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XI Encontro Nacional de Águas Urbanas – 5 a 7 de Julho

lho de 2017 – Belo


Horizonte

INFLUÊNCIA DO ABATIM
ABATIMENTO
ENTO ESPACIAL E
POSICIONAMENTO DO NÚ
NÚCLEO
CLEO DA CHUVA SOBRE A VAZÃO DE
CHEIA DO RIBEIRÃO DO ONÇA - BELO HORIZONTE / MG
Eduardo de Oliveira Bueno(1)
(1)
Universidade Federal de Lavras. Departamento de Engenharia. eobueno@yahoo.com.br

Resumo: A distribuição espacial de eventos de chuvas intensas, em geral, é tratada de forma


simplificada em estudos de pequenas bacias hidrográficas. No entanto, assim como a
distribuição temporal,
al, o comportamento espacial das precipitações máximas pode pode-se
apresentar como um importante critério para projetos de estruturas de macrodrenagem.
Avaliou-se a influência do abatimento espacial e posicionamento do núcleo da chuva de
projeto sobre a vazão de cheia do ribeirão do Onça, localizado na região metropolitana de
Belo Horizonte - RMBH, através dde simulações hidrológicas de eventos de chuvas sintéticas
definidos a partir de metodologias propostas por SANTOS e NAGHETTINI (2003) e
HANSEN, SCHREINER e MILLER (1982). Verificou Verificou-se
se que a escolha dos critérios de
abatimento espacial e posicionamento do núcleo da chuva de projeto teve pouca influência na
simulação do hidrograma de cheia do ribeirão do Onça, com diferenças na vazão de pico
inferiores a 10%. Oss fatores de redução por área (FRA) indicados por SANTOS e
NAGHETTINI (2003) para RMBH mostraram mostraram-sese capaz de representar o comportamento
espacial das chuvas de projeto na bacia do ribeirão do Onça.

Palavras-chave: FRA; isoietas; HEC-HMS; ribeirão do Onça; Belo Horizonte.


Horizonte

INTRODUÇÃO

Nos estudos hidrológicos de áreas urbanas é usual admitir a chuva intensa pontual,
obtida de equações idf, como uniformemente distribuída sobre a bacia.. Entretanto, na prática,
prática
os eventos pluviométricos extremos não apresentam este comportamento homogêneo,
variando conforme sua gênese (fatores atmosféricos)
atmosféricos); topografia e tamanho da bacia;
bacia duração
e intensidade (SANTOS e NAGHETTINI, 2003). A carência de monitoramento por radares
conduz à estimativa dee precipitação média espacial a partir de correlações com chuvas
pontuais. Estas correlações se dão através de coeficientes de abatimento espacial (Fatores de
Redução para a Área - "FRA"
"FRA"), correspondente à porcentagem da chuva pontual,
pontual observada
ou sintética. Neste contexto, foi desenvolvido um estudo para avaliação da influência do
abatimento espacial e posicionamento do núcleo da chuva de projeto sobre a vazão de cheia
do ribeirão do Onça, localizado na região metropolitana de Belo Ho
Horizonte
rizonte - RMBH. Para
isto, foram comparados resultados obtidos em simulações hidrológicas de eventos de chuvas
sintéticas definidos a partir de metodologias propostas por SANTOS e NAGHETTINI (2003)
(20
e HANSEN, SCHREINER e MILLER (1982)
(1982).
XI Encontro Nacional de Águas Urbanas – 5 a 7 de Julho
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MATERIAIS E MÉTODOS

A área em estudo corresponde à bacia hidrográfica do ribeirão do Onça,


Onça com uma
extensão de 212 km2, abrangendo parte dos municípios de Contagem e Belo Horizonte / MG
MG.
No Brasil, estudos ddo comportamento espacial
spacial da chuva de projeto foram
desenvolvidos por SILVEIRA (2001) para Porto Alegre e SANTOS e NAGHETTINI (2003)
para RMBH. Na literatura internacional, destaca
destaca-se
se o trabalho de SIVAPALAN e BLOSCHL
(1998), cuja metodologia proposta para estimativa de FRA foi adotada nos estudos acima; e
HANSEN, SCHREINER e MILLER (1982) que sugerem um padrão de abatimento espacial
da chuva pontual, através de isolinhas de precipitação, elípticas e concêntricas.
Os valores de FRA proposto
propostos por SANTOS e NAGHETTINI (2003) são amplamente
adotados em estudos e projetos de macro
macrodrenagem na RMBH. Ass isoietas propostas por
HANSEN, SCHREINER e MILLER (1982) foram adotadas por POTAMOS (2011) e
ENGESOLO (2015) em estudos hidrológicos de bacias situadas em Belo Horizonte / MG.
O FRA sugerido por SANTOS e NAGHETTINI (2003) para RMBH é função da área
da bacia em estudo, da duração e recorrência da precipitação, sendo indicados valores para
eventos de chuvas intensas com diferentes durações e períodos de retorno, abrangendo áreas
até 600 km2.
De acordo com HANSEN, SCHREINER e MILLER (198
(1982), um
m padrão isoietal de
geometria elíptica pode ser adotado para representar a distribuição e abatimento espacial de
um evento de chuva intensa pontual. Estas isolinhas são resultantes de estudo de Precipitações
Máximas Prováveis (PMP) para a região dos Estados Unidos a leste do meridiano 105o,
obtidas a partir da análise de dezenas de eventos de chuvas intensas monitorados na
naquela área.
A Figura 1 ilustra o comparativo de curvas de FRA obtidas a partir de SANTOS
SA e
NAGHETTINI (2003) e HANSEN, SCHREINER e MILLER (1982) para os eventos
pluviométricos de durações
ões iguais a 30 e 60 minutos. Em geral, os valores de FRA propostos
por SANTOS e NAGHETTINI (2003) são menores do que os valores indicados por
HANSEN, SCHREINER e MILLER (1982), para uma mesma duração e área de abrangência.
Além do abatimento espacial, avaliou
avaliou-se
se a influência do posicionamento do núcleo da
chuva de projeto sobre as vazões de cheias do ribeirão do Onça. Para isto, foram realizadas
simulações hidrológicas considerando dois cenários de centralização
alização das isoietas elípticas
propostas por HANSEN, SCHREINER e MILLER (1982). Os resultados foram comparados
àqueles obtidos a partir doss valores de FRA indicados por SANTOS e NAGHETTINI (2003).
(2003)
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1,00
SANTOS e NAGHETTINI (2003) - Duração 30 min.
0,95
HANSEN, SCHREINER e MILLER (1982) - Duração 30 min.

Porcentagem da Chuva Pontual (%) 0,90 SANTOS e NAGHETTINI (2003) - Duração 60 min.

HANSEN, SCHREINER e MILLER (1982) - Duração 60 min.


0,85

0,80

0,75

0,70

0,65

0,60

0,55

0,50
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600

Área de Abrangência (km2)

Figura 1:: Porcentagem da precipitação pontual, para eventos de chuvas intensas com durações de 30 e
60 minutos, conforme SANTOS e NAGHETTINI (2003) e HANSEN, SCHREINER e MILLER (1982). (1982

Assim, foram adotados os seguintes cenários de precipitação de projeto:

 Cenário 1: Distribuição e abatiment


abatimentoo espacial da chuva de projeto uniforme sobre a
bacia em estudo, conforme SANTOS e NAGHETTINI (2003). Fator
ator de Redução para
a Área (FRA) igual para todas as sub
sub-bacias.
 Cenário 2: Núcleo da chuva de projeto posicionado sobre as sub-bacias
bacias dos córregos
Engenho
nho Nogueira e Cachoeirinha, com a distribuição e abatimento espacial variável,
conforme padrão isoietal proposto por HANSEN, SCHREINER e MILLER (1982).
(1982)
 Cenário 3: Núcleo da chuva de projeto posicionado sobre as sub-bacias
sub do córrego
Vilarinho e ribeirão IIsidoro, com a distribuição e abatimento espacial variável,
conforme padrão isoietal proposto por HANSEN, SCHREINER e MILLER (1982).
(1982)

As figuras 2 e 3 ilustra
ilustram a variação espacial do FRA para a chuva de projeto de
duração de 120 minutos, à medida que se afasta dos núcleos do evento, conforme
posicionamento definidos, respectivamente, para os cenários 2 e 3.
As simulações hidrológicas dos cenários de precipitação foram realizadas através do
modelo HEC – HMS desenvolvido para a bacia do ribeirão do Onça por POTAMOS (2011),
contemplando cerca de 60% da área em estudo, complementado posteriormente, até a foz no
rio das Velhas, por ENGESOLO (2015).
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Figura 2: Cenário 2 - Núcleo da precipitação sobre as bacias dos córregos Engenho Nogueira e Cachoeirinha.
Isoietas
ietas de distribuição e abatimento espacial da chuva de projeto com duração 2 horas.

Figura 3: Cenário 3 - Núcleo da precipitação sobre as bacias dos córregos Vilarinho e Isidoro. Isoietas de
distribuição e abatimento espacial da chuva de projeto com duração de 2 horas.
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RESULTADOS E DISCUSS
DISCUSSÃO

Para
ara análise do impacto ddos cenários de abatimento espacial e posicionamento do
núcleo da chuva de projeto sobre a vazão de cheia do ribeirão do Onça, adotou
adotou-se como
referência os resultados obtidos nnas simulações
es hidrológicas dos eventos pluviométricos com
duração de 2 horas (identificada como a duração crítica da bacia) e períodos de retorno de 50
e 100 anos. A Tabela 1 apresenta, para os três cenários de distribuição espacial estudado,
estudado as
vazões de pico do ribeirão
eirão do Onça obtidas na confluência com o rio das Velhas.

Tabela 1:: Vazões de pico do ribeirão do Onça na foz noo rio das Velhas, associadas aos eventos de duração igual
a 2 horas e períodos de retorno de 50 e 100 anos
anos, para os 3 cenários estudados.

Cenário Vazão (m3/s) - TR 50 anos Vazão (m3/s) - TR 100 anos


1 804 909
2 847 986
3 778 869

Verificou-se que, o cenário 2 apresentou a maior vazão de pico do ribeirão do Onça,


justificado pelo posicionamento do núcleo do evento de chuva intensa sobre uma área de
contribuição mais próxima do exutório da bacia e densamente ocupada, correspondente as
sub-bacias
bacias dos córregos Engenho Nogueira e Cachoeirinha. A simulação do cenário 3
resultou nas menores vazões de pico do ribeirão do Onça, decorrente do
o posicionamento do
núcleo de chuva em uma região (sub
(sub-bacia
bacia do Vilarinho) mais distante da confluência com o
rio das Velhas e com algumas áreas ainda não urbanizadas (sub
(sub-bacia
bacia do Isidoro). O cenário
1, distribuição e abatimento espacial da chuva uniforme
uniforme,, proporcionou vazões de pico
intermediárias entre os cenários estudados.
Considerando, como referência, os resultados obtidos na simulação do Cenário 1,
verifica-se,, para o evento de período de retorno de 100 anos, uma diferença na vazão de pico
de 8% em relação ao Cenário 2, e -4%
4% quando comparado ao resultado do Cenário 3. Para o
evento com recorrência de 50 anos, as diferenças foram menores: 5% em relação ao Cenário 2
e -3%
3% em comparação ao Cenário 3.
Observou-se
se também que, para os 3 cenários estudado
estudados,
s, os tempos de pico dos
hidrogramas de cheias para o evento de duração igual a 120 minutos e recorrência de 100
anos foram muito próximos (95,, 97 e 99 minutos, respectivamente), mesmo com o
posicionamento do núcleo da chuva sobre regiões com distâncias di
diferentes
ferentes em relação ao
exutório da bacia.
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CONCLUSÕES

Verificou-se que a escolha dos critérios de abatimento espacial e posicionamento do


núcleo da chuva de projeto teve pouca influência na simulação do hidrograma de cheia do
ribeirão do Onça, com diferen
diferenças na vazão de pico na foz no rio das Velhas inferiores a 10%.
Os fatores de redução por área (FRA) indicados por SANTOS e NAGHETTINI (2003)
mostraram-se capaz de representar o comportamento espacial das
as chuvas de projeto na bacia
do ribeirão do Onça, tendo em vista ainda que os mesmos foram definidos a partir de dados
históricos observados em pluviômetros localizados na própria RMBH.

REFERÊNCIAS BIBLIOGR
BIBLIOGRÁFICAS

ENGESOLO. Estudos hidrológicos para subsíd


subsídio
io ao projeto do Parque Linear do Ribeirão
do Onça. Engesolo Engenharia LTDA. Belo Horizonte, 2015.

HANSEN, E. M., SCHREINER


SCHREINER, L. C., MILLER J. F. Application of Probable Maximum
Precipitation Estimates - United States East of 105th Meridian. Hydrometeorological
Hydrometeorol Report
52. National Weather Service - NOAA. Washington, DC: 1982.

POTAMOS. Consolidação do diagnóstico das enchentes na bacia do córrego Cachoeirinha e


dos ribeirões Pampulha e da Onça
Onça.. Avaliação e Consolidação dos Estudos Hidrológicos.
Volume I. RTE003-R01. Pótamos Engenharia e Hidrologia LTDA. Belo Horizonte, 2011.

SANTOS, E. C. X., NAGHETTINI, M. C. Agregação do Coeficiente de Abatimento Espacial


à Relação Intensidade-Duração
Duração-Freqüência
Freqüência das Precipitações Sobre a Região Metropolitana de
Belo Horizonte. Revista Brasileira de Recursos Hídricos
Hídricos, V. 8, n.. 1, p. 189 – 199. 2003.

SILVEIRA, A. L. L. Abatimento Espacial da Chuva em Porto Alegre. Revista Brasileira de


Recursos Hídricos, V. 6, n. 2. pp. 5-13. 2001.

SIVAPALAN, M., BLOSCHL, G. Transformation of point rainfall to areal rainfall - Intensity


- duration - frequency curves. Journal of Hydrology, V. 204, No. 1 - 4, p. 150-167.
150 Jan. 1998.

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