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Logo, a escravidão no Brasil construiu uma estrutura na qual o racismo se assentou, tanto no âmbito
econômico, quanto no psíquico. A mão de obra colonial brasileira consistiu num modo pelo que fomos
sugestionados a enxergar a raça e a desenvolver todos os estigmas que, até hoje, são muito vibrantes. A
herança deixada pelo sistema mercantilista colonial foi o que o caracterizou e até hoje caracteriza a estrutura
da questão racial, como uma consequência de um sistema, em que, conforme mencionado anteriormente,
os escravos eram "as mãos e os pés do senhor de engenho". A partir do momento em que foi colocada a raça
como sinônimo de classe dentro do sistema hierárquico escravocrata, desenvolveu-se uma estrutura que rege
a economia e a sociedade hoje em dia. Dessa forma, a problemática é muito profunda, pois está vinculada à
estrutura construída pela colonialidade, a qual universalizou e internalizou premissas etnocêntricas
(negligentes em relação ao relativismo das posições culturais) que são pretexto para o tratamento social
distinto entre grupos, que não é, sob hipótese alguma, decorrência da natureza, mas de processos culturais
e de falsificações ideológicas que orientaram as hodiernas práticas e comportamentos políticos coletivos, os
quais são absolutamente excludentes
Portanto, faz-se necessário operar criticamente de modo a dispersar a névoa de desconhecimento que
recai sobre a nossa História, que é, antes de tudo, a relação recíproca existente entre o passado e o presente,
cujas bases foram lançadas no primeiro, marcado pela expansão de um sistema econômico excludente que
segue hegemônico. A maioria esmagadora dos brasileiros vive dentro de um espectro em que a escravidão é
pensada como um problema exclusivamente colonial, quando, na verdade, ela se intensifica após a
Independência e a formação do Brasil como nação. A apatia moral oriunda de tais mitos é prejudicial, pois
inibe a compreensão do presente e corrobora os abusos aos quais às memórias de indígenas e negros
africanos importados como mercadorias foram submetidos. O “Ser Senhor de Engenho” é um título que foi
apenas ressignificado.