica cra » maté.
er a u m p arü d o d ain co m p ettaa a^ ^ ^^ ^ ^púb uea ,p e la f o rma ç a o dCb c X s clt stoçó esee xpres s õesad qu ir ir amno Br a s ilc o n t a n M »
do hom em cra desprezada e (>on jj ^ õ e s , não houve nem poderia nccíli cos líx pressões como "partido denotáve is , pa rtido de massas e partidos
livresca e verborrágica ,lo bachare • n5„ ,10UVK nem poderia haver de quadros” devem s er pensada s e repens adas no con texto brasilc.ro, e nao sm

haver pl anejamento c « *i 8 m c o l“f " sa évi a . Ap es a r dc pr et en de r nlelmen te repeti


especifi cidade: era odas.
queAa U expr DN
essãalmeja
o "partido de Naquele
va ser. notáveis' adq
context uiriu
o uma gran de
nartido de pesso as dot adas de cultura ur.dica e de grandes o .adoi es po r exten
pa rt edevi doaopr edomíni odo sba ^ " mafor ma part ic ul ardeil umini smo;os L t nceit o se apli cou t ambém a p ess oa s dc d est aqu e em outra s a re as do « -
ObacharelismopodeMrvfctoc |0 hachar e!isti co, dc sua for- nhecimcnto h uma no. O que era "notável" c o que nao era se definia e se define
ud eni st as ac re di tav am na vir tude de se _ ^ c„ndm or do culturalmente, e a interpret ação da época difere da atual. Além disso, e ss a defini
maç ão moral, each avam a L1 )N orne»™ J c„nvcnci dos de q ue, at rav és dc çãodeveser pe.vebida. e a perc epção não é idêntica ao fenom eao pe.c^ b.d^ m
pa is. Muit os ud en ist as pa rec iam g e m m ^ ^ as cl as3es sebe ne r além da percepção há modificações i ntroduzidas no p artido, na sua vida co uha
me lh o rema is h o n ra d a con duç . od« ^ ^ ^ ^ e| i f ol a per gu n t a r as naNalei tura final, fei ta por ela própria, a U DN era um partido de no *áve.s£ -
f, ciari am. Jamais ocorreu a U ^ . P criam. UD N comparti lhava com que cra um partidode bach aréi s, dcp ess oa s com alta cult ura jun dic t icconhu.
cl as se s traba lhador as e populai cs.oqu e e ^ ,iut0ril ária, „m ta .s ta ,
m uitos grupos de esquer da uni conhecimento, inclusive de suas pró- <'0S ^Ò je , um partido de notáveis i nclui m uitos campos dc aíividacl e^ntel ccW^^e
que nega va ãs c la sse s popula >q |( |.id( , b ási cade dir eitos e da cap aci dade dc cientifica previam ente excluído s, cabendo sub linhar o crescim ento dc ae m , slta
prias necessid ades. A aceitaçao ,. s, . ^ ^ |>o n| fim cionam ento da dem ocra-
(físicos biólogos, eeologistasj, econom istas e cientistas sociai s, assim como o d
autoconhccimentoçb.s.lasses, esse . Ip d inava aT O N. Na visão udemsta,
S eo S scim ov e rt ig in o s odos ju ri s ta s e ba ch ar éi s. P or s ua vez , u m p a i -
c ia,es ta v a aus entedo pe ns am en WeU tót aq ^ ^^ ^ ^ ^ apenas, ,man -
ti dodef luml ro st emho ienoBr as ilum aac epçãomuit ot l, fer e" “cc pç il^
-as class es popu la re s n a od e s p f , ln ( lo c a tó lic o .Cu mp r iaa os b a -
sileira atual ( 1990 ).significa um partidoq ue conta, entre os s eus militantes, me
gur a de ret óri ca, rec ept ora da < * " « * * “ . c qua i a melho, manei ra de
eharéis decidir qyais j a m o s p r o b l ^ ^ incap. r , dc diag-
instit uições do Estado nos mais vari ados campos de alivi dade Releni
soluc ioná- los. 0 p o^o ■ «„.pifir os seus remédios , um i. ii ti do q ue conta com um a equipe dc economist as, mcluindo-se entre os re
nosticar os seus problemas ***'. ‘ form aeâo preferida para os polili oos: um '^ s ú X u n ão .0 doutorado em insti tuições scriasc ampla expene nca pro-
O bachareli smo nao sc 'im ' J .;i nbso\utizar as leis , sobretudo
fis onai tò ds em
int eressado u tivecoa énomia);
de p esqui
com sauma
(e não com de
equipe alguns engenhe,ros
especiali e a.pub
stas em saude lvogadlica
os(
1 a T n " nédi coc om exp er iên ci a el ín ica mas se ...f or maçã oe m mcd iema
preven tiva e em saúde pública); com grupos int erdisciphn arcsd e cienti stascapa
les de enfrentar problemas da mais variada índol e, cuj a sol ução c abe hoje >• '
: r r „ t , ao U ri * eassimPo , diante.Nopa rti dode quad ros,naacep ção
brasileira contemporânea, os juristas, os bacharéis e os m édico s, que eram
......f oi «por -» “ s8" S f n S ^ le is .Ma is«n t a, «>"«• • «*• wm° ap°' U“ U *'

sf ss w sr sj ss s, - » « *"
intervenção do Estado que compete com a empresa privada é negativa, mas a que
estimula a iniciati va privada e positiva’.

é um partido que dispoe dc q ^ ^ ^ d e n ota v eis. Ja a


A ideologia contava
I lá q uestões m uito i mp ortantes no est udo das r ela ções entre ideologia e inte
partido de quadros. resse de classe, como aquelas referentes aos pressupostos de racionahdad e e de
plena informação. além da questão do prazo. A afirmaçao de que tal on q- al os .
O antiestati sm o . , , ção é ideol ógica e sen -e a int eress es de .l asse pressupõe pl ena m fo m a ç ^ c co
nhecime nto de todas as conseqüênci as dess a posição , assmi com o das a ltei na ti
com o representant e de *> E5tado na vasquese apresentam. Asve v.e s,asafirmaçõesbaseadasne ssepressupostoche g.m
comerciais, a UD N sempre se modelo de soma zero: o dinhe.ro ao li m iar do m istici sm o, requerendo onisciênaa p or parte de uma cla sse . Mas
vida econô mica , bm utarna.ma ,. 1 ^ ^ imp osl os, pe lo se tor freqüentemente as clas ses não dispõem desse conhecimento simplesmente por
gas to pel o seto r publ ico er a um ^ c o m p e tir ia , as si m, com o aumen to ei,„■ ele não existe. Ilá também a questã o do p razo. 0 que benefi cia um .i (tosse.a
pri vado e , p ort anto , ^t ra .d o às 1 com a e|e vaç5o du bem -estar dos cu rto prazo pode pre judicá-la a longo prazo. Os defensores dos u ata nentos
dos lucr os das empr esa s e com , “ * ? * ^ emp re sa s. Es sa ati tude se mo- anliinflacionàrios de choque são contumazes em a firma r que.se
emp resários, dos empu-g-« os - - • ... a cn,.,r esa privada. Ass im, as todos perdem, a médio e longo prazo t odos ganham A concentração de rendas
difi cava quand o o Estado conden adas. mas não os empréstimos a pode ter contribuído p ara increm entar a cri m inalidade, que diminu i TOi is .de a-
em pr es as pú bl ica se ra m,g en er ic* ™en te>_ saspú bl ica s,dcma tér ias - velm ente a qualidad e da vida, inclusive das cla sses medias e altas. A questão dos
b aio s juros, os subsídi os, o 0 cresd- prazos se mistura com a do conhecimento: há debat e sobre o preçoa, se,pa go -
primas e bens int ermediários a ^ 0 ,iulan le a ditadura não se expl i- quanto e quando - pela deteri oração eco lógi ca geral . Dependendo do ponto de
mento d o Estadodurante o^ gi med emo ^ ^ pe,a expansão da s
vista, a industrial ização, na forma com que se vem fazend o pode ser■ ou nac ser
ca simples mente pelo ]o tresci me„ to absurdo do funci onali smo raci onal .Final mente, mesmosupondoque aque sta cid aacu idade doc o n to e n to
funçõe s produtivas dc. Estado nem 1 ^ Part0 si gnif icat iva do cr« a - e da informa ção ao d ispor das clas ses c a questão do prazo fossem devidamente
resolvi das, resta ainda a questão da racional idade. Aq ui l.a pelo menos dois pi o-
hlemas: prime iro, há muitas racionalidades, sendo a econômica apenas um a de
las A primaz ia dess a racionali dade específ ica e s ua vari ação no tem po e noespa-
ço são uma questão empírica que todavia não tem sido pesqu.saà. devido ao do(^na
udeni st as: opuser am-se a expans ao < < iaram a políl ica econômi ca do g o-
de que ela é dom inante e pronto! Mesmo aceitando a primazia da racional idade
trabalhistas mas, encaste ados n a A ren ^ P ^ Par odi ando o p.ópr io
económica, ainda sobra capaci dade para as cl ass es, f rações g rupos e m dm diu *
verno militar, que expandiu ainda 'l'“* “ , im nas tetas do Estado protes - decidirem racionalmente entre objetivos econo nucos e obj etivos de se gunda o
Delf im Netto. os mesm os empresai ^ q (eIt( cdos &astos públicos duran-
tavam violentamente contra a expa n.. intei venção do Estado era '" " " o percurso seguido pel a Esci uerda Democrática, depois Partido Social ista
,ea c a mp a n h ad ed e s e s .a .,,aç ao.^ ““ X ^ e n .p re s .írio s ,c ^ n ã quando
Brasileiro, ... ostra a im portância da ideologia para o comp ortamento p art.da. l o e
S 1~ r S - K S ae xpans ãod o E s tadoo u p a raob o ls od o para a formação de alianças. A Esquerda Democrática nas ceu em aliança com .

UD
paraNse registrar
Enqu antocoma Es oquerda
partido, mDemuitos
ocrática
dos seusnão candidatos
pôde cum seprir
ap com os requisi
resentaram atia tos
ves da U DN . En tretanto, a incom patibil idade entre a proposta soci ali sta da ks-

^«3£2^3SS££ÍSiS^£
B iaestavac o lid in d o c om o s d a ide olog ia , are ío rm u la ç a o
querda D emoc ráti ca e o crescen te consc. -vador .smo políti co da U DN levo u a um
co nflito ideológico. O resultado foi a diminu ição dos acordos
niz ações , com um mo vimento da E squerda Democrática,
cn t.eas luas orga
transformad a em PSB,
na dir eção de ideári os pop ulist as, reformistas e trabalhistas, e com o utro m
me nto, em sentido contrário, da UD N. Em 1945 e ant es, quando participavam da

fcsfflsísssafs - — “ “ 101
tradições exigiam e recebi am algum tipo de justifi caçã o: a açao visava sal vaguar
da r o p rincipio. O exem plo cl ássico f oi Carlos Lacer da, que preconi zava o golpe
fr e n t ed opos
e içã coo m u mi U D N , na
para ev itar ogolpe através das el ei çõe s'.Um a pergunta interessante jama is pode
já c ar re ga va m p ro je to s id eo lo g de n o p ro gr es sis ta s fo i an te s um a
rá se r respondida:até que po ntoesta vam os udenistas consci entes de que os prin
di reç ão de proj etos de lei e < p P ^ ^ dementos al oj ados no part id o. O
cípios que dizi am defender não eram princípios, e sim co nvenienciasí Os udems-
concessãoà hsquerda D em ouatic. , cm ques tões econômicas
tas engan avam somente os outros ou enganavam também a si mesmos.
g r o s s o d a U D N p, o ré m e, ^ ^ ^ ^ ^ a - ir .- d e is n .l- M uitas p erplexidades «lo s analist as políticas cm tace das mcoerenc.as ude
e soci ais. O fu tur o ei a prev 1. . udenistas e socialistas unido s pes- nistas resultam da incapacidade de conceber a ideologia, udenista ou nao, de
«fc.de- ent ro a Ü»N e o PS B. C « n » ^ “« ob ra ra m" do is maneira mais frouxa, men os consistente, mais real. Parecem acred itar na nec es
S ase ^. ................ sidade, nunca demonstrada, de que certas propostas ideol ógicas vao costur adas
separava a segunda geração d e udemstasci< e 1> , ^ ,nc ap. r/ d( , ^ l ra11sfor.
m com outras, sem desvios. Essa expectativa errônea aparece tanto na analise da
ideologia de pessoas» quanto na análise da ideologia de msfrfmçoes nacionais,
A UD N, per dendo sc re a’r,r m.m w » part ido antipopul ar e inclusive dos pa rtidos p olíticos.“* *Algun s estudi osos parecem a cred itar que, como
mar num partido pop ulai, aoco . no csUr tll toi nU nca funciona -
num dado país central, num dado m om ento histórico, cert as crenças i deolo gicas

estavamj untas ,ciasdeverãoestarjuntasem todosospaíses c em todasasépo cas.


\ simu ltaneidade é elevada à condição de necessidade togicu e histórica: a

C 3 S S S = S 3 ^ Í= S S Í,—
representante. rrfimwn
~ ~
aerôri a ranhou m aior impor-
sindrom e que sc observou naquel e país. naquele momen to, será obser vada sem-

1 k necessário situar historicam ente as ideologias. Parte deste “situ ar se refe


Mo início dos anos l< )6 0, _a qii est : ; às ^ .„ ira çõ es com
re a levai cm consider açãoas int erações, part icularmen te os co nfli tos, com outros
tância no Bras il; a 0 problema político surg iu, atores polít icos. M uito do que pr ofessamos o fazemos em resposta e em míeraçao
tit ulas púb li cos , r^ ata v“ ^ p '“ ,c ,0S g(Je refo rma ag rári a apr ese nta dos por com outro s atores históricos , sej a no caso do país mo delo, seja no caso do Brasil. A
mais uma vez, na apreciaç. ^ 1 • oroietos do governo. Go ulart era
ideologi a da UD N. inclusive o seu propalado liberali sm o, deve ser est udada den
Gou lart. Seri a d ifícil para o partK
tro do con texto histórico interno e dentro da con juntura internacional. No B rasil ,
visto co mo pessoa de esquei d a, \ projetos que viriam a fortale-
a década de 1930 foi domin ada pelas ideologi as do Estado forte , e mu itos udems-
tico de Getúlio Vargas. } V silK V.Cal (CO T-P UA ), assim como tas não escaparam ao f asc ínio da ép oca. Algu ns fizeram verdadeiros m alabaris
mos para junta r o liberali sm o com o Estado fort e. M uitos futuras udenistas de

CS— ^S der ^et oseU r m as^^ecer i am os


nun ciaram o li be ralism o, fazendo profissão de f
defenderam a democracia o fizeram associand
so que es ses pronunciamen tos foram feitos
é no Estado forte, E o* que
o-a ao Kstado fort e. Nao e p oraca
numa época em que a Europa liberal
inimigos do partido.
■ * ideologia teni muitos signif icados, s endo tr ês os mais comuns: numa ótica marxista repr e-
As contradições ideológicas sent aumavisãodecl ass e- porta nto,di stor cida- do nnii.d o. «los prob tom as^.r.-^^l .^osc
At r i b ui r ^ - nt r a d i ç Oe^ a ^ ^ ^ — ^ ™ p o r econ ômic os. A dist orção ó obri gatór ia po rque e la c fei ta a pa rtir dc uma ut íca de ^ ^unia
versão extrema dess a ótica, não há nem pode haver oon íhto entre a Klcolofc.a eo , . resse d.
não apenas diferemes m a^ as .. m em blos evam ideol ogicamente classe , embora a ideologia possa apresentar- se como dc interesse nae.on al,
que cada uma dess as LD N s e cada coer entc S| c 0s políti cos »*> realidade uma ve?.que seu pro pósito seria se rvir aos interesses de um a clas se. A segunda, corri
queira nos trabalhos empíricos, define ideologi a simplesmente com o um
coe re nt es. Ora, os homem * _< „ ensa mento dos uden is tas que fi zeram u so
res pe ito d» qu es tõe s po lítica s. ec on óm ica s c s oe i»i S. Ou tra ne es p« - wa e > ™
homens. A incoerência se at herança c ., infl uência da campanha civihsta prmelo: ela imp lica uma explicação c propost as para a açao, podendo checar , sc forsuteie nte
da pal avra. O «demsta que etopou a h e ^ ç # lnler, .en,So das For ças •neiitc ampla a «una vi são de mundo , uma weitunsihauvng. Nas ultim as duas accpçoes. . «*
ideol ogias podem estar, e freqüentemente estão , asso cia das com exp. .ca çoes U *n cu «n
nas ci ênci as so eiais, como o próprio marxi smo; el as pod em ser parem * e d cn w de po siç o^
.Míl iticas muito fortes, como o anticomunismo e o a ntiestat ismo udemstas da epoc a de G etuli o
Vargas. Nessas a cepções, a ideologia pod e co hd ir com os interesses de cl asse .
estava acuada pelo nazism o o pelo fascismo. O advento, em 1937, do E stado Nov o, lati no-ame ricanos (desde que inequivocamente anticomunistas, em con formida
forte, mas que aluava em sentido politi cam ente contrário ao do s futuros udeni s- de com a do utrina Keenan) refafíuiznram o am or recente «la UD N pela democra
tas, amaciou o seu entusiasm o pelo K stado forte e pelos regimes de força. Alguns, cia eleitoral. D errotad os nas el eições , muitos fo ram buscar alento nos quartéis.
discrimina ndo m ellinr, continuaram a aceitar o Estado forte e os regi mes de for Portanto, os antecedentes ideológi cos de mu itos udenistas, que denotavam a falta
de um princípio dem ocrático, perm iti am prever o seu apoio a o regime m ili tar.
ça, mas não aquele Kstado forte nem aquele regime de força.
Stalingrado, El Alam cin e a entrada do s EUA na II Guerra M und ial modifica À época, porém, a m aioria dos analistas se atou à palavra dos antigos udenis
ram o p anorama b éli co na E uropa e também o panorama políti co e ideológico na tas e às suas srcens. A ênfase da UD N na democratização, duran te a campanha
Amé rica Latina, inclusive no Brasil. Mu itos defe nsores do Estado forte passaram, pel a derrubada d a ditadu ra de Vargas, difi cilmen te prenun ciaria as repeli das ten
tati vas golpistas do partido, assim como a sua parti cipação no regime de 1964.
com redobrado esforço, a atacá-lo, tanto em sua versão i nternacional, nazist a e
Fernando d e Azevedo foi u m d os poucos a prever, desde aquela époc a, es se d esen
fascist a, quan to na sua versão nacional, o Es tado Novo ge tulista. Nesse sentido, o
lace, em função do reacionari smo ideol ógico da UD N. A grande iron ia é que a
liberalism o e o democ ratismo dos udenistas não foram características que os acom
plataform a ud enista de 194 5 — l iberdade de impren sa e de associ ação, anistia,
panharam desde sempre e para sem pre, e sim resp osta s convenient es às circuns
restabelecimento da ordem juríd ica, eleiç ões l ivres e su frágio universal — foi v iola
tâncias políticas nacionais e internacionais.
da, it em por item , pel a ditadura de 1964 que a UD N ajudou ativamente a instaurar.
A sede de poder, qu e sem pre lhe foi negado pela via eleitora l, e a ausência c ie

A vocaçã o golpi sta da U D N um co mprom isso com a democracia, a despei


nece ssár ias para explicar a continuidade no c
to de decl araçõe s em co ntrário, são
ompo rtamento da U DN ao longo de
A U DN foi um a participante ativa dos principais golpes e tentativas de go lpe s
pós-19 45, o que l evou alguns anali stas a afiim arq ue a UDN teria uma vocação tantos anos. Benevides levanta a questão: “A UD N de 1964 já não estaria contida
golpista . Os que viveram ou simplesmen te acompanharam a história pós-19 45 na de 1945?" K lembra: “ os li deres c ivis [do golpe de 196 41 foram os mesm os que
tenderam a interpreta r a freqüência das tentativas de go lpe s da U DN de maneira assinaram o Manifesto dos Mineiras” .
essencialista, com o um a simples voca ção golpi sta do partido. O raciocínio era Ha via uma contradição, na UD N, entre a sua posição de “p artido da clas se
circular: tinha vocação golpista porque dava golpes, e dava golpes porque tinha média” , por u m lado, e o antiest ati smo, pelo outro. Boa parte do crescimento d a
vocaç ão golpi sta. Em bora eu acei te que a UDN era um pa rtido contrad itori o, que classe mé dia se deveu à expansão do Estado, sej a direiam en le, com os empregos
defendia a demo cracia mas não conseguia ganhar nem sabia pe rder elei ções, par criados pelo p róprio Estado, se ja indir etamente, de vido ao crescimento das ativi
le im portante da vocaç ão golpista tia UD N se expl ica pela relação de oposi ção dades econômi cas po r el e estimuladas.Lim itar ocrescimentod o Estad osignifi ca
radical a Cetú lio Vargas e a tudo q ue ele representava. Ge túlio era anátema para a ria lim itar o crescimen to da c las se média ou reduzir o seu poderaq uisiti vo. Assim,
UD N, da mesm a forma que o regime m ilitar era e é anát ema para um a gera ção o antiestatismo e o m oralismo exacer bado s da U DN corroíam o ap oio da cl asse
posterior de democrat as brasilei ros. Os mem bros da UD N foram m uito ati ngidos que m ais a favorecia: a classe média.
pelas medidas repressivas de Getúlio. Como nos lembra Rond ou Pacheco:
As várias UDNs
“ Lo b o depoi s [do Ma nifesto dos M inciros],comoera dosees perar ,veioa reaçãoda
ditadura contra os signatários do manifest o. F. t odos ele s foram punidos. Aquele s A diversidade interna da UD N não poderia deixar d e ser enfat izada cm estu
queeram profes soresuniversit árioscaíramnaquelefamoso177;"' foram demitidos dos det alhados sobre o pa rtido, como o de M aria Victoria Benevides 0981:20),
pelo governo federal, por Vargas. Os que eram d iret ores de banco sofreram inter quedecidiu
venção nos seus bancos, alguns até desapropriados, como foi o caso do B anco H ipo
tecário de Min as Gerais, que sofreu um a desapropriação pelo simp les fato de s eu ‘ (...) p ôr em relevo as semelhan ças e as diferenças entre os diversos grupos qu e
presidente, o saudoso Estevão Pin to, ser um dos signatários. '•*’ form aram a UD N os libera is históricos, cs bachar éis, os realistas, os golpistas, a
'Banda de Música“ e a 'Bossa Nova’ —, consolidando-se a hipótese sobre ;us várias
Após 1945, a s derro tas eleitora is da U DN no B rasil e a crescente indiferenç a UDNs."
dos gover nos norte-ame ricanos em rel açãoà forma políti ca dom inante nos países
Com o iden tifi ca r as “várias UDNs?" Ilá diferentes metodolog ias que podem
i« É irônicoqueahi stóri ada UDN - cujosmembr osforamduramente ati ngidospel oDecre to- con tribuir para elucidar o problema: um a delas é análi se fatorial de formas ex
In m 177, da ditadura g etuli sta, que puniu os prof essore s - não imped iu que muitos de se us pres sas de comp ortam ento, com o votações na C âmara, no Senado e na s asse m
antigos m emb ros apoiassem, três décadas mais tarde, o De creto-lei n® ‘»77 , que suspendeu por bléi as. Ela põe jun tas as votações que estão inter-relacionad as, separando-as de
l r í .1 imos o d iieito de estudar de mu itos csl udanles. out r as, que també m estão relacionadas entre si. As votações parlamen tares são a
»•" Kntrevista con cedida a Gláncio Soares c Ma ria C clina Soares L >Araú jo em 11-5-1 993.
A U DN se com portou como um partido que al mejava o poder s em considerar
fontem aisfácilde obte rdadosparaess eestudo;mas épossí vel , os lim ites im pos tos pela prática dem ocrática: sc pudesse ser através de el eiçõ es,
" " . l .ns ,,, codi fi car pr on un ci ame nt os edise urs , den tro e “ ; m elho r; do con trário, seria, como foi. através de gol pe. A es colha de Carlos Lacer
ra d o S a t iv o , en . co nven ções loc ai s, est aduai s e nac. ona .s, acr esc ent and o-a s da com o cand idato do partido às ele içõ es presidenci ais de 1965 (que nunca se
àsv ot açõe s.O procedi mentom aiscomum écol ocaroste. nasnum e.xo eosp o I reali zaram) c ulmino u no d ivórcio entre as ambições dc poder da UDN , que eram
cos „o o.il.-o IJma análise invertida ( 0 ) perm itiria agrup ar as pessoas a anal s e^ m uito reais, e sua devoção ao prin cíp io da democra cia eleitoral, que era fictícia. A
cl .ro se baseia nas vot ações, mas agrupa ind ivíduo s, políticos , e nao te. nas, candidatura 1-icerda revelou a f orça do golpismo na UDN . Carlos Lacer da simbo
Irabalho qu en tilizou técni cas mais simples, nâofetoriais,pennitiud.stinguir<|u
li zou ogolpismoencravado na democracia brasi leira, que ja m a is p er de u u m a e le i
fw'nia no PM DB de quem sairi a para forma i o l ção sem tentar im pe dir a posse do pleito. A única eleição cujos resultados aceitou
' A representação das cl asses médias udenistas foi afetada pacifi camente foi a sua próp ria, para governador do então estado da Guanabara ,
„a re pr ese nt açã o pro porci onal ; no S en ado a UD N q - do,,.m a« e ^ a UDN do
em 1960 .
oeouenos, onde o partidop oncose distinguia do P.SD, Em alguns üei es*a
UDN concorria corn u ni poderoso coronel, en. oposi ção a outro, apresentado pelo
P S DZ o t . . r d e v idoà urbanizaçãoe,„ cada es. ado, a UDN urbana, basea da A U D N e os militares
n is cl isws médias e na burgnesi a comercial e indus.rial, adqm nu crescent e voz A associação entre a UD N e os militares salta à vista: três das qua tro candida
Z íi &su nt< " es taduais, ma s continuo ,, m inor itária. Os estados do Sul e do .S ude s turas presi denciai s da U DN foram dc militares: o brigadeiro Eduardo Gomes, dua s
te onde numericam ente as cla sse s médias urbanas eram m uito maiores tambem vezes, e Juarez Távora. K repetidas vezes a UDN cogitou de outros candidatos
eram os es tados ... ais sub-repres entados no Congr esso e s o b re -lo « Senado m ilitares. Essa associ ação pare ce ser o resultado dc mu itos fatores, inclusive um a
dev id oàs i mperf ei ções da r epr ese nt açã oproporconal n oB ru A C o ' ^ certa aproximação ideológica com a linha fortemen te anticomunista de set ore s
“d -, clas se mé dia” sem pre esteve representada aquem d» .s eu numei o i c.i t no das Forças Armadas, pa rti cularmen te aquele s mais associ ados com os KU A.A lém
gfslat ivo^em eontraposiçâo à U DN rural, coronelista, fisi ológica, que sempre es- disso, a UD N se notabilizou por p erder elei ções , por n m lado, e por tentar anu lar
as el eições ou im pe dir a p osse dos eleit os, pelo outro. H ouve tentativa s malsuce
didas nos âmbitos judicia l e parlamentar, bem com o contatos com os milit ares,
...«lias c na burguesi a, teve uma grande influencia sobre o rumo do pa .tido. Lssa
n i l l , no Diret óri o Naci onal e na Exec ut iv a. Entr eta nto, no n. vel incit ando-os aogolpe.
A vinculação da UD N cornos m ili tares não cons tit uía mistério: Afonso Arinos,
d“ ò " noO„ .g re sso, fa zi a- se sent i, o pe so da UDNco ro nel ,s ta .par t. eul ar -
um dos m embros m ais i mp ortantes da UD N (e também uni de seu s crít icos mais
mente quand o estavam em jogo os seus inter esses agranos.
notáveis), reconheceu explicitam ente a sua vocação militarista .
A realidade da luta pelo poder e a ficçã o do desprezo pelo poder
A organização do partido
4 UD N h istórica, r epresentada por Virgílio de M el!.. Franco, afir mavarepu-
,li,r * coucn. ist a dop òd er pelo poder, que asso cia va a "inter esses v * , e rej e.t ava Em bora tenha surgido como moumíC Frí o, a UD N logo se organi zou co mo par
f i s i o w e a d isput a por c ar go s. Não obs ta nt e, a UDNsem pr e: ,.m n. m qu tido. A perspecti va organizaci onal é a mais im portante na delimitação entre o que
seu s m embros p arti cipassem de gabi netes cm inistérios, dizendoque naopodena c partido e o que é m ovimento. Com o tal, o principal evento na vida políti ca inte r
de udenistas no pod er, mas que isso não na da UD N era a Convenção Nacional.
UD N estive sse participa nd o do pcxler. A distancia e o desprezo ex pressos ve ibal De acord o com llenevides, o i nteresse real da Convenção Nacion al era a ind i
mente em rel açãoaopoder, po r parte de alguns dos seus fundadores, foiain nega cação dos candida tos a presidente e a vice-presidente. A p auta de assuntos qu oti
dos pel o com portamento d o pa rtido e pel a sua busca d e apoio m ili tar pai a golpe, dianos era corrique iram ente aprovada, ou seja. havia conlrole da organização pel a
" do apL per de r a s el ei çõ es . Toma nd o a UDN co mo u m - b o s eu co m- administração, mas não no que tange ao mais im portante: todos os setor es do
nortam ento nego., a sua palavra. Isso leva, mais uma vez, a com lusao dc que cxis partido disputavam o poder de sugerir, adotar e homologar candidaturas. Al ém
i iam vári as U DN s e d e que os que afirmaram o seu distanciamento em lelaça a disso, a Convenção Nacional decidia sobre as plat aformas dos partidos, que com
X X z fo s s e m si nc er os, ma s er am h omen s e gr up os t ot al ment e di fe re nt es freqii cncia se transform avam em manifest os eleit orais.A ComissãoExecuti va, de
daquel es que viviam persegui ndo m uito o poder. três mem bros, era eleita a cada dois anos sem reeleição consecuti va.

Ver Kinxo, 1989.


/.a r r ec ur so s fi n a n c e ir o s , p la n e ja r e le va r a ca bo as c am pa nh as e le ito ra is c ou tr as
As convenções naci onais .la U DN se reali zavam a cada dois anos . Rondon atividades. A UD N , assim como o PSD, dava amp la autonom ia à s se ções estaduais
Pach eco mostrou co.no, à diferença do P TB, el as eram feitas de ma ne m previsí -
e mun icipai s, provável fru to da mesma tradição que caracteri zou a R epúbli ca Ve
vel e estatutária: lha e a política dos estados. Para a UD N, talvez m ais do que para os demais pa rti
■o estatuto de.ermh.ava que cu ia esta do tinha a sua tendu como dos grandes , era importante fortalecer o s m unicípios — o pa rtido tinha um a clara
membros natos os deputados federais e os esladums, « os governadores, além dimensão mu nicipali sta. Ksse i tem prog ramá tico juntava duas impo rtantes for
delej-ados-elcitorés por cada estado. ' .„.««««o- ças : as base s rurais, inte ressa das em frea ro p oder e o reformism o das áreas urba
C.S.': -B o núm ero era absoluto ou variava de acordo com a população do eslado.
nas , e o com ponen te ideológico antiestado, remanescente da luta c ontra a centra
R.P.: Variava com a população do estado. Era proporcional. •'
lização do Estado Novo . A autonom ia municipal e o mu nicipali sm o eram formas
de esvaziaro Estado central. Porém, é difícil saber até que ponto a U DN foi levad a
As bases estaduais
ao l iberalismo, nu m mo vimen to di alético, porque foi contra o centrali smo d o Es
A UD N nãoescapo u à infl uência das bases est aduais sobre a políti ca b rasilei tado Novo e a concentração de poder nas mãos de Getúlio Vargas, e até que ponto
ra F-.n m uitoseslados,acomposiç ãosocioe conômicadeseu sm embrosco idear 10 optou consistent emente pelo li beralismo, não com o uma rejeição de outro mode
político da UD N po uco tinha m a diferenciá-la do PSD. O grande divisor de agu as lo, autoritário e centrali sta, mas como um a afirmação do m odelo li beral.
eram as fi guras de G etúlio Vargas e se us i nterventores. N o mais, inclusive no
flsi ologis.no, a UD N e o PSD eram m uito semelhant es. F.r nam Sat.ro em en tre A autonom
contradição entreia dos
umadi UD
retórios estaduai
N nacional s e municipais
i ntransigente e a pe s UDNrmite
s estcom preender
aduais c m uni a
vista a M aria V ictória Benevides (1981:30), si ntetizou nu ma frase a influencia das cipais pragmá ticas e sempre dispostas a entrarem em acordos, ali anças e compo
disputas estadu ais e a semelhança entre a UD Ne o PSD:“sonãoentre, para o PSD siç ões. A UD N nacional foi m uito infl uenciada pela seç ão car ioca do pa rtido, que
po r cau sa das di vergências l ocais. UDN c PSD eram farm ha do m esmo saco era com bativa e intrans igente, e pela seção pau lista, que era ideológica. É neces
Ron don Pacheco con cordo u com ess a posição: Nao havia, ídeologicam enU , t <-
sário não co nfund ir a autonom ia mu nicipal em rel ação a os est ados e ao gove rno
renças substanciais’’. Cons iderando que, dentro de cada partido , havi a m uitos g rii-
central com a autonom ia dos diretórios mu nicipais e m rel ação aos diretórios es
difer entes (m uitas UD Ns, m uitos PSDs), a vari ância entre os partidos nao era
taduais e destes em relação ao partido nacional. Como ressaltou Victor Nunes
m uito m aior do que entre eles , e, i deologi camente, grupos semelhant es em p arti
Leal , os mun icípios não eram autônomos — e conti nuam não o sendo . Com pra
dos diferent es tinha m mais em com um d o que eom os demais grupos do seu p ar
vam e com pram recursos públi cos e uma ampla margem de ação política pagando
tido A m orte de Getúlio, par a m uitos udenist as. represent ou o coroamento de
seu s esfor ços c a perda da razão de ser do partido: d estruído o arqunnnm go a em moeda eleitora l: apoio ao governador, ao deputad o estadual, ao deputad o e a
UD N passou a buscar uma função . A oposi ção a JK teve um apoio nume nco m uito senador federai s. As seç ões esta duai s e m unicipais da U DX eram autônomas en
me nor do que a oposi ção a Getúli o. Afina l, JK tinha um a historia c um a orienta quanto seç ões de um partido. O mesmo grupo de políticos no pod ei, quando assu
mia asrédea sdos mu nicípiosedoseslad os,passav aad irigir mu nicípioseesta dos
ção política bastante semelhantes às da m aioria udenista.
A UD N carioca leve, tradicionalmente, uma infl uência sobre o partido m uito li nanc ciiamen te dependente s: os m unicípi os, em relação ao governo estad ual e
ma ior do que o núm ero de votos que comandava. Na Convenção de 17-8- 1945, ao governo fed eral; os estados, em relação ao governo federal. Na análise da UD N,
que aprovou o estatuto e o programa do p artido, a repre sentaçã o c ., oca (25 m em Benevides ressal ta a constante oposição, dentro do partido , entre o Sul e o Sudes
te. ma is desenv olvidos, e o N orte e o Nordeste, menos desenvolvidos, par ticular
bros) foi dominante. _ . n m rín i
A existência de marcadas diferenças entre as seções estaduais da Ü W I toi mente no que tange à homologação dos candidatos c às reivindicações regionais,
atribuí da, por Rondon Pach eco , ao caráter continental dopais: Ilav.a vari as UDN s que er am m uito importantes no partido.
Na vida política, com freqüên cia as cr enças ideológicas são negativas, isto é,
porque ess e paí s é um continente’ . rejeitam algum a coisa . Mu itas veze s se li m itam a avaliar negativamen te al go pre
A flutonom/o Iocal ju d ic ia l — o u q u e se pe rc eb e co m o p re ju d ic ia l — aos int er es se s de u m a naç ão,
A autonom ia dos diretórios locais e est aduais er a am pla: el es podiam homo regi ão, clas se, fração, grup o, corporação ou m esmo pesso a. Sendo a crença reativa
logarcandidatos, entrarem alianças ecoli gaçõe sinter-pa rtidári as, angariare iititi- ao que exi ste, não se faz, inicialme nte, um esforço teórico para saber se existe uma
v inculação necessária entre o que se rejeita de ma neira geral (po r exem plo, a in-

i*i ■ Kntrevista concedida a Glôucio Soares e Ma ria Colina Soares D’Ara újo c.n n -5-199 3.
Figura 4
O crescimen to do PTB
I ci Tcn çãod uesl adon aw o^om i al ^asP ^^P^Ij ^^^^^^^^ ^^p, . ^^
PerrentAí-em sobre o cotai de deputados federais

«:s?r£5 =. -
i de ol og i a . E s s e conll it °‘P ^ i ^ f a S Í , co l i de co mos i n t e r e s s e s d ea lf tu ns
acordo com um a ideol ogia qi . progressi vismo ideologi co on -
dos principais grupos de dos amplos seto res rurais

m cnle predom inaram sobre a ideol ogi a.

O PTB 109
o PTB teve .rés caraet erí s.i cas que o separaram dos outros pri ncipai s p ar t,

Íf o i o único que cr esc eu, eleitor almente, demaneira siRnifirativa;


. tinha uma ideol ogia trabalhi sta, amda qup «Mu«'.
. carecia de democracia interna. O crescimento p osterior do PTB, prim eiro com G elúlio e depoi s sem ele, su-
,eve lim ites il dependê ncia petebista em relação ao s votos diretamente tra/ .idos
por Ge túli o com o candidato. Isso não implica negar uma forte infl uenc ia direta,
0 suces so eleitoral do PTB
alem de um a forte infl uênc ia indireta, explicável pel o apoio dado po r Gc h.l. o ao
Para um partido partido, ü m aior suce sso el eitoral co PTB fo i em 196 2. oito anos ap ós a morte de
Getúlio, quando se t ransfonno u 110 segundo maior pa rtido do pai s. Naquelas clu
çõe s, o PTB atuou com o um partido de esquerda. Km vanos
dos eas e na dore mt re sco i» (n o Di st r it oF ede ral,obte v e ma is São Paul o, agiu e m sincroni a com o PSB . O cresci mento el eit oral do I 1M ir a
cio curi oso saber quantos vot . l0 supor que a votaç ão de um PTB do na figura 4 , foi continu o e s e de.. tan to no Senado quanto na Cam ará Fede a ,

SS SS . — —
no r duas razõe s:
0 pa rtido c resceu também nos nívei s est adual e mu nicipal Na Camnra
passou de 3 % do total de deputados e m 1945 a 28% em 1962. O P IB elege u ape
nas doi s senadores em 1945 , de um to tal dc 6 3; em 1962 , eleg eu 12 de 45! Creio
ode al ,

. „tultosclosTOlos obtid os por c a » d e nao coiicoii«*»^ que esse cresc imento se deve. em parte, à crescente assoc iaçao do par tido c om a
cla sse t raba lhadora , através de uma ideologia e uma retonc a trabalhista s, alem de
com o re al ment e ac on te ce u na s c ^ ” ia f | ada muila s ve ze s par a cv i- projetos oc asionais de cunho progres sista. A cla sse trabalhado ra, po r sua vez . au-

•írq» i = r ,rem av a os seus efetivos em relação ao


derivou dc um a equação multiplicativa: um
eleitorado. Ass im. 0 cresci mento do P 7li
a percentagem (ca da vez ...aio.) dos
trabalhadores vot ava no partido, e os trabalhadores eram uma percentagem ca da
K»0 3om cn^o ^«° ill^mci .tea ãR io Í
tentatiPTB
vas não«tefcriar
oi o P ^ partido
ci™ 1,“rtií"j\ 'rn“^ “,sÍSres : °DV^iv Jartidos, „„rtim larm en te os parUdos vez m aior do e leit orado.
O eleitorado desconhecia que, atr ás dos candidatos com aparência piog ies-
Janeiro, logo apôs a pro clam ad o U ^ i b lk a velha,
sista e da ideologia trabalhista, existia uma estrutura organ izacional extremam ente
trabal hi st as, tinha,n pouca " ^ ? ^ £ sus ,aml ,ém se cand id ato u , s enad or c a
uo líssa estratégia nao foi exclusiva «ie vaiRos». hierárquica e nada dem ocráti ca, herança triste do Ksta do N ovo, de cunho fase. s-
deputado em mais de un. estado. , vereadores no então Dis trito Fede-
»> 1-jn 19S0 , o ITB elegeu oito dos 17 de puWdos e ^ (|eplltados federais e 13 ^ ã a ro est á cnc nenhuma das dua s per cent agen s poderia c res cer intlefuii dam cnt^ ^ a por
rui. Em I9Í.2, oito anos após a morte d= Getulio. o 111' eieB rntóes estatísticas, sej a po r razõe* poli. ico-sociológicas. Rm parto o ««cimen to acelerado se
,1o»55 deputado» Ia c I uIOT i na qual tanto a W>» quantu o PTB Ranharam, deve ao ponlo de partida, que foi mu ito baixo para as duas perce n.a gens .
S U S « t om ildo* e , , „ „lopetebistatn.isvo.ado.
11 1
cia sobre os dois. Getú lio Vargas , afina l, era presidente de ho nra cio s dois pa rti

mmmmà
dos!

Um a estrutura organizacional excl udente e restri to


0 PTB optou p or um a Convenção Nacional d e dimensões reduzi das. Os e sta
0 PTB como uma organização oligàrquica
tutos do p artido, aprovados pelo TSE em 1961, limitava m a Conven ção a dois re
presentant es p or estado, oque implicava p ertode 50 convencionai s.Os represen
tantes, po r sua v ez, eram eleitos pelos respectivos diretó rios “ regionais’’ (leia-se:
estaduais) . Com isso , o co ntrole de um grande núme ro de diretórios estaduais er a
essencial para o controle da Convenção Nacional. Estados com escassa popula
ção , onde a votaçã o petebista er a da ordem de m il hares de votos, tinham o mesmo
número de convencionais que est ado s onde o PTB obtinha cente nas d e m il hares
de votos. Isso dificu ltava a ascensão de líderes estaduais ao nível nacional do par

tido, inclusive dos m ais populares, que control avam cent enas de milhares de vo
partido, o que lhe roubava legiti midade. tos num só estad o. Dezena s dc v otos ou m il hões de votos num estad a se t radu
ziam, igualmente, em dois convenciona is. O PTB, pa rtido nascido do centralismo
“ Pretende ndo j^ ^ o iíli v e r aim inter nc^de dtepurta^eutre estado-novista, ficou assim atrelado ao federalismo extremado.
Já o Diretório N acional, que, juntam ente com a Comis são Executi va po r el e
designada, deveria cuida r da vida adm inistrati va e polílica do pa rtido, era com
0 personalismo posto, de acordo com os mesm os estatut os, de 130 represe ntantes."'
No nível esta dual, os estat utos incidiam em erros sem elhan tes: ca da m unicí

Ê =s ^s a
pioem que houve ssediretó riom unicipalorganizadoenviavadoisrepresent antes,
ti vesse o m unicípio 5 m il ou 5 milhões dc habitantes ." 8
Entretanto, o grau de centralismo do partido não perm iti a m uita autonomia

saw sssí i ^as sM K «3 !


rada coma um a ameaça a figur a idos chefes].
aos diretórios estaduais e municipais. Para começar, a Convenção Nacional de
1953 delegou poderes ao D iretório N acional para rever os atos punitivos
diretórios regionai s; além disso , os mem bros que declara ssem publicamente pe
dos
r
tencer a um a dissidênci a p artidária pe rderiam cargos d e direção. Os caminhos
internos tia dissensão estavam controlados e os externos estavam proibidos. No
dizer dc Soares D’Araújo, “ os descont entes não teriam lug ar no pa rtido ” . A cen
tralização do PTB a tingiu níve is extremos: as rel ações com os diretó rios locais e
com de putados e senadores tinha qu e passar pela sed e nacional do p artido.
A es trutura organizaci onal, central izada e personali sta, indica que o PTB foi
uma instituição típica do Estado Novo. Getúho Vargas e seus auxiliares mais qu alifi-

1,7 Inicial mente, o Diretório Nacional era composta por 30 membros, que passaram a .50, por
«lecisão da 11Co nvenção.
m IVAraú jo, 1989:18. " h Inicialmente, segundo D Araújo (1989:83). o diret ório carioca deveria ser composto d e 35
membros, cada membro representando uni diretório paroquial. Isso facilitava o.controle pela
:^ 'Numpòr lt do 'l' ler namf,^ede nI^ r'^ ^ ,.i|^ ^ ^ g l^Íg ™ 1^ i^ a ^ SUnu^sskl Oii cia (c^ i^« ^ dire toria já existente: "o par tido era inteiramen te dependente dos diretó rios paroquiais, e es tes
por sua vez era m organizados po r elementos selecio nados de acordo com a sua lealdade aos
ZZZSXSZSE . ™ » luta pel o rontrol e do part ido. co„, exp ulso do
dirigentes”.
perdedor.
cados rej eitavam tanto a democracia quantoo Estad oliberal.Aincapacidade para Incongruência entre a estrutura rígida e a expansão eleitoral
assim ilar conflitos, demo crati camente, de ntro do p artido levou a si tua ções nas
No P TB, à di ferença do PSD, 0 cacife eleitoral con tava pouco. A incapacidade
quais alguns conflitos intern os eram m ais impo rtantes do que os ext ernos. Seg ada s
do PTB com o instituição, bem como dos petebi stas, muitos acost umados ao cau
Viana, po r exemplo, dilhism o e à dit adu ra, para perm itir desvio s, l evou o partido a tentar, continua
“ foi acusado de de m itir quase três cent enas de pe ssoas ligadas a Lutero, o que dá mente, manter uma estrutura monolítica. A tradição ditatorial de muitos dos
bem a ideia do clicntelismo de então, uma prática na qual todos eram ao mesmo mem bros do partido, o caud il hismo de muitos deles e o seu caráter de proprieda
temp o estiling ue e vidraç a.’'1*" de sem ifamiliar impediram que o PTB f osse um p ari idointernamentedemoc ráti
co. A concepção que st? tinha do líder partidário 110 PTB não era a de um eleito
Entretanto, o c ontrole do pa rtido como organi zação nâo impedia a cisão do entre pares para cum prir 11111 manda to e retor na r ao seu lugar, e sim a concepção
partido com o conjun lo de at ores polít icos. Durante o período em que o partido nazi-fascista do chefe. Que era o chefe ? Uma figu ra m ísti ca, um iluminad o que se
est eve controlado p or Ja ngo, m uitos senador es “ 0 e deputados se opun ham a el e. destaca ria per manentem ente dos demais e a quem cu mpria segui r.O verticalism»
A legisl ação brasilei ra, protegendo o político e enfraquecendo o partido, perm iti a inerente a ess e pensa mento do m inou o P TB.
que eles foss em sancionad os pelos partidos mas continuassem senadores. A pouca inf luência do cacif e eleit oral sobre o controle do partido ficou muitas
Outra ma neira de aferir a i nstabili dade interna d o PTB é a contínua mudança veze s demonstrada: Jango, por exem plo, f oi derrotado no seu pró prio estado na s
nos estatutos. Nas 15 convenções nacionais, f oram aprovadas ou pelo menos dis eleições para o Senado, em 1954. Houve, evidentemente, o questionamento de
cutidas m udanças estatutárias.' 2' O caráter pré-institucional, au toritário e caudi- sua ade quação para con trolar 0 partido e para ser candidato à vice-presidência,
lhesco do P T B transparece nou tro dado: tanto em funçã o de se u mau desempenh o eleitoral 123 quanto da ho stil idade que
lhe dedicavam as K orças Arm adas. A d espeito da oposição da maioria da bancada,
*( ) na m aior parte da s vezes cm que uma decisão drástica precisou ser tomada .lango foi escolhido porque controlava a Convenção Nacional. Vivia assim o PTB
pela cúpul a partidária, elao foi mesmo que lhe faltasse amparo leg al, moditicando-
uma existência esquizofrênica: uns, com cacife eleitoral, eram eleitos e carrega
se a seguir os estatutos para adequá-los à realidade.
vam a bandeira e as pr opostas do partido no legislativo, mas tinham pouca in
As convençõ es deveriam, de acordo com o estatuto, reunir-se regularmente fluência 110 p artido; outros, m uitos dos quai s figuras de basti dores, nào ti nham
para trata r de questões partidárias , sei s meses antes das eleições para tr ata r de cacife elei toral, mas co ntrolavam 0 partido. Era grande o divórc io entre a banca da
quest ões eleit orais c de q uatro em quatro anos, no início de cada legisl atura, para c o partido.
tratar de quest ões programáticas. Como o p artido não est ava instit ucionalizado, Soar es D’Araújo (1989 :9) afirma que houve uma certa orlogonalidade entre
iss onão foi cu mp rido, sendoas convenç ões convoc adas adhoc para resolver con o suc esso eleitoral do par tido e as crises do partido:
fli tos e escolher candi datos. Mesm o no final do período, o PTB ainda não funcio “(... ) não obstante seu su cesso eleitora l, não houve no PTB uma estratégia definida
nava como pa rtido norma li zado, como organização e m uito menos como orga ni nas relações com o go verno e com as base s eleitorais, liste fator, associado a um
zação interna m ente de moc rática. Soares D’A iaú jo ressalta que o estatu to de 19 61 processo interno dc mando intolerante c caudilhesco, levou » PTB a uma situação
insustentável suficiente para explicar a rrise do pa rtido independentem ente da ei i-
não deixam espaço para dissensões e discordân cias, tal o grau de conce nti aça o de se doregime.”
poder nas m ãos da direção partidária.
A util izaçãopuram ente instrum ental doPTB por G etúli oVargas tr anspar eceu Daí uma história de conflit os e expulsõ es. O PTB brigava m ais inter name nte
nas ele içõe s de 1950. Teoricame nte, o partid o chegou ao poder com a vitoria de do que fora.™ H ugo Borghi, infl uente p olitico paulista, ti nha posi ções divergen
Vargas, considerando que o PSD lançou, formalmente, candidato pró prio. E ntre tes das da direção naciona l, sendo expulso pela II Convenção Nac ional, em março
tanto, os pet ebist as tiveram um a participação li m itada no poder. Como diss e Soa de 1947. Re adm itido, foi expulso novam ente dura nte as neg ocia ções para as elei
res D’Ara újo (1989:117), ' Vargas form ou o seu governo com os quadros getulistas ções presidenci ais dc 195 5. Jun to com Borghi saíram outros nove mem bros do
do PSD edaUDN.”
r j Além de derrotado n o seu estado natal. Jango tinha pouca penetração nus estadoscom maior
núm ero de eleitores: São Paulo e Minas Gerais.
» ' DW niújo, 1980:92.
' Segundo IVAraújo, a maioria dos sen adores peteb istas se opunha a Jang o. Essa característica não poderia passar desperceb ida à pró pria liderança petebista. Salgado
,JI IVAr aújo, 19B9:112. l*i':ho. por exemplo, em caria a Getúlio, afirmou qnc os petebistas. “em lugar de combater os
adversários po lSticos, visam só os companheiros, mima luta fat iicida " (apud l> Araújo, 1089:65).
m ll»id., p. 113.
miliares paia reivindicar a herança de Var gas quando presse ntia m o perigo de vo to
arrebatada por políticos mais ideológicos, ora carregando no discurso ideolog.to
dire tóri o de 49 m em bro s.b» ^^.„icip.ús A expulsão de Uor gh. quan do estava em causa uma disputa e leitoral.”
di r e t ór i o de Sã o Pa u l o, al é m d *U dm sw t ^ ^ llo
est ra çal hou o PTB em S ao Paul o, o « * « , li m dos impo rtantes compeli dores Oslimites daaçãodospolíti cos eram claros :trabalhem as quest õesnacionais
país.'» Dis so resu hou ocre sam ent ^ d() qua, Bor ghi foi a grande fiftu- e afastem-se das questões internas do pa rtido:
do PTB pelo voto trabalhi ^ta em . • incapacidade do partido para -Para o PTB. o estilo de atuação parlamentar refere ndava a prática do mandato
ra..* A históri a do PTB paulista fo. a is tor. ^ ^ eklt.oe s na
livre sempre e desde que os parlamentares se ativessem Km
conviv er com polít icos « ^ m a m en e j ^ (U( po H,ic a estad ual, Ade mar outros termos, enquanto não ame açassem o comando administrativo eleitoi.
hase do pres tigi o pessoa l.li or^>- rè„0me naci onal de cunho populi sta, nao dentro do partido , tudo seria permiti do.
de Barros e Jânio S uf dr oS'P°! ^ contr ário, for am rej eit ados. Isso impediu que Na longa e difíc il consolidação de l ideranças, estiveram ausentes os trabalha
encontraram um mclio no 11 - ■ eila(lo q,lc, pela sua industri alizaç ão
dores e outros setor es mais amplos da população:foram proc esso s de bastidores.
e rom po ^ã od e S ss e,^ fer tó â ao tr aba lhi smo um dos terr enos mais fé rte is do A p ar tir de 1952 , houve m aior estabili dade, mas as razões f oram equi vocas.

-V %*£££&
“ ( ) não a pa rtir do estabel ecimen to de regr as democrá ticas para o exercício d o
1950. mais uma v e , a poder ou de qualquer definição em termos ideológicos ou programáticos, e snn a
pr es id en te, uso» o P ^ o eomo mas sa 0 m cresceu na s pa rtir do mom ento em que um grupo de -mandões* consegu iu se imp or a seus pa
os governos estadu ais . Isso e propício para o seu crescimento, res
eleições legisl ativas, do decréscim o do PSD, que perdeu
O part ido apr ove nou -s e lel ati vamemc , ^ ^ cade ir as . O P TB ganh ou 29 A independência do PTB não foi o result ado da m orte de Vargas: começou
3 9cadeiras, e da UcgaLd ade do I , l ^
dnc 0. Nas assembl éia s esta - antes Na V Convenção , em 1952, o PTB enveredou por cam inhos di stantes da
cadeir as. O PSP, ma.s h ab.l, ganhou 22^ sal ie nt ar que . em vontade do ca udilho. Impe didos de ter suas pre tensões exami nadas objeti vam en
duais o PTB também cre sceu s cw mlnistas, ã vitor ,aje te no partida, os grupos per dedores recorriam amm dca Justiça Eleitoral, hm par
1950 . devido à dêbade doP SI), » J a^ 0 pctebjs taemm aiornu- tidos coesos , os c onflitos não sãorel evantes;e m partidos inco esos mas dcm ocra-
Ge túlio e à espera da ampliaçao dí P ria ter dndo um salto li cos, os co nfli tos se resolvem internam ente; em p artidos nem coe sos nem
mer0 de estados e d e mun .dp.os len ro de le^o ^ Ran l, ar. Mas. como democráticos, os conflitos extr avasam os limites p artidári os. 0 PTB, ma is do que
ma ior . B »vá n o sr ^ l ^ c o u ni l; llia n ç aq ue elegeuV a rga s , p o- qualquer ou tro partido, recorreu à Justiça Eleitoral. Em 193 8, Fe r.aii,
sal ie nto u So ar es IVArauj o o l ™ ^ de “eo u ,| cVarsa, deputadogaúchoqueli dera racorrenteopostaaBrr/ola,foi ocandidatoaiiti -Jango
rf m nã o recebeu mn qu inh ão P‘° ^ " c * inc on gr uê nc ias . 0 cresci- à lideranç a do PTB na Câm ara. lim votação secreta, foi eleito.
O PT B ca rac tem ou -se ^ > c oo xf at ilai n c om um a es tr ut u- Houve difer enças consider áveis entre as se çõe s estaduais do PI B . a do Dis-
mento da função ideológica e os ,0 impedir a emergênci a de IritoFederal(depoisG uanabara)est evemu itovinculadaadireçãona cional,devi
ti o u a is . NO di ze r d e S oares do à condição de capital «l a República.' ” A gaúcha, estado de nascim ento do cia
Vargas e seus associados janguistas e brizolistas, p or isso mesm o est eve «neu lada
às gra ndes figuras nacionais; a paulista teve caract eríst icas prôpnas deriva das
tanto da condiçãosocioeconômica do estad oquan tode suas especifi cidade*polí
ti cas.Aseçãopauli sta do PTBmereceu estudodetalhadode Soa res I) A r aujo , base
das considerações que seguem.

C o “ " °ra ÍnSÍS,Í"< ,U“ Íml>nr'5 nC,a ' -•


« ■ D'Araújo, 1989: 9« .
m o prim eiro Dire tório Regional rto Dislr ito Federa l tinha 29 membros , dos quai s 16 foram
fundadores do Diretório Nacional.
partidária cia instrumental.
'*» iVAraújo, 1989:69.
0 PTB e m São Paulo pred ileto do nazism o e do fascismo. Essa posi ção verticalista, de cúp ula, que só
mob il iza quando neces sit a de apoio, é incompatível com a idéi a de um partido
Dada a relação entre a industrialização e ;i força eleitoral dos partidos de laborist a, com p artici pação a mpla e contínua, em todos os ní veis, de trabalhado
esquer da, em geral, e do PTB, em particular, seri a de esperar que es te últim o ti res e sindicatos.
vess e excelente penetraçã o em São P aulo, o estado m ais indus trializado d o país. Não tenho dú vida de que a preocup ação fundamental de Gctúlio Vargas sem
Ana lisando as el eições para a Assem bléia legis lativa e para a Câm ara Federal, pre foi o poder, mas o poder para ele. O partido era instrumento. A estrutura orga
vemos que ta l não aconteceu: em 1947 , o PTB obteve 19% das cadeiras na Assem nizaci onal do PTB refleti a, po r um lado , a forte influência de Vargas ; por o utro, a
bléia, ficando sem pre abaixo desse ní vel nas eleiçõe s posteriores e recuperando influência da concepçãof ascist a do partidop olíti co.A idéia do chefe está presen te
um pouco em 1962, quando obteve 10 %. Nas eleições para a Câmara Federal, o s na i nstituição, absurda numa dem ocracia moderna, do presidente permanente,
resultados foram semelhantes: em 1962, concorrendo em aliança com o PSB, o vital ício.Nãofo i à toa quese propôs a Irans f ormaçãodoP TBcm PartidoGetulist a,
IT B obtev e nove depulados, ou 15% da bancad a de 59, resultado infe rior ao de exp licitame nte à semelhança do Partido P eronista. Os pelebistas nacionais s e re
19*15. I sso contrasta com a tendência ao crescim ento obse rvada em tod o o paí s. feriam corriqueiramente a Gctúlio como o chefe. Havia, portanto, um a contradi
Por quê? ção fundam enta] entre a conce pção vert icali sta de u m partido, dirigido pelo chef e
Feli zmente, os tr abalhos rece ntes de M aria Celina So are s DA raújo e dc Ma
ria Victória de Mes quita Benevi des forn ecem informações que ajudam a entender suprem o, e umNopartido
trabal hadores. trabalhista
PTB paulist ba dos
a, um sead o naelm obili
poucos zação
ementos contínua
com açãeomobilizadora
efeti va dos
essa questão .131 A prime ira autora enfatiza a falta dc coes ão do PTB local e os con foi Hu go Borghi, que acabou send o expulso do partido pel a direção nacional. Na
tínuos e profun dos c on flitos entre as forças estaduais e entre estas e a Executiva sua primeira expulsão , em 1946, acompanharam Borghi 17 mem bros do Diretório
Nacional do PTB. A segunda fornece dados que dem onstram que fenômeno se Regional . Borghi fund ou o IT N , que se tornou sério concorrente eleitoral do PTB
melhante acontecia em outros est ados . O c onflito entre a seç ão pauli sta e a dire e, a pa rtir de 1958. superou o PTB na Assembléia legislati va.
ção nacional foi pro fundo . F m São Paulo, at é 195 8, A e strutura verticalista e lo PTB também opun ha a Executiva Nacional , dom i
nada pel a seçã o gaú cha do p artido, à liderança partidária do m aior parque indus
"(.. .) ne nhum d iretório conseguira cum prir o sen mandato p or completo. At é ess a
da ta,a seção paulista tove oito execu tivas estaduais e viveu setedo ssnus 13anos sob trial do país c do estado el eitoralmente m ais importante do paí s. Opunham-se,
aintervençãodo D iretório Nacional. "1” por um lado, a estrutura anacrôn ica do partido verticali sta e totalitário, domina
do pela figura do chefe e pela seção estadual do chefe, o Rio Grande do Sul; por
A razão disso, m ais um a vez, era a falia de a utono m ia das se ções estaduais e outro lado, os anseios autonomistas dos lí deres trabalhi stas do m aior pa rque in-
seu uso pela dir eção na cional. Sã o Paulo era imp ortante ca ria políti ca com que o dus lrial e do ma ior colégio elei toral do país . A Fxecutiva Nacional, r epetidas ve
PTB na cional, sem lealdade àquele estado, jogava. São Paulo era o segundo orça zes, procurou inte rvire m assunt os q ue, num partido internamente dem ocráti co,
me nto do país. Os t rês princ ipais p arlidos eram relativam ente fracos no estado — seriam resolvidos no nível estadual .133 A falt a de flexibil idade do PTB o impe diu
sede elei toral de outros partidos e de vári os lídere s po pulistas (Borghi, Adem ar, dc absorv er os grandes líderes populistas e trabalhi stas™ do es tado, forçando -os
Ján io). 0 c entralismo au toritário do PTB e a infl uência desmedida da família a buscar refúgio em outro s partidos, com o o PTN e o P SP. O crescim ento do PTB
Vargas, poli ticamente a mbiciosa, e de sua corte de gaúchos imped iram que se em São Paulo significaria que, eventualmente, o controle do partido sairia das
des se m aior autonom ia à seçã opaulist a para busca r vot os no m aior colég ioeleito mãos das fam iliares e achegados de Vargas, da seção gaúcha do partido.
ral do país. O vc rticali sm o e o fato de o ditador não estar int eress ado em form ar uin p ar
Vargas se manteve cm posiç ão de li derança tanto no PSD qua nto no PTB, do tido trabalhista de dire ito próprio, e sim uma organização pseudopartidár ia que
qua l era presidente estatu tário. H avia várias contradições no projeto petebista:
por um lado , se almejava um partido laborista, com am pla parti cipação de traba existi a com o extensão de um m outmen to políti co e social por ele li derado, fizeram
com que o trabalho de criação de uma rede organizacional partidária ficass e rele-
lhadores e sindicatos. Essa participação conduz, por um lado, ao êxito eleitoral;
por outro, a demandas no sentido da democrat ização interna do partido. A p arti
1:0 Esse con flito deve ser analisado levando em consideração o contexto institucion al. Vários
cipaçãoat ravés da mob il izaçãodirigida, c somente através dela, foi oinstrum ento confli tosforam leva dosà Justiça Eleitoral,efr eqüentementeoTR Ede uganhode cau sa àsaspi
rações do P TB estadua l. Em alguns rasos, porém , a deci são foi revertida p eloTSE.
1:MVale nota r que, diira nli- ci perí odo dem ocrático, os líderes t rabalhistas na área po lítica não
11Ver Henevidcs (1988 ) e D Ara újo (1989). eram trabalhadores . A classe tr abalhad ora s t fc-<c representar, corriqueiram ente, po r |>essoas
IVAraújo, 1989:10 0. com posição soei a 1 1- ideolog ia típicas da class e média.
gado a segundo plano. Adem ar de B arros, ao contrário, construiu exlensa rede incorpora va ao processo eleitoral. O PTB cresceu n despeito do seu cen trali smo e
organizac ional, ao passo que o PTB continua va concentrad o nas grande s ci dades. do seu caud ilhismo , não po r causa deles.
Resultado: nas eleições m unicipais de 1947 e 1948, o PSP el egeu 1.13 3 vereadores;
o PSD, 639; e o PTB, apena s 164, de um total dc 4.589, ou menos de 4%. ü PTB Os trabalhadores dentro do PTB
elegeu apenas sete prefeitos (d e 305, ou 2 %), em contraste com 78 do PSP .'35
A criação do PTB não foi obra dos trabalhadores nem dos sindicali stas, e sim
Outra contradição, que existia em todos os esta dos, era entr e trabalhadores e
de políti cos vinculados a G etúli o Vargas: Agamenon Magalhães e Marcondes Fi
líderes sindicais, por um lado, e políticos das classes média e alta, pelo outro.
lho, m inistros da J ustiça e do T rabalho, respecti vamente, e Sega das Viana, dire-
Como diz Soare s D Ara újo, “ o PTB dc São Paul o, assi m como o PTB nacional , foi
lord o Departam ento Nacional do Trabal ho. Coube a e ste último a tarefa de convi
funda do na base de dirigente s sindicais ligados ao governo". A autora cita, ainda,
dar a liderança sindical ge tuli sla a ingressar no pa rti do.
Pedioso Jún ior: “E m São Paulo, o mov imento sindicalista, por demais numeroso,
Um do s vários PTBs era vinculado, legal , ideológica eorganizac ionalm ente, à
era rebelde à submissão”. E acrescen ta est e trecho de uma carta dc -Gilbe rto C rockat
estrutura sindical corporativista. I nicialmente, o PTB tentou incorpo rar a li de
de Sá a Getúlio: % ..) vários líderes sindi cais, mu ito conheci dos, e que, sem rebu
rança sindical, m asd enlro da perspec tiva estado-novista, o que se refletiu na pre
liços, me disseram d o seu desgosto com o PTB, a se u ver inadequada mente con
sen ça do E stad o, po r um lado, e na falta de autonom ia dos sindi calist as, pelo ou
duz ido exclusivam ente j>el os deputados '.“6 Kssa contra dição e ess e ressen timen
tro. Os sindical istas foram “ convidados” a participar dc um partido trabal hista
to,
raizcreio, f oram décadas
da fundação, mais fortes
maisem
tarde, São
do Paul oPT.do que no resto do Brasil, estando na organizado e dirigido por pesso as que nunca haviam sido trabal hadores ou s indi
cali stas. I louve um a Com iss ão Executiva Nacional para organizar o p artido, com
Uma terceira contradição derivou da rel ação corporativista, criada pelo pró
posta em sua quase totalidade de líderes sindicais.,: p Nos estados, inicialme nte,
prio Vargas, entre os sindicatos e o listado. Os sindicatos t inham uma rel ação
vários trabalhadores assum iram posiçõe s de di reção. Entre tanto, a ligura de Varg as
extremame nte dependente cm rel ação ao Estado, que s e reserv ou o d ireito de tra
opaci ficava a intenção trabalhista. Segundo Segadas Vian a, um dos líderes da c or
zer os con fli tos sociais, sobret udoos trabalhistas, para o seu interior. 0 distancia
rente si ndicalista do pa rtido, o PTB era um partido de trabal hadores, mas “vivia
mento entre Dutra, eleito com o apoio de Getúlio Varga s, e o próp rio Ge túlio s e
em função de Getúlio Vargas" . E m pouco tempo, porém, os líderes sindicai s per
deu no contexto desse Kslado corporativista. O controle dos sindicatos, que o d i
deram importânc ia, e a di reção do pa rtido passou às mãos de polít icos tradicio
tado r usara em seu be neficio até 1945, passou a ser usado contra ele.
nais, particula rm ente os ligados a Vargas:
Não é possível desc artar a Revolução Constitucion alista de 1932 como fa tor
explicati vo das dificuldades do PTH e do getulismo em São Paulo . Para m uitos, ) os trabalhadores foram send o substituí dos por oulro tipo de m ilitante. O vín
Getúlio Vargas encarnava si mplesmente a figura do d itador que usara e abu sara culo com o sind icato não se perdeu, mas as lideranças sindicais foram subs tituídas
do poder m ilitar contra São Paulo excl usivamente para s e manter no poder. por lideranças do próp rio partido
Os conflit os imp ediram que o PIBcompens asse a vant agem dos grandes par
O decréscimo do pode r dos trabalhadores e sindi calist as no PTB começou
tidos conservadores, PSD e LT)N, na organização da r ede partidá ria. Foi somen te
em 194 8.com SalgadoFilho na chefia nacional , que fo i iniciado um trabalho-sé rio cedo. A II Convenção , de março dc 1947, reduziu drasti camente o seu número na
de montagem dc d iretórios m unicipais. F.ntrel anto, a administr ação de Sal gado Executiva:
Pilho du raria pouc o: para c onveniência de Vargas, ele foi afastado, f alecendo três
“Os cargos de direção começavam a ser ocupados por po líticos dc slatus socioeco-
dias depois num desast re aére o. Sal gado Filho não só ma ntinha independênci a nômico m ais alio. A rigor, apenas dois componentes da nova Executiva tinha m liga
em rel ação a Var gas, como foi u m dos poucos , no pa rtido, a levar a séri o a do utri ções com o movimento sindical C ..). "“ 0
natrabalhista.Assim,evidentemente,aorganiza çãoverticalecaudilhescado PTB
Assim, a partici pação dctrabalhadores e sindical istas durou pouco:cm 195 0,
não facilitoupo
de medida a suarque
expansão eleit ideológica,
a sua mensagem oral. Não lobstante
evada, om
F rB
uitoseaexpandiu,
sério som ementegran
pela já nã o ha vi a líd er es s in d ic a is ne m tr ab al ha d or es na ba nc ad a fe de ra l d o D F e de
m inoria «l o partido c repetida para fins eleitorai s pela m aioria, s e dirigia às preo outros estados. Os d iretório s estaduais e as bancadas federais passaram a ser do-
cupações reais do segm ento mais num eroso da população que crescentemente se
I:<7Comes & D'Araújo, 19B5 .
'• IVAra újo, 19K9:26. Ibid., p. <14.
Ibkl., p. 9-10 .
pmmMsmm nal do PTB era num ericamente dom inada pelas líder es sindicai s, somente três
dos nove deputad os elei tos eram sind icalistas c, mes mo assim, receberam poucos
votos. Nen hum dclcs foi reelei to.

wsmm
Ou tro PTB, que cr esce u m ais tarde, al em da vinculaçãosindicato-Estado-par
tid o, favorecia a mobilização p opular direta . Jango e Brizola foram expoentes de sse
PTB. Jango, porém , investido de funções públicas, tentou fre ar es se processo c
mantê-lo d entro de limites. Em conseqüê ncia , tr ansformou -se em alvo de ata ques
dessa corrent e, cujos m embros ideo lógi cos estav am tanto den tro quanto fora do
partido.
Finalm ente, além da concepção centralizan te, estado-novista, a « |ue o parti
do deveria servir, além do personalismo de seus diri gentes, particularmen te da
fam ília Var gas, hav ia uma legítim a ideologia t raba lhista, socializante, naciona lis

=ae=ss===s ta e antiimp eiiali sta. O trabalhismo


Kilho. Segundo Soares D’Araú
per se começou a ser enfatizado p
jo (1989:63 ), Salgado Filho , logo após a sua es co
lha. e scre veu a Cleme nt Atlee, líder traballi
or Salgado

ista e prim eiro-m inistro ingl ês, solici


tando informaçõe s c ori entação. A autora afirm a, também., que Segad as Viana,

L = = i= s s s ^ embora um produto d o E stado Nov o. havia bu scado inspir ação na m esma fonte.
Não passou despe rcebi da a influencia dos si ndicatos na vitória d eTru m an. Lúcio

m m
Bittencourt, Roberto da Sil veira e, pri ncipalmente, A lberto Pasqualini foram a l
guns dos m embros des se grupo.Pasqualini tal veztenha sidoopetebist a que mais
se dest acou po r ler um com portamento ideológico, de cunho nacionali sta. 0 per
sonali smo do P TB à vo lta de Vargas era incompatível com a sua idéi a de centrar o
partido em idéias, e não em pessoas. Mas o PTB era personalista, e Pasqualini
acabou saindo do partido. Deixou, como herança, um ide ário trabalhista. As i déias
de Pasqualini não eram socialistas nem revolucionárias: preconizavam um capi
talismo humanizado.
No fim da década de 1950 e início da de 6 0. fortal cceu-se a perspecti va ideo
lógi ca de ntro d o PTB c fora dele. Radical izara m-se os conflitos internaci onais,
com o crescimento da imp ortância simbólica da pequena e desafi ante Cuba ."-
Crescer am o nacionalismo e o antii m perialismo. Internamen te, firmaram -se m ui
tas posições reformistas, redistribulivistas e socialistas.

0 paternalismo sindical
O programa inicia l do pa rtido era comi >ost o por 30 pontos, 27 dos quais refe
rentes à polít ica sociocconômica e nenhum propugnando a li berdade sind ical .143

m m
Isso mostra, po r um lado, a pre ocupação com a m atriz econômica e social do paí s;
po r outro , a despreocupação com questões políti cas, no s entido estr ito, e a aceita
ção das rel ações corpora tivas entre sind icato e Estado.

"<• IVAra újo, 1989:13. ^m i-iitc antes das prim eiras eleições presi- A influência cuba na no setor estudantil foi mu ito forte. Naquel e m omento, tanto na sua polí
tic a externa qu anto interna , Cuba era vista como nina revolução exil osa.
D'Araújo. I9H9:29.
no.
Petebismo e comunismo
A rel açãoenlre oPTIJ, ogovernoe os sindicatos oscilou.Oficial me nte.oPTB
apoiou D utra. Seg adas Viana, home m h abituado a ocupar os pontos de encontro Não luí conco rdância en tre estudiosos do PTB a respeito das rel ações do par
enlre o Estado, o p artidário e o sindical, sc opôs a Dutra, cujo conservadori smo tido com o com unismo . Castro Go mes e Soar es D’Araújo (1985) não viam
anti-sindical e a ntitrabalhista ficou patente desde cedo.Com isso , conseguiu dis anticomunismo no PTB; Soares DAraújo (1989) percebe a competição entre o
tanciar um pouco os sindicatos do Estado, aproxi man do-os do partido. petebismo e o comunism o, tanto no plano elei toral quanto no sindical; ao pass o
As raíze s corporativistas e a vii ieulação com o d a V argas impe diram o dese n que Neves Delgado (1 989: 31) afirm a ser o anticomun ismo “ elemento vital, ai nda
volvime nto ideológico do PTB. Tal desenvolvimento só se deu a pa rtir da gest ão tpie não exclusi vo, na fundação do PTB”.
JK, após o falecime nto de Varga s, e, em m uitos sentidos, f ora d o partido c ate Há a m pla evidencia estatística d e que o PTB cresce u após a il egalidade do
mesmo contr a a di reç ão naci onal . . . . . , > PCB; mas o PTB não cresceu, nas elei ções dc 1950, nas princ ipais áreas em q ue o
É possível que o paternalismo gelulista tenha inibido a formaçao da cons
PCB era forte. 0 m aior crescimento do PTB foi no Rio Grande do Sul, expl icável
ciência da classe trabalhadora e, conseqüentemente, de líderes políticos saídos
pelo co nflito entre o PSD local e osgetuli stas. O PTB perdeu um deputado federal ,
dela. S ega das Viana , hom em t io Estado Nov o e vinculado ao aparelho traba lhista
em 1950, no D istrito Federal , um dos bast iões do comunismo, m as ganhou se is
do Kstado, enfatizou em depoime nto que Vargas sc adiantou às reivi ndicações da
vereadores, enqu anto o PSP ganhou cinco, c o PSB, um. Assim , parece claro que o
clas se Para Seg adas, “líderes sc form am com a luta" . Ma s para vários lideres do
PTB se beneficiou com a ilegal ização do PCB. Em São Paulo, houve correlação
partido
não s ededeviaentão , as difi culdades
exclusivamente à paradeuma
falta li derança
experiên ciaautenticamente trabalhista
an terior e ao paternalismo entre as perdas: o PCB tinha 11 deputados estaduais cm 1947 , mas o PSD , que
tinha 2 6, perdeu 17! Supe rficial me nte, os dados sugerem que o PTB não sc bene
getulista. Parte considerável da culpa era atribuída ao próp rio trabalhad or, que
não teria cons ciência dc classe, estando interessado apenas em sua me lhoria pes fici ou nem de um nem de outro, uma vez que perdeu dois deputados es tadu ais .
Surgiu o P TN de B orghi, com nove; cresceu o P SP, de nove para 19; surgira m o
soal, e até mesmo seria preguiços o ...“ 4
O PTB era un i pa rtidode cunhom arcadamcnte assist ênci a» st », naosomente PSB e o PST, com d ois e um, respectivam ente. E ntretan to, nas eleições em que
atrav és do Estado, mas também (lo pró prio partido. Soar es D'Araújo diz que o poderíam os ve r a ‘‘herança’’ con junta que o PTB poderia receber do PCB e do PSD,
PTB carioca prestava diverso s serviços, contando com 18 médicos e sei s assisten o p artido cindi u-se, dele saindo a al a m ais or ganizada, para fundar o PTN. Ú. forte
tes soci ais. Essa informaçã o deve ser interp retad a no contexto da década de 19- 10, o argume nto de que, com a expul são de B orghi, só o decréscimo do PSD ea
quando, para tantos brasileiros, a “questão soci al era um caso d c polícia . ilegali zação do PCB pe rm itiram que o PTB continuasse no mapa dos partidos re
A organização do P TB foi, desde o início, restritiva e excludent e. A primeira levantes. Coerentem ente com a perspectiva de que havia vários PT Bs, cab e per
Exec utiva Nacional já revelava a perda de posi ções por p arle dos líderes sindicais guntar qual PTB apoiou a cassação dos deputados do PCB. Dos 24 deputados
c dos trabalhadores .1,5No fina l do período dem ocrático, o PTB, sem Vargas mas petebistas, seis votaram a favor, 11 contra c set e lavaram as mãos. Som ente três
ainda atrelado à máqu ina estado- no vista, a práticas clientcl ísti cas c a li deranças partidos não de ram ma ioria à c ass açã o dos m andatos dc comunistas: o PCB e o
personalistas ligadas à fam ília Vargas c seu s herdeiros, foi atropelado pela onda PSB , por un animidade, e o PTB. Poré m, Soare s D’Araú jo afirma que, nos bastido
radical. As correntes ideológicas e populares, dadas as alternativas partidarias, res. homens ligados a V argas , feroz anticom unista ," 7 trabalharam pela ilegalida
votavam no PTB, mas se organizaram fora del e para im pleme ntar os seu s pl anos. de do PCB . Certamente havia razões elei toreiras para vota r pel a ilegalização e p e
Jango, que pouco ti nha de radical, t inha que luta r em m uitas frent es. A ind ustria las cassa çôes: o PCB era um conco rrente respeitável. Em 194 5, o p artido elegeu 1 4
lização e a crescente relevância eleitoral dos trabalhado res geraram uma co ntra
dição : os trabalhadores cresciam em número, os sindicatos aumentavam a sua
grupos, entraram num a luta política «jud icial para “apropriar-se" da si gla. Em ma io dc 1980, a
afil iação, mas persisti a o controle dos mesmos. 0 PTli nao respondeu ao cresci Justiça lileitoral de cidiu favoravel mente a Ivete Varg as, forçando Bri zola a fund ar um novo
mento do núm ero absolut o de t rabalhadores: manteve a estrutura co rpoiatm sta partido , o PDT. Juntos, o P DT e o PT B representavam a terceira bancada da Câm ara Federal nas
das rel ações Estado -partido-si ndicato c um a estrutura interna auton taria e verti elei ções de I9H6. Há certa correlação entre os estados onde o anligo PTB penetrava mais e os
cal. O partido talvez fosse par« os trabalhadores, mas certamente nao era r/os est ados onde o novo IT B e o P DT peneiram m ais. Os pri ncipais redutos eleit orais do PDT, Rio
dc Janeiro e Rio Grande do Sul, eram deis dos p rincipais r edutos do P I B anteri ormente ao
trabalhadores .146 golpe. O novo PTB nada tinha a ver com o a nligo, fora a sigl a. Terminou por ser um refúgi o
eleitoral dos niralistas.
D'Araùjo, 1989:86. H' Vargas foi o opo rtunista supremo. P ermiti u, quando era convenient e para as suas ambi ções
Além disso, não havia unia só m ulher na Executi va. polít icas,queoscomunistassemovimentas semeo apoi assem,nas nãohesilonemm anternas
h * \ siR |a i- i u ad quiriu expressão eleitora l e emocional. Em 1979.transcorrida quase«ma -ICea- pris õesosprincipa isli deres dop arti do
d „ •• ineia no sistema bipa rtidário , Ivete Vargas e Ixo ne l B ri/ola, apoiados por seus respect ivos
logicame nte m uito heterogêneo, o presidente podia fazer opçõe s ao l argo de todo
de pu ta do s c um se na do r, lendo si do o úni co, al em do P SD e da UD^ u^ ^ ' o espectro po lít ico-ideológi co. E ra possíve l escolher , entre os me mbros do PTB,
sentou can didatos em Iodos os estados. Prest es se elegeu senad or pelo D istrito
da extrema direita à extrema esquerd a. K os presidente s não escolher am os radi
Federal , cargo pelo qual op tou, e depulado federal por Sao Paulo, Rio Grande do
cais do PTB. Exe m plificando, Soares I)'Araú jo (1989:173) afirma que
Sul, Pernambuco e Dis trito Federal . Se n, qualquer apoio do governo - ^
rio.com hostil idade - , a bancada dos comunist as equi vali a a 2 /3 da doPTB.I.m “{...) » PTB no min isté rio do Trabalho não teve uma linha agressiva pela ext ensão
iniív o PCB elegeu mais d ois deputado s federais e < 16 estaduais em 15 estados •los direito s trabalhistas ao campo. Kstas foram , é certo, importa ntes bandeiras do
diferentes. Assim, o PC I) era um pa rtido ivtcvanle, que atuava n uma area el eito- par tido em sua atuação legi slativa, mas não nasua atuação jun to ao Executivo. Em
seu papel executivo houve a preocuparão de conter o avanço do m ovime nto social."
ral pretendida pelo PTB.
Mas o PTB eotraba lhism o também tinham a ganhar com as per das comums
las foni da área estri tamente eleitoral. O sindical ismo co ntrolado do PT II compe Conclusões: os p ri ncipais pa rti dos
tiu d iretamente com os int eresses comunistas.Bem cedo.foram criadas duas cen
trais sindicais: a CGT, liderada p or com unistas, e a CTB, vinculada ao Mm.sl e_. io As circunstâncias da cri ação de um partido afetam a sua história, embora não
<io Trabalho. A politica gelulista de só reconhece r i.m sindicato p or proli ssao haja regra única so bre a intensidade c a duraçã o dessa influênc ia. Em sua criação,
dificultou o crescimento do sindicalismo autônomo e a penetra ção comunista, o PSD foi fortem ente influen ciad o pelas elit es locais, lendo elegido m uitos gover
, 1a.!:. a influência d o con trole de recursos através dos órgãos trabalhistas estatais, nadores e senador es no início do período democrático .141 Isso influenciou a sua
obrigando órgãos comunistas a existir fora das re laçõ es com o k stado sem as organização, descen lrali zando-a , a despeito da presença de Getú lio Vargas nos
ben ess es. Gerou-se um dualism o - que, com m odif icações, persi ste ate hoj e quadros form ais do partido. A U I)N também tev e furtes el ites l ocai s, que con tri
entre um s indicali sm o vinculado e negoci ador e um sindicali sm o ma is autónomo buíram para torná -la rnrcnicimeiife democráti ca.1 * 0 PTB, organ izado de ci ma
e mais conflituoso. No dizer de Soar es D’ Ara újo (1989:53): para baixo, no mais p uro espírito es lado-no vista, desde cedo foi colocado numa
arma dura oligárquica e autoritária. M uitos dos que poderi am a lterar os rumos do
"As tensõesentr e os trabalhist as-geluli stas, reunidos noPTB .e os comuu;««se mm partido foram expul sos ou m igraram para o utros partidos onde suas qu ali dades
cimasn o que diz respeito & disputa pelo ni ov.menlosm d.cal e pelo voto LM . eu Hm eleitorais fossem m ais valorizadas. Isso nos ensina que, u ma vez estabel ecida, uma
do Kstado N ovo e u ca ssação do PCB. ambas correntes disputara... a vidamente po
organi zação partidá ria oligárquica é difícil de remover.
siçõe s no meio sindi cal, em ...ei o a forte movi mento gr evis ta, q ue l eve. , o p w »
Dutra a decretar nova l ei de greves (Deere» 9.070) e a pro ibir p or ..... a,.o a s ele.- Há abunda nte informação, tanto m onográfi ca qua nto estat ísti ca, demons
ções cm todo s os sindicatos do puís. trando a exist ência de sérios conflitos inlrnpa rlidários em vários est ados e em
quase t odos os partidos.Com ocada es tudousou me todologi a própria, a compara
A ideologia ção direta dos resultados é impossível. Não obstante, a história do PTB está reple
ta de tentativas de expulsão de seus membros; a dos o utros pa rtidos registra a
O PTB em diferentes administrações, inclusive na de Jango , foi ao mesmo
coexistência de diferenças e conflitos.
tempo g overno e oposição . Ocupava past as, influenci ava polít icas, mas tombem Os tipos de p olíticos, que r ideológicos, com o os nacionalistas e r eformistas ,
tinha atuação fora do governo, em m obilizações populares contra ele. Nas el ei
que r fisiol ógicos, não fora m tipo s puros. E les merecem ser classif icados de urna
ções c no governo, valia-se, sem qualquer pejo, de alianças ideologicamente in maneira ou de ou lra de acordo com o tipo de com portamento que prevale cia. No
compatíveis e de práti cas fisi ológicas. Na praça pública, em nome do mesm o par plano individual, as duas características coexistiam. Muitos políticos ideológicos
tido. aprese ntav a um a retórica reform ista. Ess a retóii ca. eleitorahiiente fo. m uito exibiam um com portame nto fi siológi co. A lém disso, ai nda que freqüentemente
bem-sucedida . Como observou Soares DW raújo (19 89:173) , o PTB soube acom houvesse uma certa hostilidade mútua, o nacionalismo u niu muitas facçõ es. Os
panhar
Am éricao latin
debataede
ideológi co e se
enlão e cri aratorna r porta-voz
profundas raí zes de no
umBrasildiscurso
. que invadia a fisi ológicosseopunham atese sradicai s,masnão percebiamo nacionali smo como
um a delas .
Entretanto, o PTB no governo diferia do PTB na rua. Os homens nao eram os Não obstan te, nas negociações para os governo s estaduais e , sobretudo, para
mesmos.Os que ocupavam ahos posto s na a dministraçãofederal eram escolhi dos a presidência, nã o se negociavam apenas nomes e car gos, mas tamb ém idéias e
,K-lo presidente. Dutra, Getúlio e Juscelino não escolheram ministros lachcais.
Como os acord os interpartidários em regra outor gavam ao presidente a livre es
1:8 O PSD tin ha 39 cios 63 senadores ( leitos no pe ríodo 1945-47 .
colh a de seus colaborador es entre os mem bros do partido e com oo P 1 B era ídeo- " g A U DN elegeu 15 dos í>3 senadores no perí odo 1945-47.
no a mo rfi sm o da sociedade brasil eira, 110 baixo grau de diferenciação objetiva
programas, o que perm iti a qu e fisiol ógicos e ideológi cos partici passem, juntos.
e subjetiva entre as clas ses sociais, na proven iência ru ral.”
e aprese ntasse m proposlas. JK, p or exem plo obteve o apoio do
1TB c m troca dos m inistérios do Trabalho e da Agricultura e de car gos da Pi evi H élio Jag uaribe concorda com a lese (la perda d:i s funções de representação
dência Social. Com isso satisfazia aos fisiológicos e garantia a permanência da de cla sse, na medida cm cpie afi rma que os partidos perderam a função dc repre
relação corpo rativist aE stado-partido-sindicato. Alem disso, .lk, com o Du tra an senta r os interesses: a burguesia, cada ve/, mais. falando a i ra vés das or ganizações
tes del e. também aceit ou o programa m ínimo do l«TB e. como D utra, dei xou de "de classe" — assoc iações e clubes comerc iais, federações dc indú stria e dc co mé r
cum prir di ver sos p ont os, part ic ular mente o s rel at iv os a i re fo rm a jrá n a M o cio — o os operários fa lando através dos sindicatos. Ou seja, com razao, sub linha o
mente inviáveis num pa rlido dom inado po r bas es prop rietär,as rurais. A incl usão forlalec ime nto de organizações de c lasse nu sociedadecivil, e não c omo partidos.
do program a m ínim o satisfazi a às aspi raçõe s dos ide ólogos , bons Pensad ores e En tretan to, os set ores representados p or ess as asso cia ções c sindica tos com pre
políticos ingênuos. O PTB apresentou o Projeto iv - 4.264, o Es tat uto do Trabal ha endiam um a fração relativamente pequ ena da população brasil eira, deixando a
dor R ural . Rm agost o de 195 8, o PSD, of ici almente, se opas “ P™ )*"- m aioria de fora . Além disso, represe ntar os int eresses de c lasse não é a única fu n
As estratégi as políti cas e eleitorais variaram en tre os pa r lidos. O 1 I li, tanto ção rclevantcq ue os partidos exercem ou pod em exercer. I lá outras funções, com o
no inicio qua nto no fim de sua vida. i nfluenciado pela esquer da com binou a mo a el aboração de pro jetos nac ionais, a concili ação de interesses, o planejamen to do
bili zaçãodireta ,atravésdosmeiosdecom unicaçãoesobretudodoscomícios,com desenvolvimento nacional e regional , que naosãoredutíveis à somatória dos inte

a mobilização ins titucion al, através de ór gãos de classe co mo os s.mhca os. res ses de cla sses. A representação de inter esses locais, estaduais e regionais, que
A evolução do PTB de mon strou mais uma vez a utilidade da diferença ent re pode ou não co incidir com os in ter esses dc uma class e determinada, é outra fun
pro jeto e proce sso, l íssa dif erença foi m uito im portante para.explicar os rumos ção imp ortan te dos partidos. E a fi scalização d esse crescente pod erqu eé o Kstado
tomados pel a abertura - con trariamen te ã dist ensão planejada por Gei sel , talvez sej a a função princip al dos partidos e do L egislativo na atuali dade.
amplamente discuti da por Kli Diniz e Luiz We, neck Vianna Se nos P ^ o s n p - Cam pello de Sou za também criticou mu itas expl ica ções rlassi stas que igno
„ais de alguns, a int enção cra criar um parlido para os t rabalhadores, » ' « ulta do raram variações regionais. Realmente, tratar das “class es agrárias' ’ - que, 110 sen
ao cab o dc pouco t empo, f o i... .. parlido dominado por po h l.^s p rofl ss.ona^ j tido em que a expressão era usada, se referiam às cl asses agrárias pr oprietá rias e
por burocratas vinculados ao Estado, part icularmen te as nistituiçoes tra .idbs- às ve zes a outras ocupações de elite associada s a elas — como se fossem um con-
tas . Segundo o depoimen to dc José Gomes Talanco, inici alme nte o pa i tido ...l eve ju n to ho m og ên eo é 11111procedimento discutível . É difícil colocar 110 mesmo gru
nas mãos dos trabalhadores, mas este s não conseguir am m anter o c on l.olc sob.e po grandes latifundiários tradicionais do Nordeste, proprietários de empresas
agrícolas capitalistas de São Paulo e pequenos proprietários gaúchos ou
ele.
catarinenses. Ch ama r as subcategorias dc frações dc cl asse revel a, po r um lado , a
As bases de classe dos partido s admissão de que a clas se é het erogênea ; por ou t ro, a intenção do au tor de m anter
uma linh a teó rica a despeito das implicações que a descoberta dessa heterogenei
Um a das primeiras e talvez até hoje a m elhor critica global da sociologia po dade possa ter para a teoria .IS1
lítica, c m ger al , e da “pe rs pec ti va cl ass is la ", em par ti cular , foi fa la |» M « d o Uma das críti cas que descaracte ri zavam os partidos políticos brasileiros vi
Cann o Cam pello de Souza (. ..)- A autora criticou , com plena razao. varias tradi nha da esquerda.Partia dop rincípiode que os partidos sósãoreai s quando repre
ções da an álise política br asileira que , até aquel a época, nao invesi .,ga ram, m a s do sentam os interesses de class es sociai s definidas p ela experiência europ éia c co
n„ e su perfici almente a influência do Estado nos t ipos dc: política (c0™nel'^ ' difi cada pelo marxism o. Nu ma versão m uito vulgar e extremada, que pre ssupõ e
clientclista. ideol ógica et c.) <| ue ela s identifi cavam no Brasil. Analisando prod u
ção brasileira e... ciência política, a autora chegou assegu .ntes conclusoes. no que ---------------------------------------------------------

:3° A descoberta de fo rte heterogeneidade d entro das class es levou ao desenv olvimento do co n

lange aas partidos b rasilei ros, have ria do.s grupas: ceito «te “fiação de classe", >111111 esforço para rec onc iliara pers| >cctiv<i rlassista - mante ndo as
«fosses <;uc a teoria congelada, usualmen te marxista, d izia ex istir - com a recém-des-
a) "Para uma m inoria, exislia enlrc os gra ndes partidos nacionais, principalmen-
coberta heterogeneidade dessas classes. Entretanto, a própria heterogeneidade põe em xeque
te na região Centro-S.,1 do país.c lara diferenciação ideológica, causa e cfe.lo de tanto o valor h eurístico quanto o comportamento dessa s classes, fom a-se necessár io demons
uma representati vidade também diferencial entre cla sses ou estrat os trar qu e liã m uito a ganhar e pouco a perder mantendo as fr ações de cla sse como fraçõ es, e não
h) Do outro lado, um a i m batível ma ioria sustent ava c sust enta a te ^ opo sla a de como classes em si. I i irônico que, em nome de teorias histoiicistas, se pretenda congelar a s
o sist ema partidá rio era essenci alment e amo rfo, pastoso, para nao d i/*r classes sociais, supond o aprioristica mcn te que elas são as mesmas em tod o tem po e lugar, den
tro «lo mesm o modo «te produção.
caótico; e que essa 'confusão institucion alizada ’ encon tra exphcaçao sulic .ente
ma ioria das interveutorias. Kvidentemente, nem o d itador estav a por cima dess as
„m a estrutura de cla sse que não existe e nunca ex.stiu era lugar nenhu m >
determinações sociais. w
tidos “ reais- teria, n que representar ou a burgues.a ou o A.s bases dc classe f oram impo rtâm es para coloca r a i;i)N e o PSD ju n to s , d e
mas dessa posição começam com a defini ção , 1a cs.m h.ra de classe, na sua visa o um lado do m uro, c o ITB do outro, cm um a séri e dc qu estõ es. Detalhando mai s,
ortodoxa, de que as únicas cl asse s “reais" (aí vem a palavra o utra v e/...) s ao a forte influência de setor es rurais conservadores naqueles doi s pa rtidos explica
burguesi a e o p roletariado, ma is de 10 0 m ilhões de brasileir os saoilusãode otica. por que a UD N e o PSD sempre estiver am juntos cm oposição aos projetos de
miragens, porque ele s nãod everiam existir, nãosendopossível espremê-l os nem reforma ag rária e por que o PTB favor eceu a m aior parte dess es projet os. Sem a
na burguesia nem no proletariado. . vinculação diferencial ao Estado , sem o posicionamento diferencial em rel ação a
Ou tra linha c rítica adm itia um a estrutura de cl asse s mais complexa, mas ne Ge túlio e o getu lismo , sem os dif erenc iais na relevância das bases rura is e sem os
gava a correspondência. O sistema só seria "real" se cada partido representasse diferenc iais na com posição de class e, limitas são as mud anças nas ali anças e nas
uma só classe e se ca da cla sse f osse repre sentada por u m so pa rt,do Se aceitar votações parlamentares que ficariam sem explicação. Para explicá-las, as ti pologias
mos es sa exigênc ia, não houve jama is no pl aneta um sistema partidá rio re al. de Miche ls c Duverger não contribuem em nada, e a de Sartori ajud a pouco.
Kss as duas posi ções, antes popul ares, qua se não encon tram m uitos dc fw so r« A vinculação com o Kstado e a importânc ia do setor rura l nas ba ses partidá
hoje O m arxismo latino-am ericano deu um salto para a f rente, que começou com rias não são uni versalmen te importantes na história e na estrutura dos partidos

a rejei ção do ev olucionismo un ili nea r e se expandiu com a pratica da pesqui sa políticos.
sist emasAspolíticlassif
cos icações
em q uecessatipologias, baseadas
s característ na ou
icas observação de sociedades
estavam ausentes e
ou eram
' " PA hetero geneidade não im plica a exi stência d e “áreas de igu aldad e'"' entre irrelevantes, não a s incluíram . Daí as li mitações das tipologias de Michels. Duverger
es sas “frações de clas se". El as podem com petir e até m esmo se opor quando se e Sartori, ent re outros, para explicar o comportame nto da U DN , do PSD e do PTB.
trata de div idir o b olo dos subsídios e dos créditos, no que concerne a poh.ica de
exportação e importação, mas atuam co.no cla sse quand o os co A heterogeneidade, interna: dissensões, expulsões e vo/fos
mun s sãoameaça dos. Assim .se opuseram a extensãoda leg .sl açaotrab.dh .st aos
Os autores de vários estudos específi cos sobre os partidos po líticos ressalta
trabalhadores rurais, às inúmera s tentati vas de reforma agraria, a parti c.paçao,
ram a heterogeneidade interna dos mesmos, que todavia continuaram a luncio-
cada vez maior, da indústria n o créd ito público.
nar c omo partidos e a m anter em suas fi leiras grupos m uito diferentes. Es sas
0 trab alho de especif icação pode ser l evado a níveis de minúc ia cada vez
const ataçõesenf raquecem aidéiade queospartidos sãoexplicávei ssimplesmen
maiores ; m uitos estudos de caso dão explicações detal hadas sobre a estrutura de
te a pa rtir dc uma teoria fluida dos interesses, à la Ostrogorski, pela qual os gru
cl ass es e int eresses dom unicípio, sem o que fica d ifícil entender a poht.ca daque pos entram e saem dos partidos exclusivamente de acordo com os seus i nte resse s
le município. N ão obstante, nos trabalhos sobre a política estadual ou nacional, imediatos.Os parti dos pe rm iti ram a convivência de i nter esses diferent es, inclusi
não cabe nem é factível examinar a estrutura de class es de cada um das cent enas ve contrad ilói ios alguns parti dos, eviden temente, mais do que os outros. Pos
ou m il hares de mun icípios e suas rel ações com a pohtica. kn tretan to, há unwi cer tulo que há uma espéc ie de ‘grude’’ q ue faz com que mu itos grupos prefiram ficar
ta ambiva lê nci a no pen sament o de vá ri os cr ít icos da per epe et iv a d - A . n a no mesm o partido a sair e f unda r outro. Na ótica exclusiva da teoria fluida dos
medida cm que enfati zam o poder do setor agrário. Campello de Souza (19.6.4 ) grupos de interesse, o s partidos seriam epifenômenos, teriam exist ência mom en
afirma c orretamente que tânea. com grupos se agregando c se desagregando, entrando e sa indo dc ins titu i
“{ ) so ile um lado.a carreir a políti ca dosinterventoresdependia diretamentecia ções que estariam em contínuas e importantes reestrut urações.1 ” A reali dade é
indic ação do Kx ec tivo federal, por outro lado. não é menos vordadc.ru que os . 0 ; diferente. Os partidos existiram por períodos l ongos, e mu itas das dis sidênci as
vos che fes polit icos provinham social mente, na sua ma iori a, do pro pno setora^ra estadua is foram resol vidas com a volta ao pa rtido dos grupos que dele havi am
ri«., idcntifi eando -sc em boa m edida com sua cultura c seu s interesses politico,. saído, c não com a sua expul são e/ou fili ação p ermanente a ou tro pa rti do. M esmo
com ess es descontos, não creio seja poss ív el ana lisar adequadamente a ques tão a
Por quê? N o afã de redu zir o papel explicativo das cl asse s sociais, Cam pell o
de Souza deixou esse im po rtan te fato sem expl icação. Proba bihsticam entc. e difí
l!V?E nten di1.!nos e ssas “dete miinaçõ es'' num sentido nada re strito: as int erações sociais, os con
cil explicar como a pequena m inoria de grandes proprietários rurais ocupou a
tatos políticas e a info : mação têin limitaçõe s de cl asse.
Ira Ostrogorski chega ao extrem o de defende r a eíemer i dade dos partido s, não veiu lo po r que a s
pess oas deveriam te r-lhes lealdade, colocando-os acima dos próp rios interes ses.
Ul>Á expressão é de Pizzorno o se refere, como é intu itivo , aos int eresses comuns.
pa rtir de uma pcispectiva exclusi vamente voluntarista. 1ísse comportam ento se partido relat ivamente grande implica a exist ência de grupos dentro dele. Como
dánum arcabouço/rt s/rliicioiinf elegal. As leis brasil eiras nãoesti mulavam o“gru concebê-los?
de”. Qualquer legis laçã o que tornass e onero sa a saída de mem bros de um partido Uma vez m ais, a t radição é defini-los com o constituí dos de pessoas, a partir
con tribuiria para o “grude” , ainda que por via negativ a. A simp les proibi ção de se de posi ções . Assim, o gm po "bossa-nova " da ÜD N foi o grupo de pe ssoa s qu e de
recandidatar por outro partido antes de dois anos imped iri a o troca-troca pa rti fenderam posiçõe s soc ial mente progressi stas; e a "banda de música” foi o g rupo
dário pré-eleitoral. durante o qual muitos políti cos calculam po r que partido te que se caracterizou por um a estratégia opos icionista agressi va. Definidos os crité
rão ma ior chance de eleg er-se. Havia (e há) poucos obstáculos à saí da de um p ar rios comportamentais, ideológicos e atitudinais, os grupos passam a ser grupos
tido e poucos obst áculos à f ormação dc novos parti dos .154 de pesso as, e não de critério s. A adesão, numa votação, de um n ão-m em bro não o
O “g rude” é imp ortante e sua falta tem sido exager ada. A acusa ção amiúde transform aria obrigatoriamente em m embro. A ssim, o que caract erizari a ess es
feita aos partidos políticos brasileiros, de que não têm existência real e de que grupos seria uma c erta estrutura compor tamcntal e ideol ógica e uma certa dura
inexist e identi ficação pa rtidária, colide com os dados da realidade. Há, na verda ção no tempo. Essa conceitualização tem inegáveis vantagens para de finir situa
de, um a alta taxa dc mudança pa rtidária, ainda que temporária. Scott Ma inwaring ções relativam ente estávei s, com pouca mudanç a. Os problemas começam com a
demonstra iss o. Porém, pelo m enos très mudanças foram obrigatórias, dev idas à mudança. Com o conceber indivíduos que não com partiam das posi ções e do com
extinção, mcimí m ififart, dos partidos existen tes. Conseqüent emente, qualquer portamento de um determ inado grupo c passar am a fazê-l o? Agregamos es se in
político cuja atuação se estendesse desde antes de 196 5 até depois de 1982 teria divíduo ao grupo? E que fazer com os mem bros do grupo que exibem ou passam a
que participar, no mínim o, de très partidos diferentes. Assim , não é possí vel atri exib ir al gumas característi cas dc outro gm po?
bu ir a alta rotativida de dos políticos nos pa rtidos a característi cas exclusivamente Um aspect o no qua l as di ferenças são muito grandes é a relação entre a habi
individuais. Fe ita essa im por tante ressalva, há outro s fatores a considerar. Km lidade de obter votos, a liderança efetiva, em o posição à form al, no nível parla
prim eiro lugar, os sist emas m ullipartidários têm um a taxa m aior dc mudança m entar e o controle do p artido. O PTB, m uito influenciado pelo estil o personalis
partidária do que os bipartidários. A m udança, num sist ema bipa rtidário, é mai s ta de Ge túlio Vargas, pelo caudilhismo da su bciillura gaúcha e pel a herança
radical e freqüentemente vem acompanhada de ac usa çõe s dc “ traição”. Num sis estado-novi sta, era um pa rtido inter nam ente ditatorial, v erti calista. e po r isso
tema m ultipartidário, m uitas m udanç as configuram apenas “aj ustes" ide ológ icos . mesmo os confli tos internos predom inaram.
A comparação das estruturas internas dos principais partidos revela impo r O PTB se caracterizava pelo paradoxo entre o êxito eleitoral c a destacada
tantes diferenças. Os estudos de caso de partidos políticos bras ileiros são unâni atuação parlamentar de algun s, sem poder de direção no partido, e a pobreza da
mes em s ublinh ar a existência de grupos e facç ões dentro dos partido s. Benevides atuação parlamentar e mesmo a escassa relevância eleitoral de outros que, no
nos fal a “ de vári as U DNs” , c Valadar es, de vári os l’SDs. K inxo também nos fala d e entan to, cont rolavam a m áquina p artidár ia. Seg ada s Viana, de baixa votação, con
vários MD Bs, sublinhando a im portância da divi são entre autênticos e modera trolou o partido d urante alguns anos; I. nlero Vargas, deputado com atuação me
dos.Minh a reconstitui çãosecundária, bas ead a nas monografias citadas, t ambém díocr e, controlou a se ção carioca do partido, “mesmo no mom ento em que o PTB
revela vários PTBs. cari oca forneci a os quadros parlamentares que m ais se notabil izaram pela reivin
Com o conceber essa s divi sões? P ara t eóricos com o Osirogo rski, as divisões dicação de reformas es truturais na p olíti ca e na econ omia".1 “ Em São Paulo , Borghi,
s ã o os partido s. Ele enfatizava as vantage ns de pre sc indirde adesõe s forçadas em uma das maiores forças elei torais do est ado, foi expulsoduas v eze s do partido por
nome de uma unidade pa rtidária que, no nível ideol ógico, não exi ste. O partido iniluência de figuras eleitoralmente irrelevantes, sob a pressão de um coronel,
seri a um partido-mo me nto, no qu al um grupo defenderi a certas posi ções, sem propostode Getúlio, eleitoral e ideol ogicamente irrel evante.
comprom isso com a continuidade do partido como tal. Aquele “partido” só volta Já no PSD havia mais espaço para dissensões internas e se respeitava o cacife
ria a se rep etir se ocasião semelhante tornasse a se aprese ntar e se as mesmas eleitora l dos políticos. O s grandes coronéis estaduais, capa zes de eleger governa
questões ideológicas vol tassem à baila. Num a versão exacerbada dessa posi ção, dore sesenado res,ti nham mu itavoznop artido.Amaral Peixo to,i ndubitavel mente
teríamos partidos que só existiriam durante votações, congressos, reuniões de o líder de ma ior expr essão elei toral no estado do R io de Janeiro, comandou o
diretórios etc. Entretanto, a tradição vigente no B rasil e em outros país es privile partido. As seçõe s estadu ais tinham ma ior li berdade para deliberar do que no
giou a defi nição dos partidos com o organizações, am pliando m uitas ve zes a s ua PTB, onde oc entralismoco nduziu a numerosas intervenções da direçãonaci onal.
vida, mas sacrifi cando a sua homogenei dade. A perm anência, no tempo, dc um 0 centralismo foi m uito mais acent uado no PTB do que na UD N ou no PS D:

1 I »utra, cjvsuisticanirntc, fown cedo reduziu algumas das exigên cias. :r*s DAraújo, 1989:99.
o H E não foi, a exempl o do PSD e mesmo da UDN, um partido de corte fe de Ess as observações, que não seriam possívei s sem os excelent es estudos
rativo. Foi, ao contrário, uma organização centralizada c centralizadora, quer na mo nográficos nos qua is me baseei , impõ em lim ites às gener alizaçõe s a respeito
perspect iva formal, quer do po nto de vista da sua prática corrente. “dos partidos p olíti cos bra sileiros”. Concluindo:

Kmbora nenhum dos grandes partidos sc caracterizasse por eleger os seus • o PSD er a um partido internam ente frouxo, que perm itia cer ta autonomia esta
dirigentesde ma neirarigorosamentedem ocráti ca,sej aatravésdeele içõ esprim á dual e m unicip al e certo nível de disse nso;
rias, sej a através de convenções m uito a mplas, o PTB se destacou pelo sen caráter • a UD N era um partido com a lto grau ci e obser vância das regr as democráti cas
oligárquico:da ConvençãoNacionalparticipavam ape naspouc asdezenasdepes formais int ernas;
• o PTB era um partido internamente oligárquico e ditatorial, no qual os puxado
soas, ao passo que na do PSD participava m alguns milhares.
0 burocratism o e o bachareli smo da U DN fizeram com que o partido reali res d e voto contav am pouco.
zas se, rigorosame nte, convenções nacionais a cada dois anos. As convenções na
cionai s tinham , na UDN , um caráter de vid ap artidária propriam ente dita. Já as A política dos estados e os partidos políticos
convenç ões do PTB foram real izad as irregularmente, sempre em função de con O papel das grandes figuras políti cas estaduais nos partido s ajuda a explicar
flitos intern os pela escolha de cand idatos presidenciai s. algumas das diferenças me ncionadas. O Bras il, de fato e de dire ito, é uma Repú
Ê difícil generalizar a respeit o "dos p artidos brasileir os", pelo m enos do pon blica federativa. Isso significa que as l ideranças estaduais controlam recursos con
to de vista organizacional. O PTB era extremamente centralizado, irregular, side rávei s, particularmen te nos estado s m ais populo sos e ricos.D urante a ditadu
caudil hesco, pré-organizacional. A Convençã o N acional não se reuniu regular ra Vargas, os interve ntore s con trolaram a políl ie a estadual com escass a oposição.
mente, de acordo com os estatut os. O PTB, o p artido m ais preocupad o com a de Assim, não adm ira que a sua infl uenc ia se est ende sse além do término da ditadu
mocracia crt ercm, era, i nternam ente, uma ditadura. Repet ia- se no PTB o dram a ra, parti cularm ente nos prime iros anos do período democrático. Muitos voltaram
de M ichels. Apl icava-se ao PTB a famosa lei de ferro da oli garquia. Grandes pu a posições de liderança como governadores e senadores. Muitos desses líderes
xador es de voto, como Adem ar dc B arras e Hugo Borghi, foram man tidos l onge foram parar no PSD, partido de apoio a Getúlio, se m a sua vertent e trabalhist a,
do partido. Em outro paradoxo, a UDN, m ili tantem ente golpista, era, int erna que se incorporou ao PTB. Assim, é fác il ente nde i que o PSD conc edesse amp la
mente, democrática. O PSD, pa rtido das eli tes rurais e agrícolas, era um partido autonom ia às sua s seçõ es est aduais. O PSD, mais do que qualque r outro,
com regras relativamente frouxas; nele, quem puxava voto tiulia cacif e. exem plifi cou a força da po líti ca dos estados ( ou dos governadores). A U DN ,
amealhando a oposição a Vargas nos esta dos e municípios, também distribuiu
Tabela 11 entre muitas figuras de peso a sua liderança. Inexistia, nesses dois partidos, a
ã o internas dos pa rtidos po lít icos figura fascista c caudilhesca do chefe.
UDN PTB O pa rtido com maiores difer enças internas foi tal vez a UDN, que em cer tas
PS D
regiões do país só se disting uia do PSD por sua tradição an tigetulista, mas que no
Importância dos puxadores de voto Alta Media Baixa
então estado da Guanabara assumia alguns contornos de partido conservador
Autonom ia dos d iretórios estaduais Alta Alta Baixa
Alta baseado nas classes médias.
Centralização das decis ões Baixa Baixa
Freqüentes Já o PTB herdo u as vertentes sindical, corpora tiva e caudil hesca dog etulism o.
Expurgos e punições Infrequentes Infrequentes
Pou cosforam osinterventoresqueabraçaramopopulismo.É ine gávelq ueAdem ar
Regularidade real das convenções
Alta Alta Alta de Ban os foi um dos políticos ma is i nfluentes do período. Mas Ademar, p rincipal
nacionais
Milhares Centenas Dezenas líder político do estado que, potencial mente, tinha o eleitorado mais favorável ao
Núm ero c e conve nciona is
Presentes Presentes Ausentes PTB, não encon trou lugar de ntro do partido, dom inado pelas se ções gaú cha e ca
Deputados c senadores
Governadores Presentes Ausentes Ausentes rioca . A UD N, pa rtido de oposi ção a Getúlio, não t inha os inter ventores na sua
Presentes Presentes Ausentes base dc apoio.
Dire tórios munic ipai s
Departamentos do par t ido Ausentes Presentes Ausentes l.amom ii er, trabalhando em linha paral ela à de Cardoso, enfat izou as limita
ções impostas pela centralização estado-novista à evolução partidária. Para
l,amoun ier, o antipartidarismo tem suas or igens no Estado Novo, 110 que ele cha
ma de ideologia de Kstado. O período democrático não conseguiu mud ar a atitude
I )'A ra újo , 1«.»89:112
negativa da populaçã o em relação aos políti cos, à política e aos partidas . Ao con Cap ítul o 6
trário: essa her ança do getulismo fo i fortal ecida c pode ter con tribuído para legi
tim ar o golpe de 1904 .
As coli gações e leitorais 157
As diferenças regionais e os partidos políti cos
A formaç ão de partidos políti cos nacionai s no contexto de dif erenças regio
nais mu ito gra ndes 110grau de d esenvolvimento soci oeconômico c 11a cultura po
líti ca levou à formação de grupos claramente diferenci ados de ntro de cada parti
do, com bases regionais; deixados cm p lena li berda de, ess es grupo s poderiam ser
partidos po lít icos independentes, que se ali ariam, freqüent emente, com partidos Conceitos
semelhant es de outros est ados . E ntretanto, a obrigatori edade de forma r partidos
Nacionais col ocou-as dentro de um mesm o parti do. llá coalizões poli luas de vários tipos. I lá coali zões degoverno, en tre partidos,
Concordando, Cam pello de Souz a (1989:40) crit icou o simplism o de muitas em que dois ou mais partidos juntam for ças para governar, dividind o car gos c
explicações cl assistas que ignoram as variações r egiona is: “A litera tura supõe uma funções; há coalizões de oposição, em que dois ou mais partidos se unem par a

estru tura de cla sses nacionais, [mas ] a heter ogeneidade regiona l dos partidos de fazer oposição, sistemática ou pontual, adosse
iniciativas do governo;
ra votarhá
umcoalizões de
safia a validade da m aior parte de tais interpr etações". votação , cm que dois ou mais parti unem pa 011 mais projetos de
lei. Essa s coal izões costum am s er departidos, mas nada imped e que s ejam entre
grupos parlamentares, entre indivíduos, ou combinaçõ es en tre ele s.
Limitações das generalizações
As coligações eleitorais se referem a eleições, podendo ou não se transform ar
Tais diferenças invalidam certas gener alizações a respeito dos partidos p olí em coalizões estávei s, seja de governo ou de oposição, e. em caso negati vo, poden
ti cos brasileiros, feit as m enos a pa rtir do estudo de cada 11111dele s e m ais a partir do ou não reaparecer num a votação no Congresso. Tecnicam ente, alianças e coli
da comparação invejosa entre uma realidade partidária, a brasileira, que era gaçõe s podem ser vistas como diferentes, mas as dif erenças caíram em desuso, de
•‘intuída " m as não conhecida, e uma visão idealizada dos pa rtidos p olíticos de al modo q ue usaremo s coli gações na quase totalidade dos casos .158
guns país es desenvol vidos, principalm ente os E UA, a Inglaterra e a Alemanha. Em 1962, quan do come cei a estudá-l as, as coligações eram vistas co mo de
Assim: mons trações da fal ência do sistema eleitoral, pa rtidá rio e político brasileiro, como
• o fato de ser bras ileiro, 011 subdesenvolvi do, ou m embro periférico do capitali s um ind icador de sua irracionalidade. Num ambientei deol ogicament eli m itocar
mo m undial, ou dependente, ou herdeiro de uma cultura p olíti ca a utoritária e regado, a única racionalidade aceita era a ideológica. Meu objetivo era demons
tra r que as coli gações se baseavam em p rincípios racionais e que a racionalidade
pati imo nialista não pad ronizou em nada a organi zação e a democracia internas
dos partidos; era eleitoral — eleger o máxim o de representantes com o m ínimo d e esfor ços. Na
• a organização e a democracia interna s dos partido s políticos bras ileiros não se época , começava a en tra r na ciência política a teoria dos j ogos. Hoje existe 11111
corpo teórico, chamado escol ha racional (raf/om i/dioíce ), derivado del a. Muitos
entende fora da história política do país;
• não há correlação necessári a entre defende r a dem ocracia po lítica externamente estudam as coligações dentro dos parâm etros teóricos da escolha racional. Mas a
escolha raciona l c mais complexa d o que pare ce:
e ser democrático internamente;
• não háco rrelação necessária entrea p ostura dos partidos em relação à democra • a racionalidade depende da infor maç ão; o que é racional muda com a informação;
cia social e a demo cracia intern a dos parti dos. • a escolha racional não c absoluta; o que é racional depende do que é definido
com o desejável , c o q ue é desejáv el depende da cu ltura;
• a ideologia pode red efinir o que é desej ável;

IV liste capítulo foi lid o e criticado por Jairo Marconi Nicolau, nue contribuiu para melhorá-l o.
Nem Iodas as suas suge stões puderam ser incor poradas, mas todos os erros s;io claramente
meus.
158Seguindo sugestão de Fabiano Santos.
Gláucio Ary Dillo 1 Soares
A democracia interrompida

• ,i racionalidade não é ate m poral; de finido o que é desejável , a definição do que é válidos . O crescim ento fo i rápido . Saindo cie zero, em 1915 , já nas elei ções de 19
de jan eiro de 1947 a s ali anças obtive ram 810.787 votos, num tota l de 2. 351.1 89
racional e do que não o é jx)de variar 110tempo;
votos váli dos, o que corresponde a aproximadam ente 11111 terço desse total. Po
• que é racional a cur to pra zo pode nào sê-lo a l ongo prazo.
rém , com o es sas eleiçõ es foram excepcionais, lendo-se realizado som enle em al
guns estados, seu s resultados globais não podem ser comparados co m os das de
Definiçõe s operacionais e o problem a dos indicadores
mais eleições. Km 1950, um cm cada cinco eleitores votou em coligações; em 1954,
A legislação partidá ria e eleitoral dá os parâm etros nos quais opera a escol ha as coligações aumen taram seus votos para 2.494 .863, quase um m ilhão de votos
ra c io n a i.O Brasil usa va o sist ema de lislas aber tas por coli gação. Isso quer dizer mais do que em 1950. Em 1954, representaram 27% dos votos válidos, ou seja,
que os votos eram com putados para a coli gação como um todo, e nào separa da aproximadamente em cada qu atro eleitores. Em
11111 1958, a s col igações aumenta
mente por partido participante dela. Dentro da coli gação, o s candidatos er am or ram subs tancial men te s eu total de votos, atingindo m ais de 4 milhões, aproxim a
denados de acord o com a votação individ ual. Se a coli gação recebes se votos, in dam ente 1,6 milhão de votos a m ais do que em 195 4. Os 36% sobre o total dos
clusive das sobras, para eleger dois candidatos, os dois nu iis votados na col igaçao votos váli dos indicam que 11111 em cada três votos válidos foi dado às coli gações.
seriam os eleitos. Para fins do cálculo de quem seria eleito e quem não 0 seria, os K 111 1962 , houve n ovo aum ento: 1,7 milhão de v otos a mais do que nas elei ções
partidos desapareciam 110int er ior das coligações. M,nÜ efeito dess e sistema m ajo anteriores, apr oximado-sc dos 6 milhões de vo tos. Naq uelas el eições, 0 total de
ritário è aumentar os desvios em relação ã proporcionalidade. votos dados às colig ações praticamente alcançou o to tal dado d iretamente aos
Três tipos do indicadores têm sido u tili zad os no estudo das coligações: parti dos. Isso quer dizer que um em cada dois el eitor es votou jw r uma ali ança ou
uma coligação eleitoral.
• a per centagem, sobre o total de v otos (usualmente sobre o total de votos v áli
dos), dos vo tos dados a coligações; Tabela 12
• a percentagem , sobre o to tal de eleitas, dos eleit os p or coligaçõe s; A crescente imp ortânc ia das c oli gações e lei torais nas el ei ções
• a percenta gem, sobre o total de partidos que compe tiram n uma ele içã o, dos par para a Câm ara F ederal, 19 45- 62
tidos coligados. Ano Alianças e coligações Vo tos váli dos

Depen dendo das hipóteses, um des ses i ndicadores pode ser adequado ou não. <l>/
(_2> _________ ____
1945 — 6.188. 8S6 0
No que concerne às hi póteses a respeito da f orça eleitoral ou da racion alidade de
1950 1.562.515 7.662.213 20
entrar ou não em coliga ções, a partir dos resultados, o s dois prim eiros indicado
1954 2.494.863 9.235.783 27
res são aconselhávei s e de fác il obtenção. Mas 110 que concerne à decisão de entrar 1958 4.140.655 11.519.058 36
ou não en tra r em coligações, o terc eiro indic ado r é aconselhável, porque os dois 1962 5.855.692 12.132.183 48
anteriore s mistu ram as decisões com os resultados del as.
Esse s result ados bastariam para jus tificar um estudo mais m inucioso so bre
Ausênci a de uma c/asse hegemônica e crescente importância da s as coli gações eleitorais. O crescimento contínuo nas elei ções federais não se fez
coligações eleitora is'6 1 acompa nhar de um crescimento paralel o no plano estadual . Neste houve um forte
crescim ento das coligações, que decu plicaram votos d c 194 7 a 1962, mas e sse cres
Inicialm ente proibidas i>or lei c inexistentes em 1945 no nível federal, as co cim ento não foi contínu o: os número s relativos a 1954 e a 1958 são interiores aos
ligações eleitorais cresceram continuamente, tanto em números absolutos quan de 1950. Houve duas eleições nas quais o núm ero dc votos o btidos pelas coliga
to relativos , até às el eições de 1962, quando receberam quase metade dos votos çõe srepresen tou 11111 aum ento considerável em relação à s ele ições anteriores: 1950
e 1962. Km 1950, as coli gações receberam m ais de 90 0 m il votos, quase qua dru
iv* | .;sse é um pon to fundam ental, às veze s ignorado pe la sociologia política. As escolhas racio plicand o o lotai de 1947 , que fora de 2 0 0 m il votos; em 1962 , as col igações r ecebe
nais se fazem den íro de um co ntexto institucion al que inOucn ria as opções . ram m ais de 2 ,2 m il hões de volos, qua se quadruplicando os 580 m il vot os obtidos
Sc quisermos sal>cr quantos votos foram dados a cada jKinido participante da coligação, nas eleições de 1958 . Nas elei ções de 196 2 para as assembléi as estaduais, as ú lti
teremos que somar os votos recebi dos pelos candidatos do p artido Nào estando os «la dos mas real izada s n o regime da democracia representati va, aproximadam ente um
informati zadas,isso6trabal hosoed ificil.Teríamosqucrec orrera m aisdeuma fonte para íden-
em cada seis votos válidos foi dado a um a aliança ou a um a coligação.1 “
lilira r o p artido de cada candidato e para compu tar os vot os de cada partido coligado.
M Como já fo i d ito , os te rm os a lia nç a e c olig aç ão se rão aq ui u sad os in di st in ta m en te . As a lian ça s
estavam previstas no art. 140 do Código Eleitoral (Le i n» 1.164 , de 24-7-1950). >« V er Soares. 196-1.
Tabela I 3 bre elas. Este ca pítulo v isa, pois, preencher essa lacuna e apresentar as colig ações
Vo tos o btidos po r ali anças e coli gações nas elei ções para como um fenômeno racional, previsível e explicável.
as assembléias legi slat ivas estadu ais e C âm ara de Vereadores
do D istrito Federa l, “ 194 7- 62 ---
As es trutura s de cl asse e as coli gaçõ es e leit orais
Ano %
A racionali dade eleitoral defi ne as elei ções como um jogo cujo objetivo fun
19-17 202.924 5.424.062 3.7
dam ental é vencer ;i s elei ções e obter o poder. Knt r etanto, raramente um partido
1950 918.124 8.240.906 I I .1
9.890.475 5,9 pode “vencer’ as eleiçõe s, no sen tido ma joritário da palavra. Essa imp roba bilidade
1954 587.1 17
12.645.487 4.6 obriga a um a reformulação d o ob jeti vo cen tral, que pass a a ser el eger o núm ero
1958 582.465
2.259.274 14.729.018 15,3 má ximo de represent antes, obtendo o m aior rendime nto possíve l dos vot os com
1962
que se conta. Em alguns casos, esse rendimento não é dado por representantes
O ano cie 1945 deve ser tomado com certa cautela : foram as primeiras elei eleitos : nas elei ções ma joritárias, os pa ri idos pequenos, por de finição, não têm
ções realizadas depois de mu itos anos de ditadu ra. Cada partido lin ha pouca ba se chances de vencei* a s eleições. Tentam , p ois, negociar os seus votos, recebendo
factual pai a avali ar suas possibil idades elei torais.Era um a tentativa, uma prim ei cm troca outras gratif icações, como uma secret iria estadual, oapoioa alguns pre
ra sondagem. Posteriorm ente, com a experiênci a daquela eleição, começaram as feitos dopa rtidoetc.A racionali dade e leit oral nãochegou a caracterizar a po lít ica
coligações, visando aumentar a probabilidade de eleição de candidatos de cada brasileira;ojovem sist emap olíti co-elcitoralencontrava- seem transformação,em
partido - ou, onde tal probabilidade fos se dim inuta, mas os votos servi ssem para um deven ir políti co o rientado pai a as reg ras do jogo da democracia eleitoral- re-
gara ntir ou am pliar a elei ção de candi datos de outros parti dos, visando compen presentat iva. Tal transformação consisti a na passage m de um esque ma de po der
e de dominação fundado no latifúnd io políti co, com util ização instrumental dos
saç ões políti co-ad m inistrati vas peloapoiodado.
O rápido aum ento da relevâ ncia eleit oral das col igaç ões transformou-se em partidos políti cos, para um esqu ema de poder e de dominação fundado na repre
tema obrigatório para os estudi osos da po lít ica brasileira, que, no entanto, no fim sentação de interesses socioeconômicos variados, com a utilização uislru/nental
das eleições.
do período dem ocráti co, ainda não haviam formulado uma teoria que as expli cas
se. Na époc a, m uitos estudos er am de cunho ensaíst ico, enquanto outros foram O ponto de pa rtida foi a política oligárquica, resíduo da políti ca dos est ado s,
levados a cabo por pessoas com notória participação e/ou aspirações políticas. caracter izada por um a estrutura de po der e de dominação ali cerçada na prop rie
Freqüentemente, as col igaç ões eleitorais eram vistas como u m indicador da fa dade rur al e na inlluén cia local. Kssa políti ca não apresentou variações amplas no
lência dos partidos po líti cos, co mo prov a da ausênci a de i deologia partidá ria, como conteúd o ideológico, pois os interesses socioeconômicos dos grupos qu e lutavam
atestado da iVrncionaítifad«? do sistema político. Esses trabalhos simplesmente pelo poder, e nele se revezavam, eram semelhantes.** Na política oligárquica, o
reforçavam um a posição apriorísti ca. comum ente acei ta, que afirmava serem os objetivo era a obtenção do pode r pelo poder, e não a prese rvação de uma estrutu
partidos brasileiros destituídos de fundamento ideológico e de bases sociais sig ra socioeconôm ica que se considerava garantida e cu ja segur ança não se coloc ava
nifi cativas.“* As coligaçõ es eleit orais, portanto, não se con stituí ram em objeto de em dúv ida. A políti ca era um jogo do qual os int eresses e conômicos da elit e não
pesquisa; o interesse por elas existiu na medida em que pareciam indicar a dependiam. Ü crescimento da participação eleitoral desfigurou a políti ca de eli te.
inadequação dos partidos políticos nacionais. As coligações foram sistematica O nú me ro de elei tores aumentou cm mais de 500% de 193 4 a 1945 , continuando
mente assoc iadas com u m ce rto irracionalism o político ,1'*5do qua l eram vista s como a cresce r vertiginosamente até 196 2.167ü aum entofoi m uitom aior que oda pop u
prova. O resu ltado, previsível, foi que não se elaborou , senão m uito m ais tarde, laç ão.Os novos eleitores foram recrut ados, predominantem ente, nos setor es bai
um a teor ia explicativa das coli gações eleitorais, dispensando-se as pesquisas so - xos da clas se média e na classe trabalhado ra. A amp liação na participação e leito
ral mud ou as regr as do jo g o p o lít ic o . Os i nte re ss es s oc ioe co nô m ico s des sa cr es ce nte
m 0 Distrito Federal se t ransformou em estado da Guanabar a; posteriormente, com a tusão ,
massa de votantes passaram a te r que ser levados em consider ação.
POSSOU a ser parte d o estado «lo Rio de J ane iro.
Vale ressaltar que tanto os conservadores como os esquerdistas concordavam com essa atir- Ka m aioria dos estudos que cons ultei, a política passou de oligárquica — de di sputas entre
mucíio. . M frações da oligarq uia — para rep resentativa, na qual interesses mais amplos, inclusive interes
u" K Interessante notar qnc, m esmo nos trabalhos com am bições cientificas, as analises da pult- ses de clas se, desempenhavam pap el imp ortante.
lu n brasileira freqüen temen te se baseavam nas idéias de desordem, imp rcvisibilided c. 0 aume ntoprossegu iu,lanto eai númerosabsolut osquanto proporcional mente àpopulaç ão,
Ilide terminaçã o, carisma, personalism o cic. durante o regime m ilitar e depois del e.
O caráter fragm entário w da estrati ficação soci oeconômica da populaçã o bra ções, o que trans pareceu claram ente nas ele ições presidenciais, nas quais o PTB
nunca apresentou candidato próprio. Esse probl ema foi agravado pela exi stênci a
silei ra e o imp edim ento legal do voto tios analf abetos fizer am com que nenhum a
de vários partido s que disputav am os votos das clas ses populares.
cl ass e social em pa rticular se tor nasse eleit oralmentehegem ônica, com u m p oder
A cla sse média urbana, j untam ente com a cl ass e “quaternária”, foi a que mais
eleitoral absolut o que lhe perm iti sse vencer elei ções at ravés de um partido po líti
cresceu, proporcion alm ente, nos últim os 30 anos. Às alt as taxas de alf abetização
co que represent asse os seus interesses, sem necessidade de rec orre r a coli gações
e de participaçãop olíti ca d a clas se média lhe assegu rava m uma c cntrali dade elei
com outra s clas ses . toral nos estados mais urbani zados. Não obstante, nos m unicípios rurais, sua in-
A diminuição do po der económico das oli garquias rurais e o estaii camento
lluência era red uzida , e na s zona s urban as ela enfrentava a crescente com petição
dos efeti vos eleitorais que cias podiam m anipular fizeram as elit es rurais perder a
hegemonia polít ica que c aracteri zou a R epúbl ica Vel ha. A cert a altura , ja nã o p o eleitor al das e las ses trabalhadora s e do setor quatern ário, inform al, de serviços d e
diam imp or suas deci sões, s eja pel a força, sej a pelo voto manipulado. Viram-se baixa qualificação. Uonseqüenlemente, no nível federal, que reúne todos esses
setores , a cl asse média tamb ém nãoti nha condiç ões de im por snn hegemonia pel a
entào obri gadas a en trar em coali zões com outros selores para m anter o poder no
via e lei to ra l.17®
nível na cional c, freqüentem ente, alé no nível estadual. Paralelamente, crescia a
l iii alme nle, a crescent e burguesia nacional não dispunha (nem dispõe) de
impo rtância num érica, políti ca e eleitoral de grupos que questionavam a legitimi
efeti vos num éricos que a to massem eleitoral men te poder osa num sist ema com
dade dos pró prios privilégios econômicos das oli garquias, transformandoi o jogo
político dc uma diversão dos bem-nasci dos num a questão vital, hsse fen ômeno, alta participação eleitoral, no qual votassem amplos setores da classe média e
mu itos trabalhad ores. Com o essa clas se não contava com os votos dos trabalha
pouco signifi cativo no plano das ele içõ es m unicipais rurais, onde o po dei das eli
tes continuava quase absoluto, c res ceu no plano estadual , adq uirindo particular dores. à dif erença da relação fazendc iro-camp oncs, a hegemonia política po r via
eleitoral era inviáv el. P assaram a reco rrer às coali zões e a usar cada vez mais o
imp ortân cia no plano federal. Paralel amente, continuav a a crescer um p roletaria
poder económico diretamente sobre o Estado. Especializaram-se em influe nciar
do urbano que, com os seus votos, pressionava os partido» populistas para que
políticas sem ga nha r el eiçõe s.
representassem seus interesses.1 6'- Porém , o ca ráter depend ente da indu strializa
A fragm entação da e strutura de classes levou a outra, paralela, no nível elei
ção brasileir a, feita em boa parte com tecnologia importada e intensi va qua nto ao
toral. Como nenhum a cl asse er a eleitoral men te hegemônic a e o sistema era m ul-
capital (c não quanto ao trabalho), lim itou o crescimento nu mé rico da cl asse t ra
tipartid ário , abriu-se a po rta para as coligações eleitorais. Um a aliança entre clas
balhadora industrial. O teto imposto ao crescimento dos efet ivos numéricos da
ses poderia o bter aqu ilo que nenhum a clas se poderia conseguir indi vidualm ente:
classe trabalhad ora fez com qu e ela tam pouc o che gass e a dispor de efetivos eleito
a hegem onia eleitora l. A aceit ação das regras da democ racia eleitoral de 1945 a
rais capaz es de assegurar-lhe a vilória nas urnas. Sua teoricamente aliada em po
196 4, que foi m uito mais ampla do que sugerem algu ns críti cos, abriu cam inho
tencial, a classe camponesa, numericamente poderosa no início do período, ou
para a aplicabilidad e da teoria dos j ogos e pai a a ma ior previs ibilidade dos resul
não votava, po r ser analfabeta, ou o fazia sob a tulela do s coronéis locais. Assim ,
tados elei torais a pa rtir do conhecimento da infra-es trutura socioecon ômica.
surgiu também no seio dos partidos que representava m os i nter esses dos traba
lhadores urban os, com o o PTI 5, a neces sidade de aliar-se para pod er vencer elei-
A raci ona li dad e el eitoral

>6»Frayinentáriono sentidod cque diver sasformaçõessoci aiscoexisti am einteragiam no pus, Inserida a a nálise das coligações eleitorais na pro blem ática de class es, pas se
sem que qualqu er clas se assumisse, de m aneira clara, a liderança da lula política seja por via mos a enfocar o problema a p artir das decisões. A afirm ação de que os partidos se
eleitoral ou não. Não se observou, lampouco. un-.« polarizado das classes caracteristicas do
aliam eleitora lme nte para ob ter representação |>olíl ica e para ganhar eleiç ões
mod o de produção domina do" ao redor (las clas ses características do mod o de produç ão do
mina nte", com a conseqüente simp lifi cação da luta p olítica de c lass es. Em verdade, limiv e uni ma jorit árias repousa sobre um princípio bási co: a racionalidade eleit oral. A ra
l'.-n ômcnooposto:a cl ass ed ominante mra leagrícol a conseguirmanterum poder potU:co mui cionalidade eleitoral pode ser vista como u m caso particu lar da teoria dos jogos.
to m aior do que o eue seria de espera r a pa rtir do seu poder ec onômico ou do sfofiis secundano
do modo de produç ão em que est ava i nser ida . Neste senti do cre mos a cer tad a ^ o ^ a ç a o de
™ O ra ciocínio é ób vio: o crescimen to num érico e a cresceul e participação eleitoral das clas ses
( Îmeia rena ( 1967:45 -70) e inaplicável n formulaçã o generiea de Nicws Toulan l/as «I 10.5J.
trabalhador ase dos elorquaternárioprovocaram ocrescimentoacel era dodo lolal devolantes,
,Vs considerações de Weífort (196«) e lan ni (1968 ) també m são rel evantes para a compreensão
reduzindoa importância relati vad ocrescimentonumé ricoabsolutodasel ass esmédias.Nume
ricamente, as elites rurais foram perdendo relevância, passando sua sobrevivência eleitoral a
representação de interesses déclassé não pode ser entendida de m aneira “p ura" e ingênua:
depend er de alianças e da capacidade de mob ilizar votos de ou tras cl asses ( votos de cabres to) ou
„%r .laçõcs entre class e, voto e pa rtido incluem mic os, lisos e lodo tipo de distorção. Naoobstante,
defrauda ras ele içõ es.
ui int ere sses sã o levados em considerad o, qu ando antes não o eram.
Su blinh o que ess a afirmaçã o não pressupõe a racionalidade das massas e das cl as
entregar ao outro par tido com o contrap artida pelo seu apoio elei toral.1 wDiga-se dc
ses. A decisã o de aliar-se ou não não era resultado de u ni referendum a berto a
pass agem que o cu mp rime nto dess e compromisso ge ralmente se garante at ravés de
eleitores e simpatizantes: era unia decisão de cúpula .171 Esse pressuposto nada acordos escrit os.
tem de novo; c básico para a l eoria bolch evique (em oposição à mench cvique) da Essa deduçã o de princípios gerais encon tra apoio em da dos concretos: em
raciona lidade dos interesses e da orientação das ações da cl asse trabalhado ra ,1m 194 5, o PSD recebeu 50% ou mais dos votos no Acre, Pará. Es pírito Santo. Minas
está pr esente em Ma rx, mas somente encontra uma formulação clara e inequívo Gerais, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Goiás. Em 1950, o PSD concorreu
ca em Lenin .175 A racionali dade eleit oral, evident emente, requ er informações so sozinho as eleições em todos esse s estados, mas en trou em coligações em nove
bre a força e leitoral do partido e esti mativas do resultado das el ei ções . É a partir dos 14 e stado s onde não linha condição m ajoritária. Ve- se, portanto, que a co ndi
dela s que se aplica a teoria dos j ogos. E stimati vas erradas são o p onto de partida ção m ajoritár ia funcion ou, nesse caso específi co, como cond ição suficiente, ainda
para decisõ es erradas. Se , num a el eição ma joritária, um candidato c rê que poderá que na o necessár m, para que o partido competisse sozinho nas ele içõ es federais
vencer sozi nho, sem a uxílio de outras forças elei torais, seu comportam ento m ais seguintes. A pa rtir de 1950, t ornaram -se esca sso s os casos em que um pa rtido
provável é. pre scin dir de col igações eleitorais, pois as coli gações implicam que, conseguia maioria num estado.
depois de elei to, ele deverá ceder uma parle do poder, usualmente na form a de Permanece válida a conclusão: onde a informação ga rantiu ao pa rtido a con
cargos púb licas .171 Se seus cálculos esti verem errados, ev identem ente poderá jx*r- dição m ajoritária, ele não entrou cm col iga ções. Onde ess a condição não se cum

der as ele os.


candidat içõAes, resultado
teoria dosque depende o p rincípio
j ogos erá também do comp dade
da racionali ortamento dosnão
eleitoral demsão ais priu, ele entrou ou não cm coli gaçõe s, dependendo de outros fatores, i nclusive
dos seus objeti vos. Se o objetivo nã o foi a hegem onia eleitoral, cresce u a imp or-
resp onsáv eis po r erros na informação .175 tancia dos objetivos subsidiários: aum entar a r epresentação e, no limite , obter
representação.
A situação majoritário
Tabela 14
Essa discussão anuncia um p rincíp io da raciona lidade eleitora l: ond e o can
Coligaç oes do PSD em 195 0, por esta dos em que foi majoritário e
didato ou pa rtido acred itar, sem margem para dúvidas, que vencerá as elei ções
não-m ajoritârio nas ele ições para a Câ m ara Federal em 19 45
somente com os seus votos, ele não entrará em aliança com outras forças eleito
rais , já que nada tem a ganha r (as elei ções já estã o ganhas sem as vo tos adici onais !_____
________________M ajo ritá rio em 1945 Nã o-m ajo ritá rio

decorrentes da al iança), mas tem a pe rdera parcela de pode r que se com prom etera Con correu sozinho Acre, Par á. Espíri to Sant o, Ceará. Pc rnam bu cc^A lago a^

cm 950 Minas Gerais, Santa Ca tarina. Guanabara, estado do Rio, São

1,1 N'áo Iratam os aqui do grau d«; elitism o dess as decis ões: evidentemente, elas foram mais res Rio Grande do Sul. Goiás (7) Paul o. Pa ran á, Mato G rosso (9)
tritas em certas ele içõ es do que em outras, e menos restr itas em alguns partidos, como o IT , do
C |95 0U 5G Cm ° Amazonas, Mara nhão ,Rio Grande
que em outros. N ão obstante, o importante é que, em termos num éricas, s ão relat ivamente
do N orte . Para iba, Ba hia {5)
poucos os que decidem, mesmo em partidos relativamente abertos e com muitos militantes.
Q iii quadrado 3,2 8. I DF.
I & ü i cúp ula, evidentem ente, é que deve ser racional para que se possa ap licara te oria cios jogos.
Mesmo no p artido com a m aior base relati va até 1990, o PT, para cada militante que influencia
as dec isões há talvez mais de u ma centena de votantes c simpa tizantes afetados por elas. Coligações eleitorais e represe ntaçã o política
1" Issonãosignif ica queasbase snãodisponhamde meiospara pun ira cúpula pordecisõe sque
contra riem seus inter esses. Quand o há a lternativas eleitorais nas eleições segui ntes, os que se As coli gações freqüentemen te aumen tam a probab ilidade de representação1 ^
sentem prejud icados transferem seus vot os para outros candidatos e partidos. de um ou ma is partido s pequenos. Por exemp lo: nas elei ções de 1954 para à Cã-
173 Um problema freqüentemente colocado em pauta pelos grupos radicais de esquer da é se o

principio da racional
Nãoiiá resposta empíri idade
ca paeleitoral
ra ess viola ou nãoSemnegara
a pergunta. o princípioimportância
da racionalidade
do revolucionár
problema,sua análi ia. «*Na seleições m ajoritárias, a formulaçãoé clara c dispen sa exemplos; nas proporcionais, c om
se foge a os propó sitos deste li vro . plica-se ur a pou co o panorama; supondo que o partido aspire ao control e da Câmara em ques
' A dispu ta por cargos é um dos aspectos mai s tristes da política: os cargos reservados a pa rti tão, sc con side rar que . seus votos garantirão a ma ioria nela, não en trará em alianças e coliea-
dos que enUam na aliamja são cobiçados pelo partido d o candidato. çoes. odera. igualmente nau entrare m alianças e coligações eleitorais mesmo se não considerar
1’ • Acredito que, no período 1947-64, o prin cipal elemen to de juízo para j is previsões eleitorai s que obterá m aiona nas ele içõe s, mas se considerar que o controle |>ode rá ser facilmente obtido
através de acordos po líticos posteriores às ele ições.
oi a o resu ltado das elei ções anteriores. As pesquisas de opin ião com m etodologia mais sólida só
! i generalizaram de|H»is. Quando o controle de um órgão legislativo é impossível , persistem aspir ações menor es no
<1ii' tange ao grau dc inf luen cia nas decisões d esse órgão. A representação é indispensável, qual-
dias leva o prim eiro deputado, o que ti ve r as maiores médias entre os restant es
mura F ederal no est ado do Rio de Janeiro, o PI. ob teve 20.854 volos, c o PI) C,
13. 162 . Nen hum d os do is obteve r epresentação, uma vez que o quociente eleitora l leva o segundo, c assim po r diante .1"*
er a de 3 2 .3 1 3 .Supondo que uma alia nça elei toral re sul ta sse si mplesmente 11a
Kvidentemcnte, uma aliança de dois ou mais partidos tinha m aior proba bili
soma dos votos d ados a cada 11111 dos dois partidos, o total da do à ali ança ultrapas dade de obter u m deputado adicional do que qualquer dos partidos que a compu
saria o quociente eleitoral, e um dos dois partidos elegeria um c andidato.1 " lisse nham, isoladamente. Quando eram m uitos os partidos coliga dos, podia- se ob ter
beneficio era percebido pelos dirigentes políticos, sendo bastante freqüentes as ma is de u m dep utado a dicional pela soma das sobras, Ess e sistema estim ula a
coligações eleitorais e ntre partido s pequenos. Ksse é o caso ideal pa ra as coliga formação de coligações eleitorais; entretanto, como realçaram Santos (1987) e
ções , uma vez que, do ponto de vista da c ontabili dade e leit oral direta, nenhum Rokkan (1968), seu efei to é particularmente forte quando com binado com altos
quocient es eleit orais. O raciocíni o é intuitivo, e eu o aceito, com duas q ualifi ca
dos partidos teri a a perder entrand o na aliança, mas poderia ganhar com ela. v.
ções: empiricam ente, a rel ação funcion ou de 1950 a 1958, mas há problem as dc
jo g a r d e g raç a.
niulli colinoaridade porque os esta dos com maiores quoci entes também eram os
mais industriali zado s e urbanizados e com m aior núm ero de partidos pequenos.
As condições instituci onais: 0 influencio dos sobros nas eleições
Assim , não sabemos alé que ponto a ma ior imp ortân cia das col igações n esses es
proporcionais sobre 0 aumento da representação tados se «leve ao falo de terem quocientes eleitorais mais altos, de terem mais
Tom ando como base o princ ípio de maximização dos benefíci os eleit orais, há partidos pequenos ou dc serem m ais urbani zados e industrial izados. Além dis so,
uma p eculiari dade do sistema eleitoral vigente de 1950 até 1964 que induzia ge é necessár io verificar a rolarão entre m agnitude do quocient e e leit oral e legi sla
nericam ente os partidos às coligações: o regime de utilização das ‘sobras'' eleito ção referen te à criação e perman ência dos pa rtidos, um a vez que ess a legislação
rai s, chamado de sist ema d 'Ho nd t.*: * Divididos os votos obt idos po r um partido pode favorecer a criação já não de partidos pequenos, mas de m icroparti dos.
pelo quociente eleitoral, apura- se o número de deputados eleit os pelo p artido, ou Assim, a m aior 011m enor incidência de col iga ções não ocorre num vácuo ins
o seu quociente partidário. É imp rovável que a vot ação obtida sej a um m últiplo tituciona l: a distribuição das sobras con tribuiu para a sua ma ior incidênci a. Além
sem decimais doquociente eleitoral;sempre há um rest o, uma sobra. 0 somatório de analisar as instituições e a legislação existente, é necessário considerar tam
das sobras dos diversos p artidos e quivale a um , dois, très e, às vezes , mais deputa bém a n ã o c.vísfente. A legislação, a pa ri 11* de 1950, não dificu ltou as col igações.
dos. Es sas sobras são t am bém garantidas pelo falo do que os votos em branco são Além da p roibiçãodireta, cujos efeit os sãoóbvios, há m uitas condiçõ es institucio
com putados para efeitos do quoc iente eleitoral. Quem leva essa s so bras? Quem nais que dific ulta riam as col igações. Co m o salientou YVander ley dos Santos, um
ganha ess es deputados adicionais? A resposta é sim ples: entre aquele s partidos pa rtido necessi tava si mplesmen te ele ger um deputado federal ou receber 50 m il
(ou coli gações) cuja vot ação fo i ma ior do que 0 quociente eleitoral (e que conse volos nacionalmente para segu ir exi stindo. E levar e ss es totais para cinco deputa
qüentemente já eleger am pelo menos um deputado ) ,' 1,1o que ti ve r maiores mé- dos ou 2 5 0 m il votos dim inuiria o número de partidos1 6* e, conseqüentemente, 0
núm ero de colig ações. Exigir que esse s deputados fosse m eleit os p or v oto p arti
dário, e não através de col iga ções, dim inuiria os incenti vos a um mínim o. A lgun s
quer que seja 0 grau de influê ncia, trazen do consigo uma serie de benefícios, como o dire ito «le
partidos elege ram todos os seus deputados federais através dc coligações. A pro
apresentar pi ojeto numa tribu na com co bertura dos meios de comunicação de massa et c. Ess es
benefí ciosnão,, dubnu n" qua ndo passamos do um para dois representantes, cr escendo propo r posta d e aum entar a vot ação mínim a — 11111 a das chamadas "cl áusulas dc barrei
cionalmente menos do que quando passamos de zero a um . ra” — para 3 ou 5% do eleitora do teria conseqüências semelhantes.
,7B A representação era garan lida pelo quoc iente partidá rio, em con formidad e com o art. ;>7 do
Código Kleitoral : "Determina-se, para cad a partido, o quocient e partidáno d.vidndo-se pel o
,K? A regulam entação da distribuiçã o era dada pel o art. 59 do Código r ieito r.il: “ Os lugares não
quocient e e leit oral o número de volos válidos dados em cédulas seb a mesma legen da, despr e
zada a fração”. , preenchidos com a aplicação
vância das seguintes regras: § dos quocientes partidários serão distribuídos mediante a obser
1®- di vi di r-s e- á o n ú m er o d c v oto s v áli do s a tri bu íd os a cad a p ar
No caso. Alceu M artins Ma ifc, do P I, o mais vot ado entre todos os candidatos apre sent ados tido pelo nú mero dc lugar es por ele obtidos, mais um, cabendo ao partido que apresentar a
pelos dois partido s. . .. m aior méd ia um «los lugares a preencher; § 2 “ - repetir- se-íi a oper ação para a distribuição de
Km 1945, a distribuição das sobras foi feita de acor da com a Ix i Ajyim cnon , que as creditava cada um tios outros lugares”.
Ho partido m ais votada. O PSD foi m uilo benefici ado p or ess e sis tema. IS;! Somente cinc o pa rtidos elegeram polo m enos cinco deputad os federais em 1945; em 1950,
CK partidos que não elegeram nenhu m deputado estavam alijados da distribuiçã o das sobra s foram oito partidos; cm 1954, sete; em 1958, oito; cem 1962 ,10.0 núm erode partidos teria si do
pelo nrt. 5 9 , § 2 J:“sópoderãoconcorrerà distribuiçãoospartidosque tiverem oblido quoci ente substancialm ente me nor. Quase todos argumentam que isso seria desejável. W ande rley « los
eleitoral". Santos 6 11111 a voz discord ante quase solitári a.
A influência da distribuição dos votos entre os candidatos: nem todos tos, um deles at ravés das sobras. Suponhamos que o P DC tivesse entrado em aliança
ganhavam, e a lguns tinham muito a perder com um o utro p artido X, com votação insufici ente para eleger um candidato e
cujos votos esti vessem m al distribuídos, conc entrando-se em três candidatos cuia
Um ilos pressupostos que encontram os em alguns trabalhos sobre as coliga
votação ind ividu al fosse superio r às do segundo e terceiro candidatos pedecista s
ções eleitorai s é que ninguém perdia e todos pod iam ganhar.N ãoé verdade.Al ém
eleitos. Soma ndo os votos desse partido e do PDC, verifi ca-se que a aliança teria
disso , raciocinam a pa rtir dos parti dos, e não a p artir dos candidato s. As duas
eleito, i gualm ente, três cand idatos, mas não os mesmos: os dois candidatos mais
racional idades, individua l c partidária, nem sempre coincidem. A racional idade
votado s do p artido X seriam eleit os em luga r do segundo e do terceiro mais vota
dos candidatos v aria com o sistema de listas. Caso as li stas fossem separadas, as
dos do PDC .1 * O mesm o pode ac ontecer com partidas com forte vot ação: um p ar
“coli gações *’ seriam somen te a soma das votações d os partido s tom ados ind ivi
tidoeleitoralmenteforte,com votaçã oequitat ivamente distribuídaentreseuscan
dualm ente. Se, graças à forma ção de coligações , o núm ero de eleitos aumentasse,
didatos, pçc. e co ntribu ir com suas le gend as para eleger os candidatos do partido
alguns que não teriam sido eleitos o seriam, e ninguém que tivesse sido eleito
aliado, el eitoralmente d ébil, mas com m aior concentraçã o de votos.
perderia a cadeira. Mas a lista era única para a aliança como um todo, e não por
partido . 81A ssim, um cand idato m uitovotadonum partidopoderia d esbanca r outro
_ E x e m p lo _ _______________P D C P a rt id o X
menos votado no outro partido, que ter ia sido eleit o sem a aliança. Os politi cos
Candidato I S.,27 8 729“
ma is experi mentados da época est avam m uito conscientes di sso. Para um tes te
cabal des sas hi póteses fa lta um dado : as col igações que n ã o existiram po rque os Candidato 2 3 098 5 177
Candid ato 3 3.001 3 325
candidatos de um partido acharam q ue seriam prej udicados. Candidato 4 2.888 295
Não ve r a possibili dade de perdas deriva de uma visão desumanizada do par
To<al 62.228 26.712
tido: um partido sem pes soa s. Mas os partidos incluem pes soa s também , e a ra
cionalidade de cada candidato é ser eleito. Essa racionalidade é individual, e a Quociente eleitoral hipotético: 30 mil.

proposta de uma aliança também é examinada a partir dela. Essa racionalidade


pode co lidir com a dopa rtido.O candidatoprejudi cadop or um a ali ança tem diante No exemplo acima, o PDC loi prejudicado pela ali ança com o partido X: cas o
de si várias atitudes possívei s, um a das quais é tentar ob star a aliança e outra é o partido A se tivesse apresentado sozinho, teria elegido dois candidatos,
mu dar de par tido, caso ela s e concretize. eandidatand o-sc a um terceiro através cias s obras, enqu anto o p artido X não teri a
Quando a racionalidade do pa rtido e a do indivíduo colidem , como se com elegido nenhu m. E ntretanto, devido à distribuição desigual entre os candidatos
porta o indivíduo? Evidentemente, não há resposta úni ca: há m uita vari ação en 0 PartKlo X, o PDC 11ao eleger ia nenhum candidato diret ame nte (.10 m áximo,
tre os indivíduos. Mas, haverá diferen ças e ntre as médias dos parti dos? Creioqu e pod eria eleger um , se houvesse sobras), ainda que a aliança eleg ess e três candida
sim , e seriam essa s dif erença s entre os partido s no tocante à capacidade de seu s tos (ou quatro, se fosse beneficiada pelas sobras). Freqüentemente, as direções
mem bros para pôr a racionalidade partidária acima da individua l que expli ca partida nas v êem nas coligações uma o portunida de de gan har mais uma cadeira
riam as difer enças entre o com portamento dos pa rti dos. U m p artido seria mais porem muitas coli gações benef ici am um pa rti do à cust a de ou tro .1*7
um partido e m enos um saco de bat atas,** na medida em que seus membros sa Portanto, a racionalidad e eleitoral pressupõe conhe cimen to da distribuiçã o
crif icassem a sua racional idade individual em favor da partidári a. interna da votação entre os candidatos dos partidos coligadas; em princ ípio, o
Do pon to de vist a de racionali dade eleitoral, a ent rada de um pa rtido em co pio r ali ado e o que adiciona poucos vot os m uito concentrados cm poucos cand i
ligações eleitorais depende das possibilidades eleitorais de cada partido e, tam datos. Portanto, para o p artido e m condições de certeza de eleger sozinho um ou
bém, da distribuiçã o dos votos pelos candidatos de cada ali ança ou c oligação: u ma mais candida tos, a racionalidade eleitoral da entrada ou não em coligaç ões e ra
aliança pode prejud icar um p artido cm favor de ou tro. Nas elei ções de 1954 para a m uito d iferente: havia riscos e benefíci os difíceis de est imar.
Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Jan eiro, o PDC elegeu t rês candida- O problem a funda me ntal para a correta aplicação da teoria dos jogos é que o
conhe cimento que os decis ores tinham à respeito da força eleitoral dos partidos,

,M N d Riu de Janeiro, o exem plo do PSB era notável : o partido não tinh a votos suticici r.es para
eleger inn depu tado federal. Buscava , então, alianças. Entretan to, a Sua vol ação estava concen* Isso porque, d entro de dada lege nda, os candidatos elei tos eram os mais votados individ ual
Irad.i num candidato, Breno da Silveir a. A aliança do PSB com um partido m aior, o PTB, dilicil- mente sem distinção de partido, como determinava o § 1» do a rt 59 do Codieo Eleitor al “O
mente aum entaria a bancada do PTB c poderia até díimn tif-fa, caso a aliança não "ganhasseM piecnc ni mento dos lugares com que ca da parlido for contemplado far- se-á seuundoa ordem de
mais uma cad eira com as sobras do PTB e os vo'os do PSB eper desse nina pa ra Breno da Silveira. votaça o n omina l de seus candidat os”.
1 • Mnrx que me perdoe este abuso. ' -’ Nas eleiçòe s de i«W4 o r r foi mu ito prejudicado eleitoralmente pelas alianças e coli gaçõ es,
ao passo que o PSB eo PCdoB foram benef icia dos.
sua distribuição pelos candidatos etc.. cia evidentemente incom pleto, forçando-
os a utilizarestim ativas frouxas.“ " Os métodos e a s inf ormações utilizadassão dc
cap ital ímpo rtanc ia na analise das coligações eleitorais. Va le su blinh ar que ess e
problem a e grande no caso das coli gações eleitorais, e quase inexisten te no enso ve.ra (1973). U,n p,u1ldo y° como
a- —sub linhou
- "•Oli-
das coali zoes po nicas pos-e leitoniis, quando a distrib uiçã o ci e forças é conhecida
M apli ca-se m elhor a análi se do tipo custo-benefi cio. A racionalidade eleitoral e a eficiência das coliga ções

A condição mino ritário

Utilizarei um exemplo extremo da racionalidade eleitoral: o partido peque


teissassssisssgfs
es sa re pr es en ta çã o, ou, ai nda, d e Z r om 1 " " ‘ ÍC ai' me"''-» -
no sen. qualquer possibilidade dc triu nfo n uma eleição majoritária. Para esse da do s co nc ret os qu e co rr ob or em no p l a n o ^ P e n s a a ap res en taç ão de
partid o, concorr er sozinho é perder na cer ta. Aliar-se a um perdedor cujos votos dem onstrar que as coli gaçõe s eleitorais 2 ?“ ' aílm'-'í ão. lí nece ssá ri o
ram es sas prob abi li dades C b u ip a l ó 1 ai"™ "‘'-
i 1,3,1 em,pa" U' scjam clal3men te insufi cientes para ganh ar as
elei çõese,igual mente, perder.D arseus votosa um provávelvencedorque nãolhe elei torai s com a sua rep res ent ação : as c o liga cL « J S ? * ■ r 'í' Pda S loli®".«es
, ara nada em .roca «ampmico Ra„ho . A solução, então, será um a combinação instrum ento de maximização do lucro nolttico ele ? 7 '“fi mclo n, ,r a">» » » tun
Probabilidade de ex ilo e lucro político, em caso de vitória Xote-s e Corna ra Fed era l quanto nas el ei çõe s ' 'an‘" el tó ^ s P» a a
que ess as deci sões nao se tom am abstratamente, m im vácuo existencial , mas em -eme, asc oligaçõesr ece beram U ap e,’ ™ ^ !" - '5 'l " '' " “ 8- Si sl “™ ti <' a-
do que sobre o total dc votos v álid o s /' " r ®obre 0 to ,al d« eleit os
Situaçõ es concretas, nas qua is dif eren tes partidos e candidatos oferecem dileren-
di f er en e ífT T t ^°}O S col .,lrol, ados P cl° P ^t id o em questão, tendo tam bém
fc.entes probabilidades estimadas de v itória nas elei ções. "” Raciocínio sei ne- q« e f e z a um en tar a ' r c - n ' l 7 i ^ d o s ^ n ' ' r i l ' C°IÍS''"’'f ie s el ei ">r a is . o
i.int e se aplica ao par tido que, em eleiçõ es proporcionais , considere ser impossí- Em ,962. por exemplo, houve 4 % ama ” 1 Z Z ^
e elegei um representante. Uma vez mais, concorrer sozinho é perde r na certa doqu e seria dc esperar se as coli gações elei torais '*** as sc,mb leias estad uais
<•'» aliança com outro partido implica somente a possibilidade de eleger aS 1« Par ti dos isol ado s e n ão re p re s e n ta i‘ TJZT**“ P' "babi li<la<1“
nm ou nuiis representantes. Torna-se, pois. evide ntea racionalidade <l as coliga ja d e e le it o ra l. Es ses 4S4 r ep re se m ar an , m d á n J " “ s" |, c ri » r <lc ra c io n a li-
ções. Mas, aliança com quem? O utro partido pequeno? Sim, mas somente no caso duais ! Km (954/55. nas * '! <|uc ‘,2 esla-
renç a de 7%. cm 326 deput ados fe der ai s ouTeia a m w e| ,tontra,nos uma dif e-
t|Ue “ <l0S VÜ,0S deSSC Segund0 p arli,l° P«|ueno eleve Essamedit ada da ra ci ona lidad e da s * * “ “ *» •
o total de m aneira a supe rar o quociente eleit oral e que o cand idato mais votado
<las coli gações eleitorai s si gnincou uma c rfw n íe ,-*! h’' ‘" r
o T m '0 ParlÍ'IU Era"de? Por ‘ 1UR l,iio ? M ils <K>al tico-parl lidário.em bas es eleitor;, is ao co ntrírio dÁ S'™ KI l« 1'-
o m elli or parceiro, ev ide ntement e, é o que co ntribui com votos, mas não
tanstasjla pol it ica bras üd ^ ---------' ----------lj£É £^ j°9» gafinnaranrtantos E55 g~n-
ra nd iTt '0ta'1 " 5' 0 que aPresente ■■«-«■oi- eqiiidistribuição entre seus
candidatos e m aiores perspectivas de sobr as que benefi ciarão o outro partidode

f ta'!'U5 a"‘ i0- ° Partill ° poqucn o' com '"I " 1 inferior
c,o li I ! I i ™ e ,SCm p?rspec,iva ,le representação, é o caso lim ite ,la ra recebidos, sobre o
cionalidade da aliança eleitoral . Nada tem a perder, só tem a ganhar .
Nao obstante, a probabilidade de el eger um ca ndidato e a de aumentar a re-
piesentaçao no o suo as umeas racionalidades: a ali ança pode se r parte de um es
quemapolíti coe m terpartidári om aisamplo,c omoo demonstraa ma iorfre qii èn- 195 0 — jõ -- -- -- -- -- -- -votos % d ee leit oi ,S
1954/5 S 27 " N ,3
“ OdracoMtwcinwa10 eus estimativas err adas, evidentemente, violam mr. dos pri ncíivos basi- 1958 36 l i ‘ 10
ío*M
jo go s a<ipna ílirrrdci6cu
aiH 5' C.a“ K‘,u;,
T conhecim ento ,“!menl c' 11 P
e estimativas «« l™ »&irá e... como, rnidade cuni a icoria dos
erradas. 47 ,5, '0

lral“ " '° ‘ Cn írko COr au cs:c " a° Pode levar em conside ração to das as ------1 k
™ s™ » o«.inalai- linhas r.,ová-
í
...... , ,lu PnnciP '°s gerais abstratos que perdem, em rada císo os
iKMicfl cios do co nhecimen to concreto.
1962
* “ V" lOS vál"ios «d w i » 47% dos depu tad os. hll'' °',w - -13col igaçõ es rec eber am
Ass im, nas el eições majoritárias , a imp ortânc ia relativa das cohga çoes deve
nh.vr. B rasil < le Lim a Jr . (1983) sa li cnlou o lado n egativo da equaç ão: rá ser m aior do qu e nas elei ções proporciona is. N o nível estadual, asel eiçoes para
mJ m t o o apoi o a »m cand, dat o ou par ti do sig ni fi cava mmnm zar o a poi o ao s governador, m ajoritárias, são mais propicias a formaçao de cohg aço es do q i
cindida tos e partidos adversários. Ao provocar uma aliança com um possíve lalia eleiçõ es prop orcion ais para a assembléia estadual.
um pa rtido ou candidato ga nl^v a duas _ve. es: somava os votos
aliados c siifrtrcrífl os mesm os votos do(s) adversai uns;. Tabela 16
Percentagem de deputados e senadores el eit os
Num dos tr abal hos mais compl et os sob re as col iga çó .“ ®IT ^
po r co li gações, 1950-62 ___ _____ __________
Roecrio Sch m itt (1999:50) utilizou outra m edida da efici eneia. S0% das al ianças
S a i s S l r a ^ e pu ta dose n .re1 950 e, 9 6 2o b tiv e ra ma p n me irao u a Anos 1954 ______________________l « B -------------------------------- l í M ----------------

segunda posição em n úm ero de votos (...). LNo] nível estadual, est e mesmo Deputado s 34 41 4?
percentual fi ca cm 55% • Senadores 64 _____ __________________________ ____________ '

Em 1962, havia no B rasil 22 governadores eleit os, em comparação com 1.072


0 número de candidatos eleitos deputad os estaduais. As diferenças no níve l estadual, portan to, devem ser gran
O núm ero de cand idatos eleitos numa eleição qualqu er é de i mportância. ca- des . No nível federal, as el eições para preside nte e senador (m ajoritan as) deve
pitai para a formação de coli gações . Supondo que o riam estimu lar m ais a formação de coli gações elei torais do que as elei ções paia
no r um pa rtido seja constante, a s elei ções nas quais s e ele gem mu itos candidat os deputado feder al (proporcionais). N aquele mesmo ano, havia 66 senadore s no
diferem dasel eiçõe snasqua isseel egempoucoscandidatos(ou mesm o""'», 1>™- país e 40 9 deputado s fede rai s.«' » Em três elei ções dif erentes , * a percentagem de
oue «c o nú mero de votantes for aproximadam ente igual, o quociente elei t deputados fede rais eleit os por coligações eleitorais foi m eno r do que a de senado
será diferente! Assim. onde for eleito m aior núm ero de candidatos, o quoc,ente res - em t95'1 /55, a dif erença foi conside rável . Houv e, porem, um a tendenci a de
inrtid ár io será men or e liaveiá m aior probabili dade de obter repre senta çao com crescim ento das coligações no nível dos deputados federa is que nao se verificou
«‘mesmo nú me ro de votos, probl ema que int eressa de no níve l dos senadores. Em 195- 1/55 , aproxim adam ente dois terços dos senadores
nos . À medida que baixa o quociente eleitoral, d.mm ... o se elegeram através de coligações, cm c ontraste com um terço dos deput ados. f e
nada tem a perder” entra ndo em coligações. D entro de cada pa tido, aun^enta o derais; em 1962 , aproximadam ente metade dos senadores e dos deputados se tle-
núme ro de candidatos com alta probabili dade de ele ger- se e t amb em de candida- geu através de col igações. A expressiva diferença observada em l )5 4 /o 5 , ó
“ c ^ d c ra in "s eg ur a” su a e lei çã o. As co liga çõ es , K) de .n pôr e m r. sc o s ua pontos p ercentuais, baixou para seis em 1962.
elei ção. Ksse s candidatos tend erão a influe nc iar as d ecisõe s part.dár.as no s enh-
dode nãoingressarem coli gaçõeselei torais. Assim, t;mtoo sist emac leitoial(p io A influência das elei ções majoritárias e das eleições proporcionais sobre
porci onal ou m ajorit ário) quanto o níve l elei toral (f eder a! ou ' ' ^ “ n; as coligações eleitorais: nível estadual
ciam a probabilidade d cos p artidos se coligar em, ou tras coisas se ndoconstan tes.
Os governadores são el eitos por voto m ajoritário, enquanto os deputados es
0 número d e candida tos eleitos: eleifões m ajoritárias e elei ções taduais são el eitos po r voto propo rcion al. A ess a diferença agicga-se outra, a do
número: en quanto o governador é si ngular, um por estad o, o numero de depu a-
proporcionais dos estaduai s é muito gra nde, tendo variado, em 19 62, de um nm um o d , o
Nas eleiç ões majoritárias, somente o p artido ou alian ça com Acre, a um má ximo de 11 5, em São Paulo. Nas elei ções para deputad o estadual, há
devotos“ ganha”aeleiçãoeel egeal guém.Osdem aisnao alguns pontos da racion alidade eleitor al que sugerem a formaç ao dc cohgaço es.
flcio lá na s e le iç ões proporci onais, c m aior o numero de paiI ci pante s (m tio o >
oue obt êm atním tipo À benefício eleit oral. Nas elei ções majontán as. é m aior o • com petir pela distribuição das sobr as;
. ob ter m aioria na Assembl éia ;
nftmei o dè partidos que, se concorrerem sozinhos, não obterão qualquer trpo de
• a um entar a represe ntação;
beneficio eleitoral (há outros tipos de benefíci os, como a lormaçao < a ül)’'1 ^
pú bl ica , a i ns tituc ion al iza çã o do par t ido et c) .C ‘' ^ ' l " “ 'e I5hfs X o n d e
los medi sDOstos a form ar coligações na s el eições m ajon t.uias No s est ados onae »' Incluindo tiés deputados pelos território s. onde não havia elei ções
prejud ica . cw npattçâo enl ve o» dois nívei s. Nio obstant e, a a leraçM t. ni ín .m n, qu e cs* «
nenhum dos partidos tem c ondição m ajoritária (mais de três deputados representam menos de l% <lo total d c deputado;. . _
seaproxima dasituaçãoclá ssi caemque havanos jo ga do re s n u m j o g o d c iwNr l0 s,, dispõe de inform ações comparáveis para as outras clei^ocs.
" m Ness es ca sos, a fonnação de col iga ções é al tamente provável.
• o mais elem enlar — a necessidad e de ob ter representação (no caso dos partidos Eleições casados e coligações
m iiilo pequenos, ameaçados de não conseguirem representaçã o) et c.;
• ob ler outros ganhos, extra-eleitorai s, como, p or exem plo, ca rgo s. Uma regulari dade encontrada tanto em 1945-6 2 quanto em 1986-94 é q ue,
Não obstante, nas eleições para o gov erno estadual, som ente um ganh a. Nas quando as eleições para a Câmara dos Deputados coincidem com uma eleição
elei ções sem coli gações e com m aioria simples, o venced or com freqüên cia é pre- majontária, particula rm ente p ara governador, as col igaçõe s são mais freqüentes
dcfinido. Nos siste mas que perm item col iga ções, o governo pode ser conquistado nas eleições proporcionais. Uivareda (1 991), a meu ver corret amente, interp re
por qualquer um dos diver sos pa rti dos m inoritários coli gados. Apar ecem aqui, tou ess a regularidade como um ind icio dc que os candidatos a cargos majoritári os
com tod a a sua força, tan to a teoria dos jogos quanto a análise de cuslo-beneí Tcio: usavam as coligações nas eleiç ões proporc ionais para m axim izar a sua pro bab ili
ospartidospequenostentam "veiuler" seu svotosaoscandi datosdospartidoscom dade de eleger-se e govern ar bem.
real poss ibil idade de vence ras eleições , pelo m aior preço possível (um a secret a
A percentagem de deputados eleitos at ravés de coligações, sobre o tota l de
ria, o apoio a candidatos a prefeilo em qu atro ou cinco m unicípios etc.) . enquant o
eleitos, cresce nas eleições ca sadas.«* Nas três eleiçõ es, a percen lagem de dep ula-
0 candidato a governador e o partido ou pa rti dos que já o apóiam anali sam as
dos federais eleitos pelas coliga ções foi m aior nos estados onde as eleições foram
vantagens oferecidas e o preço pe dido. Os p ari idos pequenos que n ão consegue m
vender os seus vot os a um candidato com possibil idade de vitória ficam alij ados coincident es. As dif erenças foram substanci ais, como dem onstra a anál ise est a
tística dos resullados.
de qua lquer benefíciodireto derivadodas elei çõe s.
Km 194 7, aproxi madam ente 11% dos deputados estaduai s foram eleitos atra No nível estadual, porém , as dif erenças são inconsist entes: em 195 4, não houve
vés de coli gações elei torais, em c ont rast e com nada menos que 70% dos governado ( 11% nos do is casos); cm 1958 , as coli gações foram maiores nos e stados sem elei
res estaduais. Km 1954/55, a percentagem relativa aos depulados estaduais baixou çõe s coincidentes ( 2 0 % contra 4%); e em 1962, a percentagem fo i m ais alta nos
para 10 %, enquanto a dos governadores estad uais subiu para 79%. Km 1958, uma eslados com eleições coincidentes ( 2 2 % contra 15%).
m inoria dos depulados estaduais continuou sendo eleita atravé s de coli gações ele i A analise dos cas os de simultaneidade de eleições majoritárias e prop orcio
torais ( 10 %), em contraste com mais de 2 /3 dos governadores est aduais . K m 1962, nais revela as seguintes regularidades:
um entre cada cinco deputados estaduai s fo i eleit o p or aliança, em contraste com
qua lro <’iiire cada cinco governadores estaduai s. As diferenças no plano estadual • no nível federal , a simu ltaneidade de ele içõe s m ajoritárias conduz a uma percenta
foram c laras c sist emáticas: em todas as el eiçõ es, uma percentagem m uito m aior de gem mais alta de eleitas p or coligaçõ es nas el eiç ões proporcionais;
governadores doque de depu lados estaduais s e ele geu através de coligaç ões, perm i- • no período ana lisado, es sa percentagem cresceu de maneira sistemá tica somen
1indo, po rtanto, um a generalização segur a. Em todas as elei ções, a percentagem de te entre os deputados federais;
deputados estaduais eleil os através de coli gaçõe s eleitorais ficou a baixode 2 0 %, en- • ess e crescimento fo i mais forte nos est ados com eleições majoritárias simultâneas;
quanto a de governadores esladuais situou-se acima de 60% (en tre 64% e 83%). •em todos os ca sos analisados, as percentagens foram mais altas no nível federal
do que no estadual ;
Tabela 17
• não houve regularidad es consistentes no níve l estadual .
Influência das eleições majoritárias: percentagem de governadores e
depu tados estaduais eleitos por coli gações, 1 950-62_________
Os dados dem onslram que as el eiç ões proporcionais federai s são m uito m ais
Anos 1950 1954/55 I95B 1962 sensíveis à s elei ções casadas do que as esladuais. Isso imp lica um víncu lo íntimo
Depmados 13 I 0‘ 10 19 entre ogov ernador e os deputados feder ais.O fato de um a eleiçãoser est adual e a
estaduais T*~ V ' outra leder al não significa que elas estej am desvinculadas. Nesse ca so. a ali ança
G overnadores 70 79 - -f 64 83
revela a formaçã o de grandes blocos políticos co m base estadua l e a vinculação

‘ Dacos referentes a 20 csuidos. dos


do . deputados fe derai s com o governador no intuitod e o bter recur sos paraoesla-
Assim, é evidente que as el eiçõe s m ajoritárias aumeulam a propensão à for
mação de col igações eleitora is, tanto no nível estadual qua nto no nív el federal .193

còíjga^õt«An0S rSla doS‘ OSrcs,,)ta(los disponív eis não especificam os parti das integrantes das
n ' i ) sucesso «las coligações nas eleições é uni método indir eto v sofrível dc- aquilatar a propen
d i' ,i coligar. A percentasem ilos que entram em coligações seria um indic ador m ais adequado. Como fo i exaustivamente demonstrado por K elnald odc Souza, 1996.
Figura 5
Tabela 18 Pe rcentag em dos vo tos ob ti do s pelas ali anças, po r nível eleitora l, N~
Percentagem , sobre o total de deputados feder ais, d os eleit os
ano e tipo de eleição, 1950-62
po r coli gações em estados com elei ções simultâneas e
não-simultâneas para governador, 1954-62 90
An o Simu ltâ ne as Não-si multâneas, 80 Federais sem
_____ %___ Total %___ Total 70
___________ : governador O
£
1954 42 198 20 106 60 Federais casadas
1958 56 188 22 116 o
1962 62 222 28 184 ç 50
o 40 f
Simultâneas: Amazonas. Bahia. Ceará. Espirito Santo. Pernambuco. Piaui. Rio de Janeiro. Rio -O Federais solteiras d

-V
Grande do Sul. SãoPaulo e Sergipe. Goiás em1954 e 1958; Acre cm 1962 ; e Santa Catarina cm 30 -
1954. 20 Estaduais casadas f-
C
Não-simultâneas: Alagoas. Guanabara (1962), Maranhão. Mato Grosso. Pará. Paraíba. Paraná.
10
Rio Grande do Norte e San.ia Catarina (1958 e 1962).
Dados srcinais do ISE. 0 Estaduais solteiras
Estadu ais sem governa dor
Tabela 19 Ano da eleição
Es tatí sticas da infl uên cia da simu lt ane idade das elei ções
Os dados m ostram que as coligações tendem a crescer ao l ong o do tempo , a
Sobre a tendência a Significação do X' Signifi cação do P hi
obter m aior votação nas elei ções simultâneas e a ganhar m aior relevânci a nas
se coligar, por ano de Mantel-Haensze Teste E xato de
eleiç ões federais do que nas estadua is.
Fisher (direita)
1954 0,001 0,00006 0,22 0 núm ero de candidatos efei tos: elei ções federais e eleições estaduais
1958 0,001 0.00000 0,33
Km todososestado s,on úmero dedeputadosestaduai selei tosera(ec) consi
1962 0,001 0,00000 0,34
deravelmente m aior que o de deputados federai s. Conseqüente mente, o quo cien
Es tatí sticas da influência do ano das eleições sobre te eleitoral é m uito m eno r nas elei ções para a Assem bléia Estadual do que para a
a tendênc ia a se coli gar, po r sim ult aneidade Câm ara Federal. Isso signifi ca que, em qualqu er est ado, os partidos menores tem
m aior prob abili dade de ob ler represe ntaçã o na Assem bléi a Legislat iva do que na
Signifi cação do X* de Ph i
Câmara Federal. O si m ples fato de estar represen tado por um deputado é imp or
Mantel-Haenszel
tante para o pa rtido, pois certos benef íci os para o partido independem , ou depen
Não-simultâneas 0,093 0,09 dem pouco, dos deputad os adicionais que ele venha a conseguir. Assim , a esc ala
Simultâneas 0,001 0.17 que mede a função de util idade do núm ero de deput ados para um partido não e
igual a o núm ero de deput ados. A utilidade do prim eiro deputado 6 m uito maior
As elei çõe s para governador em condi ções inslitucionais que max imizam a do que a acrescen tada pelo seg undo. Km outras palavras, em termos de util idade,
necessidade de coli gações (m ajoritárias , um só turn o, sem re strições às coliga o intervalo que vai de nenhum (zero) deputado a um é ma ior do que qualquer um
ções e poucas restr ições ao núm ero de partidos) acarretaram a formação de gran
des blocos polilico-eleitorais com base estadual. Outras condições institucionais dos interv
prime alos subseqüentes.
iro deputado — do que paI^>go ra obter
, háum
m aissegundo
pressão ou
para
umobte terceiro.
r representação —o s
Nas el eiçõe
lim ilara m a estabil idade desse s blocos (l islas abertas, ausência de fidelidade pa r federais, ó m aior o n úm ero de partidos cuja representação não está assegur ada.
tidária, pouca relevância do voto de liderança, poucas restrições à mudança de Porta nto, as coligações devem ser mais numerosas e impo rtante s nas el eições fe
partido, mandato individu al e não partidári o). derais do que nas estaduais. Es sas diferenças deveriam ser particularm ente claras
Sc hm itt (1999) levou essa diferenciação mais a diante: separou as elei ções não-
no caso dos pequenos partido s. Esse c o efeito da mag nitude .195
simultâneas ou “ solteiras" das el eiç ões em que não s e votava para governador
|X> K|u c se tratava de te rritórios , cujos go vernadores eram nomeados. Us ei os « la
W5Agradeço a.Iai ro Nicolnn |>or lembra r-me essa nomenclatura.
dos de Sch m ilt para cons truir o gráfico da página 15 7:
Um segundo ponto estratégi co é o que confere m atorra (e, conseq üentemen Na análise do tip o I, n a qual se seleciona ordenadamente uma variável inde
te, controle) a o partido, representad o pel a fórm ula l + n / 2 , onde n è o número pendente, a par tir de critérios de variância expli cada, vendo qual a con tribuição
total de deputados. das demais, a variável escolhida foi o nível, mas o ano teve uma significati va co n
Dada a m aior dispersã o eleitora l das elei ções estaduais, há nelas meno s opor tribuição a diciona/, assim como a interaçnn des sas dua s variá veis .
tunidad e para um p artido ser m ajor itário do que n as el eiçõ es federai s. P ortanto, o A an álise do tipo 111, na qual a nalisamos o efeito inde/xindentc de cada variá
jo go e le ito ra l é d if e re n te ; ha ve nd o m a io r nú m e ro de pa rc e iro s em co nd iç õe s de vel. mante ndo cons tante todas a s demais, indica uma con tribuição sólida de ca da
incerteza, aumenta a proba bilidade de formação de alianças, uma delas, sendo a do ano da elei çào parti cularm ente significati va. Além da con
r — As deci sões t omadas po r partidos s ão d eci sões tomadas por indivíduos den- firma ção «lo que era ób vio a pa rtir da inspeção das tabelas com as per centagens,
jl r o d o p a rt id o . N o ca so da s e lei çõ es pa ra a s as se m blé ias es ta du ai s, há u m n úm er o 1içamos sabendo que o efeito co njunto do ano e do t ipo de elei ção não é simples e
ma ior de indivíduos que têm sua elei ção garantida, em comparação com as elei aditivo. Os dois interagem, sugerindo que, em determ inadas anos, o efeit o do tipo
çõe s para a representação e stadual na Câm ara Federal. Conseqüenteme nte, nas foi m aior do que cm outros, e que , em um dos dois tipos, o ano contou m ais. A
ele içõ esproporcionais,hámenos pre ssãonosentidode max imizarosganhoselei análise separada da votação ob tida pelas coli gações em cada tip o de eleição traz à
torais do partido através de col iga ções no nível estadual do que 110 nível federal. lu/. novas i nformações: quando controlam os a relação de um nível com o outro
Ixigo, deveremos encon trar m aior percent agem de deputados federai s do qu ede (é a mesma, do n ível estadual para o federal e vice-versa), verificamo s que o ano
estaduais eleitos através de col igações eleitorais e, tam bém , ma ior percentagem faz uma diferença m uito m aior nas ele ições federais. li ssa interação das dua s va
de governad ores assim eleitos do que de senadores. riávei s é co nfirmada pel a análise do termo de interação :
Efetivam ente, em todas as el eiçõ es consideradas, a percentagem de deputa
dos eleitos através de coliga ções foi sup erior nas eleições federais: em 1954/55, Tabela 20a
enquanto um entre três deputados federais se elegia através de coligações, so Influência do ano so bre a votação nas coli gações, 1950-62, po r nível
mente um entre 10 deputad os estaduais s e elegi a dess a ma neira; cm 195» , au de eleição (federal versus estadual)
mentaram as diferenças: quatro en tre 10 . em comparação com u m entre 10 ; e m GL Tipo II I SS Aleon square Val or de F Pr > F
1962 , en quan to m etade dos depu tados federais se el egia através de coli gações,
Nivel eleitoral 1 163.2791814 163.2791814 8,71 0,0419
dois em cada cinco deputado s estaduai s se el egiam do mesm o modo. As diferen Ano 1 269.8802500 269.8802500 14,40 0,0192
ças , portan to, foram sistemá ticas e substanciai s. Ano x Nrvd eleitoral 1 165.2422500 165.2422500 8,82 0.0412

Tabela 20 No nível estadual, a relação com o ano não é significativa. No que tange a
Influencia do ano sobre a votação nas coligações, 1950-62, senado res e governador es, as difer enças foram de m enor ma gnitude, mas na dire
po r nivel de eleição (federal versus estadual) ção prevista: ein 1954/55, 64% dos senadores foram e leitos at ravés de col igações,
Fonte Va lor de F Pr > F em comparação com 79% dos governadores; em 1958, as percentagens corres
Nível* 56.95 0.0839 pondentes f oram 45 e 64%; final me nte, em 1962. houve um incremento substan
An o — influên cia no nível esta dual 5.57 0,2552 cial das di ferenças, que atingiram 30 po ntos percentuai s de H3%, entre os gover
An o — influência no ní vel federal 51,05 0,0885 nadores. para 53%, entre os senadores. Confirmou-se, pois, em toda a linha, a
influência do nú m ero de eleitos sobre a probab ilidade de que s e el egess em atra
' A relação ò a mesma de um nível para o ou tro e vice-versa. vés de coligações interpnrtidárias.

A prim eira observaçã o nos diz que o siste ma e xplicativo que usamos (o nível
federal iw m t estadual —, o a no e a inter ação entre os dois) é ade quado para A infl uência do tama nho dos partidos
explicar a variação na percentagem dos votos obtidos pelas coligações. O coefi Nas seções anteriores apresentei uma série de razões que levariam os parti
cient e de determinação (R-) é mu ito alto (0,95 ) e indica que a equação escolhida dos pequenos a aliar-se m ais do que os gr andes:
explicou 95% da variância da variável dependente. A probabilidade de que ela
■ a possibilidade de o p artido não obter representação, s e não se coligar, p or não
fosse devida ao acaso é men or do que qua tro em m il.
conseguir votos s ufici entes para al ingir o coefi cient e e leit oral;
- a distribuição «las sobras eleitorais só beneficiava os partidos (ou coligações) Estatíst icas rel ati vas aos efeit os d o tam anh o dos
que ti vessem elegido pelo menos um deputado; havia, ent ão, um incentivo adici pa rti do s sob re a propensão a co li gar, po r a no
ona l para a liar-se e coligar-se; Ano Xde
* Teste Exato de Ph i
• 11111partido pequeno não pode alme jar controlar a Câmara ou uma Assemblei a; Mantel-Haenszel Fisher (direita)
logo, po r defini ção, não se defrontam ess es partidos com u m grande em pecilho à 1950 ns 0,09 0.09
formaçã o de colig ações, isto é. a possibilidade de conseguir o contro le da Câma- 1954 0,004 0,004 0,16
ra em questào contando somente com os seus próprios votos . 1958 ns ns 0,005
1962 0.001 0,00000 0,38
Po rtanto, era de esperar que as partido s pequenos entrassem em coligaçõe s
ma is do que os grandes. Nas qu atro eleições federais de 1950 a 1962, os partidos
Os partidos grandes, portanto, têm neces sid ade de adotar ideol ogias mais
pequenos apresentaram m aior percentagem de deputados federai s eleit os p or
flexíveis e mais amplas pa ra co brir toda a extensão de sses i nteresses. Ko segundo
coligações do que os partidos grandes. Essa diferença persistiu durante todo o
caso, o efeito é positi vo: q uanto m enor o partido, me nor a probabilidade de con
período analisado, ainda que os níve is absolutos de eleições através de col igações
seguir representação de maneira independente e, logo, maior a necessidade de
tivessem um increme nto consi derável , no deco rrer do período, tanto entre os par
aliar -se. N o côm puto final, os partidos pequeno s aliar am-se mais do que os gran
tidos grandes qua nto entre os partidos pequenos. Km 1950, a di ferença fo i de 36%
para 24%; em 1954 , de 52 % p ara 30%; em 1958, as percentagens foram 48 e 40%, des, sugerindo que a racionali dade eleitoral foi um fato r de ma ior peso do que a
resist ênci a ideológica.
respecti vamente; e cm 1962, 79 e 59%. Em 1962, qua tro entre cinco deputados
federais dos partido s pequenas foram eleitos at ravés de colig açõcs.
A influênciaf conjun ta do tom anho dos partidos e do nív el el eitoral
O tamanho dos partidos influenciou tan to a coesã o i deológi ca quanto a ne
cessidade de aliar-se a fim de con seguir representação políti ca. N o prim eiro caso, A análise conjunta da infl uência do tama nho dos partidos e do nível el eitoral
o efeito sobre a propensã o a ali ar-se fo i negativo: a co esão i deológica dim inu i com sobre a propensão dos partidos a form ar coligações eleit orais revela o se u caráter
o crescimento do pa rtido, em função da m aior heter ogenei dade soci oeconômi ca tifm ufa riuo . Considerando, desta v ez, o s l r ês maiores partidos , PSD, UD N e PTB,1 ’'
de suas bas es e, conseqüentemente, dos interesses que o p artid o representa. e toma ndo com o unidade cada partido que concorreu às ele içõ es em cada est a
do ,"" nas qu atro eleiçõ es anal isadas (1950,1954,1958 e 196 2), tanto o nível elei
Tabel a 2 1 toral quan to o tamanho dos partidos foram fat ores importantes para explicar a
A inf luência do t am anh o dos parti dos : % dos deputados variânc ia das col igações. As diferenças en tre partidos grandes e pequenos foram
federai s eleitos a tr avés de c oli gações p or p arti dos
grande s e pequenos, 1950-62' vr‘ O critério de classificação foi alterado porque o PSP era um caso fronteiriço. Entre 1950 e
Anos 1958, esse part ido poderia ser considerado grande. Km 1962, porém, aumentou m ui:o a diferen
Partidos
1954- 1958 1962 ça entre o n úme ro de dep utados ele itos pelo PSP e o de eleitos pelo PSD, pelo 1*115 e pela t.TJK.
1950a Ü PSP perdeu substância, colocando-se no mesmo nível que o PDC. Ao incluir o PSP como
Grandes 1 2 *1% (268)’ 30% (276) 40%(276) 59% (346) grande, em uma análise, c como pequeno, em outra, pretenda demonstrar que as diferenças
Pequenos* 36% (36) 52% (44 ) 48% (50) 79% (63) encontradas não são atribuiv eis ao "co rte" entre grandes e pequenos. Outros autores, usan do
critér ios diferente s, chegaram a outras classificaçõ es. Olavo Brasil advert eque os grandes parti-
* Tola is sobre os quais as percentagens foram computadas. dos no nív el nacional não são obrigatoriamente os grandes partidos em Iodos os estados. Sua
• Exclusive seis deputados sem partido. análise, qnc enfatiza o nível estadual, computa os maiores pa rtidos c m cada estado. Se gundo
Incluí PSD. UDN. PTB e PSP. Jair o Nieolaii. tan to a estratégia adotada po r Olavo Brasil quanto a adolada por mim não levam
em consideração a mudança, o que faz com que o s quatro maiores partidos, quer no nível nacio
' Inclui os déniais partidos que concorreram ãs eleições. nal, quer no nível estadual, talvez não permaneçam os mesmos de eleição para eleição.
m O indic ador de participaçã o cm coligações foi alterado para ve rificar se a mudança no i nd ica-
dor seria responsável pelas rela ções encontradas. Assim, um partid o que concorreu às eleições
aliado a oiilro (s ) mnn estado conta um ponto para as al ianças. O total é dado pela somatória dos
lls ri os quatro m aiores partidos nacionai s porque desej ava salxm ar a comparabil idade dos estados onde cad a pa rtido apresentou candidatos. Portanto, se o PTB apresentou candidatos
lindos de uma eleição para outra; outra estratégia, talvez mais adequada , seria usar os quatro em 2 1estados, esse total foi adicionado r.o tota l de estados onde a U DN apresentou candidatos,
maiores partidos e m cada estado, que podem ou não corresponder aos maiores partidos nacio e assim por dian te. Se um par tido apresentou candidatos em qua tro estados, esse partido conta
nais. como quatro.
sist emáticas:nos dois níveiselei torais,ospequenosentraram ma iscm col iga ções políticos conservadores nacionais era, pois, uma questão de articulação política
do que os grandes. As diferenças entre os dois gr upos de parti dos, porém, loi sem entre os interesses locais e estaduais já organizados. Porém, o PT B eo s pequenos
pre m aior no nível federal do que no nível estadua l. Não obstante, h ouve um cres partidos não dispunham de uma infra-estrutura: esta t eria que serenad a. Con
cim ento acelerado dessas diferenças tanto no nível estadual ( 0 ,2 % em 1 950; 4,1% frontava- se o rettem-cri ado PTB com uma dura reali dade: na ma ioria absolut a
em 1954; 9,3% em 1958; e 15,1% em 1962) quanto no nível federal (12,3% em dos municípios rurais brasil eiros, a políti ca tinha u m fundam ento sólido na pro
1950; 7,5 % em 1954; 21 . 1% em 1958; e 22,5% em 1962). A m aior relevância das priedade da terra e era conduzida exclusi vamente po r uma oligarquia ru ral. Os
diferenças entre os pa rtidos grandes e pequenos no n ivel federal deveu-se ao fat o m unicípios eram mercados polít icos autônomos; grande parte da comunicação
de que nus elei ções est aduais havia ma ior núm ero de pa rtidos pequenos que po social e política que ating ia a ma ioria absoluta da j>opul ação emanava de fontes
diam eleg er pelo menos um candidato e conseguir repr esentaç ão com seus pró exclusi vamente locais, lí ssa m aioria não tinha contato direto com o ex terior; pou
prios votos. ca ou nen huma comunicação ultr apassava o s limites es trei tos do m unicípio. O
Analisando as relaçõe s enlre o nível elei toral e a propensão a entrar em c oli contato com o exterior era feito por m eio da oli garquia. Os mercados polít icos
gações, nola-se que o nível eleitoral foi de fundamental importância e que sua eleitorai s locais não se e ncontravam integrados no m ercado político nacional, es
influen cia sobre as coligações atingiu partidos gran des e pequenos. Tal influência tando fora de sua zona de influência. Os líderes políticos nacionais, as idéias e
foi relativamente constante: nas quatro elei ções, encontramos uma dif erença de ideologias políticas nacionais e de classe, que poderiam unificar populações vi
aproximadam ente 30 pontos percentuai s en tre os dois ní veis , üm lo no caso dos vendo a mesma situação, não ti nham com o entrar nes ses municí pios.
partido s grandes quanto no dos partidos pequeno s. Em todos os casos, houve m aior Qual a estratégia a ser seguida, a curto e médio prazos, pelos partidos
propensão a entrar em coligaçõ es n o nível federal do que no estadual . popu listas desejosos de “a br ir" es ses mercados políticos estanques? Os partido s
Os partidos pequenos apresentaram mais candidatos nas eleições estaduais políticos co m um a ideologia de cl asse viam, assim , fugir â sua esfera de influência
(na s quais e m aior o núm ero de eleitos) do que nas federa is. A não apres enta ção política grandes c ontingentes popu lacionais que, por sua situação objetiva de cla s
de candidatos nas elei ções federai s pode ter diferentes int eiprelações: se, poderiam apoiá-los. Não obstante, esses mesmos contingentes eram os mais
submissos à dominação dos coronéis c das famílias tradicionais. E nfrentar a o li
• o p artido não tinha condi ções de ating ir o quocient e eleitoral e, simplesmente,
garquialocalnum confronto políticodiretorepresent avaacert ezadaderrota.Essa
des istiu de conc orre r às elei ções;
estrat égia, evidentemente, não foi seguida pelo PTB nem pel os pequenas p arti
• um ou mais candidatos do partido concorreram sob a l egend a de outro pa rtido;
dos. Dados r eferentes a M inas Gerai s demonstram que, nos municípios e distrit os
• o partido não apresent ou ca ndidato na eleiçã o federal, apoiando o s candidatos
eleitoral me nte bi ou m ultipartidários, a competição s e resumia a dois partidos
do partido do gov erno, em troca de apoio a um p refeito ou de um cargo; ou sej a,
tradicion ais, em g eral o PSD e a UD N e, às vezes , o PR, que represen tavam facções
trocou votos po r benefícios de ou Ira ordem ;
oligárqui cas dominantes. R aramente o PTB aventurou-se a um confronto direto
• o pa rtido apoiou os candidatos d e outro partido, em troca de votos para um
com um partido c onservador. Iss o não signifi ca que os partidos popu li stas esti
cand idato seu nas eleições locais ou estaduais.
vessem totalm ente ausentes da política local. O PTB utilizou ao má xim o as dis-
Km qu alquer hipótese, nota-se o realismo das di reções partidárias . Nas elei sens ões no seio da oligarquia dom inante, al iando-se com mu ita freqüência a uma
çõe s federais de 1962, em trê s de cada qua tro caso s, os partidos pequenos en tra das fa cções. Em M inas Gerais, em 1947,25 das coli gações que elegeram prefeitos
ram e m coligações, c para cada três que con correram às e lei ções estaduais, em nos mun icípios m ineiros eram ideologi camente mistas. Km 195 0, houve um clar o
aliança ou não, som ente dois conc orreram às eleiçõ es federai s. increm ento perc entual das coli gações mistas, que elegera m 42% dos prefeitos elei
tos po r coli gações. Em 1954 e 1958, es se í ndice e stabili zou-se em 45%.m Essa
As colig ações no nível mun icipal estratégia rendeu alguns frutos , já que as coli gações mistas elegeram 6 % dos pre
feitos m unicip ais eleitos em 1947, 8 % em 1950, 12 % em 1954 c 16% cm 1958.
O ano de 1945 apresentou aos partidos populist as recém-formados uma rea Dados referentes às elei ções para vereadores de 1954/55 em cinco estados (Sergipe,
lidade p olíti ca adversa. Os parti dos tradiciona is ainda não s e encontravam inte
Alagoas , Paraíba, Goiás e Esp írit o Santo) dem onstram que o PTB con correu atra
grados nacionalmente, mas contavam com um a base organi zacional estadual e
vés de coligações em 2 2 % dos casos, em contraste com 10 % do P.SI) e 12% da
mu nicipal ecom uma infra-estrutura socio econômica local que os favor eciam. Os
UD N. Essas diferenças são opostas às encontrad as nos níveis federal e estadual. A
parlidos conservador es tinham experiência organi zadora e ma nipuladora na po-
iíti ca, u ma vez que m uitos de seus lí deres haviam participado ativamente da polí
tic a na Repúblic a Velha e du rante a ditadura V argas. A formação dos partidos lw Vcr l-adosky, 1 962:95.
análise mais de talhada dos «la dos dem onstra q ue a forma ção de coligações era
mais frequente quando havia equilíbrio eleitoral entre dois ou m ais partidos e T m ?o rn d e 25 « “ W » « mis ta s em 19 47 . pa ss amo s
quand o o partido linha peso reduzido no mun icípio. Quando havi a uma confortá a 30 em 1950,50 em 195 4 e 78 e m 1958™ quando trê s coli gaçõe s populistas obtive
vel m aioria, difi cilme nte opa rtidom ajoritáriosccoli gava.Ess a estrat égia derivou ram suas primeira s v i tórias eleitorai s. Nas palavras de Ladosky (1962:95. 108) :
da invia bilidad e da oposta, o confron to direto . Pretendia o PTB (c tam bém o PS 15)
estabelecer pequenas cabeças-de-ponte em oenienas desses mercados políticos n(;in,l:;V r:;!fc !ín io; ,cenn,adüf:rm. e das ^ **«•* «*«* p ^ os i m »-
; I m c l t conserva dores c uma tendência de infilt ração nos partidos de tradi ção
estanques. Ue gend o aqui e ali um o u dois vereadores e, mais raram ente, um pre- I das legendas citadinas. O agente maior desta penetração é o PTB. cada vez
icilo, o PTB entrou nesses mercados políticos autônomos. Em alguns deles, lo
"m1!- !- « : : r ,or‘ 15816pí!rii<-lo,,qu‘; cm m ? ^ mi «- * »™,
grou a trair alguns elementos dissident es das oligarquias dominantes, que trouxe Tndu? ish ‘ VÍ h lí"\ a,T ° ma ÍD r ín di ce 1,0 crescin»ento do estado.
ram consigo uma quan tidade razo ável de poder econômico e el eitoral . Km oulros Li/, islou m a libeitaçao do e leitorado de seus dirigentes clássicos e a admissão
a orlentaçaopohtica p or elementos est ranhos aom eiotradicional. A renovação se
atra vés de acordos c “cambalachos’ polít icos, dando apoio inclusive ao pa rtido
^p ec ialm en te nos municípi os ond e mais at iva é a revo luç ão industri al o. cons^
dom inante (quando es se apoi o parecia fundamental, no caso de equilíbrio entre
siti iaçao c oposição), obteve cer tas recompen sas, como ap oio eleitoral em outros ^ a “ ;é r s a m w tode, n í0 Hl e *o b ra : 6 3 ,,u e l,ral o n ,a”, :,sf ' ™ *
mveis para alguns de seus candidatos ou empregos públicos, sobretudo no nível ^;S, ,‘°rl!ga^ s t,,eito, ais foram u tilizadas como uma forma d e racionalidade eleito
m unicipal, com os quais sc gratifi cavam alguns adeptos e atraí am-se novo s. ral, sobretudo pelos partidos de esquerda em municípios nos quais a dominação
Ou tro objetivo dessa imensa políiica organizacional era arregi me ntar força s oligarquica começava a ser quebrada. As tentativas, no nível munic ipal, de concor
locais para as el eições nos n íveis estadual c feileral.*» Obtend o para os seus can rer «m> o partido okgarquico foram nos es tados tradicionais insig iiifi cantes, prova-
clu en tcd ev ido escassas possibilidades de è.xitoeleitoral. O PTB. em Minas tJ e-
didatos a deputação 2 0 votos num distrito. 50 noutro, m il num terceiro c assi m
òonsiderVmos ]múh> luta política no nível municipal, quando
por diante, o PTB aum entou o núm ero de eleit os nas assembl éi as estaduai s e na «>.isderam os aquel es nnm inpios em que d ois partidos polí ticas . seenfrentam cm
Cam ara Federal. Relativam ente poucos coronéis candidataram -se pelo PTB a car C°m sua ^ ra,,tl* í Participação nos mun icípios em que houve co li-
gos ele li vos estaduais e f ederais. Os votos locais con tribuíram para eleger can di
datos com votação for te nas cidades e de ori entação mais ideológica c cosm opoli
ta. Assim , muitos votos locais, rurais e tradici onais dadas ao PTB contribuíram Ou tro observador, Ora cy Xogueira ( 1961 ), analisando independentemente a
para eleger candidatos urbanos, cosmopolitas c ideologizados. S e T se m cm X "C iP1° ^ es ta do dc Sa o Pa, ,, ü> ch ego u a con cl u-
Em alguns casos, essa estratégia foi bem-sucedida. Por exemplo, em Santa
Ca tarina, nas elei ções de 1954/55, o PTB elegeu somente 40 dos 567 vereadores ■Compa.ando-se a rase atual com a anterior a 1930 , no que t oca à vida p olítica a
Se acrescentarmos seis como estimativa dos eleitos cm coligações (foram 3 2 110
nmrm líHr s,R,,,r,cal ,va que se°bscrva consiste na passagem de uma for mação
total) chegamos a 4 6 , ou 8 %. No nível de prefeito, a si tuação do PTB era ainda mon olilica, em que apen as um partido tinha exist ênci a efetiva, para uma ore an iL-
pior: elegeu dois dos 6 6 prefeitos , coligando-se em seis opo rtunidad es com o PSD, no°l - i- h í' ' *’ Ciniq".e a d? ,fia° düS plei,ÜS cIcUorais o o equ ilíbrio de forças
partido que lhe era claramente supe rior el eitoral men te. Não obstante, o PTB ele no k„ i.slni ,vo mu nicipal dependem do modo por que se acomodam, se agrupam e
geu 13 % dos deputados est aduais, q ue também recolheram votos nos m unicípi os p o littf Dct, nn ^ “ “ Í,,UIÍS SC HColhem 08 <lue disputam o poder
1 or 1naçao poli tíca cujo principal mecanismo de integraçã o era a
onde o PTB com petiu como pa rtido m inoritário. Em S ergi pe, obse rvou-s e fenô
acomodaçao com a fam.ha dom inante, passou-se a uma condição de ampla diluição
me no seme lhante: o PTB recebeu 9% dos votos válidos nas elei ções para verea J o poder pol ít.co. Co „, a garanti a do voto secr eto e co m a p a, tic ip^ S c^ da vez
dor, 9.7% nas el eições para dep utado estadual, e 16% nas eleições para de putado rnic n í Ca " !c,,os ,nvore cidil e d[> elemento feminino , nos pleitos elei
federal . A o que parece, mu itos eleit ores deixavam de vo tar nos candidatos torais. M pc ciilm en tc na nrca urbana, os pr oblemas de int eresse geral c as prcoc.i-
pelebi stas nas elei ções l ocais, preferindo da r seus vot os a candidatos com ma ior E e‘s < ín.r T 't T™ ' Q Va°,,or,lando for^ » motivadcaas de crescente poder
chance, embo ra votassem em c andidatos petebistas no nível estadual e. sobretu tanto sobre o cos
personalismo eleitorado
estím como sobre os candidatos
ulos tradicionais da ‘políticaaos
de cargos
clienteletivos,
elirain embora o long e
da estejam
do, 110nível federal.
de sei em substituído s jx ir uma nova ética política."
Um dos primeiros s intomas importantes da quebra da dominação ol igárquica
no mvel m unicipal foi a formaçã o de co ligações ideol ogicamente m ist as, em vez A entrada em coli gações el eitorais pe rm itiu, portanto, uma prim eira pene
,:0 ''fr^Ções entre partidos conservadores que excluíam partidos de orientação tração em mu nicípios antes fech ados aos parti dos populistas c trabalhi stas. Além

l-idos ky, 1962:103. 201 Rvsv « K lm e m o reflet e em part e o do número de municí pios.
do estabelecer um espaço político local, ainda que red uzido, o P TB obleve votos de sua s opiniões no seio do partido, poderão dificu ltar um a ali ança ideologi ca
"pingados" em m unicípios tradici onalmen te oligárquicos qu e serviram para re mente esdrúxula com a U DN ou com o PKP . Isso aj uda a expli car por que o PTB
forçar sua bancada nas Câm aras Estaduais e no Congresso. se al iou com mais freqüência ao PSB do que à UDN.

O resu ltado é cl aro. Os partidos estruturados tendem a aliar-se com mais


As col igações co m o estruturas est ávei s
freqüênci a nos estados onde se ali aram anteriorme nte do que onde não se ali a
O faioci e a racionali dade e leitoral explicar parcialmente a propensãoa entrar ram. Ou seja, há diretórios estad uais incli nados a form ar colig ações e outros re-
em coligações não deve lev ar à conclusão de que as diferentes eleições represen fratários à formação de coligações. Km 1958, o PSD aliou-se em 11 estados nas
tam soluções exclusi vamente c oryim íwflís, resolvendo o pr oblema daquel e parti elei ções para a Câm ara Federal, concorrendo sozinho cm 12 . Km 1962, volto u a
do, naqu ele lugar, naquela eleição. As col igações apresen tam u ma certa estrutura aliar- se em nove dos 11, e, dos 12 onde não se havia aliado, voltou a não aliar-se
no tem po, isto c, são rel ações que se repelem. Isso se deve a várias razões, entre as em 10 . Isso nos leva á distribuição a seguir, que com bina o comp orta mento do
quais quero sublinhar as segui ntes: PSD n as duas eleições.
O comportamento estável representa 8:4% dos casos. Embora seja esse um
• As opiniões políticas de um estado não são voláteis; el as também apresentam caso relativamente excepcional (PSD, partido estruturado em eleições entre as
um a certa estrutura .*02 K pouc o provável que um p artido rece ba 50% dos votos quais não mu dou m uito), o número é signifi cativo. A U DN também apresentou
num a elei ção e 5% na seguinte. Have ndo estabilidade instituc iona l, uma elei ção uma e strutu ra nas coli gações el eitorais: dos 10 estados onde se aliou em 1954. em
reproduz, em cerla medida, o esquema de opiniões (e de forças eleilorais) das nove ela voltou a aliar-se em 1958; dos 1 2 est ados onde não entro u em coligações
eleições anteriores .2'” Logo, haverá uma tendên cia a repetiras soluções cons ide em 195-1, em nove ela se absteve de f azê-lo tam bém em 1958. Os casos inconsis
rada s satisfatór ias. Assim, uma ali ança que con duziu um esque ma à hegemonia tentes são poucos: um caso de aliança em 1954 que não se repetiu em 1958 (GB ) e
num esta do tenderá a se repetir . A um mem bro da alia nça perdedora poderá três casos de “novas” coli gações em 1958 (RG N, PB, PN). En tre 1958 e 196 2, ob
co nv ir ingressar na al iança vencedora, mas aos mem bros desta, tal vez não. Acres servou-se a m esm a estabilidade, com 17 casos estáveis e quatro não-estáveis. A
ce o fato de qu e as leal dades e ideologias conservadoras tê m seu papel, o que nos propensão a aliar-se ou não pode ser ana lisada através de coeficientes ci e associ a
leva à demais razões: ção: se o coeficiente fo r próx im o de zero, prevalecerá a teoria que afirma serem as
• Tom ando como pon to de partida a base estadual da polít ica, os entendi mentos colig ações eleitorais sol uções puram ente co njuntu rais e, por isso mesmo, impo ssí
inter pa rtidá rios são feitos po r pessoa s e, em geral, po r pesso as conhecidas. Há, veis de explicai através de teorias estruturais; caso contrário, prevalecerá no ssa po
pois, um espaço para lealdades interpessoais, a despeito das f reqüentes des cri sição. A estatística usada (odd s ratiolo git) sugerequeadistribuição prevista(diagonal
ções da po lítica com o um a arena onde as l ealdades não contam . Essa s leal dades consistente) tem um a chance 22, 5 vez es maior do que a não prevista (di agonal in
facili tam a reprodução das combinações anteriores, assim com o as lea ldad es consistente). 0 X 3baseado ne ssa est atíst ica nos d á um a p robabilidade < 0 , 0 0 2 .
negativas (contra outras pessoa s) difi cultam a for mação de algumas outras com
binações possíveis mas indesejáveis. Tabela 22
• Há, i gualmente, uma base ideológica da política, inclusive da política estadual. Estab il idade na p ropensã o a se ali ar: PSD,
Os mem bros ideológi cos do PTB aceit ariam m ais f acilmente um a ali ança, eleit o C âm ara Federa l, 1 958 e 196 2
ral e/ou polít ica, com o PSB do que com a UD N ou o PKP. Dependendo do peso Com portamento est ável
Aliou-s e nas duas eleiçõe s 9 BA, GB. CE, MT, PE. PI. SP. SE, PB
A votação que um part ido recebe num determinado lugar está al icerçada numa est rit m a Nã o se aliou nas duas eleições 10 Acre. GO. MG. MA. PA. PB, PN. RJ. RS. SC
socioeconómica c, cm particu lar, m una estrutu ra de classes. Isso é válido tanto para zonas urba Total 19
nas e ideológicas quanto para zonas rurais e trad icionais. Nas prime iras, a votação dos diferen
tes partidos le ni estreita correlação com a estr utura cie classes e depende dela; nas seg undas, óo Com portame nto i nst ável
tipo «le polític a dominan te, a oligárquica, que depende das relaçõ es do produção, e não a vota Aliou-sc cm 1958. rnas 2 AM. AL
ção que cada par tido recebe den tro da política o ligárquica. A estrutur a de classes não se altera não cm 1962
fundamentalmente a curto prazo em períodos contínuos, c a estrutura de poder e dominação Não se aliou em 1958 e 2 ES, RG
lam iliar que é a base da política o ligárquica tam pouco se altera de maneira essencia l num perí o
do inte releilora l. Ixigo , o esquema de forças dos pari idos políticos tende a apresentar uma certa se aliou em 1962
estabilidade que garante uma eslabilidade paralela na propensão a for mar alianças eleitorais. Total •1
' " Co m a eterna ressa lva deque o tempo da mudança eleitoral se acelera em tempos de nmdan-
;
i a acelerada, instituc ional e /ou econômica. Estatística de Cochran-Martel-Haenszel{odds ratio logit/ — 22.5.
Mas se a tendência a en trar em coli gações apresentava certa estabili dade no estabeleceram partido s estáveis. Assim , no Piauí, uma dissidência da U DN esta
tempo,ospa rtidasqueform avam ess as coli gações variavam mu ito.Segun doW an- beleceu o PT B, que permaneceu como pa rtido regu lar até 196 4.
derley dos S antos, nas eleições federai s, de 87 coli gações, somente 2 0 repetiram
pelo menos dois partidos. O papel da i deologia
Tabela 23 A aplicação da teoria dos jogos às elei ções dem onstra que a racionalidade
C oefi cientes de correlação (Q de Yule) entre a partici paçã o ou não eleitoral é fator que contribui para explicar a vari ância na freqüênci a das col iga
em coli gações eleitorais dos princi pais partidos e m el ei ções ções eleitorais. N ão obstante, es sa con tribuição está longe de ex au rir a s pos sibili
conse cutivas para a C âm ara Fede ral, 195 4, 1 958 el96 2 dade s de expli cação, transf ormando-se num determ inismo: há mu ita variânci a
Partidos 1954 e 1958 I 958 e 1962 __
sem explicação, há desvios. Com o explicai -esses desvio s?
PTB 0,78 0.43 Um a linha de anál ise, que leva mais adiante a fronteira do explicado, part e
PSD 0/17 0 .9 1 das relações entre a ideologia, as bases sociais dos p artidos e as coligações eleito
UD N 0,93 0,92 rais. As elei ções, al ém d e serem um jog o político-eleitoral, sã o lauibém uma pug
na políti co ideol ógica. A vitória eleitoral, para mu itos, é menos impo rtante em si

Os resultados demons tram uma clar a estabili dade, que permaneceu alta no do qu e em
resses, como ins trum
grande parte,ento para a proteção e satisfação
são socioeconomicamente definidos d e interesse
.201 s. Esse spossa
Embora inte
caso da U DN , decresceu no caso do PTB (o períod o de 1958 a 1962 foi de grande
expan são eleitoral) e tamhém no caso do PSD. A estabili dade indica que a pa rtici exis tir lal coi sa com o o fascínio do poder pelo poder, a importânc ia social e i deo
pação em coligações foi um fato repetitivo na vida política de certos diretórios lógi ca de poder deriva de sua defi nição funcional, o pode r para fazer ou para im
estad uais, da m esma form a que a não-parti cipaçào em coli gações foi um fat o pe dir que se fa ça. Nesse sentido, a ideologia deve ser inco rporad a pela teoria dos
repetitivo na vida p olíti ca de outros diretórios estaduai s. H á, portanto, diretórios jo go s, j á qu e s eu s a c ri fí c io co m fin s el e ito ra is po de , em d et e rm in ad os ca sos , d es
“propensos" e diretórios “não-propensos” a e ntrar cm coli gaçõe s. A propen são, tru ir o objetivo funda m ental das elei ções: a sat isfação e proteção dos int eresses
uma vez estabel ecida, lendea permanec er. Supond o que ess as decisões são racio econôm icos. Entendam os o raciocínio: a apli cação da teo ria dos jogos ao pr ocesso
nais e informa das, conc luímos que há certa estabili dade na “correlação de forças" eleit oral, divorciada do conteúdo ideológi co dos partidos e da estrutura dos inte
em cada estado. As consi derações basead as na estabili dade da distribu ição da fo r resses, pode levar a paradoxos. Podemos imaginar um partido trabalhista que,
ça eleitoral pelos partidos parecem pesar mais no processo decisório do que a para vencer as el eiçõ es, se al ia a um grupo cons ervador que e m ajoritário na c oli
ideologi a ou a rede de lealdades int erpessoai s entre mem bros de diferentes pa rti gação. com prom etendo-se assim a a bandon ar a def esa dos interesses da class e
dos. I sso porqu e os partidos ten deram a form ar coligações no s esta dos onde já o trabalhad ora. <TcT eTTõrãIíSnio puro esim ples se ria exatamente isto. Mas o proces
haviam feito anteriormente, mas as coligações se repetiram com menor freqüên so político não se reduz ao processo eleitoral: não começa nele e não term ina com
cia . A partici pação de um partido numa aliança foi fenômen o estável e que se as ele ições. As el eições conferem o pod er; com o ess e pode r será utili za do depende
repetiu, mas os partidos a que ele sc ali ou fora m b em m ais variáveis. As variaç ões dos int eresses de se u deten tor. A ideologia introduz, na racionalidade política uma
foram m enores no cas o dos três gra ndes partidos, PSD, UD N e PTB, mas foram perspecti va tem poral que inc lui a própria racionali dade eleit oral. É um a raciona
grandes no caso dos dem ais. Os partidos pequenos eram e specialmente volúveis. lidade de meios apa rti r de fins.Os fins sãoi deologi camente d efini dos.Argum en
Num determinado estado, po r exemplo, a ali ança entre o PSD e o PTB pode ter ta-se, por exemplo, que a racionalidade eleitoral coopta os membros da classe
sido estável, perdu rando por dois. três e até qua tro períodos eleitorais. Num a dada trabalhadora, fazendo-os aceitar, sub-repticiamente, as regras do jogo «la demo
eleição, porém, o PRP pode ter participado da aliança, abandonando-a nas elei cracia liberal e da economia liberal. Esse raciocínio é problemático porque, par

çõe s seguintes; o PDC p ode le r pa rticipado dessa ali ança em duas ocasi ões, mas tindo de j para
realidade uízoschega
de valor
r à(aconclusão
econom de ia
queli bera
a deml é má ), fazlibera
ocracia det erminados j uízos
l prejudica de
os inte
não nas demais, e assi m p or diante. Os partido s pequenos colocavam seus votos,
por assim dizer, no mercado. En tretanto, com certa freqüênci a um partido peque res ses da classe trabalha dora. N ão obstante, permanece válida a pergu nta: a pa rti-
no co ncorria num estado à s elei ções num determinado ano, desapa recen do de
poi s. Algumas vezes es se partido foi criado por um a dissidênci a de um dos parti 20’ Não quer isso dizer que sempre tenha sitio assim c- que sempre vá ser assim. No inundo
dos m aiores, com fins de negociação eleitoral. Essas di ssidências, às veze s, contemporâneo, os interesses econômicos têm lido um grande peso. superando outros senti
mentos “mais nobres", como a solidariedade huma na.
cipação nu jogo e leitora l coopta mesm o a cl asse trabalha dora? E , se isso for ver Ein todos os regimes nos quais existem alianças, a dimensão d exspartidos depende
dade. aca so es sa cooptação condu z tam bém à acei tação de um sistema econômico delas, material e politicamente; materialmente, as coligações eleitorais desempe
inonlado sobre o capitalismo liberal? Esses são pontos fundamentais, que têm nham um papel essen cial no número de deputados obtido s pelos partido s; po litica
mente, as alianças parl amentares e govern amentai s aumentam ou diminuem a for
sido objeto de m uita especul ação, mas sobre os quais não há conhec imento segu - ça numérica dos p artidos. Com 163 deputadas na Assembléia Nacional Frances a dc
ro. O mesmo tipo de rac iocínio tem sido apli cado à luta econômica, pois argumen- 1946-51. « Par tido Comunista tinha menos influencia do que o Partido Kadical.com
tou-se que os benefício s econôm icos cooptam o trab alhador à economia liberal, '15: porque o prim eiro estava isolado, enquanto o segundo utilizava sua posição cen
fazendo-o accitar o sistema, l utan do d entro dele, mas não co ntra cie. Rest a saber tral para entrarem combinaçõesea cordos. A dimensão real d o Partido Comunista
era me nor do que a sua dimensão apar ente; a dimensão real do P artido Radical er a
se o que se afir ma é verdadeiro. maior.”
0 problema, con tudo, não t erm ina aí. A alternativa também pode ser discuti-
da. A adoção da luta p olíti ca como alternativa requ er que a vitória bélica seja ine A análise das relações entre ideologia c p ropensão a coli gações eleitorais deve
vitável. Mas, será? Se não, a pa rticipação na demo cracia li be ral e nos frutos eco ser feita em co njunção com a da com posição de cla sse do s eleitores do partido em
nômicos da econom ia li bera l poderá ser a menos p ior das alternat ivas, a outra quest ão. Um partido com um a base de cl asse diversif icada e ampla pode en trar
sendo a misé ria e a derro ta bélica. A aceitação de um a ideologia, e não de outra, em coliga ções mais facilmente do que um partido com uma base de cl ass e lim ita
evidentemente passa pel a personal idade do indivídu o. A intolerância a sit uações da. A ideologi a dos pa rtidos com exte nsa ba se social é mais am pla e flui da, dan do

amb íguas e a po sições conciliatórias, por exem plo, estaria associa da a ideologi as pouca ênfase à classe como dimensão político-ideológica. São partidos que ado
políticas extrem istas. Desde a I Guerra até inícios da década de 1970 , nuiilas pes tam outras linhas de cli vagem e ou tros símbolos polít icos. A m oralidade públi ca,
quisas enfatizara m as bases psicológicas das ideologias. O resultado dessa trad i- a efici ência d os serviços púb licos, o crime, a inflação etc. são t emas que. sem estar
ção foi, no meu entender, duplo: ficou patente que a relação entre variáveis "es desvinculado s dos interesses diferenciais das c lass es soci ais, não invocam d ireta
truturais' e ideologia “passa” por variáveis interpessoais e de personalidade; menteo co nflitoenlreascla sse ssoci ais,podendoserusadoscomo pontosda cam
enlretanto, inúmeras pesqui sas empíricas esbarr aram em limites medíocr es de panha p olítica sem perigo de an tagonizar fro ntal mente os el eitores dc um a cl asse.
explicação da i deolog ia a par tir de variáveis pess oais. Sua grande contribu ição foi A naçã o, o desenvo lvi men to econômico do país, a unidade nacional etc. são sí m
bolo s prediletos dos partidos com am pla base s oci al.
recuperar o ind ivíduo para a análi se das ideologi as, contrabalanç ando o exagero
No c enário po lítico br asileiro dc 1945 a 1964, o PCB tinh a um a base classi sta
de um d eterm inismo estrutura l que nunca conseg uiu ser demon strado emp iri ca-
m uito m ais definida que a do PTB, que por sua ve z ti nh a um apelo cl assi sta mais
mente .2'*5
claro que o da UD N e o do PSD. Entretan to, as duas elei ções à s quais o PCB con
As posições diante das incógnitas mencionadas d ependem da ideologia. Para
correu, em 1945 e 1947 , não foram caracterizadas pela pr esença decoligações elei
o ideólogo radica l, as coligações puram ente eleitorais e sem conteúdo ideológico
torais. Nas eleições de 1947, quatro coli gações el egeram can didatos: a UD N p ar ti
são repugnantes. Essa repugnâ ncia tem levado os partidos radicais, principalmen te
cipou de três. e PSD, PSP , PDC, PL e PR. de uma. O PTB, forteme nte influenc iado
os de esquerda, a reje itar coligações e coalizões i deologicam ente esd rúxulas. Nos
por seus membros cosm opoli tas, apresentou, no nível nacional , um c om porta
cas os em que o sistema eleitoral p remia a entrada em col iga ções, o s pa rtidos ex
mento com algum as caracterí sti cas dc pa rtido ideol ógico, antepondo certos obje
tremistas são prejudi cados. Tal é, por exemplo, o resultado nos siste mas de elei
tivos a longo prazo, ligados à reforma das estruturas socioeconôm icas, a os ob jeti
ções cm dois turnos, sendo o segun do m ajoritário. 0 segundo turno, em regra,
vos eleitorais imediatos. Conseqüentemente, aliou-se menos do que o PSD e a
provoca coligações; mas os com unistas raras vezes entram em coligações. Com o UD N, partidos com ma ior experiên cia pol íti ca e nos quais os represent antes ru
seus votos sã o insufici entes para obter a m aioria, terminam não obtendo uma rais e das pequenas cidades tinha m m aior influên cia. Ess es elementos estavam
fração do pod er que corresp onda à sua força eleitoral. Entre 1924 e 193 9, o núme imbuídos de um a cu ltura política imediatista, pré- ideológi ca. Em 195 0, entretan
ro de representa ntes comunistas foi m uito m enor do que levava a crer a vot ação
obtida pelo partido no prim eiro tur no .** O mesm o se observa na Câmara: a resi s to, o PSD apresentou pequena taxa de parti cipação em coligações ( 24% ), explicá
vel em boa pa rte pelo fato de que nas elei ções federai s anteriores o p artido havia
tência dos com unistas a aceitar coli gações os transform a num a força isolada, se m obtido ma ioria absoluta em vários est ados, não tendo portanto necessi dade de
condição de hegemonia . N o dizer dc D uverger (1966:39 9): recorrer a col igaç ões. A U DN coli gou-se em 44% dos est ados - bem m ais do que
o PTB (29%). O PSP, partido sem ideologia defini da, mesm o buscando o voto das
Ver. p or exemplo, Rokcach (1960); F.ysenclc (1954 e 1956); e Adorno e t alii (1950). classes trabalhado ras, coligou-se em 48% dos estados.
Segundo Duverger, o sistema de dois turnos Iteneficia o centro.
Os res ultados dns el eições de 1950. nas quais o PSD perdeu a hegem onia elei tor classificou seis partidos como conservadores e sete como progressistas, por
toral iMi i vários estad os, forçaram um a redefinição da estratégi a eleitoral do p arti definiçãonãopoderia haver um a ali ança ideologi camente consistent e de o itopar
do, que passou a aliar-se na metade das estados brasileiros. A UDN manteve-se tidos. D urante o período , Santos concluiu que a percentagem de coli gações incon
aproximadam ente no mesmo nível anterior, com < 16 %, ao passo que o PI B e ntrou siste ntes foi sempre sup eriora 50%.
em coligações cm 38% dos estado s nos quais comp etiu para a Câmara Federal, Já Oliveira se preocupou c om as co ligações entre os grandes partidos, consi
nivel comparável ao do PSP . Em 1958, o PSD e a UD N co ntinuaram a apresentar derando que a coligação ideologicamente inconsistente foi aquela entre a UDN e
alta propensão a form ar coli gações: 46% no caso do PSD e 54% no caso da UDN ; oPTB. Nocasodos três grandes parti dos, a análise tem que lev arem consi deração
o PSP voltou a apresentar sua vocação coligacionista, aliando-se em do is de cada a relação com Gctú lio Varg as: o que aproximava PSD e P I B era a históri a comum
três est ados em que c om peliu (65%), aop asso que o PTBcon tinuou apresentando com ele, que também era o que os a fast ava da UD N. Nunca ó demais l em brar que,
níveis ma is baixos: 30% . Em 1962, o PSP já não pôde pres cindir das col igações: no nível m unicipal, a principal clivag em foi ao l ongo da relação com G etúlio. Fa
após a perda de boa parte de seus efeti vas, necessitou delas para sobreviv er como zendeiros c profission ais liberais gelulistas se posicionavam c ontra fazend eiros e
partido. O PSP conc orreu às elei ções em 13 est ados, coligando-se em 10 . A UD N, profissiona is liberais a ntigetulistas. A questão que deriva da í é se e sse posiciona
por sua vez, aum entou a pa rticipação relativa das coli gações: 62% , taxa sup erior à me nto é • ‘ideológico” o u não. A negativa conduz ao perigo de alar a definição de
do PSD (50% } e do PTB ( 45 % ). ideologi a a um a com binação especi al de cre nças e val ores que surgiram num pe
A U DN e o PSP configurara 111-se como pa rtidos predispostos a coligar-se, si ríodo da h istória de poucos países, a uma definição congelada 110tempo e no es
tuaç ão que se t ornou inequívoca a pa rtir de 1958.0 PTB confirmou sua def ini ção paço ; a afi rm ativa maxim iza 0 perigo oposto: alargar tan to o conceito que a ideo
de partido co m algum conteúd o ideológico, coligando-se, em regra, menos que os logia deixaria de ter referenciais permanentes.
demais. O PSD, ao perde rem 1950 a condição majoritária em vários estad os, p as A simples p robabili dade explica porq ue Santo s e Oliveira divergem: Oliveira
sou a aliar-se na metad e dos est ados brasileiros nive l sup erior ao do I*TB, mas enco ntrou poucas coligações ideologicamen te inconsistentes nas mesmas eleiçõ es
inferior ao da UD N. em que Santos encontrou nn iilas. Para Santos, qualquer partici pação de do is par
W anderley Guilherme das Santos, e m Crise e castigo, definiu dois grupos de ti dos, um de cada grupo, con figurari a um a ali ança inconsistent e; para O li veira,
partidos, com base na sua orientação ideológica, por mais tenue que fosse. Os somen te a al iança entre a UD N e 0 PTB seria inconsistente.
dados que apresentou demonstram que as coligações federais ideologicamente A dificuldade metodológica é séria . Podemos classif icar díades, tríades etc. ,
"inconsist entes” fora m superiores a 50% em todas a s quatro eleiçõe s que exami mas, ao classificarmos somente coligações, estaremos dando à díade entre dois
nou; a percent agem aum entou até 195 8 e dimin uiu em 1962. partidos dim inutos o mesm o podei de desqualifi car a ali ança inteira que à díade
Há difíc eis problemas metodológicos 110 que concerne às afirmaçõe s a res UD N-P TB, pa rtidos que tinham a segun da e a terceira maior es bancad as durante
peito da relação entre as coligações e as i deologias. W ande rley Guilherm e dos 0 período. Nã o há solução fácil. Talvez o mais im porta nte seja estar de sobreaviso
Santos e Isab el R ibei ro de O liveira pesqui saram em piri cam ente o p roblema, mas c saber que as general izações que valem pa ra a part i cipação em aliança dos pa rti
chegaram a resultados bem diferentes. Há vastas diferenças entre as definições dos considerados isoladam ente nào se aplicam às díades, tríades etc., que n ão se
operaciona is usadas por eles, o que anula a comparação. Santos reúne todos o s aplicam à participação nas coligações como tal, que p or sua ve/ , também não se
partidos em dois grandes grupos, um “ de esqu erda” e outro “ conservador ’ , e defi aplicam às coli gações estratégicas entre grandes partidos.
ne como inconsist ente qualque r al iança da qual participem um conservador e um O papel da ideolog ia na formação de coalizões partidá rias foi pesquisado de
de esquerda na mesma aliança, lista é uma definição conceituai e operacional man eira criativa po r U m ong i e Figueir edo (1995), que, estudando as vot açõe s
exigentí ssima para q ualificar uma ali ança como consi stente . Suponham os uma nom inais na Câm ara dos Deputados, chegam a conclusõ es impo rtantes pa ra es te
ali ança de sele partidos, seis de um grupo e 11111do ou tro. As díades partidárias, capítulo:
toma ndo os pa rtidos dois a dois, sào 3 1, das quais 25 i deologicam ente consisten
tes i! sei s inco nsistentes .51*7Entretan to, bast a im iti para qua lif icar a ali ança como •• as alianças ideologicam
as votações ente inconsistentes
seguem um gradiente ideológico, de tal
11111
sãomane quarto
iradoqueetotal
a deltaali anças;
a correla
inconsi stente. Por es se crit ério, quanto ma ior o núm ero de partidos participantes
ção entre a votação dos parti dos grandes de direita entre si c tam bém a dos par
de uma aliança, m aior a prob abilidade de que ela seja inconsistente. Como o au-
tidos de esquerda entre s i, mas é baixa a correlação entre os dois grupos. A m aio
ria do PDS votou c om a m aioria do PFL em 87% dos casos , mas em apenas 25%
" () ru ciodnio po«le sor ampliad o de maneira a incluir tríades partidárias e assim por diante, com o PD T c em men os de 15 % com o PT;
rlirf.iin do- su i\ aliança entre todos os partidos, que evidentemente é uma s ó. • os partidos pequeno s també m votam de acordo com a sua posi ção ideol ógica;
• a col igação mais comum que incluía o centro (PMD B e PSDB) era com a di reita,
e não com a esquerda (PD T e PT).
PSnÍ lT ra ? o npSp, ÍZ a PS D-p™-r aP-Ul >N; so r» incl uí am „
Assim, a ideol ogia continuava contando na Rc inilil im Ve lh;i Há um a cert a P S P ;..5% in c lu ía m a U D N c o PSP n.T s ^ 7 ^ 7 ’P °
.congruência nas vot ações na Câmara que segue a divi são convencional en tre di PSD-PTB este ve presente somente 5 % ^ ° n“ U“ 1
rei ta. . centro e esquerda. Se os partido s então existentes, analisados po r Lim ong i e
„ 1" depe"dê,J ,clíl tlas »ligaçõ es parla, nemares em relação à s eleitorais se
Figueiredo, se agrupassem em dire ita, centro e esquerda, aprese ntariam um a sig -
nificaliva consistência nas votações nominais. men tee m"“,« V fe nirtt to^ "“‘“ 'T * n°mi na isB" > W » P->rCa rva lho , s o-

Tipos de alianças
“A coalizào mais freqüente incor porava a U DN e o PSP â aliaii ca-lnse i n í» p t r
As coli gações eleitorais não são a s úni cas de que participa um partido po líti
co. Após as elei ções, col oca-se o problem a tle governar. G overn ar, no sentido de no ssrícssssr 1n* r re"ro,iu'
preparar e executar um plano de go verno, o faz o partido dom inante, auxiliado e co lab or ar am * « *■
infl uenciado, em ma ior ou m enor extensão, p elo s partidos partici pantes da alian
ça gove rnisla e outros que, nas eleições, estavam na oposição, mas foram atraídos
para o governo.
« se us vot os 78 %; já o PTB o a UDN es tive ra m ju ^ to s e n f^ Is
Nem só o pa rtido do g overno governa. Os partidos oposicioni stas, não sen do
pa. lamentares parec em ter obedecido a «ois vetores: com o suporte da ™
governo, podem influenciá-lo. Isso 6 feito bloqueando iniciati vas do bloco no go
verno , toma ndo iniciativa s legislativas próprias. O PSD. que se esmerava na con- n ^ lL T r 1 1 - " " Iprox,mi dai le ' deo lógi ra . O PS D e st ev e a us en te s omen te em
eiliaçao, modificava constantemente as suas propostas para que fossem aprova
das sem dificuldade nem condito.
As coalizões pm-fam enfm-es podem ser de dois tipos: glob ais, de governo, e
específi cas, de projetos. As coalizões gl obais visam sim plesm ente p er m itir que o
governo governe tia ma neira mais confortável possí vel. Ili pp olito nos diz que, em
194 8, D utra arquitetou uma grande ali ança conservador a entre o PSD, a U DN e o
PR. Mas el eições tle 1945, esse s três partido s obtivera m 241 das 286 cadeiras na turaçao ideologi ca e infenso a qu alquer forma de radicali smo.
Câmara Federal; nas elei ções suplemen tares de 1947, obtiveram 14 das 19. Assim,
Dutra tli spòs de am pla maioria parlame ntar para fazer aprovar qua lquer legi sla-
çãoe im pe dir qualque r bloqueio às suas iniciativas. Essa al iança se consubstanciou
atr avés de um acordo interpartidário form al
Já cm 1955 houve uma aliança diferente: Kubitschek foi eleito pela aliança
PSD-P TB, cujos deputados represen tavam 52% tio total. Sem fidelidad e partidá
ria e com um a distancia ideo lógica considerável entre o PSD e o PTB, não havia
garantia de que o governo pudess e adm inistrar o pais com tranqü il idade. Forjou-
se. então, um a grande a liança para que Ku bitschek pudesse não só levar adiante o
seu plano dese nvolvimenti sta, mas também frear as propo stas distributivistas da
~ £ í
esquerda. Foram
viam oposto a Ku ,bitsche
pois, abertas
k nasas portasAdo
el eições. go ise
anál verno
dasà U DN e ao
votações noPSP,
minaque s e haza
is reali Ou tro exem plo se ref ere à permissão para que os candidatos de partidos ilo
das durante o go verno de Kubitschek, 30®demons tra que 43% incluíam os quatro 8» concorr essem a cargos el eti vos. Com o seria de esperar , o PSD e á UD N se

mp >ssivel dizer até que pon to as votações nominais , que representaram 56% do t ola l de
.i 6-t votações, eram amostra aleatória do tot al de votações. Durante a ditad ura, a oposição fre
qüentemente pedia verif icação devoto para cuca votação fosse nom inal, fazendo constarq uem
voluvn 'de cabresto", com a ditadura , por projetos impopulares. 1 0 1 <l0S l,epi;'m,0S
pelos d un ais pa ri,dos consen-a dore s, <le
os projetos e dG direrefor
Cen,r0seriamente i,*‘'* fe ito s
mistas tinham m ínima probabili dade d c êxito, pelo menos até as ele içõ es de 1962 11111pa rtidosem pre dispostoa negociar, a ceder ca rgos públi cos em troca de apoio
- sit uação algo semelhant e à enfr entada pel o MD B duran te a di tadura m ili tar. parlamen tar e estabil idade polít ica. O PSD usou. sem qualquer pejo, da proprie
Não hav ia como fazê-los aprov ar. Isso fi cou esp ecialmente claro nos projetos que dade pública para remu nerar os seu s ali ados, reser vando-se porém certos m inis
con trariavam os i nteresses dos fazendei ras e proprietários d c terra. A semelhança téri os, definidos com o cruciais tanto para executar o seu clientel ismo in terno e
do que ocorreu du rante a ditadura, mu itos projet os foram apresentados par a ca prem iar os seus seguidores quantopara levar adiante o seu programa de governo .
Kss a voca ção foi captada po r Lúcia H ippolito (1985:76):
racterizar a posição progress ista dos deputad os e partidos que a defendiam, assim
com o a posi ção retrógrad a dos que a rejeit avam . Esses projetos pro voca ram coa “ Segundo Am aral Peixoto, as preferências do PSD fixavam-se priorita riam ente em
lizõesque segui am linhasideológi cas. WanderleyG uilhermedosS anto s,que ana quatro ministérios: Justiça, Fazenda, Viação e Agricultura. Sintomaticamente, tra
lisou vários projetos desse tipo, mostrou como apareceu um alto grau de coesão tava-te dos ministérios crucia is, tanto do p onto de vista p olítico quanto da dotaç ão
partidária na vot açãodos projetos de reforma agrária.Duran te ogovernoGoulart, orçamentária; os quatro ministérios concent ravam a m aior parte doorçam ento da
União."
a UD N apresent ou oito projet os relaci onados à reforma agrária, com o objetivo t e
conseguir a apr ovação de um projeto ‘aguad o ’, de uma pseudo-reíorina, de aut o Os dados forneci dos po r H ippolito sugerem um a acentuad a pref erência do
ria de M ilton C ampos, de 7-8-1963, que afastaria projetos m ais radicais. O PSD e PSD pelo Ministério da Justi ça,sem d úvida j ustificada pelo caráter da maior ban
o PTB se opuseram ao projeto, e a UD N o apoiou. Na votação do projeto mais cada na Câmara; em seguid a, vinha o M inistério da Viação. O M inistério da Fa
radical, de desapropriaçã o de terras, apresenta do por G oulart c votado c m 7 -10- zenda caract eriz ava-se por escapar ao dom ínio partidário, d evido ao grande nú
1963, todos os 85 deputados presentes do PTB votaram a favor; 72 dos 73 dep uta mero de cconomistas, financistas e banqueiros que ocuparam aquela pasta;
dos presen tes da U DN votaram contra; 67 dos 72 pessed ist as pr esente s votaram entretanto, o PSD procurava gara ntir que a orient ação desse s técni cos fosse con
contra e somente cinco a favor.«* Previsivelmente, os dois deputados presentes di/en te com as di retri zes do pa rti do. Km n enhum mom ento um radical ocupou a
do PSB votaram a fav or, assi m com o os cinco do PST , enquanto os quatro do PRP pasta . Quando ela foi ocupada po r al guém com vinculação parti dária, na m aioria
e os dois do PR votaram contra. das vez es o ocupante era um pessedi sta. O PTB, por sua vez, domino u a pasta do
■Vo contrário do padrão observado duran te a ditadura m ilitar, excet o em ca Trabalho (1 4 dos 17 com fi li ação p artidária) e da Agricultura (9 dos 16) . A U DN
sosextremos,erapossívelnegocia r.Assim,projetos reformistasforam considera deu m aior ênfase a Relaçõ es Exteriores e a M inas e Energia.
dos e aprovados cm versões rarefei tas, aguadas. Ap oio a projetos dess e tipo p odia Octavio Am orim Neto (1994) estudou outro tipo de col iga ções, o s gnbíne /es
ser (c foi) trocado p or apo io a projetos de int eresse do govern o. presúfcncinís. Am orim vê quatro tipos de gabi nete, se gundo a autonomia presi
No final do p eríodo dem ocrático, a s coali zões parlamentares sofreram novas dencial: de coali zão, do qual participam vários partidos; unipartidário, do qual
modifi cações. A inspeçã o visual feita po r W anderley Guilherme dos Santos reve participa um ; de cooptação, 110qual os partidos pa rti cipam da se leção de m inis
lou um a grande aliança cons ervadora que i ncluía o PSD, o ali ado do PI li nas elei tros, mas não há acordo com um 011m ais parti dos; e a parlidário, ondeo Executivo
çõe s presi denciai s. O PTB ficaria limitado a um a aliança com o pequeno PSB . escol he quem quer, sem acordo com os partidos.
Esses tipos conceituais são puros. Na realidade, todos os gabinetes foram
Coa li zões globai s e distri bu ição dos m ini stérios misturas; A m orim de finiu, operacional mente, os gabi netes a partir da existênci a
de acordos, ] x>r um lado, e do preenchime nto de 50% 011 mais dos m inistéri os
H ippo lito demo nstrou que ;is coal izõe s globai s, de governo, i mp li cavam con com nomes com laços parti dários. U m alto grau de hibri dism o está em butido 11a
cess ões , por parte d o PSD, de posiçõ es no gove rno, em troca de apo io político no defini ção operacional, uma vez que perm ite que um gabinete com 49% d c m inis
legislativo. tros sem vinculação partidária seja definido como de cooptação e não como
Nos governos liderado s pelo PSD (Du tra e Kub itschek), os pessedi stas ocu apartidário.
param 54% dos ministérios; d urante o governo Vargas, es sa proporção foi um A categori zação dc Am orim é útil, pois perm ite expli car parcialmente a esta
poucoinferio r, 47%.Nos governos lider ados p or fi guras oposicioni stas, evidente bilidade dc dois períodos presidenciais, os dc Dutra e Kubitschek, pelo apoio do
mente, a parti cipação do PSD era m uito men or. Assim, evidentemente o PSD era principa l p artido. Porém, ess a equa ção pode ser melhor ada, uma vez que o con
trole que o p rincipal p artido pode exer cer sobr e o Congres so é função de uma
equação m ultiplica tiva na qual a percentagem das cadeiras e a fi delidade p artidá
a» A alta abs tenção em vot ações p olêmicas se explica parci almente pelo d e s a te deput ados
, 1«. nà<» antagonizar as diferentes clientelas políticas que cortejavam . Faltaram 39 % tios deputa- ria inter agem. No início do período, o apoio do PSD signif icou m uito m ais do que
.lo*. pessedistas, 27% dos pete bistas e20 % dos udenislas. 110 fim , quando dim inuiu o peso relati vo de sua repre senta ção. A fidel idade par-
lidária lam bem é importan te. Onde não há rel ação entr e a orientação d os pa rti Cam pello de Souza (1976:168), como Iodos nós, usou dois pesos e duas m edi
dos e o comp ortamen to dos parl amentares, onde o com portamento de cada par das no v alor da do a um a só observação: a perda, nas el eiçõe s de 1962, mas some n
lamentar é independente da liderança partidária, as coligações de governo são te no nível fede ral, no núm ero de deputado s eleit os através dc coligações bast ou
irr elevantes. E, com o bem d emonstrou O lavo Brasil de l.ima Jr. (1983), o período para a autora con cluir que "o ali ancism o já não fora rentável cm 1962 (.„), em
de 1945 a 1964 foi caracteri zado po r extrema infidelidade partidária: a leald ade conseqüência, cprovável que ele entrasse em d eclín io nos pleitos subseqüentes".
ma ior das depu tados era ao governo es tadual c às li deran ças estaduais, e não às Campello dc Souza assim resume a sua posição em relação à interpretação de
Schw artzman , basead a no aum ento, nas mesmas el eições e no mesmo nível, na
li deranças partidárias naci onai s.
percent agem dos votos brancos e nulos: "os dados di sponíveis nâo perm item uma
interpretação unívoca e unicausal dos volos brancos e nulos como expressão de
A uto no m ia m un ici pa l e est adual e col igações dif erentes alienação ou descon tentam ento político. Questionamos a extrapolação da t endê n
em nívei s diferentes cia ascensional observada até 196 2".
Meu objetivo ao apresentar es sas comparações foi dem onstrar que, devido à
A auton om ia das seç ões est aduai s e m unicipais nos diferentes partidos é legisl ação eleito ral e às condições instituciona is, as coli gações eleitorais nâo eram
cilic iai para entender as col igações eleitorais. As coligações não eram as mesmas um com portam ento irraciona l, mas, ao contrário, b asead o na racionalidade elei
nos dif erentes estados c municípios. O resultado era que um partido podia estar toral.2 "' Rigorosamente, a racionali dade não poderia ser dem onstrada, porque
aliado a parlidos diferentes cm cad a nível eleitoral: o PTB, po r exemplo, podi a exigiria a comparação entre um a sit uação real e uma hipotética: o núm ero de elei
estar aliado ao PS D nas eleiç ões presidenciais, à U DN nas estaduais e ao PSB nas tos pel os partidos que se coli garam com o núm ero de eleit os que os mesmos par
mu nicipais. Quando hav ia simultaneidade das ele içõ es, como em 195 0, o eleitor tidos te riam lido se não s e col igassem. Na época, a única racionalidade que se
devia assimilar que um pa rtido era inimigo do seu partido num nível e aliado perm iti a ver era a ideol ógica. Qualquer ali ança en tre p arti dos ideol ogicamente
noutro. distant es era vista como prova concreta tia falência dos partidos. A avali ação dos
parlidos políticos, num sistema de eleições, era feita à revelia da racionalidade
eleitoral!
As coali zões com o indi cadoras de um reali nham ento
O método de distribuição das sob ras (d’Hon dt), não obstante, t rabalha a fa
no sist em a pa rt idári o vor das coli gações como um todo, ainda que um dos parti dos integrant es da alian
ça poss a ser prejudicado d evido à distribuição na votação do s políti cos indiv i
A hipótese central d o provoca tivo e intel igente livro dc Cam pello d e Souz a é
dualm ente. N esse c aso, as perdas desse partido se riam m ais do que compensadas
que estari a em curso um realinhamento eleitoral c partidário, com a diminuição
pelosganhosdos demaiscoligados.O desapareciment odasvantagenspoderia se
das especif icidade« regionais e estaduais e com a formação de um estrutu ra pr o
dar simplesm ente com o ap rimoram ento do c álcul o eleit oral: não se coli gariam
gressivamen te nacionalizada e simplificada. C ampe llo de Souza entatizou que as
som ente os partido s que não t ivessem nada a ganhar ou que tivessem algo a per
coligações eleitorais não de ram os resu ltados esperados em 1962, visto que a ra der. Creio que houve um aprimo rame nto do cálcul o eleitoral durante o p eríodo
zão entre os votos das coli gações e os deputados no nível fede ral foi, pela prim eira estudado, o qual pode ser responsável pela dim inuiçã o do ganho das coliga ções
e única vez, infe rior à razão equivalente das votaçõe s dos partida s que concorre em relação aos partidos que con correram isoladamente. Cam pell o de Souza pre
ram isol adamente. A difer ença, m ínima, não e ra estati sti camente signif icati va. feriu interpre tar os mesmos dados como sinal de um realinhame nto partidário.
Campello de Sou za viu o ano de 1962 (no qual as co ligaçõe s foram menos •remá Essa interpretação, que não exclui a que favoreço, não pode ser rigorosamente
veis” do que os partidos isolados, mas somente no nível federal) como o pon to de test ada nem é incomp atível com os dados de que dispomos.
infl exão a partir do qual o aliancismo dim inuiria. Evidenteme nte, com o aquel e foi

oporém
ú ltimo, dada
dadoaobservado
racionalidade,do
nunca poderemos saber s eleitoral,
comp ortamento e foi assim ou não.
enquanto a A meuislveação
leg r. O q uad ro l egal e i nstitucional
eleitoral premia sse o a liancismo, as col iga ções existiriam por serem mais rentá Ta nto os processos sociais quanto as deci sões políti cas que afetam o c om por
veis, particularmente no caso dos pequenos partidos sem chance percebida de tamento po lít ico, como a de entra r ou não num a aliança elei toral, não exist em
eleger um só representante se concorressem sozinhos. Nas eleições proporcio
nais, as co ligaçõe s eram uma luta para a tingir represent ação e para max imizar os
benefícios das sobras. " " l'ssa racionalidade não é abstrata, não existindo independentemente dos arranjos
iistiiudon.iis eda legislação eleitoral. As instituiçõe s e a legislação são os parâmetros que lin ii-
num vácuo insti tuciona l. Sant os, Marconi e S chm itt sublinharam esse ponto. A
chamada I« i Agamenon concentr ava os candidatos que seriam eleit as pelas so Capítulo 7
bras, o que beneficiou o PSD. O Código Eleitoral de 1950 modificou o sistema,
adotandoo métododllo n d t, das maior es médias, qi ieestimu la as co ligaçõ es. Além
disso ,u niavezgeneral izada s,ascoli gaçõespodem setransform arnum empecilho
Es tr uturas econô m icas e s oci ai s
à estabili dade e num entrave à governabilidade. W anderley dos Santos apontou a
legislação trouxa com relação à formação de coligações como uma das causas
institucionais da pa ralisi a decisória, j untam ente com a ausênc ia de cláusul as dc
exclu são ou dc ba rreir a.
A lição é clara: os proces sos polít icos e eleit orais ocorrem num contexto ins
titucion al, ainda q ue não se reduzam a ele. As alterações nesse conte xto alteram
osprocessos. Conceitos: as clivagens da politica brasileira

A sociologi a políti ca, enraizad a no ma rxismo, usa a exploração e o conflito como


categori as fundam entais. É p or m eio de sses instrume ntos conceituais que a he
rança marxista da sociologi a políti ca o lha pai a o s fenômenos políti cos. Porém a
sociol ogia política nao aceit a os aspect os doutrinários e dogm áticos dc algumas
vers ões do marxism o. Ela toma o m arxismo com o orient ação teórica geral, cui a
continuidade depende d es.ia capacidade de fertilizar as mentes c orien tar as pes
quisas, contribuind o para hipót eses criati vas. Nada ma is diferente das corr entes
dogmati cas que tomam o marxismo como um a respost a, e não como uma o rien
taçãopara f 0 rmularpe.- 9 .m iosrelevantes .Essaor ientaçãotambém significaque
ao dividir, para Uns exclusi vamente analít icos, o m undo dos homens cm infra e
superestruturas, ela busca ini cialmen te a explica ção do segundo con junto dc fe
nômenos 1,0 prim eiro. Mas não pára aí. S e assi m fosse, morreria cientifi cam ente
°us ca’ om lc 'llle rque sej a, outros tipos dc con fli to eexploração. I nfelizmente
oreducioms mo dealgunsmarxi stas fe z com q ue de s igno rassem a explor ação de
gê ne ro pe la l.urgu ^a do E sta do ^a na iTem a importi ü iS ma cl iva ge m cR -
~ la^ jp.ro ntliiõâ e cl as se s. A expl ora ção eõ cõ nflit o en|re r aç as ser ia s õ-
men te um a expressão do con flito entre cl ass es.
O termo clivagem ser á aq ui usado para fazer refer ência ás li nhas divisóri as
que separam indivíduos, grupos, partidos, regi ões, el eit ores. É um term o mais
genei i co do que conjhto, q ue no m arxismo está m uito associ ado à lula de clas ses
e exi ge um grau m ínimo de consciência. Clivagem, portanto, é um termo m ais
am plo, menos exigent e e menos teoricamente situado do que con fli to .211
Em piri cam ente, constatoque há décadas a políliea brasileira ódominada por
uma serie de cli vagens que d ividem os partidos p olít icos e os elei tores:
........ ....... soei edade m uito d esigua l, há uma cl ivagem de chsse-,
liin i ;i rac ionalidade; sua mudança pode acarretar mudança no que é eleitoralmen te racional e
no que não é. U m sistema de d istribuiçã o «Ias sobras que favoreça o s partid os mie não elegeram
n. nhum representante poderia tom ar as alianças irr-acionais do ponto de vista da rcnr escnta- S2SSÍ» 3 lk e °“ tn >conccilo relaci onado, Are asdeiguald^ k
çflo. choqu e! ''i,soPilrli''"la'-'l«-»™ge,n,no,|„al, alémtosdifircnv», hátamWm
Gláucio Ary Dillon Soares

• numa soc iedade racista, com u m passa do escravocrata, há uma clivagem racial; mn períodode incer tezaereoonhccim eiii o, masgradualmenteasquestões declas
• num a sociedade ma cliista, na qual dire itos e deveres são diferentes po r sexo, há se, raça e , ma is recentemente, gênero, bem com o as questões est aduais c regio
uma clivagem degênero; nai s, o c on flil o rural ueisiis urbano e as "fi ssuras” da política local cobraram seu
•iladoo caráter efet ivamente federativodopaís, em virtude doqu al a orga nizaç ão ágio, e o s partidos e os políti cos term inaram ali nhados, nuiUjré eux. ao longo de
dos p artidos segu e a divisão en tre os esta dos, diferindo est es drasticamente no las. Km 196 6, o governo m ilitar brasileiro extinguiu todos os partidos po lít icos e *
que concerne ao nível de desenvolvimento económico o social, há nina clivagem criou dois novos, Arena e M DB. E ntre as ju s ti fi c a ti v a s pa ra essa i m po si çã o , a p ri n
entre estados; cipal er a que o sist ema n m lli pa rlidário não funcionava no B rasil . Fi/eram -se refe
• num país onde a eli te políti ca de um segmento regional brande por dccadas a rências elogi osas aos EUA , ao Cana dá, à Alem anha e à Ing laterra, onde u m siste-
carta da desigualdade entre as r egiões, mas sc aprove ita da desigual dade den lro nia bipartid ário ex istia em m eio à prosperidade econôm ica e à estabil idade políti ca,
dela, liá uma clivagem regional; enquanto a França, a Itália e o pró prio Bras il eram c ilados como exem plos nega
• há um a clivagem urbano-niral, relacionada às anteriores , mas que não se reduz ti vos, m una tentativa de demonstrar que um sistema m ultipartidário dificultava a
a elas; estabilidade, a democracia e o crescime nto econômico. Quatorze anos mais tarde, v
• há uma clivagem no nível local, entre famíli as dominantes, mu ito importante uma adm inistração diferente, igualmente encab eçad a por um general fal ando em 1
para se compreend er a políti ca local (mu nicipal), estadual e r egional; nõine do mesmo regime m ili tar, dis solv eu os dois pa rtid o s o siste ma bipartidári o.
• numa organi zação social e do Kslado que tem m uito de corporativa, conferindo Com o expl i car essa s ações contraditórias? A resposta é si mples: d otar o Brasil de um
aos que trabalham no setor público vant agens que os que trabalham no setor sistema partidá rio adequado nao era preocupação nem objetivo da ditadura m ilitar;
privado não têm. há uma cli vagem entre os seto res piífr/i co e privado. o ú nico objetivo das modificações no sis tema p artidário era im pe dir a oposi ção de
Certamente há muitas outras clivagens com variado grau de relevânci a e que vence r as eleições e, caso ven cesse, im ped i-la de ocu par o governo.
contribuem para explicar as dif erenças entre os partidos po líl icos no Brasil , mas
ess as clivagens seriam, a meu ver, secundárias. Claro está que o caráter prim ário As cl ivagens em perspe cti va históri ca
ou secundário de uma clivagem depende da perspectiva histórica. Algumas
cli vagens vem ganhando im portância, ao passo que outras a estão perdendo .* 12 I lá algum tempo houve um debate entre marxistas “historici stas” e "estrutu
Fazendo jus à qualificação w eberiana das ciências políticas e sociai s com o ‘'eter ra! is tas". Os últimos pretendiam decompo r analit icamente o que se entendia por
namentejovens’’,a scli vagensfundam entaisda políti ca brasileiraest ãoco ntinua "história”,reduzindo-a aseus componentes.Oexercí cionãofoiinú til:impôs maior
mente m udando. Teo rias que pretendam imo bili zar n o tem po ess as cl ivage ns es clareza e preci são con ceituais e revelou que o conce ito de “histó rico'’ era usado dc
tão f adadas ao fracasso: el as congelam, param no tem po, enquanto o Bra sil muda. man eira m uito frou xa, signifi cando uma cois a aqui, outra acolá. Ao diss ecar a
Não ob stante, f az m uito tem po que algumas cli vagens estão presentes n a vitla história,oes truturali sm oforçou m aiorpreci são,exigindoaespeci fi caçãodoscom
política bras il eira. Diferentemen te dos partidos, elas persistiram . Os sist emas ponent es "históricos” que eram m ais importantes nest a ou naquela situação, e
partidários apareceram e desapareceram, mas essas clivagens permaneceram. A assim por diante. M as s e, por um lado, os hi sloricistas evi tavam o trabalho analí
políti ca eleitoral tem o rbitado, tradicionalmente, em torno dessa s li nhas dc con tico com o am plo escud o da hist ória, por ou tro, a estrutura é. a história congelada.
flito, que não desapareceram com o PSD, a UD N e o P TB, nem c om os seu s suc es É o ser sem deven ir.
sores , o MD B e a Arena. Km mais de uma ocasi ão, " novos” p arti dos se formaram O uso de expl icaçõe s estruturai s numa perspecti va histórica perm ite discernir
com o pro pós ito ostensivo de rom per com essas l inhas , às vezes assegurando es mudanças e estimar tendênci as.Os proces sos soci oeconômic os tine estãointim a
tar “ acima delas”, outras vez es afirmando seguir cli vagens diferentes. Ainda as- mente relacionados com a força elei toral dos parti dos não nasce ram no mom ento

sim, eleição a pós elei ção, os mesmos determinantes condicionaram o com porta da análise: vieram de antes. O uso adequado, ainda que simples, de estatísticas
mento e leitoral no Brasil. Por vezes , quan do os partidos eram novos, seguiu-se temporais p erm iti a con statar s e a tendênci a era de crescimento e. aproximada
mente, de quanto. Esse é um conhecimento m uito rele vante. Os dados sobre a
urbanização mostravam forte aceler ação do fenôme no. Em poucas dccad as, o B rasil
Kntrc as clivagens qu e ganharam relevo rer enlemc nte estão as degenero, cor, |>úblico-priva- passari a d e' essencial mente agrícola e rura l” para m aioritari am ente urba no. Os
do e ecológicas, ao passo que as clivagens locais entre famílias perderam importância com a
partidos que não acompan haram ess a mudança perderam, e m uito, cleitoral m en-
Utbnntatçiio.
le. C ) núm ero de traba lhadore s ocupados na indú stria a iiula era pequeno em 19-1:3, Figura 6
mas sua taxa de crescimento perm iti a antever um a base elei toral m ais fa vorável Pop ulação urban a e rura l, 1 940-80
aos partidos trabalhistas.
A urbanização e i ndustriali zação não foram "pro dutos ” da crise de 1929™
nem das duas guerras, embora elas t enham con tribuído p ara acelerá- las. A indus
trialização, em pa rticu lar, fo i incentivada pela crise e pel as guerras. Convém , jx >r-
tanlo, d edicar algumas linhas a es se tema, sublinh and o alguns pontos bási cos cujo
esquecim ento tem levado a interpretações equívocas de seu significado.

A urbani zação
Há int erpretações contraditórias a respei to do nível de urbani zação anterior
a 193 0: por um lado, Geiger (1963:20) e Prado Jr. (1966:20) sublinham que o
contingente urbano representou uma percen tagem relati vam ente baixa — apro
ximadamente 10 % e estável « lo tota l da populaçã o entr e 1872 e 1920. Esses
estu diosos tomaram as capit ais da s anti gas províncias do Im pério como indica
dores das áreas urbani zadas. .l á Ed gard Carone (1969:10), ulil izando uma delm i-
ção mais ampla de urbanização, chego u a números mu ito maiores: 40% da popu Anos
lação seria urban a cm 1872 , 36% cm 1900 e 30% e m 1920. Segundo Carone,
portanto, teria havido uma ruralização da popu lação entre 187 2 e 1920. Esses
Urb aniza ção, clivage ns, conflitos e el eições
dados, por sua vez, estào em c ontradição com os de N ancyA lcssio (1970:106), que
dem onstram a urbanização relativa da população durante o m esmo período. A dimensão urbano-rural t em sido uma linha im portante de cl ivage m na políti
Alessio sugere que o núm ero de cidades com 30 m il habitant es ou m ais aumentou ca brasileira. Essa importânc ia deriva d e pelo meno s duas ques tõe s:
de 67 em 1872 para 2 6 5 em 192 0, tendo h avido um crescimento not ável (da or
• um a questão de j>ol íti ca econôm ica. As políti cas de s ubstituição de imp ortações
dem de < 112 %) dn popu lação dess as cidades, a qual teria passado de 3 milhões a
acarretaram uma transfer encia de recursos do setor agropecuário para os seto
quase 1 6 milhões no m esmo período. Em termos relativos, 31 % da população se
res indu stria l, tie serviços e público, especialmente o prim eiro,2M bem co mo a
ria urbanae m 1872, em comparação com 51 % em 1920. Finalmente, Brandão Lopes
concentraçã o de créd ito e investimentos e o uso da agricu ltura dc subsistência,
(196 8:1 -1) demo nstra que a população dos m unicípios ond e estavam locali zadas
do trabalhoagrícolaedoschamadosset oresurbanosmarginaisparaincreme ntar
cidades com 50 m il habitantes ou mais passo u de 582 m il em 1872 par a 3.287 m il
a acumulação de capital urbano -industrial;
em 1920, o que represen taria 5,9 e 10, 7% da população total, respectivame nte. A
• um a questão eleitora l. Desde as prim eiras eleições brasileiras no p eríodo |>ós-
análise de Brandão Lopes é taxativa, deixando pouc o lugar a dúvidas: em 1920. a
guerra, di ferentes partidos políticas tiveram uin chamado político diferenci ado,
urbanização da população já era discemível, havendo seis cidad es com mais de
alguns penetrando bem m ais nas áreas urbanas eoutros ape lando principalmente
100 m il habitantes no país. Nos I r ês períodos intercensuais, a t axa decre scim ento para as áreas rurais.
da população da s cidades ( de 50 m il habit antes ou m ais) foi m ais al ta do que a da
população t otal. E m 1930, o R io de Janeiro já era um a m etrópole com 1,5 milhão Uma nítida clivagem urbano -rural su rgiu logo ap ós a redemocrat ização do
de habitantes, c São Paulo se apr oximava dos 900 m il, havendo quatro outras Brasil, a qual teve início com a que da da ditadu ra de Vargas . Na m aioria das capi
cidad es com m ais de 2 0 0 m il habitantes (Recife, Salvador, Belém c Porto Alegre) tai s nordesti nas, o P artido Com unista Brasileiro (PCB) teve uma presenç a eleito
c oulras cinco com mais de 10 0 m il habit antes. Porém, comparativamente aos ral marcante, mas no inte rior ele r ecebeu uma proporção bem reduzida do total
uiveis atuais (1996), o níve l de urbanização era bai xo. tie volos.

•' ’ Voi Dean, 1971; V illc la et a lii. 1069; e Raer & Vilich«, 1972. 214 Ver Soares, 1976.
Votação dos candidatos comunistas na capital e ve sua orientaç ão e seu apelo: con tinuou a ser basicamente um pa rtido ru ral, re
______no re sto do estado, eleiçõe s de 194 5 presen tando os interesses dos fazendeiros, das oligarquias ru rais, das elites è da
Nome Estado clas se niédia das pequenas cidades. A UD N, que se beneficiou da condição rural
Eleição Capital Resto do estado
em me nor extensão do que o PSD, aumentou o seu apel o entre as cl asse s médias
Yedo Fiúza Amazonas Presidencial 15% 1% urbanas de algum as grandes ci dades, incluind o as do Sudeste . Partilhou , com o
Yedo Fiúza Ceará Presidencial 34% 1%
Prestes P I B os votos da ci dade do R io de Janeiro e fe z também fort es incursões nos seto
Pernambuco Senado 25% 8%
Deputados res da cl asse média d eoutra s grandes cidades, sofrendo apenas a competição cres
federais Paraíba 18% 4%‘ cente do Partido Democrático Cristão ( PDC ). O PTB foi favorecido pela urbaniza
ção, pela i ndu striali zaç ão e, em relação ao Partido Com unista pel o
' Para a Paraíba, os 4% se referem a tod o o estado.
desenv olvimento social, obtendo m aior vot ação nas ci dades urbanas e in
Ver Blordel. 1957:166.
dustriais (da classe trabalhadora mais bem remunerada) do que nas cidades
empobrecidas do Nordeste, onde o P arti do C omunista colheu os s eus melhores
Yedo Fiúza, o can didato co m unista às elei ções presidenciais, recebeu 15% do
i esultados. Embora a urbanização se correlacione com a industrialização e mui
tolal de votos válidos em Manaus, mas apenas 1% no resto do eslado do Amazo
tas outras v ariáveis es trutura is, as análises de regres são e de correlação revelam
nas; cm Fort alez a, recebe u 34% do total dc votos v álidos, mas ape nas l,l% no
que a urbamzaçao foi, elei toralmente, mais imp ortante durante o período demo
resto do estado do Ceará. Prest es, secretário do partid o c can didato do PCB ao cráti co - acima e além da industriali zação e do desenvolvimento social - , ou
senado po r Pernam buco, recebeu 25% do total dos votos em Recife, mas apena s
seja, o impa cto da urbanização não podia ser reduzido â soma dos impactos des
8 % no resto do estad o. Em Araca ju, capi tal de Sergi pe, Yedo Fiúza venceu as elei
sas outras vari áveis. I)e 1945 a 1965, o apoio eleitoral aos par li dos reform istas
ções presidenciais, mas teve uma presença bem fraca no resto do estado. Na
e/ou radi cais foi também m uito m aior nas área s urbanas e, sobretudo, m elronoli-
Paraíba, o P arlido C om unista B rasileiro recebeu 18 % dos votos válidos na capital, lanas. 1
mas apena s 4% em todo o estado.
Usando outro tipo de indicador, Neuma Agu iar (1969:359-87) mostrou uma Os efeitos políticos da urbanização depois de 1964
correlação de 0,86 entre a urbanização dos estados brasileiros e seu índice de
sindical izaçào (percentual dos trabalhadores urbanos sindical izados), bem como Os efeit os políticos da urbanização não foram uma peculiari dade do período
um a correlação de 0,83 enlre a urbani zação e as taxa s de queixas (medida dos 1945 64, pois continuam alé hoje. O si stema bipa rlidário, criado por decreto pel a
lit ígios da cla sse trabalhadora nas tribunais do trabalho em relação ao lotai da dit adura m il itar,* » também terminou p or ad quirir uma foit e difer enci açãourba-
população). no-rural, com a Arena recebendo mais apoio nas área s rurais e o M DB vencend o
As bas es urbanas e rurais dc outros partidos políti cos também aparecer am nas princ ipais áreas metrop olitanas. Isso aconteceu dcmro dos estados e também
de form a clara e incontestável nas primeiras el eiç ões do período dem ocrático: em entre ele s. No Rio Grande d o Sul, e sse fenôme no foi estudado po r Francisco Ferraz
1945 , a correlação pr o« In l o- mo me nto entre a urbanizaçã o e a percentagem d o to que com putou a percent agem o btida em cada elei ção pel os partidos, decom pon
tal de votos váli dos ob tidos pelo PTB foi de 0 ,6 8 ; com o PCB, foi de 0,79 ; e com do os votos de acordo com o grau de urbanização dos mu nicípi os. Os result ados
seu s votos combinados, fo i de 0,84, enq uanto a correl ação com o apoio eleitoral mos tram que o M DB foi m ais forte no s mun icípi os urbanos, assi m com o os votos
dos parti dos conserva dores foi negati va: -0,60 com o PSD e -0,39 com a UDN. Dc de protesto, m edidos pel os nulos e em branco. As difer enças, entretanto, eram
194 5 a 1962, a correl ação positi va e ntre a urbanizaçãoe os votos do PTBdim inuiu modestas: em 1974, a Are na recebeu 43% dos votos nos mu nicípios ru rais e 28%
de 0,68 para 0,34. Esse declínio se deveu, em p rim eiro lug ar, ao esforço organiza nos urbanos.
ciona l do PTB, especialme nte nos est ados menos desenvo lvidos e mais ru rais e Km o ulros estados, a re laç ão entre a urbanização e os votos do MD B foi mais
nos municípios ru rais nele s contidos; em segundo lugar, ao gr ande aum ento dos forte Olavo Brasil de Lima Jr. divid iu os municípios do antigo eslado do Rio de
votos da classe traba lhado ra dados ao PTB nas grandes cidades dos est ados me acordo com õTam aniio do eleit orado (o q ual está inti m am ente relacionado com a
nos desenvolvidos. Em 1945 e 1947 , o PTB recebeu uma perce ntagem m ais redu urbanização): o prime iro grupo incluía os mu nicípios com menos de 10 m il elei to
zid a dos votas t rabalhistas devido ã dura com peti ção com o Partido Com unista e res; o segundo, o s que contavam entre 10 m il e 20 m il; e o terceiro, o s m unicípi os
outros partidos de orient ação trabalhist a. O P I B cresceu mais nos estados onde
tinha sido m ais fraco, dim inuind o assim as cor rela ções anteri ores. 0 PSD mante- i' 1a.mu ltiP*fl iJllá' io [oi ” til lI‘>«m outubrode 1965; a s normas que levar am ao sist ema
bipai ti da no foram criadas j m-Io A to C oir.pteir.en-ar n°4 de 20-11-1965.
com mais de 2 0 m il eleitores. Os result ados mo stram com o cra alta naquele esta
do a relação entre urbanização e emedebismo. As base s urb ano -rura is da diferen dita e a m etropolização, isto é, o crescim ento acelerado das grandes áreas metro-
cia ção são bem clar as: o M DB não controlou uma única C âmara de Verea dore s pohtanas. Com essas c outras mudanças na sociedade e na política brasileira, o
nos m unicípios com m enos de l() m il el eit ores, controlou menos de uma em cada sistema pa rtida rio cria do em 1945 não mais se adequava aos interesses conserva
cinco nos mun icípi os com menos d e 2 0 m il el eitor es (mas com mais de 10 m il), dores. Ve, o entao o golpe de .964, e um novo sist ema pa rtidário foi imp osto em
mas controlou quase qua tro em cada cinco nos m unicípios com mais de 2 0 m il
1965. Com o di sse M aria D’Alva Kinzo ( 1988:1 5), a in. enção do governo m ili tar
eleitores. Resultados semelhantes foram obtidos qua ndo se anali sou a votação era criai um gran de partido de apoio e um pequeno partido de oposiç ão, para
para prefeito. ma nter a aparênci a de um a democraci a.
Nas el eições f ederais de 1 97N. a cl ivagem urb ano -rural foi m uito forte. 0 MD B
obteve 62% tio to tal dos votos válidos para o Congresso Federal no Sudeste , es A indu stri ali zaçã o
sencial mente urban oe ind ustrial, mas apen as 2 H% no Nordeste rural c m ais atra
sado. Ess as tendências tamb ém foram e ncontradas de ntro de cada estado, sendo A industrial ização é um proce sso crucial para entender a políti ca. Isso por
duas razoes: 1
mais fortes nuns c m ais fracas noutros. A longa lista tle exemplos poderia ser au
mentada: cm toda parte o apoio à Arena e a o MD B seguiu a cl ivag em rum l-urba- • ela cria uma força nova, r. operariado, junta ndo pes soa s que Iraball. am pró xi
na. Nas primeiras el eiç ões, depoi s que o sist ema b ipartidário fo i criado po r decre mas umas das outras, o qu e facilit a a comunicação; po r tradição, predi sposição
to, a m aioria da popul ação ainda não identifi cara o MD B com o o represent ante dasbase ssoca .sc ideologia,ospartidosdeesquerdaconcentram osseusesfor-
legíti mo de seus i nter esses. Prejudi cada po r um a distribuição de renda m uito de ços na cl asse trabalha dora e, dentro dela, no proletariado ;
sigua l e pelas polí ticas governamentais que mais tarde aumentaram a concentra • ela mud a a composição do pro duto nacional bruto e a “correlaç ão de forças”
ção tle renda, ela s e recusou a apoiar o partido do gov erno m ilitar. P or isso a abs entre os setores: a política nacional passa a ser definida cada vez mais cm fun
ten ção eleitoral foi m uito alta, como o foram os votos nulos e cm branco. Naque las ção dos i nteresses indus triais e menos em função da agricultur a e da pecuári a.
ele içõ es, o M DB teve um desempenho m uito fraco, perdendo as elei ções na m aio
ria dos centros urbanos. O ano de 197 4 foi o grande m omen to das mudanças, co m Figura 7
as vitórias do M DB em 16 estados e na maioria dos grandes centros urbanos. Daí índices da produç ão ind us trial, I 9 12 -39
em diante, o M DB aumentou sem pre sua li derança nasáreas urbana s, derrotando
a Arena po r grande m aioria em algumas dela s. Nas áre as rurais, a Arena co nti
nuou absoluta. A cliv agem nrbano -rural da políti ca brasileira havi a-se reafirma
do. Estrategicame nte, entre 1960 e 70, a população brasileira passou de m ajorita-
riamente rura l a ma jorit ariame nte urbana.

Tabela 25
U rbanização e percentagem de prefeit uras e câmaras de vereadores
_ e m q u e o M D B f o i o p a r t id o m a jo r it á r io , e s ta d o d o R io , 19 76
Nú m ero de eleitores Nível eleitoral
_____________________________Prefeit os Vereadores
Menos dc 10 mil 14% (22) Ò% (22)
De 10 mil a 20 mil 33% (15) 18% (17)
Acim a de 20 mil 77% (22) 72% (25)

A contínuaurbanizaçãoda soci edadebrasil eiraco ntribuiu parasolaparabas e Os prim ordios da industrial ização no Brasil datam de antes tia Repúbli ca,
socia l de diversos partidos conserva dores, e t anto o PSD qua nto a UD N perderam •aitre 1881 c 1890 , o número de estabel ecimentos industriais teria passado de
considerável substancia eleitoral. Foram p elo menos dois os processos diretame nte 2 0 0 para ma isde 6 00. Já as cifr as proporcionadas por Pedro B arreto Fal cão indi
associ ados a urbanização com implicações políticas: a urbanizaçã o propriam ente cam que em 1889 havia mais de 900 estabeleci mentos industriais no país. con tri
buindo os têxteis com 60% tio capital. Em 1907, havia quase 15 0 m il operári os
núm ero que sal tou para 250 m il em 1920, dos quai s mais dc 80 m il cm São Pau lo o Bra sil. Porém, a • ‘mode rnização’’ do país veio acompanhada de grandes m ovi
e mais de 50 m il no Rio de Janeiro. O aum ento no período fo i considerável e p odo mentos populacionais internos quecomeçaramaa lterar ahierarquiademográfica
serem p arle explicado pelas restr ições à i mportação dura nte a I Guerra Mu ndial. dos estados . Essas alt erações tiveram impo rtante s conseqüências polít icas.
Não obstan te, está claro que o proces so já estava em anda men to e que o Brasil j á Com o advento de eleições presidenciais diretas e honestas, o núm ero dc elei
contava com um a class e operá ria pequena, mas não desprezível, no início do sé- tores de um estado pa ssou a ter importân cia maior. Em bora o Índice bruto dc
ciilo.2 16 Dados relativos a 1929 registram mais de 90 m il operários e quase 2 mil participaçã o e leitoral2 19varie dc estado para estado, a população se associ a in ti
fábricas som ente no D istrito Federal; só em S ão Paulo, encontramo s quase 1 50 mam ente com o núm ero dc eleit ores. Com a democratização, a representação es
m il ope rários e 7 m il fábricas.2 17Em 1930, e ssa classe já era suficientem ente nu tadu al passou a ser m uito relevante; a despe ito de fortes distorções impostas pela
merosa para fornecer substrato a movimentos e partidos de esquerda. Todavia, legisl açao, ela depende da populaç ão.
essa cresc ente população operá ria não pa rticipava na vida po lítica do país, estan Ao se iniciar a República, Minas G erais tinha o com ando dem ográfico do país :
do prati camente excluída do processo el eitoral (que era fraudu lento) e totalmente quase 3,5 milhões dc habitantes ; o segundo conti ngente era o baiano, com cerc a
excluíd a das decisões. de 2 milhões. Vinha a segui r um grupo “d o me io-alt o”, composto de Rio de Janei
Era, pois, terreno fértil para os movimentos políticos contrários ao sistema ro, Sao Paul o, Pernam buco, Rio Grande do Sul e Ceará. O Nordeste tinh a p erto de .7
político da República Velha. 0 fortaleci men to do p oder p úblico e a sub seqüe nte 6 milhões de habitantes, aprox imadamente o mesmo que o Sude ste e qua tro ve
.1

formação de um a burocracia púb lica também fo ram processos iniciados antes de V


zes a população do S ul! O eixo dem ográfico do país era Minas-N ordestc. 0 Paraná o

1930. Os dados da figura 7 dem onstram q ue houve um crescime nto consider ável era uma terra de ningu ém., c om 250 m il habit antes, menor do que qu alquer dos \
da produção industrial no período de 27 anos . Fica pat ente o efeito imediato da estados do Nordes te e do que o Pará. A população inte ira do C ent, o-Oeste equiva - ! H
crise de 1929, que fo i ne gativo, assim como a rápida recuj)eração posterior.8 1* lia a de Sergipe.
Durante o período, o í ndice aum entou aproximadamente q uatro vez es. Evidentem ente, se es sa distribuiçã o d emog ráfica persisti sse, alguns dos es
Os dados do censo ind ustrial de 1920 nos davam 272.512 operários; em 1939. tados que hoje pesam na política nacional continuariam próximos à irrel evância,
esse número saltara para 852 m il, e em 1919, para quase l.350 .000 . Seguindo a ao pass o que outros, h oje secundários e até mesmo te rciários, seriam atores im
série, haveria perto de 2 milhões de operários no fim do i>eríodo dem ocrático. portantes da política nacional.
Estas são subestiniativas. O poten cial eleitoral dessa população tinha que ser au
mentado, ponde rado pelo núm ero médio de adu ltos al fabet izados por fam íli a de Tabela 26
operário. Em 1947 , havia 7.7 milhões de eleitores inscritos. Tax a m édia geom étri ca de i ncrem en to anual da popul ação,
Outro po nto importan te é o va lor da mass a salarial : apesar da extrema con _______ _____________ 1940-70, segundo as regiões
centração de renda, a massa salarial cres ceu acele radamente. Portan to, o proletá Período 1 Centro-Oeste Sul No rt e Sudeste Nordeste
rio e sua fam íli a tornaram-se um a parte não desprezí vel do mercado. Os operá
1940-50 341 325 229 214
rios passavam a ser considerados fatores relevantes não só na produção, mas 277
1950-60 536 407 334 306
também no consumo. 208
1960-70 560 344 340 260 250
Migrações e m ovim entos de popula ção Km 194 0, meio século depois da proclamação da Repúb lica e cinco anos an-
tesd e te rm ina r a ditad ura Varga s, São Paul o já sup erara Minas <lerais; o Rio dc
No decênio 1891-3900, entraram n o Brasil mais de 1, 1 m ilhão de imigran tes,
Janeiro c o Rio Gran de do Sul se aproximava m da lialiia ; e o Paraná i á superara
e de 1890 até 1930, mais de 3 m ilhões. Ess es imigrante s rep resentaram, p or si só ,
todos os est ados do Nord este, m enos Bahia, Pernam buco e Ceará . Mas as grandes
uma fonte d c consideráv el mudança social , em purrando o país na di reção da in
dustrialização e de muitas outras mudanças. As duas guerras m und iais e a Gra n transform dações
população demog ráficas
o Ccntro-Oe estavamuapenas
ste continuo c acel
a crescer omeçando. Na década
eradamente, e a de
do Su1950,
l cres-a
de D epress ão expulsaram m uitos europeus de seus p aíses, e parte deles veio para

lísse ponto è sublinhado por Biandii (1069) com relação também a outros países latino- 09 FJcitores efetivamente votando, cm relação à população total do «s:ado. Há outras taxas
americanos. relacionadas com essa, .m is ou menos refinarias, como a dc eleitores que efetivamente votam,
w Ver Fausto, 1970:23. cm relaçao à jiopulaçao legalmente npta a vola r, e outras que excluem do numera dor os votos
Dados rceomput adosde IBGE, 1990:383-4. em branco e/ou os nulos.
ceu m uito rapidamente. A década dc 1960-7 0 testemunhou o crescimento cunli- Composição racial da população
nuo c a inda mais aceler ado do Ccntro-Ocste, bem como o iníc io da diminu ição na
laxa de crescimento do Sul, que se equiparou à do Norte. Várias década s de cres Os cens os do século passado s ão as melhore s fontes para o estudo da popu la
cimento populacional m uito diferenciado transformaram a demografia po Uti ca çãob rasilei ra,em bora poucoconfiáv eis.Todac qualquer estimati va populaci onal
do país. O Nordeste, força p olítica do Im pério, pass ou a «ma posição secundai i a, an terio r a 1940 pode ter uma m argem de erro considerável. O ce nso de 187 2 nos
dá 38% de brancos, 43% de não-brancos livres. 10% de escravos negros, 5% de
Min as Gerais, força política da Re pública Velha, des ceu ao nível de outros esta
dos. Estados antes irrelevantes, como o Paraná e Goi ás, passaram a pesar na p oli escravos pardos e 4% d c índios. O censo de 1890 nos dá 44% de brancos, 41% de
pardo s e índios, e 15% de negros.
tia», e São Paulo as cendeu a uma liderança inconteste.
Com a forte diminuição da imigração eur opéia, a composi ção racial da popu
lação brasileira passou a depender da natalidade e da m ortalidade de cada r aça.
Mudanças na com posição de cl as se s Os dados sugerem que lanto a taxa de natalidade quanto a de mortalidade são
Com a indu strialização surg iram novas cla sses. O proletariad o, privilegiado mais altas entre os não-b rancos.2 “ Porém, como as diferenças de natalidade sào
maiores, a percentagem de não-brancos aumentou.
pela t eoria ma rxista com o o princ ipal agente de mudanças revo lucionarias, cr es
Houve trêsmovimentos no que tange à comp osição racial da população, sem
ceu durante tod o o período. Porém, os incentivos à ind ustn ata ça o favorec eram
que stiona r as respost as aos censos :
a importa ção de bens de produção tecnologicamente avançados. O custo, em dó
lar es constant es, da criação de um emprego ind ustrial direto aum entou sempre, • um período de crescimento na percentagem de brancos, em parte derivada da
forte imigração européia ;
desde os primó rdio s da industrializaç ão substitutiva até nossos dias. Com isso o
• a "nnilatiza ção “ das identificaç ões rac iais;221e
proletariado indu strial brasilei ro nunca atingiu os nívei s de importancia nu m éri
• um crescimen to dos não-brancos. derivado da baixa generalizada das laxas dc
ca que a tingiu nos país es de industriali zação mais antiga. No Brasil, o proletari a
mo rtalidade e da ma nutenção de um d iferencial de natalidade entra as raças.
do ind ustrial nunca chegou sequer a tornar-s e a maioria da forç a de trabalho.
Por ou tro lado, a burocrati zação, tanto púb lica qu anto privada, conce deu um Em 1945, ao se iniciar o período dem ocrático, a composição racial da popula
slatus privilegiad o à educação form al. Cresceram os retornos d a educação, cujas ção, grosso modo, em 62,5% dc brancos, 24% de pardos, 12, 5% de pre tose men os
correlações com a ocupação, a renda, a riqueza, o pode r e o prestígio eram altas: de l% de amarelos c ausentes. Os brancos dominavam o cenário, mas os não-
os requ isit os educaci onais dediferentes nívei s ocupacio na.s foram aumentando. brancos eram m ino ria substancial. O s brancos passaram, assi m, de mino ria a
A educação passou a ser o gran de canal de ascensão s ocial para aqueles que nao ma ioria. Porém , essa maioria não s c distribuía alea toriame nte no espaço: desde
herdaram riqueza. 1872já se observava uma d istribuição espacial diferencial: os brancos representa
Cresc eu o em prego no governo federal, nas empresas publi cas, nos governos vam 66% do Brasil "desenvol vido”, em contraste c om 38% do Brasil “subdes en
estaduais e m unicipais,cuj os funcionáriosgozavamd eregali asc prot eçoesespe volvido ” »2 Km 1890. como seria de esper ar, os resultados foram semelhantes: 62
ciai s. particularme nte no que concerne à duração da vi da produ ti va, a providen e 37%. Es sa concentração d iferencial co ntinua a té hoje.
cia e às apos entado rias. . Entre 1872 e 1950, aumen tou a concentração de brancos nos esta dos do Bra
Cresc ia, também aceler adamente, o emprego no setor mtorm al. A índustr i a- sil desenvolvido. Em boa parte isso se explica pela concentração dc imigrantes
lização e a burocratização não conseguiam ab sorver os excedent es populacionais
causados pela explosão urbana e metropolitana. Esses excedentes Unham uma
?>>Ver G oldani, 1991:195- 23«.
eeografi a pr ópria , parte me nor nos interstícios das ár eas de cl asse media e alta e
Segundo Ch arles VVo od {1991: 93-114). entre 1950 < • 1980 houve um a “m ulalização” «la popu
parte ma ior na periferia das grandes c idad es, da qual a Baix ada Fluminense e lação der ivada do uma i-ecfassificaçãv. Tomando por bas e a diferença entre as estimativas da
população, p or raça. para 19S () c aquela realmente encontrada , VVoo d conc luiu que um núm ero
símbolo.
Ess as mudanças na comp osição de c , que ,
la sse exi giam um a teoria adequada substancial de negros (pretos, na linguag em <lo censo) passou a se iden tificar como pardo.Cerca
as l evas se em consider ação. M uitos não atenderam a essa exigênci a e con ti nua de38% dos pretoster- se-iam recla ssif icadoqua setodoscomo pardos.Entendao leitorque esta
A po lít ica bra silei ó uma simples const ataçã o,enãoumjuíz oa respeitodequalseria a identifi cação'correta ” para
ram preven do um a revolução proletária que nunca aconteceu. essas pessoas.
ra passari a a girar tamb ém ao redo r dos i nter esses do am plo setor inform al, dos K i Os estados do .Sul e do Sudeste tinham posiç ões mais altas do qu e os dem ais em fodos os
int eresses da classe méd ia e do s inter esses corp orativos ao se tor publico. indicadores usados: alf abetização, industri alização, renda pe r capj/u, renda indu strial pcrcapiUi
e urbanização.
nos mesmos estados: cm 1872,71% dos estr angeiras viviam 110 Brasil desenvolvi
do, e es sa percentagem cresceu dc cens o para censo: 83% cm 1890, Híi % em 1900 Cap ítul o 8
c 8?% em 1920. Ness es núm eros não estão comp utados os descendent es de es
trangeiros.^3
Portan to, a composição racial da população tinha fo rtes correlatas regionai s,
As bases socioeconô micas dos p artidos po lí ticos
l>em como fortes correlatas de classe.

Conceitos

Na literatura ensaística sobre as partidos políticos brasileiros, c comum encon-


tia r a afirmaçao de que cie s seriam destituídos de conteúdo ideol ógico. A imp res
são dom inante é de que a política bra sileira estav a (e está) bas eada em pes soas e

naomcmmorganizações.
por O público partilha
i reali zada na Guanabara em J960,essa impressão.
perguntei Km pesquisaisteleitoral
aos entrev ados em quem
votariam se o m elhor cand idato fo sse o candidato do p ior p artido e vic e-ve rsa-
77 A responderam que votariam no m elhor candidato do pior pa rtido e so mente
10 X, responder am que votari am ..o pio r candidato do m elhor partido (os demais
votariam em outros candidatos, não votariam etc. ).
Toda via, observa-se estreita relaçào en tre as preferências partidá rias e a vo
taçãoefetiva: 8 5 % dos que declar aram pre ferira U DN ,o PDCe o PRPvotaram em
candidatos dess es partidos para dep utado federal; 73 % dos que declararam prefe
ri r o PSI) e o PR 1 votaram nos candidatos de sses partido s; e 68% do s que prefe
riam o I I li. o PSP e o PS B votaram nos deputad os de sses partidos. K xiste lam
bem um a associ ação entre a preferência partidá ria e os candidatos presiden ciais
apoiados pelo pa rtido: nada menos de 95% dos que preferiam o prim eiro grupo
dc partidos (UD N, PDC e PRP) pretendiam votare m Jânio Quadros, em contraste
com 2 1 A dos que preferiam 0 PSD e o PRT, e apena s in% dos que preferiam os
pai ti dos de o nentaçao trabalhist a e pop ulist a. A grande maioria dos entrevista
dos que acredit avam que votari am no me lhor candidato do pior p artido percebi a
o candidato do pa rtido como melhor. Assi m sendo, a afir mação dc que "votariam
no m elhor candidato do pior p artido" é inócua, porque o candidato do partido
pietei ido era, quase sempre, percebi do como melhor. A esco lha de um candidato
era (e e) fortemente dependente da preferenci a partidári a, Evidentemente, a es

colha de um candidato naoc um fenômeno abstratamente individua l, desvi


de toda relação social: tanto a preferência partidá ria qua nto a perc epção dasnculado
qu a
lidades dos candidatos està o inseridas numa estrutura sup ra-individual cujas ba
ses soci oeconômicas, cm g eral, e de clas se, em pa rticular, são funda men tais na
(ietemimaçao do com portamen to dos indivíduos. Nes te capít ulo procurarei de
'' r.sses dados foram ex traídos de Hascnba lg, 197 «.
mon strar que o desenvolvimento da s forças produtivas é d e importância funda
mental para a compreensão do com portamento po líti co, cm geral , e das prefer ên-

191
cias partidárias, cm particular. Atrás do caráter aparentemente individual de verdade que mu itos estudos de política local demo nstraram que a assoc iação de
muitas deci sõe s políti cas, como a dc vo tar num candidato de um partido, há uma indivíduos com o PSD ou com a U DN dependia da sua vi nculaçao com as famí lias
infra-e strutu ra socioeconômica c| ue as cond iciona. Evidenteme nte, isso não im dominantes, não era qualquer fam ília que decidia os rumos partidários da políti
plica negara importânc ia de fator es psicol ógic os, nem advogar rígido d eterminis ca local . Esse atribu to era exclusividade das famílias oligárquicas. O ra, a oligar
mo infra -eslrutura l. Pretendo soment e apresentar e def ender um enfoque que quia fo i e é um fenôm eno estru tural; nã o é por acas o que el a foi quase sempre
enquadra essas decisões individuais numa estrutura socioeconômica na qual o const atada em mu nicípios rurais, mas raramente em áreas metropolit anas. A es
desenv olvimento das forças produ tivas e das re lações sociais de produção são fun trutura oligárquica não é i ndeterminada : apóia-sc numa infra-estrutura soci oc-
damentais. confnnica pa rticular, o que explica a correl ação encontrada en tre a força do s par
Esie capítulo confere atenção particular à rel ação entre o desenvolvi mento tidos ancorados nas oligarquias locais e os indicadores de desenvolvimento da
econôm ico e social e a força eleitoral dos partido s políticos. A unidad e de anali se infra-estrutura soci oeconômi ca. Esta última afeta a força dos partidos pela me
é o estado.2 24Os pa rtidos políticos b rasileiros não receberam uma votação un ifor diação do sistema oligárquico. Assim sendo, quan do encon tramos a já conhecida
me nos diferentes estados brasileiros. Em 1945, o PSD recebeu 64% do s votos no ass ociaçã o de um indivíduo, m embro de família oli gárquica, com um dos partidas
Rio Grande d o Sul e 62% no E spírito Sa nto, em contraste com 17% na Guanabara, tradicionais, não devem os esquecer que essa as soci ação é estrutur al e h istorica
então D istrito Federal; a UDN recebeu 50% na Paraíba e menos de 1 0% no Rio mente condici onada. Ela s e “encaixa” num a estrutura que o indivíduo não esc o
Grande do Sul; o PCB recebeu 20% na Guanabara, 16% em Pernambuco, mas lheu. Consid erados cm conjunto, os votos dados ao PSD e à UDN foram mu ito
obteve menos de 1% no Piauí e 1, 2% no Ma ranhão; o PTB rec ebeu 27% na Guana mais freqüe ntes nas áreas rurais do que nas urbanas, nos est ados menos alfabe ti
bara, 22% no Amazonas e menos de 1% no Rio Grande do Norte, além de não zados do que nos m ais al fabetizados, nos com me nor rend a per capita do qu e nos
apresentar candidatos em sete estados. Houve, conseqüentemente, muita varia com m aior renda percapila.
ção na votação dos partido s nos diferentes estados brasileiros. F oi uma votação No início do p eríodo democrático, consi derando os dois partidos ju n to s , a
pouco uniforme , m uito heter ogênea. Os partidos eram fortes em uns esta dos e correl ação mais alta foi com a renda interna per capita (-0 ,83), seguida pel a ur
fracos em ou tros. As eleições seguintes confirma ram essa heterogeneidade, que banizaçâo (-0 ,80 ). Kssas correlações são substanciai s, sendo lícito con cluir q ue os
persisti u até a dissol ução do sist ema pa rtidário /"5 principais partidos oli gárquic os, o PSD ea UDN, toma dos em co njunto, ti nham
Essas variações não são obra d o acas o. Os est ados onde os pa rtidos recebe uma d ependência em relação à infra-e strutu ra socioeconômica. Ess es dados su
ram alta votação e os estados onde receberam baixa votação não foram seleciona gerem também que a oli garquia não é somente um sis tema político dc dom ina
dos aleatoriam ente. Sob o caos aparente de nomes de estados e percent agens há ção, mas também um sist ema socioeconômico.
ordem , e uma explicação para el a. Englobar a UDN e o PSD num só rótulo — sej a “pa rtidos conse rvador es”,
Nos ca pítulos anteriores, inic iei a explicação das vari ações na força eleitoral “tradicionais', "oligárquicos” ou ou tro qua lquer — não dev e obliterar as diferen
dos partidas políti cos a pa rtir de vari ações concomitantes na infra-estrutura so ças existentes ent re e les. Os dois tinham em comu m a m aior penetração nas zonas
cioeconômica. Agora procu rarei levar essas expli cações a um nível estati sticamente rurais, agrícolas e menos desenvolvidas, o que explica que ambos tivessem corre
um pouco mais exato. A exatidão deriva apenas da m aior especifici dade das info r laçõ es negativas com a urbanização, com a alfabetização e com a renda intern a
mações, c| iie neste cap ítulo são dadas po r estados e por zonas e leitorais, e não p or percapila. Entretanto., a UDN penetrou també m na clas se média de al guns esta
grandes regi ões. Começarei i>el a análise dos principa is partido s conservadores, a dos, sobretudo na Guanabara, um dos mais desenvolvidos do país. Assim, se a
UDN e o PSD. UDN representava parte considerável das ol igarquias ru rais e da s pequenas ci da
des, representava também amp las seçõ es da cla sse média urb ana de alguns esta
dos. A prim eira dessas ba ses eleitorais sugere uma correlação negativa com a ur
A U DN e o P SD
banização. a industrialização e o desenvolvimento, mas a segunda sugere uma
A análise espacial sugere que, no n ível nacional, o pessedismo e o ndenismo correlação pos itiva; o resultado híb rido e um a modesta correlação negativa, o q ue
não podem ser estudados a pa rtir de i ndivíd uos ou de fam ílias. Iss o porqu e, se é sugere que a prim eira base predom ina em m aior núm ero de estad os. O PS D, ao
con trário da U DN , penetrava quase exclusivamente nos est ados menos desenvol
'm Seria desejável realizar pesquisa semelhante no nível mu nicipal. Infelizmente, não há dados vidos. Sua sólida correlação negati va com a urbanização (-0 ,60 em 1945 e -0,52
disponíveis nesse nível. em 1947} sug ere sua maior definição por um Iipo determinado dc infra-estrutura.
1’ss i heterogeneidade tem resistido às mudanças no sistema partidário c reapareceu nos A equação de regressão indica que um acréscimo dc \% no níve l de urbanização
líislemas posteriores.
traria u m decréscimo dc 0,32% na votaç ão do PSD (quo seria diminuída da ran s-
»ante da regressão, 51%). ^ Tabela 28to
1aueia
CZ : e,a Ç?C S (Pr oduto-n^m en to) e ntre i ndicad ores de
Tabela 27
nPK ?V° -f n t° econô mic<> e social (195 0 e 1960) o
Correl ações prod uto-m om ento en tre indi cadores de
dese nvolvimento e conôm ico e soci al e percentag em do s vot os P Pr iSü^aU
D f amU
D DN Nna^
°‘a! d?eleiçõe
d C-PUts ^d
deOS f ederai
1945, 195 s0^ e 1962
‘ ‘ "pe lo
fali do s obti dos por PSD e UD N (j untos) em 194 5
In d ica d o re s de PS
P Sn D nmu
U D N
nm PSD.+■ UD N I — l
des envolvimento 1945 1945

Urbanização 1
1945
$ £¥ [ *»
Urbanização
% P S D - * »D N K P S D
-o 60 n
»W
n ^
H
— —
% PSn 7 UDN
r r r - -----------------------_
-0,60 - 0,39 -0,80
Alfabetização 6 -0,12 - 0,62 Alfabecização -0 .|2 .0.« $ £ ^ ^ '
- 0,60
Renda Interna per capito' - 0,-19 -0.53 Rencía interna
-0.83
ido em cidades com 10 inil habitantes ou mais. 'K,Capk0- JM - » _____ -0 .^ -0. 36 . 0,36 .o.<„ . 0,l6
u I------I--------• V «II I U

‘ Renda inter na sobre a população total. £ £ £ S O b r e * 1960" 5° * — disponíveisquan d^ s, ~^ lo '

Os result ados de 1950 confirmaram os de 194 5. 0 PSD continuou a apresen


tai uma correi açao negati va com os indicadore s de desenvolvime nto, a despeit o
de u ni decresci mo a rtificial nas correlações causado pela sit uação do Maranhã o. As diferenças se deveram à conjunç So de dois fator es:
O Maranhão, j untam ente com o Pia uí, oc upava posi ção pouco privil egiada cm
toc os os indicadores de desenvo lvimento, situando-se ora na
núltima posição. O Maranhão era um estado fortemente pessedisia. Em
porem, houve u m problema estadual, e o PS
últim a, ora na pe

D, que obtivera aproximadamente


1950 ■

in a p t o „o nú mer o ,„ ,ai de de pu tad os (de l90pán


:kpu,T
°*
fcderais n°

60% dos votos em 1945, não concor reu às el eições em 1950, provo cando grande
ck-svio esUihsti co, po,s seria exatam ente no M aranh ão, u m <los estados menos
desen volvidos do país, que esjx-r aríamos grande penetração do PSD. Isso afetou a
analise de re gress ões a pa rtir de um conjun to dc indicadores dc desenvolvimento peri l n' ^ r ^ ™ : l r m m Ín0 rÍa;“ o bservadasno
uma ve/, que 0 Mara nhão surg iu como caso totalm ente desviado: e sperava- se que
o PSD ele gesse 39% dos depu tados daquele estado, mas o p artido não elege u ne
nhum. n
Pers istiram as corr elações negati vas entre a UD N e os i ndicad ores dc desen
volvimen to, mas a ma gnitude das corr elações de cresc eu: encontram os agora- 0.26
com a urbanização, -0,38 com a alfabetização e -0,36 com a renda interna per
capita. A associ açao negati va en tre os indicadores de desenvolvim ento económ i lljlilllll
co e social e «1 pessedismo é semelhan te cm 1945 c 1962, sugerindo que . efetiva
mente, 1950 foi u m ano excepcional. Excetuando essa s eleiçõe s, o PSD manteve
ciara e inequívoca relação negativa com o d esenvolvime nto econôm ico e social ,
caracterizando-se como pa rtido da s áreas rura is, tradiciona is e subdesenvolvi das!
A UDN, porem, tendo começado o |>e ríodo como partido claramente tradi-
nonal, rural, com penetração sobretudo nos estados subdesenvolvidos, perdeu oe iuiio, c o ISD , a adesão ou a omissão e m rel ação a ele
um pouco essa característica. Em 1950 , a UDN elegeu H\ % dos seus deputados
federai s pelos estados subdesenvo lvidos, caindo esse í ndice pa ra 6 9 % em 1962 .
ções da mesma oligarquia. Esse caso é ilustrad o pela p olítica do estado de Goiás de classe requer a introdução de uma perspectiva estrutural na análise de sua
que foi pred omina ntem ente oligárqu ica no período 1945-64. Em 1945» o PSD ob força eleitora l. A base organizacional dos dois parlido s também foi m ontada es
teve 39 m il votos , e a U DN, 32 m il, num total de 78 m il. Juntos, o s dois parti dos sencialmente em áreas urbana s, em prejuízo das áreas rurais. A mtionalc eleito
receberam mais dc 90% do total de votos dados aos partidos políticos. Além do ral pa ra ess a opção é evidente: qualqu er análise de custo-benefício a curto e mé
PSD e da UDN, somente o PCI5 concorreu às eleições .226 A urbanização e a dio prazos indicava que menor investimento humano c financeiro produziria
terceiri zação apresentavam correlações relativame nte reduzidas com a força dos maiore s retorno s eleitorais nas grandes e médias ci dades do que nas pequ enas
partidos tradicionais em 1947: cidades e nas zonas rurais. A vinculação estru tural transparece nos dados de m a
neira irretorquívcl:
Tabela 29
Correl ações produ to-mo m ento e ntre indi cadore s de Tabela 30
dese nvolvimento econ ôm ico e percentagem dos vot os partidári os Correl ações produ to-mo m ento e ntre indi cadores dc
obtidos pelo PSD eaUD N em Goi ás , 1947-50 dese nvolvimen to econôm ico e soci al e a percentagem dos
Partidos Urbanização* Terciarizaçãob ________ votos válidos obtidos pelo PT B e o PC B em 19 45
PSD -0,2 4 -0.31 Indi cadores de PTB PCB PTB + PCB
desenvolvi me nto
UD
+N
UDN
PSD - 0,14
0,1 1
0,09
-0,23 Urbanização 0,68 0,79
Alfabetização 0,60 0,42
* Percentagem da populaçã
o total vivendo em cidades e vilas cm 1950
.
Renda iniern a per capito 0,69 0.80
: Percentagem d3 força de trabalho ocupada no setor terciário em 1950.
Para as definições, ver a tabela 28.
A modéstia dessas correlações contrasta com a magnitude das correlações
obti das no plano federal .” 7 Em G oiás, o divisor de águas entre o PS 1) e a UD N foi A força eleito ral dos dois grandes par tidos de esquerda era considerável me n
a associ ação de sses partidos com os grandes grupos p olítico-fam iliares d o estado : te m aior nas zonas urbanas, nào-agrfcol as, ind ustiia is mais desenvolvidas. A co r
com os L udov ico e com os Caiado, respect ivamente. Ksses dois grupos po lítico- rela ção de 0,87 com a renda interna per capim signifi ca que 3 /4 da variânci a
partidários-familiaresseguiam adivisão nacionalentregetulist aseantigetulistas. interestadual 11a renda interna per capita e na percentagem dos votos válidos da
Pedro l.udovico fora colocado 110 governo do estado porG etúlio. Mas, como cm dos ao PTB e ao PCB eram comuns. A urban ização e outros indicadore s de desen
muitos outros est ados , a opçã o de um grupo oligárquico po r Getúlio e a do outro volvimento apresent am resul tados semelhantes,enfatizando asistematicidade das
contra ele não esta vam infra-estrutura lmen le determi nadas. Enq uanto a políti ca relaç ões: a renda ind ustr ial per capit a produz uma correlação de 0 , 8 6 , ea percen
segu isse ess a linha divisória entre grandes grupos oligárquicos, suas difere nças in tage m da renda indus trial s obre a renda interna pe r capit a, uma correlação de
ternas continuariam não sendo infra-estruturalme nte determinadas. Tal foi o caso 0,62 . As c orrelações apresentam u ma alta estabilidade tem pora l: nas eleições es
de Goiás: nas últi mas eleições do peiiodo democrático, 0 PSD elegeu sete deputados taduais de 1947 , a correlação com a urbanização foi 0,75, com a renda indu strial
federais, e a IJDN, dois, de um total de 13.0 proce sso politi co em Goiá s no pe ríotl o jy ç r c a p it a , 0 , 8 2 , e com a renda interna pe r capit a, 0 . 8 :! O fenômen o não se cin
democrático ind ica que a luta foi decidida a favor de um dos grupos oligárquicos, giu a um a eleição particular, sendo estru tural e estável. Não obstante, os dois par
mas não contra o sist ema oligárquico. Conseqüen temente, as modifi cações internas tidos diferiam entre si no que tange ao relacionamento com a infra-estrutura so-
da oligarquia continuara m n ão dependendo de fatores i nfra-estruturais. cioeconômica. C) apelo ideológico do PCB da époc a22* era m uito m ais de finido que
o do PI li, assim como sua base d e cla sse. O PCB penetrou m uito mais nos estado s
O PTB e o PCB economicamente mais desenvolvidos e socialmente menos desenvolvidos, onde
as contradições entre o desenvo lvimento das forças prod utivas e das rela ções so-
O PTB e o PCB eram partido s com bases de clas se bastante definidas, sobre
tudo o últim o, cuja ideologia o vinculou historicam ente ao proletariado. Hss a base
‘ J Sul)linh o a historicidad e dess a «nntct erização. A p ai: ir da década dc i 9 6 0 , oaparecim enioda
linha cubana, a ruptu ra sino-soviétiea e o cr escente conservad orismo burocrá tico da Uniã o So
W r Araújo, Arruda & Toscano, 19 71. viética Irou xen un p rofund as alterações nes sa caracteri zação.
" ' Isso se deve em parle ’1 própria desagrejyiçiio do nível estadual para o municipa l.
ciai s de produção eram mais agudas , ao pass o que o reformismo e o populismo portanto, p or ser um partido com penetraç ão eleitoral nas á rea s urbanas, indus
petebista captavam ma is votos nas zonas onde essa s contradições eram menores. trializadas e desenvolvidas; sua penetração foi m ais fácil nos est ados com baixo
0 PCB foi favorecido pela urbanização da população.2 29Em 1945 . um acrésci nível de desenvo lvimento social, onde as relaç ões de produção sociais eram pio
mo, de estado para estado, de 1% na percentagem da população que vivia em cida res. Assim sendo, entre duas áreas urbano- indus triais semelhantes, a que ofere
des c om 10 mil habitantes ou m ais implicava um crescim ento eleitoral do PCI! da cia ma ior proba bilidade de penetração com unista seria aquel a onde fo sse menor
ordem de 0,21%. Em 1947 , esse coefici ente se alt erou pouco: 0,25%. T odav ia, a o desenvolvimento social: desem prego m aior c nível de vida das clas ses popula
introduç ão de um indica dor de dese nvolvimento so cial, alfabetização, ac resc e a res mais baixo. Portanto, Recife e otilras capitais do Nordeste, como Maceió e
variância explicada, mas em sentido negativo: mantendo constante a urbaniza Aracaju, oferec iam um solo mais propício ao radicali smo político de esque rda do
ção, a alf abetização reduzia a votação dada ao PCB. Os resul tados pod em ser ain que as capitais do Sudeste e Sul, como São Pa ulo, Curitiba e Porto Alegre.
da melhorados introduzindo-se a industriali zação da economia (percent agem da
renda interna derivada da indústria) nessa equação. Essas três variáveis juntas Tabela 32
explicavam 3 /4 d a variança interestadua l da votação comun ista em 1945 e 1947. Correlações produto-m om ento en tre in di cador es de
dese nvolvime nto económ ico e soc ia l e percentagem dos
_______ voto s váli dos ob tidos pelo PCB em 1945 e 1947
Tabela 31
Regr ess ões en tre a percentagem do to tal de votos Indi cadores de desenvolvimento (1950) Correlações com o PCB
___________ _ _______________ 1945 1947
váli dos ob ti dosvolvi
desen p elomPC
entoBeconô
em I 945meico
indie soci
cadores
al de Urbanização' 0.45 0 58
Emprego terciário“ 0,53 0,6 6
In d ica d o re s C o e ficie n te R parcial T de Student Em prego agrícola (nega tivo)' . 0.44 - 0,50
de regress ão Emprego indu stri al *1 0,48 0 51
Urbanização 0.22 0.75 4,65 Alfabe tização' 0,38 0.54
In d u stria liza çã odae c o n o m ia 0.25 0,49 2,31
* Percentagem da população to tal que residia e in cidades e vil as.
Alfabetização - 0 .1 1 -0,44 - 2,01
• Porcentagem ca população presente com 10 anos ou mais (excluindo condições inativas,
Constante: 0,03; R múltiplo = 0.86; nível F = 4.27, com 17 graus de liberdade. atividad es domésticas niio remuneradas e atividades disceries) ocupada em com ércio rie mer
Nivc l F para a análise da variância = 16,20, com 3.17 graus de liberdade. cadoria; comercio de imóveis, valores mobiliários e créditos; prestação de serviços, transporto,
comunicaçã o e armazenagem; profissões liberais; atividades soci ais; administração pública, judi
A análise das regressões indica que um incremento de 1% na urbanização ciário. ceies a nacional e segjrança.
provo cava um incremento de 0,225 n a percent agem da votaç ão comunista; o im ‘ Idem, em agricultura, pecuária e silvicultura.
pacto da industrialização da econom ia é um pouco ma ior: 0,25%. sendo o da alfa d Idcni, em indústrias de transformação.
betizaçã o m eno r c neg ativo: -0 ,ll% /.?3° Os resultados de 1947 s ão iguais ao s de ' Percentagem das pes soas com cinco anos ou mais que sabem ler e escrever.
1945 . Os coeficientes de regressão são 0,27 para a urbanização da população e a
industrialização da econom ia, e -0,12 para a alfabeti zação. O PCB caracterizou-se, Essas conclusões, bas eadas nos resultados de pesquisa no nivcl n acional, fo
ram confirma das pelos resultados no nível estadual, no qual as z onas eleitorais
(àsvez escorr espondentesao sm unicípios)foram usada scomo unidadesdean áli
O au tor já efetuou diversas análises da votação de partidos radicais. Ver Soare s, 1964b e se. Em G oiás, nas ele ições de 1945 c 1947, encontramo s resultados que apontam
1966; Soares & Hamblin. 1967. Km todos ess es estudas se confirm a a existência de um a correla na m esma direç ão.251As correlações bivariadas e ntre a votação obtida pelo PCB
ção posiliva en tre ;i perccnlagcin dos vo tos dados a partidos rad icais de esquerda e a urbaniza
nas elei ções de 1945 e 1947 f oram sistematicamente positi vas. Com a urbanização
ção no uivei interes tadual de análise.
•Ml As razões para es sa corr elação negativa enco nlrain-se no con ceito de desenvolvime
cial, que po r sua vezd eriva do conce ito de relações sociais de produção . Onde essas r elações são
nto so (me foi
çao dida pelaem
0,45 percentagem
1945 e 0,58daem
po1947;
pulação
com aque vivia em cidades
percentagem e vil
da força as), a corrcla-
de trabalho
piiu es c m ais con traditória s, o nível de desenvolvime nto social das c lass es menos favorecidas 6 ocupada no setor terc iário (excluind o profissionais liberais), as correlações foram
menor. O analfabet ismo é uma variável do ti|h> e m que cada indivíduo conta como uma unida igualmen te substanciais (0,53 c 0 ,6 6 ). Confirma-se, portan to, no nível i ntra-esta
de, independentem ente de sua renda e de sua posição em relação à proprieda de dos bens de
produção.Conse qüente mente,rele te melhora scondiçõe sda maioria da popul açãodoque,por
I'M'i nplo, a renda p er cap ita, na qual há um a grande disparidade entre média e moda. Taxas - 1 Para uma análise mais detalhada da po lítica goiana, em geral , e do radicalismo , eni particu
muls elevada s de alfabetização revelam m aior nível de desen volvimen to soci al. lar, v er Araú jo. 197 1.
dua l de análi se, a dependência da votação radical de esquerda em relação à infra- No n ível nacional, o PTB também se caracterizou por ser um pa rtido esse n
estru tura socioeconôm ica. As correlações sã o meno res do que as encontradas no cialmente u rban o, com gran de penetração nas áreas desenvolvidas. A correl ação
nivel naciona l ou interesta dual, mas a anális e de regressão e correl ação m últipla com a renda interna per capita, de 0,80 e m 1945 . dem onstra ess e jxm to de ma
indica que meiade da variância da vot ação c omunista em Goiás foi determinada neira insofism ável. Essa posição de destaque foi assumida, tanto em 1947 quanto
pela infra-estrutura socioeconômica. em 1950, pela al fabetização, com uma co rrelação de 0,59 em 1947 : vale sublinhar
Dados referentes à eleição de 1962 dem onstram q ue 15 anos de ilegalidade que, ao s e cont rolar a renda intern a pe r capi ta, a correlação parcial en tre a alf abe
não elim inara m essas rel ações. Apresentou-se às elei ções estaduais o cand idato tização, um indicador positivo dc desenvolvimento social, e a votação dada ao
José Porfírio, in scrito pela Coligação Popu lar, camponês, líder dos posseiros na
P I B em 1947 perm aneceu pcsidca (0,23), com um inefici ente de regres são par
luta contra os latifundiários. Sua candidatura, extra-oficialmente. foi apresenta
cial dc 0 , 16. Isso equi vale a dizer que, mantendo-s e constantea renda interna per
da pelo Partido Com unista, contando com o apoio finance iro de 1 Inroldo Duarte,
capita, um increm ento de 1% na alfabetização da população provocou um incre
candidato a de putado fede ral, cm troca do a poio eleitoral com unista.2 37 José
mento de 0 , 16% na percentagem d os votos dados ao PTB sobre o to tal de votos.
Po rfírio de Souz a recebeu 4.663 votos, sendo o mais votado da Coligação Popular
Essa relação é oposta à obs ervada na an álise do PC B.1™ Se tomarm os o n úm ero de
(PTB-PSB). Todav ia, es sa vi nculação entre o candidato e grupos sociais rura is foi
deputados eleitos em 1950, js modificações na votação do PTB foram de m olde a
superada pela relação estrutura l entre o desenvolvimen to das forças produtivas e
o apoio social às ideologi as c mo vimen tos de esquerda. .J osé P orfírio, a despeito aum entar as relações posit ivas com os indicadores de desenvolvime nto enco ntra
dos em 1945 : o PT B passou a tc i correlações na casa dos 70 com a alfabeti zação e
de ser camponês,
inente, rece entre
a correl ação beu ma aior apoio
votação eleitoral
obtida p or nasJosé
zonas
Porfíriourbanas. Conscqüente-
c os indicadores de a renda interna pe rcapit a. Entre 1950 e 1962, entreta nto, o P Tli cresc eu substan
desenvolvi mento econômico é positiva. cialmen te, e e sse crescime nto foi m aio r nos est ados menos desenvolvidos e me
Toma ndo cinco indicadores de desenvolvi mento econôm ico e social , vemos nor nos est ados mais desenvolvidos. Até certo ponto , houve um “e feito teto” , visto
que es sa matriz explica 37% da variância obtida por José Porfírio, o que confirma que em determinados esta dos ser ia difícil o PTBcresc er muito, p or já te r esg ota do
nossa posi ção. I mpressiona a capacidade do ap arelho organ izacional de esquerda as possibili dades que a infra-estru tura so cioeconômica lhe ofereci a. D aí a correla
para m an ter um eleitora do, a despeito das dificuldade s inerentes à il egalidade e ção negativa entre o núm ero de deputados que o PTB ganhou entre 1950 e 1962 ,
dos esforços para desm antelar essa organização. Em 1945 , o PCB recebeu 6.809 por uni lado, e a percentag em de deputados federai s eleit os pelo PTB em 1950 ,
votos em Goiás; dois anos depois, em eleições estaduais, recebeu 6.745 votos; 15 por outro.
anos mais tarde, José Po rfírio recebe u 4.663 votos. A meu ver. es sa estabilidade
na votação s e dev e, po r um lado, à estruturação do PCB (que j á estava dada e m Tabela 34
19-15) e à pe ti ificação des sa estrutura ; por o utro , à permanê ncia das predispo si Correl ações prod uto-m om ento en tre ind ic adores d e
ções po lilicas derivadas das força s pro dutiva s e das rel ações de produção. Em Goiás, dese nvolvimen to econôm ico e soci al e percentagem dos
estas foram relativamente pouco afet adas em sua distribuição espaci al pelas profun deputados eleit os pelo PT B em 19 50 e 19 62
das modificações na sup erestrutura po lítica qu e caracterizaram aquele período. Indicadores 1950 1962
Tabela 33 Urbanização 0.66 0,34
Correl ações prod uto-m om ento en tre i ndic adores dc Alfabetização 0,76 nd
desen volvi m ento eco nôm ico e percentagem dos vot os vál ido s Renda interna per capita 0,74 0.30
obtidos p or Jo sé Porfíri o e m G oiás , I962 Para as definições, ver cabeia 28; n.c. dado não-disponível
Indi cadores de desenvolvimento ( 1960) José Por fírio, 1 962
Urbanização 1 0.46 Nos estados subdesenvolvidos, o PTB tinh a un i “p úblico à espera"; em m ui
Terciarização’ 0,33 tos deles, não c oncorre ra às elei ções de 1915 e sequer começara a estabelecer um
• Pcrcertagcm da população total que residia em cidades e vilas. aparelho organizacion al. Assim send o, o PTB tinha mais campo fértil, sem explo
k Percentage m da popüação economfcamence a üva oc 4 x 1dl r 0 comércio e nos serviço s. rar, nos estados subdesenvolvidos. Mas isso não significa que tives se passado à
condição de partido predo minan teme nte rural, ancorado nas áreas subdesenvolvi-

’ •'* Paro um a infon n;u,iio sobre esse acordo, vo r Araú jo, 1 971:41 Para uma descrição mais
detalha da desse episó dio, ver Souvui , 1964. Para uma explicação detalhada dessainversào, ver Soares, 1964b.
das. Km prim eiro lugar, na m aioria dos est ados, lan lo desenvolvidos quanto sub cali smo p olítico de esquerd a encontra condições idea is quando há uma contradi
desenvo lvidos, o PTB pene irou m ais nas capilais e nos maiores centros urbanos ção entre o alto dese nvolvimento das forças produ tivas (desenvo lvimento econô-
do que nas pequenas cidades e nas /onas rurais; em segundo lugar, continuou m ico je o baixo nive l das rela ções sociais de produção (dese nvolvimento social)
mais fort e nos esta dos desenv olvidos/“ O utra variável que con tribui para expli O í B parece ler sido a opção política das cl asses trabalhadoras quando o
car a redução das diferenças é a competição dos pequenos partidos de orientação nivel <i o desenvolvi men to econôm ico as conscientizava como classe s para s i mas
traba lhista e populista (PS I5, MT R, PTN ), a qual foi mu ito m aior nos estados de o bom nivel das relações sociais de produção imped ia a formação de uma cons
senvolvidos do qu e nos subdesenvolvi dos. ciência antagôn ica de classe . Mas essa ass ociação entre variáveis é tamb ém variá
O PTB lambém linha relações previsíveis com a infra-estrutura econômica velL A rep eliçao da análise com mais de uma década de interva lo dem onstra que o
no n ível mu nicipal. Ausente nas eleições de 1945 em Goiás, já nas eleiç ões de 1947 perdeu m uito da sua característica de partido essencialmente urbano que
demo nstrousuavocaç ão urbana.A correl ação entre aperce ntagemdos votos pa r penetrava ba sicamente nos est ados desenvolvi dos. Em 1962 , o PTB já era u m par
tidários dados ao PT B e a percentagem da população vivendo em áreas urbanas é tido grande, com a segunda bancada na Câmara dos Depulados. Para chegar a
de 0,31; ou iras correlações con firma m esse resultado: 0,32 com a alfabeti zação e essa posição, foi miste r pe ne irare m mu itos es tadas menos desenvolvi dos, tor
0,32 com a terceirização. Essa s determinações, não ob stante, sã o menos intensas nando-se um partido mais forte nos estados desenvolvidos, mas perdendo a ca
do que as encontradas no caso do PCB e também menos intensas do que as encon racter, st,ca de essencialmente urbano. No me u entender, a ampliação eleitoral se
tradas na análise do pró prio PTI5 no nive l nacional. As correl ações cresc em com o
nível de agregação: com os mesmos dados, são ma is baixas entre indivíduo s, cres a cus,a
tar posiçoes mais t,e uma
flexíveis, consistência
que permitissem ideológica:
a incorporação o PTB
eleitoral de foi levado a ado
amplos
cem entre mu nicípios e são mais altas entre estados. As diferenças se devem em setores menos favorecidos das cl asses medias, tornando -se um pa rtido po pulista
boa parte ao fato de que a política goiana era e é fundamentalmen te oligárqui ca, e ietormista e abandonando o objetivo de transforma r as est rutur as
com a clara exc eçã o min oritária dos comunistas. O próprio PTB goiano er a uma A UDN p erdeu substânci a no Brasil subdesenv olvi do, em termos re lati vos e
mistura de alguns l iberais com orientação vagament e pop ulist a com membros ganhou no Brasil desenvol vido. Começ ou como pa rtidoantigetnlista, apoiado em
tradiciona is das oli garq uias locais i nsatisfeitos com a política estadual e/ou fede lacçoes das oli garq uias locais que se s e.it i.-am desprestigiadas por G etúlio (p or
ral. Os votos dados a esses candida tos estã o m isturados, e os votos dados aos ele exem plo, os Caiado, em Goiás). Não obstante, um núcleo mod ernizante se i mpôs
mentos oligárqu icos têm u m efeito aleatorizante sobre as correlações entre a vo cada vez mais den tro do partido. Esse núcleo, em boa parte associado com figuras
tação petebista e a infra-estrutura socioeconômica. Em Goiás, o PTB foi um < e projeção nacional, como Carlos I-acerda, encarnava a esperança das classes
freqüent e aliado do PSD , não sendo incomum o trâns ito de pe ssoas de um p artido media s urbanas de um projeto politi came nte conserv ador e economicamente li
para o outro. beral que m odern izaria o país . O crescimento eleitoral des sa ala fez dim inu ir a
k' aSS0Ciaça° ,nicial do «de nismo com o ru nilism o, o subde senvolvimen to e o
Conclusões atraso.
O PSD manteve suas caract eríst icas durante o período. Começou e term inou
O estudo dos resultados eleitorais de 19 45 a 1962 dem onstrou a existência de
como p ar lido essenci alment erura l,coni m uito m aior penetração nos es tadoss ub-
estreitas relaç ões entre o desenvolvimento das forças produtiva s e das rel ações desenvolvidos. D e fato, cm 1962, ao cabo de quase 2 0 anos de vida e leitoral, o
sociai s de produção, p or um lado, e a penetração eleitoral dos diferentes pa rtidos, b api es entava um ae stiutu ra de determinações desua penetr ação eleitoral pel a
por ou tro. Essas relações são particularm ente es treitas no cas o de pa rtidos com m lra-cs ti utura socioeconômica que era quase igual à de 1945 .
uma clara ideologia de clas se, como o PCB. A análise de correlações e regre ssões A estrutura de determinações econômicas e soci ais do com portamenlo elei
mostra que o PCB era um partido fundamentalmen te urbano, cuja penet ração foi toral nao é essencialíst a nem a-histórica. A relaç ão positiva entre urba nização e
maxim izada pe lo baixo nível de desen volvimento social em áreas economicamen votação dada ao PCB nao é produ to da “natureza”, m as de aç ões humanas. O PCB,
te desenvolvidas e nas grandes cidades das área s subdesenvolvidas. Isso con firma i e orientaçao nitidam ente soviéti ca, concentrou seus recursos nas áreas urbanas
plenamente a hipótese, sustentada pelo autor e derivada de M arx. de que o radi- e (lirecion ou seu apelo para os ope rários e trabalhadores. Tives se seguido a orie n
tação chi nesa ou albanesa que posteriorme nte provocou o apa recimento do PCdoB
1C) rri J elegeu 26% dos deputados federais dos estado s subdesenvo lvidos e 3 2 nos desen a correlaçao poderia ter sinal contrário.
vo lvida (GB, RJ. SP, PN, SC e RS) .

2 06 20 7
Os a lios coeficientes dc determinação encontrad os ( 6 0 % ou m ais da variância Capítulo 9
explicada em algumas análises) mostram a utilidade do enfoque clássico da so
ciologia política, que, como orientação geral, estuda a superestrutura política e
eleitoral a pa rtir de suas vi nculaç ões com o desenvolvimento das for ças pro duti As classes sociais e as eleições
vas e com as relações sociais d e produçã o.*35

Conceitos V

Uma das ár eas de inter esse soci ológi co que mais tem contribuído paia a com
preensão tio com porta me nto político 6 a das c lasses sociais ou, em versão ide olo
gicamentesa uil ixada,aestratif icação social.O legad o marx istaness aárea ê imenso
e influenciou pesquisadores ile vários matizes ideológicos, particularmente nas
décadas de 1950 e 60. Ainda hoje a teoria marxista das classes sociais é muito
influe nte nas teorias e pesquisa s sociol ógicas e políticas, a despeito de m uitos «lo s
influenciad os negarem essa influênc ia.236
O conceito de classe social, para Marx, era essencialmente coletivo. Knlre-
tanto, dada a d ifi culdade de conceitual izar um co leti vo independentemente de
seus mem bros, Ma rx, ve/ , por outra, escorregou para uma utilização no nível in di
vid u al.^ questão d a conscí éncí n dc clas se, ou da pass agem dc um a classe em si a
uma classe para si , tor no u a separaçã o mais difí cil.H37 Len in deu a inda m ais im
portânc ia à consciência ti e class e e trabalho u m ais o conceito, que defin iu através
de três princípios:
• o da identidade, que respondia à pergunta : “q uem sou '!’“ ou "que m somos?”
• o da oposição, que respondia â pergunta: “contra quem sou?” ou “ contra quem
somos?”
• o da totalidade, que respondia à pergunta: “em que sistema estarei/ estaremos
melhor?”
Nos seus devidos limites , os ti e s “prin cípios” são úteis para a análise poliliea,
incl usive da po líti ca brasilei ra. Entretanto, para transforma r es sa util idad e de
potencial em c oncreta, foi necessário ad m itir pelo menos dois níveis de análi se.

i i(" Ma rx não dei xou uma teoria acabada das cl asses soci ais. Ironicam ente, o ca pítulo 52 de
O •.api tai se intitulava “ As clus ses" c linha n :na página e meia. Ma rx morre u quando o escrevia.
Desd eentão,diferent esautores,escr evendocm nomedo marxismo,produ ziramvá riasteor ias
e conceitos (mas pouca pesquisa).
2-'" Essa dificulda de deriva , no meu entender, da relutânc ia do marxism o ortod oxo en: assegurar
■’ l%A i*l»: .1 clás sica sobre orientaçõessociológicasgerais •; Socialtheory an ilsocialstructure, de a indivíduos qua lquer papel signifi cativo na história. Como seri a a história da hum anidade sem
KoIkm I M erlon . I'ara a aplicação desse conceito ao m arxismo, ve r Soar es, 1968. Crislo, ou a história mais recent e sem Hitler, Mao ou o próp rio Marx?
individ ual c coletivo, adm itir ‘ incongruências’’ e usar a s contribuiçõ es de autores não depende de sua validade em pírica. Em outras palavras, s eja uma teo ria ‘'c er
não-marxistas.
ta" 011 não, se ela for aceita por um indivíduo, ela influenciará o seu comporta
No nível indicidual, a classe passou a ser definida pela situação ou posição mento: Se um indivíduo apreendcrincorretamen te uma teo ria, ele terá o seu com
de classe, cuja versão academ icamente aceitável era o status socioeconóm ico; a portam ento influe nciad o pela teoria incorreta, e não pela teoria como ela é . Assi m,
consciência de class e foi a plicada, também ness e nível, através da identificação a investigação da influênc ia das i deologias sobre o com portam ento hu ma no é pelo
com a classe, conceit o o riundo da obra de Richard Centers, que conl ava com de menos tão interessante quanto investigações mais ambiciosas sobre a validade
finições operacion ais.«8 A distinçã o entre status e cl asse resultou da tentativa de dessas ideologias, que estão '‘contamina das",M pela próp ria aceitação dess as ideo
opera cionalizar os conceitos de classe em si c c lass e />«»•« si . O status socioeconô- logi as ou de uma outra que lhes c contrária. A p artir do m omen to em que uma
mico do indivíduo loi de finido pela posi ção soc ioec onômica em si, que tem sido percentagem significativa da população acredita pertencer a uma classe social,
operacionalizada através de diversos indicadores altamente correlacionados, como ortodo xa, objetiva, classi ficada ou não, ess a crenç a influen cia significativamen te
a ocupação, a rend a e a educação . A consciênci a da situação (ou posição) de clas se o seu comportamento, colocando-nos diante tie um fato psicossocial útil para a
advém da iden tifi caçã o com ela. Os s trala socioeconômic os seriam, pois, form a análise dess e com portam ento. Se ess a entidade à qual uma parte da população
dos p or indivíduos que “objeti vamente*’ tinham status seme lhante. As classes so crê pertencer estiver previst a po r uma teoria, ex cel ente; c aso contrário, tanto pior
ciai s foram definidas operacionalmente como o co njunto de indivíduos que se para a teoria, que, 110m ínimo, terá deixado dc incluir em seu esquema um concei
identificaram com uma determinada cla sse, independentemente de sua posição to que é 11111ú til ins trum ento de análise. Assim , classe trabalhado ra, cla sse operá
objeti va. U tili zo a qui os termos strata, capas e camadas indistintam ente . Kssas ria e class e po bre são enti dade s sociais diferentes porque
definições rec eberam severas criticas de marxistas ortodoxos por exemplo, de
fin ir a consci ência de classe a pa rtir do somatório das i dentifi cações individuais, • diferem entre si significati vame nte qu anloà composição s ocioec onômica;
ao pa sso que o "verdad eiro" m arxismo postularia exatamente o oposto. Tais criti • os que se ident ifi cam com cada uma dess as ent idades apresentam um com porta
cas, porém, não vieram acompanhadas de operacionalizações dos conceitos do mento p olíti co diferente d o dos que se id em if icam com as out ras, mesmo m an
‘verdadeiro' ' m arxismo, de modo que tiveram limitad a utili dad e para a pes qui sa tendo constante a composição socioeconômic a.
em pírica. Sustento que a exeges e ad nuuscam dc qualquer teoria não contribui Assim, as classes sociais s erão vistas como configurações subjetivas co m as
para o conhe cimen to do paí s. quais segmentos da população se identifi cam , diferentemente dos strata sociais,
Ho uve outros sociólogos “clás sicos ” que trabalha ram o lema: um dos legados que reú nem pess oas com s tatus socioeconómico semelhantes. P artindo dessa dis
teóricos mais im porta ntes da obra de VVeb cr sobre as cl asse s sociai s diz respeito tinção. um prim eiro po nto a ser enfatizado c a dependên cia da identif icação com
às possí veis incongruências entre as sit uações de clas se, objetivame nte definidas, a cla sse em relação ao s/ufus socioeconómico. Hm outros te rmo s, mesmo aceitan
e a percepção subjetiva dessas s ituaç ões. Ao d em onstra r que pesso as na mesma do que classe e sfrafm n sejam coisas diferentes, os membros de determ inados
situação dc clas se freqüentemen te pertenciam a grupos d csta fi/s diferentes, Weber strata lende m a se iden tificar com d eterm inadas clas ses.240
abriu toda a riqueza da perspectiva psicossoc ial na análise das cla sses s ociai s, pers Outro conceit o relevante é 0 de in congruência 011 inconsistência de status/"
pectiva pouco desenvolvida po r Marx em função de sua crença na inevitabilidade Esse conceit o parte do p rincípio de que o status socioeconómico é composto de
da raciona lidade dos interesses de cl asse, herança dos econ omistas clássi cos. Houve variáveis intim am ente assoc iadas , com o renda, ocupação e educa ção. Tal associ a-
tentativas de reco nciliar a perspectiva psicossoci al, explorada po r Weber, com o
esque ma estrutura l do m arxismo ortodoxo. Aceitando, em princípio, a disti nção
Essa express ão tem u m se ntido aceito nas ciências humanas: inn a pesquisa contamina da é
proposta po r Centers, pretendo apenas desenvolver 11111poucom aisaperspecti va
aquela em que os pesquisadores, conscientem ente ou não, influenc iaram os resultados a pa rtir
psicossocial. da sua aceit ação de uma leo ria ou de uma ideologia.
Ness e senti do, a ceit o que o com portamento e as ati tudes humanas são in Dada a atm osfera ideologicam ente carregada das décadas dc 196 (1 e 70. diferentes grupos
fluenciados pel as crenças, que relas re flitam “a realidade", que relas representem interpretaram
argumentarquehá
esses resultados da maneira que mais lhes convinha: para uns, foi necessário
corr elaçã o,mas não há iden tidade; para outros, foi necessári o sub linha r que
uma fantas ia subjetiva sem base factual. A influên cia das crenç as sobre o comp or não liá iden tidade, mas há correlação.
tamento, inclusive daquelas divulgadas pelo próprio marxismo e outras teorias, • 11Ver Le nski, 195-1 e 1956; e Bi oom, 1959:429-41. A congruê ncia ou incon gruência das ide nti
ficações foi definid a estatisticamente, de acordo com as freqüências obser vadas. Ila via inc on
gruênciaporque apenas 8% «la s pes soas da categoria oc upacional IV e 10% das da categoria V se
A tenla liva src inal de operacionalizar o conceitode consciência declasse foi feila por Centers. identificavam com a classe operária. Na categoria IV , as identificações que podiam s er conside
1959.
radas congruentes era m com a alta classe m édia, a baixa classe média e a cl asse trabalhadora.
ç;io . claro, é /rísfónca, não haven do nenhu ma razão apriorística para que sej a ín dois grupos: os com m aioria tle tr abalhadore s industriais e os demais. K mostrou
tima . Nas soci edades industrializadas, observa-se um “conglom erado” dess as va que, na cidade tle São Paulo, o PC B recebeu mais de 3 /4 de seu s votos em áreas
riáv eis. Assim, para cada nível ou va lor dc u ma variável há u ma forte expect ati va predom inantemented aclass etrabalhadora,enquantoo utrosp artidosre ceber am
estatísti ca de um valor para cada uma tias outras variáveis. Portan to, seria de es um pouco ma is da metade, exceto o PTB, que recebeu 70%. A categorização, com
perar qu e alguém c om educação universitária tivesse un i nível ocupacional eleva base em critérios sorioecnnõm icos, das áre as eleitorais, embora não -refinada , per-
do e uma renda alta, e v ice-versa. Porem, em cada nível educacional há um n úme m itiu pe rceber a forte relação entre o PCB e, em me nor extensão, o PTI5 , po r um
ro considerável de pesso as cuja ocupação 6 m uito in fe rior à que seria de esperar, lado, e o percentual tle pessoas morando na área que são trabalhadores indus
ao passo que outras têm uma ocupação muito superior à que seria dc esperar. triais, por outro. Acredito que, se os grupos dc distritos fossem mais refinados,
Repilo que "o que seria tle esperar” é est atis tic amente de finido e varia no tempo e
separando-se as área s com menos de 10% de trabalhad ores, com 10 a 29% , com
no espaço . O m esmo sc observa nos demais níveis. Certas pess oas, altas num a
30 a 59% e aquelas com 60% ou mais, por exem plo, dif erenças maiores poderiam
dimensão e baixas noutra, apresentam “ inconsi stênci a de slatus". As primeiras
ser obtidas. Gláuc io Vei ga e col aboradores, em 1960 mostra ram , com dados agre
pesqui sas s e dedicaram a dem onstrar que a inconsist ência c/n s i era um fator
politicam ente relevante. Na década de 1950, descobriu-se que “arran jos” específi gados} que havia ma ior penetração tios partidos da clas se trabalhadora nas ár eas
urbanas e. dentro delas, nos distritos da classe trabalhadora.tAnalisando e
cos entre ocupação, educação, renda e outros indicadores de posição social ti
recom putand o os votos dados ao PCB em 1945 e 194 7, constatei que alguns d istri
nham conseqüências igualmente específicas, inclusive políticas. A direção das
tos da cla sse trabalhad ora deram cerca da metade de seus votos válidos ao PCB
conseqüências variava, evidentemente, com o contexto político. Algumas, entre cm Recife, enquanto nas se ções abastada s o pa rtido recebeu menos de 10%. A
tanto, foram encontradas em contextos muito diferentes.'Por exemplo, alta edu
caçã o e baixa renda favore ciam as ideologias de esquerda; alta renda c baixa edu forte relação entre a sit uação dc class e e o voto com unista e trabalha dor está bem
cação favoreciam as de direita. Depois de várias pesquisas interessantes, os documentada. Depois dc 1947, no entanto, o PCB foi impedido dc competir nas
resultados começaram a se repe lir, e os estudos sobre a incongruê ncia dc status eleiç ões, e seus votos benefici aram outro s partidos, pa rticularm ente o PTB.
caíram de moda. IAlguns surueys indicam que a posição dc cla sse t eve forte influê ncia n a de
A csfrulura de classes é um conceito a respeito do qual também há varia ção. terminaçãodo comportam entop olíticocdaspreferênci aseleitorai s)Ess ainfluên
O conceito tem tido pelo menos três component es: cia, no entan to, não tem s itio a mesma cm todos os tempos c cm todos os l ugares:
os suruei /s mostram que el a era mu ito forte na cidade do Rio dc Jane iro por volta
• a composição dc classes, no sentido do “ tamanho” dos stvaía ed as classe s,queé
dc 1960, mas tênue na s eleições de 1982. A s correlações entre ocupação e voto
o uso mais corren te na soci ologia ocidenta l contemporânea;
fora m tam bém m uito altas na maioria das capitais nordestinas em 1945 c 1947,
• a distribu ição de benef ícios , inclusive renda, entre as classes; e
com o a análise espacial sugere, o mesmo sen do válido para as elei ções de 1974 c
• a relação entre as classes, se antagôn ica ou não.
1978 cm muitas grandes cidades, inclusive São Paulo c Rio dc Janeiro. Já um
Esse conc eito tem-se dem onstrad o ú til nas análises macrossociol ógicas e survey da população de Belo Ho rizonte, feito em meados dos anos 1960, mostra
macro políticas. Aqu i ele es tá presente na perspectiva da extensão da cidadania: correlações m uito baixas, enqua nto outros dados, principalm ente espaciais, pós-
as modificações na composrçno de ciasses dos eleitores. A aplicabilidade dessa 1966, mo stram correlações que se si tuam no meio. Não sabemos até que pon to as
vertente à política brasileira é intuitiva: a estrutura brasileira de classes, muito correlações tio fim tia década de 1960 e i níc io da de 70 foram atenuadas pel a re
larg a na base, mu ito estreit a no topo/ não favor eci a um partido de e lite. Embora pre ssã o vigente na ditadura m ili tar, mas há indíci os de que o impacto foi conside
os pobres do camp o não pudessem votar po r causa da exigência de alfa betização, rável. Tem havido muitas variações na determinação das preferências de voto pela
no fim do período estudado, o voto do s pobres alfabetizados das cidades foi sufi class e social de um estado a outro, d as áreas urbanizadas às ár eas rura is etc., mas
ciente para fornec er a margem de vitória em várias eleiç ões nos es tados mais de não dispomos de informação sist emática par a forma r um qua dro de finiti vo des
senvolvidos. sas variações.
Lavar eda (1991) reuniu ampla evidência de sur ueys que dem onstram a exis
Sit uação de cl as se e com po rtam en to políti co tência de uma relação entre situação dc classe c preferência partidária.) Dados
coletados em m arço de 1964. na véspera do golpe, mo stram qu e, cm oito capitai s,
Um dos prim eiros estudos em píricos da bas e de classe da v otação foi feito po r
a pre ferência p elo PTB cresci a das cl asse s m ais altas para as mais baixas.
Azis Simão (1956). Usando dados agregados, el e dividiu os distritos e leitorais cm
Tabela 35 (qua nto m ais baixa a posição de clas se, mais alto o voto). A U DN só recebeu 18%
Percentagem das pr eferências pelo PTB sobre o total das do total dos votos entre os trabalhadores nào-especializados, mas atingiu 56%
pre ferências em oit o cap it ais, po r si tuação de cla sse , m arço de 1964 entre os profissionais, gerentes etc.; o PTB, ao contrário, recebeu 42% entre os
CaPital _________
Ric a-média Pobre Pobre inferior trabalhadores não-especiali zadose apenas 11% na categoria ocup acional m ais alt a.
Po rto Alegre 50 66 : 70 As cla sses soci ais contaram mu ito: em cada categoria ocupacional, aquelas que se
Rio de Janeiro 31 51 56 identif icavam com as classes média c superior votaram bem mais na U DN c bem
Salvador 23 30 30 menos no PTB, o oposto sendo verdadeiro naquelas que se identificaram com a
Curitiba 18 30 classe trabalha dora.2 41A ssim, havia uma forle base de cla sse para a votação e a
42
Belo Horizonte 13 29 32 preferência pa rtidá ria nas ár eas metropo litanas brasileiras antes de 1965.\
Fortaleza 14 15 20
São Paulo 10 19 25
( Re cife 7
As bases de classe do ca rism a245
18 18
' * rr r Jí. V » É arraigado o m ito dequeo “ personal ismo”do minaap olít icabrasilei ra,abriu-
As diferenças entre os strala socioeconô micos ,*12somadas às diferenças en do espaço para um papel m uito relevante do carisma na política. 0 carisma seria
tre cidades, contribuem para explicaras variações na percentagem das preferên um fenômeno individu al, redutível n dotes pess oai s, que al guns tem c outros não.
cias partidárias dadas ao PT I5. O valor m ínim o, 7% no stvatum mais alto em Reci Porém, c errado d izer que o personalis mo dom inou a política brasil eira, assi m
fe, contrast a com o valor m áximo, 70 % n o strnium m ais baixo cm Porto Al egre. A como é errado de finir o carisma num vác uo soci al. O cari sma político requer pelo
influên cia da situação dc class e é clara e si stemática, assim como o seu limite : ela menos duas pa rtesí o líder carism ático e a população, que inclu i os li derados:.As
infl uencia, condiciona e co ntribui, mas está longe de determinar. sim, o cari sma é antes de mais nada uma relação. Não há carisma sem gente, se m
Ilá variância den tro dc cad a stratum entre as cidades e há variância d en tro de eleitores. A população e os eleitores definem se o carisma do político existe ou
cad a cidade en tre osstrala. As cla sses não são politicame nte iguais cm diferen tes não, e as caracterí sticas do p olílico devem sempre ser analisadas em função das
contextos urbanos: longe disto. P or sua vez, as ci dades sào politicamente heterogé características da população . Não há líder carism ático no deserto. Com o as carac
neas, e pa rte da h eterogeneidade se explica, consislentemen te, pelas variações entre terísticas da população não são homogêneas, varian do dc uma classe social para
as classes. As variações en tre as cidades foram maiore s do q ue e ntre as classes.213 outra e de um grupo étnico para outro, suponho que as car acter íst icas do líder
A relayão entre situação de classe e preferenc ia par tidá ria não aparece meca sejam vist as com o positivas por alguns setores da população, mas não po r outros.
nicamente logo ap ós a instal ação de um novo sist ema p artidário: prim eiro, a rela No mínimo , elas são vist as como positi vas por m aior núm ero de membros de al
ção entre as aç ões de um par tido e os interesses individu ais e dc class e precisa ser guns setores da população do que de outros. Isso nos lev a à hipótese de que o
percebida. F oram necessári os alguns anos para que a cl asse trabalhad ora b rasi-' carisma político também tem bases de classe, num sentido probabilísticoi Além
leira isolas se o PTB como seu melho r representante entre os partidos que compe das bas es de class e, o carisma p ode estar relacionado com o utras característi cas
tiam por seu voto e abandonasse alguns partidos que falavam em seu nome, tais sociais, como raça, sexo, idade, religião, da mesma man eira que o voto par tidário.
como o P artido R ural Trab alhista e o Partido Social Progressi sta. No começo da Assim, destaco o caráter refacíonaí do pe rsonalismo p olítico e do carisma, isto é ,
década dc 1960, as cl asse s soci ais estavam alinhadas ao longo dos partidos p olíti trata-se dc uma relação positiva entre as características individuais do líder
cas brasileiros, e a classe trabalhadora urbana estava solidamente com o PTB, carismá tico e as características sociais, econôm icas e cu lturais d c setores da po
exceto em Sào Paulo.
pulação.
Em 1960, no Rio de Janeiro, havia uma relação bastante forte entre a posiçã o Este capítulo usa o con ceito de cl asses sociais para comb ater dois m itos da
de classe e a UDN (quanto mais alta a posição de class e, mais alto o volo) e o PTB política brasileira:
• o carisma e o personalismo são as forças dominantes da política brasileir a,
Nãobonhecémosa m etodologia usada pel a agência quecoletouasinformaçõespara d efinir devido ao fracasso dos partido s poUt ieo s. A influência do carisma c do perso
as clas ses, ma s ó de praxe, nas empresas de op inião, usar a avaliação ,io entrevistador, orienta
da por um padrão fornecido pela empr esa. nalismo tem sido exager ada: parte signifi cativa das virtudes e leit orais que têm
■'"< Isso signil ica que naquele mom ento o contexto - a cid ade - era mais rel aci onado c om a
pref erenci a partidária do que o s rafus socio econâmico do indivíduo. Infeli zmen te, pouquíssi
Ve r Soar es, 196 la.
mos estudos combinam, no Brasi l, a análise de surueys com a an álise contextuai.
ws Ve r Soares, 1901b.
sido atribuídas a alguns lideres carismáticos podem sei explicadas pelo apoio O problem a central deste capítul o não c se os partidos políticos tinham ou
recebido dos partidos políticos; não conteúdo ideológi co.'»Ent retanto, minh a objeção à afirmação de que, no B ra
• o carisma c um traça do líder. A o con trário, o personalismo c o carisma sà o sil, os chamados líderes carismáticos eram (e são) ideologicamente vazios tam
rela ções entre o líder e setores da população e têm uma base soci al. Iisses con bém se aplica a afir maçõe s semelhantes com relação aos partidos. Essas afirma
ceitos perdem po der e xplicativo se entend idas fora da estru tura soci al., inclusi ções deform am a realidade. Estudos realizados em diversos países con firmara m a
ve a de cl asses . Kles não podem ser corretame nte en tendidos com o traços dos lese marxista de que cl asse e po lítica sào fenômenos relacionados. As confirm a
líderes, mas como uma relaç ão entre os traços dos lí deres e os dos segui dores. Os ções empíricas dess a relação f oram tantas que el a foi incorporad a, com mo difica
traços dos segu idores inserem esses conceitos na estru tura social e de cla sses. ções, pela sociologia acadêmica até nos Estados Unidos. No Brasil, Francisco
O prim eiro m ito tinha (e continua a ter) grande aceitaçã o entre os en saí sta s e YVelfort (1965) focalizou as bases socioeconômicas do janis m o c do ademarismo.
jo rn a lis ta s po líti co s br as ile iro s, sen do p ar te da sin dr om e que af irm av a s er em os O prime iro mito super est ima 0 poder pessoal de líderes carismáticos porque
partidos políticos brasileiros falidos c destituídos de conteúdo ideológico. Esse subestima o poder real rios partido s políticos. Nossa pesqui sa na Guanabara co
era um dos lugares-com uns dos trabalhos sobre a política brasilei ra c que conti lheu dados sobre a intenção eleitoral e sobre as preferencias partidá rias. Ora ,gran
nua presente no m und o do ensaísmo. ' Embora freqüe nteme nte s e abri ssem exce de par te da votação o btida por J ânio e Lacerda s t? explicava pelas preferências
ções para o PCB (comu nista), para o 1’RI1(inte gralista) e, mais raram ente, para o pelos partidos que os apoiaram , notadam ente a UDN. MDs partido s p olíticos est ão
PTH, a afirmação era cons tante. Temos, assim, a idéia de que os partido s políticos ligados a grupos de interesse e a meios de comu nicação de massa que, até certo
brasileiros seriam (e continuariam a ser) íicções, sem função, sem poder, sem ponto, plasmam a opinião pública'; Devido à correlação bastante forte entre ca
influência , sem signifi cação, sem ideologia. Até ce rto pon to, es sa crença deu o ri racterísticas socioculturais, com o o cupação, reli gião, idade, sexo etc., e a exposi
gem a outra que lhe é complementar: a de que a política brasil eira gravitaria em ção a determ inados veículos de comunicação de massa, estes têm um quase-mo-
torno de pessoas, e não de partidos.iA tese central dessas análises seria que o nopólio da informação formal que é transmitida a grupos socioculturais
vácuo político deixado pelos partidos seria preenchido por líderes carismáticos particulares. 247A pa rtir do mom ento em que 11111 candidato é apoiado por um par
cuja infii ência seria tanto ma ior quanto me nor foss e a si gnifi cação dos partidos. tido e pelos memb ros dos grupos associ ados a esse partido , a máquina in form ati
Tamb ém se afirmava, com freqüênci a, que a política personali sta seria igualmen va e de propagand a direta ou ind iretam ente associada ao partido é pos ta a serviç o
te destituída de conteúdo ideológico. Embora ess as afirmaçõe s tenham sido pon do candidato. Isso co ntribui para que os partidos tenham “realidade soci al”. De
to pacífico entre muitos estudiosos da política nacional, foi a sua generalidade 1945 até 1964, os candidatos a governad or, vice-presidente e presidente foram
que me levou a descon fiar de sua vali dade: ou vi afirmações semelhantes em m ui personalidades as mais variadas. Entre tanto, se considerarmos a geografia eleito
tos países latino-americanos. No México, 110 Peru, na Argentina, 110 Panamá, na ral da Guanabara, veremos que as zonas eleitorais mais características da Zona
Colômbia e, cm gra u m enor, ate mesmo no C hile, o país mais partidari zado que Sul (da 3 J à 7*) deram a maior ia de seus votos aos candidatos apoiados pel a UD N
conheço, também se duvidava da significação dos partidos políticos nacionais. c pelos demais p artidos ancorados nas cl asse s alta c méd ia, enqua nto as zo nas
Tam bém o uvi essa afirmaçã o em países desenvolvidos. É conhecida a crítica de eleitorais ma is características da Zo na N orte (9aà 13a e 15a) deram a ma ioria de
que os partidos D emocrata e Republicano são rótul os diferentes para uma garraf a seus votos aos candidatos apoiados pelo PI B e pelos demais partido s basead os
só. Crenças semelhantes podiam ser encontradas também em países europeus, nas c lasses trabalha dora s/1* Minh a pesquisa revela que a distribuiçã o das prefe
como a França, pa rticularm ente até a m orte de De Gaulle. Sempre que eu tentava rências partidárias seguia bem de perto ess a divisão. Ha via (e há) uma nítida dife
realizar uma an álise sociológica da política desses países, e u ouvia, sobre tudo nos renciação espacial nas elei ções major itárias na Guanabara, seguindo linhas pa r
paíse s latino-am erican os, a afirmação de que "aq ui é diferente; aq ui essas teorias tidárias qu e se vêm re petind o eleição após el eição, qualqu er que seja o cand idato.2 49
não funcionam porqu e os partidos também não funcion am ”.216Surgiram da í duas
hipóteses: a primeira é que 0 esvazia mento dos partidos po lít icos seri a um fenó 217Não se deve tampou co superestimar a induê ncia dos meios de comunicação: o vota nte, dian
meno geral que era pe rcebido como p articular pel os habitantes de cada país devi tedem ensagemquenãoagrada,;.i ctl em udardecanalou dejornal ou.simplesmente,desligara
do ao seu desconh ecimento de processos semelhant es em ou tros país es. A segun televi são ou p ara rdc ler. No que concerne às condições de vida do votante, é ingênuo pe nsar que
da é que esse seria um mito, expressando mais uma insatisf ação com 0 sistema as meios « te comun icação podem con vencer 11111 fam into de que ele não sent e fome.
?4S Deixamos de fora a I a e a 2a zonas (Ce ntro e ilhas, Santo Antôn io e Sant‘Ana), bem co mo a
político do que um cren ça fundamentada em dados empíri cos. e a 14 a (F.nge nho Novo, M éier e Inha úm a), po r serem, à época, de mau s difíc il caract erização.
O PTB foi aí substituí do pelo M DIJe, po steri ormente, pelo PDT .
2,vEliD iniz(1982 )dem onstrouqueochaguismopenetroum uitoness asáre asepouconasár eas
iV< Observação seme lhante foi feita p or Gallung , 1965 . que anteriormente favoreceram Lacerda e a UDN.
Qual a razão des sa constância? Por <|i ie os candidatos mud am, mas as asso dar radicalmente sua orient ação ideol ógica, contrariando d iretamente os interes
ciações permanecem ? A explicação reside na complexa interação dos partido s ses das classes em que se apóia, ou, no nível de cúpula, se perder o apoio dos
políticos: suas bases soci ais em geral e suas bas es de clas se em p articu lar, bem grupos que d om inam os meios de com unicação de massa .25-1Na Gua nabara, a rc
como to da a maq uinaria de m obilização soci al com fins políticos que es tá li gada a lativa estabilidade das percentagens, sobre o total de votos válidos, da votação
esses parti dos e à estr utura do p o d e r. A probabilidade de que es sa mobi lização recebida pelos princ ipais partidos b rasileiros de 1945 a 1962 indica um alto grau
seja mais profund a e mais completa, abrangend o ma ior núm ero de pes soas, está de estruturaçã o. Fossem os partido s brasileiros as fi cçõès' que mu itos afirm am , ou
relac ionada com o desenvolvi mento econômico .751 estiv essem eles totalm ente dependentes dos zigüezág úes de nossa s person alida
Isso não quer dizer que a percentagem, sobre o total de votos válidos, dos des políticas, j am ais se observaria ess a estabilidade na distribu ição esp acial da
sufrágios recebidos por um cand idato em cada /ona ele itoral sej a idêntica àquela votação recebida pelos partidos.
recebi da qua tro ou cinco anos antes por outro candidato do m esmo p artido. I lá Rssa situação não fo i nem é imu tável. De vido a fl uluações po líticas c a varia
lugar para variações substanciais. O que se afirma c que, devido ao apo io partidá ções na pró pria composição da população , o eleitorado de rada partido está conti
rio e a suas i mplicações organizacionais e propagam lísti cas, o can didato é apre nuam ente em reestruturação. Alguns eleitores, antes c a li vos, “libertam -se” dessa
sentado em termos p ositi vos a um segmento determ inado do eleit orado .*52 Por
prisão invisível, enq uanto ou tros se dei xam abs orver mais c mais po r esses meca
menos popular e p or ma is inábil que se ja, o candidato contará com um núcle o
nismos inform ais de formação de o pinião. Alguns simpati zantes não-caliv os de
substancial tle votantes cativos, cuja preferência partidária e cuja dependênci a
11111partido passam a uma posição independente; outras, a uma posição total
quase total das informaçõ es fornecidas pelos veículos de comu nicação de massa mente apática; e ou tros, ainda, pas sam a simpa tizar com o utro p artido. Ess es
ligados ao partido os imp ede m de con siderar alternativas. N o cas o específ ico d a
movim entos, embora o correndo diariamente, são minúscul os e não provocam
(luauabara , os partidos baseado s na c lasse media , com a U DN cm prim eiro plano ,
mudanças estruturais, a não sei alongo prazo, quando su a influência cumulativa
contavam com um núcleo na Zona Sul que asseg urava ao se u candidato, po r mais
se faz sen tir. Não ob stante, ele s se efeluam perma nentemen te, e alguns deles são
im po pu lar que foss e, uns 35% dos votos váli dos dessa zona, enquan to os partido s
compensatórios. Um líder ou um partido p opu lar que modera sua s posi çõe s pode
baseados na cla sse trabalhado ra, com o PTB em prim eiro plano , contavam com
compe nsar, com vantagem, a perda de el eitores radicais ganhando e leitores mais
núcleos semelhantes na Zon a N orte e nas favelas que asseguravam ao seu candi
dato um m ínim o de 25% dos votos válidos des sas área s.25“ Note-se que até I.ott, moderados . As mudanças no sist ema partidário provo cam rupturasj 1lá, também,
um candidato com precários dote s políticos e oratóri os, obteve na Zona Norte caso s de “quebras” na estrutura qu e ocasionam m udanças rápidas. Na década c ie
uma vota ção substanci al que lhe perm itiu compensar a baixa vot ação obtida na 1980, com o fim da ditad ura, a oposição do PDS às ele ições diretas ocasionou o
Zona Sul e obter aproxi madam ente 2 9 % dos votos na Guanabara, isso numa si seu rápid o declínio, lim 1986, o anúncio da elevaçã o de preços, l ogo depois das
tuação de concorrência com dois candidatos de reconhecidos dotes políticos e eleiç ões, por ocasião do Plano Cruzado foi perceb ido como uma "tra ição ” aos se us
oratórios: Jânio e Ademar* Assim, os principais partidos po lít icos brasil eiros, por eleitores; com isso, o PM DB perdeu a sua posição hegemónica e contingente
11111
terem d iferente p enetração nas diferentes cl asses sociais e estarem intimam ente considerá vel de votant es.
associ ados com m ecanismos relativamen te influentes de formação da opinião pú I louve mudan ças de 1945 a 1962. Paulatinamente, 0 PTB e alguns partidos
blic a, tanto forma is (jornais, rádios, televi são) quan to inform ais (cabos eleit o pequenos (especialmente o PDC) foram ganhando lerreno a cada eleição, apro
rais etc.), tinham a sua disposição um razoável eleitorado cativo predisposto a veitando-se do desga ste sensí vel do PSD, do desgas te menor da U DN ed o desgas
vota r em seus c andidatos. O p artid o só perderá es se núcleo, ou parte dele, se mu- te do PSP e do PR. Es sas modifi cações a longo prazo são em boa parte conseqüên
cia de mod ificações nas e struturas socioeconòmicas e no sistema de valores.
( i com esse pano de fundo e strutu ral que devemos pen sar o carisma. Que é,
f " 0c (" u'eilodc '»obilizaçãosocial caiu cm de sus o, part icularmente na Améri ca Utin a, devido
sua ; 'f Dm Í ao tC01 ias (le moderniza ção que er am oste nsivamente ctnoeéntr icas. Para então, o cari sma?'* 1* a habilidade de um can didato para:
um a eiaboraçao clássi ca do c onceito, ver Deutsch, 196 1.
u Esy í0i T '";"'0 T Mm 'm ° 1 8 U,ís Bonapartcc par M m* « K»Bels no
Am iir/esfo. Meus dados indicam que essa re lação 6 curvilinear (ver Soa res , l% |b) . ^ Tais mecanismos não são automáticos. Part e dos l eitores de 11:11 jornalque mudadeorienta
'N a «lécada de 1990, a prixen tage m «pie tem televisão e m uito m aio r do <| ue na década de ção pass a a ler o ulro jorna l (supondo que haja um a alternati va) que se aproxime m ais de sua
>6 0 , c cada indivíduo , em média, passa mais tempo vend o televisão; po r isso a televisão cum orientação pessoal .
pre,hoje uma função mais m i,*,:tan to na informação... ou desinfonnação da populaç ão. 255 No Bras il, carisma e personalismo são usados como quase sinônimos, não sendo raro ouv ir
' ssas estim ai ivas se baseiam nos resultados eleitorais obtidos po r candida tos diferentes nas fiil arde personali dade cari smática. Éna acepç ão e m q ueoc onceiloéusJido .cnão na wb eriana,
iMeiçocs majoritárias realizadas do 1945 até 1960. que o estamos crit icando .
• consolidar a grande pe riferia de eleit ores predispost os a vo tar no cand idato do Tabela 36
pa rtido, m as que não são eleitores cati vos; Co m posição socioeconôm ica dos segui dores dos pri ncipais
• atra ir eleit ores indecisos;
candidatos às elei ções para gove rnado r da Guanab ara, 1960 ( %)
• a trair mem bros da periferia predis postos a votar nos part idos que apóiam ou lro
Strata ocupacionais Candidatos
cand idato que não ele.
Lacerda
Assim considerada, a influência do carisma c variável, não sendo uma ques Não-manuais altos 42 22 10 28
tão de tudo o u nada. N ã o -m a n u a isdoro tin a 31 31 25 29
Manuais especializados 20 33 44 31
Lacerd a e Jânio: líderes carismáticos? Ma nua is s em i c nã o-es pe cial iza do s 7 13 21 12
Total 100 100 100 100
Carlos Lacerda, cand idato conse rvador ao governo d o estado da Guanabara Número“ (698 ) (417 ) (3 2 2 ) (1.705)
nas eleições de 1960, e Jânio Quadros, ca ndidato apoiado pela U1)N (pa rtido de
‘ Inclui, além dos eleitores dos três ca didatos citados. o$ eleitores do Mendes do Morais, os
Lacerda] nas eleições presidenciais na mesma data, eram considerados lideres indecisos e os que não pretendiam votar.
cari smáticos . De lacerda se afir mava que possnl a uma oratória incrível (cia,
fat o, bom orador); d e Jânio se di/ia que era um demagogo c onsumado, capaz de
de " Exclui "não sabe" e “sem respost a” .
1
arra star as classe s populares. Apenas 7% do s lacerdistas provinh am do nível não-esi >ecial izado e semi- es-
A seguir, procuraremos dem onstrar que: pecializado — menos, porta nto, do que na população total de eleitores. Por outro
lado, 13% dos eleitores de Sérgio eram trab alhadores não-especializados c semi-
• na Guan abara, as preferências por Lacerda e Jânio estavam condicionadas pela
situação de classe e pela consciência de classe dos leitores; especializados; e, finalmente, 21% dos eleitores de Tenório eram trabalhadores
com esse nível de qua lificação.
• as preferencias por Lacerda e Jânio se devem em boa parte à preferência pelos
partidos que os apoiava m, sobretudo a UD N;
• dentro de cada sfra tm ii e decada clas se, os dois candidatos conservadores acre s Lacerda e Tenório: candidaturas de clas se
centaram pouco ao que seria de esperar com base nas preferencias partidá rias. A tabela 36 revela que Sérg io Magalhães não foi um a candida tura declasse. A
composição de seus seguidores era semelhante à do to tal de entrevistados. Em bo
Vejamos, primeiramente, a influência da situação de classe sobre o apoio a
ra sua pregação fosse ideológica, defendend o o nacion alismo econôm ico, Sérgi o
Lacerda e a Jânio. C onsistentemen te, os partido s e os candidatos conservador es
não ado tou posições conflitantes de classe. Sua posiç ão n acionalista certamente
se apóiam nos s trata socioeconònii cos ma is al tos, ao contr ário do que sucede c om
os candi datos c os partidos reformistas. Uce rda era o candidato da UD N, pa rtido emp olgou setores intelectuais e de cla sse média, assi m com o mu itos líderes tra
conservador, e um dos seus l íderes. 1-icerda não foi exceçã o à regra. A comp osi balhistas, mas sua posição equilibrada em questões sociai s, bem com o a ênfase
limitada que lhes deu, não conferiu à s ua candidatura um cunho niti dam ente
ção socioeconômica dos lacerdistas era m uito ma is alta que a dos que apoiaram
Sérgi o Magalhães e Tenório. Enquanto 42% dos que apoiaram I-acer da poss uíam classis ta. O n acionalismo dc Sérgio c seu reform ismo, ainda que m oderado, alie
altas ocupações, apenas 22% dos que a poiaram Sé rgio tinham tais caracterí sticas, naram parte dos setores socioeconònii cos mais favorecidos: apenas 2 2 % dos elei
assim como apenas 10% dos que apoiaram Tenório. Já no nível das ocupações tores de Sérgio provieram desses setores, conlra 28% da população eleitoral. O
n ao-m a nua is dc ro tina, os chamados whitc-collavs (vendedores, d atilografas etc.), fato dc Sérgio não ter tomado atitudes nitidamente de classe provavelmente lhe
alterou-se um pouco o panoram a. Os que apoiaram Lacerda e Sérgi o provinham valeu boa penetração em camadas médias c médias baixas. Km verdade, à épo ca
em igual proporção desse slratitm ocupacional, com 31%, enquanto a percenta em que a pesquisa foi realizada, Sérgi o recebia aproximada men te 25% das prefe
gem referente a Ten ório era um pouco me nor: 25. No nível de t rabalhador es espe rencias ilos i vhite-colhrs — não confundir com a percentagem das preferências
ciali zados, Lacerda perdeu sub stância, Sérgi o ganhou alguma e Ten ório avançou dadas a Sérgio que era de white-collars (31%), aproximadamente a mesma que
mu itíssimo. En qua nto apenas 2 0% dos lacerdistas eram trabalhado res especiali Scrgio recebia e ntre trabalhadores man uais.156
zado s, 33% dos que votaram em Sérgio o eram. Tenó rio foi quem revel ou suas
bases populares: nada m enos de 44% de seus eleit ores eram trabalhado res espe
cializados. ^ N'as Irès semanas que se intercalaram entre a pesquisa e a s eleiçõ es, boa parte dos indecisos
optou po r Sér gio, que ainda realizou alguns gan hos enlre os não-manuais dc rotina e os tra-
Assim, exceção feita à sua rejeição pelos strata ocupacionais mais altos, Sé r parece ter acontecido em São Paulo), e le se estendia m ais abaixo do que o de La
gio Magalhães foi um candidato que atraiu cm igual medida as diferentes cama cerda, que s e limitav a às ocupações m uito a ltas."7
das sociais. Consideran do o apo io do PTB e de outros p artidos com bases popu la K irônico qu e Jânio fosse visto como líder ca rismático "pop ulista" , ao p asso
res, esperar-se-ia uma correlação negativa entre stalus socioeconôm ico e a votaç ão que Lacerda era visto com o líde r carismático "da classe mé dia”. Na Guanabara, o
dada a Sérgio. Mas ta l não fo i o caso . Em parte isso sc explica pela competição pe rfil de clas se dos eleitores dos dois cand idatos era o mesmo.
apresentada por Tenório, que não se distribuiu igualmente através da estrutura O apo io dado a Sérgi o fo i mais ou menos homogêneo nas diver sas camada s
de clas ses, concentran do-se nas camadas mais polir es. Assim, T enó rio tiro u volos sociai s. Te nó rio e Lacerda revelaram ter raízes em diferentes classe s sociai s. O
de Sérgio, mas apenas nas camadas m ais baixas, anu lando assim a base de cl asse grande fenóm eno person alista, naquel as el eiçõ es, não foi nem Lacerda nem Jânio,
de Sérgio. Acredito que, sem Tenório, Sérgio teria um gradiente de classe mais mas Tenório, que . sem apoio pa rtidário corresponden te, consegui u votação subs
nítido. tancial nas camadas inferi ores.10 "carisma ’d c Jânio co de Lacer da, o do p rimeiro
Tenó rio Cavalcanti foi uma candidatura dc clas se. Nos strata superiores, algo mais forte que o do segundo, também revelaram ter raízes de classe; Como
Tenó rio recebeu apenas 7% dos votos (que corresponderam a 10% de s ua vota tal, o carisma influiu principa lme nte em pessoa s que, por sua si tuação de cla sse,
ção); mas, entre trabalhadores manuais não-especializados e semi-especializa- estavam predispostas a segu ir um líder com determ inadas característi cas.25* Es
dos, recebeu nada menos d e 32% dos votos, sendo o cand idato m ais votado ness a sas predisposições não são no sentido de seg uir qualquer lí der. P or isso mesmo é
que Tenório não conseguiu atrair as camadas superiores. Dados os sistemas de
capa octipacional. Mesmo carecendo de base pa rtidária , Tenó rio obteve votaç ão
substancial. Fatores extraord inários, talvez de tipo p ersonalista, influíram nesse valores das diferen tes camadas sociais, assim como os diferentes interesses, o s
líderes personalistas que atraem certas ca pas fr equen temente afugentam outras
resul tado. Mas o carisma de Te nório não atraiu, em igual proporção , os membros
(o pró prio T enó rio afugentou as cl asses altas). Alguns l íderes exerceram influên
das diferentes capas sociais. A atração que sua personalidade exerceu se concen
cia em todas as camadas, como Getúlio, Jusc elino e Jânio, mas a influência não
trou nas camadas manuais, de onde vieram nada menos que 65% dos seus votos,
em comp aração com apenas 27% de Lace rda. foi uniform e, sendo m aior numas do que noutras. Vejamos, agor a, os dados rel a
tivos às eleições presi denciais.
Os dados de mo nstram qu e, na Guanabara, os don s carismáticos de Lacerda e
.lamo eram mu ito mais limitados do que sc aprego ava, porque boa pa rte de su a
Strata sodai s e os eleições presidenciais
volaçao poderia ser explicada pelas preferências partidárias dadas à UDN e aos
demais partidos que os apoiaram. H avia um pequeno saldo em favo r del es, quan Diferentes slrata sociais tèm diferentes preferências políticas, sendo farta a
do comp aramos suas preferências com as preferências combinad as dos partidos quantidade de m aterial comparativo exist ente sobre o tema.” 9Todavi a, a intensi
que os apo iaram, mas essa dif erença só era sign ificativa en tre pess oas com alto dade das relações entre status e p olíti ca varia no espaço e no tempo, de um a cul
status soci oeconômico. Va le dizer, nas el eiçõ es de 1960 na G uanabara, a influên tuia políti ca pa ra outra, e, dentro de um a mesma cultura polít ica, dc uma épo ca
cia carismática de Lacerda e.lân io foi red uzida, l imitan do -se às capas s uperiores. para ou lra.2*“ Além disso, fenômenos de outra orde m podem obscurecer as rela-
5*oi ne ssas capas que eles atraíram mais votos d o que os partidos conservadores
ju nt o s. Na s c apa s i nf er io re s, I.a ce rd a co ns eg uiu m an te r o ap oi o d ad o pe las m á ?s’ Ke p ito que esses dados sc relerem apenas à Guanabara e às elei ções de 1960. Km o ulros
quinas partidá rias, mas não obteve m uito ma is votos al ém do que esse apoio com estados, o carisma de Jânio pod e ter exercido unia atração especial sobre outras camadas. Estu
binado lhe oferecia. Nas mesmas elei ções, Jânio iria um pouco m ais além, con se dos recentes, dc Maria Teresa Sad elc de Souza e Antôn io Flávio PU rucei, mostram um qu adro
ditcrenle em São Paulo: o prime iro m ostra que houve mudanças soci oecon ômicas nos anti gos
guind o mais votos, em todas as c amadas sociai s, do que 1-a cerda ou do que aqueles redutos ja ni st as , as q ua is, n o e nt an to , nã o f or am ac om pa nh ad as de m ud an ça s po líti ca s, o u sej a,
que o apo io p artidário pod eria oferec er. Embora no estado da Guanabar a o seu os redutos ja nis tas co nt in ua ra m r ed ut osja ni st as ! O seg un do rev ela n ova s bases soc iais d o jani sm o.
No dizer de Pierucci, “nos anos 1980, .l ânio Q uadros tem tid o seus pi ores desempenhos nos bair
carisma também fosse maior entre as capas mais altas (contrariamente ao que ros burguese s, po r um lado , e nos bair ros m ais pobres e mais periféricos, por outro".
Além da situação de class e, há evidenteme nte outros fatores, como religião, idade, srcem
rura l-urban a, sexo, etnia etc. , que também con li ibuem para a formaç ão des sas pr edisposições.
balliadores man uais, ã custa de lacerda . Analisando três suba mostrasde nosso estudo, c oletadas Para uma comp ilação de est udos compa rativos que demon stram as rel ações entre status e
em três semanas consecutivas, pe.ecbe-se que Sér gio des.ontava te rreno à cu sta de LacenU. preferência político-partidária, ver Seymour, 1981.
m conversa com José Por linho, dois dias antes das el eições, afirmei não du vidar da vitó ria de 260 Eysenc k (195-0 enc ontrou u nia correlação dc 0 ,53 en tre status evoto (sendoos/tftasestimado
I -acerda, a ventura ndo que , dadas as tend ências observadas, se as elei ções fossem realizadas cm pelos entrevistadores com base principalmente na ocup ação, enquanto Centers (1959) encontrou
novemb ro, Sergio teria m uitas possibilidades de vencê-l a-;. uma correlaç ão de 0 ,37 entre stalus ocupacional e voto. Para uma análi se das modificações no
grau de associ ação entr e sta lus e voto, ver Campbe ll et alii (I96t> :333-W>) e Convetse (1953:38£-99).
ções entre status e políti ca. A relaçã o entre ;i base socioeconômica eos partidosé ,
ela própria, nma variável . A relação í ntim a entre status socioeconômi co c prefe
rênci a pela UD N, que era m uito forte na Guanaba ra em 1960 (quanto ma is alto o
sfafws, m aior a propo rção de udenistas), não se reproduzia em outr os est ados.
Durante o sist ema bipa rtidário, nenhum dos estudos consul tados revel ou uma
rel ação tão íntim a en tre o stafus socioeconômic o c a A rena qua nto a mencionada
Preferências políticas dos diferentes niveis educacionais
relaçào carioca com a UD N."6' fimbo ra haja razoes para acred itar que Jân io supe
rou algumas barreiras relaci onadas com a preferênci a p artidária e com a influen
cia do status socioeconômico, as eleições presidenciais de 1960 na Guanabara Se— irm os•
seguiram as linh as d a estratificação social. Resumindo, eis duas conclusões: aproximadamente o me smo ..« (secundário incomple to) e 61%
• a percentagem de votos que Jân io recebeu dentro de cada stratum supe rou aquela incompleto pa r. 36% com nívo. universi tári o,
(secundário compleloj. ahngm d u substáncia con. a elev ação do
atribuível ao apoio partidário;
• a percentagem recebida n os s/ro ía ma is altos foi m uito su perior àquela recebi da comple to ou incom pleto.Utt. ao « “* ^ imá l io illcompl eto , mant eve- se
nível educacional: de 31 /» entre; as pe ^ (32%)_bai xan<io para 27% entre •
nos mais baixos.
estáv el ent re as pe ss oa s com i»i < pe ssoa s com se cu nd ár io com -
Figura 8
Jânio e as ocupaçõ es «pleto
K e« 20
> % entre
sc™ndár ,° u
as pessoas n l i v e ^r a percent
s i tagem
á der indec
i ai- ~
Percentagem de pref erênci a
r:r .« * n, e, e ^ -

e*0l'o"sfn lus socioeconô mico ,tal como


estava positi vamente Nü caso Je Adem ar,. relaçã o negat i-
“ T “ : sendo .. ......* o cr es ciment o do ademans mo

preferencia política, resta sa.x r -« a m i i • variável dq> end ente explicada

Saraaissssasssssi***-*-
ção aum enta o n osso po der de expli cação.

A ocupação e o ed uc aç ão infunda m c M v a m e u te a s p r e f er ên ci a s

bolíticas .
D entro de cada M ã ^ S 7 S » h 51 e
A percentagem dada a Jânio decresceu de 77% na categoria ocupacional 1(a ^U ^u bs tân cia com a elevad o do ní vel edncae ional ,
de mais alto prestígio) para 72 % na categori a II, 56% na II I, 48% na IV ,41% na V ,
28% na VI e 25% na VI I. Inversam ente, a percentagem dada a l.ott cresceu á me
dida que baixava a hierarquia de status socioeconômico: 15% na categoria 1, 16 % >« Separ ando as pes soas com as P™ "c to
na II, 23% na III , 25% na IV, 33% na Ve na V I, at é ating ir 40% entre os membros vemos que l-ott receb eu maior pei ,, „„iversitóv io incompleto e 6H% entre as.
da categoria V II (trabalha dores não-especiali zados). Enqu anto os membro s das ao pass o que para a pouca penetrar ão de U tt em me. os
da «qu m ta .nlre es. uda n. es nn iver.tân ^.
Ava riabili dadedessa relaçãonão6 novid ade.Alford (1963)enfati zoua variância dá relaç ão
1‘iitic situação de class e c intençã o do voto em diferentes país es aii glo-saxões.
receb endo ma ior perc entagem devo tos entre os que ti nham , 110 máximo, pri má • as classe s sociais são fatos psicossoci ais de existência real na psique dos ind iví
rio completo do que cn trc os que t inham, 110 mínimo, secundário incomp leto, à duos: e
exce ção das cat egorias ocupaeionais inferiores , onde recebe u percentagem lig ei • as classe s sociais s ão um pod eroso instru me nto de análise, contr ibuin do p ara a
ramente m aior entre os mais instruídos. I-ott foi francamente favoreci do pelo bai expl icaç ão da variância do comp ortamento human o.
xo status educacional enlre as pessoas com baixo status ocupacional. Entre as
O com portam ento político não é indifer ente à identificação com clas se. As
demais, o grau d e instrução não fez dif erença.
sim, confirm an do as tendências verificadas nas rela ções entre status sociocconô-
Den tro de cada nível educacio nal, a perc entagem de Jânio foi maior cn trc os
com $tatus ocupacional mais alto. Entre as pessoas com, no máximo, primário mico e com porta me nto po lítico, nas e leiç ões de 1960 houve uma assoc iação cu
mulativa entre a posição da classe, a identificação com a classe e o janismo.
com pleto, ele recebeu 24% en tre as com slalus ocupacional baixo, 39% e ntre as
Vejamos, p rim eiro , a influênc ia isolada da consciência de cl asse: excl uída a clas se
com status ocupacional m édio e 59% en tre as com alto stafus ocupacional . Entre
alta ou rica, cujo n úmero era pequeno demais para pe rm itir con clu sões estat isti
as pes soas com nível secund ário ou me lhor, as percentagens são 38%, 51% e 6 8 %.
camente sign ificativas, a percentagem de votos dado s a Jân io decresceu de 64%
Lott, ao co ntrário de Jâ nio, perdeu substância nos níveis ocupaeionai s inferiores:
na classe mé dia-alta para 53% na m édia baixa, 38% na trabalhado ra, 23% na po
entre os com n ível educacional mais baixo, Lo tt recebeu 3 7% entre os com s tatua
ocupacional baixo, 26 % entre os com médio sta/us ocupacion al e 18 % entre os bre, elevando se um pouco pa ra 25% na operária.
l.ott, ao co ntrá rio, asc endeu: 21,25,31,3 1 e 37%, respectivamente. Excluindo
com alto status ocupacional. E ntre as pes soas com nível educac ional mais alio,
essas percent agens foram 25%, 26% e 2 0 %. No que se refere a Adem ar, a ocupa os indecisos
classe e osAquedem
operária. não ar,
pretendiam
como seria devota r, L ott recebeu
esperar, tamb ém43%
fo das
i mapreferências
is favorecidod nas a
ção some nte teve i nfluên cia (negativa) entre os com status educacional mais alto:
classes ma is baixas do que nas mais altas, havendo certa predileção p or ele entre
23% entre os com baixo status ocupacional, 13% entre os com m édio status ocu
paciona l e apenas 7% entre os com alto status ocupacional. Entre os com educa os que se identificavam com a cla sse pob re."“
ção mais baixa, essas percentagens foram 19%, 21 % e 2 0 %. Portan to, a ocupaç ão
Tabela 37
somente adicionou algum poder de expli cação na análi se do loliism o e ntre as pes
Preferê ncias presidenciais das diferentes classe s soci ais cm
soas com baixo status educacional; no caso do adem arismo, sucedeu exatamente
I 960 110 estado da G uanabara (% )
o oposto: foi en tre as pe ssoas com a lto status educacional que o nível ocupacional
influenciou as preferências. Preferências Classes sociais
presidenciais A lt a ou Média Média Tr abal hado ra Pob re Operária
K útil empregar coniuiUamcntc a educaçã o e a ocupação, usada s como índ i
rica alta baixa
ces de status, na análise do comportame nto políti co. Embora, na m aioria dos c a
Jânio 60 64 53 38 23 25
sos, as duas variáveis influenciem independente c cumulativamente o comporta
Lo ic 13 21 25 31 31 37
mento político, há algumas combinações específicas entre graus de educação c
Ademar 27 7 13 17 24 24
graus de ocupação que estão assoc iada s com a titudes negativas ou positivas para 15 22 15
Indecisos 0 a 9
com 11111determinado candidato. Estatisti camente falando, houve inter ações . 100 100 100 100 100 100
Total
Sublinhad o o caráter de classe da influência carismática relativam ente lim i N ú m e ro (15)* (488) (472) (401} (190) (244)
tada de Carlos I^cerd a, vejam os qual o impac to da consciênci a de cla sse sobre 0
ja n is m o e o lac cr dis m o. ’ Núm ero insufici ente de casos.

Essas relaç ões coadunam-se p erfeitam ente com as encontradas na análi se


Con sciência de cla sse e carisma convenc ional das rela ções entre s trata e com portamento po lít ico. Tal semelhan
Um a das m aneiras de saber se as cl asse s sociai s, consideradas entidades sub ça, é claro, inspira um cuidado metodológico: sendo tanto a identificação com a
class e quanto o comportam ento p olítico parcialmente dependent es do status so-
je tiv a s co m a s qua is s eg m en tos d a p op ula çã o se id en tif ic am , são fat os 011 ficções é
ve rificar se houve implicações com portam entais dess as identi ficações. Sesegmen- ciocconô mico, não seria a relação entre clas se e políti ca apenas uma con scqiiên-
tos significativos da popu lação se i den tificaram com essas ent idades sub jetivas e
foram comportamentalmente influenciados por elas, duas conclusões são possí Â Ruisa <ie hipótese: a identificaçã o com a classe pobre favorece candidatos pop ulistas, como
veis: eniar e Bri/o la, cu ja pregação não era feita em termos <ia classe operária ímiMSfriaí.
Ademar
da da corr elaç ão comum com o stdtus sociocconòmico? Para afastar ess a objeção política do indivíd uo. 13a mesma ma neira, não causa surpresa o fato de que lenha
é necess ário demo nstrar que a relação persiste mesmo m antendo-se co nstante o sido muito diferente a identificação de classe dos eleitores tios três candidatos
sfatus sociocconòmico. ma is votados nas el eições para gove rnador da Guan abara em 1960 .
Os dados demonstram de maneira cabal a infl uenc ia, sob re o compo rtamen
to polílico, da identificação com as classes privilegiadas e com as classes Tabela 38
desfavorecidas. Entre as pessoas com status socioeconômico mais alto (as que se As bas es de cl ass e dos p rincipais cand idatos
identificam com as cl asses alta ou m édia), 6 8 % preferiam Jânio e 18% preferiam a governad or da G uanabara, I 960
Lott, mas entre as que se identificavam com as classes trabalhadoras, pobre ou Can didat os (% )
Classes sociais
operária, osjanistas desc eram para 48% (um a queda de 2 0 %). c os lottistas subi L a c e rd a S é r g io T e n ó r io T o ta l
ram para 28% (ga nhan do 10%) . Adema r também subiu d e H para 15 %.
Alta, rica e média alta' 39 21 12 27
Entre as pes soa s com staíus sociocconòmico i nterm ediário, o janism o lam- 26
Média baixa 31 27 15
bém perdeu substancia quan do descemos na hierarq uia de t i nsses soci ais: de 56 30 22
Trabalhadora 16 25
para 36%. 1-o tt permaneceu est ável , ganhando l%, e Adem ar m elhorou substan 15 10
Pobre 6 11
cialmen te, passando de 10 para 23%. K nlre as pe ssoa s com staíus soc ioeconô mi Operária 6 15 25 13
co m ais baixo, o janism o con tinuou a se associ ar posit ivamente com a posiçã o na S em re s p o s ta , nã o sabe 2 2 4 2
hiera rqu ia de clas ses soci ais: entre os que se ide ntificaram com as classe s alta e Total 100 100 100 ICO
méd ia, .Jâ nio recebe u 38% das preferências, baixando para 25% entre os que se Número (756) (439) (353) (1 .8 5 5 )"
iden tificaram co m a clas se trabalhad ora. O lottism o recupe rou a ass ociaç ão nega
' Incluindo apenas 14 pessois que se identificaram com a classe alta ou rica e 486 que se
tiva com a posição na hierarquia de classes e cresceu de 26 para 37%. Ademar
identificaram com a alia classe méd a
permaneceu estável, caindo 2 %. Note-se que. em todos os níveis ocupacionais, " Inclui os que votaram em M erdes, os indec isos e os que não pretendi am votar.
houve m aior percentagem de indecisos e «le pessoa s que nã o pretendiam vota r
entre os que se identificaram com a class e trabalhadora do que enlre os que se A tabela 38 demonstra que, entre os eleitores de Lacerda, nada menos que
identificaram com a classe média. :V)% se colocaram entre as classes favorecidas (a gra nde m aioria se considerava
Portanto, a identifi cação com a cl asse influenciou o com portamen to político pertencente à a lta clas se méd ia). A percentagem coi respondeu t e a Sérgio era 21%,
mesm o m antendo -se constante o staíu s socioeconôm ico.26*Mas a associ ação en e a de Tenório, apenas 12 %. Comparando a percentagem correspondente a cada
tre a identifi cação p or clas se c a prefer ência por de terminado cand idato não fun um dos candidat os com a estrutura de clas ses do eleitorado, vemos que I j cerda
cio nade maneiraun iforme nosdifer entesnívei socupaci onais .Assim,seojanism o atraiu as classes favorecidas, enquanto Tenório as afugentou. A penetração de
estava positivamen te associ ado com a posição hierárq uica da clas se de identifica Sérgio nas diversas classes sociais foi homogênea: a composição de classes dos
ção em todos os níveis ocupacionais, nos níveis ocupacionais interm ediá rios de que nele votaram é semelhante à do eleitorado tota l. Sérgi o apenas sofreu certo
sapareceu a as soci ação negativa entre o lo ttism o e a posição hierárquica da iden repú dio p or p arte das cl asses mais favorecidas, ã semelhança do que acontec eu
tificação. com os st rata socioeconômicos.
A tran sform ação de um a clas se em si nu ma class e para si é , segundo Marx, I-acerda, ao con trário, teve m ais penetração nas clas ses alta ou rica, mé dia
um requ isito fund am enta l para que <is classe s sociais sej am classe s soci ais, e não alta e média baixa (sobretudo nas duas primeiras) do que seria de esperar com
apenas uma categoria d e pes soas i nconscientes de sua similarida de .265 Mas, será base na composição tota l do e leitorado. Porém, a penetração de Lacerda nas cl as
essa diferenciaçã o real ou pelo menos ú til? Serve para alguma coisa? Pesqui sas ses menos favorecidas (trabalhado ra, pobre e ope rária) fo i meno p- do qu e a que
políticas demonstraram que a consciência de classe se relaciona com a posição seria de esperar se não houvesse qualqu er assoc iação entre lace rdismo e classe
social. Consubstanciamos, assim, as bases de classe de Lacerda. Esse fenômeno
não pode ser visto em termos de tud o ou nad a. Afinal, 16% dos el eitores de Lacer
261 Poder-se-i a argum enta r que ;i junçã o de várias categorias ocupacionais perm ite uma v aria
da se consideravam da classe trabalhadora e, no momento da pesquisa, aproxi
ção mfrrmr mu ito grande e que a s diferenças atribuídas às classes seriam diferença? entre as
categorias englobadas. Dados usa ndo categorias mais específi cas demons tram que são genuínas madamente 30% dos votos da classe trabalhadora foram dados a tacerda. Em
as relações encontradas. comparação, nada menos de 60% dos membros «la alta classe média preferiam
•A imagem qu e Ma rx usou é expressiva: batat as do mesmo saco.
Lacerda. I-acerda tinha uma base de c lasse porque pene trou m uito m ais nas clas Ihadoras: come çando com 40%, a p ercentagem de lacerdistas desc e, a cada nível
ses favorecidas do que nas m enos privil egiadas, sendo m uito pequena a sua pene ocupacional, atingindo 22% nos dois st rata ocupacionais inferiores. Assim, con
tração entre os que se identificaram com a classe pobre c com a class e operária. firma-se a hij)ótesc dc que 0 status socioeconômico (situação de cl asse) e a iden ti
Icn ório , ao co ntrá rio, apoiou-se nas cla sses menos favorecidas. A alta clas se ficação com a classe (consciência d e class e) influen ciaram dc m aneira cumulativa
média deu apenas 8 % d e seus voto s a T enório (correspondentes a 12% dos votos o comportamento politico. Os dados analisados concentraram-se especificamen
recebi dos), enquanto a clas se operári a lhe deu 35%. Tenório foi u ma figura po líti te 110 caso dc Lacerda, p olítico considerado ca rismático e cujas bases dassistas
ca com bases de cl asse defi nidas. Lacerda e Tenório foram candidaturas de class e, ficaram patentes, reduzindo ainda m ais o es paço para interpretações base adas 110
apoiando-se m uito m ais cm certas cl asses do que em outras. carisma.
Entre tanto, a sit uação de clas se (med ida pe losfo fi/s ocupacional) tamb ém se
correlacionava com a política; sabemos, igualmente, que havia forte correlação Tabela 39
entre a situação de clas se e a consciência de class e .266 Ora, metodologicamente, Situaçã o de cl ass e, consciência de clas se e lacerdism o
surge a possibilidade de que a consciência de cl asse não tenha qu alque r influênc ia % que escolheu Lacerda
sobre a política além daquela de vida à correlaçãocomum com a situação dc clas Níve is ocup acion ais Class es altas Class es
se. A situação de classe impu lsionaria tanto a consciênci a de clas se quan to a po lí e m édias ' trabalhador as"

tica, mas a consciência de class e não teria q ualqu er efeito independente sobre a I. Profissões liberais e altos cargos adm inistrativos 64 40
po lítica.* ’ Assim, qu and o se anulass e a influê ncia da situação de class e, não so II. Cargos de gerênc ia e direção 65 23
braria qualquer relação entre a consciência de classe e a política (no caso, III . Alias posições dc supervisão e inspeção 52 37
exem plificada pelo lacerdismo). U ma perspectiva diferente, que favorecemos, diz IV. Cargos não-manuais de rotina 52 31
que a consciência de classe teria uma certa autonomia de ação, influenciando a V. Inspeção e supervisão de cargos manuais 52 30
política ulém da influê ncia que a s ituação de cl asse, por si só, já possui. Es sa hipó VI. Ocup ações manuais especia liz adas 44 22
tese foi con firmad a pelos dados. VII. Ocu paçõ es manuais não e semi-especiali zada s 4 6 _____________ 2 2 _______

Entreosmembrosdo stratum ocupacional mais elevado (I), a consciência de ' Inclui o s que se identificaram com a classe alca ou rica, com a alta clas se média e com a baixa
classe superior (m édia ou alta) im plicou que nada menos que 64% das es colhas classe média.
fossem para Lacerda. En tre pessoas c om situação de clas se semelhante, mas cuja " Inclui os que se identificara m com a classe trabalhadora, com a classe operária e com a classe
pobre.
consciênci a d c clas se era traba lhadora, apenas - 10 % esc olher am Uce rda: um a di
ferença de 2 -1%. Descendo ao longo da esca la ocupa cional, em cada nível, onire
os que se identificava m c om as classes mais favorecidas, havia um a percentagem A influênci a da incongruência de class e
de lacei distas m uito mais alta do que entre os que se identificavam com as c lasses
menos favorec idas. A influê ncia da identificação com a cl asse é mais fortee m enos ambígua onde
Con ílrnui-se a hipótese de que a influência da consciência de cl asse sobre o houve r congruência entre s ftií use identi ficaç ão. Exemplific ando: a identifi cação
com portam ento político exem plifi cado pelo lacerdismo não era redu tível à influen com a classe operária está positivamen te assoc iada com o lottism o e neg ativa
cia da situação dc classe. Por sua vez, a i nfluenc ia da situação de class e sobre 0 men te assoc iada com o janism o; 78% d os identificados com a classe ope rária eram
comportam ento po líti co tampouco é redutível à infl uência da consci ência de cl as trabalhado res manu ais. Assim, os mem bros das cat egoi i as ocupacionais interm e
se. Lendo a primeira coluna, onde todos se identificavam com as classes mais diárias que se identifi cavam com a class e operária apresent am uma incongruên
favoreci das, de cima para baixo nota-se a tendência dos nívei s m ais altos ao c ia entre 0 stalus socioeconômico e a iden tifi caçã o com a cla sse. Ness e n ivel, I-olt
lacerdismo, em comparação com os níveis mais baixos. A mesma tendência se recebeu apenas 23% das p referências da cl asse operária, e Jân io, 37%. Já nos u i
observa na co luna da dire ita, onde todos se i den tificavam com as cl asses traba- veis ocupacionais inferiores, onde há cong ruência, Ix>tt r ecebeu 39% da clas se
operária, c Jân io, apenas 21 %. Tais mod ificações não se devem apenas à ação iso
266Ver Soares, I96 la.
lada dc cada um a das variáveis, mas ao fato de que onde há congi-uéncr à entre
No ling uajar da m etodologia das ciências sociai s, a correlação en lre consciência de class e «• sfa/us e identificação há m aior sentim ento de desvant agem em relaç ão às outras
polflica se ria cspiirí« , explicável pela correlação com um co m a situação de clas se.
classes, e o voto tende a ser mais influenc iado pe los sentimentos de clas se V As Figura 9
sim , na alta class e méd ia, eram as pe ssoas com educaç ão sup erior e com ocup a Situação de classe , pa rti do s e carisma
ções não-manuais que viam a própria classe em situação de desvantagem ( 2 -1 %
entre os não -man uais e apenas 7% entre os manuais), .lá na classe ope rária, es sa Parcidos e candidatos
percen tagem era um pouco m aior entre os manuais ( 6 0 %) do que e ntre os não- ----- Jânio

manuais {52%). L ogo, a dimensão da congruência entre status u identificação acres - — Lacerda
centou cerlo pod er de expli cação na variância do com portamento político, al ém UDN-PDCPRP
daquela que pode sei creditada ao stalus e à identificação considerados isolada-
meiile.

50
Classes, partidos e cor/s/no
•10
A p ar tir do mom ento em que, sem dados nem pesquisa, o s partidos são defi-
nid os w m o irrelevantes, toda votação expressi va reque r expl icação ext rapa rtidária. 30
O personalismo, sej a na varian te autoritária do chef e, se ja na vertent e populist a
do ça risma j c ã prim eira cãrtã explicativa que cai na mesa. Assi m', as el eições d e 20
I (Alia) IV V (Baixa )
1960 deram marg em a m uitas explic ações d esse gênero. Lacerda, com vida po líti
ca na Guanabara, era visto como líder conservador cari smático; Jânio, com vida
política em São Paul o, era vislo como líder ca rismático de cunho populista; Teuório, A diferença não residia nas percentagens, mas nos núm eros absolutos, que
com vida jx>lí tica na Baixada, era visto mais como curiosidad e carismática do que eram afetados pela percentagem de indecisos e sem respost a. A percentagem de
com o liderança carismática. Os com entaristas políticos, residentes na Zona Su l c indecisos, “não sei” c “sem resposta" era m ais alta no cas o dos partido s do que no
em outros ba irros de classe média, deixavam tra nspa recer os seus v ieses de clas se dos dois cand idatos. Isso fez com que os to tais absolutos fossem m ais elev ados
e tr atavam Tenório como caricatur a - o homem da cap a preta, o homem da nas elei ções presidenciais, seguidas pelas el eições para gove rnado r e, finalmente,
Uu dinh a , nome da suhm etralhadora que Ten ório car regav a. Ne sse contexto pelas preferências partidárias.
analítico, os partidos não existiam. I lá pelo menos três interpretações para a intensa colincaridad e entre a prefe
Porem, ao comparar as preferencias partidárias com as preferências pelos rênci a pela U DN e a i ntenção de voto po r Jânio e Lac erda:
princ ipais candidatos, chegamos à conclusão de que os part i dos (particularm ente • a personalista procura explicar as prefer ência s pela UD N a pa rtir das candi da
a U DN) co ntaram e que, descontada a sua influência, é pequena a margem de ixa turas carismá ticas de Ján io e Lacer da; os dois ‘ puxa riam as preferências pela
da para o personalismo como fator explicativo.
UDN;
Comecemos com a percentagem, sobre cada total respectivo, das preferen • a rrisíi/ucíonídtsííJ procura explicara votação por Jãnio e Lacerda a partir das
cias dadas a Jânio , I-ac erda e o con junto de partid os que os apoiaram: UD N, PDC preferências pe la UDN e demais partidos que os apoiaram; e
e PRP: a f igura 9 mo stra que, em cada stratum socioeconôm ico, as percentagens • a cfasst sta vê os três como expressõe s pouco diferenciadas do com portam ento
eram m uito semelhantes . Jânio, consist entemente, t eve uma percent agem um político explicável pelas class es sociais.
pouco m aior do q ue I . a cerda e o conjunto de preferencias dos três partidos. Os Dizer que há algo de verdade nas tr ês pode parecer in ócuo, mas tem a virtude
três tipos de preferências caminharam juntos. de elim inar versões extremadas, determ inismos ò OMíramvque impedem o ava n
ço tio con hecime nto. Vejamos quais os limites de cada:
hntie osm embrosda clas seoperária quenàoviam a pró pria clas seemsitu açãodedesvanta É difícil defender a idéi a de que fo i Jânio o mais votado dos dois candida tos
gem. hav ia 62% preferind o o PTB c 20% a UD N. .1 á entre os que viam a clas se em situacào dc personalistas, quem “ fez" a UD N no estado. Is so por três raz ões:
desvant agem, o IT B contava com 67% e a UD N com 17%. Entre os identif icados com a alta
• a carreira política de .Jâni o foi feita cm São Paul o;
classe med ia, a sit uação se inv ertia: havia m ais udenistas cn lre os que percebiam a class e em
situação de desvantagem A inclusã o da pergun ta no questioná rio objetivava aferir se havia ou
• Jânio não era fil iado “h istóri co” d a UDN ; foi eleito governador de Sà o Paulo em
não percepção de privação relativa. 1954 pela coligação PSB-PTN;
• a UDN linha obtido 279.336 votos nas eleições de 1958 (dois anos antes das a consciência de cl asse e as variáveis políticas tamb ém era7 * m uito e streita, como
eleições presidenciais), a maior votação para deputados do enIão D istrito Fede dem onstram as tabelas 36 e 37. Com o dar se ntido a ess as rel açõe s?
ral; a força da UD N no então D istrit o Federal vi nha de l onge: fora o segun do As vari áveis dc clas se condici onam, sem d etermina r, o comp ortamento polí
partido mais votado em 1945, logo atr ás do PTB; em 195 0, continuou como o tico. Elas se relacionara m, em prim eira instânc ia, com a preferência partid ária e,
segundo ma ior pa rtido, m as longe do PTB; c ascendeu à prim eira posição já cm parcialme nte através dela, com o grosso das intenções de voto. Isso não e limin a a
195 4 — em coli gação com oP R eo PL, parti dos insignifi cantes no Distrito Fede existência de relações mdepemíenfes en lre as variáveis de clas se e a intenção de
ral, obteve a ma ior votação. voto, não redu tíveis à relaç ão comu m com a preferência partidária. M as elas são
Já Lacerda era um uden ista •‘históri co*’ c, se m dúvida , a principa l figura da residuai s. Os fatores personal ist as contribuem para explicar po r que as preferên
UDN cari oca, send o d ificil imaginar um sem o o utro. Não obstante, s eri a d ifícil cias por alguns candidatos vão mais além (ou, em alguns casos , ficam m ais aquém)
defender a tese de que Lacerda "fez* a UDN . A UDN carioca ti nha exce len tes qua das preferências partidárias.
dros no D istrito Federal . Além disso, como sed e do governo federal, o D istrit o
Federal linh a os seu s partido s associ ados a nomes nacionais nodia-a-dia da polí Tabela 40
tica. O i|ue os políticos federais diziam e faziam, di/iam e faziam n o D istrito Fede Co nsciência de clas se, preferências pa rti dá rias e
ra l E boa parte da população carioca segui a os acontecimentos nacionais. A in lacerdism o, Gua naba ra, 1 960

fluência personalista,
predispostos po rtanto
pela preferência par , esttidária
á limitad
a voa àtar
capaci
nelesdade
e ade “se pou
ir um gurar”
coos eleitalém.
mais ores Percentagem
'Cl asse alta eque pretendiaClass
m édia votar em
e trabalhad Lacerda
ora,
Preferência pa rti dá ria
|Mas nào foram os líderes personalist as que criaram o pa rlido e as preferênci as: pobre e ope rária
elas já estavam lás 94 (44 3) ~ 80(177)
UDN-PDC-PRP
A tese insfftucioita/ísf« 6 a preferida de vários cientistas políticos, inclusive PSD-PRT
23 (52) 13 (45)
da ma ioria dos ‘ hrasil ianist as". Na sua versão moderada, e la tem m uito a con tri PTB-PSB-PSP
13(195) ___________ 7(310) ______ |
buir. Afinal, nos períodos democráticos, os candidatos passam c os partidos fi
ram. A e stabilidade a l ong o prazo da votação pel os partidos c surpreende nte. Mas Len do a tabela 40 na horizon tal, vemos que, para cada grupo de preferências
o poder de expli cação dos partidos termina quando a votação de um candidato partidárias, há uma diferença pequena, mas estatisticamente significativa, entre
supera a dos partidos. Nas elei ções para governador de 1954, em Sã o Pa ula Jân io os que se iden tificam com as cl asse s mais favorecidas c os que se iden tificam com
foi mu it o mais alem do que os partidos qu e o apoiaram formalmente. Termino os as menos favorecidas: 94 e H0%; 23 e 13% e 13 e 7%. Iss o sign ifica que a consciên
come ntários a respeito da tese i nslitucion alista com duas obser vações : cia de classe tem um efeito direto, independente, sobre o lacerdismo, mas esse
• pa rtidos fortes nào garantem a elei ção de candidatos a postos executivos que efei to é pequ eno. _ ^
sejam ruins eleitoralmente;-'* e Lendo a tabela na vertical, vemos que foi o grande impacto < ! .;i preferencia
• muitas das discicpãncias entre preferencias partidárias e votação para cargos partidária, sendo claro que a linha divisória é enlre o p rime iro grupo de partidos,
executivos se explicam pela migração temporário de politicos, staffe simpati capitaneado pela UD N, e os demais: variand o de 94 a 23% (c a 13%) e dc 8 0 a 13%
zant es pai a o candida to vencedor, de acordo com o pr incip io do voto ú til. (c a 7 %) . Esses dados apóiam a nossa i nterpretaç ão de que o grosso da influênc ia
da consciência de classe sobre o lacerdismo se deu através da p referência p ari idá-
A tese classista é poderosa. A relaç ão en tre a situação de cla sse e a consciên
ria, havendo, porém, efeitos residuais diretos da consciência de classe sobre o
cia de class e, por um lado, c as três formas de com portamen to polít ico, por outro,
é clara. Não há como argum entar que a preferenci a partidária ou a intenção dc lacerdismo.
A comparação das percentagens extremas da diagonal (94 e 7%) mostra que
voto determ
duo, ten ina amsituação
do sido edida p de
elaclocupação
asse, que é objetiva,
e pela educaçãoexterna. A
à pconsciência
sicologidca clas
do indiví
se e consciência de classe e a preferência partidária foram instrumentos poderosos
um vínculo entre a situação de classe e as variáveis políticas; A íntima relação para a análi se da intenção tle voto por Lacerda naquel as el eições na Guanabara.
entre a situação de classe e a consciênci a de clas se foi co nstatada; a relaç ão en lre
Reiter oque a correlação e ntre as variáveis de class e e as variáveis políticas varia no tempo e
A histó ria da República ó rica em exemplos de candidatos eleitoralmente fracos, apresenta no espaç a. As el eiç ões dc i9 60 no Rio de Janeiro foram um cas o extremo de m limidade entre
dos po r partidos fortes, que - receberam uma votação irrisória . elas.
Clas ses, quase- clas ses e s istem a po líti co semelhant es às que leriam lido com o patrão rural: paternalistas e nào-antagôni -
eas. Ian ni (197 3) tam bém endos sa a visão segundo a qual setores da class e traba
alé h0je' ,a,ve/- a me,h or c r ít o Globa l da . soci ologi a lhadora nào se com portam como cla sse.
Ironicamente, na Argentina, Murmis e Portanliero (1971), adotando uma
ClilSSÍSta' - em |,il rti clll lu' foi t ót « P °'' Maria
, ! ! , de Sn,, za-A aut° ™ criticou, com plena razão , várias tradi ções perspectiva ma rxista, criti cava m G erma ni po r negar base s de clas se ao peronis
daanalisepolibcab rasileira,que.atéaquel aépoca ,não tinham investi gado sen ão mo. M ostraram, empiricamente, que houve m elhoria salari al dos operários sob
I l í n i '" 1; 1 influencia do Estad o sobre os lipos de políti ca (coronelis la Perón, o que config ura ria um a relação de c lass e. Para e les, o afastamen to de uma
relaç ão ortogon al, da alealori edade, seria suficiente para dem onstrar a aplicabili
S t * !í T et e) K: :'," 1I'Í,V"', K n" B ra s il-A lrad ií*“ * > » » or to -
t ln 't r, 7 - °q"e T 1 !!lr° ron ll,sllP' -a-est. utu, ,l. d eterminado pe la i ní, a - d ade do mod elo m arxista. Para We ffort, ma is exigente, o afastamen to de uma
D1^ í.e ,ldo! Isislema
1r Ca' ’ r. !1" descm ulvim™ l° •''»Alise políti ca e do estudo dos relação íntim a en tre clas se e partido se ria sufici ente p ara descaracterizar o mes
pai li dos político. mo m odelo .
re, da1|,ülí,i c" lati no-am ericana tinham uma con- Mesm o considerando as contribuições de Germa ni e We ffort um salto adian
«Icaliz. da das c lasses. Qua ndo pensavam e m cla sses trabalhado ras nen- te, tenho algumas observações a fazer: algumas são antigas, ao passo que outras
Z ^h L sh .n1 1! sa, isf “ e" d0 08 niveis da consciência de cia.s«-. A l se beneficiaram da observação de m ais de t rés décadas de transform ações sociais.
guns lustonadores europeus advertiam do perigo el e roman tizar o proletariado Destaco especialmente a comparação entre um real, isto 6 , a base de c lasse dos
eur opeu ; a v isao românti ca pe rcebi a „ prol etar iado de di fer ent es p aís” ôe„s partidos b rasil eiros, e uma ver são mu ito ideal izad a e glorif icada tan to dos p arti
: r í r r ' 7 ni " Perm anente.Emco m paraçãoco messavisão dos políti cos quan to do caráter revolucionário que o proletariado teria tido nos
ro ri.uUi ca e idea ,lizada qualqu er proletariado real pareci a conservador , incons- países centrais. Os partido s, nes ses país es, não têm nem nunca tivera m um a con
c ente. mdivKh iahsta. Para nao aba ndon ar a perspectiva de cla sse, alguns estu sistência política e ideológica Ião grande assim, e as c lasses trabalhadora s, inclu
diosos, liderados p or K rantísco W effort ( 1989 ),reinvent aram «conceit o depopu- siv e o proletariado, foram e certamente são m uito menos revolucionárias do que
pretende a esquerda latino-am ericana . A rela ção biunívoca entre pa rtido e classe
pc sne ctiv!a| U l U'n *,8n ifi0K !0 lli feren,c " u cur'>P ™- permiti ndo manter a
ja m ai s ex ist iu em lu g ar a lg um ; a pr es en tá -la co m o c on diç ão nec ess ária pa ra q ua
S C
nao ainailoias T ace" an<l° 0 ca,átcr " 5°-rev «lucioná i i„ das cla sses
na Amencae Latina, lifi car um partido como tal equivale a d izer que nu nca houve partidos polí tic os,
pelo menos neste planet a.
cu
C lolo M
XIX x t t hm ico
Í Sd o sécul o XX nos
baSCadaS
paí sesCm
do fenÔmenOS
Leste eur opeu°C0‘'1
pouco « têm
“ 110
queBi»
ver<l o rf- Os padrões m igratórios e n composição demográfica das cidades dos país es
latino americanos mais desenvol vidos mudaram nes te último quarto de sécul o.
r :z r ra 1 q“ CSSe c0nceit0 Sid0 <-'ml ,reSa'Íu na Am érica lat ina
Os imigrantes i nternaciona is dc prim eira gera ção ou morreram ou sairam da for
P^ c L' o S í r , * VB W“ ‘ .l” ,p" IÍSIn0 foi usad0 dc ma neil~ " ambígua e pouco
ça de trab alho; a composição etária, po r sexo e pela regiào de srcem da clas se
èfu cnn n ! ° Germa,n P a F r'1,,CÍSC0 W cffol t darem »0 conceito uma
definição mais rigorosa, o pnm e.ro nu ma perspect iva soci ológi ca, e o segundo trabalhadora, também foi profundamente alterada. I l á uma grande proporção de
"«m a perspect iva ...arxisl a, 1,„pressi onados com a formação de un p rolctn o trabalha dores especial izados e semi-espedalizados que são dc segunda e de ter
^. Ts° i eni f i Tm r ”° ^ ceira gera ção urbana. A participação fe minina na força de trabalho aumentou
3 inraparí dade da 'nduslr'a lizaÇ(r.o pa ra a b Z t r
parte, sigm tiealiva da crescente população urba na, ambos chegaram á conclusão substancialmen te. Qu ais as conseqüênci as políticas dessa s transformações para o
dequesa sociologia po litica ma rxista, basea da num sislema dc classesantagônicas popu lismo (tal co mo d efinid o) c para as ba ses s ociais dos partidos? M ais uma vez ,
r 'rm -, -an i P."lar,,zaça o em duasdasses. " 5° se aplicari a à Am érica l atin a parece aplicar-se a me táfora weberiana da ciência soci al como possuido ra do dom
iustH ,'l ' •™ 'SZ !T ” f 'ne'M <!0m0 " " ,a a urb ani zaç ão ea in- da eterna juventu de: quan do se começa a explicar a realidade, ci a já mudo u...
ustr. ahzaça o; We ffort lamentava o divórcio entre um sist ema de p artidos “reais"
chri ndoauerôn h " “ ? * “ *•" "* * imt a« 5n ica s’c 3 'ali da de bra si le ira, co n- 0 iiuminismo eíit ista e a perspectiva dossista
I nndo qu e n.io havia nem haveria no Brasil revol ução proletária, tampouco par
ido autenticamente prole.ári o. Ambos, cm m aior ou meno r grau. deram impor- 'lais conclusões têm implicações irônicas. O que se demonstrou é que, iw -
quelc mome nto e naquele contexto , a situaçã o de classe c a consciência d e classe
ã ongem ru ral dos m igrantes, que t ransfe riri am para a cidade rel ações
condicionava m — quase dete rmin and o — as ideologi as, as preferências partidá
m Ve r Germ ani, 1962, 1973 e 197 8. rias, a intenção de voto.
Kxist e, no Brasil como em outro s lugares, um fenô meno po lítico que podería Capítulo 10
mos chamar de ihtminismo elit ista, que afeta uma pa rle signifi cativa da pop ula-
çao esquerda, ccul ro ou direita. Teoricam ente, el e 6 de cunh o educacional , mas
tem claras conotações sociai s e de clas se. Na Am érica L atina, tu do o que d iscrim i Clivagen s raciais e po lít ica
na entre níveis educaci onais discri mina também enlre s trata socioeconôm icos e
classes sociai s. A •‘culpa” é jogada sobre os om bros dos menos educados, que la m
bem sao os mais pobres: eles não saberiam vo tar. A dire ita reagia obstaculizando
o voto dos mais pobres, s eja exigindo qualifi cações dc riqueza e prop riedad e para
poder v otar, seja exigindo níveis educacionais mínimo s. A esquerda se desesp era
va com os mais pobres porque eles não votavam como ela queria. Muitos
privadamente, a dm iti am que os menos edu cados (l eia-se: mais pobres) não sa Conceitos
biam vo tar ou deixa vam-se engan ar. VNo argumento dos que supervalori zam o A definição dc raça não é cons ensual. Há pelo menos lrês grandes grupos de defi
personalismo est a im plícito que som ente u o povo” è suscetível à liderança
nições: biológicas, culturais e psicológicas. A classificação de uma pessoa num
carismatica, a ‘•demagogia" ou à “m anipulação burguesa” : A clas se média, as eli gru po ra cial varia <ie acordo com a definição adotada. As pessoa s cuja classifica
tes e, certamente, os intelectua is estar iam protegidos p or uma vacina ção m uda quando m udamos o critério são muitas: j xm tanto, trata- se de um a op
antidemago gica propiciad a pela sua sit uação de class e, pela s ua educação ou p elo ção relevante.
saber superior. Ale os que defendem a existênci a de uma form a extrema de deter-
I lá m uita variância dentro de cada grupo. As definições biológicas, que estão
minismoso cial - que, aliás, nunca foi empiri camente demonstrado - abrem uma sendo profundam ente afetadas pelo avanço da gcncti ca, também variam entre si.
clausula de e xceção para si pr ópr ios.**
Dentro dc qualquer d efini ção existem mu itos subgrupos . Atualmente, no Brasil,
O irônico dos dados aqui aprese ntados é que eles são mais coerentes com o há uma contrové rsia política a respeito das desig nações de ‘brancos” , não-bran -
marxismo do que o s marxistas da época . 0 "dete rminism o" de sses dados 6 demo cos ” c “negros“. Alguns líderes do movimen to negro definem Iodos o s não-bran-
crático: va le para todos, inclu sive para as lideranças, os guias, as vanguardas, os cos como negros. Kssa definição é problem ática, um a vez que mu itos dos assi m
oi lentacior es, assim com o para quem escreve.
definidos se definem d e out ra maneira.
IIá uma tradição, no Brasil, de m isturar os grupos dc defi nições. Seg und o
uns, a alia percentage m de relaç ões (matrimo niais e n ão-m alrimoniais) entre as
raças levou a 11111 gradiente de cor. A cor percorreria um grande co ntínuo, co m
mu itos indivíduos se agrupando em qualquer segment o de sse contínuo e dando
ensejo a múltiplas identificações raciais e a um sem-número de rótulos. Alguns
levaram isso ao extremo , apontand o o grande nú me ro de categorias étnicas e ra
ciai s com que os brasileiros se i dentificam, enqu anto outros chegaram a alirmar
que a consciência racial seria impossível no B rasil porque as raças estariam gene
ticamente diluí das.
A con fluência dessa t radiçã o para-acadèmica com a escola antropo lógica de
Gilbe rto l-reirc , que sublinh ava o caráter benévolo da escr avidão no Brasil, gerou
um m i/o, extremamente dan inho para a reduç ão do preconceito e da discrimina

ção, de que
por um o Bideologia
a forte rasil ser nacional
ia um paraíso, raci al. Tal m
tornando-se moito loi rapde orgulho
tivo idamentee incorporado
de p atriotis
mo. Denunciar o racismo 110 Bra sil acarreta, ainda hoje, acu saçõe s de talta de
patriotismo ou mesmo de subversão, em se tratando dos setores militares mais
m tf c S T S ft na° T * a "â liSC á c conteü,l° a . revista f,„„lada p or
radicai s que atuaram 11a ditadura.
a. ^ < -‘™<l o com o pn ina ro, rcferer .te a mlek-ctuais. Lit eral,., ente, para a . colaboradores Adireitae ncontrou umaaliadaines perada 11a esquerda ortodo xa c dogm ática,
da revista, o determinismo <•. para os outros.
que red uzia as relações rac iais a relações de cl asse. Nesse caso, a combin ação da
miopia induzida pelo dogmatismo com a falta d e treinamen to metodológi co im Brasil, na década de 1990, como os não-branco s são aproxim adam ente a metade
pediu os pesquisadores dc ver aqu ilo que os seus pró prios dados deixavam claro- da população e 0 requisito da alfabetização foi eliminado, a aritmética eleitoral
a pre senç a do racismo no quo tidi ano dos brasileiros.« O rcsullado c que o Brasi l torna quase impo ssível um cand idato branco eleger -se con tra os negros.
acordou tarde para a questão racial, e o m und o acadêmico nào foi exceç ão .2*'4 Porém, no período democrático que examinamos, os negros er am proporcio
O impa cto da raç a sobre as preferencias políticas c partidá rias existia de for nalmente menos numerosos e o requisito da alfabetização excluía do processo
ma es tatisticamente demonstrável. Todavia, a quest ãorac ial er a negada por am eleitora l uma percentagem im porta nte deles. Poucos negros votavam. O tato de o
plos setores da soci edade e mesmo nos círculos p olíticos e intelectuais. Não há Brasil ter consegui do ocultar por m uito tempo a quest ão racial permitiu que a
nados que pe rmitam dizer.s e. no nível individual, a raça era então mais imp ortan política fosse feita sem os negros: sem os negras como eleitores e sem a raça como
te na determ inaçao das preferências partidárias e eleitorais do que é hoie Mas parte da problemática nacional .
como demonstrou A ma my de Sou za (1 971), no esta do da Guanabar a, em'1960 o Os não-bran cos não se distribu íam a leatoriamen te no país. Km 1980, pretos
forte imp acto da raça nas preferências parti dárias era independente da situação c pardos eram maioria (56%) na zona rural e min oria na z ona urbana (40% ). Por
0’ , c- ° 'at0 0 <lue ,loÍ e llJ‘ um movimento ne gro que está crescendo, ai nda sua vez, os est ados do Sul tinha m um a percentagem de pretos e pardos 11a popula
que de maneira desord enada e com sérios confl itos internos, m as em 1960 esse
ção nuiilo inferior à do Nordeste . E m 1950, 5 4% dos não-brancos es tavam no
movimento era apenas embrionário.
Nordeste, em comparação com 24% dos branco s; em 1960, essa s percentagen s
Ho je, com exceção dc alguns saudosistas, a questão racial é aceita como tal
pelo mundo intelectual e acadêmico. E a raça passou a ser incluída no rol dos eram 53 e 20, respectivamente. Em 1960 ,0 N orte c o Ce 11Iro-Oeste tinham , jun
tos, 12 % dos não-brancos brasil eiros, bem m ais que o dobro do Sul, que tinha 5%.
tatores imp ortan tes na análise política pela sociologia e pela ciência políti ca.
Mas o Sul tinha quas e cinco ve zes mais br ancos do que a soma do N orte e do
Centro-Oeste. Esses dadas levam a dua s especu laçõ es:
Os n egros na p opu lação2 75
• quais as conseqüências políticas da concentração de não-brancos?
De acordo com os ce nsos de 1940,50 e 60, pretos e pardos, jun tos , eram uma • até que pon to a m enor rend a dos não-bran cos se deve ao fato de el es se concen
substancial e crescente mino ria da população: 36% em 19-10, 38% em 1950 c 3 9 % trarem nas regiões mais pobres e nas zonas rurais (que também são mais po
em 1960. O cen so de 1970 excluiu a pergunta sobrea identificação racial.** Em bres) e de el es lerem u m n ível educacional med iu consideravelmente m ais bai xo
bora a taxa de m ortalidade, sobretudo infa ntil, sej a substancial mente ma is alta e ocu paçõe s pior remunera das? K até que pon to a me nor renda dos não-br ancos
entre pretos e pardos, a população não-branca parece ter crescido mais rapida é um efeito direlo da discri minação?
mente d o que n branca: em 1980, s ua proporção era de 45%. Es ses núm eros são
pohtícamentc importantes. Nos KUA, onde os negr os represent am pouco m ais de Eleitoralm ente , isso acarr etava um peso men or des sas regiões. S e a composi
1 0 /o da po pu laç ao , o Pa rti do Re pu bli ca no te m co ns eg uid o ele ge i pr es ide nt es
ção racial, educacional , ocup aciona lede rend a das r egiõe s Norte , Nordeste e Cen
embora cerca de 90% dos negros costumem votar nos candidatos democratas! tro-Oeste fosse a mesma do Sul e do Sudeste, s eu peso eleitoral seria m uito m aior.
Dada a limitad a expressão no con junto da pop ulação e à elevada taxa de absten Mas, em qu em vo tariam esses brasileiros e brasilei ras até então alijados do
ção. os candidatos podem ser eleitos se m os negros e até confr« os negros. No processo eleitoral? Minha hipótese é qualificada: a curto e médio prazas, vota
riam nos partidos de esquerda nas zon as urbanas e nos conservadores nas zo nas
rura is; a mé dio e longo prazos, votariam nos pari idos de esquerda nas dua s zonas .
onít 1 12355 ? «« O do ljpw «s impediudeve ri fi car - comoparter oti neir ad a, m - Os excl uídos poderiam ser, temporariamen te, mas sa de manobra eleitoral da o li
n í r;'r . ,Q aSío^!?Çii° - sc as ri'li« ^ esW ük“s afirmavam ser mu ito forte s real- garquia nas zonas rurais; nas zonas urbanas, porém, a conexão com os partidos
« • mo fonmsL ^ V T 1 •" * “ CTCOn,rada5e ra,n ^ta.isti camenlc*signifi cativas.
de esquerda far-se-ia rapidamente. A m édio e longo prazos, a s oligarquia s, as eli-
a
,1• n r T manGStas<,»*nia l,°os llue "ão perceberam a ixdevância
intcrin stilucio nalm ctepolítica dasir.clivagens
nã o inclu '' .. ,, ne- les e a c lasse média só leria m a perder com a entrada dos até então excluídos do
11m m quodito solirc raça 0,1 identificação com raça.
processo eleitoral. Poderiam “perder" os estados do Norte, Nordeste e Centro-
CenS, ,nÍ S Sl° prClOS! C |)ard os" SCRuindo os resi.liado s das identificações
abertas prçfiro negros, moreno s e mulatos. Os dn co term os serão aqui usados. Oeste para partido s progressistas. Assim, com bas e na racionalidade dos in

uecis ao uo
V
P.i.rE de pc»quis
* hipòu's\ is^ *!;'r * ílcveuao que
ar a questão racal mais a fundo,
»“'■ PolitkA da ditadura, mas a um
foi f e i t o P n a d d c 1076 Os
a ter esses , suponh o que a rejeição das elites à extens ão do d ireito ao voto as
class es mais pobres foi m aior onde os não-brancos eram proporcionalmente
contraditórios do Ma- mais numerosos.
Figura 10
Evidência de diferenciação Raça, educação e renda — Rio de Janeiro, I 980
Os ci ados disponíve is nos pe rmitem afirm ar que a situação de cl asse dos não- 54
brancos era e é infe rio r à dos brancos: isso s e constata através de três indicadores: 60
47
educação, ocupação e renda. . , 50 47 M l
Nos país es m odernos, a educação é a grande avenida de m obilidade soci al. 40 ■ ■
**0 \ m
Essa é a justificação para a ênf ase dada às questões educacionais, inclusive quan ■
iü 32
do an alisamos o racismo. A abertura da educação a grupo s antes excluí dos possi § §
20 26
bilit a um a grande mobil idade - ocupaci onal , de ren da e polí tica - atr avé s da ■ ■V I
educação. A titulaçã o e o núm ero de anos de estudo s ão dois indicadore s trad icio 10
0 ■ . . ■
nais e confiáveis do nível de educaç ão. A tabela 41 mostra que, em 1940, a percen Salário mírim o ou menos 3 Anos de educação ou menos
tagem dos que não tinha m qualqu er ti tulação era m ais alt a para os não-b raiicos e
SI Brancos d Pardos ■ Pretos
que es sas diferenças não haviam sido eliminada s em 1950. A tabela mostra, tam -
bém . os efeit os desastrosos da pouca ênfase dada à educação pelos governos ante gradien te é claro: a percentagem de pes soas com pouca educação form al e com baixa
riores. Meno s de 3% dos não-brancos e menos de lO % dos brancos com 10 anos de rend a é substan cialmen te mais alta entre os preto s, segui dos pelos pardos.»8 Assim,
idade ou m ais completaram qu alquer grau. Kntre 1940 e 1950 . houve uma clar a qualquer discrimina ção educaciona l no voto é, também, racial e de renda.
melhoria dos broncos (15%) e uma pequena melhoria (A%) dos não-brancos. Po Os não-brancos ta mbé m se concentram nas oc upações menos especi alizadas
rém , os dados a respeito do analfabetism o m osiram que a década ce 19 40 não foi c de menor rendimento: começando pelos setores de atividade, vemos que, em
iluminada. Os ganhos na alfabetização também foram pequenos na população 1940 , 7 7 % ilos não-brancos e stav am no setor primá rio, em comparação com 66%
(4.5%), e maiores para os brancos (quase 6%) do que para os não-brancos (3%). dos brancos; 10 anos depoi s, as percent agens eram , respectivamente, 69 e 56%.
Porém. Hase nbalg (1978) dem onstrou que as diferenças entre setores se deviam a
Tabela 41 diferenças en tre as regiões .
Nível educacional mais alt o co m pletado, p or raça, população A discriminação ocu puciowi/ é conseq üênci a da discri minaçao educaci onal.
com 10 a nos ou m ais de idade, 1 940 e 19 50 (% ) _________ Hasenbalg calculou um índice de discriminação ocupacional poi raças, tendo o
J940 1950 _________ cuidado d e con trolar a região — Brasil desenvolvido e Brasil subdesenvolvido. Se
Brancos Não -brancos Brancos Não-brancos esse índice for zero, a percentagem do grupo racial em questão que está numa
ocupação será igual à dos brancos; se for pos itivo, a percentagem será ma ior que a
Universitário 0,55 0,0*1 0.68 0.03
2 0,19 4 0.35
dos brancos; e se fo r neg ativo, a percentagem será meno r que a dos bran cos.
Secundário
7 2 20 6 Hasenbalg demo nstra que, começando pelas ocupa ções manuais especializadas,
Primário os índices são todos negativos, sendo mais altos para os pretos do que para os
Sem título 90 98 75 94
pardos. O valor negativo do índice cresce com o treinam ento e a especia lização
Analfabetos 53 77 47 74 __
das ocupações, atingind o os valores m ais altos nas ocup ações profissionais e
Dados dos censos demogr
áficos <lu 1940e 1950 _______ ___________________j administrativas. O indice é mais alto no Brasil subdesenvolvido, no que se
refere às oc upações manua is especi aliz adas c às não-m anuais de rotin a, in d i
Estes são dados nacion ais. Dados posteriores sobn- o atua! estado do Rio de
cando ba rreira s à entrada na clas se traba lhad ora especializada e na baixa clas se
Janeiro, locus de boa parte das informações aqui utili zadas, perm item m ostrar
graficamen te que, em 1980. a raça se correlac iona simultane amen te com a educa
mé dia. Mas, no que concerne às ocupações ma is altas, o índice é m ais el evado

ção e a ren da . . . _
no B rasil dese nvolvido, o que suger e barre iras mais altas à entrad a na elite e
A d iscriminação educacional e , necessari amente, uma d iscrimmaçao ra cial. No na alta classe média.
Rin de Jane iro, cm 1980, a percentagem de pessoas com três anos de educaçao ou
O efeito da raça sobre a renda não é igual cm todos os níveis educacionais. A
menos aume nta q uando passamos dos brancos aos pardos e dest es aos pretos. Para diferença de renda entre brancos e não-brancos é nula nos intervalos educacio
lelamente, cresce a percent agem do s que ganham um salário mínim o ou menos. O nais mais baixos, crescendo nos intervalos educacionais mais altos. Parte d essa

ra ra um dos iraba llios mais completos sobre o tema. ver Hasenbalg (1979).
m I)adas <lc Soares & Si
lva, 1985.
diferença talvez se deva à qualidade da educação . O grande determ inante d o ren Efeitos históricos, efeitos diretos e indiretos
dime nto m édio po r hora trabal hada nã oé a raça, mas a educ ação . A soci edade
brasileira se organizou de maneira a conferir mu rendimen to mu ito ma ior aos mais A conclusão se impõe: há um a diferenciação socioeconòmica po r raças que
favorece os brancos. Porém, nào se deve saltar da constatação de que a diferencia
educados. Nos interv alos ocu pacionais mais baixos, a educ ação conta pouco*7 9e a
raçji também: conta m ais a capaci dade de trabalho, o n úmero de horas trabalhadas . ção existe para a conclusão de que toda a diferenciação se deve a o racism o e à
Nos níveis superiores, surge o cretiencialismo, o peso dos títulos formais. discriminação.
As diferenças na esperança de vida ao nascer s ão tal vez o ind icado r que sinte Prim eiro, a diferenciação é antiga. Começou com a escravidão ou antes. No
tiza todas as discriminações e preconcei tos. A discriminaç ão e o preconceito têm Brasil como alhures , exi ste uma foitc herança social que afeta negros c brancos.
conseqüências tanto para a duração quanto para a qualidade da vida. Os não- A pobre/a, assim como a riqueza, se herda. Não sabemos se a herança social é
brancos vivem menos do que os brancos. A diferença entre pretos e pardos era m aior ou men or entre os negro s. Assim, parle da diferenciação ness a geração se
m uito pequena mas, sist ema ticamente, favorecia os pretos! A diferença, contro explica pela diferenciação na geração anterior.
lando p or sexo, f oi sempre m enor do que u m ano nos quatro anos cen suai s. Como Os caminhos que levaram à diferenciação são complexos. O que explica a
os pardos tem uma com posiç ão educacio nal, ocupaci onal c de renda u m pouco diferenciação ocu pacional? A raça é apenas um dos fatores. Idade, sexo, ocupação
mais a lta que a do s pretos, o esperado seria que vivessem mais. Nào é assim. Po e educaçã o paterna e m aterna, bem como efeit os contextuais c omo a região e o
rém, as diferenças entre brancos e não-brancos são substanciais. Kntre os ho m unicíp io em qu e se vi ve sào alguns dos fatores já identificados e sobre os quais
mens. a diferença era de o ito anos cm 1950, de nove em 1960 e de 10 em 1970 . A há dados.
pa rtir daí, as inov ações na tecnologia médica e na saúde pública (p or exem plo, o
I lasenbalg us ou um a anál ise de class ificações m últiplas e os coeficientes eta
êxito das campanhas dc vacinação) reduziram as diferenças. Não obstante, em
1980, os brancas ainda viviam seis anos mais do que os pretos e quase sete mais e beta.*'“ Segundo ess a análi se, a ocupação paterna tem o m aior e feito líquido
do que os pardos. As diferenças sào semelhantes entre as mulheres, que, em mé sobre a ocupação do informante (bela = 0.37). seguida pela educação do infor
dia, vivi am quase quatro anos mais do que os homens em 198 0. mante (0 ,34) , pe lo sex o (0,13) e, fi nalm ente , pela raça ( 0,11).
Na análise da renda dom icili ar, a ocupação paterna (0,33), a educação do
Figura 11 informa nte (0,24) e o sex o do i nform ante (0,19) predom inaram. A raça do infor
Diferen ças raciais na esperança de vida ao nascer mante veio dep ois, com 0,11. Ness e estudo, devido à amo stra, não fora m incluídas
Hom ens, 1950 a I9B0 variáveis contextuais (região, estado, município), nem variáveis individuais rela
tivas à mãe, nem va riáveis com o idade e experiência na ocupação, que em ou tros
estu dostinh am influência esta tís tica.
[sso não qu er dize r que seja e sse o efeito total da raça s obre a renda dom ici
liar. Esse é o efeito líquida. A raça também está present e em ou tras vari áveis im
portan tes, como a educa ção, a qualidade da educação, o local de residência, a edu
cação paterna e materna etc. Ou seja, a raça também afeta a renda aím u&s dess as
variáveis. Os efeitos indiretos atravessam gerações: a discriminação racial que
afetou a educação do p ai ou da inãe também afeta a do filho . O cálculo exato de
todos ess es efeit os d iretos e ind iretos , históricos e presentes é i mpo ssível. Com os
dados existentes, o que t emo s é uma boa idéia da magnitude desses efeitos.

Preconceito
1980
1950 1970
São i núm eros os casos dc preconceito relatados na literatu ra, n os jo rn a is , nas
revist as. Porém, há pouquíssimos estudos sistemáticos, usando um instrumento
I JPretos IS Pardos ■ Brancos
••MEta o efeito b'uto de cada variável independente sobre a dependente, sem controle
s; bela
Não sendo o trabalho qu alificado, h educação não aumenta a produ tividade. medeo efe ilo liquido de cadavariável independente sobre a dependente, controlando as demais.
padronizado que pe rmita genera lizaçõ es. Um dos estud os pioneiros, feito por Tabela 44
Octávio Ianni-'8 1nu ma po pulação dc 552 estudantes brancos , mostro u que o pre Ava li açõe s favoráveis e desfavoráveis de grupos raciais em
conce ito existente contra pretos c pardos era dependente do contexto. Os que não Florian ópo lis, feitas po r escol ares branc os e negros, década de 1950 (%)
gostariam de encon trar-se com pretos e pardo s282 na escol a, na vizi nhan ça ou 110 Avaliadores A tri bu tos favor áveis A tri bu tos desfav orávei s
cinema eram minoria, mas num bail e 011 em fam íli a eram maioria . A idade tinha a respe it o de a respeito de
pequena inf luência, um a vez que o preconceit o dim inuía um pouco com ela. A Pr et os Pa r do s B r an c os Pr et o s Pa rdo s B r an c os
sil unção de clas se dos est udantes (me dida pela ocupação do pai) lamb em influe n Brarcos 35 22 43 46 34 20
ciava pouco o preconce ito: os que tinha m situação pio r rejeitavam pretos e pardos N e g ro s 30 33 37 44 30 26
ligeiramente menos do aqueles cuja situação era melhor.*** Os dados demons
tram q ue a entrada para a fam ília desperta muitas suscetihil idades. Porém, os dados não ind icam se o preconceito é da parte dos bran cos ou dos
brasileiros, independenteme nte da cor. A tabela 43, construí da com os dados
Tabela 42 publicados no estudo de Ianni, mostra resultados surpreendentes: as diferenças
Discri m inação c on tra pretos e pardos, est udantes entre os avaliadores brancos e não-brancos são mu ito pequ enas.** Isso suger e
branco s, San ta C atarina, década de 19 50 que o preconceito não é parte da ideologia de uma raça, mas da população. Os

Se incom od aria'6 4 que Pretos Pardos dados


mo dos i ndicam
brancos., sem dem onstrá-lo, qu e alguns não-brancos incorporaram o racis
amigo se casa sse com 35 29
irma o se casa sse com 74 Dados publicados pela Folha de S. Paulo dc 25-3-1984 mostram que 74% da
70
irma se casas se com 76
população encarariam o casamento de fil ho (a) ou irmão (a) com negra(o) como
72
Nonn«/. A percentagem era mais alta entre os que ganhavam até dois salários
A tabela 42 perm ite duas concl usões : mínimos (86 %), baixando para 69% e ntre os que ganh avam entre dois e cinc o
salári os m ínimos, e para 67,5% entre os que ganhavam cinco salári os m ínimos ou
• havia um preconceito marginalme nte mais f orte con tra pretos do que contra mais. Essa s perce ntagens pintam uma rea lidade mu ito menos racista do que aquela
pardos; sugerida pelos dados de Ia nn i. Qual a explic ação para as diferenças? A natureza
• tal preconceito era m uito m ais forte no caso de irmã o(a) do que no caso d e da amostra (estudantes de Florianópolis) 011 mudan ça no tempo? Possivelmente,
amigo(a); as duas.
• a maioria dos estudantes brancos, naquela época e lugar , tinh a forte preconceito Kstudo com base na PNAD de 1988a* mostra que, no Brasil, os negros tem
contra a e ntrada d e pes soas dc cor na família. mais proba bili dade de serem vítimas da violência polici al. A rel ação permanece
forte e estatisticamente significativa, mesmo controlando os fatores aos quais a
Essa pesqui sa ó apenas il ustrativa . Nã o pode mos generalizar, a pa rtir dess a
raça est á assoc iada. Ta l trabalho, p or ser metodologicam ente sólido, con stitui evi
população, que é m uito específica, para a [wpulação b rasileira. Nào ob stante, nú
dência dc dire ito p róp rio. Não obstante, ele s e encaix a com centenas de observa
mero dc observaçõe s e relatos não-sistemáticos confirm a a existcncia de um forte
çõe s e rela tos. Estudando a j ustiça crim inal no Riodc Janeiro 110pe ríodo 1957 -61,
preconceito racial no Brasil.
Edmundo Campos constat ou que pretos e pardos eram 53% dos indiciados por
furtos, 63% dos indiciados po r roubo, 47% dos indici ados por ho micídio e 63%
íHI Ver Cardoso & Ia nn i, 1960. dos indiciados por vadiagem. Tais percentagens são muito mais altas do que a
questionário usava "prelos” e "pardos"; no texto, Ian ni usou “negros" c ‘mulatos’ , percentagem de não-bran cos na população, que er a de 30%. hm parte a diferença

l marginais
totais nfeli/,menle, osquadros
absolutos publicados
dc cada coluna, o:ião
quefornecem os dados
imposs ibilita absolutos
o cálculo decada célul
de coeficientes dca,asso
nem os se
nãoexpli ca pelas taxas
de outros) e peladcseletividade
crimina lidade realme
na ação da p nte ma eisdaaltas
olícia (de sses crimes, mas
justiça.
ciação ou testes de A-. A inspeção visual mostra que o preconceito depende muito mais do con
texto do que da idade, da situação dc classe ou do caráter religio so/of icial da escola.
Na* tabelas c 110 texto, Ianni usa a expressão "não gostaria”; no questionário, a expressão
usada é 'se incomodaria", exceto no caso do próp rio infor mante , quando é“nã ogoslaria” Como ?8SInfe lizm en te, 0 núm ero de avali adores não-branc os (20) é mu ito pequeno e não permit e
as perguntas não foram padronizadas, ú impossível fazer a comparação direi a da questão com conclusões estatisticamente seguras .
referência ao própr io entrevistado c c om referência aos demais. 286y er wood, 1991
Ilá outra área em que, sc o Brasil acompanhar a tendência internacional, o quisito excluiu liminarm ente 47% dos brancos , em sua grande ma ioria pobr es
racismo p rejudica a vida de negros e mestiços: o acess o aos serviços do Estado é (efeito isolado de classe), e 74% dos não-brancos (efeito combinado de raça e
diferenciado por class e e p or raça. Negros c pobres são mais m al-atendi dos no classe);
balcão, levam ma is tempo para ser atendidos, seus pr ocessos levam m ais tem po e . entre os poucos negros habilitados a votar, a identificação racial influenciou a
seu desfec ho, com m aior frequênci a, é negativ o. O atendimento m édico também é preferencia p artidá ria e, em conseqüência, o voto.
diferenciado . Nos hospitais psiquiátricos, a terapia recom endada varia po r classe
No Dist rito Federal, depois est ado da Guanabara, a percentagem de não-bran
e raça. Estudo s feilos nos EU A dem onstram que os paci entes psiquiátricos de classe
cos por volta de 1960 era, aproximadamente, 30%; porém, na m inha amostra dc
mais alta e raça branca recebem psieoterapia com m aior freqüên cia, ao p asso que
os demais receb em propo rcionalmente mais tratamento químico c terapia elctro- pess oas registradas para vota r, era dc 2 2 %.-i:
convulsiva.
Isso acontece 110 H rasil ? Não podemos a firm ar com certez a devido à esc assez Raço e preferência partidária no estado da G uanabara
de pesquisas e à pobreza metodológica de m uitas delas, mas, nas á reas em que há Am aury d c Souz a (19 71) , anali sando dados da pesquis a eleitoral p or mim
dados, os resultados confirmam que o Brasil não é o paraíso racial que muitos conduzida, publicou um dos primeiros artigos empíricos sobre as relações entre
pensavam, tendo pouco, além da misc igena ção e do m enor grau dc apartheid nas raça e pref erências polí ticas. Naquela amostra, 70% dos neg ros'^ tinham cur so
relaç ões interpessoais, a diferenc iá-lo de soci edades declaradam ente racistas .
Repe tindo, a diferença que a raça faz sc resume 110 fato de que os não-bran- primário 011 menos, em com paração com 37% dos brancos, e 6 3 % ti nha m ocupa
ções ma nuais, em con traste com 29% dos brancos. No que concerne às preferên
cos viviam (c vivem ) meno s: em 1950, a s mulheres pre tas viviam quase nove an os
cias partidárias , 26% dos negros preferiam ;» UD N, contra nada meno s que 63%
menos do qu e as br ancas, e os homens, quase oito! Devido à me lhora dos sei viços
dos branc os. Isso gerou um problema metodológico: os negr os preferiam o PIB e
de saúde púb lica, em 1980 tais diferenças haviam baixado, ficando en tre sei s e
rejei tavam a U DN porque eram negros ou porque tinhiini nível educaci onal c ocu
sete anos, aproximadamente.
pacional mais baixo? Am aury de Souza padro nizou os dados pelo nível educacio
nal. “desco ntando” o efeito da educação sobre a raça e a política. O re sultado foi
Clivagens raciais e ação p olíti ca na direção esperada: os negros preferiam I-olt, S érgio e o PTB, ao passo que os
O preconceito e a discriminação exist em. Os não-br ancos foram e continuam brancos preferiam Jânio, Lacerda e a UDN.
a ser prejudicados por uma com binação de her ança social e di scriminação que
Tabela 44
sign ificou níveis educacional, ocupacional e de renda inferiores. Porém, discrim i
Opções políticas, por raça, padronizada a
nação e preconceito não levam obrigatoriamente à consciência de uma situação
educação, Gu anab ara, 196 0 ( %)
de opressão com base nas raças . Cabe , portan to, a pergunta: a raça era um fator
politi cam ente im portante? A respost a é positiva, em m últiplos senti dos: Opções p olít icas __________ _______ Brancos Negros
Preferência partidária UD N 67 32
- devido à doutrina da ha rmon ia entre as raç as, que faz parte da ideologia nacio 68
PTB 38
nal, a questão racial não se transform ou em tema po lítico. Ess e é um resultad o 46
Vo to para president e Jânio 6/
político, com mu itas conseqüênci as tan to políticas qua nto socioec onômica s. Lott 33 54
Embora poss amos justifi cadam ente duvidar da intencionalidade dess e resulta Vo to para governador Lacerda 67 44
do, tal ideologia im ped iu que as distorções e desi gualdades f ossem corrigidas; Sérgio 33 56
• devido à exigência da alfabeti zação, a grande ma ioria das negros foi alijada das
eleições, seja como votantes, seja como candidatos — como também 0 foi um
No que concerne à preferênci a partidária, 62% dos branc os preferiam a UDN
conting ente m uito gra nde de brancos. 0 requ isito c ia alfabeti zação, recurso da
e ape nas 38% o PTB; os negros praticame nte invertera m essa s percentagens: 3 2%
elite e da cla sse média para exc luir os m ais pobres e os m ais es curos, era profu n
damente antidemo crático e discriminatório. Que percent agem dos não-br ancos
foi excluída da dem ocracia e do processo eleitora l pelo req uisito da alfabetiza-
2f7 A amostra fo i espacial e aleatória, compilada nos arqu ivos do I RE.
ção ? De acordo com o cen so de 1950. em plen o p eríodo de mo crático, esse re 269 Definidos pel o au tor coma prelos e pardos, ju nt os .
prefer am a UDN e 6 8 % o H B. A percent agem ci os bran cos que preferiam Jân io e
Capítulo I I
U ceid a e.a a mesma: 67%. Porém, somente 46% «los ne gros preferiam Jâ nio e
44% p ieferiam Lacerda. Souz a incluiu também o voto para vice-presi dente (M il
ton Campos versus Joao G oulart) e para os candidatos Juarez e Jusce lino nas Cli vagens regionais e a p olít ica
ee.çoes de 1955 . A percentagem dos que preferiam Jango foi 35% entre os bra n
cos e 6 0 % entre os negros. No caso de Juscelino, 77 % dos neg ros o preferiam em do dese nvolvimen to des igual
comparaçao com 53% dos brancos.**’ 1
Estudosposteriores corroboraram as concl usões d e Ama uryd e Souza . M óni-
ca Ma ta Mach ado de Cas, ro (1992), usando regressõ es logís ticas, confirm ou a ten
dência ao voto de esquerda, agregando maior tendência à ap atia .»
Portan to, nao resta dúvida de que as preferências partidárias e eleitorais das
' Kntes 1aç as n',u cram :l s mesmas. Havia uma clivagem p olítica com base nas Conceitos
íaças.
Um a coisa é constatar que liá diferenças estrutura is entre as regi ões de um país,

outra
rias doé adualismo
dotar o duacultural
lismo. As teorias dual
afirmava m que istas têm umae ex-colônias
nas colônias srcem diferente:havia
as teo
um se
tor moderno e progressista (o colonizado e ocidentalizado) e um setor atrasado,
tradicional. Part e da hostil idade da esquer da ao dualismo deriva dessa cor rente,
que cra cultural, e não estrutural. Evidentemente, as potências coloniais foram
beneficiadas pelas teorias dualistas, já que elas outorgavam às potências coloni-
zadoras uma missão inodei ni/ante e civi lizadora.
O dualismo já não era um conceito popular entre a esquer da lalino-america-
na, nuis tornou-se ainda menos c om o corre r do lempo. As crí ticas fundamentais
ao conceito, tal com o usado por setores conservadores, foram feitas, ent re outros,
por Kodolfo Slavenhagen, Francisco Sá Jr. e Francisco de Oliveira. Para muitos
pesquisadores latino-americanos conscientes das desigualdades estruturais, o
problem a passou a ser como estudá-la s, e também as suas conseqüênci as, se m
incorrer 110 erro de tomá-las com o se fossem isol adas, 011 como se o subdesenvol
vimento do todo fosse atribuível à regiào menos desenvolvida. Aníbal Pinto, por
exemplo, fo i obrigado a fazer uma ginást ica conceit uai, cri ando o conceito de he
tero genei dade e strutural para estudar a desigualdade sem ser acusado de
“dualista”.
Entre tanto, há duas posi ções “de esquerda”, uma e specifi camente po lítica e
outra acadêmica e t eórica. À prime ira reagiu à utilizaçã o d«*um a te oria c ult ui alista,
opondo -se a tudo o que pare cesse dualista porq ue seria colonialista; a segunda,
num a perspectiva marxista, reconhece as di ferenças (infra-)e stru tura ise busca a s
suas c onseqüências sup ra-e stnilurais, inclusive as culturais. Esta última é a pers
Z ’ 5“ P0-1 r 7OS *««**»»», * sim pela tendência, já estuda- pectiva da sociologia política e foi adotada neste capítulo. Porém, 0 reconheci
. " ' i ; ein c mo n a et al °ral |K-rWn tagen.deinf or ma» ! «q uedi / ter mento de que havia (e continua havendo) fortes diferenças estruturais entre os
r ,,d ,iUw r ,,cedo,f •«««* ** c u a ia , .„**^0 eslados e as regi ões e de que essas diferenças afetam a cultura política de cada
estado e de cada regiào é apenas um « das perspectivas analíticas adotadas; outra,
-w Ver também Hascnbalg & Silva, 199 3. igualmen te im porta nte, diz que os est ados e o/pumas regi ões sã o atorespolíticos
e que seus representantes comp etem p ur recursos públicos e, secundariamente, análise do sistema po lítico em regiões cujas infra-e strutu ras socioeconômicas se
pelos privados. As clivagens regionais e estaduais são de grande im portâ ncia na ja m cla ra m en te dif er en te s. O o bj et ivo ce nt ra l dest e ca pí tu lo é e sta be lec er um a
análise da política b rasileira. Isso não significa que os di sputado s recursos obti relação entre as diferenças regionais da política b rasileira e as dilerenças socioe
dos pelas li deranças po líticas sej am usados equanimem ente em ben eficio da po conômicas subjacent es. Kspero que o d esenvolvimento dos conceitos, mais o
pulação reg ional ou estadual. Ao co ntrário , em todos os estados e regi ões, as lide acúm ulo de dados d escritivos não-sistemáticos c de dados estatísti cos organiza
ranças concentram esses recursos nas elites c nos setores médios. O grau de dos confirmem a util idade do enfoque. Montado sobre o s concei tos fundamentais
concentração tamb ém é variável, e um a tins hipóteses aq ui levantadas c que ele ê de diferenci ação e strutural (ou heterog eneidade estrutural ou, ainda , estrutur as
mais elevado no s estados subdesenvolvidos. mú lti plas) e de coloniali smo interno, que a fir ma que uma dessas estr uturas ex
Nao obstante, fica em aberto a questão da con tribuição das regiões e e stad os plora a outra, tal enfoque também se aplica a outros países latino-americanos.
Pario, portanto, de um a noção simples: a superest rutura polít ica, por fundamen
mais desenvolvidos para o subdesenvolvimento dos menos desenvolvidos. Não
tar-se, em alguma m edida, ness a infra-es trutura socioeconôm ica desigual, deverá
tenho dú vida de que o desen volvimento dos estados e das regiões , assim como o
ela próp ria ser desigual .
das naçõe s, não ó independe nte. As teorias que enfatizavam essa contribuição no
plano acadêm ico, às vez es tenuam ente separado do po lítico, acabavam rotuladas
como teorias do colonialismo interno.™ Esse é um co njun to de teorias que não O sistema políti co -partidário
pode ser abandon ado e que também é usado nes te livro. Porém , é grande o salto
da constatação de que os desenvolvimen tos não são independ entes pai a a afirm a Em 1945, após a queda do regime de Vargas, pela prime ira vez em 15 anos
permitiu-se que os partidos políticos compelissem livremente nas eleições. Po
ção de que a expli cação do subdesenvo lvimento de um deve ser buscad a no desen
diam vo tar hom ens e mulhere s alfabetizados maiores de anos. O Brasil adot a
volvimento do outro, lissas são teorias de difícil demonstração, uma vez que a
va a representação proporc iona l nas el eições para a Câmara dos Dep utados (fede
contab ilidad e dos efeit os, positivos e negativos, do desenvo lvimento de um sobre
rais) c para as assembléi as legislativas (est aduais), havendo uma para cada estado,
o (sub)dese nvolvimc nto de ou tro e vice-vers a é talvez impossível. Creio que ela s e para as câmaras municipais, have ndo um a para cada mu nicípio, que é a divi são
servem como orientações teóricas gerai s, e não como teorias de direito p rópr io. administrativa de todos os eslados-membros, com exceção da Guanabara, que
não tinha mu nicípios e se cons tit uiu no antigo D istri to Federal, s ede da capital da
Continuidade Repúblic a,transferida posteriormentepara Brasíl ia.O núm ero de repres entant es
eleit os para a Câmara dos D eputa dos em cad a estado era determinado por sua
Nos capítulos anteriores, analisei a evolução do sistema político brasileiro popul ação mas, quanto maior a população, meno r era a proporção de represen
em seu conjunto, sublinhando dois m ovimentos opostos : por um lado, o declí nio tantes na população. Assim, os est ados mais populosos eram d eficienteme nte re
da herança po líti ca da Repúblic a Velha; po r outro, a em ergênci a dos partidos po prese ntad os, e os menos popul osos tinham um número d esproporci onalmente
líticos nacionais. Es ses mo vimen tos, entretan to, não se proces saram com ve loci alto de re presentantes em relação à sua população. Em conseqüência, o quociente
dade igual iiíis diferentes reg iõessocioeconômicas brasi leiras, t amp ouco seu pon- eleito ral não e ra o mesm o nos diferen tes estados.2 711Cada eslado tinh a trê s repre
tode partida fo i o mesmo. Em 1945, o Partido Com unist a B rasilei ro se enc ontrav a sentantes no Senado, eleit os pelo si stema eleito ral m ajor itário, c o presidente era
razoavel mente estruturado nos princi pais centros urbanos do país, mas não nas eleito por voto popular direto.
zonas rurais; e o PTB, funda do sobre um esquema sindical montado po r Vargas,
também penetrava mu ito mais nas áreas urbano-ind ustriais. Os dois grandes par Osistemaeleitoralbras ileirodivergiadosistemadistrital americano,cujacaracterísl icaéter
tidos conser vadores , a U DN c o PSD, a o con trário, repous avam sobre uma estru um único m embro, pelo fiilo de não ter cada município ou distrito brasileiro < >"seu" repr esen
tura socioeconômica caracterizada pela propriedade desigual da terra, aprovei tante. Os mem bros da Câm ara são eleitos pelo esl ado considerado como u m todo. Cada estado
tando-se da organ ização e das relaç ões interpessoais da po lítica oligárquica. Tais tem jm quociente eleitoral (cujadefinição inexat a, mas prática, é o núm ero de votos váli dos no
bases eram mais firme s nas zonas rurais c, conseqüentemen te, nos estados me estado dividid o pelo nú mero de representantes). Por exem plo, Sergipe, em 1958, l eve 123.73 7
eleitores e sete representantes; portanto, i.m qu ociente eleitoral de 17.364 (123.737 * 7). O ITH
nos desenvolvidos do que nos estad os mais desenvolvidas. Justif ica-se, pois, uma recebeu apenas 13.203 volos e por conseguinte não elegeu um ú nico representante. A UD N eo
PST formaram uma nliança eleitoral e receberam 58.434 votos. A aliança elegeu, então, lies
A noção de co lonialism o inter no le ni sido usada pelas elites políticas dos estados e regi ões representantes. Às sobras resultantes da apli cação desse s cálcul os pe rmitem d istrib uir os luga
menos desenvolvidos para obter super-representação 110 l.cgislalivo, maior participação orça res reslantes, após a primeira atribuição de lugares, entre os partidos que alcançaram o quo
men tária e ext ra-or çam entária,eparae xim iraselitessociaiseeconô micasdc responsabi lid ade ciente eleitoral, sem que piul essem com petir porelasos partidos que não atingiram o quocient e
pelo e slado calam itoso das populações carentes dessas regi ões. eleitoral. Inicialmente, a Lei Agamenon concentrava as sobras no partido mais votado.
O enfoque renda industrial percapita e percentagem da força de trabalho ocupada em in
dús trias de transfo rma ção), segundo dados d e 1950, es ses estados ocupavam os
Um meio de relacionar variáveis sociocconômicas com variáveis políticas c seis primeiros lugares em Iodos ele s. Essa ordem se interro m pia a pa rtir do séti
desenvolver medidas censuais das primeiras e medidas eleitorais das últimas, mo estado: o Pará era o sétimo na alf abetização; M inas Gerais o sétimo na renda
correlacionando-as. Usar os mu nicípios com o unidades2 93daria mais precisão ao industrial fw rcapita , e Pernambuco o sétimo no emprego em indústrias de trans
estudo. I lá a suposição de que as variáveis s ào contínuas por na tureza, pois, pelo formação.
menos teoric amente, poderia haver um mu nicípio (ou m icrorregi ão homog ênea,
ou estado) em q ualquer ponto e ntre os dois valores ext remos das variávei s. O Diferenços regionais na renda per capita
mu nicípio é uma u nidade mais prec isa, pois há m uita diferenci ação interna em
A renda per capita tem sido usada como indica dor de desenvolvimen to. Em
cada esta do. Entretanto, preferi trabalha r com do is grand es grupos: um inclu i os
bora a sua utili zação sem cuidadas e a sua reif icaçâo tenham levado alguns auto
estados menos desenvolvidos, e o outro, os estad os mais desenvolvidos. Ao re du
res a sérios problema s, el a continua a ser um indica dor de fácil obtenção e de
zir a informa ção a dois grandes grupos, perde-se muita informa ção: perde -se a
grande utilida de nas análises menos detalhadas do desenvolvimento econômico.
variân cia entre os estados de cada um dos grupos e também a va riância entre os
Katorial mcnte, a renda p er capita se correl aciona i ntimam ente com um fator ge
mu nicípios de cada estado. Não ob stante, tenho três razões para m anter essa es
tratégia: ral de dese nvolvime nto econômico, seja em comparações entre países, s eja entre
estados de um só país.**
• quero descrever o impa cto do desenvo lvimento desigual sobre vários asp ectos
da po lítica brasileira, e não ava liar precisamente a extensão dess e impacto sobre Tabela 45
um aspecto específi co. O argu men to se fortalece com parando várias séri es de Diferenças regionais na renda per capita, 1950 e 1960
dados políticas cm duas áreas socioeconomicamente muito diferentes; (em cruzeiros correntes)
• a con tinuida de geog ráfica é quase indispensável para o conceito de região, útil 1 1950 I960
para od e c ultura p olítica, e ajuda a salientar sua dependência dos fatores soci oe- 50.37
Brasil desenvolvido 7.63
conòmicos; 17,69
Brasil subdesenvolvido 2.34
• m uitos dados eleit orais eram publi cados po r estad o, m as não po r município,
reduzindo a sua utilidade. t'o 1956 e 1963.
Fontes:Conjumura Econômica (10). 1969; IBGE./uu/crio esfoiísircoBros,'.
Reconhecendo suas li mitaçõ es e o valor da inform ação p erdida, ess a estraté A comp aração entre as duas regi ões mostra que , cm 1950, a renda pe r capit a
gia é a mais apro priad a para os meus objeti vos. Apresen tarei dados que sali entam no Bra sil desenvolvido era mais de três vezes (326% ) a do Brasil subdesenvolvido;
a distancia entre as duas grandes regiões, em termos de desenvo lvimento econô cm 1960, e ssa relação dim inu iu para 285%. As diferenças relati vas na renda in
mico e social . A desigualdade intern a do desenvolvimen to brasileiro era e é imen terna se mantive ram constantes, sendo a do B rasil desenvolvido mais que a dobro
sa, e sua extensão mu ito m aior do qu e nos país es já ind ustrializado s. Essas varia da do Brasil subdesenvolvido. As diferenças na população tota l, entreta nto, d im i
ções socioeconômicas não somente e ngendraram diferenças em va riáveis políti cas nuíram, refl etindo-se na renda per capita.
específ icas, mas també m ajuda ram a form ar duas cultura s políticas diferentes. A Esses resultados são confirma dos p or ou tros estudos. R attncr (196 -1) s ugere
cultura p olíti ca pe rm ite perceber c erta unidade na políti ca regional, que de outra que, entre 1947 e 1960, a renda real p er capita aumentou 56% no B rasi l como um
maneira pareceria fragmentada. As duas áreas consideradas sào regiões todo e 64% no Nordeste, a fir mand o que a diminuição das desig ualdad es somen te
geoeconômic as distintas: o Brasil desenvolvido e o B rasil subdesenvolvido. O B rasil começou em 1952. Porém, a renda b ruta re al cres ceu mais lentamen te, e as cifras
desen volvido inc
Santa Catarina e RioluiGran
os est ados
de dodoSul.Rio de Janesubdesenvo
O Brasil iro, Guanabara,
lvidoSão Paul
inclui todoo, Paraná,
s os de per capita refletem o crescimento diferencial da população. A despeito de uma
taxa de natalidade mais alta, o Nordeste consegui u m anter uma taxa mais baixa
mais est ados. O critério para d efin ir esse gru po de estados como dese nvolvido é de crescimento dem ográfico através de migrações em massa para outras regiões.
simples: no que se refere a três indicadores de desenvolvimento (alfabetização, Outro estudo, efetuado por Robock (1963), conclui que a partir de 1955 a renda
nordestina cre sceu um pouco mais rapidamente que cm outras regiõe s brasilei -
0 pequeno numero de estad osengrand e heter ogeneida deinterna dem uitos t Ides os tornam
unidades inadequadas de análise. Porém, muitos dados só estavj un d isponíveis por estado {si
tua ção que melhorou nos último s anos) .
ras. As cifras relativas a 1960 apresentadas po r Robock, de US$140 per capita no desenvolv ido, a despeito da base mais alta, foi meno r, de aproximadam ente nove
Norde ste e US$410 no Sul, dem onstram a grande diferença entre essa s duas re milhões.” * Mas acelerou-s e também a urbanização, tanto no Brasil desenvolvido
giões. Kmbora esses dados não se refira m ao Bra sil subdesenvo lvido com o um qua nto no B rasil subdesenvolvido: mais de sete milhões de novos habitantes ur
todo, e sim a um a pa rte dele, podemos generalizá-los para o B rasil subdesenvolvi banos no B rasil desenvolvido e quase s eis milhões a ma is no Brasil subdesenvol
do, já que o N ordeste representava parcela substancial da população e produ zia vido. Em termos relativos, o Brasil desenvolvido atingiu 57%, tornando-se uma
boa parte da renda do Brasil subdesen volv ido. A diminuição das di ferenças regio população maioritariamente urbana, enquanto o Brasil subdesenvolvido passou
nais, entr etanto, foi (e continua a se r) m uito lenta, levando a crcr que serão nec es paia 36% , ou sej a, somente a terça parte da população era urbana . Se tomarm os
sárias muitas décadas até que as duas regiões se aproximem, mesmo contando outro ind icador de urbani zação da população, a percent agem residindo em cida
com prog ramas de ação governam ental federal e regional. 0 B rasil desenvo lvido des e vil as com 10 m il habitantes ou mais, encontrarem os diferenças semelhantes
tinha, ainda em 1960, uma renda per capita quase tr ês vezes superior à d o B rasil em 19 50:38% no Brasil desenvolvido e 13 % no Brasil subdesenvolvido. Entre 1950
subdesenvolvido. As diferenças na média do nível de vida das duas populações e 1960. houve uma acelerada urbanização, já q ue o Brasil desenvolvido atingiu
eram (e sào) grandes, configurand o dois modos de exi stência diferentes. Eviden 47%, e o Bra sil subdesenvolvido, 21%. As tendências da década de 1950 indicam
temente, é intuitiva a hipótese dc que diferenças tão grandes no nível geral de que houve uma certa estabili zação nas diferenças relativas entre o B rasil desen
desenvolvimento deveriam ter implicações políticas sérias. volvido e o Brasil sub desenvolvido, tendo o proces so se acel erado em am bos os
casos . Assim, a urbanização tam bém • decolou” no Brasil subdesenvolvido. Isso,
Urbanizaçã o, industrialização e em prego industrial evidentemen te, teve conseqüências j >olíti cas: a forma ção de um a extensa massa
urbana modificou essencialmente a composição dos interesses econômicos e o
Um impo rtante co njunto de diferenças entre as regi ões diz respeit o à sí ndrome grau de conscientização da população, j á q ue tran sferiu para zonas urbana s ele
urbano-industrial.K5 Em 1940, de acordo com o critério do recenseamento, mentos rurais sem consciência dc classe, freqüentemente em condições de de
6.97 0.00 0 pess oas viviam e m áreas urbanas no Brasil desenvolvido, aprox imad a semprego e subemprego.
mente l m ilhão a mais do que no Brasi l subdesenvolvido.2 * Não obstante, a po pu
lação total do Brasil desenvolvido equ ivalia a somente 2 /3 da população do Brasil Diferenças regionais na industrialização
subdesenvo lvido. A diferença n o grau de urban ização da população era de qua se
20 po ntos percentua is (42 e 24%). Em 1950, tal di ferença já representava mais de A industrialização ébásica para o enten dime ntoda política. Ela acarreta trans
20 pontos pe rcentuais (4 9 e 27%).2 ,0Naq uela década, as mi grações regiona is in formaç ões e contradições que transformam a política. A industriali zação transfe
ternas s e inten sificaram , e a taxa de crescimen to da população aumentou consi re o ce ntro do pode r econômi co, i nseparável do poder p olíti co, dc um a class e para
deravelmen te. A população d o Brasil desenvolvido passou dc 21 milhões p ara 31 ou tra, dos fazendeiros e pecuaristas para a burguesia. A industrializaçã o depen
milhões, um salto de 10 milhões dc pess oas. O increm ento abso luto do Brasil sub dente trans fere para fora do país boa parte das decis ões sobr e tipo de tecnologia,
área para inversões, estratégia organizacion al da empresa etc. Ess as deci sões, em
seu conjunto , afetam a estrutura econôm ica do país e a maneira de viver de boa
2Ça O uso im pró prio do con ceito de síndrom e pode ser prejud icial, se der excess iva ênfase A
parte da sua popul ação. ” 9
uniformidade das várias dimensões envolvi das. A incongruência en lre a urbanizaçã o e o em
prego indu strial, por exemplo, pode ser útil para explicar o radicalismo de esquerd a: quando o Em 1950, a renda indu strial per capita no Bras il desenvo lvido era d e CVS 1,84,
empregoind ustrialnãoacompanha aveloc idadedauibani/ação,íoinia-senasci dadesum exér seis veze s e meia (655% ) a do Brasil subdesenvolvido, que era de CrS2 8 em ter
cito de desempregados e subempregados que tem pouca p robab ilidade de satisfazer às cres cen mos absolutos; a renda indu strial era quase cinco ve zes ma ior no Brasil desenvol
tes aspirações dc consumo geradas pela vida urbana e pelo efeito-demonstraçâo do consumo vido, ainda que sua populaç ão fos se menor, aproximadamente 2/3 da do Brasi l
ostensivo de cla sses mais favorecidas. A despeilo da crónica falta de vagas para o traba lho in
subdesenvo lvido. As impli cações pa ra a política de cúpu la sào claras: a burguesia
du strial urba no nas grandes cidades do No rdeste, as condições ainda mais miseráveis da vida
rura l e as secas intensas periódicas
para as grandes cidades.
forçavam e continuam a forçar as populações rurais a m igrar indus trial era
traste com relati vamente
a oligarquia pouenquanto,
agrícola: co poderos a no aBrasil
em 1960, subdes
primeira envolvi12%
controlava do, cm co n
' c'" A urbanizaç ão no Brasil no período em quest ão foi estudada em dois trabalhos importantes: da renda interna regional , a segunda cont rolava diretamente mais de 40%! No
Bazzauella (1963 ) e Lopes (1068). Aq ui a população urba na se refere a residentes em cidades e
vilas dc mais de 10 m il habita ntes.
r “ Aqu i nã o r.os interessa trata r a urbanização en: si, mas analisar suas conseqüências para o 298 Para um e studo mais detalhad o das migrações internas, ver Lopes, 1968:49-65.
sistema político. Sobre o processo d e urbanização den tro de um esquema teórico m ais amplo, Tais afirmações não devem ser tomadas com o crkieas à industriali zação ou à inversão es -
ver Q uijano, 1970. Irangeira. Ape nas destaco a importâ ncia d e suas conse qüências .
Brasil desenvolvido, observava- se o oposto: a burguesia con irolava um a parcela Os dados relativos a 1950 perm item a lgumas conclusões : enquanto o Brasil
ma ior da renda interna regional. Em 196 0, a part ici pação da ind ústria era de 26%, desenvolvido apresentava algumas características de uma sociedade urbano-in-
e a da agr icultura, 22%. Dados de 1966 mostram que a renda ind ustr ial er a mais dustrial, com um contingente urbano e um proletariado consi derávei s, o resto do
que o dobro (232%) da renda agrícola no estado de Sào Paulo, e menos de um Brasil er a fundam entalmente ru ral e agr ícol a. O emprego ind ustrial era pequeno,
sexto (15%) no Piauí. mostrando a reduzida importância da industri alização na sua eco nomia. Tratava-
A industrialização não deve ser confundida com o emprego indu strial. Km- se. evidentem ente, de duas áreas m uito diferente s: uma com es trutura ocupacio-
bora o em prego industrial, com freqüênci a, sej a legiti mam ente usado como indi nal semelhan te àde alguns país es menos industrializadosd a Kuropa, com o Gréc ia,
cador da in dustrializaçã o, sua adequação nos paíse s subdesenvolvi dos está na ra Finlân dia e Kspanha; e outra com es trutura ocupacional semelhante à de pa íses
zão inversa da intensidade média do capital. A dependência dos países subdesenvolvidos com baixíssima renda pe r capi ta, como Camboja, Argélia, B olí
lati no-americanos implica que a tecnologi a ind ustrial seja i mp orlada dos país es via e índia.3 01 Um núm ero relativame nte m aior das pe ssoa s que deixam as ativ i
mais desenvolvidos, tornando-se mais intensiva em relação ao capital c menos dades agrícolas no Brasil desen volvido passa a exercer ati vidades secu ndárias, o
intensi va em rel ação ao trabalho do que aconsel hari a a d isponibili dade dos falo- que revela uma diferença no grau de ind ustrialização. Assim, o Brasil desenvolvi
res de produçã o nos prime iros. Em conseqüência, boa par te da c rescente pop ula do estava se tornando uma sociedade industrial, enquanto o Brasil subdesenvol
ção urbana não encontra trabalho indu strial. Km 195 0, par a os 8 m ilhões de habi vido. particularmente o Nordeste, per manecia predominanteme nte rura l, agrí co
tantes urbanos havi a pouco ma is d e 700 m il e mpregos na indústria de la, não-industrial.*'*
transforma ção em todo o Brasil subdesenvolvido; no Brasil desenvolvido, a situa
ção era consideravelme nte m elhor, mas longe de ser adequada: havia aproxim a
Urbonizoçào sem industrialização
damente 1,5 milhão de pess oas t rabalhando na indús tria de transf ormação, e uma
população urbana de 10,5 milhões/*0 Os dados relativos ao emprego industrial A análi se conjunta da urbanização e da industri alização perm ite compreen
para 1960 são deficientes, mas indicam que, enquanto a população urbana au dei melhor as implicações políticas da mudança social. Juarez Rubens Brandão
mentou mais de 5 0% em relação a 1950, os empregos na indús tria de transfo rma Lopes e W aldom iro Bazzanella t rouxe ram contribuiçõe s significativas ness a área.
ção aumentaram menos de 30%. A.subdivisão dos estados brasileiros em ad iantados, mode rados e atrasados reve
A estrutura do emprego oferece contrastes regionais. Rm 1950, o Brasil de la que o emprego industrial e o emprego terciário nas cidad es s ão também funç ão
senvolvi do, cujo contingente ocupado no setor primá rio era aproximadamente a do grau de desenvolvimento do estado.
metade daquele ocupado no m esmo setor no Brasil subdesenvolvido, empregava
nas i ndú strias de transform ação mais de duas vez es os efeti vos que o B rasil sub Tab ela -1 6
desenvolvido conseguia empregar. Como a industrialização no país é intensiva N úm ero de pess oas que entraram no setor terci ário, por nú m ero de
em relação ao capital, a ocupação no setor de indú strias dc transforma ção é redu pes soa s que entrara m no se tor secundári o, entre 19 40 e 1950 , por
zida até mesm o no Brasil desenvolvido: menos de 10% da população com 10 anos tama nho da ci dade e grau de desen volvi m ento do estado
ou mais dc idade. No Brasil subdesenvol vido, a situaç ão era (e é) ainda m ais críti
Estados Relação terciário/secundário
ca, já que menos de quatro entre 10 0 pessoas com 10 anos ou mais de idade en
D e 10 m il Dc 20 m il De 50 m il Mais de Total
contravam trabalho no setor industrial, ou 3,5%. Excluindo as ati vidades domés
a 20 m il h ab. a 50 m il ha b. a 100 m il hab . 100 m il hab.
ticas nào-remimeradas c as atividades discentes (que ocupam parte substancial
A u asado s 47 47 43 65 52
da população com 10 anos ou m ais dc idade), assim como as ocupa ções ma l de fi
nidas etc., a popii lação-base fica ria reduzida quase à metade, aum entand o assi m M o d e ra d o s 25 25 13 33 27
A d ia n ta co s 14 17 9 19 17
as percentagens: as indústrias de transform ação passavam a ocupa r 17%do total
no Brasil des envolvi do e 6% n o Brasil s ubdesenvol vido. Já no setor prim ário ve ri
ficava-se o oposto: no Bra sil desenvolvido, 38% desse tota l estava m ocupados no Fonte: Lopes. 1968:29 ; dados srcinais ce Bazzanelb, 1963:2 3.
setor primá rio, em comparação com 58% no Brasi l subdesenvol vido. Tomando
somente o Nordeste, as cifras sã o mais extremas, com aproximad amen te 77% ocu 1,1 N r década < !«: 1970, Kdm ar Baclia usou a f.&ura da Boi índia, país fictício que s imbolizava o
pados no setor primário. Brasil, por ser uma com binação de Bél gica c índia.
- v É preciso conside rar, poré m, que esses i ndicadore s não são plename nte coerentes, havend o
certa incongruê ncia enire eles. A :na:oi ia dos dados relativos ao desenvolvimen to econômico,
i0° Ver ltazza nella, 1963; e Lopes, 1968. principalmente a renda per capito {Cr$4-51l no Nordeste e Cr$l8.:iH2 no Sudeste em 1955),
Os comentários de Brandão Lop es (1968:30) vêm a propósito: so que a longo prazo poderá m udar a tradiciona l relação positi va, encontrada na
análise ecol ógica interna dos países , entre desenvolvimen to econôm ico e radica
"Sobressai, no período cons iderado, a enorm e expansão das ocupações do setor ter
ciário relativam ente ao secundá rio, nas cidades dos est ados atr asados: nelas, para lismo político.
cada pe ssoa adici onada à indú stria de t ransform ação, mais do que cinco avolumaram
asfil eirasdo terciári o einveementeindiciodelargosubemprego (para estad osm o Diferenças regio nais na alfabet ização da população
derados e adiantado s ess e índice foi. respectivamente, inte rior a : 5 c a 2). A pro por
ção mais alta é encon trada nas maiores cidades, as de ma is de 10 0 m il habi tantes da No que tang e à alf abetização, uma vez mais nos deparamos com duas realida
áreaatr asada,onde para cadaindividuo incorporadoa osecundáriocorres ponderam des: em 1950 , enqu anto no Brasil desenvolvido aproxim adam ente 2 /3 da popula
6,5 ao terciário!'1 0' Constata-se, por cons eguinte, um processo de urbanização em
amp las regi ões do país, em boa parte independente de qualquer desenvolvimento ção com 10 anos ou ma is de idade sabiam le r e escrever, no Brasil sulxlesenvo lvi-
ind us trial ver ificado nas cidades que nelas se localizam. A conseqüência é que os do cerca de 1/3 era alfabetizado. Am bos os níveis são bai xos, mas as dif erenças
efeti vosdesocupadosesubocup adosaumen tamconstantemente.Há maioresindí entre o Brasil desenvolvi do e o Brasil subdesenvolvi do eram e continuaram gran
cios de desemprego nas cidades menores , enquan to nas m etrópoles o subemprego des. Knq uanto o B rasil desenvolvido tinha níveis comparáveis aos de certos paí
evidenda-secom maisclareza. "
ses que, apesar do nível limita do d c desenvo lvimento, deram ênfase à educação ,
A urbanização nos est ados menos desenvolvi das gerou um sério problem a de como Panamá e Ceilão, e superiores ao de país es europeus como Albâ nia e P ortu
desemprego e de subem prego, uma vez que a indus tria nâo conseguiu abso rver a gal, o Bras il subdesenvolvido se situava no nível dc Madagascar, Congo e Bolívia.
massa dc migrantes rura is que a cada ano se dirige aos centros urba nos. O em pre Kssas di ferenças regionais, co ntudo, não revelam a extensão total da desigualda
go ind ustr ial não evoluiu satisfatoriam ente na década de 196 0 no ISrasil desenvol de. que é ressaltada quando se compara o estado da Guanabara, cujo índice dc
vido ne m no B rasil subdesenvolvido, embora a urbanização continuasse acelera alfabetização era o m aior do país (8-1, 5%). com o estado de Alagoas, que ostentava
da. :u‘ Isso criou um a situação nova. Em épocas passa das, o baixo gra u de a posição pou co invejável de scr o esta do com a m eno r percentagem de alfabetiza
urbanização do Brasil subdesenvolvido impedia a formação dc massa crítica de ção (24%). Não existia, em 1950 , qualqu er superposição entre o. s estados do Brasil
desempregados c subempregados urbanos qu e dess em apoio aos partidos esquer desenvolvido e os do N ordeste, um a vez que o estado do Brasil desenvolvido com
distas. Kntreta nto, a incapacidade da i ndu strialização para absorver uma percen
menor índice de alfabetização oferecia resultados superiores ao estado do Nor
tage m significativa do crescent e número de habitantes urbanos propiciou a for
dest e cm m elhor situa ção. A bai xa variaçã o (24 a 34% ) no Nordeste m ostra que
mação de massas de insatisfeitos que, devidamente politizados c mobilizados,
esse era um fenômen o bastante uniform e na região. Em 1 985,35 anos mais t arde,
poderiam dar um substancial apoio aos partidos e movimentos de esquerda. Km
termos re lativos, ess a massa crítica cresc eu ma is rapidame nte nos estados subde aproximadamente a m etade da população com cinco anos ou mais conti nuava
senvolvidos do que nos desenvolvidos. Assim, os estados subdesenvolvidos po analfabeta no Nordeste.
dem passar a ter uma política intern a m ais pol arizada: de um lado , as zonas ru Considerando que as áre as urbanas foram incluí das nas cif ras globais do
rais, aiiula amplam ente dom inadas pel a política oli gárqu ica e tradicion al; de outro, Nordeste c que existe um treme ndo d iferencia l educaci onal entre as zona s urba
as cidades, com uma a mp la faixa de desempregados e subempregados que pro pi nas c as zonas rurais, conclui-se que a população rural adulta do Nordeste era
ciariam a expansão eleitoral dos partidos radicais .M:' Configura-se assim um proce s- quase inteiramente analfabeta. O nível de alfabetização dos estados brasileiros
educacional mente ma is atrasados, como Alagoas, era com parável ao de país es
tciule a ignorar tal incong ruência, sali entando assim artifi cialmen te o grau de consistênci a en situados no lim ite n egativo da s estatí sticas educacionais mundiais. Km contraste,
tre os indicadores. Em bora o Nordeste esti vesse atrasado em todo s os i ndicadore s de desenvol se tomarmos o estado da Guanabara (então D istri to Federal ), encontraremos n í
vimen to, o atr aso «t .i relativamente maior na industri alização e no emprego indus tri al. veis educacionais semelhantes aos de Itália, Espanha, Argentina e Bulgária por
O terciár io é uma cat egoria ocupac ional cuja utilidade analít ica t em decresci do a longo pra
zo. O crescime nto, nos países desenvolvidos, de ocupações nào-m anuais c não -indus triais que volta de 1950. E dueacionalmente, a distância que separav a a Itália e a Espanha da
requerem alta especialização levou alguns autores a falarem de um novo terciário ou dc um Suazilândia e da Bechu analândia não era supe rior à que separ ava a Guanabara de
qua ternário. N os países subdesenvolvidos, o grande número d e pessoasque tr abalham em ocu Alagoas!
pações não-agr:colas de ba:xo n ível de renda eque requerem pouca espeda lização l evou alguns
autores a falarem de setor inform al, e outros, de quaternário.
14,1O crescim ento no em prego ind us trial foi acelerado na década de 1970, voltando a decrescer l,t% no '. esto do estado; Prestes, candidato com unista ao Senado, recebeu 25/1% em Recife e
na de 8 0 . altíssima votação em municípios vizinhos de Recife, mas teve pequena votação no interior do
Vct,° Fiúza, candidato com unista ã presidência da Repúb lica, rec ebeu 14,7 % dos votos cm estudo. A distribuiçã o espacial dos votos nos est ados do Sudeste era mu ito menos polarizada.
Manaus, mas somente 1,1% no resto do estado; em l ortaleza, recebeu 22,9% dos votos, mas No final dos anos 1980. a sit uação SC torno u ma is aguda.
Tabela 47 No tocan te à distribuição da terra, há sign ificativas di ferenças entre o Brasil
Diferen ças regiona is no nível de alfabeti zação da desenvolvido e o Brasil subdesenvolvido. Em 1950, aproximada men te 1/4 da área
popu lação de 10 anos ou m ais, 19 50 lotai dos estabeleci mentos rura is do Brasil subdesenvolvi do era ocupada por pro
Regiões A B priedades gigantes com mais de 10 m il hectares, particularm ente n o Nor te e Cen -
B /A Variação d o mínim o
ao m áximo da al fabet iz ação
tro-Oeste. No Brasil desen volvido, cm q ue pese à introduç ão, em larga escala, da
agricultura comercial izada c indu strial izada, a percen tagem correspondente era
Brasil dese nvolvido 15.66 9 10.2 70 6.55 52-85%
Brasil subd esenvo lvido 20.890 7.409
de apenas 5,5%. Quando comparamos os estabelecimentos grandes e os muito
3,55 24-51%
grandes, nas duas áreas , constatamos que há diferenças fundam entais: os esta be
Fonce: IBGE. Anvório estatístico do B/osÜ, 19 56. p 41.45 c 337.
lecimentos com m il hect ares ou mais representavam 56% da área l ota i dos es ta
belecimentos ru ra is no Brasil subdesenvolvido, mas ape nas 33 % no Brasil desen
Alguns d os estados educacionalmente menos dese nvolvidos do Brasil, com i» volvido. Os latifún dios gigantescos (com mais de 10 m il hectares) ocupavam 24%
Maranhão, Piauí, Alagoas c Sergi pe, tinham índices comparávei s aos de Nova do total no Brasil subdesenvolvido, mas somente 5,5% no Brasil desenvolvido.
Guin é, Sudão e H aiti.3“ O Bra sil desenvolvido atingiu níveis educacionais com pa Eles t inham aproximadamente o do bro da extens ão relat iva no N ordeste; dimi
ráveis aos dos países lati no-am ericanos mais desenvolvidos e aos dos país es euro nuem assim as diferenças relativas que são provocadas em grande parte pelos
peus menos desenvolvidos: mas o liras il subdesenvolvido se situava em nível in estabelecimentos do Norte e do Centro-Oeste, onde encontramos fazendas com
ferior ao da m aioria dos países lati no-am ericanos menos desenvolvi dos, e o s áreas que seriam inim agináv eis nos país es da E uropa ocidental.
estados mais pobre s do Nord este estavam (e estão) educacionalmente no nível de Tais diferenças gan ham particular imp ortância se c onsiderarmos que a terra
países africanas com renda pe r capit a bem mais baix a. fé rtil é mu ito m ais es cassa no Nordeste e que os latifund iários possuem , em geral ,
a me lhor te rra. L?. adquirem relevo ainda m aior quando se sabe que, apenas no
Diferenças regionais na concentração da propriedade da terra Nordeste, havia em 1950 perto de 14 milhões de pess oas em áreas rura is: 2 m i
A p ropriedade da terra e sua distribuição são importantes para o comporta lhões a mais do que no B rasil desenvolvido. Além disso, existiam n o Norde ste 3, 7
m ento p olít ico. Tem-se afirmado com certa freqüênci a que o sist ema latifundiário milhões dem emb ros da mas satrabalhadoraocupados naag ricult urae ati vidade s
é tanto causa quanto conseqü ência do trad iciona l is mo social e político. Argu me n afins, contra 3 m ilhões no Brasil desenvolvido. Portanto, a desigualdade na oc u
ta-se também que, se o tradicionalismoda s zonas rurais sofrer uma ruptura antes pação e proprieda de da terra é acentuada no Brasil subdesenvolvido, em particu
que a distribuição da propriedade de terras sej a fundame ntalmente m odifi cada, a lar no N ordeste. Tal fato ganha m aior imp ortância quando se c onsider a que ess a
elevação dos níveis de aspiração entrará em agudo ronlraste com os baixos pa região de pende fundam entalmente da a gricultura e da lavoura, e que, cm compa
drões de vida nas áreas subdesenvolvidas, resultando provavelmente no surgi raçã o com o Bra sil desenvolvido, a população rur al do Brasil desenvolvido é maior
me nto de violência, que já não ser á inibid a pelos efeitos soporíficos do tradicíona - e tem ma ior núm ero de pesso as ocupadas na agricu ltura e ati vidades afins. A dis
lisnio. Em verdade, eu arrisca ria a hipótese de que, na maioria das zonas rurais tribuição da terra, portanto, é vital no Brasil subdesenvolvido. Poderíamos ser
brasileiras, sej a no B rasil desenvolvido ou no B rasil subdesenvolvido, poderá ha levad os a cre r que, devido à ma ior pressã o demográfica e à men or produ tividade
ver violência agrícol a la uto de tipo anôm ico quanto organ iza do.* *7 da lerra, a percentagem da terra em uso deve ria ser consi deravelmen te mais alta
no Nordeste. Em verdad e, observa-s e justam ente o con trário: cm 1950, excluindo
a Bahia e Sergipe, o Nordeste tinha apenas 38% da área total de propriedades
Os dados educa ciona is demonstram, cm prim eiro lugar, que a posição do Brasil nesta di particulares ded icadas à ag ricultura o u pastagens, enqua nto no B rasil desenvol
mensão do desenvo lvimento era (e continua sendo) incoerente co:n as demais, particularme nte
com os indicadores de desenvolvimento econômi co. Enquan to em algumas dimens ões o Brasi l
vido (com exceção do Rio de Janeiro e da Guanab ara) a percentagem correspon-
se aproximava dos países latino-americanos mais desenvolvidos, como no produto industrial
per capita, no que tange à educação a posição do Brasil é inferio r á de muitos paíse s rurais c pilhagen sctc., e o segundo, por golpes de Estado, prisões, greves etc. VerTa nter, 1966; Rumm el,
predominantemente agrícolas que ainda não despertaram para a industr iali zação. 1'ara uma l% 6 ;’e Bvvv, 19 6 B. Os trabalhos d ess a linha tinham e continuam a ter sérios probl emas de da
análise que demonstra que o baixo nível educacional constitui um sério obstáculo para o desen
dos e alguns problema s metodológicos, mas adq uiriram ce rta relevância porque foram apoiados
volvimento econôm ico do Brasil, ver Mo reira, 106 0.
pilas observações mais qualitativas de outros estudiosos que lam bím co ntrapuse ram esse s doi s
* • ' Kss a distinção se baseia em trabalhos sobre violência e con dito que fatorizaram d ados espa tipos dc violência. Tais trabalho s não levarain em consideração que a violência anôm ica poderia
ciais lanto e ntre países quanto d en tro de paíse s. Os result ados sugeriam a existência de dois atra ir organizadores, além «la repressão organizada do Estado. Eu, na época, també m subesti
fatores diferentes, ainda que correlacionados. Esse s fatores foram denominados violência
mei essa possibilidade.
anôm ica e violênc ia organizad a. O prim eiro se caracterizaria por quebra-quebras, depredaçõe s,
dente era de 66%. N aquele mesmo ano, 52% da te rra dos est ados nordestinos não sa, num mom ento em que a telev isã o ainda engatinhava no Brasil; terceiro, impe
eram usados, enq uanto n o grupo de estados tio Bras il desenvolvi do essa percen diam um m aior interesse pel a política c, logo, a participação p olítica ;'1- por ú lti
tagem era de apenas 29% , dos qua is 13% sem uso e L6% dedicado s a florestas.3 ™ mo, estimulava m uma sens ação de i neficiência política, a ausênci a de lcaldades
A análise correlacion ai de dados espaci ais mostra que a desigualdade na dis abstraias e de identificação pa rtidária .30 Estudo reali zado num a área rura l próxi
tribuirão da terra correlaciona-se negativamente com os indicadores de desen ma ao Rio revela que 75% dos analfabetos não perten ciam a q ualque r ass ociação ;
volvim ento social e econômico, marchand o junta m en te com o analfabetism o.309 61 % dos que liam e esc reviam, mas também não foram à esc ola, não pertenciam a
A analise fato rial de diversos indicadores de desenvolvimen to demon stra a exi s qua lquer associ ação; mas somente 45% dos que foram à escola não p ertenciam a
tência de um fator ge ral no qual a percentagem da área total dos estabeleci mentos qualquer ass ociaçã o. () simples falo dc ir à escol a pode alterar profundam ente o
rura is ocupada por latifún dios tem um a saturação negativ a. Na década de 1950 , graude sociabil idadedc um indivíduoe,conseqüent emente,apredisposiçãopara
as di ferenças r elati vas se mantiveram, e mbora tenha dim inuído a importância da par ticipar dc organizações de cl asse. A análise das relaç ões entre educação e par
área ocupad a pelas grandes propri edades tan to no Brasi l desenvolvido quanto no tici pação nu ma coope rativa agrícol a é interessante. Entre os analfabetos, 83% não
Brasil subdesenvolvido. Ess as modifi cações, porém , não foram de molde a alterar eram cooperados, índice que cai para 67% entre os que liam e escreviam mas não
substancialme nte a distribu ição da propried ade da terra. Isso si gnifica que a polí foram à escola, e para 63% entre os que foram escol a. As di ferenças nào se ci n
tica oligárquica montada sobre a propriedade desigua l da terra ainda encontrava gem a ser ou n ão ser cooperado: oyrau de participação nas atividades da coope
rai iva tamb ém variava com o nível educacional; enquanto somente 9% dos anal
solo f avorável
se evidencia nano B rasil
renda em 196 o 0.'"'
a grícola: BrasilO desenvolvido,
resultado econômico
com m dessenosa irraciona
de 1/3 daslidade
ter fabetos eram cooperados e tinham assistido a pelo menos uma reunião da
ras agrí colas e metade dos trabalhado res rurais do Bra sil subdesen volvido, tinha cooperativa, 24% dos que liam e escrevi am e 28% d os que foram à escol a haviam
uma rend a agrícola bruta su perior. Em 1950, a renda agrícola por pess oa ocupada feilo o mesmo. Assim sendo, num meio ru ral, a supe raçã o do analfabeti smo, ain
no setor prim ário era de C r$12,l7 no B rasil des envolvi do: duas vez es e meia a do da que através da simples alfabetização informal, modificou substancialmente a
Brasi l subdesenvolv ido (Cr$4,86). Tom ando a renda po r hectar e de terra agrí co propensão à participação em cooperativas agrícol as e outras form as de ass ocia
la, vemos que a do B rasil desenvolvido (C r$0 ,7i) era quase quatro vezes a do Bra ção, inclusive nas de clas se.3" A genera lização des sas relações leva à hipótes e de
sil subdesenvol vido (C r$ü,l8). que a consciência dc classe c a participação política e eleitoral devem ter sido
Os escassos dados relativas a 1960 revelam que essas diferenças regionais na m uito mais baixas no Brasil subdesenvolvi do.
renda agrícol a p or hectare permaneceram estáv eis . Mesm o com propriedades
agrícolas que cobriam uma área m ais de três v ezes sup erior à do B rasil desenvol ‘ " Dois trabalho s con firmaram as relaç ões positivas entre o nivel edu cacional e a part icipação
vido, o Brasil subdesenvolvido apresentava ainda uma renda agrícola bruta me po lilica no Itras il: a proporção dos indecisos e dos cue não preten diam v otar nas elei ções presi
nor. denciais de 1960 na Guanabara era de 7% entreos eleit orescomeducaçãouniversitáriacomple
taou incompleta;8% entrooscom educaç ãosecundár iacompleta. 10 % entre os com secundário
incompleto; 16% entre o> com prim ário com pleto; e 19 '*» entre os com prim ário incompleto. A
Diferenças regionais na estrutura política: educação e participação jii n o sl ra fo i r et ira da «las lis ta s de ele ito re s re gi st ra do s n o T rib un al Re gio na l K lo ito ra l. A me sma
política e social amos tra foi utilizada em o utro trab alho, que demo nstrou a ass ociaçã o entre o nível educac ional
e o grau de interesse pulílico : a proporção dos m uito interessados nas eleiç ões de 1960 era de
Os baixos níveis educacionais afetaram negativame nte a participação p olíti 84% entre os eleitores com educação universitária completa; 74% entre os com edin ação uni
versitária incom pleta, baixan do para 67% entre as pess oas tom educação secundária completa;
ca. Prim eiro, imp ediam que os analf abetos votassem, devido ao req uisito legal da
66% entre os com educação secundária incom pleta; ~V7%entre os com cducaçã o prim ária com-
alfabetização;3 " segundo, dificultava m a mob ilização po lili ca através da impre n nlcta; e 48% en tre os com educação prim ária incom pleta. Portanto, a associ ação entre educa ção
e participação política não se limita ás restrições legais ao voto <! o analfabeto. Ver Soares, 196 1a
:'"8 Dados insuspeitos do livro u ltradire itisla de May ere l alii, 1061 :267 . e 1961b.
A correl ação prodnto-m om eiito para o ano de 1950 6 de 0,70 :"3 K difícil sabe r até que pon to ess a relação era exacerbada pela legisl ação eleitoral. Com o os
De fato, em 1962, as dois grandes partidos conservadores, U I)N c PSD, ainda controlavam analfabetos nào podiam votar, é compreensível que tivessem menor interesse e participação
51% «l os deputados federais, a despeito de um desgast e contínuo ao longo de quase 30 anos de política na época de eleiçõe s. As pesquisas que con heço sobre as relações entre educação tor mal,
vida democrática. <le um lado, e participaçã o e interesse políti cos, d o ou tro, cm sistemas onde o analfabetismo é
‘ 1lvs.se requisito foi im posto p oi pessoas que em sua ma ioria linh ain cu rso unive rsitário, sem baixoeem sist emasonde nãoliárestri çõesaovotodo analf abetotambémind icam quea rel açã o
que os analfabetos parti cipassem da decisão. Feli zmente. essa v ergonha :o: elimin ada na Cons é positiva; qua ulo mais alia a educação lorm al, mais alta a partici pação po lítica e eleitoral.
tituição de 1988.
Ver Soares, 1966b.
Diferenças regionais na participação eleitoral mais rapidam ente que a do Brasil subd esenvol vido. Em termos absolutos, o Bra
sil desenvolvi do tinha 600 m il vot antes a menos do que o Brasil subdes envol vido
As desigualdades educacionais explicam po r que nas áreas com b aixos níveis em 1950 e 350 m il a me nos em 1954 ; em 1958 , a si tuação já se invertera, tendo 0
educacionais é me nor a pariicipação cm mu itas atividades políti cas, inclusive aque Brasil desenvolvido 700 m il votos a mais, diferença que aum entou pa ra 1, 15 m i
las para a s quais a alfabeti zação não é um requ isito legal. Comecemos pela pa rti lhão em 1962. A razão entre e leit ores do Bra sil desenvolvido e do Brasil subdesen
cipação eleitoral pura e simples.3 15Embo ra o n úmero de volantes do B rasil subde volvido so freu um aum ento constante: de 87 em 1950 para 93 em 1954, para 11 2
senvo lvido fos se ma ior em 1950, a situação i nverteu-se gradu almen te até 196 6: em 1958, atingin do ll7 e m 1962 . Dados rel ativos à s eleições de 1966 demonstram
em 1950, os votantes do Brasil desenvolvido representavam 47% do total de vo que essa s tendências pers istiram sob o regime de 1964: a razão entre os votantes
tantes bra sileiros; em 1954, esse índice aum entou para <18%; em 1958, o Brasil do Bra sil desenvolvido e do Brasil subdesenvolvido atingiu 130, e a diferença a b
desenvolvido conquistou a posição majoritária, com 52%, ampliando sua vanta
soluta ultrapassou a marca de 2,2 milhões.
gem em 1962 e 1966, quan do ating iu 53 e 56%, respectivamente. Igualan do o nú Porem, tanto os dados populacionais quanto os dados políticos mascaram
mero de votantes de 1950 a 100, o Brasil desenvolvido ating iu 255 em 1966, con importantes vari ações dvnlrodo Bras il subdesenvo lvido: a tendência histórica tio
tra somente 17 0 do Bra sil subdesenvolvi do.316Ao intro du zir o direito de voto do Nordeste t em sido dim inu ir a sua part ici pação tanto na população quanto no n ú
analfabeto, a Constituição de 1988 elim inou as grandes di ferenças entre o e leito mero de votant es, ao passo que o N orte e 0 Centro-Oeste a tem aumentado. As
rado potencial das regiões, isto é, aqueles aptos a votar (nas elei ções presidenc iais sim, a dimin uiçã o inic ial e a pos terior estabili zação da participação do Brasil sub
de 1989, havia 40 milhões de eleitores registrados no Brasil desenvolvido e 39 desenvolvi do encobre dois movimentos opostos: o crescimento do N orte e do
milhões no Brasil subdesenvolvido), mas não no núm ero de vot antes, pois a ab s Centro-Oeste e o decréscimo do Nordeste.
tenção foi de 9% n o B rasil desenvolvido e de 19% no Brasil subdesenvolvido. As O m ais baixo grau d e mobili zação, p articul armen te de m obil ização polít ica,
sim, votaram ap roximadamen te 36,5 mil hões no Brasil desenvol vido e 31 ,8 m i no Bra sil subdese nvolvido se refletia cm outras atividades po líti cas ou com conse
lhões no B rasil su bdes envo lvido.317
qüências políticas. Tom emos a sindicalizaçâo: cm 1960, o Bra sil desenvolvido ti
Con tudo, ess as diferenças pode riam estar ligadas ao crescimento diferencial nha 1 .088.000 sindicalizadas para uma força de traba lho de 10.343 00 0, ou 10,5%;
da população. Sabemos que a população do Brasil desenvolvido tem crescido mais já o s 11estad os do Brasil subdesenvolvido, com uma forç a de t raba lho semelhante
rápido do que a do Brasil subdesenv olvi do. <>111 conseqüência das migr ações inte r (8.78 9.00 0), tinham somente 301 m il sindicali zados, ou 3,1 %.318
nas. Acaso não estaria essa crescente diferença na participação e leitoral re fletin O B rasil desenvolvido era e continua sendo u ma sociedade mais ativa, mais
do somente a crescente di ferença pop ulacional? A resposta é negativa: o núme ro mo bilizada, mais pa rticipante.*1 ’ Assim, é possível utilizar dois tipos extremos,
de votantes, como percentagem da população, era maior no Brasil desenvolvido com função puramente ilustrati va, encontradiços na lit eratura sobre desenvol vi
do que n o Bras il subdesenvolvido, e as diferenças relati vas en tre as duas regiões men to político: um deles éuma sociedade apática e não -participantc, ond ea m aio
aumen taram desde 1950 até a instauração da ditad ura. Km 1950, os votantes re ria da po pulação ded ica quase todo o seu tempo à sati sfação de necessi dades bási
presentavam 17% da população total do Brasil desenvolvido, ao pass o que, 110 Brasil cas, sobrando pouco ou nenhum tempo para atividades consideradas menos
subdesenvo lvido, a percentagem corre sponden te era 14 . líssas diferenças aum en essenci ais, como a política. Ness e tipo, a po lítica ainda não "en trou " na vida quo
taram em 1962, quand o 2 3 % da população do Brasil desenvolvido votaram, em tidiana da po pulação, marcada p or extrema pobreza e analfabetismo, agravados
contraste com 16% da população do Brasil subdesenvolvido. Houve um cresci pela desigualdade socioeconômica. As áreas rurais do Brasil subdesenvolvido
men to da participação e leitoral nas duas área s, mas a tax a foi m ais alta no Brasil encarnavam ess e ti po. Em muitas zonas rurais pobres do Nordeste, o tipo-limite
desenvolvido.
se ma terializava. 0 segundo tipo seria uma sociedade na qual ;is necess idades
Essas diferenças relativas podem levar a subestimar a magnitude das dife prim árias e secundárias da m aioria da população estariam satisf eitas. Sobrariam
renças absolutas, uma ve/, que a população do Brasil desenvo lvido está c rescendo tempo e energia para o jogo po lít ico. Ser politi zado, d iscutir políti ca, vo tar, parti-

"•* Dados doTribunal Superior Eleitoral. Ver também Menezes, 1967/68:19. 3I* Os estados do B rasil subdesenvolvido que não fora m co nsiderados devido à inexistência de
As im plicações p olitieas da continua ção desse processo são bem claras: em eleições livres e dailos sobre sindicalizaçâo são Pará, Ma ranhã o, Paraíba c Alagoas. Os dados sobre sindicaliza-
diretas, 0 Brasil desenvolvido pesará cada voz ,„ais 11a eleição para presidente da República, ção foram g entilmente fornecidos por Neunia Aguiar Walker.
mas, com os vícios « la representação na Câm ara e 110Senado, o Brasil subdesenvolvi do conti 1,9 Recentemente, Alk m in do s Reis (1991) dem onstrou , com base nas elei ções de 1989. que há
nuará dominando o legislativo. substanciais correlações espaci ais entre indicad ores sociais c vários indicadore s dc pa rticipação
,r ’ Dados doTSE , com 96.8% dos votos apurad os. eleitoral.
cipard e cam panha, tudo isso p ass a a ser um direito e um de ver soc ial, e demons nas do lírasil dese nvolvido. Não obstante, em lerm os relativos, quand o colocáva
tra r habilidade nessas atividades torna -se fonte de prestígio social. 0 nível educa mos no de nom inadora populaç ão total do Brasil subdesenvol vido, que era predo
cionalmais a lio pe rm itiriainterpretações mais el aboradas,mai s complexas,mais ininantemente rural e, àquela época, tradicional, o grau de conflito perdia signifi
abstratas e mais i deológicas da política, ainda que não necessariamente ma is cor cação. Assim sendo, as teorias do desenvolvimento político e da modernização
retas. Até aqui acompanho a tradição teórica do desenvolvimento político; mas política perdera m a plicabili dade ao processo político bra sileiro na me dida em que,
essa linha de teorização não termina nesse ponto, insistindo em «pie a política, implicitamente, previram a paz s ocial e o fim da ideol ogia como ponto de ch ega da
imp orta nte como e la é, não é vista como questão rie vi da ou m orte. O desenvolvi para o Brasil através de um cálculo teórico baseado na experiência dos países oci
me nto. a integração social, a diminu ição da desigualdade socioeconômica, o for- dentais desenvol vidos, parti cularm ente dos EUA, num modelo re til inca r e
talecimenlo do se ntimento de exc elên cia nacional teri am como impli cação a di irreversível.3 ™I loje, vemo s que aquele m odelo se aplicou so mente a alguns país es
minuição da variância política, o estreit amento da margem de discor dância, o desenvolvidos, dura nte dois ou três decéni os. Ess a teoria só seria aplicável uni
fortaleci men to das regr as do jogo. A políti ca já não resolver ia problemas funda versalmente se outra teoria, que supus esse uma “etapa” de co nflito en tre a políti
mentais, em grand e pa rte já resolvidos atravé s dos m ecanismos do consenso. 5*0A ca tradicional, que seria o ponto dc partida, e a política de “resultados", thlfars
política deixa ria de ser ideológi ca, ' estru tura r', para ser “d e resultados”, feijão- and cents ou bread and butter, que seria o de chegada, também o foss e.
com-arroz. Esse modelo, que afirmava o fim da ideologia, foi consi derado uma
descrição adequada dos sistemas políticos existentes no continente e uropeu e nos Diferenças regionais na concentração do poder político
EUA durante quase 20 anos , a partir do fim da II Guerra M undial,™ e servi u de A dispersão eleitora l (ou seu oposto, a concentração eleitoral) pode ser estu
orientação para os países subdesenvolvidos, mas estava (e está) longe de descre dada através da percentagem, sobre o total, dos que fora m eleitos pelos principais
ver o Brasil desen volvido, para não men cionar o líra sil subdesenvolvido. C ) Brasi l
partidos em cadaest ado.Somando- seo nú me ro dedeputados elei tos pelos dois“ 3
desenvolvido aparecia como sociedade participante apenas em contraste com o
principais pa rtidos decada estado edividind o ess e número pelo total de eleitos n a
Brasil subdesenvolvido, e seria ingenuidade acreditar que o Brasil desenvolvido
região, obtemos um in dicad or do grau de concentração do poder eleitora l. Os da
se aproxi ma, ou que se aproximou em algum mom ento, do pólo partici pante. Não
dos referentes à C âmara Federal revelam que em 1945, 1950,19. 54, 1958 e 1962 a
há indicações de que houvesse alto consenso no Brasil desenvolvido durante a
concentração foi m aior no Brasil subdesenvolvido e me nor no Brasil desenvolvi
vigência da democracia representativa. Ao contrário, as correlações entre situa
do. Kssa diferença também foi sistemática nas eleições para as assembléias
ção de cla sse e consciênci a de class e, po r um lado, e atitudes políticas e p referên
legislat ivas. Houve, tam bém, uma tendência ao decréscimo d essa percent agem,
cias partidá rias, por o utro, sugerem uma forte polarização política na Guanabara,
nos dois tipo s de eleição, par a a Câmara Federal e para a Assembléia Leg islati va,
com base nas clas ses sociais, e conferem uma funç ão pre dom inante à ideologia. O
tanto no B rasil desenvolvido quanto n o Brasil s ubdeseirvolvido. Assim, a urba ni
lírasil desenvolvido seri a então um a socieda de com clar os conflitos entre as ces
zaçã o e a industrialização , junta m en te com a cr escente complexidade da estru tu
ses. Esses conflitos lambem se encontram nas principais metrópoles do Brasil
ra de classes e a crescente organização dos partidos políticos, implicaram uma
subdesen volvido, onde sua intensidade talvez já seja supe rior à das zonas urlja-
tendênci a à eqiiidistri huiçào do p oder eleitoral entre os partidos.
Como são e leitos mais representantes para as assemblei as legislativas do que
Creio que é sobretudo nesse s casos que o Estado tem a função de m anter ao inesmo tem po a para a Câmara Federal, um pa rtido pequeno tem ma ior probabilidade de el ege i
unidade da sociedad e e a dom inação de nina ou mais cl asses. A unidade se mantém mediante o
estabelecimento detàru fes no grau de desigualdade econômica entre as cl asse s e ded onn iuçã o um representante para a Assembléia legislativa do que para a Câmara Federal,
política po r uma ou ma is cl asses , perm itindo satisfazer às aspirações bási cas das c lass es dom i uma vez que o q uociente eleitoral e m enor. Assim , outras cois as sendo iguai s, um
nadas. Ver Poulanlzas, iy6 B. Note-se, p orém, que nas soci edades subdesenvolvi das <• trad icio núme ro m aior de p artidos ult rapassa o quociente eleit oral e ele ge pelo menos um
nais o Estado era essencialmente difere nte daquele das sociedad es desenvolvidas, enqua nto a representante. Isso implica maior dispersão eleitoral. Conseqüentemente, o re
religião e a Igreja tinham a função de legitimar a ordem exist ente, inc lusiv e o sist ema de do mi
nação, e i le m ante r a unidade da sociedad e. sultado concreto
maior tio que nasé assembl
que a concentração do s.
éias estaduai poder
Essaeleitoral
diferençanapCâmara
ode serFederal é tanto
observada
Essa característica sc traduz iu num a perspectiva teórica que proclam ou o fim d a ideologia
como elem ento relevante da po lítica nos pa íses desenvolvidos (ver Bell, 1961) Arou e R okkan no Brasil desenvolvido quanto no Brasil subdesenvolvi do.
també m expressaram idéias semelhantes. E sses trabalhos, em sua m aioria, foram escritos :io
fim da década de 1950. Quero cre r que a crise dos países capitalistas cent rais na década de 1960
principalm ente nos seus anos finais, pôs cm questão essa perspectiva, cxigiiidosu a reformulação. •I'* A reversibi lidadedodesenvolvimentopolíticofoisublinhadapo runi dosmaisargutosdefen
Mas cia voltou à tona, de forma m odifi cada, com os trabalhos de Franci s Fukuyama, entre ou sore s desse conceito. Ve r Hu ntingto n, 1965.
tros. 1A escolha de dois é arbitrária, como seria a de qualquer outro número.
Km im ha lho a nterio r, relacionei a dispersão eleitoral com a urbanização.5 21 truída s são mu ito m ais numerosas no Brasil desenvolvido.3 *7Conseqüentemente,
Essa relaç ão foi prevista com base naque la exist ente entre urban ização e indus os partidos pequenos eram (e são) mais fortes no Brasil desenvolvi do.
tri ali zação, por um lado, e complexi dade da estrutura ocupacional , po r outro. A A p rim eira m aneira de verificar a correção das hipótes es anteriores é, si m
estrutura ocup acional está na bas e tia estrutura de interesse s econômicos, e os plesmente, investigar quantos partidos eleger am pelo menos um repr esenta nte
vários grupo s ocupac ionais com interesses especí fico s, uma vez mob ilizados, re em cada estado. O número de partidos que elegeram pelo menos um deputado
querem repre sent ação políti ca. Num a regi ão urb ano-industrial, portanto, há mais federal foi mais alto no B rasil desenvol vido do que no B rasil subdesenvol vido: em
grupos pressiona ndo po r uma adequada representação política de seus interesses todas a s cinco eleições , o Brasil desenvolvido teve, em média, um núm ero m aior
econômicos. Assim , as teorias dos grupos ile inter esses levam à previsão de que o de pa rtidos elegendo pelo m enos um d eputado federal em cada est ado, lús se nú
Brasildesenvol vido,cujaestruturaocupacionalémais complexa,t eria inaiorgrau mero cresceu durante o período, tanto no Brasil desenvolvido quanto no Brasil
de dispersão ele itoral.3 45A dispersão eleitora l deve ser compreend ida a p ar tir de subdesenvol vido, mas o crescimento absol uto no p rime iro foi m aior, provocand o
dois componentes principais: um a ume nto nas diferenças entre as duas regiões. Km 1945, a diferença era de 1,3 ,
e em 1950, de 1,2; cm 1958 , aum entou para 2,2, e em 1962 atingiu 2,6. A ssim, a
• o núm ero de pa rtidos que concorr em e /ou elegem candidat os; c concentração do poder politico-representativo nas mãos de poucos partidos foi
• a igualdade na distrib uiçã o de votos entre os vários partidos concorren tes. mais característica do Brasil subdesenvolvido do que ci o B rasil desenvolvido. Se
O estudo de Soar es e Noron ha (1960) u til izou u m indicador m ais preci so des consider armos os partidos que eleger am pelo menos q uatro deputados feder ais ,
se conceito e que leva em consideração os doi s componentes. T al estudo demo ns chegamos ãs mesmas concl usões: em todas as elei ções a tax a foi ma ior no Brasil
trou a relaç ão positiva existent e en tre a urbanização e a dis persão eleitoral .^ A desenvolvido do que no B rasil subdesenvolvido.
hipótese que ex plicaria essa rel ação seria a de que a complexidade da estratifi cação De 1945 até 1962 , o Bra sil desenvolvido apresentou uma taxa de m ultip ar ti-
está re lacionada com a complexidade dos interesses. Novos grup os ocupacionais darismo sup erior à d o B rasil subdesenvolvido.3 2* Essa taxa cresceu no B rasil de
têm novos interesses que exi gem representação política e, f reqüe ntem ente, uma senvolvido (exceto em 1962) , mas no Bra sil subdesenvo lvido permaneceu estáve l.
nova ideologia ou uma nova ver são de uma antiga ideologia c ató um nov o par ti Não ê possível explicar es sa tendência pelo aum ento do n úm ero de estados e ter
do. Con tudo, como a função da ideologia é mais relevante no Brasil desenvolvido, ritório s do Brasil subdesenvolvido; no má ximo, ess e aumento pode ria ser invoca
os pequenos partidos ideológicos deveriam aparecer mais consistentemente no do para e xplicar as tendências observadas entre 1945 e 1950, mas de 1950 até o
Brasil desenvolvido (mais ideológico) do que no Brasil subdesenvolvido (menos fim do período d emocrático o núm ero de esta dos e territ órios do Brasil subde sen
ideológico). Acrescento mais um argumento: os pequenos partidos ideológicos volvido (19) foi constante.
raram ente são apoiados pelos menos instruídos. R epresentam invers ões a longo A p olíti ca dos estado s subdesen vol vido s foi dom inada por um núm ero redu
prazo, sem qualquer possibilidade de recompensas atravé s da obtenção do poder. zido de partidas: um , dois ou, no máximo, três. Nos estad os do Brasil desenvolvi
A postergação de gratificações e as perspecti vas tem porais a longo prazo são qua do. ao con trário , houve ma ior dispersão eleitoral: vários partidos conseguiram
se mon opó lio das cl asses mais instruídas e ricas, sem problem as de sobrevivência pelo menos um deputad o federal e al guns alcançaram uma representação ra zoá
imediata, embora o sist ema eleitoral pos sa proporcionar um tipo de gratifi cação vel na Câmara Federal. Es sas diferenças significam que as regras do jo g o po lít ico -
aos que votam em pa rtido pequeno: eleger, pel o menos, um representante. Aspi oleitoral eram (e são) diferentes nas duas regiões. Qua nto m aior a dispersão elei
raçõ es de dom inação e controle do pod er instituc iona l não podem ser satisfeit as a toral. m aior a tendência a form ar alianças c coligações eleitorais.3 29
curto prazo. Os partidos ideológi cos pequenos dependem, portanto, de um am i
noria in struída e dedicada. E ssas minorias são encontradas com m aior freqüência Diferenças regionais na força dos partido s polít icos
nas cl asses médias com nível secundário ou u nive rsitário do qu e nas cla sses ru
Os três maiores partidos conservadores em 1945 (PSD, UDN e PR) obtive
rais ou nas classes trabalhadoras. Km cifras absolutas, essas classes médias ins
ram, até 1962, uma percentagem claramente menor dos deputados federais do
32i Ver Soares & No ronha , 1960.
11 Note-se que esse maio r peso das clas ses médias no Sudeste se refere som ente às clas ses
325No te -sc que esse raciocíniológicotambémestá inseridonumco ntextoformal,legaleinstitu
cional. O sistema tio representação proporciona l é condição necessár ia para que se ob serve maio r m<-dias com educação secundária c ompleta o u mais.
[l 1Mu ltiparlidarisino não deve ser confundido com fra gmentaçã o. Esse problema foi Iratado
d is]ícrsão Clei loral.
A fórm ula, desenvolvida po r Duncan M acRae, é a seguinte: 10 .S P log 10 l\ , onde S indica pelei iteinen lcpo r I-ava tcda e l.inia.Ir.
soma, e a proporção dos votos dados ao partido i. Para N partidos com o mesmo número de 1 ' Mas es se :i ão é o único fator que influen cia a formação das alianças e coligações eleitorais;
•iMlrm, como o n ível e a importâ ncia da ideologia, são f undam entais. Algun s dess es fator es são
votos, o resultado será N. 0 lim ite superior, portanto, é dado pelo núme ro de pari idos que con
correram ás elei ções. m i ’, imp ortante s no Bras il subdesenvolvido.
Brasil desenvolvido do que do B rasil s ubdesenvolvido. Em 1945, o nível eni alto bili zação da cl asse t rabalha dora atin giram o seu lim ite e estagnaram, enquanto
nas duas área s: 72% dos dep utados federais eleitos no B rasil desenvolvido eram no B rasil subdes envolvido ainda ha via grandes contingentes da c lasse trabalha
ou pessedi stas ou udenistas ou pe rrístas, ao passo que a cifra para o Brasil subde dora e de pobres esperando incorporação. Todavia, as diferenças relativas entre o
senvolvi do era 89% . Havia u ma diferença, mas o do mínio dos partidos conserva Brasil desenvo lvido e o Bra sil subdese nvolvido continuaram depois de 1964. Na
dores era absoluto nas duas regiões. Km 1950, houve uma grande modificação, quin ta legislatura, cm 1966, a Aren a elegeu 53% dos deputados federais no Brasil
pois os partidos conservadores perde ram mais de 1/3 da sua força eleitoral rela ti desenvo lvido e 69% »0 Bi asil subdesen volvido, enquanto o M DB elegeu 47% dos
va no Brasil desenvolvido, baixando de 72 para 47%, enquanto no Brasil subde deputado s fede rais no Brasil desenvol vido c apenas 31 % no Brasil subdes envol
senvo lvido a redução foi me nor: 79%. A hegemonia dos partidos tradicion ais nos vido. Na sexta legislatura, em 1967, aumentaram um pouco as diferenças, uma
estados subdesenvo lvidos continua va intocada, enqua nto no Bra sil desenvolvido ve / que a Arena elegeu 55% dos deputados federais no B rasil desenvolvido e 77 %
eles perderam o contro le absoluto da situação. Nas eleições de 1954 e 1958, houve dos deputados federais no B rasil subdesenvolvido; inversamente, o MD B eleg eu
poucas modificações na força eleitoral dos pa rtidos p olíticos conservador es, que 45% dos deputado s federais no Brasil desenvolvido e 23% no Brasil subdesenvol
continuaram nter um pouco menos da metadedos deputados feder ais elei tos pelo vido.
Brasil desenvolvido c, aproxim adam ente, 3/4 dos depu tados federais eleitos nos
estados do Bra sil subdesenvolvido. Em l% 2 , houve nova redução na força des ses Diferenças regionais na composiçào das direções partidárias
três partidos tradicionais. No Biasil desenvolvido, a percentagem de deputados
federais eleitos pelos partidos tradicionais baixou de 44 para 37%, e no Biasil Analisemos
presenta a goradentro
ções regionais es sa mesma relação
d c cada de ouQue
partido? tro partidos
ân gulo:são
quadomina
l a força das
dosre
pe
subdesenvo lvido, de 74 para 62%. Evidenteme nte, estávamos diante de um fenô
las se ções corresponden tes aos estados subdesenvol vidos? Evidentem ente, a re
meno nacional, uma vez que no espaço de 17 anos os très partidos tradicionais
presentação na Câm ara Federal é uma me dida m uito impe rfeita da força de ca da
pass aram dc um dom ínio absoluto da Câmara dos Deputad os (el egeram 84% dos
esta do ou região na determinação do comportam ento do partido com o um todo,
deputados em 1945) para uma sit uação na qual, pela prim eira ve/, na história po
mas a utili dad e desse indicador aumenta qua ndo se exami na o com portamento
lítica do Brasil, eles poderiam perder a maioria na Câmara dos Deputados e a
do partido na própria Câmara, a v otação de projetos et c. Os dados demonstram
direção política d o país. Em 1962 , os três partido s tradicionais e conservadores
que, em 1945 e 1950.. a UDN era fortem ente depen dente do apoio eleitora l recebi
elegeram som ente 52% dos deputados federais. Na direção oposta seguiu o con
do nos estados subdesenvolvidos, dependência maior ainda que a do PSD. No
ju n to do s m aio re s p a rt id o s re fo rm ist as e es qu er dis tas , PCB, F f » e PSP (c u jo
período democrático, a dep endênci a do PSD aumentou, enquanto a da U DN di
reformism o é discutível}, que aumentaram sua força eleitoral .
minuiu. Essas modificações, porém, foram de pouca monta.
Em 1945 , ess es par tidos em con junto elegeram 27% dos deputados federais
A UDN o o PSD eram pa rtidos de penet ração muito m aior nos es tados subde
no Brasil desenv olvido e somente 5% no Brasil subdesenvolvido. Km 1950, houve
senvolvidos, em contraste com os partidos de orientação refor mista e pop ulista, o
uni salto na representação partidá ria dos grandes partidos de esquerda no Brasil
PTB, o PSP e o PCB. A análise de tendências revela que não h ouve m odifi cações
desenvolvido, passando a 45% do total de votos. Note-se que ess e increme nto teve
substanciais na percentagem, sobre os deputados federais eleitos pelo PSD, cor
lugar a desjXMto da retirad a do PCB da arena eleitoral. No Brasil subdesenvolvido,
respondente aos estados subdesenvolvidos. O mesm o se apl ica à UDN . pa rticu
esses partidos continuaram crescendo e elegeram 12% dos deputados federais.
larme nte a pa rtir de 1954, já que em 1945 e 19 50 sua dependên cia em relação ao s
Não obstante, nota-se uma grand e diferença entre o Bras il desenvolvido e o sub
votos ob tidos nos estados subdesenvolvi dos fora u m pou co maio r do que nos anos
desenvolvido. Km 1954 , dec resceu a per centagem do total dc deputados federai s
posteriores. O PTB, ao contrário, modificou substancialmente a composição de
do Brasil desenvolvido eleitos pelos grandes partidos de esquerda. A proporção
seus deputad os fedei ais, incluindo uma prop orção cada vez maior de deputados
situou-se ao redor dc 1/3, nível que foi mantido em 1958 e 1962. Porém, esses
provenientes de estados subdesenvolvidos. Ess a tendência, diga-se de pass agem,
partidos co ntinuaram crescendo no Brasil subdesenvolvido, um a vez que, em 1954,
o PTB e o PSP elegera m 21% dos deputad os fede rais des sa área, aume ntan do essa não se deveu à p erda dc penetração do PI B nos estados desenvolvi dos, e sim a um
cresci mento m aior nos esta dos subdesenvol vidos . Dos p artidos e leit oralmente
percentagem para 23% em 1958 e para 30% em 1962. Em todas as ci nco elei ções
significativos, o PTB foi o ún ico que cres ceu no período 1945-62 . Em 1945, sua
examinadas, os partido s de esquerda peneiraram m uito mais no Brasil desenvol
representação na Câmara dos Deputados era 1 /7 da do PSD e menos de 1/3 da da
vido do que no Brasil subdesenvolvido, mas as diferenças relativas diminuíram
UDN; em 1962. o PTB suplantou em 25 deput ados a repr esent ação da UDN , qua
no período. Km verdade, a estabilidade oblida pelos partidos reformistas de es
se igualand o a do PSD. Eleit oralm ente, essa foi u ma das modificações mais rele-
querda no Brasil desenvo lvido l eva a pensar q ue a i ncorpo ração eleitoral e a mo
vanles do período dem ocrático de 1945 a 19 64, juntam ente com o crescimento na um desses partidos. O predomínio desses deputados no PSD e na UDN determi
participação eleitoral. nou em boa parte o comportamento ultraconservador desses partidos nas ques
Outra modificação importante no período foi a diminuição na penetração tões diretamen te ligadas ao i nteresse dos proprie tários agrícolas: projetos de re
relativa dos pequenos pa rtidos nos estados subdesenvo lvidos e , inversamen te, o forma agrária, extens ão da cobe rtura da C LT aos trabalhadores do campo etc.
crescimento d e sua penetração nos es lados desenvolvidos. No in ício d o período, Como os deputado s eleitos por ess es partidos nos dois es lados mais indu strializa
qua lro entre cinco deputados feder ais elei tos pelos parti dos e leit oralmen te pe dos do país ( São Paulo e Guanab ara) eram m inoria, não houve um a nítida cisão
quenos represen tavam estados subdesenvolvidos; em 1962 , somente um em três inter na re gional com base nos con flitos de int eresses entre os estados i ndu striais
estava nas mesmas condições. Para explicar essa tendência, antes de pensar mim a e os agropecuários. I louve, no seio da UD N, sério co nflito com a seção cari oca,
modificação na estrutura de relações entre os partidos pequenos e a infra-estru que, comandada po r Carlos L acerda , propugnava por um conservadori smo mais
tura socioeconômica, convém indagar se essas modificações não poderiam ser urbano e “m oderno”, com ênf ase no moralismo, na eficiênc ia, no liberalismo eco
expl ica das, ao menos em parte, por uma modifi cação na h ierarquia eleitoral entre nômico, num ferrenho anticomun ismo, o que contr ariava frontalmen te os cost u
os partidos pequenos. Efetivam ente, vemos que em 1945 o PR respond ia por sete mes polí ticos e o tipo de tradicionalismo da UDN dos es tados r urais. No PTB ob
dos 16 deputa dos federais eleit os pelos pequenos partid os ;** em 1950 , o PR c o servou-se uma influência crescente dos representantes dos estados menos
PST eram os maiores partidos pequenos, com II c nove deputados feder ais, res desenvol vidos . Mas o con flit o existent e de ntro des se partido tinha tam bém uma
pectivamente. Km co ntraste, o I* I N linh a cinco d eputados, o PDC, dois, e o PSB, dimensão estadual: por u m lado, os votantes das capitai s e grandes ci dades, p rin
um. Km 1962 , inverteu-se a si tuação: o PDC p assou à condição de ma ior partido cipalme nte do Nordeste, re presentando as mas sas urbanas operárias, sulwm pre-
gadas e desempregadas e, em geral, com posiçõ es bastante radicais; p or ou tro, os
pequeno, com 2 0 deputado s, um a m enos do que o PSP , seguido do PTN, com 11
representantes das cidades pequenas, alguns deles coronéis rura is descontentes
deputados. 0 PR, ao co ntrár io, perdeu toda a expressão elcitor.il, ficando red uzi
com as deci sões dos partidas conservadores no nível estadual e cujas posições
do a quatro dep utados feder ais, um a menos do que o PSB, todos elei tos por M i
variav am de um reformismo suav e a um conservadori smo declarado. No nív el
nas Gerai s. A m udança na relação entre os partidos pequeno s e o n ível de dese n federa l, tais conflitos geralmente fora m soluci onados na direç ão reformista, para
volvimento dos estados se explica pelas mudanças na força eleitoral entre os
o que co ntrib uiu m uito a posição popu lista da s eção gaúcha, cujo peso era consi
partidos pequenos. Decresceram os partidos de eentro-direita, com base rural e
derável na direção nacional.
regional, como PR e PL, e cresceram os partidos de centro e de centro-esquerda,
com o PTN. PSB e P DC. Ou tro pon to a considerar c a exi stência efémera de mu itos
partido s pequenos que representavam somente um a cis ão tempo rária no seio d e A politi ca do atraso: tradição
um partido grande, deixando de ex istir com a sol ução do con fli to. Cas o típico foi o
A política nas áreas rurais das regiões brasileiras subdesenvolvidas era tradi
PST maranhense. Inex istente em 1945 , quando o PSD el egeu se is dos nove depu cional . O tradicionalismo é aqu i conceit uado como uma a mpla orientação de va
tados federais, surgiu com 47 m il votos nas eleições municipais seguintes, en lores, com ênfase em suas dimensões parlicularistas,adscritas03 e sagradas,:c"
quan to o PSD praticame nte desapar eceu, obtendo menos de 4 m il votos, situação em contraposição às un iversalist as, ad quiridas e seculares. Es sa orientação era
que pers istiu em 1950, quando o PST rec ebeu ma is de 75 mil votos c o PSD inte protegida pelas condições socioeconômicas dominantes c ao mesmo tempo aju
grou uma ali ança pluripa rtidária que re cebe u m enos de 68 m il votos. Km 1954, dava a m antê-las. Viceja num padrão específico de organização soci al e não pode
desapar eceu o PST. ressurgind o o PSD com mais de 185 m il votos. Em 1962, per ser bem com preen dida sem referência ao mesmo. Dura nte séculos essa organiza
sistia a norm alidade: o PSD e legeu li dos 16 deput ados federais eo PST nào concor ção social mud ou p ouco nas regiões rurais do B rasil, sem sofrer allerações ess en
reu « is eleições. Evidentemente, o PST foi usado como p artido do rm itório de vido à ciais:” 4 ana lfabetismo gen eralizado, falia de partici paçã o soci al e política, sub-
impossibili dade de a e lite maranhense conviver, naquel es anos, denlro do PSD.

Implicações para a orientação dos partidos e•' •lenterios


A definição de pindependentes
que são articu hrismdaorelação
m ais conhecida
par éticular
de Talcott
com nParsons (1954:41-2):
ina determ inada“Os padrões
pessoa podem ser
chamad os de universali stas; poro ulrolad o, osquese a plicai n em virtude de uma tal rel ação sã o
A pre dom inância de deputados federais eleitos pelos esta dos rurais e agríco parlicularistas".
las no sei o de vário s par i idos políticos teve implicações para a orientação de cada '• A definição adotada de “adscrição” (■ tamhém pnrsouiana: "os resultados api eciados [valued]
das aç ões dos indivíd uos " (idem, p. 75).
*“ Para um d esenv olvimento conceituai dessa i déia, ver Hcckcr, 19 50.
339 Além dess es sete, o PR pode te r elegido un i ou m ais dos seis depulados eleitos em chapa 11 Issoevidentemenlcnãos ignifi caque aorganizaç ãosocialeo sist ema devaloresdessas soci e-
com um com a UDN . Os dados publicados pelo TSE são omissos quanto a iss o. ikde s sejam imu táveis, e sim qnc, na m aioria absoluta dos caso s, as mudanças não alteraram
missão quase com pleta dos escravo s c dos lavradores da pe riferia, em con traste O sistema de autoridade na política do atraso se encai xa ness a descrição. Tanto
com um a pequen a e refinada aristocraci a dom inante. O poder políti co era clara a ordem soci al como o direito não que sti onado dos proprietários à propriedade,
men te um a conseqüência da posiç ão social e da posse de terras; era, e ate certo ao sfri íf/s, à autoridade c ao poder dem onstram isso . A Igreja, obvi amente, não
pontoainda é, considerado um papel “n atural" herdado pelos membros das f amí apoiava a ordem existente per se , mas contribuía para a sua manutenção (w la sua
lias dom inantes. Como os proprietários jamais consideraram os es crav os como forte oposição a ideologias que pudessem causar mudanças revolucionárias ou
força política, nem os seus descendentes consideram os lavradores como tal, a qualquer espéc ie de mudança radical. Portanto, contribuía im plici tame nte para a
política local era essencial mente um negócio de família. O m unicípio, na maioria preserv ação da ordem e xistente. O si stema social tradicion al — do qual a Igreja,
das vezes, tinha mais de uma família dominante, c quando isso nào acontecia, antes do Vaticano II, era parte — cooptava os membros das clas ses dominantes
freqüentemente oco rria uma diss ensã o no sei o da família dom inante que a divi por meio de um simbolismo paternalist a. O proprietário linha , freqüentement e,
dia cm dois ou mais grupos em conflito (usualmente dois). Uma dessas famílias funções paterna listas; batizava os fi lho s cios lavradores c, como p adrinh o, dava
geralm ente se as socia va à U I)N e a ou tra ao PSD, mas algumas v ezes elas se abor recompensas “extras' * ao l avrad or. Este tinha um nível tão baixo dc aspirações
reciam com as decisões nacionais ou estaduais do partido c simplesm ente esco que ficava profundam ente agradecido e senti a-se devedor quando sua fil ha pe
lhiam, entre os outros partidos, um rótulo conveniente para continuar coin a mes quena recebia uma boneca do homem que lhe pagava menos do que o salário
ma po líti ca trad icional de famíl ia. mínimo; consi derava a pobr eza um fato natura l e não tinha nenhum a aspir ação
A orientação polí tica era partici ilarist a, profundam ente influenciada por re maior. I\ P. R, lavrad or num a fazenda de Minas Gerais, estado incluído n o Brasil
lações int erpessoais, cm contrapo sição a orientações universa listas e ideol ógicas. subdesenvol vido, disse numa entrevista: “A g enti tem q ui trabaiá pruque bem
O lavrador votava no can didato do prop rietário simplesmente por que ele era can mesmo a genti num fica, u qui faria é ficá velho, si Deus aj uda, u s inhô num acha
didato do pro prietário c pronto (isso quando o candidato não era o próprio pro
qui tá certo? As veis t em genti qui ganha a sorte grande mas perde t udo” .
prietário ou um mem bro próximo da fam íli a). A elite dominante, po r sua vez,
1«. referindo-se à possibilidade de enganar o patrão, q uand o lhe pergun taram
aceitava a liderança po lítica como uma coisa natural. Kra um papel atr ibuíd o ao
qual a su a opinião sobre um bom trabalhador, afirmo u: “Enganá u patrão é mes
varão bem nascido, e não algo a ser conseguido. Essa concepção da p olítica cm
mo q ui enganá Deus, aqui eu tenho 14 anos, nunca de i bolo em ninguém , aprendi
função das eli tes era aceita pelos l avradores, para n ão dizer nada da pr óp ria elite
na isperiência e pelo pode r de Deus. Os pobre tem qu i ajudá u patrã o, sinão el es é
dom inante. Isso s e devi a em p arte à falt a de contato com o m undo exterior, parti
cularme nte aquele qu e pudesse violar ess a conc epção, e em parte à dependência qu i p erde ..."338
O conceito web erianu da autoridade tradicional é, em parte, apli cável aqui. A
de todo tipo, particu larm ente econôm ica e fi nan ceira, em relação ao patrão. Kss a
conc epçã o, juntam ente com uma orientação particularism de val ores, ajuda a ex dureza da vida é considerada natu ral e a desi gualdade é incont estada. Há um cer
plicar o uso insli uinental, não-ideológico, dos partidos políticos, assim como da to fatalism o:33'’ a mudança e a continu idade são a tribuídas à vontad e dc Deus;
propriedade pública, por parte da elite. Clarifica-se, assim, o sentido da sobrevi conseqüentemente, a situação econômica também o era. Evidentemente, essas
vência dos padrões po líticos da Rep ública Velha. crenç as não favoreciam a rebelião ideológica.
Num sist ema tão estaci onário, a mudança linha que começar fora. Várias
A dimensão sagrado mon ografias descrev em as modificações de sses padrões srcinais da política m u
nicipal bras ileira.3 37A mudança representava, porém, um investim ento a longo
Weber (196 1:7 ) assim d efiniu a autoridade tradicional: prazo para um partido polít ico, e só depoi s de m uitos anos é que os primeiros
A a utoridad e tradicio nal .sebaseia na fé na natureza sag rada da ordem so cial e de rendim entos dess es investimentos começaram a aparecer . Porém, houve mu dan
suas prerrogativas como existiam nos tempos «I n ontrora. A a utoridad e patriarcal ças: em m uitos m unicípios, o PTB s e transformou num partido representativo da
representa seu lipo piir o. O corpo po litico 6 baseado em relações comuns: o homem
que dom ina é o ‘senh or' que governa súditos' obedientes. O povo obed ece ao se l'r.lr«svi s:a feita por Edgard D utra Neves cm Ix-opoldma, MG, em ju lh o de I9 60 . E ssa s en tre
nhor pessoalmente, pois, tradicionalmente, sua dignidade é reverenciada; a obediên vistas f oram colhidas em áreas rurais relalivaitien ic desenvolvidas em comp aração com as nor-
cia baseia-se na devoção. As orde ns sao essencialmen te impostas pela tradição ." «lesl inas. 0 au tor agradece a Joseph Kahl pe lo uso dessa citação < ; das subseqüent es.
3,1 Joseph Kahl (1962) descre veu uma síndrom ede tradicia nalism o da qual o fatalism oéo traço
dom inante. Os habitantes de vilas rurais tiveram u ma classificação m uito mais elevada nas vá-
substancialm ente nem o sistema de po der nem a distribuição «los benefí cios socioeco nónv.cos
i las escalas comp onentes do que os habitantes das cidades com educação semelhante. A co ndi
da sociedade (na direção da eq üidist: i buição), po r un i lado, nem a distribu ição po r clas ses «los
ção social e oluga rde residência eram bons previ so res. Note-se que o estudo de Kahl foi realiza
papéis políticos, econômicos e sociais, nem os diferen ciais entre classes da pa rticipação poltlica do num a área rural relat ivamente bem-desenvolv ida. Ver também Kahl, 1968.
e social ( na direção da e qiiipai ticipação ). por outro. Ver. por exem plo. Carval ho, 1958; Castro, I960; Samp aio, i960; D iniz, 1964; e Sil va, I960.
clas se trabalha dora. Eleitoralm ente, bascava-se na cla sse trabalhadora» tinha um guiam-se da baixa classe média, dos não-manua is de rotina, não po rque houv esse
alistamen to eleitor al seletivo c uma ideologia. No final do pe ríodo, em áreas nor entre ele s m aior núm ero de adepto s do PTB, mas porque havia menor n úmero de
destinas mais pobres, alguns lavradores fora m o rganizados, por pess oas de f ora, adeptos da UD N, ind o a diferença para os oulros pa rtidos .110 Portanto, a anális e
em ligas camponesas de orientação reform ista, sociali sta ou comu nista. O tradi- das relações entre situação de clas se c preferência partid ária nu m estado metro-
cionalismo , porém , foi e é o principa l obstáculo à r ebelião ideológica. Mas a me politano do Brasil desenvo lvido (Guanabara) revelou a base de classe da política.
nos que as condições socioeconômicas sofram mudanças drásticas antes que o
tradicionalismo as sofra, essa é uma batalha contra o tempo. Talvez seja melhor A consciência dc classe
citar a fil ha do lavrado r pobre que, ao s e refe rir àquel e prop rietário que seu pai A idenlificação com as cl asse s sociai s341também mo stra um padrão re lacional
respeil ava como a Deus , afirmou : "Quero de ixar o campo porque no campo o tra semelhante. Entrevistas q ualitativas su geriram q ue as categori as usadas pel a po
balhador ru ral e sua fam íli a são esc rav os do p roprietário; o tempo da escrav idão pulação em geral p ara descrever sua própr ia classe variavam . As categorias mais
iá passou, mas quem fica aqu i, fica como escravo”. freqüent es foram usadas para form ular um a pergunta pré-codificada que i ncluiu
seis cl asses : alta o u rica , alta classe média, baixa classe média, classe trabalhado
A político do desenvolvimento: projeto nacional, cla sse e ideolo gia ra, cla sse pobre e classe operá ria. Enq uanto a identificação com a classe pobre
Se a tradição e outras orientações não-ideológicas caracterizam a po lítica do parece ser isenta de conotações ideol ógicas, o mesm o não se pode dizer da iden ti
ficação com a cla sse trabalhado ra e a classe operária. O PTB geralm ente fazia sua
atraso, a política do dese nvolvimen to se caracteriza pelo papel mais relevante de campanha v<>llada para ambas as cl asses, mas a propaganda comu nista era dirigid a
sempenhado pela class e e a ideologia, assim como pela existência de projeto s para
todo o país, ainda que de form a abstrata. A situação socioeconômica e outras va principalmente aos “operários’ ', que represent am os trabalhadores da indústria.
riáveis ligadas à clas se são maus previsores do co mp ortam ento político em área s Tais cl asse s serã o aqu i engl obadas e denom inadas “traba lhadoras” , em contrap o
rura is atrasadas, mas o oposto c verdad eiro nas áreas urbanas e desenvolvi das. sição à fusão das classes alta e rica (ap enas algun s casos) e às dua s classes medias
Um núm ero consideráve l de estudos mo strou que, em vá rios paí ses, a situação dc (alta e baixa), qu e serão c hamadas de “médias” .
Em tod as as seis camadas ocupacionais, as pess oas que s e identificava m com
classe e as preferências partidárias estão correlacionadas.** Em outro tralialho,
a classe me dia aumentavam as pr eferênci as pela U DN e dim inuíam as pref erência s
constatei que a situação socioeconômica, m edida pela educação e a ocupação,
pelo PTB, em compa ração com as que se identificavam com a clas se trabalhad ora.
estava fortemente relacionada com a preferência pelos candidatos à presi
Por outro la do, de ntro d c cada clas se, a posição ocupacional continuava relacio
dên cia nas eleições brasileiras de 1960.3 WHavia um aum ento sist emá tico na per
centagem, sobre a votação tota l, dada à UD N, à m edida que se el evava a situação nada com as preferências parlidár ias, embora a relaç ão não foss e rigorosamente
linear e aditiva. A propó sito, a falta de preferência partidá ria estava positivamen
de classe.
te ass ocia da à idenlificação com a cl asse trabalhadora, mas nenhum a relação cla
Ao contrário da UDN, o PT15 decresceu com a elevação da posição. Havia
ra com a po sição socioeconômica pôde ser observa da.
semelbança nas preferê ncias par lidárias da classe alta c da clas se média, inclusive
Essa análise, poré m, usou categorias mu ito amplas dc identificação de clas
de seus segmentos intermediários. Quando passamos aos setores inferiores da
ses, sendo licilo perguntar se as categorias mais refinadas anteriormente referi
cla sse média, com os trabalhadores não-manuais dc rotina (dalil ógrafos, e scritu
das fariam quaisq uer outras diferenças. A resposta é sim: e ntre os trabalhadores
rári os.. balconistas, auxiliares de escritório), dim inue m as preferências pela UD N
especial izados, por exem plo, o PTB recebeu 24% na alta clas se média (in cluindo
e aum entam as preferências pelo PTB. Nessa camada ocupacional, porém , a UDN
nessa categoria alguns casos de identificação com a classe alta), 33% na classe
ainda contava com mais preferências do que qualquer outro partido. Os
média inferior e também na classe trabalhadora, 38% na classe pobre e 56% na
supervisores de ocupações não-ma nuais (capataz es, meslres-de-ob ras, cozinhei-
classe operária. Assim , a iden tifi cação de cla sses , com suas categorias mais refi
ros- chef es,sargentos,mecânicos-supervi sores) pouco sedistinguiam dab aixaclas
nad as, é um instrum ento poderoso para a previ são do comp ortamento e das ati
se média: eram a elite da class e trabalhad ora, lend o pod er de supervisão e ins pe tudes políticas.
ção sobreos dema is mem bros dess acla sse.Essaposi ção privilegiada resultounum a
identificação lim itada de seu s memb ros com a cl asse operária: nada menos do 3l" Nem as preferências por o utros par tidos que não a UDN e o PTIS nem a falta de preferência
que 55% — a maioria, portanto — se identificavam com a classe média. Distin- partidária mostravam um padrão definido, mas uma dicotomia cnlre trabalhadores manuais c
não-manuais sugere que os primeiros tendiam mais a preferir outro s partidos ou a não te r pre
118Lipscl (1981) analisa detalhadamente nniilos desses estudos. ferem*ias pavtidárias.
,:w Ver Soares, 196ia. 1,1VerCeiilers, 1959.
Talvez es se instru m en to poss a ser usado para compree nder a ideologi zação de gratificação relativa eram substituídos por sentimentos de privação relativa, à
da população rura l após a migração para as ci dades. Ess e é um pon to relevante medida qu e a vida urba na tornava a desigualdade soci oeconômica m ais visível. A
para est e cap ítulo, porqu e parte substancial das migrações internas é de ha bitan compe nsadora comparaçã o com um a paupé rrima vida ru ral se a pagava cada v ez
tes de zonas rura is e de pequenas ci dades do Bra sil subdesenvolvido para as mé mais no passado e dava lugar a uma comparação desvantajosa entre o próprio
dias e gr ancle s cidades do Brasil desenvolvido. Estudos an teriores sugeriram que padrão de vida e os p adrões m ais altos de ou tras pess oas. O nível de aspirações é
o migrante rural do Brasil muda alguns de seus pontos de vista políticos após a reativado p or essa s comparações e s e eleva. A mo bilidade para cima , em direção
urbanização. Simão (1956) sugeriu que ele p assava prim eiro para o PT 15e só d e aos nívei s mais especiali zados, com suas recompensas em dinh eiro c prestígio,
pois s e tornava com unista. Não disponh o de dados para verifica r essa hi pótese, ten de a restaurar o equ ilí brio. Quando a m obili dade para cima não ocorre, há um
pois à época cm q ue realizei est a pesquisa o Partido Com unista fora suspenso liá dese quilíbrio em fav or dos sentimen tos negativos e da privação relativa, cri and o-
13 anos. Mas, exam inando-se a teoria dos grupos de referência” ' e aplicando -a ao se condições favoráveis à radic alização. Porém , a religião e oulras va riáveis po
nível de clas se,3*'sup om os que, devido à tremenda desigualdade urb ano -rura l em dem ter inibido a radicalização, mesmo quando fortes sentimentos de privação
termos de riqueza e progresso geral, o migra nte rura l inicialme nte vê a si mesmo relativa se achavam presentes.3 45
como alguémq uesubiu,p ois acomparação desuaatualposição econômi cacom a
passada pro por ciona -lhe um sen timento de grati ficação re lativa. I sso pode acon A ideologia
tecer m esmo que ele estej a no fund o da estratificação urbana.3 44Na cidade, po
rem, as cl asse s altas e médias forçam uma com paração diferente. O mig rante pas Quas e todos os trabalhadores urbanos, volun tária ou involuntariamente,
participam dc greves e convênios coletivos. Muitos deles acompanham notícias
sa a perceber que é um desprivilegiado, mas ainda conserva certa satisfação
derivada da me mó ria com parativa com as pés simas condi ções de sua vida passa nacionais e internacionais. O jargão ideológico está sempre presente na lingua
da. A compreensão de que é desprivilegiado levaria u iuilos deles a se inclinare m gem diár ia de mu itos des ses t rabalhadores. Tais aspeclos est ão inteiram ente au
para o IT B . E ntretanto, o fato de observar padrões de vida mais altos el eva o nív el sent es das vidas dos lavrado res.
dc aspiração de mu itos deles. S e essas aspirações não forem satisfei tas, o m igran Por sua vez, a classe média urbana era consumidora de notícias políticas,
te estará predisposto à ideologização da extrema esquerda. Mu itos nunca passa m nacionais ou não.316 A educação e a vida urban a de ram g rande ênfase aos val ores
po r esse pro cesso , d evido a fortes se ntimentos religiosos e outras formas valorativas universal istas e do em preendimento. O em preguis mo público era intens amente
tradici onais. Mas outros, sim, e provavelmente teriam votado p or p arti dos radi com batido. A aliança nacional en lre o PTB e o PSD venceu várias eleiç ões, mas
cais se estes pudessem com petir. Nossos dados talvez expressem essa tendê ncia a esses governos foram criticados pela clas se média, com base principalm ente na
um aumento das preferênci as pelo PTB durante a urbanização entre trabalhado corrupção e no protecionis mo econômico. O moralismo era a questã o ideológi ca
res nào-especiali zados, mas não e ntre os especial izados, pois a proba bilidade de da classe média urbana, e a UDN urbana fez dele sua bandeira. O liberalismo
suas aspirações se reali zarem é m aior. Vale notar, també m, que exisle ma ior iden económ ico e o anticom unism o eram o utras orientações i deológicas da cl asse mé
tifi cação com a clas se operária en tre os trabalhadore s não-cspecializados do que dia urbana no Brasil .
entre os especializados. A política do desenvolvimento é, pois, uma política ideológica. Um partido
Dados de pesquisa eleitoral p or m im realizada no eulão eslad o da Guanabara nào pode m udar a orient ação socio econômi ca, com o objetivo de ganhar o apoi o
con firmam que a identificação com a clas se operária cresci a com os anos de resi de um a de term inada classe, sem p erder parte de seus seguidores nas cl asses q ue
dência urbana, mas principalmente entre trabalhadores não-especializados, em srcina riam ente o apoiavam . A polarização de clas ses era evidente em certas cida
bora o aum ento diferen cial não fos se estatisticamen te si gnificativo. E m ambo s os des, como Rio de Jane iro e Reci fe. Os partido s políticos aiiaem determinad as clas
casos, a identificação com a class e pobre decresci a, e a ide ntificação com a clas se ses po r m eio de seu prog rama ideológico e depois ficam presos ao s interesses d as
trabalhadora aumentava um pouco. Finalmente, a percentagem das preferências mesma s; de o ulro modo, perderão seu apoio. Como outros partidos competem
pelo PTB aume ntava com a experiência urbana entre os t rabalha dores não-espe- por esse apo io, ess es partido s tenta m fortifica r os laços existent es.
ciali zados, ma s não enire os especiali zados. Po rtanto, parece que os sentimentos

:l•' Para um d esenvolvim ento especu lativo teórico dessa teoria, ver M erton & K itt, 1957 . “ '■A religião, cm si, nã o tem orient açãopolíti ca determinada emlodotem poelugar.No perí odo
:l“ Para uma aplicação da teoria d os grupos île referência n o nível da clas se, ver Bo tl, 1954. dem ocrático an terior ;’ i explos ão da teologia da liberação, a intluância »la Igreja no Bra sil er a
311 Na maio ria dos países, os migra ines rur ais, soibretudo as mulheres, parece m levar de svanta bastante conservadora.
gem na pirâm ide de estratificação urbana . Ver I.ipscl & R cndix, 1959; c Soar es, 1 961c. Nas ú ltima s décadas, a difusão da televisão pod e ter alterado essa característ ica.
A política das áreas subdesenvolvidas, porém, não é idêntica à política das dica a natureza ideológica da Frente Parlamentar Nacionalista. Cumpre, porém,
áreas desenvolvidas. Nestas, a p olítica do interes se prevalece nas cla sses c nos insistir na diferença entre um a cultura política radical es querdis ta e uma cultura
grupos sociais que concorrem e aspiram a porções maiores do -bolo" nacional. política ideológica. Numa cultura política radical esquerdista, a distribuição das
Mas o cresci mento do bolo é um valor em s i; c a s leal dades nacionai s superam cm preferências políticas "corre” para a esquerda, em comparação com uma cultura
pujança as moderadas lealdades de grupo e de clas se. Ess as fortes lealdades à política conservadora. N uma cultura p olítica ideológica, polarizam-se as posiç ões:
nação eàs s uas insti tuições lim itam os parâmetros da discórdi a políti ca às di men os esquerdistas são m ais esquerdistas e mais consistentes, e os conservadores são
sões distribu tivas. N a po lítica do d esenvolvimento, as leal dades à nação, tomadas mais conservadores c també m mais consistent es. A oposição não é entre esquer
como algo abs trato e independ ente de suas i nstituições , são fortes, assim como as dista e conservador, mas en tre i deológ ico e t radiciona l.
lealdades dc clas se, mas as instituições nacionais, suas t radições e sua c ultura não Cabe agora pe rguntar: se o Bra sil desenvolvido ti vesse uma cultura política
merecem m aior atenção e não são percebidas com o essênci as da nação. O mais radical (e não m ais ideológica), que observaríamos? No seio de cada partido,
pragm atismo perd e sentido na p olítica, e os int eresses atuais são ocasionalmente a percent agem de m em bros da FPN seria m aior no Brasil desenvolvido. E se o
sacrifi cados em favo r dc- objetivos distantes, de sit uações futura s e ideais que são Brasil dese nvolvido foss e uma cu ltura m ais ideológica, c não apenas mais radical,
ideologicamente definidas. Como a situação ideal é ideologicamente definida, e que observaríamos? M aio r diferenciação entre os partidos no Bras il desenvolvido
com o cada unia dessas ideologias exerc e forte atração po r certas cl asses, mas não c m enor diferenciação n o Brasil subdesenvolvido. E o que observamos .
por outras, a política do desenvolvimento é ideológica, baseada nas classes so
ciais. Tabela 48
Imp acto da cu lt ura p olít ica sobre a fi li ação à Fren te Pa rlame ntar
Diferenças regionais no comportamento do Legislativo N aciona lista, deputad os f ede rais, 1 958 a 1962 ( % que perten cia à
Fre nte Pa rlam en tar Nac ionalista)3 “** __________
Este capítulo enfatizou que as modificações quantitativas substanciais na
Região
infra-estrutura econômica, sobretudo no nível de desenvolvi mento, podem pro
P a r t id o D e s e n v o lv id a S u b d e s e n v o lv id a
vocar alterações qua litativas na cultur a política, torna ndo -a ideológica e alicerça
da nas classes sociai s. UDN 1\%( 1 9 )* 35%
(51)
Se,ef etivamente,haviaduas culturas políti cas diferentes,uma dom inanteno PSD 26%
(34) 48%
(81)
Brasil desenvolvido e outra dominante no Brasil subdesenvolvido, então deve PTB 77%
(31) 51%
(35 )
mos encontrar diferenças comportamentais entre elas, além das atribuíveis aos Correlação gama 80 24
partidos políticos. Se, num mesmo partido, os deputados provenientes dc uma ' Tota is so bre os q i.ais as percentagens 'o ram calei. Inria s.
cultura po lít ica ideológi ca se comportavam de maneira diferente da dos deputa
dos provenientes de uma cu ltura polít ica tradicional e instrumen tal, justif ica-se a Tabcl?. 49
utilização desse conceito. Análise da variânci a — m ode lo íogi t sat urado
A Frente Parlamen tar Nacionali sta foi um imp ortante agrupamento que reu Fonte G r a u sd elib e r d a d e X2 P r o b a b ilid a d e
niu deputad os federais de dif erentes parti dos na luta contra o imperialismo, em Intercepto 396,54 0 ,0 00 0
1
geral, e o capital estrangeiro, em pa rticul ar. A FPN caracteri zou-se, t ambém , por P a rtid o 2 3 1.33 0.0000
adotar posições favoráveis às reformas de base que tinham uma orientação Região 1 1.35 0 ,2 45 5
socializante. S ua atuação foi ideológica. Embora a simp les fili açã o à Frente Pa rla Partido x Região 2 14.00 0 ,0 00 9
me ntar N acionalista não garantisse uma posição ideológica, não sendo possí vel, Resídu o 0

portan to, gara ntir a conduta ideológ ica de um deputado a p artir de sua fi liação à
I'rente, os deputados d a FPN, tomados em conjunto, se carac teri zaram p or uma Uma análise estatisticamente mais sofisticada, usando um modelo logit
atuação naciona lista esquerdizante. Assim, a FPN foi um divisor de águas no sei o saturado, co nfirm a nossas hipóteses, especificando um dos resultados. O pa rtido
da Câmara Fed eral. A filiação à FPN não se dis tribu iu aleatoriamen te entre os
partidos: pertenciam à FPN 78% dos deputados eleitos pelo PSB, 64% dos -----------------------------------------------------------------
.-----------------------------------------------------
petebislas, 42% dos pessedist as c 29% dos udenistas. Essa fi liação d iferencial in ,r Alguns dados sobre os membros da Frente Pa rlamentar Nacionalist a foram extraídos dc
Pereir a (1962) e ou tros fornecidos gentilmente por Plínio Sampaio .
(UDN , PSD e FPB) foi o grande determinante da f iliação - ainda que puramente as dimensões relevantes, que têm relações determináveis (não digo determina
form al - à FPN; a região, por si s ó, não teve efeito direto so bre ;« filiação à FPN, das, o que suporia um conhecimento que não tenho, nem ninguém ) umas com as
mas exerceu forte impacto através dos partidos. A interação de região e partido outras. Assim, tantoa configuraç ãodasdimensões que integram cada uma dessas
tev e um efeito m uito alé m de qualquer erro prob abilíst ico. As difere nças entre as culturas políticas quan to a sua estru tura de inter-relaçõe s deveriam ser descri tas,
(luas regiões não eram no grau de radicalismo, o que aumentaria linearmente a proporcionando um quadro compreensivo de cada uma delas. Essa, todavia, é
prob abilidade de filiação ã FPN no Bra sil desenvolvido. As diferenças eram ideo uma tarefa de fôlego que transcende em m uito as ambições do presente trabalho.
lógicas , um a vez que os deputados no Brasil desen volvido eram m ais coere ntes A econom ia rura l é predom inantem ente agrária, e a estrutura de clas ses das
com a orientação ideológica do partido . A orientação da Frente Pa rlamentar Na áreas rurai s é basea da, primordialmen te, na propriedade de terras, aproximan
cionalista e a do PTB eram semelhantes: a congruência, portanto, residiria na do se às v ezes de um sistema de duas clas ses. Creio que há duas m aneiras de com
m aior participaçã o de petebistas na FPN, mas o oposto se aplica à UD N e ao PSD. preender o sistema de classes das /onas rurais e agrícol as subdesenvolvidas, con
A UDN, defendendo u m liberalismo clá ssico, não poderia favorecer o nacionali s duzindo ambas a resultados semelhantes: a primeira define o sistema como
mo e o protecio nism o econôm ico sem sac rificar a sua ideologia; o PS D., também hiclassista, mas com importantes diferenciações internas entre os membros «le;/
adepto de um liberalismo clássico e interessado na manutenção do sistema de cada cla sse, sobretudo da mais baixa. A segunda define o sistema com opolidassista, "
propriedade da terra, também dever ia opor-se à FPN. Vemos que, de fat o, no Bra mas sublinha que há uma grande distancia socioeconômica entre a classe afta
sil desenvolvido, enquanto a maioria dos petebistas pertencia à FPN, relativa (latifun diário s ele.) e as demais. K necessário realçar não só a dist ância que sep a
mente po ucos
subdesenvo pessed
lvido, istasem
diminu e pouquíssimos
sensivelmente udenistas a el a se
as diferenças: osfiliaram
petebist . JáasnosãItrasil
o me ra o grupo de latifundiários do(s) grupo(s) infcrior(es), como também o fato de
quepequenosproprietários, minifund iários,m eeir os,trabalhadoresagríc olasas
nos numerosos na FPN, e os udenistas e pessed ista s, mais numerosos. D imin uí salariados e diaristas não silo apenas categorias ocupacionais, mas grup os sociais
ram as correlações ord inais (de 0 ,80 para 0,24 ), aumentan do a aleatori edade. E é consideravelmente diferenciados, gozando de prestígi o diferencial, pode r diferen
este exatamente o sentido de uma cultura política não-ideológica: a ideologia qua se cial e padrões de vi da que po dem se r mu ito diferentes. Kss as di ferenças são fre
não diferen cia os pa rtidos políticos: petebistas, udenistas, pess edis tas etc. se pa qüentem ente ignoradas: ]>or um lado, d evido à distância social que s epara o so
rece m mais, sã o menos difer enciados, mais interpermutáveis. Num a cultura polí ciólogo — instruído, intelectualizado e urban o de seu objeto de estudo; por outro
tica ''ideológ ica'',14* há ma ior diferenciação. Os p artidos e seus membros são mais lado, porque ess as diferenças são comp arativame nte pequenas quando in trod uzi
ideológicos, há m aior com promisso, m aior fidelidade. Os eleitores, mais atentos e mos no m esmo q uadro os latifund iários, cuja posiç ão social e cujo pode r são de
menos sujeitos a pres sões, pune m os candidatos que não representam seus pon magnitude m uito ma ior. Aferir as dif erenças entre grupos que s e acumulam no
tos de vist a não renovando o seu voto. Dentro dos p artidos encontramos diferen fundo da estratificação rura l requ er um a escal a à parte, sensív el às dif erenças,
ças regionais: em sua análise da UDN, Benevides (1931) ressaltou a constante significativas para eles, difíceis de perceber para nós. Supe rficialmente, a enorme
oposição, no seio do p artido, e ntre o Sul e o Brasil desenvolvido, m ais prósperos, desigualdade que caracteri za ess as áreas aproxima a reali dade do m ode lo ma rxis
e o Norte e o Nordeste, menos desenvolvidos, particularmente no que tange à ta abstrato de du as clas ses."5“ P or que, então, ess as ár eas eram (e m uitas co nti
homologaçã o dos candidatos e à s reivindi cações regionais, que eram m uito im nuam a ser) politicam ente conservadoras? Algumas respostas, que não se exclu
portantes no partido. em mu tuam ente, ]>o«lem ser apresentadas com o sugest ões.
O forte tradicionalismo inibiu a revol ução ideol ógica contra o slatus quo por
A políti ca do dese nvolvim ento desi gual : co ncl usões várias vias:
• imp edindo a percepção da diferença entre os int eresses de class e, para não m en
Entendemos que, em qualque r paí s, uma desigualdade interna m uito grande
ciona r a freqüente oposição entre eles;
entre as regiões em termos de desenvolvimento econômico pode ser suficiente
• legitima ndo a estru tura de clas ses e a política de elites;3 5'*
para provocar lambem diferenças políticas importantes. Além disso, essas dife
renças econômicas quantitativas podem conduzir a diferenças políticas funda
mentais, preparando o terreno para duas cu lturas polí ticas bem dif erent es. 3,v I'*alo de modelo abstrato porque, com raras e dogmáticas exceções, os estudos concretos,
Idealme nte, cada uma dessas cultura s deveria ser descrita pela incl usão do todas mavxiílas ou não, revelam mais de duas classes.
3V‘ A estrutura de classes passa a ser vista como paite de uma ordem '“nalurai" das coisas, assim
«'oiho a relação de subordinação com as elites. Ivssa percepção é ilustrada p or um trecho da
• '! As aspassão necessárias. Com freqüência oculta
M mos o caráter ideológico <lepoliticas conser entrevista com um lavrado r de Leopoldina (MG), rcali/ad.« por Kd;.;ard Dutra Neves para Joseph
vadoras porque definimos , erroneamente, que os esforçospara impe dir mudanças não são ideo Kí J i I, em jul ho de I96 0: "N'a vida sôsuniissoa vontade de Deus.Kós tam oais ord e, asobrigação
lógicos. tem que ser feita, 6 o s direilo do patrão'.
• desencorajando a organização de partidos radicais esquerdi stas, que receb em o início da industrialização, uma classe trabalha dora já existente atua como
recompensas mais ráp idas e mais altas pelos mesmo s inves timentos quando se retransmissora desses valo res aos migrantes recém-che gados. Entre estes, é cla
concentram nas áreas urbanas 351 e, portanto, só investem nas zonas rurais de ro. muitos chegam imbuídos de valores que algumas vezes inibe m o esquerdis mo
pois de saturado o seu poten cial urhano; radical e a aquisição de u ma perspectiva ideológica que sublin he os conflitos de
•impedindoa partici paçãopolí ticag enerali zadaecriandoum aatm osferadecom clas ses. O fato de que a Igrej a não se opunha ao l' TB, mas ao com unismo e ao
pleta apatia, que re serva a p articipação políti ca para as classes m édias e altas. socia lis mo,ajuda a expli carporque amaioriados recém-chegado sfoidoutri nada
pelos partidos trabalhistas. Mas os partidos trabalhistas e populistas talvez não
A intensa atividad e religiosa tradicional3 5- inibiu a revolução ideológica co n
tra o status quo : forneçam um a válvula s uficient emente forte para a agressivi dade quando há in
tensas fru strações, como as provocadas pela lacuna en tre as aspirações elevadas c
• fornece ndo um a ideologia global dogm ática qu e satisfez à •‘neces sidade’' de o dese mpreg o. Portan to, o processo de radicaliz ação depende d a corrida entre a
dogma, autoridad e e estrutura; urbanização, que elev a o nível de aspirações de um núm ero cada vez m aior de
•construindoum apredisposiçãonegativacontraasideolog iasradicais da esquer pessoas, e o emprego industrial ou o emprego terciári o bem -remune rado e
da,principalmente devido à sua tradição materiali sta. prestigiado,que as satisfazem. No Brasil, os casos extremo s de urbanizaçã o “maior”
A polít ica da desigualdade e tio atraso pode ser vis ta como um a situação ex que a industrialização (Recife e Rio de Ja neiro ) são ilustrati vos: em 1945 e 194 7, o
plosiva em q ue as erupç ões potencialm ente revolucionárias são inibidas pelos fa Partid o Com unista obteve su as m aiores vitórias eleitorais nessas dua s cidades.3 5*
tores já mencionados. Se estes se romperem antes da situação predominante, au A polí tic a nacional conti nua sendo cm grande parte um subproduto da
men ta a probabilidade de explosão. Km regra, 110 seu quotidi ano, os camponeses
interação dessas duas culturas políticas. Os interesses dessas culturas políticas
frequentemen tesechocaram.Caberia então esperarquea polí tic a do desenv olvi
são descritos como apáticos e tradicion ais, num a forma d e essenci alismo, mas o
fato é que várias das principais revoluções mundiais tiveram base agrária .1*1 A
mento,baseada num eleit orado maior e num a população mais ativa ,prev alece sse
sistematicamente. Contudo, 0 sistema eleitoral brasi leir o não apresentava uma
hist ória da América Latina está repleta de revoltas e revoluções indí genas e ca m
ponesas. representação estadual na Câm ara e. sobretudo, no Senado que fosse proporci o
nal ao núm ero de eleitores ou à população de ca da estado. I lavia uma rela ção
'b :ir e!,s l,r l>an as»parece haver uma outra corrida, e o futuro político dessas
áreas parece depen der em boa parte do resultado d essa corri da. Como as aspira decrescente entre representação na Câ mara Federal e a populaç ão, de maneira
ções sao muito m ais elevadas e o tradicionalis mo muito m enor do que nas áreas que os estados m enos populos os tinham 11111nú mero excessiv o de represe ntantes,

rurais, u corrida se dá entre o crescimento das àspiraçõe sda class e trabalhado ra e e os mais populosos, um núm ero insuficiente . Como os estados ma is populosos
a sua satisfação. Superficialmente, a evolução do esquer dismo pa rcceinev itávcl3 *' tendem a ser tam bém os mais desenv olvi dos, de vido à grande imigração de ou
tros estados e à m ortali dade ma is baixa (c a despeito de um índice de natali dade
quando a organização de classes não é inibida e as comunicações coletiva s se acham
disponíveis para a transm issão de nov as ideol ogias . Além disso, algum tem po após mais baixo) , a políti ca do atraso tinha repre sentante s demais no P oder Legislat i
vo,especial menteno Senado . 356 A falt a de proporc ionalidade d o sistema eleitoral
3i t A diferença entrv os parti dos que, vindos d e fora, org anizam células loca is e os grupos de
brasil eiro aumentava (e continua a aum entar) o pode r parlamentar da política do
poder local que se organizam cm parti dos estaduais e nacionais é fundamental. Normalmente, atras o. Como menos pessoas têm capacidade de votar 110B rasilsubdesenvolvido,
os parti dos ideológi cos tivera m um a gênese central, expandindo-se depo:s , enquanto os parti osproprietárioseo schefespolí tic osconstituí am um grupo relativamentepeque
dos tradi ciona is foram em hoa medida o resultado da junçã o dc oligarquias locais. A vantagem no cuja influencia nas decisões nacionais era desproporcional. I)ada a sua pers
básica tios partidos tradicionais foi que sua base organizacional estava dada de sde o inicio. Os
pect ivaeliti sta,ess egrupo era(eco ntinuaa ser)extrem amentetradicional .N ãoé
partidosideológ icosprocura ramcomp ensaressa desvantage m maximizandoos retornoseleito
rais de suas inversõ es organizacionais, o qu e. pelo m enos a curto e mé dio prazas, si gnificou de adm irar que a C âma ra e o Senado tenham sitio in capazes de a provar proj etos
concentrar-se nas grand es áreas urbanas . de reform a importan tes, sobretudo os que tratam d e questões agrárias e agrí colas .
iW A Igreja Catól ica era então m uito m ais tradicional.
í5a Ver M oore Jr., 1967.
; M Ess a é uma afirmaçã o genéri ca: a determinação do tipo específico de esquerd ismo depende | r' Vale sublinhar qu e as áreas metropolitanas tio itrasi l subdesen volvido ofereciam — e conti
de u ma série tie fatores qu e requerem u ma análise concreta de cada raso concreto. O aspecto nuam a oferecer — solo m ais fért il para0 radicalismo de esquerda «l o que as áreas metropolita
organizacional v fundamental nessa d eterminação . O d omínio dos sindi catos , o estabele cimen nas do Brasi l desenvolvido, pois é exatamente naquelas áre as que se encontrão maior "ex ces so "
to tie uma rede de células lotais, os cabos eleitorais e um sistema de com unicação tie massas são de hab itantes urbanos em relação aos em pregos com n íveis salar iais e con dições de trabalho
básicos para obter o apoio de u ma classe, pois é com esses instrumentos que u m partido e uma razoáveis.
ideologia "chegam" a ela.
O presidente, porém , era eleito por votação direta, majoritária. Isso inclinou A persistência d a polít ica do desenv olvimen to desigu al
a balança do Po der K xecuti vo para o Brasil desenvolvido. Assim, preside ntes e
vice-pres identes lèm estado, como sublinhou Celso Furtado, à esquerda do Con Escrevi A p ol íti ca do de se nv ol vi m en to de sig ua l antes do golpe. Minha idéi a
gresso. Não há dúvida de q ueGe túlio Vargas, Juscelino K ubitsrliek e João G oulart central, algo nebulosa, baseav a-se num a espécie ci e marxismo vulgar: as fortes
tinham idéi as substancialmente m ais voltadas para as reformas soci ais do que o diferenças socioeconóm icas i/ euerïmn provocar diferenças polí ticas. A experiên
Congres so.Jân ioQuadros, na polí ticaintern a,foiconservadore nãos edistin guia ciamostrouqu e,realmente,haviagrandes diferenç aspolít icasconcomitant es,eo
doCongresso , masa sua pol ít ica externa independentecolidiu com a d oCongres problema passou a ser explicit ar os mecanismos pelos quais o desenvolvimento
so e com a da s Forças Armadas. D utra estava próxi mo ao centro de gravidade desigual provocaria a po lítica desi gual. O traba lho clássi co de Victor Nun es Leal,
ideológica do Congresso. Curone/ísmo, enxarfn e voto foiainspiração,diretaeindireta ,de mu itasdas hipó
teses que desenvol vi. O ma ior poder dos latifundist as e das eli tes rurais e das pe
Outra conseqüência dessa desproporcional idade na representação é a extre
quen as cidades no Brasil subdesenvolvido era e é um conceito-chave.
ma flexibi lidade do Congresso, devido à falta de ênfase ideológica. O instrume n
Aestrutura declasse stambém tem conseqüências .Ossetoresmédios,menos
tali smopolíticoeopragm atismodo Congressopermitiram queestesobreviv esse
numerosos e m ais dependentes das elites ,m enos autónomos,deveriam exibir um
a todas as crises importantes da política brasileira. Gctúlio Vargas foi deposto
comp ortamento polí tico mais “preso” ao das eli tes. O tamanh o relativamente li
pel opode rmilita r,CaféFilhoeCarlosLuzforamigualmentedepostos, Jânio Qua
mitadodo proletariadoindustria le a taxade sind ical izaçãomaisbaixadosassala
dros renunciou,Goulart foi impedido de assumir efetivamente o poder preside»
ciai até que um plebiscito basead o em volação direta o reintegrasse n o cargo — e riados como um todo faziam prever um papel polí tico mais l imitado dos sindica
tos. A ma ior relevância, na estru tura ocupacional, particularm ente na urb ana, do
acabou tam bém deposto pelos militar es em abril de 19 64 . Já o Congresso s iste baixo terciário ou setor informal3 5" deixava em aberto 0 com portamen to polít ico
maticamente chegou a acordos, mudou posiç ões es e acomodou às nova s situa de u m am plo setor da população que continuava a cresc er. A herança do marxis
ções, preservand o a sua exist ência. Ilssa capacidad e de ceder, de chegar a um acor mo enlatado acarretou uma supe restimação do poder elei tora l do proletariado
do, a qualq uer acordo, de aceitar, no limite, condições de subm issão, de ausência indus tria l; mu itos dos poucos estudos sobre o comportam ento políti co do setor
de função e de importância, somente para p erman ecer num fals o poder polí tic o, quar ternário pari ia m de um quadro teóri co c conceit uai desenhado para a análi se
num poder que já não é p oder, por ser purame nte formal e dest ituído de conteúdo de um opera riado industrial com consci ência de class e. O quaternário passou a
real, caracteriza as culturas políticas não-ideológicas. K . paradoxalmente, foram ser relega do à condição de desvi o, de anomalia, pois transbordava os limites es
exatamente e ssas caracterís ticas , essa habili dade camaleônica, que permitiram trei tos do m arxismo enlatado. Começada a déc ada de 199 0,ainda sabem os muito
ao Congresso e ao Se nado sobreviver como instit uição formal às cris es duran te o poucoa respeitodesta cate gori a.
regime militar, ajudando a superá-las .357 Ainda que o coronelis mo esteja vivo e saudá vel nas zonas ru rais e cm boa
As diferenças regionais ajudam a explicar cerla conl radição da política brasi parte do Brasil subdesenvolvido, neste quas e meio século ele perdeu m uito terre
leira (e , talvez, da políti ca latino-america na): os intelectuais, os estudante s e as no. A s /onas urbanas pesam mu ito mais do qu e antes, sendo agora majoritár ias.
classes trabalhadoras urb anas pro mover am considerável ag itação pol íti ca, enquan Mas as diferenças regionai s permanecem , quase m eio sécu lo depois de sua cons
to as áreas rurais e agrícola s, que eram as mais desprovidas de recursos , p erma tatação nas primeiras eleiç ões democráticas posteriores à d itadura Vargas. Mu
neceram fortem ente conservadora s. Os partidos também foram (e são) atingi dos daram q uase todos os nomes, m udaram os partidos, conti nuam as dife rença s.
por essas diferenças regionais, tendo papéis diferentes em regiões diferentes. A Kntre as eleições de 1945 e 194 7 e as de 1988 e 1989, todas ela s permitiram um a
explicação reside 110fato de que a polít ica do país não pode ser analisada como se conclusão: a penetraçã o dos candidatos e partidos conservadores foi substancial
tosseuma unidadehom ogênea.Afortediferenciaç ãosoci oeconômica gerou duas mente maior nos e stados menos desenvo lvid os, ainda que, cm vária s de suas ca
culturas políticas características, aqui rotulad as como política do atraso e política pita is e cidades mais importantes, partidos c candidat os de esquerda tenham ob
do desenvolvimento. Sua análise comparativa e interativa contribui para u ma com tido regularmente bons resultados eleitorais.
preensão da política do desenvolvim ento desigual. Aspesquisasefetuad as portantos cientistaspol ític osesociaisbrasileirosnesse
período ajudam a elucidar 0 problema. M uitas das expli cações fundamentalme n
te po lít ic as não m ereceram, em m eu trabalho anteri or, o deslaque que têm na
;, r Uma das poucas vr-zes que o Con&ress o adotou ur.ia posição ideológi ca,m esmo arrisc ando o
seu futuro pol it i ro, foi quando d o pedido de perm issão par a processar o e nlão depu tado Márcio
Moreira Alves. O rcsti llado, como se sabe, foi 0 fec hamento, »«wu r
uHilari, do Congresso. ■' KPrefi ro cham ar esse setor de quaternári o.
realidade. O coronel i s mu e a política miinicipalista sem dú vida foram atingidos variando de 49% 110Su destea 58% noNordeste.Nocasodosmunicípiosdascapi
pelas mu danças demográficas e pela urbaniza ção. Pesam b em m enos nas eleições tais , mais ricos, a dependência era m enor: entre 30 e - 10 %.
diretas, no interior de cada estado. Entretanto, os municípios são fundamentais As variações regionais são muito reduzidas, sendo difícil atribuir a elas as
para o controle dos partidos. As seções m etropol itanas , sozinhas, não escolhem diferenças 110com portamento das au toridades municipais em relação aos cent ros
os candidatos nem tomam as dccisõc s partidári as. O controle (conceito al go exa de poder. Os municípios recebem transferências tanto dos estados quan toda União .
gerado q ue super estim a os confl itos e o papel da negociação) dos caciques esla- Mas a relação entre essas duas fonles varia de acordo com a região: 110Nortee 110
duais e regionais sobre muitos municípios permite explicar a sua influênci a nas Nordeste, as prefeituras são muito mais dependentes da União do que nas demais
dccisõcs da seção e stadual d o partido . Assim, a infl uência da política municipalis- regi ões,ondeé maiora depe ndência em rela çãoaogovernoest adual.Em 19 81 ,110
ta sobre as seções estaduais de muitos partidos pode transcender dc longe a sua Norte,as transferências de tributos provindas da União representavam 16 6% das
influência sobre o re sultado d as eleiç ões. provindas do governo estadual; no N ordeste, o índice correspondente era 129% ;
Outro ponto importante se refere à depcndcncia financeira dos govern os es no Centro-O esle, 57%; no Sul, 51% ; c 110 Sud este, a pen as 2* 1%.
taduais em relação ao governo federa l,que c substancialmente ma ior nos estados Em bora a depend ência dos governos municipais em relação às transferên
subdesenvol vidos. Chama a atenção a facili dade com que tantos governadores cias s eja m uito grande cm todas as regi ões, a dependência em relação ao estado c
passam a apoiar presidentes dc quem diziam dive rgir profundamente; da mesma maior 110Sudeste (Cr$4 pro vindos do estado para cada CrSl provindo da Uniã o),
forma,os prefeitos se notabili zam pela faci lid ade com q ue mu dam de orientação, seguido pelo Sul e o Centro-Oeste. .lá 110 Norte e no Nordeste, 6 maior a depen

passando a apoiar governadores e presidentes que antes repudia vam. Cham a tam dência eme norelação
110 Norte N ao governo
ordeste federal. Dopios
os municí ponto de vista exclusivamente
devem ‘fecha r 1com a União, utiliao passotarist
que a, ,
bém a atenção o fato de qu e esse comportamento oportunísti co seja mais comum
nos estados e regiões menos desenvolvi dos do país. Onde o desenvolvi mento é nas demais regiões, devem fazê-lo com o estado.
meno r, os partidos e a ideologia con tam m enos do que o fisiol ogismo. Isso le va a pelo menos du as importantes consider ações: dada a g rande de
Essas observações vi sam dem onstrar que há imperativos econômicos que pendênci a da maioria dos governos m unicipais e de m uitos governos est aduais
expli cam a prevalência de um a cultura polí tica co m muito pouca dosagem ideo ló em rela ção às transferências , é difí cil t er um a adm inist ração indep endente e ain
gica nasregiõesmaispobres,particularmenteno Nordeste, 110 Noi te e 110 Centro- da mais difí cil ter um a posição hostil aos governos que decidem se essas transfe
Oeste. Esse fis iologismo passa pela dependên cia dos estados em relação a o gover rênci as serão ou não efetuadas e em que m edida. Os governadores dos estado s
no federal e dos municípios em relação a ambos. E m 1967, as transferencias federais mais desen volvi dos,assim como os presi dentes,usam e abusam d os estímulos ao
excediam as receitas próprias correntes 110 N orte (Cr$1 77 de transferências para adesismo, e o exem plo ma is claro disso é a tradicional transfe rência dos prefeitos
cada Cr$lOO de receitas próprias); eram da m esma m agnitude que essas rece itas eleitos pela oposição par a o partido do governo. Em 1970, o MDB elegeu 505 pr e
no Centio-Oeste ( Cr$90 para cada Cr$ 1 0 0 ); c equivaliam ã metade delas no N or feit os, ma s pou co d epois 30 3 deles pass aram para a Arena .-’11'' Maluf, quan do se
deste, a 10 % 110 Sul e a 5% 110 Sudeste. Dois casos extremos (Ac re e São Paulo) tornou govern ador biônico do estado dc São P aulo, consegu iu trazer prefeitos eme-
ajudam a ver com o é m ais fác il ser independente em São Paulo. Neste est ado, debistas para a Arena. Em bora as reform as tributárias de 1966 e 196 9 tenham
havia some nte CrS l transferido da União para cada Cr$ l00 de receitas próprias exacerbado a dependência dos governos municipais e estaduais (aumen tando so
do estado, ou 1%. No Acre. havia mais de Cr$7 transferidas por cada Cr$ l de re bretudo a depen dência destes últimos), o problema já exis lia e era grave antes da
ceit as próprias, ou 706% . Evidentemente, o governador do Acre necessit ava ditadura.
(e continua necessitando) ter boas relações com a União para pod er administrar o Muitos governo s,como o de Sarney,não hesitaram cm punir a pop ulação dos
seu estado, ao passo que o de São Paul o pode se dar ao lux o dc se opor ao presi estados e dos m unicípios pela atuação política dc seus governadore s e prefeitos ,
dente. Dad os relativos a 1965 confirm am essas diferenças: as transferência s para retendo, às vezes ilegalmente, as t ransferê ncias que lhes eram d evidas. Isso gera
os estados representavam 83% da receit a total da adm inistração centralizada no uma situação de conflito para os elei tos pela oposição : se interpretarem lit eral
Acre,37 % no A mazonas,18% no Ceará, 12 % em Minas Gerais, 7 % em São Paulo e men te os votos que os elegeram, permanecerão 11aoposi ção,àcustad cprejudicar
1% 110 Paraná. seriamente sua adm inistr ação e m esmo a população do estado; se aderir em ao
Os governos municipais são ainda m ais dependentes do que os esta duais. govern o, ganharão as benesses das transf erências, poderão realizar uma ad mi
Polit icamente ,porém ,a situaçãoé maiscomplicada porqueosm unicípiosdepen nistração melhor, contribuirão para o bem -estar da população do estado (011 do
dem tanto da União quanto do estado. M as as diferenças entre as regiões não são municíp io),mas essencial menteestarão traindoseus próprioseleit ores .
Ião grandes quanto entre os estados . E m 19 76 , as transferênci as corren tes res
pondiam por cerca da metade da receit a dos municíp ios, exclui ndo as capitais.
Uma segunda considera ção se refere aos efeit os, sobre a cu ltura políti ca, de
décadas e mais décad as de dependência orçame ntária e, portanto, polí tica . Até Capítulo 12
que ponto a ideol ogia perde senlido, sendo substituída pelo pragmatismo e pelo
fisi ologismo? Até qu e pon to os partidos políti cos, que deveriam re
ções ideológicas coerentes, perdem a missão ideológica, passando a ser simples
prese ntar posi Clivagens regionais e as desigualdades na
dormitórioseleit orais?Casoa culturapolít icaresponda àdependên ciatributári a, rep res en taç ão provindas d a legisl ação eleitoral3 60
cabe espe rar signi ficativas diferenç as regionai s no com portam ento político dos
elei tos, uma vez que certas regi ões são orçamentariam ente mais depend entes do
que outras.
Assim, as preocupações dos cientistas políticos durante essas décadas, bem
como os resultados dos levantamentos nas finanças públicas, me levaram a
enfatiza ra permanência de mecanismos po lí tic os que contr ibuí ram para p erpe Conceitos
tuar diferenças no nível da cultur a política. A “cultura política” c uma variável
que, empiricamente, não acrescentará nem retirará nad a mensurável enquanto K cl ássica, tanto n a ciência políti ca quanto n a literatura, a expressão “um homem ,
perdurarem íiqu elas diferenças. Se, entretanto, a autonom ia orçamen tária dos um voto" . 1,1Originar iamenle,essa formula ção teve a sua razão de ser como arma
diferent es estados e m unicípios se nivelar e as diferenças 110 comportamento po contra o voto qualitativo ou pond erado, no qu al o voto de algum as pessoas, por
lítico persistirem, então se rá legítimo atribuí-las às diferentes culturas polít icas. motivo de classe, renda, propriedade ou educação, ti nha m aior peso qu e o voto
dasdemais.A populaçãodospaísesrepublicanos ede mocratasseinsurgiu contra
D if er en ça s re gi on ai s e o ut ra s ex pl ic aç õe s q u e c o m p e te m c o m e/os o voto qualital iv o. e hoje, em a lguns deles, liá legi slação e práticas que g aran tem a
maior aproximação possí vel da máxima “um home m, um voto” .
As regiões t êm um efei to próprio ou esta vari ável é uma simples representan Nas democracias nnitárias , o problema é mais fáci l de se r resolvido: 0 volo
te, uma p ro xy geográfica de outras variáveis? Tal indagação é Lso mói fic a àquela de Iodos é igual. O Legislati vo represen ta pe sso as , os cidadãos do pais, de forma
subjace nte ao deba te entre m arxistas “liist oricistas” e “estrulu ralistas”. A ausê n diret a. Há, cm alguns casas , desigualdades entre distritos eleitorais. Porém, há
cia de efeit os próprios somen te sc dem onstraria, com os instrumentos quotidia democracias/cí/erafiUíis, nas quais o Legisl ativ o, além d e represe ntar a cidadania
nos de pesquisa dos cientistas políticos, se e quando, controlando os efeitos de de forma direta,sem me diações nem distor ções,deve representar lambem as uní-
outras vari áveis, não sobrasse n enhum efeito independe nte da variável regi onal dades federadas*™ Nestas, a tradiçã o, que tom a com o modelo os EUA, c repre
sobreo com portamentopolíti co.Atéagor a,m inhastentativasnessesent idosem sen tares estados no Senado e a popul ação na Câm ara dos Deputados . Nos EUA, a
pre deixam um re sto substanc ial que é expli cado pelas regiõ es. representaçãodecada estado 11aCâm arados Deputadosóajust adadecenalmente,
A noção d e cultura políti ca regio nal, conquanto seja uma aproximação espa de acordo com 0 censodem ográfico .369
cia l nniil o grosseira de algo que tem m uita variação dentro de c ada região — por No brasil, um a república federativa, os eslados estão represenlac los 110 Sena
grau de urbanização, por classe etc . —, contr ibui para expli car comportamen tos do: iodos ele s têm o mesmonúm erodesenador es,independent ementedo núme
que as variáveis socioeconôm icas deixam inexplicados. ro de eleitores ou da população. Todavia, além dessa distorçã o, em relação à m áxi-
Por outro lado, as regiões ou mesmo os es lados, embora sejam indicador es
úteis de um a série de variáve is, parti cularmente de cunho socioeconômi co, não aw Este capít ulo foi escril o ori ginari amente como arti go em 1972, no bojo de um a polêmica que
subslituem es sas variáveis. De nt ro de cada estado, metropolização, urbanizaç ão e prnlk-a menti' não existe ma is. As ciências sociais ainda lutavam, então, j i o i sua autonomia, por

um lugar ao sol, por emancipar-se do direit o.


classes socia is, para m encionar algumas d as mais im portantes, contribuem substan " ! l)o inglês, 0'ie m an, one vot e. A formulação anedótica clássica, cl aro, é a dcPickufivkpapers,
cialmente para explicar o comportam ento políti co, particularm ente o eleit oral. de Dickens, como b em :ne lembroj An 11a Luiza Ozório de Almeida.
Assim, as regi ões continuam sen do um fator expl icat ivo importante e dura * 1 listoricamente, as repúblicas fede rat iva !» mais relevantes foram formadas p or unid ades que
antes eram independentes ou tinham alto grau dc autonomia e reso lver am cri ar uma federa ção.
douro d a políli ca brasilei ra. Poderão eventualm ente aposentar-se com o expl ica
Não foi o caso d o Brasil, devido à existência el a monarquia e d o Império, os pod eres qu e real
ções, mas estou seguro de q ue isso não acontecer á no futuro próximo. Até l á, ex mente contavam.
clui -lasédiminuirainda maisojá pequeno poderde expl icaç ãodenossasprecárias :M" Ex ist e110 Brasil 11111quesito const ituci onal d e índole corporati visl a qu e imped e a redução da
ciências políticas e sociais. repres entaçã o de qualquer est ado. Nos EUA, a representação dos estados aum enta ou diminui
de acordo com a população. N ote-se que, naquele sislema, q ueé dist rit al, a diminuição impli ca
obrigatoriamente a trabalhosa c com plicada redefinição dos distrito s.
ma “um homem, um voto”, também há distorções na Câmara Federal. Essas D etermin antes le ga is da desi gualda de
distorç ões não têm razão de ser porque, num sistema bicame ral, caberi a ao Sena
do repr esentar os estado s e à Câmara repre sentar os cidadã os. As distorções da representação na C âmara d os Deputados derivavam do art .
58 da C onstituição de 1946:
Conseqüências das distorç ões “Art . 58 O núm ero dc deputad os será fixado por l ei, em proporçao que não exce
da a 11111para cada 150 mil habitantes, até 2 0 depu tados, e, f ora deste limito, 11111
Alegi slaçãoelei toralcrioudesigualdadesna representaçãodo spartidos polí para ca da 25 0 mil habitantes.
ticos, das regiões c estad os, e do s grupo s e classes sociai s. 0 pode r das força s con 1° Cada terr itóri o ter á uni deputado, e será de sete o n úmero m ínimo p or estados c
servadoras foi art ifici almente aum entado pelo sistema eleit oral que dava maior pelo D istrit o Federal.
pesoaosvotosdeposit adosnosestadoso ndeospartidosconservador eseram mais 2 V Nã o po derá ser reduzida a representação já fix ada. "
fortes. Esses vícios do sistem a eleitoral são antigos e imp edem a fi el repre senta
São conseq üências deste artigo:
ção da população do país. As estruturas demográficas e econômicas s e m odifi ca
ram d urante o p eríodo democrátic o; entretanto, a representação dessas estrutu • os estados com m ais de 3 m ilhões de hab itantes fora m prejudicados , uma ve z
ras na Câm ara e no Senado não acompan haram tai s modifi cações . Portanto, a que,a partir desse limite, passavam a conlar com um d eputado federal para cada
representação política não refletia a distribuição espacial da população, nem a 250 mil habitantes, e não com u m para cada 150 mil . A sub-representação cre s
cia, portanto, com a populaçã o do estado. Assim, 11111estado com 3.250 mil habi
estrutura
produção,denem
pod a estrutura
er e de dominação,
de classes. nem
ICxistia uma a estrutura de propriedades
certa autonomia dos bens de
do sistema tantes elegeria 21 deputados, e ou tro com o dobro, 6.500 mil , eleger ia somente
eleit oral que perman eceu em vigor mesm o depois que as condições que lhe deram 34, perdend o oito ;
srcem foram substancialmente modificadas. Muitos processos políticos foram • os estados com me nos dc 1.05 0 mil habitantes foram beneficiados, ficandosup er-
mutilado s pelos vícios na represe ntação política. 3*’ iep iesentadoscm conseqüênci a do parágrafo 1 0 do art. 5 8. Quanto m eno r a po
Havia um a nítida desproporção na representação dos estados na Câmara dos pulação , maior é a super-representação até 0 limite de 1.050 mil habitan tes. As
Deputadasc espec ialmen te 110 Senado Federal, tanto em relação á população quanto sim,umes tadocom 300 milhabitant esteriasetedeputadosfedera is,exat amente
em relação ao elei torado. Essa desproporção fa voreceu os estados menos p opulo o mesm o núm ero que outro com 1. 050 mil habit antes;
sos e menos desenv olvid os e prejudi cou os estados ma is populo sos e desenvolvi • os estados cujos efetivos demo gráficos diminuíssem seriam beneficiados pelo
dos. Mas não benefici ou a m aioria da população dos estados menos desenvolvi disposto n o §2 ° do art. 58.
dos; ao contrário, prejudicou-a, aum entan do o pod er das elites dirigentes da região, Qualquer estado poderia perder grand e parte de sua população, mantendo
cujos int eresses entravam em choque com os da maioria da popul ação. Ao au porém a mesm a representaçãona Câm ara Federal.Alegi sla çãoel eito ralsóincor
mentar artificialmente a representação política de uma cullura política tradicio porou a parte p os it iv a da dinâmica demográfica — o aum ento da população (mes
nal, atrasada, dom inad a por líderes locais, latifundistas, proprietários rurais e co mo assim,de mane ira imperfeit a) —,anulando os efei tos da dim inuição da pop u
ronéis ou pessoas d e sua escolha e confia nça, o sistema eleitoral prejudicou a laçã osobre arep resentaçãopolíti ca .3''6 A partir de 194 6, São Paulo c M inas foram
maioria da população dessas áreas . Ao sub-representar, no Congresso e 110 Sena cada vez ma is prej udicados, na medida em que sua populaç ão e seu eleitor ado
do, as área s socialmente d esenvolvidas e politicamente progressistas, a legisl ação aumentara m. Outrosestadosentrar am 110 rol dos prejudicados: o Rio Grande do
diminuiu a possibil idade de aprovação,pe las duas Casas,de reformas que viriam Sul e o P araná,que suplantaram a marca de 3 milhões de eleit ores,passaram a ser
a beneficiar a maioria da população rural que habita principalmente essas áreas sub-re prese nta d os.
subdesenvolvidas. Tal fo i o caso da reforma agrá ria . 1'15 No Senad o Federal, o problema derivou diretamente do art. 60, § 1°, da C ons
titui ção dc 1946 e, em últim a instância, da organização federativa do país:
A representação eleitoral não exclui outras form as de representação polític a que têm papel
relevante no Estado capitalista brasil eiro, o qual interveio amp lamen te na econo mia d o país, "Ar t. 60 eleitos
Federal, — 0 segun
Senado federal
do o pse compõ e de representantes
rincípio majorit ário. dos estados c do Dist rit o
sem deixar de ser ca pitalista. No período democrático, o Ministério da Fazenda, a presidência
Io Cada estad o, c assim tamb ém o Distrito Federal , elegerá três senad ores.”
do BNDF, e a d o B anco do Bras il, hem com oa direção de cert as car teir as importante s, como a de
Crédito Agrícola , eram fu ndam entais para controlar a política econôm ica do país. A partir do
Não foi a Constituição de 1946 que introdu ziu essas imperfeições 110 sistema eleitoral brasi
golpe, com 0 declínio do p oder político tradici onal, cresceu ainda ma is a importância política
leiro. Kl, is estavam presentes n a legislação anteri or: o texto do §lc do art. 23 da C onstituição de
dos cargos tecnocráticos.
1934 é praticamen te idêntico ao do art.
5 8 da Consti tuiç ão de 1946. A representação na Assem
365 Soares (1962) relaciona o sistema eleitoral com a incap acidade do sistem a político brasilei ro bléia Constituinte de 1945 também segu iu os preceitos do Decreto-lei n9 7.586, d e 28-5-1945,
para aprovar 11111p rojeto d c reform a agrá ria. com result ados semelhantes aos do art 38 d a Constituiç ão de 19 46 .
O princípio federativ o tom a com o unidade polí tic a o estado, e não o indi ví
rença impressionante 110 núm ero de votos necessári os para eleger um deputado
duo, igualando a representação de estados com população o el eitorado muito di
federal: em 1962 eram necessários som ente 14.342 votos no Amazonas, aproxi
ferentes. A igualdade na rep resen tação entr e os estados .s e fez à custa da desigual
mad ame nte quatro vezes menos que em São Paulo.*' Devido às imperfeiçõe s do
dade entre os indi vídu os. Em 1962 ,havi a um deputad o para cada 229 mil pessoas
sistema elei toral ,um vot o“v alia ”menos num estadoem aisnooutro.Kimportan
em Sao Paulo, em contraste com 22.693 no Acre . Assim, o vot o de um brasi leiro
te saber se essa. s desigualdades tinh am relação com o sistem a políl ioo, económico
para a ( am ara F ederal vali a muito mais no Acre do que em São Paulo . O valor do
c social,ou se elas se distribuíam aleatoriamente entre os esla dos.
voto dos acreanos que migrassem e se radicassem em São Paulo perderia grande
parte de seu valor. Assi m,o valor do voto domesmo brasilei ro muda va de acordo
com a sua localização geográfica. Quo ciente eleitor al e desenvolvi mento
, flá um a relação entre o quocienl e eleit oral e o ní vel de desenvolvi mento cco -
Os quocientes eleitorais nomicoesocial do estado : qnantomaisdesenvolvi dooestado,maioronúm erode
voto s necessários para eleger um dcpulado c muito m aior o n úmero d e votos ne
Para estu dar os efeitos do sistema eleitoral sobre a represe ntaiividade políti
ca,convem começa r pelos quocientes elei tor ais -»* A desigualdade nas represen cessários para eleg er um se nador.3 7" To ma ndo com o índices de desenvolvimento
econômicoesocialdecada estadoa urbanização,oempregoindustrial(na indús
tações e minto antig a no Brasi l. Dados sobre as eleições de 1912 , nas quais se
eleger am 1/3 dos senadores e a totalidade dos deputados federais , demonstram tria
um de transformação),
índice negativo:a percentagem de força de
quan to maior a percentagem, m trabalhoenos desenvol
na agricultvidoura (que é
0 eslado)
grandes variações no núm ero de votos necessári os para eleger um de putado: por
«• a alfabetização da população com 10 anos ou m ais de idade , vemos que há um a
um lado , Minas G erais e São Paulo, com ma is de 10 mil votos por dcpulado fede
correlação positiva enlre es ses índices e 0 número de votos necessári os para ele
ral ( 10.282 e 10. 652,resp ectivamente) ;po routro,estadoscomoAmazonaseM ato
ger 11111deputado federal.
Grosso,comm enosde 3 ni ilvot ospordep utadofederal(2. 71 9e 2 .5 5 7 , respectiva
mente).Naquelaseleiçõe s,MinasG erais contava com 37 deputadosfederais,São Tabela 50
1 auloe Bahi a com 2 2 , Per nam buc o e Rio de Janeir o com 17, e o Rio Gran de do Sul Coeficient es de correlação produ to-m om ento entre os níve is
com 16 . O número mínim o de deputados por estado era quatro, e disso se benefi de desenvolvimento em 1950 e o qu ociente elei toral para a
ciavam vários estados (A mazonas, Espírito Sant o, G oiás, Mato G ros so. Paraná Câm ara dos Deputados em 1 950 , 1 958 e 1962
I iaui , Rio Grand e do Norte , San ta Catarina e Sergipe).
Indic ador de _ Correlação com o quociente ele ito ral
A.s desigualda des interestad uais na popu lação e no eleitorado cresceram e n desenvolvimento 1950 1958 1952
tre 1945 e 1962 , mas, com o o sistema eleitoral não incorpo rou essas mud anças, as Alfabetização' 0,49 0 68
diferenç as entre os quo cientes eleit orais mais alt os e mais baixos aumentaram 0.73
Urba nizaçã o1’ 0,38 0.44 0.49
nesse perí odo. No que con cerne ao Senado, as desigualdad es aumen taram ainda Errpreg o industrial' 0.39 0.37
0.39
mais , pois o n umero de senadores p or estado (três) permanece u fixo , ao passo Empregoagrícola* - 0 .4 1 -0.40 -0.48
que as diferenças populaci onais aumentaram . Assi m, as desigualdades no núme
ro de habitantes por senado r aumentaram no per íodo. ■ Porcentagem da população com 10 anos cu mais que sabe ler e escrever.
Km 1945 ,oquoc ienteel eitoralvar iava enlre38.638 em SãoPauloe2.968 no • Percentagem da população tot al vivendo em áreas urbanas com 20 mil habitantes ou mais, em
1 ern tono do Acre. Em outro s lermos, era preciso 14 vezes mais votos para eleger
' Percentagem da força de trabalho em indústrias de transformação.
um dep utado fede ral em S ão Paulo do que no Acre. Em 196 2 o quociente el eito ral
do Acre caiu para 2.077,enquanto o de São Paulo el evava- se a 53.544, ou seja era
*_Pirctnt 3 fici" d l forç a de t rabalho ria agricultura, pecuária c silvicultura (índice negativo).
precis o 26 vezes mais voto s em São Paulo do que no Acre para eleger um dcpu la
dofederal.Seeliminarmosoc asoextremodoAcre,»« aindaassimha viauma di fe- Desigualdades consideravelmente menores :ia represenlação de diferenle s regiões provoca
ram fortes protestos 11a <!rã-Bretanlia. As diferenças 110 número de votos necessários para ele
• De^acordo con, o d.sposto pelo Codigo Eleitoral de 24-7-1 950 em . seu art. 56. o quociente ger um deputa do (MP) eram compar ativamente pequenas: 72 .713 na Irlanda do Norte 56 347
eleitoral era obtid o dividindo o numero de votos válid os, inclusive os votos em branco, peto na I nglate rra, 50.0 34 em Gales e 47.717 na K scócia. Ver Pulzer, 196 7.
mune m de cadeiras a preenche r. Kinzo (19 S0) descreve corretam ente as modificaçõe s nos vá- 1A história das desigualdades na representação prejudiciais òs áreas ma is povoadas (e mais
nos sistem as eleitorais adotados pelo Brasil . desenvolv idas) e antiga. A reforma eleitoral francesa de 1875 causou fortes desigualdades ao
terrhório* t0r“ 0,l'Se e stsw*° cm ,5-6-!962. Até então tinha me nos rep resentantes, por se r um estabelecer que os un-ondis semcwilsde Paris e Lyon elegeriam um representante. lísse slslcnia
nenc.i c:ava os departamentos médias c pequenos, prejudicando os departamentos muito pov oa-
Tabela 51 subdesenvolvidos, mais 11 . A grande perdedora seria a região Norte, que teria 12
Alfabetiza ção e v otos necessários para eleger deputado s a menos.
um deputado e m algu ns est ados, 19 50- 70
Estad os Alfabet izaçã o Votos necessár ios para eleger um deputado’ As desigualdades e os pa rtidos polít icos
em 1950 (%) E m 1950 Em 1962 Em 1970
Km 1945 ,as única s alianças e coliga ções que constam dos d ados publicado s
G uanabara 84 35.00 0 4 6 .0 0 0 7 6 .0 0 0
foram entre a UD N e o PR. no M aranhão e e m S ergipe. '7- A ali ança elegeu se is
R. G. do Su l 65 3 2.0 00 4 6 .0 0 0 78.000
deputados. N aquelas ele içõ es, o PSD fez entre 28 e 29 deputados a mais do que
São Paulo 64 3 7.0 00 5 4 .0 0 0 12 6.00 0
deveria fazer com base na sua votaçã o; a UDN, por sua vez, obteve entre cinco e
P i au í 26 2 3.0 00 2 8 .0 0 0 49.900
seis dep utad os adicionais, graças às desigualdades na repre sentação introduzidas
M aranhão 25 1 6 .0 0 0 19.000 5 0 .0 0 0
pelo sistema eleitoral. O PTB e o PCB, ao contrário, perdera m dep utados . 0 PTB,
Alagoas 24 1 1 .0 0 0 16.000 42.000
quefez 2 2 deputados, leria fei to 29 deputados num sistema efetivamente propor
' Número de volantes divididos pela representação estadual na Câmara Federal. ciona l; o PCB, o grande prejud icado entre os par tidos grandes, ficou com aprox i
Fontes: IBGE. Arwrõrô Êstor/si/co do Brasjf. diversos anos; e Tribunal Superior Eleitoral. madam ente nove deputados a m enos do que deveria ter com base na votação re
cebida . Os maior es prejudicados foram os partidos pequen os, que obtiveram
A relação com a alfabe tiza ção, que já era b astante forte cm 1950 , aumentou
em 195 8,alcançandoníveismuitoaltosem 1962 ,quandoa alfa betiza çãopo rsisó exatam
na votaçãoente
queareceberam:
m etade dos deputados federais querigorosamente
num sistema deveriam ter obtido
proporcom base
cional, teri am 32
explicav a ;i me tade da variação no quoc iente eleitoral. O sistem a eleitoral prejudi deputados federais, e não 16 .
cou os estados mais urbanizados e mais industrializados, especialmente aqueles
com níveis mais altos de alfabet ização. Os estados ma is rurais, mais depend entes Tabela 52
da agricult ura, menos industrializa dos e com m aior proporção de analfabetos na Perce ntage m dos deputados federa is e dos votos vá li dos
população, ao contrário, foram beneficiados e ficaram super-representados, sen recebido s po r alguns partidos, I 945
do-lhes exigidos quocientes eleitorais mais baixos. Tom emos, po r exemplo, os I rês Partidos % de votos válidos % dos deputados
estados com laxas mais altas de alfabetização (Gua nabara ,371São Paulo e Rio Gran
PSD 43 53
de do Sul) e os trê s estados com taxas m ais baixas (Al agoa s,Piau í e M aranhão): é
UDN 27 29
flagrante o contraste entre os respectivos quocientes eleitorais. Em 1950, eram
PT B 10 8
necessári os entre 3 0 mil e 36 mil votos para eleger um deputado federal nos irês
P CB 9 5
estados ma is alfabeti zados; nos men os alfabetizados, porém , as ci fras eram 10 mil
6
P a r ti d o sp e q u e n o s 573 II
(Alagoas), 1 6 mil (Maran hão) e 23 m il (Piauí). Em 196 2, as diferenças absolutas Total 100 100
aum entaram , sendo a diferença entre São Paulo e Alago as de 38 mil votos por UDN + PS D 70 82
deputado. E m 1970, aumentaram as diferenças entre Sào Paulo e os demais: en P C B+P T B 19 13
quanto em Alago as foram necessários somente <11 mil vot os para eleger um depu
tado, em São Paulo foram necessário s mais de 125 mil . Tal era a m agnitude das Podemos verificar os efeitos do sistema eleitoral sobre a representação de
disparid ades provoc adas pelas imperfeições do sistema eleitora l. cada partido na Câ mara Federal e no Senado comparando a percentagem de cada
Até 1962, a dinâmica demográfica aumentou as distorções: São Paulo linha uni notolaldevotosváli doscom a percentagem queseusdep utadosfederaise lei -
27 deputados a meno s do que teria num sistema de um dep utado para cad a IS O
mil hab itantes; Mina s Gerais perd ia 17 ; a Bahia, oito; e o Rio Grande do Sul, sete. ------------------------:--------------:—;— :—:----------------------------------------------
-------
x n Asaliançaseleitoraistornavam dif íci latribuir osvotos,urna vez que osresultados publica dos

Nessesistema,osseisestadosmaisdesenvolvi dosteriam mais 39 deputados,e os atribuem


partido quosvotos à aliança como
e participou dela. um
Na Câmara c no todo, sem discriminar
Senado quantosvotos elei
, entretanto, os
tosforam dado se inscre
deveriam sa cada
verpor u m partido,enãopelaalia nça.Ass im,oa no de 194 5í o melhorparaseconhecero to tal
dos c urbanos. U m estud o das eleições de 1956 demo nstrou a existência de um coeficie nte de de vetos obiido por um determinado part ido.
correlação de 0,84 entre snp er-reprcscntaçSo e ruralism o. Ver Cotterct et al ii, 1960:156-60 e 373 ()s partidos pequen os desta tabela não são comparáveis com os de outr as tabelas . A partir de
226-28. 19 4?, a fusão de três pequenos partidos sob a sigla PSP fez surgir um partido d e tam anho médio,
com um a considerável força elei toral. A ilega lidade do PCB impediu a participação elei toral do
371 O estado da G uanaba ra c o antigo Distrito Federal, que posteriormen te se uniu ao antigo
partido, que obteve a quar ta maior votação em 1945 e 1947 ( 511 mil e 479 m il votos, respectiva
estadodoRio,formandoo novoestadodoRiode Janeiro.
mente).
las representavam no total de deputados federais. Lamentavelmente, esse pro 0 PSD foi o grande beneficia do pelas desigual dades do sistema representati
cedimento s ó pode ser usado na s eleiçõe s de 19-15 e nas eleições durante o sistema vo,que exig iu menos votos para ele eleger um deputado federal nos estados onde
biparti dário,poisa partir daías aliançasecoligaç õeselei toraiscresceram,represen era eleitoralmentema isfort e;ome smoscaplica à Ul)M. Tom andooconjuntodos
tando uma percentage m cada ve/ ,mais elevada do lotai de votos vál idos . Com o esses partid as conservado res (PSD, UDN, PR e PI. ) vemos que existe um a correlação
votos não estão discriminados por partidos ,37,1é impossíve l separar, dentro da mes negativa de -0,31 entre a s forças eleitorais desse conjunto e o quocie nte eleito ral.
ma coli gaçã o, os votos de um partido dos dc outro partido. E ntre 195 0 e 196 4, as O PTB.aocontrário,fo imuitoprejudicado,uma vezquetinha maior força el eito
relações entre o sistema eleitor al e a adequa ção da representação de cada partido ral exatamente nos estados com ma ior quocient e eleit oral e onde eram necess á
devem ser examinadas indiretamente, devido à existência d e aliança s e coligaç ões. rios mais votos por deputado. Tom ando em conjunto os vári os partidos apoi ados
0 sistema eleito ral aume ntou artifici almente a representação dos grandes p ar na classe trabalhad ora (PTB, PSB, PTX e PST), vemos uma correlaçã o substancial
tidos conservadores, PSD e UDN, edim inuiu a do PTB e a do PCB. Os dois primeiros de 0,57 entre a for ça elei toral des se conjunto e a medida de desigualdade na re
ganharam aproximadamente32deputados;asdoisúlti mosperderam aproximada presentação : o quociente eleitoral . Em 1966, o MDB foi prejudicado pelo sistema
mente lfi , o me smo que os partidos pequenos. As expl icaçõe s seguem um a cadeia:
eleit oral: obteve 36% dos votos de legenda,mas elegeu somente 32% dos deputa
• os partidos lig ados à classe trabalhadora tinham maior penetração nos es tadas dos, perde ndo 15. A Arena, ao contrário, foi benefi ciada: há uma correlação ne ga
mais desenvol vidos, enquanto os partidos conser vadores tinham maior pen e tiv a de -0,46 e ntre a percentagem do s voto s de legenda dado s à Arena e o quo
tração nas zon as rura is e nas regiões agrícol as; ciente eleitoral, confirm ando assim a sua tend ência a ser eleitoralme nte mais forte
• o sistema eleitoral sub-representou os estados mais desenvolvidos e super-re- nos estados com menor quociente eleitoral.
presentou os estado s rurais e agrícolas, levando a conclusão de que Ond e se srcina ess a desigualda de? Em dois momentos:
• o sistema eleitor al sub-representou os partidos d e esquerda, ancorados na clas
• nos quocientes partidários (em 1970, por exemplo, o MDB obteve 30,5% dos
se operária,e super-repre sentou os partidos tradicionai s e conser vadores .
votos vali dos, mas somen te 29,3% dos d eputados distribuídos pelo quoci ente
Correlacion ando o quociente elei toral em cada estado com a proporção de partidár io). Nas aproximaçõe s no cálculo do coefi ciente partidário, o MDB per
deputados federais el eitos por partidos tradi cionais e conservadores c po r parti deu entre dois e irês deputados;
dos de esquerda, confirmamos essa associação: • na distribuição das sobras, o M 1)11obteve apenas 25% dos deputados distr ibuí
Tabela 53
dos pelo sistema d e sobras , perd endo cinc o deputados. Portanto, as imperfei
______As desigualdades na represe ntação e os partidos polí ticos ções no sistema eleito ral persist iram, embora menores do q ue antes.

Correlação (produto-momento) entre o As imperfeições atuaram e, no fim da década d e 199 0, continuam prejudi
quociente eleitoral em 1950 e a percentagem cando os partidos que representem os trabalhadores e tenham posiçõ es ref ormis
____________________________de dep utad os federais el eitos pel os partidos tas e socialist as, c favorecendo o s partido s tradicionais e conservado res. Assim, o
Pelo PSD . 0.37 sistem a eleitoral ampliou artificialmen te o pode r políti co das oligarquias rurais e
Pel a UD N . 0.24
tradicionais e reduziu de m aneira igua lmen te ar tifici al o pod er político dos gru
Pelo PTB 0,42
pos industriais, das classes médias urbanas e, especialmente, das clnsses traba
Por partidos con serva dore s' - 0,31 lhadoras urbanas.
Por partidos de esquerda6 0, 57
As desigualdades não surgira m cm 1945/46: já existiam cm 187 2. Segundo
' Inclui ndo PSD, UD N. PR e PL. A list a é arbi crãria. Ou tros pcqLenos pa rtidos conserv adores Jairo M arconi Xicolau (1997) . de 1872 a 1994 , "as bancada s estaduais na Câ mara
poderiam scr inc luíd os por outro s autores .
cos Deputados nun ca foram rigorosamen te proporci onais à população dos est a
Inclu indo PT B, PSB . PI N o PST. A lista 6 arbitrária. Outr os peq ueno s partidos cc esquerda
poder i am ser incl uído s po r ou tros autores. dos”. A perce ntagem que as cadeiras m al-a loc a d as rep resen ta no total de cadeiras
variou entre pouco menos de 8 % a pouco mais de 12 %. Para Nicolau, a região
Sudeste semp re esteve sub-representada, com exceçã o de 1890, e o p ior ano de
'' ',íni prati camente não houve votos dados a alianças e/ou colig ações; em 1950, foram sub-representação foi 1990. Kstado por estado, São Paulo e, secundariamente,
1.562.515 votos, correspond endo a 20,4% d o tota l; em 1954. foram 2.494-8 93, Correspondendo Minas Gerais têm sido os mais sub-representados . Já o N orte tem sido o mais
. 1 27% tio t otal; em 1958. os votos subiram para 4.140.655, ou 36% do total; finalmente, cm l% 2. super-representado, e tanto essa região quanto o Ccntro-Oest e foram supei re
quase 6 milhões d c votos fora m dad os a alianças e coliga ções, ale ançando 48% d o lotai dos votos presentados e m todas as ele içõ es.
válidos.
Nicolau analisa tam bém a interação dos efeitos das coli gações eleitorais e das Nas eleições de 1962, foram depositado s 11.6 37.09 6 votos válidos nos seis
distorções da representa ção sobre os p artidos nas eleições de 1994 . No que estados do Brasil desenvolvido (Guanab ara, Rio de .Janei ro, São Paulo, Paraná,
concerne ao efeito líquido da desproporcionalidade (controlados os efeitos das Santa Catarina c Rio Grande do Sul), em comparação com 8.946.760 do Brasil
coligações), o Kl’ perdeu oito deputados, e o PSDB, seis. O grande beneficiado subdesenvo lvido, uma diferença de quase 3 milhões . Não obstante, a representa
pela proibição das coligaçõ es e dos votos em br anco naquelas eleições foi o PMDB, ção do Brasil dese nvolvido 110 Senado Federal er a de apenas 18 senadores, em
queganhou 21 deputa dos, c o PT, oito. 0 grand e beneficiário da legisl ação eleito contra ste com 48 sena dores eleitos pelo Brasil subdesenvolvido. Assim, o sistema
ral foi o P CdoB, com oito dep utado s a ma is, t odos ob tidos através de coligaçõ es. eleitoral dava aos estados subdesenvolvidos o controle do Senado, em bora eles
representassem um a pequena m inoria tanto na população quanto no total de v o
As desigual dades no Senado tos válidos.
A disparidade na representação evident emente refleti u-se no núm ero de vo
Ainda que impressionantes, as desigualdades na representação dos estados
tos válidos necessários para eleger um se nador: 64 6.505 no Brasil desenvolvido e
na C âmara Federal eram pequ enas em com paração com as desigualdades exis
186. 391 no Brasil subdesenvolvido. Todavia, essa s diferenças regionais nã o refle
tentes no Senado.
tem a magnitude das diferenças entre os estados: enqua nto em São Paulo eram
O sistema de um a cota fix a de três senadores por estado, independentem ente
necessári os ma is de 1,5 milhão de votos váli dos para eleger um senador, no Acre
de seu eleitorado c de sua população, igualou as representações de estados com
bastava m 14 mi l votos. Assim, eram ne cessários mais de 1 0 0 votos paulistas para
população e eleitorado m uito diferentes. Assi m, em 196 2, São Pau lo e Rio Gra nde consegui r, no Senado, a mesm a representação que um voto 110 Acre.
do Sul, com populações estimadas em 13.860 mil e 5.371 mil, respectivamente,
tinham três senadores, número idênti co à representação do Acre e do Amazonas, Tom ando por base a população, e não o número d e votos vál idos ou o elei to
cuja população foi estimada cm 171 mil e 758 mil, respectivam ente .1175 Esse siste rado, as diferenças tam bém s ão flagrantes: havia mais de 4,5 milhões de pessoas
ma determ inou um a sub-representação de grande m agnitude dos estados mais por senad or em São Paulo e meno s de 6 0 mil no Acre. Em São Paulo, port anlo,
populosos (São Paulo, Minas Gerais, IJal iia , Rio Gra nde do Sul, Paraná, P erna m era preciso 80 veze s mais pessoas para eleger 11111senado rdoqu e noAcre .Assi m,
buco, Rio de Jane iro. Guanabara etc.) e um a super-representação dos estados 110 Senado, os vícios na rep resent atividade, derivados do princípio federativo, fo
meno s povoadas (Acre , Amazonas, Mato Grosso, Espí rit o Santo, Rio Grand e do ram multiplicados. Esses vícios prejudicaram os estados mais desenvolvidos e,
Norte, Piauí, Alagoas etc.). Como existe um a correlação positiva entre o nível de duran te o bipartidari smo, term inaram por prejudicar seriamente o MDB.
desenvol vimento econômico e a população dos esta dos, o sistema de representa As desigualdades na representação do s estados, dos partidos e das classes
ção fix a de três senadores por estado determina a sub-representação do Brasil sociais 11a Câma ra dos Deputados e 110 S enado Federal não devem se r anali sadas
desenvolvido. ilt- man eira isolada. Sena do e Câmara participam de m uitos processos. As rela
ções de po der entre o Senado e a C âmara são im portantes para verifi car qual o
Tabela 5*1 pesorelat ivodasiiper/sub-representaçâoem ambos.Essasrel açõesnãosã ocons
Perce ntag em de votos vál idos e de senadores, por região, 1962 tantes 110tem po:variam com váriosfatores,comoa força relat iva dospartidosea
Estados % de votos % de senadores Votos válidos persona lidade dos seus respectivos presidentes.
válidos por senador
Desenvolvidos 57 27 646.505 Algu ma s conseqü ências polí ti cas
Subdesenvolvidos 43 73 186.391
Total 100 100 As desigualdad es favoreceram a sobrevivência política dos coroné is lo cais .
Número (20.583.829) (66) Num sistem a distrital, as coronéis m unicipais teriam suas eleiç ões garantida s com
Fonte: Tribunal S uperior Eleit oral . o simples domín io políti co majoritár io de seu distrit o eleitor al. No sistem a adota
do pela legislação elei toral, seria di fícil um candidato, sobr etudo rural, obter u ma
As desigual dades 110 Senado e no Conselho da República France sa apresentam dimensões votação superior ao quociente elei toral do estado. Contudo, a votação dos coro
inferiores às existen tes110 Senad o Federal do Brasil entre 1945 e o presente; e:n 1938, os Baixos néisera e 6 predom inantemente local e muito concentr ada 110s distritos eleitorais
Aipos M arítimos elegiam 11111s enador para cada 41.3 62 pessoas, enquanto no Sena eram n ecess á sob sua influênci a socioeconò mica. Xos estados menores, bastava reunir alguns
rios 485.965 votos para eleger um senador. No C onselho da República, as diferenças eram haslan- milhares de votos par a eleger- se,ao passo que 110 Brasil desenvolvido era preciso
tc menores: em 1958, havia um conselheiro para cada 83 35 4 habitantes nos Baixos Alpes e um
algumas dezenas de milhare s. No Senado, o problema é m ais claro : em 195 0, em
para cada 238.28 5 n o Sena, aproximad amente três vezes mais. Ver Colt eret et alii , 1960.
Alago as, havia ap roximadam ente 33 mil votantes por senador; é concebív el que Ao redor d e 1960, os indicadores de desenvolvimento, ur banização e indus
uin grande coronel pud esse controlar tal quantidade de voto s. Em contraste, em trialização estavam positivamente correlaciona dos com os dc m obilização da class e
1960, em São Paulo eram necessá rios mais de 2,2 milhões de votantes por sena trabalhadora. Iss osigni fica que,aosub-represe ntarosestados maisurbanizados
dor. A mag nitude dessas cifras c,evidentemente,incompat ível com a idéi a dc au e m ais indust riali zados,o sistema eleitoral aumentou o poder c a influência pol í
tonom ia políti ca de coronéis. Estas são conseqüências qualitativas de diferença s tic a daqueles estados on de os trabalhadores eram m enos sindical izados, menos
eleitorais quantitativas. conscientes, men os atua ntes e, logo, mais sub missos ao dom ínio das elites loca is.
Com o crescim ento do eleitorado entre 1945 c 1962 , nmitos coronéis que em
194 5 comam l avam votos sufic ientes para gara ntir sua elei ção para as câmaras
federal e estadual ou mesm o para o Senado já não puderam fazer o m esmo em
Re pre sen taçã o eleit oral, dom inaç ão políti ca e classes soc iai s
196 2, porque o quocien te eleitor al ultrapassava os votos com que contava m. Em O sistema eleitoral deu aos estados men os desenvolvidos um pode r polí tico
linguagemda teoriadosjogos,el iminava-seacondiçãodecerteza,apresentando- muito acima da sua participação d emográfica e eco nómica n a nação. Esses esta
se o processo elei toral como um jogo com muitos parceiros em condições de in dos eram os m ais dependentes da agricultura e com m enor participação el eit oral
certeza. O crescim ento das a lianças e coligações era inevi tável . da população(cm grand epa rtedevid oàsbaixastaxasdealf abetiz açãoentreadul
Ou tra con seqüênc ia da d espropor ção nos quocientes eleitorais deriva das «li- tos ), de m odo q ue uma parcela subst ancial do poder pol íti co nacional se concen
ferençasnograu de elit ismodapolíti ca.Osestadosm enosdesenvolvidosem enos trava nas mã os das elites locais . Ao sub-r epre senta r os estados desenvolvidos , 0
povoados são tam bém aqueles onde é m enor a participação polí tico -elei toral . sist ema eleito ral prejudico u exatamente os estados com maior partic ipação elei
Menor p roporção da população vota e ainda men or proporção pode aspirar a car toral e maior mobilidade pol íti ca, nos quais uma proporção maior da popul ação
goselet ivos .N asregiõesmeno sdesenvo lvida s,exist eum número maiorde eleit os tem acesso a os mecanismos polí tico s c aos postos de poder , a começ ar polo mai s
p e r ca pi ta , m asa eliteém enor,tantoem termos rel ati voscomoabsolut os.Conse simple s, que c o de eleitor , e p or vezes chegando aos mais di fíc eis , com o os dc
qüentemente, uma proporçãom uitomaiord aeliteobtém cargospolí tic osele tiv os deputa do federal, senado r e governado r. Assi m, o sistema eleitoral contribuiu fun
federais: há ma is cargos para men os gente. Assim, as ele ições têm ca racterísticas dam entalmen te para a desigualdade polí tica do país , concentrando o poder nos
diferentes: a política é algo ‘ norm al e "natural" para a elite das regiões subde sen estados dominad os por um a reduzida elite pol íti ca e retirando-o daqueles onde o
volvidas , ma s não p ara a da s regiões ma is desenvolvi das. acesso aos postos polí tic os era m ais democratizado. Iro nicamente,a pa rtir da d é
•\s desigualdades na representaç ão «l os estados introduz idas pelo sistema elei cada de 1980, os representantes desses set ores associ ados ao estado foram parar
toralepelosistema feder ativ oentrega ramo controledoSenado àselite sdos esta em partidos de esquerda. 0 problema da desigual dade na representação pol íti ca
dos me nos desenvol vidos . Em I960, os estados onde menos de 20% d a popul ação não deve ser abordado na perspect iva tradicion al da oposi ção entre inte resse s
viviam em cidades com 1(J mil habitantes ou mais tinham 4 8 sen adores, contra 18 industriais e intere sses agrícolas . O sistem a eleitoral não favorece os interesses
dos estados mais urbanizados, ou seja, aqu eles onde mais de 2 0 % da população
agrícolas em detrim ento do s industriais. O sistema eleitoral favoreceu (e cont i
vivi am cm cidades com 10 mi l habitantes ou mais. Tomando a p ercentagem da nua favorecendo) osinteressesdosgrande sproprietári osagrícolasem d etrimen
força de trabalho empreg ada no setor industri al como m edida <l e industr iali za to da m aioria da população que viv e da agricultura e também e m de trimento de
ção, vemos que os estados com m ais de 5 % (Rio de Janeiro, G uanabara, São Pau alguns interesses industriais, limitando o merc ado interno. Desfavoreceu, igual
lo,Sant a C atarina e RioGrandedoSul) tinham 15 s enadores,contra 5 1 dosm enos mente, os interes ses das classe s trabalhadoras urbanas, qu e deixaram de contar
industrializados.
com um podero so aliado polít ico potencial , os campon eses.3 77N um m odelo que
A relação entre desenvolvimento e sub-represent ação tem conseqüências soma zero,os únicosgruposclaram entebenefici adospelasdesigualdadesdosis
polí tica s porq ue e nos estados m ais desenvolvi dos que há maior sindica lizaçã o c tema eleitoral foram os proprietários agrícolas e as elites rurais c das pequenas
mobili zaçãoda classetrabalhadora.X eunia Aguiar(1969 ) dem onstrou a existên
cia de altas correlaçõe s entre as transformações logarít micas de urbanização e
partidos dc esqu erda se viam ainda m ais prejudicados pelos sistemas de dois turno s eleit orais
industrialização e dois indicadores de mobilização da classe trabalha dora : sindi devidoàsua resist ênciaaformar aliançasecoligaçõesdeitorais. VerCo tteret et alii ,1%0:255-H0
cali zação e taxa de queixas por parte dos trabalhadores apresentadas aos tribu ‘ Não há uma abanç a "natural entre os interesses dos operários e os dos camponeses; nit o
nais d o tra balh o.376 obstante, devido à sua situaç ão de classe e à srcem rural de muitos operários ou de iuns liunl
lias, assir.i tom o Airadição ideológica da aliança aperário-caniponesa, a ação con junta cm pro l
1/6Tamb ém :ia França a s desigualdades na d istribuirão de cadeiras no Senado, n a Câma ra dos de reformas nacionais é facili tada, can o foi o caso da cam panha pelas reformas de has.-dui .mtc
Deputados ou 110 Conselho da República prejudicavam os partidos d e esquerda. No entan to, as ogovernode João Goula rt.
cidades e,até certo po nto,certos grupos e classes soci ais médios e altos das cida
de classe e dos partidos políticos: houve oposição cerrada do PSD e das seções
des dos estados m enos desenvol vido s.
ruraisda UDN eapoiodeseçõesdediferent espartidos(incl usiv eda U DN da Gua
A análise em term os de categor ias amplas, como burguesia e proletar iado, é
nabar a) no s estados desenvolvidos às reformas do sistema eleitoral que dificult a
demasiado simplista.Primeiro,desconheceo fracionai nentoeleito raldas class es
vam a corrupç ão eleitoral, como po r exemplo a cé dula única.3 80
sociais, particularmente das classes trabalhadoras. Segundo, omite os crescentes
As desigualdades na representação contribuí ram para tornar o legis lati vo,
setores da população com ocupações não-manuais, que ocupam um a situação dc
sobretudo o Se nado, uma instituição conservado ra. Com o crescimento histórico
classe i ntermediária en tre a burguesia e as class es trabalhadoras, em termos de
dasatribuiçõesdoSenado,o impactopolíticocsoc ialdasdesigualdadesse multi
renda, educação e prestígio ocupa cional , e que se tornaram fundamentais para a
pli ca. Km algum as votações específic as, as desigualdades tiveram conseqüências
com preensão do pro cesso eleitoral devido ao seu crescente peso numérico. As clas
dramáticas: as “Diretas-já" teriam sitio aprovadas 11a Câm ara se a represent ação
ses mé dias, que estiveram excluídas do processo eleitoral alé 193 0, com exceção
foss e rig orosa me nte pro porcional à população.3 81
de um a minoria saída de seus setores su periores , entraram 110 jogo eleitoral em
Todavia, a obediência à norma orte num, one vote. não é absoluta. Há outra s
1945 . Sua atuaç ão eleitoral foi fundam ental 11apo líti cadediversos estados ,sobre
considerações. W anderley Gu ilherme dos Santos (1987), por exemplo, analisou a
tudoosm aisdesenvol vidos e,particular mente,oentãoestado daG uanabara,onde
qu estã od o pon to de vista é tico e filo sófi co, concluindo que a super-re presen tação
se encontra va boa pa rte do funcionalismo público fede ral.
não é obrigatoriamente patol ógic a, podendo ser u m instrum ento pat a impedir a
Os níveis superiores dessas classes votavam nos candidatos conservadores,
tirania da maioria. A preocupação de Santos nã o é descabida. A representação 110
sendo notório o seu apoio à UDN na Guanabara. A pesar dis so, nos setor es mais legislativo é apena s tmru das forma s pelas quais estados e class es sociais defen
baixo s,sobretudoentreosnão-manuaisdero tina,encontramosum avotaçãosubs
dem os seus interesses; talv ez s eja a m ais importante, mas o poder de atua r dire
tancial par a os partidos dos trabalhadores : entre 1/4 e 1/3 dos vot os.
tamente sob re diversos órg ãos do estado nã o se distribui proporcionalmente en
Aatuação eleit oraldessasclasses 110 período democ rático foi conservadora,
tre os estados, e alguns , sem dúvida, têm m uito mais poder d o que outros.
favorecendo os partido s tradicionais, sobre tudo a U DN. Assim, a expansã o ini cial
do número de eleitores aumentou o pode r polí tico das novas classes medias, ca
racterí sticasdasár eas maisdesenvolvid as,edim inuiuopo der eleit oraldas velh as
classesmédias,relativame ntemaisnum erosas nosestadosm enosdesenvolvid os.3 78
As novas clas ses m édias se aliam freqüente 111ente à burguesia. Seu crescime nto
absoluto nas áre as desenvolvidas fo i considerável, porém seu crescim ento relati
vo fo i somente um pouco maior que o da clas se trabalhadora no período democrá
tic o, de m aneira que a razão en tre elas permanec eu relativamente constante.1 ™
Sendo assim, modificações no sistema eleitor al que garantissem a represe ntação
efetiv amente proporcional tenderiam a ma nter o equilíbr io da balança, ao au
mentar com a m esm a intensidade o poder de represent ação das clas ses médias
(de tendências conservadoras) e da s class es trabalhadoras (dc tendências relati
vamen te reformistas e esquerdist as). No entanto, a estabil idade nas rela ções en
tre duas tendências políl icas não nega as modifi cações dentro de ca da um a delas ,
principalmente na conservadora. Essas modific ações seriam no sentido de d imi
nuir consideravelmente o poder d as olig arquias rurais c das class es médias tradi
cion ais, aumen tando o poder d a burguesia c, princip almente, das novas cl asse s
medias. Quero crer que essas conside rações são do conhecimento dos dirigentes

378As novas classes médias" são aqu elas criadas em função


lo XX. A distin ção é de Wrig ht Mills (1962).
da expansão da tecnologia 110 sécu
* ‘Antes da cédula única, os eleitores
«piais desejavam votar.
traziam o s envelopes com as cédulas dos candidatos nos

379 Ver S oar es, 1969 . O crescimento dos operários foi modesto entre 1950 e I960, crescendo ü!l Supondo que a distribuição dos votos dos depu tados “a mais“ e dos depu tados "a iihmios ’
aceleradam ente nas décadas de i960 e 1970 e diminuindo na década «l e 1980 . fosse igu al, em ca da estado, á do s que efetivam ente votaram. Ver Soares, 1984.
Capítulo 13

Avaliação do período democrático

A avali ação « lo período dem ocrático que com eçou em 194 5 e terminou e m 1964
chega à imagem de um progress o desig ual O período se ca racter izou por uma
extraordinária laxa de crescimento ecupidmíco, particularmente industrial, um
claroeseguroprogresso po ti tic o, ainda qu e lento em certas áreas, e um desenvol
vimento soera/ muito lento, dando srcem a contradições que hoje, mais de meio
século depois, afetam negativa men te o país.

Avali ação econôm ica


Nessa avaliaçã o,caberegistrarprimeiram entequeo crescimentoeconômi co
existiu e foi acelerado, seja em term os históricos, seja comparativame nte.
Um dos indicadores de desenvolvimento com maior ênfase no desenvolvi
mento in dustria/ e u rbano é a potência instal ada: entre 1945 e 19 63 , houve um
crescimento substancial e aproximada mente linear da potência instalada. Um ajus
te exponencial re vela um ganho m odesto no coeficie nte de determinação, suge
rindo i|i ie o crescimento foi um pouco mais acelerado nos últimos anos do perío
do. A potência foi multipl icada quase cinco vezes em menos de ‘AO anos.
Figura 12
Brasi l: po tên cia instalada, 1945 -63
7.000

6.000 instalada
Expon.
5.000 (potência
instalada)
•1.000
Linear
3.000

2.000

1.000

Anos
Ü indicador mais tradicio nal de crescimento econômico é a rend a p e r cap ita . Em 1964, o PIB brasileiro já supera va claram ente o argentino. Foi, portanto,
Porém, há várias difi culdades com as comparações de renda porque, tradicional um crescimento acel erado, em comparação com um país que também desfrutara
mente,som ente os bens e serviços com valor inter nacional entram no cálcul o. Os de situação priv ileg iada na América I.ati na, chegando a ser considerado o único
que nào o tèm geram Um problema: o de atribuir-lhes um valor — ma s, que val or “desenvolvido”. Não o bstante , afirmava-se — erron eam ente — que a Argentina
usar,edeque país?Ametodologi ade(Jeary-Khami stenta mino raresseproblema estagnara dura nteesseperío do,maso sdadosindicam qu eopaíscontinuava cre s
e é adotada por m uitos histori adores da economia, como Angus Maddison, cujos cendo, ainda que a u m ritmo um pouco m ais lento do que o brasi leir o: o cres ci
dadosutiliza mos.5 “ Osdados mostram um crescimentoacelera dode 1930a1964 , me ntoargenti no,de cercad e US$3bilhõesanuais ,era claramenteinf erioraobras i
com resu ltados excelentes 110 tempo q uando usam os quer uma solução pol inomial leiro, de US$7 bil hões. Para não deixar dúvidas a respeito da excelência do
d e 2 V grau, quer um a exponencial . A fase de crescimento mais rápido coincid e desem penho do Brasil ness e período, compare mo-lo com o de outros paíse s, além da
com os anos democrático s. Argentina. Tom and o os países latino-ame ricanos com maio r PI 15(México , Venezuel a,
Não obstante, é possível argum entar que esses foram anos de crescimento Colômbi a, Chile e Peru, além da A rgentina), vemos que o crescimento do P IB brasi
rápido pa ra o mundo. O Bras il apenas reflet iri a o acelerado progresso mundial, leiro foi claramente m ais acelerado que o daqueles países. Em bora o pe ríodo fosse
sem mérito para a sociedad e brasilei ra 011 para o seu governo. Efetivamente, o propício ao crescimento comparativamen te, por exemplo, com 0 períod o de 1982
pós-guerra foi um período de rápida expansão da economia mundial. A compara até 2000 —, fi ca claro qu e 0 Brasil foi 0 país que mais cresceu nesse período.
ção com outros países com alguma semelhança estrutural confere maior
Figura 14
credibil idadeà afirmação deque operíododem ocráti cofoiparticularmentecom Cr esc im ento do PIB , vári os país es lat ino-am ericanos, 1945 -64
petente na administração da economia. Na América do Sul , a Argentina é o país
cujo PIB mais se aproxima d o brasil eiro . Na verdade, no iní cio do período demo
crático, o PIB argentino era maior do que o brasileiro, tendo sido superado so 200.000
men te em 1948 .
— Brasil
A comparação do crescimento do PIB dos dois países (s empre e m dólares ■ Argentina
constantes de 199 0, seguindo Geaiy- Khamis) mostra que 0 brasileiro foi clara 150.000 Chi c
mente m ais acelerado do que o argent ino: k Co òmbia
□ Mé xi co
- o - Peru
Figura 13 — 1— Vene zuel a
100.000
Cr escim ento do PIB na Arg entina e no Brasil , 1945- 64 o --------(Linear) Brasil
- - - (Linear) Argentina
(Linear) Chile
50.000 ■ ■ ■ (Line ar) Co ómb ia
-------(Linear) México
--------(Linear) Peru
— - (Lin ear) Venezuela

Até o México , cujo PIB ultrapassaria o da Argentina nas úllimas décadas,


teve um cre scim ento inferior ao do Brasil entre 194 5 e 1964 , como se pode ver
pela comparação visual dos ângulos das retas ajustadas dos dois países em rel a
ção à reta dos x.

O desenvolvimentismo e suas raízes

” Ver Maddison, 1982,1991 e 1995. Ideologicamente, o período f oi dominad o pelo desen volvimentisn 1o ,pela preo
cupação de re tirar o Brasil da condição de subdes envolv ido. Era o ponto de en-
coiilru de vár ias ideologias , de vários projetos nacionais, de e squer da ou de dire i
ta, capital istas ou não. Era um a preocupação que vinha do Estado N ovo e que O desenvolvimento político
dom inara os m ilit ares durante a II Guerra M undial . A guerra deixou patente a
vulnerabili dade dos países agríc olas . Os grand es atores foram potências indus Toda e qualquer avaliaç ão dc um período deve levar em co nta os anteceden
tes e o ponto de partida, evit ando o presentismo. Politicamente, o período demo
tri ais . O Bras il recebera um a pesada hera nça colonia l que o deixara num a situa
cráti co começou carregando um fardo pesado. Trazia uma herança de 15 anos de
ção de trem enda desvantagem cm relação aos países centr ais e, incl usi ve, alguns
c 1 ..du ra, sem nunca ter tido um a polít ica com pa rt ic ip aç ão am p li ad a. A cultura
do Terceiro M undo, com o a Argentina. Poucos sc dão co nta de quão nociva foi a
ditat orial penetrou inúmeras insti tuiçõesefacetasda vida nacio nal:
herança colonial e imperial. Em 1880, o PIB brasileiro era inferior ao de países
hoje considerados casos extremos de subdesenvolvimento, como B anglade sh, '' ' Pm |^àn dleda imp rc ns a-al ra vés 1 ,0 Departamento de Imprensa
Indonésia e Paquistão .384
• não havia pa rtidos políticos nacionais legí timos;
Figura 15 • a estrutura d o E stado era corporat iva;
Estimativas do PIB , países sel ecionados, 182 0 • movim ento trabalhista e sindical era prisioneiro dessa estrutura corporativa:
• nao havia prec edente de eleições que fosse m,em grande parte,li vres dc fraud e-
12.000 • a política era um diwjrtissemerrt das elites; era m p oucos os eleitores, e a política
restringia- se a elit e e a redn/ida class e m édia alta .
10.000 Nesse cont exto, o au mento da participação era prio ritári o. A estrada rumo à
dem ocracia passa va prime iro pela extensão da cidadania, qu e incluía o direito d e
8.000 voto para as classes trabalhadoras.

6.000 A p a rt ic ip a çã o el ei to ra l e a e x te n s ã o d a ci d a d a n ia à s cl as se s
trabalhadoras
4.000
Efetivame nte, assim foi. O principal êxito do período foi amp liar a cidada
2.000 nia sobretudo o direi to dc votar e, muito teoricamente, o direi to de ser elei to -
as classes me dias baixas e à class e trabalhadora. Porém , o requis ito socia lmente
0 reacionaiio da alfabetizaçao deixou de fora do processo eleitoral parte substan
Brasil Bangladesh Indonésia Paquis tão cial da populaça o brasileira. A si mples ab ertu ra política e o início da democracia
T SaltG " ° núm ero C,Ce,eitor es rcg i-slr<> dos: de 1,5 milhã o em
33 p f .ra ,5 ,,,, llloes em 1915. 0 crescimentodo núme rodeeleitoresregis trados
Entende-se,portanto,a preocupaçãodaselite sbrasileirascomosubdesen
nao.se limitou a abertu ra inici al, ao entusiasm o passageiro que caracteriza muitas
volviment o econô mic o,^ c não com o social : por um lado. o Br asi l vinha-se recu
campanhas: os brasilei ros continuaram buscan do a cidadania em múltipl os as
perando de u m passado econômica e m ilitar mente irrelevant e, a despeito dc se u
pec tos .. en tre eles o do alistame nto eleitoral, que p assou dos me ncionado s 7 ,5 m i
tamanho; por outro,era governado por uma elite acost umada a pensar num a pers
lhões em 1945 para 18, 5 milhões em 196 2. O crescimento foi vertigi noso: o con
pectiva de classes — o grosso da população simp lesme nte não contava. Se a elite tingent e de 196 2 era duas veze s e meia o d e 1945 e m ais dc 12 v eze s o dc içm O
brasileira tive sse uma perspe ctiva mais democrática , o Bra si l teria tril hado um nume ro de votos apurados nas elei ções presi denciai s dobrou no período demo
caminho socialmente meno s injus to, ainda que, tal vez , econom icamente menos
acelerado. cráti co, de quase 6 milhões para 12 milhões.
A análise da instit ucionalização partidá ria tem deixado de fora o crescimento
do elei torado. Ovoto á uma das m aneiras,talve z a pri ncipa l,de os eleitores es ta-
1990 (Geary-Khaniis). Delece rem algum vinculo com .... . partido. Um ele itorado que cresce acelerad a
Mts 'Sempree m dólaresconstantesde
DuranteosgovernosdeK
dos Brasileiros (Iseb), que reun
ubitschekedcG
ia alguns dos m
oular t,desabrochouoInstitut oSuperiordeE
ais destacados intelectuais da ópoca, com dife
stu mente e um eleitorado que incorpora eleitor
pela primeira vez Em 19 45 , votaram
es novos, ou seja, que estão votando
6 ,2 milhões de eleitores ; 17 anos mais tarde
rentes tendências mas igualm ente preocupados com o desenvolvimento. votaram 14 ,7 milho es. N as elei ções parlam entares de 19 50 , pelo m enos um em
qua tro eleitores votava pela prime ira vez numa eleição daque le nív el (exclui ndo da de 1960. Muito s então acreditavam — erroneamente — que os países comunis
eleiçõ es suplementares); c m 1954, tínhamos um e in cinco ; em 1958, 28%; em 1962 , tasera m economicam entem aiseficie ntesdoque oscapit alis tas.Socialmente,o s
um e m nove. Esses núm eros são mínima porque supõem que nenhum dos vot an paíse scom unistaseram amplam entesuperioresaoscapital ista s.Aúnica linha de
tes das eleiç ões anteriores morreu e que todos votaram. Uma estimativa mais rea defesa dospaísescapit alist asficara ,então,por conta da democracia propriam en
list a encontraria um em três em 1950 e 1958, e um em qu atro em 195 4 e 196 2. te dita. Porém,os críti cos do capitali smo sublinharam que algum as das demo cra
Todavia, o período democ rático foi curt o. No seu final, relativamente poucos cias ocidentais ti nham baix as taxas d e participaçã o eleitor al e qu e os setores não
haviam participado de um núme ro grande de elei ções . Cerca da m etade votara em participantes eram o s socialmente mais pobres. Kssa acusação gerou a defes a da
apenasdu aseleiçõesproporci onaisfederais .Acombinaçãoe ntrea vidacu rtados apatia políti ca como p arle de um a def esa mais ampla das democracias capit alis
partidos — di ssolvi dos por du as ditaduras — e o caráter recente dc g rande parte tas. Não obstante , no Brasil , o deb ate se concentrou na a bstenç ão eleitoral e teve
dosvotantes—muitosdosquaisvotavam pela prime ira ou segunda vez— conspi outro conteúdo.
rou contra a criação de um víncu lo entre eleit ores e partidos a partir da experiên
cia elei toral. Outras coisas sendo iguai s, a continuação da no rmalid ade demo crá 0 deba te sobre o crescimento da abstenção elei tor al
ticaestreitari aessa relaçãoque,comparativamente,poderiaser consideradaalgo
frouxa. Porém, novo golpe de listado, nova ditadura e novos partidos interrom pe No Bras il, esse debate teve repercussão limit ada fora do mun do acadêmico,
maser am uitorelevantedentro daciênciapolí ticabras ilei ra.Oqu esepensavaser
ram esse processo.
uma decre scente participação eleitoral, me dida pela abstenção, fo i tomad o como
Tabela 55 um indicador -chave tanto da falên cia do sistema políl ico-part idário quanto da
N úm ero de v otantes e seu crescim ento, Bra si l, 19 45- 62 necessidade de sua reformul ação. Simón Schwartzman (197 0) foi um dos prime i
ros a exam inar a participaçã o eleitoral a pa rtir de três séries emp íricas cuja exp li
A no V otantes Cresci mento abs ol uto Cresci mento per ce ntu al cação procurava:
194 5 6 .2 0 0 .80 5
• o crescimento dos votos branco s e nulos, dc 1945 a 1962;
1950 8 .2 5 4 .8 9 9 2 .0 5 4 .0 84 25
• a correlação, tom ando os estados como unidades de observação,entre a percen
195 4 9 .8 9 0 .4 7 5 1 .6 3 5 .5 7 6 20
tagem d e votos branc os c nulos em e leições consecuti vas, ou seja, 1950 c 195 4,
1958 1 2 .6 7 8.99 7 2.7 B 8 .52 2 28
195*1 e 1958 e assim por dian te; os es tados com ma ior percen tagem de votos
1962 1 4 .7 4 7 .2 2 1 2 .0 6 8 .2 2 4 16
brancos e nulos numa ele içã o tinham m aior probabili dade de terem m aior per
centagem nas eleições seguintes; e
O crescim ento, porém , não foi linea r e aditivo. Km 1958, houve um decrésci
• a correlação entre o crescimento dos votos branc os e nulo s e o crescimento das
mo dos eleitores in scrit os, o que gerou uma polêmica interessante e totalmente
alianças e coligações .
fict ícia sobre o significado da abs tenção eleitoral, dos votos nulos e dos votos em
branco. Para en tender esse debate, convém saber que a participação eleitoral, Schwartzman conclu iu que a expli cação que melhor se ajustava às obser va
que não deve ser confundida com a participação po lít ic a, inclui vários mom entos ções acima era a da falê ncia do sistema partidário. Essa explicação se coaduna va
em que o voto pode ser perdi do: com a percep ção generalizada d e que os partidos políticos no Brasil não tinham
profundidade.
• o eleitor pode não se cadastrar para votar; Campello de Souza ( 1976 : 16 1 ,165) critic ou essa interpretaçãod ocrescimen
• o eleilor cadastrad o pode não votar n a elei ção; to dos votos brancos e nulos como sintoma da fal ênci a dos partidos:
• o eleitor pode v otar em branco ;
• o eleitor pode anular o seu voto . "O aume nto da p roporção do volos brancos e nulos (insignificante em 1945, quase
urn quinto em 1962) nas elei ções parlamentares foi também freqüentemente alar
No credo democrático, a participaçãoé um bem. Mas houve teorias que afirma
vam quea baixaparticipação,e m algumascondiç ões,deveri aser vistacomoposi deado na literiasatura
por um mess jornalística
populista ou por como
um sintoma da ‘f alência’
ditador esclarecido, dos partidos.
o eleitorado estariaAnsioso
mani
tiv a para o sistema: a população consi deraria que os seus problemas fundam en festando, assim, seu desinter esse, se nã o seu protesto, face à ‘polit icalha’ reinante
tais estavam resolvid os e que o que restava para ser resolvi do através d a políti ca nos legislat ivos (... ). | Reconhecemo s] nesta interpretação boa parcela de verdade.
eram questões secundárias. Assi m, a baixa part icipação , em alguns sist emas, in Afirmamos,porém,queo seu caráterpaicial,e portantoideol ógico ,provém (...) deum
ponto de partida arbitrário - a proverbial 'in consistên cia ideo lógi ca e programática
dicaria a sua capacidade de resolver os problemas fundame ntais da popul ação.
dos partidos', a sua lalta de coesão’etc . — e da passagem direta deste ponlo à consta
Kss e argume nto só pode se r entendido no contexto do debate ideológ ico da déca tação dos votos brancos e nulos c omo conseqüência natural e direta. (...)
Schwarlzman aba ndona por completo a parcela il o aumento de branc os e
nulos que poderia ser explicada, seja pelo crescimento do eleitorado, seja pela Esses entraves prejudicavam sobretudo os que partici pavam do mundo for
[incorpora ção de grup os marginais], [Ao fazê-l o] (. ..) reencontra, após long o per mal, regulamentado, da economia e da vida cív ic a. Grand e parte do s brasil eiros
curso, a ma neira jornalística de dizer que os partidos na sceram “velhos e fadados nao partici pava desse m undo; além disso, muitos desses excluíd os estavam im
a perecer com a modernização. ” pedidos d e votar porq ue eram analfa betos. O resultado é que um polinómio de
Rss e debate foi am pliado,passando a incluir o crescimento da abstenção en 1au que ,ncop Po rao declínio dos eleitores cm 1958 descreve adeq uada me nte 0
tre 19*15 e 1962. A inclusão da abstençã o, que cresce ra acelerad ame nte até 1958 , comp ortamento do n úm ero de eleit ores regist rados para vota r.
gerou um a polêmica a respeito de u ma despolit ização que nunca aconteceu. Iro O segundo ponto para o qual Campell o de Souza também c ham ou a atenção
nicamen te, a me u ver, essa polêmica foi a respeito de um ’' fato’ ' inexistente. Real pailedo piincipiodequeoseleitoresantigoseosnovos nã o constit uem am ostras
mente, a abstenção cresceu rapidam ente entre 1945 e 195 5, tanto em termos ab aleatórias do m esmo universo: eles não são iguai s. Qua ndo destaque i a extensão
solutos quanto relativos, e baixou drasticam ente em 1958 , voltando a crescer entre da cidad ania a s class es traba lhadoras, deixei claro que os novos eleitores que se
1958 e 1962. En tretan to, as características do registro eleitoral foram deixada s de ■oram incorporando ao process o eleitoral ti nham uma com posição ocupaci onal e
fora . Não havia recadrastam ento automático nem baixa automática de qualquer educacional meno s privi legi ada que a d os que se incorporaram primeiro. Dados
lipo no reg istro elei toral. Portanto, q uem se registrava como eleitor ficava como abun dan tes, inclusive de pesqu isas reali zadas no Brasil , moslra m qu e a participa
elei tor. Ora,um n úm ero considerá vel de eleitores morre cada ano,m as não havia ção política e eleitoral aum enta com a educação. Assim, os novos eleitores partici
baixae.dessas
votar segunm doortes no registro
indicam algu eleit oral:
ns dados, certoosnúmo rtos
merocontinuavam registrados
continuav a votando. A para
maio pavam
de votosmnulos.
enos do que os antigos, além de cometer m ais erros, aumentando a tax a
na, contudo, não votava mas continuava figurando na lista dos el eit ores, aumen Entretanto, o signifi cado dos votos em branco e nulos e da abstenção elei to
tando arlifici almenle a abstenção. Em 19 58 , houve um recadastramento. Os títu
ralnaoesem preo mesmo. Há outras expl icaç ões,al ém d odesinteresseeda sat is -
los antigos foram anulad os, e os eleitores t iveram q ue se reinscrever. Da í a baixa
aç.i o. O período pos -1964 trouxe algumas delas à baila . Quando , por decreto do
dramática na abstenção.Apolêmica src inalpermaneceu váli da,massua amplia
Executivo, extinguiram-se os velhos partidos e criaram-se os novos, os alinha
ção e a inclusão da abstenção ignorou o recadastramento de 1958 .
mentos entre as clivage ns soc iais e as preferê ncias partidárias se perderam As
O voto no Bras il era (e é) obrig atóri o. Havia (e ainda há) um a serie de entra
pi imeiras eleições defrontaram -se com um ce ticismo considerável, e pelo menos
ves burocrát icos para quem não se cadastr ava 011 não votav a.
ate 1972 oMDB ainda nãoconvencera oeleit oradodequeera um legí timopartido
tíe oposi ção, sem talar em ser o representante polí ti co da clas se trabalh adora 385
Figura 16
hm 19 70 . a correl ação entre os votos nul os - nos quais o indivíduo real mente
N úm ero de eleitores no Brasi l, 193 3- 62
vota, m as num candid ato ileg al, 011simplesmente es cre ve um palavrão - e a ur-
bamzaçao foi mais alta do qu e en tre o MDB e a urbani zação. Os resultados elei to
rais sugerem que p arte subslancial da oposição ao gover no militar preferiu votar
em branco ou inutili zar 0 voto a votar num partido criado ix- lo próp rio governo
militar. Km 1966 1970 e mesm o 1972 . o MDB realm ente perdeu as eleições na
muioi ,a dos estados urbanizados e em muitas áreas metropolitanas . Assi m, parte
da oposição urban a ao regime ainda não aceitara o MDB como seu representante
legit imo. Sun presença n as áreas de classe trabalhadora não era digna de nota. As
8 000 000 eleições de 197 4 foram o divisor de águas, e daí em d iante 0 MDB se legitimou
c?m o pai1,(lodc °posição quan to como rep resentante da classe trabalhadora
Inform ação p osterior diluiu o significado dos votos nulos como v otos d« - pro -
esto. Nao ha d uvida de qu e alguns o são, mas é difí cil sabe r quantos. A intei pre
taça o de q ue p arte dos votos nulos se deve a erros, sempre c onsiderad a possí vel
mas oca sionalmente não leva da a serio, obteve confirmação j á n a N ov a K ep úb li
ca. 1.1a proveio d e qua tro fatos:
Eleiiorcs — Polinómio (Eleico res)

** Kssc quadro clarair.cnte mudo u a par lir de 197 4.


• a complexidade d a ccdula eleitoral;
poder,m anteve as eleiçõ es. Talve z não as mantivesse,não fora esse um valor qu e
• os relatórios verbais e não-sistemáticos dos mesários, que apontavam grande se enraizava.
número de erros;
Mas a extensão da cidadania é um processo mais co mplexo e longo do que a
• a a lta percentagem de erros nas zonas eleitor ais mais pobres;
simples legisl ação amplian do o direito ao voto; com o aconteceu em m uitos outros
• a diferenç a entre os resultados das pesquisas de boca-de-urna (maiores) e os
paíse s, os novos grupos que poderiam se incorporar ao processo polí tico c omo
resultad osoficia is(meno res)de candidatospopulistasnessaszonas.
votantestinham taxasm aisbai xasderegistroel eit oral ,decom parecime ntoetam
Portanto, na s eleições em que a cé dula eleitoral f oi mais complexa, um a por bém d e votos válidos.
centagem desc onhecida (mas qu e se julga elev ada) dos votos nulos é devida a
erro. Antes da cédu la única, o erro deve te r sido menor. Figura 17
A di fí ci l mobilização d as classes populares alfab etizadas
A ex ig ên ci a d a a lf a b et iz a ç ã o e o atraso po lít ic o 35.000
» Alfabetizados de
0 requi sit oda alfabet izaçãocas sou a cidadan ia dealta percentagem dosbra 30 000
13 e irais
sil eir os:WanderleyGuilherme dosSantos(1987) nosinforma que a percentagem 25000 -------------------------------------------------------------------- - J* -

da população com cinco anos ou m ais c anal fabeta era aproximadam ente 54% em — El e i t or a d o

1945 ; 52% em 1950; 46% em 1954 e 1958; e 36% em 196 2. Como, devido à expan 20 000 —*— Votant es
IS.OOO
são da educação primária, as coortes ma is j ovens apresentavam nív eis edu cacio
l.inear (alfabetizados
nais mais alto s, a percentagem dos analfabetos na população cm idade de votar
de 18 e mai s}
era con sideravelm ente m ais alta. Assi m, devido a essa cláusula de exclusão social, 5.000
entre metade c 2/3 «la população brasil eira est avam proibi das d e votar nas pri Linear (eleitorado)
o
meiras eleições, segundo nossos cálculos. Porém, devido à expa nsão educacional, ono 1935 1940 1945 1950 1955 .9 60 1965 19 70

no final do pe ríodo essa exclusão política com base social se situava entre 1 /3 e Aiics
metadeda população.Ou seja, permanecia a cláusula deexclusã o,masdim inuía a
percentagem da população adulta que era analfabet a. Não obstante,o Brasil ler ia Osângulostormadospelasretasajustadasmostramqu eo maiorcresc iment o
que e sperar outro quarto de sécul o até qu e essa exclusão l egal terminasse .386 loi o do num ero de alfabetizados, seguido pelo do eleitora do, enquan to o núm ero
Todavia, o núm ero de eleitores insc ritos como percentagem da populaç ão volantes cresceu m ais devagar. A conquista do direito de votar não foi plena
aume ntou de 16 % em 194 5 para 25% em 19 62 . Cres ceu mais rápido do que a po mente acom panh ada pelo pleno exercí cio desse dire ito. U« va tempo até qu e a par
pulação ,quepo rsua vez cres cia muitorápido. 0 aumentode 11 milhões de eleito ticipaç ão dos novos eleitores se aproxime da d os eleitore s mais antigos. É uma
res mostra que a cidadania se ampliou gradualm ente, democratizando o eleit ora expenenc ia que, em mu itos países , marcou a expansão da cidadania a class es an
do. Um contingente de 18 milhões de eleitores numa pop ulação total de 74 milhões tes excluídas. Ao longo da h istória da democracia, parte significativa do pod er nu
(inclui ndo m enores), ainda substantivamente rural, si gnif ica que praticamente mérico das classes socialmente desfavorecidas se perdeu com essas reduções. O di
toda a elite e toda a classe mé dia, inclusive a classe média baixa, estavam eleito reit o estava lá, mas muitos n ão o usavam. A figura 1 7 mostra que o crescimento do
ralmente cadastradas. Qualquer crescimento adicional ter ia que vir ou d o cresci numero de adu ltos alf abetiz ados foi mais rápido que o de eleitor es e o de votante s.
mento numérico dessas classes ou ,como foi o caso,em m aior medida das class es I inbora todos tenham aumen tado subs tancialmente, o número de adultos alfab eti
pobre, trab alhad ora e operária. A alfab etização, por sua vez, contribuiu p ara mu zados cresceu mais rápido. Isso evidenc ia a dificuldade de mob ilizar os eleitores po
dar a com posição de classe do eleitor ado. tenciais de nível educacional mais baixo. Infel izmente, nãodis |xjm os de dados sobre
Ou tro impa cto positivo par a a democrac ia foi inculcar na cultura brasileira o a composição educacional dos votantes,o qu eno s permitiria aquilatar di retamente
valor do voto , divulgando a idéi a de que votar era bom e um direito ao qual am a evolução da p ercentag em dos vota ntes de diferentes níveis e ducacionais.
plos set ores da população também deveriam ter acesso . 0 regime militar,mesmo
extinguindoecriandopartidos eeliminandoovínculonecessárioentreelei çõese A fr a g m e n ta ç ã o el ei to ra l e pa rt id ár ia

A lista de excluídos derivava do arl. 1.12 da Co nstituição o abrangia ou tras categorias. O problem a da fragmentação políti ca, expressa na fragmentaç ão eleitoral e
partidan a, foi muito bem analisado p or vários autores. Wan derley Guilherme dos
Santos, Olavo Brasi l de Lima Jr., Jos é Antônio Giusti Tavares, Jairo Marconi
partidos que con correram ás eleiç ões, ou, ainda, do núm ero de partidos que ele
Nicolau, Anlunio Lavareda, Fabiano S antos e Octavio Am orim, entre onl ros , ana
geramaom enosum deputado comoindicador es su/icíeii fes de fra gmentaç ãoelei-
lisar am a fun do o tema. E ste trabalho tem pouco a acrescent ar. Noto que a frag
toial, Ale m disso, a fragmentação elei toral não deve ser usada d e m aneira auto-
mentaçã o não é um probl ema cm si, mas ap enas na m edida em que dificulte a matica como ate stado da falência do sistema partidário.
governabilidade, a institucionalização partidá ria e outros processo srêlêvã nu s. O _ <) mu ltipartidarism o tam bém nã o implicou e xcessiv a fragmentaç ão na vo-
período democrático também te ve uma leg isl ação "frouxa " no q ue conce rnêao s taçao no mvel p residencial. A perce ntagem dos votos dado s ao presiden te elei to
partidospolít icos,masa distr ibuiçãodaforçaelei toraleda representaçãon oCon sobre o total dos votos vál ido s, em 1960 fo i aproximadamente a me sma qu e em
gresso não deve s er confu ndida com a cxistênciã legal porém , em algu ns ca .sos, 19 50 . Som ente em 19 45 ho uve maioria absoluta (metade mais um). 0 que deter-
apenas form al de mu itos partidos. Em 1945, os ci nco principais partidos brasilei m.nou a proximidade do s votos do elei to em relação ao s votos necessários para a
ros obtiver am 96,5% das cadeiras na Câma ra dos D eputados ; tal percent agem maioria absolu ta foi a presença de um terceiro cand idato com votação signif icati
tendeu a dim inuir no período, embora lentamente. Em 196 2, os ci nco maiores va. Cnstiano Machado e Ademar de Bar. os (duas vezes ) foram esses candidatos.
partidos ocupavam 89,5% das cadeiras na C âmara. A fragmentação fo i menor no Qsgro blem asrelacionados com a legi timidadeelei tor alderivaram deoutrosfato
Senado e m enor a inda nos governos estad uais. Assi m, nove em cada 10 cadeiras res, e não d a exist ência de muitos partidos .
estavam nas mã os de cinco partidos, que controlavam o Legislat ivo.
Iss o não quer dizer que o processo decisó rio não tenha sido prejudicado pel o Tabela 56
nmllipartidari smo algo extr emado: foi, uma vez que os 5 % em mãos de outras Vo tos válidos nas eleições presidenciais e
partidos no início do período, ou os 1 0 % no fim do mesmo, apresentavam um ____ _ votos dados ao candidato eleit o, 19 45 -6 0
po te nc ia l d e n eg oc ia çã o maior do qu e o núm ero indi ca. Esse potenc ial depende A n ° _________ Votos válido s Eleit o % e|eito
dadistribui çãodas cadeirasentreosprincipais partidos:quando um oudoisgran
1945 5.870.667 32 51.5 07 SS 4
des partidos ideol ogicamente compatí veis se aliam e obtém maioria , o valor es
1950 7.898.06 3 3.819.040 48 7
trat égico dos peque nos partidos é minimiz ado. 1955 8624.877 3.077 .411 429
LI9«L_ _____ M.679.157 ___________5.636.623 _______ 48^3
Figura 18
Perc entag em das cadeir as obtidas pelos c inco maiores partidos
D es cs tr u tu ra çã o , b ip o b n z o ç â o , r ea li n h a m en to e co ns ol id aç ã o
C âm ara dos Deputados, 19 46 -6 3
J-avared a defendeu a interpretação de qu e havia três conceitos próximos ao
1 2 0 ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- , rcj 1iL|j|.a|.ngj^oj>artidario que não deveriam ser confundidos com ele-
i esestniluraçao, desalml.amei.t o e desintegraç ão. Schw arUm an defendia a tes e
da talencia. A minha era de mudança a longo prazo , não de realinhamento.
Camp eMo de Souza defendeu explicitamente a tese do rea linhamento,com a pos
sível fusao de vários partidos e m dois.
Um dos exercícios prediletos dos estudiosos do pe ríodo 1945-64 foi vincular
os processos observados a algum tipo de transformação, com modelo d e saída e
modelo de chegada. Em parte, creio que is so se d eve à moda d e pensar o país e o
mundo usand o etapas”, metáfora empregada tanto por marxist as quanto por
conservad ores, como Rostow. Km parte, tamb ém , porque alguns sistem as part i
dan os de países industr iais,particul armente o norte-americano,caracteri zaram
se por longos períodos nos quais as grandes mudança s institucionais foram pou
cas. Nao obstante, mesmo nesses países, houve muitas mudanças menores
1946 1947 1951 1955 1959 1963 inclus ive algumas cujo estatuto •minoritário" é di scutível . Afin al, há mais num
sistemapolíticodoquea simplesexis tênci adedo isoumaisrótulospartidários. "
Contudo, a altí ssima percentagem das cadeiras em mãos dos cinco partidos
principai slimit a a utiliza çãodonú merod epartidos regist rados, ou donúm erode
^ Como as eleições presi denciai s n orie- americanas d i > 200 0 demonstr aram.
Acredilo que captaríamos m elhor os acontecimentos concebendo-o s como
cesso de diferenciação sal arial interna, à semelhança do que acontecia nos EU A.
processos his tóric os que com eçaram formalmen te cm 19 45 , embora com raíz es
A desigualdade não responde apena s a políti cas pú b li ca s — o setor privado
anteriores, e term inaram formalmente em m eados de 196 0, se bem que com ef ei
também tinha a dinâmica própria q
11111 ue nponlava 11a direção da m aior desi
tos poster iores. Não concebo a his tóri a polí tica como um ô nibus que vai de uma gualdade.
parada a oulra, m as como um movimento que pode ter períodos de estabi lidad e
O cen so de 1960, qu e foi malfeito, foi o primeiro a in cluir questões de ren da.
institucional.
O índice dc Gin i n os dava 0,497 em 1960 ,110 pressuposto de não have r desi gual
Evidentemente, não sabemos o qu e leria aconte cido com o sistema partidá
dade dentro da s categor ias; em 19 76 , já havia piorado para 0,589; m as o mesmo
rio se os militares não dessem o golpe . As tendências do período são conhecidas,
índi ce, com putando a desigual dade dentro de cada estralo de renda, aumentou
mas a experiência democrática era recente. Os avanços foram claros e a promessa
de 0,515 para 0,615 110 m esmo período. O índice de Thci l, que era dc 0,504 em
era grande,m as a história foi curt a. Ogolpe m ilit ar i nterrompeu uma experiência
1960, aumentou sensivelmente em 1970, chegando a 0 , 6 6 6 . Comparativamente,
que mal começara .
esses result ados indicam um a concentração acelerada da renda,m as o período 110
qual ela mais se agravou foi dur ante o reg ime mililar .
O desenvolvimento social
Se ,pelosdadosq ueapresentamo s,oBrasilt eveevoluçãoaceler adanoc ampo
A e s p e r a n ç a d e vi da ao n a s ce r e a morío/idoc/e, geral e infantil
econômicoesubstancial 110 político, tal não foi o caso 110 camp o soci al. Sc econo Talvez a esperança de vida ao nascer seja o indicador mais elem entar de de-
mica men te o Brasil se aproxim ara do grupo de baixo dos países industrial izados, senvolvimen to s ocial. Tem os que fazer, é claro, considerações a respeito da </ita/i-
a desigualdade na distribuição de renda,med ida como quer que fosse ,'s s era mui dade de vida, ma s a existênc ia vem am es da quali dade.
to pio r. Os defensores de mudanças graduais propu nham reformas em diferentes Entre 191 0 e 1930, o au men to da esperança d e vida ao nascer foi muito pe
setores, ao passo que outros usavam a conhecida “curva de Knznets" para alimen queno: de 33,4 para 35,7 entre os homens e de 34,6 para 37, 3. entre as mulheres.
tar a esperança de que a desigualdade diminuiri a em conseqüência do próprio * Nas décadas de 1940 e 50, houve um a razoável melhoria: os homens tiveram au
desenvolvimento capitalista avançado. mentada a sua esperança de vida em quase oito anos e as mulheres em quase
A concentração nào se deu ap enas com a separação das rendas entre proprie seis . Na década seguinte, a esperança para am bos os sexos era 52,3 anos, um au
tári os dos bens d e produção e os demais. O perfil da desigualdade se afastou da me nto de nove anos. A csj)ern iiça dc vida cresceu a um a laxa bem mais reduzida
caricatura apresentada por m arxistas mecânico s, que contrapunham 11111numero 11a década de 1960, c mais um a vez é d ifí cil sabe r quanto se deu a ntes de 196 4.
cada vez me nor de supercapitali stas e a m assa cada vez maior de famintos . Cres O im pad o da desigualdade de renda pesso al e regi onal s obre a esperança de
ceu um a classe média com salári os bem su periores aos da classe trabalhadora. A vida era claro: em 197 0, as pessoas com re nda m ensal familiar até (>$150110 Nor
desigualdade aumentou tam bém de ntro das em presas e dentro do Estado. Au deste central viviam 43,8 anos, ao passo que as pessoas com renda acim a de Cr$500
mentou o fosso entre os que trabalhavam na adm inist ração e os que trabalhavam no Sul tinham uma esperança média de vida de 66,9 anos. um a diferença de mais
na produção. O salário médio do pessoal da indústria de transformação ocupado de 23 anos! O Bra si l era (e conlimia a ser) mn país com tremenda desigualdade
naproduçãocresceu 2 ,2 % ao ano 110 período democrá tico, crescimento claramen te inlerna, onde conviviam esperanças de vida caracterislicas dos países da África
inferior ao de todo o pessoal ocup ado, que foi de 4,5% entre 1949 e 19 59, e de Central c de países europeu s, o que levou, anos mais tarde , Edma i Bacha a criar a
2 ,(i% entre 19 59 eJ970.Crescia a desig ualdadeentreassalariadosmanu aiscnão - expressã o “lielíndia” , que seria a Bélgi ca, pequena e confortável, na ín dia, grande
nianuaisde ntrod a indústri a.As cidades,coma indust riali zaçãocapitali staacele e miserável.
rada,ficara m m ais desi guais: a remuneraçã o t io trabalho na renda interna urbana Dados do IBGE mostram melhoria acele rada 11a espera nça de vida entr e 194 «)
baixou de 56,6 96 em 1949 para 55.5% em 195 9 e 52% em 1970 . Como não temos e 195 0; a partição dos dado s em 1941-4 5 e 1945-50 nào altera essa tendência
dados anuais, não sabe mos quanto desse decréscimo leve lugar antes e depois de Porém, observa-se 11111retrocesso entre 1950 e 1955, seguido dc nova melhoria
iniciado o regime m ilitar. O setor privado, inclusive o industrial, iniciava um pro- entre 195 5 e 1960. A partir d e 1960 até o lun da série de dado s, em 1968, não
houve melhoria. Os dados da época eram ainda men os sist emáticos que os de
lK" A medid a mais co mu m era o coeficiente de Gi:i i, mas tam bém s e usava ;i part icipação dos hoje , com m ais erros, mas a direção coinci de com observações e com dados de
601 %de renda mais br.i xa e. em sentido contrário 1 %, dos 2% , 5 % , 10 % e 2 0 % ma is altos .
, do
outraordem .A combinaçãode estabil idadepolil icaecrescimento econômicone c-
lera do pode ter sido um dos fatores nessa direç ão; os períodos 1945-50 e 1955- 60 A med iocridade desses resul tados deriv a, a m eu ver, da pouca atenção que a
tiveram essa s características. saúd e pública rec ebia c do baixo ní vel da cultura cívica brasileira, particularm en
Não obstante, as melhorias soci ais, modestas como fora m, não se distribuí te de sua liderança . A estagnação da década de 196 0, crei o, deve-se em par te ao
ram ale atoriam ente pelo território nacional : o Nordeste, que começou o período caos que se instal ou com a renúncia de .l anio Quadros e e m parte às polí tic as
com taxas m ais altas de mortalidade inf anti l, apresentou redução m enor nas ta concentradoras de renda do governo milit ar.
xas, aumentando a distância que o separava do Sul e d o Sudeste. Há, evidentemente, razões diretamente vinculadas co m a saúde pública que
Os dados 369 m ostram a forte desigualdade regi onal que caracteri zou todo o expli cam a baixa na mortalidade, parti cularmente na mortalidade infant il, como
período: o Nordeste, que com eçara o período na faixa de 1 8 0 mortes por 1 0 0 mil a disponibil idade de vacinas . Porém , a existênci a técnica de um a vacina não se
nascidos v ivos, uma barb aridad e inclus ive para países subdesenvolvidos da épo refle te na m enor m ortalidade e na m enor moi bidade da população se não houver
ca, co nseguiu em todo o período um a pequena redução, para pouco m enos de vacinação da população-alvo. fim países com ren da muito baixa, como era o Bra
160. O N orte obteve me lhores resultado s, aproximan do-se «l as regiões mais de sil . o hstad o tinha um papel fundamental que não foi ex ercido em alguns perío
senvolvidas. Tais dados m ostram: dos, seja pela pobreza d a cultura cívi ca, seja pela ignorância do grup o no poder,
• o alto nível das taxa s no Brasi l; seja ainda pela instabilidade política. O fato é que o Brasi l termin ou a déc ada de
• a diminuição mod erada no perí odo: 196 0com taxasmuito maisalt asquea deoutrospaíseslati no-americanos. Acom
paração en tre o Brasil , o Chil e e a Colômbia m ostra o quanto se deve a fato res
• a estagnação da década de 196 0; comuns e o quanto a fatores espe cífi cos .390 Os dados bra sileiros se referem a ape-
• a grande dispa ridade regional ;
• o aum ento da disparidade regi onal . nas algum as capit ais, mas a série é comparável internamente. As trés séries se
guiram ca minhos semelhantes, c de 1941 a 1960 a recuperação mais rápida fo i a
dessas capitais brasileiras. Porem, a p artir dos anos 196 0, o caos do início da dé
Figura 19
cada e o caráter socialmente regr essi vo do regime militar mo stram um aumen to
Brasi l: taxas d e m ortalidad e infant il por reg iões
das taxas de mo rtalidade infantil nas capitais brasilei ras estudadas, ao pas so que
1930-40 a 1960-70
a m ortalid ade infantil continuava declinando n o Chile e na Colômbia. A lição é
clara:

• há parâm etros que ou são nacionais e comuns - como as limit ações do con heci
me nto técnico à disposição do s governos, ou da cultura cívica, ou, ainda, da ca
Nordeste pacidade de resposta dos governos ou são supranacionais - como as cris es
econômicas mundiais, que aumen tam a mortalidade ou diminuem a velo cida de
de sua red ução, e os descobertas tecnológicas, que a aceleram, files se traduzem
em tendências semelhantes nos diferent es países e em variaç ões mode stas no s
coeficientes de redução e ntre os países;
- poré m, há f atores internos em jog o: no Brasil, a instabilidade política do s últ i
Sudeste
mos ano s democráticos, pré-ditatoriais, e as ori entações do próprio regime mili
tar desaceleraram e, no caso de alguns indicadores , inverteram o progresso so
cial . Em outro s países lati no-am ericanos, as taxas de m ortalidade infantil

continuaram decrescendo
Brasi l elas voltaram a taxas
a crescer. Osrelativamente
governo semelhantes , ao passo que
s e as polí ticas públicas contam. no
1930-40 1940-50 1950-60 1960-70

VH' Darias chilen os r io Centro U tinasimer icano de Demografia, 1978:2-21; dado s colombianos
ri o Instituto Nacion al rie Salud, División de Invesligaciones Kspecia les, 1993.
Figura 20
Taxas de m ortalidade inf ant il — Bras il , Chil e e Colôm bia ? " ,, CX pre, a,7 dc ■ « . «me* ac el er ou em vá ri os pa ís es
mu : 1 v'la " PiU1l” lC l96°- 65' l!0 Bras il Pennanceeu no mesmo pass o
ent antes. Lssa maio rdefasa gen. f oi, claramen te, o efeilo do regime milit ar e
od S i r C ü"c e ," rad 0r a de re nd a' N ii 0 ° período democrático que
prece diu tam pouco se caracterizou po r um a polít ica socialmente progr essi sta
baixo - ° ‘ Para eSSa (° rrÍda <la dimi nui <-'âo da mo rtalidad e (oi muito

Figura 22

Tax as de mo rtalidad e inf ant il


193 0-40 a 1993

dade^(e1nã
nl vezo apena
a comparação enlreinfanti
s à mortalidade l) mostre o110
alguns países camque concerne à laxapelo
inho seguido de Bra
mortali si l.
Os dados " 1 mo stram q ue o Brasil t inha a quinta taxa m ais baixa da América Lati
na em 1950-55, a sexta em 1955-60, a sétima em 1960-65 e a nona e m 1970-75 . A
Cosia Ric a, que a partir de 1948 não te ve de arcar com o pesado ônus de um orça
mento militar e adotou um a polít ica social -democrata desenvol vida, saiu de uma
taxa m uito próxim a à do Brasil em 1950-55 ( 11,89 contra 12, 16 no Brasil) par a
uma clar a diferença 2 0 ano s mais tard e(5,89 contra 8,77) .Oresultadodessa evo
lução e i|ue, em 1970- 75, os hom ens costarriqu enhos viviam oito ano s mais do
queos brasil eiros ,e oshome nscubanosvivia m 12 anos e m eio a mais! Viv iam em
sociedades com m enos recursos, mas com um a políli ca soci al muito mais avançada. Anos

Figura 21
A figura 20 perm ite ver que o decréscimo da m ortalidade fo i aproximada-
Taxas de mo rtali dade po r mil habitantes — I 95 0- 75
me míiih “ r "m a dc sac el ar5 f,° da red »Çnoq uc c orr espo nde ao s anos d o
w rT lT ■A 2 « 5 £ i?'^ n ea n d ad £ sif fier e q u e nã o ho u v e ...... .anhas hem- ...

V u,m o as " ’s,'rvarfas cm ou,ms I«"« - c7põsterionnente.'nÕDr&irin


g Us a sgwEgt ogo wcM u. ac u rtoem é d iop r a ws ,q u e d ^ E ^ E ^

A e d u c a ç ã o e o analfabetismo

beeiizaç
t i ^à ao
o universal,
u n t^ ao ’ 0X' X’
l passo que° S prind|lais
os pa.ses
"!lis
latino-americanos
cs contavam,
aproximavam
em da alsua
fa-
' ™I 00111 ":C"° S 30 % alfabel«» ‘l<* M ais uma vez, o esforço brasileiro lo i
l X oa 3 ™ Cap era C1'° Civilizat ória'
1 latino-americanos.
ses 0 lir asil sesai" Pior do que vários pal 1

" Dados rte Sireau, s.d .


de bai:f:,'!:s:
t i fZ n
í:r ';dfalietismodci<jco rev e,am “,c °Brasii «*»
r ? Ia t",ü a"'er ,c a"0 s- O Uru gu ai e a Arg en ti na ti nha m
» ~ % <!< 9
analfabet os, a Costa Rua , 14 « ; o Chi le , 17 %; o Panamá, 2 2 %; o P araguai, 2 .W,-
enqu anto n o Brasil o analfabetismo beirava os 40%. O Brasi l estava no nível ti o
hquador e da República Dominicana - na verdade, um pouco pior do que el es
£S = a= si r
.« 2
A estru tura d e classes do Brasil e o efei to que as políticas públicas conservadoras
tiveram sob re cia . se reflete no atraso social, em p articular no atras o da educação.
-V io obstan te, seria injusto atribuir lodo o atraso brasileiro às políticas
adota das no período. O B rasil, talvez mais do qu e os países da América Latina foi
viti mado pelo obscurantismo d c Portug al em relação às suas col ônia s c pela con-
l.nuaçao desse obscurantismo durante o Império: proclamada a Repúbl ica, cia
grande a desvantagem e m relação à maioria dos demais paí ses: menos dc 2 0 % da
populaçao hvre era alfab etiza da. O Brasi l começou pior do que muitos e não sou
be ieservarrecursosadequ adosp ara a recuperaçãosoc ia l.

Figura 23

■ H

mmsmim
Conclusões

A recuperação veio . m as a melhoria ,1 a taxa foi gradual, comparativamente


, pci lü de °-5% no ano *No n iíci o do terceiro milênio, o Brasi l ainda luta para
chegar a um ponto qu e foi atingid o pelos princi pais países europeus um sécul o
antes. Mais um a vez , países com men os recursos, mas com um a políti ca mais racio
nal e eficiente de gastos públicos , obtiveram me lhores resultados do que Bras il.

O atraso relativo do polít ico e o atraso so ci al


. É Poss ívcl vinc ular 0 atraS odÒ sociál ao atra so do polí tico . Celso Furtad o «•
subsequentem ente, eu próprio tomos alguns dos autores
políti co teria ficado ‘atrasado" em

m os de Fitgueira, 1975.
Dad ^ »*-«
que sugeriram que o
relação ao econômico, segurando com o seu

^ to Jv . J T ,
msmm
fosso , n

sssssspss
UÇa° Par;‘ Uma cla* sc °U , e8l5ü in, erGSsava po uc o às demais «>
Capítulo 14

A democracia interrompida

Conceitos

Dura nle mu itos anos, os trabalhos e as pesquisas a respeito tias razõe s do golpe
que deu iníci o ao regime m ilil ar trataram os próprios milhares como um a caixa -
preta. N.i o sc sabia,no mundo académico,que razões tiver am eles par a d ar o gol
pe.Nãohavia comoc hegaraos militar esnem comoentrevistarospri ncipaiscons
piradores, para sabei o que, afi nal de contas, se passava de ntro da corporação.
Vazav a mu ito p ouco: um a entrevist a com uma pessoa secundária aqui, uma de
cla rad o ali. Claro está que não havia por que acreditar que as razões para dar ou
apoiarogolpedeveriam serasm esmasem todososgrupossoc iais eocupacionai s.
Mas essas travas fiz eram com que todos nós t ivéssemos que pesquisar o regime
militar contornando ospróprios militares»»enfatizandooutrasvariáveisdemais
»btençào.Aslimi taçõesdemuitostrabalhosda épocaforam,portanto, exter
na s aos pesquisad ores.
A sit uação começou a mu dar na década de 1970 . Stcpan (1971 e 1973 ) usou
inteligente men te os < lados publicados, de fáci l oblençào, e algum as entrevistas
com altas patentes do grupo castclLsia*» Novo salto fo i dado com a s primeiras
publicações de livros escrit os po r conspiradores: M ourão Filho (1978), Portela de
Melo (1979) e Guedes (1979 ). Algumas entrevistas relevan tes foram feitas, orga
nizadas, e publicadas.3 « Kntretanto, com a abertura e particularm ente após o fim
do ic gime, os principais atores m ilitares já não tinham a obrigação de sigil o que.
po r r azões óbvi as, mantiveram du rante todo 0 período “ duro" (até 1974 , pelo me
nos). Não obstante, desd e o fim do regime mililar, a atenção dos pesquisad ores
políticos c sociai s passou a se concen trar nos novos problem as nacionais, na re
construçãoda democracia,na elaboraçãoda Constitui çãode1988,na soluçãodos
grandes p roblemas da Nova Repúbli ca, deixando para trás , esquecido, o regime
militar. O projeto “O Estado de Segurança Nacional durante 0 Regime Militar

WJ Semmencion ar o fato de que , nas fases mais fechadas do regime, pesquisar temas m ilit ares
poderia gera r problema s polít icos c de segurança para os pesquisadores.
Comoeramváriososgruposde conspi radore s,avisãodaco nspirado edo regimeapres enta
dapo rStepane muílomaism iegrada eharmônicado quea qnese impõe; ipartirdasentre vis ta*
por nós realiz aria s com os p articipantes desses grupos.
395 Camarg o & Góes, 1981.
151asile iro’w‘ procuro u p reenche r as lacunas mencionad as, med iante entrevistas
tem limite e que os benefici ário s da desigualdade podem qu erer m udar a soci e
com militares que tiveram atuação relevant e duran te o regime militar e a anális e
ilade par a au m enta r ainda mais a sua parc ela no lx >lo nacion al;
sistem ática dos textos produzidos pelos militares.
• acredit ava-se, por outro lado, que tínhamos atingido o limit e superior da desi
Este capítulo focaliza as expli cações para o golpe m ilitar . D ivide- se em dua s
gualdade , noção reforça da pela teoria de Kuznets (1955) a respeito das relações
partes: a primeira an alisa os fatores expli cativos aprese ntados p or diferentes au
entre nível dc renda p e r c ap ita e desigualdade na distribuição de renda: a desi
tores e tenta verificar se os dados existentes permitem descartar alguns desses
gualdadecresceria atécertoponto,decrescendoa partirdaí.Acrença na val ida
fatores ;397outra apresenta os resultados do projet o “O E stado de S egurança Na
de da curva dc Kuznets permaneceu am plamente difundida, a despeito das ad
cional duran te o Regime Militar Brasileiro” julgados pertin entes pa ra este capítu
vertênci as de vári os economist as, in clus ive de E dma r Bac lia (1 9 7 9 ) ,e muitas
lo. Eles se referem a dois tipos de dados: análise de con teúdo de textos produzidos
continuaram acreditando nela, embora tendências no sentido contrário,
porm ili tareseentrevistascom militares cuja atuaçãonogolpeed uranteo regi me
milit ar fez deles fontes importantes para o conhecimento da c onspiração, do gol concentradorasde renda,já foss emvisí vei sdesdeoiníciodadécadad e1980 nos
pe e do regime. EUA e na Ing laterra. A vi são do Brasil com o um a sociedade capitalista e burgue
sa impedia atribuir à burguesi a qualquer projeto de mudança , pois a socieda de
já lh e i> er te nc ia ;
A subestimaçã o d o papel dos mili tar es • a tradição arraigada no Brasil, o nem por isso menos equivocada, de ver nos
militares os exec utores dos projeto s polít icos e econômicos dc outra s classes.
Km 1963, eu vivia fora do Brasil e , por ocasião de um a visita ao país, dedi l o* somen te em tempos relativamente recentes que trabalhos com o o de
quei-me a a tualizar a minh a bibl iot eca, comprando o que tivess e sido publica do
Edm undo Ca mpos Coelho (1976)' “'’sublinh aram , no plano teórico, a considerá
no â mb ito da s ciências sociais . Havia uma q uan tidade considerável de livros re -
ve l autonom ia dos militares em relação aos projetos de outras class es;
cém-publica dos, muitos deles com o termo "revo lução " no tít ulo; porém, a revo
• parte das deficiências nas análises feitas anteriorme nte deriva da dificuldade dc
lução prevista na quas e totalidad e desses livros era de esquerda.3 '* Os atore s polí
pesquisar uma instituiçâo/e cW f? como a militar , condiç ão agravada num regi
ticos dessa revolução citados com m ais freqüência eram o prole tariado e o
me d e exceção, que faz do segredo par le integran te do ofí cio. " 1 A escassez de
cam pesinato, guiados ou não por 'vanguardas" polít ico-intel ectuais.
conhecimentos empíricos sobre os militares obrigou os autores o traba lhar sem
O papel dos militares na transform ação p olít ica que, segun do muitos, se avi
qualquer confronto salutar com a realidad e;
zinhava fo i seriamente sube stimado por causa de vário s fatores, entre os quais
• as tradições da sociologi a política então praticada no Brasil , que eram
desejo ressa ltar os seguintes:
eurocêntricas e remontavam ao século XIX, dificultaram a percepção da rele
• a tradição, de srcem marxista e pr ofund am ente arraigada n a sociologia políti ca vância política de várias classes e setores sociais historicam ente novos. Via-se
latino-americana, peneirando inclusive a ciência social mais conservadora, de ioda luta políti ca como um emb ate entre as duas únicas cl ass es que seriam poli
privilegiar as explicações econômicas, subestim ando a s demais. Como as elites ticamen te relevantes: a burgue sia e o proletariado. O utras classes, grup as e ins-
conservadoras c os ofic iai s militares est avam nos 2 0 % superiores na distribui til uiçòe s eram e são relevantes no Brasi l, mas, como nã o se enquadrav am n a
ção de re nda, a teori a dizia que o ímpeto revolucionári o somente poderia v ir de quela hera nça teórica de fundo religioso e dogmático, que n ão se discutia, el as
baixo, e não deles. Subjac ente a essa explicaç ão está a noção d e que, num a socie ficaram de fora das análises ortodoxas e, quand o entravam, a próp ria teoria proi
dade mu ito desig ual, somente os prejudicadas podem querer mudá-la: a revolu bia airibuir-lhes papéis relevantes. Abundavam as interpretações e reinterpre-
ção teria que vir, e teria que vir de bai xo. Essa noç ão ignora que a cup idez nào

Segundo Bacha, Ahluwaha e outros, a preços constantes, o Brasi l c outros países já haviam
0 projeto teve Gláucio Ary Dil lon Soar es com o pesqu isador resiwnsável e recebeu auxili o do atingi doomvel de renda pe r cap ita a partirdoqual a concentr açãoderenda tinhacomeçadoa
CNPq, da Universidade da Flórida e do N orth-South Center. O focir s da coleta de dados foi o diminuir nos p aíses mais industrializadas; portanto, se o pon to de inflexã o não era constante
CPDOC da Fu ndação Getulio Vargas. A pesquisa foi fei ta em con junção com o utro projeto cujos iuvia duas possibili dades: a) o p onto de inflexão seria ma is alto, po r razões ainda desconheci
pesquisadores resp onsáveis foram Maria Celina Soares D'Araújo e Celso Cas tnj. .las, e a teoria teria validade universal; ou I» ) a teoria seria especificados pa íses industriali zados
Considerando «| xic. se um a explicação atribui um determina do golpe a um a condição que e,tal vez ,somentede um perío dod esun hist ória ,não seaplic andoaospaísessubdesenvolvida
nunca existiu, ela tem um víeio dc o rigem e tem qu e ser descartada. Ver também Ahluwaha, 1976.
1 ma bem-vinda exceç ão é Quemdará ogolpea oBrus il, de W ander lev Guilhermedos San " 1Campo s Coelho defende a tese msOfuci onfltf sta de qu e os militares defendem c represe ntam
tos (1961) . os sons pró prios interesses.
Infelizmente, essa tradição p ermanece inalterada.
tações e escasseav am < is pesquisas. E ram valorizad os o refinam ento conce ituai c Após 1964 , os analistas políti cos Untaram de form ular explicações para o gol
n consistência interna «las teorias, mrfepencfe/zteme/ite de seu valor empírico. pe, ma s sua revt sao minuciosa fo ge ao âmbito deste trabalho. Limitar-me-ei por
Muitos trabalhos publicados antes de 196 4 sobre a revolu ção que viri a, e sobre tanto, a rever algu ma s das expli cações que julgo mais importantes.
<|u cm a faria, Iralavam dos agentes políticos "ortodoxos", burguesia e proleta
ri ado,com algumas con cess ões ao cam pe sina to,to do s concei tua li zados e in
As explicações economicistas: a cr ise do mo delo
terpretadoscomose fossemidêntico sem composição ,estruturaefunção àsclas
ses assim deno minad as que existir am, ou teriam existi do, uni séc ulo antes em substitutivo de importações e outras explicações
três países da K uropa ocidental. A r evolução teria que ser feita |Mir um desses O regimem ilitar brasilei rofoioprecursor dosregimes milit areslatin o-ame-
atores políticos "cl ássicos” , ou seja, consag rados pela literatura políti co-sociol ó-
ncanos daquele período (descontados o caudilhismo milita r, tipo Slroessner ou
gica ‘ 'universal”, que de universal n ão tinha na da, baseada q uas e exclusivamen bomoz a, ou o golpismo m ilitar continuado, tipo Kl Salvador o,. Guatemala). Foi
te nas limitadas experiê ncias da Alemanha,da França e da Ingl aterr a. Isso reve também , o de mais longa duração e o que avançou mais no caminho da inslitiicio-
la, simplesmente, que os analistas da época tinham muito mais intimidade com nalr/awo. " N um prazo relati vamente curto, houve muitos go lpes que inst ala
as correntes acadêmicas da Kuropa ocid ental e, s ecundariamente, dos EUA do ram reg imes m ilitares na América L atina (Brasi l. 1964 ; Argentina. 1966; Peru e
que com a sua própria real idade . O que aconteceri a era deduzido de teorias su anam.i, 1968 ; hqua dor , 197 2; Chile, 1 973 ; Argentina, nov ame nte, e Uruguai, 197 6

postamente
sob re ele . universais, e não induzido de pesquisa concreta, feita no Brasil e para citar apena s alguns). Ass im,o m undo acadêmico reagi u aos acontecimentos
iflíí/io-awiencanos, buscand o explicaçõ es para os reg imes militares, no plural. Eis
O resu ltado foi um a prod ução sociológica e po lítica livr esca, derivada da lei porqu em uitasinterpretaçõespassaram a analisar oregimemilitarbrasil eiro j u n
tura de textos cl ássicos, m as som con tato com a realida de política brasileira. Nes tam ente com os demais. l>usea ndo-se nã o o que ele tinha de específ ico, part icu
larmente nas inst itui çõesmilit ares,mas oqu eelecompartia,genericamente,com
se contexto intelectu al,o papel dos militares na revolução que viri a tinha mesmo
os dem ais países latino-ame ricanos ond e havia regimes militares. As causas ec o-
que sersubestimado. Dadoopressupostode que,no Bra sil ,osatoresrevolucioná
no.iiicas foram privilegiadas ma s, desta vez. ao que parecia, com ce rta razão: o
rios e contra-revol ucionários ser iam os mesmos recomendados pelas teorias an
pais conhecia os seus ma is alt os índices de infl ação até então e u ma g rave esta--
coradas na ex|) eriên cia de ou tros países e de outras épocas,quaisquer outros ato
naçao econômica, ainda que de curta duração. Guiados por essa ótica teór ica
res cuja desagrad ável e inesperada presença não pudesse ser negada teriam que
muitos autore s foram buscar as expl icações na infra-estrutura econômica.
agi ra serviço dos atore s “clássicos ”, sem tirar nem pôr. Assi m, diferentes autor es
Oseconomistas latino -americanoslin hamc onstatadoum decréscimonataxa
coloc aram os milit aresa serviçoquerda arist ocracia,querda burgues ia,quer das
de crescimento econômico nos países latino-americanos mais industrializados-
classes médias. A autonomia dos milit ares foi si stematicamente subestim ada .’101
muitos , p articularmente os de inspi ração estrutur alista, atri buíram o fenômeno
Den tro e fora do B rasil , escrevia-se sobre a revolução socialista i min ente, subesti que. ao fim da etap a “fanl da substitui ção de importações (o (pi e fa zia prever que
mando grosseiramente o papel político dos militares, seja ignorando-os inteira o crescimentoposteriorseriaposs íve l,m asdifí cil ), quer àexaustão pura e simple s
mente, seja at ribuindo-lhe s uma participaçã o reduzida, inteira me nte condiciona-
. " K1. 0 industrialízaçao substitutiva de importações (ISI). Maria da Con
tla e ordenad a pelos atores polit icos academica men te recomendáveis. A presença ceição la vares .-■« no mesm o ano do golpe, publicou um influente trabalho sobre
de Cuba, desafi ando com êxito o gigant e norte-americano e p rocurando exportar os pontos d e estrangulamento da economia brasi leir a,causados pela exaustão da
a sua revolução, contribuiu para o otimismo da esque rda revol ucioná ria. O mun raseíaci da mdu striabzaçao substUiitiva de importações. Outros trabalhos, como
do acadêmico e a esque rda polít ica estavam despreparados para o que realmente os rle Celso Hirta do (1966), enfatizaram o s problema s da ISI.
aconteceu: um golpe de direita, liderado pelos militares. Aceitando que a explica Essas interpretações contribuíram para expli car a crise econômica do iní cio
ção para a p articipação dos militares no golpe e a explicação do golpe não são «ia década de 1960 e, no caso de M aria da Conceição Tavares, para pre nuncia r
idênticas, sublinho a essencialidade da p rimeira para a seg unda. O golpe, afinal , explicitam ente a crise dos anos 198 0. As interpretações economicistas dos regi
foi dado por militares . mes militares vieram a reboque de ssas contribuições dos economistas. Porém,

1 Particularmente, a parti r da experiência cubana. í qUA 0S mililarc?coni° COrl»raç ãa ,e nât> ww «nilitar, assumiram responsabili -
. . I do po dei e adaptaram as instituições políticas à nova ordem autoritária.
1" I li i muitos anos ven ho baten do nessa mes ma tecla. Ver Soares, 1984b, 1986 e 1 98/. 4 ,1Ver lavares, 1964 v 1972.
desd e o início, houv e problem as para explicar a respo sta política qu e a crise do revisõ es e ajustamentos «las teori as que, como todas as dem ais, esbarraram na
modelo econôm ico teria provocado em vários países latino-americanos. Os priu
tarefa de explicar posteriormente a crise desses regimes, a qual n ão derivou da
cipaisproblemasderivaram: reação revolucionária das classes oprimidas.
• da trem enda heterogeneidade econômica do s países que tiver am golp es milita Muitos d os argum entos ba seados nas políticas adotadas pelo golpe dc 196-1
res com característica s repressivas (Argentina, Brasil , Chile, Equador, P anamá , são, como salientou llirschman (1971 e 1977), claramente fu nc io nu lis la s: o fato
Peru e Uruguai); de as polít icas concentradoras de renda terem sido implementadas depois do gol
• da dessemelhança en tre os aspectos institucionais dos regimes, inclusive sua pe não quer dizer que foram a sua causa. A direita chego u a inverter a rela ção,
duração e o grau de personali smo (po r exemplo, duração long a no Brasi l, curta argum entandoque ademocracia polí tic aeraincompatí velcomaltastaxasdecres
no Peru; alt o grau de personalismo no Chi le. baixo 110 Brasil); e cimentoe atribuindoaoA l-5o propaladom ilagreeconômicobrasi leir o,que, ali ás,
• 110 tocante aos direitos humanos, «la crue/a, violência e intensidade da repres nunca existiu .-""1 Adam Przeworski (19 80) argumentou,genericamente,que a cri
s ã o .406 se das dem ocracias resulta da incapacidade para satisfa zer as necessidades mate
riai s mín ima s das classes subordinadas. Essa explicação , que pinça o at or polít ico
Para Fernando Henriqu e Cardoso (197 2 e 19 75 J, o proces so de acumulação
classes subordin adas”, supõe que as revoluções sejam levadas a cab o por elas e
exigi a “quefossem d esmanteladososinstrum entosde pressãoedefesa iidi sposi
dificilmente contribuiria p ara explicar o golpe de 1964, apoiado exa tam ente pelas
ção das classes populares" depois do golpe. Consciente de que havia acum ulação
classes mais privilegiadas com a oposiçã o das men os privilegi adas, a menos que
desde muitoantesdogolpee,portanto,da inviabi lida dedoa rgumentop ara expli se abra o leque expi ica tivo para incluir os golpes dado s em reação àsaçõesdaque
car por que o golp e se deu em 196 4 e não antes, Cardoso complementou a sua
las cl asses. Contribui, não obstan te, para explicar não só o apoio diferenciai dado
explicação afirman do que a ac umulaç ão atingiu níveis mais elevados. Kssa expli
ao regime m ilitar pelas cl asses soc iai s, depois de anunciadas e im postas as suas
cação para o golpe é voluntarista e econom icista-funcioi ial, no sentido de qu eo
polít icas económicas , m as também a crescente perda de apoio das class es traba
golpe teria sido dado p a ra possibilitar esse novo nível de acu mulação. A expli ca
lhado ras e o cre scente apoio à política econômica «l o regime militar por pa rte das
ção. em sua forma m ais elaborada, enfrentou , porém , outras dificul dades, parti
classes méd ias e altas, as gran des beneficiadas. Contribui, i gualmen te, para expli
cularmente a razão pela qual “o s instrumentos de pressão e defesa da classe tra
cara crisedesseapoio,apósaimplem entaçãodc polí tí casreces siva squ eafetaram
balhadora” não foram desmantelados imediatamente, mas a prazo , até 1974. K m os interesses da s clas ses méd ias c altas.
minh a opinião,essa tentativa de fornecer uma ampla expl icaç ão se ajusta m elhor
Outra expli cação para o golpe que, sendo claram ente econômica, colo ca a
a acontecimentos po st er io re s ao golpe, depois da definição de um novo modelo
srcem na estagflaçã o é defe ndida po r YVall ers tei n (L 9 8 0 ):
econômico e das resistências que ele provocou 110 seio da classe t rabalhad ora.
Guillerm o 0 ‘Donnel l, util izando a L SI como fun dam ento p ara a sua explica A crise política não foi provocada tanto por um novo conjunto de requisitos políti
ção. especificou que a transição de um a eiapa fácil, naci onal, intensiva qua nto ao cos corresponde ntes a um novo estágio do crescimento econômico quanto pela ina
trabalho e baseada na expansão horizontal para uma difícil etapa competitiva, bilidade do regime populista d e sobreviver a um período de estagflação. "
intensiva quanto ao capital, de alta t ecnologia e com a forte participação de m ul Segundo ele, a literat ura intei pretat iva do golp e de 6 4 dá muito m ais ênfase
tinacionais seria responsável pela emergência de regimes burocrático-autoritá- aos pro blem as do desenvolvimento d o qu e aos ciclos econômicos.«” VVal ler stein
rios. Concebido para explicar o Cone Sul, inclusive o Brasi l, o modelo esba rrou na argumentou, também ,qu eodéfici tpúblicolotaifo i,em m édia, 0 .7 % do PXB en
inclusão, pela história, 110 rol dos regimes militares, autoritários e burocratiza
tre 1956 e 1960, elevando-se p ara 2,9%, em 1961. 4 , 8 % em 1962,3, 8% em 1963 e
dos, de países onde a substitui ção de importações estava muito mais retardada,
4,4%, em 1964 . O crescim ento do déficit não se deveu a u ma elevação dos gastos,
como o Kquador e o Panamá .'107 Esse s acontecimentos provocaram uma série de mas a um a redução das rendas, de 23 ,3% em 19 6 O para 1 8,8% em 1964 . 0 setor
externo estava em sérios apuros, com as reservas praticamente esgotadas e uma
•|! >6Pel o qvie se sab e hoje, p ode -se afirmar com certez a q ue o s regin- .es militares de Argentina, carga pesa da «l a dí vida e do seu serviço. Wallerstein proc urou ta mbé m desfa zer a
Chile, Kl Salvado r, Gu atemala0 Uruguaiforam incomparavelmente mais atrozes do q ue o brasi idéia de que os salários dos trabalhado res aume ntaram drasticamente com Goulart ,
leiro ou 0 peruano.
" 7 Kvident cmcnte, não há uma re gra metodoló gica que proíba usar uma explicação baseada no
49 8 Ver Fishlo w, 1973 :6 9 .
fim da etapa fác il de substitui ção de importaçõ es pa raog m po d e países m ais indust rial izados
{Argentina, Brasi l, Chile e Uruguai) e oufro para os dem ais países. Porém , a regra da parcimónia Ironic amente, o conceito d e imperialismo é am plamente usado nessa lit erat ura, mas quando
recomenda tentar, primeiro, nina explicação comum. e apresen tada a explicação econom icista do golpe, « 1a funciona
: como se o p aís fos se uma unida
de econoinica isolada.
argumen tando q ue n salário mínimo tinha ating ido o seu níve l m ais bai xo desde
tipoI;asanálisesdegruposcom altograudea ulonom iafuncion al,deinstit uições
195 8.Masnã olevouem consideraçãoofatodeque osreajustesdosaláriomínimo totais ou quase-tota is, incorrem nos problem as do tipo 1 1.
passaram a ser mais fr e qu e n te s e que, a preços constantes, a ren da tolal dos salá O estudo de homicídio gera problem as do tipo I. Querem os conhecer os
rios recebidos num período maior (um govern o, por exemplo) dependem não só determina ntes da taxa de homicídi o num a socieda de; porém, os homicídios não
da magnitude dos reajust es, mas tam bém de sua freqüência . A posição de se distribuem aleatoriamente n a socied ade: estão altamente concen trados na po
Wallerst ein sugere a exist ência de u ma crise c ícl ica que, cm ce rto senti do, é um a pulação m asculina, jovem e pobre. É a falta ou dificuldade de ob ter dado s a res
expli cação mais parcimoniosa do que a necessidade de elev ar a taxa il e acumula peito das populações -alvo que nos obriga a traba lhar com dados sobre a popula
ção, cuja exis tência se afirma m as não se prova, ou do que a transição de uma ção total ou uma parte da populaçã o total que inc lui amplos segm entos irrelevant es
etapa substituti va de importações para outra , que a brangeu um período muito para a análise, como a população adulta .
mais am plo que o da crise po lít ica. Os argum entos e os dados apresentados por A renda p e r ca p it a , excelente indicador de desenvolvimento econômico, é
Wallerstein apóiani a idéia de que a estagflação contribuiu par a o golpe. A veros muito influenciada pelas rendas m ais altas . As rendas dos 10 % mais alios pesam,
simil hançadesseargume ntoaparecequandoperguntamosseum golpese melhante em alguns casos, mais que as dos 6 0% mais baixos ,segmento onde se concentram
seria vi ável se as taxas de c rescimento do p roduto fossem altas e a inflação baixa desproporcionalmente tanto as víti mas quanto os homicidas. Uma pessoa com
ou nula. Entretanto, a afirmação de que ele seria imprová vel com cresci mento renda de R$ 1milhão pesa tanto quanto mil pessoas co m rend a de R$ l mil c ada. A
econôm ico alto e inflação baixa não significa que ele seri a provável com cresci moda e a mediana são m ais próximas da populaç ão-al vo, mas m esmo assim apre
men to baixo e inflação alta. sentam um afastamento.
As expli cações que pa rtem de atributos sistêmicos de natureza econômica Otipode indicado rdedesenvol vimentonoqualcadapessoacontatantoquan
' par a chegar aos eventos polit icos e revolucionários são cc srcem m arxista. A his tooutraé maisapropriado.As taxasdcanalfabeti smosãode ssetip o,ao passoque
tóri adessa diver sifi caçãoteóri ca mostraqu eelapersistiuadespeitodas transfor o núm ero mé dio de anos de estudo apresenta um desvio mai or.
mações de toda or dem — econômicas, políticas e soci ais — verificadas no m und o As relações entre os tipos de indicadore s societ ais, com o a ren da p e r ca pi ta , e
nos últimos 150 anos. Km M arx, as crises eram d c srcem sistémica, m as o ator os comp ortame ntos depende ntes, como as taxas de homicídi o ou as rupturas
revolucionário era o proletariado. Outras teorias retiveram o mo do sistêmico, tro antidem ocráticas, tê m um a caixa negra no seu percurso explicat ivo. A relação co
caram os atores políticas e revolucionários, e inverteram o sinal ideológico do meça no nív el macro, soc ieta l, e pula para o comportam ento espec ífi co dc um
movimento: queriam explicar os gol pes de direita. I odas elas apresentam um sé grupo ou ato r que às veze s ocupa uma posi ção extrema na distribu ição. O espaço
rio problema na passage m do nível macro para o nível dos atores polít icos conc re compre endido por esse salto é objeto de fé, não d e ciênci a. As explic ações que
tos . Isso nã o invalida a teoria, mas deixa as expli cações e demonstrações num a começam e terminam dentro do nível macro às ve xes apresentam o aum ento ou
siluaçao difíci l. Ksse problem a é típico tamb ém tias explicações infra-estruturais diminuição da s revoluções, dos golpes de listado, da m enor observância das n or
para fenómenos diferentes , como, po r exemplo, o crime ou o homic ídio . mas democráticas ou m esmo d as taxas de homicídio como conseqüência natural
Devemos m anter presen te a restrição de que as análises que relacionam as das muda nças estruturais. O caminho que vai da muda nça estrutural à mudança
caracterí sticas de uma sociedade co m a ação de subgrupos dessa sociedade são do comp ortamento de um subgrupo não está mapeado, a despeito das enér gicas
u m recurso ao qual recorremos quando não dispomos de dados a respeito das afirma ções dos defensores desta ou daque la t eoria.
caracterí sticas dos subgrupos que gostaríamos de estudar. Passamos então a tra A vin culação não é automática. Os problem as do tipo II também inte rferem
balhar com os dados exist entes s obre a sociedade como um lodo c a torcer para até mesm o no com portamento de atores que possam estar próximos da média e
que essas caracterí sticas afet em o comportam ento dos subgrupos. Evidentemen não aprese ntem proble mas do tipo I. A infl ação, por exemplo, |>od e afetar menos
te, quanto mais próximos eles esti verem da m édia da sociedade, mais chance te a renda de gru pos que e stão legalmente “prot egidos” por reajustes freqüentes e
automálicos ou,como no caso de corporações milit ares,pelo seu poder de barga
remos de ch egar a um a associação corr eta. Porém, m uitas análi ses focali zam o nha,m uito superior,por exemplo,ao d as mães solte iras .
comportam ento ci e subgrupos que ocupam uma posi ção extrema na dist ribu ição.
Chamem osessesproblem asdc' tipoI”.Outrasanálisesfo cali zamsubgrupos que , Nos problem as do tip o II estão em butidos os problemas das institu ições to
embora próximos da média,estão social e psicologi camente isol ados da socieda tais e quase-totais. As instituições quase-totais sào aquelas em q ue bo a parte dos
de, formando, em certo sentido, uma sociedade à parte. Chamem os esses probl e conta tos e interações têm lug ar dentro delas. As interações não estão distribuídas
mas de “tipo 11". As análises de gru pos longe da m édia incorr em no s problem as do aleatoriamente entre os mem bros de um a sociedade: as pessoas da me sma class e,
da mesm a religi ão etc. , interagem mais en tre si do que com pessoas de for a. Não
obstan te, algumas instituições, que ficaram conh ecidas na psicol ogia soci al como ravelmente duran te o seu curto governo. As séri es temporais com piladas pel a
institui ções totais, impedem fi si c am e nt e o contato com pessoas de fora: é o caso Fundação Getulio Vargas demonstram que a inflaç ão sofre u uma aceleração du
das prisões o dos asilos. Outr as institui ções, circunstancialme nte, resl ringem esse rante o governo K ubits cliek , acentuan do se ainda mais a par tir de 196 2. Em 1958,
contato: é o caso cias organizações guerrilheiras. Um tipo de organização que é a taxa dc inflação fo i de ll j% , razoável para a experiência brasileira; em 1959 ,
importantedo pontod evistatia expli caçãodogolpede64 maximizaas int erações saltou para 29, 2%, baixando para 26,3% em 1960 , subindo para 33,3% cm 1961 ,
dentro dela e minimiza as externas . E o caso dos milita res. saltando pa ra 54,8% cm 196 2 até atingir a altíssima t axa de 78% em 1963 . Em
A caracterização dos m ilitares como instituição quase-total limita as análises 196 4, a inflação dos prim eiros m eses foi assustador a, deixan do claro que o gover
que relacionam atributos socie tais e sis têmicos com o c ompo rtamento m ili tar. O no Joã o Goular t tinha perdido o controle d o processo i nflacionário: em 196 4, a
seu ca ráter quase -total isola e ‘ ‘protege” os militares das cren ças e atitudes que despeitodem edidasdraconianasimpostasp orCast eloBranc o,a taxa anual aind a
prevalecem na sociedade qu e os circundai Talvez por isso as análises que relaci o toi de 87, 3%. Dura nte o governo Goulart, a inflação atingiu os níveis mais altos do
nam certas formas de com portamento políti co em que os militar es têm participa século X X até aquele mom ento.
ção impo rtante c às vezes decis iva, como golpes de Estado, com certo s atributos Nã o obstante, é possível aceitar a óbvia exist ência da inflação e negar a sua
socie tais , com o rend a pe v c ap it a, taxas de inf lação ou tax as de d esemprego (que relevância políti ca, havendo que m alegue que, 110 Brasil, a inflação não era politi
raramente os afetam diretamente), apresentam relaç ões estati sticamente fraca s. camente importante. Recoloquemos, portanto, a segunda questão: a inflação era
um problema po lí ti co que sensibilizava amplos setores da opinião pública? Do
A viabili dade em pírica das explica ções pon to dc vista da população, a relevância i>o lítica das altas taxas de inflação da
épocat ransparecenum surveij levado a cabo no Rio de Janeiro en tre os m eses dc
Esta seção revê a literatura explicativa do golpe de 1961e busca subsídios ja n e ir o e m a rç o , p o uc o a n te s, p o r ta n to , d o g o lp e d c 19 64: 5:5% d o s en tr e v is ta d o s
empíricos para avaliar a viabilidade de cada explicação. No seu nível mais sim mencionaram o alto custo da vida como o principa l problema que o país deveri a
ples, verifica se o fenóme no ao qual se atribuiu o golpe realm ente existi u. O se enfrentar,seguido de longe pelas necessidades não atendidas dos grupo s rurais e
gundo nível ê verificar se a explicação está temporal e espacialmenle associada «la agricultur a (14%).l O partido político com m aior nú me ro de adep tos entre os
com o golpe. Fina lmente, u m terceiro nív el, mais direto, consiste em verificar se a entrevistados era o PTB, partido do governo, cujos esforços eram no sentido de
explicação se associa c om o s militares, os autore s do golpe. desviaraatenção da infl açãopara osproblemassociais )Essapesquisademonstra
Porém, a explicação do golpe de 1964, como aliás de qualquer movimento que, mesm o num a população predominantem ente petebist a, a inf lação era perce
pol íti co,difi cilmentepoderiafundam entar-senum sólato r. Foram vários os fato bida como o problem a principal do Bra sil , com um a freqüência quatro vezes maior
res que contribuíram pa ra o êxit o do golp e de 1964 . Tivemos que agua rdar o fim doque osegu ndoproblema m aiscita do.Não temosinformaçãosistemáti ca sobre
do regime para, mediante entrevist as com os principai s conspiradores c a análise a importância po lí ti ca atribuída pelas classes médias e pela bu rguesia à infl ação;
dostextosescrit ospo reles ,estabeleceruma hierarquia entreosfatores.Enquan entretanto, o exame de discursos ,jornais, man ifest os e outros textos ori entados
to isso não acontec eu, n a falta de uma teoria integrada, com sólida bas e factual, o para aqu eles grupos e class es sociai s sugere que eles acr editavam que:
máximoquesepodia fazerera a rrolaralgumascond ições queaparentem entecon
- o governo dc Go ulart havia perdido o c ontrole sobre a inflaç ão;
tribuí rampa raa eclos ãodo movimentode 196 4ediscut i-lasseparadamente.Con
• a inflação havia atingido níveis incompatíveis com a vida econômica organizada.
sidero útil refazer essa discussão para qu e o leitor possa aquilatar as dificuldades
de teorização qua ndo nã o se tem acesso direto aos principais atores conspiratói ios . Assim, os poucos dados existentes confirm am que a inflação fo i um fato r po
liti camente relevante e p od e ler contribuído para a queda d a popularidade de
A in fl a çã o Goulart.E ntretanto,essesdadosnãoperm itiamverifi carseainflaçãofo ium adas
principais motivações dos militares para a s ua crucial part icipação no golpe. Os
A inflaç ão, como dem onstra ram Buescu (197 3) e Contador (1977) , entre ou militares não são am ostra aleatória da população . Os diferentes grupos, as dile
tros, é antiga no Bras il,mas por si só não co nduz obrigatori amente a movimentos
rentesclasseseas diferent esinstitu içõesnãosão afetadospel ainflaçãodem anei
polític os.1 0A inflação não foi criada por .Ioão G oulart, ma s acelerou-sc conside-
raigual.Oimposto infl acion árioafet am uitoma isasclassesmaispobres.Osseto-

"" Embora seja possív el postular que ceve liaver uma taxa máxima de inIlação além da qual a
vida organi/ada é impossível c os movimentos políticos revolucioaários irais prováveis. F.nlrc*- a estrutura . As taxas do tempo dc Goulart (menos d e 10 0 % ao anoJ seriam al tamente desejáveis
Innto, a taxa máxima politicamen te lolerávd uãodeveseruma const ante,parece ndovariarcom e estahilizantes em 1993.
res mais vinculados ao E stado têm conseguido se proteger mais da inflação do
queoutros. A c o n c ep ç ã o “suja " da política
Ocrescimento econôm ico acel erado,entretanto,não é a única forma de legi
A e st a g n a ç ã o e co nô m ic a timar um sistema político: há variáve is especificamente po lí tic as que podem leg i
No período pó s-guerra , a economia brasileira cresceu a taxas bastan te alt as, timar um sistema políti co, ainda que este seja considerado econom icamente
ineficient e. Nos EUA, po r exemplo, é arraigada a cr ença na ineficiência econômi
e a renda p e r c ap it a cresceu anualmen te a taxas sempre superiores a 2 %, excelo
ca do Estado, m as també m é arraigada a noção de que é o sist ema pol ít ico q ue
em 195 3 e 195 6. O prod uto nacional bruto cresceu ac elerada men te entre 1957 e
1961, confirm ando um a longa tendência histórica: 8,1 %; 7,7 %; 5, 6%; 9,7% e 10, 3%. garanteliberdadesconsideradasfundam entais.«'No Kra si l.porém,asituaçãoera
diferente: a credibilidade pública do político brasileiro era baixíssima , antes do
Essas altas taxa s geraram otimismo cm rela ção ao futuro econômico do país, de
golpe mililar de 1964 ; a imagem que boa parte da população linha de um deputa
modo qu e as oposições, tradic ional e prudentem ente, deslocaram a b atalha polí
do era, simplesm ente, a d e um ladrão ."12Até que ponto essa imagem contribuiu
tica do crescimento econômico para outros temas. Como não era possíve l acusar
para estim ular a anulação do Legisla tiv o, a partir de 196 8, é uma queslã o empírica,
os governos de fracasso econômico, enfat izavam a corrupção, o alto custo social
insolúvel por lalta dc dados, m as é intuitivo aceitar que é m ais di fícil fechar um
do desenvolvi mento e o endividamento a longo p razo. Jânio Q uadros fez da cor
Iegislanvo que goza d e alta legit imidade do que u m que goza de baixa legit imida
rupção o seu cavalo dc batalha (o seu símbolo eleitoral era uma vassoura), e a
de. A péssima im agem públic a dos políti cos antes do golpe de 1961 não é um a
infl ação de
duvidava foi o único
que otemBras ila est
econômico
ives se im portante
crescendo; durante
a questão era as eleiç ões. crescer
se poderia Ninguém enaçao da imaginação socio lóg ica: várias pesquisas r ealizadas pouco antes reve
laram a exist ência de um a imagem muito deteriorada do político e da pol ít ica .
melho r e com c ustos mais baixo s.
Entre 466 m oradores do então estado da Guanabara entrevist ados pelo Usis ha
A população brasile ira, há décadas ac ostumada a o crescimento econômico
vi a um a clara preocupaçã o com a corrupção e a desonestidade na polí tica . Esses
acelerado , foi surpre endid a pela estagnação que teve iníci o nos governos parla
brasileiros estavam m ais impre ssionados com a corrupçã o do «p ie com a eficiên
mentaristas. Km 1962 ,começou o declí nio do crescimento econômico ; em 19 6 ;} e
cia « lo govern o, a liberd ade individual, a justiça social ou a un ião nacional.
1964, a crise at ingiu o auge, com a diminuição da renda p e r c ap it a. O péssimo
desempen ho da ec onomia brasilei ra durante o parlam entarismo sacudiu a opi- Tabela 57
nião pública: o cresc imen to econômico acelerad o não era inevi tável . Como o Bra D o que o país precisava mais,
silnãotinha escassezdcrecursosnaturais(a população,muitoao contrári o,tinha de acordo com 466 m orado res do esta do da Guanabara, I964 (%)
uma visão ufanista, que superestimava os recursos de qu e o país efetivamente
f. Dc um governo honesto. sem corrupção ^2
dispunha) e como n ão havia crise mundial de grande magnitude, a expl icaçã o 2. De um govern o que fa z (6
tinha que ser interna: para alguns, era o parlamentarismo; para outros , simples 3. De mais liberd ade indivi dual |$
mente apolítica. .Semeava m se, portanto, noesp íritod e muitos brasileiros os grãos 4. De distribuição de renda mais justa 5
do autoritarismo: se a polí tica era a culpada, era preci so acabar com ela \ Quando 5 D e união nacional ^
a situação piorou, ao invés dc melhorar, no governo Goulart, muitos dos que an
-Iotal ______________________________________ _______ ________ I0 0
tes acusavam o parlame ntarismo passaram a acusar Goulart, a democracia e a N = 166 {'/B nã o responderam a pergun ta).
polít ica que ela perm ite e requer.
As explicações basea das na estagílação são compatíveis com os dados: havia
Essa preocupação tam bém estava present e em alguns grupos soci ais mais
estagflaçào, e <»fenôm eno era per cebido com o politicamente relevante pela popu
restritos: pesqu isa realizada em 1963/64 com candidatos ao InstitutoTecnológico
lação geral. Enlretanto, como o golpe não foi dado pela população geral, e sim
da Aeronaulica, oriundos de quase todos os estados da F ederação, dem onstra o
pelos milita res,resta sabe r qual a importância dada pelos militares à estagflaçào, mau conceito que os jovens tinham d os polít icos : 8 1 % man ifestaram o seu desa-
ao pen samento da população a respei to dela , e se eles lia m corretam ente esse
pensam ento. Faltava o ví nculo entre a realidade da estagflaçào e a relevância po
lít ica a ela atri buída pela população, por um lado, e as motivaçõe s dos que d eram EiUre tant o,em quatrodécadasde observaçã odõc enário polí tic oam erica no,pu deobservar
o golpe, por outro. um claro decrescim o da legilinii dade polít ica naqu ele país.
Infelizmente, a par.ir d c 1996, a credibilidade dos polílioos brasileiros voltou a sor baslante
Dai xa, apas un: p eríodo do alta durante o itnpeovhmcnl de Collor.
cordo com a afirmação de que, “apesar de tudo, a ma ioria dos pol íti cos ainda é
A in st a b il id ad e d o go ve rn o G o u lc r t o p r o b le m a d a in g ov er n ab il id a de
honesta”. A repulsa aos políticos, eulre candidatos a uma instituição formadora
de elit es tecnológi cas e m ili tares, é com provada pelo fat o de que 36% concorda O governo de Jo ão Goulart — a principi o impedido de assum ir plenamente a
ram com a afirmação extrema, que não perm ite exce ções , de qu e 'todo polí tico c presidênc ia da Repúbli ca e depoi s forçado a governar com minoria no Senado e
ladrão ou se torna ladrão depois de eleit o”. Essa popul ação jovem também não na Câm ara foi marcad o pela inst abil idade .
percebia uma melhoria da situa ção, uma vez que 3/ 4 acreditavam que a corrup Goulart usou e abusou das nom eações para altos post os do governo como
ção polí tica não havia diminuído nos anos mais recentes . A que se devia a genera meio de adquirir o pod er polít ieo-d ecisór io que a sua situação de presidente em
lização da cre nça na deso nestidad e dos políti cos brasileiros? Especulando sobre o minoria no legislativo lhe nega va. Goulart estav a em condição minoritári a tam
tema, vejo algumas condições que contri buíram para agravar essa imagem: bém n a sociedade ci vil, o que aumentou muito a dem anda de altos cargos admi
■ a excepcional tolerância com que o Legislat ivo t ratou (e trata) os seus mem bros nistrativos: a corte de G oulart a instituições (como os sindicatos), grup os e cor
delinqüe ntes levou o público à justa conclusão de qu e o legislativo não é o foro rentes se fez através da concessão de cargos. O resultado é que o go verno nã o fo i
adequadop arajulgaros legi slad ores ,devendoo seu ju l g a m e n to s e r fe it o fo ra do administrado, e sim distri buído e redistribuído muitas vezes , falt ando-lhe coe
legisl ativo. Essa atitude,arraigada em amplossetores,fortaleceu -sena medida rência e sobrando instabilidade. Para Wanderley Guilherme dos Santos (1979),
cm que amiúde o legislativo não submeteu seus próprios membros à mesma aquelem omento secaracterizoupelaparalisi adecisóri a!Prefiroampliar oâmbito
punição, nem à mesm a severidade das penas, a que os demais cidadãos se sub dessa argu ta interpretação,j á q ue a parali sia afeto u o funcionamento do governo
metiam no foro com um ;113 nao só nas grandes decisões , mas tam bém no quotidiano administr ativo. Houve
• n noção ainda ho je comum, entre os congres sist as, de que a corrupção 6 um paralisi a governamental. O governo parou. Wanderley dos Santos subtraiu o nú
problema individual do congressi sta, e nã o do Congresso. O comportamento mero de ministérios do núm ero de m inistros, obtendo um indicador da rotatividade
individual do co ngressista tem implicações para a im agem pública do Congres dos m inist érios: numa situação total mente estável , os ministros seriam sem pre
so, inclus ive para a im agem qu e certos grupos influen tes tinham do s polít icos. K os mesm os, os dois núme ros seriam igu ais , e o resultado da subtraçã o seria zer o.
razoá velsupo rqueo comp ortamento demuitospolít icos ,tidocomo aétiro ,faci Houve47 ministrosa maisdoque minist ériosduranteogovernod e.Joã oGoulart ,
litou a reduçã o das funções do Poder le gislativo, em particular, e dos políti cos, em co mpa ração co m 18 de Kubitschek, 15 de Vargas e 14 de Dutra. Porém, esse
em geral. Essa imagem pública deteriorada da política edos políticos alimenta indicador é incompleto: quanto m aior o tempo de governo,maior a probabilidade
as preten sões autoritár ias do Execut ivo. de que mu dem os ministros; ass im sendo, é preciso ‘desco ntar” o « -feito das dife
• em bor a a extensão real da c orrupção política seja desconhecida, certos partidos renças na duração dos mandatos. Em bora o seu man dato — incl uindo o perío do
e grupos políticos, ao capitalizarem políti ca e eleitoralme nte o problema, exage parlame ntarista — tenha sido menor, 31 meses, cm comparação com 6 0 de Dutra
rando-o e transformando-o em tema dccam panha , contri buíram para criar uma e de Juscelino e 42 de Vargas, João Goulart teve mais do dobro de ministros que
imagem públic a altamente negat iva que superestimou a extensão da corrupção
cada um desses presidentes. Wanderley dos Santos calculou a estabilidade dos
na polít ica, em geral,e no legis lati vo,em particular ,plantando assim as sem en
diferentes governos, no pressuposto dc que tiv essem terminado o seu m andato
tes da sua própria destruição. Nesse senti do,Jânio Quadros e político s da UDN,
consti tucional e dc que a taxa de renovação dos ministros daqueles govern os per
sobretudo Carlos Lacerda e a cha mada "ba nda d e música’ ’, ao fazerem da cor manecesse a mesma:
rupção o principal cavalo da batalha polít ica, contribuíram não só para a futura
cassação dos m andatos de seus opositor es, mas tam bém para a cassação ou es
Tabela 58
vaziamento dos seus próprios man datos.1 " O principal efei to das campa nhas
Estabilidade dos go vern os da R epública, I 945- 64
anticorrupção não foi associá-la aos políticos de determ inad o pa rtido (o P SD,
oPTB eo PSPeram osalvospredil etos), ma saospolít icosem geral.Nãosesu ja Estabilidade
Governos M inistérios
ram apenas aqueles partidos, mas a pol íl ica AE os dados demonstram que a cor Agencias e em presas federai s
rupção era uma das just ific ativa s para o golpe ,na men te de alguns dos militares Duira 0,42 0,52
que conspiraram. \ Vargas 0,30 0,44
Kubitschek 0,38 0,53
Goulart 0,13 0,28
11 Essa desconfiança, com un: e justificada mim a socied ade dc natureza corporativista, também
Fonte: Santos. 1979.
existe em relaç ão a outros grup os socioprofi ssionai s, como os médicos e os militar es.
Carlos Lacerda e Jânio Qu adros foram punid os pelo redime militar .
Os resultados m ostram que a estabil idade ministerial do governo de Goulart
deixar de no tar a “baderna" dom inante na esfera p ública, reforçando a sua im
foi menos de 1/3 da de D utra,praticamente três vezes menor qu e a de Kubi tsc li ek
pressão de q ue o país estava sem govern o.
e bem meno s que a m etade da de Vargas. Conf irma-s e a hipótese de que o governo
de Joã o Goulart foi invulgarme nte instável, dada a alta ro tatividade dos seus mi 0 caos e a ordem
nist ros. Wanderley dos Santos tam bém analis ou a rotatividade na direção de 15
das m aiores emp resas pública s, e os resul tados apontam n a mesm a direç ão: me A desor dem , o caos e a anarquia. , em contraposição á ordem , à estabilidade, à
tade das principais empresa s públi cas funcionand o durante o governo Dutra fo segurança e à tranqüilidade, ocupam posição centra! nas análises da situação | h >-
ram dirigi das por um a só pessoa; sob Vargas, nove das 15 empresas foram adm i líl ica feit as por militares, embora sejam conc eitos usualm ente despre zados pelos
nistradaspelame sma pessoadu rante lodoogoverno;sob Kubit scl iek.for amoito; cienti stas sociai s. O caos eslá semp re presen te nos discurs os e pron uncia mentos
já n o g ov er n o G o u la r t, fo r a m q u a tr o , a d es p e it o d c se u g o v e r n o t e r si d o m a is c u r tios militares a r espeito da situ ação q ue levou ao golpe de 196-1. Km suas entrevis
to. No governo Goulart, o índice de estabilidade foi praticam ente a meta de daq ue tas e escritos ,o caos e a anarquia estão eu I re as condições que contribuíram para
le que caract erizo u os g overnos DuIra e Kubit schek , e consideravelmente meno r ogolpemencionadascom maiorfreqiiênci a.Uinda queoutrascausastenham sido
que o do governo Vargas, confirmando o que se observou no nível ministerial. apontadas, o caos e a ana rquia estão presentes em todas as análises feit as por
Computadosglobalmente,os índi cesdcestabili dadedasem presaseagênciaspu militares.'
bli cas são m ais altos que os dos ministéri os; enti elan to,permanecem as diferen 0 amplo período que se estendeu desde a renúncia de Jânio Q uadros até o
ças entre o governo G oulart e os demais, o que levou Wanderley Guilherme dos golpe de 1964 foi caracterizado po r uma suc essão de crises pol íticas que impedi
Santos à acertada conclusão de que : ram o funciona men to normal d o sistem a políti co e administrativo. As críli cas ao
regime parlamentarista foram, em sua m aiori a, baseadas na inef ici ência e na de
O aparelho do listado brasil eiro, responsável [ »ela implemen tação de importantes
sordem q ue o caracteri zaram; a ascensão de Goulart representou uma esperança
polít icas naciona is (.„), fo i protegido pe los chefes dc Eslado preced entes (... ) das
dem anda s do jogo de influências entre o Legislat ivo e o Execut ivo. A área da b uro mas, infelizm ente, seu governo não foi capaz d e satisfazer às expectativas de tran
cracia não m inister ial foi , tradicionalmente, fde formulação e implem entação) de qüilidade e progresso do s que votaram pelo retorno ao regim e preside ncial ist a.
políticas a long o prazo, inegoci áveis . Sob Gou lart, entretanto, até a quelas posições \ A p r e o c u p a ç ã o c o m a d e s o r d e m fo i u m a t ia s m o la s m e s tr a s d o g o lp e d e 1 9 6 4 ;\
estratégicas vincula das com mud anças na políti ca que compro meteriam o Bras il el a aparece com freqüência nos discursos preside nciai s, sobretudo naqueles co-
como um todo por muitos anos entraram no jogo como capital poli tic o para com m em orativos do an iversário do golpe. Garrastazu Médici f oi i ncisi vo qua nd o afir
praro apoiodos m oderados no Congres socdos radicai s forade le ." 4’ mou que:
Mesmoassim, Goulartfr acass ou.O usodecargospúbl icosparacom prarapoio
1(.. .) a nação bem se lemb ra da angústia daqu elas horas, a agonia da disciplina, da
pol íti co nov o, sem perd er o antigo, requer uma expansão contínua do núm ero dc ordem , do respeito, da hierarquia, da autoridade. E a nação também se lembra de
cargos. No caso d e Goularl, cad a apoio obtido com um ca rgo signif icava a pos sível que foicha marosseu ssoldadosdosquartéisparadizero'basta'eo'fora 'aocini smo
perda tie outro, vinculada ao ocupa nte anterior daquele cargo. Os negócios d o eà inse nsate z,à audáciacãanarquia,àdesonestidadeeao despudor,aodesgover no,
Estado, é escusado dizer, foram ignorados , e progressivamente a administração a desagregação. (...) os timdam entos da sociedade brasileira (estavam] perigosa
publica deix ou de luncionar.Cada subst ituiçãodeministroou d iretor deempresa me nte abalados pela deso rdem administrati va.-'4 1"

públicaacarretavaváriassubstit uiçõesnos escalõessubs eqüentes,além daquelas Unia déc ada ap os o golpe, Geisel, em discurso divulgado pela televisão, insis
quenorm almentese efetuavam ness esnívei ssubalter nos,poisevidentementenão tiu na m esm a tecla. Dclc são as seguintes passagens:
loram usados som ente os postos do primeiro escal ão como capital polít ico. A
rotatividade no segun do e no terceiro escalões tam bém foi mu ito alta. Ao fina l tio ' (,. .) levemos .. pens ame nto ao caótico passado de corrupção e des ordem em que
período, reinava um caos administra tivo no Eslatlo brasileiro. Essa imagem do soçob ravam toda s as institui ções da sociedade brasileira ( ... ) as mas sas insufladas
governo Goulart, que é confirmada p or outros dados, gerou um sentimento nega pelos agentes da desordem. A vida nacional era continuamente perturbada por pa
ralisações em su as atividades essenciais ( .. .) o g rande esp etáculo dos tum ultos c ti o
ti voem vário ssetoresde opiniãodopaís,particularmentee ntreos militares,qu e, terrorismoam oralÇ..)“ "7
sempre preocupa dos com um a interpretação muito estr ita da ordem, não podiam

" Santos. 1979: 220. Médici. 1973a: «7 e 1973b:26.


1,7 Geisel, 197 4:61-5.
Em contraste, a ordem , a estabil idade e a tranqüilidade foram sublinhadas
com o virtude: "as virtudes patrióticas do nosso povo generoso e ord eiro”. As acu ^Essa perspectiva "de fora" só correspondia em grau muito moderado à reali
sações não cobrem todas as possibil idades : em nenhum mom ento se acuso u se dade. Porem, o apoio sind ical a João Goulart e o clima de intensa mobil izaç ão
riamen te Goulart de fav orecer as elit es, concentrando a renda , nem de a busar da ideol ogiea confirmara m as suspeitas de muitos. O acesso de grup os radicais aos
repressão (embora lhe atribuís sem tal intenção, como resultado da subida ao po meios de comunicação de m assa e o intenso proselit ismo ideo lóg ico geraram o
derdos comunistas);nãoseacusou o governodeestarentregandoo paísaoscapi recei o, por par te de m uitos milit ares e de am plos setores da classe média e a té de
setores da classe trabalhad ora, de que se estava desenvolvendo um reg ime radical
talistas internacionais, nem de insensibil idade em relação às necessidades do povo;
nem de estar conduzindo o país a um enfrentam ento bélico com outro país e tc. A de inspiração comunista. Os setores conservadores responderam com táticas de
ausência dessas e de m uitas outras acusações r evela que houve seletividade: d e mobilizaçao, atravé s das marc has da família com Deus pela liberdade. A mobili-
1,1,1 «»"Pio universo d e acusações possí veis,somen te alg umas foram feitas e reite zaçao da direita foi a única conseqüência da contrap roduc ente retórica radical da
radas. Daí a importância delas para as Forças Armadas,que deram o golpe ,e para esquerda. Como em tantas vezes na históri a huma na, grupos radicais perderam o
sentidodossenl.mentosda m aiori a;atravésde uma retóri ca mu itovi olenta,c ria
ossetoressociai squeo apoiaram.O sdiscurs osdospresidentesmilitares ,sempre
críti cos do governo Goulart , deram mais atenção ao caos e a desordem do que à ram muito mais resi stênci a do que apoio, muito mais in imigos do que compa
inflação ou à estagnação* O caos, real ou percebido, é um conceito politi camen te nheiros. A retórica radical serve mais às necessidad es psicológi cas do radical do
que as necessidades táticas e estratégicas cio movimento.
relevante, sobret udo para en tende r a participação pol íti ca dos milit ares, que são
particu larm ente sensíveis à desord em.« Além de um bem em si, os responsáveis Fatores externos
pelo regime milit ar consideravam a ordem um pré-requisi to para o cresciment o
econômi co. A am pliação e elaboração da o rdem levo u ao conceito de “ segurança Aparti cipaçãodeem presasmultinacionaisedegovernos estrangeir os parti
nacional” que integra o binô mio dou trinário que influenciou a política pós-1964: cularm ente o dos EUA, fo i objeto de m uitas discussões, mas, por falta de informa
'desenvolvimento e segu rança". Além disso, a literatura políti ca e sociol ógica so ções e acesso a d ocumentas, duran te muitos anos não foi pes quisada. Nào há a
bre a m entalidade e os valores dos militares menciona com certa freqüên cia uma menor dúvida de qu e muitas multinacionai s, as sim com o o governo americano
necessid adedeord em,d ecertezae previs ibil idade ,eu ma intole rânciaàam bigüi apoia ram o golpe. Em muitos setores políticos, jornalísticos e académicos, tanto
dade e ao qu e é percebido como desordem. Essas con sidera ções, juntam ente com no brasil quanto nos EUA, predomina a crença de que a participação norte-ame
a leitura dosdiscursosdospresidentesm ili taresecom a observaçãodosmilitares ricana f oi intensa e deci siva mas até o fim da década de 1970 houve poucas
brasil eiros, me fize ram considerarocaos comodimensão negati va importanteno pesquisasa respeit o.
pensam ento militar e a intolerânci a ao caos como um a m otiva ção capaz de tirar O cuidadoso estudo de Dreifus s (1 987) mostra que houve uma conspiração
os militares da case rna c impeli-los ao golpe.4 1* Nesse sen tido, o clim a de caos que começou m uito antes da queda de Goulart e que nela partici param tan to em
admin istrai ivo que imperou no governo de João G oulart e, antes dele, desde agosto presas nacionais qua nto multinaciona is. As fontes militares publicadas an tes do
de 196 1 parece ter contrib uído pa ra convencer os m ilitares a intervi r. inici o de nossa pesquisa tam bém indica vam que os milit ares estavam conspiran
do desde o plebiscit o.4 20
A a m e a ç o co m u n is ta Pcs.iuisa foiu. po r Leuco ck (1990) revela que a CIA e a E mbaixada America-
na, d:i igida por Lincoln Gordon, tinham um a leitura muito mais radical do gover
O anticomunismo domina o p ensamento m ilit ar brasi leiro desde a fracassa
no Goulart do que este realmente era. em contraposição com a leitura feita pe lo
da revolta comunista de 193 5. O clima ideológi co da Gue rra Fria, por sua vez,
contribuiu p ara exac erba ras posições ideológicas antagônicas. A Gue rra Fria era Departame nto de Estado, muito mais moderada. U-ac ock percebe dois grandes
a dimensão central d a concepção geopolí tic a dom inante na s Forças Armadas. grupos de explicaçõe s para o golpe, que ela chama de dependência e d e colaps o
estrutural, criticando-os por subestimarem a participação dos EUA. As virtudes
QuandoJân ioQuadros renunciou,JoãoGoulartvisit avaaCbinacom unista,cu jas da pesquisa d e Leaco ck, assim como as suas limitaç ões, deriv am de su as fontes
posições era m e ntão as m ais radicais. Assim, aos olhos de m uitos militares, con
principai s: arquivos locali zados nos EUA fJohn son c Kennedy). U-acock usou tam-
firmava-s e a associaçao ente Joã o Goulart e o com unismo, apoiada pela observa
ção de u ma certa comunidade ide oló gica entre o vice-presi dente e os grupos e
11* Ver M ord . 1965.
partidos de extrema esquerda .
de ,Vlria s "ào ff? nenh “»' **rc< lo a respeitodisso, afirmando que a conspiração se
G àcTm i m -S2 C ° C ° m ',hU U:' orK ai, ÍMç 3° em *" ,ei ro de ll,(3- Vc t Camargo f c
béni como fo ntes secu ndária s entrevistas com políti cos brasilei ros constante s do A visão dos ato res
programa de históri a oral do CPDOC. Não há entrevist as primá rias com milita res
brasileiros, nem foram usadas fontes militares brasileiras secundárias. A ausên Devido a distância soci al, psicol ógica e ideológica que tradicionalm ente se
cia dessas fontes limila m uito a análise de um golpe dado p or mililares bras ilei ros. para os intelectuais , particu larm ente os cientistas soci ais, dos militares, muitas
O apo io « lo gover no am ericano ficou claro qua ndo ele reconheceu o governo análi ses do com portamen to militar foram feitas sem pesqui sa, sem contato dire
militar anles mesmo qu e Goulart dei xasse o p aís. Houve também um a operação to,sementrevist as,sem acess oa fontesdocumentaisetestemunhais. Issofazcom
militar de apo io logíst ico, qu e não chegou a se torna r necessária. Depois do golpe, que as hipóteses sobre o comportam ento militar s ejam elaboradas a partir de da
dos de outra natureza, como estatísticas ec onómicas. 0 com portame nto mil itar
houveapoiofinancei ro,rápida renegociaç ãoda dívida eoutras açõesque nãodei
Joi, poi s, trata do com o Conseqüênci a, que se supõe lóg ica, dos dad os econômicos.
xam m argem para qualque r dúvi da a respeito do apoio total dado pela adm inis
Alguns comentaristas não usaram qualquer tipo de dado, limitando-se ao traba
tração de Johnso n ao golp e. Nas palavras de P arker (197 9:1 07) :
lho dedutivo a p artir de grande s orientações teóricas. As i nterpretaçõe s inici ais
‘O governo am ericano apoiou os conspira dores militar es, e n generosidade do sub do golpe militar enfat izaram as suas causas econômicas, em parte devido à pre
sequente apoio americano ao regi me militar indi ca que o s líderes americanos con disposição genérica a ac eitar explic ações econômicas, em parte dev ido à relativa
sideravam qu e os generais servi riam m elhor aos interess es am ericanos do que simultaneidade do fim da etapa fá ci l da substi tuição de importações e da eclo são
Goulart.” de regimes militares na América Lati na. Occonomicismo d o pensam ento polí ti co
e socia l na América Latina fe z com qu e se fosse buscar nas elites econômicas os
Entretanto, o apoio americano po st er io r ao golpe não resolve a questão da responsáv eis pelo golpe.4 " O golpe, porém , foi essencialmente militar: não foi
partici pação no golpe propriam ente dito . C ordeir o de Farias assumiu plena res dado pela burguesia nem pela cla sse média, independe ntemente do a poio qu e
ponsabilidad e por te r pedido auxílio aos RUA, particular me nte gasolina. Isso te estas lhe prestaram . Na m edida em que ogolpe foi dado pelos milit ares e o regime
ria levado à Operation Hrother Sam, na qual uma pequ ena frota de petroleiros e dai resultante fo i dirigido p elas Forças Armadas e exercid o em nome delas , as
alguns navios-escolta foram enviados, segundo as declara ções tanto dc Cordeiro interpretações a nterior es ao fim do regime, sem acesso às fontes militares, ins isti
de Farias quanto de Lincol n Gordon. P ortant o,os KUA tomaram medidas concre ram na interpretação economicis ta, mas adotando uma segund a linha de defes a,
tas para ap oiar o golpe, ma s não se sabe quã o longe eles iriam caso o golpe t ivesse segundo a qual og olpe teri a sido dado pel os milit ares cm nome d as elit es econô
deteriorad o em conflito arma do ou e m g uerra civil. A posição « le Parker (197 9:102- micas.Kss eéum doserrosm aiscrassosdomarxismovulg ar:suporquehá grupos
3), com base nos arquivos de Lyndon Johnson, é clara: ou insti tuições que não agem em defesa de seus próprios interes ses, e sim dos
interesses de outra classe ou de outros grupos a que estariam subordinados .
“Não há provas d e q ue o s E UA inst iga ram, planej aram, dirigi ram ou part ici param Aidéia dequeosm ilit aresnãoestãoa soldodas interes sesda burguesia,nem
na execução do golpe de I 9M . (. ..) Ao mes mo tempo, copiosos dados sugerem que da aristocra cia, nem da clas se média, nem de ninguém, mas qu e levam cm cons i
os i;i IA aprovaram e apoiaram a de stituição de Goulart pelos militares quase desd e deração primord ialmente os próprios interesse s, como qualque r grupo, institui
o inicio ti a conspiração. Os KUA materi ali zaram o seu ap oio com planos de contin
ção ou classe, definiu a estratégia ideal da pesquisa, que se ria entrev istar os mili
gência qne p oderiam ter sido úteis aos conspiradores raso houvesse necessidade/'
tares. Como essa estratégia era impraticável durante o regime militar, tivemos
Stepa n (19 71) , apoia ndo essa posição, fala de um a comcícíèn cía dc interesses, que a guardar o fim do regime até conseguir acess o aos seus principais at ores.
com o que resum e bem o que aconte ceu. A exi stênci a de planos mili tares dc con
tingên cia e a presença de petrol eiros com escolt a armada moslmm claramente 0 acesso a novas fontes de informação
que os KUA estavam dispostos a dar mais do que apoio m oral ao gol pe. Prova Apa rtirdofina lda década de 197 0 passamosa teracessoa fontes escritaspor
velmente nunc a se saberá atá que ponto iri a esse apoio, em caso de necessidade. alguns dos que der am o golp e e estabeleceram o regi me, e com o fim deste abriu -
Essa, po r sua vez, é um a questão separ ada daquela a respeito de quão im portante foi se o cam inho a fontes t estemunhais,com entrevist as diretas com atores milit ares
o apoio americano para a queda d e Goulart . Pessoalmente, não tenho qualquer dúvi do regime.Tornou-sepossível ,atravésde técnicasquantit ativassimplesde análi
da dcq ueGoulartcairia com ou se m apoio americano.4 21Asentrevistascom oscons se de conteúdo, hierarquizar os diversos fatores apresentados como causas tio
piradores militares dem onstraram que o apoio externo foi muito [X j i i c o importante. golp e e comp ará-los com as avaliaç ões resultantes tl e entrevistas diretas com os

A m elites, particularmente a burguesia econômica, apoiaram cm pe so o golpe militar, como


deir.oiutron exau stivamen te René Drcifiiss em seu livro, hoj e clás sica.
principais perso nagen s do regime, lvsse trabalh o foi essencial para a nalisar as ex vistas com m ilitares que ocupa ram posiç ões-cha ve,particularme nte nns Arc ns de
plic ações propostas an teriormen te,aceil ando -as ou rejeitando-as. assim com o para segui anç a e informaç ões, cm todos os cinco governos militares.1 76
buscarnounslinhasdea náliseenovas persp ecti vas,dedentro.Os resultadosdes Com base n a totalidade das fontes consultadas, f izemos um a listagem prel i
ses dois tipos de dado s — análise de textos e entrevislas aberta s pessoais — foram min ar dos termos usados em iodas asexplic açõesdadaspara aaçãocontra Goula rt
extremam ente posi tivo s, alte rando algumas orientações e noções que tínhamos i epioduzindo-os tal qual apareciam nos textos. «" Tal lista era dema siado extensa
anteriormente. Obtivemos grande quantidade de infor mações que abriram nova s Para fins analíti cos, contendo m ais de 1 0 0 termos, muitos dos qu ais sinô nimos.
perspecti vas num a área an tes fechadís sima e que não poderiam seroblid as du Codific amos entao essa li sta , conde nsando-a n um a outra, mais reduzida, de 34
rante o regi me. fatores contributives e descrit ivos do golpe (ver quadro da p. 3 5 4 ).
Na análise de conteúdo, contamos o número de prigmns em qu e cada fator
M é to d o s e técnicas aparecia, e n ao o num ero de vezes que cada fator apar ecia; caso um fator apare
O projeto “O listado de Segurança Nacional duran te o Regi me Militar Brasi cesse mu itas vezes num a página só, o resultado da contagem seria l. 1M A razão
para tal e lim itara infl uência da s repeti ções. Um a análise prelim inar revel ou que
leiro usou diversos tipos de dados e técnicas. Neste capílulo utilizamos sobre tu
do entrevist as e a análise do conteúdo de textos e documentos,4 « além de uma surpreende nteme nte, alguns fat ores mencionados na literatura acadêmica é
jo r n a lí st ic a n a o a p a re c e ra m u m a s ó v ez n o s t ex to s a na li sa d os . O u tr o s, p e d r a s fu n
extensa bibliograf ia a respe ito do golpe de 196-1 cujo levantam ento fez parte do
projeto, incluindo que r a bi bliografia que tra ta do golpe em .s i mesm o (por exe m dam entais de muitas interpretações acadêm icas e jornalís ticas, quase nâo foram

plo, os trabalh os de YVander ley Guilhe rme dos Santos), que r a que o trata c omo menciona
do do stextosdos pelospor
escritos mili
m tares. Tanto
ilitar esnas entrevistas
fi cou quanto
cl aroque asnrazõesda adasanálise
pelosdo conteú
militares
parte de um fenômeno m ais amplo, como 0 estabelecimentode regimesbnrocrá-
uivergiam daquelas dad as na literatura expli cati va do golpe de 1964
ticos-aut oritári os (por exemplo,os trabalhos de O ’Donnell ). Estudam os também
as parle s referentes ao golpe das publicações de autoria de m ilitares que partici Kfetuamos um a análise preliminar desses dados, buscando as razões mais
param da derrocada de João Goulart, ou de liv ros e scrit os por tercei ros com base comuns, dada s pelos autores milit ares, entre as 34. Elas furam as seguintes, por
ordem decre scente de freqüência :
em entrevistas com partici pantes da conspiração e do golpe. Foram analisados e
codificados os liv ros de M ourão Filho, Jaim e Portela de M eloe I lernani D ’Aguiar;
um a coletânea publicada pelo Exército; um traba lho de António Carlos Muricí;
^ . Se lc ci r d0s de aoordo com 0 crití, i0 de rel evân cia para a cor a-
um trabalho de N elson de M ello ; e a entrevista de Cordeiro de 1'arias, editad a por í u S Kfí üar as pc rl ( ; sd ? rc8inie militar. Por exemplo: para entend er a função da
Aspasia C amargo e W alder de Góes.- *'' Iremos também as entrevistas disponíveis r t r h ,™ l í ir P^ CU? ,n üS ei ’, rP%1!tar1 men,br o$ 1 ,0 S™ : l»ra entender o funcionament oea
no CPDOCcom participant es-chavedogolpe.«5Ini ciamos,paralelamente,enire- esliuliira d os órgãos dc rep ressão, inteligência e informação, procuram os entrevistar oficiais
com passag em pelo Conselho de Segur ança Naci onal .SNI.CIE ,Cenimar e * i
algumas sub dm soes, co mo o DOI, o Codi etc. O acesso aos entre vistados f 2 J Z
oi mais ffca

fcssas duas técnicas têm m érilos e limitações conhecidos, lista mo s plenamen te conscientes R rw th T cd ít u h r ^ l' 1 0 ♦w OI I, rC m- l,ít ar‘ !l0Uve po"q"íssi",s, s recusas. As entrevistas fora m
deq uecad a autor,rj entrevis tado apres entou a sua perspe ctiv a ou,com a alguns deles diss eram, ( 1‘ m í uvi ■ ?e i,s a rev;,8áo Pe losentrevist ados e estarão disponíveis ao p úblico no
Cl DO Cap os o tém iino d o projet o. Os entrevist adores f oram Gláuci o Ary Dillon Soares Vtir ia
a sua verdade. Evidentemente, como com qualquer tes tenumba, a credibilidadeé maior quando
o even to não lhe concerne. Isso nâo quei dizer que o pesquisador este ja perdido num mar de
afirmações dese ncontradas e de resposta s motivadas por fato res puramente pessoais.O método
j n d u ía m te x to s a ca d êm ic o s, j or n a lí st ic os e d e m il it ar es . U sa m o s ta m b é m as ex p li
mais importante que u samos para s eparar os objelivos pessoais de cada tun dos a utorescen l re
cações surgidas nas primeiras entrevistas realizadas, as quais são muito heterogêneas no ciua
vistados cias perspectivas institucionais foi a validação cruzada. Qu ando havia concordância
entre os diversos au tores e entrevistados, Concluíamos que a persp ectiva era institucional, e não fo T u h ltr Ca t T í '° V a0 K r a U íl c absl ^ ã o dos t er mos . O obj et iv o er a nã o dei xa r de
foi a d alisla nenhu m fator explic ativ o, para poder veri fica r a freqüênci a com que lodo sos fat o-
'•u div idt inl .Nossa confiança nosdiwl oscresci aquand om embro sd egruposm ililarcsdiferentes c
até certo ponto antagônicos (caste lislas,costistas) concord avam com um a afirmação. Kssa s téc mpnlol e‘ rim e| ntV ! Sua 0nBem' apareci 'ini discurso dos mili tare s. A di ferença funda -
nica s permitir am, também, v erem que os grupos concordava m e eni que cies dive rgia m. ? 0 . ba. ,,1 0S anaf ,íticos cscritos por cientistas políticos e sociólogo s e os trab i-
Para f i:is de codificação, foram con sideradas som ente as partes, capítul os e seçõ es que se T n0S pr Í?! CÍ rü S as são analí tica s, ao passo que
referiam à conspiração e ao golpe. Assim, po r exemplo, foram codificadas 55 páginas do livro de nnsk -m ' Uma ordemcro,lü,°fi|c a. Um erro com um nas análises de conteúdo
consiste em elabora r oprton as categorias a serem usadas na codificação, antes de consultar os
M un o, 14 1 do livro de Portela, 124 do livro de C armargo e Góes. 178 do livro de D ‘Agmar etc. Há
reterências ocasionais d conspiração e ao golp e em outras partes dos textos que n ão foram leva imT - ,ü',h0 S par3í,PlíOS conc cil Mais r *ue e,es Pad em não ter o per -
das em consi deraç ão. 1 dcK obn r como aquele(s) autotfcs ) organiza(m) o pensamento
O t iatal ho de cod ificação foi leito polo bolsisla Carl os Sousa. A lgumas partes foram codifica Selecionar a página como unidade de análise é u ma d ecisão a rbit rári a, como seri a escolher
das tamb ém por outros bo lsistas, para verifica r se havia consistência entre codificadores dife w tn T r ™ses* Pubhcaçoes etc. Codi fica r por pági na tem d ois mérit os: contr ola a extensão . 1 ..
rentes. 1 lavi a uma c onsistên cia razoá vel. í a mfl ,,e ,UM d° 0S, Í, ° rCpe, i,i vo-A mb« -' «r am contro ladas usando a ordem
frequê ncia com qu e os temas aparece ram em cada texto .
1) caos, deso rdem , instabilidade;
2 ) perigo comun ista c subversão ;
_____________Fatores contributivos e descriti vos do golpe
3) crise hierárquic a militar ;
1. Ap atia < lo alto com and o m ilit ar
4) interferênc ia do governo nos assuntos, hierarquia e disciplina militares;
2. Apoio popular a o golpe 5) apoio popu lar ao gol pe;
3. Caos, desordem e instabilidade política 6} corrupçã o, rou bo de veiba públic a;
4. Conspiração tlus grupos econômicos brasileir os 7) sindicalismo, república sindical.
5.Conspiraçãodosgrupa seconômicosbras ilei roscomapoiodo governoame
ricano As referênci as a o caos , à anarquia, à desordem e conceitos semelhantes fo
6. Conspiração dos militares com ap oio dos grupos econ ômicos brasilei ros ram a s ma is freqüentes em tod os os autores, exceto Antônio Carlos Muricí , no
7. Conspiração dos grupos econôm icos brasi leiros com apoio das militares e qual foram a segund a causa m ais freqüent e. Esse concei to, a despeito de não ser
das m ulti nacionais com um nas an álises polít ico-soci ológicas, f oi s ugerido p or Soares e m 1986, le
8. Conspiração dos grupos econômicos b rasilei ras com apoio da s m ultin acio vando em consideração a mentalidade milit ar e a sua exig ência de um concei to
nais particul ar de ordem e de desorgani zação. Ale m d o mais, por foi ça de treinam en
9. Corrupção, roubo de verba pública to,o smilitaressesentiam maisà von tadenum a situaçãodeguerra convenciona l,
comadversáriosdefini dos,doque num asituaçãovis tacomoanárquica, comcons
10. Crescimentodos
U. Crescimento do partidos
PTB,de
emesquerda,
particularem geral tantescom ícios,greves, demonstraçõese quebra-quebras.Decidiincluirá parali
12. Cris e hierárq uica m ilitar sia decisór ia, um aspecto da ingovernabilidad e da a dministração Goulart, j unta
13. D errota dos partido s conservadores mente com os demais indicadores de caos, devido à influência dos trabalhos de
14. D escontentamento d a classe operária Wanderley Guilherm e dos Santos. A paralisi a decisória f oi mencionada em qua
15. Estagnaçãoe conômica tro dos textos m ilitares analisados.
16. Fim da etapa fác il da substit uição das importações Não resta dúvida de que a maioria dos militar es que participaram do golp e
17. Form a de governopresidencialist a percebi ao governoGoulartcomopenetrado peloscomunistascJoào Goulartcomo
18. Gre ves muito influencia do por eles. A ideologia exagerada men te anticom unista, parte da
19. Ilegitimidade d a políti ca formação militar,agi u com o um multipli cador da situação efeti vamente existen
2 0 . Il egitimidad e do s políticos te. O “perigo comun ista" foi um a das princ ipais razões explicativas do golpe para
21. Incompetência politico-administr ativa de Joã o G oulart todos os autore s militar es. Alé m disso, tanto o suposto plano de G oulart de esta
2 2 . Inefici ência adm inistrati va do go verno Goulart belecer um a república sindi calista quanto o sindicalismo considerado radical pe
23. Inflação los m ili tares (que, juntos, foram a sétima razão mais me ncionada) estavam m is
24. Influênci a com unista no governo turadoscom aam eaçacomunistana men tedos mili tare s.Muitosfaziamrefer ênci a
25. Influê ncia com unista no m eio milit ar ora à republica si ndical ista , ora a diversas formas de ameaç a comunista. Assim,
26. Influencia militar americana ao perigo comunista c à subversão agregamos o medo da emergência de um a re
27. Insatisfação dos militares com salários public a sindical,que seria um projeto de Joào Goulart ,e outras razões relaci ona
das: a infl uência comunista no governo, mencionada por três d os autores, e a
28 . Interferência do govern o nos assuntos, h ierarquia e disci plina milit ares
29. Para lisia decisóri a influênci a comunista no meio milita r, também mencionada por três. Assim, uma
30. Perig o comunista e subversão vez que, na m ente milit ar, diferent es respostas indivi duais pert enciam á m esma

31. Projeto fascista categoria ou gru


isoladas. po, decidi reuni-la s em cinco grupos, deix ando oito justi ficativas
32. Redução do orçam ento milit ar
33. Significativo apoio do governo americano As razões propriamente militares foram muito importantes: a interferência
34. Sindicalismo do governo na hierarquia e na di scipli na mil itares particularmente no tocant e
às chama das revol tas dos s argentos e dos marinheiras, assim como, em grau me
nor, a promoções, missões e cargos — fo i mencionada p or todos, situando-se en
tre as seis mais freqüentes em quatro dos autores. Foram cruciais a infiltração
comunista no meio m ilit ar, m encionada por très, e sob retudo a c i.se hi erárquica
milit ar(comícioda Central,episódiosdossargentose dosmarinheiras),m encio nismo, fatores militares, fatores econômicos e fatores externos. A segu ir descre
nada por todos, sit uando-se també m entre as ma is fr eqüentes em u uatro del es! vemos os cinco grupos com os itens específicos a cada um deles:
Outras razoes encontradas na lit eratura foram m encionadas com pouca freqüên Bfoco /: coos
cia :a re duçãodoorçam entomilitar,mencionada apena sum a vez;ca insati sfação 3) Cao s, des ord em e instabili dade polí tic a
dos militares com os salários , mencionada por dois dos autores.1 » Por terem um IB) Greves’
referente com um , os militares, decidi juntá -las no bloco 'Vazõe s militares”. Jun 21) Incom petência politico- administ raciva de João Go ulart
tas, as razoe s propriam ente militar es formam um imponente bloco que divi dir ia 22) Inefici ência administra tiva do go vern o G oulart
com as expl icaç ões baseadas no caos e na desordem ou na ameaça com unista e 29) Paralisia decisória
sindical a prepond erânc ia das razões p ara o golpe. Ale m desses grupos, dois itens
B/oco //: perigocomunista e esquerdismo
isolados, o apoio popu lar, iião-militar” (incluindo todos os grup os civis ) e a “ cor- 10) Crescimento do PTB, cm particular
nipçao , foram mencionad os com freqüênci a. A corrupção fo i o tema dom inante 11 ) Crescim ento do s partidos de esquerda , em ger al
<ta publicaçao íeita sob o s auspicia s do Exércit o. 14 ) D esconten tamen to da cla sse operár ia
Para a análise fina l, condensamos a lis ta de 34 fatores em cinco grupos de 24) Influê ncia comu nista no gove rno
explicações, de acordo com o tipo de variáveis: os très primeiros (caos, perigo 25) Influe ncia comunista n o m eio militar “

comunista, razoes militares) foram incluí dos por serem os mais freqüentes, res 30) Perigo comunista e subversão
34) Sindicalismo
pondendo po r al tíssima percentagem das razões mencionadas. O primeiro que
denomine! caos, incluía todas as m enções ao caos propriam ente dito, incl uindo
B/oco UI: razões militares
ucsoi dem,baderna,bagunça,ana rquia,Iroca- troca de ministros c ad ministrado
12) Crise hierárquica milit ar
res, paralisia decisória e relaxam ento administrativo. Era o caos, ta!qualpercebi 27) Insatisfação dos militares com salários
do pelos conspiradores , em várias dim ensões : soci al, polí tica e administrativa.4» 28) Interferência do govern o no s assunto s, hierarquia e disc ipl ina mili tares
grupo representadopelo“perigocomuni sta*também incl uía vári asdimensões 32) Redução do orçam ento mili ta r
como o crescim ento da esquerda, a possib ili dade de o Brasi l se tornar um a repú
bli ca popular ou uma repúbli ca si ndicalis ta e outros termos semelhantes 0 ter Bloco IV: razões econômicos
15) Estagnação econô mica
ceiro bloco incl uía razões especificame nte militares: entre elas, a crise hierárqui
16) Fim da e tapa fáci l da substituição das im portaçõe s
ca e a intei fercncia do governo nos assuntos, hie rarquia e disciplina militares
23 ) Inflaçã o
oram,de longe, as m ais freqüentes. Esses três blo cos dominaram os textos escr i
tos por militare s, sendo mencionados com freqüência muito m aior do que os de fllcco V: influências externas
mais. Praticam ente, as justificativas e as explicações dad as pelos militares para o 26) Influência militar americana
golp e se esgotam nesses três bl oco s. Condensamos tam bém em dois grupos as 33) Sign ifi cat ivo apo io do gov erno am ericano
expli cações economicas e as basea das em fatores externos, com uns na literat ura ’ O contex to em que esse item apareceu indic a que ele também pod eria ter sido codi fic ado
acadêm ica e jornalística, agreg ando-os ao s três favorecidos pelos militares, po is sob "perigo comunist a e esquerdismo".
queríamo sco ntrastaras expli caçõespriv ile giadaspelo s acadêmicosejornalistas ' O con texto e m qu e esse item apare ceu indica que e le* tamb ém pod eria ter sido cla ssif ica do
com as privileg iadas pelos próprios milita res. Terminamos, portanto, com cinc o entre as razões militares.
grupos de fatores expli cati vos, que denom inamos, genericamente: caos , comu-
Do posse dessa lista definitiva e condensa da, voltamos aos textos escritos por

' ’ «>que imo significa que os militares estivessem satisfeitos com os salários, nem que caso militade publicaçõe
caso res ou com base
s, eemàs entrevistas
entrevi stas
tra de militares
nscritasque, participaram
reano tando as páginasdo golpeme,que
no
ín S e m nte,
mc malme e omitiram-na,inculaf“ "l »
nos depoimentos. » «#«■ Se F n . «s ., vi ol açã o cada grupo de itens a pareci a.
Z E S Z ' ! * m e n < 8 * s0 0 d a s g r e v e s . ma s , no c o nt a l o <f a » «-
M ,c fe ,e ?f“íd“ l e “ f “"“ *o f e ní me no t i ni , » , , , du a s am ol aç õe s q ue Quando começou o golpe?
in ' S ' " , “ C0 "CT Í"S d'f0 rc r!t 5: ‘" w in«i.lo da es quer da, .l a subv ers ão e do
.....................“ •
. .. *> ,una "3-uW.ca sindica lis ta «c.: outra, do caos c convulsão soci al O golpe de 1964 não começou em março daquele ano, sendo impossível
entendê-lo iniciando o est udo naquela data. E mbora seja ingênuo pretender de
terminar o m ome nto exato em que u m processo históri co começa, há razões para
rer que,ato a renuncia de J ânio Quadros,os episódios de insat isfaç ão e rebeldia no qu adro político. Nesses claros, nesse s vazios, entrou o l.eonel Brizola, governa-
dor do Rio Grande do Sul. E o coman dante do II I Exércit o. no Rio Grande do Sul
militares foram de m eno r monta. A renúncia de Jânio colocou o Bras il , em parti
cedeu àqu ela agress ivida de de U on el Brizol a c abriu uma brecha nas forças milita
cular os m ili tares, diante da possibili dade de te r como presidente um polí tico de res, que eles souberam aproveitar pol itic amente muito bem . Então, os chefes mili
esquerda co m claras vmeulações com o aparelho sindical e com relações cordiais tar es, que tentaram imped ira posse, aceita ram u ma situação inter mediária: ele to
com os comunistas. A te ant icomunista que permeava e perm eia a corporação maria posse, ma s com um a limitação de poderes, que foi o tal parlamentarismo
imh tar se sentiu encurralada. H ouve, então, um a tentativa de golpe por pa rte dos caolho qu e sai u naquela hora. E como eu vejo fos] acontecimentos dessa época ."
ministros militares, so imped ido pela resist ência do III Exército e a cadeia da li
berdade do entao governa dor Brizo la. A ameaça de u ma g uerra civi l, co m as For-
A hostilidade dos militares a Goulart datava, pe lo m en os ,da renúnciadeJânio.
Em verdade,a hostilidade de alguns militares a Jango era ainda m ais antiga,t en
nal dós f' n ' ■" '|UC pr°v ocaila ',ela PróPria inl™ção inconstilucio- do come çado em reação às suas atividades como m inist ro do Trabalho.
" 1r T ’ SetürCS,li,s ^ “ Arma das a nutr ir um
tone rancor contra Goulart e Hnzo la a partir daquele mom ento. Algun s estml io-
A ca ra ct e ri za çã o d o g o lp e
nh i Z 'tr : ’lscar or,gens do golp e de 19 64 no l enentismo; outros, na camp a
nha con tra \ argas (no episodio do “Manifest o dos Coronéis” ); oulros, ainda nos Que foi o golpe? Vist o que tantos autores descreveram o golpe como dado
movimentos contra Juscelm o Kubits chek. O general Jaime Portela de Melo se- pela burguesia, pe las multinacionais, pelo poder econômico etc. , convinha averi
retnri o-gcral do Conselho de S egurança Nacional durante o governo Costa e Si l gu ai- o que pensavam os militares . Há p ouca dúvida a esse respeit o na mente dos
• a e um dos responsáveis por vários dos aios m ais nefastos r io reg ime de l <)64 que con spiraram e de ram o go lpe. Tínhamos cinco respostas alternativas, tiradas
remontou o go pe as tentativas golpist as de 195 4 e 195 5 e, cm segund a instância’ «la leit ura do s próprios textos, das pr imeira s entrevistas com militare s e da litera-
a ienuncia deJan io: ’ lura sobre o tema:

• conspiração dos grupos econôm icos brasilei ros;


',nü s »»'«* * ecl osã o. Conso lida -se
depois, diua ntco esforçopatn oticopara impedir n posso de J oào Goular t (..j.”* ». • conspiração dos grupo s econômicos brasileiros com apoio do governo americano;
• conspiração dos m ilitares com apoio dos grupo s econômicos brasileiros;
As srcens do golpe de 1964 pode m retroceder,no mínimo,a té 1961,quando
• conspiração dos grupos econômicos brasileiros com apoio dos militares e das
Jânio renunciou Como Jang o ainda não est ava no governo, não se poderia di/er multinacionais;
o!!e ™ S"a ""Vr en C'a " us assllnt os milit ares, particularmente na hierar quia • conspiração dosgrupos econômicosbrasil eiroscom apoiodas multi nacion ais.
“ reaÇU"' ; ' “ a<lllca O general Meira M atos, que conspi rou
e " | ,* ,,."l’° frtn ,;! 7 J™ «*» d«™nte o regime militar , expl ica co mo, A opção de qu e foi uma conspiraç ão dos milit ares com apo k> dos grupos eco
em 19 61 ,boa parte d a oficial idade s e opunh a á posse de Goulart,particul armente nômicos b rasileiros é absoluta: foi a única m encionada em seis dos sete text os
devido ao seu esqucrdismo e às suas vinculaçôes com os comunistas: analisados. Olímpio Mourâo Filho, por exemplo, discorre sobre essa explicação
em 16 7 pági nas. Jaim e Portela a menciona em 61 páginas, e Cordeiro de Farias ,
“ M.C. - General em 196 1, com o governo Jânio Quadros, o senhor era ©fi cia l- dc-
em 32. A expl icação de que a conspiraçã o foi dos grupos econômicos brasileiros
M M C- É ° SBga da8 Viana> nâ0 6 isso ? com apoio dos m ilit ares e das multinacionais só f oi mencionada por u m dos auto
res militares, Her nani D’Aguiar, embora seja um a da s expli cações favoritas n a
so IL T ° se, ll ,,. ,rjá l I)T ,, CÍ aV a um a hos,ni,,' lde muito grande ao governo civi 0 l»
literatura política e socioló gica sobre o golpe: ela recebeu 14 m enções no texto d e
M M PA í n r ' d, ° Con tr a , , O S SC d« Goul ar t?
drtii,lr \ t Goulart foi mu ito contestad a no Exército. Isso não há Ilernani 0 ’Aguiar, enquanto a explicaçã o de q ue foi um a conspiração dos grupos
Co d l i ’ 1a. mU, , ° 8r an
, dC-Eu toll, ° a "p ressã o tt e que a p osse « l o econômicos brasileiros recebeu apenas três. Duas interpretações não encontra
ih s 1' n - ? aC0, ,íe cf 1" pü; ", m acu,cn fe- Porque, sc dep end esse das Forças Arma- ram q ualquer apoio nos text os milit ares: a d e que o golpe fo i um a conspiração de
enm n ^ n p I Z ' I a VK5I 1 C 0 n v i c « S o * " ^ército,
° d e que Jo ào Goula rt grupos econômicos brasilei ros com apoio do governo americano e a de que foi
n d ' . . ! r'™ P an ‘ ° gover"° Mres,*r ao com unism o inter nacio-
-' " fjcc d,ss o- o Exercito nao era favor ável à posse de Joã o Goulart. (. ) os Ir es uma conspiração dos grupos econômicos brasileir as com apoio d as multinacio
ch ra rí T «I' ta rt fS r ram Uma dcdara*10 um P°U Ü » ambígua. Em face dessa de- nais. Elas não foram me ncionada s sequer um a vez em qua lquer dos textos. As sim,
. : S f U i l ' ° Co, * r f f ° não deu o pa sso à frente que deveria «l ar . qu e se duas opções encontradas na literat ura acadêmica não mereceram um a só menção
e-Sp er i> Va qu cd ess c’ no ^ nt .d » de impedi-lo, e foram criados u ns claros, uns vazios dos militares consul tados, demonstrand o que há um divó rcio entre a caracteri za
"• M elo, 1979:5 . ção do golpe pela literatu ra polít ico-soci ológica e a percepç ão do mesm o pelos
próprios militares.
A s r a z õ e s p a r a o g o lp e no s te x to s d e m il it ar es
Analisando o s grupos de expl icaç ões, vem os que o primeiro co njunto (cn os,
Con siderandoos cincogrup os de expl icaç ões,as Irês mais freqüentes ofer e anarq uia,de sordem ,instabilidadepolítica, greves,parali siadecisóriaetc.) éomni*i
cidas no s textos escrit os po r militar es a respeito do golpe (caos; perigo comu nis lreqiiente, seguido d e perigo com unista, si ndicalist a, esque rdista etc. e das ra/oe s
ta;erazoes milit ares)easdu asdo minan tesna lit eraturaprof iss ionale j o r n a lí s t ic a militar es. M ourã o Filho, Corde iro de Farias e Portela concedem nítida prioridade
(razões econôm icas e razões externa s), com putám os primeiramen te o nú m ero de ao caos e co nceitos relacionados; em D’Aguiar, essa prioridade n ão é estatisti ca
paginas cmqueca daautorm encionoucadaum dos fat ores . Issonos permiteaqui m ente relevante. Murici priori za a ameaça com unista. As razões militar es vêm em
lat ar, para cada texto separadam ente, a relevâ ncia de cada grupo de fatores Mas ter ceirolugarcm cincodossetetextoseemseg undoem dois. Ou trofat orm il it ar,
na°Perm it eacomparação direta entreautores porquea ext ensã odos documen aapatiadoa ltocomand om il it ar,f oi me ncionadap orCo rdeir odeFarias,Mourão
tos não é a mesma.
Filho c Po rtela, assim com o em várias entrevistas.
Primeiramente,saltaavistaaim portânciaquase nulaatri buída nessestext os
ao motivocentr alde maisdeu m li vro, os fa t o r e s e x te rn o s, entendidos tanto como
As razões p a r a 0 golpe nos entrevistas com mil/tares
milit ares quan to como o próprio governo dos EUA. Som ente Cordeiro de Fari as
que ad mitiu ter buscado esse apoio, e Jaime Portel a men cionam o fat or. O cao s
Os fatores econôm icos preferidos pelos cientistas políti cos e sociais ti veram

um a presença marginal nos textos de


ram sequerdo sfatoresmaismen
milit ares: em nenh um deles se aproxima
cionadospo raqueleaut or.Aesta gnação,ainfl a ânguloCord
polít eiroico.
dePer
Farias,cebe,
um do
poru ms principais
lad o,um conspiradores, foca li za
planoj angu istadesabo taroedesesta
caos desd bi-e n
ção e o fim da etapa fáci l da sub stituição de impo rtações tal vez fossem os fatores lizaro parlamentarismo ; por ou tro, a parali sia deci sóri a, a ingov emab il idade da
que m ais contaram na população, mas não ti veram saliê ncia no pensam ento mili adm inist ração Goular t:
tar Emb ora a sua exist ência fos se mencionada e m todos os textos , exceto no de
"Mas .t ango e seus assessores começaram a sabotar o parlamentarism o. Fabrica
Nelsonde Melo,el es ocup aram posiç ões m uitodis cret as,sem si gnif icaç ãoqua n ram -se crises no Congresso, e todo o sist ema min . O gabinete de Tan credo Neves
tit ativa n em qualitati va.
duro u po uco tempo . O que se seguiu, men os ainda. K assim |>or diante. À medida
que esses gover nos sesucediam,m ais fracos el es eram. Opresidenteestavadeter
Tabela 59 minadoa enfra quecer o pa rlamen tarismo a fim de torná-lo inviáve l. Para isso, l iga
_____ Freqüê ncia absoluta do s blocos de justi fi cat iva s, po r au tor va-se diretamen te a certos ministros - enfraquecia uns e fortaleci a outros... A si
Autores01 _____________Blocos de justificativas tuação polí ti ca se deteri orava. Jango já esta va co mpletamente desnorteado.
-------------------------------------- [ _________II III IV\ Substit uía os ministr as, cedendo a pressões ora de uns, ora de o utros, semsabe ro
Mou rão Fil ho 60 44 45 16 ( que fazia e mu ito infl uenciado pelo cunhad o."'“
Cordeiro de Faria s 10 3 5 i
Her nani D'Aguiar 23 21 15 2 fi O general Portel a percebeu o caos como int encional c segund o um a perspec
Antônio Carlos Murici 15 22 7 2 ti va po r etapas: “ecl odiu exatame nte para evitar o caos, primeiro passo pa ra a
Jaime Portela de Melo 56 46 28 4 1 implantação do governo da ag it ação com unista” .
Exérc ito Brasileiro 55 56 15 6 0
Nelson de M elo 4 6 3 0 0
O perigo comunista
Ordem das res postas
M ourã o Filh o | 3 j 4 5 Evidentemen te, as várias just ifi cati vas não foram apresentadas de maneira
Cor deiro de Fari as I 3 2 4 5 4 estanque: cias se rel acionava m. He rnani DA guia r,queparticipouativamenteda
Hern ani D’Aguiar | 2345 '
Antônio Carlos Murici 2 I 3 4 r
J a i m eP or c el ad eM e l o 1 2 3 4 t Cordeiro de Farias: cap 12 , p. 499-535; cap. 13 , p. 537-77; cap. 14 , p. 579 -60 4; cap. 15, |>. 605-
Exército brasileiro 2 | 3 4 r 35; total: 13 1 páginas; Hernan i DAguiar: cap. I (parte l). p. 73-88; cap. l (pa rte 2), p. 99-108;
Nelson de Melo 2 | 3 4 5 4 cap. 2, p. 109-27: cap. 3, p. 128-80; total: 94 páginas; Anlônio Carlos Murici (entrevist a): p. 7
O rd em fi nal | ? •> 62; total: 55 páginas; J. Portela deM clo: prefácio, p. 3-5; cap I. p. 9-42; cap. 2, p. 45-81; cap :t,
p. 83-115; cap. 4, p. 117-44; t otal: 132 páginas . Exércilo (coletânea de 2 5 artigos, vários autore s):
P; i-297; total: 296 páginas. Nelson de Melo: (série de entrevistas) primeira, p. 1-64 ; sexta, p.
Páginas e capítulos codificados em cada obra: Mourão Pilho; prefá cio, p. 15-21 ; cap. 1 n 23- 281-334; sétima, p. 33 4-84; total: 166 páginas.
16/; cap. 2. p. 168-228; cap. 3. p. 229-401; cap. 4. p. 403-57 ; total: 436 pá páginas consultad as; 433 Cama rgo & Góes, 1981:543.
conspiração 110 gru po “costisl a" ou, com o este foi caracterizado, no “grupo d a tro Kss a cita ção il ustra o grau e m que o anticomunismo e ra aceito como função
pa" e exerceu funções na á rea de rela ções públi cas duran te o governo de C osta e
precípua d os m ili tares, e nã o como atividade em inen tem ente polít ica! Um ofici al
Sil va,fo cal iz aocrescimentod ocom unismo,m asvên o caosprovocadopelainfl a
queco mb atiaativamenteas idéi as deesque rdaeradefinidocomo apol ít ico !
çãoum aim portantecondiçãoq uefacil it avaaquelecresci mento:
Alguns m ili tares, com o o general Antô nio Carl os Muricí, vincularam os pro
“O comun ismo fo i crescendo. Accnando com utopias, levantando a bandeira de al blem asde disci plina e de hierarquia na s Forças Arm adas a u m a tentativa Í Mf en -
gum as boas caus as, faland o ein nom e de reformas de base e prometendo sem pre, o cional de p ene trar as Forças Arma das, de dividi -las :
PC con tinuan sua pe netração facilitada pela f ragili dade de nossa e strutura social e
explorando o caos e conôm ico que o governo inflacionário de Juscelino Kubitscl iek “{ .. .) ó preciso ressaltar que cx s com unistas sentiram a imp ortância do problema e
promovera.”4M procuravam penetrarnasnossasForçasArmadasdem aneiraadestruirsuasbases :
discipli na chierarqiiia. Tentaram queb rar a união, jo g an d o i rm ã o s co n tr a ir m ão s. ”0 ®
Mais adian te, 1) 'Aguiar volt a a insistir na tecla da com unicaç ão, citando o
apoio dc professores: M ais uma vez aparecemjuntos d ois pr oblemas: o da queb ra da hierarquia e a
percepção de q ue havia um a tentat iva comu nista de tom ar o pod er, i nclus ive pe
' Mais de 40 0 profe ssores univ ersitários, t endo à frente Sobral Pin to*3 ' e Héli o netrando e divi dindo as F orças Armadas.
Tornaghi,l ançamm anifestoánaçãoacusandoogo vernofederal pe laatit udecom O c oronel Cyro Etche goyen, que participou ativamente do desenvolvi mento
placente dian te do pro cesso de co municaçã o do Rrasü.”4 36 do C entro de Invest igaç ões do Exérci to (CIE) e do qu e os m ili tares chamaram de
A leit ura dos textos de H ernani D’ Aguiar não deixa dúvida quan to à im por "luta contra a subversão”, pôs em primeiro plano as razões de ordem polí ti co-
ideo lóg ica:44 0
tânci a central da comu nicação; os dem ais fatores adquiriram rel evância porqu e
de alguma m aneira faci li taram o crescimento do comunismo , vi sto como o gran ‘No s tínham os n o Brasi l uma República sindi calist a. Um presiden te sindi cali sta,
de peri go. El e menciona tamb ém algumas estraléyias, com o a de ali anças com todo m un do estava na república sindical ista. L' m movim ento comun ista muito for
alguns dos p rincipai s partidos ecom alguns polít icos derenome: te no Brasi l. Vindo «l e fora e aq ui dc d entro. Muito forte. "

“Antes de p artirem, decididam ente, para o terrorism o, os com unistas brasileir os Para o general Muric í, a centrali dade da ameaça com unista era tal que, se
tentaram partici par do poder aliando-s e a grandes p arti dos com o o PSD c o PT B Goulart a com batesse, não ter ia sido derrubado:
para ap oiar os candidatos desse s partidos, Juscelino Kubitschek e marechal Tei xei
ra l-o tt/“« 7 “Mas podem acreditar napalavrasincer adoum solda do: seosr. JoãoGoulart hou
vess e permanecido no centro e fic ado contra os com unist as, ele ainda seria presi
A preocupação com o com unismo tam bém está vincul ada à inter ferênci a em dente ela República."’“
assu ntos m ili tares. Hern ani D’ Ag uiarviu a substituição do gene ral Maurell Filho
como um ato p o lí ti c o decorrente do seu anti comu nismo: Ou tro test em unho impo rtante f oi o do general Octávi o M edeir os, que duran
te muitos anos chefiou o SNI. O general Me deiros, então um tenente-coronel mu ito
‘No início de n ovembro de 1962, o gener al Emílio Maurell Fil ho, com anda nte da atuantena conspi ração,cons ider aq uehaviaum atentat ivadogov em oJoão Goular t
1*RM, que estavanesseimportanteco mando há apenasqua tromeses,foisubsti tuí de levar o país a um a aventura com unista; menciona tam bém a “desest ruturação"
do. Ofi cial que todos reconheciam c oinoap olílico f foij. em v erdade, removido ape
dogoverno,m asinsistenocaráterpriorit árioda ameaça comun ist a,esquerdistae
nas po r ter m anda do intensif icar, no seio ri a tropa soí » sua jurisdição, a instrução
sindicalista.
contrária à gu erra revolucionária e alertadora do perigo de sua infi ltração nos quar
téis.''418
G.S. - General , olhemos pa ra as causas do golpe dc 1964: como o sen hor disse, não
havia ne nhu m interesse polít ico [dos golpistas] ; qual foi , então, a causa principal?

D’Aguiar, 1975:79.
•' ■ iVAgu iar parece ter esquecido, conven ientemente, que Sobral Pinto foi uni dos brasileiros 4J9 Muricí, 1961:12.
quem ais lutaramcon traos abusos d ad itadur am ili tar,dest acando-sepeladefes ados tortura O coronel Rlche goyen trouxe uma dime nsão geopolíti ca interna na medida em que subli
do s e |>erseguidos políti cos. nhou,em outra parted aentrevista,ainfluênci ade S;í oPaulo,particularmeiitedaselitespaulis tas,
Ibid., p. 109-
w Ibid. , p. 79 .
tanto na criaçao do um clima favor ável ao golpe quanto, mais recentemente, no iinpcachmcnt
de Collo r.
" MIbid., p. 79-80.
' " M uric í, 196-1:15.
O.M. - Para mini foi a débâcle do governo do João Goulart. As loucuras que ele
DAguiarafirma que osepisód iosnum a das Forç asArmadas repercutiam mis
começou a fazer. Os desm andos. Aquele Palácio Laranjeiras vi via de man hã até de
demais:
noite cheio de pessoal de sindicato (.. .) a descstruluraçá o do governo. Nós estáva
mos vendo que iríamos, realmente, ser levados para u m a aventura de esquerda,
T rê s importantes acont ecimentos abal aram o mês e desencadearam, afi nal , a re
um a aventura comunista. E nós não queríamos fi sso ], porque sabía mos qu e não
volução: ocomíciodo dia 13.. arebeliãodos m arinheiros efuzileiros navais noSindi
dan acerto,comonão deu nos outros luga res. Mas [foi jissotudoqueno s inspi rou.
Realmente, foi tudo isso. ” cato dos M etalúrgicos no dia 20, e a reunião d os sargentos no Automó vel Clube , no
dia 30 (...) as Forças Arm adas nã o estavam indiferentes. A esmagad ora m aioria dos
oficiai s do Exército se mostrava frontalmcn te contrária à indisciplina ocorrida na
O general Portela acusou o gove rno Goulart de perm itir uma campa nha dou-
Ma rinha. Po r sua vez, a Aeronáutica sn sensibiliza va com o grave problema." *”
Irinária comunista:
O general M ourão Filho , que se adiantou à data planejada por alguns gni-
"Cart ilha s, seguindo os modelos maraistas, eram publica das, com s% m is comu
pos "5 c deslanchou o golp e desde Minas,também escreveu a respeito do comíci o
nistas e destinadas à alfabeti zação de adultos. O Ministério da Justiça n ada fazia
para d eter a onda d e subversão, pr efer ia a omissão. "“* e do papel fundamental que este desempenhou:

Para o gen eral Reinaldo Almeida , que conspirou ativamente c pertencia ao "O comício foi um escândalo! Um pre sidente da República deixa seu Palácio e vai
para apraça públicafaz ercomíci ocom ouinsimples demagogo,aplaudidoporco
grupo “eastclista” , tendo posterio rme nte com anda do o I Exército e presidido o
munistas que em punhavam fn ix ns com a fo ic e e o martel o! E o pior: no palanque,
Superior 1ribunal Militar, a princi pal razão para o golpe contra Goulart foi a pe
netração comunista na s Forças Armadas. Almeida diz que Goulart sc cerco u de nas barb as do M inistér io da Gu erra, com a assistênci a de todos os ministros. Toda
esta subve rsão garantida p or tropas da s três armas do Kxér cit o! O fim da picada.
um grupom ilit ardeesq uerda cmencionaespecificamenteogeneralAss isBras ile Temos d epartir contrael es enquan toétempo. "*”
a quebra da hierarquia militar, citando o episódio dos sargentos. Admite, lam-
Na citaçàoabaixo,Mourão Filhomostra quea revol ta dossargentosestá vin
bém. que os motivo s que levaram os militar es a agir difer iam, e muito, dos m oti
culada, no seu pensam ento, à quebra de hierarquia e ao conceito de c aos, de
vos que levaram os polí tico s a participar dn movimento, bem como dos motivos baderna:
que levaram setores da população a apoiá-lo,e que,para estes últimos,a infla ção
era um dos principais problem as. A seu ver, o golpe de 1964 f oi essencialm ente “Veja- se, por exemplo, o caso da revolta das sarge ntos no Rio Gran de do Sul , onde
militar, com apoio de diversas classes, inclusive as classes mé dias e a s eliles.4 13 um sargento da Pol íci a de nomcG il assumiu o supremo comando e d ominou todos
os quartéis. Pois bein, o governo federal não intervem naq uela un idad e da Federa
ção para restabelecer a ordem! A trop a federal está il liada nos seus quartéis! Jango
Os fat ores precipitantes: a quebra da autono mia e da hierarquia mili tar e Bri zola com anda m a ba dern a.'1 ’7

Vários militares se referiram aos problem as de indisciplina milit ar, que teria () coronel Etchegoyen identifica os fatores precipitantes, particularmente
sido apoiada pelo govern o de Goulart. Muitos se referiram aos episódios da revol aqueles que representam um a interferênci a com a hierarquia e a unidade milita
ta dos m arinheiras e a dos sargentos como “a desculpa de que precis avam", ao res:
passo que outr os se referira m a eles como o que os levou â decisão de dar o golpe.
“C.S . — F quais foram, n o caso do Jan go, os fatores precipit antes?
Bm verdade,aque les fatos ,que viol avam o princípi o da hierarquia,sagrado para
C.E. — Foram aqueles comícios: o do Automóvel Club, aquele comício da Central do
os m ili tares, particularmente para os ofi cia is, parecem te r tido dois tipos de in Brasi l, aquela g reve dos marinheiros...
fluência: G.S. — Por qu e esses foram o s faloro s?
• empurraram os comprom etidos com o golpe para a ação ;e
• levaram m uitos indecisos e apolít icos a apoiar o golp e, ainda que nã o participan D'Aguiar, 1975: 113- 4.
doativam entedele . ,',:i Havia m uitos grupos c onspirando, com pouca coordenação. O grupo castelista, de maior
|K-so. era visto comdescon fiança por o u Iro- grupos, particularm ente o grupo “da tropa", for nui-
do em s ua maioria p oroficiais mais jovens, sob a liderança de Costa e Si lva. Mourão Filh o tam
bém linha po uca co ordenação com m uitos grupos conspiratórios e resolveu iniciar, por conta
Melo, 1979:61. própria, o golpe. 0 general Carlos Albert o Fontoura, qu e dui,mie vários ano s chefi ou o SNI, di z
1 1I mi Irevi sta a Gláucio Soares. Maria Celina Soares D ’Araújo e Ignes C ordeiro de Ririas (Rio de que Mourão Filho, muitos me ses aules, já havia tentado iniciar um golpe.
Janeiro, 11-9-1992). Mourão Filho,1978:3 51.
Ai? Ibid., p. 341.
C.E. - [Estávamos] procurando um pretext o. Havia um estado dc desagrega ção
nacional. Ning uém respeitava mais nin guém... é a teoria deles: lcva[r] para o caos, e a hierarquia dentro d as Forças Arm adas. Além disso , certos entrevist ados e al
para tomar o poder. Kaí, então, esses três eventos foram eventos muito signif icat i guns textos deixam claro que esses três episó dios, que cham amo s de fatore s
vos, porque dois de les re percuti ram m uito nas Forças Armadas: um na Marinha, precipitant es,forneceram o pretexto para muitos grupos conspiradores. Do pon-
muito, c o ou tro no Exército, quan do o nosso m inistro f oi ao comício da Centra l do to de vista pol ítico, parece ler sido mais um e rra crasso de avaliação de Joã o Goulart
Brasi l. Então, a chama final, qu em jogou o ú ltimo palito de fósforo pegand o fogo
e dos grupos de esqu erda que o em purravam. 0 general Fi úza de Castro, um ativ o
torain esses três eventos... as coisas foram crescendo, crescen do e... alguma coisa
precisa acontecer. E aconteceram trés coisas.” pariic.panteda conspiraçãoeposteriormentedo regimemilit ar,eque seconside
ra um duro \ lambem entende que as pró prias ações de Goulart deram aos cons
O general An tônio Carlos Muric í, c ujo nom e chegou a se r cogitado para a piradore s o pretexto para a ação m ilit ar e que, sem elas , Goulart poderia ter ter
presidência da Repúb li ca, também concluiu que episódios com o o do com ício ser minado o mandato:
viram ao golpe:
XI.S. - General antes d e prosseguir, .s e nã o houves se o estopim, a oficialidade ter ia
"E o com ício, para felici dade nossa, foi melhor do q ue esperávamos. Ele dem ons esperado ate o Goulart te rminar o man dato c as novas elei ções, ou não? O n uc é ciu e
trou ar . povo brasil eiro qu e o presidente Goula rt não era mais presidente da R epú o senhor acha? H
blica. era um jogu ete nas m ãos do Partido Comu nista Brasil eiro . M ostrou que o F. C. - N ão sei. A minha op inião é que se o João Goular t ti vesse um p ouco mais de
comício era do PC, pui s à frente do palanque estavam cartazes comun istas com ata j u íz o , e le te r m in a r ia o m a n d a to d e le .
qu es violentos aos chefes m ili tares e a sub versão escr ita clar amente em todos os G.S. - Se ele nã o tivesse feito o com ício dos sargentos...

cartaz es. Mostrou que o governo desej ava perpetuar- se no poder , através da mu F.C. - Ali! O com ício irr ito » inclusive os sargentos. .. que não estavam no com ício.
dança da Constit uição. Mostrou que o governo q ueria a revoluçã o e preparava a L er am todos muito imtados. Irr it ou t odo o m undo. O comício c a mis sa. Houve
luta. Finalmente, quan do chegou a noite de 30 , o p residente Goul art , já então com um a missa dep ois, nao e? Ai, hou ve a questão do s fuzi leir os navais ... se o Jo ão Goular t
pletamente dom inado pelos comunistas (... ), res olveu faze r aquela pregaç ão no Au nv essetid o um p ouco mais de habilidade pol ític a, ci e terminava o mandato.
tomóvel Clube, aos sargentos das Forças Armadas. N esse m omento, a revo luçã o
I..S. - Qu er diz er que o sen hor acha qu e, se o Goulart não tivesse provocado as For-
estava terminan do os seus últim os ajustamen tos/'4 48
c. as Ar inad as com os com ícios etc.. cias o deixariam chegar até o fim’
KC. - E. P. u acho que nã o haveri a o fpretext o] que todo o m undo estava esperando
Cordeiro de F ari as, em su a entrevi sta, t am bém enfatizou a rebeli ão dos mari
para um m ovimento armado. "
nheiros, o com ício da Centr al e a reunião de.lango com os sargentos. A dimensão
que C ordeiro de Farias privilegiou foi a da “subversão h ierárquica”: hssa. opm iao não se limitava a ofic iais considera dos da “linha dura" , como o
general H uza de Castro, sendo compartilhada por ofi cia is de orientações as mais
(.. .) Jango, nos últimos dias d e seu governo, fez tudo o que era preciso para lev an
tar o E xército contra ele. com as atitudes que tomo u. Ein primeiro lugar, a re beldia
variadas: por exemplo, o general M oraes Rego, q ue serviu junto com o genera l
dos m arinheir os. Oficia is da M arinha, naquele dia, procuraram-me em prantos , Castelo Bran co e, postei iorme nte, no governo Geisel, f oi secretário d o Conselho
chocados com a subversão hie rárqui ca. Em seguida, o co mício da Central e a reu i e Segurança Nacional, nao tem qualquer dúvida de que,sem interferi r na hierar
nião de Jango com os sargentos 110 Autom óvel Clube. A indignação m ilit ar era enor quia e na autono mia militar, Jango term inaria o mandato.
m e l’ '"9

Os fatores econômicos
0 general Portela , com o qu ase todos os m il it ares que entrevistamos ou que
escreveram a respeito das srcens do golpe, também associou a qu ebra da hier ar
Dom inantes no pensam ento acadêmico, os fatores econômico s não tive ram
quia e a indisciplina à ação intencional dos com unistas:
no pensam ento militar a mesm a relevância que o caos , o perigo comunista e as
"A indis cipli na já lavrava nos quartéis ,onde os sargentos não qu eriam m ais prestar quesloes militares. Isso nao significa que estivessem ausentes. As referências
obed iência aos seu s superiores, instigados pelos agitadores comunistas."1" ' entretanto, ioram relati vamente escassas e quase sempre associadas a outros fa
tores. D Aguiar, por exemp lo, associa a inflação à corrupção:
O conjunto das informações disponíveis indica que, no entender de vári os
mili tar es» Jang o teria t ermin ado o seu govern o se respeitasse a autonom ia mili tar ‘ Paralelam ente a tud o isso. a inflação se agravava, o cruzeir o se aviltava e o povo
-soma .L olocando fogo na fogueir a,alguns se aprovei tavam das co ndições propíci as
paia m anob ras escusa s dc enriquecimen to rápido.” 411
Muricí, 1964:21.
" ’ Camargo & G óes, 1981:567-68.
Melo, 1979:73.
,S I l/Aguiar, 1975:83.
Outro mem bro do grupo de Costa e Si lva , dos ma is influent es e radicai s, o cipaçà oam ericana. 0 que nos faria suspeitar que teria havido um a relevânc ia em
general Portela, tamb ém vinc ulou a situação econômica à corrupção: haraçosa, m as pura e simplesm ente a ausência do tema. Em c inco dos sele te .vloji
"Enquanto isso, a situação econômica se agra vava o a corrupção ia campeando sem
ele não foi sequer m encionado; nas entrevistas que fizemo s não apareceu espon
o m enor freio, nos diversos setores da adm inistração pública, atingindo a inflaç ão taneam ente; e qua ndo perguntam os especificamente a respeito da participação dos
taxa s insuportávei s.A p rodução nacionalcaía e as exportações também diminuíam, EUA, a resposta foi tranqüil a, não negando tal particip ação, mas dimensionando-a.
provocando o desequilíbri o na balança comercia l e no balanço de pagamen tos. Os O governo americano não era (e continua não sendo) homogêneo. 1louve
salários se aviltavam e o custo d e vida subia de man eira vertigi nosa.’ ’452 discordância no que concerne a ações a serem tomadas em relação a Goulart .A
resultante indica que, efetiva mente, os EUA apoiaram o golpe e o regime subse
O coronel Ktche goyc n mencionou, cm sua entrevi sta, “uma situação econô
quente. As fontes ofici ais ame ricanas, agora a bertas ao público, claram ente o de
mica muito difí cil, herdada d o Juscelino K ubitschek. Mas muito difíc il" . No en
monstram . Entretanto, u ma cois a c o fato de que os EUA ap oiaram o golp e, e
tende r do coronel Ktchegoycn, houve uma m ultiplicidade dc fatores que o levou à
ou tiaca essencial idadedesseapoio .A ju l g a r p e lo c o n se ns o d a o p in iã o d os m il it a
conclusão(lequeo governodeG oulart deveriacair.Porem,essesfatoresnão tiv e
res,oapoioam ericanoaogolpefo iquase irr elevant e.Entretanto,oapoioao regi
ram todos o me smo peso, sendo mais importantes os d e cunho polít ico-i deol ógi
m e foi mais importante, particularmente devido ao auxílio financeiro. Fica sem
co. Ocoronel fo i um dos poucos m ilit ares que mencionaram ,com certo destaque,
resposta a pergu nta sobre quão longe iri am os americanos se o golpe fracas sasse
os fatores socioeconômicos, enfatizando q ue a decisão de da r o gol pe foi baseada e, particularmente, se o Brasil desse um a guinada à esquerda.
num a amp la gam a de fatores , com pesos difer entes, in clus ive al guns de cunho
pessoal , como o comp ortamento d a m ulher do presidente. Presentes esses fato
res, o gol pe fico u à espera de um fator precipi tante, que veio na forma da posi ção Considerações teóri cas e metodológi cas
de G oulart em rela ção aos sérios problemas de h ierarquia e disci plina nas Forças
Uma limitação de m uitas interpretações teóiico-es truturai s da história deri
Arm adas, inclui ndo os episódio s conhecidos como “dos marinheiros” e "dos sar
va « la falta devinculaçãodom acro com o micro, ouseja,comoas condiçõesestr u
gentos” e o comíci o da Central do Bra si l,quando foi entregue a espad a de ou ro ao
turais afetam o com portamento dc gru pos espe cíf icos . R aramente se faz ess a vin
marechal Lott.
cularão. Com certa freqüência, sem dúvida desconcertante, a vinculaçâo é ignorada.
Se , por u m lado, as freqüentes e elaboradas referê ncias dos acadêmicos aos Km outros casos, por omissão e por nec essidade lóg ica, os trabalhos são ap resen
fatores econômicos podem ser parcialmente explicad as pela famili ariza ção com tados como se as condições estruturais afetassem igualmente todos os grupos,
essa perspectiva, por outro, a evidente falta de familiaridade dos militares com clas sese institui ções. Fala-se, por exemplo, da estagflaçâo como fato r causal, mas
conceitos e teorias econôm icas pode ter dificultado as refe rencias a explicaçõ es não se discute, e muito men os se pesquisa, se as diferen tes cla sses, grup os e insti
dessa natureza. Km parte devido à alta capacidade de bargan ha c autonom ia fun tui çõessãoa fetados diferencial mente por ela e se reagem diferencia/mente a ela.
cion al,osmilitaresestãom aisprotegi dosda inf laç ãodoq ueoutrosgrup asocupa- Nossa pesquisa deixou claro o alt o grau d e especificidade dos m ilit ares .453
cionais. A relativa escassez das referênc ias dos militares a fatores econômicos não I alvez por se trata i* de um a instituição com alto grau dc isola men to so cial, uma
sig nif ica que estes não influenc iaram a probabili dade de da r ou não d ar o golpe; iiisfftmção quase total,4 '* os militar es têm um alto grau de autonom ia 11a criação
pode ter havido um a infl uência indireta, alravés do apoio de outros setores so e manutenção de 11111 sistema de valores em relação à sociedade. Devido à sua
ciais ao golpe. Porém, a concordância entre militares de diferentes orientações vincul açâocom 0 Estado, aom onopóliodosgrandesmeiosdecoaçãoeà debilida
polít icas e de diferentes armas a respeito do papel secundário desempenha do pe de do contro le político e civi l sobre ele s, os militares també m disp õem de um alto
los fatores econômicos não deixa lugar a dúvida : o golpe de 1964 foi um golpe grau de autonomia fu n ci on a1 110 Brasi l. Seu comportamento depende pouco dos
essencialmente po lít ic o. desejos da sociedade, em contraste com a maioria das d emais inst itu içõe s.

Os fatores externos: a influência americana 45 3 No sentido de qu e seu s val ores e crenças diferem dos d a sociedade global e dos de outras
instituições, grupos e classes. Assim, a opinião militar diverge consideravelmente da opinlfio
O papel dos EUA é, compreensí vel me nle, um dos temas centrai s de pesqui brasileir a, e uma não esp elha a outra.
sas e debates acadêmicos a respeit o do gol pe de 1964.0 que surpreende n as aná 'M Coffman (196 1) define como instit uições totais a quelas que impedem o contato de seus inein
lise s dos textos dc militares n ão c a negação vigorosa da essencialidade da parti- bros com o s m embros da sociedade glo bal. Os exemplos clássico s são as prisões e os asi los .
Defino como quase-totai s aquelas insti tuiçõe s qu e dific ultam muito, mas n ão im pedem,
0 con
tat o de seus mem bros com o s mem bros da sociedade global , concl uzindo-os a um isol amento
parcia l. Rs se isolamento pod e ser voluntári o.
Portanto, c impossível deduzir o comportam ento dos militar es a partir de
teorias basead as em ou lras instituições, grup os ou class es. Tam pouco c possível No 6 "la,S Slm| I,ue as ,eorias “ Plãativu s <l<>
estudar eventos nos quais os milita res ti veram participação decis iva a partir de No Brasil , lal pensa me nto gi rava ao redo r dc um a noção muito pa rticular (da i„ ..
teorias e dados sob re a sociedade como um todo. Nesses cas os, os militar es têm muiçao militar) e exigente de ordem , de previsi bili dade; ele rejeitava e não cons o
que ser pesquisados diret amente. guia convi ver com o confl it o soc ial ; desenv olve u-se num ambiente f ero zm Z -
As grandes teorias t em, n o meu e ntender, uma gran de utilidade como orien den trodrin^ V l“ m pre" u"t0tI OSOdaanlonon.iada corporaçãoeda hi era rqu ia
tações sociol ógicas gerais, no sentido m ertoniano. Sua função e orientar as pes den tro dela. A hierarquia, conceito fundam ental dentro das Forças Armadas n iu
quisas , para ver qu e (ipo de variáveis incluir e como relacioná-las. Elas não pro co nv ive bem c om a ig ua ld ad e, con cei to fu nda ment al dent ro da ln ,“ p| or
vam nem dem onstram , tampouco podem substituir a pesqu isa. Infeli zmente, adem ocracianaoe ensinadanasacademias mili tar es
alguns estudiosos se deixam seduzir pelo trabalho exclusiva mente conceituai é I louve '.»«louças,para evitar falar de etapas, na a i ilude em relação a Goulart
nao realizam pesquisas empíricas. Talv ez haja um efeit o perverso da q ualidade O exa gera do ant ic omuni smo da corpo raç ão a pre di spô s cont ra um p X T q u e
das ma croteorias nas ciências soci ais, pois quan to mais interessan tes e promisso ocuparao Mn iis tenodoTrabalhoe quem antinhacontatosnão-ant agônicos com
ras elas são, me nos pes quisas em píricas .s e realiza m. .is q u ei da, inclusi ve co m as comunistas. Goulart já era malvist o pela corporação
Nao há cam inho fáci l nem atalhos para o conhecimento dos golpes e regimes "K l r ° •lâ n'° y "adr os -A rel ,únda de JSn io e a fr ac as sa da ten -
militares. As gran des contribuições, com o a de Dreifuss a respeito da participação Uihv a de golpe dos ministros mili tares foram traumáticas para a corporação mes

dos grupos econôm icos or ganizados , requerem pesquisa detalhada, cuidadosa e moI lendo sido ela qu em ten tou d ar o golpe. A possi bilidade de um a guerra civi l
cansati va.Aanálisedc conteúdoexigiu mesesde leitur a,fazendoolevantamento Z 2 CaSArm adas íil" dldas- B««»' «m a profunda hostili dade a Goulart e a
dos termos usados, codi fican do os textos de acordo com o nú mero dc páginas cm
que esses termos apareciam, processando os dados no com putador e efetuando do B n sü ° ^ í’Í'i«ÇÕCS’ PC,UC“ uonrd cnad as> apa reciam em difere ntes ponto s
diversas análises estatísticas. Tal análise nos perm itiu: doBrasil, em alguma s cidades, t ramav am-se várias conspir ações. Não haviacoor-
• ver quais as expli cações usadas e quais as descartadas
• est abelecer ,com bas e no núme ro de páginas,se havia uma
por cada p artici pante;
hierarquia das expli
Í m
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H i ^ l T Ja T
C0"?lrUÇa0d0B
rasi
l 1,ecl
es
, 0- N? haV Ía U'"; ’i d e0 l0 8ia orSa» i»da qu e or ien tas s e
Queri am. As conspirações eram
cações aceitas pelo pa rticipan te e, cm caso positivo, qual era ela; 7a2 demm I T Pe r'g 0S que.T m CSVia m n0s eu 8overno> »'as não eram a
• verificar, através do conteúdo propriamente dito do texto, se essa hierarquia 0U Pa", K'°- ~ Na<l"ele mome" to'as P « W e . cobri am todo
o espectro, havia desde os militares envol vidos na conspiração, passan do pelos
numérica era confirma da ou não;
• com parar a distri buição de freqi icnci as da s expli cações aceitas por diferentes
partici pantes e com parar tam bém as hierarquias que ele s estabel eceram; aGou laridte uns eológ
po uc os
mais p n dever de ofíc io do que por convicção ica.deGoulart
di ca d°s , •valendo-se
a das
• des cobrir que havia um p a dr ã o na hierarquia estabel ecida pelosdi ferentespar
ticipantes e que tal hiera rquia er a supra-individual, íns/ftuci orta/; " r e, n C“n"° le
quem ec ia fie l.Essainlerfei ência alienou m uitosmilitar es.m5o s
Ocrescen tejç rev'nTl
ismoitar
• compa rar o p adrão tia hierarquia encontrada nos : text os dos m ilit ares com o d as
ocaos nogovernoe oprosel it ismo,1 a esquerda geraram, na men te n,H ,W aTm
hierarquias sugeridas pelos autores acadêmicos c assi m co nstatar que há um
divórcio entre elas; ;™“ i™ i!ri!;!e,'ddeTcl
rlam ente
"’dc quo°,,aís“estavaàderiva”-i>emc°m°»
<lue <*Paí s estava a um passo do comunism o
n »
• sugerir o esboço de uma nova estrutura teóri ca,com base nos passos anteriore s.
As entrevi stas foram u m mergulho na caixa-preta : as primeiras proporciona
riim a íf ii Z r ? ^ ! 3Se'C ÍÇÕeSpres ide "cia is * apro ximav am e el es po de-
m. f , ; ,C la: Pa' a ° "lr,K' conspiradores ativ os, falt ava o pretexto O co-
ram m torin ações novas, que pa ssamo s a pesquisa r ma is a fundo nas entrevi stei s
S í t i t ? re be ' ÍÔeSd0ST " “ edOS n a v a is m uto
posteri ores. Klas tamb ém nos permitiram confirm ar o peso ,na m ente milit ar,dos adc nr à “ '«Pir açao e deram a outros o pr ete xto . Conti nuav a não
diferentesfatoreseentend erm elhora ssuas in ter-r elações ,m aisfác eisdcelucidar
com perg untas do qu e através das leitura s. Isso porque, sc nào é possível esclare c ,d a tm \3 so Cr P,r Ón " 'te0 "a Sd eK " ,|,ns c0 ,l sP 'lav i ,m, ma snã ose ar li -
cer o que o text o nao aborda, pod emos voltar vári as vezes ao mesmo tem a em l l l en' r m- C'rC "lal '<l e CaS,d0 Ura nco ' menos de «'»a s se
nas ante s do golpe , forneceu, para mu itos dos grupo s conspiratórios, mas não
entrevist assubseqüentes,elucidando pontosq uehaviam ficadoobsc uros .
para todos, o aval e a liderança de uma figura muito respeitada dentro da co rpora
ção, conhecida pelo seu legalis mo. Quando Olímpio Mourã o tentou, mais um a Bibliografia
vez, enlra r na históri a pela porta dos fundos, adiantando-se à s demais conspira
ções, o apoio militar a João G oulart era mínimo. João Goulart foi deposto q uase
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(
contribuições sobre os sistemas político • «01 Ml
do Bras il na República de 1946 a 1964 qui fit i im
publicadas após a primeira edição do livro. I',»m
os que n ão leram a primeira ve rsão, 6 cn cn ch l
conh ecer u m traba lho clássico de no*»n ll t« <r .« t« ».«
política que marcou época e ainda servo dv m tii
pio para a produção intelectual contemporAnon
Para aqueles que já a conheciam e acomp.inlur,»M
0 debate posterior, 6 impor tante acomp.inhnr
0 mod o pelo qua l Gláuc io insere nesta rovls âo
a volumosa produção sobre 0 sistema político
de 1946, gerada em boa m edida sob inspiraç ão
do Soc/edode e política no Brasil.

E preciso diae r, finalmente, qu e já é hora do 1» .


novas gerações de cientistas sociais recuperar em
a memória da heróica jornada dos anos 1970
no Brasi l. Durante ess e período, mesm o acossado*
pelo regime milit ar, estudiosos da política
e da sociedade passam a escrever trabalhos sobro
a realidade brasileira a um só tempo rigoroso»,
do p onto de vista metodológ ico, e crí ticos ,

do po nto de Ylsta substantivo. No mesmo período


ademais, lutam pela institucionalização dos
progr amas de m estrado e doutorado em ci6 n<Ut
sociais no pais. Por is so, é com enorme orgul ho
que convido estudantes, professores e o público
em geral para a leitura desta nova edição
de um dos símbolos daquela fascinante jornada.
Fabiano Santos
D i ret or execut ivo d o I uperj

GLÁ UCI O ARr DILLON S OAR ES é for ma do em direito


pela Faculdade do Direito Cândido Mendes e «iodo u
sodologia e política na PUC-R lo. Em 1959 recebeu
0 titul o dc mestre e m d ireit o com parado prla Tula ne
Unlver sit y. em Nova Orleans, e traba lhou no National
Opinion Research Conter d a U niversi dade de Chic ago.
Em 1962 «ntl nou m étodo s de pesquisa na Esco la
National de Antropologia, no México. M o mesm o ano
Ini ciou os estudos de do utorad o n a Washington
Univer stt p, em St. louls, e foi agraciado com o prém io
Bobbs- MerHII. De volla a o México, t rabalhou em pes
quisa de cam po com Joseph Kah l, sou orientador na
Washington Unlversit y. Trabalhou também com Llpset
e ensin ou na U niversidade d a Califórnia, em Bcrfccl ey.
Foi diretor da Escola Latino-Americana de Soci olo gia
(Fla cso) om S antiago do Chil e. Ensinou e pesquisou
cm várias outra s universidades. Atualm ente é professor
titular da Universidade da FlóHda 0 pesquisador
associado ao Iuperj. Suas pesquisas sobre 0 p eríodo
1945-64 produairam multo» artigos e um li vro ,
Sociedade e política no Brasil. No Inic io da déca da
dc 1990 ini ciou uma parceria <om Maria Cel ina D'Ar aujo
e Celso Castro para a e studo do regime milit ar.
Desse esludo re sultaram vários li vros e uma trilogi a
com as m emó rias dos milit ares. Na última década
tem-so dedicado ao e sludo d a viol ência e das politkas
públicas que logram reduii-la.

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