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224-00
Marinha
Técnico em Enfermagem
Sabemos que estudar para concurso público não é tarefa fácil, mas acreditamos na sua
dedicação e por isso elaboramos nossa apostila com todo cuidado e nos exatos termos do
edital, para que você não estude assuntos desnecessários e nem perca tempo buscando
conteúdos faltantes. Somando sua dedicação aos nossos cuidados, esperamos que você
tenha uma ótima experiência de estudo e que consiga a tão almejada aprovação.
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhar em e-mails separados,
pois facilita e agiliza o processo de envio para o tutor responsável, lembrando que teremos até
cinco dias úteis para respondê-lo (a).
SAÚDE DA MULHER
Ginecologia e Obstetrícia
A ginecologia literalmente significa "a ciência da mulher", mas na medicina é a especialidade que trata
de doenças do sistema reprodutor feminino, útero, vagina e ovários. Quase todos ginecologistas atuais
são também obstetras.
A obstetrícia é o ramo da medicina que estuda a reprodução na mulher. Investiga a gestação, o parto
e o puerpério nos seus aspectos fisiológicos e patológicos. O obstetra é o médico especialista que cuida
do desenvolvimento do feto, além de prestar assistência à mulher nos períodos da gravidez e pós-parto
(puerpério).
No entanto, existem outros profissionais habilitados no cuidado ao ciclo gravídico puerperal do parto
normal: Enfermeiros Obstetras e Obstetriz.
Gravidez
Com a influência do movimento das mulheres, em 1983, foi formulado pelo Ministério da Saúde o
Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), que propõe fornecer uma assistência
integral clínico-ginecológica, com controle das doenças transmitidas sexualmente (DST), do câncer
cérvico-uterino (colo do útero) e mamário, a assistência para concepção e contracepção, uma melhor
assistência pré-natal, do parto e do puerpério, abordando os problemas desde a adolescência até a
terceira idade.
Para a Organização Mundial de saúde (OMS), humanizar o parto é adotar um conjunto de condutas e
procedimento que promovem o parto e o nascimento saudáveis, pois respeita o processo natural e evita
condutas desnecessárias ou de risco para mãe e feto.
A gestação normal tem duração aproximada de 280 dias ou 9 meses ou 40 semanas, podendo
variar de 38 a 42 semanas gestacionais, período em que ocorre todo o desenvolvimento
embrionário e fetal - que pode ser subdividido em três trimestres. Cada trimestre, por sua vez,
é formado por 12 a 14 semanas de gestação, durante as quais ocorre a estruturação do novo
ser, fundamental à sua condição humana.
Diagnosticando a Gravidez
Faz-se importante sabermos se a mulher tem vida sexual ativa e se há referência de amenorreia
(ausência de menstruação). A partir desses dados e de um exame clínico são identificados os sinais e
sintomas físicos e psicológicos característicos, que também podem ser identificados por exames
laboratoriais que comprovem a presença do hormônio gonadotrofina coriônica e/ou exames radiográficos
específicos, como a ecografia gestacional ou ultrassonografia.
Os sinais e sintomas da gestação dividem-se em três categorias que, quando positivas, confirmam o
diagnóstico. É importante lembrar que muitos sinais e sintomas presentes na gestação podem também
aparecer em outras circunstâncias.
Visando seu maior conhecimento, identificaremos a seguir os sinais e sintomas gestacionais mais
comuns e que auxiliam o diagnóstico:
- Sinais de Probabilidade - são os que indicam que existe uma provável gestação:
a) Aumento uterino - devido ao crescimento do feto, do útero e da placenta;
b) Mudança da coloração da região vulvar - tanto a vulva como o canal vaginal tornam-se bastante
vascularizados, o que altera sua coloração de rosa avermelhado para azul-escuro ou vinhosa;
c) Colo amolecido - devido ao aumento do aporte sanguíneo na região pélvica, o colo uterino torna-
se mais amolecido e embebido, assim como as paredes vaginais tornam-se mais espessas, enrugadas,
amolecidas e embebidas.
d) Testes de gravidez - inicialmente, o hormônio gonadotrofina coriônica é produzido durante a
implantação do ovo no endométrio; posteriormente, passa a ser produzido pela placenta. Esse hormônio
aparece na urina ou no sangue 10 a 12 dias após a fecundação, podendo ser identificado mediante exame
específico;
e) Sinal de rebote - é o movimento do feto contra os dedos do examinador, após ser empurrado para
cima, quando da realização de exame ginecológico (toque) ou abdominal;
f) Contrações de Braxton-Hicks - são contrações uterinas indolores, que começam no início da
gestação, tornando-se mais notáveis à medida que esta avança, sentidas pela mulher como um aperto
no abdome. Ao final da gestação, tornam-se mais fortes, podendo ser confundidas com as contrações do
parto.
Durante a evolução da gestação normal, verificamos grande número de sinais e sintomas que indicam
alterações fisiológicas e anatômicas da gravidez. Além dos já descritos, frequentemente encontrados no
primeiro trimestre gestacional, existem outros como o aumento da salivação (sialorreia) e sangramentos
gengivais, decorrentes do edema da mucosa gengival, em vista do aumento da vascularização.
Algumas gestantes apresentam essas alterações de forma mais intensa; outras, de forma mais leve -
o que pode estar associado às particularidades psicossocioculturais. Dentre estes casos, podemos
observar as perversões alimentares decorrentes de carência de minerais no organismo (ferro, vitaminas),
tais como o desejo de ingerir barro, gelo ou comidas extravagantes.
Para minimizar tais ocorrências, faz-se necessário acompanhar a evolução da gestação por meio do
pré-natal, identificando e analisando a sintomatologia apresentada, ouvindo a mulher e lhe repassando
- Diagnóstico
Outras causas de náuseas e vômitos intensos devem ser afastadas, como úlcera gástrica, cisto de
ovário torcido, prenhez ectópica, insuficiência renal, infecções intestinais, problemas metabólicos e do
sistema nervoso central.
Os vômitos tardios da gravidez não devem ser confundidos com hiperemese gravídica.
Os vômitos incoercíveis e náuseas acarretam quadro que vai desde a desidratação e oligúria à perda
de peso, alcalose (pela perda maior de cloro, através do suco gástrico - hipocloremia), perda de potássio
nos casos mais prolongados e alterações no metabolismo de gorduras e glicose, podendo, nos casos
mais graves, chegar à insuficiência hepática, renal e neurológica.
- Conduta
O apoio psicológico e educativo desde o início da gestação, assim como o tratamento precoce das
náuseas e vômitos, com reorientação alimentar e antieméticos, são as melhores maneiras de evitar os
casos de hiperemese. Os casos mais graves requerem internação hospitalar e utilização de medicação
endovenosa pelo período que for necessário para a sua resolução.
As recomendações na dieta e na mudança de hábitos, incluem separar sólidos de líquidos, alimentar-
se mais frequentemente com refeições mais leves, evitar alimentos gordurosos e bebidas geladas ou
muito doces. Aconselha-se também evitar alimentos com cheiros fortes, como as comidas muito
temperadas.
- Transtornos do humor
É comum, nos casos de hiperemese gravídica, a presença de distúrbios do humor e pode ser
necessária a utilização de medicação específica para tal, ou seja, inibidores seletivos da recaptação de
serotonina: fluoxetina, fluvoxamina, paroxetina, sertralina e citalopram em doses usuais.
Instalado o quadro de hiperemese, é necessária a internação, com jejum, reposição das perdas com
soro glicofisiológico, manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico e acidobásico, além do uso de antieméticos
injetáveis.
A reintrodução de dieta leve e sua progressiva normalização devem ser feitos na medida da aceitação
da gestante, seu apetite e ausência de náuseas. Nos casos de acentuada perda de peso e dificuldade de
reintrodução da dieta, a alimentação parenteral pode ser necessária, enquanto persistirem os sintomas.
- Anemias
Anemia leve a moderada dosagem de hemoglobina <11g/dl e >8g/dl, solicitar exame parasitológico de
fezes e tratar parasitose se presente. Tratar a anemia com 3 drágeas de sulfato ferroso via oral/dia.
Repetir dosagem de hemoglobina entre 30 e 60 dias se os níveis estiverem subindo manter o tratamento
até a hemoglobina atingir 11g/dl, quando deverá ser iniciada a dose de suplementação (1 drágea ao dia),
repetir a dosagem no 3° trimestre, se a hemoglobina permanecer em níveis estacionários ou se baixar,
referir a gestação ao pré-natal de alto risco.
Diagnóstico: o diagnóstico de certeza somente pode ser feito com o estabelecimento precoce da
idade gestacional. O exame ultrassonográfico (USG) no início da gestação, idealmente entre 9 e 12
semanas, é o método mais fidedigno para avaliação da idade gestacional, principalmente em gestantes
com dúvidas sobre a data da última menstruação.
O exame realizado no segundo trimestre não é tão preciso, mas tem valia se há uma diferença maior
que 10 dias entre a estimativa dessa USG e a data da última menstruação. Nesse caso deve-se ajustar
a idade gestacional pela USG.
Conduta: se não houver objeção por parte da mulher, deve ser realizado o descolamento das
membranas amnióticas, entre 38 e 41 semanas, para diminuir a probabilidade de indução do parto.
A indução do parto deve ser realizada a partir de 41 semanas de gestação, após concordância da
mulher.
Em gestantes que recusam submeter-se à indução, na conduta deverá ser avaliado o bem-estar fetal.
A frequência de vigilância deve ser duas vezes por semana. O parto deve ser realizado se houver
oligoidrâmnio, presença de mecônio à amnioscopia ou evidências de comprometimento fetal.
A dopplerfluxometria não tem nenhum benefício comprovado na avaliação desses fetos e não é
recomendada para esta indicação.
- Hipertensão Arterial
Pressão arterial igual ou maior que 140/90mmHg baseada na média de pelo menos duas medidas.
- Proteinúria
É definida como a excreção de 0,3g de proteínas ou mais em urina de 24 horas, ou 1+ ou mais na fita
em duas ocasiões, em uma determinação de amostra única sem evidência de infecção. Devido à
discrepância entre a proteinúria de amostra única e a proteinúria de 24 horas na pré-eclâmpsia, o
diagnóstico deve ser baseado em exame de urina de 24 horas.
Outra alternativa é a relação proteína/creatinina urinária em coleta única de urina. Nessa técnica, o
resultado da divisão do valor da proteinúria pela creatinina urinária (em mg/dL) ≥ 0,3 tem uma boa
correlação com a proteinúria na urina de 24 horas ≥ 0,3g.
- Plaquetopenia
Menos de 100.000/mm3, com maior gravidade quando menor que 50.000/mm3.
- Anemia Microangiopática
a) Bilirrubina acima de 1,2mg/dL, e
b) Presença significativa de esquizócitos em sangue periférico (>5% no campo microscópico).
- Pré-eclâmpsia
Hipertensão que ocorre após 20 semanas de gestação (ou antes, em casos de doença trofoblástica
gestacional ou hidropsia fetal) acompanhada de proteinúria, com desaparecimento até 12 semanas pós-
Nas gestações pré-termo, o controle ambulatorial pode ser iniciado após a hospitalização se
confirmadas condições materno-fetais estáveis, com as seguintes recomendações:
- Consultas semanais;
- Repouso relativo (evitar grandes esforços);
- Pesar diariamente pela manhã;
- Proteinúria na fita semanalmente pela manhã;
- Medir a pressão arterial pelo menos uma vez ao dia.
Após o período inicial de observação, confirmando-se a elegibilidade materno fetal para a conduta
expectante, adota-se o seguinte:
- Interrupção do sulfato de magnésio;
- Determinação da PA a cada 4-6 horas;
- Contagem de plaquetas diariamente;
- TGO/ AST, ALT/TGP, creatinina e bilirrubina de 2 em 2 dias;
- Repetir a proteinúria de 24 horas semanalmente;
- Uso de medicação anti-hipertensiva para manter a pressão entre 140/90 e 150/100mmHg
(Alfametildopa até 2g, associada a Nifedipina, ou Betabloqueador, ou Hidralazina);
- Se as condições maternas estão estáveis, realizar CTB diariamente e PBF duas vezes por semana;
- Avaliação do crescimento fetal por ultrassonografia a cada duas semanas;
- Dopplerfluxometria fetal semanalmente.
- Eclâmpsia
A ocorrência de convulsões em mulheres com pré-eclâmpsia caracteriza o quadro de eclâmpsia. A
conduta clínica visa ao tratamento das convulsões, da hipertensão e dos distúrbios metabólicos, além de
cuidados e controles gerais:
- Manter o ambiente tranquilo, o mais silencioso possível;
- Decúbito elevado a 30º e face lateralizada;
- Cateter nasal com oxigênio (5l/min);
- Punção de veia central ou periférica calibrosa;
- Cateter vesical contínuo.
A conduta obstétrica visa à estabilização do quadro materno, à avaliação das condições de bem-estar
fetal e a antecipação do parto, em qualquer idade gestacional.
Após a estabilização do quadro, iniciar os preparativos para interrupção da gestação.
Via de Parto
O parto vaginal é preferível à cesariana para mulheres com pré-eclâmpsia/eclâmpsia, desse modo
evitando o estresse adicional de uma cirurgia em uma situação de alterações fisiológicas múltiplas.
Medidas paliativas por várias horas não aumentam o risco materno se realizadas de forma apropriada.
Seguimento Pós-Parto
Mulheres que desenvolvem hipertensão na gravidez devem ser cuidadosamente avaliadas nos meses
imediatamente após o parto e aconselhadas a respeito de futuras gestações e risco cardiovascular.
Qualquer anormalidade laboratorial ou achado físico que não retorne ao normal antes da alta deve ser
reavaliado na consulta de puerpério. A expectativa é que a hipertensão e outros sinais e sintomas ou
disfunção orgânica associados à pré-eclâmpsia terão remissão seis semanas após o parto. Se as
anormalidades persistirem, as gestantes deverão ser reexaminadas após seis semanas e, se a patologia
mantiver, provavelmente tornou-se crônica.
A medida é feita em centímetros com uma fita métrica flexível e não extensível, do púbis ao fundo do
útero, determinado por palpação, com a grávida em decúbito dorsal.
Existem diferentes métodos de medida que oferecem valores diferentes, por isso é imprescindível
normalizar a forma de medir e utilizar padrões normais de referência que tenham sido elaborados com a
mesma técnica.
Técnica 1: a extremidade da fita métrica é fixada na margem superior da púbis com uma mão,
deslizando a fita entre os dedos indicador e médio da outra mão até alcançar o fundo do útero com a
margem cubital dessa mão.
Técnica 2: a fita é colocada debaixo da borda cubital, por isso, ao descrever uma curva maior, o valor
que se obtém e 1,5 ± 0,6 cm maior em relação ao obtido com a técnica anterior, no 3º trimestre de
gestação.
O útero aumenta seu tamanho com a idade gestacional. Foram desenvolvidas curvas de altura uterina
em função da Idade gestacional, nas quais os percentis 10 e 90 marcam os limites da normalidade.
Síndromes Hemorrágicas
Entre 10 a 15% das gestações apresentam hemorragias. Podem representar complicação gestacional
ou agravos ginecológicos concomitantes com o período gravídico.
Classificação
As mais importantes situações hemorrágicas gestacionais são:
Outras causas menos frequentes de sangramento por via vaginal durante toda a gestação, são:
cervicites, pólipo endocervical, ectrópio, câncer de colo uterino, trauma vaginal e o sangramento do colo
durante o trabalho de parto na segunda metade da gestação.
Diagnóstico e Conduta
Toda gestante com sangramento vaginal no 1º trimestre deve ser submetida a exame abdominal,
exame especular e toque.
Quando o colo estiver fechado ou houver dúvida no diagnóstico, está indicada uma ultrassonografia
para avaliação das condições do saco gestacional (com ou sem descolamento) e do embrião (com ou
sem batimentos).
Ameaça de Abortamento
O sangramento genital é de pequena a moderada intensidade, podendo existir dores, tipo cólicas,
geralmente pouco intensas. O colo uterino (orifício interno) encontra-se fechado, o volume uterino é
compatível com o esperado para a idade gestacional e não existem sinais de infecção. Para este
diagnóstico é necessária uma ultrassonografia, que pode não ter alterações ou identificar área de
descolamento ovular, com vitalidade embrionária.
Não existe indicação de internação hospitalar, a mulher deve ser orientada para ficar em repouso,
utilizar analgésico se apresentar dor, evitar relações sexuais durante a perda sanguínea, e retornar ao
atendimento de pré-natal.
Nos casos em que não ocorre regressão das alterações ou se surgir febre, dor pélvica localizada ou
sangramento com odor fétido, a mulher deve retornar ao serviço de saúde para nova avaliação.
Abortamento Completo
Geralmente, ocorre em gestações com menos de oito semanas. A perda sanguínea e as dores
diminuem ou cessam após a expulsão do material ovular. O colo uterino (orifício interno) pode estar aberto
e o tamanho uterino mostra-se menor que o esperado para a idade gestacional. No exame de
ultrassonografia, encontra-se cavidade uterina vazia ou com imagens sugestivas de coágulos.
A conduta nesse caso é de observação, com atenção ao sangramento e/ou à infecção uterina.
Abortamento Inevitável/Incompleto
O sangramento é maior que na ameaça de abortamento, que diminui com a saída de coágulos ou de
restos ovulares, as dores costumam ser de maior intensidade que na ameaça e o orifício cervical interno
encontra-se aberto. O exame de ultrassonografia confirma a hipótese diagnóstica, embora não seja
imprescindível.
Em gestações com menos de 12 semanas, pelo tamanho uterino, indica-se a aspiração manual
intrauterina (AMIU), por ser mais segura e permitir o esvaziamento mais rápido. Quando não for possível
empregar essa técnica, realiza-se a curetagem uterina. O tratamento alternativo, na indisponibilidade de
AMIU ou curetagem, estando o colo pérvio, é misoprostol.
Após a expulsão, caso haja suspeita de restos ovulares ou placentários remanescentes, realiza-se a
curetagem uterina. Em úteros pequenos, compatíveis com menos de 12 semanas, também pode ser
utilizada a AMIU. Também é importante avaliar a perda sanguínea e, se extremamente necessário, far-
se-á transfusão sanguínea.
Abortamento Retido
Em geral, o abortamento retido cursa com regressão dos sintomas e sinais da gestação, o colo uterino
encontra-se fechado e não há perda sanguínea. O exame de ultrassonografia revela ausência de sinais
de vitalidade ou a presença de saco gestacional sem embrião (ovo anembrionado). Pode ocorrer o
abortamento retido sem os sinais de ameaça.
O tratamento é misoprostol. Após a expulsão, havendo suspeita de restos ovulares ou placentários
remanescentes, realiza-se a curetagem uterina. Em úteros pequenos, compatíveis com menos de 12
semanas, também pode ser utilizada a AMIU.
Abortamento Infectado
Com muita frequência, está associado a manipulações da cavidade uterina pelo uso de técnicas
inadequadas e inseguras de abortamento provocado. Estas infecções são polimicrobianas e provocadas,
geralmente, por bactérias da flora vaginal, gram negativos e anaeróbios. São casos graves e devem ser
tratados, independentemente da vitalidade do feto.
As manifestações clínicas mais frequentes são: elevação da temperatura, sangramento genital com
odor fétido acompanhado de dores abdominais ou eliminação de pus através do colo uterino. Na
Abortamento Habitual
Em gestantes com história de abortamento habitual é necessária uma anamnese detalhada para se
detectar as possíveis causas associadas:
- Malformações uterinas (útero bicorno, útero septado, útero didelfo);
- Miomatose uterina;
- Insuficiência istmo cervical;
- Insuficiência do corpo lúteo;
- Fatores imunológicos;
- Fatores infecciosos;
- Síndrome antifosfolípide;
- Fatores genéticos.
Gravidez Ectópica
A gravidez ectópica corresponde à nidação do ovo fora da cavidade uterina. O tipo mais frequente é a
tubária.
Tratamento clínico: com metotrexato (MTX) é uma alternativa à cirurgia em mulheres selecionadas.
O mesmo deverá ser realizado em centro especializado e os critérios de seleção são os seguintes:
- Sinais vitais estáveis e pouca sintomatologia;
- Ausência de contraindicação médica para a terapia (enzimas hepáticas normais, hemograma e
plaquetas normais);
- Gravidez ectópica íntegra;
- Ausência de atividade cardíaca embrionária;
- Massa ectópica medindo 4cm ou menos;
- Níveis séricos de βHCG <5.000mUI/ml.
O esquema de tratamento consiste em dose única de 1mg/kg de peso ou 50mg/m 2 administrada por
via intramuscular. O nível sérico de βHCG deve ser dosado no 4° e no 7° dia após o tratamento e depois
semanalmente até atingir 5mUI/ml. Se isso não ocorrer, pode-se repetir a dose ou indicar tratamento
cirúrgico.
Controle Pós-Molar: todas as gestantes com mola hidatiforme devem ter acompanhamento clínico e
laboratorial visando à detecção precoce de recorrência, assim como a evolução para formas malignas da
neoplasia trofoblástica gestacional.
As náuseas, vômitos e a mastalgia tendem a desaparecer progressivamente. A involução uterina e a
suspensão do sangramento ocorrem em cerca de cinco semanas.
A dosagem de gonadotrofina coriônica (βHCG) deve ser realizada semanalmente após o esvaziamento
uterino até que seus valores se mostrem declinantes e os resultados sejam negativos por três dosagens
consecutivas.
A ultrassonografia tem por objetivo monitorar a involução uterina e regressão dos cistos tecaluteínicos
ovarianos. O exame radiológico do tórax deve ser realizado mensalmente com a finalidade de detectar
metástases assintomáticas. Os locais mais frequentes de metástase são os pulmões e a vagina.
A anticoncepção deve ser iniciada no máximo quinze dias após o esvaziamento uterino. Recomenda-
se a prescrição de anovulatório hormonal oral de baixa dosagem estrogênica, com menos de 35μg de
etinilestradiol. Deve-se evitar nova gravidez por pelo menos um ano após o esvaziamento uterino.
Descolamento Cório-amniótico
Caracteriza-se por sangramento genital de pequena intensidade e é diagnosticado por exame
ecográfico. A evolução é boa, não representando quadro grave de risco materno e/ou ovular.
A conduta é conservadora e, basicamente, consiste no esclarecimento à gestante, com as mesmas
orientações da ameaça de abortamento.
Placenta Prévia
É definida como a placenta que se implanta total ou parcialmente no segmento inferior do útero. Ela
pode ser classificada de três maneiras, de acordo com sua posição em relação ao colo do útero:
- Baixa: está localizada próxima ao colo do útero, sem atingi-lo;
- Marginal: atinge o orifício interno do colo do útero, sem recobri-lo;
- Completa ou centro-total: recobre totalmente o orifício interno do colo do útero.
A placenta prévia ocorre em 1 a cada 200 gestações que chegam ao terceiro trimestre, porém é um
achado ultrassonográfico frequente em exames realizados entre 16 e 20 semanas de gestação. Contudo,
até 90% desses achados normalizarão até o termo, devido à teoria da “migração” placentária. Isso ocorre
devido à combinação entre o crescimento placentário em direção ao fundo uterino, que é mais bem
vascularizado, com a degeneração das vilosidades periféricas que receberão menor suprimento
sanguíneo, conferindo uma implantação placentária adequada.
O principal fator de risco para placenta prévia é a cicatriz uterina anterior e as intervenções uterinas
prévias, como a miomectomia e a curetagem, tendo como fatores associados a multiparidade, idade
materna avançada, tabagismo e gemelaridade.
A placenta com implantação anormal tem maior probabilidade de estar aderida anormalmente ao útero,
ou seja, de ser placenta acreta, o que também amplia de forma exponencial o risco de hemorragias graves
e outras complicações associadas, podendo a gestante necessitar uma histerectomia.
A morbidade materna da placenta prévia é decorrente, principalmente, da hemorragia que ela provoca.
A morbidade aumentada também está relacionada às complicações operatórias do parto, complicações
anestésicas, necessidade de transfusão e infecções.
Na suspeita de acretismo placentário, na preparação para o parto deve-se sempre fazer um ecodoppler
obstétrico. Considerar a possibilidade de invasão de estruturas adjacentes (bexiga e intestino) em caso
de placenta percreta, com grande perda sanguínea, que é indicação de histerectomia.
Diagnóstico Clínico: o sangramento na placenta prévia caracteriza-se por ser indolor, no segundo ou
terceiro trimestre. Geralmente ocorre em pequena quantidade e é autolimitado, não levando a uma
espoliação materna significativa. Nas placentas prévias marginais, muitas vezes o sangramento não se
apresenta até o momento do parto. Algumas gestantes, principalmente, as com placenta prévia centro-
totais, podem apresentar um sangramento entre a 26ª e 28ª semana de gestação, chamado de
sangramento sentinela. Nestas, o sangramento é intermitente e abundante, de coloração vermelho vivo,
com necessidade de internações e transfusões frequentes. Na presença de acretismo, é comum não
haver sangramento até o parto. Pode haver contrações uterinas, mas não há aumento dos tônus entre as
contrações.
Exame Físico: deve ser iniciado pela aferição dos sinais vitais da gestante. Em seguida, inicia-se o
exame obstétrico cuidadoso com palpação abdominal (frequente achado de apresentação anômala),
medida de altura uterina, ausculta dos batimentos cardíacos fetais. O exame especular deve ser realizado
de maneira cuidadosa para evidenciar a origem e a quantidade do sangramento. O exame de toque nunca
deve ser realizado na suspeita de inserção baixa de placenta, até que se tenha conhecimento da exata
localização placentária.
Conduta: no pré-natal recomenda-se que a gestante com placenta prévia seja encaminhada a um
centro de referência, dependendo da quantidade do sangramento e condição hemodinâmica materna e
idade gestacional.
Essa gestante deve ser orientada a não ter relações sexuais. O uso de corticoterapia deve ser
considerado para aceleração da maturidade pulmonar. O uso de suplementação de ferro no pré-natal é
indicado para evitar anemia, com constante monitoração dos níveis de hematócrito e hemoglobina.
Pode ocorrer hipertonia uterina com sangramento oculto, uma vez que a instabilidade hemodinâmica
pode ocorrer mesmo sem a exteriorização do sangramento.
O DPP ocorre em aproximadamente 1 a 2% das gestações. É das piores complicações obstétricas,
com aumento muito importante da morbimortalidade materna, por maior incidência de hemorragia, de
anemias, coagulopatias, hemotransfusões, cesárea, histerectomia e até morte materna; podem ocorrer
ainda complicações perinatais, como prematuridade, restrição de crescimento fetal, baixo peso ao nascer,
sofrimento fetal e óbito perinatal. O DPP é descrito como a principal causa de óbito perinatal.
A hipertensão é responsável por até 50% dos casos de DPP não traumáticos.
Tanto a pré-eclâmpsia quanto a hipertensão arterial crônica são fatores de risco importantes para o
DPP.
OBS.: a ausência de hipertensão no momento da chegada não exclui a etiologia hipertensiva, já que
a gestante pode estar chocada. Os procedimentos relacionados à estabilização de uma gestante com
distúrbios hipertensivos devem ser considerados (como por exemplo o sulfato de magnésio).
Quadro Clínico: dor abdominal associada ou não a sangramento vaginal. A dor varia de leve
desconforto até dor intensa, associada a aumento dos tônus uterino, que pode se manifestar em graus
variados, desde uma taquissistolia até hipertonia. Em casos de placenta de inserção posterior, a dor é
lombar. Na gestante em trabalho de parto, há persistência da dor entre as contrações.
O sangramento no DPP pode se manifestar das seguintes maneiras:
- Hemorragia exteriorizada;
- Hemoâmnio;
- Sangramento retroplacentário.
Exame Físico: o primeiro passo deve ser a aferição de sinais vitais com medidas iniciais das manobras
de ressuscitação em suspeita de DPP, como verificar se as vias aéreas estão pérvias, checar respiração
e circulação (dois acessos venosos calibrosos com 1.000ml de solução cristaloide correndo em cada um
deles à velocidade inicial de 500ml nos primeiros 10 minutos e manutenção de infusão de 250ml/hora).
A gestante apresenta mais tardiamente sinais de instabilidade circulatória, e essa inicialmente se
manifesta com alterações posturais da pressão e/ou taquicardia. Quando estão presentes sinais e
sintomas de choque, isso significa perda de até 30% da volemia.
No exame obstétrico, deve-se realizar a palpação uterina observando a apresentação fetal e se o tônus
uterino está aumentado. Fazer medida de altura uterina e ausculta dos batimentos cardíacos fetais
(monitoração fetal contínua). Na monitoração fetal é frequente o achado de padrão não tranquilizador.
O diagnóstico de DPP é clínico. A ultrassonografia, ao contrário da placenta prévia, tem um papel muito
limitado nessa condição. No DPP agudo, muitas vezes o coágulo retro placentário pode não ser visível.
A ultrassonografia pode ser realizada em casos onde há estabilidade hemodinâmica materna e vitalidade
fetal preservada, e quando há dúvida sobre a localização placentária, e apresentação fetal, assim como
para estimativa de peso do feto.
Os achados ultrassonográficos, se presentes, são: presença de coágulo retro placentário,
espessamento anormal da placenta e bordo placentário sem continuidade (borda “rasgada”).
Exames Laboratoriais: devem ser solicitados para a gestante com diagnóstico de DPP.
- Hemograma com contagem de plaquetas;
- Tipagem sanguínea ABO Rh;
- Coagulograma;
- Exames de rotina para doença hipertensiva se apropriado.
Conduta:
No grau 1, o diagnóstico geralmente é feito no pós-parto, portanto, não houve repercussões maternas
ou fetais.
No grau 2, o parto vaginal é possível se iminente, desde que a vitalidade fetal esteja preservada e não
haja comprometimento hemodinâmico materno. O trabalho de parto deve estar em franco progresso. A
amniotomia deve ser realizada assim que possível, pois irá diminuir a pressão intrauterina com o
escoamento do líquido amniótico, diminuindo tanto o sangramento do leito placentário quanto a passagem
para a circulação materna de tromboplastina.
Deve ser monitorado o estado hemodinâmico da gestante com manutenção adequada de reposição
volêmica e de sangue e derivados se necessário. O débito urinário deve ser monitorado e mantido em
30ml/hora e o hematócrito acompanhado e mantido acima de 30%. Se a evolução do trabalho de parto
não for rápida e favorável, se houver instabilidade materna ou sofrimento fetal, a cesárea deve ser
realizada imediatamente.
Em caso do feto morto, Grau 3, o parto vaginal é aconselhável. Deve-se adotar os mesmos cuidados
de monitoração materna do ponto de vista hemodinâmico e do estado de coagulação. Apesar da
hipertonia uterina, em alguns casos de DPP maciço o útero pode se tornar hipotônico, sendo necessário
o uso de ocitocina. Essa deve ser usada com critério e constante monitoração.
Antes de realizar a cesárea, onde houver possibilidade, deve ser feita transfusão de concentrado de
glóbulos, reposição de plaquetas e plasma fresco congelado.
A incidência varia muito dependendo do país, podendo variar de 1 a cada 585 partos a 1 a cada 6.673
partos.
O maior fator de risco para rotura é a presença de cicatriz uterina e o antecedente de cesariana é o
principal delas. Outras causas possíveis são antecedentes de: curetagem uterina com perfuração,
miomectomia, acretismo placentário, trauma abdominal, anomalias uterinas, hiperdistensão uterina, uso
inapropriado de ocitocina.
O tipo de incisão da cesárea prévia também deve ser considerado. A incisão corporal apresenta um
risco maior de rotura em comparação com a segmentar transversa, com piores prognósticos materno e
perinatal. O risco de rotura após uma cesárea com incisão corporal é de 4-9% enquanto após uma com
incisão segmentar transversa é de 0,2-1,5%.
Paradoxalmente, o risco de rotura uterina na gestante com uma cesariana prévia durante o trabalho
de parto é de 1% e quando essa gestante apresenta um parto vaginal anterior à cesariana esse risco é
ainda menor. Por esse motivo, não há evidências que suportem a realização de cesárea eletiva em
gestantes com uma cesárea anterior. Os riscos da segunda cesariana suplantam os riscos da rotura
durante o trabalho de parto.
As gestantes que possuem duas ou mais cesáreas prévias têm um risco de rotura uterina que em
alguns estudos foi semelhante e em outros foram duas vezes maior quando comparadas às mulheres
com uma cesariana prévia. O risco absoluto de rotura ainda é baixo (em torno de 2%).
É importante ressaltar que os riscos cirúrgicos de uma cesárea após duas ou mais cesáreas, como
sangramentos excessivos, aderências, lesões de bexiga ou intestinos e até histerectomias são
significativos e devem ser considerados quando se avaliam riscos e benefícios de se tentar uma prova de
trabalho de parto ou se indica um procedimento de repetição. As chances de sucesso de se conseguir
um parto normal são semelhantes após uma ou mais cesáreas.
O uso de ocitocina para condução do trabalho de parto não aumenta o risco de rotura quando
comparado ao trabalho de parto espontâneo. Porém, vale ressaltar que esse uso deve ser criterioso e
monitorado como em todo trabalho de parto conduzido com ocitócicos. Já o uso de prostaglandinas para
amadurecimento cervical não é recomendado em presença de cesárea anterior, devido ao aumento do
risco de rotura uterina.
A rotura uterina pode cursar também com lesão vesical, o que ocorre em 0,1% dos casos.
Quadro Clínico: a rotura uterina pode ocorrer no pré-parto, intraparto e pós-parto. O trauma abdominal
é uma importante causa de rotura uterina pré-parto, podendo ser um achado intra-operatório de uma
cesárea eletiva.
No intraparto, quando a rotura é mais frequente, o achado mais característico é a perda súbita dos
batimentos cardíacos fetais. A gestante pode ou não apresentar sangramento vaginal, sinais e sintomas
de choque hipovolêmico, com taquicardia importante e hipotensão, e parada das contrações após dor
forte. Na palpação abdominal, as partes fetais são facilmente palpadas no abdome materno e, ao toque
vaginal, há a subida da apresentação.
A rotura uterina é causa de hemorragia pós-parto e deve ser prontamente identificada e tratada
cirurgicamente.
Vasa Prévia
É definida como sangramento dos vasos sanguíneos fetais que atravessam as membranas amnióticas
passando pelo orifício interno do colo. Está associada à inserção anormal dos vasos fetais dentro das
membranas. É uma causa rara de hemorragia, ocorrendo geralmente em gestantes com implantação
baixa da placenta e inserção velamentosa de cordão. A perda sanguínea é de origem fetal, fato este que
mostra a urgência do seu diagnóstico. As taxas de mortalidade fetal são altas, ao redor de 50%.
O sangramento tem início no momento da rotura das membranas. O diagnóstico pré-parto é difícil,
podendo ser percebido por intermédio do toque vaginal e pela amnioscopia (com a visualização dos vasos
sanguíneos atravessando as membranas pelo orifício interno do colo). A USG com Doppler colorido pode
detectar a vasa prévia no ante parto e deve ser considerada em gestantes de alto risco (placenta prévia,
inserção velamentosa de cordão).
Muitas vezes o diagnóstico intraparto também é muito difícil. São descritos testes em que é feita a
detecção de hemácias fetais no sangue exteriorizado (Apt-Test e coloração de Wright) mas, na maioria
das vezes, não há tempo para a realização desses testes pois é frequente a deterioração dos batimentos
cardíacos fetais no momento da rotura. Nesse caso, a cesariana de urgência está indicada.
Óbito Fetal
Definição: a Organização Mundial da Saúde considera como óbito fetal aquele ocorrido em qualquer
momento da gravidez, independentemente de sua localização, incluindo abortos e gestações
extrauterinas, ovo morto ou retido, aborto retido de primeiro ou segundo trimestre e também o feto morto
no terceiro trimestre, até o final da gestação.
Entretanto, na prática médica, o problema mais difícil a ser resolvido é o da morte fetal, que ocorre
após 13 semanas e, mais ainda, a partir das 20-22 semanas de gravidez, para diferenciá-la claramente
da definição do aborto. A morte fetal ocorre aproximadamente em seis casos de cada 1.000 nascidos
vivos. Morte fetal com feto retido é menos frequente e muito variável, entretanto, pode chegar até 1% das
gestações.
Em qualquer uma das causas de morte fetal intra útero, quando a expulsão do feto não ocorre
espontaneamente, está indicada a indução do parto ou aborto, de acordo com a idade gestacional.
Quando houver diagnóstico da morte fetal, confirmado pela ultrassonografia, as mulheres necessitam
de tempo para as decisões a serem tomadas, à exceção das complicações, tais como o descolamento
prematuro de placenta ou a hipertensão arterial grave. As mulheres devem estar cientes quanto às opções
disponíveis, para considerá-las e poder decidir o que querem.
Diagnóstico Clínico
- Parada de movimentação fetal;
- Diminuição do peso corporal materno;
- Interrupção do crescimento uterino;
- Redução da quantidade de líquido amniótico à palpação;
- Ausência de batimentos cardíacos fetais;
- Redução dos sinais e sintomas gravídicos, acompanhada ou não da apojadura.
Diagnóstico Ultrassonográfico
- Ausência de movimentação fetal associada à ausência de batimento cardíaco fetal;
- Na dependência do tempo do óbito, podem ainda estar presentes alterações indicativas de redução
do líquido amniótico e alterações estruturais fetais.
Após a Expulsão
- Exame radiológico de todo o esqueleto do natimorto;
- Necrópsia;
- Histopatológico de placenta;
Indução do Parto
A indução é um aspecto comum na prática obstétrica e apresenta uma frequência de quase 15%. Nos
casos de óbito fetal intrauterino, a indução do trabalho de parto com colo uterino favorável não é difícil,
mas as dificuldades aumentam quando o colo não é favorável (apresenta um escore de Bishop <6). Maior
possibilidade de falha de indução e maior índice de cesáreas estão associados à indução do trabalho de
parto de gestantes com colo desfavorável.
Com o surgimento das prostaglandinas, este problema diminuiu. As prostaglandinas, principalmente
quando são aplicadas localmente, são mais efetivas que a ocitocina ou a amniotomia para superar os
obstáculos de um colo desfavorável e propiciar o parto vaginal. Portanto, o uso de misoprostol se torna
cada vez mais frequente, pois ao facilitar o início do trabalho de parto, vem reduzindo as taxas de
cesariana.
Misoprostol
O misoprostol é uma prostaglandina indicada em todos os casos de óbito fetal, com feto morto e retido
em qualquer idade gestacional, sempre que não haja contraindicação de parto vaginal ou do uso de
misoprostol.
Apesar de ser indicado em qualquer idade gestacional, é particularmente útil no segundo trimestre de
gestação, quando a estimulação do útero oferece mais problemas, pela baixa sensibilidade do miométrio
à ocitocina, pela dificuldade técnica e pelo alto risco com o uso de métodos cirúrgicos.
Considerando que o parto ou aborto ocorrem espontaneamente dentro das três semanas seguintes ao
óbito fetal, a opção de esperar esse prazo deve ser oferecida às mulheres e utiliza-se o misoprostol
somente para aquelas que solicitam uma conduta ativa.
Contraindicações para induzir o parto, em caso de morte fetal com feto retido, estão as
seguintes:
- Obstrução do canal de parto;
- Placenta prévia (central, total ou parcial);
- Carcinoma cérvico-uterino.
Contraindicações ao Misoprostol:
- Cicatriz uterina prévia;
- Cesárea anterior;
- Hepatopatias graves;
- Coagulopatias.
Apesar de alguns autores discordarem, a contraindicação mais importante para o uso dessa
medicação é a cesárea anterior, devido ao risco iminente de rotura uterina que ocorre aproximadamente
em 5% das mulheres com gestação a termo e cicatriz uterina prévia.
A interrupção médica da gestação é o termo aplicado à situação em que é necessário antecipar o fim
do ciclo gestacional por indicação materna ou fetal. O termo aborto ou abortamento é utilizado de maneira
indiscriminada, mas, por possuir forte estigma sociocultural, deve ser utilizado apenas se esse processo
ocorrer antes da 22ª semana de gestação e com peso menor de 500 gramas. Assim sendo, nas situações
discutidas abaixo, o termo interrupção médica da gestação (IMG) será utilizado.
O Código Penal Brasileiro (CPB) prevê no artigo 128 que há excludente de culpabilidade no aborto
quando for praticado nos casos em que “não há outro meio de salvar a vida da gestante” - inciso I e nos
Diabetes
Diabetes Pré-Gestacional
O diabetes pré-gestacional representa 10% das gestantes com diabetes na gravidez e requer manejo
adequado antes mesmo da mulher engravidar.
No nível da atenção básica, as equipes devem estar atentas para com as mulheres diabéticas que
planejam engravidar, já que estas devem ser referenciadas para centros de atenção secundária ou
terciária visando: compensação metabólica, preconcepção; avaliação da presença de complicações
crônicas da doença; e orientação especializada para a prevenção de malformações fetais, incluindo o uso
Diabetes Gestacional
O diabetes gestacional é definido como a “intolerância aos carboidratos, de graus variados de
intensidade, diagnosticada pela primeira vez durante a gestação, podendo ou não persistir após o parto”.
No Brasil, a prevalência do diabetes gestacional em mulheres com mais de 20 anos, atendidas no Sistema
Único de Saúde, é de 7,6% (IC95% 6,9-8,4 - critério da Organização Mundial da Saúde), 94% dos casos
apresentando apenas tolerância diminuída à glicose e seis apresentando hiperglicemia no nível de
diabetes fora da gravidez.
Mulheres que apresentam diabetes gestacional devem ser encaminhadas para centros de atenção
secundária. As gestantes com diagnóstico de diabetes pré-gestacional devem ser manejadas em centros
de assistência terciária por equipe multidisciplinar composta por médico obstetra, endocrinologista,
nutricionista, enfermeira obstetra e outros profissionais, dependendo da necessidade e gravidade do
caso. As gestantes diabéticas em acompanhamento em centros de atenção secundária ou terciária
poderão também ser acompanhadas pelas equipes de atenção básica visando maior controle e aderência
aos tratamentos preconizados nos níveis de maior complexidade.
Rastreamento e Diagnóstico
Embora não exista consenso sobre qual método é o mais eficaz para rastreamento e diagnóstico do
diabetes gestacional, as recomendações a seguir oferecem uma alternativa efetiva para tal. O
rastreamento deve ser iniciado pela anamnese para a identificação dos fatores de risco:
- Idade igual ou superior a 35 anos;
- Índice de massa corporal (IMC) >25kg/m2 (sobrepeso e obesidade);
- Antecedente pessoal de diabetes gestacional;
- Antecedente familiar de diabetes mellitus (parentes de primeiro grau);
- Macrossomia ou polihidrâmnio em gestação anterior;
- Óbito fetal sem causa aparente em gestação anterior;
- Malformação fetal em gestação anterior;
- Uso de drogas hiperglicemiantes (corticoides, diuréticos tiazídicos);
- Síndrome dos ovários policísticos;
- Hipertensão arterial crônica.
Todas as gestantes, independentemente de apresentarem fator de risco, devem realizar uma dosagem
de glicemia no início da gravidez, antes de 20 semanas, ou tão logo seja possível. O rastreamento é
considerado positivo nas gestantes com nível de glicose plasmática de jejum igual ou superior a 85mg/dL
e/ou na presença de qualquer fator de risco para o diabetes gestacional. Na ausência de fatores de risco
e glicemia de jejum ≤ 85mg/dL, considera-se rastreamento negativo e deve-se repetir a glicemia de jejum
entre a 24ª e 28ª semanas de gestação.
Duas glicemias plasmáticas de jejum ≥ 126mg/dL confirmam o diagnóstico de diabetes gestacional,
sem necessidade de teste de tolerância.
As gestantes com rastreamento positivo, ou seja, com glicemia plasmática de jejum maior ou igual a
85mg/dL até 125mg/dL e/ou com qualquer fator de risco devem ser submetidas à confirmação diagnóstica
Rubéola
O vírus da rubéola apresenta elevada toxicidade para tecidos embrionários, notadamente no início da
embriogênese, causando a viremia materna que pode acarretar aborto, natimortalidade e infecção da
placenta e ocasionando infecção embrionária persistente que pode causar a síndrome da rubéola
congênita (glaucoma, catarata congênita, cardiopatia congênita, surdez central ou coclear, cegueira,
microftalmia e retardo mental). Entretanto, existe a possibilidade tanto de acometimento isolado de órgãos
(não configurando a síndrome completa) como de síndrome de rubéola congênita ampliada (entre outras
alterações, miocardite, hepatite, púrpura, alterações ósseas, retardo de crescimento intrauterino e óbito).
Laboratorial
A dosagem da IgM antivírus da rubéola, aferida pelo método Elisa, confirma o diagnóstico da fase
aguda da rubéola. Caso a coleta do sangue tenha ocorrido até 4 dias após o início do exantema com
resultado laboratorial não reagente para o anticorpo IgM, uma segunda coleta deve ser realizada entre
20 a 30 dias após a data da primeira coleta. A IgM passa a ser detectável por tempo variável no soro
materno, mas seu pico é em torno da 2ª semana após o exantema.
Na segunda coleta de sangue os títulos de IgG servirão para encerrar adequadamente o caso. Para a
confirmação do caso de rubéola, os títulos de IgG deverão ser avaliados e apenas quando ocorrer a soro
conversão do mesmo, em amostras pareadas, é que a rubéola será confirmada.
Conduta
Caso existam dúvidas em relação à imunidade da rubéola na gestante e a mesma não apresente
caderneta de vacinação confirmando o recebimento da vacina (tríplice viral ou dupla viral) ou exames
sorológicos anteriores com a informação da presença de IgG para rubéola, solicitar nova dosagem de
IgG, avaliando o resultado como segue:
Gestante IgG (+): a gestante com IgG antivírus da rubéola positivo significa contato prévio com esse
vírus. Nessa situação, o risco de transmissão vertical é mínimo.
Gestante IgG (-): a gestante com IgG antivírus da rubéola não reagente ou negativo indica que ela é
suscetível, ou seja, não entrou em contato com o vírus da rubéola. Portanto a mesma deverá ser vacinada
contra a rubéola (tríplice ou dupla viral) logo após o parto, preferencialmente ainda na maternidade.
Disponibilização
das Vacinas
Clínicas
Vacinas Esquemas e recomendações Comentários
Gratuitas privadas
nas UBS* de
vacinação
Recomendadas
Histórico Conduta na • A dTpa está
vacinal gestação recomendada em
Previamente Uma dose de todas as
vacinada, com dTpa a partir gestações, pois
pelo menos da 20ª além de proteger
três doses semana de a gestante e
de vacina gestação, evitar que
contendo o o mais ela transmita a
componente precocemente Bordetella
tetânico. possível. pertussis ao
Em gestantes Uma dose de recém-nascido,
com dT e uma permite a
vacinação dose de dTpa, transferência de
incompleta sendo que a anticorpos ao feto
tendo dTpa protegendo-o nos
recebido uma deve ser primeiros meses
dose de aplicada a de vida até́ que
vacina partir da 20ª possa ser
contendo semana de imunizado.
Tríplice
o componente gestação, o • Mulheres não
bacteriana vacinadas na
tetânico. mais
acelular do tipo
precocemente gestação devem
adulto ser vacinadas no
possível.
(Difteria, tétano puerpério, o mais
Respeitar
e precocemente SIM, dTpa
intervalo SIM,
Coqueluche) - possível. e
mínimo de dT e dTpa
dTpa ou dTpa- dTpa-VIP
um mês entre • Na falta de
VIP dTpa, pode ser
elas
Em gestantes Uma dose de substituída por
Dupla adulto
com dTpa a partir dTpa-VIP,
(difteria
vacinação da 20ª ficando a critério
e tétano) - dT
incompleta semana de médico o uso off
tendo gestação, label
recebido duas o mais em gestantes.
doses de precocemente
vacina possível.
contendo
o componente
tetânico.
Em gestantes Duas doses
não vacinadas de dT e uma
e/ou histórico dose de dTpa,
vacinal sendo que a
desconhecido. dTpa deve ser
aplicada a
partir da 20ª
semana de
gestação.
Respeitar
intervalo
1
https://sbim.org.br/images/calendarios/calend-sbim-gestante.pdf
Sífilis
A sífilis é uma doença infecciosa sistêmica, de evolução crônica e causada pelo Treponema pallidum,
que pode produzir, as formas adquirida e congênita da doença.
A sífilis é o exemplo de uma DST que pode ser controlada com sucesso por meio de ações e medidas
de programas de saúde pública em virtude da existência de testes diagnósticos sensíveis, tratamento
efetivo e de baixo custo. No entanto, continua sendo sério problema de saúde pública no Brasil.
O quadro clínico, o diagnóstico e o tratamento da sífilis na gestação não diferem do período não
gestacional.
O risco de acometimento fetal varia de 70 a 100%, dependendo da fase de infecção na gestante e do
trimestre da gestação. Essas considerações justificam a necessidade de testagem duas vezes na
gestação (primeira consulta e 3º trimestre) e no momento da internação hospitalar (seja para o parto ou
para a curetagem uterina por aborto). A realização do teste para sífilis (VDRL, RPR) no início do 3º
trimestre (28ª - 30ª semanas) permite o tratamento materno até 30 dias antes do parto, intervalo mínimo
necessário para que o recém-nascido seja considerado tratado intra-útero.
Parceiros sexuais devem ser tratados concomitantemente, caso contrário o recém-nato será
considerado caso de sífilis congênita.
As gestantes com história comprovada de alergia à penicilina (evento raro no caso da penicilina
benzatina) devem ser tratadas com eritromicina na forma de estearato, 500mg. V.O. de 6/6 horas, por 15
dias para a sífilis recente e por 30 dias para a sífilis tardia. O uso dessa droga exige estreita vigilância
não apenas pela menor eficácia, mas, também, porque o feto não deve ser considerado tratado.
Manifestações Clínicas
Sífilis Primária: caracteriza-se por ser uma lesão erosada ou ulcerada, conhecida como cancro duro
geralmente única, indolor, com bordos endurecidos, fundo liso e brilhante, com aparecimento entre 10 e
90 dias (média de 21) após o contato sexual infectante. Na mulher, geralmente aparece nos pequenos
lábios vaginais, paredes vaginais, colo uterino e anus, porém pode passar despercebida.
Sífilis Secundária: em geral manifesta-se entre seis e oito semanas após o desaparecimento
espontâneo do cancro duro. As manifestações mais comuns do secundarismo são: roséolas (exantema),
sifílides papulosas (pápulas cutâneas com localização nas superfícies palmo-plantares sugerem
Sífilis Latente (Recente e Tardia): fase de duração variável em que não se observam sinais e/ou
sintomas. O diagnóstico é realizado exclusivamente por meio de testes sorológicos.
Sífilis Tardia: os sinais e sintomas surgem em um período variável após 3 a 12 anos, ou mais, do
contágio. As manifestações mais comuns são: tubérculos ou gomas (lesões cutaneomucosas),
comprometimento articular, aneurisma aórtico, tabes dorsalis e demência.
Diagnóstico
Os testes sorológicos podem ser não treponêmicos, como o VDRL e RPR, que são quantitativos
(expressos em títulos 1:2, 1:4 etc.) e utilizados para triagem e monitoramento da infecção. Os testes
treponêmicos são aglutinação passiva (TPHA ou MHA-TP), teste de imunofluorescência indireta (FTA-
Abs) e ensaio imunoenzimático (Elisa ou EIE). Estes testes são mais específicos e utilizados para
confirmar a infecção treponêmica.
No indivíduo infectado pelo T. pallidum, os anticorpos específicos podem permanecer detectáveis
indefinidamente pelos métodos treponêmicos, podendo significar uma infecção tratada anteriormente,
diferentemente dos métodos não treponêmicos, que tendem à negativação após o tratamento e por isso
são utilizados no seguimento.
A carga viral elevada e a rotura prolongada das membranas amnióticas são reconhecidas como os
principais fatores associados à transmissão vertical do HIV. A carga viral nas secreções cérvico-vaginais
e no leite materno tem-se mostrado um importante determinante de risco de transmissão intraparto e
através da amamentação.
A taxa de transmissão vertical do HIV, sem qualquer intervenção, situa-se em torno de 25,5%. No
entanto, diversos estudos publicados na literatura médica demonstram a redução da transmissão vertical
do HIV para níveis entre 1 e 2%, por meio de intervenções preventivas, tais como: o uso de antirretrovirais
combinados (promovendo a queda da carga viral materna para menos que 1.000 cópias/ml ao final da
gestação); o parto por cirurgia cesariana eletiva; o uso de quimioprofilaxia com o AZT na parturiente e no
recém-nascido; e a não amamentação.
Diagnóstico
Diagnóstico
- Teste de Coombs indireto (pesquisa de anticorpos irregulares) positivo com título >1/16 para anti-D
e qualquer título para outros antígenos, especialmente Kell.
- Dopplervelocimetria da artéria cerebral média com medida do pico de velocidade sistólica em
cm/seg., com correção do ângulo de insonação. Este valor correlaciona-se com anemia fetal moderada e
grave, com sensibilidade próxima de 100% e taxa de falso-positivo de 12% e tem sido recomendado nos
centros de Medicina Fetal como padrão para seguimento de fetos de risco de anemia.
Conduta
A profilaxia é dever de todos os médicos para que esta doença seja erradicada.
Na eventualidade do diagnóstico de aloimunização, a gestante deve ser encaminhada para centros de
referência para o acompanhamento da gravidez.
Todo feto anêmico deve ser transfundido para prevenir a hidropsia, que aumenta o risco de óbito e
sequelas neurológicas. Para tanto é necessária cordocentese e bolsa de sangue específica para esse
procedimento, que deve ser realizado em centro de Medicina Fetal.
Idealmente, a imunoglobulina deverá ser administrada até 72 horas após o parto ou evento obstétrico,
mas há evidências de proteção contra sensibilização se administrada até 13 dias e há recomendações
para que seja administrada em até 28 dias;
Gestantes Rh negativo submetidas à laqueadura tubária também deverão receber imunoglobulina anti-
D. A dose poderá ser maior que a habitual (300μg) se o risco de hemorragia feto-materna volumosa for
significativo.
Indução do Parto
Indução implica na utilização de métodos que desencadeiem contrações uterinas objetivando o início
do trabalho de parto para assegurar o nascimento da criança em um tempo apropriado, quando se avalia
que a mesma estará mais segura fora do útero que dentro dele ou para melhorar o prognóstico materno.
Recomendações
A mulher, seu acompanhante e familiares devem receber orientações detalhadas sobre o processo de
indução, suas indicações e potenciais riscos associados. Tal concordância deve estar documentada no
prontuário.
Quando a Indução for Indicada, assegurar que Condições Adequadas de Assistência Estejam
Presentes:
- Disponibilidade de pessoal médico ou de enfermagem para monitorar a frequência cardíaca fetal e
contrações uterinas a cada 15-30 minutos durante todo o processo de indução;
- De preferência, a disponibilidade de bomba de infusão para uso de ocitocina;
- Um agente tocolítico disponível para uso nas alterações de contratilidade uterina.
Ocitocina
O objetivo da administração de ocitocina é produzir atividade uterina que seja suficiente para produzir
alterações cervicais e ao mesmo tempo evitar hiperestimulação uterina e comprometimento fetal.
- A ocitocina só deve ser utilizada quando o colo apresentar condições favoráveis, ou seja, escore de
Bishop >6.
- A prescrição de ocitocina deve ser realizada e registrada em mU/minuto.
- De preferência, a ocitocina deve ser administrada por meio de bomba de infusão.
- Antes de qualquer aumento na dose, as contrações uterinas devem ser avaliadas por palpação ou
monitoração eletrônica externa. A menor dose efetiva possível deve ser usada para prevenir
hiperestimulação uterina.
- As contrações uterinas devem ser avaliadas de preferência a cada 30 minutos e a FCF a cada 15-30
minutos.
- Os dados vitais maternos (pulso, temperatura e pressão arterial) devem ser avaliados a cada 4 horas.
- A ocitocina pode ser utilizada em gestantes com cesariana prévia seguindo os cuidados preconizados
neste guia.
- Não iniciar ocitocina em intervalo inferior a 6 horas após a última dose de misoprostol nas gestantes
que o estiverem utilizando para maturação cervical.
Cesárea Eletiva
Deve ser o método de eleição nas situações de iteratividade (duas ou mais cicatrizes de cesáreas
anteriores) e nas situações de contraindicação absoluta ao parto por via vaginal.
Excetuando-se os casos de urgência e de sofrimento fetal, as presenças de contrações uterinas são
desejáveis, mesmo quando a cesárea é a via de parto mais indicada.
As contrações são um importante indicador de época oportuna para o parto, ajudam na formação do
segmento inferior do útero, facilitando a cirurgia e diminuindo o sangramento da histerectomia, e auxiliam
Avaliação Fetal
Métodos Clínicos
Metodologia
Várias Maneiras são propostas para a Execução do RDMF. Quatro são mais conhecidas:
1) Os registros são tomados em três intervalos de uma hora de duração, distribuídos pelos três
períodos do dia (após o café da manhã, o almoço e o jantar), com a mãe repousando em decúbito lateral.
Os valores obtidos em cada um dos três intervalos são somados, e o resultado multiplicado por quatro
corresponde à atividade motora fetal em 12 horas. Segundo o protocolo do Programa Mãe Curitibana,
2005, a soma diária da contagem deve ser maior ou igual a 15 movimentos fetais.
Diminuição acentuada (de mais de 50% no número de movimentos fetais) e brusca ou cessação da
movimentação fetal, descritas como “sinal de alarme”, associam-se com sofrimento fetal e precedem de
12 a 24 horas o óbito fetal. Nestas situações, a gestante deve ser orientada a procurar a unidade de saúde
ou o hospital de referência para avaliação da vitalidade fetal mais complexa.
2) Contagem da movimentação fetal até complementarem-se 10 movimentos, valor considerado como
limite mínimo diário para fins clínicos.
O registro da movimentação pode ser feito com a gestante em repouso, ou exercendo atividade leve,
em qualquer período do dia.
Valores menores que 10 movimentos em 12 horas sugerem a presença de hipóxia fetal. Também neste
caso, diminuição abrupta ou cessação da movimentação são tomadas como sinal de alarme para óbito
fetal iminente.
3) Registro dos movimentos fetais por período de uma hora em posição sentada.
Valores maiores que seis movimentos/hora correspondem a fetos em boas condições.
4) Contagem de movimentos fetais percebidos pela mãe em 2 horas. Os registros dos movimentos
devem ser feitos com a mãe em repouso somando 4 períodos de 30 minutos em 24 horas.
Valor mínimo normal entre 30-40 semanas = 10 movimentos em 24 horas.
Recomendações
Metodologia
1) Determinar a frequência cardíaca fetal (FCF) basal ou de repouso.
2) Verificar a frequência cardíaca fetal associada à movimentação espontânea fetal. A presença de
elevação da FCF é sinal de boa oxigenação fetal.
3) Na ausência de resposta, faz-se a estimulação sonora (buzina de bicicleta).
Resposta mínima para estímulo sonoro: elevação de 20bpm e intervalo de 3 minutos para retornar à
FCF basal (detectada previamente).
A prova de aceleração cardíaca fetal, por ser método de triagem, também não pode determinar a
conduta definitiva. Diante de um resultado anormal, o teste sempre deve ser seguido por outro teste mais
específico de avaliação da vitalidade fetal.
Métodos Biofísicos
Cardiotocografia anteparto de repouso (CTG basal). A análise cardiotocografia possibilita a avaliação
da integridade dos mecanismos do sistema nervoso central envolvidos no controle da frequência cardíaca
e da cinética fetal.
O feto hígido, próximo do termo, apresenta frequência cardíaca estável entre 110 e 160bpm-
batimentos por minuto (bradicardia<110bpm: pós-maturidade, drogas betabloqueadoras - propranolol,
bloqueio A-V, asfixia fetal grave; taquicardia>160bpm: hipoxemia crônica - estímulo simpático,
corioamnionite, hipertermia materna, aumentando 10bpm/cada grau centígrado, drogas uterolíticas,
nicotina, hiperatividade fetal e taquiarritmias) e variabilidade da frequência cardíaca entre 6 e 25bpm.
Além dessas características, ocorrendo movimentação, o feto exibe aceleração transitória de amplitude
igual ou superior a 15bpm e duração superior a 15 segundos.
Algumas situações como a hipóxia fetal, a prematuridade, o sono fetal e o uso de drogas sedativas,
tranquilizantes e anti-hipertensivas, além de situações como febre, hipoglicemia e tabagismo, modificam
o padrão fisiológico acima descrito.
O exame consiste no registro simultâneo da frequência cardíaca e dos movimentos fetais espontâneos,
durante pelo menos 20 minutos. Nesse período inicial, se não se constatarem ao menos duas acelerações
transitórias, ou variabilidade diminuída, ou ainda desacelerações, o exame deve ser prolongado por mais
20 minutos e, se necessário, deve ser realizada estimulação vibro-acústico, com buzina tipo Kobo sobre
o polo cefálico fetal, por 3 a 5 segundos.
Outros elementos a serem considerados são o nível da linha de base (bradicárdico ou taquicárdico), a
variabilidade (reduzida, igual ou menor que 5bpm) e a presença de desaceleração tardia. A presença de
desacelerações tardias que tem uma decalagem superior a 20 segundos entre o pico da contração uterina
e o fundo da desaceleração (valor mínimo dos batimentos cardíacos fetais) indica gravidade, assim como
as desacelerações variáveis profundas e prolongadas com retorno abrupto, que são resultantes de
compressão do cordão umbilical.
Recomendações
- Orientar a gestante sobre o exame (indicações, técnica, inocuidade, etc.);
- Iniciar somente após a 28ª semana;
- A validade do exame é de 7 dias. Portanto, repetir, no máximo, dentro desse período;
- Realizar o exame com a mulher:
- Em posição semissentada (semi-Fowler) ou sentada ou decúbito lateral contralateral ao dorso fetal;
- Após período de repouso;
- Sem ter fumado ou tomado medicação que possa interferir no comportamento fetal até uma hora
antes do exame.
Segundo alguns estudos, o uso da cardiotocografia anteparto: não reduz a mortalidade e morbidade
fetal devido a complicações por asfixia; não piora o resultado da gestação pela interpretação errônea de
sofrimento fetal. Mas a cardiotocografia anteparto pode ser usada para dar segurança para a mãe e para
o obstetra que a gravidez pode seguir adiante.
Métodos Clínicos
Seja por ausência de informação, incerteza quanto à data da última menstruação ou ainda incoerência
entre os achados clínicos e a informação obtida, a gestante deverá ser submetida a uma ultrassonografia
para determinação da idade gestacional.
Quanto aos movimentos fetais, se bem que existam precocemente, só são percebidos pela grávida do
4º mês em diante. Nas duas últimas semanas de gestação, pode ocorrer, nas primíparas, a queda do
ventre, pela insinuação do polo cefálico (com o alívio respiratório para a gestante).
A ultrassonografia oferece a oportunidade de calcular a idade da gestação pela biometria fetal. No
início da gestação, o cálculo é feito pelo tamanho do saco gestacional sendo, entretanto, pouco preciso.
Da 8ª a 14ª semana, mede-se a distância cabeça-nádegas do feto, que é o parâmetro mais preciso.
Quando houver uma diferença de 5 dias ou mais entre a data da última menstruação e a USG realizada
nesta época, deve-se corrigir a idade gestacional pela ultrassonografia. Na 2ª metade da gestação, o
cálculo da idade gestacional é feito pela medida do diâmetro biparietal, da circunferência abdominal, e do
comprimento do fêmur, bem como da presença e do tamanho dos pontos de ossificação secundária do
fêmur. Devido à maior margem de erro do USG realizado nessa época (mais ou menos duas semanas),
o mesmo deve servir de parâmetro apenas se houver uma diferença maior que 10 dias em relação à data
da última menstruação.
O resultado é confiável em 90% dos casos, havendo falso-positivos e falso negativos em 10%.
São contraindicados para mulheres com placenta prévia (diagnosticada ou suspeita) e processos
infecciosos cérvico-vaginais.
Amniocentese
É a coleta do líquido amniótico por via abdominal, hoje orientada pela ultrassonografia.
Há dois tipos fundamentais de amniocentese: precoce, realizada na 1ª metade da gravidez (a partir da
15ª semana), e tardia, realizada na 2ª metade da gravidez (de preferência após a 28ª semana).
Pode ser feita em ambulatório, com orientação ultrassonográfica. A agulha usada é, preferencialmente,
a de número 12 por 20 ou 22 gauge. Retirar 10 a 20ml de líquido.
Riscos da Amniocentese: infecção, abortamento, lesão fetal anexial, trabalho de parto prematuro e
amniorrexe.
Métodos Laboratoriais
Macroscopia: deve-se fazer uma descrição do líquido, que é colocado em tubo de ensaio e examinado
contra um fundo branco, atendendo às seguintes características:
Cor e transparência: O líquido normalmente é claro e transparente (água de rocha) e, após 36
semanas, pode se ver a presença de grumos (vérnix caseoso) que, em grande quantidade, tornam o
líquido opalescente. Entende-se que se o líquido apresentar outros aspectos, é patológico: verde
(mecônio), amarelo (presença de bilirrubina), vermelho (hemoâmnio) e achocolatado (óbito fetal). Esses
dados avaliam, a grosso modo, a vitalidade e a maturidade fetal.
Microscopia: há provas que são realizadas para verificar a maturidade fetal por meio de:
Surfactantes: nos pulmões existem substâncias surfactantes destinadas a proporcionar estabilidade
ao alvéolo, evitando atelectasia. Produzidas no pneumócito tipo II, são lipoproteínas complexas com
estrutura do glicerol. Entre os surfactantes, destacam-se: fosfatidilcolina (lecitina), fosfatidilglicerol,
inositol, serina, etanolamina e esfingomielina. A lecitina é o mais importante dos surfactantes e aumenta
com o evoluir da gravidez (agente tensoativo). A esfingomielina, de menor importância, decresce no final
da gravidez.
Afecções Ginecológicas
Vulvovaginites
Consideram-se como vulvovaginites todas as manifestações inflamatórias e/ou infecciosas, de caráter
agudo ou crônico que podem acometer a vulva, vagina ou o colo uterino, podendo atingir também a
bexiga, ureter, ânus e face interna das coxas.
As vulvovaginites manifestam-se por meio de leucorréias de aspectos e consistências distintas,
segundo as características do agente infeccioso, do grau de infestação e das condições clínicas do
hospedeiro (mulher).
O corrimento pode se apresentar associado a um ou mais dos seguintes sintomas: prurido contínuo
no canal vaginal e vulva, dor ou ardor local e/ou ao urinar e sensação de desconforto pélvico; os pequenos
lábios, o clitóris e o introito vaginal podem apresentar edema e hiperemia, como também escoriações
devido ao prurido.
É imprescindível o tratamento do parceiro nas vulvovaginites recidivantes. O tratamento, depois de
iniciado, não deverá ser interrompido mesmo durante a menstruação. É importante o uso de preservativos
durante a relação sexual, enquanto permanecer o tratamento.
Bartholinite
A bartholinite é uma infecção estritamente vulvar da glândula de Bartholin. Sua infecção é às vezes
crônica e sob a forma de cisto, sendo mais frequente a forma aguda, que caracteriza-se pela presença
de rubor, calor, dor e com edema significativo, por vezes deformando a vulva.
Leiomiomatose Uterina
Leiomiomatose uterina, também conhecida por miomatose uterina, é um tumor benigno sólido que com
frequência acomete as mulheres e se aloja preferencialmente no corpo do útero.
A causa da formação do mioma é desconhecida. É ligeiramente mais comum em mulheres nuligestas
e nas de raça negra. Está relacionado com a produção hormonal, não apresentando crescimento com a
menopausa.
Em mulheres não grávidas, os miomas podem ou não trazer problemas.
Cerca de 25%, entretanto, causam sangramento uterino anormal.
Algumas mulheres queixam-se de plenitude ou sensação de peso pélvico. Podem ainda causar
dismenorreia, leucorreia, hipermenorreia ou menorragia. Pode ocorrer um quadro de anemia e ou de
infecção. O tratamento inicial sempre é conservador, com o uso de terapêutica hormonal, mas na
ausência de resposta e tratamento poderá tornar-se cirúrgico.
Em mulheres grávidas, os miomas podem causar os seguintes riscos adicionais: aborto, falta de
encaixamento, trabalho de parto prematuro, dor, distocia, trabalho de parto prolongado e hemorragia pós-
parto.
Questões
01. (Prefeitura de Natal - Enfermeiro - COMPERVE/2018) - As síndromes hipertensivas na gravidez
são as maiores causas de morbidade e mortalidade materna e fetal (BRASIL, 2012). Dentre essas
síndromes, destaca-se a hipertensão crônica na gestação que corresponde à hipertensão de qualquer
etiologia quando o nível da pressão arterial for
(A) igual a 130/90 mmHg antes da gravidez ou diagnosticada até a 24ª semana da gestação ou além
de doze semanas após o parto.
(B) maior ou igual a 140/100 mmHg no início da gravidez ou diagnosticada após a 24ª semana da
gestação ou além de oito semanas após o parto.
(C) maior ou igual a 140/90 mmHg antes da gravidez ou diagnosticada até a 20ª semana da gestação
ou além de doze semanas após o parto.
(D) igual a 150/100 mmHg no início da gravidez ou diagnosticada após a 20ª semana da gestação ou
além de oito semanas após o parto.
02. (EBSERH - Enfermeiro - CESPE/2018) - Acerca de assuntos relacionados a anatomia e fisiologia
da gestação, julgue o próximo item.
Microcefalia fetal pode ser resultado de diabetes gestacional não controlada.
( )Certo ( )Errado
03. (Câmara de Belo Horizonte - Técnico de Enfermagem - CONSUPLAN/2018) - No início do pré-
natal, o médico solicita vários exames de sangue de rotina, e um deles é o de tipagem sanguínea, para
descobrir o grupo sanguíneo (A, B, AB ou O) e o fator Rh positivo ou negativo. Diante do exposto, analise
as afirmativas a seguir.
I. O fator Rh só é importante na gravidez se a mãe for Rh negativo e o bebê for Rh positivo. Para que
isto possa acontecer, o pai do bebê tem que ser Rh positivo.
II. Caso o sangue do bebê entre em contato com o da mãe durante o parto, o sistema imune da grávida
produzirá anticorpos que atuarão numa segunda gravidez.
Apostila gerada especialmente para: Janderson silva de mendonça 088.019.224-00
35
III. Na segunda gravidez, quando o bebê tem Rh positivo, os anticorpos do sistema imunológico da
mãe podem atravessar a placenta e atacar as células do sangue do bebê, provocando uma doença
chamada eritroblastose fetal ou doença hemolítica perinatal tornando a gestante estéril.
IV. Quando a grávida tem sangue Rh negativo, mas o bebê tem Rh positivo, é necessário fazer uma
injeção de imunoglobulina anti-D para eliminar os anticorpos criados no organismo da gestante e evitar
complicações na gestação.
04. (UFSC - Enfermeiro - COPERVE/2018) - Uma mulher de 26 anos apresenta-se à unidade primária
de saúde porque perdeu o último período menstrual e acha que pode estar grávida. Ela relata cansaço,
sensibilidade nas mamas, aumento da frequência urinária, náuseas e vômitos pela manhã. O(A)
enfermeiro(a) interpretará esses achados com qual resultado de gravidez?
(A) Positivo.
(B) Provável.
(C) Possível.
(D) Presuntivo.
(E) Negativo.
07. (IBFC - Enfermeiro - EBSERH/2017) - Sobre a técnica para medida da altura uterina, analise as
afirmativas abaixo, dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F) e assinale a alternativa que apresenta a
sequência correta de cima para baixo.
( ) Posicione a gestante em decúbito lateral esquerdo, com o abdome descoberto.
( ) Delimite a borda superior da sínfise púbica e o fundo uterino.
( ) Por meio da palpação, procure corrigir a comum dextroversão uterina.
(A) V,V,V
(B) V,F,V
(C) F,V,F
(D) F,V,V
(E) V,V,F
09. (CEP 28 - Técnico de - Enfermagem - IBFC) - Assinale a alternativa que completa corretamente
a lacuna.
Durante a gravidez a ___________ , se caracteriza pela presença de edema, hipertensão arterial,
cefaleia occipital, tonteiras, perturbações visuais e nervosas, crise convulsiva.
(A) Hemossalpingite.
(B) Eclampsia.
(C) Hiperemese gravídica.
(D) Polidramnia.
10. (UFPEL - Auxiliar de - Enfermagem - UFPeL-CES) - Ao verificar os sinais vitais de uma gestante
com IG=30 semanas, o auxiliar de enfermagem observa que ela apresenta aumento de peso significativo,
edema de membros inferiores, cefaleia, distúrbios visuais e níveis elevados de pressão arterial, mesmo
em repouso. Em relação ao quadro de sinais e sintomas, pode tratar-se de:
(A) diabete gravídica.
(B) óbito fetal.
(C) hemorragia da gestação.
(D) eclâmpsia grave.
(E) pré-eclâmpsia.
12. (EBSERH - Enfermeiro - Saúde da Mulher - HUAP - UFF - IBFC) - O abortamento é uma das
condições clínicas mais frequentes que se apresentam com hemorragias do primeiro trimestre de
gestação. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o abortamento se caracteriza como perda
do concepto de _______, _____ de peso ou _______ de comprimento. Preencha as lacunas e a seguir
assinale a alternativa correta.
(A) Até 12 semanas completas; 300 gramas; 12,5 centímetros.
(B) Até 22 semanas completas; 500 gramas; 16,5 centímetros.
(C) Até 16 semanas incompletas; 400 gramas; 14,5 centímetros.
(D) 12 a 20 semanas completas; 300 a 500 gramas; 12,0 a 16,0 centímetros.
(E) Até 24 semanas completas; 1000 gramas; 30,0 centímetros.
13. (Prefeitura de Rio de Janeiro - RJ - Enfermeiro - Prefeitura de Rio de Janeiro - RJ) - Dentre as
intercorrências clínicas e obstétricas mais frequentes identificadas no pré-natal, constitui uma das mais
importantes situações hemorrágicas, na segunda metade da gestação:
(A) abortamento.
(B) gravidez ectópica.
(C) descolamento prematuro de placenta.
(D) mola hidatiforme.
Gabarito
01.C / 02.Certo / 03.C / 04.D / 05.D / 06.B / 07.D / 08.A / 09.B / 10.E / 11.A / 12.B / 13.C / 14.D
Comentários
01. Resposta: C
Hipertensão Arterial: pressão arterial igual ou maior que 140/90mmHg baseada na média de pelo
menos duas medidas. Hipertensão Crônica: observada antes da gravidez, ou antes de 20 semanas de
gestação, ou diagnosticada pela primeira vez durante a gravidez e não se resolve até 12 semanas após
o parto.
03. Resposta: C
A primeira afirmativa é verdadeira, pois quando a mãe que tem sangue do tipo Rh negativo, o bebê
nasce com Rh positivo isso apenas pode acontecer quando o sangue do pai é Rh positivo.
A segunda afirmativa é verdadeira, pois caso ocorra o contato do sangue do bebê com o da mãe
durante a primeira gravidez, a mãe produzirá anticorpos que durante a segunda gestação começam a
combater as células vermelhas do sangue do novo bebê.
A terceira afirmativa é falsa, pois em relação as consequências da eritrobalstose fetal o bebê pode
nascer com anemia grave, inchaços, aumento do fígado, aborto espontâneo, surdez, hidropsia fetal e
morte do feto.
A quarta afirmativa é verdadeira, pois a aplicação de imunoglobulina anti-Rh irá impedir a mãe produzir
novos anticorpos, deverá ser feita entre 28ª e a 30ª semana de gestação e aplicada por um profissional
de saúde.
04. Resposta: D
São sinais de presunção os que sugerem gestação, decorrentes, principalmente, do aumento da
progesterona, fazem parte a amenorreia, náuseas com ou sem vômitos sendo mais frequente pela manhã,
alterações mamárias e polaciúria que é o aumento da frequência urinária.
05. Resposta: D
Parceiros sexuais devem ser tratados concomitantemente, caso contrário o recém-nato será
considerado caso de sífilis congênita.
06. Resposta: B
A Tricomoníase genital é uma infecção causada pela Trichomonas vaginalis, tendo como via de
transmissão a sexual. Pode permanecer assintomática no homem e na mulher, principalmente após a
menopausa. Na mulher pode acometer a vulva, o canal vaginal e a cérvice uterina. Os sinais e sintomas
07. Resposta: D
A medida é feita em centímetros com uma fita métrica flexível e não extensível, do púbis ao fundo do
útero, determinado por palpação, com a grávida em decúbito dorsal.
Existem diferentes métodos de medida que oferecem valores diferentes, por isso é imprescindível
normalizar a forma de medir e utilizar padrões normais de referência que tenham sido elaborados com a
mesma técnica.
Técnica 1: a extremidade da fita métrica é fixada na margem superior da púbis com uma mão,
deslizando a fita entre os dedos indicador e médio da outra mão até alcançar o fundo do útero com a
margem cubital dessa mão.
Técnica 2: a fita é colocada debaixo da borda cubital, por isso, ao descrever uma curva maior, o valor
que se obtém e 1,5 ± 0,6 cm maior em relação ao obtido com a técnica anterior, no 3º trimestre de
gestação.
08. Resposta: A
As náuseas e vômitos representam as condições médicas mais comuns da gravidez, contribuindo para
um alto grau de ansiedade e preocupação nas mulheres. Nas suas formas mais graves, são chamadas
de hiperemese gravídica, definida como vômitos persistentes que levam a uma perda de peso maior que
5% do peso pré-gravídico, associada a desequilíbrio hidroeletrolítico e cetonúria, o que ocorre em cerca
de 1% das gestações.
09. Resposta: B
A eclâmpsia caracteriza-se pela presença de convulsões tônico-clônicas generalizadas ou coma em
mulher com qualquer quadro hipertensivo, não causadas por epilepsia ou qualquer outra doença
convulsiva.
10. Resposta: E
Pré-eclâmpsia: a presença de aumento rápido de peso, edema facial ou outros sintomas sugestivos
da doença requerem uma monitoração mais rigorosa da pressão arterial e a detecção de proteinúria.
11. Resposta: A
Considerando que o parto ou aborto ocorrem espontaneamente dentro das três semanas seguintes ao
óbito fetal, a opção de esperar esse prazo deve ser oferecida às mulheres e utiliza-se o misoprostol
somente para aquelas que solicitam uma conduta ativa.
12. Resposta: B
Conceitua-se como abortamento a interrupção da gravidez ocorrida antes da 22ª semana de gestação
e com produto da concepção pesando menos que 500 gramas. O produto da concepção eliminado no
processo de abortamento é chamado aborto.
13. Resposta: C
As Mais Importantes Situações Hemorrágicas Gestacionais São:
Segunda Metade da Gestação
- Placenta prévia;
- Descolamento prematuro da placenta;
- Rotura uterina;
- Vasa prévia.
14. Resposta: D
O rastreamento é considerado positivo nas gestantes com nível de glicose plasmática de jejum igual
ou superior a 85mg/dL e/ou na presença de qualquer fator de risco para o diabetes gestacional. Na
ausência de fatores de risco e glicemia de jejum ≤ 85mg/dL, considera-se rastreamento negativo e deve-
se repetir a glicemia de jejum entre a 24ª e 28ª semana de gestação.
Duas glicemias plasmáticas de jejum ≥ 126mg/dL confirmam o diagnóstico de diabetes gestacional,
sem necessidade de teste de tolerância.
Admitindo a Parturiente
O atendimento da parturiente na sala de admissão de uma maternidade deve ter como preocupação
principal uma recepção acolhedora à mulher e sua família, informando-os da dinâmica da assistência na
maternidade e os cuidados pertinentes a esse momento: acompanhá-la na admissão e encaminhá-la ao
pré-parto; colher os exames laboratoriais solicitados (hemograma, VDRL e outros exames, caso não os
tenha realizado durante o pré-natal); promover um ambiente tranquilo e com privacidade; monitorar a
evolução do trabalho de parto, fornecendo explicações e orientações.
Questões
03. (IF - RJ - Técnico de Enfermagem) O segundo estágio do trabalho de parto é descrito como
(A) pós-parto imediato.
(B) período do início das contrações até a dilatação completa.
Gabarito
Comentários
01. Resposta: A
Caso a parturiente esteja desanimada, frustrada ou necessite permanecer no leito durante o trabalho
de parto, devido às complicações obstétricas ou fetais, deve ser aconselhada a ficar na posição de
decúbito lateral esquerdo, tanto quanto possível (esta posição diminui a compressão do útero sobre a
aorta e a veia cava inferior).
02. Resposta: A
Corresponde às primeiras duas horas após o parto, fase em que ocorre a loquiação e se avalia a
involução uterina e recuperação da genitália materna.
03. Resposta: D
O segundo período do trabalho de parto é o período de expulsão inicia-se com a completa dilatação
do colo uterino e termina com o nascimento do bebê.
04. Resposta: A
Inicia-se após a expulsão do feto e termina com a saída da placenta e membranas (amniótica e
coriônica). Recebe o nome de delivramento ou dequitação e deve ser espontâneo, sem compressão
uterina. Pode durar de alguns minutos a 30 minutos. Nessa fase é importante atentar para as perdas
sanguíneas, que não devem ser superiores a 500 ml.
PUERPÉRIO
Durante toda a gravidez, o organismo materno sofre alterações gradativas - as mais marcantes
envolvem o órgão reprodutor. O puerpério inicia-se logo após a dequitação e termina quando a fisiologia
materna volta ao estado pré-gravídico. Esse intervalo pode perdurar por 6 semanas ou ter duração
variável, principalmente nas mulheres que estiverem amamentando.
O período puerperal é uma fase de grande estresse fisiológico e psicológico.
A fadiga e perda de sangue pelo trabalho de parto e outras condições desencadeadas pelo nascimento
podem causar complicações - sua prevenção é o objetivo principal da assistência a ser prestada.
Nos primeiros dias do pós-parto, a puérpera vive um período de transição, ficando vulnerável às
pressões emocionais. Problemas que normalmente enfrentaria com facilidade podem deixá-la ansiosa
em vista das responsabilidades com o novo membro da família (“Será que vou conseguir amamentá-lo?
Por que o bebê chora tanto? ”), a casa (“Como vou conciliar os cuidados da casa com o bebê? ”), o
companheiro (“Será que ele vai me ajudar? Como dividir a atenção entre ele e o bebê? ”), e a família
(“Como dividir a atenção com os outros filhos? O que fazer, se cada um diz uma coisa? ”).
Nesse período, em vista de uma grande labilidade emocional, somada à exaustão física, pode surgir
um quadro de profunda tristeza, sentimento de incapacidade e recusa em cuidar do bebê e de si mesma
- que pode caracterizar a depressão puerperal. Essas manifestações podem acontecer sem causa
aparente, com duração temporária ou persistente por algum tempo. Esse transtorno requer a intervenção
de profissionais capazes de sua detecção e tratamento precoce, avaliando o comportamento da puérpera
e proporcionando-lhe um ambiente tranquilo, bem como prestando orientações à família acerca da
importância de seu apoio na superação deste quadro.
O puerpério imediato, também conhecido como quarto período do parto, inicia-se com a involução
uterina após a expulsão da placenta e é considerado crítico, devido ao risco de hemorragia e infecção.
A infecção puerperal está entre as principais e mais constantes complicações.
O trabalho de parto e o nascimento do bebê reduzem a resistência à infecção causada por
microrganismos encontrados no corpo.
Inúmeros são os fatores de risco para o aparecimento de infecções: o trabalho de parto prolongado
com a bolsa amniótica rompida precocemente, vários toques vaginais, condições socioeconômicas
desfavoráveis, anemia, falta de assistência pré-natal e história de doenças sexualmente transmissível
não tratada.
O parto cesáreo tem maior incidência de infecção do que o parto vaginal, pois durante seu
procedimento os tecidos uterinos, vasos sanguíneos, linfáticos e peritônio estão expostos às bactérias
existentes na cavidade abdominal e ambiente externo. A perda de sangue e consequente diminuição da
resistência favorecem o surgimento de infecções.
Os sinais e sintomas vão depender da localização e do grau da infecção, porém a hipertermia é
frequente - em torno de 38º C ou mais. Acompanhando a febre, podem surgir dor, não-involução uterina
e alteração das características dos lóquios, com eliminação de secreção purulenta e fétida, e diarreia.
O exame vaginal, realizado por enfermeiro ou médico, objetiva identificar restos ovulares; nos casos
necessários, deve-se proceder à curetagem.
Cabe ao auxiliar de enfermagem monitorar os sinais vitais da puérpera, bem como orientá-la sobre a
técnica correta de lavagem das mãos e outras que ajudem a evitar a propagação das infecções. Além
disso, visando evitar a contaminação da vagina pelas bactérias presentes no reto, a puérpera deve ser
orientada a lavar as regiões da vulva e do períneo após cada eliminação fisiológica, no sentido da vulva
para o ânus.
Para facilitar a cicatrização da episiorrafia, deve-se ensinar a puérpera a limpar a região com
antisséptico, bem como estimular-lhe a ingesta hídrica e administrar-lhe medicação, conforme prescrição,
visando diminuir seu mal-estar e queixas álgicas. Nos casos de curetagem, preparar a sala para o
procedimento.
A involução uterina promove a vasoconstrição, controlando a perda sanguínea. Nesse período, é
comum a mulher referir cólicas.
O útero deve estar mais ou menos 15 cm acima do púbis, duro e globóide pela contração, formando o
globo de segurança de Pinard em resposta à contratilidade e retração de sua musculatura. A total
involução uterina demora de 5 a 6 semanas, sendo mais rápida na mulher sadia que teve parto normal e
está em processo de amamentação.
Os lóquios devem ser avaliados quanto ao volume (grande ou pequeno), aspecto (coloração,
presença de coágulos, restos placentários) e odor (fétido ou não). Para remoção efetiva dos coágulos,
deve-se massagear levemente o útero e incentivar a amamentação e deambulação precoces.
A hemorragia puerperal é uma complicação de alta incidência de mortalidade materna, tendo como
causas a atonia uterina, lacerações do canal vaginal e retenção de restos placentários.
É importante procurar identificar os sinais de hemorragia - de quinze em quinze minutos - e avaliar
rotineiramente a involução uterina através da palpação, identificando a consistência. Os sinais dessa
complicação são útero macio (maleável, grande, acima do umbigo), lóquios em quantidades excessivas
(contendo coágulos e escorrendo num fio constante) e aumento das frequências respiratória e cardíaca,
com hipotensão.
Caso haja suspeita de hemorragia, o auxiliar de enfermagem deve avisar imediatamente a equipe,
auxiliando na assistência para reverter o quadro instalado, atentando, sempre, para a possibilidade de
choque hipovolêmico. Deve, ainda, providenciar um acesso venoso permeável para a administração de
Por ocasião da alta hospitalar, especial atenção deve ser dada às orientações sobre o retorno à
atividade sexual, planejamento familiar, licença-maternidade de 120 dias (caso a mulher possua vínculo
empregatício) e importância da consulta de revisão de pós-natal e puericultura.
A consulta de revisão do puerpério deve ocorrer, preferencialmente, junto com a primeira avaliação da
criança na unidade de saúde ou, de preferência, na mesma unidade em que efetuou a assistência pré-
natal, entre o 7º e o 10º dia pós-parto.
Até o momento, foi abordado o atendimento à gestante e ao feto com base nos conhecimentos
acumulados nos campos da obstetrícia e da perinatologia. Com o nascimento do bebê são necessários
os conhecimentos de um outro ramo do saber - a neonatologia.
Surgida a partir da pediatria, a neonatologia é comumente definida como um ramo da medicina
especializado no diagnóstico e tratamento dos recém-nascidos (RNs). No entanto, ela abrange mais do
que isso - engloba também o conhecimento da fisiologia dos neonatos e de suas características.
Questões
Gabarito
01.A
Comentários
01.Resposta: A
Nos primeiros dias do pós-parto, a puérpera vive um período de transição, ficando vulnerável às
pressões emocionais. Problemas que normalmente enfrentaria com facilidade podem deixá-la ansiosa
em vista das responsabilidades com o novo membro da família. Nesse período, em vista de uma grande
labilidade emocional, somada à exaustão física, pode surgir um quadro de profunda tristeza, sentimento
de incapacidade e recusa em cuidar do bebê e de si. Essa tristeza pós-parto é quase fisiológica.
Normalmente as mulheres apresentam certa tristeza e irritabilidade que têm início em geral no terceiro
dia depois do parto, dura uma semana, dez, quinze dias no máximo, e desaparece espontaneamente. Já
a depressão pós-parto começa algumas semanas depois do nascimento da criança e deixa a mulher
incapacitada, com dificuldade de realizar as tarefas do dia a dia.
MÉTODOS CONTRACEPTIVOS
A atuação dos profissionais de saúde, no que se refere ao Planejamento Familiar, deve estar pautada
no Artigo 226, Parágrafo 7, da Constituição da República Federativa do Brasil, portanto, no princípio da
paternidade responsável e no direito de livre escolha dos indivíduos e/ou casais. Em 1996, um projeto de
lei que regulamenta o planejamento familiar foi aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pela
Presidência da República.
A Lei estabelece que as instâncias gestoras do Sistema Único de Saúde (SUS), em todos os seus
níveis, estão obrigadas a garantir à mulher, ao homem ou ao casal, em toda a sua rede de serviços,
Assistência à Anticoncepção
Essas atividades devem ser desenvolvidas de forma integrada, tendo-se sempre em vista que toda
visita ao serviço de saúde constitui-se numa oportunidade para a prática de ações educativas que não
devem se restringir apenas às atividades referentes à anticoncepção, no enfoque da dupla proteção, mas
sim abranger todos os aspectos da saúde integral da mulher.
Deve-se, ainda, promover a interação dos membros da equipe de saúde, de forma a permitir a
participação dos diversos elementos, nessas atividades, de acordo com o nível de responsabilidade
requerido em cada situação.
Atividades Educativas
Aconselhamento
Atividades Clínicas
As atividades clínicas devem ser realizadas levando-se em conta que todo e qualquer contato que a
mulher venha a ter com os serviços de saúde deve ser utilizado em benefício da promoção, proteção e
recuperação da sua saúde.
De tal forma que a primeira consulta deve ser feita após as atividades educativas incluindo: a
anamnese; exame físico geral e ginecológico, com especial atenção para a orientação do autoexame das
mamas e levantamento de data da última colpocitologia oncótica para avaliar a necessidade de realização
da coleta ou encaminhamento para tal; análise da escolha e prescrição do método anticoncepcional.
As consultas subsequentes ou consultas de retorno visam um atendimento periódico e contínuo para
reavaliar a adequação do método em uso, bem como prevenir, identificar e tratar possíveis
intercorrências.
Este método baseia-se no fato de que a duração da segunda fase do ciclo menstrual (pós-ovulatório)
é relativamente constante, com a ovulação ocorrendo entre a 16 dias antes do início da próxima
menstruação.
O cálculo do período fértil da mulher é feito mediante a análise de seu padrão menstrual prévio, durante
6 (seis) a 12 (doze) meses. A mulher que quiser usar este método deve ser orientada para registrar,
durante pelo menos 6 meses, o primeiro dia de cada menstruação.
No exemplo:
Início do período fértil = 25 - 18 = 7° dia
Fim do período fértil = 34 - 11 = 23° dia
Neste exemplo, o período fértil determinado foi do 7° ao 23° dia do ciclo menstrual (ambos os dias,
inclusive), com uma duração de 17 dias.
e) Para evitar a gravidez orientar a mulher e/ou casal para abster-se de relações sexuais com contato
genital durante o período fértil (no exemplo acima, do 7° ao 23° dia).
Benefício Não-Contraceptivo
- Ausência de efeitos sistêmicos;
- Favorece o conhecimento da fisiologia reprodutiva.
b) Consultas de retorno
- Podem ser feitas por qualquer elemento da equipe de saúde, desde que devidamente treinado.
Periodicidade
- Primeiro retorno depois de um mês;
- Retornos subsequentes de 6 em 6 meses.
Atividades específicas
- Avaliar a qualidade dos registros e a capacidade da mulher e/ou do casal em cumprir as instruções
de uso do método;
- Refazer os cálculos com a usuária a cada 6 meses, sempre com base nos últimos 6 a 12 ciclos;
- Reforçar as recomendações dadas na primeira consulta.
Este método fundamenta-se nas alterações da temperatura basal que ocorrem na mulher ao longo do
ciclo menstrual.
A temperatura basal corporal é a temperatura do corpo em repouso. Antes da ovulação, a temperatura
basal corporal permanece num determinado nível baixo; após a ovulação, ela se eleva ligeiramente
(alguns décimos de grau centígrado), permanecendo nesse novo nível até a próxima menstruação.
Este aumento de temperatura é resultado da elevação dos níveis de progesterona, que tem um efeito
termogênico. O método permite, portanto, por meio da mensuração diária da temperatura basal, a
determinação da fase infértil pós-ovulatória.
b) Registrar a temperatura observada a cada dia do ciclo menstrual em papel quadriculado comum
(0,5cm = 0,1°C). Ligar os pontos referentes a cada dia, formando uma linha que vai do 1° ao 2° ao 3° etc.
Cada ciclo menstrual terá seu gráfico próprio de temperatura basal corporal.
d) Reconhecer que a diferença de no mínimo 0,2°C entre a última temperatura baixa e as três
temperaturas altas que se seguem indica a mudança da fase ovulatória para a fase pós-ovulatória do
ciclo menstrual, durante a qual a temperatura se manterá alta, até a época da próxima menstruação. O
período fértil termina na manhã do 4° dia em que for observada a temperatura elevada.
e) Para facilitar a interpretação do gráfico pode-se traçar uma linha base da seguinte forma:
- Constatar, no mínimo, 6 (seis) temperaturas baixas consecutivas durante a fase pré ovulatória;
- Riscar a linha base, no sentido horizontal, 0,5cm acima da mais alta dessas seis temperaturas (0,1
°C no gráfico a ser utilizado);
- O período infértil começa na manhã do dia em que se verificar a quarta temperatura alta, acima da
linha base.
f) Para evitar a gravidez o casal deve abster-se das relações sexuais com contato genital durante toda
a primeira fase do ciclo (pré-ovulatório) e até a manhã do dia em que se verificar a quarta temperatura
alta acima da linha base, principalmente durante os primeiros meses de uso do método.
Posteriormente, sendo possível predizer a data da ovulação com base nos registros anteriores, a
abstinência sexual pode ficar limitada ao período de 4 a 5 dias antes da data prevista da ovulação e até
a manhã do 4° dia da temperatura alta.
g) Atentar para os seguintes fatores que podem alterar a temperatura basal, registrando-os no gráfico
quando ocorrerem:
- Mudanças no horário de verificação da temperatura;
- Ingestão de bebidas alcóolicas;
- Recolher-se tarde da noite para dormir;
- Perturbações do sono, sono interrompido (necessidade de se levantar com frequência, insônia);
- Doenças como resfriados, gripes ou outras infecções;
- Mudanças de ambiente (principalmente nos períodos de férias);
- Perturbações emocionais, fadiga, stress, entre outros;
- Refeição muito próxima do horário de dormir;
- Relações sexuais na madrugada.
Benefício Não-Contraceptivo
- Ausência de efeitos sistêmicos;
- Favorece o conhecimento da fisiologia reprodutiva.
b) Primeiro retorno:
- Avaliar a qualidade do registro e a capacidade de sua interpretação pela mulher ou casal;
- Havendo boa qualidade do registro e condições de interpretação, orientar o casal para a abstenção
de relações sexuais durante toda a fase pré-ovulatória do ciclo e até a manhã do 4° dia depois da elevação
da temperatura, para evitar a gravidez;
- Caso a mulher retorne apenas com as anotações das datas e das temperaturas, fazer o gráfico com
ela, explicando-lhe como proceder;
- Reforçar as orientações iniciais.
c) Retornos subsequentes:
- Podem ser feitos por qualquer elemento da equipe de saúde, desde que devidamente treinado.
Periodicidade
- Retornos mensais durante os 6 primeiros meses de uso do método;
- Retorno 12 meses após o início do uso;
- Retornos subsequentes anuais.
Atividades Específicas
- Avaliar e registrar as dificuldades eventuais encontradas;
- Avaliar a qualidade dos registros e a capacidade de sua interpretação pela mulher ou casal;
- Reforçar as recomendações iniciais.
Este método baseia-se na identificação do período fértil por meio da auto-observação das
características do muco cervical e da sensação por ele provocada na vulva.
O muco cervical é uma secreção produzida no colo do útero pelo epitélio glandular das criptas
cervicais, que por ação hormonal apresenta transformações características ao longo do ciclo menstrual,
possibilitando dessa maneira a identificação do processo ovulatório.
O muco cervical, no início do ciclo, é espesso, grumoso, dificultando a ascensão dos espermatozoides
pelo canal cervical. O muco cervical, sob ação estrogênica, produz, na vulva, uma sensação de umidade
e lubrificação, indicando o tempo da fertilidade, momento em que os espermatozoides têm maior
facilidade de penetração no colo uterino. Nessa fase, o muco é transparente, elástico, escorregadio e
fluido, semelhante à clara de ovo.
Fase pós-ovulatória
Na 4ª noite após o dia Ápice a mulher entra no período de infertilidade, que dura mais ou menos duas
semanas. Nesse período, o casal pode ter relações sexuais pois os indicadores do período fértil (muco e
ovulação) já ocorreram. Em resumo, pode-se identificar o período fértil da seguinte maneira:
- A presença do muco e sua modificação, com sensação de molhado ou de umidade, sempre indica o
começo do período fértil;
- Na 4ª noite após o dia Ápice, começa o período infértil.
Benefício Não-Contraceptivo
- Ausência de efeitos sistêmicos;
- Favorece o conhecimento da fisiologia reprodutiva.
b) Consultas de retorno:
- Podem ser feitas por qualquer elemento da equipe de saúde, desde que devidamente treinado.
Periodicidade
- Retornos semanais durante o 1º mês;
- Retornos quinzenais até o 3° mês;
- Retornos mensais até o 6° mês;
- Retornos subsequentes semestrais.
Método Sinto-Térmico
A mulher que desejar fazer uso deste método deve estar completamente familiarizada com as técnicas
de cada um dos métodos comportamentais já descritas anteriormente.
Observação: a mulher deverá aplicar as regras de acordo com cada método reiniciando as relações
sexuais com aquele que lhe der maior segurança.
Benefício Não-Contraceptivo
- Ausência de efeitos sistêmicos;
- Favorece o conhecimento da fisiologia reprodutiva.
Periodicidade
- Retornos semanais durante o 1º mês;
- Retornos quinzenais até o 3° mês;
- Retornos mensais até o 6° mês;
- Retornos trimestrais até o primeiro ano;
- Retornos subsequentes semestrais.
Atividades Específicas
- Todas as descritas para o acompanhamento de cada um dos métodos.
Método do Colar
Este método é uma simplificação do método de Ogino-Knaus que facilita e encurta o tempo requerido
para ensinar/aprender a utilizar a abstinência periódica e proporciona um mecanismo para que o casal
identifique com facilidade o período fértil do ciclo menstrual.
Também requer a análise do padrão menstrual da mulher nos últimos seis meses, mas apenas para
verificar se os ciclos não foram mais curtos que 27 dias nem mais longos que 31 dias. As mulheres com
ciclos mais curtos ou mais longos que 27 e 31 dias, respectivamente, não podem utilizar este método.
Benefício Não-Contraceptivo
- Ausência de efeitos sistêmicos;
- Favorece o conhecimento da fisiologia reprodutiva.
b) Consultas de retorno:
- Podem ser feitas por qualquer membro da equipe de saúde, desde que devidamente treinado.
Periodicidade
- Primeiro retorno no 3° mês;
- Retornos subsequentes de 6 em 6 meses.
Atividades Específicas
Avaliar a capacidade do casal de anotar o 1º dia da menstruação, quando o anel de borracha deve
estar sobre a conta vermelha, assim como de seguir as instruções de avançar o anel de borracha preta
cada dia e de identificar os dias nas contas marrons como inférteis (podem ter relações sexuais) e os dias
nas contas brancas como férteis (não podem ter relações sexuais).
Além dos métodos descritos acima, existem práticas sexuais que podem ser consideradas como
métodos comportamentais, já que reduzem o risco de uma gravidez indesejada. São elas: a relação
sexual sem penetração e a interrompida antes da ejaculação (coito interrompido).
São práticas muito usadas, embora não sejam recomendadas como único método anticoncepcional.
Podem ser especialmente úteis em situações de emergência, nas quais, por alguma razão, não se dispõe
de outro método contraceptivo e não é possível evitar a relação sexual.
Em especial, com relação ao coito interrompido, destacamos que é necessário um autocontrole por
parte do homem para que ele possa retirar o pênis da vagina na iminência da ejaculação e o sêmen ser
depositado longe dos genitais femininos.
Esse fato traz alta possibilidade de falha, fazendo com que o seu uso não deva ser estimulado.
Devendo, portanto, ser tratado como último recurso, que deverá ser prontamente substituído por outro
método contraceptivo mais eficaz. Ao contrário, a relação sexual sem penetração é altamente eficaz tanto
para a prevenção de gravidez, como também das DST/AIDS.
Preservativo Masculino
Consiste em um envoltório de látex que recobre o pênis durante o ato sexual e retém o esperma por
ocasião da ejaculação impedindo o contato com a vagina, assim como impede que os micro-organismos
da vagina entrem em contato com o pênis ou vice-versa. É um método que, além de evitar a gravidez,
reduz o risco de transmissão do HIV e de outros agentes sexualmente transmissíveis.
A taxa de falha deste método, no primeiro ano de uso, varia de 3%, quando usados, corretamente em
todas as relações sexuais, a 14%, quando avaliado o uso habitual. Sua segurança depende de
armazenamento adequado, da técnica de uso e da utilização em todas as relações sexuais. Prazo de
validade: De três a cinco anos, variando de acordo com o fabricante.
Efeitos Secundários
- Alergia ao látex;
- Irritação vaginal devido à fricção (quando se usa preservativo não-lubrificado).
Benefícios Não-Contraceptivos
- Ausência de efeitos sistêmicos;
- Redução do risco de transmissão do HIV e de outros agentes sexualmente transmissíveis (DST);
- Redução da incidência das complicações causadas pelas DSTs;
- Possivelmente auxiliar na prevenção do câncer de colo uterino.
b) Consultas de retorno:
- Podem ser feitas por qualquer profissional da equipe de saúde, desde que devidamente treinado;
Periodicidade
- Primeiro retorno depois de um mês para avaliar uso correto, efeitos secundários e orientações que
se fizerem necessárias. Demais retornos anuais.
Atividades Específicas
- Avaliar a regularidade do uso do método;
- Discutir com a mulher ou o casal sobre a possível interferência do método na espontaneidade sexual;
- Orientar o casal para providenciar a reposição de novos preservativos antes que se acabe o seu
estoque doméstico;
- Reforçar as recomendações iniciais.
Preservativo Feminino
O preservativo feminino é um tubo de poliuretano com uma extremidade fechada e a outra aberta,
acoplado a dois anéis flexíveis também de poliuretano. O primeiro, que fica solto dentro do tubo, serve
para ajudar na inserção e na fixação de preservativo no interior da vagina. O segundo anel constitui o
reforço externo do preservativo que, quando corretamente colocado, cobre parte da vulva.
O produto já vem lubrificado e deve ser usado uma única vez. O poliuretano, por ser mais resistente
do que o látex, pode ser usado com vários tipos de lubrificantes. Forma uma barreira física entre o pênis
e a vagina, servindo de receptáculo ao esperma, impedindo seu contato com a vagina, assim como
impede que os micro-organismos da vagina entrem em contato com o pênis ou vice-versa.
Nos primeiros seis meses de uso, a taxa de falha deste método varia de 1,6%, em uso correto, a 21%,
em uso habitual. Prazo de validade: Cinco anos a partir da data de fabricação.
Efeitos Secundários
- Alergia ao poliuretano ou ao lubrificante (efeito muito raro).
Benefício Não-Contraceptivo
- Ausência de efeitos sistêmicos;
- Redução do risco de transmissão do HIV e de outros agentes sexualmente transmissíveis;
- Possivelmente auxiliar na prevenção do câncer de colo uterino.
b) Consultas de retorno:
- Avaliar o uso correto, efeitos secundários e fornecer as orientações que se fizerem necessárias;
- Podem ser feitas por qualquer profissional da equipe de saúde, desde que devidamente treinado;
- O fornecimento sistemático dos métodos não precisa estar vinculado a consulta com profissional de
saúde.
Periodicidade
- Primeiro retorno depois de um mês;
- Demais retornos anuais.
Atividades Específicas
- Avaliar a regularidade do uso do método;
- Discutir com a mulher ou o casal sobre a possível interferência do método na espontaneidade sexual;
- Orientar o casal para providenciar a reposição de novos preservativos antes que se acabe o seu
estoque doméstico. Reforçar as recomendações iniciais.
Diafragma
É um método anticoncepcional de uso feminino que consiste num anel flexível, coberto no centro com
uma delgada membrana de látex ou silicone em forma de cúpula que se coloca na vagina cobrindo
completamente o colo uterino e a parte superior da vagina, impedindo a penetração dos espermatozoides
no útero e trompas.
Para maior eficácia do método, antes da introdução, colocar, na parte côncava, creme espermicida.
Entretanto, essa associação limita-se às mulheres com baixo risco para o HIV e outras DST.
A taxa de falha, nos primeiros 12 meses de uso do método, varia de 2,1%, quando utilizado correta e
consistentemente, a 20%, em uso habitual. Prazo de validade: De cinco anos. A vida média útil do
diafragma é em torno de 3 anos, se observadas as recomendações do produto.
a) Introduzir os dedos indicador e média na vagina, até que a extremidade do dedo médio atinja o
fundo do saco vaginal posterior;
Benefícios Não-Contraceptivos
- Ausência de efeitos sistêmicos;
- Prevenir algumas DSTs (cervicites) e suas complicações;
- Possivelmente auxiliar na prevenção do câncer de colo uterino.
Periodicidade
- Primeiro retorno uma semana após a primeira consulta;
- Retorno subsequente após 30 dias;
- Demais retornos anuais.
Atividades Específicas
- Avaliar a regularidade do uso do método;
- Verificar o estado de conservação do diafragma substituindo-o sempre que apresentar qualquer
defeito;
- Repetir a medida do diafragma:
- Após cada parto;
- Após abortamento;
- Caso a mulher apresente aumento ou diminuição de peso superior a 5kg;
- Após cirurgia vaginal ou perineal;
- A cada 2 anos rotineiramente.
Geleia Espermaticida
São substâncias químicas que recobrem a vagina e o colo do útero, impedindo a penetração dos
espermatozoides no canal cervical e, bioquimicamente, imobilizando ou destruindo os espermatozoides.
O produto espermaticida a base de nonoxinol-9 (N-9) a 2% é o mais amplamente utilizado no Brasil e
no mundo. Entretanto, o uso de alguns métodos contraceptivos contendo N-9 podem aumentar o risco de
transmissão sexual do HIV e outras DST. Isto foi demonstrado em um ensaio clínico que observou risco
acrescido entre usuárias/os deste produto.
A razão deste risco acrescido reside no fato do N-9 provocar lesões (fissuras/microfissuras) na mucosa
vaginal e retal, dependendo da frequência de uso e do volume aplicado.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) orienta, então, que as mulheres que estejam sob risco
acrescido para a infecção pelo HIV/DST, especialmente as que tem muitas relações sexuais diárias; não
devem usar métodos contraceptivos que contenham o N-9.
Entre mulheres com baixo risco de infecção pelo HIV, o uso de produtos à base de N-9 permanece
sendo indicado como um dos métodos contraceptivos. Assim, somente uma boa avaliação de risco, obtida
no momento do aconselhamento, poderá fornecer ao profissional de saúde condições de uma perfeita
indicação do método.
No primeiro ano de uso a taxa de falha deste método varia de 6%, em uso correto, a 26%, em uso
habitual. Prazo de validade: O espermaticida pode ser estocado por até cinco anos sem perda de
efetividade.
Efeitos Secundários
- lrritação ou alergia na vagina ou pênis;
- Fissuras e microfissuras na mucosa vaginal ou retal (efeito dose-tempo dependente).
b) Consultas de retorno:
- Avaliar o uso correto, efeitos secundários e eficácia do método e dar as orientações que se fizerem
necessárias;
2 Conteúdo extraído de BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: nutrição infantil:
aleitamento materno e alimentação complementar. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009.
Gabarito
01.A
Comentários
01.Resposta: A
Nos primeiros dias do pós-parto, a puérpera vive um período de transição, ficando vulnerável às
pressões emocionais. Problemas que normalmente enfrentaria com facilidade podem deixá-la ansiosa
em vista das responsabilidades com o novo membro da família. Nesse período, em vista de uma grande
labilidade emocional, somada à exaustão física, pode surgir um quadro de profunda tristeza, sentimento
de incapacidade e recusa em cuidar do bebê e de si. Essa tristeza pós-parto é quase fisiológica.
Normalmente as mulheres apresentam certa tristeza e irritabilidade que têm início em geral no terceiro
dia depois do parto, dura uma semana, dez, quinze dias no máximo, e desaparece espontaneamente. Já
a depressão pós-parto começa algumas semanas depois do nascimento da criança e deixa a mulher
incapacitada, com dificuldade de realizar as tarefas do dia a dia.
Caro(a) Candidato(a) um conteúdo geral sobre a saúde da criança foi abordado na apostila “01
Enfermagem em Saúde Pública”, disponibilizarei a seguir um complemento do que foi pedido no
tópico.
Amamentar é muito mais do que nutrir a criança, é um processo que envolve interação profunda entre
mãe e filho, com repercussões no estado nutricional da criança, em sua habilidade de se defender de
infecções, em sua fisiologia e no seu desenvolvimento cognitivo e emocional, além de ter implicações na
saúde física e psíquica da mãe.
Apesar de todas as evidências científicas provando a superioridade da amamentação sobre outras
formas de alimentar a criança pequena - e apesar dos esforços de diversos organismos nacionais e
internacionais - as taxas de aleitamento materno no Brasil, em especial as de amamentação exclusiva,
estão bastante aquém do recomendado, e o profissional de saúde tem um papel fundamental na reversão
desse quadro.
3
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_nutricao_aleitamento_alimentacao.pdf
4
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_crescimento_desenvolvimento.pdf
O aleitamento materno é a mais sábia estratégia natural de vínculo, afeto, proteção e nutrição para a
criança e constitui a mais sensível, econômica e eficaz intervenção para redução da morbimortalidade
infantil. Permite, ainda, um grandioso impacto na promoção da saúde integral da dupla mãe/bebê e
regozijo de toda a sociedade.
Se a manutenção do aleitamento materno é vital, a introdução de alimentos seguros, acessíveis e
culturalmente aceitos na dieta da criança, em época oportuna e de forma adequada, é de notória
importância para o desenvolvimento sustentável e equitativo de uma nação, para a promoção da
alimentação saudável em consonância com os direitos humanos fundamentais e para a prevenção de
distúrbios nutricionais de grande impacto em Saúde Pública.
Porém, a implementação das ações de proteção e promoção do aleitamento materno e da adequada
alimentação complementar dependem de esforços coletivos intersetoriais e constituem enorme desafio
para o sistema de saúde, numa perspectiva de abordagem integral e humanizada.
Na Atenção Primária à Saúde (APS) continua uma forte preocupação com a primeira semana de vida
da criança. Na APS espera-se garantir uma visita domiciliar do agente de saúde ao binômio mãe e RN no
contexto da família, para orientação de todos sobre o cuidado de ambos, bem como para ofertar as ações
programadas para a primeira semana de saúde na APS, se possível oportunizando tudo para uma mesma
data: consultas para ambos (mãe e RN), estimulando a presença do pai sempre que possível, apoio ao
aleitamento materno, imunizações, coleta de sangue para o teste do pezinho, etc.
Depois, até a criança completar 2 anos, o objetivo é um acompanhamento - realizado pela equipe de
saúde (inclusive com busca de faltosos) - cuidadoso de seu crescimento e desenvolvimento, com um
olhar biopsicossocial não só para a criança, mas também para as condições do contexto de saúde e de
vida de sua mãe e família, inclusive com as articulações intersetoriais, no território, necessárias para o
projeto terapêutico de cada criança/família.
A prioridade da atenção à criança até 2 anos, prevista na Rede Cegonha, veio se somar ao recente
lançamento - realizado pelo governo federal - do “Brasil Carinhoso”, um conjunto de ações interministeriais
envolvendo saúde, educação, assistência social pela Primeira Infância Brasileira.
A proposta é a proteção e o fomento ao desenvolvimento integral da criança neste período crítico e
sensível da primeira infância.
Os principais objetivos da primeira visita domiciliar ao recém-nascido e à sua família são os seguintes:
- Observar as relações familiares;
- Facilitar o acesso ao serviço de saúde;
- Possibilitar ou fortalecer o vínculo das famílias com as equipes de saúde;
- Escutar e oferecer suporte emocional nessa etapa de crise vital da família (nascimento de um filho);
- Estimular o desenvolvimento da parentalidade;
- Orientar a família sobre os cuidados com o bebê;
A primeira consulta do recém-nascido deverá ocorrer na sua primeira semana de vida (BRASIL;
SOCIEDADE), que constitui um momento propício para estimular e auxiliar a família nas dificuldades do
aleitamento materno exclusivo, para orientar e realizar imunizações, verificar a realização da triagem
neonatal (teste do pezinho) e estabelecer ou reforçar a rede de apoio à família.
A primeira semana de saúde integral, preconizada pela publicação “Agenda de Compromissos para a
Saúde Integral da Criança e Redução da Mortalidade Infantil”, editada pelo Ministério da Saúde (BRASIL),
lembra, ainda, da importância da verificação da Caderneta de Saúde da Criança, da identificação de
riscos e vulnerabilidades ao nascer e da avaliação da saúde da puérpera.
O Leite Materno
Leite materno se refere ao leite produzido pela mulher e é utilizado para alimentar seu bebê através
do aleitamento. É ele a primeira e principal fonte de nutrição dos recém-nascidos até que se tornem aptos
a comer e digerir os alimentos sólidos.
O leite materno é de fundamental importância para a saúde das crianças nos seis primeiros meses de
vida, por ser um alimento completo, fornecendo componentes para hidratação (água) e fatores de
desenvolvimento e proteção como anticorpos, leucócitos (glóbulos brancos), macrófago, laxantes, lipase,
lisozimas, fibronectinas, ácidos graxos, gama-interferon, neutrófilos, fator bifidus e outros contra infecções
comuns da infância, isento de contaminação e perfeitamente adaptado ao metabolismo da criança.
Já foi demonstrado que a complementação do leite materno com água ou chás é desnecessária,
inclusive em dias secos e quentes. Recém-nascidos normais nascem suficientemente hidratados para
não necessitar de líquidos, além do leite materno, apesar da pouca ingestão de colostro nos dois ou três
primeiros dias de vida.
O leite humano, em virtude das suas propriedades anti-infecciosas, protege as crianças contra
infecções desde os primeiros dias de vida. Além de diminuir o número de episódios de diarreia, encurta
o período da doença quando ela ocorre e diminui o risco de desidratação. O leite humano é fonte completa
de nutrientes para o lactente amamentado exclusivamente no seio até os seis meses de vida.
A composição química do leite materno atende também às condições particulares de digestão e do
metabolismo neste período de vida do recém-nascido.
Vários são os fatores que podem determinar variações na composição do leite materno, como: estágio
de lactação, parto prematuro, tempo de gestação, esvaziamento da mama, hora e intervalo entre as
mamadas, grau de pressão utilizado para extrair o leite, método e horário de coleta das amostras, técnicas
de análise laboratorial, intervalo entre as gestações e a ingestão de álcool ou drogas.
Duração da Amamentação
Vários estudos sugerem que a duração da amamentação na espécie humana seja, em média, de dois
a três anos, idade em que costuma ocorrer o desmame naturalmente (KENNEDY).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde recomendam aleitamento materno
exclusivo por seis meses e complementado até os dois anos ou mais.
Não há vantagens em se iniciar os alimentos complementares antes dos seis meses, podendo,
inclusive, haver prejuízos à saúde da criança, pois a introdução precoce de outros alimentos está
associada a:
- Maior número de episódios de diarreia;
- Maior número de hospitalizações por doença respiratória;
- Risco de desnutrição se os alimentos introduzidos forem nutricionalmente inferiores ao leite materno,
como, por exemplo, quando os alimentos são muito diluídos;
- Menor absorção de nutrientes importantes do leite materno, como o ferro e o zinco;
- Menor eficácia da lactação como método anticoncepcional;
- Menor duração do aleitamento materno.
No segundo ano de vida, o leite materno continua sendo importante fonte de nutrientes. Estima-se que
dois copos (500ml) de leite materno no segundo ano de vida fornecem 95% das necessidades de vitamina
C, 45% das de vitamina A, 38% das de proteína e 31% do total de energia. Além disso, o leite materno
continua protegendo contra doenças infecciosas.
Uma análise de estudos realizados em três continentes concluiu que, quando as crianças não eram
amamentadas no segundo ano de vida, elas tinham uma chance quase duas vezes maior de morrer por
doença infecciosa quando comparadas com crianças amamentadas. (WORLD HEALTH
ORGANIZATION)
Evita Diarreia
Há fortes evidências de que o leite materno protege contra a diarreia, principalmente em crianças mais
pobres. É importante destacar que essa proteção pode diminuir quando o aleitamento materno deixa de
ser exclusivo. Oferecer à criança amamentada água ou chás, prática considerada inofensiva até pouco
tempo atrás, pode dobrar o risco de diarreia nos primeiros seis meses. (BROWN et al.; POPKIN et al.)
Além de evitar a diarreia, a amamentação também exerce influência na gravidade dessa doença.
Crianças não amamentadas têm um risco três vezes maior de desidratarem e de morrerem por diarreia
quando comparadas com as amamentadas. (VICTORIA et al.)
Melhor Nutrição
Por ser da mesma espécie, o leite materno contém todos os nutrientes essenciais para o crescimento
e o desenvolvimento ótimos da criança pequena, além de ser mais bem digerido, quando comparado com
leites de outras espécies.
O leite materno é capaz de suprir, sozinho, as necessidades nutricionais da criança nos primeiros seis
meses e continua sendo uma importante fonte de nutrientes no segundo ano de vida, especialmente de
proteínas, gorduras e vitaminas.
Uma alimentação saudável se inicia com o aleitamento materno (BRASIL), que isoladamente é capaz
de nutrir de modo adequado a criança nos primeiros 6 meses de vida (SOCIEDADE; MONTE; GIUGLIANI;
WHO; KRAMER; KAKUMA; DEWEY et al.; EUROPEAN). Já a partir dos 6 meses de vida, devem ser
introduzidos alimentos complementares ao aleitamento materno, por dois anos ou mais (WHO).
A situação do aleitamento materno no Brasil tem melhorado. Estudos mostram que a tendência de
aumento da prática da amamentação é progressiva e persistente, porém ainda há espaço para melhorias
(SENA; SILVA; PEREIRA).
Resultados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS) de 2006
serão descritos a seguir. Tais conclusões possibilitam uma avaliação da prática de aleitamento materno
no Brasil. Embora 96% das crianças menores de 60 meses tenham sido amamentadas alguma vez, a
PNDS de 2006 mostra que ainda falta muito para se alcançar, no Brasil, o padrão de aleitamento materno
recomendado pelos organismos de saúde internacionais e nacionais.
Entre as mães entrevistadas, 43% relataram ter amamentado seus filhos na primeira hora após o parto.
A prevalência de aleitamento materno exclusivo entre crianças de zero a 3 meses é ainda baixa (45%),
ainda que, discretamente, mais alta do que constatado na PNDS de 1996 (40%). Com relação à faixa
etária de 4 a 6 meses, o aleitamento exclusivo caiu para 11% em 2006.
O aleitamento materno complementado ocorreu para 32% na faixa de zero a 3 meses e 56% entre 4
a 6 meses em 2006, sendo que 23% das crianças estavam completamente desmamadas na faixa de zero
a 3 meses e 33% na faixa de 4 a 6 meses. Nesta última faixa etária, 35% das crianças já consumiam
“comida de sal”, o que evidencia uma dieta inadequada para a idade (VITOLO).
A II Pesquisa de Prevalência de Aleitamento Materno nas Capitais Brasileiras e no Distrito Federal,
realizada em 2008, constatou os seguintes indicadores: amamentação na primeira hora de vida - 67,7%;
aleitamento materno exclusivo em menores de 6 meses - 41%; mediana de aleitamento materno exclusivo
- 54 dias; prevalência de aleitamento materno em crianças de 9 a 12 meses - 58,7%; mediana de
aleitamento materno - 11,2 meses.
Aconselhamento em Amamentação
Os profissionais de saúde devem disponibilizar o tempo que for necessário para dar apoio à mãe e ao
seu bebê durante o início e a manutenção da amamentação (NATIONAL).
O aconselhamento comportamental e a educação para a prática de aleitamento materno são
procedimentos recomendados (NATIONAL). Eles podem ser iniciados desde a primeira consulta de pré-
natal. O apoio à amamentação deve ser disponibilizado independentemente do local de prestação de
cuidados (NATIONAL). Além disso, as mães devem receber informações de como buscar suporte à
prática de amamentar (HASSELMANN; WERNECK; SILVA).
A frequência e a duração ilimitada (livre demanda) das mamadas devem ser incentivadas (NATIONAL;
HASSELMANN; WERNECK; SILVA). A mãe deve ser orientada sobre os sinais que indicam que o bebê
está pronto para mamar (movimento dos olhos, da cabeça, sinais de procura com a língua para fora,
agitação dos braços, mãos na boca, etc.), não sendo necessário esperar o choro do bebê.
Técnica de Amamentação:
A técnica de amamentação está adequada quando:
- A cabeça do bebê está no mesmo nível da mama da mãe e o queixo dele a toca.
- A boca está bem aberta.
- O lábio inferior está virado para fora.
- As bochechas estão arredondadas (não encovadas) ou achatadas contra a mama.
- Vê-se pouco a aréola durante a mamada (mais a porção superior da aréola do que a inferior).
- A mama parece arredondada, não repuxada.
- As sucções são lentas e profundas: o bebê suga, dá uma pausa e suga novamente (sucção,
deglutição e respiração).
- A mãe pode ouvir o bebê deglutindo.
- O corpo do bebê está totalmente voltado para o corpo da mãe (posição de barriga com barriga) e um
dos braços está ao redor do corpo da mãe.
- A cabeça e o corpo do bebê estão alinhados.
- A mãe está sentada de forma confortável e relaxada.
- Não é necessário limpar os mamilos antes das mamadas. Banho diário e uso de um sutiã limpo são
suficientes.
Caso se observe alguma das situações relacionadas a seguir, faz-se necessária a reavaliação da
técnica de amamentação:
- O bebê apresenta as bochechas encovadas durante a sucção ou realiza ruídos audíveis da língua.
- A mama da mãe está esticada/deformada durante a mamada ou os mamilos estão com estrias
vermelhas ou áreas esbranquiçadas ou achatadas quando o bebê larga a mama.
- A mãe apresenta dor durante a amamentação (DUNCAN).
Nas seguintes condições maternas, o aleitamento materno não deve ser contraindicado:
- Tuberculose: recomenda-se que as mães não tratadas ou ainda bacilíferas (nas duas primeiras
semanas após o início do tratamento) amamentem com o uso de máscaras e restrinjam o contato próximo
com a criança por causa da transmissão potencial por meio das gotículas do trato respiratório. Neste
caso, o recém-nascido deve receber isoniazida na dose de 10mg/kg/dia por três meses. Após tal período,
deve-se fazer teste tuberculínico (PPD):
Se o teste for reator, a doença deve ser pesquisada, especialmente, em relação ao acometimento
pulmonar. Se a criança tiver contraído a doença, a terapêutica deve ser reavaliada. Caso a criança não a
tenha contraído, deve-se manter a dosagem de isoniazida por mais três meses;
Se o teste tuberculínico for não reator, pode-se suspender a medicação e a criança deve receber a
vacina BCG.
- Hanseníase: por se tratar de doença cuja transmissão depende de contato prolongado da criança
com a mãe sem tratamento e considerando-se que a primeira dose de rifampicina é suficiente para que
a mãe não seja mais bacilífera, deve-se manter a amamentação e iniciar o tratamento da mãe.
- Hepatite B: a vacina e a administração de imunoglobulina específica (HBIG) após o nascimento
praticamente eliminam qualquer risco teórico de transmissão da doença via leite materno.
- Hepatite C: a prevenção de fissuras mamilares em lactantes HCV positivas é importante, uma vez
que não se sabe se o contato da criança com o sangue materno favorece a transmissão da doença.
- Consumo de cigarros: acredita-se que os benefícios do leite materno para a criança superem os
possíveis malefícios da exposição à nicotina via leite materno. Por isso, o cigarro não é uma
contraindicação à amamentação. Para minimizar os efeitos do cigarro para as crianças, as mulheres que
não conseguirem parar de fumar devem ser orientadas a reduzir ao máximo possível o número de
cigarros. Se não for possível a cessação do tabagismo, elas devem procurar fumar após as mamadas.
Além disso, devem ser orientadas a não fumarem no mesmo ambiente onde está a criança.
- Consumo de álcool: assim como para o fumo, deve-se desestimular a ingestão de álcool para as
mulheres que estão amamentando. No entanto, é considerado compatível com a amamentação um
consumo eventual moderado de álcool (0,5g de álcool por quilo de peso da mãe por dia, o que
corresponde a aproximadamente um cálice de vinho ou duas latas de cerveja).
Passo 1: “Dar somente leite materno até os seis meses, sem oferecer água, chás ou qualquer outro
alimento”.
Dica ao profissional e à equipe: Rever se as orientações sobre aleitamento materno exclusivo são
fornecidas desde o acompanhamento pré-natal até a época da alimentação complementar.
Passo 2: “A partir dos seis meses, introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o
leite materno até os dois anos de idade ou mais”.
Dica ao profissional e à equipe: Antes de dar a orientação deste passo, perguntar à mãe ou ao cuidador
como ela (ele) imagina ser a alimentação correta da criança e, a seguir, convidem-na(o) a complementar
seus conhecimentos, de forma elogiosa e incentivadora.
Passo 3: “Após seis meses, dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes, leguminosas,
frutas, legumes) três vezes ao dia, se a criança receber leite materno, e cinco vezes ao dia, se estiver
desmamada”.
Dica ao profissional e à equipe: Sugerir receitas de papas, tentando dar a ideia de proporcionalidade,
de forma prática e com linguagem simples.
Pré-Natal e Amamentação
Orientar as mulheres e suas famílias sobre a importância do pré-natal, da amamentação e da
vacinação é uma atribuição comum a todos os profissionais de saúde da Atenção Básica.
Cabe à equipe de saúde, ao entrar em contato com uma mulher gestante, na unidade de saúde ou na
comunidade, buscar compreender os múltiplos significados da gestação para aquela mulher e sua família,
notadamente se ela for adolescente.
A história de vida e o contexto de gestação trazidos pela mulher durante a gravidez devem ser
acolhidos integralmente a partir do seu relato e da fala de seu parceiro. Tal contexto implica mudanças
nas relações estabelecidas entre a mulher e a família, o pai e a criança.
Além disso, gera mudanças na relação da gestante consigo mesma, no modo como ela entende seu
autocuidado, bem como modificações em como ela percebe as mudanças corporais, o que interfere
muitas vezes no processo de amamentação.
Vantagens da Amamentação
Para a mulher:
- Fortalece o vínculo afetivo;
Para a criança:
- É um alimento completo, não necessita de nenhum acréscimo até os seis meses de idade;
- Facilita a eliminação de mecônio e diminui a incidência de icterícia;
- Protege contra infecções;
- Aumenta o vínculo afetivo;
- Diminui as chances de desenvolvimento de alergias.
Manejo da Amamentação:
O sucesso do aleitamento materno está relacionado ao adequado conhecimento quanto à posição da
mãe e do bebê e à pega da região mamilo areolar.
Posição
É importante respeitar a escolha da mulher, pois ela deverá se sentir confortável e relaxada.
A amamentação pode acontecer nas posições sentada, deitada ou em pé. O posicionamento da
criança deve ser orientado no sentido de garantir o alinhamento do corpo, de forma a manter a barriga da
criança junto ao corpo da mãe para, assim, facilitar a coordenação da respiração, da sucção e da
deglutição.
Pega
A pega correta acontece quando o posicionamento é adequado e permite que a criança abra a boca
de forma a conseguir abocanhar quase toda, ou toda, a região mamilo areolar. Deste modo, é possível
garantir a retirada adequada de leite do peito, capaz de proporcionar conforto para a mulher e o adequado
crescimento e desenvolvimento da criança.
Atenção no Puerpério
Objetivos:
- Avaliar o estado de saúde da mulher e do recém-nascido;
- Orientar e apoiar a família para a amamentação;
- Orientar os cuidados básicos com o recém-nascido;
- Avaliar a interação da mãe com o recém-nascido;
- Identificar situações de risco ou intercorrências e conduzi-las;
- Orientar o planejamento familiar;
- Agendar consulta de puerpério até 42 dias após o parto.
Fissuras (rachaduras)
Habitualmente, as fissuras ocorrem quando a amamentação é praticada com o bebê posicionado de
forma errada ou quando a pega está incorreta. Os hábitos de manter as mamas secas, não usar
sabonetes, cremes ou pomadas também ajudam na prevenção. Recomenda-se tratar as fissuras com o
leite materno do fim das mamadas, com o banho de sol e a correção da posição e da pega.
Mamas ingurgitadas
Acontecem, habitualmente, na maioria das mulheres, do terceiro ao quinto dia após o parto. As mamas
ingurgitadas são dolorosas, edemaciadas (com pele brilhante) e, às vezes, avermelhadas. Nestas
situações, a mulher também pode apresentar febre.
Para evitar ingurgitamento, a pega e a posição para a amamentação devem estar adequadas e,
quando houver produção de leite superior à demanda, as mamas devem ser ordenhadas manualmente.
Sempre que a mama estiver ingurgitada, a expressão manual do leite deve ser realizada para facilitar a
pega e evitar fissuras. O ingurgitamento mamário é transitório e desaparece entre 24 e 48 horas.
Mastite
É um processo inflamatório ou infeccioso que pode ocorrer na mama lactante habitualmente a partir
da segunda semana após o parto. Geralmente, é unilateral e pode ser consequente a um ingurgitamento
indevidamente tratado. Tal situação exige avaliação médica para o estabelecimento do tratamento
medicamentoso apropriado. A amamentação na mama afetada deve ser mantida sempre que possível.
De igual forma, quando necessário, a pega e a posição devem ser corrigidas.
Ordenha Manual
É no pré-natal que o aprendizado da ordenha manual deve ser iniciado. Para que haja retirada
satisfatória de leite do peito, é preciso começar com massagens circulares com as polpas dos dedos
indicador e médio na região mamilo-areolar, progredindo até as áreas mais afastadas e se intensificando
nos pontos mais dolorosos. Para a retirada do leite, é importante garantir o posicionamento dos dedos
indicador e polegar no limite da região areolar, seguido por leve compressão do peito em direção ao tórax,
ao mesmo tempo em que a compressão da região areolar deve ser feita com a polpa dos dedos.
Contraindicações da Amamentação
São raras as situações, tanto maternas quanto neonatais, que contraindicam a amamentação. Entre
as maternas, encontram-se as mulheres com câncer de mama que foram tratadas ou estão em
tratamento, mulheres HIV+ ou HTLV+, mulheres com distúrbios graves da consciência ou do
comportamento.
As causas neonatais que podem contraindicar a amamentação são, na maioria, transitórias e incluem
alterações da consciência de qualquer natureza e prematuridade.
Amamentação
O artigo 396 da Consolidação das Leis do Trabalho assegura à mãe o direito a 2 (dois) descansos
especiais, de meia hora cada um, durante a jornada de trabalho, para a amamentação de seu filho, até
que complete 6 (seis) meses de idade.
Caso o bebê necessite de um prolongamento do referido cuidado, o médico fornecerá atestado para
que os repousos para a amamentação durante a jornada de trabalho sejam prorrogados, fixando inclusive
o respectivo período.
A lei também garante que a amamentação do bebê seja em local apropriado dentro da empresa (artigo
400 da Consolidação das Leis do Trabalho).
Questões
02. (Pref. José Boiteux/SC - Enfermeiro - IOBV) Das alternativas abaixo, qual não é uma
contraindicação para amamentação:
(A) HIV+
(B) Hepatite B +
(C) Puérperas portadoras de câncer de mama.
(D) Alterações de consciência.
03. (Pref. Várzea Paulista/SP - Agente de Políticas Sociais - Técnico de Enfermagem - BIORIO)
São vantagens do aleitamento materno para a mulher, EXCETO:
05. (IPSA - Auxiliar de Enfermagem - CAIPIMES) De acordo com a Organização Mundial da Saúde
(OMS), o Aleitamento Materno Exclusivo significa que:
(A) quando a alimentação da criança é realizada apenas com leite materno, diretamente do seio, ou
leite humano ordenhado. Não faz uso de outros alimentos, com exceção de medicamentos.
(B) quando a alimentação da criança é realizada exclusivamente de leite humano. Entretanto, faz uso
também de líquidos como chás, água, sucos de frutas e medicamentos.
(C) além do leite humano, a criança se alimenta de outros alimentos.
(D) A alimentação da criança é realizada apenas com leite, podendo ser fornecido pela mãe (leite
materno), pelo banco de leite (leite humano) ou por comercialização (leite de vaca).
06. (Pref. Japeri/RJ - Técnico de Enfermagem - FBC) Na amamentação pode-se observar se a pega
foi correta quando:
(A) A boca do bebê aponta para frente;
(B) O queixo do bebê quase toca o peito da mãe;
(C) As bochechas do bebê estão encovadas;
(D) A mãe está segurando o peito em tesoura;
(E) Há mais aréola abaixo que acima da boca do bebê.
Gabarito
Comentários
01. Resposta: D
A frequência e a duração ilimitada (livre demanda) das mamadas devem ser incentivadas (NATIONAL,
2012; HASSELMANN; WERNECK; SILVA, 2008). A mãe deve ser orientada sobre os sinais que indicam
que o bebê está pronto para mamar (movimento dos olhos, da cabeça, sinais de procura com a língua
para fora, agitação dos braços, mãos na boca etc.), não sendo necessário esperar o choro do bebê.
Recomenda-se que a criança seja amamentada sem restrições de horários e de tempo de
permanência na mama. É o que se chama de amamentação em livre demanda.
Nos primeiros meses, é normal que a criança mame com frequência e sem horários regulares. Em
geral, um bebê em aleitamento materno exclusivo mama de oito a 12 vezes ao dia.
O tempo de permanência na mama em cada mamada não deve ser fixado, haja vista que o tempo
necessário para esvaziar uma mama varia para cada dupla mãe/bebê e, numa mesma dupla, pode variar
dependendo da fome da criança, do intervalo transcorrido desde a última mamada e do volume de leite
armazenado na mama, entre outros.
O mais importante é que a mãe dê tempo suficiente à criança para ela esvaziar adequadamente a
mama. Dessa maneira, a criança recebe o leite do final da mamada, que é mais calórico, promovendo a
sua saciedade e, consequentemente, maior espaçamento entre as mamadas. O esvaziamento das
mamas é importante, também, para o ganho adequado de peso do bebê e para a manutenção da
produção de leite suficiente para atender às suas demandas.
Dez passos para uma alimentação saudável
Passo 1: “Dar somente leite materno até os seis meses, sem oferecer água, chás ou qualquer outro
alimento”.
02. Resposta: B
Contraindicações para a amamentação:
São poucas as situações em que pode haver indicação médica para a substituição parcial ou total do
leite materno.
Nas seguintes situações, o aleitamento materno não deve ser recomendado:
- Mães infectadas pelo HIV.
- Mães infectadas pelo HTLV1 e HTLV2 (vírus linfotrópico humano de linfócitos T).
- Uso de medicamentos incompatíveis com a amamentação. Alguns fármacos são citados como
contraindicações absolutas ou relativas ao aleitamento, como, por exemplo, os antineoplásicos e
radiofármacos.4
- Criança portadora de galactosemia, doença do xarope de bordo e fenilcetonúria.
03. Resposta: C
Benefícios para a mãe:
- Involução uterina mais rápida e redução na hemorragia uterina pós-parto, devido à liberação de
ocitocina (SCOTTISH, 2006).
- Perda mais rápida do peso acumulado na gestação.
- Auxílio no aumento do intervalo entre as gestações (PINTO, 2007).
- Maior interação mãe-bebê (DRANE, 1997).
- Benefício relativo aos aspectos econômicos, uma vez que o leite materno não tem custos (WHO,
2007).
- Praticidade, pois o leite materno está sempre pronto para ser consumido.
- Diminuição do risco de câncer de mama e ovário (SCOTTISH, 2006).
04. Resposta: A
A frequência e a duração ilimitada (livre demanda) das mamadas devem ser incentivadas (NATIONAL,
2012; HASSELMANN; WERNECK; SILVA, 2008).
Recomenda-se que a criança seja amamentada sem restrições de horários e de tempo de
permanência na mama. É o que se chama de amamentação em livre demanda.
Nos primeiros meses, é normal que a criança mame com frequência e sem horários regulares. Em
geral, um bebê em aleitamento materno exclusivo mama de oito a 12 vezes ao dia. Muitas mães,
principalmente as que estão inseguras e as com baixa autoestima, costumam interpretar esse
comportamento normal como sinal de fome do bebê, leite fraco ou pouco leite, o que pode resultar na
introdução precoce e desnecessária de suplementos.
O tempo de permanência na mama em cada mamada não deve ser fixado, haja vista que o tempo
necessário para esvaziar uma mama varia para cada dupla mãe/bebê e, numa mesma dupla, pode variar
dependendo da fome da criança, do intervalo transcorrido desde a última mamada e do volume de leite
armazenado na mama, entre outros.
O mais importante é que a mãe dê tempo suficiente à criança para ela esvaziar adequadamente a
mama. Dessa maneira, a criança recebe o leite do final da mamada, que é mais calórico, promovendo a
sua saciedade e, consequentemente, maior espaçamento entre as mamadas. O esvaziamento das
mamas é importante também para o ganho adequado de peso do bebê e para a manutenção da produção
de leite suficiente para atender às suas demandas.
05. A
- Aleitamento materno exclusivo - quando a criança recebe somente leite materno, direto da mama ou
ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou sólidos, com exceção de gotas ou
xaropes contendo vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos.
DISTÚRBIOS PEDIRESPIRATÓRIOS
Os distúrbios infecciosos agudos incluem resfriados comuns, sinusite, influenza, faringite, amigdalite,
laringite, síndromes do crupe, infecção pelo vírus sincicial respiratório (VSR), pneumonia e bronquite.
Resfriado comum
O resfriado comum também é conhecido como infecção viral das vias respiratórias superiores (IVVRS)
ou nasofaringite. Os resfriados podem ser causados por diferentes vírus, inclusive rinovírus, para
influenza, VSR, enterovírus e adenovírus (National Institute of Allergy and Infectious Diseases, 2004).
As partículas virais disseminam-se pelo ar ou por contato interpessoal. Os resfriados são mais
frequentes no inverno, afetam crianças de todas as idades e têm incidência maior entre crianças que
frequentam a creche e a pré-escola. É comum que uma criança tenha 6 a 9 resfriados por ano. O
tabagismo passivo aumenta o risco de pegar resfriados (Johannsson et al., 2003).
A regressão espontânea ocorre depois de cerca de 7 a 10 dias, mas as complicações potenciais
incluem infecções bacterianas secundárias das orelhas, da garganta, dos seios paranasais ou dos
pulmões.
A abordagem terapêutica do resfriado comum consiste basicamente em medidas sintomáticas. A
congestão nasal pode ser aliviada por umidificação e utilização de gotas ou aerossol nasal de soro
fisiológico, seguida de aspiração. Os anti-histamínicos estão contraindicados porque ressecam mais as
secreções.
Existem medicamentos (isolados ou combinados) vendidos sem prescrição para tratar resfriados
comuns. Essas preparações não foram aprovadas para reduzir a duração ou a gravidade do resfriado,
mas podem oferecer alívio sintomático em alguns casos.
Avaliação de Enfermagem
A criança pode ter congestão ou secreção nasal. Em geral, essa secreção é fina e aquosa nas fases
iniciais, mas pode tornar-se mais espessa e colorida. A cor da secreção nasal não é um indicador confiável
de infecção viral ou bacteriana.
A criança pode ficar rouca e queixar-se de dor de garganta. Em geral, a tosse produz pouquíssimo
escarro. Também podem ocorrer febre, fadiga, lacrimejamento e perda do apetite. Em geral, os sinais e
os sintomas são piores nos primeiros dias e depois diminuem com a evolução da doença.
Avalie se há fatores de risco como frequência à creche ou à pré-escola. Inspecione a criança para
detectar edema e vasodilatação da mucosa. O diagnóstico é baseado nas manifestações clínicas, porque
não existem exames laboratoriais ou diagnósticos específicos
Intervenções de Enfermagem
As intervenções de enfermagem para a criança que tem um resfriado comum consistem em promover
seu conforto, fornecer instruções à família e evitar disseminação da infecção.
Educação da Família
Hoje em dia, não existem medicamentos disponíveis para tratar os vírus que causam o resfriado
comum e, por esta razão, a única medida necessária é o tratamento sintomático. Os antibióticos não
estão indicados, a menos que a criança também tenha infecção bacteriana. Explique aos pais a
importância de reservarem os antibióticos para as doenças apropriadas.
Forneça instruções quanto à aplicação de gotas nasais de soro fisiológico e à aspiração com seringa
de bulbo para remover as secreções do nariz do bebê. A lavagem do nariz com soro fisiológico por meio
de uma seringa de bulbo usada para instilar a solução também é eficaz em crianças de todas as idades
com congestão nasal. Embora o soro fisiológico para aplicação nasal esteja à venda no comércio, os pais
também podem prepará-lo em casa.
Instrua os pais quanto aos sinais e sintomas de complicações do resfriado comum, inclusive:
• Febre persistente;
• Agravamento da dor de garganta ou linfonodos dolorosos e aumentados;
• Acentuação ou piora da tosse; tosse persistente há mais de 10 dias, dor torácica, dificuldade de
respirar;
• Otalgia, cefaleia, dor de dente ou nos seios paranasais;
• Irritabilidade incomum ou letargia;
• Erupção cutânea. Se ocorrerem complicações, diga aos pais para entrarem em contato com um
profissional de saúde para instruções adicionais ou para fazer uma reavaliação.
Sinusite
Em geral, o termo sinusite (também conhecida como rinossinusite) refere-se à infecção bacteriana dos
seios paranasais. A doença pode ser aguda ou crônica e a abordagem terapêutica varia com a duração.
Cerca de 5% das infecções das vias respiratórias superiores são complicadas por sinusite aguda.
Nos pré-escolares, os seios maxilares e etmoidais são os principais focos de infecção. Depois da idade
de 10 anos, os seios frontais são acometidos com maior frequência. O edema da mucosa, a redução do
transporte ciliar e o espessamento das secreções nasais contribuem para invasão bacteriana do nariz.
Os pólipos nasais também colocam a criança sob risco de desenvolver sinusite bacteriana. As
complicações incluem celulite orbitária e infecções intracranianas, inclusive empiema subdural.
Em geral, a persistência dos sinais e sintomas por menos de 30 dias indica sinusite aguda, enquanto
os sintomas que persistem mais de 4 a 6 semanas geralmente sugerem sinusite crônica. A sinusite é
tratada com antibióticos, que devem ser administrados por no mínimo 10 dias.
As recomendações recentes da American Academy of Pediatrics estabelecem que os antibióticos
devem ser mantidos por 7 dias depois que a criança estiver assintomática, a fim de assegurar a
erradicação da infecção (AAP, 2001). Naturalmente, a sinusite crônica deve ser tratada por períodos mais
longos que os casos agudos. O tratamento cirúrgico pode estar indicado para crianças com sinusite
crônica, principalmente se for recidivante ou se houver pólipos nasais.
Sintomas de resfriado grave que não melhoram com o tempo também podem indicar sinusite (Leung
& Kellner, 2004). Investigue a existência de fatores de risco como história de resfriados repetidos ou
pólipos nasais.
Durante o exame físico, observe se há edema palpebral, secreção nasal e halitose. Inspecione a
garganta para detectar indícios de secreção retronasal. Examine a mucosa nasal para ver se está
edemaciada. Palpe os seios paranasais e verifique se há dor à compressão suave. O diagnóstico pode
ser baseado na história e nas manifestações clínicas, complementadas, em alguns casos, pelos
resultados das radiografias, da tomografia computadorizada ou da ressonância magnética (Leung &
Kellner, 2004.)
Intervenções de Enfermagem
Gotas ou aerossol nasal de soro fisiológico, umidificação com vapor frio e ingestão oral adequada de
líquidos são recomendadas para as crianças que têm sinusite. Instrua as famílias quanto à importância
de concluírem todo o ciclo de tratamento antibiótico para erradicar a causa da infecção. Além disso, diga
aos pais que a utilização de descongestionantes, anti-histamínicos e corticoides intranasais não se
mostrou benéfica no tratamento da sinusite. A aplicação de aerossol nasal ou lavagens com soro
fisiológico podem facilitar a drenagem (Leung & Kellner, 2004).
Influenza
A infecção pelos vírus da influenza ocorre principalmente no inverno. A “gripe” é transmitida por
inalação de gotículas ou por contato com aerossóis em partículas minúsculas. As crianças infectadas
disseminam o vírus por 1 a 2 dias antes do início dos sintomas. Entre as crianças, as taxas médias de
infecção anual variam de 35 a 50% (Brunell et al., 2001).
Os vírus da influenza acometem principalmente o epitélio das vias respiratórias superiores, mas
também podem causar doença sistêmica. As crianças que têm distúrbios cardíacos ou pulmonares
crônicos, diabetes, doença renal crônica ou imunodeficiência são mais suscetíveis do que a população
geral de desenvolver infecções mais graves pelos vírus da influenza.
As infecções bacterianas do aparelho respiratório costumam ocorrer como complicações da influenza,
principalmente pneumonia pneumocócica (AAP, 2002). As otites médias ocorrem em 30 a 50% de todos
os pacientes com influenza (Brunell, 2001). Entre as complicações menos comuns estão a síndrome de
Reye e a miosite aguda.
A síndrome de Reye é uma encefalopatia aguda associada à utilização de ácido acetilsalicílico por
crianças infectadas pelos vírus influenza. A miosite aguda é uma complicação específica das crianças.
O início repentino de dor e hipersensibilidade graves nas duas panturrilhas faz com que a criança se
recuse a andar. Em virtude das possíveis complicações, as crianças que apresentam febre prolongada
ou que reaparece no período de convalescença devem ser investigadas.
Avaliação de Enfermagem
As crianças que frequentam a creche ou a escola estão mais sujeitas à infecção pelos vírus influenza
do que as que permanecem rotineiramente em casa. Verifique se há fatores de risco para doença grave,
inclusive doença cardíaca ou pulmonar (p. ex., asma) crônica, diabetes, doença renal crônica ou
imunodeficiência, ou se as crianças que têm câncer estão fazendo quimioterapia.
As crianças em idade escolar e os adolescentes vivenciam a doença de modo semelhante ao dos
adultos. Febre de início súbito, rubor facial, calafrios, cefaleia, mialgia e mal-estar acompanham-se de
tosse e coriza. Cerca de metade dos pacientes infectados têm ressecamento ou dor de garganta. Sinais
e sintomas oculares como fotofobia, lacrimejamento, ardência e dor ocular são comuns.
Intervenções de Enfermagem
As intervenções de enfermagem para a criança com influenza consistem basicamente em medidas de
suporte. O tratamento sintomático da tosse e da febre e a manutenção da hidratação são as principais
medidas. O cloridrato de amantadina e outros agentes antivirais mais modernos podem reduzir os
sintomas associados à influenza, contanto que o uso seja iniciado nas primeiras 24 a 48h da doença.
Faringite
A inflamação da mucosa da garganta (faringe) é conhecida como faringite. A inflamação da garganta
pode acompanhar-se de congestão nasal e geralmente tem etiologia viral. As infecções bacterianas da
faringe ocorrem mais comumente sem sinais e sintomas nasais. Os estreptococos do grupo A são
responsáveis por 15 a 30% dos casos, enquanto os restantes são causados por outros vírus ou bactérias
(Bisno, 2001).
As complicações da infecção por estreptococos do grupo A incluem febre reumática aguda e
glomerulonefrite aguda. Outra complicação da faringite estreptocócica é o abscesso periamigdalar, que
pode ser evidenciado por inflamação simétrica das amígdalas, desvio da úvula para um dos lados e
edema do palato. O abscesso retrofaríngeo também pode ocorrer depois da faringite e é muito comum
nos pré-escolares (Ebell et al., 2000).
Essa complicação pode progredir a ponto de causar obstrução das vias respiratórias e requer avaliação
cuidadosa e tratamento apropriado. Em geral, a faringite viral é autolimitada e não requer outro tratamento
além do alívio dos sintomas.
A faringite causada por estreptococos do grupo A deve ser tratada com antibióticos. Se o teste
diagnóstico rápido ou a cultura de faringe (descrita adiante) for positiva para estreptococos do grupo A, a
penicilina é o antibiótico geralmente prescrito. Outros antibióticos apropriados são amoxicilina e, se
houver alergia à penicilina, macrolídeos e cefalosporinas (Hayes & Williamson, 2001).
Avaliação de Enfermagem
O início da doença geralmente é muito abrupto. A história pode incluir febre, dor de garganta e
dificuldade de deglutir, cefaleia e dor abdominal, que são queixas muito comuns. Investigue se houve
episódios recentes de faringite viral ou estreptocócica na família, na creche ou na escola.
Inspecione a faringe e as amígdalas, que podem apresentar graus variáveis de inflamação. Algumas
crianças podem ter exsudatos, mas isto não é diagnóstico de infecção bacteriana. Observe se há
petéquias no palato. Inspecione a língua para ver se há aspecto semelhante ao do morango. Palpe para
detectar crescimento e hipersensibilidade dos linfonodos cervicais anteriores.
Examine a pele para verificar se há erupção avermelhada e minúscula semelhante a uma lixa
(escarlatiniforme), principalmente no tronco ou no abdome, porque este é um sinal comum da infecção
causada pelos estreptococos do grupo A.
Com uma haste algodonada, a enfermeira pode coletar material da garganta para um teste diagnóstico
rápido ou cultura da faringe. Quando há necessidade de realizar esses dois exames, os aplicadores
devem ser passados simultaneamente para atenuar o trauma imposto à criança. O teste rápido para
estreptococos é sensível e confiável e raramente produz falsos resultados positivos (Farrar-Simpson et
al., 2005). Se o resultado do teste rápido for negativo, poderá ser enviada para cultura uma segunda
amostra da faringe.
Intervenções de Enfermagem
As intervenções de enfermagem para a criança que tem faringite consistem basicamente em promover
seu conforto e dar instruções à família.
Educação da Família
A família pode estar acostumada a tratar “dores de garganta” com antibióticos, mas nas infecções
virais tais medicamentos não são necessários e a faringite regride dentro de alguns dias. Para crianças
que têm faringite estreptocócica, recomende que os pais concluam todo o ciclo de tratamento antibiótico
prescrito (Parmet, 2004).
Depois de 24h de tratamento antibiótico, instrua os pais a descartarem a escova de dentes da criança
para evitar reinfecção. As crianças podem voltar à creche ou à escola depois das primeiras 24h de
tratamento antibiótico, porque a partir daí não são consideradas contagiosas.
Amigdalite
A inflamação das amígdalas ocorre comumente com faringite e, por esta razão, também pode ter
etiologia viral ou bacteriana. As infecções virais requerem apenas tratamento sintomático. O tratamento
da amigdalite bacteriana é o mesmo da faringite bacteriana. O abscesso periamigdaliano pode
desenvolver-se depois de um episódio de amigdalite e a massa contendo pus deve ser incisada e drenada
e, em seguida, a criança deve ser tratada com antibióticos intravenosos (Belkengren & Sapala, 2003).
Em alguns casos, é necessária intervenção cirúrgica. A tonsilectomia (ressecção cirúrgica das
amígdalas palatinas) pode ser indicada para a criança que tem amigdalite estreptocócica recidivante,
hipertrofia maciça das amígdalas, ou por outros motivos. Quando as adenoides hipertrofiadas obstruem
a respiração, pode estar indicada a adenoidectomia (ressecção cirúrgica das adenoides).
Avaliação de Enfermagem
Observe se a criança tem febre ou se há história de episódios febris. Verifique se há relato de faringites
ou amigdalites repetidas. Observe se a voz da criança está abafada ou rouca. Inspecione a faringe para
detectar eritema e crescimento das amígdalas. À medida que as amígdalas aumentam, a criança pode
apresentar dificuldade de respirar e de engolir.
Quando as amígdalas alcançam a linha média (“amígdalas que se beijam”, ou 4+ de tamanho), as vias
respiratórias podem ficar obstruídas. Além disso, quando as adenoides estão aumentadas, as narinas
posteriores ficam obstruídas. A criança pode respirar pela boca e roncar. Palpe os linfonodos cervicais
anteriores e verifique se estão aumentados e hipersensíveis. O teste rápido ou a cultura podem ser
positivos para estreptococos do grupo A (Johansson & Mannson, 2003).
Intervenções de Enfermagem
A amigdalite tratada clinicamente requer as mesmas intervenções de enfermagem preconizadas para
a faringite.
Laringite
A inflamação da laringe é conhecida como laringite e pode ocorrer isoladamente ou combinada com
outros sintomas respiratórios. A laringite caracteriza-se por rouquidão ou perda da voz (a voz fica tão
fraca que é difícil de ouvir). A ingestão oral de líquidos pode oferecer alívio, mas o repouso da voz por 24
h facilita a regressão da inflamação. A laringite isolada não requer qualquer intervenção adicional.
Crupe
As crianças de 3 meses a 3 anos de idade são acometidas mais frequentemente pelo crupe, embora
esta doença possa ocorrer em qualquer idade. O crupe também é conhecido como
laringotraqueobronquite, porque a inflamação e o edema da laringe, da traqueia e dos brônquios ocorrem
em consequência de infecção viral. O vírus para influenza é responsável pela maioria dos casos de crupe.
Outras causas são adenovírus, vírus da influenza A e B, VSR e, raramente, vírus do sarampo ou
Mycoplasma pneumoniae (Bjornson et al., 2004).
A inflamação e o edema obstruem as vias respiratórias e causam os sintomas. Também pode haver
produção aumentada de muco, que contribui para a obstrução das vias respiratórias. O estreitamento da
região subglótica da traqueia causa estridor inspiratório audível. O edema da laringe causa rouquidão. A
inflamação da laringe e da traqueia provoca a tosse de tonalidade áspera característica do crupe. Os
sintomas são mais comuns à noite e o crupe geralmente é autolimitado (em geral, dura cerca de 3 a 5
dias) (Leung et al., 2004).
Avaliação de Enfermagem
Determine a idade da criança; as crianças de 3 meses a 3 anos são mais suscetíveis de apresentar
crupe viral (laringotraqueobronquite). A história pode revelar tosse que começou à noite (apresentação
clínica mais comum) e que tem tonalidade áspera (ou som de tinido). Verifique se há sintomas de infecção
branda das vias respiratórias superiores. A temperatura pode estar normal ou ligeiramente elevada. Faça
a ausculta para detectar estridor inspiratório e observe se há retrações supraesternais. Ausculte os
pulmões para avaliar se o murmúrio vesicular está normal.
Existem várias escalas para classificação da gravidade do crupe, embora tenham pouca utilidade na
avaliação clínica e no tratamento da doença (Leung et al., 2004). O crupe geralmente é diagnosticado
com base na história e na apresentação clínica, mas podem ser realizadas radiografias do pescoço em
perfil para se excluir epiglotite.
Intervenções de Enfermagem
Se a criança estiver sendo tratada em casa, instrua os pais quanto aos sinais e aos sintomas de
angústia respiratória e diga-lhes para buscar atendimento se a condição respiratória da criança piorar.
Ensine aos pais como expor a criança ao ar umidificado (por meio de um umidificador com vapor frio ou
no banheiro com vapor aquecido).
Embora não tenha sido comprovada clinicamente, a utilização do ar umidificado é recomendada há
muito tempo para aliviar os episódios de tosse e é considerada útil, embora sem comprovação. Administre
dexametasona conforme a prescrição, ou oriente os pais a administrarem o medicamento em casa.
Explique aos pais que os efeitos da epinefrina racêmica duram cerca de 2 h e que a criança deve ser
monitorada atentamente, porque algumas crianças voltam a piorar e necessitam de outra dose do
aerossol.
Epiglotite
A epiglotite (inflamação e edema da epiglote) é causada mais comumente pelo Haemophilus influenzae
tipo B. A aplicação ampla da vacina contra Hib a partir da década de 1980 possibilitou redução significativa
na incidência de epiglotite. Em geral, essa infecção ocorre em crianças de 2 a 7 anos de idade e pode
ser fatal (Leung et al., 2004).
Se as vias respiratórias ficarem totalmente obstruídas, podem ocorrer parada respiratória e morte.
Outras complicações são pneumotórax e edema pulmonar. A abordagem terapêutica enfatiza a
manutenção e o suporte às vias respiratórias (Tanner et al., 2002). A criança deve ser tratada em uma
unidade de terapia intensiva.
Avaliação de Enfermagem
Avalie cuidadosamente a criança sob suspeita de epiglotite. Determine se os sintomas começaram
repentinamente e se a criança teve febre alta. A aparência geral é de uma criança toxêmica, que pode
recusar-se a falar ou que fala com voz muito baixa. A criança pode recusar-se a deitar e pode assumir a
posição característica, que é de sentar-se com o corpo inclinado para a frente e o pescoço estendido. A
criança pode salivar excessivamente (babar).
Observe se a criança está ansiosa ou assustada. Determine a coloração da pele da criança. Em geral,
não há tosse. Podem ser realizadas radiografias do pescoço em perfil para se comprovar a existência de
epiglotite. Esse exame deve ser realizado cuidadosamente, de modo a não provocar obstrução das vias
respiratórias em virtude das alterações da posição do pescoço da criança (Bjornson et al., 2004; Tanner
et al., 2002).
Intervenções de Enfermagem
Nunca deixe a criança sem supervisão. Mantenha a criança e seus pais tranquilos na medida do
possível. Deixe a criança ficar na posição que lhe pareça mais confortável. Não coloque a criança na
Bronquiolite
Bronquiolite é um processo inflamatório agudo dos bronquíolos e dos brônquios de pequeno calibre.
Quase sempre de etiologia viral, o VSR é responsável pela maioria dos casos de bronquiolite, enquanto
os adenovírus, o vírus para influenza e o metapneumovírus humano também são agentes etiológicos
importantes. O texto a seguir enfatiza a bronquiolite causada pelo VSR.
O pico de incidência de bronquiolite ocorre no inverno e na primavera e coincide com a estação de
maior prevalência do VSR. Nos EUA e no Canadá, a estação do VSR geralmente começa em setembro
ou outubro e estende-se até abril ou maio. Quase todas as crianças contraem infecção pelo VSR nos
primeiros anos de vida. A bronquiolite causada por esse vírus é mais comum em lactentes e infantes, com
pico de incidência em torno dos 6 meses de vida.
A gravidade da doença está inversamente relacionada com a idade da criança, e os casos mais graves
ocorrem entre 1 e 3 meses de vida (Weisman & Groothius, 2000). A frequência e a gravidade das
infecções causadas pelo VSR diminuem com a idade. Infecções repetidas pelo VSR ocorrem ao longo da
vida, mas em geral localizam-se nas vias respiratórias superiores depois da idade de 3 anos.
Intervenções de Enfermagem
A infecção pelo VSR geralmente é autolimitada e os diagnósticos, as metas e as intervenções de
enfermagem para a criança que tem bronquiolite consistem basicamente em medidas de suporte. As
crianças com doença menos grave podem necessitar apenas de antipiréticos, hidratação adequada e
observação atenta.
Em geral, essas crianças podem ser tratadas adequadamente em casa, contanto que o cuidador
principal seja confiável e sinta-se capaz de manter observação atenta. Os pais ou os cuidadores devem
ser instruídos a atentar para sinais de agravamento e devem entender a importância de buscar
atendimento imediato caso as condições da criança piorem.
A internação hospitalar é necessária para crianças com doença mais grave, e as crianças internadas
por bronquiolite associada ao VSR devem ser mantidas em observação rigorosa.
Pneumonia
Pneumonia é uma inflamação do parênquima pulmonar causada por vírus, bactérias, micoplasmas ou
fungos. A pneumonia também pode ser causada por aspiração de corpos estranhos para as vias
respiratórias inferiores (pneumonia de aspiração). As pneumonias são mais comuns no inverno e no início
da primavera. Embora sejam comuns nas crianças, as pneumonias são diagnosticadas mais comumente
em lactentes e infantes.
Os vírus são as causas mais comuns de pneumonia entre os lactentes, mas são os agentes etiológicos
menos frequentes nos pré-escolares. A pneumonia viral geralmente é mais bem tolerada pelas crianças
de todas as idades. As crianças com pneumonia bacteriana têm maior tendência a demonstrar aspecto
toxêmico, mas em geral há recuperação rápida se o tratamento antibiótico for iniciado imediatamente.
A pneumonia geralmente é uma doença autolimitada. As crianças que apresentam pneumonias
repetidas devem ser avaliadas quanto à existência de doenças pulmonares crônicas, inclusive asma ou
fibrose cística. As complicações potenciais da pneumonia incluem bacteremia, derrame pleural, empiema,
abscesso pulmonar e pneumotórax (Nield et al., 2005).
Com exceção da bacteremia, todas as outras complicações geralmente são tratadas por toracocentese
e/ou tubos torácicos e antibióticos apropriados, conforme a necessidade. As pneumatoceles (cavidades
com paredes finas que se formam nos pulmões) podem estar associadas a algumas pneumonias
bacterianas e, em geral, regridem espontaneamente com o tempo.
A abordagem terapêutica das crianças com doença menos grave inclui antipiréticos, hidratação
adequada e observação atenta. Mesmo as pneumonias bacterianas podem ser tratadas eficazmente em
Intervenções de Enfermagem
Os diagnósticos, as metas e as intervenções de enfermagem para a criança com pneumonia consistem
basicamente em proporcionar suporte e instruções quanto à doença e ao tratamento. A profilaxia da
infecção pneumocócica também é importante. As crianças com doença mais grave precisam ser
hospitalizadas.
Bronquite
Bronquite é a inflamação da traqueia e dos brônquios principais, geralmente associada a uma IVRS.
A bronquite geralmente é viral, embora o Mycoplasma pneumoniae também seja um agente etiológico
importante em crianças com mais de 6 anos de idade.
Em geral, a recuperação ocorre em 5 a 10 dias. A abordagem terapêutica consiste basicamente em
medidas de suporte. A administração de expectorante e hidratação adequada são medidas importantes.
Se o agente etiológico for Mycoplasma, estarão indicados antibióticos (Orenstein, 2004).
Avaliação de Enfermagem
A doença pode começar como se fosse uma IVRS branda. A criança tem febre seguida de tosse seca
e entrecortada, que pode tornar-se produtiva nas crianças capazes de expectorar. A tosse pode acordar
a criança durante a noite. A ausculta dos pulmões pode detectar estertores bolhosos, e a respiração não
é dificultada. Radiografias do tórax podem mostrar hiperinsuflação alveolar difusa e acentuação das
tramas peri-hilares.
Intervenções de Enfermagem
As intervenções de enfermagem têm como objetivo prestar cuidados de suporte. Diga aos pais que os
expectorantes ajudam a soltar as secreções e que os antipiréticos ajudam a reduzir a febre e aumentar o
conforto da criança. Estimule a hidratação adequada. Os antibióticos são prescritos apenas quando a
pneumonia parece ser bacteriana. Desestimule a utilização de supressores da tosse, porque é importante
que o escarro acumulado seja expectorado.
Tuberculose
Tuberculose é uma doença altamente contagiosa causada por inalação de gotículas respiratórias
contaminadas por Mycobacterium tuberculosis ou Mycobacterium bovis. Em geral, as crianças contraem
a doença de um familiar com quem vivem em contato direto. Anualmente, cerca de 1.000 crianças norte-
americanas contraem tuberculose e têm doença em atividade (Reznik & Ozuah, 2005).
As crianças das raças não brancas e as crianças com doenças crônicas ou desnutrição são mais
suscetíveis de contrair infecção. Depois da exposição a um indivíduo infectado, o período de incubação
é de 2 a 10 semanas.
Os bacilos da tuberculose inalados multiplicam-se nos alvéolos e nos dutos alveolares e estimulam a
formação de um exsudato inflamatório. Os bacilos disseminam-se para a corrente sanguínea e para o
sistema linfático e alcançam várias partes do corpo. Embora a tuberculose pulmonar seja a forma mais
comum da doença, as crianças também podem ter infecções de outros órgãos do corpo, inclusive o trato
gastrintestinal ou o sistema nervoso central (Starke & Munoz, 2004).
Avaliação de Enfermagem
A triagem rotineira para infecção por tuberculose não é recomendada para os grupos de baixo risco,
mas as crianças consideradas de alto risco de contrair esta doença devem fazer a triagem pelo teste de
Mantoux.
As crianças que têm doenças crônicas (exceto infecção pelo HIV) não são mais suscetíveis de adquirir
tuberculose, mas devem ser consideradas cuidadosamente e fazer a triagem antes de se iniciarem
tratamentos imunossupressores (Reznik & Ozuah, 2005).
Intervenções de Enfermagem
A internação hospitalar de crianças com tuberculose é necessária apenas para os casos mais graves.
As intervenções de enfermagem têm como objetivo prestar cuidados de suporte e estimular a adesão ao
tratamento prescrito. A maioria dos cuidados de enfermagem para as crianças com tuberculose é prestada
em clínicas ambulatoriais, escolas ou serviços de saúde pública. As medidas de suporte incluem
assegurar nutrição e repouso adequados, aumentar o conforto da criança (p. ex., reduzir a febre), evitar
exposição a outras doenças infecciosas e evitar reinfecção.
Asma
Asma é uma doença inflamatória das vias respiratórias que se caracteriza por hiper-reatividade, edema
e produção de muco pelas vias respiratórias. A obstrução das vias respiratórias causada pela asma pode
ser revertida em parte ou totalmente. A gravidade varia de períodos longos de controle com exacerbações
agudas esparsas em algumas crianças, ou persistência diária dos sintomas em outros casos (Kieckhefer
& Ratcliffe, 2004).
A asma é a doença crônica mais comum da infância e acomete cerca de 9 milhões de crianças norte-
americanas (Kumar et al., 2005). Uma porcentagem pequena das crianças asmáticas é responsável por
grande parte da utilização dos serviços e dos gastos com saúde (Wakefield et al., 2005).
Essa doença é responsável por quase 12 milhões de dias de aula perdidos anualmente e por um
número significativo de faltas ao trabalho pelos pais (Lara et al., 2002). A incidência e a gravidade da
asma estão aumentando e isto pode ser atribuído à urbanização crescente, ao aumento da poluição do
ar e ao diagnóstico mais preciso.
A gravidade varia dos sintomas associados apenas a atividades vigorosas (broncoespasmo induzido
por esforço) aos sintomas diários que interferem na qualidade de vida. Embora não sejam comuns, as
mortes infantis associadas à asma também estão aumentando em todo o mundo. Poluição do ar,
alergênios, história familiar e infecções virais podem desempenhar papéis importantes na asma. Muitas
crianças asmáticas também têm doença gastresofágica, ainda que a relação entre esses dois distúrbios
não esteja totalmente esclarecida.
As complicações da asma incluem remodelação crônica das vias respiratórias, estado de mal asmático
e insuficiência respira-tória. As crianças asmáticas também são mais suscetíveis de desenvolver
infecções respiratórias virais e bacterianas graves.
Os objetivos atuais do tratamento clínico são evitar os fatores desencadeantes da asma e reduzir ou
controlar os episódios de inflamação. As recomendações recentes do National Asthma Education and
Prevention Program sugerem uma abordagem progressiva do tratamento e também prevenção da
exposição aos alergênios. Essa abordagem progressiva consiste em intensificar o tratamento à medida
que a condição da criança piora e, em seguida, atenuar o tratamento à medida que ela melhora. Alguns
estudos mostraram que os modificadores dos leucotrienos são eficazes no controle imediato da asma
crônica (Berkhof et al., 2003).
Em geral, a profilaxia a longo prazo consiste em usar corticoides inalatórios. Podem ser usados
broncodilatadores no tratamento agudo da broncoconstrição ou no tratamento crônico para evitar
broncoespasmo, quando induzido por esforço físico pode ocorrer em qualquer criança asmática, ou ser o
único sintoma das crianças com asma intermitente.
A maioria das crianças pode evitar broncoespasmo induzido por esforço fazendo um período de
aquecimento mais longo antes de exercício vigoroso e, se for necessário, inalando um broncodilatador de
ação curta pouco antes da atividade física.
Avaliação de Enfermagem
Os resultados da avaliação pertinentes à asma estão descritos a seguir.
História de Saúde
Obtenha uma descrição da doença atual e da queixa principal. Os sinais e os sintomas comumente
relatados durante a obtenção da história de saúde podem incluir:
Exame Físico
O exame físico da criança asmática inclui inspeção, ausculta e percussão.
Inspeção
Observe o aspecto geral e a coloração da pele e das mucosas da criança. Durante as exacerbações,
a pele da criança pode continuar rosada, mas, à medida que seu estado piora, pode surgir cianose. O
esforço respiratório é variável. Algumas crianças apresentam retrações suaves, enquanto outras
demonstram utilização significativa dos músculos acessórios e, por fim, começam a balançar a cabeça
para trás quando não recebem tratamento eficaz.
A criança pode parecer ansiosa e amedrontada, ou letárgica e irritável. Também pode haver sibilos
audíveis. As crianças com asma grave e persistente podem ter tórax em barril e, em geral, apresentam
acentuação branda do esforço respiratório.
Ausculta e Percussão
Os campos pulmonares devem ser avaliados cuidadosamente. A sibilação é a marca característica da
obstrução das vias respiratórias e pode variar de acordo com o campo pulmonar. Também pode ser
detectado murmúrio vesicular rude. Avalie a adequação da ventilação.
O murmúrio vesicular pode estar diminuído nas bases dos pulmões ou difusamente. Nas crianças
asmáticas, a imobilidade do tórax é um sinal de mau prognóstico. Em presença de obstrução respiratória
grave, a circulação do ar pode ser tão difícil que os sibilos não são detectáveis à ausculta. A percussão
pode demonstrar hiperressonância.
Intervenções de enfermagem
As intervenções iniciais de enfermagem para a criança que apresenta exacerbação aguda da asma
têm como objetivo desobstruir as vias respiratórias e recuperar o padrão respiratório eficaz, além de
promover oxigenação e ventilação adequadas (troca gasosa). Outras considerações pertinentes estão
descritas a seguir.
Hérnias inguinais e umbilicais são defeitos que ocorrem durante o desenvolvimento fetal. É uma das
causas mais comuns de encaminhamento de lactentes e crianças aos cirurgiões pediátricos.
Hérnia Inguinal
As hérnias inguinais ocorrem em 0,8% a 4,4% das crianças, mais frequentemente em prematuros.
Ocorrem 3 a 10 vezes mais em meninos do que em meninas (Katz, 2001). Na maioria dos casos de hérnia
inguinal, o processo genital não se fecha completamente, permitindo a passagem de vísceras através do
anel inguinal para o canal inguinal.
Os sacos herniários que se desenvolvem com maior frequência contêm intestinos em meninos e tubas
uterinas e ovários em meninas. A correção cirúrgica da hérnia inguinal em geral é feita quando o recém-
nascido tem algumas semanas de vida e está se desenvolvendo bem.
Avaliação de Enfermagem
Avalie os recém-nascidos e as crianças com hérnia inguinal procurando uma bolsa proeminente no
abdome inferior ou na região inguinal. Pode ser possível ver a massa, mas com frequência ela é vista
apenas quando a criança está chorando ou defecando, o que dificulta sua identificação no ambiente
clínico.
Diarreia
Diarreia é um aumento da frequência ou uma diminuição da consistência das fezes (Ulshen, 2004c).
Em crianças, a diarreia pode ser aguda ou crônica. A diarreia infecciosa aguda (gastrenterite) ainda é a
principal causa de morte de crianças em todo o mundo. Nos EUA, a incidência de diarreia varia entre 1 e
2,5 episódios por criança ao ano, resultando em cerca de 38 milhões de casos, 2 a 3,7 milhões de
consultas médicas, 220.000 hospitalizações e 325 a 425 mortes por ano (Berman, 2003).
Intervenções de Enfermagem
A assistência de enfermagem à criança que tem diarreia visa restaurar o equilíbrio hidroeletrolítico e
orientação à família.
Orientação à Família
Oriente a família sobre a importância da reidratação oral. O médico pode prescrever medicamentos.
Nesses casos, oriente sobre a importância de cumprir o tratamento completo com os antibióticos
prescritos. Depois que a causa da diarreia for conhecida, oriente a criança e a família sobre como evitar
novas ocorrências.
Como a maioria das diarreias agudas é infecciosa, oriente sobre como lavar as mãos adequadamente
e sobre vias de transmissão. A diarreia crônica é frequentemente resultado de ingestão excessiva de
fórmula, água ou sucos de frutas; por isso, oriente os pais sobre ingestão adequada de líquidos.
Avaliação de Enfermagem
Pesquise fatores de risco para candidíase oral, como baixa idade, imunossupressão, uso de
antibióticos, uso de inalantes com corticosteroides ou micose na mãe. Inspecione a mucosa oral. A
candidíase apresenta-se como placas espessas esbranquiçadas sobre a língua e a mucosa, com aspecto
de leite coalhado. Ao contrário de leite retido na boca, as placas não são retiradas com facilidade com um
swab ou com escova de dentes.
Verifique se existe erupção de pele sob a fralda (coloração vermelho-viva com lesões satélites).
Determine o grau de comprometimento da amamentação. As lesões podem causar desconforto
significativo. O diagnóstico em geral é feito com base na apresentação clínica, embora um raspado
cuidadoso das lesões possa ser enviado para cultura de fungos.
Intervenções de Enfermagem
A assistência de enfermagem à criança com candidíase inclui a administração de medicamentos e
orientação à família.
Administração de Medicamentos
Garanta a administração adequada de antifúngicos orais. Nistatina em suspensão deve ser aplicada 4
vezes/dia após a alimentação, para possibilitar que o medicamento fique em contato com as lesões. Em
lactentes, a nistatina pode ser aplicada com um cotonete. Infantes e crianças conseguem engolir com
facilidade a suspensão oral de sabor agradável.
Uma vantagem do fluconazol é a administração 1 vez/dia, mas os lactentes ou as crianças que o estão
usando devem ser monitorados por causa do risco de hepatotoxicidade. Ao contrário da nistatina, o
fluconazol deve ser administrado com alimentos, para diminuir efeitos colaterais como náuseas e vômitos.
Orientação à Família
Se a mãe também estiver infectada, tem de ser tratada com um antifúngico da mesma forma. A
infecção fúngica das mamas pode causar bastante dor durante a amamentação, mas, com tratamento
adequado, a amamentação pode continuar sem interrupção.
Deve-se enfatizar a lavagem adequada das mãos. Bicos de mamadeiras e chupetas devem ser
mantidos limpos. Como os lactentes e os infantes com frequência colocam brinquedos na boca, esses
brinquedos devem ser bem lavados. Pais de lactentes com candidíase oral costumam relatar erupção na
região das fraldas, porque a infecção fúngica na área da fralda ocorre ao mesmo tempo que a candidíase
oral e também precisa de tratamento.
Refluxo Gastresofágico
Refluxo gastresofágico é a passagem de conteúdo gástrico para o esôfago. É considerado um
processo fisiológico normal que ocorre em lactentes e crianças saudáveis. Entretanto, quando se
desenvolvem complicações resultantes do refluxo gástrico para o esôfago e a orofaringe, torna-se um
processo patológico chamado doença por refluxo gastresofágico (DRGE).
O RGE ocorre com frequência durante o primeiro ano de vida, e desaparece na maioria dos lactentes
até os 6 meses de vida. O RGE é especialmente comum em prematuros. Outros diagnósticos possíveis
que podem ser confundidos com RGE incluem alergias alimentares, enteropatias por fórmulas, obstrução
pilórica, má rotação, vômitos cíclicos ou lesões do sistema nervoso central.
Intervenções de Enfermagem
Como em todos os distúrbios GI, a assistência de enfermagem inicial visa restaurar o equilíbrio hídrico
e a nutrição.
Intervenções de Enfermagem
A assistência de enfermagem focaliza ensinamentos sobre controle da doença, nutrição,
medicamentos e enfrentamento pela família e pela criança.
Doença Celíaca
A doença celíaca, também chamada espru celíaco, é um distúrbio imunológico em que o glúten, uma
substância encontrada com frequência em grãos, provoca lesão do intestino delgado. As vilosidades do
intestino delgado são lesionadas pela resposta imunológica do organismo à digestão do glúten. A função
das vilosidades é absorver nutrientes para a corrente sanguínea. Quando elas estão achatadas ou
lesionadas, ocorre desnutrição.
A doença celíaca já foi considerada uma doença rara encontrada somente na Europa, mas hoje
acredita-se que seja o distúrbio genético mais frequente no mundo, afetando 1 em 150 pessoas. A
incidência de doença celíaca em pessoas que têm um parente com a doença, chegando até 1 em 20
(Korn, 2002). Parentes de pessoas com doença celíaca são com frequência avaliados, especialmente se
tiverem sintomas GI.
O único tratamento atual para a doença celíaca é uma dieta estritamente sem glúten. A eliminação do
glúten na dieta promove reconstituição das vilosidades e de sua função, com melhora subsequente dos
sintomas. Como mesmo pequenas quantidades de glúten reintroduzidas na dieta podem causar lesão
das vilosidades, a criança deve manter a dieta durante toda a vida.
Intervenções de Enfermagem
O principal papel da enfermeira na assistência de crianças que têm doença celíaca é a orientação da
criança e da família. A criança deve seguir uma dieta estrita sem glúten durante toda a vida. Isso com
frequência é difícil, porque o glúten está presente na maioria dos produtos feitos com trigo, centeio,
cevada e possivelmente aveia. Estimule os pais e a criança a manterem uma dieta isenta de glúten. Com
Os “problemas” cardíacos na criança são estudados e tratados pela Cardiologia Pediátrica que é a
ciência clínica do ser humano em desenvolvimento no que diz respeito aos problemas cardiovasculares.
A maior parte das crianças com cardiopatias ligeiras não tem qualquer sintoma e a doença é suspeitada
pelo médico numa observação de rotina.
1. Dificuldade Respiratória: muitas crianças com problemas cardíacos têm dificuldade respiratória,
com aumento da frequência respiratória (polipneia) e aumento do esforço inspiratório que se nota pela
retração dos músculos intercostais (“tiragem” intercostal).
2. Cansaço com os Esforços: nas crianças pequenas (recém-nascidos e lactentes) o cansaço
manifesta-se principalmente durante o esforço da alimentação por transpiração abundante, necessidade
de pausas frequentes e aumento lento de peso.
Atenção: Cianose - coloração azulada das mucosas (boca, língua). Resulta da mistura de sangue
arterial (oxigenado) com sangue venoso (menos oxigenado) que acontece em várias cardiopatias
congénitas.
No entanto, existem alguns tipos de cianose que não representam doença cardíaca, como:
a) Cianose transitória do recém-nascido: mais frequente em recém-nascidos prematuros, deve-se a
vários fatores não cardíacos. Desaparece nos primeiros dias e não necessita de qualquer terapêutica.
b) Nas crianças pequenas é frequente haver coloração azulada à volta da boca e na ponta dos dedos
devido à contração de pequenos vasos capilares com o frio.
c) Também é frequente haver cianose com o choro nas crianças pequenas por dificuldade de controlo
da respiração (espasmo do choro).
Posição de Cócoras (SQUATTING): as crianças mais velhas com doenças cardíacas cianóticas
(como tetralogia de Fallot) descansam muitas vezes em posição de cócoras após esforços. É uma posição
de defesa que permite que se eleve a pressão arterial e obriga a que passe mais sangue para os pulmões
através do aperto da saída do coração para a AP melhorando a oxigenação. Representa um sinal de
doença cardíaca importante.
Cardiopatias Congénitas
6 MONTERROSO,J. Um grande coração. Manual da criança com doença cardíaca. Associação de Proteção e Apoio à Criança com Doença Cardíaca (APA-
CDC), 4ª edição
7 KAKU,S. Parte XXII Cardiologia. In: Amaral JMV, ed. Tratado de Clínica Pediátrica. Vol. 2. Lisboa 2008: 941-1009
8 https://bitty.ch/swq55
I. Shunts esquerdo-direitos: permitem a passagem de sangue do lado esquerdo para o lado direito
da circulação.
a) Comunicação interventricular (CIV): é um orifício no septo interventricular, que permite a
passagem de sangue do VE para o VD e para os pulmões. A maior parte das CIV são pequenas, não dão
sintomas e encerram espontaneamente, não sendo necessário qualquer tratamento. As CIV grandes
necessitam de tratamento pois permitem a passagem de grande quantidade de sangue para os pulmões
provocando insuficiência cardíaca que se manifesta por cansaço com os esforços, lenta progressão
ponderal e infecções respiratórias de repetição.
b) Comunicação interauricular (CIA): é um orifício septo interauricular. A maior parte das CIA são
pequenas e não dão queixas, mas quando são grandes provocam dilatação do VD e da AP e infecções
respiratórias de repetição e esses casos devem ser tratados para evitar alterações graves na circulação
pulmonar, insuficiência cardíaca e arritmias na idade adulta. Na vida fetal, existe o FO que encerra
espontaneamente após o nascimento. No entanto, em cerca de 20 % da população mantêm-se permeável
toda a vida, não necessitando de qualquer tratamento.
c) Persistência do canal arterial: são casos em que o CA não encerra espontaneamente. Os doentes
com CA de grande débito necessitam de tratamento por apresentarem sinais de insuficiência cardíaca.
Os doentes com CA pequeno, apesar de não darem sintomas, também devem ser tratados pelo risco de
infecção.
d) Defeitos do septo aurículoventricular (DSAV): existem duas formas principais de DSAV, A forma
incompleta caracteriza-se por CIA + anomalia da válvula mitral e não dá sintomas. Na forma completa
existe uma comunicação entre as quatro cavidades do coração com malformação das válvulas
auriculoventriculares e os doentes têm sintomas de insuficiência cardíaca. É frequente nas crianças com
Trissomia .Todos os casos necessitam de tratamento cirúrgico.
II. Shunts direito-esquerdos: são cardiopatias que permitem a passagem de sangue venoso do lado
direito para o lado esquerdo da circulação provocando cianose e necessidade de tratamento. Referiremos
apenas duas situações:
a) Tetralogia de Fallot: nesta cardiopatia existe uma CIV associada a um aperto na saída do VD para
a AP o que obriga a uma parte do sangue venoso a passar do VD para a Ao provocando cianose. Nos
casos mais graves, as crianças pequenas (lactentes) podem ter crises de hipóxia e as mais crescidas
podem descansar na posição de cócoras.
b) Transposição completa das grandes artérias: nesta cardiopatia, a origem da Ao e da AP estão
trocadas: a Ao sai do VD (onde circula sangue venoso) e a AP sai do VE (onde circula sangue arterial).
Para que a criança possa sobreviver é obrigatório que exista uma malformação associada que permita
que algum sangue arterial possa passar para a Ao. No feto, o Forame Oval e o CA permitem essa mistura.
Após o nascimento, estes defeitos encerram espontaneamente e a criança fica muito cianosada, pelo que
é obrigatório tratamento URGENTE por cateterismo e cirurgia nos primeiros dias de vida. Nos casos em
que exista uma CIV associada, os sintomas aparecem algumas semanas após o nascimento, havendo
além da cianose, insuficiência cardíaca.
A disfunção renal é muito comum em crianças. Uma disfunção primária poder advir de doenças que
se originam no rim ou trato urinário (ex., pielonefrite, displasia ou síndrome nefrótica). Uma disfunção
secundária decorre de doenças sistêmicas que alteram função renal, como lúpus eritematoso sistêmico
(LES), desidratação e insuficiência cardíaca.
As anormalidades das muitas funções do rim aparecem predominantemente como alterações no
aspecto ou volume da urina e anormalidades no equilíbrio hidroeletrolítico ou acidobásico.
Como a produção fetal de urina contribui para o volume de líquido amniótico, as anomalias renais
frequentemente se associam a redução desse volume (oligoidrâmnio) e, com menor frequência, há maior
volume de líquido amniótico (poliidrâmnio). As anomalias renais e ureterais ocorrem em 3-4% dos recém-
nascidos (BEHRMAN e KLIENGMA, 2000).
9 Behrman RE, Kliegman RM, Jenson HB, editores: Nelson’s textbook of pediatrics, ed 16, Philadelphia, 2000, WB Saunders, Chapter 529.
10 Lissauer, T., Clayden, G. Manual ilustrado de Pediatria. Guanabara Koogan S. A., 2ª edição, Rio de Janeiro, 2003.
11 RIYUZO, M. C. et al. Síndrome nefrótica primária grave em crianças: descrição clínica e dos padrões histológicos renais de seis casos . J Bras. Patol. Med.
Lab., v. 42, n. 5, p. 393-40, outubro 2006.
12 D’ Ippolito G. et al. Pielonefrite aguda: classificação, nomenclatura e diagnóstico por imagem. Revista Imagem. vol.27, v. 3, pag. 183-194, 2005.
Síndrome causada pela perda renal de proteínas. Nesta síndrome, a proteinúria maciça resulta numa
albumina plasmática baixa e edema (Lissauer e Clayden, 2003).
Segundo Riyuzoet al (2006), a síndrome nefrótica no primeiro ano de vida é afecção incomum e
abrange lesões glomerulares renais de diferentes causas, evoluções e prognósticos. É definida como
síndrome nefrótica congênita quando ocorre aparecimento de proteinúria e sinais clínicos logo após o
nascimento, até três meses de idade, e infantil entre quatro meses e um ano de idade. Pode ser
classificada em três categorias: Primária, associada com malformações e adquirida ou secundária.
Ela é responsável por graves distúrbios metabólicos que afetam o desenvolvimento e o crescimento
da criança, podendo levar à insuficiência renal e mesmo a óbito.
A causa do distúrbio é desconhecida, mas alguns casos são secundários a doenças sistêmicas como
vasculite (ex.: lúpus eritematoso sistêmico), infecções (ex.: malária), ou alérgicas (ex.: picada de abelha).
Diagnóstico
O paciente se apresenta com edema generalizado e volume urinário muito diminuído. Na urina de 24h,
as perdas de proteínas são anormais, sempre superiores a 0,10g/kg de peso corporal. No sangue, a
albumina está muito baixa e o colesterol elevado.
- Hipertensão persistente;
- Função renal alterada;
- Hematúria persistente.
Tratamento
Suporte emocional: a criança e a família, explicando que a criança poderá levar uma vida normal.
Todos os tratamentos, quaisquer que sejam as causas, visam diminuir ou eliminar a perda anormal
das proteínas urinárias.
O tratamento poderá ser basicamente ambulatorial e as internações ficam reservadas para: biópsia
renal quando indicada, necessidade de diuréticos intravenosos, por anasarca intensa, infecções graves.
Medidas Gerais: Cuidados com a pele, evitar lesões, punções, picadas de inseto. Tratar IVAS e suas
intercorrências. E evitar contato com doenças infecciosas sobre tudo varicela.
Pielonefrite
A pielonefrite é uma infecção do trato urinário ascendente que atinge ao rim e a pelve renal. Pode ser
classificada em Pielonefrite Aguda e Pielonefrite Crônica.
A Pielonefrite Aguda pode ser causada por uma infecção bacteriana ou por infecção supurativa.
Na Pielonefrite Crônica as infecções de repetição se conjugam com a reação do sistema imunitário a
essas infecções para produzir o quadro de lesões.
A pielonefrite afeta mais frequentemente os bebês com menos de um ano e anomalias congênitas do
sistema urinário.
Sintomas
Os sintomas mais frequentes são:
- Dor na micção (disúria) e maior frequência (polaciúria);
- Febre, suores, mal-estar;
- Leucócitos em massas cilíndricas na urina (piúria).
Diagnóstico
Diagnóstico é geralmente clínico e laboratorial. Microscopicamente observa-se inflamação supurativa,
com infiltração primeiro de neutrófilos, mais tarde de macrófagos e linfócitos.
Há necrose das células dos túbulos renais. Pode haver ou não formação de abcessos. Após resolução
há extensa fibrosação das regiões afetadas.
Tratamento
Terapia com antibióticos.
Complicações
Infrequentemente, e principalmente em indivíduos debilitados ou diabéticos podem ocorrer
complicações. Estas incluem a Bacteremia, multiplicação bacteriana no sangue grave, frequentemente
pode ser mortal, ou a necrose da pelve renal, com insuficiência renal crônica, podendo levar a morte.
Anemia
Anemia é uma condição na qual as contagens de hemácias e o nível de hemoglobina estão abaixo do
normal. As concentrações de hemoglobina variam ao longo da infância e devem ser monitoradas para se
assegurar um crescimento e um desenvolvimento adequados.
A anemia pode ser causada por produção reduzida de hemácias ou por perda ou destruição dessas
células. O bloqueio da produção pode ser secundário a ingestão dietética insuficiente dos nutrientes
necessários à formação das hemácias, alterações da estrutura celular, ou anormalidades dos tecidos
formadores (p. ex., medula óssea).
A anemia causada por deficiência nutricional inclui a carência de ferro ou de ácido fólico e a anemia
perniciosa. Além disso, a anemia pode ser causada por exposição a toxinas (intoxicação por chumbo) ou
ocorrer como reação adversa a fármacos (anemia aplásica). A perda de sangue pode ser causada por
intervenções cirúrgicas ou traumatismo, enquanto a destruição acelerada das hemácias ocorre em alguns
distúrbios genéticos e alterações do desenvolvimento celular.
A anemia causada por alterações ou destruição das hemácias é conhecida como anemia hemolítica.
Existem vários tipos de anemia hemolítica, inclusive doença falciforme e talassemia (estes dois distúrbios
estão descritos adiante na seção sobre Hemoglobinopatias).
A anemia associada a ingestão insuficiente de nutrientes específicos é a forma mais comum entre as
crianças. A ingestão nutricional da criança pode estar reduzida em consequência de aversões alimentares
ou distúrbios que causem má absorção.
Anemia ferropriva
A anemia ferropriva ocorre quando o organismo não tem quantidades suficientes de ferro para produzir
hemoglobina. Um dos fatores que contribuem para esse tipo de anemia entre os infantes é o consumo de
leite de vaca. Os lactentes de 9 a 12 meses que ingerem mais de 500g de leite de vaca por dia têm níveis
baixos de hemoglobina (Zetterstrom, 2004).
A fração heme da hemoglobina consiste em ferro circundado por protoporfirina. Quando não há
quantidade suficiente de ferro na medula óssea, a produção de hemoglobina diminui. A ingestão
adequada desse elemento é necessária para que o organismo produza quantidades suficientes de
hemoglobina.
À medida que a hemoglobina diminui, o mesmo acontece com a capacidade de transportar oxigênio
no sangue, e isto causa fraqueza e fadiga. A anemia ferropriva foi associada a disfunção cognitiva,
alterações do comportamento, atrasos do crescimento e do desenvolvimento dos lactentes, fatigabilidade
exagerada e participação reduzida das crianças em suas atividades habituais (Lozoff et al., 2003).
Intervenções de enfermagem
As intervenções de enfermagem para a criança com deficiência de ferro consistem basicamente em
promover a segurança, assegurar uma ingestão adequada de ferro e orientar a família.
Intervenções Dietéticas
Assegure que os lactentes que têm deficiência de ferro sejam alimentados apenas com fórmulas
enriquecidas com este elemento.
As intervenções dietéticas recomendadas para lactentes (aleitamento materno) incluem a introdução
de suplementos de ferro em torno dos 4 a 5 meses de vida. A suplementação de ferro pode variar do
acréscimo de cereais enriquecidos com ferro na dieta da criança até a administração de soluções que
contenham ferro.
Estimule as mães que amamentam a aumentar a ingestão dietética de ferro ou a usar suplementos de
ferro, a fim de que o ferro possa ser transferido ao lactente durante a amamentação. Para crianças de
mais de 1 ano, limite a ingestão de leite de vaca a 600ml/dia.
Limite o consumo de fast food e estimule a ingestão de alimentos ricos em ferro, inclusive carnes
vermelhas, atum, salmão, ovos, tofu, grãos enriquecidos, feijão e ervilha seca, frutas secas, vegetais
folhosos verdes e cereais de desjejum enriquecidos com ferro (o ferro encontrado nas carnes vermelhas
é mais fácil de ser absorvido pelo organismo).
Oriente os pais quanto à ingestão dietética e estimule-os a oferecer vários alimentos que contenham
ferro, vitaminas e outros minerais necessários ao crescimento. Um problema significativo para os infantes
é o hábito de “beliscar”. Isso geralmente é utilizado pela criança como meio de adquirir controle, e os pais
devem evitar se envolver em uma disputa por poder. Também pode ser útil encaminhar os pais a um
psicólogo que possa ajudá-los em seu método de abordar a dieta.
Hemoglobinopatias
Doença Falciforme
Abordagem Terapêutica
A abordagem terapêutica de crianças com anemia falciforme consiste basicamente em evitar as crises
de afoiçamento, as infecções e as outras complicações.
A prevenção de infecções é fundamental porque a criança com anemia falciforme tem risco mais alto
de desenvolver infecções graves relacionadas com as alterações da função do baço. A asplenia funcional
(redução da função normal do baço) coloca a criança sob risco significativo de infecções graves causadas
por Streptococcus pneumoniae e outras bactérias encapsuladas.
Os antibióticos profiláticos utilizados em lactentes e a imunização apropriada de todas as crianças com
anemia falciforme podem reduzir o risco de desenvolver infecções graves. O tratamento da crise
falciforme tem como objetivo principal o controle da dor. Durante as crises, é necessária a administração
de oxigênio, para evitar afoiçamento adicional das hemácias. Hidratação adequada com líquidos
intravenosos é fundamental.
A monitoração cuidadosa da hemoglobina, do Hct e da contagem de reticulócitos define o momento
em que a transfusão dos concentrados de hemácias torna-se necessária. As dosagens dos eletrólitos
também são necessárias para assegurar que quantidades apropriadas estejam presentes no sangue.
Quando são transfundidas as hemácias, existe a possibilidade de ocorrer hemólise, que pode aumentar
o nível sérico de potássio. Antibióticos devem ser utilizados quando há infecção.
Intervenções de Enfermagem
Os cuidados de enfermagem que devem ser prestados à criança com anemia falciforme consistem
basicamente em evitar as crises vasoclusivas, orientar a família e a criança, controlar os episódios de dor,
tratar as crises dolorosas e oferecer apoio psicossocial à criança e à família.
Em geral, as crises vasoclusivas são descritas como crises dolorosas, mas podem incluir qualquer
condição que cause incapacidade funcional à criança.
Avaliação de Enfermagem
Avalie a história de saúde, inclusive fadiga. Determine o nível de entendimento dos pais sobre o
distúrbio e os medicamentos, e sobre os alimentos que devem ser evitados. Inspecione a pele para
detectar palidez ou icterícia. Avalie o estado neurológico, porque também pode estar alterado. Determine
as frequências cardíaca e respiratória para detectar elevações. Avalie a saturação de oxigênio por
oximetria de pulso ou gasometria arterial. Observe se a urina tem coloração semelhante à do chá. Palpe
o abdome para verificar se há esplenomegalia. Os exames laboratoriais mostram anemia (Pradell, 2003).
Intervenções de enfermagem
Administre oxigênio e trate os sintomas. Quando o fator desencadeante é eliminado ou a criança se
recupera de uma doença, a criança melhora. Forneça outras orientações à criança e à família quanto aos
fatores desencadeantes e diga-lhes para evitarem exposição a esses agentes.
Hemofilia
A hemofilia constitui um grupo de distúrbios recessivos ligados ao X que resultam em deficiência de
um dos fatores de coagulação sanguínea. Os distúrbios recessivos ligados ao X são transmitidos pelas
mães portadoras a seus filhos e, por esta razão, geralmente apenas os meninos têm hemofilia. Os fatores
de coagulação sanguínea são essenciais para a formação espontânea dos coágulos ou depois de uma
lesão, e, quando os fatores estão ausentes, é difícil estancar o sangramento. Existem vários tipos de
hemofilia, inclusive a deficiên-cia de fator VIII (hemofilia A), a deficiência de fator IX ou doença de
Christmas (hemofilia B) e a deficiên-cia de fator XI (hemofilia C) (Curry, 2004; Miller, 2004). A hemofilia
A, a mais comum, é enfatizada na discussão a seguir.
A hemofilia A ocorre quando há deficiência de fator VIII. Esse fator é essencial para a ativação do fator
X, que é necessário para a conversão da protrombina em trombina; isto resulta em impossibilidade de
utilizar as plaquetas para a formação de coágulos. A hemofilia é classificada de acordo com a gravidade
da doença, que pode ser branda a grave. Quanto mais grave for a doença, maior a susceptibilidade a
episódios hemorrágicos. Quando há sangramento, os vasos sanguíneos se contraem e forma-se um
tampão de plaquetas; mas, em consequência da deficiência do fator, a fibrina não se solidifica e o
sangramento continua (Miller, 2004).
Abordagem Terapêutica
O objetivo principal é evitar sangramentos. Isso é conseguido mais facilmente quando se evitam
atividades que acarretem risco elevado de lesões (p. ex., jogar futebol, andar de motocicleta ou skate) e,
em vez disso, participar de atividades que acarretem menos contato físico (p. ex., natação, corrida, tênis).
Limitar as atividades não significa que a criança não possa fazer coisa alguma; atividades que
promovam a saúde sem aumentar o risco de lesões são mais convenientes. Quando há sangramento ou
Intervenções de Enfermagem
As intervenções de enfermagem incluem evitar episódios de sangramento, controlar os sangramentos
e fornecer orientação e apoio.
Avaliação de Enfermagem
A avaliação de enfermagem para a criança que tem DvW é semelhante à recomendada para as
crianças hemofílicas, embora os sangramentos graves sejam muito menos frequentes.
A Endocrinologia Pediátrica é uma subespecialidade da pediatria que trata da disfunção das glândulas
endócrinas.
Escondidas dentro do corpo, as glândulas endócrinas produzem hormônios que são liberados na
circulação, chegam aos tecidos-alvos e transmitem sinais específicos para suas células.
Os hormônios produzidos pelas glândulas endócrinas como hipófise, tiroide, paratireoides, pâncreas,
adrenais, ovários e testículos controlam o crescimento, o metabolismo, a puberdade e a reprodução.
A disfunção renal é muito comum em crianças. Uma disfunção primária poder advir de doenças que
se originam no rim ou trato urinário (ex., pielonefrite, displasia ou síndrome nefrótica). Uma disfunção
secundária decorre de doenças sistêmicas que alteram função renal, como lúpus eritematoso sistêmico
(LES), desidratação e insuficiência cardíaca.
As anormalidades das muitas funções do rim aparecem predominantemente como alterações no
aspecto ou volume da urina e anormalidades no equilíbrio hidroeletrolítico ou acidobásico.
Como a produção fetal de urina contribui para o volume de líquido amniótico, as anomalias renais
frequentemente se associam a redução desse volume (oligoidrâmnio) e, com menor frequência, há maior
13 https://www.einstein.br/especialidades/pediatria/subespecialidade/endocrinologia-disturbios-crescimento
14 Behrman RE, Kliegman RM, Jenson HB, editores: Nelson’s textbook of pediatrics, ed 16, Philadelphia, 2000, WB Saunders, Chapter 529.
15 Lissauer, T., Clayden, G. Manual ilustrado de Pediatria. Guanabara Koogan S. A., 2ª edição, Rio de Janeiro, 2003.
16 RIYUZO, M. C. et al. Síndrome nefrótica primária grave em crianças: descrição clínica e dos padrões histológicos renais de seis casos . J Bras. Patol. Med.
Lab., v. 42, n. 5, p. 393-40, outubro 2006.
17 D’ Ippolito G. et al. Pielonefrite aguda: classificação, nomenclatura e diagnóstico por imagem. Revista Imagem. vol.27, v. 3, pag. 183-194, 2005.
Síndrome Nefrótica
Síndrome causada pela perda renal de proteínas. Nesta síndrome, a proteinúria maciça resulta numa
albumina plasmática baixa e edema (Lissauer e Clayden, 2003).
Segundo Riyuzoet al (2006), a síndrome nefrótica no primeiro ano de vida é afecção incomum e
abrange lesões glomerulares renais de diferentes causas, evoluções e prognósticos. É definida como
síndrome nefrótica congênita quando ocorre aparecimento de proteinúria e sinais clínicos logo após o
nascimento, até três meses de idade, e infantil entre quatro meses e um ano de idade. Pode ser
classificada em três categorias: Primária, associada com malformações e adquirida ou secundária.
Ela é responsável por graves distúrbios metabólicos que afetam o desenvolvimento e o crescimento
da criança, podendo levar à insuficiência renal e mesmo a óbito.
A causa do distúrbio é desconhecida, mas alguns casos são secundários a doenças sistêmicas como
vasculite (ex.: lúpus eritematoso sistêmico), infecções (ex.: malária), ou alérgicas (ex.: picada de abelha).
Diagnóstico
O paciente se apresenta com edema generalizado e volume urinário muito diminuído. Na urina de 24h,
as perdas de proteínas são anormais, sempre superiores a 0,10g/kg de peso corporal. No sangue, a
albumina está muito baixa e o colesterol elevado.
- Hipertensão persistente.
- Função renal alterada.
- Hematúria persistente.
Tratamento
Suporte Emocional: a criança e a família, explicando que a criança poderá levar uma vida normal.
Todos os tratamentos, quaisquer que sejam as causas, visam diminuir ou eliminar a perda anormal
das proteínas urinárias.
O tratamento poderá ser basicamente ambulatorial e as internações ficam reservadas para: biópsia
renal quando indicada, necessidade de diuréticos intravenosos, por anasarca intensa, infecções graves.
Medidas Gerais: cuidados com a pele, evitar lesões, punções, picadas de inseto. Tratar IVAS e suas
intercorrências. E evitar contato com doenças infecciosas sobre tudo varicela.
Pielonefrite
A pielonefrite é uma infecção do trato urinário ascendente que atinge ao rim e a pelve renal. Pode ser
classificada em Pielonefrite Aguda e Pielonefrite Crônica.
A Pielonefrite Aguda pode ser causada por uma infecção bacteriana ou por infecção supurativa.
Na Pielonefrite Crônica as infecções de repetição se conjugam com a reação do sistema imunitário a
essas infecções para produzir o quadro de lesões.
A pielonefrite afeta mais frequentemente os bebês com menos de um ano e anomalias congênitas do
sistema urinário.
Sintomas
Os sintomas mais frequentes são:
- Dor na micção (disúria) e maior frequência (polaciúria).
- Febre, suores, mal-estar.
- Leucócitos em massas cilíndricas na urina (piúria).
Diagnóstico
Diagnóstico é geralmente clínico e laboratorial. Microscopicamente observa-se inflamação supurativa,
com infiltração primeiro de neutrófilos, mais tarde de macrófagos e linfócitos.
Há necrose das células dos túbulos renais. Pode haver ou não formação de abcessos. Após resolução
há extensa fibrosação das regiões afetadas.
Tratamento
Terapia com antibióticos.
Complicações
Infrequentemente, e principalmente em indivíduos debilitados ou diabéticos podem ocorrer
complicações. Estas incluem a Bacteremia, multiplicação bacteriana no sangue grave, frequentemente
pode ser mortal, ou a necrose da pelve renal, com insuficiência renal crônica, podendo levar a morte.
Conjuntivite
Conjuntivite é a inflamação da conjuntiva bulbar ou palpebral, que pode ser infecciosa, alérgica ou
química. Os vírus ou as bactérias podem causar conjuntivite infecciosa. Os adenovírus e os vírus influenza
são responsáveis pela grande maioria dos casos de conjuntivite viral.
O agente bacteriano mais comum é o Staphylococcus aureus, mas muitos casos também podem ser
causados por Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae e outras bactérias. Em recém-
nascidos, os agentes etiológicos mais comuns são Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae.
A conjuntivite infecciosa é muito contagiosa e, por isto, as epidemias são comuns, principalmente entre
pré-escolares. Os fatores de risco associados à conjuntivite infecciosa incluem idade abaixo de 2 anos;
frequência a creche, pré-escola ou escola; infecção viral concomitante das vias respiratórias superiores;
faringite; ou otite média.
Algumas crianças podem desenvolver otite aguda concomitante, dependendo do agente etiológico
bacteriano (Cook & Walsh, 2005). As complicações da conjuntivite infecciosa simples são raras. Os
recém-nascidos com conjuntivite causada por Chlamydia podem desenvolver pneumonia causada por
esta bactéria.
A conjuntivite alérgica é causada por exposição a alergênios específicos e pode ser sazonal ou ocorrer
ao longo de todo o ano. Existe predisposição genética à conjuntivite alérgica, assim como à asma, à rinite
alérgica e à dermatite atópica.
A conjuntivite alérgica é mais comum nos escolares e nos adolescentes do que nos lactentes e nos
pré-escolares, em virtude da exposição repetida aos alergênios com o transcorrer do tempo. No caso da
conjuntivite alérgica sazonal, a gravidade dos sintomas e o número de crianças acometidas estão
diretamente relacionados com a quantidade de pólen no ambiente.
Avaliação de Enfermagem
A avaliação de enfermagem para a criança que tem conjuntivite é semelhante, independentemente da
causa, mas sempre inclui história de saúde, exame físico e raramente exames laboratoriais.
História de Saúde
Obtenha uma descrição da doença atual e da queixa principal. Os sinais e os sintomas comumente
referidos durante a obtenção da história de saúde podem ser:
• Eritema;
Determine quando os sinais e os sintomas começaram e sua progressão, assim como a resposta aos
tratamentos realizados em casa. Avalie os fatores de risco para conjuntivite infecciosa, inclusive
frequência à creche ou à escola. Verifique se há relato de infecção das vias respiratórias superiores,
faringite ou dor na orelha.
Pergunte aos pais se houve exposição a potenciais agentes infecciosos. Reveja a história de saúde
quanto aos fatores de risco para conjuntivite alérgica, inclusive história familiar e história de asma, rinite
alérgica ou dermatite atópica. Determine a sazonalidade dos sinais e dos sintomas e se as manifestações
clínicas ocorrem depois de exposição a alergênios específicos, inclusive pólen, feno ou animais.
Exame Físico
Observe se há edema ou eritema palpebrais. Inspecione as conjuntivas para detectar eritema. Observe
o tipo, a coloração e a consistência da secreção. Em geral, as infecções bacterianas causam secreção
espessa e colorida, enquanto as conjuntivites virais geralmente causam secreção límpida ou
esbranquiçada.
A conjuntivite alérgica costuma causar secreção aquosa, às vezes profusa, geralmente bilateral. O
contato com um alergênio esfregado nos olhos pode causar sintomas unilaterais. Observe a criança para
detectar outros sinais de doença alérgica ou atópica e registre também a existência de congestão nasal
ou tosse.
Exames Complementares
Em geral, os casos de conjuntivite bacteriana, viral ou alérgica são diagnosticados com base na história
e nas manifestações clínicas. Os casos de conjuntivite alérgica e viral não necessitam de exames
laboratoriais. Se houver suspeita de conjuntivite bacteriana, poderá ser realizada cultura da secreção
ocular para bactérias a fim de se determinar o agente etiológico exato e, desse modo, possibilitar a
prescrição do antibiótico mais apropriado.
Intervenções de Enfermagem
As intervenções de enfermagem nos diversos tipos de conjuntivite enfatizam a atenuação dos sintomas
e, nos casos infecciosos, a prevenção da disseminação.
Instrua os familiares a:
• Estimular a criança a não esfregar nem tocar os olhos;
• Lavar periodicamente as pálpebras da criança com uma toalha limpa e água fria;
• Quando a criança ficar ao ar livre, lavar seu rosto e suas mãos;
• Assegurar que a criança tome banho e lave os cabelos com xampu antes de ir para a cama dormir.
Lesões Oculares
Os lactentes e os pré-escolares são mais sujeitas a lesões oculares do que os adultos, porque o bulbo
ocular é relativamente maior em comparação com o espaço ocupado dentro da órbita.
A maturidade do desenvolvimento também pode desempenhar papel importante nas lesões oculares.
Por exemplo, à medida que aprendem a andar e correr, os lactentes e os infantes não têm consciência e
maturidade para evitar acidentes. Os escolares que praticam esportes e realizam experiências de ciência
na escola também correm risco de sofrer lesão ocular.
Algumas das lesões oculares mais comuns são feridas palpebrais, contusão, hemorragia da esclera,
abrasão da córnea, corpo estranho intraocular e lesão química. A abordagem terapêutica depende do tipo
de lesão. As lacerações da pálpebra podem necessitar de sutura.
As lacerações profundas podem causar ptose em uma época futura, e por isso essas crianças devem
ser encaminhadas ao oftalmologista. As contusões simples (olho roxo) geralmente requerem apenas
observação, aplicação de gelo e analgésicos.
As hemorragias da esclera regridem gradativamente sem qualquer intervenção dentro de algumas
semanas. As abrasões da córnea podem cicatrizar espontaneamente, ou pode-se prescrever uma
pomada antibiótica. Corpos estranhos no olho devem ser removidos para evitar irritação ou abrasão
adicional. Lesões químicas requerem irrigação e avaliação da visão.
Avaliação de Enfermagem
Quando uma criança apresenta lesão ocular, é muito importante obter a história detalhada do acidente
e, em seguida, realizar um exame físico dirigido, que consiste basicamente em observação e inspeção.
A enfermeira deve determinar se a lesão ocular é ou não uma emergência, a fim de instituir rapidamente
o tratamento apropriado nos casos emergenciais de modo que a visão possa ser preservada.
História de Saúde
Obtenha a história detalhada. Determine o mecanismo da lesão e obtenha a maior quantidade de
detalhes possível sobre a lesão. As perguntas que devem ser incluídas na história de saúde são:
• Quando a lesão ocorreu?
• O que aconteceu exatamente?
• Algum objeto foi envolvido? Caso a resposta seja afirmativa, que tipo de objeto, e a que velocidade
ele estava?
• Houve um acidente por borrifação?
• A criança estava usando óculos de proteção ou óculos comuns quando ocorreu o acidente?
Exame Físico
Independentemente do tipo de lesão ocular, o exame dos olhos da criança pode ser muito difícil. A
enfermeira desempenha papel importante ao ajudar a criança e sua família a enfrentarem o exame ocular.
As crianças que sofrem lesão ocular geralmente têm dores agudas. A área ao redor do olho edemacia
rapidamente depois de um traumatismo fechado.
O edema e o lacrimejamento dificultam ainda o exame dos olhos. As crianças podem estar muito
assustadas em consequência da dor e da dificuldade de enxergar. Aborde a criança de maneira tranquila
e suave. Tranquilize e convença a criança durante o exame ocular. Os pré-escolares podem precisar ser
contidos brevemente para que a realização do exame ocorra sem riscos.
Observe a posição das pálpebras e verifique se há sinais de traumatismo, inclusive sangramento,
edema e alterações da posição palpebral. Avalie a capacidade da criança de abrir os olhos. Utilize uma
Intervenções de Enfermagem
As crianças com problemas de urgência ou emergência devem ser encaminhadas imediatamente a
um oftalmologista, para se preservar a visão. As condições de urgência e emergência são:
• Hifema traumático;
• Fratura explosiva;
• Laceração do bulbo ocular;
• Lesão térmica ou queimadura elétrica da córnea;
• Mordida grave de animais;
• Laceração da pálpebra com exposição das estruturas subjacentes;
• Abrasão da córnea com suspeita de perfuração;
• Corpo estranho intraocular.
Estrabismo
O termo estrabismo refere-se ao desalinhamento dos olhos, que é comum e ocorre em cerca de 4%
das crianças (Optometrists Network, 2006). Os tipos mais comuns de estrabismo são exotropia e
esotropia. No primeiro caso, os olhos viram para fora, enquanto na esotropia os olhos viram para dentro.
Em consequência desse alinhamento desigual, o desenvolvimento visual de cada olho pode ocorrer a
velocidades diferentes. Essas crianças podem ter diplopia (visão dupla), e assim a visão de um dos olhos
pode ser “apagada” pelo cérebro para evitar diplopia. Muitos lactentes têm estrabismo intermitente, mas
isto geralmente regride aos 3 meses de vida.
O estrabismo intermitente que persiste além dessa idade ou o estrabismo constante em qualquer idade
justifica o encaminhamento da criança a um oftalmologista para realizar uma avaliação mais detalhada.
A abordagem terapêutica do estrabismo pode incluir a utili-zação de um tampão no olho mais forte, ou
cirurgia dos mús-culos oculares. Lentes corretivas também são utilizadas no estrabismo, cujas
complicações incluem ambliopia e déficits visuais.
Avaliação de Enfermagem
Os pais podem ser os primeiros a perceber que os olhos da criança não ficam voltados para a mesma
direção. Pergunte aos pais quando o problema começou e se ele é contínuo ou intermitente. Se for
intermitente, o problema ocorre mais comumente quando a criança está cansada?
Intervenções de Enfermagem
É extremamente importante tratar adequadamente o estrabismo durante o desenvolvimento da
criança, a fim de que a mesma acuidade visual seja obtida nos dois olhos. Quando o médico prescreve a
utilização de um tampão, estimule a família a aderir à recomendação.
Estimule a utilização dos óculos prescritos. Realize os cuidados pós-operatórios adequados com a
proteção da área operada por um tampão ocular.
Déficit Visual
Em crianças, a expressão déficit visual aplica-se à acuidade entre 20/60 e 20/200 no melhor olho. A
expressão “cegueira legal” é utilizada para definir visão menor que 20/200 ou visão periférica menor que
20°. Na maioria dos casos, a visão pode ser melhorada por lentes corretivas. Algumas crianças cegas
conseguem diferençar entre luz e escuridão, enquanto outras vivem em total escuridão.
Os déficits visuais em crianças podem ser secundários a diversas causas. Nos EUA, o déficit visual e
a cegueira são causados mais comumente por erros de refração, astigmatismo, estrabismo, ambliopia,
nistagmo, glaucoma infantil, catarata congênita, retinopatia da prematuridade e retinoblastoma. Os fatores
que aumentam o risco de desenvolvimento de déficits visuais incluem: prematuridade, atraso do
desenvolvimento, síndrome genética, história familiar de doença ocular, herança genética afro americana,
lesão ocular grave no passado, diabetes, HIV e uso crônico de corticoides.
Traumatismo também é uma causa importante de cegueira infantil. As crianças que têm déficits visuais
geralmente também apresentam atrasos do desenvolvimento motor e cognitivo. Com um sentido a menos
para explorar o ambiente, essas crianças podem apresentar atrasos em alcançar os marcos do
desenvolvimento.
Os déficits visuais estão associados a muitas outras síndromes. Por exemplo, muitas crianças com
síndrome alcoólica fetal têm déficit visual, e o albinismo está associado a cegueira.
Avaliação de Enfermagem
A avaliação de enfermagem das crianças com déficit visual inclui história de saúde detalhada, exame
físico e testes de acuidade visual.
História de Saúde
Os pais e as enfermeiras devem ficar atentos aos sinais de um possível déficit visual. Um dos papéis
mais importantes da enfermeira é reconhecer os sinais de déficit visual o mais precocemente possível.
Esses sinais podem incluir:
Em qualquer idade:
• Olhar apático e inexpressivo.
Lactentes:
• Não “fixam o olhar e acompanham”;
• Não estabelecem contato visual;
• Não são incomodados por luz forte;
• Não imitam as expressões faciais;
Exame Físico
Avalie a simetria ou assimetria do reflexo córneo à luz. Faça o “teste de cobrir”. Use um instrumento
de triagem da acuidade -visual apropriado à idade.
Intervenções de Enfermagem
As funções importantes da enfermeira nos casos de déficit visual e cegueira incluem apoiar a criança
e a família e promover a socialização, o desenvolvimento e a educação. Além disso, quando uma criança
que tem déficit visual é hospitalizada por qualquer motivo, leve em consideração o nível de limitação da
criança.
O lactente cego não estabelece o contato visual que os pais esperam; sendo assim, instrua os pais
quanto aos indicadores de que a criança reconhece a presença deles, tais como:
• Atividade motora acentuada;
• Movimentos com as pálpebras;
• Alterações do padrão respiratório;
• Emissão de sons.
Estimule a família da criança que tem déficit visual a demonstrar afeição por meio do toque e do tom
de voz. Encaminhe as famílias para grupos de apoio e outros recursos para indivíduos visualmente
limitados e cegos.
A OMA é uma doen-ça comum em crianças e resulta de infecção (bacteriana ou viral) do líquido da
orelha média. O pico de incidência de OMA ocorre nos primeiros 2 anos de vida, principalmente entre 6
e 12 meses de vida, embora a incidência esteja aumentando em todas as faixas etárias (Carlson, 2002).
A suscetibilidade maior dos lactentes pode ser explicada em parte pelo curto comprimento e pela
orientação horizontal da tuba auditiva; pela resposta limitada aos antígenos; e pela inexistência de
exposição pregressa aos patógenos comuns.
A OMA ocorre principalmente entre o outono e a primavera, com incidência mais alta no inverno. É
comum haver recidiva em lactentes e pré-escolares quando o líquido da orelha média se torna novamente
infectado. Os fatores de risco mais significativos para otite média são disfunção da tuba auditiva e
suscetibilidade a infecções recidivantes das vias respiratórias superiores.
História de saúde
Obtenha uma descrição da doença atual e da queixa principal. Determine se os sinais e os sintomas
são agudos e começaram repentinamente. Entre os sinais e os sintomas comumente referidos durante a
obtenção da história de saúde podem incluir-se:
• Febre (alta ou baixa);
• Queixas de otalgia (dor na orelha);
• Inquietude ou irritabilidade;
• Choro inconsolável, principalmente quando a criança está deitada;
• Bater ou puxar as orelhas (também pode ocorrer com a erupção dos dentes ou com OMD, ou pode
ser um hábito);
• Girar a cabeça de um lado para outro;
• Dificuldade de alimentar-se ou perda do apetite;
• Letargia;
• Dificuldade de dormir, ou acorda chorando de noite;
• Líquido drenando da orelha.
Determine a resposta da criança a quaisquer tratamentos realizados até então. Investigue a história
da doença atual e a história patológica pregressa da criança para detectar fatores de risco como:
• Pouca idade;
• Frequência à creche;
• História pregressa de OMA ou OMD;
• Infecção prévia ou concomitante das vias respiratórias superiores.
Intervenções de enfermagem
As intervenções de enfermagem para a criança que tem otite média aguda consistem basicamente em
medidas de suporte. Isso inclui principalmente controle da dor, educação da família e prevenção de OMA.
Educação da família
Se o tratamento escolhido para a OMA for observação ou espera atenta, explique o motivo disso aos
familiares. Certifique-se de que a família compreendeu a importância de retornar para reavaliação, se a
criança não melhorar ou se a OMA progredir e agravar-se. Quando são prescritos antibióticos, a família
precisa entender a importância de concluir todo o ciclo de tratamento.
As famílias ficam tentadas a parar de administrar o antibiótico porque a criança geralmente melhora
expressivamente depois de tomar o medicamento por 24 a 48 h. O acompanhamento até à resolução da
OMA é necessário a todas as crianças, e o médico ou a enfermeira habilitada determinam a ocasião em
que essa avaliação deve ser realizada.
Prevenção de OMA
Os lactentes amamentados têm incidência mais baixa de OMA do que os bebês alimentados com
fórmulas, e os benefícios imunológicos do leite materno são bem conhecidos; por isto, estimule as mães
a amamentarem seus filhos no mínimo por 6 a 12 meses. Instrua as famílias a evitarem exposição
excessiva a pessoas com infecções das vias respiratórias superiores, para reduzir a incidência dessas
infecções em seus filhos.
Os lactentes e as crianças não devem ser expostos a tabagismo passivo. Se não for possível parar de
fumar, instrua os pais a não fumarem dentro de casa nem no automóvel. Quando é necessário, estimule
os pais a vacinarem a criança contra influenza.
Embora não esteja comprovado clínica ou cientificamente, o xarope de xilitol (um substituto da
sacarose) também pode ter efeito protetor. As crianças com idade suficiente podem mascar chicletes que
contenham xilitol. As crianças menores e os lactentes podem tomar xarope de xilitol. É importante evitar
doses excessivas, porque o xilitol pode causar diarreia.
Os distúrbios autoimunes são causados por disfunção do sistema imunológico. O corpo produz células
T e anticorpos contra suas próprias células e órgãos (auto anticorpos). O desenvolvimento dos distúrbios
autoimunes parece ser multifatorial.
Entre os fatores que podem contribuir estão a hereditariedade, os hormônios, as moléculas
marcadoras dos antígenos próprios e influências ambientais, tais como vírus e alguns medicamentos.
História de saúde
Obtenha uma descrição detalhada da doença atual e da queixa principal. Os sinais e os sintomas
comumente relatados na história de saúde incluem queixas como fadiga, febre, alterações do peso, dor
ou edema das articulações, formigamento, dormência ou resfriamento das extremidades, ou sangramento
prolongado.
Investigue os fatores de risco, que incluem sexo feminino; história familiar (apenas 10% dos casos);
ascendência africana, asiática ou americanos nativos; infecção recente; reação aos medicamentos; ou
exposição excessiva ao sol.
Exame físico
Afira a temperatura e registre a existência de febre. Observe a pele e verifi-que se há erupção malar
(erupção em forma de borboleta nas bochechas); lesões discoides na face, no couro cabeludo ou no
pescoço; alterações da pigmentação da pele; ou retrações fibróticas. Registre se há alopecia. Inspecione
a cavidade oral para detectar úlceras indolores e edema das articulações.
Determine a pressão arterial, porque pode haver hipertensão quando a criança tem comprometimento
renal. Ausculte os pulmões; pode haver ruídos adventícios se houver acometimento do sistema
respiratório. Palpe as articulações e observe se estão hipersensíveis. Palpe o abdome e verifique se há
áreas de hipersensibilidade (o acometimento abdominal é mais comum em crianças com LES do que em
adultos).
Intervenções de enfermagem
As intervenções de enfermagem para a criança ou o adolescente com LES são ininterruptas e
consistem em medidas de apoio. O tratamento consiste basicamente em evitar e monitorar complicações.
Oriente a criança e a família quanto à importância de a criança seguir uma dieta saudável, praticar
exercícios regularmente e ter períodos adequados de sono e repouso.
Administre os AINE, os corticosteroides e os medicamentos antimaláricos conforme prescritos para a
criança com LES brando a moderado, e pulsoterapia com corticosteroide ou imunomoduladores para
crianças com LES grave ou exacerbações frequentes.
Alergia
Alergia é uma resposta mediada por mecanismos imunológicos, que acarreta um evento ou uma
reação fisiológica adversa (Sampson & Eggleston, 2006). Cerca de 20 a 25% da população norte-
americana têm alergias; a gravidade da resposta alérgica é determinada pela duração, pela frequência e
pelo grau de exposição ao alergênio, bem como por fatores ambientais e relacionados com a criança
(American College of Allergy, Asthma and Immunology, 2006; Fletcher-Janzen & Reynolds, 2003).
A discussão subsequente enfatiza a alergia mediada por IgE. Esse tipo de resposta alérgica é mediada
pelos anticorpos IgE contra antígenos específicos. Quando o anticorpo fica exposto ao antígeno
(alergênio), há ativação celular rápida e liberação de mediadores e citocinas potentes, que resultam em
alterações dos vasos sanguí-neos, dos brôn-quios e das glândulas secretoras de muco.
Além das doenças atópicas (asma, rinite alérgica, dermatite atópica), a urticária, a alergia alimentar e
a anafilaxia sistêmica também são mediadas pela IgE (Fletcher-Janzen & Reynolds, 2003; Sampson &
Eggleston, 2006). Embora -qual-quer alergênio pos-sa desencadear uma resposta anafilática, as alergias
a alimentos e a picadas de insetos são as mais comuns.
Alergia a Alimentos
A verdadeira hipersensibilidade ou alergia a alimentos é definida por uma reação imunológica depois
da ingestão de um alimento ou aditivo alimentar (Burks, 2001). Esse tipo de reação é uma resposta
mediada pela IgE a um alimento específico. A alergia alimentar acomete cerca de 6 a 8% das crianças
de menos de 3 anos e pode causar complicações clínicas significativas (Sicherer et al., 2003).
Durante os primeiros anos de vida, os alergênios alimentares mais comuns são ovos, leite, amendoim,
castanhas, peixe, mariscos, trigo e soja. Em geral, as alergias a esses alimentos são adquiridas na
infância e, na maioria das crianças, apenas as alergias ao amendoim, à castanha e aos peixes e mariscos
persistem até a vida adulta (Vadas, 2003).
A maioria das reações ocorre dentro de alguns minutos após a exposição, mas as respostas alérgicas
podem demorar até 2 h. Os sinais e os sintomas de uma reação alérgica a alimento incluem urticária,
rubor, edema facial, prurido na boca e na garganta e secre-ção nasal. Muitas crianças também
desenvolvem reações gastrintestinais, inclusive com vômitos, dor abdominal e diarreia.
Nos casos extremos, pode ocorrer edema da língua, da úvula, da faringe ou da via respiratória superior.
Sibilos podem ser um mau sinal de que as vias respiratórias estão edemaciadas. Raramente ocorre um
colapso cardiovascular. Embora o risco de anafilaxia seja pequeno, os pais, os cuidadores e os
profissionais de saúde devem ficar atentos -quando tratam de crianças com alergias alimentares
(Macdougall et al., 2002).
Avaliação de enfermagem
As crianças com reações alérgicas a alimentos devem ser avaliadas cuidadosamente. Durante a
avaliação de enfermagem inicial, a criança deve ser avaliada imediatamente quanto a distúrbios das vias
respiratórias, da respiração ou da circulação. Se as condições da criança estiverem estáveis, a enfermeira
deve concluir sua avaliação.
A história deve incluir um relato detalhado dos alimentos ingeridos e a descrição da reação, inclusive
o alimento sob suspeita de causar a reação, a quantidade do alimento ingerido, o intervalo decorrido entre
Investigue se há fatores de risco como exposi-ção pregressa ao alimento, história de asma mal
controlada ou aumento da frequência de exacerbações de dermatite atópica relacionadas com ingestão
alimentar (Roberts et al., 2003). Inspecione a pele observando a coloração e se há erupção, urticária ou
edema.
Ausculte o coração e os pulmões para determinar a frequência cardíaca e verificar se há sibilos. As
normas práticas recentes do American College of Allergy, Asthma & Immunology recomendam a
realização de testes de IgE específicos para alimentos quando a criança tiver histórico de alergia
alimentar.
Abster-se do alimento é uma recomendação para as crianças que tiveram reações alta-mente
sugestivas nos testes ou que tenham história de resposta anafilática.
Se a criança tiver sintomas transitórios, pode ser conveniente fazer um teste oral. Se os sintomas forem
crônicos, pode ser necessário fazer uma experiência de eliminação do alimento. Se os sintomas
regredirem durante o período sem ingestão do alimento, a criança pode ter alergia verdadeira (American
College of Allergy, Asthma & Immunology, 2006).
Durante a dieta de eliminação, a criança deve parar de comer todos os alimentos sob suspeita durante
1 a 2 semanas e, em seguida, voltar a comer novamente um alimento de cada vez ao longo de alguns
dias, para que se possa determinar se há alguma reação semelhante.
Em geral, isso é feito no consultório do pediatra ou no hospital -quando a criança tiver desenvolvido
reações graves no pas-sado. Se houver uma rea-ção semelhante, isto é muito sugestivo de alergia
alimentar.
Os testes cutâ-neos para alergia alimentar e o RAST (radio allergo sorbent test - teste de IgE
específico) são amplamente realizados pelos pediatras para investigar as reações. Contudo, esses
exames podem ter falsos resultados positivos e as crianças acabam se abstendo desnecessariamente de
muitos alimentos.
Intervenções de enfermagem
As intervenções de enfermagem iniciais têm como objetivo estabilizar as condições da criança, se tiver
ocorrido uma reação aguda a um alergênio alimentar. Os medicamentos utilizados no tratamento da
reação alérgica a alimentos incluem bloqueadores da histamina e, para as reações anafiláticas,
epinefrina. Oriente a criança (se for pos-sível) e os pais sobre como e quando utilizar esses medicamentos
durante a reação alérgica. Como essas reações podem ser muito repentinas (ingestão não percebida do
alergênio) e graves, é recomendável que a família disponha de um plano de emergência por escrito para
quando houver tal reação.
Mielinização
A mielinização do sistema nervoso central persiste após o nascimento, e se completa até os 2 anos de
idade. A mielinização ocorre no sentido cefalocaudal e proximodistal, possibilitando o progresso do
Desenvolvimento Muscular
Desenvolvimento do Esqueleto
O esqueleto não está completamente ossificado por ocasião do nascimento. Contém mais cartilagem
que o esqueleto dos adolescentes e dos adultos. Os ossos dos lactentes e das crianças pequenas são
mais flexíveis e mais porosos, e seu conteúdo mineral é menor do que o dos ossos dos adultos.
Essas diferenças estruturais dos ossos de crianças pequenas possibilitam uma maior absorção de
choques e os ossos se curvam em vez de quebrar-se. O periósteo espesso e forte dos ossos da criança
possibilita uma absorção maior de força que o do adulto. Em consequência, o córtex do osso nem sempre
se quebra, e às vezes sofre apenas deformação.
A ossificação e a transformação de cartilagem em osso continuam durante toda a infância, e se
completam na adolescência. Durante o desenvolvimento fetal, a coluna vertebral mostra cifose. À medida
que o lactente começa a sustentar a cabeça, desenvolve-se lordose cervical.
Quando o lactente ou a criança pequena começa a adotar a posição ortostática, as curvas primárias e
secundárias da coluna vertebral começam a se formar. O equilíbrio das curvas torna possível a
centralização da cabeça em relação à pelve.
Quando a criança está aprendendo a andar, pode haver lordose lombar significativa, e a criança parece
ter as costas afundadas e o abdome proeminente. Com o desenvolvimento da criança, a coluna vertebral
assume curvas mais parecidas com as do adulto. Durante a adolescência, pode haver cifose torácica
evidente. Isto se deve mais frequentemente a um defeito postural. À medida que o adolescente
amadurece, a postura fica semelhante à do adulto.
Placa de Crescimento
As extremidades ósseas nas crianças pequenas são formadas pela epífise e pela fise, chamadas em
conjunto placa de crescimento. Nos lactentes, as epífises são cartilaginosas, ossificando-se com o tempo.
Em crianças, a epífise é o centro de ossificação secundária na extremidade do osso. A fise é a área
cartilaginosa entre a epífise e a metáfise.
O crescimento ósseo ocorre primariamente na área da epífise. Essa área é vulnerável e tem estrutura
fraca. Uma força traumática aplicada na epífise pode resultar em fratura dessa área. A lesão epifisária
pode resultar em fechamento precoce, incompleto ou parcial da placa de crescimento, resultando em
deformidade ou encurtamento do crescimento do osso.
O crescimento da epífise continua até a maturidade esquelética, atingida durante a adolescência. A
produção de androgênios na adolescência causa a fusão gradual das placas de crescimento,
completando assim o crescimento dos ossos longos.
Os ossos da criança apresentam um periósteo espesso e forte, com suprimento sanguíneo abundante.
A consolidação óssea é similar à do adulto, mas é mais rápida em crianças por causa do grande aporte
de nutrientes para o periósteo. Os ossos infantis produzem calos com maior rapidez e em maior volume
que os de adultos.
Como se formam novas células ósseas com rapidez, o novo crescimento ósseo forma uma
protuberância no local da fratura. Quanto mais nova é a criança, mais rápida é a consolidação óssea.
Além disso, quanto mais próximas as fraturas estiverem da placa de crescimento (epífise), mais rápida
será a consolidação.
O processo de remodelação (reabsorção e formação de osso novo) é mais rápido em crianças do que
em adultos. Isto significa que a retificação de ossos é mais fácil em crianças do que em adultos.
Alterações de Posição
Os membros inferiores do lactente tendem a ter um aspecto arqueado, atri-buí-do à posição no útero.
No útero, os quadris do feto ficam habitualmente flexionados, em abdução e rotação externa, com os
joelhos também flexionados e os membros inferiores em rotação interna. Essa variação normal do
desenvolvimento é chamada torção interna da tíbia.
As pernas se retificam com a mobilização passiva, e a torção interna da tíbia não deve ser confundida
com joelho varo (ou tíbia vara). A rotação interna da tíbia em geral se corrige sem intervenção entre o
segundo e o terceiro anos de vida, quando a criança passa a sustentar o peso do corpo e os músculos e
ossos dos membros inferiores amadurecem.
As pernas arqueadas são também chamadas joelho varo (genuvaro). À medida que se corrige a torção
interna da tíbia, ocorre o joelho valgo (genuvalgo) fisiológico. Crianças com frequência mostram joelho
valgo assimétrico até os 2 a 3 anos de idade.
Quando os joelhos se tocam, os tornozelos ficam muito separados e as pernas estão rodadas para
fora. Até os 7 ou 8 anos de idade, o joelho valgo é corrigido gradualmente na maioria das crianças. Os
pés do recém-nascido mostram desvio dos artelhos para dentro (metatarsus adductus) como resultado
da posição intrauterina
Os pés permanecem flexíveis e podem ser movidos passivamente para a linha média e para uma
posição reta. Isso também desaparece com a maturação do sistema musculoesquelético do bebê. Pé
chato (pé plano) é observado nos lactentes quando começam a andar.
O arco plantar ainda não se desenvolveu e toca o solo, formando uma proeminência medial. À medida
que a criança cresce e os músculos ficam menos flácidos, em geral o arco se forma. Algumas crianças
mantêm pés chatos flexíveis, o que é considerado uma variação normal.
A pele é o maior órgão do corpo, e protege os tecidos subjacentes de traumatismos e da invasão por
microrganismos. A saúde da pele também reflete o bem-estar interno do corpo (Cole & Gray-Miceli, 2002).
A epiderme do lactente é mais fina que a do adulto, e os vasos sanguíneos estão mais próximos da
superfície por causa da menor quantidade de gordura subcutânea. Assim, o lactente perde calor através
da superfície da pele com mais facilidade do que escolares e adultos. A pequena espessura da pele do
lactente também possibilita a absorção de substâncias através da pele com maior facilidade do que no
adulto.
As bactérias conseguem penetrar na pele dos lactentes e das crianças pequenas mais facilmente do
que na pele dos adultos. A pele do lactente contém mais água que a dos adultos, e a epiderme liga-se
frouxamente à derme. Isso significa que a fricção separa as camadas com facilidade, resultando em
bolhas ou ruptura de pele.
A pele do lactente é menos pigmentada que a do adulto (de todas as raças), o que aumenta o risco de
lesão de pele por radiação ultravioleta. Com o tempo, a pele do lactente torna-se mais espessa e fica
menos hidratada, tornando-se menos suscetível a invasão por microrganismos. A espessura e outras
características da pele atingem níveis de adultos nos últimos anos da adolescência (Starr, 2004).
As crianças de pele escura tendem a ter reações cutâ-neas mais pronunciadas do que as crianças de
pele mais clara (Starr, 2004). Hipopigmentação ou hiperpigmentação de áreas afetadas após cicatrização
de um problema dermatológico são comuns em crianças de pele escura.
Essa alteração da pigmentação pode ser temporária (durando alguns meses após o distúrbio inicial)
ou permanente (após problemas de pele mais graves). As crianças de pele escura tendem a apresentar
pápulas, respostas foliculares, liquenificação e reações vesiculares e bolhosas mais proeminentes do que
as crianças de pele clara com o mesmo distúrbio.
Cicatrização hipertrófica e formação de queloide ocorrem com maior frequência em crianças de pele
escura.
A função das glândulas sebáceas é imatura por ocasião do nascimento. O sebo secretado lubrifica a
pele e os pelos. A produção de sebo aumenta em pré-adolescentes e adolescentes, o que explica o
desenvolvimento de acne nessa época. As glândulas sudoríparas écrinas do lactente são algo funcional
e produzem suor em resposta a estímulos emocionais e calor.
Essas glândulas tornam-se plenamente funcionais no meio da infância. Até essa época, a regulação
da temperatura é menos efetiva do que a das crianças maiores e dos adultos. As glândulas sudoríparas
apócrinas são pequenas e não funcionais no lactente. Elas amadurecem durante a puberdade, quando
aparece o odor corporal causado pela secreção dessas glândulas.