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FALSUM COMMITTIT, QUI VERUM TACET

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Escrevinhação n. 882
VIVER E AMAR A MESTRA DA VIDA

Redigido em 11 de abril de 2011, dia de Santa Gema Gagani,


de Santo Estanislau e da Bem-aventurada Helena Guerra.

Por Dartagnan da Silva Zanela

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Para ser franco, detesto toda a masturbação

mental que se faz para renegar o estatuto atribuído

tradicionalmente a História como sendo ela a mestra da vida

no pífio intento de dar pseudo-ares de cientificidade a uma

atividade intelectual milenar. Afirmo isso não por uma

impostura anti-intelectual, mas sim, por amar devotamente

seguir os rastros deixados pelas almas humanas por esse

vale de lágrimas no intento de conhecer-me e reconhecer-me

no vivido por muitos de meus semelhantes.

Por isso, creio piamente que toda reflexão histórica

deve partir desta imagem que a tanto nos fora legada. A de

uma mestra que nos ensina a viver.

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Tal afirmação, de longe nos trás uma panacéia

para as querelas que se travam nesta seara, mas sim, nos

aponta para a senda superior que devemos singrar em nossa

jornada gnosiológica. Ops.! Quando falamos em querelas, não

estamos fazendo referência unicamente aos debates que são

travados entre os interessados (motivados pelos mais

variados interesses). Referimo-nos sim, ao debate que

necessariamente deve ser armado no âmago de nosso ser

para se iniciar uma investigação sobre um determinado

assunto historicamente relevante. Este é o ponto de partida e

nenhum outro.

Para tanto como devemos proceder? Seguindo um

roteiro metodológico que exigirá de nós algumas pré-

disposições intelectuais. De início temos que ter claro que a

história oficial não é aquela que é insultada pelos professores,

mas sim, aquela que é afirmada pelos ditos e reafirmada

pelos livros didáticos e pela mídia impressa, televisiva, em

fim, pela indústria cultural de um modo geral e que esta,

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sempre, é composta de cacoetes mentais, estereótipos e de

figuras ideologicamente manipuladas.

Trocando por dorso, não podemos perder de vista

que a história, enquanto uma reles disciplina curricular tem

sim uma dimensão de propaganda política, o que não

significa que a reflexão individual e sincera o seja. Aliás, meu

caro Watson, somente nesta perspectiva é que realmente

encontramos a presença das lições da magistra vitae.

As lições aprendidas em um estudo histórico

devem ser ministradas a nós mesmos e não feitas com a

mórbida expectativa de explicar a outrem as respostas

obtidas em nossos estudos sobre as questões que nos

inquietavam. Ora, esperar que os outros entendam as nossas

inquietações sem que nos entendamos enquanto pessoa a

partir de nossas querelas é uma bobagem sinistra de uma

pessoa carente de atenção e que posa de “cidadão crítico” pra

chamar a atenção, ponto.

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Se compreendermos esse problema, estamos

prontos para o segundo. Saber que a reflexão histórica deve

sempre ser fiada pela vereda de procedimentos dialéticos. Não

aquela bobagem de materialismo dialético vulgar, mas sim do

método que nos foi ensinado pela tríade helênica (Sócrates,

Platão e Aristóteles). Ou seja: cada questão histórica, em

princípio, sempre tem mais de uma perspectiva possível de

abordagem. Se conhecermos apenas uma ou duas, a

investigação foi rasa e não exploramos devidamente o

assunto.

E é isso que significa proceder dialeticamente. Não

é torcer (e negar) a realidade para que ela se adapte as nossas

teses, as nossas “idéias”, não mesmo. Proceder por essa via

significa suspender o seu desejo de vencer o debate interior

(ou exterior, se você encontrar alguém sério o bastante para

partilhar as suas dúvidas) em nome da procura de uma

resposta provável que possa ser expressa através de uma

certeza razoável.

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Claro que tal empreitada não é fácil, mas, nem por

isso, deixa de ser interessante. Destruir os estereótipos que

assimilamos é um exercício importante não tanto para, como

diriam, desconstruir e analisar a sociedade, mas sim, para

reconhecermos a nossa imensa apatia intelectual, nossa

imensurável estupidez voluntária diante das questões

capitais. Estupidez esta que ostentamos muitas das vezes

com ares de, como se diz, de “pensamento crítico”.

Por isso recomendo: não seja um cidadão crítico.

Seja apenas uma pessoa razoável esforçando-se para ser

virtuosa. É mais brega, porém, ao menos é um exercício

honesto para consigo mesmo e, consequentemente, para com

os seus pares. De mais a mais, não existe nenhuma atividade

intelectual que possa ser realizada sem honestidade

intelectual, principalmente, um exercício de erudição

histórica. Sem esse quesito, tal exercício reduz-se a um reles

desserviço de propagação de estereótipos ideologizados feitos

por um idiota completo.

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[continua]

Pax et bonum
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