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Técnicas de Expressão

em Língua Portuguesa
ENSINO À DISTÂNCIA

[Universidade Pedagógica]
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[ Fax: 21 32 21 13]
Direitos de autor
Este módulo não pode ser reproduzido para fins comerciais. No caso de reprodução deve ser mantida
a referência à Universidade Pedagógica e aos Autores do módulo.
Agradecimentos
Universidade Pedagógica, Centro de Educação Aberta e à Distância gostaria de agradecer a
colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste módulo:

À COL pela disponoblização do Template usado na produção dos Módulos.

À CIINED pela orientação e apoio prestados.

Ao Magnífico Reitor, Directores de Faculdade e Chefes de Departamento pelo apoio


prestado em todo o processo.
Ficha Técnica

Autores: - Ernesto Luís Guimino Júnior

- Jerónimo Simão

- Nobre Roque dos Santos

- Orlando Bahule

Desenho Instrucional: Teresa Miguel Enós Jamal-Dine

Revisão Linguística: Paula Cruz

Maquetização: Eugénio David Langa

Edição: Anilda Ibrahimo Khan


Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa i

Índice

Visão geral 7

Benvindo às Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa....................................................................................7


Objectivos do curso..................................................................................................................................................7
Objectivos ................................................................................................................................................................7
Quem deveria estudar este módulo ..........................................................................................................................8
Como está estruturado este módulo .........................................................................................................................8
Ícones de actividade .................................................................................................................................................9
Acerca dos ícones.....................................................................................................................................................9
Habilidades de estudo ..............................................................................................................................................9
Precisa de apoio .....................................................................................................................................................10
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ......................................................................................................................10
Auto-Avaliação ......................................................................................................................................................10
Avaliação ...............................................................................................................................................................10
Exercícios de aplicação ..........................................................................................................................................10

Unidade 1 11

Tomada de Notas ...................................................................................................................................................11


Introdução ..............................................................................................................................................................11
Estrutura.................................................................................................................................................................11
Objectivo geral.......................................................................................................................................................11
Lição 1 & 2 ............................................................................................................................................................12
Tomada de Notas ...................................................................................................................................................12
Introdução ..............................................................................................................................................................12
Objectivos ..............................................................................................................................................................13
Terminologia ........................................................................................................................................................13
1. Motivação para a tomada de notas .....................................................................................................................13
2. Tomada de notas no próprio texto......................................................................................................................15
Aprendizagem e Memória......................................................................................................................................16
Reconhecimento de ideias e sua redução; ..............................................................................................................19
A interpretação.......................................................................................................................................................20
Dica ........................................................................................................................................................................21
Tomada de notas a partir de texto oral ...................................................................................................................21
Exercícios de aplicação ..........................................................................................................................................22
Sumário ..................................................................................................................................................................22
Tomada de notas: ...................................................................................................................................................22
Exercícios de aplicação ..........................................................................................................................................23
Tomada de Notas ..................................................................................................................................................23
Nominalização .......................................................................................................................................................23
Correcção ...............................................................................................................................................................23
Exercícios...............................................................................................................................................................24
Exercícios de aplicação ..........................................................................................................................................24
Cultura geral...........................................................................................................................................................24

Unidade 2 25

Resumo ..................................................................................................................................................................25
Introdução ..............................................................................................................................................................25
Objectivo geral.......................................................................................................................................................25
Lição 1 & 2 ............................................................................................................................................................26
Terminologia ........................................................................................................................................................27
ii Ensino à Distância

1.2. Fases de preparação do resumo.......................................................................................................................27


Dica ........................................................................................................................................................................28
Cuidados a ter na produção do resumo: .................................................................................................................28
Auto-avaliação .......................................................................................................................................................30
A Linguagem dos animais....................................................................................................................................30
Confronte as suas respostas com as que a seguir lhe propomos.............................................................................31
Sumário ..................................................................................................................................................................31
O Resumo: .............................................................................................................................................................31
Lição 3 & 4 ............................................................................................................................................................32
Objectivos ..............................................................................................................................................................32
Terminologia..........................................................................................................................................................32
Actividade ..............................................................................................................................................................32
O uso de portanto...................................................................................................................................................33
Actividade ..............................................................................................................................................................34
Dica ........................................................................................................................................................................35
Conectores..............................................................................................................................................................35
Dica ........................................................................................................................................................................36
Sumário ..................................................................................................................................................................36
Exercícios...............................................................................................................................................................37
Auto-avaliação .......................................................................................................................................................37

Unidade 3 39

As fichas de trabalho..............................................................................................................................................39
Introdução ..............................................................................................................................................................39
Estrutura.................................................................................................................................................................39
Objectivo geral.......................................................................................................................................................39
Lição nº1 & 2 .........................................................................................................................................................40
A ficha bibliográfica ..............................................................................................................................................40
Objectivos ..............................................................................................................................................................40
Terminologia..........................................................................................................................................................40
Que elementos permitem identificar um livro ou uma publicação? .......................................................................40
Actividade ..............................................................................................................................................................42
Dica ........................................................................................................................................................................44
Publicações periódicas considerados como um todo .............................................................................................44
Dica ........................................................................................................................................................................44
Ficha Bibliográfica.................................................................................................................................................46
Referências bibliográfica .......................................................................................................................................46
Bibliografia ............................................................................................................................................................46
Exercícios...............................................................................................................................................................47
Auto-avaliação .......................................................................................................................................................47
Correcção: ..............................................................................................................................................................48
Sumário ..................................................................................................................................................................48
Lição nº 3 & 4 ........................................................................................................................................................49
Ficha de Leitura .....................................................................................................................................................49
Introdução ..............................................................................................................................................................49
Objectivos ..............................................................................................................................................................50
Terminologia..........................................................................................................................................................50
Actividade ..............................................................................................................................................................50
Dica ........................................................................................................................................................................51
Tome nota. .............................................................................................................................................................51
A Documentação como Método de Estudo Pessoal ...............................................................................................52
Actividade ..............................................................................................................................................................53
Exercícios...............................................................................................................................................................55
Auto-avaliação .......................................................................................................................................................55
Sumário ..................................................................................................................................................................57
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa iii

Unidade 4 58

Texto expositivo-explicativo..................................................................................................................................58
Introdução ..............................................................................................................................................................58
Estrutura.................................................................................................................................................................59
Objectivo Geral ......................................................................................................................................................59
Lição nº 1 & 2 ........................................................................................................................................................60
Objectivos ..............................................................................................................................................................60
Terminologia..........................................................................................................................................................60
1. Qual é a natureza do texto expositivo-expositivo?.............................................................................................60
1.1 características situacionais ...............................................................................................................................61
Que situações originam a produção de um texto expositivo-explicativo? .............................................................61
2. Organização textual............................................................................................................................................62
3. Organização discursiva ......................................................................................................................................63
Características linguísticas .....................................................................................................................................64
Lição nº 3 & 4 ........................................................................................................................................................68
Introdução ..............................................................................................................................................................68
Objectivos ..............................................................................................................................................................68
Actividade ..............................................................................................................................................................73
1. Demonstração ....................................................................................................................................................73
Actividade ..............................................................................................................................................................74
Actividade ..............................................................................................................................................................75
Características linguísticas .....................................................................................................................................75
Os tempos verbais ..................................................................................................................................................75
Actividade ..............................................................................................................................................................76
As pessoas gramaticais..........................................................................................................................................76
Dica ........................................................................................................................................................................77
A passiva................................................................................................................................................................77
Articuladores Discursivos ......................................................................................................................................77
Actividade ..............................................................................................................................................................78
Coerência e progressão textual...............................................................................................................................78
Características supralinguísticas ............................................................................................................................79
Sumário ..................................................................................................................................................................80
Exercícios...............................................................................................................................................................80
Auto-avaliação .......................................................................................................................................................80
Lição nº 5 & 6 ........................................................................................................................................................83
Introdução ..............................................................................................................................................................83
Objectivos ..............................................................................................................................................................83
Poluição das águas .................................................................................................................................................83
Exercícios...............................................................................................................................................................86
Auto-avaliação .......................................................................................................................................................86
Questionário...........................................................................................................................................................86
Soluções. ................................................................................................................................................................87
Sumário ..................................................................................................................................................................89

Unidade 5 90

Textos Didácticos Profissionais .............................................................................................................................90


Introdução ..............................................................................................................................................................90
Estrutura.................................................................................................................................................................90
Objectivo Geral ......................................................................................................................................................90
Lição 1 & 2 ............................................................................................................................................................91
Circular e convocatória ..........................................................................................................................................91
Introdução ..............................................................................................................................................................91
Objectivos ..............................................................................................................................................................91
Terminologia..........................................................................................................................................................91
iv Ensino à Distância

Texto "A" ...............................................................................................................................................................92


CIRCULAR ...........................................................................................................................................................92
Texto "B" ...............................................................................................................................................................92
Convocatória ..........................................................................................................................................................92
Assembleia Geral Ordinária ...................................................................................................................................92
Actividade ..............................................................................................................................................................94
Texto "A" ...............................................................................................................................................................94
Organização textual................................................................................................................................................94
Tome nota! .............................................................................................................................................................94
Dica ........................................................................................................................................................................95
Actividade ..............................................................................................................................................................96
B) Convocatória .....................................................................................................................................................96
Conceito .................................................................................................................................................................96
1) Organização Textual..........................................................................................................................................96
a) Ponto de vista icónico: ......................................................................................................................................96
Actividade ..............................................................................................................................................................97
b) Estrutura.............................................................................................................................................................97
2) Organização Linguística ...................................................................................................................................97
Sumário ..................................................................................................................................................................98
Lição 2 & 3 ............................................................................................................................................................99
Acta ........................................................................................................................................................................99
Introdução ..............................................................................................................................................................99
Objectivos ..............................................................................................................................................................99
Terminologia..........................................................................................................................................................99
Acta de reunião ....................................................................................................................................................101
Actividade ............................................................................................................................................................102
Mancha gráfica/nível icónico:.............................................................................................................................102
(B) Organização Discursiva .................................................................................................................................102
Actividade ............................................................................................................................................................103
Sumário ................................................................................................................................................................103
Lição 5 & 6 ..........................................................................................................................................................104
O Regulamento ....................................................................................................................................................104
Introdução ............................................................................................................................................................104
Objectivos ............................................................................................................................................................104
Terminologia........................................................................................................................................................104
Regulamento ........................................................................................................................................................104
Fundação calouste gulbenkian .............................................................................................................................105
Regulamento ........................................................................................................................................................105
I Disposições gerais .............................................................................................................................................105
II Do concurso II Do concurso Art.º 4.º ...............................................................................................................106
III Da atribuição das bolsas..................................................................................................................................106
VI Dos deveres do bolseiro ..................................................................................................................................107
VII Disposições finais ..........................................................................................................................................107
Actividade ............................................................................................................................................................108
Organização Linguística ......................................................................................................................................108
Sumário ................................................................................................................................................................109
Exercícios.............................................................................................................................................................109
Auto-avaliação .....................................................................................................................................................109
Lição 7 & 8 ..........................................................................................................................................................110
O Relatório...........................................................................................................................................................110
Introdução ............................................................................................................................................................110
Objectivos ............................................................................................................................................................110
Terminologia........................................................................................................................................................110
Relatório do conselho de administração...............................................................................................................111
Actividade ............................................................................................................................................................112
1 .Situações ..........................................................................................................................................................112
2. Pressupostos .....................................................................................................................................................112
3. Estrutura...........................................................................................................................................................112
3.1 Observe que: ..................................................................................................................................................113
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa v

4. Relatório de Pesquisa, vamos a gora vera a.................................................................................................114


Estrutura de um relatório de pesquisa: .................................................................................................................114
Apresentação........................................................................................................................................................114
Local e data ..........................................................................................................................................................114
Actividade ............................................................................................................................................................115
Estrutura de um relatório de pesquisa(cont).........................................................................................................115
Introdução ............................................................................................................................................................115
OBJECTO:...........................................................................................................................................................115
Cap. I....................................................................................................................................................................115
Actividade ............................................................................................................................................................116
Cap. II ..................................................................................................................................................................116
Conclusões ...........................................................................................................................................................116
Bibliografia ..........................................................................................................................................................116
Dica ......................................................................................................................................................................118
Elementos Pré-textuais.........................................................................................................................................118
Elementos textuais ...............................................................................................................................................119
A Redacção do Texto...........................................................................................................................................120
Dica ......................................................................................................................................................................121
Elementos Pós-textuais ........................................................................................................................................121
Sumário ................................................................................................................................................................122
Exercícios.............................................................................................................................................................122
Liçao 9 & 10 ........................................................................................................................................................123
O Sumário ............................................................................................................................................................123
Introdução ............................................................................................................................................................123
Objectivos ............................................................................................................................................................123
Terminologia........................................................................................................................................................123
Sumário ................................................................................................................................................................124
Actividade ............................................................................................................................................................125
Organização textual..............................................................................................................................................125
Actividade ............................................................................................................................................................126
Organização linguística........................................................................................................................................126
Sumário ................................................................................................................................................................126
Exercícios.............................................................................................................................................................127
Auto-avaliação .....................................................................................................................................................127

Unidade VI 128

Bibliografia ..........................................................................................................................................................128
Footenotes ............................................................................................................................................................128
vi Ensino à Distância
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 7

Visão geral

Benvindo às Técnicas de
Expressão em Língua Portuguesa
Pretende-se com o presente módulo exercitar a compreensão e expressão
oral e escrita, em diferentes situações de comunicação, e fornecer
instrumentos que permitam a manipulação de diferentes tipos de textos
tendo em conta o público a que se destinam.

Considerando que a Língua Portuguesa organiza os saberes curriculares


das outras disciplinas, o presente módulo de Técnicas de Expressão em
Língua Portuguesa privilegia, por uma lado, a aquisição de determinadas
técnicas de expressão e, por outro, o desenvolvimento de capacidades e
aptidões que permitam ao sujeito de aprendizagem uma compreensão
crítica das outras matérias de estudo dos diferentes cursos leccionados na
Universidade Pedagógica.

Objectivos do curso
O Presente módulo visa:

Desenvolver a compreensão oral e escrita em diferentes situações de


comunicação;

Desenvolver a competência comunicativa em Língua Portuguesa, na


Objectivos
oralidade e na escrita, de forma apropriada a diferentes situações de
comunicação;

Fornecer instrumentos que permitam a manipulação de diferentes tipos


de textos, tendo em conta o público a que se destinam;

A aquisição de orientações lógicas, metodológicas e técnicas com vista à


formação de hábitos de estudo, de leitura, de uso de instrumentos de
trabalho académico, de produção e sistematização do conhecimento;

Reflexão sobre a gramática da língua tendo em conta a textualidade.


8 Visão geral

Produzir textos de natureza diversa em função do objectivo/intenção de


comunicação.

Quem deveria estudar este


módulo
Este Módulo foi concebido para todos aqueles que tenham concluído a
12a classe do ESG ou equivalente e tenham-se inscrito no Curso de Física
à Distância fornecido pela Universidade Pedagógica.

Como está estruturado este


módulo
Todos os módulos dos cursos produzidos pela Universidade Pedagógica
encontram-se estruturados da seguinte maneira:

Páginas introdutórias

Um índice completo.

Uma visão geral detalhada do curso/ módulo, resumindo os aspectos-


chave que você precisa conhecer para completar o estudo.
Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de
começar o seu estudo.

Conteúdo do curso / módulo

O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma


introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo
actividades de aprendizagem, um sumário da unidade e uma ou mais
actividades para auto-avaliação.

Outros recursos

Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista


de recursos adicionais para você explorar. Estes recursos podem incluir
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 9

livros, artigos ou sites na internet.

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação

Tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de cada


unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para
desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes
elementos encontram-se no final do módulo.

Comentários e sugestões

Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários


sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários
serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este curso / módulo.

Ícones de actividade

Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das
folhas. Estes icones servem para identificar diferentes partes do processo
de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma
nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.

Acerca dos ícones


Neste manual encontrará icones que identificam as actividades, dicas,
sumários e actividades de auto-avaliação.

Habilidades de estudo

Este módulo foi concebido tendo-se em mente que você vai estudar
sozinho. Por isso, os conteúdos estão expostos de forma a facilitar o seu
estudo. Você tem que procurar estudar em função do tempo indicado ou
reservado para cada uma das lições. Não procure avançar muito
rapidamente .

O sumário não só serve como resumo, mas também constitui a


10 Visão geral

oportunidade para você reflectir sobre o conteúdo geral anteriormente


exposto. É por isso que, no fim de cada unidade, você tem uma actividade
que procura espelhar tudo o que nela aprendeu e leu nas obras
recomendadas.

Procure também resolver os exercícios que se encontram no fim de cada


lição, pois eles são preciosos para você conhecer o nível da sua
aprendizagem. Atenção: não consulte as respostas que aparecem depois
das questões antes de as responder. Bom proveito!

Precisa de apoio
Se você tiver dificuldades, tem o Centro de Recursos à sua espera, perto
do local da sua residência. Não hesite em recorrer a este centro, pois ele
foi criado para si.
Apoio

Tarefas (avaliação e auto-


avaliação)
Ao longo de cada Unidade você terá que realizar uma série de actividades
que o ajudarão a consolidar a matéria dada.

Auto-Avaliação Recomendamos que você resolva todos os exercícios indicados sem


correr para consultar a chave de correcção.

Avaliação

Nesta disciplina vai realizar duas provas escritas ao longo do semestre.


Como forma de culminação do modulo terá um exame escrito no fim do
semetre. No entanto, todos os exercícios que você vai realizar no fim de
Exercícios de aplicação
cada lição e unidade serão verificados pelo seu tutor para a avaliação
formativa.
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 11

Unidade 1

Tomada de Notas
Introdução

Bem vindo a esta unidade didáctica, onde terá as noções básicas da


Tomada de Notas.

Ao lhe propormos de início esta unidade, pensámos na árdua e complexa


actividade académica em que está envolvido(a) e achámos que devíamos
proporcionar-lhe algumas notas breves sobre a tomada de notas e redação
de textos.

Estrutura
Esta unidade é composta por duas aulas correspondentes a 120 minutos.

As lições desta unidade abordam os seguinetes tópicos da Tomada de


Notas:

Tomada de Notas a partir de um texto oral;

Tomada de Notas no próprio texto;

Levantamento de palavras-chave/unidades de significação;

Reconstituição dos textos a partir das notas tomadas.

Objectivo geral
Ao terminar esta unidade, você deverá ser capaz de :

Reconstituir textos orais ou escritos.


12 Unidade 1

Lição 1 & 2

Tomada de Notas
Introdução

No exercício da nossa actividade profissional, como docentes/estudantes,


somos confrontados com a necessidade de tomar notas. Não sendo um
privilégio exclusivo do professor/estudantes, este exercício também pode
ser realizado por um quadro de qualquer área, um asssalariado, uma
secetária, um jornalista, etc.

As situações em que se tomam notas, como veremos no decurso desta


unidade/lição, são variadas e surgem nos mais diversos momentos da
vida quotidiana, profissional ou pessoal.

De um modo particular, as aulas a nível superior não se socorrem de


ditados, resumos, etc. por isso, a exercitação da tomada de notas, quer nos
casos de ensino presencial, quer nos de ensino à distância, é de extrema
importância não só por permitir corrigir falhas de memória, como
também por constituir a base para a redacção de resumos, notas de
síntese, relatórios de apreciação de uma leitura, etc.

Porém, a tomada de notas não deve ser encarada como a transcrição de


palavra por palavra de uma mensagem. Aliás, a rapidez com que o
enunciador apresenta os assuntos não permite essa prática. Deste modo as
notas servem muitas vezes como ponto de partida para redigir escritos,
cuja característica comum é a de serem uma redução de textos muito mais
longos. É o que procuraremos praticar nesta unidade.
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 13

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Identificar a motivação/importância da tomada de notas;

• Apontar os procedimentos para tomada de notas numa exposição


Objectivos oral/aula, etc.

• Tomar notas a partir da leitura do texto " Memória e Aprendizagem"

• Elaborar pequenos resumos/ levantar palavras-chave;

• Detectar as relações sintácticas e lógico-semânticas entre as unidades/


parágrafos.

• Organizar as informações a partir das relações sintácticas e lógico -


semânticas entre as unidades.

Tomada de Notas. Consiste na redução do texto, seleccionando,


portanto, de forma sintética determinadas informações de um texto básico
(veiculado quer na forma oral quer na forma escrita), mantendo o seu
Terminologia sentido inicial, aliás, esta técnica tem por objectivo retransmitir um
conjunto de informações, preservando o sentido da mensagem numa
reformulação mais precisa e económica.

1. Motivação para a tomada de notas


Na vida diária, profissional ou estudantil temos a necessidade de fixar o
pensamento do outro. Acontece que às vezes, prestamos atenção a
aspectos de menor importância. Imaginemos então que estamos numa
aula/palestra, o professor/orador limitar-se a expor, fazendo alguns
gestos, elevando a voz de vez em quando, repetindo o que achar
pertinente, às vezes fazendo registos no quadro, e chamando a atenção
dos participantes para determinadas passagens da sua exposição.

Então, que devemos fazer para racionalizarmos o tempo, de modo a não


perdermos as informações consideradas importantes? A não perdermos
tempo na tentativa de registarmos tudo o que orador disse? (registe a sua
14 Unidade 1

resposta num papel à parte, sem presa, reflita nos mais variados
procedimentos necessários).

Muito bem! É isso mesmo, devemos prestar a atenção aos seguintes


aspectos:

• Tom de voz do orador;

• Palavras/frases que chamam a atenção;

• Repetição de ideias;

• Tempo dedicado a cada assunto;

• Registos feitos no quadro(se for o caso);

• Indicações expressas pelo orador;

• Entoação de voz - voz pausada ou alta;

• Uso de abreviaturas/símbolos;

• Registos no bloco de notas/caderno das anotações feitas no quadro ou


no caderno.

Óptimo! se não apontou todos esses aspectos poderá acrescentar o que


estiver em falta, e reflita na sua pertinência na realização desse exercício.

1.1 Abreviaturas e Símbolos

Na resposta à questão colocada em (1), afirmamos que uma das técnicas


de economia de texto é o recurso à abreviaturas e símbolos. Então,
lembre-se de alguns desses símbolos, pode até recorrer aos sinais usados
na matemática para expressar relações de implicação, supressão/conjunto
vazio, ideias mais importantes, menos importantes, etc. faça a sua
proposta num papel à parte.

Agora, sim! Lembre-se de que a tomada de notas é uma actividade


pessoal, como tal as abreviaturas e símbolos que podem ser usados
podem variar de indivíduo para indivíduo, mas por ser uma técnica de
economia de texto muito usada no dia a dia generalizou-se o uso de
alguns símbolos e abreviaturas. Confronte a sua proposta com a que lhe
apresentamos a seguir.
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 15

Ideias principais; + mais

………. Ideias secundárias - menos

X Não concordo = igual

Def. Definição Ñ negação/não/nunca

⇒ Implicação/causalidade % por cento

§ Parágrafo * agramatilidade/desvio

Ø supressão ≠ diferente

Se dentre outros simbolos e abreviaturas abarcou todos, isso significa que


está no bom caminho. Mas, se não focou nenhum, não desanime, releia
esta lição e tente sozinho lembrar-se de outras abreviaturas. Deve
assistir a aulas dos colegas e participar mais nos debates, conferências,
palestras, a fim de exercitar esta habilidade tão importante para a vida de
estudos superiores. Mas note que também tomam-se notas noutros
contextos. Vamos reflectir juntos:

2. Tomada de notas no próprio texto


A nossa vida profissional exige muito de nós e, muitas vezes somos
obrigados a participar em eventos que dependem de informações que só
podemos acesso por via da leitura. De que maneira preparámos nossas
intervenções/participação? De que materiais nos socorremos nesses
casos? De facto, podemos recorrer a uma grande diversidade de meios.
Dê exemplos de fontes usadas nessses casos. E quais são os
procedimentos que adoptamos nessas circunstâncias? ( Tem pelo menos
cinco minutos para pensar e tentar esboçar uma resposta!).

Óptimo! A partir da leitura de um jornal, de uma revista, de um livro,


etc. tomam-se notas quer para organizar fichas quer para preparar uma
intervenção num debate, conferência, estudo, etc.

2.1. Passos de uma estratégia para a tomada de notas no próprio texto

Leia o texto abaixo, pelo menos duas vezes, de modo a compreender o


seu conteúdo.
16 Unidade 1

Aprendizagem e Memória
Desde o seu nível mais elementar que a memória está implicada em
qualquer fenómeno de aprendizagem. Aliás, a simples definição da
aprendizagem como uma modificação sistemática da conduta, isto é, uma
mudança que se traduz num hábito, numa reacção habitual, pressupõe já
necessariamente a memória como condição de conservação da resposta
aprendida.

A memória é uma função biológica e psicológica absolutamente


indispensável. Todo o ser vivo, em maior ou menor escala, faz uma
experiência, que é o percurso de toda uma vida. O que é ter experiência
senão estar apetrechado com aquisições anteriormente feitas, não estar
em branco em face das situações que se deparam, ser capaz de tirar
proveito do já feito, do já vivido?

É pela memória que a pessoa adquire o sentimento da própria identidade.


Com o efeito, a memória não é a simples conservação de algo que
ocorreu no passado. A simples conservação do passado não é ainda
memória, esta tem também uma função psicológica de integração pela
qual o que aconteceu no passado é referido ao sujeito: a memória é antes
de mais o reconhecimento das experiências passadas como elemento,
como parte da vida do sujeito. Se eu não tivesse a capacidade de sentir e
viver como minhas, como fazendo parte do meu património pessoal tudo
o que já vivi, a ideia de mim mesmo seria extraordinariamente pobre e
fragmentária. Quer seria cada um de nós se fosse amputado de toda a
experiência passada, do já sido, já vivido?
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 17

É por isso que a memória é uma função essencial para a continuidade da


vida individual ou colectiva. E isso implica que o hábito enquanto
conduta aprendida e que se realiza sem esforço e quase sem darmos por
isso não tenha o simples sentido negativo de rotina, de algo caduco ou de
um automatismo psíquico, mas que ele tenha também um sentido positivo
de potencial, de riqueza do passado cujo efeito se mantém no presente.

O importante não é lutar contra os hábitos, mas impedir a sua


cristalização, utilizá-los para aquilo que mais podem contribuir: libertar
energias que podem ser utilizadas criadoramente.

Assistimos na actualidade a uma desclassificação da memória. Esta é


entendida como o contrário da inovação, da criatividade, da imaginação
criadora. Esta reacção contra a memória é, em grande medida, justa, pois
visa ultrapassar a identidade momorizar-aprender. Aprendizagem
pressupõe a memória, mas é mais que isso: produção do novo, construção
de algo nunca visto ou feito antes.

Aprender não é simplesmente memorizar. Mas isso não significa que a


memória se oponha à inovação, à criação nos seus diferentes domínios e
aspectos. Muito pelo contrário, a memória é um instrumento muito
importante do progresso. Também aqui é válido o provérbio de que o
saber não ocupa lugar, isto é, de que o saber anterior não dificulta a
aquisição de novos saberes.

Quantas vezes não sentimos a falta de bases de noções ou de experiências


prévias que facilitariam a aprendizagem presente? Quantas vezes o
fracasso, o insucesso escolar e na vida não é o resultado de falhas na
aprendizagem e na experiência em certas fases da vida!

Cardoso, A., Fróis, A.: Fachada A - Rumos da Psicologia(10°/11°-2v.)

Lisboa, 1989(adaptado)

1.1. Agora, usando algarismos árabes (1,2,3,4,), numere os parágrafos do


texto, que acabou de ler.

Então, quantos parágrafos(§) encontrou? Oito(8). É claro!


18 Unidade 1

1.2. Óptimo! pronta a identificação dos parágrafos do textos, vai fazer


nova leitura silenciosa do texto, e procure, a lápis, dividi-lo em partes
de acordo com o sentido dos diferentes parágrafos. Tenha sempre em
atenção as relações lógico-semânticas e sintácticas entre as partes
(palavras de ligação entre os parágrafos, sentido de cada parte, etc.).

De certeza que identificou três partes.

1.3. Atribua um título a cada uma dessas partes.

1.4. Destaque (sublinhando/marcando a cores, fazendo anotações nas


margens/ no próprio texto) as ideias principais e/ou as palavras -
chave de cada parte/parágrafo. Como proceder? Siga o exemplo.

I °§ def. Aprendizagem

Desde o seu nível mais elementar que a memória está implicada em


qualquer fenómeno de aprendizagem. Aliás, a simples definição da
aprendizagem como uma modificação sistemática da conduta, isto é, uma
mudança que se traduz num hábito, numa reacção habitual, pressupõe já
necessariamente a memória como condição de conservação da resposta
aprendida.

1.5. Continue. É isso mesmo!

1.6. Então, siga em frente, vai, numa folha à parte, passar as notas
tomadas (palavras chave, expressões, pequenos resumos, citações,
estabelecendo relações entre notas tomadas), para o efeito, tenha
sempre presente a hierarquização das informações no texto, em
estudo.

• Agora que você terminou a tarefa, compare o seu trabalho com a


propostas que lhe oferecemos:

Aprendizagem e Memória

def. aprendizagem (1§)

aprendizagem = modificação sistemática conduta

= formação hábitos novos => memória condição conservação aprendido

memória=função biológica+psicológica (2°,3°,4°§)

Integração = reconhecimento/recuperação experiência passada,


Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 19

Por isso, memória função essencial continuidade vida


individual/colectiva

Hábitos encarado sentido positivo, riqueza passada c/ efeito presente.

memória vs aprendizagem (5°,6°,7°,8°§)

Importante não combater hábitos;

Usar hábito p/ libertar energias = ultrapassar identidade aprender,


memorizar

Sucesso escolar => conhecimentos prévios logo memória importante na


aprendizagem.

2. Muito bem, notou de facto que as notas são pessoais! Mas para o
sucesso desta operação precisámos de cultivar a economia de texto
(de palavras). Este aspecto é obtido por diferentes processos. Vamos
então resumir o que fizemos:

Supressão de certos elementos: certos determinantes, o verbo "ser"


exprimindo uma função. Ex:

"…a memória é uma função essencial para continuidade da vida


individual ou colectiva."

memóriaØ função essencial Ø continuidade Ø vida.

Supressão de palavras por nominalizações. Ex:

" Desde o seu nível mais elementar que a memória está implicada em
qualquer fenómeno de aprendizagem. Aliás, a simples definição da
aprendizagem como uma modificação sistemática da conduta,(…)".

Aprendizagem = modificação conduta

Reconhecimento de ideias e sua redução;


" É pela memória que a pessoa adquire o sentimento da própria
identidade. Com o efeito, a memória não é a simples conservação de algo
que ocorreu no passado. A simples conservação do passado não é ainda
memória, esta tem também uma função psicológica de integração pela
qual o que aconteceu no passado é referido ao sujeito: a memória é antes
de mais o reconhecimento das experiências passadas como elemento,
20 Unidade 1

como parte da vida do sujeito. Se eu não tivesse a capacidade de sentir e


viver como minhas, como fazendo parte do meu património pessoal tudo
o que já vivi, a ideia de mim mesmo seria extraordinariamente pobre e
fragmentária. Que seria de cada um de nós se fosse amputado de toda a
experiência passada, do já sido, já vivido?"

Memória =função Integração / reconhecimento/recuperação experiência


passada.

A interpretação
memória vs aprendizagem (5°,6°,7°,8°§)

Importante não combater hábitos; Usar hábito libertar energias =


ultrapassar identidade: aprender, memorizar.

Sucesso escolar => conhecimentos prévios logo memória importante


aprendizagem.
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 21

Tomada de notas a partir de texto oral

Como você sabe, durante um exposição (palestra, conferência, explicação


Dica do professor) é muito útil tirar notas do que se diz. Umas notas bem
tomadas servem depois para recordar a explicação/exposição completa.

Propomo-lhe um exercício de tomada de notas, a partir de textos orais,


mas antes, vamos recordar determinados passos importantes:

(i) anote as ideias mais importantes sobre o tema, deitando de lado


as secundárias;

(ii) resuma de forma pessoal essas ideias, só escreva textualmente


informações como notas bibliográficas, fórmulas, esquemas, etc.

(iii) se se perder, deixe um espaço em branco e continue. No fim da


exposição, poderá completar os seus apontamentos com os que
tomaram os seus colegas.

(iv) ordene com clareza as diferentes partes da exposição, atribuindo


números ou letras;

(v) utilize abreviaturas ou símbolos para as palavras ou expressões


mais frequentes, com o fim de poupar espaço e tempo;

(vi) após a exposição aperfeiçoe as notas tomadas passando os


apontamentos a limpo.
22 Unidade 1

Opte por uma determinada disciplina do seu currículo e aplique as regras


relativas à tomada de notas com base num assunto exposto por seu colega
ou amigo, num intervalo de cinco minutos.
Exercícios de aplicação
Depois, aperfeiçoe e complete o texto:

a) passando as abreviaturas a palavras;

b) construindo frases;

c) articulando as frases em períodos;

d) ordenando a sequência segundo a lógica das ideias expostas.

No fim, apresente o trabalho, junto com as folhas onde inicialmente


tomou as notas, ao seu colega.

Se o resultado for satisfatório, prepare outra actividade de exercitação. Se


teve muitas dificuldades tais como omissões, deturpações, etc. deve rever
a técnica de tomada de notas a fim de identificar as causas das falhas.
Exercite-se mais! Vá assistir agora a uma aula de uma disciplina que não
seja a que lecciona. O tema, a linguagem, se calhar parecer-lhe-ão
estranhos. Não se importe, preste a atenção à aula e procure compreender
o teor da aula e registe as ideias principais, as palavras chave, notas que o
professor for registando no quadro,etc.Então, no fim da aula, com mais
vagar procure (re)organizar as notas tomadas.

Fazem sentido? Estão compreensíveis? Agora lembra-se da exposição do


professor? Claro que sim! Parabéns, conseguiu!

Sumário
Tomada de notas:
• Procedimentos numa exposição oral/aula;

• Técnicas de economia de texto (palavras-chave; abreviaturas;


pequenos.resumos/interpretação; nominalizações);

• Organização das notas tomadas a partir do texto" Memória e


aprendizagem".
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 23

Tomada de Notas

Nominalização
Exercícios de aplicação
Caro estudante, ao longo da aula, deparou-se com a nominalização como uma
das formas de economia de textos/palavras, agora vamos exercitar esta
habilidade, com frases relacionadas com o texto "Aprendizagem e memória" .

Siga exemplo:

 " Falha de memória"………. Esquecimento

frase/expressão nome

1.Conduta aprendida que realiza sem esforço.

2. Algo que se realiza com rotina.

construção de algo nunca visto ou feito antes.

Conservação de algo que ocorreu no passado.

Aquele que frequenta um estabelecimento de ensino.

Qualquer acto de espírito ou operação da inteligência.

Estado de actividade de animais e plantas.

Órgãos que nos permitem apreender as formas e as cores.

Confronte as suas respostas com a chave que lhe aprestamos.

Correcção

1. hábito
2. rotineiro
3. aprendizagem
4.memorização
5.estudante
6. pensamento
7. vida
8. olhos
24 Unidade 1

Óptimo! viu que é fácil reduzir expressões a nomes? Se teve


dificuldades, não desista, recorra ao dicionário e resolva os exercícios que
se seguem, e, se não as teve, resolva-os sem recurso ao dicionário. Bom
trabalho!

Exercícios

Cultura geral
Vamos dar-lhe mais um exercício de cultural geral.
Exercícios de aplicação
1) Aparelho que falando através dele aumenta o tom de voz.

2) Canal subterrâneo por onde circulam águas de chuvas e de despejos.

3) Aquele que escreve peças de teatro.

4) Aquele que faz escrituras.

5) Ele cria abelhas.

6) Colecciona notas e moedas antigas.

7) Colecciona selos de correio.

8) Medicina das crianças.

9) Medicina da velhice.

10) Aquele que escreve ensaios.

Óptimo, agora, compare as suas respostas com as soluções abaixo.

1. microfone
2. esgoto
3. dramaturgo
4. escriturário
5. apicultor
6. numismata
8. pediatria
9. geriatria
10. ensaista
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 25

Unidade 2

Resumo
Introdução
Estimado estudante, para darmos seguimento à abordagem do conteúdo
desta unidade temática, gostaríamos, antes, de chamar à sua atenção para
o facto de haver relação entre a unidade temática 1 “A tomada de notas” e
esta. Na verdade, você já sabe que ao tomarmos notas pretendemos reter
as ideias principais de um texto. Ora, o resumo vai usar algumas técnicas
da tomada de notas, que você vai descobrir, nesta unidade temática.

Antes, lhe apresentamos-lhe os conteúdos que vamos tratar nesta


unidade:

• Conceito de resumo;

• Fases de preparação do resumo;

• Cuidados a ter na produção de um resumo;

• Produção do resumo

É o que veremos nas lições seguintes.

Objectivo geral
Ao terminar esta unidade, você deverá ser capaz de:

• Resumir textos orais ou escritos, usando as técnicas de Tomada


de Notas.
26 Unidade 2

Lição 1 & 2

Caro estudante, o nosso desejo é que no fim da segunda unidade você


seja capaz de:

• Identificar as palvras-chave, ideias nucleares, conectores lógico-


semânticos, no texto lido.

• Destacar as relações sintácticas e lógico-semânticas entre as unidades


textuais;

• Analisar o texto " A Linguagem dos animais" destacando as palavras-


chave, as relações sintácticas e lógico-semânticas entre os parágrafos.

• Resumir o texto lido.


1. Do Conceito de Resumo

Neste momento, queremos solicitá-lo a reflectir sobre o conceito de


resumo. Para tal, formulamos a pergunta seguinte: o que é resumir? Ou o
que é o resumo? Para darmos resposta a estas questões, vamos fornecer-
lhe algumas definições, todas elas válidas, que reflectem vários estudos já
realizados sobre esta temática.
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 27

(i) O resumo é um texto que apresenta as ideias ou factos essenciais


de um outro texto, de um modo abreviado.

(ii) “Resumir um texto é condensar as ideias principais, respeitando o


Terminologia
sentido, a estrutura e o tipo de enunciação, isto é, os tempos e as
pessoas, com a ajuda do vocabulário do aluno. É, assim, reter as
linhas de um raciocínio, o essencial dos dados de um problema,
as características de uma situação, as conclusões de uma análise,
sem o mais pequeno comentário.” – REI (1986).

(iii) Resumir significa criar um novo texto mais condensado, que


utiliza as informações mais importantes do texto base. Quer dizer
que o resumo é um texto que reelabora o escrito de base,
reduzindo-lhe o comprimento, mantendo-se o autor em segundo
plano, esforçando-se por ser objectivo, na tentativa de criar uma
síntese coerente e compreensível do texto de partida. –
SERAFINI (1986).

(iv) Resumir, em poucas palavras, é pegar num texto pelos seus


pontos principais, pelos seus dados de conjunto e transmiti-lo,
através de um outro, que é a redução do original. – BASTOS
(1989).

Vistas as difinições de resumo/acto de resumir, vamos a seguir ver as


etapas a percorrer para produção do resumo:

1.2. Fases de preparação do resumo


Estimado estudante, como já se apercebeu, para resumir um texto é
necessário ler muito bem o texto a resumir. Por isso, esta actividade deve
ser dividida em duas fases principais:

- leitura e compreensão do texto original;

- produção do novo texto (o resumo).

Passamos, de seguida, a descrever as actividades que você deverá realizar


em cada uma das fases:
28 Unidade 2

1ª leitura e compreensão do texto original:

• fazer a leitura atenta do texto (em causa está saber de que fala o texto,

Dica qual o seu sentido geral. Recomenda-se que a leitura seja feita tantas
vezes quantas necessárias);

• dividir o texto em partes;

• dar um título - resumo a cada parte;

• “desmontar” o texto em palavras – chave e articuladores do discurso;

• fazer a síntese / organização das ideias.

2ª Produção do novo texto (o resumo):

• Selecção: destacar todas as principais unidades de significação


(ideias);

• Supressão: omitir as unidades de significação (ideias) que se referem


a pormenores, a informações secundárias;

• Generalização: substituir duas ou mais unidades de significação


(ideias) por uma unidade geral.

• Construção: organizar um novo texto em função da selecção, da


supressão e da generalização.

Caro estudante, nesta segunda etapa, há cuidados que você deverá ter na
elaboração do novo texto (o resumo). De seguida, apresentamo-lhe um
quadro que melhor poderá facilitar a sua aprendizagem:

Cuidados a ter na produção do resumo:

Você deve: Não deve:

Seguir a ordem do texto original / Inverter a estrutura do texto


manter o fio condutor do texto original;
original;
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 29

Referir apenas as ideias ou os factos Usar as mesmas palavras do texto;


principais do texto original;

Usar frases curtas e directas, sempre Copiar nem reproduzir


com o propósito de ser conciso e
claro, portanto, compreensível;

Dar preferência a construções Utilizar expressões como: o autor


impessoais; disse, o autor falou, segundo o
autor, este livro/o artigo ou
documento;

Considerar as palavras sublinhadas


e as anotações à margem do
documento;

Reduzir o texto original a um 1/3 da Exceder o número de linhas


sua extensão; proposto ou entre um 1/4 e 1/5 do
texto original.

Fazer a transcrição do documento,


quando absolutamente necessária,
com aspas e referência completa à
fonte;

Fazer a referenciação completa do


documento de base antes ou depois
do resumo.

Caro estudante, depois da leitura atenta do texto sobre o resumo


(conceito, as fases de elaboração, os cuidados a ter e a produção), vamos
avaliar o seu nível de assimilação dessas matérias. Para isso, resolva o
seguinte exercício:
30 Unidade 2

1. leia o texto “A linguagem dos animais” .

1.1 Faça o levantamento das palavras-chave.

Auto-avaliação 1.2 Elabore o resumo do texto" a linguagem dos animais"

1.3

A Linguagem dos animais...


Para comunicar com os seus semelhantes, o homem pode utilizar um
código verbal. Pode utilizar também toda a espécie de outros códigos
cujas unidades são, não grupos de sons, mas gestos, cores, formas (o
código dos marinheiros, por bandeiras, e o código de estrada, são
exemplos clássicos).

A utilização dos códigos não é só própria do homem (nem das máquinas


que ele constrói): fala-se muitas vezes da linguagem dos animais. Sabe-se
que uma abelha, de regresso á colmeia, pode indicar às outras com muita
precisão o local onde se encontra uma fonte de alimento e a sua natureza
e quantidade. A natureza é transmitida pelo odor de que a abelha se
impregna; a quantidade, pela frequência dos sons que emite ao dançar, e a
localização, por uma dança. A dança é circular, para uma distância
superior: a abelha percorre um círculo que atravessa, em diâmetro, em
diâmetro, e cuja orientação, em relação à vertical, marca a direcção do
alimento em relação ao Sol. Enquanto percorre este diâmetro, agita o
abdómen: a duração do bater de asas (o ritmo da dança) exprime a
distância. Actualmente há também um grande interesse pela linguagem
dos golfinhos: os golfinhos emitem sons para comunicarem uns aos
outros a destreza, o pedido de ajuda, a alegria, etc. o diálogo com os
golfinhos, que se orientam perfeitamente na obscuridade total e circulam
facilmente a profundidades variadas, poderia fornecer-nos informações de
uma utilidade prática evidente. Procura-se também fazer “falar” os
chimpanzés, mandar-lhes construir “frases”, etc.

Em suma, os sistemas de comunicação utilizados pelos animais, e os


sistemas não verbais utilizados pelo homem, podem ser muito elaborados
e é, finalmente uma pura questão terminológica ou de definição, saber se
se trata de “linguagens”.
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 31

Texto traduzido e adaptado de F. Dubois-Charlier “Comment s’initier à la


linguistique”, livret 1, Larousse, pp9 e 10.

Confronte as suas respostas com as que a seguir lhe


propomos.

1. Palavras-chave: homens, animais, linguagem, comunicação.

2. Resumo do texto “A linguagem dos animais”

Os Homens utilizam o código verbal e o não verbal para se comunicarem


entre si. Os animais usam outros códigos: as abelhas usam a dança para
transmitirem às outras a localização de uma fonte de alimentos. Os
golfinhos comunicam-se através de sons. Há tentativas de fazer “falar” os
chimpanzés e de levar a construirem frases.

Sumário
O Resumo:
 Conceito de resumo;

 Fases de elaboração de resumo;

 Exercícios de auto-avaliação.
32 Unidade 2

Lição 3 & 4

Caro estudante, ao terminar esta aula espera que seja capaz de:

Resumir o texto " uso de portanto" .

Objectivos

Sistema de enunciação - corresponde aos mescanismos de construção


textual que difinem a tipologia textual. Ex. argumentação, exposição,
narração, exposição-explicação.
Terminologia

Caro estudante, na aula passada vimos a técnica de resumo. Tem


agora uma oprtunidade de treinar o que aprendeu. Tenha sempre
presente os aspectos seguintes:
Actividade
♦ conservar a ordem sequencial das ideias do texto original;

♦ salvaguardar o sistema de enunciação;

♦ reformular o discurso sem tomar posição, nem acrescentar algo;

♦ não copiar frases integrais do texto.

1. A primeira etapa de um trabalho de resumo, como sabe, é a


laitura do texto-fonte.
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 33

Leia com atenção o texto "O uso de portanto"

O uso de portanto
Hoje toda a gente diz portanto. Toda a gente é talvez um exagero,
uma falta de rigor, mas toda a gente já reparou que muita gente diz
portanto, a torto e a direito. Sobretudo gente culta, ou tida como
culta, vá-se lá saber em muitos casos, por que bulas, mais nas
cidades do que no campo -políticos, militares, advogados, médicos,
engenheiros, professores, estudantes, jornalistas, escritores, todos
dizem portanto, dando a ideia de que se trata de palavra
indispensável, ou pelo menos útil á comunicação.

Uma qualquer gramática da língua portuguesa ensina que portanto


é uma conjunção coordeantiva conclusiva e acrescenta a lista que,
noutros tempos era debitada de cor e salteado ao menor aceno do
professor: logo, pois, portanto, por conseguinte, por consequencia.
Simples, portanto. As coisas só se complicam ( complicam é um
modo de dizer…) com a crescente frequência da palavra utilizada a
propósito e a despropósito, mais a despropósito, acrescente-se já a
bem da verdade, inevitável como um tique, irritante como uma
espera na paragem de autocarro.

Afonso Praça, in Um Monumento de Ternura e Nada Mais,

Lisboa, Editorial Notícias, 1995.


34 Unidade 2

• Agora que compreendeu o texto, resuma-o para, mais ou menos, 1/4


de dimensão do texto-fonte, tenha em conta as instruções
transmitidas no início desta lição.
Actividade
• Muito bem! Confronte o seu trabalho com a proposta que lhe
apresentamos abaixo:

RESUMO

Causa perplexidade o actual uso despropriado que pessoas consideradas


cultas, em meios citadinos, fazem do portanto. Esta palavra parece ser
indispensável, quando, a maior parte das vezes, é inútil. É fácil
compreender que se trata de uma conjunção conclusiva e que só com esta
função deve ser usada: no entanto, o erro tornou-se compulsivo e
incontrolado.

• Se chegou a um texto parecido, está no bom caminho. Mas se teve


um texto muito diferente, não desanime! Reveja os seguintes
aspectos:

- Retire a maioria dos pormenores , exemplos poucos


significativos, que servem para explicar ou ilustrar os dados e
as opiniões;

- Suprima as repetições e tudo que se insere no estilo pessoal


do autor do texto;

- Mantenha apenas as conexões que exprimem a linha de


raciocínio mais importante;

- Não empregue expressões como " o autor pensa que…" ; o


texto quer dizer que…"; " o autor mostra que…"; " …diz
que..", etc.

Muito bem! Sublinhe os aspectos que não fazem parte do resumo e, em


seguida (re)escreva o texto-resumo.
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 35

Conectores
• Os conectores, que muitas vezes são facilmente visíveis, no início
Dica dos parágrafos, permitem captar o encadeamento lógico ou
cronológico das ideias do texto. Para trabalhar com os conectores na
compreensão de um texto, você deve conhecê-los bem. Então vai ai
uma ajuda:

Os conectores podem ser:

• Conjunções coordenativas: pois, e, mas, ou, contudo…

• Conjunções subordinativas: como, quando, que(integrante),


porque…

• Locuções adverbiais : em vão, seguidamente, de facto…

• Locuções conjuncionais: enquanto que, dado que, não obstante…

• Preposições: a, depois, antes, com, até, desde, excepto, salvo…

• Locuções prepositivas: pelo contrário, em favor de, perto de, a


respeito de…

De certo notou que estas palavras, muito numerosas, têm sentidos muito
diferentes, entre os quais destacaremos: temporal, consecutivo,
concessivo, causal, copulativo. Vamos em conjunto rever esses aspectos:

(a) Temporal ( o tempo)

• ao mesmo tempo; no momento em que; no momento de; depois; em


primeiro lugar; em segundo lugar; daí; enfim; em seguida; logo que;
quando…

ex: Em primeiro lugar ela aprendeu Inglês e, em seguida, conseguiu


arranjar um emprego em Londres.

(b) Consecutivo (consequência)

• De modo…que; de tal sorte…que; tanto…que; de maneira…que;


tão…que; eis a razão por que…; por consequência…
36 Unidade 2

Ex: o resumo é um exercício difícil; eis por que é necessário treiná-lo.

Dica (c) Concessivo (oposição/restrição)

• Pelo contrário, se bem que; no entanto; não obstante; apesar de; a


menos que; embora; ainda que; por mais que; ao passo que; posto
que…

Ex: Por mais que se façam Leis para proteger as florestas, estas não são
respeitadas.

(d) Causal (causa)

• Porque; por causa de; com efeito; dado que; visto que; já que; por
esta razão: pois que; visto isso; por conseguinte; como; porquanto;
por isso que…

Ex: Dado que o seu estado de saúde se agravou, ele não pôde fazer
viagem longa, pois que o médico lhe tinha proibido qualquer deslocação.

(e) Copulativo (adição de elementos)

• E, além disso; de mais; sobretudo; também…

Ex: Eles têm grandes despesas a fazer, sobretudo com a mudança de


casa no próximo mês.

Sumário
• Resumo do texto: " O uso do portanto"

• Uso de conectores discursivos.

• Exercitação.
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 37

Exercícios

Agora que recapitulou o sentido dos conectores, vai, nas frases abaixo
identificar o conector, estabelecer o sentido que tem em cada frases
(tempo, causa,etc.) usando palavras equivalentes reescreva cada uma das
Auto-avaliação
frases ( se necessário altere a sua construção, mas mantenha o sentido).

Olhe, siga o modelo:

Modelo: Não fiquei a conhecer a cidade da Maxixe, se bem que lá tenha


estado, porque a minha estada foi muita curta.

• Se bem que = oposição/restrição;

• Porque=causa

• Não fiquei a conhecer bem Maxixe, apesar de lá ter estado, visto que
a minha estada foi muito curta.

1.

(a) Os rapazes chegaram ao estádio uma hora antes do jogo começar,


porque estavam demasiadamente ansiosos de ver jogar a
selecção.

(b) Recordava alguns momentos da sua infância, enquanto ia vendo o


filme cujas personagens eram crianças.

(c) Ganhava bom dinheiro, além de se sentir feliz, com o trabalho


que fazia.

(d) cumpria a pena, em fim seria livre.

(e) logo que abri os olhos, tive a sensação de que tudo à minha volta
era totalmente desconhecido.

(f) Era muito perspicaz: eis a razão por que dominava a situação.
38 Unidade 2

Muito bem .Vamos rever as soluções. Se não chegou a estas resposta,


não se aflija, releia a lição e tente de novo.

1. (a) porque = causal

• os rapazes chegaram uma hora antes do jogo começar dado


que estavam demasiadamente ansiosos por ver a selecção
jogar.

(b) enquanto = temporal

• recordava alguns momentos da sua infância, no momento em


que ia vendo o filme cujas personagens eram crianças.

(c) além de = copulativa

ganhava bom dinheiro, e sentia-se feliz, com o trabalho que fazia.

(d) enfim = temporal

• cumpria a pena a seguir seria livre.

(e) logo que = temporal

• assim que abri os olhos, tive a sensação de que tudo à minha


volta era totalmente desconhecido.

(f) eis a razão por que = consecutiva

• era tão perspicaz que dominou a situação.


Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 39

Unidade 3

As fichas de trabalho
Introdução
Na unidade um, vimos que a tomada de notas tinha por objectivo
retransmitir um conjunto de informações, preservando integralmente o
sentido da mensagem numa reformulação mais precisa e económica.

Na unidade dois, aprendemos a técnica de resumo, que consiste em criar


um novo texto mais condensado, que utiliza as informações mais
importantes do texto de base, quer dizer, o resumo é uma técnica que
reelabora o escrito de base, reduzindo-lhe o cumprimento, mas
esforçando-se por ser mais objectivo, ou seja, consiste em pegar num
texto pelos seus pontos principais, pelos seus dados de conjunto e
transmiti-lo, através de um outro, que é a redução do original.i

Assim, depreende-se que na nossa vida estudantil ou profissional, temos a


necessidade de elaborar trabalhos ou documentos que até certo ponto
dependem de fontes já existentes: é necessário, pois, recolhê-las,
seleccioná-las e sistematizá-las.

Estrutura
Nas quatro aulas que compõem esta unidade, você terá a oportunidade de
aprender a Ficha Bibliográfica e de Leitura, etc.

Objectivo geral
Ao terminar esta unidade, você deverá ser capaz de:

• elaborar a ficha bibliográfica e ficha de leitura


40 Unidade 3

Lição nº1 & 2

A ficha bibliográfica

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Identificar os elementos de uma publicação/da ficha bibliográfica;

• Elaborar ficha bibliográfica de livros, de artigos de livros e de


Objectivos revistas, etc.

Ficha técnica - elementos constantes no verso da página do rosto da


obra, contendo informações diversas, tais como: o número de exemplares,
a oficina gráfica, o autor, a editora, o número de edição, ano da
Terminologia publicação, cidade, etc.

Ficha bibliográfica – conjunto de elementos que permitem a


identificação de uma publicação como um todo ou em partes, capítulos,
secções, etc., ordenados segundo determinadas normas.

Para começarmos esta lição, tentemos responder à questão abaixo:

Que elementos permitem identificar um livro ou uma


publicação?
• Veja a capa, a folha de rosto, leia as “orelhas”, vá à ficha técnica do
livro e procure nesses espaços os elementos que lhe permitem
identificar o livro.

• Anote-os numa folha à parte.

• Muito bem! De certo que chegou aos seguites elementos:


Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 41

⇒ Elementos da ficha bibliográfica de um livro

⇒ Título + subtítulo da obra;

⇒ n° de edição;

⇒ nome e apelido do autor;

⇒ data de edição (ano);

⇒ local de edição (cidade);

⇒ editor;

⇒ volume;

⇒ colecção.

Se não conseguiu chegar a estes elementos, não desanime, pois a seguir


terá um exemplo na actividade um.
42 Unidade 3

1. Vamos identificar esses dados, por exemplo, no livro, A Escrita


infinita, ou outro que esteja ao seu alcance. Escreva-os numa folha à
parte. Socorra-se da ficha técnica desse livro:
Actividade
• título da obra: A Escrita Infinita;

• n° edição - 1ª;

• nome e apelido do autor - Francisco Noa;

• ano de edição - 1998 ;

• local de edição - Maputo;

• editor - Imprensa Universitária da UEM;

2. Identificou esses dados no livro? Óptimo! Agora vai sequencializar ou


ordenar esses elementos em forma de Ficha de Bibliográfica.

 Lembre-se das normas, de certo que sabe que se começa com


APELIDO, Nome(s)... É isso mesmo, continue.

 Terminou? Agora confronte com a Ficha Bibliográfica


abaixo.

NOA, Francisco. Escrita infinita. Maputo. Imprensa Universitária da


UEM. 1998.

 Muito bem. Estamos certos que você teve algumas


dificuldades para pontuar a ficha que produziu. Então,
confira os sinais usados na ficha proposta.

3. Que regras se podem deduzir da ficha do livro que acabámos de


escrever, no concernente à ordenação desses itens e aos sinais de
pontuação empregues?
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 43

Regrasii: apresentação de referências de livros, folhetos,


relatórios, etc. considerados no todo (obras de um só
autor):
(i) APELIDO (maiúsculas), Nome.

(ii) Título : subtítulo (se houver) com caracteres destacados (itálico).

(iii) Número da edição (a partir da segunda edição, indicado em


algarismos arábicos, seguido de ponto e abreviatura da palavra
edição).

(iv) Cidade de publicação (se não consta : SL).

(v) Editora (sem a indicação ou abreviatura da palavra edição),

(vi) Número do volume.

(vii) Ano da edição.

(viii) Número de páginas(facultativo).

N.B:
1. No caso de serem até três autores, o formato é: lista dos apelidos dos
autores, confrome a sequência apresentada na publicação, seguidos
pelos respectivos nomes ou abreviaturas destes se na publicação
aparecerem abreviados. O resto é semelhante ao formato de um só
autor.

Ex: CARLTON,J.T., SMITH, R. e WILSON, R.B. . Light's Manual:


intertidal Invertebrates of the Central California Coast. 3ed. California,
University of Calfornia Press.1975.

2. no caso de serem mais de três, o formato é: Apelido do primeiro


autor seguido pela respectiva abreviatura e acrescenta-se et. al. o
resto é também semelhante aos casos anteriores.

Ex: PIRES, C., et al.. Pit-building and food ressources of antlions


(Myrmeleontidae). Zoology 101. Rostock University Press, Suppl. I,
1998.
44 Unidade 3

Publicações periódicas considerados como um todo


• NOME da REVISTA ou JORNAL (em maiúsculas). Editor da
Dica revista. Número do volume. Local de publicação (cidade). Ano de
publicação. periodicidade.

• Ex; CONTACTO. Revista Especializada em Assuntos Educacionais.


MINED (Ed.). Vol. II. Maputo. 1998 (Revista Semestral).

Vezes há em que não lemos o livro/revista todo(a) mas apenas artigos


ou capítulos do mesmo autor responsável pelo livro/revista, ou doutro
autor, inserido na publicação. Preste atenção ao que lhe apresentamos a
seguir.

1. Ficha de artigos / capítulos de livros, no caso de o autor do artigo ser


diferente do responsável pelo livro, o formato é:

Dica • APELIDO, Nome (nome(s) do autor do artigo), “Título do


artigo/capítulo" (entre aspas). in: Apelido, (do responsável pelo livro
e seguido de nome). Título do livro. Subtítulo do livro (se for o caso).
Edição. Local de publicação (cidade). Editora. número do volume.
ano de publicação. página inicial e final do artigo/capítulo.

• Ex: BUENDIA, Miguel. "Democracia, Cidadania e Educação". In:


Mazula, Brazão (ED): Eleições, Democracia e Desenvolvimento.2ed.
Maputo. Livraria Universitária-UEM.1995. pp343-374.

3. Artigos de revistas/ publicações periódicas:

APELIDO, Nome (abreviatura do nome do autor do artigo). “Título


do artigo" (entre aspasiii), in: NOME da REVISTA ou JORNAL
(em maiúsculas). Editor da revista. Número do volume. Local de
publicação (cidade). Ano de publicação. periodicidade, número das
páginas em se insere o artigo, eventual número da série.

Ex: SIMÕES, Oliveira. " As casas para operários. In: A VOZ DO


OPERÁRIO. Lisboa 1913. semanário, p.1.
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 45
46 Unidade 3

O que é, então, uma ficha bibliográfica?

• Baseando-nos nas actividades realizadas nesta aula, podemos


deduzir que:

Ficha Bibliográfica
É o conjunto de elementos devidamente ordenados, que permitem a
identificação da publicação no todo ou em parte.

Referências bibliográfica
São citadas em lista própria incluindo nelas fontes efectivamente utilizadas
na elaboração do trabalho.

Bibliografia
É uma lista de documentos que, embora não citados ao longo do texto,
foram consultados e dão uma informação suplementar sobre o tema.
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 47

Exercícios

• Tem agora uma oportunidade de verificar até que ponto compreendeu


e fixou o que acabámos de discutir. Para isso resolva os exercícios
que lhe propomos.
Auto-avaliação
Exercícios de aplicação

1. Escreva a ficha bibliográfica dos documentos abaixo, utilizados na


produção de um relatório por um estudante da Universidade
Pedagógica.

(i) Emília Amor; Lisboa; 1999; texto Editora; Didáctica do


Português, Fundamentos e Metodologias; 5ª edição.

(ii) Maputo; Português no Ensino Básico; INDE; Estratégias e


exercícios; Perpétua Gonçalves e Maria João Carrilho;
1ªedição; 2004.

 Organização: Inês Duarte e Isabel Leiria " A importância dos


materiais curriculares em contextos de ensino-aprendizagem do
Português"; por Fátima Sequeira; pp-59-76; Congresso internacional
sobre o Português. Actas; Lisboa, Volume II; 1996, Edição- APL e
Edições Colibri.

Muito bem! Vai conferir, no quadro abaixo, as suas respostas. Note que
no primeiro caso tratava-se de um livro de uma só autora; no segundo um
livro de dois autores; e no último caso um artigo de livro de duas
organizadoras/coordenadoras.
48 Unidade 3

Correcção:

1) AMOR, Emília.. Didáctica do Português, Fundamentos e


Metodologias. 5ª ed.. Lisboa. Texto Editora.1999.

2) GONÇALVES, Perpétua & DINIZ, Maria .João. Português no


Ensino Básico: Estratégias e exercícios. Maputo. INDE. 2004.

3) SEQUEIRA, Fátima. " A importância dos materiais curriculares em


contextos de ensino-aprendizagem do Português". In: DUARTE,
Inês. & LEIRIA, Isabel. Congresso internacional sobre o Português.
Actas. Lisboa. APL e Colibri. V.II, 1996,pp59-76.

Óptimo! caso tenha ainda algumas dúvidas releia a lição acabada de


estudar e pratique com os seus colegas.

Sumário
Estudo da Ficha bibliográfica de livros e de artigos de livros e revistas.
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 49

Lição nº 3 & 4

Ficha de Leitura
Introdução
Ao dar início a sua vida universitária, certamente que você já se
apercebeu de que o seu sucesso depende do domínio de um conjunto de
técnicas de estudo e de exigências específicas. Novas posturas diante de
novas tarefas ser-lhe-ão solicitadas. Daí a necessidade de assumir
prontamente essa situação e de tomar medidas adequadas para enfrentá-
las.

É óbvio que o conjunto das suas posturas de estudo devem mudar


radicalmente, embora explorando tudo o que de correcto aprendeu nas
classes anteriores. Assim, refere-se, geralmente, a seis problemas na
iniciação ao Ensino Superior, na óptica do estudante, a saber: i) como
organizar o tempo; ii) a leitura; iii) como sublinhar e tirar apontamentos;
iv) esquematizar e memorizar; v) fazer pesquisa; vi) as apresentações
públicasiv.

Como se pode ver, o saber ler e fazer notas/apontamentos (sobretudo no


caso de ensino à distância) constitui a base de sucesso dos estudos
universitários. Uma das técnicas que permite facilitar a busca/recuperação
do material lido, do conteúdo seleccionado como fundamental, é a
elaboração da chamada ficha de leitura ou a de documentação. Todavia,
como veremos no desenvolvimento desta lição, a elaboração deste tipo de
fichas exige o domínio da técnica de tomada de notas(vista na unidade
um), a técnica de resumo(unidade 2) e ainda a correcta referenciação
bibliográfica (unidade 3). Por isso, antes de entrarmos para esta lição
releia, de forma rápida, o que aprendemos nessas unidades.
50 Unidade 3

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Identificar a motivação e os elementos da ficha de leitura;

Elaborar ficha de leitura de acordo com as normas estabelecidas.


Objectivos

Fichamento - é o registo (feito em fichas ou caderno) que indica todas as


referências sobre a obra, como o nome do(s) autor(es), título e subtítulo,
edição, editora, ano de publicação e outros dados, e também anotações de
Terminologia interesse para o trabalho, como resumos, sínteses das ideias e citações
literárias relevantes. É um instrumento importante, pois é resultado da
leitura realizada, do entendimento da obra (ou parte dela) e é o registo do
que vai ser utilizado na redacção final do trabalho.

1. Muito bem! Viu que na lição anterior nos referimo, dentre outros
aspectos, à importância da produção de fichas. Na altura,
sublinhámos que estas permitiam salvaguardar as fontes consultadas,
Actividade reler, aprofundar determinados assuntos e, ainda, permitiam a busca
da obra, etc. Nesta lição, vamo-nos debruçar sobre o estudo da ficha
de leitura.

2. Que elementos fazem parte da ficha de leitura? Como os dispor?

• Vamos, em primeiro lugar, analisar um exemplar de ficha de


leitura:

Referências a)

Tema:

Pg. Notas/Resumo observações


Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 51

a) Classificação da obra (conto, romance, ensaio, etc.)

• Muito bem! Da observação do esquema, certamente que você foi


capaz de identificar os seguintes elementos:

- Referência bibliográfica;

- Classificação da obra (científico, romance, ensaio, etc.);

- Tema/unidade/ capítulo;

- pg/pp consultada(s)

- notas/resumo/palavras chave

- observações.

• Óptimo! Você está no bom caminho.

Tome nota.
• Na ficha de leitura, também designada de ficha de conteúdo, devem
Dica reproduzir-se as notas tomadas seguindo a sequência do texto
original, se for um livro/texto científico;

• Mas, se for um artigo de divulgação científica, que joga com aspectos


secundários, você deverá tirar as ideias principais (agrupando as
ideias que normalmente não estão ordenadas, e não seguem a
sequência do texto).
52 Unidade 3

• Leia com atenção o texto abaixo, quantas vezes, até compreendê-lo.

A Documentação como Método de Estudo Pessoal


O estudo e a aprendizagem, em qualquer área do conhecimento, são
plenamente eficazes somente quando criam condições para uma contínua
e progressiva assimilação pessoal dos conteúdos estudados. A
assimilação, por vezes, precisa ser qualitativa e inteligentemente
selectiva, dada a complexidade e a enorme diversidade das várias áreas
do saber atual.

Daí a grande dificuldade encontrada pelos estudantes, cada dia mais


confrontados com uma cultura que não cessa de complexificar-se e se
utilizar de acanhados métodos de estudo que não acompanham, no
mesmo ritmo, a evolução global da cultuara e da ciência. Alguns
acreditam que é possível encontrar na própria tecnologia os recursos que
possibilitam superar tais dificuldades da aprendizagem. Os recursos
milagrosos da tecnologia, no entanto, estão ainda para ser criados e
testados; os métodos académicos tradicionais, baseados na assimilação
passiva, já não fornecem nenhum resultado eficaz.

O estudante tem de se convencer de que sua aprendizagem é uma tarefa


eminentemente pessoal; tem de se transformar num estudioso que
encontra no ensino escolar não um ponto de chegada, mas um limiar a
partir do qual constitui toda uma actividade de estudo e de pesquisa, que
lhe proporciona instrumentos de trabalho criativo em sua área. É inútil
retorquir que isto já é óbvio para qualquer estudante. De fato, nunca se
agregou tanto como hoje a importância da criatividade nos vários
momentos da vida escolar. Mas o facto é que os hábitos correspondentes
não foram instaurados e, na prática de ensino, os resultados continuam
insatisfatórios.

SEVERINO, António Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22ª


ed. rev. ampl. S.Paulo. Cortez. 2002.pp35-36
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 53

• Lido e compreendido o texto, vamos produzir a respectiva ficha de


leitura.

• Para o efeito podemos tomar notas/apontamentos no próprio texto,


Actividade
sublinhando as palavras-chave, as ideias mais importantes,
escrevendo nas margens títulos-resumos / pequenas sínteses.

• Exemplifiquemos com o próprio texto (1°parágrafo).

O estudo e a aprendizagem, em qualquer área do conhecimento, são


plenamente eficazes somente quando criam condições para uma contínua
e progressiva assimilação pessoal dos conteúdos estudados. A
assimilação, por vezes, precisa ser qualitativa e inteligentemente
selectiva, dada a complexidade e a enorme diversidade das várias áreas
do saber actual.

• Óptimo! Continue até ao fim do texto. Agora, confronte com a


proposta abaixo:

Daí a grande dificuldade encontrada pelos estudantes, cada dia mais


confrontados com uma cultura que não cessa de complexificar-se e se
utilizar de acanhados métodos de estudo que não acompanham, no
mesmo ritmo, a evolução global da cultuara e da ciência. Alguns
acreditam que é possível encontrar na própria tecnologia os recursos que
possibilitam superar tais dificuldades da aprendizagem. Os recursos
milagrosos da tecnologia, no entanto, estão ainda para ser criados e
testados; os métodos académicos tradicionais, baseados na assimilação
passiva, já não fornecem nenhum resultado eficaz.

O estudante tem de se convencer de que sua aprendizagem é uma tarefa


eminentemente pessoal; tem de se transformar num estudioso que
encontra no ensino escolar não um ponto de chegada, mas um limiar a
partir do qual constitui toda uma actividade de estudo e de pesquisa, que
lhe proporciona instrumentos de trabalho criativo em sua área. É inútil
retorquir que isto já é óbvio para qualquer estudante. De fato, nunca se
agregou tanto como hoje a importância da criatividade nos vários
momentos da vida escolar. Mas o facto é que os hábitos correspondentes
não foram instaurados e, na prática de ensino, os resultados continuam
insatisfatórios.
54 Unidade 3

• Muito bem. Se não chegou a estas conclusões, não desanime, já que


as notas são pessoais. Reveja as palavras/ideias-chave seleccionadas.

• Em conjunto, vamos produzir a respectiva ficha de leitura do texto.

"A Documentação como Método de Estudo Pessoal"

De certeza que reparou que podíamos reduzir ainda mais o nosso texto.

Ref. SEVERINO, António .Joaquim. Metodologia do a) Livro


trabalho científico.22ª ed. rev. ampl.. S.Paulo. Cortez. técnico
2002. científico

Tema: Métodos de Estudo

Pg.§ Palavras chave / Notas Obs.


35, Estudo+aprendizagem eficazes quando
1°§
permitem contínua + progressiva assimilação
2°§ conteúdos estudados. Assimilação tem ser
qualitativa + selectiva, _ complexidade
36
3°§ diversidade saber atual.
Dificuldade estudantes métodos estudo não
acompanham evolução cultuara + ciência.
Aprendizagem tarefa pessoal; transformar
ensino escolar limiar estudo + pesquisa,
importância criatividade vida escolar.

Todavia, é importante que as notas tomadas sejam perceptíveis.


Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 55

Exercícios

Produza a ficha de leitura do texto que se segue:

Seminário

Auto-avaliação É uma forma de apresentação oral de trabalhos académicos, individuais


ou grupais, que pode contar com o auxílio de recursos audiovisuais para
ilustrar a exposição (slides, transparências, etc.)

O objectivo de se promover esta forma de apresentação é levar o aluno a


defender determinadas ideias e construir argumentos próprios durante os
debates e discussões, que são os eventos principais que caracterizam um
verdadeiro seminário.

Esta forma de apresentação é comumente solicitada nos curso de


graduação, mas, na maioria das vezes, estes seminários são montados e
apresentados erroneamente. Fazer um seminário não é transferir ao aluno
a incumbência de transmitir conteúdos que deviam ser trabalhados pelo
professor. Numa palavra: o aluno não pode dar aula no lugar do
professor!

Seminário também não é a apresentação passiva, às vezes decorada ou


lida, em que o aluno apenas reproduz ideias de um texto ou autor.

Então, como se estrutura um seminário? Em primeiro lugar, se em, os


componentes devem, todos igualmente, conhecer e estudar o material que
trata do assunto a ser abordado - nada de dividir o texto em partes e
atribuí-las aos membros do grupo, para acabar transformando a
apresentação num "jogral" enfadonho e sem sentido.

Em segundo lugar, as reuniões do grupo devem objectivar o


entendimento do conteúdo do trabalho e sua discussão. Isto deve ser
registrado, por escrito ou gravado, pois refere ao aspecto mais importante
do seminário. Um seminário exige debate, interlocução, envolvimento,
intervenção, por isso, as reuniões são fundamentais, pois é nelas que
emergem as discussões que devem ser expostas e exploradas na
apresentação.
56 Unidade 3

Por último, ressaltamos que, não necessariamente, todos os membros do


grupo devem expor o trabalho, já que se pressupõe que a exposição é
apenas a forma de apresentação de algo produzido nas reuniões do grupo.
Muitas vezes apenas um ou alguns integrantes da equipe, com mais
desenvoltura para falar publicamente, garantem a boa apresentação do
seminário. Afinal, devemos lembrar que há ouvintes, mesmo que poucos,
que não podem ser submetidos a ficar assistindo a uma exposição passiva
e fragmentada de um conteúdo. Ao contrário, estes devem ser
envolvidos na discussão do trabalho.

CARVALHO, Ruy et.al. Aprendendo Metodologia científica: uma


orientação para os alunos de graduação. S. Paulo. Nome Rosa. 2000.
pp.89-91

• Já terminou? Verifique agora se seguiu os seguintes passos: escreveu


correctamente a ficha bibliográfica, identificou o tema do texto e a
respectiva classificação e se indicou os parágrafos na margem
esquerda e as respectivas notas/resumos plavras-chave. Finalmente,
se teve de fazer quaisquer observações (opcional).

• Se não tiver seguido estes passos ou chegado a estas notas, então


releia uma vez mais a lição toda e preste particular atenção ao
exemplo da ficha de leitura proposta no início da lição.
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 57

Sumário
• Estudo da Ficha de leitura.

• Exercícios de aplicação.
58 Unidade 4

Unidade 4

Texto expositivo-explicativo
Introdução

Caro estudante, a compreensão é uma das condições básicas para a


fixação, ordenação, categorização, domínio e uso funcional do
conhecimento interiorizado. Vem esta máxima, diga-se necessária, a
propósito do “novo” tema que lhe propomos estudar: o texto "Expositivo-
Explicativo".

Na designação tipológica do texto foram justapostos dois vocábulos


adjectivados: “expositivo”, derivado de “exposição” e “explicativo”, que
advém de “explicação”. É, pois, a partir destes dois fragmentos que
julgamos ser necessário dar início à explicação e compreensão do termo
“Expositivo-Explicativo” enquanto tipologia textual, sua natureza,
características, funcionamento e finalidade.

Antes, atentemos para os dois termos de per se: expositivo/exposição – é


a apresentação da totalidade do que se refere a uma questão ou problema,
de forma a que os ouvintes ou leitores a quem se dirige, adquiram um
conhecimento global. Explicativo/explicação – parece-nos tão evidente e
para si também que explicar é um acto comum e, por isso, corriqueiro,
pois no dia-a-dia, na escola, no local de trabalho, etc., seja qual for o
significado que lhe queiramos conferir, conforme os campos do saber,
que se centra num objectivo final, o “fazer compreender”.

Assim, existe determinado tipo de textos, principalmente os que se


destinam a divulgar conhecimentos científicos, que parecem, à primeira
vista, extremamente obscuros e de difícil compreensão. Este factor deve-
se à utilização de terminologias científicas, instrumento criado não para
prejudicar a compreensão, mas para exprimir, com maior precisão, os
fenómenos estudados. A exposição do saber e a explicação do saber
transmitido constituem objectivos desta tipologia textual.
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 59

Estrutura
Nas seis aulas desta unidade terá a oportunidade de analisar textos
expositivo-explicativos nos níveis icónico, discursivo e linguístico.

Ao terminar esta unidade, você deve ser capaz de:

a) Analisar textos expositivos-explicativos nos níveis: iconico,

Objectivo Geral discursivo e linguístico.


60 Unidade 4

Lição nº 1 & 2
Ao completer esta unidade, você será capaz de:

Identificar as caracteríticas específicas do texto expositivo-explicativo;

• Analisar o texto expositivo-explicativo tendo em conta o nível


Objectivos icónico, discursivo e linguístico.

• Produzir textos desta natureza sobre temas da sua especialidade.

Conectores – palavras/expressões que estabelecem as conexões


existentes entre as diversas partes do texto numa sucessão lógica do
discurso.
Terminologia

1. QUAL É A NATUREZA DO TEXTO EXPOSITIVO-


EXPOSITIVO?
Pretendemos que compreenda que o que determina a configuração deste
tipo de texto é a relação que se estabelece entre o Sujeito/Emissor e o
Receptor. Por isso, a função comunicativa do texto expositivo-explicativo
é a de transmitir conhecimentos (informar) e a de clarificar e explicar
“problemas” com a finalidade de tornar explícitos processos, relações,
etc.. É nessa base que se afirma que os textos teóricos, nomeadamente os
pedagógicos, didáctico-científicos são textos expositivos-explicativos.

Convidámo-lo, desde agora, a prestar particular atenção aos vários


aspectos que caracterizam o texto expositivo-explicativo:
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 61

1.1 CARACTERÍSTICAS SITUACIONAIS

Que situações originam a produção de um texto expositivo-


explicativo?

Não nos deteremos na apresentação e explicação exaustiva de todas as


possíveis situações concorrentes à produção desta tipologia textual, mas
exemplificaremos com uma única e suposta situação:

Imaginemos que Haja um problema da ordem do saber.

Perante esta situação, alguém ou um grupo de indivíduos investiga ou


resolve o problema e decide comunicar aos outros a solução encontrada,
com o objectivo de modificar (aumentando...corrigindo...clarificando...) a
percepção que os outros têm do real. Portanto, esse sujeito ou indivíduos
“farão saber” e “farão compreender” algo antes mal entendido ou não
suficientemente comprendido.

Por essa razão se afirma que o texto expositivo-explicativo questiona o


mundo sob duas perspectivas:

Primeira, a investigação de uma evidência.

Ex. “A escrita evoluiu ao longo dos tempos”.

Trata-se de uma evidência que pode ser problematizada pela nobre


vontade de se procurar saber sobre o “COMO” e o “POR QUÊ” da
evolução.

Então, construir-se-á um texto com a intenção de procurar


saber/conhecer os vários tipos de escrita havidos e procurar compreender
as motivações do seu surgimento e as modificações operadas ao longo do
tempo.

Segunda, a existência de um paradoxo.

Ex. “A lua, com luz própria, ilumina as noites de verão”

Supomos que estudou o sistema solar e, por isso, facilmente deduzirá a


contradição patente na premissa acima. Ora, perante esta situação e como
resultado da experiência, estamos realmente perante um facto
62 Unidade 4

incompatível com o sistema estabelecido de explicação do sistema solar,


foco principal do paradoxo.

Assim sendo, construir-se-á um texto expositivo-explicativo sobre o


“Sistema solar – planetas e astros”, o qual fará saber a tipologia dos
planetas e fará compreender que certos astros possuem luz própria
enquanto que outros não.

Em suma, o texto expositivo-explicativo é aquele cuja intenção e


objectivo de comunicação é fazer saber e fazer compreender, isto é, o
que fornece informações a um receptor que se supõe não as possuir,
embora se possa considerar que um conjunto de informações de base são
já conhecidas.

2. ORGANIZAÇÃO TEXTUAL
Para facilitar a sua compreensão, o texto expositivo-explicativo
apresenta, geralmente, a seguinte organização retórica (a retórica é a arte
de bem falar e bem escrever, um conjunto de regras relativas à
eloquência):

a) Momento de questionar (introdução)- corresponde, geralmente,


à delimitação do tema, onde se faz referência aos antecedentes e
se apresenta o estado da questão. Este objectivo concretiza-se
através da designação, denominação, definição ou composição
dos termos ou elementos;

b) Momento de resolução (desenvolvimento) – compreende o


corpo do texto. Nele apresentam-se os dados de forma
sistemática, interligando-os. O articulado é caracterizado por
raciocínio lógico, ou seja, a demonstração com enunciados que
encerram os resultados, a sua descrição e caracterização, as
transformações e o(s) processo(s) verificado(s);

c) Momento de conclusão – não necessariamente presente em


todos os textos, mas havendo, ele deverá decorrer do
questionamento inicial e apresentar-se-á sob a forma de apelo,
persuasão ou recomendação a ser observada pelos interessados,
modificando a sua atitude inicial.
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 63

Mas atenção! Esta ordem de discursivização nem sempre se apresenta de


forma linear, isto é, o texto poderá ir da questão à resolução ou apresentar
a conclusão logo no início e encadearem-se, de seguida, os enunciados
que concorrem para a prova dessa conclusão.

3. ORGANIZAÇÃO DISCURSIVA
Retornando ao que dissemos no início deste texto (justaposição dos
termos expositivo-explicativo), pode-se deduzir que no plano discursivo,
este tipo de textos constituir-se-á de segmentos expositivos que alternam
discursivamente com segmentos explicativos.

Mantendo a mesma linha de pensamento, compreenderá também que os


segmentos de exposição ou, se quiser, expositivos correspondem à
sucessão de informações que têm por finalidade “fazer saber” e “fazer
conhecer”; enquanto que os segmentos de explicação ou simplesmente
explicativos, visam “fazer compreender” o “porque?” e o “como” de um
processo ou de uma relação.

Mas há mais, é que, devido ao seu carácter didáctico-informativo, o texto


expositivo-explicativo é também suportado por segmentos
metadiscursivos. Estes segmentos são assim designados pelo facto de o
sujeito enunciador servir-se deles para marcar explicitamente uma
articulação no discurso, sempre que pretender, dentre outras intenções:

• Anunciar o que vai ser dito (em seguida, iremos analisar…);

• Resumir o que se disse (como acabámos de referir…);

• Antecipar o que vai ser dito (aparelhagem de títulos, subtítulos,


numeração, etc.)

• Focalizar o que é dito (mudanças tipográficas, sublinhados, negrito,


etc.).
64 Unidade 4

CARACTERÍSTICAS LINGUÍSTICAS

Lembrando-se do que também já dissemos anteriormente, a finalidade


deste tipo de texto é “fazer compreender”. E como não deixaria de ser,
qualquer tipologia textual reger-se-á por princípios linguísticos que a
caracteriza e distingue das demais tipologias. No caso vertente, o texto
expositivo-explicativo apresenta geralmente uma linguagem objectiva,
clara e simples.

Por outro lado, articula os factos constitutivos do acontecimento ou do


problema, ligando-os a outros factores de causa, finalidade,
consequência; introduz nexos lógicos entre factos e elementos
justapostos; mostra relações entre factos, acções, intenções; numa
abordagem lógica, cronológica, sequencial, funcional...aspectos, partes,
elementos de um todo.

É tendo em vista a harmonização destes aspectos todos que o texto se


compõe essencialmente de três categorias de enunciados:

a) Enunciados expositivos – que se caracterizam pela ausência de


marcas gramaticais da primeira e segunda pessoas, cuja intenção
é não fazer transparecer a presença do sujeito enunciador; pelo
uso do presente e do pretérito perfeito do indicativo e pelo
recurso à forma passiva.

Queremos apenas lembrar que, às vezes, também ocorrem


enunciados descritivos que, por se situarem numa perspectiva
histórica, se apresentam no pretérito perfeito simples ou
composto, ou no pretérito imperfeito do indicativo.

b) Enunciados explicativos – os que são caracterizados pela


recorrência a construções de detalhe, visando facilitar a
compreensão do fenómeno ou do estado de coisas recorrendo,
por isso, a comparações e reformulações parafrásticas como (à
semelhança de...; tal como...; isto é…; quer dizer…;ou seja…).
São igualmente caracterizados pelo uso de asserções afirmativas
ou negativas.

Quando o enunciador antecipa as hipóteses que poderiam ser


formuladas pelo enunciatário, ou quando relembra certas
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 65

explicações anteriores, mas segundo ele inaceitáveis, é frequente


a ocorrência do condicional.

c) Enunciados "balizas" – permitem que o enunciador comente o


desenrolar dos acontecimentos. São caracterizados pelo uso dos
pronomes (nós…se…); por fórmulas de imperativo
(observemos…!; analisemos…!); por verbos no futuro
(começaremos por…); pelo uso de deíticos temporais
(primeiro…, segundo…, agora…, finalmente…). Também é
frequente, na passagem de uma etapa para outra, assinalar-se de
forma redundante: por um recordar do que foi dito (depois de
termos…); ou por um anunciar do que vai ser desenvolvido
(propomo-nos agora …).

Saiba que um dos objectivos da redacção, isto é, da produção


escrita é alcançar a coesão e a coerência textual, através da
harmonização de diversos planos, operações e recursos na
construção e funcionamento de um texto. Deste modo, por forma
a manter a coerência e progressão textuais, o texto expositivo-
explicativo socorre-se de:

a) Substituições nominais – consistem na escolha ou eleição de


um vocábulo mais adequado às características do objecto
referenciado. Por exemplo, entre casa, palhota, aposentos,
residência, lar, apartamento e mansão, o emissor escolherá o
vocábulo que melhor se adequar ao estado de coisas descrito, já
que não é indiferente dizer palhota no lugar de mansão.

• Nominalizações – (derivação/transposição de uma palavra ou


classe de palavra para a classe dos nomes) permitem condensar,
em certos casos, o que foi dito, compactando um conjunto de
informações que em seguida se tornam no tema central do
discurso. Elas asseguram uma determinada orientação da
reflexão. São geralmente os nomes, os adjectivos e ainda uma
subclasse de advérbios que admitem a integração de formas
derivadas, dando origem a nominalizações.
66 Unidade 4

Real (adjectivo) Realidade (nome)

Legal (adjectivo) Legalização (nome)

Fingir (verbo) Fingimento (nome)

Definir (verbo) Definição (nome)

Veja-se um exemplo: “diariamente são lançados aos mares detritos de


vários tipos quer através de redes de esgotos, quer directamente (...)”,
podendo levar à morte (...). Toda esta informação entre aspas poderia ser
compactada pela nominalização da forma verbal sublinhada, assim: Estes
lançamentos podem levar à morte todos os seres que se desenvolvem
nesses ambientes.

• Orações relativas – do ponto de vista sintáctico, funcionam


como um meio de expansão do nome, restringindo o campo das
representações. As orações relativas servem, algumas vezes, para
focalizar a atenção sobre um determinado traço, outras vezes,
como meio de apresentação de informações novas e necessárias
para uma visão mais completa da representação do real.

Tal como no caso anterior, convidamo-lo a prestar atenção ao extracto


seguinte: “O tempo quente, que se tem feito sentir nos últimos tempos,
concorre para a escassez de água na cidade de Maputo e arredores”.
Certamente que é capaz de entender, olhando para a frase destacada, que
a falta de água, no período em referência se deve à estiagem e não a
quaisquer outros factores. É pois a oração relativa que por um lado
expande o antecente “tempo quente”, por outro, restringe o campo das
representações.

• Reformulações parafrásticas – desempenham um papel


importante nos textos expositivos-explicativos pois, são um meio
de aclarar o que é dito e orientar a compreensão do destinatário.

Para uma melhor compreensão, vejamos uma vez mais, um exemplo: “As
depressões tropicais que geralmente assolam o litoral de Moçambique,
deixam quase sempre centenas de famílias sem abrigo, (ou seja, ou
melhor, isto é, por outras palavras…) telhados e casas de construção
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 67

precária e não só vão pelos ares”. Portanto, qualquer uma das expressões
entre parênteses visa aclarar o que se disse anteriormente.

• Conectores – estabelecem as conexões existentes entre as


diversas partes do texto numa sucessão lógica do discurso. Por
isso, a necessidade de dissociação dos objectos do discurso
obriga ao enunciador a marcar as relações existentes entre as
diversas partes do discurso. Por exemplo (primeiro…, em
seguida…) entre outros, são meios que indicam a unidade da
cadeia textual.

Assim sendo, o raciocínio manifestado pelo texto estabelece-se graças ao


recurso a conectores lógicos que podem estabelecer:

 Laços de adição (também…, igualmente…);

 Laços de oposição (mas…, ao contrário…);

 Laços de consecução ou de causalidade (porque…, visto que…,


dado que…)

Concluindo, o texto expositivo-explicativo caracteriza-se também pela


presença de títulos e subtítulos, variações tipográficas, quadros,
gráficos, desenhos, etc. Esta apresentação visa não só a fácil
compreensão e interpretação da mensagem, como também permite
entender a cronologia do processo.
68 Unidade 4

Lição nº 3 & 4

Introdução
Tem agora uma oportunidade de verifcar como os conteúdos
apresentados ao nível teórico são trabalhados na prática, tomando um
texto concreto “Bebidas Fermentadas”, que lhe será apresentado a seguir.
Siga com atenção as análises feitas:

Ao terminar esta lição, você deve ser capaz:

Analisar o texto “ Bebidas Fermentadas” nos niveis icónico, discursivo e


Objectivos linguístico.

Supunha-se que a cultura da vinha tivesse tido a sua origem na Ásia


meredional, mas, seja como for, o vinho é uma bebida antiquíssima. Da
Antiguidade Clássica ainda nos chegava a fama de alguns vinhos
célebres, como os de Chipre, de Sorrento, o falerno, alguns dos quais
eram adicionados de mel e resinas aromáticas. Crê-se que as primeiras
vinhas nacionais tenham sido plantadas pelos Romanos, nos terrenos
das vizinhanças da foz do Tejo. Também pouco se conhece de concreto
quanto à origem do vinho do Porto, embora tudo leve a crer que já no
século XVII se exportasse. O Tratado de Methwen (1703) favoreceu
nitidamente essa exportação, embora os seus resultados práticos não
tivessem tido alcance imediato. O Marquês de Pombal criou, em 1756,
a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro que,
apesar de todos os seus defeitos, desempenhou papel de relevo no
fomento do comércio de vinho do Porto até 1834, ano em que lhe foram
retirados todos os poderes concedidos pelo Marquês.

1.1 – Fabrico e conservação

A obtenção do vinho integra duas fases: a viticultura, ou trabalho da


Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 69

vinha, e a vinicultura, que corresponde ao fabrico do vinho a partir das


uvas colhidas durante a vindima. É esta última que nos interessa estudar.

Comecemos por examinar a estrutura e constituição de um bago de uva


maduro; este compreende:

a. O pedúnculo, ou engaço, que contém ácidos e taninos;

b. As grainhas, ligadas ao pedúnculo, com taninos e resinas;

c. A polpa, com 75% de água; o restante é, essencialmente,


glicose e frutose e, ainda, pequenas quantidades de ácidos
orgânicos, como o tartárico, COOH (CHOH)2 COOH, sais
orgânicos e inorgânicos, como tartarato, cloreto, sulfato e
fosfato de potássio, vitaminas, como a C, algumas do grupo B, e
a P, e ainda substâncias corantes existentes na região
subpelicular, fortemente retidas pelas células da película. Estas
matérias corantes são geralmente insolúveis em água, mas
solúveis nas misturas hidroalcólicas ; exceptuam-se as uvas da
casta tintureira, cuja polpa é colorida por conter corantes
higrossolúveis;

d. A película, que contém água, substâncias ácidas e taninos.

Como acabámos de analisar, à medida que o Verão progride, a


constituição da uva modifica-se: o amadurecimento corresponde a um
aumento do teor em glícidos, enquanto a acidez diminui
progressivamente.

1.1.1 – Vindima

Como a riqueza alcoólica do vinho depende da concentração glicídica,


só convém fazer a vindima quando esta concentração tiver atingido o
seu máximo valor, o que pode determinar-se com o mostímetro,
glucómetro, ou pesa-mostos. Este é um areómetro de peso constante que
fornece, simultaneamente, a densidade do mosto, em graus Baumé, a
sua concentração glicídica, em g%, e o álcool provável do vinho: por
exemplo, um mosto com 16º Bé (30 g%) dará provavelmente um vinho
com 18º. Para tal, colhem-se cachos em vários pontos da vinha. No
70 Unidade 4

mosto, obtido por esmagamento das uvas, introduz-se o mostímetro. A


maturação das uvas está completa quando se obtiver dois valores
consecutivos iguais.

1.1.2 – Escolha, desengace e pisa da uva

A escolha das uvas é indispensável, designadamente no fabrico de


vinhos de categoria: as uvas verdes tornam o vinho ácido, áspero e
teninoso; as uvas demasiado maduras dão-lhe, pelo menos mau gosto.

Como acabámos de referir, está demonstrado que os taninos do engaço


diferem dos da película e das grainhas, sendo muito amargos. A prática
do desengace, ou remoção do engaço, operada por via mecânica, tende,
por isso, a generalizar-se.

A pisa da uva ainda se efectua a pé descalço nos lagares. Tal prática


tende a ser substituída pelo esmagamento mecânico. Este deve efectuar-
se sem que haja esmagamento das grainhas, ou do engaço, se este não
foi removido.

1.1.3 – Fermentação do mosto

A fermentação corresponde, fundamentalmente, à transformação dos


glícidos do mostro em álcool etílico, C6H12O6  2 C2H5OH + 2CO2, sob
a acção de fermentos existentes na parte exterior da película da uva, e
corresponde a dois períodos: um rápido e outro lento. A fermentação
rápida dá-se, de preferência, a temperaturas da ordem dos 20 a 25 ºC ,
em recintos arejados, durante três a quatro dias, caracterizando-se por
intenso desprendimento de dióxido de carbono. Esta arrasta consigo as
películas e os engaços, que formam uma camada superficial, conhecida
pelo nome de chapéu, cuja submersão se força.

Essencialmente, os fenómenos que acompanham a fermentação rápida


são os seguintes:

a. formação de álcool e de dióxido de carbono;

b. coração do mostro, devido à solução das substâncias corantes;


Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 71

c. elevação de temperatura;

d. diminuição da densidade.

Durante a fermentação rápida, procede-se à sulfitação que elimina os


maus fermentos e as bactérias portadoras de doenças do vinho.

Terminada a fermentação rápida, o que se reconhece com auxílio do


mostímetro, abre-se o lagar, passando o vinho para dornas e tonéis, onde
se realiza a fermentação lenta. Esta dá-se até se completar a
transformação dos glícidos em álcool. Simultaneamente, efectua-se a
deposição das substâncias insolúveis (taninos, que arrastam consigo os
prótidos, corantes e tartarato de potássio) que formam as borras.

A fermentação deixa como subproduto um bagaço. Este pode ser


tratado com água, para se obter a água-pé, ou prensado, para se
recuperar o vinho que ainda contém.

Por destilação dos bagaços prensados, obtém-se a aguardente


bagaceira; o resíduo da destilação ainda pode ser usado como
adubo azotado. As borras servem para produção de compostos
tratáricos.

1.1.4 – Tratamentos

Fundamentalmente, os tratamentos do vinho consistem, além da


sulfitação, já mencionada, na colagem, que o torna límpido e elimina a
possibilidade de reaparecimento de turvação, na pasteurização, que
impede o aparecimento de perturbações microbiológicas, e na lotação,
com que se procura melhor as qualidades do vinho.

A colagem consiste em adicionar ao vinho uma substância insípida e


inerte, cuja insolubilização arrasta a deposição das substâncias em
suspensão. Empregam-se a gelatina e a clara de ovo, ou a albumina,
para os vinhos tintos, e a cola de peixe e a caseína, para os vinhos
brancos. Logo que se der a deposição, é de regra filtrar e trasfegar o
vinho.

A pasteurização leva o vinho a temperaturas da ordem dos 80 ºC,


durante 10 minutos, com arrefecimento subsequente a temperaturas
72 Unidade 4

fracamente negativas, durante alguns dias. A pasteurização pode


provocar ainda a precipitação de algumas substâncias, convindo então
filtrar o vinho e trasfegá-lo.

A lotação não foi prática lançada pelos produtores de vinho, mas pelos
negociantes que se dedicavam ao comércio de exportação, no século
XVII, e consiste na misturação de vinhos. A lotação é necessária quando
se pretende manter a constância do sabor e aroma de determinada marca
ou tipo de vinho e não só; ela é igualmente necessária para melhorar a
riqueza alcoólica de um vinho.

1.2 – Envelhecimento

Como todos sabemos, a idade do vinho determina a sua riqueza e


qualidade alcoólica. Depois de tratados, os vinhos engarrafam-se e
deixam-se envelhecer em caves frescas, até atingirem o melhor índice
de qualidade que as suas características específicas permitirem – o que
pode levar dois ou três anos ou dezenas de anos.

Durante o envelhecimento dão-se fenómenos de oxidação, esterificação,


descoração e formação de compostos voláteis, responsáveis pelo aroma.

SILVA, Ac. Freitas: Mercadorias. 7º ano, Porto, Porto Editora, s/d.


Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 73

Depois de nos ter debruçado sobre o texto expositivo-explicativo,


achamos conveniente passarmos agora para a demonstração, pois como
afirma Comênio (1592-1670), “o que se viu, provou, fixa-se solidamente
Actividade na memória e não pode sair” e nós dizemos: o que se teorizou precisa de
ser demonstrado para que não se esqueça, cumprindo assim um dos
preceitos da educação pela acção ou o primado da relação teoria-prática,
eixo articulador de todo o processo educativo.

1. Demonstração

a) AO NÍVEL RETÓRICO

O texto apresenta discursivizados linearmente os três momentos a que nos


referimos quando da definição e caracterização do texto expositivo-
explicativo, nomeadamente:

Momento de questionar – neste texto, compreende o primeiro parágrafo,


pois, é nele que se faz um breve historial sobre a origem do vinho e,
particularmente, o vinho do Porto.

Momento de resolução – vai desde o processo de fabrico, segundo


parágrafo, até aos processos de tratamento. Neste espaço, é descrito o
processo de fabrico e conservação do vinho, bem assim, a colheita, a
escolha, a pisa e todos os outros processos que antecedem ao
armazenamento final do vinho.

Momento de conclusão – entende-se como sendo os dois últimos


parágrafos em que não só se descreve o processo final de tratamento e
armazenamento do vinho, como também se dão algumas recomendações
e os cuidados a ter em conta nesta fase final.
74 Unidade 4

Vamo-nos atentar para o nível discursivo:

b) AO NÍVEL DISCURSIVO
Actividade Agora, repare que neste texto, podem ser identificados enunciados de
exposição que alternam com os de explicação, tais são os exemplos:

a) Enunciados de exposição - ”Supõe-se que a cultura da vinha


tenha tido a sua origem na Ásia meridional...”, “Crê-se que as
primeiras vinhas nacionais tenham sido plantadas pelos
Romanos, nos terrenos das vizinhanças da foz do Tejo”;

b) Enunciados de explicação - “A obtenção do vinho integra duas


fases: A viticultura, ou trabalho da vinha e a vinicultura, que
corresponde ao fabrico do vinho a partir das uvas colhidas
durante a vindima”.

c) Enunciados metadiscursivos – ao detalhar o processo de


fabricação do vinho, o autor recorre também a elementos
linguísticos e paralinguísticos, isto é, um tipo de enunciados de
que o sujeito enunciador se serve para marcar explicitadamente
uma articulação no discurso com a finalidade de:

• Resumir o que se disse (como acabámos de referir…);

• Antecipar o que vai ser dito (aparelhagem de títulos,


subtítulos, numeração, etc.)

• Focalizar o que é dito (mudanças tipográficas, sublinhados,


negrito, etc.)

Tome nota!
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 75

Agora concentremo-nos no nível linguístico e supralinguístico:

CARACTERÍSTICAS LINGUÍSTICAS
Actividade • Tipo de linguagem – Predomina uma linguagem objectiva, com
vocabulário e termos próprios duma área específica: a do
processo de fabricação do vinho, tais como (engaço, pesa-mostos,
sulfitação, etc.);

• Tempos verbais – Neste texto, embora ocorram vários modos e


tempos verbais, predomina sobretudo o presente do indicativo.

Os tempos verbais

Como sabe, o tempo presente – enquanto tempo de base do discurso é


definido como o que coincide com o momento de enunciação, isto é, o
momento em que se fala coincide com o da realização da acção.

Apesar disso, queremos chamar-lhe atenção para o facto de, no presente


caso, tratar-se do presente genérico – uma forma temporal zero, cujos
enunciados têm valor genérico, ou seja, um valor atemporal.

Veja-se: “A obtenção do vinho integra duas fazes ...”; “A riqueza do


vinho depende...”; “A escolha do vinho é indispensável...”

O estado de coisas (o processo geral de fabricação do vinho) descrito


nestes enunciados e em todo o texto onde ocorre o tempo presente não se
materializa justamente no momento de enunciação: este é o processo
genérico de fabricação do vinho no passado, hoje e sê-lo-á no futuro.

Note que na produção de um texto, para além do presente genérico, pode


ocorrer também o presente histórico – este ocorre geralmente em textos
narrativos em substituição do pretérito perfeito, mas veiculando factos
passados.
76 Unidade 4

Deve ter observado que na introdução ocorre o pretérito perfeito e o


imperfeito ambos do indicativo e outros tempos verbais do passado. Não
é de estranhar, na medida em que é onde se faz uma abordagem histórica
Actividade sobre a origem da vinha, pois estes tempos são normalmente usados na
narrativa; os factos reportados situam-se numa perspectiva histórica..

Ex. “Supunha-se que...”; “... ainda nos chegava...”; “... favoreceu


nitidamente ...” ; “O marquês de Pombal criou...”; “...tivesse tido a sua
origem..

As pessoas gramaticais
“Como todos sabemos, a idade do vinho determina a sua riqueza e
qualidade alcoólica”. Facilmente nos apercebemos de que na forma
verbal sublinhada, está implícito um “Nós”, marca gramatical da primeira
pessoa do plural, o que parece objectar a explicação anterior.

Trata-se de um “Nós” de autor e ocorre frequentemente nos discursos


científicos e, particularmente, nos Manuais Escolares/Didácticos. Permite
que o “Eu”, embora assuma o seu discurso, não se coloque como
indivíduo falando em seu nome próprio, mas por detrás de um conjunto
de uma comunidade de sábios onde se observa uma unanimidade.
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 77

A passiva
Então, repare que o “se” destacado, na frase a baixo, não é pronome
Dica reflexo, como nos casos (ele lava-se sem sabão e ela feriu-se
gravemente), cuja acção recai sobre os próprios sujeitos. Nesses
exemplos o “se” é partícula apassivante. Como verificar isso?

Vejamos: em “introduz-se o mostímetro”, percebe-se que o mostímetro


não se introduz ele próprio, mas alguém o faz penetrar em algo. Portanto,
poderíamos dizer: o mostímetro é introduzido por (alguém), forma
clássica da passiva.

(O João) introduz o mostímetro no barril (Voz activa)  O mostímetro é


introduzido (pelo João) no barril (Voz passiva); logo, introduz-se o
mostímetro no barril. Exemplos:

“Crê-se que as primeiras vinhas nacionais tenham sido plantadas pelos


Romanos...”; “A prática do desengace tende a generalizar-se”

Tome nota! Nestes casos a passiva de “SE” é uma estratégia para


ocultação ou desqualificação do sujeito (não se afirma
explicitamente quem é o sujeito da acção).Vejamos exemplos de
passiva de “SER”.

Ex: “... alguns dos quais eram adicionados de mel e resinas aromáticas.”

Trata-se de uma estratégia discursiva que visa legitimar ou autenticar a


informação dada como certa e necessária.

Articuladores Discursivos

Ex.

Anunciar o que vai ser dito – “Como acabámos de referir, está


demonstrado que os taninos do engaço...”(7º parágrafo);

Antecipar o que vai ser dito – o texto apresenta título, subtítulos e


numerações;

Focalizar o que é dito – o texto apresenta ainda mudanças tipográficas


(itálico e negrito)
78 Unidade 4

Contnuemos a análise do texto, identificando os mecanismos usados que


asseguram a coerência e a progressão textual:

Actividade COERÊNCIA E PROGRESSÃO TEXTUAL


Se observar com atenção, concluirá que neste texto ocorrem,
efectivamente:

• Substituições nominais – que permitem ao enunciador suprimir


o inútil, pela escolha de um termo com traços que facilitam a
explicação no lugar de outros possíveis.

Ex. Descrição do “bago” nos seus elementos – engaço, grainhas,


polpa, película; ou

Mostímetro, glucómetro, pesa-mostos em vez de “areómetro”.

• Nominalizações – trata-se também duma estratégia de


discursivização que visa compactar um conjunto de informações
anteriormente enunciadas para torná-las no tema central do
discurso subsequente:

Ex. “Como acabámos de ver, à medida que o Verão progride, a


constituição da uva modifica-se: o amadurecimento corresponde
a um aumento do teor em glícidos...”

“...colhem-se cachos em vários pontos da vinha. No mosto, obtido


por esmagamento das uvas, introduz-se a mostímetro. A maturação
das uvas está completa quando se obtiverem dois valores
consecutivos iguais”.

Observou, sem dúvida, que em ambos os casos o destacado são nomes


que resultam da compactação de informações anteriores e que são
novamente retomadas, como forma de assegurar uma determinada
orientação do discurso.

Oração relativa – dissemos que se tratava de uma estratégia discursiva


que tem em vista a expansão do nome. Ora veja:
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 79

Ex. Este é um areómetro de peso que fornece, simultaneamente, a


densidade do mostro, a sua concentração em g % e o álcool provável do
vinho.

Este arrasta consigo as partículas e os engaços, que formam uma camada


superficial, conhecida pelo nome de chapéu, cuja submersão se força.

Nos dois casos a oração relativa (iniciada pelo que e destaca em itálico)
funciona como um meio de restrição do campo das representações, não
permitindo várias interpretações. Qualquer um dos “que” reporta-se ao
seu antecedente nominal e não a outros elementos.

Reformulações parafrásticas – gozam de um papel importante, ao


permitirem clarificar certas comunicações e orientar a compreensão
do destinatário/leitor:

Ex. “A lotação, isto é, misturação de vinhos é necessária quando se


pretende (...)”

Portanto, para quem não saiba o que significa lotação, fica imediatamente
elucidado pela expressão “isto é” que aparece como meio de explicitação,
tal como poderia ser substituída por “ou seja, por outras palavras, quer
dizer...”.

CARACTERÍSTICAS SUPRALINGUÍSTICAS
Para finalizarmos, é importante olharmos para a mancha gráfica do texto,
pois para além dos aspectos de natureza estrutural, discursiva e linguística
de que nos debruçamos, mais ou menos, de forma exaustiva, o texto
exibe uma abundância de variações tipográficas; apresenta título e
subtítulos, desenhos e numerações.

Trata-se, pois, de um exemplo típico de Texto Expositivo-Explicativo,


cuja intenção de comunicação é, essencialmente, fazer saber; e fazer
compreender um processo (a fabricação do vinho).
80 Unidade 4

Nota-se nele uma coerência icónico-temática, quer dizer, o assunto


focalizado – a produção do vinho – é evocado pela mancha gráfica
(vários desenhos que ilustram as várias etapas por onde passa o processo
da vinha) para além de palavras e expressões em itálico e a negrito que
pretendem chamar a atenção do destinatário para ter em conta tais
vocábulos e numerações que dão conta do processo cronológico da
produção do vinho.

Sumário
Texto expositivo-explicativo:

• Organização icónica, discursiva e linguística.

Exercícios

A análise do texto expositivo-explicativo, que acabámos de fazer, mostra


a existência de uma diversidade de modos de comunicação: o emprego da
passiva, as nominalizações, o "apagamento" do sujeito de enunciação, o
Auto-avaliação
uso dos articuladores discursivos [conectores (lógico-semânticos,
conjunções, preposições, locuções prepositivas, etc.)].

 A - A nominalização é um processo, como, aliás, afirmámos em


aulas anteriores, que consiste na transformação de verbo ou de um
adjectivo ou de uma expressão em nome, em certos casos, esta
operação permite condensar o que foi dito e assegurar uma maoir
economia de texto.
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 81

1. Nominalize os verbos abaixo:

a) Libertar ; e) Advertir ;

b) Aderir- ; f) Intrometer ;

c) Discordar ; g) Herdar ;

d) Sugerir ; h) Crer ;

B- Nas fraeses que se seguem coloque o conector (conjunção, locução) de


modo a marcar laços de :

2.a) adição: -As lições de técnicas de expressão são agradáveis


úteis para todos nós porque fornecem-nos conhecimentos
específicos da disciplina de Português permitem aos
estudantes a aquisição de técnicas de estudo para todas as cadeias do
curso.

b) oposição: os estudos estejam a correr bem, sente-


se a necessidade de muita exercitação. Veja só o que aconteceu no teste
de métodos de estudo, li muito tive uma nota pouco agradável.
estar nas últimas cadeiras do salão, ouvia perfeitamente
os discursos dos intervenientes do debate!

c) causalidade: Há línguas conhecidas como "isoladas"


não apresentam parentesco com nenhuma outra língua viva. Rosseau,
Seneca, Durkheim,entre outros, foram alguns dos grandes pedagogos
traçaram as linhas mestras do que hoje se entende por
Pedagogia Educacional.

d) consecução: - A exposição foi bem feita que o Reitor se


prontificou
82 Unidade 4

Pronto! Vamos agora confrontar as suas respostas com as


soluções que lhe fornecemos.

A.1. a) libertação; b) aderência; c) discordância; d) sugestão; e)


advertência; f) intromissão;

2.a) As lições de técnicas de expressão são agradáveis e_


úteis para todos nós porque não só fornecem-nos
conhecimentos específicos da disciplina de Português como
também permitem aos estudantes a aquisição de
técnicas de estudo para todas as cadeias do curso.

b) Embora os estudos estejam a correr bem, sente-se a


necessidade de muita exercitação. Veja só o que aconteceu no
teste de métodos de estudo, li muito tive uma
nota pouco agradável. estar nas últimas cadeiras
do salão, ouvia perfeitamente os discursos dos intervenientes do
debate!

c) Há línguas conhecidas como "isoladas" porque não apresentam


parentesco com nenhuma outra língua viva. Rosseau, Seneca,
Durkheim,entre outros, foram alguns dos grandes pedagogos
uma vez que traçaram as linhas mestras do que hoje se
entende por Pedagogia Educacional.

d) A exposição foi tão bem feita que o Reitor se


prontificou a apoiar iniciativas do género.
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 83

Lição nº 5 & 6

Introdução
Nesta lição é nossa intenção que você consolide as matérias vistas nas
lições desta unidade. Para isso, tem a seguir um texto para explorar, em
forma de questionário. Aconselhamo-lhe a não consultar a chave de
correção que lhe propomos, antes de resolver as questões.

Ao completer esta lição, você será capaz de:

Analisar o texto “Poluição das Águas” tendo em conta os aspectos


icónico, retórico, discursivo e linguístico.

Objectivos Produzir um texto expositivo-explicativo, de acordo com os parâmetros


fornecidos.

Leia com muita atenção o texto a baixo:

Poluição das águas


A água é um receptor de detritos: seja através de redes de esgotos, seja
por lançamentos directos, os rios e os mares recebem continuamente
fezes, urina, resíduos industriais, detergentes. Quando esses materiais
atingem determinada concentração, poluem a água e prejudicam os seres
que nela vivem ou que dela fazem uso. Podem, por exemplo, levar à
morte todos os peixes, moluscos, crustáceos e outros animais, bem como
as plantas que se desenvolvem nesses ambientes.

Primeiro, os materiais orgânicos levados pelos esgotos a um rio ou a um


lago contribuem para a “morte” desses ambientes aquáticos, porque
constituem alimento para os microorganismos que aí vivem. Quando o
lançamento de excrementos se faz em larga escala, há muito alimento
84 Unidade 4

para os microorganismos e o número destes aumenta rapidamente. Como


muitos tipos de microorganismos consomem oxigénio na respiração, a
quantidade desse gás, na água, diminui e pode tornar-se insuficiente para
a respiração dos outros seres vivos do ambiente, provocando a sua
morte.

Segundo, além dos produtos de excreção, chegam aos rios e mares


resíduos industriais que podem também levá-los à morte, quer a indústria
esteja próxima ou afastada. Peixes que passem pelos locais de descarga
das indústrias podem morrer imediatamente, dependendo do tipo de
resíduo lançado, como ácidos e substâncias cáusticas, por exemplo.

Analisemos agora numa outra perspectiva: muitas vezes o efeito de um


poluente é cumulativo. Assim, compostos de mercúrio, por exemplo,
utilizados na fabricação de plásticos, podem contaminar os peixes que
vivem no local do seu lançamento. Com a dispersão do poluente, peixes
de outras regiões também se contaminam. Peixes maiores, ao ingerirem
peixes menores contaminados, acumulam ainda mais mercúrio nos seus
organismos. O efeito cumulativo do mercúrio acentua-se nas pessoas que
se alimentam de peixes contaminados e, dependendo da concentração
desse poluente no organismo, elas podem sofrer distúrbios da fala e da
visão, paralisia e até morte.

Como acabámos de referir, todos os materiais lançados aos rios, cedo ou


tarde acabam chegando ao mar. Como o lançamento de poluentes é
contínuo, muitas regiões litorâneas estão sujeitas à poluição.

Observemos um outro fenómeno: um dos maiores problemas da poluição


marítima é o petróleo que é vazado no mar. Os vazamentos de petróleo
em plataformas de perfuração são frequentes, isto é, navios petroleiros
lançam constantemente ao mar a água de lavagem dos seus tanques, que
leva consigo uma quantidade considerável de óleo e não só, aviões, em
certas situações, descarregam sobre o mar parte do seu combustível,
antes de aterrarem.

Em seguida, iremos lembrar um outro aspecto não menos importante que


é o espalhamento: um poluente lançado numa região, atinge
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 85

consequentemente outras regiões.

Finalmente, é igualmente importante recordar que existe uma relação


contínua entre a água, o solo e o ar. Assim, por exemplo, poluentes
lançados ao ar são levados pela chuva aos rios e ao solo, mas também
poluentes lançados nas águas podem ser levados ao ar, pela evaporação e
ao solo, pela irrigação. Mais ainda, poluentes lançados ao solo podem
chegar aos rios e destes ao mar. Por outras palavras, o processo de
poluição é cíclico. Assim sendo, não adianta controlar apenas a poluição
do ar ou do solo e da água. O controle deve ser global e é fundamental
agirmos antes que a dispersão dos poluentes se torne incontrolável.

É praticamente impossível retirar os poluentes das águas. Portanto, a


melhor maneira de evitar a grande contaminação é controlar a fonte de
lançamento, onde os poluentes devem ficar retidos

Revista de Ensino de Ciências n.º 23,Novembro, 1999


86 Unidade 4

Exercícios

Óptmo! Mostre agora que percebeu o que estudámos!

Questionário
Auto-avaliação
1. O texto lido é expositivo-explicativo. Justifique esta afirmação tendo
em conta a intenção de comunicação e as marcas linguísticas que
presidem à produção deste tipo de textos, responda.

a. Apresente a organização textual do texto em estudo ao nível


retórico.Justificando a delimitação proposta.

b. Identifique a função discursiva das seguintes transcrições textuais


no contexto da coerência e progressão textual.

“... isto é, navios...” (6.º parágrafo)

“ Por outras palavras, ...” (8.º parágrafo)

1.2. O enunciador pode, ao longo do texto, comentar o desenrolar do


estado de coisas. Que função desempenham no texto os seguintes
enunciados?

“ Analisemos agora...” (4.º parágrafo)

“...iremos lembrar...”; ( 7.º parágrafo)

2. Características linguísticas.

a. Que tempo(s) verbal (is) predomina(m) no texto? Justifique a


sua ocorrência.

b. Justifique o uso da 1.ª pessoa do plural..

3. Peixes que passem pelos locais de descarga das indústrias podem


morrer imediatamente, dependendo do tipo de resíduo lançado (…)”
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 87

a. Classifique a oração sublinhada, indicando a sua função no


âmbito da progressão e coerência do texto Expositivo-
Explicativo.

4. Produza um texto "Expositico explicativo" de extensão máxima de uma


página A4 subordinado ao tema " O meio ambiente", não se esquecendo
das características específicas deste tipo de texto.

Soluções.
Agora, verifique, comparando a sua análise e as propostas de resposta que
lhe propomos.

1. É expositivo-explicativo porque tem a intenção de procurar saber/


dar a conhecer os vários tipos/formas de poluição das águas pelos
agentes poluentes, e procurar fazer compreender as implicações e os
riscos que tal fenómeno acarreta ao mesmo tempo, assume uma
perspectiva didáctica, uma vez que para além de mostrar/ensinar
como se processa a poluição, tenta persuadir os leitores a mudarem
de atitude.

a. Organização retórica do texto em estudo: Estão discursivisados


os três momentos, nomeadamente o de questionar,
compreendendo o primeiro parágrafo, onde se problematiza a
questão da poluição das águas.O de resolução ou
desenvolvimento, que vai do segundo até ao penúltimo
parágrafo. Aqui, faz-se a explicação do como e do porquê,
apresentando vários exemplos de factores que concorrem para a
poluição e como se manifestam.Finalmente, a conclusão, que
está contida no último parágrafo. Trata-se de um enunciado
manipulatório, pois não só manifesta uma opinião abalizada
sobre o problema da poluição, como também incute o leitor a
agir: todos devemos controlar as fontes de lançamento de
detritos.
88 Unidade 4

“(... ) isto é, navios (...) e “Por outras palavras, (...)” são


reformulações parafrásticas e visam tornar mais clara a
comunicação do sujeito enunciador e orientar a
compreensão do leitor.

2. Predominam formas verbais no presente do indicativo, 3ª pessoa do


singular e do plural, o que evidencia a intenção de não
envolvimento do sujeito enunciador no discurso. Este presente –
tempo de base do discurso não coincide com o momento de
enunciação. Trata-se, portanto, do presente genérico – uma forma
temporal zero, um enunciado com valor genérico que não se
contrapõe ao um passado, nem a um futuro. É por isso que se diz
que o presente genérico afirma verdades universais atemporais e
inquestionáveis, uma vez que a poluição foi, é e será sempre um
facto real.

Ex. “(...) a quantidade desse gás diminui e pode torna-se


insuficiente (...)”

“(...) os mares recebem constantemente fezes (...)”

“Quando esses materiais atingem uma determinada concentração (...)”

“A água é um receptor de detritos”.

b. Com efeito, ocorrem marcas da primeira pessoa do plural Nós”.


É o “Nós” dito de autor e ocorre frequentemente nos discursos
científicos e didácticos. Permite que o “Eu”, embora assuma o
seu discurso, não se coloque como indivíduo falando em seu
nome próprio, mas por detrás de um conjunto de uma
comunidade de sábios onde se observa uma unanimidade e
convidando o leitor a tomar parte desse conhecimento

3. A oração sublinhada é relativa. Sintacticamente, esta oração


funciona como uma estratégia de expansão do nome, cujo propósito
é restringir-lhe o campo de significação/representações.

4. 4. Exemplo de texto expositivo-explicativo sobre o meio ambiente,


respeitando as características estudadas.
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 89

Sumário
• Análise do texto “ Poluição das águas”: aspectos icónico, retórico,
discursivo, e linguístico;

• Produção escrita.
90 Unidade 5

Unidade 5

Textos Didácticos Profissionais


Introdução
Para responder a eventuais situações da vida quotidiana ou profissional,
propomo-lhe um conjunto de textos diversificados de natureza técnica,
também chamados de textos normativos.

Queremos também que entenda que estão abrangidos nos textos


didácticos funcionais todos os textos orais ou escritos destinados a serem
apresentados publicamente e dirigidos a um destinatário geralmente
abstracto, ou a uma categoria de pessoas a quem se transmitem uma
informação, se propõem uma orientação ou se dá um conselho.

Estrutura
Nesta unidade de dez aulas, você vai estudar textos como: sumário,
convocatória, circular, regulamento e relatório.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

Analisar enunciados de: sumário, convocatória, circular, relatório,


regulamento e acta, nos níveis icónico, discursivo e linguístico.

Objectivo Geral
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 91

Lição 1 & 2

Circular e convocatória
Introdução
Tem a seguir o enunciado de circular e convocatória, duas subcategorias
textuais, com a intenção de revermos conceitos já do nosso domínio
desde o Ensino Secundário Geral.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

• Identificar as situações em que se produz circular e convocatória;

• Analisar a circular e convocatória nos aspectos icónico, discursivo e


linguístico.
Objectivos
• Produzir circular e convocatória.

Circular é uma mensagem endereçada simultaneamente a diversos


destinatários para transmitir avisos, ordens de serviço ou instruções.
Geralmente, a circular é dirigida às chefias subordinadas (circulação
Terminologia interna/externa).

Convocatória é um texto lesgislativo, à semelhança do aviso e da


circular, no qual o presidente da massa associativa, investido de uma
autoridade de poder (adquirido na sua eleição pelos membros e
subordinados), convida e/ou ordena aos seus subordinados (membros de
uma determinada associação ou outra instituição) a comparecerm na
efectuação de uma actividade futura-reunião, debate, assembleia,etc.
92 Unidade 5

Consideremos os textos abaixo:

Texto "A"

CIRCULAR

CIRCULAR N.º 25/03

O Director Nacional de Finanças, no uso da atribuição que lhe confere o


Artigo. do decreto-lei…… e tendo em vista que foram atendidas as
exigências legais da Lei sobre Minas, faz publicar para conhecimento
das repartições subordinadas, a pauta das substâncias minerais para o
corrente exercício, para efeito de incidência do imposto de …..%,
instituído pela citada Lei.

Maputo, 30 de Outubro de 2003

O Director

(ilegível)

Texto "B"

EMAUT EMPRESA MOÇAMBICANA DE AUTOMÓVEIS, SARL

Av. 25 de Setembro 1162. Telef(258) 427253/42787

Fax: 426045 Cx.P. 1806

MAPUTO, MOÇAMBIQUE

Convocatória

Assembleia Geral Ordinária

Nos termos do artigo 13 dos estatutos da sociedade, convoco a Sessão da


Assembleia Geral Ordinária a realizar-se no próximo dia 30 de Março
pelas pelas 10.30 horas na sede da sociedade, com a seguinte de
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 93

trabalhos:

1. Análise, discussão e votação do relatório, balança e contas


respeitantes ao exercício de 1994;

2. Eleição dos órgãos sociais para triénio 1995-97;

3. Proposta de honorários para os órgãos sociais.

Maputo, 18 de Maio de 1995

INTERFRANCA

Carlos Eduardo de Nazaré Ribeiro


94 Unidade 5

Texto "A"

ORGANIZAÇÃO TEXTUAL
Actividade
A) Circular

1. Ponto de Vista Icónico

• Texto curto;

• organizado graficamente em três partes, nomeadamente o


cabeçalho, Corpo do texto, data e assinatura.

2. Estrutura

• A maior parte das instituições possui um formulário para uso


interno. Apesar da flexibilidade de cada empresa ou instituição, é
a circular é sempre numerada, com uma numeração específica
que corresponde à ordem sequencial das circulares produzidas no
mesmo ano;

• A circular é datada e faz a indicação "assunto"/objectivo


essencial da mesma;

4. Organização Linguística

• Por não apresentar uma situação de comunicação directa,


exige na sua elaboração: legibilidade, objectividade, destaque
da informação relevante.

Marcas de pessoa

3ª. Pessoa do singular

Marcas de tempo e espaço

É obrigatória a indicação do local e a data - Maputo, 30 de Outubro de


2003.

Tempos verbais

Predomina o Presente do indicativo, mas pode ocorrer também o


Imperativo sempre que a intenção de comunicação for persuasiva (levar o
destinatário a agir).

Tome nota!
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 95

No concernente à organização do texto, requerem-se particulares


cuidados, devido a variedade e afastamento dos destinários, o que impede
o esclarecimento de dúvidas. Ainda, por preocupação de clareza e de
Dica
aplicação de princípios de ligibilidade, o texto deve ser subdivido em
partes de acordo com o número de ideias que transmite. Deste modo, cada
uma das partes terminará por uma frase resumo e todo o texto, pela
reunião dessas frases resumo das diversas partes.
96 Unidade 5

B) Convocatória

Conceito
Actividade
É um texto de chamada de atenção, dirigido geralmente a várias pessoas,
produzido por um Emissor ou Entidade, investidos de competência e
poder, que convida ou manda comparecer para algo. Na Convocatória
indica-se o dia, a hora e o local, sendo por isso de carácter mais
obrigatório, distinguindo-se do Aviso, por este ser de cumprimento mais
voluntário.

Tem como objectivo(s) levar os receptores a realizarem uma acção futura


verbal ou não verbal.

1) Organização Textual

a) Ponto de vista icónico:

- Texto curto;

- Organizado graficamente em três partes, nomeadamente o


cabeçalho, o corpo do texto, data e assinatura.

Exemplifiquemos com o texto em estudo:

♦ O cabeçalho - corresponde ao endereço ou instituição


emissora da convocatória bem como ao indicativo da mesma.

♦ O corpo - compreende a duas subpartes:

a) nome da instituição/entidade que convoca; data ; hora e local


de realização da sessão convocada, o segmento linguístico
"convocar" que explicita a autoridade de poder do delegado
da colectividade que anuncia a agenda da sessão convocada.

b) Corresponde a sequência de parágrafos correspondente à


sequencia cronológica das actividades a serem praticadas no
decorrer da sessão.

A assinatura - corresponde à assinatura da entidade legislada como


competente para a criação da realidade" sessão Ordinária". Esta
assinatura é precedidada pela data e local de emissão e pelo cargo que lhe
confere autoridade e poder para convocar a sessão.
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 97

b) Estrutura

1. Quem?
Actividade 2. O quê?
3. Quando?
4. Onde?
5. Para quê?
6. Local data e assinatura.

2) Organização Linguística

Numa convocatória, a sequência dos parágrafos corresponde à sequência


cronológica das actividades a serem desenvolvidas. A linguagem deve ser
simples, clara, objectiva e início.

a) Marcas de pessoa

Usa-se a 1ª. Pessoa do singular representativa de uma entidade investida


de poder (Presidente da Assembleia geral) que determina a realização
futura de uma sessão; Usa-se também a 2ª. Pessoa do plural (implícita)

b)Marcas de tempo e espaço

Presidem à produção deste tipo de texto duas marcas: a do local e a do


momento de enunciação (do Emissor) - Maputo, 18 de maio de 1995; do
local e do momento da acção - sede da sociedade, 30 de Maio de 1995..

c)Tempos verbais

O verbo convocar identifica o texto como prescritivo, pois coloca o


receptor no cumprimento do “dever-fazer” e pode apresentar-se sob três
formas: convoco, convocam-se ou são convocados.

Numa Convocatória estão sempre implícitos três momentos:

Passado – para se convocar, tem de ter havido um motivo/circunstância


precedente;

Presente – respondendo a essa circunstância, faz-se a Convocatória;

Futuro – a Convocatória tem em vista a abordagem, apresentação ou


discussão de um assunto num momento posterior ao da produção da
Convocatória.
98 Unidade 5

Sumário
• Estudo da Circular e Convocatória nos aspectos: icónico,
discursivo e linguístico.
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 99

Lição 2 & 3

Acta
Introdução
Doravante, vamos continuar a rever os textos didáctico-profissionais
aprendidos no Ensino Secundário Geral.

Ao completer esta lição, você será capaz de:

• Descrever a mancha gráfica do enunciado da acta;

• Identificar a organização discursiva deste tipo de texto;


Objectivos
• Analisar as características linguísticas da acta;

• Produzir uma acta de reunião.

Acta. É um texto relativamente longo, elaborado como consequência de


uma sessão/reunião, que procura fixar com toda a fidelidade os aspectos
essenciais dos factos ocorridos na sessão.
Terminologia
Texto em que se faz um relato fiel e fidedigno, do que se passou numa
reunião destinada a discutir um ou vários assuntos e a tomar decisões
sobre o que se discutiu. Em suma, acta é uma narração sintética ou
circunstanciada do que ocorreu numa sessão ou cerimória, ou resumo dos
actos deliberativos dum corpo colectivo.
100 Unidade 5

1. Muito depois da leitura do conceito de acta, vamos, agora, ler


com muita atenção o texto que se segue:
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 101

Acta de reunião
Aos vinte dias do mês de outubro de dois mil e seis, pelas nove horas e
trinta minutos, realizou-se na Sala de Conferências da Escola Secundária Josina
Machel, em Maputo, uma reunião convocada pelo Presidente da Mesa da
Assembleia Geral de Pais e Encarregados de Educação dos alunos da Escola
supramencionada, a qual obedeceu à Ordem de trabalhos constante da
respectiva covocatória e que contou com a participação dos associados.
_________________________________________________________________
Aberta a sessão, o Presidente apresentou oficialamente as listas concorrentes às
eleições dos Órgãos Sociais da Associação para o corrente ano lectivo, das quais
os presentes já tinham conhecimento prévio. Candidataram-se duas listas - lista
A e lista B -, sendo a primeira encabeçada por Manuel João da Silva e a segunda
por António Plácio da Costa Pequito, os quais apresentaram os respectivos
programas (documentos cujos textos já tinham sido distribuidos aos presentes
parar posterior análise e debate). Em seguida, passou-se ao segundo ponto da
Ordem de Trabalhos. Após a apresentação das várias alternativas sobre a data do
acto eleitoral, chegou-se a consenso, tendo sido fixado dia vinte e dois de
Novembro de dois mil e seis para esse acto. A assembleia de votos funcionará
das dezoito às vinte e três horas, na sala doze desta escola.
______________________________________
Na parte final da reunião, os participantes discutiram o último ponto da
agenda. Alguns associados salientaram a importância da ligação
Escola/Encarregados da Educação soa estudantes, como forma de escola, digo,
como forma de abertura da Escola à comunidade e, ainda, como forma de
desenvolver um intercâmbio que facilite um melhor conheciemnto dos seus
educandos. Abordaram-se depois, de uma forma genérica, os problemas da
adolescência, tendo-se reiterado que da cooperação de todos resultará um apoio
mais eficiente aos jovens estudantes.
_________________________________________________
Nada mais havendo a tratar, foi encerrada a sessão, da qual se lavrou a
presente acta que depois de lida e aprovada, vai ser assinada nos termos da lei.

___________________________
O Presidente
___________________________
O Secretário
102 Unidade 5

• Muito bem, o texto que acabou de ler, não lhe é completamente


estranho, aliás, vamos juntos analisá-lo:

Mancha gráfica/nível icónico:


- O texto é longo? Curto? (tenha como referência os textos já

Actividade estudados).Em quantos conjuntos se apresenta? Como está estruturada


cada uma dessas partes? Qual é a mais extensa? De certo que com muitas
ou poucas dificuldades, verificou que:

Acta é um texto relativamente longo, apresentado graficamente em três


conjuntos/blocos, sendo:

• Cabeçalho: contém o título acta de reunião, seguido de número de


ordem;

• Corpo/desenvolvimento: parte mais longa e detalhada, naqual se


resumem todos os factos ocorridos numa reunião;

• Fecho: parte que contém as assinaturas do Presidente e do Secretário


e, possívelmente, se previamente acordado pelos intervenientes,
outras individualidades presentes na sessão assinam a acta.

Óptimo! vamos de seguida a analisar o discurso da acta. Para isso, preste


particular atenção ao desenvolvimento da acta, divida essa parte em
subpartes, e aponte o conteúdo de cada uma delas.

Então, compare a sua resposta com a que a seguir lhe fornecemos.

(B) Organização Discursiva


O Corpo da acta divide-se em três partes, das quais destacam-se:

♦ Introdução

• A data, a hora, local da reunião;

• a(s) entidades responsável(is) pela sessão, os participantes


convocados, a indicação das ausências e os motivos dessas
mesmas faltas;

• o resumo da agenda da sessão a que se refere a acta..


Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 103

Ex:: o primeiro parágrafo do texto em estudo.

• Desenvovimento. Nesta parte faz-se o relato fiel dos conteúdos


fundamentais abordados no encontro, empregando-se o discurso
Actividade
indirecto e o texto assume, assim, uma estrutura narrativo.

Ex: o segundo e terceiro parágrafos do texto em análise.

• Conclusão. Nesta parte haverá sempre uma formula fixa que


antecede as assinaturas, podendo, eventualmente, indicar-se a hora
em se encerrou a sessão.

Ex: o último parágrafo do texto.

Sumário
• Análise do enuciado da Acta nos aspectos icónico, discursivo e
linguístico.
104 Unidade 5

Lição 5 & 6

O Regulamento
Introdução
Continuando, chamamos a sua atenção, aliás você está sempre atento,
para este novo subtipo textual, “Regulamento” que, pela sua natureza, é
regido por princípios normativos.

Ao completer esta lição, você será capaz de:

• Analisar o enunciado do Regulamento do ponto de vista icónico,


discursivo e linguístico.

Objectivos

Regulamento
Na constituição morfológica do vocábulo: regula - é o tema do verbo

Terminologia "regular", que significa " estabelecer regras" + mento-sufixo que indica o
resultado ou/e efeito da acção, é geralmente um texto escrito, redigido
numa linguagem sóbria e objectiva, por forma a evitar qualquer tipo de
ambiguidade e que reúne um conjunto de princípios, regras ou normas
que regem algo.

Há vários tipos de regulamentos - de uma instituição (ex.: o


Regulamento Interno da Faculdade que frequenta); de um espaço, de uma
associação, de um espaço, de um concurso, de uma actividade. Pode
ainda chamar-se Regulamento a uma disposição oficial proveniente de
um Órgão do Governo para explicar a execução de uma Lei.
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 105

Consideremos o texto abaixo

FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN


BOLSAS DE ESTUDO PARA CURSOS SECUNDÁRIOS E SUPERIORES

Regulamento

I Disposições gerais
Art.º 1.º

1. A Fundação Calouste Gulbenkian concede bolsas de estudo a alunos


do ensino secundário e superior.

2. Para esse efeito, será aberto um concurso por meio de anúncios


publicados na imprensa. Os anúncios especificarão os cursos a que as
bolsas se destinam e as condições a satisfazer pelos interessados.

3. A Fundação não se compromete a abrir todos os anos este concurso,


nem a conceder bolsas para todos os graus de ensino mencionados no
número 1.

Art.º 2.º

1. As bolsas a que se refere este regulamento têm a natureza de uma


comparticipação nos encargos normais dos estudos e o seu
quantitativo é variável.

2. De entre as circunstâncias que influem no quantitativo das bolsas


destacam-se as seguintes: viverem ou não os bolseiros durante o
ano com os respectivos agregados familiares; o grau e a natureza
do curso.

Art.º 3.º

Os bolseiros não podem acumular qualquer bolsa de estudo com a da


Fundação, sem prévio consentimento do Serviço de Educação de Bolsas.
106 Unidade 5

II Do concurso II Do concurso Art.º 4.º


São condições de admissão ao concurso, além das que forem indicadas no
respectivo edital, as seguintes:

a) Falta de recursos económicos dos concorrentes para a


continuação dos estudos;

b) Não possuírem os concorrentes habilitação de qualquer outro


curso dentro do grau de ensino para cuja frequência requerem a
bolsa.

Art.º 5.º

1. A bolsa é requerida mediante o preenchimento de um boletim, que


será fornecido ao interessado pelo Serviço de Educação e Bolsas da
Fundação Calouste Gulbenkian.

2. O boletim será devolvido ao referido Serviço da Fundação


juntamente com os outros documentos necessários, no prazo indicado
no edital do concurso.

Art.º 6.º

Serão excluídos do concurso os candidatos que deixem de informar a


Fundação dos resultados escolares obtidos no final do ano e bem assim
aqueles que não alcancem resultados reputados satisfatórios.

III Da atribuição das bolsas


Art.º 7.º

O simples facto de o requerente ser admitido ao concurso não lhe confere


o direito a uma bolsa. As bolsas serão atribuídas aos concorrentes que a
Fundação seleccionar, de entre os admitidos ao concurso.

Para os efeitos da selecção a que se refere o número anterior, atender-


se-á, não só ao aproveitamento escolar, situação económica e idade
dos concorrentes, mas também à importância relativa dos cursos que
pretendem frequentar.

Art.º 8.º

A duração das bolsas é de dez meses, com início a 1 de Outubro.


Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 107

VI Dos deveres do bolseiro


Art.º 14.º

Constitui obrigação de todo o bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian:

a) Informar a Fundação da interrupção dos seus estudos;

b) No final do ano lectivo, apresentar um certificado comprovativo


dos resultados obtidos;

c) Não mudar de curso nem de estabelecimento de ensino sem


prévio conhecimento da Fundação;

d) Participar à Fundação todas aquelas circunstâncias, ocorridas


posteriormente ao concurso, que tenham trazido melhoria
apreciável à sua situação económica, bem como as mudanças de
residência.

Art.º 15.º

O não cumprimento pelo bolseiro de alguma das obrigações estabelecidas


nos artigos anteriores determinará, consoante os casos, a suspensão ou
cessação da bolsa.

VII Disposições finais


Art.º 16.º

1. As normas regulamentares do concurso (que são genéricas e sem


prazo de validade) serão fixadas em edital próprio;

2. O presente Regulamento entra em vigor à data da sua publicação.

3.

Lisboa, Maio de 05

(Excerto adaptado do Regulamento publicado na página da Internet da Fundação


Calouste Gulbenkian)
108 Unidade 5

Muito bem, agora que leu o texto, passemos à descrição da sua


organização textual:

a) Ponto de vista Icónico:


Actividade
- geralmente longo, dependendo do contexto de surgimento;

- organizado graficamente em várias subpartes devidamente


identificadas por um número romano e intertítulo (destacado
a negrito). As subpartes integram um conjunto de disposições
legais devidamente numeradas.

- Cada capítulo ou subcapítulo engloba um conjunto de


disposições gerais ou específicas devidamente explicitadas.
Os artigos surgem numerados, abrangendo várias alíneas ou
itens seriados por numeração árabe.

b) Estrutura:

O regulamento, tal como outro tipo de documento nomeadamente o


Edital, ou o Anúncio Público, embora dirigidos a um público
heterogéneo, têm uma estrutura fixa, pois apresentam-se
estruturados de acordo com as leis vigentes no código civil e, por
isso, elaborados por especialistas na área do Direito.

No regulamento estão sempre explícitos: o proponente, o


assunto, o destinatário, as disposições gerais, o articulado que
compõe as várias subpartes, data e assinatura.

Organização Linguística
Por não apresentar uma situação de comunicação directa, exige na sua
elaboração: legibilidade, objectividade, destaque da informação relevante.
O seu léxico e a estrutura frásica detonam sempre um pendor jurídico-
legal, próprios dos juristas.

a) Marcas de pessoa/ tempos verbais: 3ª pessoa singular/plural.


Predomina o Presente do indicativo, podendo ocorrer o
conjuntivo, futuro, infinitivo pessoal/impessoal.

b) Marcas detempo e espaço: indica-se o local e data de aplicação.


Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 109

Sumário
• Análise do enunciado do Regulamento nos níveis icónico, discursivo
e linguístico.

Exercícios

1) Coloque-se no lugar do Chefe da Biblioteca da sua escola, então,


redija um pequeno regulamento que assegure o correcto
funcionamento desse espaço vital numa instituição de ensino,
Auto-avaliação
independentemente do nível de escolaridade e, em particular, para
uma instituição do ensino superior. Preste atenção à organização
textual e linguística deste tipo de textos.
110 Unidade 5

Lição 7 & 8

O Relatório
Introdução
Continue a rever os textos aprendidos no Ensino Secundário Geral, e
este, em particular, na cadeira de MIC (Metodologia de Investigação
Científica) .

Ao completer esta lição, você será capaz de:

• identificar as situações, pressupostos, estrutura, estilo e tipo de


linguagem de um relatório (simples);

• apontar a estrutura de um relatório de pesquisa/científico;


Objectivos
• analisar um relatório;

RELATÓRIO – é comunicação oral ou escrita, organizada,


fundamentada, comentada por quem viu, ouviu, estudou um facto,
assunto ou situação. Funciona como elemento de informação, consulta,
Terminologia prova de ocorrência, análise e discussão de situações concretas. Basea-se
em realidades concretos.
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 111

Consideremos o texto:

Troncos & CA LDA.


FÁBRICA DE LANIFICIOS

RELATÓRIO DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO


Senhores Accionistas

Em cumprimento da Lei e dos estatutos, submetemos à vossa apreciação


o Balanço e Conta de Resulatados refrentes ao exercício de 19…

Comparando os elementos contabilísticos com os do exercício de 19…


verificamos que a expansão da emmpresa é constante. Conseguimos um
aumento do volume de vendas de cerca de 20% em relação ao exercício
anterior, que nos permitiu também um aumento de lucro. Este, no
exercício de 19.., ascendeu a Escudos 1 088 125$65, cujo distribuição
fica ao vosso esclarecido critério.

Esperamos que no próximo exercicio seja ainda melhor, porque melhorar


significa progredir e o progresso é motivo de orgulho e satisfação.

É com prazer que nos cumpre agradecer ao conselho Fiscal a inestimável


e muito competente colaboração dispensada e a boa e frutífera
colaboração que vós, na qualidade dupla de accionistas e colaboradores,
prestastes durante mais um ano.

Porto, 17 de Fevereiro de 19.

RUA DA ANHA, 199 - TELEX 54367 TROLANI-TELEF.23985 - 4900 VINA DO CASTELO


112 Unidade 5

1 .Situações
O relatório ocorre geralmente nas seguintes situações:

Actividade • prestação de contas;

• acientes de trabalho/de viação;

• balanço;

• avaliação/estudo de conflitos/possibilidades ou vias alternativas de


solução, etc.

2. Pressupostos
• Não obriga a observação directa dos factos;

• Pressupõe a ocorrência de factos;

• Descrição objectiva;

• Análise sucinta dos factos descritos;

• Exctidão;

• Conclsões;

• Sugestões/propostas.

3. Estrutura
Relatório -modelo corrente(simples)

a) Apresentação

• Cabeçalho - data, origem, natureza, destinatário

• Assunto- resumo de(os) facto(s)

b) Texto

• Corpo - desenvolvimento do assunto(descrição dos factos)

• considerações (análise dos factos)

• B) Conclusões - sugestões.
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 113

3.1 Observe que:

(i) A apresentação pode ocupar a primeira página, devendo surgir


bem destacada do texto;

(ii) Cada um dos elementos do cabeçalho deve ser reconhecido com


realtiva facilidade;

(iii) assunto deverá: fixar em breves palavras o(s) factos emcausa;


indicar apenas o essencial; mencionar unicamente as razões que
determinaram a elaboração do realtório, sem nada antecipar sobre
as conclusões, nem sobre a opnião pessoal do relator;

(iv) desenvolvimento exige:

- henestidade e imparcilaidade;

- fidelidade ( o relato não deve omitir nada que seja importante


para o esclarecimanto do acontecido);

- utilidade ( diga-se apenas o necessário);

- precisão ( escolha-se apenas os aspectos dominates);

- método (deve-se esquematizar um plano, a fim de arrumar as


deias numa sequência lógica)

- clareza.

(vii) As considerações assumem a forma de uma apreciação do(s)


facto(s) e constituem o núcleo do realtório.é nesta parte que o
relator deve referir tudo o que ele próprio tiver averguado e que
possa conduzir a uma melhor compreensão das causas e dos
efeitos do(s) facto(s) analisados; nada deve ser baseado em ideias
preconcebidas, tudo deve ser apoiado em factos exactos que se
possam criticar e explicar.

(viii) A conclusão deve deduzir-se logicamente da argumentação que a


preceda, nada contendo que não seja justificado

(ix) Baseado nas conclusões, podem-se apresentar as sugestões, clara


e ordenadamente dispostas, por forma a serem concretas e
objectivas.
114 Unidade 5

4. Relatório de Pesquisa, vamos a gora vera a

Estrutura de um relatório de pesquisa:

Apresentação
(i) Capa

- Entidade

- Título ou subtítulo

Local e data
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 115

Estrutura de um relatório de pesquisa(cont)


2. Folha do rosto (página de rosto).

Actividade 3. Sumário(discriminação das divisões e subdivisões do trabalho)

4. Resumo analítico

Introdução

• Tema

• Delimitação

• Objectivo Geral

• Objectivo específico

• Justificativa

OBJECTO:

• Problema

• Hipóteses

• Variáveis e suas relações

• Quadro Teórico

Cap. I
Fundamento(s) Teóricos da Pesquisa/revisão da bibliografia

• Teoria básica

• Definição dos termos

• Definição de indicadores

• Desenvolvimento teórico do tema


116 Unidade 5

Cap. II
Metodologia de pesquisa

Actividade • Método de Abordagem

• Método de Procedimento

• Técnicas e meios utilizados

• Delimitação do "universo"

• Tipo de amostragem (dividida em subcapítulos/secções)

Conclusões

Recomendações e/ou sugestões

Apêndice(s)

Anexo(s)

Bibliografia

 Antes de procermos à descrição da organização discursiva do


relatório(veja as DICAS), vamos, por razões metodológicas,
descrever a organização icónica e linguística deste tipo de textos.

 Material Icónico

 relatório apresenta: Cabeçalho; Corpo; fecho(anexos, apêndices,


bibliografia)

 Organização Linguística

• Há ocorrência de nominalizações; verbos no imperfeito (quando


faz a descrição de factos), pretérito perfeito (quando se faz a
narração de factos passados).

• Nas propostas/recomendações ocorrem (preferenciamente)


verbos do conjuntivo e outras expressões modais;
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 117

• Uso de numerais quer no sumário quer no corpo do texto


(numeração de capítulos/subcapítulos, quadros e figuras,
indicação de valores volumétricos, etc.

• Ocorrência de marcas espácio-temporais; uso de adjectivos na


aprecição da situção/dos factos/dos resulatdos da investigação;

Depandendo do paradigma teórico adoptado o realtório podem ocorrer


marcas da 1ª pessoa (EU/NÓS)/ 3ªpessoa.
118 Unidade 5

Elementos Pré-textuais
(a) A Capa. Contém apenas três elementos: no alto da página, o nome do
Dica autor na ordem normal; no centro da página, o título do trabalho e o
grau académico que se pretende obter, mais abaixo, Universidade
Pedagógica, cidade e o ano civil.

♦ Título. O título deve abarcar o seu conteúdo de forma sumária e


concisa, deve ser escrito na mesma língua do texto. As regras para o
título são:

- Ser resumo do trabalho;

- se ultrapassar (10) palavras; caso seja necessário, crie-se um


subtítulo;

- abreviaturas não oficiais, símbolos particulares e fórmulas não


fazem parte de um título.

(b) Página do rosto. Tem ao alto, o nome completo do autor, no meio,


o título completo do trabalho; mais a baixo, à direita, o
Departamento, Faculdade/Delegação natureza do trabalho, seu
objectivo académico , seguidamente o(s) nome(s) e Universidade
Pedagógica, local e ano civil.

(c) Sumário. Esquematiza as principais divisões e do trabalho: partes,


secções, capítulos, etc. exactamente como aparecem no corpo do
trabalho, indicando ainda a página em que cada divisão inicia, as
listas, tabelas, e bibliografia. Vem logo depois da folha do rosto.

(d) Lista de tabelas e figuras. São elaboradas listas com o respectivo


número, título e paginação, logo a seguir ao sumário.

(e) Lista de abreviaturas e símbolos. Relação das abreviaturas e


símbolos constantes no texto, acompanhados do seu respectivo
significado. Seguem a ordem alfabética.
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 119

(f) Lista de abreviaturas e símbolos. Relação das abreviaturas e


símbolos constantes no texto, acompanhados do seu respectivo
significado. Seguem a ordem alfabética.

(g) O resumo. deve ser elaborado por forma a permitir a leitura e


compreensão da matéria de investigação, das questões científicas,
dos materiais e métodos, dos resultados, da discussão e das
principais conclusões, sem que para tal o leitor tenha de recorrer ao
trabalho

Elementos textuais
 Introdução. Levanta o estado da questão (se for o caso); mostrando o
que foi escrito do tema e assinalando a relevância e o interesse do
trabalho; Aponta os objectivos, enuncia o tema, o problema, sua tese
(hipótese) e os procedimentos que serão adoptados para o
desenvolvimento do raciocínio(metodologias do trabalho) "…é a
última parte do trabalho a ser escrita." SEVERINO(2002)

 Desenvolvimento. Corpo do trabalho. Estruturado conforme as


necessidades do plano definitivo obra(Cap.; Subcap.; Secções, etc.).
tudo deve favorecer a clareza e a logicidade. Não basta enumerar
simetricamente os vários itens: é preciso que haja subtítulos
portadores de sentido. Em trabalhos científicos todos os títulos de
Cap. devem ser temáticos e expressivos. Devem dar ideia exacta do
conteúdo do sector que intitulam. A fundamentação lógica do tema
deve ser exposta e provada, a reconstrução racional tem por objectivo
explicar, discutir e demonstrar: explicar - tornar evidente o que
estava implícito, obscuro ou complexo; descrever, classificar e
definir; discutir - comprovar as várias posições que se entrechocam
dialecticamente; demonstrar - aplicar a argumentação apropriada,
isto é, partir de verdades garantidas para novas verdades.
120 Unidade 5

 Conclusão. ( i ) sintética. Síntese para a qual caminha o trabalho.


Breve, visará apresentar apenas os resultados da pesquisa; (ii)
analítica. Visará recapitular sinteticamente os resultados da pesquisa
elaborada até então, passando por um breve inventário do percurso
=balanço do empreendimento.

Autor manifestará seu ponto de vista sobre os resultados obtidos e seu


alcance.

A Redacção do Texto
Expressão literária do raciocínio desenvolvido no trabalho. Impõe-se um
estilo sóbrio e preciso, importando mais a clareza do que qualquer outra
característica estilística. A terminologia técnica só é usada quando
necessária; evitem-se a pomposidade pretensiosa, o verbalismo vazio, as
fórmulas feitas e a linguagem sentimental.
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 121

Elementos Pós-textuais
 Apêndice e anexos. Acrescentam-se quando exigidos pela natureza
Dica do trabalho. Os apêndices são geralmente desenvolvimentos
autónomos, elaborados pelo próprio autor, para complementar o
próprio raciocínio. Por sua vez, os Anexos são documentos nem
sempre do mesmo autor que servem de complemento ao trabalho e
fundamentam a pesquisa.

 Bibliografia final. É apresentada segundo ordem alfabética dos


autores e deve conter os seguintes elementos:

• Autor;

• Título do documento;

• Edição;

• Local de publicação;

• Editora;

• Data;

• Número de páginas.

5.2. Apresentação gráfica do trabalho

• Todos os textos devem ser dactilografados a 1,5 espaço e escritos


num só lado de folhas A4;

• São usadas as seguintes margens:

• Margem superior: 3cm

• Margem inferior: 2cm

• Margem esquerda: 3cm;

• Margem direita: 2cm;

• A numeração começa a partir da página de rosto. O número é


colocado no alto da página, à direita;

Os capítulos devem ser iniciados numa nova página, mesmo que sobre
espaço suficiente na página que termina o capítulo anterior;
122 Unidade 5

Sumário
• Relatório: modelo de estrutura do relátorio simples e o de pesquisa;

• Organização textual: icónica, discursiva e linguística.

Exercícios
(a) Analise o relatório do conselho de administração da empresa
Troncos Ltd. dado no início desta lição do ponto de vista do material
icónico, discursivo e linguístico.

Nível Icónico

Nível Discursivo

Material linguístico
Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 123

Liçao 9 & 10

O Sumário
Introdução
Para fechar, decidimos sumarizar, apresentado o enunciado “Sumário”
que, em sentido lato significa: resumido, breve, simples, sem
formalidades, recapitulação ou ainda a listagem de assuntos duma
matéria. É, sem dúvida o que você, como professor costuma fazer no final
de cada actividade lectiva com os seus alunos.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

analisar o enunciado do sumário de uma aula do ponto de vista icónico,


discursivo e linguístico.

Objectivos

Sumário - discursivização das actividades, estratégias, e conteúdos


tratados numa aula por interacção entre professor e alunos no espaço de
uma lição/aula.
Terminologia
124 Unidade 5

Preteste atenção ao texto que se segue:

Lição nº 25 Maputo, 04.04.2007

Sumário
Análise do enunciado do Sumário de uma aula:

• Nível icónico;

• Discursivo;

• Linguístico.

Exercícios de aplicação (trabalho de grupo).


Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 125

Analisemos o enunciado do sumário apresentado:

ORGANIZAÇÃO TEXTUAL
Actividade PONTO DE VISTA ICÓNICO

• Texto curto;

• Organizado graficamente em dois conjuntos:

Cabeçalho

• Identificação do texto;

• Localização temporal;

• Localização co-textual

Corpo

• Marcado pela divisão em parágrafos.

PONTO DE VISTA DISCURSIVO

• Informação sobre:

- Actividades; conteúdos; estratégias;

• Diferenciação das unidades textuais pela disjunção de


actividades/estratégias+ conteúdos e/ou aspectos diversos do mesmo
conteúdo;

• Unidades textuais delimitadas graficamente pelos parágrafos;

• Sequência deperágrafos equibalente à sequência cronológica das


actividades enumeradas

• Super estrutura descritiva...


126 Unidade 5

ORGANIZAÇÃO LINGUÍSTICA

 Discurso objectivante;

Actividade  Economia própria de um texto de síntese;

 Relacionação interfrásica -ausência de articuladores ou articuladores


enumerativos(tipo numérico)

 Frases nominais;

 Nível morfológico:

• Nomes abstractos;

• Ausência de marcas de pessoa;

• Ausência de verbos conjugados;

• Identificação do tempo(por vezes do espaço) da interacção social;

• Localização co-textual: conector enumera tipo (tipo numérico);

 Nível lexica:

• Nominalizações de verbais

Sumário
Estudo do enunciado do sumário de uma aula:

• Níveis icónico, discursivo e linguístico.


Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa 127

Exercícios

A)

Considere que os enunciados abaixo transcritos enunciam actividades

Auto-avaliação realizadas durante uma aula. Reescreva -as, nominalizando as expressões


destacadas e integre-as num hipotético sumário da referida aula:

1. Os grupos 1,2, 3 consultaram com ajuda do


professor uma gramática de Língua Portuguesa e os
grupos 4,5,6, elaboraram um texto sobre a pontuação.

2. Os alunos leram e discutiram o texto sobre


a pontuação.

3. Três alunos apresentaram oralmente a


síntese das conclusões dos grupos.

4. O professor explicou o significado de alguns


sinais de pontuação.

5. Os alunos exercitaram-se na utilização de


alguns sinais de pontuação;

6. O professor sintetizou a matéria tratada na


aula.

B) Defina o sumário de uma aula não se esquecendo de referir a sua


estrutura.
128 Unidade VI

Unidade VI

BIBLIOGRAFIA

Footenotes

ii Normas em vigor na UP. É importante notar que se utilizam diferentes


tipos de referência. Embora todas elas possibilitem uma completa
informação da obra, diferem na disposição de alguns dos seus elementos
constituintes, dependendo da norma adoptada em cada instituição ou país
. Cf. Frada, J..J.C. Guia Prático de Trabalhos Cientificos. pp. 23-35.

iii Pode iniciar a referência, caso não conste o nome do autor.

iv Cf. Maria Teresa SERAFIN "Saber Estudar e Aprender"p.15-16.

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