O artigo discute como o consumo moderno é definido por símbolos e identidade ao invés de acumulação de bens. Marcas como Coca-Cola e Microsoft são avaliadas por valores maiores do que seus ativos físicos devido ao significado cultural. Embora recente, a sociedade de consumo surgiu no século 19 com lojas de departamento oferecendo escolha e crédito aos compradores. Debate continua sobre se o marketing induz ou permite escolhas que expressam a identidade individual.
Descrição original:
Título original
O que move o mundo do consumo COPORTAMENTO CONSUMIDOR
O artigo discute como o consumo moderno é definido por símbolos e identidade ao invés de acumulação de bens. Marcas como Coca-Cola e Microsoft são avaliadas por valores maiores do que seus ativos físicos devido ao significado cultural. Embora recente, a sociedade de consumo surgiu no século 19 com lojas de departamento oferecendo escolha e crédito aos compradores. Debate continua sobre se o marketing induz ou permite escolhas que expressam a identidade individual.
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O artigo discute como o consumo moderno é definido por símbolos e identidade ao invés de acumulação de bens. Marcas como Coca-Cola e Microsoft são avaliadas por valores maiores do que seus ativos físicos devido ao significado cultural. Embora recente, a sociedade de consumo surgiu no século 19 com lojas de departamento oferecendo escolha e crédito aos compradores. Debate continua sobre se o marketing induz ou permite escolhas que expressam a identidade individual.
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| 09.05.2005 Obra de antropóloga desvenda a dimensão simbólica do mercado em nossos tempos
EXAME Rotulada de sociedade de consumo, a história da sociedade
individualista e capitalista de nossos tempos ainda está sendo escrita. Uma de suas principais características foi ter transformado objetos em ícones que vão muito além da dimensão física. Ao escolher a marca de um tênis ou de um automóvel, o consumidor define seu estilo de vida e, por vezes, a própria identidade. Estamos todos imersos na economia simbólica. Prova disso é que certas marcas -- Coca-Cola ou Microsoft -- são avaliadas por especialistas em cifras que superam em algumas vezes o valor do patrimônio de prédios e equipamentos das empresas que as produzem. Em Sociedade de Consumo (Ed. Zahar, 67 páginas), a antropóloga carioca Livia Barbosa alinha algumas teorias na tentativa de esclarecer os mecanismos por trás do consumismo moderno. Algumas idéias são controvertidas. Para o antropólogo inglês Collin Campbell, por exemplo, o consumismo moderno diz mais respeito ao prazer que se renova pelo descarte e compra de novos objetos que propriamente à acumulação de bens. Consultores como o americano Al Ries já demonstraram que a era do produto cedeu lugar ao posicionamento que cada anunciante deve buscar na mente e no coração do consumidor. Isso explica por que os anúncios e comerciais de TV hoje falam menos de produtos do que dos sonhos e das aventuras a eles associados. Livia lembra que, sob o prisma do tempo histórico, a sociedade de consumo é recente. Foi no final do século 19 que ela despontou tal como a conhecemos hoje. As pioneiras a utilizar técnicas de marketing foram as lojas de departamentos -- como a nova-iorquina Marble Goods e a francesa Bon Marché. Pela primeira vez o consumidor podia olhar e manipular produtos sem a obrigação de comprá-los. Se não tivesse dinheiro no bolso, poderia se valer do crédito direto ao consumidor, modalidade introduzida pelo Bon Marché. Vieram depois os supermercados e os shopping centers. A democratização do consumo, uma marca de nossos tempos, acabou por abolir qualquer sentido hierárquico antes conferido à moda, que deixou de ser um elemento diferenciador de grupos sociais. "O que existe hoje é uma multiplicidade de tribos urbanas, indivíduos que criam suas próprias modas", afirma. Tudo isso é um campo fértil para debates sem fim entre antropólogos e economistas. Por exemplo: será que o consumo é induzido e manipulado pelo marketing ou a possibilidade de escolha permite que cada um reafirme sua identidade no ato de consumir? Questões como essa são tratadas em Sociedade de Consumo, que indica também uma bibliografia para quem quer mergulhar no tema.