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com/2008/08/
Tiragem Em artigo para El País, o escritor espanhol Luisgé Martín propõe uma questão
curiosa: ler serve para algo bom? São menos corruptos, despóticos, coléricos ou
Janer Cristaldo escreve no violentos aqueles que lêem? Segundo o autor, a leitura tem uma utilidade sensorial
Jornaleco e uma utilidade prática, mas talvez não tenha nenhuma utilidade ética, que é a que
Brazzil
Baguete mais se apregoa. “No setor editorial e no mundo literário – um castelo de homens
Crônicas Anteriores
cultos, de cultivadores desse grande bem espiritual que é a leitura – se encontraria
Livros do Janer a maior concentração de indivíduos biliosos, astuciosos, hipócritas, vaidosos,
Ebooks Brasil
desequilibrados e tortuosos que conheço. Inclusive, é claro, eu mesmo”.
Arquivos
Outubro 2003
Dezembro 2003 O escritor faz algumas perguntas: são menos corruptos os que lêem? São menos
Janeiro 2004
Fevereiro 2004 despóticos em seus trabalhos ou em suas casas? Respeitam mais os sinais de
Março 2004
Abril 2004 tráfico? Sentem menos cólera, sabem dominá-la melhor? Têm maior clarividência
Maio 2004
Junho 2004
política? São menos violentos? E conclui que ler nem sempre traz proveito.
Julho 2004
Agosto 2004
Setembro 2004 Sou leitor compulsivo, daqueles que andam sempre munidos de um livro ou jornal.
Outubro 2004
Novembro 2004 Sofro de uma enfermidade que certos criadores de palavras chamam de
Dezembro 2004
Janeiro 2005 biblioagorafobia, ou seja, medo de estar em um espaço público sem um livro na
Fevereiro 2005
Março 2005 mão. Certa vez, ao revisitar meus pagos, um pedritense que eu não via há
Abril 2005
Maio 2005
décadas, comentou: “me lembro de ti. Quando guri, sempre andavas com um livro
Junho 2005 debaixo do braço”. Até hoje ando. Há quem pense que estou sozinho quando estou
Julho 2005
Agosto 2005 sozinho em um bar. Nada disso. Estou sempre bem acompanhado, seja com um
Setembro 2005
Outubro 2005 autor, seja com vários. Assim, na condição de leitor compulsivo, me reservo o
Novembro 2005
Dezembro 2005 direito a algumas considerações.
Janeiro 2006
Fevereiro 2006
Março 2006
Abril 2006
Por que lemos? Meu estímulo inicial foi o fascínio de conseguir decifrar aqueles
Maio 2006 sinaisinhos. Eu devorava o que me caísse nas mãos, fosse jornal, revista em
Junho 2006
Julho 2006 quadrinhos ou bula de remédio. Li muito a Reader’s Digest em meus dias de
Agosto 2006
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Setembro 2006
Outubro 2006
campo. A revista, se alguém dela lembra, tinha artigos em seis colunas. Bom, eu lia
Novembro 2006 na reta, seguindo sempre a mesma linha de uma coluna a outra. Não era fácil
Dezembro 2006
Janeiro 2007 entender o texto com este método. Enfim, ao final da página eu acabava pondo
Fevereiro 2007
Março 2007 ordem no relato. Lia muito rápido e misturava sílabas. Durante muito tempo, contei
Abril 2007
Maio 2007 histórias de fábulos. Só bem mais tarde, me dei conta que eram búfalos.
Junho 2007
Julho 2007
Agosto 2007
Setembro 2007
Até aí, o encantamento pela decifração. À medida que lia, o interesse passava a ter
Outubro 2007 outro foco. A leitura, fosse ficção, fosse jornalismo, me trazia notícias de mundos
Novembro 2007
Dezembro 2007 distantes. Ou de épocas distantes. Aos quinze anos, já estava lendo Platão e o
Janeiro 2008
Fevereiro 2008 Quixote. Sem sair de casa, eu tinha noções da Grécia de antes de Cristo e da
Março 2008
Abril 2008 Espanha cervantina. Nunca me ocorreu ler tendo como objetivo o aprimoramento
Maio 2008
Junho 2008 moral. Lia para conhecer o mundo e tentar entendê-lo. Foi graças à leitura que
Julho 2008
Agosto 2008
consegui libertar-me do jugo da religião, que me fora enfiada goela abaixo quando
Setembro 2008 adolescente.
Outubro 2008
Novembro 2008
Dezembro 2008
Janeiro 2009 Lia muito Tarzan na época. Não apenas a revista em quadrinhos, mas também os
Fevereiro 2009
Março 2009 livros de Edgar Rice Burroughs. Tarzan, em meio à selva, aprendera a ler sozinho.
Abril 2009
Maio 2009 Descobrira livros em uma casa abandonada na floresta e tentou decifrar aqueles
Junho 2009
Julho 2009
sinais. Dava a cada letra um valor fonético, criando assim um idioma próprio. God,
Agosto 2009 para Tarzan, era Bulutumanu. Como chegou lá, não me lembro. Mas sempre me
Setembro 2009
Outubro 2009 tocou este gesto, de alguém que consegue aprender a ler sem professor.
Novembro 2009
Dezembro 2009
Janeiro 2010
Fevereiro 2010 No ginásio, líamos muito, eu e um pequeno grupo de alunos. Para desconforto dos
Março 2010
Abril 2010 padres que eram nossos professores. Se hoje há professores que lamentam que os
Maio 2010
Junho 2010
alunos não lêem, naqueles dias nossos professores preferiam que não lêssemos
Julho 2010 tanto.
Agosto 2010
Setembro 2010
Outubro 2010
Novembro 2010 Hoje, sexagenário, continuo lendo, talvez com mais sofreguidão do que quando
Dezembro 2010
Janeiro 2011 jovem. Durante muito tempo li ficções. Não só li, como traduzi. As ficções me
Fevereiro 2011
Março 2011 traziam construções intelectuais que propunham mundos imaginários, mas
Abril 2011
Maio 2011
factíveis. Um belo dia, concluí que as ficções não passavam de contos de fada para
Junho 2011 adultos. E deixei-as de lado. Claro que sempre vou revisitar o Quixote, Viagens
Julho 2011
Agosto 2011 de Gulliver ou 1984. Mas as ficções contemporâneas, nunca mais. Tenho me
Setembro 2011
Outubro 2011 dedicado atualmente à leitura de ensaios, particularmente sobre história e religiões.
Novembro 2011
Dezembro 2011 São para mim muito mais envolventes que histórias inventadas.
Janeiro 2012
Fevereiro 2012
Março 2012
Abril 2012
E não estou conseguindo dar conta destas leituras. Deve ter uma boa meia centena
Maio 2012 de livros em minha cabeceira. Ainda não dei cabo de livros da antepenúltima
Junho 2012
Julho 2012 viagem. Talvez nem os leia. Nas viagens seguintes, encontrei títulos que me
Agosto 2012
Setembro 2012 atraíram mais. Um livro acaba relegando outro à estante dos não-lidos. Uma das
Outubro 2012
Novembro 2012 coisas que certamente lamentarei em minha viagem rumo ao Grande Nada, será
Dezembro 2012
Janeiro 2013 não ter lido o que me propus ler.
Fevereiro 2013
Março 2013
Abril 2013
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Maio 2013
Junho 2013
Volto à questão proposta por Luisgé Martín. O articulista não vê a leitura como algo
Julho 2013 que conduza necessariamente a um patamar mais nobre em nossa existência. Eu
Agosto 2013
Setembro 2013 também não vejo, nem creio que uma pessoa leia para se tornar mais sublime. O
Outubro 2013
Novembro 2013 mundo está cheio de canalhas esclarecidos, de pessoas que lêem muito para
Dezembro 2013
Janeiro 2014 melhor enganar seus semelhantes. Por exemplo, os padres. Ou os psicanalistas.
Fevereiro 2014
Março 2014 Mesmo os marxistas. A seu modo, como os judeus, os marxistas eram também
Abril 2014
Maio 2014
homens do Livro. A leitura pode libertar. Mas pode também ser um tóxico poderoso.
Junho 2014 É faca de dois legumes, como diria Lula.
Julho 2014
Agosto 2014
Setembro 2014
Novembro 2014 Pelo menos no que a mim diz respeito, leio para entender o mundo e a mim
mesmo. Leio também para curtir a beleza. Um poema de Pessoa ou Hernández, um
libreto de Da Ponte, são vinhos que nos inebriam a alma.
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Livros aproximam pessoas. Certa vez, em Paris, sentei em um café com Sobre
Heroes y Tumbas em punho. Já o havia lido há muito, mas dava mais uma
olhadela em Sábato para montar minha tese. A meu lado, sentou-se uma menina
com El Túnel. O namoro começou ali mesmo. Martín Fierro é outro ponto de
encontro. Fiz grandes amizades mundo afora em torno a José Hernández. Um leitor
de Fierro sempre adora conversar com outro leitor de Fierro.
Há leituras e leituras, é claro. Nesta minha última viagem, navegando pela costa
norueguesa, fiquei contente em ver pessoas munidas de livros, alguns com
calhamaços com cerca de mil páginas. Povo culto, pensei. Ledo engano. Sempre
que vejo alguém lendo algo, tento ver o título. Tentei e vi. Melhor não tivesse
tentado. Profunda decepção com a Noruega. Não encontrei um título decente. Havia
muita gente lendo Paulo Coelho - em norueguês -, outros tantos Harry Potter ou o
Código da Vinci. Isso sem falar naqueles best-sellers ianques, de autores que
vendem milhões mas de cujo nome nem lembro.
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"Professor, tire-me uma dúvida" pede uma senhora durante a aula, "quando vemos
negros usando aquelas camisetas com a frase 100% NEGRO, isso não é também
racismo? E se eu usasse uma escrito 100% BRANCO?" Ah sim, quase esqueço um
aspecto relevante sobre o ilustre doutor, Janer. A sigla sob a qual se candidata é o
PT... Voltemos à história. "Sim, você seria racista" foi a resposta que a pergunta-
clichê recebeu. "Os negros têm um passado de repressão, escravidão. Quantos
brancos foram escravizados no Brasil? A camiseta é não mais que uma forma de
resgatar o orgulho." (...) "Certa feita, tive a oportunidade de lecionar em
determinada faculdade para uma turma de futuros engenheiros. Vocês sabem como
engenheiros são. Tudo tem de ser exato, dois mais dois serão sempre quatro. Pois
bem, a primeira coisa que notei quando entrei na sala? Não havia um único aluno
negro. Também não havia um único corintiano, ou seja, a classe era totalmente
pura. Opa, pensei." É claro que não posso descrever toda a gesticulação do
professor petista, mas em casos como esse, por exemplo, ele sorria, se curvava e
levava as mãos à testa. Bastante cativante para boa parte dos discentes em seu
discurso e gesticulação. Bem, de volta à história. "Em determinada altura, a
propósito de outro assunto, consegui fazer um dos alunos morder minha isca e
trouxe a questão racial para a discussão. É evidente que numa sala como aquela,
de engenheiros brancos, elites, ninguém conseguiria entender esse problema.
Usaram muito o exemplo da camiseta, sabe. Falaram de igualdade real, que as
pessoas não podem receber tratamentos diferentes apenas devido sua cor, enfim.
Aquela coisa de sempre" Algumas risadinhas agora.
A coisa não ficou por aí. "É por isso que defendo as cotas" (...) "Houve tempos em
que militei na Bahia. Chegava 3 da tarde, você não estava mais preocupado em
ganhar sua causa. Pô, você ia pra praia. Tomar água de coco. Em alguns países
europeus é assim, a hora da "siesta". É por isso que quando os irmãos nordestinos
vêm para São Paulo, alguns camaradas dizem que eles são preguiçosos".
O bastante, Janer? Provavelmente você deve estar rindo da história toda, mas
ainda tem mais. Meu Q.I que já não é tão alto teve a chance de diminuir em mais
alguns pontos. " Por que nós cremos que o roubo é errado? Digam-me, o que faz
ele errado? Por que o sujeito rouba?". "Porque precisa?" arrisca um aluno. "Porque
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o CP assim dispõe" se aventura outra. "Não, caros, não" diz o professor com voz de
quem está prestes a revelar um grande segredo, "o roubo existe porque alguém
criou a propriedade privada. Entendem? Não existisse esta, o que haveria para se
roubar? Suponham que três homens estivessem perdidos numa ilha. Um deles
escolhe um coqueiro para dormir naquela noite. Vocês acham que os outros irão
reclamar? A fonte de todos os conflitos humanos é a propriedade privada. Isso é
tão claro...".
Deu para ter uma idéia? Acho que TGE será uma matéria bacana esse semestre...
Abraço,
Raphael Piaia
Fim da polêmica
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Sou indiferente, Vanderlei. Tanto faz como tanto fez. Nunca me senti lá muito
brasileiro. Nunca encontrei algo de que pudesse orgulhar-me neste país. Se
quiserem separar-se, podem até levar junto o nome Brasil. Não me faz falta.
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Há uns bons cinco anos, em artigo intitulado “Armadilha para negros”, escrevi:
O senador Paulo Paim, do PT, autor de outros projetos que só promovem o racismo
negro, já percebeu a arapuca. Para desviá-la, apresentou projeto de lei que reserva
para os negros e mulatos 46% das vagas em empresas com mais de 200
empregados e 20% dos cargos em comissão do grupo de Direção e Assessoramento
Superiores (DAS) da Administração Pública. Emenda apresentada pelo relator,
senador Papaléo Paes (PSDB-AP), determina o prazo de cinco anos após a
promulgação da lei para que as empresas com mais de 200 empregados tenham
46% de afro-brasileiros em seus quadros. Segundo o senador, o Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), 46% da população brasileira é composta por
negros.
Ora, segundo o IBGE, a população negra do Brasil, em 99, era de apenas 5,4%.
Com o acréscimo de 39,9% do contingente de mulatos, o Brasil estaria perto de ser
definido como um país majoritariamente negro, como aliás é hoje considerado por
muitos americanos e europeus. Com o projeto do senador, não teremos mais
mulatos (ou pardos, no jargão do IBGE), mas apenas afro-brasileiros. O que os
ativistas negros esquecem é que o mulato pode denominar-se tanto afro-brasileiro
como euro-brasileiro. A tônica no afro tem intenções óbvias: aumentada
artificialmente a população negra, torna-se fácil pressionar os legisladores para
obter mais vantagens para os que não são brancos. Os ativistas negros no
Congresso querem ganhar privilégios no tapetão da semântica.
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concluído que raça não existia. Agora passou a existir e deve constar em
documento. Como o branqueamento é bastante generalizado no Brasil, talvez fosse
melhor uma tatuagem ou adereço bem visível, como Hitler instituiu na Alemanha
para judeus e homossexuais. Se aprovado tal monstrengo, este país onde a
miscigenação sempre foi regra passará a discriminar oficialmente por raça. Estamos
caminhando a largos passos rumo a um nazismo negro.
“Boa parte da população negra gostou da idéia de ganhar no tapetão e não percebe
a armadilha em que os negros estão caindo: tendo entrado pela porta dos fundos
na universidade, serão naturalmente rejeitados no mercado de trabalho. Prevendo
isso, o senador já garante em seu projeto a presença de ao menos 20% de atores e
figurantes afro-brasileiros em programas e propagandas de TV. A seqüência lógica
será impor estas mesmas cotas inclusive às empresas privadas em geral,
acabando-se definitivamente com qualquer critério de capacitação”.
A seqüência lógica aí está, o famigerado projeto de lei que cria uma reserva de
mercado. O novo projeto racista do senador Paim foi aprovado pela Comissão de
Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado, quarta-feira passada.
Quando os Estados Unidos já perceberam que a idéia de cotas foi uma péssima
idéia, o Brasil a assume.
8 of 44 09/12/2020 15:42
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A Playboy continua nas bancas. Foi proibida a distribuição de novas revistas com a
foto impugnada sob pena de multa diária de mil reais. A proibição se aplica a
futuras tiragens e à publicação da foto em outras edições da Playboy.
Ou seja, atriz nua não pode. Mas o Cristo peladão, pregado a um instrumento de
tortura, está em todas as igrejas do país e até mesmo em escolas e tribunais.
Contra homens nus, o Juventude pela Vida parece não ter nada contra. Sempre
achei que os romanos escolheram o suplício errado. Se o Cristo fosse empalado,
duvido que os cristãos andassem por aí ostentando uma estaca.
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a luz.
17 Ali os ímpios cessam de perturbar; e ali repousam os cansados. 18 Ali os presos
descansam juntos, e não ouvem a voz do exator.
19 O pequeno e o grande ali estão e o servo está livre de seu senhor.
20 Por que se concede luz ao aflito, e vida aos amargurados de alma;
21 que anelam pela morte sem que ela venha, e cavam em procura dela mais do
que de tesouros escondidos;
22 que muito se regozijam e exultam, quando acham a sepultura?
23 Sim, por que se concede luz ao homem cujo caminho está escondido, e a quem
Deus cercou de todos os lados?
Ano passado, quando Bento XVI definiu o segundo casamento como uma praga
social, o recórter chapa-branca tucanopapista hifrófobo, mais papista que o papa,
definiu o italiano piaga como chaga. Um considerável séquito de carolas regozijou-
se, nos comentários do blog, com a tradução de Reinaldo Azevedo. O senso de
caridade cristã de Bento XVI estava salvo. Como se chaga tivesse grandes
diferenças de praga. Ora, na tradução oficial da bula papal ao português no site
oficial do Vaticano, lá estava: praga.
Quanto a Igreja Universal do Reino de Deus, dizer o quê? Vejam o trecho que cita o
pastor para dizer que a Bíblia admite o aborto: “Se o homem gerar cem filhos, e
viver muitos anos, e os dias dos seus anos forem muitos, e se a sua alma não se
fartar do bem, e além disso não tiver sepultura, digo que um aborto é melhor do
que ele".
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“Outro, porém, teve cem filhos e viveu por muitos anos; apesar de ter vivido
muitos anos, nunca se saciou de felicidade, e nem sequer teve sepultura. Pois eu
digo que um aborto é mais feliz do que ele. Ele chega na vaidade e se vai para as
trevas, e as trevas sepultam seu nome. Não viu o sol e nem o conhece: há mais
repouso para ele do que para o outro”.
“Un homme peut avoir une centaine d’enfants et vivre de nombreuses années. Que
vaut tout cela s’il n’est pas heureux pendant sa longue vie et s’il n’est même pas
enterre decemment? A mon avis, la condition de l’enfant mort-né est meilleur que
la sienne. En effet, celui-ci est venu comme de la fumée sans lendemain, il disparait
dans l’obscurité et personne ne se souvient de lui. Il n’a pas vu le jour et il n’a rien
connu de la vie”.
“Se alguém gerou uma centena de filhos, viveu por muitos anos e não se contentou
sua alma com tudo isto, e viu-se, ao fim, sem uma sepultura condigna, posso
assegurar que ele está um natimorto, cuja vida foi vã; em escuridão ele partiu e
pelo olvido foi encoberto seu nome, além do que não veio a conhecer a luz do sol”.
Ou seja, aborto é aborto mesmo. Qohélet, ao mesmo título que o Cântico dos
Cânticos, é um dos livros mais transgressores do Livro, e isto o recórter chapa-
branca tucanopapista hifrófobo desconhece, porque jamais leu atentamente a
Bíblia. Neste sentido, perde até para Edir Macedo.
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É espantoso que tal jornalista medíocre, faccioso e falacioso, tenha coluna na Veja.
Bucéfalo, ignorante e rasteiro é o recórter chapa-branca tucanopapista hifrófobo.
DE ROSENBURG
Prezado Janer,
Seria de bom tom enviar a peça para o cronista hidrófobo tucanopapista de Veja,
que a cada dia vai se tornando mais insuportável.
Um grande abraço,
Vinicius
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Por que uma longa investigação da Polícia Federal sobre lavagem de dinheiro e
crime organizado abalou estruturas judiciárias e do Ministério da Justiça, trazendo a
sombra da demasiada proximidade do que é corrompido e do que é corruptor sobre
a administração pública. Intriga, atentados ao Direito, bodes expiatórios, sacrifícios
rituais e o perigo de, pela prepotência e a retórica da indignação, renovar-se o
temor de Albert Camus: haverá sempre o risco do retorno da peste para sitiar
nossa cidadela novamente.
1. OS ELEMENTOS
Os dias que correm entre os semestres de 2008, quando aconteceram os fatos mais
notórios da Operação Satyagraha da Polícia Federal, têm de ficar bem
documentados. Não só com os muitos registros na internet, misturando fatos,
opiniões técnicas ou nem tanto, e especulações. Os acontecimentos que
ultrapassaram os dados formalizados nos processos judiciais, que a referida
operação suscitou, são aqueles que importam - no que respeita ao interesse público
- restando os demais restritos à perseguição penal. Além do que nos foi
apresentado como cidadãos, é preciso fazer os registros interpretativos, que
assinalem as posições marcantes, com base no Direito que tem de ser aplicado, por
trazer nele próprio seu elemento justificador, sua medida e sua necessidade. Trata-
se, em suma, de acessar a verità effetuale percebida por Maquiavel, em sua era
inquieta.
Tempos virão em que será observado o quanto as circunstâncias de agora foram
emblemáticas, puseram em teste a força das instituições, a ordem das prioridades
e a lucidez das políticas públicas. Como temia o poeta Thiago de Mello em relação à
liberdade (que, para ele, tinha de ser simplesmente vivida), a invocação no pântano
das bocas da palavra “democracia”, ou do compromisso de garanti-la, com o uso de
afirmações frementes, serviu muito ou apenas para abjurá-la, diante de um caso
concreto, histórico, retumbante, em que a retórica jurídica foi uma veste curta para
esconder a desmedida vontade de mandar ou de impor. Quando o Poder Judiciário
foi buscado para servir a esse fim, desviou-se da sua legítima investidura para
pretender implantar uma “escravatura da toga”. Ó gloria de mandar/ ó vã cobiça...
prevenira-nos Camões em seu épico.
Segundo Ortega y Gasset, Galileu Galilei escreveu: aqueles que não acreditam na
corrupção deveriam ser transformados em estátuas. Supostamente, o grande físico
se referia à transformação dos astros, trajetórias, massas, de tudo o que observava
no céu. Mas isso, na época da Inquisição, também era referir-se a outra profunda
transformação, a ideológica; mudança literal da visão do mundo. A amplitude da
frase até a sua dubiedade (que comoveu Ortega quando escrevia exatamente sobre
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2. A SINOPSE
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SATYAGRAHA (II)
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4. AS DECLARAÇÕES PÚBLICAS
Deveres dos juízes - A Lei Complementar nº. 35/79 (Lei Orgânica da Magistratura
Nacional) foi recebida pela Constituição Federal, está em vigor com todos os
dispositivos não conflitantes, e assim permanecerá até que seja editado o Estatuto
da Magistratura, cujo projeto ainda está em elaboração no STF.
No art. 36, a LOMAN dispõe: “É vedado ao magistrado (...) III – manifestar, por
qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento,
seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças de
órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos e em obras técnicas ou no exercício
do magistério.” O Presidente do Supremo violou frontalmente essa regra. Criticou
pelos meios de comunicação a atuação do juiz de primeiro grau e da Polícia Federal,
quando esta cumpria mandado ou diligência autorizados judicialmente. Nisso
incorreu em injustificável ilegalidade. Ilegalidade essa que afeta a garantia ao
direito fundamental do due process of law. E isso leva ao justo temor de crítica pelo
jurisdicionado pois, embora seja isso o que os seus olhos vêem, parece que o
Direito só emana d’Ele, e ele, erigido em Ele, é quem diz o Direito, por considerar-
se a sua fonte.
Caso tivesse ocorrido o contrário (o Juiz De Sanctis criticar publicamente as
intervenções do ministro Gilmar Mendes), estaria já em curso o processo
administrativo com finalidade punitiva daquele.
Algemas - Não se pode dizer que o STF tivesse firmado posição definitiva a
respeito do uso legal das algemas, guardado o permissivo do CPP (art. 474,
parágrafo 3º, tanto na antiga como na nova redação), que trata unicamente dos
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5. A PRIMEIRA DECISÃO
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SATYAGRAHA (III)
6. A SEGUNDA DECISÃO
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Regimento Interno daquela Corte seria o dos artigos 46 e 47, por desobediência.
Nem o ministro Celso de Mello, nem o próprio ministro Gilmar Mendes procederam
como ali está previsto. O primeiro desses julgadores, ao invés de censurar o Juiz De
Sanctis, apenas explicitou a extensão da ordem de HC que havia deferido (de
suspensão cautelar de uma ação penal). Dessa forma, não há precedente algum.
Não existe nenhuma desobediência documentada.
A desqualificação de um julgador, tentada em peça processual, é ela própria auto-
desqualificante; atenta, ela sim, contra o exercício jurisdicional pleno estabelecido
na divisão dos Poderes.
Apreciação sumária da prova dando-lhe inidoneidade definitiva - A apreensão de
um documento apócrifo não retira a validade como indício. O lugar onde foi
encontrado importa. O tempo da datação pode indicar uma linha de continuidade
até o presente. A regularidade do auto de apreensão preenche o requisito formal. A
prova pericial posterior poderá acrescer a autenticidade e a grafoscopia, a autoria.
O depoimento circunstanciado de preso, filmado na prática de ato ilícito, não pode
ser descartado definitivamente em um exame liminar. Tanto mais se o teor não foi
impugnado com base em algum vício de manifestação da vontade. Não pode ser
descartado definitivamente como res derelicta em um processo.
A suspeita de que o investigado venha a tentar a corrupção ativa, para interferir
nas investigações, quando já existe um episódio documentado mostrando isso, não
é nenhum “rematado absurdo”. Esse abuso no uso da linguagem não convém à
metodologia do processo penal; ele próprio é um deslize.
22 of 44 09/12/2020 15:42
Janer Cristaldo http://cristaldo.blogspot.com/2008/08/
O mediano conhecedor de Direito Processual sabe disso; sabe também que houve
supressão de instância na segunda decisão do Presidente do STF.
Como disse bem o procurador da República que atua na 6ª Vara Federal de São
Paulo, Rodrigo de Grandi, ao suprimir-se o rito nas instâncias intermediárias, criou-
se um foro especial para o banqueiro no STF.
O Brasil ficou mais desigual, pois a desigualdade da sociedade foi introjetada na
estrutura do Judiciário. Com soberbo despudor, a igualdade perante a lei foi
assassinada.
É digno de uma nota final o fato de que nenhuma das decisões do ministro Gilmar
Mendes tratou da “exposição pública” dos presos, do “caráter espetacular” pelo
envolvimento da imprensa e do uso abusivo das algemas. Tudo isso foi embutido no
exame do caso como um pano de fundo sem finalidade visível.
Portanto, fica a pergunta: por que fazer repetidas declarações a respeito, como que
com um propósito de desestabilizar as carreiras do juiz da causa e do delegado
chefe das investigações, se isso nunca fez parte da res in judicio deducta?
O esteio deste texto é marcar um episódio de larga repercussão, muitas implicações
já sabidas, outras por saber ou não, conforme ele se desenvolva.
Esta marcação deveria ser feita por todos os que pudessem, em honra a muitos que
devem ser repetidamente honrados. Para lembrar um só deles, basta invocar o
nome do ministro Ribeiro da Costa, que presidiu o Supremo ao tempo da escalada
do estado de exceção. Foi eleito pelos iguais, independente da medida do mandato,
até que se esgotasse o tempo da sua jurisdição. Ele manteve a lúcida defesa do
direito efetivo de que todos nós precisamos para viver, sem pompas, sem
algaravias, mas irrecusável na sua legítima grandeza, que tanto obceca poderosos
fugazes, cuja herança é só a das suas mazelas.
O mestre Paulo Rónai lembra-nos a Sátira de Juvenal: concedes licença aos corvos
e envergonhas, com as tuas censuras, as pombas.
Do episódio aqui já longamente exposto, foi tudo o que ficou.
IANOBLEFE
Amanhã, o Supremo Tribunal Federal deverá julgar a ação civil pública, impetrada
23 of 44 09/12/2020 15:42
Janer Cristaldo http://cristaldo.blogspot.com/2008/08/
Para entender melhor o que está em jogo, leia meu ensaio Ianoblefe, em
http://www.scribd.com/doc/2544728/Ianoblefe
QOHÉLET E O ABORTO
6:1 Há um mal que tenho visto debaixo do sol, e que pesa muito sobre o homem:
2 um homem a quem Deus deu riquezas, bens e honra, de maneira que nada lhe
falta de tudo quanto ele deseja, contudo Deus não lhe dá poder para daí comer,
antes o estranho lho come; também isso é vaidade e grande mal.
3 Se o homem gerar cem filhos, e viver muitos anos, de modo que os dias da sua
vida sejam muitos, porém se a sua alma não se fartar do bem, e além disso não
tiver sepultura, digo que um aborto é melhor do que ele;
4 porquanto debalde veio, e em trevas se vai, e de trevas se cobre o seu nome;
5 e ainda que nunca viu o sol, nem o conheceu, mais descanso tem do que o tal;
6 e embora vivesse duas vezes mil anos, mas não gozasse o bem, - não vão todos
para um mesmo lugar?
24 of 44 09/12/2020 15:42
Janer Cristaldo http://cristaldo.blogspot.com/2008/08/
MENSAGEM DO JOSÉLIO
o Humberto Quaglio fez a observação que iria fazer sobre a tradução de Almeida,
mas ele a fez com muita singularidade. Ademais, as versões mais recentes de
Almeida já usam a expressão filhotes em lugar de cachorros.
Josélio Silva
QUAGLIO ME CORRIGE
Prezado Janer,
Saudações,
Eu posso estar errado, mas acho que não foi um caso de desconhecimento do
espanhol. Se eu não estiver enganado, a palavra “cachorro”, em português,
significa filhote de qualquer mamífero, assim como no espanhol, e o uso da dita
palavra para designar o cão é um brasileirismo. Com o tempo, o uso da palavra
25 of 44 09/12/2020 15:42
Janer Cristaldo http://cristaldo.blogspot.com/2008/08/
Fiz apenas uma pesquisa rápida na internet, estou no trabalho e não tenho um bom
dicionário por perto. Quando chegar em casa, vou tirar a dúvida.
Mas também não penso que ele tenha sido mero produto da França de seu tempo.
Se assim fosse, a França teria gerado outros “produtos” tão expressivos quanto ele.
É óbvio que ele não teria realizado o que realizou sem ter acesso aos clubes de
aeronáutica que por aqui não existiam. Mas a França não teria visto os mesmos
feitos em 1906, por uma só pessoa, se aquele indivíduo não estivesse lá. O que
quero dizer é que seus contemporâneos franceses não fizeram nada que se
comparasse ao que ele fez sozinho, e se o meio fosse o fator mais importante,
teríamos, na mesma época e local, diversos engenheiros e aeronautas tão célebres
pelo pioneirismo quanto ele. Vale lembrar também que Santos=Dumont só foi viver
e estudar na França depois dos vinte e quatro anos, que desde sua juventude ele
mostrava aptidão natural para lidar com máquinas e mecânica, e que nunca se
26 of 44 09/12/2020 15:42
Janer Cristaldo http://cristaldo.blogspot.com/2008/08/
graduou em engenharia. O mérito pelos seus feitos não é do Brasil nem da França,
nem de Cabangu nem de Paris. É dele.
Humberto Quaglio
Touché, Humberto.
Fui conferir no Houaiss e, de fato, essa acepção existe. Só me resta pedir desculpas
ao Almeida. Mais ainda: vou suprimir este trecho da crônica, para evitar que
eventualmente seja reproduzido.
SOBRE TRADUÇÕES
Entre os livros que comprei na última viagem está o excelente Aux Origines du
Dieu unique, de Jean Soler, ensaísta que foi conselheiro cultural da embaixada da
França em Israel. São três volumes que estou devorando com avidez: L’Invention
du monotheísme, La Loi de Moïse e Sacrifices et interdits alimentaires dans
La Bible. Estou concluindo o segundo volume e já lamentando que só resta um
para ler. Soler conhece a fundo tanto o Livro como o judaísmo, e os disseca com a
precisão de um cirurgião.
Dito isto, citei em crônica passada um trecho do Gênesis: “Sucedeu que, quando os
homens começaram a multiplicar-se sobre a terra, e lhes nasceram filhas, viram os
filhos dos deuses que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si
mulheres de todas as que escolheram”.
Um leitor atento implicou com os deuses, assim no plural. Que em sua Bíblia está
“os filhos de Deus”. De fato, nas traduções ao português que tenho em minha
biblioteca, assim consta. Tanto na Bíblia de Jerusalém, quanto na edição pastoral
publicada pelas Edições Paulinas. Também na editada pelo Centro Bíblico de São
Paulo, a partir da versão francesa dos Monges Beneditinos de Maredsons, Bélgica. O
mesmo consta de minha bíblia eletrônica, a reputada tradução de João Ferreira de
27 of 44 09/12/2020 15:42
Janer Cristaldo http://cristaldo.blogspot.com/2008/08/
Almeida.
É que usei a tradução proposta por Jean Soler, “les fils des dieux”. Como os judeus
têm mais rigor quando se trata da palavra divina, fui consultar a Torá. Lá está: “os
filhos dos senhores”. Melhorou um pouco mas não muito. O plural é mantido. Mas
que senhores são esses que se opõem aos homens? Mistério profundo. Fui buscar
então em minha tradução francesa da Bíblia, editada pela Alliance Biblique
Universelle. Lá está: “les habitants du ciel”, também no plural. Mas quem são esses
habitantes do céu cujos filhos acharam belas as filhas dos homens? O mistério
persiste.
Como não entendo hebreu, prefiro ficar com a tradução proposta por Soler, que
conhece hebreu: “les fils des dieux”. Pois os deuses são muitos na época do
Pentateuco. Jeová é apenas um entre eles, o deus de uma tribo, a de Israel.
Escreve Soler: “Ora, nem Moisés nem seu povo durante cerca de um milênio depois
dele – os autores da Torá incluídos – não acreditavam em Deus, o Único. Nem no
Diabo”.
A idéia de um deus único só vai surgir mais adiante, no dito Segundo Isaías.
Reiteradas vezes escreve o profeta:
44:6 Assim diz o Senhor, Rei de Israel, seu Redentor, o Senhor dos exércitos: Eu
sou o primeiro, e eu sou o último, e fora de mim não há Deus.
7 Quem há como eu? Que o proclame e o exponha perante mim! Quem tem
anunciado desde os tempos antigos as coisas vindouras? Que nos anuncie as que
ainda hão de vir. 8 Não vos assombreis, nem temais; porventura não vo-lo declarei
há muito tempo, e não vo-lo anunciei? Vós sois as minhas testemunhas! Acaso há
outro Deus além de mim?
Ou ainda:
45:5 Eu sou o Senhor, e não há outro; fora de mim não há Deus; eu te cinjo, ainda
que tu não me conheças. (...) 21 Porventura não sou eu, o Senhor? Pois não há
outro Deus senão eu; Deus justo e Salvador não há além de mim.
28 of 44 09/12/2020 15:42
Janer Cristaldo http://cristaldo.blogspot.com/2008/08/
Mesmo assim, persistem no mesmo livro de Isaías registros dos deuses de então:
36:18 Guardai-vos, para que não vos engane Ezequias, dizendo: O Senhor nos
livrará. Porventura os deuses das nações livraram cada um a sua terra das mãos do
rei da Assíria? 19 Onde estão os deuses de Hamate e de Arpade? onde estão os
deuses de Sefarvaim? porventura livraram eles a Samária da minha mão? 20 Quais
dentre todos os deuses destes países livraram a sua terra das minhas mãos, para
que o Senhor possa livrar a Jerusalém das minhas mãos?
Em suma, o deus de uma única tribo, de repente, se proclama o deus único. Soler
nota uma safadeza nas traduções contemporâneas da Bíblia: Jeová está sumindo.
Fala-se em Deus ou Senhor, em Eterno ou Altíssimo. Como Jeová é apenas o deus
de Israel, melhor esquecer o deus tribal. Ao que tudo indica, alguns tradutores
fazem um esforço para transformar um livro politeísta em monoteísta.
CIENTISTAS VENDEM FÉ
Sei! É o famoso poder do pensamento positivo. Há uns bons cinqüenta anos, foi
moda um livrinho de auto-ajuda, O poder do Pensamento Positivo, de Norman
Vincent Peal. "Os covardes nunca tentam, os fracassados nunca terminam, os
corajosos nunca desistem. O pensamento positivo pode vir naturalmente, mas
também pode ser aprendido e cultivado, mude seus pensamentos e você mudará
seu mundo". Ou seja, se você foi premiado com um câncer, pense positivamente e
terá cura garantida.
29 of 44 09/12/2020 15:42
Janer Cristaldo http://cristaldo.blogspot.com/2008/08/
Pelo que diz a reportagem, clínicas de renome estão adotando esta postura. “No
Brasil, a nova postura faz parte do cotidiano de instituições do porte do Instituto do
Coração (InCor), em São Paulo, da Rede Sarah Kubitschek e do Instituto Nacional
de Traumatologia e Ortopedia (Into), no Rio de Janeiro, três referências nacionais
na área de reabilitação física. Nos Estados Unidos, o conceito integra a filosofia de
trabalho, entre outros centros, do Instituto Nacional do Câncer, um dos mais
importantes pólos de pesquisa sobre a enfermidade do planeta, e da renomada
Clínica Mayo, conhecida por estudos de grande repercussão e tratamentos de
primeira linha”.
Ou seja: se você tiver a desgraça de ser acometido por um câncer, ria. No bom
humor ante a doença está a cura. Largue a quimioterapia, a radioterapia, a
medicina de ponta. Ria, simplesmente. Que místicos digam besteiras, isto não me
espanta. O que me espanta é que a imprensa as reproduza, como se verdade
fossem.
30 of 44 09/12/2020 15:42
Janer Cristaldo http://cristaldo.blogspot.com/2008/08/
CONO Y COÑO
Para os leitores que não entenderam bem a diferença entre cono e coño, explico.
Cono é cone. Quanto a coño, recorro ao antigo cancionero espanhol:
No me jodas en el suelo
como si fuera una perra
que con esos cojonazos
me echas en el coño tierra.
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31 of 44 09/12/2020 15:42
Janer Cristaldo http://cristaldo.blogspot.com/2008/08/
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SOBRE VIAJAR
32 of 44 09/12/2020 15:42
Janer Cristaldo http://cristaldo.blogspot.com/2008/08/
Escrevi outro dia que quem viaja em excursão não viaja. Envolto em uma bolha de
brasilidade, leva o Brasil consigo nas viagens. Leio agora no Nouvel Observateur
relato de um viajante mais radical, o britânico Colin Thubron. Viajante profissional,
já escreveu vários livros sobre o tema e fez recentemente a rota da seda, da
Turquia à China. Do que resultou um livro, L’Ombre de la route de la soie.
Thubron gosta de viajar sozinho. Acha que a companhia de uma só pessoa pode
envolvê-lo em uma bolha de europeidade.
- Antes de tudo, é preciso saber deixar para trás de si sua própria cultura e seus
preconceitos. Certo, não se pode jamais nos desfazermos inteiramente da própria
educação e de seus reflexos culturais: é uma bagagem que se porta sempre,
sobretudo quando pertencemos à tradição do Iluminismo, como ingleses ou
franceses. Mas é preciso aprender a refutar esta herança. Daí a necessidade de
viajar só: se eu viajo com um amigo francês, apesar de nossa diferença de
nacionalidade, nós ficaríamos encerrados em uma bolha de europeidade, com o
risco de achar os outros bizarros ou risíveis. Mas se eu viajo só, sou eu que sou
bizarro aos olhos dos outros, o que me força a entender mais depressa onde estou.
A sensibilidade exacerbada de minha própria singularidade, de minha própria
vulnerabilidade, me permite fazer o esforço necessário para compreender a cultura
do outro. Nestas condições, o normal, o compreensível, é o que me cerca; a
diferença, sou eu que a encarno.
Longe de mim contestar quem faz das viagens profissão. Mas me permito discordar.
Ninguém consegue deixar para trás sua própria cultura. Própria cultura não é
sinônimo de preconceitos. A propósito, costumo afirmar que não tenho
preconceitos, mas pós-conceitos. Se abomino muçulmanos, passei a abominá-los
não antes de conhecê-los, mas depois. Brasileiro, sou ocidental e claro que herdeiro
do Iluminismo. Não vejo razão alguma para refutar tal herança. Por que razões
deveria renunciar à minha cultura para tentar entender as outras? Thubron parece
ser mais um desses contestadores da cultura ocidental que só consegue se
expressar... dentro da cultura ocidental.
Viajar é comparar. Em cada viagem, carregamos nosso passado como uma mochila
nas costas. Não adianta tentar fugir disto. Não que eu veja o mundo como
brasileiro. Vivi em outros países e tenho outros parâmetros de comparação. Mas
sempre fazem parte de meu passado. Por que despir-me do que vivi? Para entender
33 of 44 09/12/2020 15:42
Janer Cristaldo http://cristaldo.blogspot.com/2008/08/
Thubron tem um bom hábito, o de aprender as línguas dos países para onde viaja.
Claro que os rudimentos, ou então viajar só seria permissível aos grandes
poliglotas. É excelente idéia. Com um vocabulário mínimo podemos nos virar em
qualquer país. Não custa nada munir-se de um dicionário básico antes da viagem,
sem falar que todo conhecimento de línguas nos enriquece.
Thubron gosta de viajar só. É uma opção. Eu não consigo. Não entendo estar em
um bom restaurante, degustando um bom prato e um bom vinho... sem ter com
quem compartilhar a festa. Há restaurantes em Paris e Madri nos quais jamais
entraria se estivesse só. Me sentiria um paria, um intocável. Aliás, nunca vi alguém
só nesses restaurantes. Seria um reles glutão. Se eu viajasse só – hipótese que não
me ocorre – acho que só comeria sanduíches, discretamente, no mais discreto
boteco da esquina.
Não falo só de comer e beber. Seria para mim muito triste percorrer cidades ou
paisagens deslumbrantes sem ter com quem dividi-las. Há quem goste de viajar só.
Tudo bem, cada um com seu cada qual. Para mim, é deprimente. As coisas boas da
vida devem ser divididas ou não têm graça.
Já tive de viajar só, por razões profissionais. Me senti como um fantasma. Vou mais
longe: a companhia há de ser feminina. Amigos me convidam para viagens e
sempre me recuso. A viagem só é boa quando se tem alguém para fazer cafuné.
COÑO SUR?
34 of 44 09/12/2020 15:42
Janer Cristaldo http://cristaldo.blogspot.com/2008/08/
BRANCOS
Coño Sur Bicicleta Riesling 2006
Produtor: Coño Sur
Região: Bio-Bio
Importador: Wine Premium
R$ 23,80
DE PARIS, DO LEONARDO
Aqui é o Leonardo, de Paris... Espero que se lembre de mim... Nós jantamos juntos
em Saint-Germain, em maio...
Bem, escrevo-lhe para dizer que continuo acompanhando seu blog com
assiduidade. Você continua afiado, bem humorado e nos brindando com sua vasta
35 of 44 09/12/2020 15:42
Janer Cristaldo http://cristaldo.blogspot.com/2008/08/
cultura. Parabéns! É sempre enriquecedor lê-lo. Gosto muito dos seus textos,
principalmente aqueles sobre religião.
Dois assuntos que recentemente foram tratados por você lá no seu blog me
chamaram a atenção. O primeiro é a questão da nova postura britânica com relação
aos brasileiros (texto de 15/08/2008).
No final de julho, fui a um congresso em Chicago. Como nunca havia ido aos EUA,
tive que tirar um visto. Fui muitíssimo bem tratado na Embaixada deles. E, ao
desembarcar em Chicago, foi só mostrar o visto, responder a algumas perguntas
que me foram educadamente feitas e pronto. Foi chato fazer o visto? Sim, mas foi
muito melhor do que pousar nos EUA e ser despachado no vôo seguinte. A
obrigatoriedade do visto nos traria certo aborrecimento, mas nos poupa de sermos
confundidos com quem vai para se prostituir e viver na ilegalidade.
A TV francesa (por sinal, muito mais ufanista que a brasileira na transmissão dos
jogos) tem mostrado que, em matéria de chororô, os atletas gauleses não devem
em nada aos brasileiros. Alain Bernard chorou diante das câmeras quando venceu
os 100m nado livre. Laure Manadou “abriu a boca” depois de sua participação
patética nos Jogos. A equipe de handebol feminino também pranteou a cântaros,
36 of 44 09/12/2020 15:42
Janer Cristaldo http://cristaldo.blogspot.com/2008/08/
em cadeia nacional. Teve uma judoca que chorou convulsivamente quando foi
eliminada. Na esgrima e na ginástica, também teve francês chorando no pódio. E
por aí vai.
Bem, caro Janer, me desculpe pelo tamanho do email, mas é sempre muito bom
conversar com você... Aliás, gostaria de lhe fazer uma pergunta: por que não há
espaço para comentários no seu blog? Seria muito legal, ao menos para os leitores
assíduos, como eu...
Um grande abraço! Espero revê-lo na sua próxima visita a Paris. Do seu leitor e
admirador,
Leonardo
Eles sabem das coisas. Os bravos machos árabes que destruíram as Torres Gêmeas
em Nova York, intuíram de onde vem a ameaça ao Islã. Segundo o jornal sueco
Aftonbladet, a Al Qaeda está perdendo apoio no Iraque, entre outros fatores, por
proibir as mulheres de comprar pepinos. O vegetal só pode ser comprado por
homens.
37 of 44 09/12/2020 15:42
Janer Cristaldo http://cristaldo.blogspot.com/2008/08/
Sábia Al Qaeda. Dado o respeito que os muçulmanos têm pelas mulheres, pepino é
concorrência desleal. A propósito, a Al Qaeda está determinando a matança de
cabras, porque suas partes privadas são descobertas e suas colas estão sempre
erguidas. Certamente uma tentação para os militantes.
AZALÉIAS DE AGOSTO *
Era agosto. Elas se abriam em meu jardim com essa obscenidade com que sempre
se abrem as flores, cumprindo sua missão natural de flores. Quanto mais
floresciam, mais fenecias. Todos as manhãs eu atravessava aquele festival orgíaco
de vermelho, rosa, branco e roxo, rumo ao amarelo ictérico que começava a
envelopar tua pele, essa pele que por tantas décadas acarinhei. "Onde estiver, vou
sentir tua falta" - me disseste, com voz que jamais senti tão grave. Querendo
afagar-me, suspeitando que pela última vez, te enganavas. Não estarás em parte
alguma. Partiste para o grande nada, onde nada existe e ninguém sente falta de
ninguém.
Quem vai sentir tua falta, todos os dias até o último deles, é este que fica e que em
algum lugar sempre estará. Pelo menos até o dia em que não mais estiver. Quem
parte descansa. Sofre quem fica. O que até me consola um pouco. Quem está
sofrendo, pelo menos não és tu.
38 of 44 09/12/2020 15:42
Janer Cristaldo http://cristaldo.blogspot.com/2008/08/
tantas vezes acometido pela doença: qual é a mulher mais linda do mundo? Em que
geografias pode ser encontrada?
Caí em prantos. A mulher mais linda do mundo, eu a conheci. E a tive. E agora não
mais a tinha. Não a encontrara em distantes longitudes nem em países exóticos.
Encontrei-a a meu lado, neste prosaico país, e nunca mais a abandonei. Quis a vida
- ou talvez tenha quisto eu - que tivesse centenas de mulheres, algumas muitas
queridas, outras nem tanto mas também desejadas, mais uma multidão de rostos
mais ou menos anônimos, corpos sempre lembrados. Mentira da vida, mentira
minha. Em verdade, tive só uma. Tu, que partiste no auge das azaléias.
"Eu não tenho medo da morte" - me disseste ainda, um pouco antes da passagem
rumo ao nada. Mesmo desbotada pelo palor da vida que foge, estavas linda como
nunca estiveste. Em tuas quase seis décadas, conservavas ainda aquele eterno
rostinho de criança, que a passagem dos anos jamais conseguiu te roubar.
A vida nos foi pródiga, e isso é talvez o que mais machuque. Nestes últimos meses,
tenho sentido uma secreta inveja de homens que casam com megeras horrendas.
Quando elas partem, começa a felicidade. Se morrer feliz é o almejo de todo
homem, esta graça não mais está reservada a quem um dia foi feliz. É duro
conjugar certos verbos no passado. Dizia Pessoa:
Bobagens de poeta, que tanto influenciaram meus dias de jovem. Verdade que sem
ti correrá tudo sem ti. Mas isto vale para as azaléias - seres insensíveis que sequer
39 of 44 09/12/2020 15:42
Janer Cristaldo http://cristaldo.blogspot.com/2008/08/
As azaléias em breve irão perdendo seu sorriso orgíaco, suas cores fenecerão e
agosto que vem estarão de novo florescendo, despudoradas. Tuas cores feneceram
agosto passado e pelo resto de meus agostos não mais te verei florir.
Filhos com mais de 18 anos que ainda precisem da ajuda dos pais para se manter
têm direito de continuar recebendo pensão alimentícia. Com esse entendimento, o
Superior Tribunal de Justiça eternizou a adolescência. A súmula 358 – que assim
determina – não estabelece nenhuma idade limite para o fim da pensão alimentícia.
Teoricamente, marmanjos de 40 anos podem exigir judicialmente serem
sustentados pelos pais.
A REPULSA AO BELO
40 of 44 09/12/2020 15:42
Janer Cristaldo http://cristaldo.blogspot.com/2008/08/
"Não usa roupa provocativa. Cuidado com teus olhares e gestos. Não fica só com
um homem, mesmo que seja conhecido. Não permite familiaridades de teus amigos
ou parentes. Não admite conversas ou piadas picantes”. Estas edificantes
recomendações foram escritas pelo padre Sergio Roman Del Real, como material
preparatório para o VI Encontro Mundial das Famílias, a celebrar-se no México em
janeiro próximo.
Uma das coisas boas do mundo contemporâneo, a meu ver, é esta nonchalance
com que as mulheres se despem, mesmo estando vestidas. Nenhuma mulher anda
nua nas ruas, mas tem tantas nesgas de nudez que é quase como se nua estivesse.
Ao pudico sacerdote não agrada nem um pouquinho a generosidade com que as
mulheres nos brindam com seus encantos. Padre Sérgio considera a exibição do
corpo como prostituição: “Quando exibimos nosso corpo sem recato, sem pudor, o
prostituímos porque provocamos nos demais sentimentos em relação a nós aos
quais não têm direito, a não ser que desejemos ser propriedade pública, isto é, que
nos prostituamos mentalmente. Isso é a pornografia: uma prostituição mental”.
Se alguém imagina que isto seja pudor de católico, traduzo outra notícia, do mesmo
El País. No assentamento judeu de Betar Illit, na Cisjordânia, onde vivem 40 mil
colonos ortodoxos, um jovem de 19 anos, David Biton, teve a cara quebrada pelos
“guardiães do recato”, por ter saído na noite de sexta-feira passada com jovens de
sua idade. Qualquer semelhança com a polícia dos costumes da Arábia Saudita não
é mera coincidência. Um menina de 14 anos teve o rosto queimado por ácido por
vestir calças. Qualquer semelhança com os radicais argelinos que jogavam ácido no
rosto de universitárias que não portavam véu, tampouco é coincidência. “Não lhes
agrada quando vêem um rapaz e uma moça juntos, embora sejam irmãos, ficam
muito nervosos”, diz Biton.
“De noite, em meu leito, busquei aquele a quem ama a minha alma; busquei-o,
porém não o achei. Levantar-me-ei, pois, e rodearei a cidade; pelas ruas e pelas
praças buscarei aquele a quem ama a minha alma. Busquei-o, porém não o achei.
Encontraram-me os guardas que rondavam pela cidade; eu lhes perguntei: Vistes,
41 of 44 09/12/2020 15:42
Janer Cristaldo http://cristaldo.blogspot.com/2008/08/
Em Betar Illit vivem os haredis, judeus ortodoxos que cumprem estritamente com
as normas do “recato”, sempre lembradas em imensos cartazes distribuídos pela
cidade: saia longa e camisa de manga longa para as mulheres. Para os homens,
calças pretas, camisa branca e chapéu preto ou quipá, em função da seita à qual
pertençam. Quem se desviar destas normas terá a ver-se com a polícia –
clandestina – do recato.
Muitos rabinos endossam estas normas. Um outro haredi de Betar Illit, que teme
revelar sua identidade, tenta explicar: “O mundo haredi não sabe muito bem como
reagir. A Internet e os celulares derrubaram muros que nunca antes haviam sido
ultrapassados em nossa comunidade, por isso agora os extremistas tentam levantá-
los de novo. E por isso alguns rabinos legitimam a violência”.
A menina que teve o rosto queimado, de medo já nem sai de casa. Em junho
passado, um desconhecido a abordou em um parque jogou-lhe o conteúdo de uma
garrafa que só mais tarde ela descobriu ser ácido. “Teu rosto é lindo demais para
esta cidade”, disse antes de atacá-la. Teve o rosto deformado e por sorte o ácido
não lhe atingiu os olhos. O pecado da menina foi passear pela cidade de calças.
Segundo Moshe, em Jerusalém há um grupo que joga ácido na roupa das mulheres
quando a saia ou a manga das camisas são demasiado curtas. Outros sobem nos
ônibus para assegurar-se de que as mulheres estão bem vestidas e não se
42 of 44 09/12/2020 15:42
Janer Cristaldo http://cristaldo.blogspot.com/2008/08/
Os judeus são hostis à beleza. Como também os cristãos, que surripiaram para si o
Livro. Me reporto ao primeiro livro da Bíblia. Lá está, em Gênesis 6, 1:
Daí o dilúvio. Porque as filhas dos homens eram belas, Jeová extermina homens,
animais, répteis e aves do céu. É de supor-se que os peixes, que nadavam, tenham
sobrevivido. O Livro nada nos diz sobre esta grave questão teológica. Assim como
torna o trabalho uma obrigação maldita, o primeiro livro da Torá amaldiçoa também
a beleza.
SUBMISSÃO TOTAL
"...Não tomeis amigos entre eles até que emigrem para Deus. Se virarem as costas
e se afastarem, capturai-os e matai-os onde quer que os acheis. E não tomeis
43 of 44 09/12/2020 15:42
Janer Cristaldo http://cristaldo.blogspot.com/2008/08/
nenhum deles por confidente ou aliado... capturai-os e matai-os onde quer que os
encontreis, porque sobre eles vos concedemos poder absoluto" (Sura 4.89,91).
"Mas quando os meses sagrados tiverem transcorrido, matai os idólatras onde quer
que os encontreis, e capturai-os e cercai-os e usai de emboscadas contra eles"
(Sura 9.5).
O Islã não exige a submissão dos não-muçulmanos. Mas, pelo que vemos, a Suécia
já se rendeu aos bárbaros. Submissão total.
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