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ZILLES, Urbano. Teoria do conhecimento e Teoria da Ciência. São Paulo: Paulus, 2005.

Verdade e Teorias da Verdade

 Quando falamos de teoria da verdade tratamos de esclarecer cinco temas:


a) O conceito de verdade;
b) A relação de compreensão do uso comum do conceito de verdade com o uso do conceito na
ciência e na filosofia;
c) Os critérios da verdade;
d) Os pressupostos do conceito de verdade;
e) A relevância do problema da verdade.
 “O conceito de verdade na experiência cotidiana é que um enunciado é verdadeiro, quando
corresponde aos fatos.” (p.129)
 O problema filosófico é saber se conhecemos a verdade.
 Verdade e certeza não são sinônimos. Então o que significa a verdade?
 Para Leibniz “as verdades de fato são proposições verdadeiras para todos em toda a parte e em
todos os mundos.” Elas constituem as estruturas formais dentro das quais devem realizar-se. (p.
129)
 Na filosofia de Sócrates, Platão e dos clássicos indagava-se pela essência da verdade.
 A filosofia analítica restringe-se ao conceito de verdade e sua significação dentro da linguagem.
 Quanto aos critérios de verdade eles existem? Onde se encontra a medida da verdade, no sujeito ou
no objeto?
 No empirismo lógico do século XX defendeu-se, em princípio, a verificabilidade como o critério de
verdade.
 Na história da filosofia, citam-se como critérios de verdade, ora a evidência, ora a práxis, ora o
consenso.
 Outra questão é a das condições de verdade, como verdade e história: antiguidade tenta-se
compreender a história como universal e absoluta, pois fundada em uma realidade ideal. Na
modernidade a história entende que nada é eterno e imutável.

1. Teoria da adequação ou correspondência

 “O critério de verdade dessa teoria é o de adequação ou conformidade do pensamento ou da


proposição com a realidade.” (p. 130)
 “Verdade não diz apenas acordo interno do espírito consigo mesmo ou com as representações por
ele elaboradas, mas conformidade do juízo com uma realidade transcendente à consciência. O
fundamento da verdade do juízo é o ser, a existência real e efetiva.” (p.130)
 “Nessa teoria reconhece-se a preferência ao aspecto objetivo em relação ao subjetivo. Pressupõe-se
que os objetos existam em si. Para conhecer, o sujeito deve submeter-se aos dados. O sujeito é
determinado pelo objeto.” (p. 131)
 Esta teoria se fundamenta nas idéias de são Tomás de Aquino (1225 – 1274) para quem “a verdade
de uma proposição é garantida pela correspondência entre o juízo do intelecto e a realidade
intencionada.’ (p.131)
 Para ele, “as coisas e não o intelecto, são a medida da verdade.” (p.131)
 Platão já definia que “verdadeiro é o discurso que diz como as coisas são; falso é aquele que as diz
como não são.” (p.131)
 “Segundo Aristóteles, a verdade está no pensamento ou na linguagem, não no ser ou na coisa (Met.
VI, 4). A medida da verdade é o ser ou a coisa, não o pensamento ou o discurso.” (p.131)
 Alfred Tarski (1902 – 1983) designa esta teoria como “a concepção semântica da verdade” e vê “o
critério da verdade numa relação entre a realidade, de um lado, e o conhecimento, do outro.” (p.132)
 O homem chega ao conhecimento de duas maneiras:
a) O conhecimento da realidade é intuitivo e, portanto, indizível e inexplicável;
b) O conhecimento postulado consiste em formar uma proposição sobre a realidade.
 Para Habermas “a verdade pertence à dimensão do discurso e se verifica mediante argumentações
sucedidas.” (p.133)

2. Teoria da coerência.

 “A verdade de um juízo ou proposição consiste na coerência desse juízo ou proposição com o


sistema em que se insere. (...) se uma proposição é verdadeira ou falsa, depende da coerência como
se relaciona com outras proposições da mesma teoria.” (p.134)
 Pode ainda ser formulada de modo subjetivo quando estabelece que: “uma crença é verdadeira
quando é coerente com minhas demais convicções.” (p.134)

3. Teoria do Consenso

 Formulada por Jürgen Habermas baseia-se “na experiência de que o conhecimento de uma pessoa
depende de outras pessoas que também conhecem.” (p.135)
 “A verdade não é uma simples propriedade de proposições. Com ela vinculamos determinada
reivindicação em relação a outros. (...) uma proposição é verdadeira quando um discurso sobre ela
conduz a um consenso fundamentado.” (p.135)
 Tal teoria tem limitações: primeiro é que ela iguala verdade e validade; em segundo lugar é o critério
do consenso discursivo. “A concordância intersubjetiva de todos os parceiros parece ser definida
exclusivamente em proposições lógicas.” (p.135)
 “O consenso não pode ser o último critério de verdade ou de falsidade, sem recurso à experiência e
á evidencia e sem referencia ao objeto.” (p. 136)
 Pode-se formular a teoria do consenso da seguinte forma: “uma crença é verdadeira quando a minha
comunidade intelectual concorda que este é o caso.” (p.136)

4. Teoria pragmática

 Para o pragmatismo, verdadeiro é aquilo que “é considerado útil, o que é bom para a nossa vida.
Identifica-se verdade com utilidade, vantagem ou oportunidade.” (p. 136)
 “A idéia fundamental do pragmatismo é que a essência dos objetos e das pessoas se expressa em
seu comportamento e em suas ações, sendo determinada a partir dos efeitos.” (p.136)
 Uma objeção se apresenta quando se pergunta: a) o que é bom, b) quais são os efeitos dessa ou
daquela crença.

 “Cada uma dessas teorias mostra-se insuficiente. Cada qual mostra aspectos importantes, mas
parciais.” (p.137)
 “A verdade constitui uma relação multidimensional entre proposição e realidade (teoria da
adequação), com outras proposições (teoria da coerência) e a comunidade dos cognoscentes (teoria
do consenso).” (p.138)

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