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possam representar uma aia 80 valida dos historisdores brasi- tel 3 a tri ri 5 at SERA A HISTORIA UMA CIENCIA? ) nar 6e tal teoria € ow nao cientifica. Para tanto, opta por * Segundo Popper, s6 em Matematica e | cm Logie — ciéacias formais cujos objetos de estudo slo ideais (por exemplo: ntimeros, férmulas, figuras g20- métricas) € possivel provar algo com absoluta certeza. Em todas as outras cifncias (chamadas “factuais” em ccaracterizam por ter conseqiiéncias que, pela observagao c/ou pelo experimento, podem ser falsificadas (isto é, podem ser eventuaimente refutadas). Assim, 2 diferenca entre teorias cientificas teoriss Y"metafisicas”, para Popper, consiste em que as primeiras podem ser “falsi- ficadas” e as segundas, no. Partindo destes principics, Patterson prope dis- ‘inguir dois aspectes na. teoria da evolugio: 1) a afirmagio de-que ocorreu 2 evolugio. das espécies animais © vegetais (isto é, que tais espécies de relacionam por antepassados comuns); 2) a asseveragio de que a 1 As palaveas semsidas pelo sinat * achamse cxpliadss mo CIRO FLAMARION 5. CARDOSO UMA INTRODUCKO A HISTORIA causa da evolugio € a stlesdo natural, S6 nos imeressa, Repeniones theme att « Diaee Reenl wtie Que” no Cahier du CERM de mesmo title, 9° 131, Pars, Cente enwdes cde Recherches Marites, 1978, rp "Pons la” a i, se ap ts sae? Predominante, achamos também opinides menos otimistas. especialtsias das cténcias naturais. F se procurarmes saber w CIRO FLAMARION S. CARDOSO UMA INTRODUCAO A HISTORIA u ‘0 que pensam a respeito 0s cientisias sociais? Nao acre- terrestre. Um fisico se interessard somente pelos aspectos necessarios destes fendmenos: abandonaré os demais. 0 ‘que nio poderi fazer um historiador, que se interessa por ‘no interior de um perimetro determinado da superficie from porta 2 pute que tocennce Sal n CIRO FLAMARION 5 CARDOSO consta de uma negacio ¢ de uma afirmacio: 1) nao ha ebstéculos de funds para que a Histéria posse ser uma siéncie; 2) a disciplina hisirica, tal como existe concre- tamemte na nossa época, € cada vez mais uma ciéncia: em ‘outras palavras. com Pierre dizemos que © con- quista do métogo ciemtitico em Hisiiria ainds estd se ela borando, € que portanto a Historia ¢ uma céncia em construcao. 2 0 que é ciémeiat Existem muitas maneiras possiveis de abordar o estu~ do da cigncia, ¢ de defini-la, Marcos Kaplan, por exemplo, 2 considera € define em tés planos diferentes: como ati- vidade, como msituicio € como métedo. Meso levando em conta tudo isto, ainda fal resultantes, pois também char ‘que certas afirmagies so vistas como perfeitamente deire: por milbées de pessoas, sem que sejam por Clentuficas, Por exemplo: “o universo foi criado por Deus algo € ou nao verdadeiro. Formas néo.cientificas de decidir se uma dada pro- posigdo verdadeira so, entre outras. estas UMA INTRODUCKO A HISTORIA b ara of muculmanos, os escri- in para os marxistas dogméticos, ‘que puder ser deduzide de tals textos; 10 se baseia em qualquer das modalidades acima pare decidir se as afirmagies propestas so verdadei- ras. Ela procura sem duvida a verdade, mas de um modo contrasta¢do com outros conhecimentos (0 corpo ja sdquirido do saber cientifico) e com fatos empirices, atra- vs da observacao sistematica e/ou da realizagao de expe- ias controladas. propor-se problemas verificaveis® (contrastaveis) © para submeter & prova os resultados ou solugdes que veaham sugerides para tais problemas. Mario Bunge, par- deste ponto de vista, define a cié “ CIRO FLAMARION $ CARDOSO UMA INTRODUCAO A HISTORIA Desde 0 comeso ds cidscis modema — éigamoe Descres Ambos se comabem 3 Vie desivada de Ass desde principies do século XVII —. 0s sibios viam com ‘uita clarezs a exisigncia de quatro grandes aspectos ou tapas no processo do coahecimeato cieniifico: 1) 4 eo leta de dado ou fatos empiricos: 2) + formulagéo de teses ou tworias gerais; 3) a dedusio das conseqUéncias destas ‘itimas; 4) a venficagio ou confirmagio dss teoriss. O grande problema. endo como agora, tem sido 0 de deter minar as formes de vinculegio das ctapas entre si, sendo inoontave’s as solugies divergentes que foram propestas A dificuldade central decorre da existéncia, na form de conhecimenio que chamames “ciéacia”, de dois niveis ‘qualitativemente distintos, especificos, sem divide ligados centre si, mas cada um possuinco uma relstiva autonomi t2lag30 20 outro: 0 nivel teérico* «0 nivel empirico* ‘Ora, a frusrasa0 das sucescivas tentativas feitas pela diversas cortenies da Filosofia da Ciéncia no sentido de {borar ums teoria unificada do comhesimenta cientifico de sua obtencdo, decore de que, na imensa maioria dos casos, fas tentativas, em lugar de respeitarem 2 sutono- rug (qu permits conberer cas “nogées primeiras”, mia relative dos dois niveis mencionados, tratam. pelo inatas 20 homem) © na dedpao ito ¢, no racociic contrano, de operar ums unificagao através da redagso iqee perte a proc semua gard aime os fa ow fou subordinaco de um deles a0 outro. casor particulates. “Tal dilema sparece desde © principio, embora seia £ verdade que outras pensedores tinham consciénd possivel dstingsir duas grandes ctapas: aquela em que os 9 cariter unilateral das posigdes defendidas por Bacon exforgor 4e concentravam ne procura de uma lopca do © Descartes, e buscaram outras solucSes. A tentativa mai descobrimento de leis cientificas,* definindo-se a ciéncia acabada a respeito fei a de G. Leibniz, 0 qual, consciente ‘como conhecimenio necesséria ¢ absolutamente verdadei- de que a indugio tem um carder no demonsirativo, re ‘outa fase em que se reconbeceu a impossibilidade d2 |) servavathe © papel de servir & avaliagSo do gras de con primeira busca, procurando-se agora definir ums légica da rmagio de wma hipstese pelos fats: com isto, com \dogdo de teorias cientficas, aceitando-se jé 0 caréter ndéncia dominante da época, que 56 sceitava um conhe folivel da cigncia, cujas verdades sdo parcisis ¢ provisérias. ‘mento definitivo, absolutamente verdadeiro, como obje ‘A passagem de uma etapa a sepuinte for om procesio 2 cigecis, Leibniz chegou a afiemar 2 necestidede de Tongo, gue se cumpriu essencialmente na segunda metade oacse uma liga das probabiidaces* = acco de do século XIX © nos primeiros anos do século atu im conhecimento provével a0 lado do conhecimento com Ne primeira das fases mencionades, o dilema de que pltamente seguro falamos aparece, por exemplo, nas divergéncias existentes Também poderiam ser mencionedos outros desenvel- entre as concepgies acerca da cigncia de F. Bacon © R vimentes metodolégicas importantes. como por exemple wa ro CIRO FLAMARION § CARDOSO ‘demonstragio do papel primordial das hipoteses na ciéncia bem a necessidade de comprovacao das tearias cientificas* Posigéo diferente foi. por exemplo, a de J. Locke, para quem 0 unico caminho para 2 ciénsis seria 9 empinco: todas as idias provém de dados sensiveis. ¢ a razio nada Pode conter que nao se derive de peéviss experiéncias sen- soriais. Ae contrario de Bacon, porém, ele recusava a 10 € proclamava a intuigio como base do metodo Poderiamos continuar multiplicande exemplos. Mas a verdade € que as esperangas de chegar a construir uma égica do descobrimento cientifico foram destruidas sem remédio a partir da serunda metade do <éculo XIX, mes mo se durante a fase de fins do século XV retomads aperfeigoada entre outros por Hers! 2 a concepea0 racionalista por Schelling e Hegel déncia tradicionalmente dominamte na Filesofia da Ciéncia ‘acima das diferengas de © camigho 3 serdade verdade, absoluta. © que leva hipoteses no conhecimento 1 shecimentos que fossem apens depreciar © papel das raven ¢ niko sexuros. acabou enttando em choque frontal com o desenvolni mento real da cigncia Com efeito, no século XIX tal desenvolvimento de- em grande parte da aplicacao ca Estatistica™ pro- tica aos dades experimentais. Os principios da pro jade nao se aplicaram, aliés. <9 no nivel empinco, mas também no tedrico (Termodinémica, Fisice Estatis lca, teon'a molecular cinética dos gates, lett da evolugic da hereditariadade, ete). © século pastado confirma ee LMA INTRODUCAG 4 HISTORIS n direta) € no entanio do comportement dos ies devam intervie na iso ingles W Whew dos primeitos a perceber dos resultados atingidos pela ciéncia, Longe de serem Imutaveis, as feorias que mum dado momento parecem verdader lo de decohertas postenores: mas so superadas por outras mais gerais, Bas alo séo simplesmente sbandonadas, ¢ vim incor as novas, em virtude da parcela de verdade que to captado como am fragmento ou aspecto qualquer da realidade. Com efeito, ‘4 realidade na lidade quanto cada um medida em que lacies € das suas mutacdes Um objeto infinito deve ser, portanto, também Io, deve consistir num proceso infinito: © proceso de acumulacao das verdades parciais. Em ¢ por este pro- resco, enniquecemos incessantemente n0ss0 conhecimento, 1s CIRO FLAMARION S. CARDOSO UMA INTRODUCKO A HISTORIA » a logica da adogdo das teorias” (V. Kouptsov ef alii, Le je et la Science, Moscow, Editions du Prozits, tas tarde, oc neopostivises em poms totais de rat Ey CIRO FLAMARION S. CARDOSO ‘4 Filosofia, ndo uma disciphina, mas simplesmente uma atividade Gesenvolvida no interior do trabalho cientifico, © qual cla trataria de comprovar pelo controle do seu rigor lopso. Quesides tradicionais da Filosofia, como por exem- plo 2 de saber se existe uma realidade extema a0 sujeito que observa (replismo* on *). ou se no universe hha relagdes de causalidade* ou determinaydo (determinis- ‘mo ontologico) s40 sumaniamente recusadas como “meta: fisicas”. Sera isto aceitével? fico da ciéncia parte da separacdo entre sujeito © objeto do coohecimento; 5) a cincia natural, diferentemente do animisme das sociedades tribais, aio explica a naturcza UMA INTRODUCAO A HISTORIA a usando of termos 2proprisdos para descrever atributos fipicamente humenos, como fara se a natureza depen esse ve alguma mancirs do sujeito: assim, o&o explica- mos 0 comportamento de um objeio com base expectativas nem em verdades subjetivas, ¢ sim nas pro- priedades do cbjeto que possum ser objetivamente averi- das € porianto pouco fecundas, quanto porque uma pro- posicdo affrmativa cugere 3 busca OU entidade que existe, pois 56 Fazer com que @ propesigio scja verdadsira (as propost- hee negatives

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