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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS/ CAMPUS FRANCA

DISCENTE: Manuela Ramos Mora RA: 211223425

DOCENTE: Prof. Dr. Marcelo Passini Mariano

DISCIPLINA: Introdução às Relações Internacionais

CURSO: Relações Internacionais, 1º ano

Apontamento da obra MINGST, Karen. Contexto Histórico das Relações Internacionais


Contemporâneas. In: Princípios de Relações Internacionais. Rio de Janeiro: Elsevier,
2009.

Capítulo 2: O contexto histórico das relações internacionais contemporâneas

1. É fundamental, ao analisar as Relações Internacionais, compreender a História, pois


a partir dela encontramos a formação do Estado; e do mundo interligado, bem como
os conceitos de Estado, nação, poder e seu equilíbrio, e soberania, importantes para
o entendimento dele.

O mundo pré-westfaliano

2. Grécia e o sistema de interações cidade-Estado:


2.1. Em, 400 a.C. auge do poder das cidades-Estados gregas atingiu seu pico, já que
essas, cada uma independente, ao mesmo tempo que mantinham relações entre
si, também buscava aumentar sua força.
3. Roma: um governo de um império
3.1. Essas cidades-estados passaram, após um tempo, a pertencer ao Império
Romano, caracterizado pela grande extensão territorial, (indo da África até a
Ásia) e pela manutenção da unidade de seu domínio diante de forças barbaras
do leste e norte, disseminando o latim e, ao mesmo tempo, dando aos governos
já instaurados uma certa autonomia.
3.2. O filosofo Marco Túlio de Cícero elaborou uma teoria para sustentar esse
Império, que também aplicada até hoje nas RIs: a presença de lei universal para
todas as nações somada a uma estabilidade interna e a ampliação de bens e
fronteiras.
4. Idade Média: centralização e descentralização
4.1. Com a desintegração do Império Romano em 476 d.C. ocorreu a
descentralização política em territórios denominados feudos, controlados pela
relação de proteção e pagamento de impostos entre suserano-vassalo.
4.2. Surgiram três civilizações: a civilização árabe, o Império Bizantino e a o resto
da Europa. Sendo o primeiro baseado em um Califado islâmico e os dois
últimos professavam a fé cristã.
4.3. A instituição mais poderosa da época medieval era a Igreja, ou seja, a sede de
do poder se instaurava em Roma e a o papa exercia sua influência em todas as
áreas da sociedade.
4.3.1. Contudo, com a elevação de Carlos Magno, líder dos francos, a posição
de Imperador do Sacro Império Romano, em uma tentativa falha de
unificação da Europa, levantou a questão da separação entre Estado e
Igreja.
4.3.2. Enquanto essa instituição se mantinha forte e soberana, tinha-se uma
política e territórios fragmentados.
4.4. Processos de descentralização e integração ao redor do globo estavam também
ocorrendo naquela época, sendo alterados, depois, com a presença europeia.
Exemplo: Japão durante o shogunato, no período Tokugawa.
5. Idade Média tardia: desenvolvimento de redes transnacionais na Europa e além
5.1. Com a disseminação mais ampla das atividades comerciais; a universalização
do cristianismo; uma maior comunicação e tecnologias mais avançadas, como
moinho de vento, o feudalismo foi se desintegrando.
5.2. Observa-se duas importantes consequências: um conjunto de indivíduos
interessados no comércio transacional, ou seja, em negócios que superavam
fronteiras; e intelectuais e artistas inspirados na cultura greco-romana,
interessados em uma nova forma de pensamento.
5.2.1. O humanismo, estudo que valorizava o homem, e o individualismo, no
qual se prioriza o próprio indivíduo, foram importantes correntes
desenvolvidas na época para alterar as estruturas econômicas, políticas e
sociais.
5.2.2. O filósofo Nicolau Maquiavel, na sua obra O príncipe, reforça a ideia de
separação de Igreja e Estado, que começava a tomar forma
5.3. A expansão comercial além-mar e os avanços tecnológicos permitiram a
expansão marítima, com destaque para os italianos, portugueses e espanhóis.
Assim, a conquista desses novos territórios e sua introdução ao sistema
capitalista internacional, é por muitos, considerada o início das relações
internacionais.
6. O surgimento do sistema westfaliano
6.1. A Guerra dos Trintas Anos (1618-1648) abalou a Europa e precisava
urgentemente ter um fim, desta maneira, criou-se o Tratado de Westfalia, no
qual os monarcas passavam a ter a liberdade de escolha em relação a religião
adotada em seus reinos. Nascia assim a soberania.
6.1.1. Com esse tratado ocorreu a legitimação dos territórios; livre jurisdição
dentro das fronteiras delimitadas; e a política de não intervenção externa
por parte de outros Estados.
6.1.2. O filosofo francês Jean Bodin defendia os líderes tinham completa
liberdade de mando e desmando, estando sujeitos apenas as “leis divinas e
naturais” e as “constitucionais”.
6.2. Para afirmar a soberania nacional do Estado centralizado, foi fundamental o
levantamento de imposto para a criação de um exército.
6.3. A terceira consequência desse Tratado foi no oeste europeu, o incentivo a
empresa privada, com o desenvolvimento de uma infraestrutura exigida pela
instauração do comercio. Gerando, até o final do século XVIII, uma rede de
rivalidades entre as nações e o nascimento do capitalismo.
6.3.1. Adam Smith, o pai do liberalismo econômico, traz a ideia de mão do
mercado, na qual a competição e a iniciativa própria são fortes
impulsionadoras do capitalismo.

Europa no século XIX

7. A consequência da revolução: princípios essenciais


7.1. As revoluções francesa e americano trouxeram duas ideias: legitimidade e
nacionalismo
7.1.1. A primeira, fundamentada no pensamento do filosofo John Locke, de que
a legitimidade do monarca é resultado da concordância de seu povo,
demonstra que o poder do Estado é limitado e deve apoiado pelos cidadãos.
7.1.2. A segunda, é o nacionalismo, na qual língua, cultura e tradições ligam os
indivíduos a nação.
8. Paz no núcleo do sistema europeu
8.1. Após a derrota do imperador francês, Napoleão Bonaparte, e consequentemente
do Congresso de Viena em 1815, ocorreu o Concerto da Europa, um período, de
paz relativa.
8.1.1. Nele, as cinco principais potências europeias estabeleceram acordos,
dividiram a África e acabaram legitimando a independência dos novos
Estados da Europa.
8.2. Essa paz pode ser explicada por três fatores.
8.2.1. O primeiro é a do darwinismo social, na qual os europeus brancos se
consideravam superiores e civilizados, criando, desta maneira, uma
identificação entre eles.
8.2.2. O segundo é união das elites temorosas de revoluções das classes mais
baixas. O diplomata que montou o Concerto da Europa, Klemes von
Metternich, defendia a volta do absolutismo como melhor opção de
governo.
8.2.3. O terceiro se trata das unificações italiana e alemã, que com pequenos
conflitos locais, foi evitada uma guerra geral.
8.3. Durante metade do século XIX, no contexto de industrialização, é perceptível a
primazia da Grã-Bretanha na produção e exportação bem como era o centro do
capital financeiro.
8.4. Também, durante a Revolução Industrial, foi presente a expansão de territórios;
com a necessidade de novos mercados consumidores e matéria-prima; poder
bélico; e disseminação dos valores cristãos aos povos negros.
8.4.1. Em 1885, a Conferência de Berlim ocorreu com o objetivo de partilhar o
continente africano, ajudando a manter o equilíbrio de poder europeu. O
imperialismo se estendeu até a Ásia também, um exemplo é Guerra do
Ópio na China.
8.4.2. Os EUA, com a política do Big Stick, exerceram sua influência
econômica, política e militar na América com apoio a independência das
colônias americanas em torno de 1830.
9. Equilíbrio do poder.
9.1. Para compreender como a paz funcionou nesse tempo, entende-se a definição
de equilíbrio do poder. Os países da Europa se contrapunham à homogeneidade
do poder, como foi a França napoleônica, assim, fizeram alianças entre si, que
acabaram por ameaçar essa paz.
10. O esfacelamento: solidificação de alianças.
10.1. No fim do século XIX, formaram-se dois importantes blocos: a Tríplice
Aliança (Itália, Alemanha e Áustria) e a Tríplice Entente: Grã-Bretanha, Rússia
e França com a participação do Japão.
10.2. A Alemanha, insatisfeita com as decisões da Conferência de Berlim,
aproveitou a morte do príncipe herdeiro do Impero Austro-húngaro, Franz
Ferdinand, para dar início ao conflito que envolveu toda a Europa, a Primeira
Guerra Mundial (1914-1918)
11. Os anos entreguerras e a Segunda Guerra Mundial
11.1. Com o enfraquecimento dos Estados e destruição causada, uma série
nacionalismos tomou conta da Europa. O fim dos Impérios Austro-húngaro e
Otomano, e da Rússia czarista; além da sofisticação da imprensa, importante
para o conhecimento de pontos de vistas diferentes da História; foram fatores
determinantes.
11.2. A Alemanha descontente com as duras imposições do Tratado de
Versalhes, deu lugar ao fascismo, liderado pelo ambicioso líder Adolf Hitler.
Descomprimido várias determinações desse acordo, Hitler militarizou o país,
atraiu as massas e ergueu a ideia da superioridade de raças, encontrando como
aliados a Itália e Japão.
11.2.1. Para combatê-los, diferenças ideológicas foram ignoradas, fazendo a
União Soviética se unir a Grã-Bretanha e a França.
11.3. A Liga das Nações unidas, criada para impedir outras guerras, sem a
presença dos Estados Unidos e da União Soviética falharam dando origem a
uma guerra que ia de 1939-1945.
11.4. O liberalismo econômico foi substituído pelo realismo.
11.5. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o poder atômico foi
presenciado; o Reich alemão despedaçado; e agora o poder passou para as mãos
dos EUA e União Soviética, iniciando a Guerra Fria.
A Guerra Fria
12. Origens da Guerra Fria
12.1. A Segunda Guerra resultou em duas superpotências: EUA, que expandiu
sua influência capitalista, principalmente, no Ocidente, e a URSS, que ampliou
sua força socialista no Oriente e em Cuba.
12.1.1. Berlim, a capital da Alemanha, foi dividida em quatro territórios em
1945, na Conferência de Potsdam, sendo três deles capitalistas e um
socialista. Acontecendo um bloqueio dos corredores de transporte até a
capital, em 1948, pelo governo soviético.
12.1.2. As oposições entre eles eram muito claras. Os Estados Unidos eram a
favor do capitalismo, o qual pregava o mínimo ou não intervenção estatal;
meritocracia e o individualismo. Enquanto a União Soviética, se apoiavam
no socialismo marxista, no qual o fim das classes sociais, forte presença do
Estado e a propriedade comum eram predominantes.
12.2. Outra importante consequência foi a independência das colônias, já que
agora Japão e Alemanha estavam devastados e não conseguiam manter sua
força imperialista.
Exemplo: A independência da Índia em 1947.
12.3. A Guerra Fria com os elementos acima, transformou o funcionamento do
mundo, englobando todos os continentes, colocando em prática a globalização.
13. A Guerra Fria como uma série de confrontos
13.1. O período em questão (1945-1989), foi marcado por um mundo bipolar,
sem um confronto direto entre as duas superpotências, porém apresentou vários
conflitos indiretos, tensão nuclear e corridas armamentista e bélica.
Exemplos: A crise dos misseis em Cuba (1962); Guerra do Vietnã (1965-1973);
Guerra da Coréia (1950-1953); invasão soviética no Afeganistão (1979);
13.1.1. A construção do Muro de Berlim (1961) se tornou um dos principais
símbolos desse conflito ideológico, pois separava a parte capitalista da
socialista. Logo, o fim do dele ocorreu com o fim dessa barreira.
13.1.2. O lado capitalista militarmente formou a OTAN, ao mesmo tempo, que o
lado soviético possuía o Pacto de Varsóvia.
14. A Guerra Fria: uma visão de Cuba
14.1. Após a Revolução Cubana de 1959, Fidel Castro, estatizou empresas
americanas, recebendo em troca embargos e uma tentativa de o deporem com
apoio dos EUA, a operação Baía dos Porcos. Destarte, ele buscou uma aliança
com a URSS, declarando que Cuba era agora socialista e adotava os princípios
marxistas. Assim, em 1962, o governo soviético instalou mísseis apontados para
os Estados Unidos, um dos momentos de maior tensão entre os dois blocos,
levedando a uma negociação entre Nikita Khrushchev e Kennedy.
14.1.1. Com a retirada dos projeteis, Cuba tentou promover uma revolução na
América com a ajuda do argentino Che Guevara, o que acabou não
funcionando, e instaurar o socialismo na Etiópia e Angola a partir de 1970,
a fim de derrotar a influência americana.
14.2. Já no caso do Vietnã, ocorreu uma guerra civil que pôs em prática a
tentativa de contenção do comunismo na Ásia. Com isso, os EUA temerosos de
um efeito dominó, ou seja, que outros países asiáticos adotassem esse sistema
econômico, ficaram do lado ditadores do Vietnã do Sul; enquanto, a República
Popular da China e União Soviética apoiaram o governo socialista do Vietnã do
Norte.
14.2.1. O fim desse conflito em 1975 gerou problemas nas alianças, já que a
China e a URSS discordavam cada vez mais e as atitudes do governo
americano foram fortemente contestadas.
14.3. O Oriente Médio acabou por ser mais um dos palcos da Guerra Fria, já
que possuía importantes recursos naturais; petróleo; passagem da África para
Ásia e lugar de origem das três religiões mais praticadas no mundo.
14.3.1. A criação e reconhecimento internacional do Estado Israel em 1948,
geraram apreensões e confrontos armados entre esse e o alguns países
arábicos, como Iraque e Egito. Deste modo, os EUA ficaram do lado de
Israel e a URSS do lado árabe, durante a Guerra dos Seis Dias, que acabou
por um cessar-fogo em 1973, entre essas duas potências.
14.4. Com a descolonização da África, a Guerra Fria tomou conta do
continente causando vários conflitos armados, que receberem apoio dos dois
diferentes lados, com armas, recursos e tecnologia, em troca de
posicionamentos estratégicos.
14.5. Exemplo: Chifre da África, Congo e Angola.
14.6. Também se destaca além dos conflitos armados, a presença de acordos,
diálogos e reuniões em cúpula.
Exemplo: A cúpula de Glassboro em 1967 entre os líderes Khrushchev e
Eisenhower.

15. A Guerra Fria como uma longa paz


15.1. O historiador John Lewis Gaddis explica essa paz armada em cinco
pontos: a intimidação nuclear, no qual os dois blocos temiam usar pelas
prováveis aniquilações de ambos; equilíbrio de poder; hegemonia econômica
dos EUA, que possibilitou na restauração dos países europeus e o Japão; a
transnacionalização do liberalismo econômico; e o último é a pré-determinação
da Guerra Fria, como um evento previsto a ocorrer ao longo de um período.
16. A era pós-Guerra Fria
16.1. O fim da Guerra Fria começou com um processo gradual, os
reformadores soviéticos e Mikhail Gorbachev promoveram uma abertura
política (glasnost), com o multipartidarismo, e uma abertura econômica
(perestroika). Assim, com a renúncia do premiê soviético e o fim do Pacto de
Varsóvia, a URSS teve seu fim em 1992-1993.
16.1.1. Tropas soviéticas, entre 1988-1989, foram retiradas do Afeganistão e a
Angola, sob a supervisão da ONU.
16.2. O primeiro evento da Nova Ordem Mundial aconteceu quando o Iraque
anexou o Kuwait em 1990, sofrendo sanções e sendo expulso por quatro
membros do Conselho de Segurança, a União Soviética, antiga parceira do
Iraque, sendo um deles.
16.3. Com o fim da Guerra Fria, uma nova era começou, a era da globalização,
na qual os EUA eram a potência mais forte, usando hard e soft power para
garantir seus interesses sobre outros Estados.
16.4. Dois fatores marcaram a década de 90: conflitos étnicos e civis, e a
primazia americana
16.4.1. Os massacres ocorridos em Ruanda e Burundi foram ignorados pela
comunidade internacional; já, no Kosovo, devido a opressão Sérvia, os
EUA interviram convocando a OTAN, deixando a administração da região
nas mãos das Nações Unidas.
16.5. Um novo problema surgido foi a guerra contra o terror e os ataques
terroristas, tendo como marco o ataque de 11 de setembro de 2001, que destruiu
duas importantes cidades americanas.
16.5.1. Os EUA lançaram um movimento de contenção do terrorismo em nível
global, perdendo possíveis agentes, contando com serviços de inteligência
para espionagem e usando a força militar.
16.5.2. O Afeganistão e os Estados Unidos entraram em uma guerra, porque esse
último, almejando acabar com o talibã que compactuava com a Al Qaeda,
organização terrorista da qual Osama bin Laden fazia parte. No seu fim
uma eleição democrática, sem se apoiar no terrorismo, foi aplicada no país.
16.5.3. O governo americano, junto com o Reino Unido, após ter a permissão
negada, pela ONU, para depor o líder do Iraque, Saddam Hussein, e
revistar o país em busca de armas de destruição em massa, realizou sua
própria coalização. Então, no fim das contas retirou Saddan do poder e
acabaram com o exército iraquiano.
17. Mesmo após a recessão econômica de 2001, a primazia econômica e militar
americana permanece, sendo o terrorismo ainda um problema e hegemonia desse
país fortemente ameaçada com a China.

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