Você está na página 1de 8

DIFICULDADES NO ENSINO DA LITERATURA

EM ANOS FINAIS DO
ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
Mayara Moura dos Santos
Clebson da Silva Peixoto
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Letras – Português (FLEX 0661) – Estágio I
26/11/2019

RESUMO

O presente trabalho através de observação, coleta de dados, pesquisas e entrevistas realizadas na Escola
Acy de Jesus Neves de Barros têm como objetivo relatar sobre as dificuldades encontradas pelos
professores no ensino da literatura em turmas dos anos finais do ensino fundamental e médio, além dos
mecanismos e documentos seguidos por esses para ultrapassar algumas delas e finalmente discutir algumas
formas que possam ser postas em prática para ajudar a solucionar esse problema.

Palavras-chave: Ensino da literatura. Ambiente escolar. Sala de aula.

1 INTRODUÇÃO

Atualmente vivemos em um período no qual a maior parte das coisas mudam depressa,
principalmente a forma como ocorre a comunicação das informações, o que se deve principalmente
a presença das redes sociais (Facebook, Twitter, Instagram). Dessa forma, é necessário repensar o
formato como vem sendo aplicado o ensino da literatura no ambiente escolar, pois a mesma trata da
leitura e escrita (especialmente a leitura), que são componentes primordiais do processo de
comunicação dos seres humanos e por isso devem acompanhar a velocidade com que ocorrem as
mudanças.

Por isso, optou-se nesse trabalho do estágio I dissertar sobre o ensino da literatura focando
principalmente nas dificuldades encontradas pelos professores de anos finais do ensino fundamental
e médio para aplicar o ensino da mesma na sala de aula, pois uma vez que haja essas dificuldades
nesses períodos que são considerados base para níveis mais elevados de estudo ou inserção no
mercado de trabalho, as mesmas devem ser trabalhadas e supridas, já que literatura não se trata
apenas de uma atividade lúdica ou de mais uma matéria para complementar a grade curricular dos
alunos, mas tem a função social de tornar o indivíduo atuante através da comunicação.
Para realizar esse trabalho foi feita pesquisa de campo, pesquisa bibliográfica, observação e
entrevista para dar maior embasamento para o mesmo. A maior parte dessas atividades foram
realizadas na Escola Acy de Jesus Neves de Barros, através de informações dadas pelos
funcionários e alunos, documentos presentes na escola e observações minhas de todo o ambiente
escolar.

Em geral, teve-se também como objetivos poder aprender a como exercer a atividade de
docência, sobre as metodologias de ensino da literatura que são utilizadas no ensino fundamental e
Ensino Médio, a eficácia dos materiais utilizados pelos professores e debater e refletir formas para
que o ensino da literatura se torne mais atrativo, desperte o interesse dos alunos e não se torna
ultrapassado.

2 ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

De acordo com Gonçalves e Bellodi (2004, p.11) “desde os primeiros pensadores gregos na
antiguidade a literatura vem sendo objeto de questionamento”, ou seja, qual é o seu papel? Como
influência na vida das pessoas? e no caso, sendo considerada uma arte tem apenas papel estético ou
tem um sentido mais profundo?

Dessa forma, pode ser percebido que as questões referentes a literatura são complexas de
serem respondidas, porém é necessário serem discutidas, para auxiliar em um melhor
desenvolvimento de ensino literário, pois atualmente os professores (especialmente os de língua
portuguesa) vêm encontrado muitas dificuldades para aplicá-lo.

Refletir sobre a forma como a literatura vem sendo estudada atualmente no ambiente
escolar, não se trata apenas de melhorar a produtividade de uma matéria incluída na grade
curricular, na qual os alunos têm que ser aprovados, mas de uma melhor compreensão de mundo e
nessa perspectiva de acordo com Gonçalves e Bellodi (2004, p.36):

O impulso para a reflexão teórica sobre a Literatura pode ser entendido como uma profunda
necessidade humana de explicitar algo que se apresenta carregado de valores. A busca em
torno das questões teóricas que envolvem a Literatura corresponde a uma necessidade
básica do ser humano, como impulso para explicitar a natureza daquilo que o toca
profundamente, porque algo que diz respeito: à sua própria natureza.
Dessa forma, estudar literatura se torna essencial para tornar as pessoas mais críticas,
reflexivas sobre o mundo externo e a si mesmas, ou seja, vem da necessidade de poder compreender
e expressar melhor os seus sentimentos e uma vez que consigam fazer isso, serão seres humanos
mais conscientes sobre a sociedade em que estão inseridos.

Porém, para que esse processo de estudo na escola seja realmente eficiente, também deve-se
ponderar a respeito das dificuldades encontradas nesse ambiente tanto do ponto de vista do
professor como do ponto de vista dos alunos e que são inúmeras, indo desde a metodologia utilizada
até a própria participação dos estudantes.

Referente as dificuldades encontradas pelos alunos, de acordo com Todorov (2009, p.10):

[...] o estudante não entra em contato com a Literatura mediante a leitura dos textos
literários propriamente ditos, mas com alguma forma de crítica, de teoria ou de história
literária. [...] Para esse jovem, Literatura passa a ser então muito mais uma matéria escolar a
ser aprendida em sua periodização do que um agente de conhecimento sobre o mundo, os
homens, as paixões, enfim, sobre sua vida íntima e pública.

Dessa forma, o autor descreve que para os alunos a literatura não está sendo apresentada e
nem incentivada da forma correta e com isso, eles perdem interesse e acabam por tratá-la como algo
desnecessário e que só serve para complementar currículo. A literatura tem que desafiar o estudante
a sair do próprio eu e querer buscar algo novo, tem que se enriquecedora e fazer realmente parte da
vida desses sujeitos que se encontram em uma sala de aula, mas que estão inseridos em sociedade.

Quanto ao ponto de vista dos professores, Zafalon (2008, p.2) em seu artigo acadêmico
aponta:

Algumas escolas e professores caracterizam o ensino da literatura na atualidade como uma


atividade que prima pelos estudos diacrônicos de determinados autores, trabalhando com
textos fragmentados no livro didático, propondo leitura de resumos que se limitam à
historiografia literária e biografia de autores. Tal procedimento impede os nossos alunos de
“lerem” o texto literário e de exercerem seu pensamento crítico e criativo.

Para a autora, estudar apenas alguns autores e textos de seus livros em tempos determinados,
não permite que se conheça o autor e a abrangência de suas obras, ou seja, todo o processo de
ensino literário fica limitado e desse modo, acaba não permitindo o desenvolvimento de uma
consciência realmente critica.
Em geral, estudar literatura realmente é algo complexo e longo, porém é necessário, pois
antes de ser uma atividade de leitura e escrita, tem um significado ainda mais profundo, pois vem de
uma das necessidades humanas mais básicas: a comunicação.

Sobre isso, afirma Leite (1988, p. 12):

O texto literário [...] não só exprime a capacidade de criação e o espírito lúdico de todo ser
humano, pois todos nós somos potencialmente contadores de histórias, mas também é a
manifestação daquilo que é mais natural em nós: a comunicação.

3 VIVÊNCIA DO ESTÁGIO

Para iniciar as atividades relacionadas ao estágio, primeiramente foi necessário ir na escola e


verificar a disponibilidade e permissão da mesma. Houve uma breve conversa com a vice-diretora e
ela deu a permissão para executar as atividades ligadas ao estágio.

Em seguida foi realizado reconhecimento da estrutura física da Escola Estadual de Ensino


Fundamental e Médio Acy de Jesus Neves de Barros, e logo posteriormente a apresentação de todo
o corpo de funcionários que a íntegra. Por último, foi realizado a observação em sala aula de turmas
de 9° ano do ensino fundamental e 3° ano do ensino médio, complementando dessa forma o ciclo
do estágio I.

Na fase de reconhecimento pode-se obter informações através de conversas com os


funcionários, lendo documentos impressos, visitando e observando as dependências pertinentes a
escola e assim pode-se descobrir fatores como localização: Ela está situada no bairro Amapá,
Agrópolis do Incra e está em funcionamento desde 1986, sendo administrada tanto pelo município
como pelo estado, possibilitando dessa forma possuir turmas de ensino fundamental e médio. Além
disso, a mesma possui vários anexos em funcionamento na zona rural para atender os estudantes
dessa área, sendo dessa forma considerada uma das escolas públicas de maior extensão da cidade de
Marabá.

Quanto a infraestrutura possui os serviços essenciais de energia elétrica, água, esgoto, e


coleta de lixo realizada diariamente, internet (porém a mesma não é disponibilizada aos alunos) não
é totalmente adaptada para alunos com deficiência, possui um laboratório de informática com vinte
computadores (sem internet atualmente), quatro computadores para os funcionários em geral, uma
sala de vídeo, um refeitório, quadra descoberta. Além disso, algumas salas de aula possuem ar-
condicionado e as restantes apenas ventiladores de parede.

Relativo ao corpo de funcionários possui cerca de setenta e um, sendo que vinte e oito
desses são professores, incluindo nessa classe uma diretora, uma vice-diretora, uma coordenadora
pedagógica, dois supervisores. Além disso, os demais funcionários atuantes são todos concursados e
exercem cargos públicos de agente de portaria (dois), secretários (seis), merendeiras (seis), etc.
Não há diretamente equipe de apoio especial para trabalhar com pessoas portadoras de deficiência,
e caso haja a necessidade desses profissionais, é necessário solicitar a Secretaria Municipal de
Educação.

A escola no ensino fundamental tem cerca de quatrocentos alunos divididos em doze turmas
e no ensino médio mil cento e quarenta alunos também divididos em doze turmas, sendo que
atualmente só o fundamental tem treze alunos especiais estudando. Quanto ao seu horário de
funcionamento, no turno da manhã das sete horas e meia até meio dia e quinze com intervalo das
nove e quarenta e cinco até as dez horas, já no turno da tarde das treze horas e meia até seis horas e
meia, com intervalo das quinze e quarenta e cinco até as dezesseis horas.

Quanto ao material didático distribuído e utilizado, atualmente os alunos do ensino


fundamental não estão recebendo livros (mas a partir de 2020 os alunos passaram a receber livros
didáticos), enquanto que os de ensino médio sim. O uniforme e material escolar é doado apenas aos
estudantes comprovadamente de baixa renda.

Quando todas as atividades citadas anteriormente foram finalizadas, passou-se para a fase de
observação de quinze horas em sala de aula sobre a forma como as professoras aplicam o ensino da
literatura e as dificuldades encontradas pelas mesmas para realizar esse trabalho. Para realizar essa
etapa, frequentei a escola no turno da tarde nos respectivos horários no qual as professoras Mônica
e Ana Maria estavam disponíveis, pois a escola se encontrava em um período repleto de atividades
como: Simulado, Feira de Ciências, ENEM (ensino médio), Prova Brasil (ensino fundamental).

As quinze horas de obervação em sala de aula designada pelo módulo I do estágio curricular
obrigatório foi executada em três turmas de nono ano (9 a, 9b, 9c) com a professora regente Mônica e
um terceiro ano (3a) da professora regente Ana Maria. Nessa etapa pode ser percebida a metologia e
dinâmica utilizada por ambas as professoras para ministrar os conteúdos e atrair a atenção dos
alunos para atividades literárias, a falta de alguns recursos para auxiliá-las, a falta de interesse por
parte de alguns alunos, enfim as dificuldades enfrentadas pelas mesmas para realizar a atividade de
docência com qualidade.

Para finalizar o trabalho foi feita entrevista de dez horas com as duas professoras regentes
das turmas a respeito das suas profissões (aliás ambas com vasta experiência e tempo de docência:
Ana Maria vinte e um anos de profissão e Mônica quatorze anos de profissão) e do
desenvolvimento de seus trabalhos em sala de aula com os alunos referentes a literatura e o
interesse deles por ela, no qual as docentes apontaram principalmente como entrave a escassez de
alguns recursos, formação continuada insuficiente e desinteresse dos alunos por literatura, que só
acontece pois eles não são incentivados pelas famílias e nas escolas públicas desde os anos iniciais.

4 IMPRESSÕES DO ESTÁGIO

Nessa etapa de obervação foi possível obter uma diversidade de informações a respeito da
docência da literatura como as metodologias, parâmetros, dinâmicas e o formato de aplicação dos
professores no ensino tanto de turmas do fundamental como nas do médio, além do desafio de ser
professor na atualidade.

Para obter como base a forma de se comportar como docente e lidar com todas as situações
presentes numa sala de aula e ministrar aulas literárias, vi formas interessantes que as professoram
utilizavam para prender a atenção dos alunos, que foi desde pontos extras até brindes (idas a
cinema, visitas a algum lugar interessante) sempre pertinentes as atividades e conteúdos prescritos
por: Plano Politico Pedagógico da Escola (PPP), Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), Lei de
Diretrizes e Bases (LDB), etc.

Foi realizado, após o modulo de observação, uma entrevista com as professoras e as mesmas
como ponto principal enfatizaram pontos que em suas respectivas opiniões devem ser melhoradas
como primeiramente mais incentivo e participação das famílias na vida escolar dos alunos e maior
trabalho do governo e dos professores em incentivar mais e da forma mais adequada nos primeiros
anos de iniciação das crianças na escola.

Dessa forma, nesse trabalho pode-se obter como resolução depois de tudo que foi descrito
nos parágrafos acima e seções anteriores, que já existe uma diversidade de procedimentos que estão
sendo postos em prática e que são eficientes, porém há outros que são recomendadas pelo PPP,
PCN, LDB e que ainda não estão sendo postos em prática, além dos que não estão contidas em
nenhum documento e que deveriam ser debatidas por sociedade e governo para que a educação
literária dos estudantes seja realmente eficiente, pois no cenário atual tem muitos deles que estão
nos anos finais do ensino fundamental e médio ou que já saíram da escola e não sabem ler e
escrever de forma eficiente, e dessa forma não desenvolvem consciência critica adequadamente e
acabam se tornado alienados sociais e cidadãos praticamente inoperantes na sociedade.

REFERÊNCIAS

GOLÇALVES, Magaly; BELLODY, Zina. Teoria da Literatura Revisitada: 2. ed. Belém: Editora Vozes,
2004.

LEITE, Lígia C. Moraes. Invasão da Catedral: literatura e ensino em debate. 2. ed. Porto Alegre: Mercado
Aberto, 1988.

TODOROV, Tzvetan. A Literatura em Perigo. Rio de Janeiro: DIFEL, 2009.

ZAFALON, Míriam. Leitura e Ensino da Literatura: reflexões. Paraná: Secretária Estadual de Educação,
2008. Disponível em:
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/LinguaPortuguesa/ MiriamZafalon
.pdf / Acesso em: 24/11/2019.
APÊNDICE I – REGISTRO DE FREQUÊNCIA

Você também pode gostar