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A paz interior conduz à alegria espiritual

Fonte: Pe. Luís Bronchain, C. SS. R., Meditações para todos os dias do ano,
segundo a doutrina e o espírito de Santo Afonso Maria de Ligório, traduzidas da 13ª
edição francesa pelo Pe. Oscar das Chagas Azeredo, C. SS. R., 3ª edição, tomo
primeiro, págs. 301 a 304, Editora Vozes Ltda., Petrópolis, l959.

PREPARAÇÃO. A paz conduz à alegria espiritual, que é a expansão dela.


Meditaremos: 1º as vantagens dessa alegria; 2º por que meios a podemos adquirir. –
Um desses meios é agradecer freqüentemente ao Senhor os bens inumeráveis que
nos concede. O pensamento de que um Deus tão grande se digna ocupar-se de nós
com tanto amor é bem próprio para dilatar os nossos corações como o dá a entender
São Paulo. Semper gaudete; in omnibus gratias agite (1 Tess 5, 16-18).

1º Vantagens da alegria espiritual

O serviço de Deus parece triste e fastidioso para muitas almas; os mundanos


reputam-no até insuportável. Por quê? “Porque, diz São Bernardo, vêem apenas os
exteriores da virtude e não a alegria interior que inunda o coração dos amigos de
Deus”. Auxiliados por essa alegria deliciosa, fruto da graça, os santos carregaram
com facilidade o jugo do Senhor. Os sacrifícios contínuos que se impunham, as
próprias perseguições dos maus, nada os abatia ou diminuía o seu contentamento,
porque eles o colocavam unicamente em Deus.
A alegria santa que irradiava do seu semblante edificava o próximo e
reconduzia as almas a Jesus. Quantos corações presos pelo mundo se dariam a vós,
Senhor, se conhecessem a felicidade oculta em vosso serviço! Prova disso é a alegria
das almas boas. É uma pregação muda que melhor convence do que todos os
argumentos. Quantos pagãos não se converteram diante da alegria dos mártires no
meio dos seus tormentos! Ser-nos-ia poderoso auxílio na piedade e no cumprimento
dos nossos deveres, possuir sempre essa alegria celeste que nasce duma boa
consciência e que empresta tantos encantos à Religião e à virtude.
Por ela a nossa perseverança estaria como que garantida. E de fato donde vem
esse desgosto tão freqüente na oração, na renúncia e nos outros meios de
santificação da alma? Do pouco fervor e generosidade neles. A alegria espiritual
apresenta remédio para esse mal: dilata-nos o coração, inspira-nos coragem e
duplica de certo modo as nossas forças; torna-nos capazes de permanecer fiéis a
Deus, apesar das dificuldades e das tentações.
– Jesus ressuscitado, fazei-me participar da alegria divina que sentistes ao
sairdes glorioso do Sepulcro. Dai que eu encontre, na leitura, na oração e na
recordação da vossa bondade, os verdadeiros remédios para as minhas tristezas e
amarguras. Que a esperança de ressurgir um dia convosco e de partilhar a vossa
glória, me console em todas as aflições. Dissestes aos vossos apóstolos: “Alegrai-
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vos porque os vossos nomes estão escritos nos Céus”. Lembrai à minha alma esse
motivo de santa alegria, em todas as tribulações da vida. Fazei que eu conserve
sempre sereno o semblante, mesmo quando o meu coração é presa da angústia e
ansiedade.

2º Meios de adquirir a alegria espiritual

“Se algum de vós está triste, diz São Tiago, ore!” (5, 13). A oração dilata o
coração, conforta-o no desalento, consola-o nas aflições, dá-lhe força e coragem nos
combates exigidos pela virtude. Nada mais próprio para nos fazer saborear as
delícias da devoção do que o entretenimento constante com Aquele que é a beatitude
dos Anjos e dos eleitos! Os Santos encontravam um Paraíso sobre a Terra em
conversar interiormente com Deus, em alegrar-se com suas grandezas, perfeições e
beatitude infinita e inalterável!
E que Paraíso não encontraríamos nós, Senhor, se sempre Vos rendêssemos
graças pelos vossos inumeráveis benefícios. De Vós recebemos o ser, as faculdades,
os sentidos, a alimentação e a saúde; a cada instante concedei-nos a existência e nos
conservais a vida. Que motivo de alegria para nós o sabermos que somos objeto
duma solicitude tão terna e contínua da parte de um Deus! E que dizer das graças
que Ele nos concede na ordem sobrenatural, graças mais preciosas que todo o
universo? Que dizer, sobretudo, das prerrogativas da adoção divina, da semelhança e
união com Jesus, da presença substancial e permanente da Santíssima Trindade em
nós; da faculdade de merecer sem cessar e de obter, por nossas preces, os mais
insignes favores? Todos estes benefícios inestimáveis são certamente dignos de
nossas reflexões; a recordação freqüente deles dilata-nos o coração.
Sendo os dons divinos imutáveis, segundo o Apóstolo (Rom 11, 29), os
benefícios concedidos no passado são penhores de benefícios futuros. Daí o
abandono das almas santas, que afastam de si os vãos temores, os negros cuidados,
as inquietações pouco razoáveis, lembrando-se das palavras de São Pedro: “Ponde
em Deus todas as vossas solicitudes, porque Ele é que cuida de vós”. “Quoniam ipsi
cura est de vobis” (1 Ped 5, 7). Essas disposições de gratidão e abandono são
imensamente agradáveis a Deus e para nós são fontes abundantes de paz e de santa
alegria.
– Jesus, sabeis que um nada me abate e me torna sombrio e triste, porque me
esqueço das vossas finezas para com a minha alma. Pelos vossos méritos e pelos da
vossa Divina Mãe, concedei-me a graça de orar em meus sofrimentos, de pensar em
vossos benefícios nas minhas ansiedades, de lançar-me em vossos braços quando
tudo me parecer desesperado.

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