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Unidade II
3 Métodos para avaliação de desempenho
Da mesma maneira, qualquer profissional que assuma o papel de avaliador deve também estar ciente
do leque de oportunidades que se lhe apresenta para, a partir disso, selecionar o que mais convém para
a situação apresentada.
Simplificando, o exemplo dá uma ideia do que constitui um método: uma descrição passo a passo de
diversas etapas que devem ser cumpridas para que possamos atingir nosso objetivo.
Do mesmo modo, no que diz respeito a procedimentos organizacionais: não existe apenas um
método em função de determinado objetivo, e sim aquele mais adequado.
Observação
Assim, quando se trata do método aplicado à avaliação de desempenho, devem‑se levar em conta os
fatores que constituem a situação da organização em foco. É preciso conhecer o problema, o objetivo,
as condições necessárias e os recursos disponíveis para que possamos planejar o processo de avaliação
e escolher o método mais adequado.
Lembrete
Ao mesmo tempo em que a avaliação de desempenho tem um papel na economia local, sua atuação
também reflete, com maior ou menor impacto, a dinâmica da economia nacional e global. Assim, a
avaliação de desempenho dos colaboradores de determinada organização necessariamente se referencia
ao desempenho da própria organização dentro do contexto econômico, sua missão, seus objetivos,
planos e estratégias de mercado. Daí a importância da cuidadosa elaboração do plano de avaliação de
desempenho, que, necessariamente, leva em conta o desempenho da própria organização.
Dessa forma, é uma avaliação que controla o comportamento humano dentro dos pressupostos e
das exigências do sistema capitalista.
Como condição básica, sua estrutura deve emanar de um método de trabalho específico,
configurando‑se como um legítimo e eficaz instrumento de trabalho. Ainda conforme Shigunov Neto
e Gomes (2003, p. 5),
Saiba mais
Uma coisa parece ser clara: os métodos adotados pelas organizações foram se modificando à medida
que se modificaram as maneiras com as quais elas passaram a se ver. Isso quer dizer que, ao longo do
tempo, as organizações mudaram seu foco de atenção e, em função disso, mudou também o foco dos
processos de avaliação de desempenho. Em consequência, os métodos escolhidos para esses processos
foram se alternando com o objetivo de serem capazes de atender às necessidades empresariais. O quadro
a seguir mostra algumas dessas mudanças.
Antes Hoje
Medição dos produtos Medição de processos e serviços
Administração de lucros Administração de recursos
Realização de metas Aperfeiçoamento contínuo
Medição de quantidades Medições de eficácia, eficiência e de adaptabilidade
Medição baseada em especificações técnicas ou Medições baseadas nas expectativas dos clientes internos
empresariais e externos
Atenção centrada no indivíduo (indivíduos são Atenção concentrada no processo (os processos
capazes de controlar os resultados) determinam os resultados e devem ser controlados)
Processo imposto de cima para baixo Equipe desenvolve e gerencia o desempenho
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Unidade II
Finalmente, para que seja possível avaliar o desempenho humano dentro das organizações, é necessário
que se tenha o cuidado de situar a própria organização dentro do contexto social e econômico, suas
condições e posição no mercado. Em outras palavras, não é possível estabelecer um modelo de avaliação
de desempenho único e pretender que possa ser aplicado a toda e qualquer organização. Devemos lembrar
que o modelo representa apenas a diretriz a ser seguida para a implantação do processo de avaliação.
SEPLAG
SERVIDOR
Critérios
Competências Metas Individuais Administrativos
Criado por engenheiros de produção (na França, início do século XX), ele reúne indicadores de
desempenho formulados “em termos de quantidades (por exemplo: números e porcentagens), qualidade
(por exemplo: valor relativo), montante financeiro (por exemplo: custos e receitas) e tempo (por exemplo:
frequência e prazo)” (YOKOMIZO, 2009, p. 19).
Segundo o mesmo autor (YOKOMIZO, 2009, p. 20), as principais vantagens do Tableau de Bord são:
(i) prover a cada gerente uma visão geral e concisa do desempenho de sua
unidade para guiar a tomada de decisão; (ii) informar o próximo nível sobre
o desempenho de cada unidade; (iii) forçar cada unidade a se posicionar
com relação ao contexto da estratégia global da empresa e com relação às
responsabilidades das demais unidades e identificar os correspondentes fatores
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Avaliação de desempenho
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Unidade II
2. Modelo de Martindell
Em 1950, Jackson Martindell construiu uma ferramenta capaz de atender aos critérios de flexibilidade,
inteligibilidade, comparabilidade e mensurabilidade, todos eles compreendidos dentro de um enfoque
sistêmico (YOKOMIZO, 2009, p. 21). Basicamente, o modelo compreende um sistema de pontuação de
dez variáveis distintas que, segundo Martindell, permitiram “a mensuração e a avaliação da organização
nesses quesitos, obtendo‑se assim uma pontuação global da organização” (YOKOMIZO, 2009, p. 20).
Veja, a seguir, as variáveis medidas pelo modelo.
3. Modelo de Buchele
Esse modelo (desenvolvido na década de 1970) apoia‑se em três possíveis tipos de investigação:
a análise financeira, a análise dos principais departamentos da empresa e a análise dos processos
administrativos. Segundo Yokomizo (2009), o modelo tem como foco o aperfeiçoamento das
atividades atuais da empresa e o aprimoramento de atividades futuras, e é desenvolvido da seguinte
maneira:
a) quando da análise financeira, ele busca a identificação de índices vitais para a organização; a
intenção é fornecer informações necessárias às instituições financeiras, tendo como desvantagem
o fato de utilizar apenas o passado como base de análise. Também apresenta a desvantagem de
não investigar as relações causais que resultam em problemas e desequilíbrios;
b) quando da análise dos principais departamentos, ele se traduz na apresentação de ideias possíveis
de, em sendo utilizadas, melhorar a perfomance da empresa; como desvantagem, ele não faz uma
análise integrativa e, novamente, toma como base apenas a situação atual;
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Avaliação de desempenho
c) quando da análise dos principais processos, ele se traduz na investigação dos processos mais
fundamentais da empresa; de novo, o modelo peca por não realizar uma análise integrada.
Esse modelo (desenvolvido nos anos 1950) estabelece objetivos a serem atingidos. É importante,
portanto,
Recursos Fisicos
e Financeiros OBJETIVOS Inovação
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es e conhecimen
rmaçõ tos
Info
Clientes
Pessoas
Estratégias
Liderança e Planos
Processos
Sociedade
Info
rmaçõ ntos
es e conhecime
Para o PNQ, são oito os critérios de excelência, cada um deles podendo se subdividir em outros itens.
Conforme o PNQ (2011), esses critérios são os seguintes:
1. Liderança
2. Estratégias e Planos
3. Clientes
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Avaliação de desempenho
4. Sociedade
5. Informações e Conhecimento
6. Pessoas
7. Processos
8. Resultados
O BSC é uma abordagem desenvolvida por Robert Kaplan e David Norton em meados de 1990.
Sua proposta aponta para um sistema de gestão fundamentado em parâmetros necessários para que
as empresas estabeleçam estratégias e ações levando em conta o contexto econômico em que estão
inseridas.
A estrutura do BSC é formada por quatro diferentes perspectivas: financeira, clientes, processos
internos e perspectivas de aprendizado e crescimento. A proposta é: só é possível o pleno desenvolvimento
de planos e estratégias a partir de uma abordagem analítica e simultânea das quatro perspectivas.
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Unidade II
Financeiro
Para ter sucesso
financeiramente como nós
deveríamos aparecer para
nossos investidores?
Aprendizado e Crescimento
Para alcançar nossa visão,
como sustentar a habilidade
de mudar e progredir?
Figura 11 – BSC.
d) identificar objetivos e medidas para seus processos internos, que é a principal inovação e benefício
do scorecard, pela identificação dos processos críticos para o desempenho;
48
Avaliação de desempenho
Um BSC bem conduzido estimula a mudança, uma vez que seu maior impacto está na identificação
de procedimentos ineficientes ou obsoletos. Nesse sentido, são estabelecidos marcos de referência e
metas de cada perspectiva para o ano e períodos posteriores. A partir daí, torna‑se possível:
b) identificar mecanismos e fornecer os recursos necessários para que os resultados sejam alcançados;
c) estabelecer referências de curto prazo para as medidas financeiras e não financeiras do scorecard.
As principais críticas ao BSC dizem respeito a uma visão simplista da realidade corporativa, na qual
as interações são reduzidas a relações de causa e efeito e a um relativo desprezo à dinâmica inerente
ao mundo corporativo. Nesse sentido, o BSC também não prevê nenhum mecanismo de verificação da
continuidade da relevância dos indicadores estabelecidos: uma vez que os gestores foram estimulados
ao acompanhamento de poucos indicadores, a falta de atenção sobre a validade dos mesmos ao longo
do tempo pode por a perder todo o processo.
Saiba mais
Entendidos os modelos corporativos utilizados nas organizações, devemos considerar que, conforme
já vimos, o desempenho humano nas organizações se refere ao ato de executar determinada missão
de acordo com uma meta previamente estabelecida e envolve simultaneamente a motivação e o saber
fazer (FLEURY & FLEURY, 2004). Assim, a avaliação de desempenho busca estabelecer uma espécie de
contrato com os colaboradores no que se refere aos resultados desejados pela organização. Portanto,
pode‑se entender que existe, de forma explícita ou não, padrões de eficiência adotados pela organização,
de acordo com suas expectativas e potencial de desenvolvimento futuro de cada colaborador.
Devemos levar em conta que todo instrumento de avaliação carrega, em maior ou menor grau,
uma parcela de subjetividade inserida no processo. Isso se deve ao fato de que se trata de um tipo
de julgamento praticado por uma pessoa em relação à outra. Apesar de todo o cuidado em manter a
objetividade, é inevitável que o avaliador traga em sua própria história, formação e experiência pessoal
uma série de valores e noções preconcebidas que, necessariamente, de forma consciente ou não, entram
em jogo no processo de avaliação, às vezes ajudando, outras prejudicando o avaliado.
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Unidade II
a) o avaliador pode se deixar levar por alguma característica do avaliado que o marcou de forma significante,
impedindo‑lhe de interpretar as demais características com imparcialidade e clareza (efeito “halo”);
b) o avaliador pode “forçar” sua avaliação num ponto central da escala, pois não quer se comprometer
ou criar uma situação constrangedora ao ter de explicar aos colaboradores o porquê de resultados
muito altos ou muito baixos;
c) o avaliador pode sofrer uma influência maior dos fatos mais recentes no período imediatamente
anterior ao processo de avaliação e desconsiderando o histórico anterior;
d) o avaliador pode se deixar influenciar pelas características pessoais do avaliado fora do ambiente
de trabalho (sejam atitudes, caráter, aparência etc.), qualidades que não necessariamente se
refletem no desempenho de sua função;
Esses fatos evidenciam que a cuidadosa elaboração e aplicação do processo de avaliação de desempenho
por si só não são suficientes para atingir os objetivos estabelecidos. Existe a necessidade de convencer
cada colaborador da importância da sua participação no processo, enfatizando os aspectos positivos,
possibilidades de promoção e crescimento dentro da empresa. Deve‑se deixar claro que a avaliação não
está exclusiva ou necessariamente ligada a aspectos coercitivos ou punitivos, mas que, pelo contrário, é
por meio dela que a organização estabelece sua política de incentivos, reajustes salariais, treinamento e
promoções. Dessa forma, é fundamental que haja um investimento importante no planejamento criterioso
do processo e nos instrumentos de comunicação interna da organização, no sentido de ressaltar sua
importância na trajetória e no desenvolvimento profissional de cada um dentro da organização.
– Resultados individuais das tarefas: a ênfase recai sobre os resultados, deixando em segundo plano
os meios utilizados para alcançá‑los. Assim, cabe à administração determinar o ponto ótimo da relação entre
resultados e meios utilizados. Como exemplo, pode‑se avaliar o desempenho de um profissional de vendas pela
expansão da clientela, aumento do volume de vendas ou faturamento bruto em seu território, dependendo
do julgamento de cada administração dentro das prioridades estabelecidas em cada organização;
de dias que faltou no ano podem ser tomados como critério de avaliação de desempenho? Percebem‑se,
assim, os limites e as restrições da utilização do comportamento como critério suficiente;
– Características individuais: nesse critério é que se mostra de forma mais evidente a influência
da subjetividade de julgamento do avaliador. De fato, simpatias e antipatias, impressões imediatas e
idiossincrasias se misturam e acabam produzindo uma avaliação que pouco ou nada tem a ver com o
desempenho do colaborador em sua função. Trata‑se de um critério pouco produtivo e, de certa forma,
ingênuo, no qual as aparências são determinantes.
Considerando tudo isso, podemos perceber que os papéis de avaliador e avaliado variam de uma
organização para outra, de acordo com alguns fatores próprios de cada caso e que, necessariamente,
devem ser levados em conta no planejamento do processo.
Também sabemos que a própria história da empresa, seu ramo de atividade, sua missão, sua visão e
seus valores têm um papel fundamental na definição da própria estrutura organizacional, determinando
o estilo e a qualidade das relações entre diferentes níveis hierárquicos. Assim, a combinação desses
diferentes fatores configura situações e contextos específicos de cada organização, cabendo à
administração definir os critérios, as variáveis e os métodos mais adequados a cada caso.
Observação
1. O superior hierárquico imediato: é o avaliador mais frequente na maioria dos casos, produto de
uma perspectiva empresarial tradicional em que cargos e funções correspondem a relações de comando
e obediência dentro da organização. Entretanto, as inovações administrativas e a introdução de novas
técnicas de gestão vêm comprovando que essa perspectiva é limitada e contraproducente, não refletindo
de fato os reais problemas e potenciais de cada colaborador. Deve‑se considerar que, dependendo do porte
da organização, do grau de informatização e da complexidade das redes de comunicação internas, muitas
vezes o superior hierárquico se “distancia” de seus subordinados. Seja pelo grande número de colaboradores,
ou também por conta de contatos estabelecidos quase que exclusivamente por telecomunicação (e‑mail,
mensagens eletrônicas, telefone etc.), não é possível ao avaliador uma visão clara de como o avaliado
desempenha suas funções de acordo com os critérios e valores definidos pela organização;
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Unidade II
3. Autoavaliação: procedimento que vem se tornando cada vez mais comum nas organizações mais
abertas à gestão participativa. A grande vantagem dessa modalidade de avaliação é a receptividade dos
colaboradores, amenizando as resistências particulares e suavizando as posições mais defensivas. No
mesmo sentido, os processos de autoavaliação estimulam as relações entre os colaboradores e o diálogo
entre diferentes níveis hierárquicos. Por outro lado, deve‑se observar a tendência, até certo ponto natural e
previsível, da obtenção de pontuações “infladas”, valorização mais ou menos exagerada das qualidades e nível
de desempenho resultantes dessa modalidade de avaliação. No mesmo sentido, a experiência mostra que o
resultado desse tipo de avaliação apresenta grandes discrepâncias em relação aos resultados das avaliações
realizadas apenas pelos superiores hierárquicos. Assim, cabe à habilidade e experiência do gestor a devida
ponderação sobre essas discrepâncias e o devido julgamento em função dos objetivos da organização;
Líder
Par
Par Avaliado
Subordinados
Apenas os Servidores que exercem a função de líderes de • Composição superior hierárquico imediato,
unidade funcional serão avaliados autoavaliação, pares e subordinados
52
Avaliação de desempenho
Cabe chamar a atenção para duas novas modalidades de avaliação que propõem uma discussão mais
consistente sobre o papel dos atores no processo de avaliação de desempenho:
a) Avaliação 180º: é o modelo de avaliação no qual o gestor avalia seus subordinados, retornando
a todos os resultados obtidos. Trata‑se de um feedback de desempenho, tomando como base a
observação das competências técnicas das funções de cada colaborador, as características exigidas
para cada cargo e as exigências comportamentais consideradas prioritárias dentro da companhia;
b) Avaliação 360º: nessa modalidade, o avaliado é o foco de praticamente todos os seus contatos
no ambiente de trabalho, sejam superiores, subordinados, colegas, clientes, internos e externos,
fornecedores, além da própria autoavaliação. A quantidade de avaliadores varia de 3 e pode chegar
a 25, sendo mais comum entre 5 e 10. Trata‑se de um processo identificado com organizações
cuja estratégia de atuação se baseia no trabalho em equipes, mais permeáveis às modalidades de
gestão participativa ou voltadas à implantação de programas TQM (Total Quality Management).
O QUE O PARTICIPANTE VAI VIVENCIAR?
EMOÇÃO
ACEITAÇÃO
Lembrete
O gestor consciente deve saber que é importante conhecer as bases conceituais que resultaram nos
atuais modelos e métodos disponíveis, evitando o risco de incluir em seu planejamento algum tipo de
proposta já superada. No mesmo sentido, conhecer a evolução dos conceitos aplicados é um requisito
fundamental para a formação de uma visão crítica, capaz de dar origem a perspectivas mais compatíveis
com o contexto que se coloca para a aplicação dos métodos disponíveis.
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Unidade II
É a partir do advento da administração científica (cujos princípios foram estabelecidos por Taylor em
1911 com a publicação Princípios de Administração Científica) que surge a preocupação com a disciplina
e o controle do trabalhador em função da eficiência e da produtividade. Desde então, a evolução da teoria
da administração recebeu importantes contribuições de outras áreas do conhecimento, especialmente
da psicologia, que resultou em significativos avanços nos estudos sobre o comportamento humano nas
organizações e na gestão de recursos humanos.
Por sua vez, a psicologia comportamental desenvolveu métodos próprios para a quantificação de
padrões de comportamento, permitindo um enfoque mais objetivo das relações entre desempenho
e recompensa. Paralelamente, a teoria da administração desenvolvia o método de Administração por
Objetivos (APO), baseado na negociação prévia de objetivos e metas observáveis e quantificáveis, contando
com as técnicas da psicologia comportamental para monitorar os resultados e corrigir possíveis desvios.
É a partir desse momento que a avaliação de desempenho consolida sua posição como procedimento
administrativo e fundamento do desenvolvimento organizacional.
O que deve ser considerado para elaborar o processo de avaliação? Com o que foi apresentado até
aqui, percebemos que o desempenho é produto de uma série de fatores, e que sua avaliação não é um
processo que pode ser aplicado diretamente de algum esquema ou modelo já pronto: cada contexto
e cada situação organizacional exigem uma aproximação cuidadosa e um substancial conhecimento
sobre modelos e métodos disponíveis para a construção de um processo realmente eficiente.
Cabe também destacar que um dos principais objetivos do processo de avaliação de desempenho
diz respeito ao próprio desenvolvimento do profissional dentro da organização. Esse desenvolvimento
é resultado das experiências vividas e do conhecimento adquirido, e também das características
pessoais e de comportamento. Assim, para o planejamento de um processo de avaliação consistente, é
necessário considerar quatro diferentes dimensões que permitem o acesso mais abrangente e completo
do desempenho profissional. Hipolito e Reis (2002) apontam quatro diferentes focos de avaliação,
correspondentes às respectivas dimensões:
a) Foco na aferição de potencial: seu objetivo principal é subsidiar os processos de promoção interna
das organizações, geralmente é aplicado nos níveis gerenciais. Adota como instrumento preferencial
um conjunto de testes e simulações que buscam verificar o desempenho do profissional nas funções e
situações que encontraria nas posições hierárquicas superiores. A referência conceitual é o modelo de
identificação de potenciais desenvolvido por Jaques e Cason (1998), que aponta a dimensão cognitiva
como componente fundamental no desempenho profissional e determina o potencial de desenvolvimento
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Avaliação de desempenho
ao longo de sua carreira. Os autores sustentam que cada pessoa apresenta características cognitivas
que podem ser representadas por uma “curva de potencial”, de modo que as capacidades de cada um
determinam os limites de desenvolvimento profissional. Assim, tomando por base as capacidades atuais,
seria possível prever a trajetória profissional de cada pessoa.
torna necessária, embora saibamos que toda simplificação oferece o risco de relegar a segundo
plano algo que de fato pode ser importante. De qualquer modo, a abordagem mais viável
aponta para a definição prévia e objetiva de uma meta a ser alcançada em determinado prazo.
Importante notar que é necessário considerar a influência de fatores externos e imprevistos que
podem determinar decisivamente os resultados e, por consequência, alterar os parâmetros de
avaliação. Também é comum que, nesse enfoque de avaliação, se adote o resultado financeiro
como indicador principal. Deve‑se cuidar para que as ações não se voltem para a busca de
resultados observáveis a curto prazo, o que pode comprometer toda estratégia organizacional
e, inclusive, sua sobrevivência a médio e longo prazo. O objetivo maior deve ser a sincronização
das ações de grupos e indivíduos, de modo a prever obstáculos, rever estratégias e etapas de
planejamento, além de identificar as necessidades de reconfiguração de equipes e qualificação
profissional. Em função disso é que se podem definir os parâmetros e as decisões quanto à
remuneração variável. Assim, uma possível estratégia implicaria:
1. estabelecer uma meta ambiciosa, desafiadora, porém factível, tomando por base o estágio de
desenvolvimento dos profissionais envolvidos;
3. prever critérios para revisão das metas traçadas, levando em conta a influência decisiva de fator
externo.
56
Avaliação de desempenho
2. Promove o desenvolvimento de uma cultura de gestão orientada para resultados com base em
objetivos claros, negociados e previamente estabelecidos;
4. Assegura a valorização diferenciada do profissional de acordo com seu nível de desempenho por
meio de critérios transparentes;
8. Promove uma integração efetiva entre os objetivos individuais, das equipes e da instituição.
Assim, apresentamos a seguir alguns dos métodos e instrumentos utilizados mais frequentemente
para avaliação de desempenho:
b) Escala gráfica: um dos métodos mais utilizados e que, como no caso anterior, exige alguns cuidados,
a fim de neutralizar a subjetividade e o pré‑julgamento do avaliador e evitar interferências no resultado.
Trata‑se de um método que avalia o desempenho das pessoas por meio de critérios previamente definidos.
Utiliza‑se de um formulário de dupla entrada, no qual as linhas em sentido horizontal representam os
critérios de avaliação de desempenho e as colunas em sentido vertical, os valores arbitrados, correspondendo
aos graus de variação de cada critério (geralmente de 5 a 10 níveis). Os critérios podem variar de acordo
com as finalidades específicas de cada avaliação ou para definir especificamente para cada colaborador
fatores específicos que se pretendem avaliar. A principal vantagem é a rapidez e a simplicidade de aplicação,
além do estabelecimento de critérios constantes e invariáveis dentro de um mesmo grupo de avaliados.
A desvantagem reside nessa mesma simplificação, uma vez que a atribuição de um valor numérico é
redutora e não permite uma análise mais detalhada do desempenho.
100
75
50
25
0
atenção pontualidade proatividade relacionamento assiduidade
c) Método da escolha forçada: consiste em avaliar o desempenho por meio de frases descritivas
de determinados tipos de desempenho individual. Geralmente, a composição de alternativas varia
entre qualificações positivas e negativas, para que o avaliador escolha aquela que mais se adapta ao
desempenho do avaliado. Apesar de ser um método bastante simples, nem sempre as afirmações que
compõem o formulário traduzem de forma fiel a situação constatada pelo avaliador, o que pode resultar
em distorções significativas nos resultados.
d) Frases descritivas: a partir de uma série de afirmações sobre desempenho, o avaliador assinala
positiva ou negativa, de acordo com cada caso avaliado. Como no caso anterior, existe a possibilidade
de que as afirmações não correspondam integralmente a cada caso, ou mesmo que não exista alguma
alternativa mais afeita ao julgamento do avaliador. Também aqui, se não houver um cuidado especial
na escolha das afirmações, o avaliador pode ser induzido a forçar seu julgamento numa direção não
intencionada.
preliminares com o avaliador, esse especialista comparece a cada sessão de avaliação como assessor,
a fim de dirigir o processo de avaliação e obter um conjunto de informações mais completo. Por um
lado, existe a vantagem do rigor e da profundidade adicionados ao processo; por outro, a organização
passa a depender da contratação do especialista para a realização do processo, implicando a alocação
de recursos e tempo extra.
h) Classificação por grupos: nesse método, o avaliador situa cada avaliado em determinado
extrato de classificação, dando origem a diferentes grupos (classes). Como exemplo, o avaliador aponta
se o avaliado pode ser encaixado entre os 10% melhores, os 10% imediatamente inferiores e assim por
diante, resultando numa separação por diferentes classes de desempenho. Como em qualquer processo
de classificação, corre‑se o risco de um julgamento superficial capaz de falsear o real desempenho
do avaliado, especialmente nos casos em que este é identificado como pertencente a uma classe
“intermediária”.
j) Autoavaliação: nesse método, o próprio funcionário é solicitado a fazer uma sincera análise
de seu próprio desempenho. A referência deve ser sempre as necessidades e as condições para o
desenvolvimento dos potenciais e das competências individuais dentro da estrutura da organização.
Deve‑se notar que a autoavaliação não se sobrepõe aos demais métodos aplicados ou ao julgamento dos
demais avaliadores, servindo principalmente como necessária referência para estabelecer as diretrizes de
gestão de pessoal na organização. A autoavaliação promove, sobretudo, a criação de novas e melhores
condições de comunicação entre os diferentes níveis hierárquicos.
k) Avaliação por resultados: embora já tenhamos visto esse assunto, vale lembrar que, nesse caso,
o principal critério de avaliação é a comparação periódica entre os resultados previstos e os efetivamente
alcançados pelo avaliado, permitindo a identificação direta entre os pontos fortes e fracos de forma
individual e a definição das medidas cabíveis para as devidas correções de rumo. É um método prático,
mas dependente do rigor, do comportamento e das subjetividades do avaliador.
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Unidade II
I) Avaliação por objetivos: semelhante ao caso anterior, nesse método, avaliador e avaliado
negociam objetivos específicos mensuráveis e alinhados aos objetivos da organização. São previstas
reuniões periódicas para aferir o nível de desempenho e possível negociação de objetivos. O colaborador
é incentivado a apresentar planos, sugestões e ideias, cabendo ao gestor manter‑se receptivo e aberto
ao diálogo; mas restringindo‑se apenas aos objetivos em discussão.
m) Métodos mistos: conforme discutido no início desta unidade, a definição dos procedimentos
de avaliação de desempenho deve tomar como referência os métodos já consolidados, sem pretender
sua aplicação direta, tendo em mente que as condições e situações que caracterizam cada caso são
bastante específicas. Assim, elaborações posteriores, adaptações e combinações de diferentes métodos
devem ser consideradas. O cuidado necessário é manter a objetividade e o rigor na escolha de critérios e
procedimentos. Assim, diversas organizações, especialmente aquelas com uma estrutura mais complexa
ou muito específica, recorrem a uma mistura de diversos métodos na composição de um modelo mais
afeito e compatível com seu caso.
n) Avaliação de competências: trata‑se de uma tendência mais atual que indica a necessidade de
uma releitura dos papéis usualmente desempenhados nos métodos de avaliação tradicionais, deslocando
o foco do papel do avaliador, sempre carregado de subjetividade, valores e critérios pouco objetivos,
para o do próprio avaliado. Dessa forma, a ênfase recai na autoavaliação como principal recurso. O
objetivo aqui é fazer com que, no processo, o colaborador acabe por revelar não apenas os pontos
fracos, mas também seus pontos fortes e potenciais de acordo com seu ponto de vista. A premissa básica
é a de que o colaborador sabe ou pode aprender a identificar suas próprias competências, necessidades
e deficiências, cabendo ao seu superior ajudá‑lo no processo, visando simultaneamente às necessidades
e aos objetivos da organização. Dessa forma, o colaborador passa a ser um agente ativo dentro da
organização, o que vem a promover sua motivação e o desenvolvimento de forma mais afeita às suas
características, resultando num maior interesse e produtividade. Assim, o processo de avaliação torna‑se
um instrumento que auxilia o colaborador a tomar consciência de sua situação, de seus potenciais e
limites de desenvolvimento dentro da organização.
Resumo
Como no caso dos modelos, existem diversos métodos, cada qual com
características e instrumentos próprios, que devem ser utilizados de acordo
com a adequação ao contexto e à situação que confrontamos no processo
de avaliação.
60
Avaliação de desempenho
Exercícios
Considerando o texto, podemos afirmar que a avaliação de desempenho do profissional neste caso
tomava como critério:
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Unidade II
A) I.
B) II.
C) III.
D) I e II.
E) II e III.
Afirmativa I – incorreta.
Afirmativa II – correta.
Justificativa: a leitura atenta do texto deixa claro que o taylorismo concentrava seu foco na
maximização da produtividade, considerando o trabalhador como um recurso de produção. De fato, o
objetivo recaía sobre a produtividade e a capacidade de produção do trabalhador, como fica flagrante no
“Estudo de Tempos e Movimentos”, uma decorrência importante da teoria científica de Taylor.
A padronização de todo o processo produtivo, inclusive dos movimentos corporais para a execução
de cada tarefa, constitui o fundamento da teoria de Taylor, que tinha como princípio a separação, muito
clara, de quem podia e planejava e daquele que só executava.
deles para mensurar e avaliar o desempenho, bem como a qualidade do atendimento pessoal prestado
em sua biblioteca recém‑informatizada. Para cada entrevistado — todos eles usuários da biblioteca —
foram feitas duas perguntas: qual o grau de importância que ele creditava ao serviço de atendimento
pessoal na biblioteca e qual o seu grau de satisfação com o referido serviço. A tabulação das respostas
é apresentada na tabela a seguir.
Grau de Importância
Grau de Satisfação
Não importante Indiferente Importante Total
Insatisfeito 81 58 344 483
Neutro 42 32 191 265
Satisfeito 42 30 180 252
Total 165 120 715 1.000
Com base nos resultados, qual das medidas a seguir seria sensato adotar?
A) Conceber uma campanha maciça de conscientização dos alunos para a importância do serviço de
atendimento pessoal na biblioteca.
D) Reduzir o atendimento pessoal ao mínimo necessário, como forma de mostrar aos alunos que o
sistema informatizado é mais rápido e preciso do que o atendimento pessoal.
E) Explicar aos poucos alunos insatisfeitos que o atendimento pessoal não é tão necessário em uma
biblioteca informatizada.
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