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Síndrome da Boca Seca

Ivan Dieb Miziara


Ali Mahmoud

Resumo a ser de 50%².


A saliva é composta, principalmente, por
Os autores abordam a Síndrome da Boca água (99%); os outros elementos que compõem
Seca enfatizando as causas principais, diagnós- a saliva são: enzimas (amilase), mucina e outras
tico e formas de tratamento.. proteínas, IgA, flora bacteriana normal além
PALAVRAS-CHAVE: Xerostomia; Secura da de sódio, potássio e cálcio. A saliva pode ser
boca; Ressecamento. mucosa ou serosa, de acordo com a quantidade
de mucinas ou proteínas. A mucosa é mais
Introdução produzida pelas parótidas e a serosa pelas sub-
mandibulares e sublinguais.²
A boca seca, também conhecida com xeros-
A saliva tem diversas funções: gustação,
tomia (xéros=seco; stoma=boca), é um sintoma
proteção e lubrificação, diluição de substâncias,
muito frequente na prática ambulatorial.¹ É uma
função tampão, integridade dentária, digestão e
sensação subjetiva de secura na cavidade oral
reparação tecidual.²
resultante de diminuição ou até interrupção do
Diversos fatores podem influenciar no fluxo
fluxo salivar. Pode ser consequência de diversas
salivar, os principais são: hidratação, jejum, ta-
condições clínicas como algumas doenças ou bagismo, uso de álcool, estímulos olfatórios ou
uso de mediações. gustatórios, ritmo circadiano, doenças sistêmi-
cas, exercício, medicações, doenças sistêmicas,
Considerações sobre a estado nutricional e sexo (mulheres tem menor
saliva fluxo salivar). A idade também é um fator im-
A produção da saliva no repouso é feita portante na produção de saliva, sendo que nos
em sua maior parte pelas submandibulares idosos a produção de saliva é menor.²
(65 a 70%). As parótidas contribuem com 20%
desta produção, as sublinguais com 7-8% e as
Xerostomia
glândulas salivares menores com menos de 10%. A xerostomia é fisiológica em idosos que
Com o estímulo, a produção das parótidas passa apresentam diminuição na produção de saliva e

68 Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ


Síndrome da Boca Seca

também pelo uso de diversas medicações nesta O tratamento consiste em tratar a xeros-
faixa etária. A principal causa da xerostomia é o tomia como qualquer outra causa além da
uso de medicações, cerca de 800 drogas podem imunossupressão.
causar xerostomia e 126 das 200 medicações
mais prescritas nos EUA². Tratamento da xerostomia
As principais classes de medicações que
O objetivo principal do tratamento da xe-
causam xerostomia são: anti-hipertensivos,
rostomia é evitar as consequências da mesma
diuréticos, antialérgicos, antidepressivos, anti-
como: candidíase e mal estado dentário.5,6
colinérgicos, anticonvulsivantes, antipsicóticos,
O tratamento consiste em: hidratação,
antiparkinsonianos e neurolépticos.
sialogogos, saliva artificial, cessar tabagismo,
As principais doenças sistêmicas que
cessar uso de álcool e cafeína, uso de agonistas
podem cursar com xerostomia são: diabetes
colinérgicos como a pilocarpina e cevimeline. O
mellitus, hipotireoidismo, sarcoidose, depressão,
uso da pilocarpina foi eficiente no tratamento
ansiedade, amiloidose, fibromialgia, miastenia
da xerostomia em paciente pós-radioterapia de
gravis, neuropatia autonômica e infecção pelo
cabeça e pescoço e pós-iodoterapia mas seus
HIV. Outra condição que leva à xerostomia é a
efeitos colaterais, principalmente sudorese e
radioterapia na região de cabeça e pescoço.2,6
cefaleia, foram pouco tolerados pelos pacientes.
Síndrome de Sjögren
Referências
É uma doença autoimune caracterizada
por xerostomia e conjuntivite sicca. É mais fre- 1. Ba RB, Sweiss NJ, Langerman AJ, et al. The
minor salivary gland biopsy as a diagnostic
quente em mulheres na proporção de 9:1. Pode tool for Sjogren syndrome. Laryngoscope.
se associar a outras doenças reumatológicas e 2009:119(10):1922-6.
paciente com a síndrome de Sjögren tem maior 2. Strong BC, Johns ME, Johns III ME. Anatomy
incidência de linfoma de parótida.3,4 and Physiology of the salivary glands. In: Bailey
BJ: Head and Neck surgery. Otolaryngology.
O diagnóstico da síndrome de Sjögren é
2006;1:519-26.
baseado em critérios clínicos a laboratoriais. O
3. Liquidato BM, Bussoloti Filho I. Avaliação da
paciente deverá ter 2 dos seguintes critérios: sin-
sialometria e biópsia de glândula salivar menor
tomas oculares, sintomas orais, testes objetivos na classificação de pacientes com Síndrome de
de secura ocular e testes objetivos de xerostomia. Sjögren. RBORL. 2005:71(3):346-54.
Além dos critérios clínicos, o paciente deverá 4. Limares FDC, Soler RC, Bussoloti Filho I.
ter um dos seguintes critérios: positividade de Manifestações de linfoma na síndrome de
Sjögren: existe relação? RBORL. 2005:71(3):342-5.
anti-Ro e anti-La e biópsia de glândula salivar
menor ou de glândula lacrimal com mais de 50 5. Jham BC, Freire ARS. Complicações bucais
da radioterapia em cabeça e pescoço. RBORL.
linfócitos em 4mm² de tecido.³ 2006:72(5):704-8.
A biópsia de glândula salivar menor está
6. Almeida JP, Kowlaski LP. Pilocarpina no
indicada quando o paciente apresenta quadro tratamento de xerostomia em pacientes
clínico compatível com a síndrome de Sjögren submetidos à iodoterapia: estudo piloto.
ou sorologia positiva para a doença.² RBORL. 2010:76(5):659-62.

Os sintomas oculares que consideramos


para o diagnóstico são: secura, sensação de Abstract
areia e o uso de lágrima artificial por mais de 3 The authors address the Dry Mouth Syn-
vezes ao dia. Os sintomas orais são: xerostomia drome emphasizing the causes, diagnosis and
diária por mais de 2 meses, edemas recorrentes
treatment options..
de glândulas salivares e a necessidade frequente
do uso de líquidos para auxiliar a deglutição.2,3 KEY WORDS: Xerostomia, Dry mouth, Dry.

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Titulação dos Autores

Editorial Felippe Felix


Médico do Serviço de Otorrinolaringologia -
Roberto Campos Meirelles HUCFF-UFRJ;
Professor Associado - FMC-UERJ; Mestre em Otorrinolaringologia - Faculdade de
Medicina-UFRJ.
Doutor em Otorrinolaringologia - USP.
E-mail: felfelix@gmail.com
Endereço para correspondência:
Rua Sorocaba, 706, Botafogo.
Rio de Janeiro - RJ. CEP: 22271-110. Artigo 2: Zumbidos.
E-mail: rcmeirelles@gmail.com
Aída Regina Monteiro Assunção
Artigo 1: Novas Terapias para Professora Assistente - FCM-UERJ;
Surdez. Chefe do Serviço de Otorrinolaringologia
HUPE-UERJ.
Shiro Tomita
Endereço para correspondência:
Professor Titular de Otorrinolaringologia da Secretaria da Otorrinolaringologia - HUPE-UERJ
Faculdade de Medicina - UFRJ; Av. 28 de setembro 77, 5°andar - Vila Isabel
Rio de Janeiro-RJ. CEP 20551-030
Chefe do Serviço de Otorrinolaringologia - Telefone: 21 2868-8120
HUCFF- UFRJ. E-mail: aidarma@uerj.br
Endereço para correspondência:
Av. Professor Paulo Rocco 255, sala 11E24, Sergio Albertino
Ilha do Fundão.
Rio de Janeiro - RJ Professor Adjunto IV - UFF;
E-mail: shiro@openlink.com.br Doutor em Neurologia - UFF.

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Artigo 3: Avaliação Diagnóstica Artigo 6: Abordagem Atual
das Síndromes Vertiginosas. das Hemorragias Nasais.

Marcelo Miguel Hueb Roberto Campos Meirelles


Professor Adjunto e Chefe da Disciplina e do (Vide Editorial)
Serviço de Otorrinolaringologia - UFTM;
Presidente da Associação Brasileira de Leonardo C. B. de Sá
Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial-
Mestre em Medicina - Cirurgia Geral /
ABORL-CCF. Otorrinolaringologia - Faculdade de Medicina-
Endereço para correspondência: UFRJ;
Av. Santos Dumont, 409;
Fellowship em Cirurgia Nasossinusal pela
Uberaba - MG. CEP 38060-600 Universidade de Graz - Áustria.
Telefone: 34 3332-3033
E-mail: mmhueb@terra.com.br
Guilherme Almeida

Camila Pazian Feliciano Médico do Serviço de Otorrinolaringologia -


HUPE-UERJ.
Médica Voluntária do Serviço de
Otorrinolaringologia - UFTM. Artigo 7: Rinossinusite
Artigo 4: Terapêutica Crônica.
Farmacológica da Vertigem Débora Braga Estevão
Ciriaco. Professora Colaboradora - FMC-UERJ.

Cristóvão T. Atherino. Roberto Campos Meirelles


Professor Adjunto Doutor da Disciplina de (Vide Editorial)
Otorrinolaringologia - FCM-UERJ.
Endereço para correspondência: Artigo 8: Rinossinusite
Rua Rodolfo Dantas 106 / 201
Rio de Janeiro - RJ. CEP 22020-040 Nosocomial.
Telefone: 21 2541-9098
E-mail: crisatherino@gmail.com. Roberto Campos Meirelles

Artigo 5: Reabilitação (Vide Editorial)

Vestibular. Fabiana Rocha Ferraz


Professora Colaboradora - FCM-UERJ.
Sergio Albertino
(Vide Capítulo 2) Artigo 9: Síndrome da boca
seca.
Rafael S. Albertino
Ivan Dieb Miziara
Pós-graduando em Otorrinolaringologia - UFF.
Professor Livre Docente - Faculdade de Medicina-
USP;
Médico Chefe do Grupo de Estomatologia da
Divisão de Clínica ORL do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina-USP.

10 Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ


Ali Mahmoud Artigo 12: Afecções
Pós-graduando do Departamento de Otorrinolaringológicas
Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina-
USP. no Idoso: O impacto da
Polifarmácia.
Artigo 10: Distúrbios da
Mônica Aidar Menon Miyake
Deglutição.
Otorrinolaringologista e Alergologista;
Geraldo Pereira Jotz Hospital Sírio Libanês, Hospital Israelita Albert
Professor Associado do Departamento de Ciências Einstein e Hospital Prof. Edmundo Vasconcelos;
Morfológicas - UFRS; Doutora em Ciências pela Disciplina de
Professor Adjunto do Departamento de Ciências Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina -
Básicas da Saúde - UFCSPA; USP;
Pós Doutorado no Swallowing Center - Especialização em Pesquisa Clínica - FCM Santa
Universidade de Pittsburgh. Casa-SP.
Endereço para Correspondência:
Silvia Dornelles Clínica Menon
Fonoaudióloga Clínica; Rua Afonso Brás 525 cj. 21
São Paulo - SP. CEP 04511-011
Professora Adjunta do Curso de Fonoaudiologia - Telefone: 11 3842-4288
UFRS. E-mail: clinica@clinicamenon.com.br

Artigo 11: Presbifonia.


Roberto Campos Meirelles
(Vide Editorial)

Roberta Bak
Médica Otorrinolaringologista;
Residência Médica em Otorrinolaringologia -
HUCFF-UFRJ;
Primeira Tenente Médica Otorrinolaringologista -
PMERJ.

Fabiana Chagas da Cruz


Médica Residente do Terceiro Ano do Serviço de
Otorrinolaringologia - HUCFF-UFRJ.

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