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http://www.psiquiatriainfantil.com.br/congressos/uel2007/087.htm
BARDY, L.R.
MASTROIANNI, E.Q.C.
BOFI, T.C
CARVALHO, A.C.
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”- Faculdade de Ciências e Tecnologia, Campus de
Presidente Prudente (UNESP)
RESUMO
Introdução:
Muito tem se comentado sobre o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), também
conhecido como Hiperatividade, não apenas na comunidade educacional como na social. Parte dessa
realidade deve-se ao fato de que a incidência desse transtorno é de 3% a 6% da população mundial.
De acordo com Oliver (2007), tal transtorno pode ser também definido como Déficit de Atenção e
Aprendizagem com Hiperatividade (DAAH), pelo fato de que a vida escolar dessas crianças torna-se
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21/07/2021 A CORRELAÇÃO ENTRE O TDAH E A PSICOMOTRICIDADE
enormemente prejudicada.
Ainda segundo Oliver, o DAAH é visto como um transtorno multifatorial associado a fatores ambientais e
genéticos, provocado provavelmente por alterações no desenvolvimento neuroemocional. Tais alterações
ocorrem nos neurotransmissores, portanto afetam a atenção e a coordenação motora.
Segundo Goldstein (1994), foram classificados quatro subtipos de TDAH: o tipo desatento, hiperativo
impulsivo, tipo combinado e um tipo não específico.
O tipo desatento evita tarefas que exigem um esforço mental prolongado; parece não ouvir; esquecimento
nas atividades diárias; não enxerga detalhes ou faz erros por falta de cuidado; distrai-se com facilidade;
dificuldade na organização.
Já no tipo hiperativo impulsivo pode-se observar inquietação; fala excessivamente; responde a perguntas
antes mesmo de elas serem formuladas; dificuldade em esperar sua vez.
O tipo combinado é caracterizado pela pessoa que apresenta os dois conjuntos de critérios do tipo desatento e
hiperativo/impulsivo.
O tipo não específico apresenta algumas características, mas insuficiente de sintomas para chegar a um
diagnóstico completo. Esses sintomas, no entanto, desequilibram a vida diária.
As causas do TDAH ainda não são plenamente conhecidas, apesar de vários estudos terem sido realizados.
Pensa-se na possibilidade do envolvimento de fatores genéticos, lesões neurológicas decorrentes de
dificuldades na gestação ou nos estágios iniciais do desenvolvimento neonatal e alterações de sistemas de
neurotransmissores (MELLO, MIRANDA, MUSZKAT, 2005). Conforme citado anteriormente, o TDAH
afeta o desenvolvimento psicomotor da criança, especificamente Equilíbrio, Noção Espaço-temporal e
Esquema Corporal.
A Psicomotricidade é a ciência que investiga o homem por meio do seu corpo em movimento e em relação a
seu mundo, tanto externo como interno, bem como suas possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro,
com os objetos ao seu redor e consigo mesmo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a
origem de aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. (Almeida, 2007).
A Psicomotricidade quer justamente destacar e aliar a relação que existe entre a motricidade, a mente e a
afetividade, elementos fundamentais para o bom desenvolvimento de uma criança.
A partir dos três meses de idade a criança já se descobre como proprietária de um corpo, e que pode através
dele ter o prazer de brincar; ao mexer os pés e as mãos e após com outras partes do corpo. Desta maneira, aos
poucos a criança obtém o domínio do próprio corpo. (Alves, 2007).
Através de estímulos ambientais, como por exemplo: experiências lúdicas com ou sem brinquedos
vivenciados por mediadores significativos à criança, o processo de maturação vai sendo desenvolvidos, de
fato.
Por isso, todo tipo de experiência corporal que a criança tenha desde pequena influenciará diretamente nas
suas experiências motoras, para que o desenvolvimento seja adequado.Sendo assim, torna-se fundamental
que qualquer criança receba estímulos desde a tenra idade, relacionada a experiências corporais para que não
haja prejuízos em seu desenvolvimento.
De acordo com Le Boulch (1982) In: Almeida (2007):
Em relação ao TDAH é importante que um acompanhamento precoce seja realizado com a criança para que
seus déficits e prejuízos advindos das características do transtorno sejam minimizados, uma vez que não há
cura, mas sim um controle das características.
Portanto, as características mais comuns do TDAH são:
- Dificuldade em manter a atenção e o esforço;
- Fracasso em inibir respostas impulsivas;
- Incapacidade de modular a excitação em níveis apropriados (ficar superecitado em algumas situações, mas
sem motivações em outras;
- Inclinação para procurar recompensa imediata. (MELLO, MIRANDA, MUSZKAT, 2005, p.69).
De acordo com Cypel, 2001 a capacidade da fixação da atenção varia-se com a idade, no entanto, é
extremamente importante para que os processos de aprendizagem, sobretudo escolar atendam às expectativas
esperadas.
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Neste ínterim, há necessidade de uma investigação sobre a correlação existente entre o transtorno e os
aspectos psicomotores, isto é compreender se há influências positivas em relação ao desenvolvimento das
crianças com TDAH após o tratamento baseado na Psicomotricidade através da aplicação de técnicas lúdicas
para que essas crianças tenham uma vida social, profissional, familiar e emocional o mais “normal” possível.
Método:
IMG1+IMG2+IMG3+IMG4+IMG5+IMG6
6
Onde:
- IMG1 é a idade motora da criança na área Motricidade Fina;
- IMG2 é a idade motora da criança na área Motricidade Global;
- IMG3 é a idade motora da criança na área Equilíbrio;
- IMG4 é a idade motora da criança na área Esquema Corporal;
- IMG5 é a idade motora da criança na área Organização Espacial;
- IMG6 é a idade motora da criança na área Organização Temporal.
O atraso é verificado através da diferença entre a idade cronológica e a idade motora geral. (IC
– IMG)
Resultados:
As avaliações demonstraram que a defasagem mais considerável entre as crianças TDAH atendidas no LAR
foi encontrada em relação ao Esquema Corporal. A segunda maior defasagem encontrada foi em relação à
Equilíbrio e Organização/Espacial.
A noção ou competência de esquema corporal tem papel fundamental no desenvolvimento da criança com o
mundo exterior, pois é vista como ponto de partida para o agir (Alves, 2007).
O Equilíbrio é uma função psicomotora bem relevante, pois não pode haver movimento sem atitude, também
não pode haver coordenação de movimento sem um bom equilíbrio, permitindo o ajustamento do homem ao
meio.À medida que ele cresce e evolui, o equilíbrio torna cada vez mais fundamental e a sua base de
sustentação (a seu tamanho e sua forma) imprescindível para sua manutenção (Alves, 2007). Assim como a
Estruturação Espacial, que tem como finalidade situar-se através do espaço e das relações espaciais para
vivermos no meio estabelecendo relações entre as coisas, fazendo observações, comparando-as,
combinando-as, vendo as semelhanças e diferenças entre elas (Alves, 2007).
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Onde:
MF = Motricidade Fina
MG = Motricidade Global
EQ = Equilíbrio
EC = Esquema Corporal
OE = Organização/Espacial
OT = Linguagem/Organização Temporal
No gráfico acima a ordenada representa a média da idade motora em anos e a abscissa representa cada
aspecto motor.
Na média das avaliações realizadas as crianças apresentaram no esquema corporal um resultado de 5 anos e 4
meses na idade motora sendo que idade cronológica elas tem em média 7 anos e 8 meses isso nos mostra que
elas obtiveram uma defasagem em média de 2 anos e 4 meses por criança. Outro aspecto que as crianças
apresentaram déficit foi o equilíbrio que em média elas apresentaram idade motora de 6 anos e meio e na
organização/espacial 6 anos e 7 meses.
A Psicomotricidade e as atividades lúdicas mostraram-se importantes e eficientes, uma vez que amenizaram
algumas das principais características do transtorno, proporcionando, assim, um melhor desempenho na vida
escolar e considerável influência na socialização.
A intervenção obteve resultados positivos nas seguintes características: agitação, impulsividade, dificuldade
com frustrações, desatenção, pois trabalha não apenas o aspecto educacional como também o psicossocial.
Todas as crianças atendidas apresentaram melhor desempenho em relação ao desenvolvimento motor.
Discussão:
Acreditamos que a defasagem em relação ao Esquema Corporal está ligada ao nível qualitativo das
experiências que as crianças têm, ou seja, como não possuem a capacidade de selecionar estímulos,
praticamente todas as experiências das crianças com o ambiente ocorrem de maneira inadequada,
desordenada, uma vez que não focam sua atenção em uma atividade por um tempo considerado ideal para
que sua realização seja proveitosa. Com essa defasagem, torna-se dificultoso que haja avanços nas outras
valências que apresentam em defasagem, pois a noção de esquema corporal pode ser encarada como
precursora das outras capacidades.
Por isso, durante o atendimento às crianças, tornou-se fundamental o enfoque as atividades voltadas ao
Esquema Corporal em simbiose com a capacidade de atenção para que êxitos pudessem ser alcançados.
A noção de Esquema Corporal compreende a noção do “eu” corporal, assim como o tônus muscular e a
mobilidade. Por isso, foi utilizado durante os atendimentos atividades que trabalhassem o controle do tônus
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Referências Bibliográficas:
ALMEIDA, G.P. Teoria e Prática em Psicomotricidade: jogos, atividades, atividades lúdicas, expressão
corporal e brincadeiras infantis. Rio de Janeiro: Wak Ed, 2006.
ALVES, F. Psicomotricidade: Corpo, Ação e Emoção. Rio de Janeiro: Wak Ed, 2007.
CYPEL, S. A criança com déficit de atenção e hiperatividade: Atualização para pais, professores e
profissionais de saúde. São Paulo: Lemos Editorial, 2001.
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