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Em um mercado de trabalho

MARKETING
cada vez mais concorrido,
ter formação superior,

MARKETING PESSOAL E ETIQUETA


PESSOAL E
especialização ou conhecimento
de outro idioma pode não ser
mais um diferencial.

ETIQUETA
Considerando-se a quantidade
de profissionais disponíveis
para uma mesma função, com
competências e qualificações GABRIELA GUCKERT DE OLIVEIRA
GABRIELA GUCKERT DE OLIVEIRA
semelhantes, você já parou
para pensar sobre como se
diferenciar? Nesta obra, são
apresentadas respostas para essa
e outras perguntas, além de
técnicas, ferramentas e

Gabriela Guckert de Oliveira


sugestões sobre marketing
pessoal e etiqueta para que você
possa estabelecer ou repensar
seus objetivos, aproximando-se,
assim, de sua realização
profissional.

Código Logístico Fundação Biblioteca Nacional


ISBN 978-85-387-6546-2

58978 9 788538 765462


Marketing pessoal e
etiqueta

Gabriela Guckert de Oliveira

IESDE
2019
© 2019 – IESDE BRASIL S/A.
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do detentor
dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: IESDE Brasil S/A

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO


SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
O47m
Oliveira, Gabriela Guckert de
Marketing pessoal e etiqueta / Gabriela Guckert de Oliveira. - 1. ed. - Curitiba [PR]:
IESDE Brasil, 2019
94 p.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6546-2
1. Sucesso nos negócios. 2. Comportamento organizacional. 3. Autoprojeção. Eti-
queta comercial. I. Título.
CDD: 650.1
19-60251
CDU: 005.336.6

Todos os direitos reservados.

IESDE BRASIL S/A.


Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200
Batel – Curitiba – PR
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Gabriela Guckert de Oliveira
Pós-graduada em Direito Aduaneiro e Comércio Exterior pela Universidade do Vale
do Itajaí (Univali). Graduada em Direito pela Faculdade Cesusc (mantida pelo Complexo
de Ensino Superior de Santa Catarina). É gerente comercial. Atua como professora no
ensino superior, ministrando disciplinas de Marketing Pessoal e Etiqueta.
Sumário

Apresentação 7

1 O marketing pessoal e a comunicação no ambiente corporativo 9


1.1 Mercado e economia 9
1.2 Marketing pessoal e sua importância no ambiente de trabalho 11
1.3 Marketing pessoal como ferramenta para estabelecer objetivos e metas 15
1.4 Comunicação interpessoal 16
1.5 Networking 20

2 Valorização da própria imagem profissional 25


2.1 Construção da marca pessoal 25
2.2 Como manter a imagem de marca? 30
2.3 Como recuperar uma imagem “arranhada”? 32
2.4 Diferentes posturas em diferentes ambientes corporativos 34

3 Regras de etiqueta no mundo corporativo 39


3.1 Ética e civilidade 39
3.2 Apresentação e postura 42
3.3 Etiqueta nas redes sociais 44
3.4 Boas maneiras no ambiente corporativo 48

4 Mercado de trabalho 55
4.1 Currículo 55
4.2 Entrevista 62
4.3 Negociação e pretensão salarial 66
4.4 Empreendedorismo e trabalhos autônomos 68

5 Comunicação oral e escrita em contextos formais 73


5.1 Carta, memorando e e-mail 73
5.2 Comunicação por telefone 79
5.3 Palestras e apresentações 81
5.4 Erros que devem ser evitados na comunicação 84

Gabarito 89
Apresentação
Em um mercado de trabalho cada vez mais concorrido, ter formação superior, especialização
ou conhecimento de outro idioma pode não ser mais um diferencial. Considerando-se a
quantidade de profissionais disponíveis para uma mesma função, com competências e qualificações
semelhantes, você já parou para pensar sobre como se diferenciar? Nesta obra, apresentamos
respostas para essa e outras perguntas, além de técnicas, ferramentas e sugestões sobre marketing
pessoal e etiqueta para que você possa estabelecer ou repensar seus objetivos, aproximando-se,
assim, de sua realização profissional.

Dessa forma, abordamos, no primeiro capítulo, questões conceituais de marketing e suas


conexões com a economia e o marketing pessoal, bem como conhecimentos teóricos e práticos
de comunicação interpessoal, que facilitam o reconhecimento do indivíduo no mercado de
trabalho. Além disso, demonstramos como o marketing pessoal, desde que sempre pautado
por autoconhecimento, originalidade e honestidade, torna-se uma excelente ferramenta para
alcançarmos metas.

Seguindo esse contexto, no segundo capítulo, aprofundamos algumas orientações e noções


para a construção, a manutenção e a recuperação da marca pessoal para que você possa ter uma
postura apropriada no ambiente de trabalho e, consequentemente, ampliar seu valor de mercado.

Levando em consideração que o convívio em sociedade, com o objetivo de promover um


ambiente harmonioso para todos, deve ser pautado pelo respeito e pela educação, construímos
o terceiro capítulo, no qual são apresentadas orientações sobre boas maneiras e etiqueta on-line
e off-line. Esses direcionamentos são formados com base nos conceitos de ética e civilidade, de
modo a contribuir para a formação da marca pessoal.

No quarto capítulo, abordamos questões para aprimorar a propaganda pessoal por meio do
currículo e da entrevista. Fundamentados nas regras de civilidade e boas maneiras – também essenciais
em uma situação de novo emprego –, lidamos com situações de negociação entre entrevistado e
entrevistador. Mas, caso seu objetivo não seja conseguir um emprego e trabalhar como celetista, não
desanime! Nesse capítulo, conheceremos, ainda, a livre iniciativa (empreendedorismo) e os trabalhos
autônomos, compreendendo os desafios envolvidos nessas áreas.

Por fim, no último capítulo, mergulhamos na comunicação verbal e escrita, retomando


as noções de comunicação interpessoal. Dessa maneira, explicamos os padrões e as estruturas
profissionais adequados para e-mails, cartas ou memorandos, além de abordarmos os
comportamentos apropriados na realização de palestras e apresentações, citando os erros mais
comuns e que devem ser evitados na comunicação.

Este livro não se limita apenas às questões conceituais, mas trata também das questões
práticas do mercado, com exemplos didáticos que podem ajudá-lo no entendimento da matéria e
no desenvolvimento de uma visão holística sobre o assunto. Ao proporcionar dicas sobre o processo
de inserção e comportamento no mercado de trabalho, permite que você identifique o seu valor,
que será percebido pelo contratante. Esta obra apresenta, ainda, um momento de reflexão sobre o
caminho a ser traçado e o que fazer para transformar objetivos em realidade.
Bons estudos!
1
O marketing pessoal e a comunicação no ambiente
corporativo

Neste capítulo, abordaremos as questões conceituais do marketing e suas conexões com


economia e marketing pessoal, bem como conhecimentos teóricos e práticos de comunicação
interpessoal e a percepção das pessoas diante dessa interação, que levam ao sucesso no
ambiente de trabalho.

1.1 Mercado e economia


Para entender as tendências do mercado de trabalho e do marketing, é importante conhecer
economia, sistemas econômicos e mercados existentes, pois, assim, conseguiremos definir “onde
estamos” e “para onde vamos”.
A economia é um dos fatores primordiais para traçar uma estratégia de marketing apoiada
no entendimento do perfil de consumo, com base em fatores de gasto e renda, e para estabelecer
o público-alvo das ações de marketing. Afinal, como a economia pode ser definida? Para os
economistas clássicos como Adam Smith (1996), a economia é a ciência que estuda produção,
distribuição, circulação e consumo dos bens e serviços, ou seja, que estuda riqueza.
E como a economia e o marketing estão relacionados? De acordo com Ciletti (2017), as
empresas trabalham para que seus produtos e serviços sejam necessários aos consumidores. Dessa
forma, eles precisam escolher o seu serviço/produto em detrimento de algum outro, uma vez que
os recursos são escassos. As necessidades e os desejos são ilimitados, enquanto os recursos são
limitados, gerando a escassez.
Ainda de acordo com a autora, a tendência é comprar mais quando o preço é menor.
Segundo a lei da oferta e da procura, a quantidade de demanda de um produto relaciona-se
inversamente ao preço: quanto mais baixo o preço, maior a demanda (CILETTI, 2017). Além
disso, os consumidores escolhem produtos e serviços que geram satisfação conforme a utilidade
econômica, ou seja, precisam estar disponíveis no momento em que o consumidor deseja
(utilidade de tempo), onde o consumidor deseja (utilidade de lugar), na forma atual como o
produto se apresenta (utilidade de forma) e devem possibilitar a aquisição/posse do produto de
diversas maneiras (utilidade de posse).
Todos os conceitos econômicos elencados estão intimamente relacionados à estratégia de
comercialização, e os sistemas econômicos explicados nos próximos parágrafos respondem a três
perguntas relevantes para o planejamento de qualquer companhia: Quais bens e serviços serão
produzidos? Como serão produzidos? Para quem serão produzidos?
De acordo com Ciletti (2017), temos quatro tipos de sistemas econômicos que se
desenvolveram com o tempo e são conceituados da seguinte forma:
10 Marketing pessoal e etiqueta

• Economia tradicional: tem como premissa a satisfação das necessidades básicas das
pessoas por comida, vestuário e moradia. Está na base da pirâmide e tudo é definido por
costume e tradições.
• Economia de comando: o governo controla todos os recursos e determina o que será
produzido. Nesse sistema, o indivíduo não se beneficia diretamente do seu trabalho. É
utilizado em Cuba e na Coreia do Norte.
• Economia de mercado: a oferta e demanda movimentam a economia. Tudo se baseia
na pura escolha dos indivíduos sobre quais produtos desejam comprar, escolaridade,
carreiras. Aqui temos o capitalismo puro, conceituado na obra de Adam Smith (1996).
• Economia mista: esse sistema mescla a economia de mercado com a economia de
comando e é utilizado na maioria dos países, conhecido como capitalismo.
A economia do Brasil é mista, os indivíduos são livres para possuir propriedade privada e é
permitida a livre concorrência visando ao ganho econômico, contudo, o governo regula os negócios
e detém outros, bem como possui programas governamentais para apoiar membros da sociedade.
Exemplos clássicos de órgãos reguladores de negócios são o Conselho Administrativo de Defesa
Econômica (Cade), que avalia os atos de concentração econômica prejudiciais à livre concorrência, e
o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), que regulamenta a veiculação de
publicidade no país. Acerca da ajuda à sociedade, o Brasil possui uma vasta lista de programas nas áreas
da educação e saúde.
A partir de 1930, durante o governo de Getúlio Vargas, iniciou-se, no Brasil, o período
da industrialização e desenvolvimento, com a instalação de indústrias, como siderúrgicas
e petroquímicas, e o aumento significativo da renda per capita no país. Aqui temos a primeira
geração do marketing no Brasil, recebida com receio pela indústria e com pouca utilização em
vendas e promoções.
Após 1969, ocorre o Milagre Econômico. Nesse período, o produto interno bruto (PIB)
brasileiro cresceu 12% e o Brasil começou a receber investimento estrangeiro, bem como
tivemos grandes avanços, como a Ponte Rio-Niterói, a Usina Hidrelétrica de Itaipu, a Rodovia
Transamazônica, os shopping centers, os hipermercados e a popularização da televisão. Com isso,
o marketing passou a ser estruturado nas empresas por meio de estratégias de promoções e venda,
utilizando o magnetismo da televisão e das rádios FM. As revistas e publicações começaram a
entender melhor o seu público e a segmentar as edições.
Entretanto, logo após essa gloriosa era, o país se viu afundado em dívida externa e com uma
inflação vertiginosa. Para conter essa inflação e tentar aquecer a economia, tivemos diversos planos
econômicos fracassados até chegarmos ao Plano Real, que denotou uma estabilidade monetária.
Durante esse período, o marketing no Brasil se organizou e se preocupou com o planejamento e a
formatação das identidades corporativas (a imagem das empresas).
Atualmente, a economia do país está sofrendo com grande instabilidade econômica.
Entretanto, o marketing está evoluindo, assim como a tecnologia, buscando atrair novos
clientes, manter os atuais e antecipar as necessidades de todos. A comunicação e o marketing de
O marketing pessoal e a comunicação no ambiente corporativo 11

relacionamento são mais importantes do que nunca. A noção de marketing deixou de ser a de um
único departamento para se enraizar em toda a companhia, com a “visão cliente”.
As inovações tecnológicas, principalmente os meios de comunicação e a tecnologia da
informação, mudaram a forma do fornecimento de serviço, e as empresas precisam se reinventar e
buscar a satisfação plena dos consumidores, que são cada vez mais exigentes. O perfil de consumo
se renova em uma velocidade assustadora e a máxima utilizada por empresas, administradores e
colaboradores é a frase de Peter Drucker (2002): “mude antes que seja preciso”.
Assim como a economia, a administração também evoluiu, acompanhando as tendências de
mercado e se adequando à nova realidade. O administrador tem responsabilidades específicas, de
acordo com o nível gerencial, mas algumas características são essenciais para a sua transformação
em um verdadeiro líder, tais como: determinação, capacidade de motivar, interação com indivíduos
e empresas, coragem, adaptabilidade, competência, boa comunicação com colaboradores, carisma
e disposição para aceitar responsabilidade.
As qualidades e competências mudam de acordo com a época e com o mercado em que se
encontram. É certo afirmar que grande parte das competências e habilidades exigidas hoje são
diferentes das que serão procuradas daqui a 50 anos. O site da revista Época Negócios tem uma
gama de reportagens sobre esses assuntos e a mais relevante para o nosso tema é a da jornalista
Bruna Castro (2018), que trata das habilidades para as profissões do futuro, com destaque especial
para a resiliência, o bom relacionamento com as máquinas e a construção da marca pessoal. A
jornalista aponta que, em 2030, a população mundial chegará a 8,6 bilhões de pessoas de acordo
com a Organização das Nações Unidas (ONU). Assim, é necessário nos tornarmos conhecidos e,
por isso, a construção da marca pessoal é tão importante e valorizada.
Pensando nisso, devemos sempre nos atualizar, criar nossa marca/identidade e estar atentos
às constantes mudanças da sociedade e economia.

1.2 Marketing pessoal e sua importância no ambiente de trabalho


Antes de falarmos de marketing pessoal, é importante entender o conceito de marketing.
Ouvimos constantemente que o marketing nas empresas é estratégico ou que marketing é sinônimo
de estratégia. Será que é isso mesmo? Ou o marketing é um processo puro de venda?
Ambas as afirmações estão parcialmente corretas, mas o marketing não é só isso. A origem
da palavra é inglesa e, no português, se aproxima da palavra mercadologia; é o estudo das relações
de consumo, que visa aumentar o fluxo de vendas.
Para Kotler (2006, p. 4), o marketing é “um conjunto de processos que envolvem a criação, a
comunicação e a entrega de valor para clientes, bem como a administração do relacionamento com
eles”, ou seja, a fidelização/manutenção do cliente.
O marketing é uma estratégia que visa estimular a troca entre indivíduos para que obtenham
o que desejam e aquilo de que necessitam, ou seja, a percepção de valor é essencial.
Desejo e necessidade precisam estar atrelados à satisfação; não adianta desejar e precisar de
algo se, ao final, não houver satisfação para ambas as partes:
12 Marketing pessoal e etiqueta

você faz uma transação monetária quando vai a uma loja e troca dinheiro
por uma garrafa de água gelada. A água é valiosa para você, pois está com
calor e sedento, e o dinheiro é valioso para a loja porque ela lucra ao vender
a água. Porém, a troca deve entregar satisfação: o desempenho do produto ou
serviço deve atender às expectativas do consumidor. Se a água “gelada” estiver
morna, a troca não será satisfatória. Você pode até voltar à loja para reclamar.
(CILETTI, 2017, p. 5)

Contudo, o marketing não envolve apenas a venda do produto. De acordo com a autora, as
principais funções do marketing são: planejamento, administração do produto/serviço, promoção,
venda, precificação, distribuição, administração de informações de marketing, financiamento e
gestão de risco (CILETTI, 2017). Diante dessas funções, depreende-se que o marketing envolve
todo o negócio, desde o desenho das estratégias e a projeção de novos produtos até a análise de
performance, reprecificação e redução dos riscos relacionados às decisões negociais.
Considerando que marketing é uma troca entre duas partes, desde que haja valor envolvido,
o emprego também é uma forma de troca, uma vez que se espera que o trabalho desenvolvido gere
valor para o empregador e que em troca o colaborador receba uma remuneração, previamente
negociada diante dos serviços prestados. Após a negociação do salário e das funções no início da
relação laboral, precisamos cumprir com todas as promessas de conhecimento e competências que
afirmamos possuir, visando à manutenção da relação de emprego e a outros cargos na empresa.
Esse é um paradoxo, uma vez que, em processos seletivos, não precisamos exagerar, fazendo
afirmações como “conheço tudo de Excel”, mas, sim, ser honestos com nós mesmos e com os
recrutadores. Aquele que reconhece suas dificuldades e se esforça para melhorar demonstra
integridade, pois a essência do marketing pessoal é a verdade. Precisamos reconhecer a verdade
para que possamos construir relações duradouras e significativas.
É preciso despertar a atenção por atitudes consideradas positivas, com muita destreza e
sem aparentar falsidade, como uma bijuteria de má qualidade passando-se por ouro. Conforme
esclarece Persona (2009, p. 84, grifo nosso), “quando a desconfiança prevalece, a esperteza tem
menor expectativa de vida. Hoje é preciso ser o que o cliente quer ver, não apenas aparentar”.
O marketing pessoal aplica os mesmos conceitos e funções do marketing só que ao indivíduo,
ou seja, promover, vender, precificar, distribuir, planejar, analisar, entre outros. Ele visa tanto ao
aprimoramento pessoal quanto ao profissional, com estratégias e métodos definidos, valorizando
o ser humano e ajustando o comportamento aos objetivos e interesses pessoais. Ritossa conceitua
marketing pessoal de modo simples e direto:
um conjunto de ações planejadas que facilitam a obtenção de sucesso
pessoal e profissional, seja para conquistar uma nova posição no mercado
de trabalho, seja para manter sua posição atual. Essas ações compreendem
não só a divulgação de uma melhor imagem de nós mesmos, mas também o
aprimoramento de nossas deficiências e o investimento em nossas qualidades.
(RITOSSA, 2012, p. 17, grifos nossos)

O objetivo do marketing pessoal é agregar valor a si mesmo para a construção de uma


imagem positiva, conduzindo o indivíduo ao sucesso. Nesse contexto, o indivíduo é considerado
um produto que pode ser aprimorado, de acordo com as palavras de Tascin e Servidoni:
O marketing pessoal e a comunicação no ambiente corporativo 13

Atualmente, para se destacar no mercado de trabalho a tendência é cada


vez mais as pessoas utilizarem o marketing pessoal que, além de ajudar a
identificar os pontos fortes, pode fortalecê-los, na medida em que agrega valor
à imagem da pessoa, ajudando a identificar e desenvolver talentos, habilidades
e competências. Hoje, além de criar e consolidar uma imagem positiva no
mercado, é fundamental ser reconhecido por ela. E isso o marketing pessoal
pode fazer, pois valoriza o ser humano, seus atributos e características, com
o objetivo de possibilitar a utilização plena das capacidades e potencialidades
não somente na área profissional como também na área pessoal. (TASCIN;
SERVIDONI, 2005, p. 3)

É importante considerar que no marketing pessoal precisamos ter mais cuidado, uma vez
que o produto de uma empresa pode ser relançado, mas, quando o produto somos nós, fica difícil
fazer vários recalls sem deixar uma mancha na imagem. Por exemplo, quanto mais crimes um
indivíduo comete, maior será a sua ficha criminal e, consequentemente, maiores serão as máculas
em sua imagem. Por mais que a pessoa “pague” o que deve à sociedade, sempre será um reincidente
criminal. Esse é um exemplo drástico, mas podemos ver esse caso em situações cotidianas, como
mentiras reiteradas, promessas não cumpridas etc.
Um bom exemplo do que não se deve falar em uma entrevista, ou para amigos, é a afirmação
de que só aceitará trabalhar por R$ 15.000,00, sabendo que a média de mercado para a vaga
almejada é de R$ 5.000,00. Se não houver uma justificativa adequada para o pedido (em razão de
suas competências e habilidades), todos pensarão que você está delirando. Além disso, as chances
de você ser chamado para outra entrevista poderão diminuir.
Por isso, é essencial uma autoanálise para conhecer muito bem o seu produto (pontos fortes
e fracos) e ter uma visão ampla do mercado (concorrência, precificação, ameaças e oportunidades),
permitindo que possamos nos qualificar e nos diferenciar perante os concorrentes. Parte do
amadurecimento é conhecer quem somos e quais são nossos interesses, ou seja, quais são as
atividades que nos dão prazer e refletem nossas habilidades.
Uma ferramenta que pode nos ajudar com essa percepção é a análise SWOT, comumente
utilizada em empresas para avaliar circunstâncias internas (forças e fraquezas) e externas
(oportunidades e ameaças). Identificar essas questões é fundamental para traçar metas e elaborar
um planejamento de marketing, com planos de ação para potencializar os pontos fortes, desenvolver
os fracos, bem como aproveitar ao máximo as oportunidades encontradas.
Outra ferramenta que pode nos apoiar é o MBTI, teoria de Bárbara Barron-Tieger e Paul
Tieger que analisa os diferentes tipos de personalidade e os trabalhos compatíveis, fazendo com
que a carreira seja satisfatória e prazerosa.
O intuito do marketing pessoal é o crescimento pessoal e profissional, visando à atualização de
competências, habilidades, conhecimentos específicos e gerais e, assim, possibilitando a visibilidade
de suas características. Em outras palavras, é a comercialização de nossas competências e habilidades.
Vale lembrar que a embalagem precisa ter conexão com o conteúdo, não adianta a embalagem
estar impecável se o produto não corresponde ao que foi vendido. Lembre-se também de que todos
temos defeitos; é normal e intrínseco ao ser humano, uma vez que ninguém é perfeito. O importante
14 Marketing pessoal e etiqueta

é jogar limpo e se sentir confortável com essa vulnerabilidade, pois somente ao assumirmos nossa
condição real conseguiremos nos permitir mudar e melhorar como pessoas. Se assumimos que já
sabemos tudo e que nosso maior defeito é sermos “perfeccionistas”, estamos nos limitando e nos
fechando às oportunidades de aprendizado que a vida pode nos proporcionar. Afinal, ninguém vai
explicar algo que já “sabemos”.
Se no marketing a palavra central é troca, no marketing pessoal é a mudança. Em outras
palavras, o marketing pessoal nos auxilia na transformação, na evolução do ser humano para uma
versão aprimorada, iniciando pelo caráter e passando pelo comportamento, atitude e marca pessoal:
Marketing pessoal é uma questão estrutural. Começa no caráter, passa pelo
comportamento e atitude até chegar à reputação, que é a marca que você deixa
nas pessoas. Clientes esperam algo de você, e cabe a você entregar aquilo que está
dentro ou além das expectativas deles. Como vai fazer isso? É preciso começar de
dentro para fora. Qualquer estratégia de marketing pessoal que se concentre apenas
na imagem – naquilo que seu cliente percebe aqui e agora – pode ser facilmente
desmascarada em um mundo onde todos se comunicam com uma facilidade nunca
vista. É claro que vai ser preciso uma boa dose de inteligência no processo, se o
que se busca é o marketing pessoal. Na falta dela, só resta o animal. (PERSONA,
2009, p. 16, grifo nosso)

Mudar não é fácil e não acontece do dia para a noite. É importante termos técnica e foco.
Contudo, nos mantermos motivados não é tarefa simples. Por isso, Ciletti estabelece algumas dicas
que podem nos ajudar:
• Reconhecer e definir a característica a ser modificada. Seja específico.
• Estabelecer uma estratégia para essa mudança. Faça um plano de ação
esboçando os passos que possibilitarão realizar essa mudança.
• Praticar ativamente essa estratégia. Quanto mais esforço colocar nela,
provavelmente melhores serão os resultados.
Avaliar seu sucesso. Se sua estratégia funciona, ótimo para você. Se tiver
dificuldade, revise seu plano de ação e o ajuste conforme necessário.
(CILETTI, 2017, p. 72)
O marketing pessoal vai muito além de aparência e regras de etiqueta; trata-se de algo
profundo com diversos componentes, que precisam estar atrelados e passando a mesma mensagem.
Não adianta estar com uma ótima aparência e um comportamento inconveniente ou, ainda,
ter uma ótima postura e não cumprir com o que vendeu. Essas incongruências limitam nossas
oportunidades, uma vez que transparecem uma imagem negativa e falsa.
Não adianta apenas ser, é preciso parecer e vice-versa. Às vezes, disfarçamos alguns
sentimentos para atender às boas práticas de convívio e às boas maneiras. Entretanto, não podemos
esquecer os nossos valores, que serão o termômetro de até onde é aceitável/conveniente disfarçar.
Conforme afirma Persona:
estou morrendo de dor de cabeça, mas meus clientes não precisam sofrer com
minha cara feia. Então sorrio, melhorando minha qualidade de expressar
aquilo que meus clientes esperam ver em mim. [...] Mas tome muito cuidado,
pois maquiagem demais acaba escorrendo. Nunca esconda totalmente seus
O marketing pessoal e a comunicação no ambiente corporativo 15

sentimentos sob o risco de parecer falso. Nem tente construir uma reputação
sem ter um alicerce de caráter, ou a casa cai. É sempre mais caro reformar e o
resultado nunca é o mesmo. (PERSONA, 2009, p. 19)

Encerraremos respondendo à questão central desta seção: Qual é a importância do marketing


pessoal no ambiente de trabalho? A resposta é simples. Conforme vimos, essa é uma das formas
de conquistar sucesso no mundo profissional, demonstrando valor, habilidades e competências,
bem como desenvolvendo nossos pontos fracos com alternativas razoáveis para alcançarmos os
objetivos e metas que foram traçados.

1.3 Marketing pessoal como ferramenta para estabelecer objetivos


e metas
O marketing pessoal nos faz olhar para dentro. Contudo, muitas vezes ficamos confusos e
em dúvida acerca de quem somos e do que queremos e, com toda essa bagunça, não conseguimos
construir nossa marca e muito menos vendê-la de modo adequado. O primeiro passo para nossa
introdução ao marketing pessoal é definir metas e objetivos com base em nossos principais valores,
bem como nos planos de ação para alcançá-los.
Após uma análise individual1, conseguimos traçar o caminho a ser percorrido para
alcançarmos nossas metas e objetivos. Empresas com uma governança estruturada e visão de
mercado possuem planejamento estratégico e declaração de missão, visão e valores. Já os indivíduos
podem elaborar um plano de marketing pessoal, definindo aonde querem chegar e quais valores
permearão sua trajetória.
Assim como empresas, os indivíduos também devem estabelecer sua missão, visão e valores. A
missão é conceituada como a razão da existência de cada pessoa, já a visão é a nossa percepção sobre
nós mesmos, é a busca pelo ponto em que queremos chegar. Conforme conceitua Melo (2012, p. 101),
“a visão reflete as aspirações da empresa na forma de como ela se vê no futuro, considerando-se em
média um período de cinco a dez anos”.
Por fim, devemos pensar: Quais são os nossos valores? O que valorizamos? Nossos valores
são o que de fato importa, são eles que norteiam nossas atitudes e geralmente são influenciados
pela cultura e pela sociedade. Eles refletem o que é verdadeiramente importante para nós, o que
nos dá significado.
De acordo com os sociólogos, “valores” são: “Os ideais e costumes de uma
sociedade para os quais as pessoas têm uma consideração especial”. Eu
prefiro definir valores de uma forma mais pragmática: “Valores são um
método simplificado de descrever o que é importante para nós, individual ou
coletivamente (como uma organização, comunidade ou nação) em qualquer
momento no tempo”. Eles são simplificados porque os conceitos que os valores
representam podem normalmente ser entendidos com uma palavra ou frase
curta. Por exemplo: honestidade, abertura, compaixão, perspectiva de longo
prazo e direitos humanos podem ser considerados valores. Os valores são
universais: eles transcendem contextos. (BARRET, 2017, p. 34)

1 Como discorrido na seção anterior (análises SWOT e MBTI).


16 Marketing pessoal e etiqueta

Os valores estão intimamente relacionados a nossa personalidade, essência e limites


éticos e morais. Encontrá-los é descobrir algo significativo em nossas vidas, caso contrário, nos
preocuparemos com causas frívolas, que não merecem a nossa atenção, e nos tornaremos pessoas
fúteis, impactando nossa imagem social, uma vez que nosso posicionamento diante dos assuntos
polêmicos e relevantes será tão vazio quanto nossos valores.
A partir do momento que conseguimos estabelecer nossa missão, visão e valores, podemos
traçar nossos objetivos e metas; tudo isso com propósito/significado claro em nossas vidas. Ciletti
(2017, p. 75) define os valores e objetivos da seguinte forma: “valores referem-se à forma de viver
sua vida – as coisas que lhe são importantes. Objetivos são o você que quer fazer com a sua vida.
Planejar seus objetivos com base em seus valores pode ajudá-lo a obter sucesso”.
Os objetivos e as metas mudam no decorrer de nossa vida, assim como nós. Seja por uma
tragédia, nascimento, perda de um emprego, feedback significativo ou, ainda, por uma mudança
na fase da nossa vida. Por exemplo, objetivos e metas de muitos familiares ou amigos próximos
mudaram ou foram revistos após a tragédia de Brumadinho (janeiro de 2019) ou o acidente da
TAM no aeroporto de Congonhas (julho de 2007). Contudo, seus valores permanecem inalterados,
uma vez que são princípios que direcionam suas vidas.
Para Ciletti (2017), os objetivos precisam ser: acionáveis – são realísticos, podem ser
alcançados; limitados – são mensuráveis e específicos o bastante para medir o progresso alcançado;
e atraentes, ou seja, importantes para atingir algo que queremos muito.
Por fim, para tangibilizar seus objetivos, escreva-os e estabeleça os planos de ação para
alcançá-los. Lembre-se de que o intuito é alcançar os objetivos traçados! Para isso, utilize o mesmo
conceito das metas corporativas, que não podem ser baixas/fáceis demais, mas também não podem
ser inalcançáveis.

1.4 Comunicação interpessoal


Evoluímos dos gestos para as imagens, sons e sinais gráficos e, hoje, a comunicação é o que
nos define e nos diferencia dos animais irracionais. De acordo com Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.),
“o homem é um animal social”, que necessita comunicar-se e viver em sociedade. Diante desse
conceito, muitos estudiosos desenvolveram teorias acerca do tema comunicação. Rego (2007, p. 24)
afirma que “somos animais sociais pelo que necessitamos comunicar e esta necessidade transcorre
também nas organizações, pois são espaços onde desenvolvemos uma parcela significativa de nossas
vidas e onde necessitamos satisfazer as nossas necessidades profissionais ou mesmo pessoais”.
A área da comunicação recebeu contribuição de diversas áreas do conhecimento, tais como
a ética, a filosofia e a civilidade, que são a base da sociedade e da comunicação interpessoal que
conhecemos. A comunicação pode ser conceituada como a habilidade de se comunicar com o
outro e estar em constante evolução e aprimoramento.
E qual é a relação do marketing pessoal com a comunicação? A comunicação é a forma de
exteriorizar nossas habilidades e competências. Conforme a definição de Persona (2009, p. 19),
O marketing pessoal e a comunicação no ambiente corporativo 17

“o marketing pessoal começa com uma autoanálise e continua com a melhoria contínua de suas
atitudes, habilidades e competências, até chegar à comunicação disso para o mundo exterior”.
A origem da palavra comunicação é do latim communicatio e significa tornar comum. Significa
transmitir uma mensagem, informar, ter boa argumentação, ou seja, um bom comunicador se faz
entender de modo claro pelo maior número de pessoas. É a forma que o indivíduo externa o que
está em seu interior. Desse modo, precisa ser simples e o processo só ocorre quando o receptor da
mensagem entende a informação, ou seja, precisa haver uma comunicação efetiva entre o emissor
e o receptor da mensagem. É importante observar que o contexto pode influenciar o entendimento
da mensagem ou, ainda, podem ocorrer ruídos que distorcem a compreensão. Observe o esquema
da Figura 1, que mostra o processo de comunicação.
Figura 1 – Processo de comunicação

CONTEXTO

Jorgen Mcleman/Shutterstock
Jorgen Mcleman/Shutterstock

Almieva Raikhan/Shutterstock
Canais de
comunicação

EMISSOR DA RECEPTOR DA
MENSAGEM MENSAGEM MENSAGEM

RUÍDO

FEEDBACK

Não pode haver dúvidas! Caso contrário, a comunicação não foi bem-sucedida, provavelmente
por algum ruído. Para as matérias de exatas, ruído é tudo aquilo que distorce a qualidade de um sinal.
Esse conceito também pode ser aplicado na área de humanas, sendo ruído aquilo que atrapalha,
confunde, distorce ou interfere de alguma forma no processo de comunicação pela ausência de
clareza do emissor, falta de atenção do receptor ou até por excesso de barulho no local.
A comunicação pode ser verbal (oral e escrita)2 ou não verbal (expressões faciais, gestos,
mímicas). Ambas as comunicações precisam estar conectadas. Não adianta falar “sim” e gesticular
“não” com a cabeça. Com certeza essa inconsistência será percebida pelo receptor da mensagem,
que não a compreenderá. Se não há compreensão, não há comunicação, uma vez que a comunicação
apenas se dá quando o receptor interpretar/receber a mensagem da mesma forma que ela foi emitida.
Especialistas afirmam que a linguagem não verbal corresponde a até 65% do total de
mensagens enviadas e recebidas. Portanto, é essencial prestar atenção às nossas reações e às do
outro, visando construir nossa imagem com gestos, expressões e posturas a nosso favor.
Temos cada vez mais meios/canais de comunicação, como WhatsApp, Skype, Telegram, e
as redes sociais (Facebook, Twitter), além dos meios tradicionais, como e-mail, telefone, televisão,
rádio e papel (escrita, desenho). Vale ressaltar que o canal é tão importante quanto a forma de

2 Será estudada no Capítulo 5.


18 Marketing pessoal e etiqueta

comunicação, uma vez que precisa ter sinergia com a realidade do receptor. Por exemplo, não é
eficaz enviar uma mensagem de WhatsApp ou e-mail para alguém que está sem internet.
Dificilmente conseguimos acompanhar a quantidade de informação que recebemos
diariamente, principalmente pelo fato de que já saímos da era da informação, que possuía
crescimento linear, e estamos na era da inovação, em que o crescimento é exponencial diante da
digitalização do mundo.
Apesar de a comunicação ser um tema amplo e complexo, vamos nos concentrar na
comunicação organizacional, que decorre dos agrupamentos de pessoas que fazem parte de uma
organização, integrando todas as áreas da comunicação de modo sinérgico. Segundo Kunsch (2002,
p. 149-150), “a comunicação organizacional pressupõe a junção da comunicação institucional,
da comunicação mercadológica, da comunicação interna e da comunicação administrativa, que
formam o composto da comunicação”.
Dentro da comunicação empresarial, está inserida a comunicação externa, voltada aos
públicos externos da empresa, como a mídia, a comunidade de seu entorno e os fornecedores; e a
comunicação interna, voltada aos colaboradores e sócios.
Na comunicação externa, podemos englobar tanto a comunicação institucional – atividades
de relações públicas, assessoria de imprensa, imagem organizacional, marketing social – quanto a
comunicação mercadológica – atividades tradicionais de publicidade, marketing direto, promoção
de vendas, eventos, merchandising e venda pessoal.
A comunicação interna é um conceito que merece aprofundamento. Para Heath (2005,
p. 430-432), ela é “realizada para os funcionários de uma organização, trata das relações entre os
empregados e seus superiores, cujo objetivo deve ser não apenas compartilhar informações, mas
também construir a compreensão e resolução de conflitos para que os resultados sejam positivos”.
Como os colaboradores são os maiores recursos de qualquer organização, cada vez mais as
empresas buscam melhores formas de se comunicar com seus clientes internos, utilizando abordagens
que variam desde treinamentos, reposicionamento da cultura organizacional e programas de incentivo
para integração de funcionários até ações de melhoria do clima organizacional.
Os colaboradores são comumente chamados de clientes internos em razão de serem os
primeiros a “comprar” os produtos ou serviços vendidos pela empresa em que trabalham. Eles são
a porta de entrada, o mostruário, o portfólio de toda a empresa. Conforme exemplifica Persona,
a resposta eu vi na TV. Na tela o repórter entrevistava um jovem trabalhando na
produção de uma fábrica de bombons.
— Já enjoou de tantos bombons? — perguntou o repórter esperando uma
resposta afirmativa.
— De maneira nenhuma! — exclamou o rapaz, como se a pergunta fosse
absurda. — É impossível não gostar deste bombom! Tem o recheado com
morango, o recheado com baunilha...
E assim continuou ele, falando para milhares de telespectadores com os olhos
brilhantes daquela satisfação que só pode nascer da paixão. Senti até vontade.
O marketing pessoal e a comunicação no ambiente corporativo 19

Ali estava alguém que acrescentava sabor à marca que representava. O repórter
nem precisava perguntar onde estava o quadro com a visão, a missão ou os
valores daquela empresa. Estava bem ali, na sua frente. (PERSONA, 2009, p.
24-25, grifos nossos)

Não adianta a empresa gastar milhões em consultoria especializada para elaborar uma
pomposa declaração de missão, visão e valores se esses valores não estiverem intrínsecos no dia a
dia da companhia e refletidos em seus colaboradores. Declarações sem fundamento na realidade
cotidiana da empresa soam falsas.
E qual é a relação entre motivação, valores e comunicação interna? A resposta é simples.
A melhor forma de engajar alguém é por meio da comunicação eficaz, transparente e empática.
Dessa forma, os colaboradores se sentem devidamente informados e compreendidos, e, por
consequência, motivados.
De acordo com experiências nos ambientes corporativos, a melhor forma de tornar uma
comunicação interna eficaz é por meio da transparência e construção de uma relação de confiança,
convergindo para que todos estejam na mesma sintonia. Para que isso ocorra, é importante que
haja conexão entre os valores da companhia e os dos funcionários, ou seja, é necessário um
propósito maior do que a troca de salário por trabalho. Caso contrário, aos poucos os funcionários
se tornarão desmotivados e o único fator que os fará permanecer na empresa é um bom salário.
Nesse caso, ninguém vestirá a camisa da empresa, não haverá cumplicidade, espírito de equipe e
tampouco empatia. Assim, a empresa morrerá por dentro.
Problemas de comunicação custam caro às empresas, gerando conflitos e desvirtuando
bons colaboradores. Por isso, companhias de sucesso não medem esforços e investem pesado
em endomarketing, visando ao melhor entendimento de seus colaboradores acerca dos objetivos,
história e cultura da organização. Isso se traduz em produtividade e resultado financeiro, evitando
o desperdício do principal recurso da empresa: seus colaboradores. Em outras palavras, a
comunicação organizacional é uma estratégica para todos os negócios.
Cumpre salientar que a comunicação é a essência de nossa sociedade e uma competência
primordial no contexto profissional, uma vez que tudo é permeado por pessoas. Assim, nossa
forma de nos relacionar com o outro impacta diretamente nossa produtividade no ambiente
corporativo. Um ótimo exemplo é a pesquisa noticiada pelo site da revista Época Negócios
(NOGUEIRA, 2017), que comprova que falar pessoalmente é 34 vezes mais eficiente do que
enviar um e-mail com o mesmo pedido ou argumento.
Em síntese, é essencial desenvolver cada vez mais habilidades relacionadas à comunicação,
alcançando qualidade nas relações interpessoais. Se você acha que não sabe se comunicar muito
bem, lembre-se de que sempre há tempo para aprender e desenvolver novas competências, e nada
melhor do que o ambiente acadêmico para estimular o aprendizado.
20 Marketing pessoal e etiqueta

1.5 Networking
Sem comunicação, não há como manter um relacionamento. Ela transmite sentimentos,
emoções e experiências, permite adquirir e ampliar outros conhecimentos, amplia a nossa rede de
relacionamentos e contribui para alcançarmos nossos objetivos.
É preciso cultivar amizades com o prazer do convívio, seja por meio de um telefonema, de
redes sociais ou de uma visita com a demonstração sincera de bons sentimentos. A arte de conviver
precisa ser praticada e aprimorada todos os dias; esse hábito sempre melhora a vida e pode nos
surpreender positivamente.
A comunicação é fundamental para o ser humano conhecer pessoas, descobrir caminhos e
oportunidades de troca e crescimento e, sobretudo, alcançar seus objetivos. Existe uma influência
em relação ao outro quando estabelecemos uma comunicação clara, com base em um vocabulário
adequado, boa postura e respeito às opiniões diferentes.
Nesse contexto de relacionamento e comunicação, o networking é complementar ao marketing
pessoal, sendo uma ferramenta valiosa para criar e manter relacionamentos dentro e fora do ambiente
corporativo, com diversos benefícios, como aumentar o contato em seu círculo social e apoiar as
oportunidades de um novo negócio ou parceria e a troca de informações e conhecimentos.
Além disso, o networking tem um efeito multiplicador: um amigo pode apresentar outro
amigo ou colega de profissão para a troca de conhecimento e experiências ou, ainda, para
multiplicar aspectos positivos ou negativos a seu respeito. Ter um bom currículo é essencial, mas
nem sempre é o suficiente para conseguir um emprego. Conhecer alguém que trabalhe na empresa
e que reconheça que você pode agregar valor à organização pode ser determinante para alcançar
aquela vaga tão sonhada.
Pense na seguinte situação: você está procurando emprego e quanto mais pessoas souberem,
maiores são as suas chances de alcançar esse objetivo, uma vez que um dos seus contatos pode
colocá-lo em contato direto com o recrutador da vaga. Contudo, esse cenário pode ser benéfico ou
trágico, tudo depende da visão que as pessoas têm de você.
Palestras, simpósios, happy hours, jantares, almoços, eventos, workshops, cursos e reuniões
são excelentes oportunidades de ser notado e criar sua rede de contatos, sendo ideais para a troca
de cartões e experiências. Cada conversa é uma oportunidade para expandir a sua rede de contatos.
As redes sociais podem ser grandes aliadas para facilitar a aproximação com profissionais que
estão e que já passaram por sua vida profissional ou, ainda, para seguir influenciadores da sua área
de interesse. O LinkedIn é a rede ideal para essas conexões. Por isso, é necessário mantê-la atualizada
para que os profissionais da sua rede saibam sua trajetória profissional e onde o encontrar. Importante
notar os ensinamentos de Menezes (2015) acerca do assunto.
Durante o networking, nosso trabalho é igual ao de um agricultor: devemos
plantar sementes de ideias que fiquem germinando na cabeça das pessoas após
o encontro, para só depois colher seus frutos. São essas sementes que irão nos
ajudar a conseguir uma reunião de negócios com a pessoa, e é nesta reunião que
devemos colher as sementes que plantamos durante o networking. (MENEZES,
2015, p. 182)
O marketing pessoal e a comunicação no ambiente corporativo 21

No momento de estabelecer sua rede de contatos, cuidado com os exageros para não parecer
interesseiro. Para uma relação ser saudável, ela precisa ter equilíbrio e ser “vantajosa” para ambas
as partes, não apenas no aspecto profissional, mas também no pessoal. Além de pegar informações,
dicas e escutar atenciosamente as críticas, dê a sua contribuição. Isso fará com que as pessoas
queiram participar do seu círculo de amizade.
Apesar de sempre nos envolvermos com pessoas parecidas conosco ou da mesma área de
conhecimento, é importante nos relacionarmos com pessoas de outras áreas, de diversos níveis
sociais, culturais, econômicos e profissionais, com opiniões divergentes da nossa, dispostos a
criticar nossas decisões e escolhas. É dessa premissa que parte uma das palestras do filósofo Mário
Sérgio Cortella (TER..., 2017), em que afirma que “uma das coisas mais perigosas da vida é gente
que concorda com você o tempo todo. Um adversário fraco te enfraquece. Um concorrente burro
te emburrece. Uma oposição frágil, fragiliza um governo”. Esse tipo de oposição estimula nosso
crescimento pessoal e profissional, desde que a discordância seja respeitosa.
É importante ressaltar que não adianta sair convidando todas as pessoas a participarem
da sua rede de contatos, pois a qualidade é representada pelas pessoas certas e é mais importante
que a quantidade. Devemos nos cercar de pessoas positivas, focadas em resolver problemas e com
senso crítico apurado, bem como estar nos ambientes certos para termos conexão com os objetivos
e interesses delas, uma vez que estar conectado a vários grupos e indivíduos sem critério não é
networking. Brasil (2015) cita cinco valiosas dicas para que sua rede de contatos recorde de você de
modo positivo:
1. Não é somente seu líder direto que pode lhe promover, mas principalmente
como você se relaciona com todos a sua volta.
2. Sua imagem profissional é construída a vida toda. Anos de dedicação
podem ser perdidos por um descontrole emocional grave que o coloque na
“geladeira” profissional.
3. “Engolir sapos” muita das vezes é uma virtude. Feliz é aquele que tem “jogo
de cintura” para lidar com os desafios da comunicação e do relacionamento
com o outro.
4. Gerar reflexão e autoconsciência sobre suas atitudes fará de você um
profissional maduro e honesto consigo mesmo, pois isso lhe permitirá
grandes aprendizados.
5. Esteja aberto a feedbacks, seja de amigos ou pessoas que você não valoriza
tanto. Receba-o como um “presente”. Se não estiver pronto para desembrulhá-
lo, aceite-o e “abra” na hora certa. Mesmo que lhe pareça improvável, pense
que o conteúdo desta informação é a imagem que você está gerando ao seu
redor.

Além dessas dicas, algumas regras são primordiais em qualquer situação:


• Não seja uma pessoa chata e desinteressante. Por isso, leia, vá ao teatro e ao cinema e
esteja bem informado acerca do mundo a sua volta. Ninguém gosta de conversar com
alguém sem cultura e com papo apenas do mundo corporativo.
• Seja gentil e ofereça ajuda aos seus contatos.
22 Marketing pessoal e etiqueta

• Se precisar de um favor, tenha certeza de que o pedido foi claro, evitando desperdiçar
qualquer oportunidade.
• Comece por um assunto que interesse a ambos.
• Exponha suas ideias com parcimônia e sempre peça a opinião do seu contato. Afinal, é
uma conversa e não um monólogo.
• Não faça mensagens genéricas para disparar numa lista de transmissão ou mala direta.
Personalize seus textos.
Por fim, fechamos este capítulo ressaltando que um bom networking significa conhecer as
pessoas certas que podem dar referência sobre você ou indicá-lo a alguma empresa e mantê-las em
sua rede de contatos.

Considerações finais
Neste capítulo, compreendemos que o marketing pessoal está em evidência por ser uma
ferramenta poderosa na busca de suas metas e objetivos, bem como no aprimoramento dos pontos
fracos e na valorização das qualidades, facilitando o reconhecimento do sujeito no mercado de
trabalho. Como ele está atrelado ao esforço, à dedicação e à personalidade de cada indivíduo, a partir
do momento em que definimos o que é importante para nós, conseguimos traçar metas e objetivos, e
o marketing pessoal é uma excelente estratégia para alcançá-los, gerando benefícios.
Autoconhecimento e honestidade são a chave para o marketing pessoal, nos permitindo
analisar as discrepâncias entre a imagem que temos de nós mesmos e a percepção de terceiros.
Esse tipo de análise nos traz oportunidade de crescimento e até mesmo humildade, característica
essencial para qualquer profissional bem-sucedido.
Quanto mais o utilizamos, maiores são as chances de construirmos relacionamentos
profissionais sólidos com uma extensa rede de contatos nos diversos meios de atuação.

Ampliando seus conhecimentos


• PERSONA, M. Marketing pessoal – entrevista Mundo do Marketing. [Entrevista cedida
a] Mundo do Marketing. Mario Persona Comunicação & Marketing, 2019. Disponível
em: http://www.mariopersona.com.br/entrevista_mundo_marketing.html. Acesso em:
24 set. 2019.
Mario Persona é referência em marketing pessoal. Nessa entrevista, são abordados
elementos essenciais e dicas valiosas sobre o tema.

• PROCESSO de comunicação. [S. l.: s. n.], 2012. 1 vídeo (6 min). Publicado pelo canal
Daniela Ramos. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=_C3AmzKpJbQ.
Acesso em: 24 set. 2019.
Vídeo produzido para o curso de Especialização em Coordenação Pedagógica da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), na Sala Práticas e Espaços de
O marketing pessoal e a comunicação no ambiente corporativo 23

Comunicação, pela professora Daniela Karine Ramos com o apoio do Laboratório de


Novas Tecnologias (Lantec/CED). Conteúdo didático sobre o conceito e o processo de
comunicação, bem como dicas para se comunicar de modo claro.

• KARKOSKI, E. Mensuração de campanhas: o desafio de transformar o subjetivo em


objetivo. Aberje, 16 maio 2016. Disponível em: http://www.aberje.com.br/colunas/
mensuracao-de-campanhas-o-desafio-de-transformar-o-subjetivo-em-objetivo/. Acesso
em: 24 set. 2019.
Breve coluna que contempla os desafios da comunicação interna no ambiente corporativo,
principalmente a mensuração de resultado das campanhas.

• BASILIO, P. As habilidades que seus filhos vão precisar ter no futuro (programar não é
uma delas). Época Negócios, 22 out. 2018. Disponível em: https://epocanegocios.globo.
com/Carreira/noticia/2018/10/habilidades-que-seus-filhos-vao-precisar-ter-no-futuro-
programar-nao-e-uma-delas.html. Acesso em: 24 set. 2019.
Ótima matéria jornalística sobre as habilidades do futuro, enfatizando a questão da
comunicação, empatia e trabalho em equipe.

Atividades
1. Reflita sobre quais são os impactos que a satisfação gera nos clientes e responda: Por que a
satisfação é um importante componente de troca em termos de marketing?

2. Como um trabalho pode ser uma troca e qual sua conexão com o marketing?

3. Diante da frase “Se você não sabe o que quer, provavelmente nunca conseguirá alcançar
seus objetivos”, descreva dois de seus objetivos, fundamentando com os respectivos valores
e estabelecendo os planos de ação para alcançá-los.

Referências
BRASIL, D. O mundo é uma ervilha: criando relacionamento interpessoal no trabalho. Linkedin, 3 dez. 2015.
Disponível em: https://www.linkedin.com/pulse/o-mundo-%C3%A9-uma-ervilha-daniele-brasil. Acesso
em: 8 ago. 2019.

BARRET, R. A organização dirigida por valores: liberando o potencial humano para a performance e a
lucratividade. Rio de Janeiro: Alta Books, 2017.

CASTRO, B. 5 super-habilidades que você vai precisar para as profissões do futuro. Época Negócios, 20 jul.
2018. Disponível em: https://epocanegocios.globo.com/Carreira/noticia/2018/07/5-super-habilidades-que-
voce-vai-precisar-para-profissoes-do-futuro.html. Acesso em: 24 set. 2019.

CILETTI, D. Marketing pessoal: estratégias para os desafios atuais. São Paulo: Cengage Learning, 2017.

DRUCKER, P. O melhor de Peter Drucker: obra completa. São Paulo: Nobel, 2002.
24 Marketing pessoal e etiqueta

HEATH, R. L. Encyclopedia of Public Relations. London: Sage Publications, 2005.

KOTLER, P. Administração de marketing. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.

KUNSCH, M. M. K. Planejamento de relações públicas na comunicação integrada. 2. ed. São Paulo: Summus
Editorial, 2002.

MELO, L. R. D. Comunicação empresarial. Curitiba: IESDE, 2012.

MENEZES, J. Transformando networking em negócios. Rio de Janeiro: Alta Books, 2015.

NOGUEIRA, P. E. Falar pessoalmente é 34 vezes mais eficiente do que enviar um e-mail. Época Negócios, 04
nov. 2017. Disponível em: https://epocanegocios.globo.com/Carreira/noticia/2017/11/falar-pessoalmente-e-
34-vezes-mais-eficiente-do-que-enviar-um-e-mail-diz-estudo.html. Acesso em: 24 set. 2019.

PERSONA, M. Marketing de gente: o marketing pessoal como suporte para o principal ativo das empresas. 2.
ed. Joinville: Clube de Autores, 2009. E-book.

REGO, A. Comunicação pessoal e organizacional: teoria e prática. Lisboa: Edições Sílabo, 2007.

RITOSSA, C. Marketing pessoal: quando o produto é você. Curitiba: InterSaberes, 2012. E-book.

SMITH, A. A riqueza das nações: investigação sobre sua natureza e suas causas. São Paulo: Nova
Cultural, 1996. v. I.

TASCIN, J. C.; SERVIDONI, R. Marketing pessoal: uma ferramenta para o sucesso. Revista Científica
Eletrônica de Administração, Garça, ano V, n. 9, dez. 2005.

TER inimigo é bom. [S. l.: s. n.], 2017. 1 vídeo (7 min). Publicado pelo canal Poppi Lava Rápido Alexandre Poppi.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ksAqSJhOdkA. Acesso em: 24 set. 2019.
2
Valorização da própria imagem profissional

No capítulo anterior, entendemos as noções de marketing pessoal e imagem e a importância da nossa


marca como fator de diferenciação no mercado de trabalho. Agora, vamos aprofundar o tema com orientações
para a construção, manutenção e recuperação da marca pessoal, convergindo para uma postura apropriada
no ambiente de trabalho.

2.1 Construção da marca pessoal


Como vimos no capítulo anterior, nossa vida está repleta de escolhas e descartes, e é nesse ponto
que o marketing nos ajuda a escolher entre centenas de marcas existentes. No ambiente corporativo não
é diferente, temos um leque imenso de stakeholders, desde fornecedores, colaboradores e parceiros até
investidores. A pergunta a que precisamos responder é: o que faria uma empresa ou alguém nos escolher
em vez de outro?
Isso significa que somos mais uma marca na prateleira do mercado de trabalho? Sim, é exatamente isso.
Somos constantemente comparados, avaliados, comprados e vendidos e, para que nossos objetivos sejam
alcançados, precisamos ajustar nossa marca ao que desejamos e dar os sinais corretos para o mercado de
trabalho. Arthur Bender elucida de modo prático a marca pessoal:
Você é uma marca que precisa ser comprada antes que perca a validade e seja trocada por outras mais
jovens e mais atraentes. Seu nome é uma marca que precisa ser lembrada, precisa ter visibilidade, precisa
ter diferenciais, precisa ser percebida com valor. Você precisa representar alguma coisa na mente dos
seus prospects (clientes potenciais) nesse emaranhado de informações e de gente disponível no mercado
profissional. (BENDER, 2009, p. 47)

Nossa embalagem é tão importante quanto o conteúdo, afinal somos julgados primeiro pela imagem.
Contudo, não precisamos nos preocupar apenas com a nossa imagem, mas sim com tudo aquilo que é nosso.
Um ótimo exemplo é a nossa casa, ou a mesa do trabalho, ou, até mesmo, o carro, uma vez que, se ele está
constantemente sujo, alguém pode pensar que o dono é desleixado com seus pertences; se sobre uma mesa
tem um emaranhado de papéis, talvez concluíssemos que é de uma pessoa acumuladora; se uma casa está em
uma completa confusão, poderíamos supor que se trata de uma pessoa desorganizada. Pode parecer besteira,
mas pense bem: será que você já não julgou alguém por essas questões?
Automaticamente, associamos a imagem ao profissionalismo. A partir do momento que alguém tem
uma percepção sobre nós, é difícil desfazer essa imagem. Ritossa (2015, p. 86) explica que “a impressão
que causamos é processada nos primeiros sete segundos em que somos apresentados a alguém [...] e 67%
das vezes a primeira impressão está correta”. Então, a criação da nossa imagem depende de como somos
percebidos por meio das nossas características, aparência, expressão, relacionamentos etc.
O marketing pessoal só funciona se houver uma marca que identifica e diferencia um indivíduo em
qualquer grupo, seja ele pessoal ou profissional. A gestão da marca pessoal, ou personal branding, é o
planejamento adequado da nossa diferenciação, visando vender ao comprador ideal.
26 Marketing pessoal e etiqueta

E qual é a diferenciação ideal? Isso depende muito do que você almeja. Por isso, devemos traçar
objetivos1, já que eles são o ponto de partida para uma carreira brilhante. Por exemplo, se nosso objetivo
é trabalhar na Nubank, uma empresa pautada pela inovação, uma das competências necessárias no
colaborador é a flexibilidade.
Você pode falar que o seu objetivo é apenas ter um bom salário, o que, sem dúvidas, é muito relevante.
No entanto, se o trabalho não tiver conexão com seus valores, ele se tornará algo enfadonho e, quando menos
esperar, pode ser que você seja um profissional infeliz e cheio de reclamações.
Notamos que muitas pessoas no mundo corporativo se sentem infelizes no trabalho atual. Entretanto,
quando são questionadas, elas não sabem nem o motivo da insatisfação; via de regra, são pontos genéricos
que existem em qualquer ambiente corporativo (chefe chato, agenda lotada, clientes complicados etc.).
Se não sabemos nem o que nos incomoda dentro de uma corporação, qual é a chance de sabermos onde
estaremos daqui a cinco anos?
Uma coisa é certa: nós escolhemos a vida profissional que queremos, seja por nos deixarmos levar, sendo
vítimas da situação, seja por corrermos atrás dos nossos objetivos.
Após esse reforço sobre metas e objetivos, voltamos a falar sobre criar e deixar nossa marca no mundo.
Mas, afinal, o que é marca pessoal? É a impressão e o sentimento que despertamos nas pessoas nos ambientes
onde interagimos, com equilíbrio entre conteúdo e imagem. Tudo que fazemos publicamente, desde o bairro
onde moramos, locais que frequentamos até nosso círculo de amizades e formação profissional, contribui
para a construção da nossa marca. Nada passa despercebido; tudo é observado.
Marca não é o que eu tenho ou mostro, mas o que o cliente percebe e retém, armazenando na memória,
se exceder suas expectativas. Marca é a quinta marcha que faltava em meu Del Rey, algo que todo
profissional ou negócio tem – ela está bem ali, só falta acioná-la para superar suas limitações e exceder as
expectativas. Uma pequena ação, que aproveite todo o potencial do câmbio no desempenho do negócio
ou profissão. (PERSONA, 2009, p. 36)

De acordo com Ritossa (2015, p. 88), a “marca é o conjunto percebido de atributos pessoais e profissionais,
atitudes, competências, relacionamentos, comportamentos, aparência, comunicação, entre outros”.
Ainda de acordo com a autora, ela é constituída por fatores não controlados, que são determinados em
nosso nascimento, como a idade e a cor da pele, e por fatores controlados, que podem ser alterados, como
aparência física, expressões faciais, contato visual, movimento do corpo, uso dos espaços ao nosso redor e
competências. Também, os fatores controláveis são predominantes, e a composição da marca é formada por
45% de fatores não controláveis e 55% de fatores controláveis.
Uma das melhores definições sobre esse assunto é a de Jeff Bezos, fundador da Amazon: “Sua marca é o
que as pessoas dizem sobre você quando você não está na sala” (apud MACCEDO, 2018). É uma declaração
simples e clara, mas que evidencia que não precisamos sair gritando aos quatro ventos nossas qualidades e
competências, já que a marca é divulgada pelo boca a boca dos próprios consumidores.
E como podemos criar a nossa marca pessoal? Fazer cursos em instituições renomadas é o suficiente?
Não, a marca é muito mais abrangente do que um bom currículo. Hoje, uma graduação ou MBA não é um
diferencial, e apenas um certificado a mais não fará diferença se você não tiver objetivos claros (BIGARELLI,
2018). O ideal é pensar estrategicamente e a longo prazo na sua marca.

1 Capítulo 1, Seção 3.
Valorização da própria imagem profissional 27

O grande diferencial é mudar nossas atitudes, parar de reagir e começar a agir, pensando em como
agregar valor à nossa marca. Nem tudo envolve investimento financeiro. Podemos começar fazendo trabalhos
voluntários, por exemplo, apenas pelo prazer do aprendizado e para nos conectarmos a novas pessoas. Esses
trabalhos podem ser: dar palestras gratuitas sobre nossa experiência, abraçar um projeto novo na empresa e
nos dedicarmos com afinco, publicar artigos ou escrever colunas.
Vale observar que apenas fazer as atribuições do seu cargo dentro de uma corporação não é o suficiente
para construir uma marca. É necessário investir em nós mesmos, na nossa carreira, em um projeto que leve
o nosso nome ou em outras atividades que podem nos engrandecer, com o intuito de ganhar visibilidade e
reputação. Um ótimo exemplo é quando falamos em público, dando uma palestra ou fazendo um discurso, e
alguém influente na plateia acaba gravando nosso nome para uma possível contratação. Lembre-se: falar em
público nunca é tempo perdido, pois ganhamos visibilidade e experiência!
Podemos falar que não temos tempo e que não é possível fazer o “além”, mas se houver força de vontade
e inconformismo sempre encontramos tempo. Se personalidades como Steve Jobs, Barack Obama e Albert
Einstein encontraram tempo para fazer coisas maravilhosas, elevando suas marcas, por que nós não
conseguiríamos?
Todas as instituições têm rotinas ou trabalhos que podem ser otimizados, e nós podemos assumir esses
problemas e solucioná-los, ou seja, podemos ocupar lugares vagos. Conforme Arthur Bender (2009), quando
assumimos lugares que estão vazios, conquistamos poder e respeito, tornando-nos, muitas vezes, os únicos
especialistas no assunto dentro da empresa.
Ocupar esses lugares significa ir além dos manuais, ter iniciativa e disponibilidade, ultrapassar crenças,
fazer mais, utilizar a arte do encantamento para envolver clientes, fornecedores e líderes. Ao fazer isso, nossa
marca pessoal brilhará muito mais dentro da corporação e nos tornaremos referência. Além disso, não
devemos ter medo de assumir riscos. De acordo com Bender:
a diferença entre medianos invisíveis e profissionais brilhantes é que as estrelas não têm medo de correr
riscos nem temem o fracasso na busca pelo poder legítimo. Simplesmente tomam a frente. Os medianos
ficam acuados, presos ao receio de serem mal interpretados, de parecer puxa-sacos da empresa, de se
afastar dos seus cargos, de ser malsucedidos em sua iniciativa. Ou de simplesmente perder tempo. As
estrelas se sujam mais, fazem mais. Por isso se tornam estrelas. (BENDER, 2009, p. 115)

Se tivermos pensamentos limitantes de que “isso não é o meu trabalho” ou “o fulano ganha mais do que
eu e pode fazer isso”, não vamos crescer e tampouco construir uma marca de valor. Toda empresa tem espaço
para crescermos, mas não há recompensa sem trabalho duro. Primeiro, precisamos mostrar o nosso valor,
com muita proatividade, bom relacionamento e honestidade.
Cumpre ainda discutir o poder do foco em nossa vida, agregando valor à nossa marca pessoal. Apesar
de grande parte dos especialistas em recrutamento afirmar que o importante é ser generalista, ou seja,
ter conhecimento básico ou mediano de cada área, os profissionais que realmente se destacam são os
especialistas, com uma visão ampla de todas as áreas. Precisamos ter foco em alguma área/assunto e
nos tornarmos referência, criando um diferencial. Como afirma Bender (2009, p. 149), “você precisa ser
MUITO BOM em algum aspecto ou conjunto diferente de habilidades que o faça superespecial, único.
É aí que vai residir o seu valor: quando você representar um atributo que não se encontra em outros
profissionais do seu segmento”.
A questão não é nos tornarmos referência em qualquer assunto ou área. Afinal, nossa área de
conhecimento e diferencial precisam estar alinhados com nossos objetivos. Após estabelecermos nosso
propósito de vida, fica mais fácil nos dedicarmos e diferenciarmo-nos em uma única área.
28 Marketing pessoal e etiqueta

Quando compreendemos o valor da diferenciação, somos mais seletivos, mantendo o foco no que de fato
importa, e entendemos que nem todas as tarefas têm a mesma importância. Quanto menos tarefas temos,
mais facilmente nos dedicamos ao que de fato interessa e, com isso, colhemos resultados cada vez melhores,
diferenciando-nos do restante. Se quisermos ser extraordinários e especialistas, devemos ter foco, coerência
na concentração e rotina simples.
Lembre-se: ser multitarefas é um grande erro, pois não é possível ter 100% do resultado fazendo várias
coisas ao mesmo tempo. Quando nos dedicamos a muitas coisas simultaneamente, tornamo-nos medianos, e
pessoas medianas não se diferenciam e não conseguem construir uma marca de valor. Se vamos à academia,
meditamos e empreendemos, não vamos treinar como Arnold Schwarzenegger, meditar como Monja Coen
e empreender como Steve Jobs.
Além disso, para conquistarmos resultados extraordinários, precisamos entender que não é possível ser
grandioso fazendo um pouco de cada atividade. Pessoas extraordinárias são excepcionais em uma única
área. Por exemplo, não vemos Eric Clapton fazendo shows e tentando encontrar a cura para o câncer ou Bill
Gates treinando para as olimpíadas e se dedicando à Microsoft. Não podemos ser bons em tudo e precisamos
escolher uma única coisa para nos dedicarmos.
Um caso extraordinário é o dos Rolling Stones, banda de rock ativa há mais de 50 anos. Antes de toda
turnê ou nos seus intervalos, eles fazem uma preparação prévia de 20 dias, com ensaios diários que duram
de 6 a 8 horas, repassando todas as músicas que serão tocadas. Mas qual é o motivo? É simples: eles possuem
um padrão de qualidade que precisa ser mantido e todos esperam o melhor da banda; para ser o melhor, é
necessário treinar.
Para muitos, o sucesso pode ser visto como sorte, mas, na verdade, é dedicação, esforço, concentração e
foco. Podemos até estar “na hora certa e no lugar certo” para as coisas acontecerem, mas não adianta nada
estar lá se não estivermos preparados para o que a vida nos reserva. Preparação, treinamento e humildade
são fundamentais para uma carreira brilhante.
Sempre podemos aprender e melhorar com as situações e pessoas. Então, se você está desmotivado e sem
vontade de aprender mais coisas em sua área, mude, busque desafios! Só não caia no comodismo.
Vale ainda lembrar que a marca pessoal construída precisa ser justificada, sob pena de parecer
altamente artificial ou falsa. Um dos exemplos que podemos utilizar é o ex-prefeito de São Paulo, João
Dória, que se vestiu de gari para lançar um programa de limpeza. De acordo com a nota da assessoria de
imprensa, todos estavam esperando que o ex-prefeito trabalhasse. Entretanto, ele pegou a vassoura apenas
por 10 segundos para as fotos, e a rua já havia sido limpa na noite anterior (AMORIM, 2017). Assim, ficou
evidenciado que se tratava apenas de uma “jogada de marketing” do novo governo, algo condenável aos
olhos dos eleitores.
Desse modo, precisamos sempre ser coerentes e construir algo genuíno, que exige muito esforço, seja
por mudanças de rumo na carreira ou por hábitos da vida pessoal. De acordo com Ritossa (2015, p. 86), “é
importante salientarmos que a construção da nossa marca pessoal deve estar pautada em fatos concretos.
Sermos descobertos numa mentira pode trazer consequências irreversíveis para a nossa imagem”.
Diante desse contexto, podemos perceber que a marca pessoal não tem relação com autopromoção ou
com vender algo que não é genuíno; nosso discurso precisa ter coerência com nossos atos.
Muitos profissionais ficam deslumbrados com os cargos que conquistaram dentro das organizações e
se esquecem da própria marca pessoal. Então, quando eles perdem o cargo, perdem junto todo o glamour,
Valorização da própria imagem profissional 29

os amigos, o sonho e a carreira. Fica evidente, então, que as relações que existiam eram com o cargo, e
não com as pessoas, já que elas desapareceram com o posto. Por isso, não podemos permitir que o cargo
se sobreponha à marca pessoal, afinal, ele é passageiro, mas as construções de relacionamento, respeito e
consideração permanecem.
Invista em relações de trabalho tratando todos com ética, respeito e consideração, mas jamais se iluda
com a ideia de que será tratado sempre da mesma forma. Você vai colher aquilo que vem plantando. Se
tem plantado ética, respeito, parceria, justiça, consideração, certamente o universo lhe devolverá isso.
Mas não espere que o mercado seja justo. Mesmo assim, seja você, pela sua consciência. Isso basta.
(BENDER, 2009, p. 101)

Além de pensar em cargos, isto é, o nome da posição dentro da empresa, precisamos começar a pensar
em funções, que são as tarefas ou habilidades relacionadas ao cargo, bem como em tendências de mercado.
Quais funções executamos muito bem? Independentemente da nossa profissão e seu conteúdo técnico, é
imprescindível que tenhamos uma visão holística da situação, uma vez que o mercado está em constante
mudança e os cargos e empregos que existem hoje podem não existir amanhã. Por exemplo: um advogado
que possui uma ótima visão da área negocial e talento para se comunicar pode utilizar essas habilidades na
área comercial ou na área de estratégia de negócios. O ideal é buscar atividades que precisam das nossas
competências e habilidades.
Desconfie de livros de autoajuda que apontam um caminho fácil, pois isso não existe. O que existe são
estratégias, táticas e planejamento para alcançarmos nossos objetivos. A estratégia se refere ao nosso plano a
longo prazo, e a tática está ligada à movimentação rápida, ou seja, a partir do momento que traçamos nossa
estratégia, precisamos sair do âmbito do planejamento e começar a agir sem perder tempo. Dessa forma,
precisamos dominar os dois conceitos, estabelecendo objetivos a longo prazo e metas rápidas e tangíveis.
De acordo com Bender (2009), se nosso objetivo é tornar nossa marca única, precisamos ter visibilidade
para agregar valor à nossa marca e contrapô-la com a longevidade. Porém, devemos tomar cuidado, pois,
caso não seja bem pensado, a alta visibilidade pode comprometer nossos planos ao invés de gerar resultados
imediatos. O autor também destaca que “visibilidade boa para a sua marca é aquela que agrega valor, que
o coloca no campo onde quer ser percebido, que valoriza seus melhores atributos. Visibilidade ideal é a
que produz sinergia entre seus valores de marca, que reforça seu DNA de marca pessoal” (BENDER, 2009,
p. 213).
Não precisamos aceitar todos os convites que aparecem para ter visibilidade. Aliás, quando a demanda é
demais, perde-se o valor de mercado. O ideal é escolhermos com cautela e corrermos riscos calculados em
assuntos em que nossa performance é excelente. Por isso, retomamos: treine; e treine muito.
Após essa análise, ficará mais fácil fazer nossas escolhas de caminho, descartando opções que podem
nos tirar daquele que sonhamos, já que elas nos direcionam e refletem em nosso futuro. Um exemplo é a
escolha da área do nosso primeiro estágio. Pode parecer algo insignificante, mas nós dificilmente saímos
dessa área, pois sempre teremos a desculpa de que temos conhecimento aprofundado nesse assunto. Por
isso, tenha cuidado desde as suas primeiras escolhas, não subestime o tempo e preste atenção nos sinais
deixados pelo caminho.
Um dos casos mais emblemáticos de marca pessoal é o do ex-presidente dos Estados Unidos, Barack
Obama, que conseguiu construir sua marca e a gerencia até hoje. Temos a imagem de Obama como
um homem autêntico, ótimo orador, elegante e com valores sólidos baseados na família. Tudo isso
foi milimetricamente construído por meio de personal branding e de boas maneiras, como a expressão
30 Marketing pessoal e etiqueta

corporal, o olhar penetrante na plateia durante seus discursos, a vestimenta correta em diversas ocasiões e o
posicionamento claro.
Para clarificar um pouco mais o assunto, Bender (2009) estabelece algumas leis primordiais no âmbito
da marca pessoal. São elas:
• O valor de mercado está na diferença. A diferença ganha valor, enquanto a normalidade tem preço
médio de mercado, é commodity.
• Precisamos ter foco e nos especializar em algo que dominamos muito bem.
• Cultive o defeito, uma vez que ninguém é perfeito e os defeitos nos tornam humanos e geram empatia.
• Construa uma história relembrando passagens significativas da sua vida, destacando os fatos e dando
singularidade à imagem construída. Contudo, cuidado para não exagerar e contar uma história
mentirosa.
• A imagem pessoal é apenas uma parte do processo.
• Entenda a lógica do seu mercado descobrindo quem são seus públicos.
• Sinergia é vital, criando experiências memoráveis com a harmonia do conjunto (imagem,
relacionamento, tom de voz, maneiras, gestos, escrita, estilo pessoal, roupas, perfume, corte de cabelo,
apresentação).
• Jamais subestime a audiência.
• Nunca esqueça que o melhor marketing do mundo não sustenta a venda de um produto ruim.
• Faça alguma coisa para se orgulhar no futuro, algo que o faça entrar na velhice com a sensação de
dever cumprido, com a alma leve.

Para encerrar esse assunto, vale a pena citar o discurso de Obama no prêmio Nobel da Paz de 2009, em
que o ex-presidente afirma que algumas ações fazem diferença e podem fazer com que a história se incline
na direção da justiça (OBAMA, 2009).

2.2 Como manter a imagem de marca?


Tão importante quanto a construção da nossa marca é sua manutenção, mantendo-nos motivado, com
o diferencial brilhando. Nessa perspectiva, é importante elucidar a diferença entre identidade e imagem.
Identidade é como nos idealizamos (visão interna), enquanto imagem é como nossa marca é percebida pelo
público (visão externa). Essa percepção é vista como realidade pela audiência. Nosso papel, então, é corrigir a
distância entre o percebido e o idealizado, uma vez que nosso valor de mercado é sempre determinado pelas
pessoas a nossa volta.
Do nosso ponto de vista, podemos acreditar que determinada característica é ótima para nossa marca.
Contudo, muitas vezes, nosso diferencial está em outra habilidade. Para que isso não ocorra, é importante
avaliar nossa marca e os sinais que deixamos no percurso, ouvindo as críticas e ficando abertos a outras
interpretações sobre nós mesmos, dispostos a corrigir erros. Se nos supervalorizarmos diante das pessoas e
elas não tiverem a mesma visão, seremos vistos como arrogantes e todo o trabalho de construção da marca
irá por água abaixo.
Precisamos, constantemente, avaliar a nossa imagem de marca, analisando quais sinais estamos emitindo
para o mercado e se esses sinais estão adequados, afinal, o que o mercado procurava há dez anos é diferente do
que procura hoje. Além disso, devemos viver nos questionando, refletindo sobre nossa posição e montando
Valorização da própria imagem profissional 31

novas estratégias e objetivos para nossa vida profissional e pessoal. Não podemos esquecer que o valor
está na diferença e que a normalidade pode ser facilmente substituída por qualquer outro profissional de
mercado. Conforme afirma Bender (2009, p. 99), “o normal tem preço médio de mercado, é commodity. O
valor está na diferença”.
Você ainda faz diferença no ambiente de trabalho? Se perdeu seu diferencial no meio do caminho, acorde.
Afinal, sempre é tempo para virar o jogo.
No filme Alice no País das Maravilhas, do diretor Tim Burton, o Chapeleiro Maluco diz para Alice que
ela perdeu sua “muiteza”, significando que ela perdeu sua autenticidade, coragem, bravura e autoconfiança.
Isto é, a personagem perdeu o que a diferenciava das outras pessoas e não se enquadrava mais naquilo que se
esperava dela. O mundo corporativo se assemelha muito com essa cena do filme. Não podemos ficar na zona
de conforto e normalidade, precisamos nos manter curiosos e inconformados, pois:
você foi contratado justamente pela diferença que fazia. Foi contratado para desequilibrar a normalidade
da empresa trazendo coisas novas, novos ângulos de visão, novas ideias. E, se você se igualou e passou a
vibrar como a maioria, não desequilibra mais nada, não confronta mais nada nem serve mais. Se isso não
aconteceu ainda, fique atento, pois pode acontecer. (BENDER, 2009, p. 101)

Para não perder o foco, concentre-se em três princípios imbatíveis, para uma defesa de marca inatacável,
que podem ser utilizados tanto para empresas quanto para manutenção da marca pessoal ou, ainda, para
apoiar a tomada de decisão (COLLINS, 2001). São eles:
• Escolha uma atividade em que se torne referência, possa ser o melhor do mundo, e continue aprendendo
sempre uma determinada especialidade.
• Escolha uma atividade com valor econômico, ou seja, alguém precisa querer pagar pela competência
desenvolvida.
• Escolha algo que dê tanto prazer que você nem veja as horas passarem. Quem tem paixão aguenta
todos os percalços da profissão e tem entregas excelentes.

Esses princípios podem ser observador na Figura 1 a seguir.

Figura 1 – Princípios para defesa da marca

Melhor do Valor
mundo econômico

Atividade
ideal

Paixão

Fonte: Adaptado de Collins, 2001, p. 141.


32 Marketing pessoal e etiqueta

Assim como as organizações, nossa marca também não pode estar jogada ao acaso, sem propósito.
Precisamos encontrar uma conexão entre paixão, valor econômico e competência.
As organizações não se formam acidentalmente ou espontaneamente; ao contrário, são orientadas
para uma meta, têm um propósito específico e são criadas porque um ou mais indivíduos percebem
que a ação coordenada e dirigida de várias pessoas pode realizar algo que a ação individual não pode.
(SCHEIN, 2009, p. 212)

Um exemplo prático de manutenção da marca é o da cantora Anitta, utilizado como parâmetro em


diversos canais especializados em personal branding. Anitta é sincera, versátil e faz parcerias com outros
artistas que estão na mídia para fortalecer sua marca. Já fez singles com Maluma, Wesley Safadão, Madonna,
Iggy Azalea, Pabllo Vittar e J Balvin. Ela chama a atenção do mercado publicitário para oportunidades de
atrelar sua imagem a marcas como Samsung e Cheetos (Elma Chips) e executa estratégias alinhadas com as
redes sociais, como uma boa jogadora de xadrez.
Anitta não deixa os holofotes, mantendo uma entrega frequente e consistente. Seu projeto “CheckMate”
entregou um clipe por mês, contando com ação de live marketing com peças de xadrez gigantes espalhadas
pelo país. Essa ação foi a sua porta de entrada para o mercado internacional, já que as músicas foram
lançadas em português, inglês e espanhol.
A cantora leva a sério a máxima “quem não é visto, não é lembrado”, contrapondo visibilidade e
longevidade, ou seja, ela sabe onde, quando, como e por que aparecer. Não adianta apenas ter visibilidade
momentânea e não manter a imagem ou, ainda, ter visibilidade em algo que não está atrelado ao seu foco
(por exemplo, fofocas). É necessário produzir conteúdo com recorrência e interessante para seu público,
com uma comunicação efetiva por meio dos canais adequados (não apenas pelas mídias tradicionais, mas
também pelas digitais).
Ela agora pretende estrear como atriz, repassando a administração da carreira para empresários do
segmento. Isto é, Anitta não está parada apenas esperando desaparecer. Quando chegou no auge da carreira
internacional, já se preparou para diversificar sua atuação no mundo artístico.
A cantora é o exemplo claro de que não podemos ficar parados e que precisamos sempre fazer
uma autoavaliação, uma vez que o mercado está em constante mudança. Por isso, é essencial manter o
inconformismo com nós mesmos e avaliar se nossa capacidade de reação está adequada. Mantenha em
mente que sempre podemos nos aprimorar, mudar e melhorar, de maneira rápida e consistente.

2.3 Como recuperar uma imagem “arranhada”?


Destruir uma imagem é fácil, mas reconstruí-la dá um pouco mais de trabalho e precisa de tempo. A
recuperação exige mais afinco do que a construção da marca pessoal, uma vez que é difícil se recuperar sem
deixar uma mácula ou, ainda, ver nela uma oportunidade de destaque.
Os cases corporativos podem servir de exemplo para tratarmos da recuperação da imagem pessoal
e profissional. As empresas que são capazes de se reestruturar com recall de produtos e revisão de
posicionamento, mesmo após crises seríssimas, saem fortalecidas da situação. Com certeza há perdas
consideráveis, como no caso da Unilever com o suco Ades, em 2013, que resultou em um prejuízo de 200
milhões para a empresa. Entretanto, o caso foi superado com transparência e investimento em comunicação
dos diferenciais e, hoje, continua sendo vendido nas prateleiras dos maiores mercados (BARBOSA, 2014).
Valorização da própria imagem profissional 33

É primordial analisar o cenário em todos os momentos da nossa vida. No meio de uma crise de
imagem, isso não é diferente. Dessa forma, o primeiro passo é avaliar, de modo criterioso, o que foi feito
inadequadamente para “arranhar” nossa imagem e o que poderá ser feito melhor da próxima vez; ou seja,
é preciso aprender com os erros e não os repetir. Cada vez que persistimos no mesmo erro, perdemos um
pouco mais a nossa credibilidade até que não resta mais nada. Só pedir desculpas não adianta, é preciso
mudar!
Tão importante quanto a autoanálise é a opinião das pessoas a nossa volta, não só dos amigos, mas de
todo o público de interesse. Devemos visar a uma avaliação imparcial da situação para sabermos o quanto
nossa imagem e reputação foram afetadas. Vale enfatizar que a forma como os nossos erros são percebidos
pelo público é mais relevante do que a própria realidade.
Descobriu seu erro e o que foi determinante para que as pessoas tenham uma visão negativa sobre
você? Contenha os danos causados com muita paciência e resiliência e mude de comportamento, fazendo
um compromisso com seus valores. Não fique remoendo o seu erro, afinal, todos são passíveis de erro.
O importante é assumir as falhas, consertar os erros, superar e surpreender favoravelmente. Com isso,
demonstramos respeito às pessoas ao nosso redor e, em contrapartida, somos reconhecidos como confiáveis
nos momentos de adversidade.
Recomece e reconstrua o valor e a imagem da marca, mas tenha em mente que não é possível agradar
a todos; sempre haverá aquela pessoa que gosta de ver o pior em tudo. Então, depois de fazer tudo o que
estava ao seu alcance para desfazer sua imagem negativa, pare de dar tanta importância aos insatisfeitos,
principalmente aos que não possuem tanta influência, e siga em frente.
Para recuperar a imagem, é sempre importante ter uma comunicação transparente, harmoniosa e clara.
Caso contrário, ao invés de restaurar nossa imagem, podemos piorar o problema. Do mesmo modo, a
comunicação precisa estar alinhada com nossas atitudes, pois não é possível sustentar uma comunicação
que não seja baseada na realidade. Conte a sua versão da história admitindo os seus erros para pessoas que
estejam dispostas a falar bem de você e que se solidarizem com sua história, neutralizando os ataques e
compensando a depreciação, pois isso ajudará a recuperar a imagem da sua marca.
Diante da experiência do mercado, ignorar o problema ou torcer para que as pessoas o esqueçam não
são boas estratégias. A ausência de posicionamento só fará com que o problema fique ainda maior. Também,
não é recomendável sumir de vista por um tempo. O ideal é enfrentar o problema de frente, com coragem,
assumindo as consequências dos atos.
No âmbito corporativo, podemos citar algumas grandes empresas que se envolveram em escândalos e se
recuperaram, ou estão em fase de recuperação. Algumas saíram bem “arranhadas”, como a Odebrecht, maior
caso de recuperação judicial do país.
• BRF e JBS: operação “Carne Fraca”, 2017.
• Petrobras: operação “Lava Jato”, 2015/2016/2017.
• Odebrecht: operação “Lava Jato”, 2015/2016/2017.
• Zara: trabalho escravo, 2011.
• Volkswagen: emissões de poluentes, 2015.
• Vale: Mariana, 2015; Brumadinho, 2019.
34 Marketing pessoal e etiqueta

Cabe ressaltar o caso da Vale, que após o escândalo de Mariana não se posicionou adequadamente e
ainda reincidiu em menos de quatro anos, provocando uma das maiores tragédias ambientais do Brasil. Essa
negligência trouxe impactos devastadores para a mineradora, que levará anos para neutralizá-los.
Quanto à marca pessoal, podemos citar jogadores de futebol, que passam por escândalos em baladas;
recebem apelidos graças a características negativas e, até mesmo, sofrem acusações de estupro. Em alguns
casos, a assessoria do profissional consegue superar a imagem negativa com base em sua humildade e
profissionalismo. Porém, em outros, nem mesmo o trabalho dos assessores é capaz de recuperar a imagem.
Por fim, podemos concluir que qualquer um é capaz de reverter uma imagem “arranhada”. Contudo, é
indispensável ter força de vontade, uma vez que o caminho é árduo e trabalhoso.

2.4 Diferentes posturas em diferentes ambientes corporativos


Cada ambiente e posição exige uma postura diferente de nós. Em ambientes inovadores, por exemplo,
é possível encontrar pessoas trabalhando de bermuda, camiseta e boné, falando gírias, ou levando seus
pets para o trabalho. Porém, em um ambiente tradicional, como uma instituição financeira antiga, isso é
inconcebível.
Vale salientar que, com os anos, isso vem mudando. Há dez anos, era exigido que trabalhadores de
ambientes formais, principalmente os que tinham contato com grandes clientes, utilizassem terno completo.
Contudo, hoje, esses ambientes já estão mais flexíveis, e o trabalhador pode utilizar apenas terno e camisa
social, sem obrigatoriedade da gravata.
Antes de entender qual é o posicionamento ou postura correta, é imperioso entender o conceito do
posicionamento, que é a forma como vamos externar a nossa marca. Ela envolve a credibilidade nos nossos
atos, ou seja, se inspiramos confiança e coesão em nosso discurso e atitudes. Para Ritossa (2015, p. 90),
“posicionar a nossa marca é criar um rótulo que vai ficar na mente das pessoas que fazem parte do nosso
público-alvo”. Além disso, Ries e Trout (1999 apud RITOSSA, 2015, p. 90) definem posicionamento como “o
que você faz com a mente do comprador em potencial”.
Nesse contexto, é importante destacar que não temos controle sobre como as coisas são percebidas, mas
podemos controlar os sinais que emitimos. A exposição é inevitável, principalmente na era em que vivemos. É
só digitar nosso nome no Google e toda a nossa vida aparece, desde palestras realizadas a fotos em que estamos
nos divertindo na festa de algum amigo. Tudo é público e gravado: nossas imagens na portaria do prédio ou nas
câmeras das ruas, declarações, desastrosas ou brilhantes, em jornais etc. Essa lógica funciona tanto para o bem
quanto para o mal. Persona reforça essa ideia:
Que o profissional hoje deve se expor, não resta dúvida. Que isso poderá ser mal interpretado, idem.
Porém, com a mudança do paradigma do emprego para um paradigma de prestação de serviços, existe a
necessidade do profissional trabalhar muito bem a sua imagem e pregá-la no poste da exibição pública.
Para ser conhecido por muitos, contratado por alguns e execrado pelo resto. A pergunta é conhecida:
Por que razão ninguém come ovos de pata? Porque pata não canta quando põe ovos. A galinha sim.
(PERSONA, 2009, p. 59)

Se você acha que o que fazemos fora do horário de trabalho não diz respeito a ninguém, não se engane e
não seja ingênuo. Somos julgados por todas as atitudes em todos os ambientes. Por exemplo: uma organização
dificilmente irá contratar alguém que critique negativamente a empresa em que trabalha nas redes sociais ou
exalte um produto do concorrente.
Valorização da própria imagem profissional 35

De acordo com Ciletti (2017), nosso posicionamento pode se basear em diversos fatores, como as nossas
características (as nossas habilidades e competências) e os benefícios (o que podemos oferecer aos nossos
compradores).
Vale observar que nosso valor de mercado está associado à nossa rede de contatos. Nós não existimos
sozinhos, e nosso valor de marca apenas pode existir porque existem outras marcas para compararmos. É o
mercado que determina nosso valor. Bender (2009) afirma que existem três pontos acerca do valor da rede:
• Seu valor de mercado pode aumentar substancialmente se estiver próximo de marcas que precisem do
seu diferencial.
• Quanto maior e mais bem qualificada for sua rede de contatos, maior será sua possibilidade de ser
“comprado” e bem remunerado.
• Estamos todos expostos e qualquer sinal errado pode condenar uma reputação.

A maneira mais fácil de nos posicionarmos adequadamente é observar as pessoas que são referência,
que geram admiração e conseguem performance acima da média em determinada competência e se espelhar
nelas como um modelo de desempenho a ser conquistado e superado. Podemos escolher várias pessoas, uma
para cada competência que queremos alcançar. Veja como essa pessoa fala, o modo de se posicionar, como
ela trabalha e veste-se. Analise o que você pode aplicar no seu dia a dia. Quando estabelecemos padrões,
tornamos nossa performance mais realista e nossas metas mais claras.
Isso não quer dizer que devemos nos comparar a essas pessoas, mas sim observar suas habilidades como
referência e focar em nosso autodesenvolvimento como um crescimento orgânico e contínuo, vencendo
nossas imperfeições.
Lembre-se: registramos as experiências fortes e marcantes, mas desconsideramos tudo que é morno,
que cai no nosso esquecimento. Por isso, posicione-se de maneira marcante, delimitando muito bem suas
competências e espalhando experiências positivas. Somos o resultado das experiências que proporcionamos.
Sendo assim, somos avaliados e condenados por elas. As impressões ficam para sempre, não importa nossa
posição hoje ou amanhã.

Considerações finais
Precisamos estar preparados para a oportunidade que desejamos e não apenas para qualquer vaga em
qualquer empresa. Para isso, é indispensável ter objetivos e metas claros; caso contrário, provavelmente
seremos profissionais frustrados, levados e empurrados pela rotina.
Ressaltamos que o sucesso está associado à realização de algo de modo diferente. Também vale lembrar
que nada é definitivo e sempre podemos mudar ou recuperar a nossa imagem. Entretanto, o caminho é
árduo e permeado por muito trabalho duro. Devemos demonstrar nossa capacidade e vontade de fazer mais
e melhor e manter nossa resiliência, força de vontade e evolução dentro das próprias limitações.
Por fim, precisamos ter em mente que o público valoriza a transparência, a disposição de resolver
problemas e a capacidade de aprendizado. Tudo isso conduz para nossa diferenciação no mercado, seja nas
relações com clientes, líderes, fornecedores ou parceiros.
36 Marketing pessoal e etiqueta

Ampliando seus conhecimentos


• RIBEIRO, I. Eleição de Bolsonaro marca mudança no marketing político. Meio e mensagem, 28 out. 2018.
Seção Marketing. Disponível em: https://www.meioemensagem.com.br/home/marketing/2018/10/28/
eleicao-de-bolsonaro-marca-mudanca-no-marketing-politico.html. Acesso em: 27 set. 2019.
Trata-se de um artigo sobre como as plataformas digitais e o uso estratégico de mídia tradicional
espontânea foram determinantes para a vitória do candidato do PSL, Jair Messias Bolsonaro, nas
eleições para presidência do Brasil de 2018. A construção da marca do candidato político começou
muito antes das eleições e foi a diferença entre vitória e derrota.

• MCGONIGAL, K. Como ter mais força de vontade | Os desafios à força de vontade [S. l.: s. n.], 2017.
1 vídeo (8 min). Publicado pelo canal IlustradaMente. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=IWF6N9LMc1s. Acesso em: 27 set. 2019.
Nossa força de vontade é como uma bateria; quanto mais utilizamos, mais rápido ela acaba. Pense
bem: começamos o dia com a bateria cheia, mas, com o passar das horas, ela vai esvaziando.
Assim, não temos forças para nos dedicarmos ao que precisamos, seja para criar nossa marca,
nos dedicarmos a um novo projeto, lermos um livro, irmos à academia etc. Nesse vídeo animado,
encontramos dicas valiosas sobre como ter mais força de vontade para fazer o que é necessário e
importante em nossa vida.

• VAI Anitta (Temporada 1). Direção de Charlie Askew. Produção: Anitta, John Shhidi, Sam Shahidi.
Rio de janeiro: Netflix, 2018.
O documentário, disponível na Netflix, conta a trajetória e mostra os bastidores da carreira de Larissa
de Macedo Machado, a Anitta, e como ela se tornou uma das maiores cantoras e empresárias da
música pop. Durante este capítulo, falamos de diversas características que podem ser observadas no
documentário, como foco, disciplina, determinação, sinceridade, visibilidade, inovação e resiliência.

• ASSUMPÇÃO, M. [S. l.: s. n.], 2010. 1 vídeo (1 min). Como Desenvolver o MKT Pessoal e as Redes
de Relacionamentos. Publicado pelo canal Editorambooks. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=BH-T3ddNWvI. Acesso em: 27 set. 2019.
Trecho de uma entrevista que exemplifica o que é uma marca pessoal.

Atividades
1. Qual é o seu valor de mercado?

2. Como podemos melhorar nossa exposição, agregando valor a nossa marca?

3. Pense em exemplos de empresas ou pessoas que tiveram a imagem “arranhada” e quais estratégias
foram utilizadas para reverter a situação.

4. Se fosse sua imagem, quais estratégias você buscaria para tentar recuperar a sua reputação?
Valorização da própria imagem profissional 37

Referências
AMORIM, S. Doria se veste de gari para lançar programa de limpeza, mas não varre a rua. O Globo, 2 jan. 2017.
Disponível em: https://oglobo.globo.com/brasil/doria-se-veste-de-gari-para-lancar-programa-de-limpeza-mas-nao-
varre-rua-20719183. Acesso em: 27 set. 2019.

BARBOSA, D. Unilever perdeu € 60 milhões com recall do Ades. Exame, 22 jan. 2014. Seção Negócios. Disponível em:
https://exame.abril.com.br/negocios/unilever-perdeu-60-milhoes-com-recall-do-ades/. Acesso em: 27 set. 2019.

BENDER, A. Personal Branding: construindo sua marca pessoal. São Paulo: Integrare Editora, 2009.

BIGARELLI, B. Empresas brasileiras dispensam o diploma na hora de contratar. Época Negócios, 22 out. 2018. Disponível
em: https://epocanegocios.globo.com/Carreira/noticia/2018/10/empresas-brasileiras-dispensam-o-diploma-na-hora-
de-contratar.html. Acesso em: 27 set. 2019.

CILETTI, D. Marketing Pessoal: estratégias para os desafios atuais. São Paulo: Cengage Learning, 2017.

COLLINS, J. Empresas feitas para vencer. Rio de Janeiro: Elsevier, 2001.

MACCEDO, P. Eu, vendedor: um guia de experiências e dicas para crescer na vida e nos negócios vendendo qualquer
coisa. São Paulo: DVS Editora, 2018.

OBAMA, B. H. Nobel lecture. Oslo, 10 dec. 2009. Disponível em: https://www.nobelprize.org/prizes/peace/2009/


obama/26183-nobel-lecture-2009/. Acesso em: 27 set. 2019.

PERSONA, M. Marketing de gente: o marketing pessoal como suporte para o principal ativo das empresas. 2. ed. Joinville:
Clube de Autores, 2009.

RITOSSA. C. Marketing Pessoal: tópicos especiais em Marketing. Editora Contexto: Curitiba, 2015.

SCHEIN, E. Cultura organizacional e liderança. São Paulo: Atlas, 2009.


3
Regras de etiqueta no mundo corporativo

Podemos afirmar que o convívio em sociedade deve ser pautado por respeito, educação e boas maneiras,
promovendo um ambiente harmonioso para todos. Nesse contexto, este capítulo foi elaborado com
orientações acerca das boas maneiras e etiqueta on-line e off-line, baseadas nos conceitos de ética e civilidade,
contribuindo para a formação da marca pessoal.

3.1 Ética e civilidade


Nos capítulos anteriores, notamos os conceitos de marketing pessoal, além de vermos o que compõe
nossa marca, valores, networking etc. Entretanto, além desses fatores, quando falamos de postura e regras de
etiqueta, são essenciais a ética e civilidade no ambiente corporativo.
Desde cedo, aprendemos a distinguir o certo do errado, o justo do injusto, seguindo as orientações e
observando as atitudes dos nossos pais, professores ou líderes religiosos. Podemos citar, como exemplo,
quando a criança “aparece” com algum objeto que não é seu em casa, e a primeira reação dos pais é perguntar
onde ela conseguiu o objeto e mandar a criança devolver. A partir dessas palavras e ações, ensinamos e
aprendemos a importância da honestidade e do trabalho duro para conquistarmos nossos anseios. Ciletti
reforça a ideia de que trazemos esses valores da infância: “‘Tudo o que realmente precisava saber aprendi
no jardim de infância’, declarou o autor de best‑seller Robert Fulghum. Ele entende que aprendemos
desde criança um conjunto de valores que nortearão nosso comportamento por muitos anos – em
casa, no trabalho, em qualquer lugar” (CILETTI, 2017, p. 115).
A ética pode ser conceituada como a reflexão e execução do conjunto de princípios e valores que
permite o convívio social, ou seja, ela se refere às nossas escolhas diárias. É importante ressaltar que a
ética não está apenas no campo conceitual e da normatização; muito pelo contrário, é muito mais uma
questão de postura, refletida nos demais membros do grupo. Nesse âmbito, não importa a frase “faça o
que eu digo, mas não faça o que eu faço”, o importante é manter uma postura congruente com os valores
e princípios sociais.
Vivemos em um mundo globalizado, onde as ações de um repercutem diretamente na vida dos outros.
Esta constatação é mais visível quando pensamos nos problemas ecológicos, no racismo e na guerra,
que são todos problemas onde as respostas individuais ou grupais não conseguem resolvê-las. A única
possibilidade estaria em uma reposta construída com a participação de todos os grupos envolvidos. O
que exige construção de uma ética com princípios e valores aceitos por todos e válidos para todos, apesar
de todas as diferenças. (SUNG; SILVA, 2004, p. 42)

A ética se refere ao campo do indivíduo, seu modo de pensar e agir no coletivo, a moral, os valores
coletivos, norteadores das relações sociais e da conduta dos homens. Nesse sentido, podemos afirmar que a
moral é o conjunto de valores, enquanto a ética é a reflexão sobre esses valores. Mário Sérgio Cortella, em
entrevista ao Programa do Jô, conceituou ética como:
o conjunto de valores e princípios que você e eu usamos para decidir as três grandes questões da vida,
que são quero, devo e posso. Isso é ética. Quais são os princípios que eu uso: tem coisa que eu quero, mas
não devo; tem coisa que eu devo, mas não posso; e tem coisa que eu posso, mas não quero. Quando que
você tem paz de espírito? Você tem paz de espírito quando aquilo que você quer é o que você pode e é o
40 Marketing pessoal e etiqueta

que você deve. [...] Você define [isso] através do modular, do exemplar; define através de princípios da
sociedade, sejam religiosos ou não; define através de normatizações. (CORTELLA, 2014)

Nesse ponto, podemos afirmar que o conceito de ética e moral são subjetivos e dependem do ambiente,
grupo e cultura em que vivemos, ou seja, o que é certo neste continente pode ser errado em outro. Por
exemplo, a poligamia é considerada legal em vários países do continente africano, enquanto a prática de ser
casado com mais de uma mulher, além de ser imoral, é ilegal no Brasil.
Mas não precisamos ir tão longe para observar isso. Dentro de uma mesma comunidade, há conflitos
éticos entre crenças religiosas e condutas profissionais, alguns tão grandes que vão parar no Judiciário,
como o caso das pessoas cristãs (testemunhas de Jeová) que não permitem que médicos façam transfusões
de sangue. Diante da visão de cada parte envolvida, todas estão corretas, uma por sua convicção religiosa e
outra pelos limites éticos de sua atuação profissional. Legalmente, ambas estão amparadas pela legislação,
uma vez que nossa Constituição considera a liberdade religiosa como direito fundamental, e assegura que os
médicos exerçam a sua profissão com autonomia, estando desobrigados de prestar serviços que contrariem
sua consciência (BRASIL, 1988).
É certo afirmar que temos diferentes regras e valores preestabelecidos para cada categoria profissional,
vide os conselhos profissionais de advogados, médicos e arquitetos, que possuem seu próprio código de
conduta ética. As empresas também definem as regras que devem seguir por meio do código de ética
organizacional, que reflete os valores da companhia com diretrizes específicas do negócio.
Para a empresa, é extremamente vantajoso ter um código de conduta ético, uma vez que: 1. integra os
funcionários que participam da construção do código; 2. estabelece segurança para que os funcionários adotem
determinadas condutas; 3. agrega valor e fortalece a imagem da empresa; 4. atrai clientes e fornecedores que
se identificam com os mesmos valores; e 5. protege os interesses públicos e dos profissionais que contribuem
para a organização.
Nos deparamos com inúmeros conflitos éticos em nosso cotidiano quando estamos inseridos no mundo
corporativo, e o código de conduta ética nos ajuda a nos posicionarmos diante de situações como conflito
de interesses, confidencialidade, responsabilidade e até uso de internet e impressora. Essas situações são
enfrentadas por todos, desde o estagiário até o executivo da empresa.
Imagine que, em uma reunião de trabalho, onde os planos de ação para alcançar o objetivo de maximizar
o lucro da empresa estão sendo discutidos, um funcionário tem uma ideia que pode trazer lucros relevantes,
mas que prejudicará o meio ambiente. Para sanar esse problema, é sugerido que não sejam divulgados os
danos ambientais. Qual é a postura adequada diante dessa situação? É evidente afirmar que essa atitude é
temerária e, por questões éticas, a empresa deve procurar outra maneira de melhorar seus resultados.
Vale salientar que as condutas éticas no ambiente corporativo estão sendo cada vez mais valorizadas, pois
impactam diretamente o crescimento e a diminuição de riscos, que são determinantes para a reputação e a
credibilidade da organização. No exemplo anterior, caso a empresa aceitasse a ideia de aumentar o lucro sem
se importar com o impacto negativo, com certeza estaria exposta a um risco de imagem com a consequente
perda de credibilidade. Esse tipo de ação demonstra que o propósito da empresa é conseguir lucros a qualquer
custo, tirando proveito financeiro e prejudicando o meio ambiente e a saúde do consumidor final.
Outro exemplo que vale a pena ser lembrado quanto à importância do código de ética profissional se
refere à relevância que a responsabilidade socioambiental ganhou nos últimos anos. Organizações que se
responsabilizam pelos impactos ambientais têm um comprometimento claro com a sua função social, o
que aumenta sua credibilidade, engajamento com o meio ambiente e reputação da marca. Assim, empresas
Regras de etiqueta no mundo corporativo 41

com um código que apresente controles claros, atenção ao cliente e política que envolva aspectos sociais e
ambientais apresentam crescimento sustentável e perenidade empresarial. Como aponta Casali:
o fenômeno é novo: o consumo controla cada vez mais a produção. A força da consciência dos
consumidores tem sido reconhecida como elemento decisivo no jogo competitivo do mercado. As
empresas com Responsabilidade Social tendem a ser mais produtivas e apresentar maiores índices de
crescimento. Busca-se uma nova postura responsável das empresas diante dos problemas ambientais e
culturais, locais e globais, para se agregar valor a seus produtos e serviços. (CASALI, 2008, p. 56)

No âmbito pessoal, uma conduta ética está intimamente relacionada à construção de uma imagem
positiva, mantendo um bom relacionamento com líderes, colegas, pares, clientes e a sociedade como um
todo. Apesar de o código de ética nortear nossas ações, em muitos casos, precisamos agir com base em
nossa própria ética, refletida em valores como honestidade, humildade, credibilidade, confiança, prudência,
competência, respeito, bondade, lealdade, justiça, pontualidade e imparcialidade. Se estivermos atentos a
esses princípios, deixando que se internalizem em nossa consciência, saberemos exatamente o que fazer
diante das mais diversas situações.
Claro que podem surgir situações em que teremos dúvidas acerca do que é correto, principalmente se
isso envolver algum sentimento, seja de amizade, raiva, indiferença, afeto ou pena. Pensando nisso, Dorene
Ciletti construiu uma estrutura conceitual que pode nos ajudar a resolver conflitos éticos.
Passo 1: Ouça sua consciência ou seus instintos sobre a situação.
Passo 2: Preste atenção a frases que você fala ou ouve. Comentários como “Apenas esta vez”, “Não diga a
ninguém” e “Não me fale sobre isso. Eu desconheço” são indicações de condutas não éticas.
Passo 3: Determine exatamente qual é o assunto e verifique os códigos de conduta ética da organização
e da profissão. O assunto é pertinente?
Passo 4: Pense em como você se sentiria se suas ações fossem relatadas no jornal interno ou em
comunicado impresso. Você ficaria contente ou envergonhado?
Passo 5: Relacione ações alternativas e suas consequências. Como suas ações o influenciariam e à sua
empresa? Como elas refletiriam sobre você?
Passo 6: Discuta o problema com seu supervisor ou responsáveis pelo departamento de ética da empresa.
Essas pessoas podem orientá-lo. (CILETTI, 2017, p. 116-117)

Ainda, é importante falar sobre civilidade, que decorre de nossos princípios éticos e está relacionada
à cidadania. A civilidade é o respeito pelas normas de convívio entre os membros do social, isto é, são as
formalidades, atos e palavras que expressam boas maneiras, cordialidade, cortesia, polidez e consideração. É
certo afirmar que quanto mais desrespeitado um preceito de civilidade, maior a possibilidade de ser criada
uma regulamentação. Um exemplo clássico é a proteção aos idosos, ou Estatuto do Idoso, que não seria
necessário se a população os respeitasse.
Assim, quanto mais cresce a transgressão aos princípios de civilidade, maior a quantidade de legislações.
Contudo, devemos nos lembrar de que a mudança começa por nós. Precisamos ter valores (individuais)
claros e condizentes com os princípios morais (coletivo), convergindo em uma ética forte para aplicarmos
nossa civilidade entre os membros da comunidade.
A civilidade nos torna aptos a conviver socialmente e é indispensável nas relações de trabalho. Além
disso, tem conexão com as regras de etiqueta, que servem para uniformizar o comportamento em cada tipo
de sociedade, proporcionando bom senso, sensibilidade e bom gosto e reduzindo o conflito entre pessoas.
A ausência de civilidade na comunicação pode trazer consequências desastrosas para um indivíduo,
afetando sua produtividade e inteligência emocional. Alguns casos podem até criar um profissional
inseguro, que tem medo de expressar suas opiniões e, como consequência, a empresa perde ideias e a
42 Marketing pessoal e etiqueta

diversidade nos pontos de vista. Em um ambiente com pessoas mal-educadas, por exemplo, o risco de
conflito é gigantesco, pois acaba sendo um lugar desarmonioso, com muita desconfiança, onde todos se
sentem desconfortáveis e ficam na defensiva.
O desrespeito, a inconveniência e a má-educação prejudicam o ambiente corporativo, reduzindo os
resultados da empresa e aumentando o turnover. Desse modo, é fundamental que os indivíduos tenham
a habilidade de se comunicar e possuam traquejo social, respeitando os colegas e colaborando para um
ambiente produtivo; afinal, passamos a maior parte do nosso dia nesse ambiente.

3.2 Apresentação e postura


Você sabe o que significa a frase “a primeira impressão é a que fica”? É simples. Significa que, no
primeiro momento em que entramos em contato com uma pessoa, levamos em conta suas roupas, postura
e acessórios para definir quem ela é ou que profissão exerce. Por exemplo, se vemos uma pessoa vestindo
jaleco, subentendemos que se trata de um profissional da saúde.
É importante observar que nem sempre a primeira impressão ocorre presencialmente. Ela pode ser
formada por meio de uma infinidade de veículos de comunicação, como telefone, WhatsApp, e-mail e redes
sociais. Além disso, é correto afirmar que essa primeira impressão é limitada e diz muito pouco sobre a
ética, a civilidade ou os costumes da pessoa. Porém, ela pode ser determinante para uma contratação ou
fechamento de algum negócio.
As impressões negativas pesam mais que as positivas, mesmo que, posteriormente, seja descoberto que
a verdade é outra. Então, devemos estar atentos a todos os sinais, pois mesmo nossa apresentação e postura
influenciam e podem comunicar sobre nossa personalidade, profissionalismo e autoestima.
Vale ressaltar que, antes de julgarmos, precisamos conhecer as pessoas. Entretanto, em contatos rápidos,
como entrevistas, reuniões e almoços, somos avaliados primeiro pela nossa aparência. Nesses casos, o
ideal é se preocupar com os detalhes básicos que farão diferença. Um dos aspectos mais importantes é a
higiene pessoal. Tomar banho, manter as unhas limpas e cortadas, barba aparada, maquiagem suave e sem
exageros, perfume moderado e cabelo arrumado (não precisa estar com um penteado, mas também não
precisa estar desgrenhado) são essenciais em qualquer circunstância. Nossa aparência deve ser profissional,
passando confiança e seriedade. Sempre pense na imagem que você quer passar. Por exemplo, se quer passar
credibilidade, é essencial não chegar atrasado para não passar a impressão de descompromisso.
Por mais que algumas empresas adotem vestimentas casuais, use suas roupas mais despojadas
em casa ou nos finais de semana. Por exemplo, não use shorts curtos, blusas decotadas ou camisetas
rasgadas no trabalho. Quanto a tatuagens e piercings, é importante destacar que, em alguns ambientes
profissionais tradicionais, eles ainda são percebidos com estranheza. Entretanto, isso não quer dizer que
você precisa se esconder ou não pode expressar sua opinião. Isso é apenas um alerta de que nem todo
mundo pensa igual.
Devemos ressaltar que nem toda aparência é física e presencial. Também deixamos impressões em nossos
contatos remotos (telefone, mensagem, e-mail), sendo indispensável a capacidade de nos comunicarmos
com destreza nessas ferramentas. É difícil estabelecer conexão, principalmente por esses meios. No entanto,
há algumas dicas que facilitam essa comunicação. Por exemplo, quando falar ao telefone, sorria! O sorriso na
voz sempre é percebido e transparece simpatia.
Regras de etiqueta no mundo corporativo 43

Além disso, nesses meios, é essencial que tenhamos mais cordialidade na voz do que de costume, uma vez
que ninguém está vendo nossas feições e mensagens não verbais. A recíproca é verdadeira; por isso, treine
seus ouvidos para perceber sinais de timidez, receio, alegria e irritação ao telefone. Por exemplo, se a pessoa
já se despediu três vezes e você continua falando, ela deve estar com presa ou minimamente interessada no
que você tem a dizer.
Muitas pessoas ainda deixam mensagem no correio de voz. Atualmente, talvez seja mais prático enviar
uma mensagem por WhatsApp ou SMS. Entretanto, se preferir usar o correio de voz, tome cuidado para
não exagerar ou suprimir informações. É recomendável que a fala seja clara e calma, declarando o motivo
da ligação, nome, de onde fala e o número de retorno. Deixe a mensagem o mais simples e sucinta possível e
não se esqueça de que esse não é o momento de fazer piadas.
Para contatos on-line (e-mail, SMS, WhatsApp), por mais que alguns canais tenham uma conotação
mais informal, é importante destacar que um bom português sempre abre portas. Isso não significa que a
linguagem precisa ser rebuscada, mas que erros de grafia são inadmissíveis. No e-mail, seja conciso1 e insira
pontuação, saudação, encerramento e dados de assinatura, como nome completo, telefone, endereço e, se
quiser, sua rede social profissional.
No caso do WhatsApp, algumas abreviações e emoticons podem ser utilizados com muita parcimônia. Já
no caso das redes sociais, tudo dependerá do conteúdo que consta em sua rede. Caso fique em dúvida se o
conteúdo está apropriado para o mercado de trabalho, é melhor aplicar as opções de privacidade fornecidas
na rede. Vale lembrar as palavras de Ciletti:
certifique-se de utilizar as opções de privacidade fornecidas na maioria dos sites das redes sociais, e de
que suas atividades online sejam visíveis apenas para amigos próximos e familiares. Esteja ciente que
suas postagens podem ser acessadas por potenciais empregadores. Suas palavras, fotos ou seus vídeos
podem ser usados para determinar se você seria ou não uma boa aquisição para a equipe da empresa.
(CILETTI, 2017, p. 123)

Apesar de ser uma prática condenável, que desrespeita a liberdade de expressão individual, alertamos que
algumas empresas acabam rejeitando um candidato pelo seu posicionamento político nas redes sociais. No
próximo capítulo, falaremos com profundidade sobre mercado de trabalho, currículo e entrevista. Neste, o
enfoque é o macro, com regras gerais para todas as situações do dia a dia.
Além da aparência presencial e remota, o desenvolvimento de competências socioemocionais, como
inteligência emocional, sociabilidade, liderança, determinação, colaboração, curiosidade e empatia, também
podem contribuir para uma postura profissional adequada.
Para convivermos socialmente, é essencial termos atitudes de gentileza, cordialidade, bondade, tolerância,
respeito e empatia. Desenvolvemos essas habilidades desde pequenos no convívio com nossa família, amigos
e colegas e, sem isso, não conseguiríamos nos inserir ou nos adequar em nenhum grupo.
A sociabilidade, por exemplo, é essencial para o trabalho em equipe e é uma das habilidades mais
valorizadas no mercado de trabalho. Se uma pessoa não tiver as habilidades necessárias para conviver em
sociedade, com certeza não saberá trabalhar em equipe, e, consequentemente, será cada vez mais difícil se
consolidar no ambiente de trabalho. Há 30 ou 20 anos, eram comuns algumas profissões em que se podia
atuar totalmente isolado, mas esse tempo ficou no passado. Hoje, os profissionais precisam se articular com

1 Não vamos aprofundar muito o formato do texto, visto que vamos abordar a comunicação empresarial oral e escrita em contextos
formais no último capítulo.
44 Marketing pessoal e etiqueta

as demais áreas, fazendo a corporação ganhar rapidez e eficiência. A comunicação nunca foi tão valorizada,
e tudo está interdisciplinar.
Além disso, a troca de ideias, insights, conhecimentos e visões pode ser muito agradável. Uma equipe
com diversos pontos de vista pode se transformar em uma equipe de alta performance, pois várias cabeças
pensando é muito melhor do que só uma. Só não vale roubar a ideia do colega e levar o crédito! Essa troca
também estimula a curiosidade, a vontade de encontrar a solução adequada e trazer mais conhecimento
ao grupo, além da criatividade, pois podemos pegar várias ideias e criar algo diferente. Para isso, devemos
observar as novas ideias, até as mais absurdas ou clichês. Não tenha medo de provar coisas novas e fuja
do tradicional! A curiosidade permite que novos mundos sejam descobertos, basta recebermos esse
conhecimento com muita humildade e noção de que não sabemos tudo e que não existe verdade absoluta.
Para desenvolvermos todas essas habilidades, é essencial aprendermos a lidar com nossas emoções,
identificando-as e controlando-as. Por exemplo, mesmo após uma briga que nos deixa tristes e ansiosos,
precisamos nos concentrar no trabalho e finalizar nossas atribuições. Isso é o que chamamos de inteligência
ou estabilidade emocional, ou seja, a capacidade de canalizar nossas emoções, nos automotivarmos e
controlar nossos impulsos. Conforme as lições de Goleman:
o impulso é o veículo da emoção; a semente de todo impulso é um sentimento explodindo para expressar-
se em ação. Os que estão à mercê dos impulsos – os que não têm autocontrole sofrem de uma deficiência
moral. A capacidade de controlar os impulsos é a base da força de vontade e do caráter. (GOLEMAN,
2011)

Além disso, para nos tornarmos líderes e protagonistas da nossa própria vida, antes de tudo, precisamos
nos responsabilizar por nossas atitudes boas e ruins, sem ficarmos nos justificando quando os resultados
estão abaixo do esperado. Devemos demonstrar iniciativa e autoconfiança, assumindo novos desafios,
estando sempre disponíveis e com o desejo de nos destacar, procurando ser os melhores naquilo que nos
propusemos a fazer.
Porém, só conseguimos nos destacar quando atuamos com determinação. Assim, voltamos novamente
à questão dos objetivos e metas, uma vez que só é possível ter determinação se soubermos aonde estamos
indo, com vontade e motivação para alcançar nossos objetivos, transpondo todas as barreiras que estão no
caminho. Para isso, é necessário muita organização, disciplina e foco, pois surgirão dezenas de situações
“distratoras” para nos afastar de nossas metas.

3.3 Etiqueta nas redes sociais


O Brasil é um dos países que mais utiliza redes sociais no mundo, com uma inserção de 66% da
população nas redes, considerando o número total de habitantes. Temos 130 milhões de brasileiros no
Facebook, 98 milhões no YouTube e 69 milhões no Instagram, gastando uma média de três horas e meia
nas plataformas (LOPEZ, 2019).
Mas, afinal, o que são redes sociais? As redes sociais são estruturas compostas de indivíduos, em ambientes
virtuais ou não, com o intuito de conectar pessoas que se identificam, para que possam compartilhar
informações entre si (fotos, dados, vídeos etc.). Inclusive, algumas plataformas têm nichos de interesses
específicos, como o Tinder (encontros românticos), o LinkedIn (carreira) e o TripAdvisor (viagens).
Diante desse conceito, depreendemos que as redes sociais já existem desde muito antes da internet por
meio de associações de pessoas, como grupos com interesses políticos, religiosos, criminosos, familiares ou
étnicos em comum. Para confirmar essas afirmações, notamos o conceito de Marques e Aguiar:
Regras de etiqueta no mundo corporativo 45

uma rede social é uma estrutura composta por pessoas ou organizações, agregadas por um ou mais tipos
de relações, que possuem uma identidade em comum e que partilham valores, interesses e objetivos.
Ou seja, é uma estrutura social de caráter permanente, cujo alto grau de maleabilidade é ditado pela
movimentação dos seus membros. (MARQUES; AGUIAR, 2011, p. xvii)

Cabe ressaltar a diferença entre mídia social e rede social, sendo a primeira muito mais abrangente que a
segunda. Mídia social é a ferramenta, canal ou veículo, enquanto rede social é o grupo formado por pessoas
que se relacionam e interagem. O Facebook e o Instagram, exemplos clássicos, são voltados a conectar
pessoas, mas também é possível usá-los para disseminar conteúdos. Isto é, o Facebook e o Instagram são
mídias sociais (ferramentas) com princípios de rede social (foco nas interações, por curtidas e comentários).
No YouTube, ocorre o contrário: seu foco é a mídia (disseminação de conteúdo), embora também tenha
espaço para interação (comentários). Além disso, vale destacar que toda rede social é uma mídia social, mas
nem toda mídia é uma rede. Por exemplo, o caso de blogs que não permitem interação, sendo apenas um
ambiente on-line de compartilhamento ou produção de conteúdo.
As redes sociais podem ser off-line ou on-line. Nessa última conexão, tudo é potencializado, inclusive
nossos erros. Por exemplo, falar mal de alguém entre amigos é ruim, mas é muito pior expor essa pessoa
em uma rede social on-line, pois o comentário pode ter milhares de visualizações já que as redes sociais são
plataformas que permitem a multiplicação de conteúdo. Vale observar que a internet mudou até mesmo
nossas relações off-line, uma vez que todo mundo pode virar um meme, basta que um celular grave qualquer meme:
informação
interação, que pode estar descontextualizada ou não, insira-a no ambiente virtual e pronto, a pessoa passa a em qualquer
ter visibilidade. tipo de mídia
que se torna
Entretanto, é importante tomar cuidado, pois essa visibilidade pode ser negativa. Por exemplo, um nude um fenômeno
na internet,
ou uma sex tape vazados podem ter um impacto catastrófico na vida de uma pessoa. Mas nem precisamos ser propagando-se

tão drásticos, pense em um palestrante ou um professor falando mal de alguém próximo para alguns alunos rapidamente.

e que, sem perceber, é gravado e postado nas redes. Com certeza, aquilo que foi falado trará desconforto para
ambos os lados.
A ausência de parcimônia no ambiente on-line pode ocasionar uma catástrofe na vida do indivíduo,
podendo envolver aspectos legais, por exemplo, em casos de racismo via internet2. Ressaltamos que discursos
de ódio em ambiente virtual configuram crime de Injúria Racial, que, conforme o art. 140, § 3º, do Código
Penal, consiste na ofensa utilizando elementos de cor, etnia, raça, religião, idade ou necessidades especiais, com
pena de reclusão de até três anos e multa (BRASIL, 1940). Além disso, vale citar a Lei n. 7.716, que define os
crimes resultantes de preconceito (BRASIL, 1989), e a Lei n. 12.737, conhecida como Lei Carolina Dieckmann,
que dispõe sobre os crimes de delitos informáticos, como invasão de dispositivo (BRASIL, 2012).
Mesmo diante da criminalização desses atos, os crimes de ódio estão crescendo rapidamente no Brasil.
Eles ocorrem principalmente no ambiente virtual, já que este permite o anonimato e, assim, parece ser
um ambiente onde prevalece a impunidade. Desse modo, aparece uma grande quantidade de discursos
preconceituosos e intolerantes nas redes on-line.
Por se sentir empoderado em um grupo, principalmente quando não se está cara a cara com o lado
ofendido, o ser humano se sente corajoso nas redes sociais a ponto de expor seu preconceito de modo
explícito. As redes sociais se assemelham à fofoca, que já existia antes da internet, a qual tornou tudo público.
Portanto, o privado está deixando de existir. Em outras palavras, esse comportamento impulsivo de falar

2 Vale a pena dar uma olhada na reportagem publicada no O Globo sobre vítimas de racismo na internet. Disponível em: https://oglobo.
globo.com/rio/veja-outros-casos-de-famosos-vitimas-de-racismo-na-internet-22117550. Acesso em: 2 out. 2019.
46 Marketing pessoal e etiqueta

tudo o que vem em mente sempre aconteceu, mas não tínhamos conhecimento de maneira rápida como
temos hoje.
Além disso, quando estamos vendo a vida alheia, podemos nos sentir frustrados com nossa própria
vida; afinal, como diz o ditado, a grama do vizinho é sempre mais verde. Devemos ter cuidado, pois
nem tudo que reluz é ouro, ou seja, muitas pessoas desenham uma vida falsa nas redes sociais, mas suas
realidades são bem diferentes.
Mesmo sabendo dessas questões, acabamos nos expondo nas redes sociais, porque sentimos a
necessidade de sermos vistos para existirmos na esfera digital; precisamos da exposição, antes limitada
apenas à esfera privada.
Todas essas tendências de exposição da intimidade que proliferam hoje em dia, portanto, vão ao encontro
e prometem satisfazer uma vontade geral do público: a avidez de bisbilhotar e “consumir” vidas alheias.
Nesse contexto, os muros que costumavam proteger a privacidade individual sofrem sérios abalos;
cada vez mais, essas paredes outrora sólidas são infiltradas por olhares tecnicamente mediados que
flexibilizam e alargam os limites do dizível e do mostrável. Como entender tais processos? Podemos
dizer, simplesmente, que hoje o privado se torna público? A resposta intui-se mais complexa, sugerindo
uma imbricação e interpenetração de ambos os espaços (capaz de reconfigurá-los até tornar obsoleta
a distinção) e um certo do declínio da interioridade que costumava definir o homo psychologicus, em
proveito de outras construções identitárias baseadas em novos regimes de constituição das imagens do
corpo e do eu. (SIBILA, 2003, grifo nosso)

Para evitarmos exposições na internet, é imprescindível planejar nosso posicionamento na rede. De


acordo com Marques e Aguiar (2011, p. xxviii), para gerar percepções positivas no ambiente on-line,
precisamos considerar os três pilares que compõem nossa vida off-line: família, amizade e relacionamentos
profissionais e afetivos. Esses pilares se integram e retratam nossa vida, sendo necessário muito equilíbrio,
responsabilidade e controle sobre o que compartilhar nas mídias sociais.
Diante das lições de Marques e Aguiar (2011), um planejamento eficaz é composto de: 1. o conteúdo, ou o
que falamos; 2. o receptivo, ou o ambiente onde o conteúdo está concentrado (on-line ou off-line); e 3. o ativo,
ou o veículo, canal social, onde o conteúdo é disseminado (Facebook, Instagram, LinkedIn etc.).
A estratégia mais importante e complexa diz respeito ao primeiro tópico, ou seja, ao conteúdo produzido,
uma vez que ele mantém nossos relacionamentos e a percepção da nossa imagem perante a rede. Ele precisa
contemplar os pilares da nossa vida social apresentados anteriormente. De acordo com os autores, devemos
seguir algumas dicas:
• seja fiel ao seu estilo de vida e ao que você é;
• seja transparente (nunca se esqueça disso!);
• mantenha bom senso entre o que pode se tornar público e o que deve ser mantido privado em sua
vida;
• forme opinião e gere discussões sobre o que mais sabe (atitudes de expert!);
• surpreenda... Fale o que seus seguidores querem ouvir e o que eles esperam de você, nunca deixando
de ser autêntico. (MARQUES; AGUIAR, 2011, p. 29-30)

Um perfil bem configurado conta muitos pontos para a sua imagem e para o seu sucesso on-line,
mas não se esqueça de que precisamos ser a mesma pessoa nos mundos off-line e on-line. Congruência
e equilíbrio são fundamentais!
Muitos usuários das redes sociais postam por impulso, sem avaliar o conteúdo daquilo que compartilham
na rede. Contudo, somos o que compartilhamos, então, devemos disseminar conteúdo com responsabilidade,
pensando bem antes de postar algo, nunca postando em momentos em que não temos controle sobre a
situação. Faça algumas perguntas a si mesmo que podem ajudar a decidir se você deve ou não postar algo:
Regras de etiqueta no mundo corporativo 47

• Como minha ideia será interpretada pelo outro?


• Eu gostaria de ler isso se fosse outra pessoa?
• Eu diria isso pessoalmente?
• Estou postando algo interessante ou que agregue conhecimento?
• Minha opinião pode ofender alguém? O que escrevi pode ser considerado como preconceituoso?
• Qual será o impacto da mensagem?
• O conteúdo postado pode comprometer minha imagem?
• Quando postar uma foto com outras pessoas: será que elas querem que suas imagens apareçam na
rede? Será que o post compromete a imagem dessas pessoas?
• Há algo que não quero que alguém veja na minha página?

Além disso, listamos algumas dicas que podem servir de diretriz para sua rede social:
• Evite o excesso de compartilhamento, como ostentação nas redes sociais e os detalhes nada relevantes
da sua vida.
• Não fique reclamando sobre quem posta futilidades. Se não gosta, bloqueie. Bloquear nem sempre pega
mal. Em uma situação extrema, é melhor não se expor para pessoas que você não quer.
• Mantenha certas postagens em anonimato, garantindo a discrição.
• Caso queira desabafar, procure um terapeuta, família ou amigos. A rede social não pode ajudá-lo, e seu
desabafo pode ser mal interpretado, comprometendo sua carreira.
• Não lave roupa suja ou envie indiretas nas redes sociais. Resolva essas situações no âmbito privado. No
caso das indiretas, seu objetivo pode ser atingir “A”, mas acabar atingindo “B” sem nem saber.
• Seja transparente, pois sua honestidade (ou a ausência dela) será rapidamente percebida.
• Evite palavrões ou termos pejorativos.
• Tenha critério em suas postagens. Não coloque fotos e informações que tenha vergonha de mostrar
aos seu pais ou aos amigos dos seus filhos.
• Fique atento aos seus amigos que adoram postar fotos suas com cara de bobo. Para evitar essas
situações, habilite o controle de marcações, evitando surpresas desagradáveis.
• Guarde, só para você, aquele meme que só você acha graça e que tem interpretações dúbias.
• Não fale mal de ninguém. Um fofoqueiro nunca é bem visto.
• Tenha cuidado ao expor suas opiniões, especialmente sobre assuntos polêmicos, pois suas palavras
serão armazenadas por muito tempo e elas não têm entonação de voz ou qualquer outra conotação.
• Sempre se posicione com gentileza e educação.
• Diga não aos erros de português.
• Não poste fotos viajando ou em festas se estiver afastado do trabalho por motivo de doença. Essa atitude
pode ser mal interpretada e as pessoas podem começar a questionar se você está realmente doente.
• Lembre-se de que nem todos gostam de jogos, mensagens de autoajuda e correntes.
• Confirme as informações antes de repassar caso encaminhe postagens.
• Não roube os posts ou fotos de alguém. Se quiser postar, dê crédito à fonte.
• Seja um seguidor e não um perseguidor.
48 Marketing pessoal e etiqueta

• Evite perfil de casal, pois confunde a todos que entram em seu perfil.
• Aceite a solicitação do seu chefe caso ele peça para adicioná-lo e interaja com critério, preferencialmente
com filtro de visualização dos seus conteúdos. Se você enviar o convite, garanta que exista intimidade
o suficiente entre você e o seu chefe fora do ambiente profissional.
• Saia do grupo de WhatsApp da empresa caso você não faça mais parte do grupo de colaboradores.
• Não é necessário aceitar o convite se não conhece a pessoa que o adicionou na rede social.

Quando temos uma imagem profissional a zelar, nossa atenção às redes sociais deve ser primordial e
devemos evitar mensagens, fotos e comentários inadequados e/ou participar de grupos com declarações
contra as regras éticas e morais. Nesse âmbito, é importante que a rede social tenha uma imagem profissional,
esteja sempre atualizada e colabore para que as pessoas saibam onde nos encontrar (telefone, e-mail, local de
trabalho etc.). Também, nossos perfis social e profissional não podem estar discrepantes. Não faz sentido nos
descrevermos como uma pessoa caseira em uma rede e na outra termos fotos em festas todo dia.
Atualmente, não há mais separação entre o profissional e o pessoal. Se postamos algo na rede, o conteúdo
se torna público, e precisamos aprender a lidar com isso. Um dos cases citados por Lígia Marques e Hegel
Aguiar (2011, p. xxx) é o do diretor da Locaweb que, em 2010, ao festejar a vitória do Corinthians, postou a
seguinte mensagem ofensiva à torcida do São Paulo Futebol Clube (SPFC) no Twitter: “Vamos Locaweb!!!
Chupaaaaaa bambizada!!!! Timão eooooooooooo!!!” (sic). Resultado? Ele foi demitido, já que a Locaweb é
uma das patrocinadoras do SPFC.
Há diversos casos de demissão ou não contratação por exposição demasiada, como o do jornalista Felipe
Milanez, que após criticar a revista Veja em seu Twitter, foi demitido da National Geographic Brasil, pois
ambas as revistas são da Editora Abril3.
Assim, vale destacar que devemos ter cuidado com indiretas para chefes ou para a empresa onde
trabalhamos. Isso não pega bem e pode gerar uma demissão por justa causa. Além disso, um comportamento
inadequado pode custar um novo emprego, independentemente de um ótimo currículo. Se você tem cliente
em alguma rede social, não se esqueça de que “o cliente sempre tem razão”, inclusive no meio on-line.
Lembre-se de que as redes sociais são utilizadas para analisar seu comportamento, hobbies, valores e
posicionamentos. Podemos conhecer melhor uma pessoa ao ver dez cliques de suas redes sociais do que ao
ter uma hora de conversa4.
Todas essas dicas e percepções não significam que precisamos ser robôs nas redes sociais! Apesar disso,
precisamos usá-las com sabedoria, nos baseando em nossos valores. A internet tem o poder de mudar a vida
das pessoas com ideias simples; então, mãos à obra, vamos semear o bem com consciência coletiva.

3.4 Boas maneiras no ambiente corporativo


Não entre em parafuso! Ser alguém educado e elegante não significa que seja preciso saber todas as regras
de etiqueta e pensar o tempo todo na imagem que se deseja projetar. O ideal é que se tenha uma boa noção de
quais são os comportamentos adequados e se transite com naturalidade por eles; afinal, não há nada pior do

3 Disponível em: http://portalimprensa.com.br/noticias/ultimas_noticias/33157/jornalista+e+demitido+da+inational+geographic+


i+por+criticar+iveja+i+no+twitter. Acesso em: 2 out. 2019.
4 Há sites especializados em perfil, que se baseiam em nossas escolhas de navegação. Para saber o seu perfil, acesse: https://www.
navegg.com/politica-de-privacidade/seu-perfil/. Acesso em: 2 out. 2019.
Regras de etiqueta no mundo corporativo 49

que um comportamento travado e amedrontado. Se você tem dúvidas sobre as regras de etiqueta, pergunte,
e não se esqueça de que a humildade e a honestidade são essenciais em qualquer situação.
É impossível falar de imagem, marca e marketing pessoal sem falar de boas maneiras e etiqueta. Nosso
objetivo, neste capítulo, é trazer um panorama geral para melhorar a convivência no ambiente corporativo
e, nesse caso, a regra básica é sempre ter bom senso. Por exemplo, não é necessário criar uma regra sobre o
momento certo de nos calarmos, pois basta repararmos o rosto do receptor da mensagem e observarmos
reações de tédio e desinteresse, como sono ou quando o receptor olha o celular e o relógio a cada cinco segundos.
As boas maneiras e as regras de etiqueta têm o objetivo de reduzir os conflitos no ambiente de trabalho,
tornando a vida mais leve. Ter boas maneiras significa ter uma postura respeitosa e educada com o outro,
enquanto etiqueta refere-se a regras técnicas, como comportamento em festas e jantares.
Acerca das regras técnicas de etiqueta, muitos materiais e tratados foram elaborados, como o caso da
Enciclopédia Larousse, que trata do decoro do comportamento social. Como pontua Rubem Cobra:
a Enciclopédia Larousse (1926) informa, sob o verbete Civilité, que Erasmo de Roterdã, notável
intelectual holandês do século XVI, se preocupava em fazer que seus educandos assimilassem, desde
criança, normas fundamentais de Boas-maneiras. Ele escreveu, para o jovem príncipe Henrique de
Borgonha, filho de Adolfo, príncipe de Veere, na Holanda, o De civilitate morum puerilium (Da civilidade
dos costumes das crianças), um pequeno livro de Boas-maneiras publicado em 1530, muito procurado e
lido na Época Moderna. (COBRA, 2002, p. 6, grifo do original)

No entanto, sabemos que o mundo está em constante transformação e, com ele, algumas regras de etiqueta
também se revigoram. Assim, não abordaremos questões técnicas específicas, como a maneira de montar
uma mesa à francesa, até porque o convívio social harmonioso é mais importante do que formalidades
demasiadas. A ideia é trazer noções gerais para qualquer ocasião, mantendo uma postura elegante e educada.
A maioria dessas noções é aprendida na infância, em jantares em família ou brincadeiras com os irmãos
em casa. Porém, essas situações estão cada vez mais escassas, e a educação está sendo terceirizada e repassada
para a escola, que ainda não está preparada para a formação comportamental. De acordo com Cobra, esta
seria uma matéria livre sobre ética, responsabilidade e comportamento social:
esta não seria propriamente uma disciplina a ser ensinada, mas uma atividade incluindo palestras, teatro
pedagógico, visitas educativas, redação de textos, ou que outros instrumentos o Orientador descobrisse
como úteis para passar ensinamentos de Psicologia Social, Psicofisiologia, Moral, responsabilidade social,
e o mais que julgasse útil à saúde e felicidade pessoal do aluno, e à sua boa integração social. A atividade
seria integrada ao Ensino Fundamental (antigo Primeiro Grau) e Ensino Médio (antigo Segundo Grau).
(COBRA, 2002, p. 61)

Algumas atitudes merecem atenção quanto à etiqueta e às boas maneiras, evitando, assim, constrangimentos:
• Olhe nos olhos da pessoa com quem está conversando, demonstrando interesse. O olhar é o primeiro
contato e é primordial em todos os relacionamentos, pois ele comunica, envolve e cativa.
• Pergunte o nome da pessoa caso você esqueça ou não saiba.
• Escute, aprenda e não fique falando o tempo todo; afinal, o objetivo é estabelecer uma conversa e não
um monólogo.
• Fale em um tom de voz comedido, nem alto, nem inaudível, e seja simpático, cordial e educado para
que a conversa flua.
• Use as “palavras mágicas”: bom dia, boa tarde, boa noite, por favor, obrigado, com licença, desculpe
etc.
50 Marketing pessoal e etiqueta

• Pesquise a cultura do país se for viajar ou ter uma reunião com estrangeiros. Além de enriquecer seu
conhecimento, isso faz com que você evite gafes.
• Não deixe a outra pessoa falando sozinha para ir atender ao celular por qualquer motivo. Quando
você está na presença de alguém, ela é sua prioridade. Se for uma ligação importante, peça desculpas,
explique e diga que será rápido.
• Tenha um aperto de mão firme para transmitir segurança. Um aperto de mão fraco pode demonstrar
falta de interesse, insegurança ou, até mesmo, nojo. Seja educado e cumprimente a todos, desde a
recepcionista até o diretor da empresa. Caso não possa dar um aperto de mão, dê um sorriso simpático.
• Dê um “beijo social” apenas nas pessoas com quem tenha certa intimidade. Todavia, se alguém o
cumprimentar com um beijo, retribua, já que o importante é a gentileza.
• Mantenha uma distância adequada, pois quando falamos com pessoas tocando nelas, invadimos sua
privacidade, e o ideal é não criar uma barreira que dificulte o entendimento do que está sendo dito.
• Mantenha clareza e objetividade ao falar ao telefone, sem fazer rodeios para chegar ao assunto principal
e evitando contar histórias imensas.
• Use seu nome e sobrenome quando se apresentar a alguém, e só depois o nome da empresa, uma vez
que isso ajuda na construção da sua marca.
• Só pergunte se a pessoa está grávida se tiver certeza, e não aponte aspectos negativos ou faça perguntas
inconvenientes, como notar que a pessoa está abatida ou perguntar o valor da sua roupa.
• Não fique reclamando da sua vida, falando sobre assuntos que só interessam a você, ou contando
vantagens quando conversar com alguém.
• Fique na sua caso você não fume, não coma carne ou não beba bebidas alcoólicas, pois ficar tentando
convencer o mundo de que seu estilo de vida é o melhor, além de chato, pode fazer com que a situação
se torne constrangedora.
• Na hipótese de ter se transformado em coach, não tente fazer coaching com todos os seus amigos
e colegas; nem seja um perseguidor que deixa todos envergonhados caso esteja ganhando milhões
com marketing de rede.
• Se estiver apertado financeiramente e precise emprestar algum dinheiro, peça ajuda a um amigo.
Mas não se esqueça de que é emprestado e não doado. Deixe claro quando efetuará o pagamento e
jamais finja que não deve. Inclusive, devolva o valor total.
• Não fure filas, nem fique colado na pessoa da frente, esbarrando nela o tempo todo, pois isso não
vai fazer a fila andar mais rápido.
• Não beije a mão de uma mulher quando for a cumprimentar, pois esse comportamento não é mais
aceitável.

Além dessas dicas de boas maneiras, é imprescindível identificar alguns comportamentos básicos desejados
no ambiente de trabalho, como ser pontual, responsável e organizado. De acordo com a Consolidação das
Leis do Trabalho (BRASIL, 1943, art. 58, § 1º), chegar cinco minutos mais cedo ou mais tarde é o mesmo
que ser pontual, uma vez que não computa no banco de horas. Entretanto, qual é o real impacto de se chegar
cinco minutos atrasado todo dia? Quando chegamos atrasados, pode ser que já estejamos no “olho do
furacão”, com o telefone tocando, pessoas chamando e sem tempo para organizar nosso dia. Assim, acabamos
sendo engolidos pela rotina e não definimos nossas prioridades.
Regras de etiqueta no mundo corporativo 51

E, afinal, o que é prioridade? Prioridade é uma combinação de urgência e importância. Quanto mais
organizado estiver o nosso roteiro diário, menor a probabilidade de cairmos na procrastinação. Assim, para
facilitar, faça uma lista com as suas prioridades na ordem mostrada no quadro a seguir.

Quadro 1 – Estabelecendo prioridades

Prioridade Urgência Importância

1 SIM SIM

2 NÃO SIM

3 SIM NÃO

4 NÃO NÃO

Fonte: Elaborado pela autora.

Além disso, mantenha sua mesa organizada, principalmente nos ambientes de coworking, em que
ninguém tem posição fixa. Interrupções, redes sociais e conversas paralelas podem tirar o seu foco, então
evite o excesso. Lembre-se de que você é medido por sua produtividade, então, cumpra suas obrigações sem
deixar pendências e mantenha seus gestores cientes de suas atividades.
Esteja adiantado quanto às cobranças; é chato ser cobrado, mas também é desagradável cobrar,
principalmente se for algo recorrente. Por isso, seja sempre sincero sobre sua capacidade, visando surpreender
seus clientes internos (dentro da empresa) e externos (fora da empresa) de maneira positiva, e mantenha
uma relação de confiança.
Para evitar qualquer contenda, é imprescindível que haja um ambiente colaborativo, empático, sem
discriminação, com responsabilidades claras para cada cargo e promoção da capacitação dos funcionários.
Todavia, algumas vezes, o conflito é inevitável. Nesses casos, avalie o impacto em sua produtividade e resolva
o problema. Dorene Ciletti nos apoia com as seguintes estratégias para resolução de conflito:
Conheça o conflito. As pessoas envolvidas devem admitir que há um conflito, descrever o desacordo ou
a disputa e dar aos outros a oportunidade de explicar seus pontos de vista.
Resolva o conflito. Seja imparcial, busque lógica da questão. Aponte fatos e mantenha as emoções sob o
controle. Considere as alternativas possíveis.
Faça um acordo. Fazer um acordo envolve dar e receber. Enquanto o comprometimento pode resolver os
conflitos, a maior parte deles envolve emoção e poder, que podem levar a soluções que talvez não sejam
do interesse da empresa.
Use um mediador. O objetivo da mediação é trabalhar com uma pessoa que não esteja envolvida no
conflito para ajudar a encontrar uma solução de ganho mútuo. (CILETTI, 2017, p. 116-117)

Em alguns casos, o conflito é um fator positivo, que estimula o crescimento profissional e pessoal,
permitindo a avaliação constante do nosso posicionamento. Precisamos ter em mente que não existem
verdades absolutas, sendo necessária a constante revisão dos nossos conceitos e preceitos. Assim, mudar de
ideia não é vergonhoso, desde que haja coerência.
Por fim, escolha com cuidado os conflitos que você deseja enfrentar e resolver. Não compre qualquer briga
e não haja na defensiva. Esteja aberto a ouvir a outra versão da história, pois, às vezes, nos surpreendemos
com a visão do outro.
52 Marketing pessoal e etiqueta

Considerações finais
Concluímos que não é possível falar de boas maneiras e etiqueta sem pensar nos princípios éticos que
permeiam nosso convívio em sociedade. Algumas habilidades podem ser desenvolvidas e ajudam bastante
em nossa postura no mercado de trabalho, como colaboração, determinação e inteligência emocional, que
devem sempre ser pautadas pela objetividade e transparência.
Vale destacar que a principal mudança que está ocorrendo na era digital se refere ao posicionamento de
valores morais, sociais e comportamentais. A forma como as pessoas interagem umas com as outras, com
as marcas e com o meio ambiente mudou, ou seja, não ocorreu apenas uma transformação tecnológica,
mas, sim, uma transformação sociotecnológica, com mudanças constantes, principalmente no que tange o
compartilhamento de informações. As empresas não são mais detentoras das informações dos seus produtos;
hoje, cada indivíduo é formador e fomentador de opinião, inclusive sobre outro indivíduo.
Desse modo, precisamos ter cuidado com o que falamos e onde, pois tudo é ouvido e pode ser usado
contra nós. O registro do seu perfil é sua identidade nas redes sociais, então saiba quem são seus seguidores
e entenda o que eles querem ouvir de você. Lembre-se de que seu nome é sua marca, e sua imagem é sua
embalagem. Por isso, gerencie sua reputação on-line e off-line de modo eficaz.
Vale ainda ressaltar que somos eternos aprendizes. Se ainda está aprendendo como se portar no ambiente
de trabalho, não tenha medo de fracassar. Tente, aprenda, peça feedback, observe bons exemplos e sempre
tenha iniciativa. Além disso, lembre-se de que nosso espaço termina quando o do outro começa, ou seja,
a melhor regra de etiqueta e boas maneiras é simplesmente agir de modo a não incomodar os outros.
Precisamos tratar as pessoas como gostaríamos de ser tratados ou, ainda, ir além, tendo empatia e tratando
os outros como eles gostariam de ser tratados.
Reforçamos que as dicas deste capítulo são um panorama geral para facilitar o convívio em sociedade e
no ambiente de trabalho. No próximo capítulo, vamos abordar com profundidade o ingresso no mercado de
trabalho, desde currículo e entrevistas até negociação de salário.

Ampliando seus conhecimentos


• A IMPORTÂNCIA do trabalho em equipe. [S.l.: s.n.], 2014. 1 vídeo (3 min). Publicado pelo canal
Quero Viajar Top TV. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=P3IktPVhvFo. Acesso em:
2 out. 2019.
Essa animação nos ajuda a observar como aquilo que parece ser uma tentativa de prejudicar nosso
trabalho pode ser uma ajuda imprescindível para a sua realização. Trabalhar em equipe envolve, antes
de tudo, confiança mútua entre todos os envolvidos.

• COMPORTAMENTO Ético nas Redes Sociais – Parte 1 – O que não fazer. [S.l.: s.n.], 2012. 1
vídeo (2 min). Publicado pelo canal tvbarbante. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=Yr4Cboj_K20. Acesso em: 2 out. 2019.
Dicas de etiqueta de Mario Persona sobre o que você deve ou não fazer nas redes sociais e blogs.
Persona é palestrante, professor e consultor de estratégias de comunicação e marketing e autor de
vários livros de negócios.
Regras de etiqueta no mundo corporativo 53

• ETIQUETA na Web – Globo News – Conta Corrente. [S.l.: s.n.], 2012. 1 vídeo (11 min). Publicado
pelo canal Helena Duncan. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3wuX3MqCzgI.
Acesso em: 2 out. 2019.
Participação de Helena Duncan, autora do projeto Etiqueta na Web, no programa Conta Corrente, da
Globo News. O tema do programa era Etiqueta nas redes sociais.

• FRABASILE, D. Guia de etiqueta para lidar com o chefe nas redes sociais. Época Negócios, 18 ago.
2018. Disponível em: https://epocanegocios.globo.com/Carreira/noticia/2018/08/guia-de-etiqueta-
para-lidar-com-o-chefe-nas-redes-sociais.html. Acesso em: 2 out. 2019.
Reportagem da revista Época Negócios, com um breve guia de etiqueta sobre como lidar com o chefe
nas redes sociais.

• ETIQUETA no mundo moderno. Época Negócios, 20 jan. 2009. Disponível em: http://epocanegocios.
globo.com/Revista/Common/0,,EMI23693-16363,00-ETIQUETA+NO+MUNDO+MODERNO.
html. Acesso em: 2 out. 2019.
Reportagem sobre como usar o smartphone, participar de teleconferências, responder a e-mails e
receber convidados sem cometer gafes.

• GLÓRIA Kalil responde 4 dúvidas sobre etiqueta profissional. [S.l.: s.n.], 2017. 1 vídeo (2 min). Publicado
pelo canal CLAUDIA on-line. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=eeWXcT6DJvk.
Acesso em: 2 out. 2019.
Gloria Kalil responde a quatro dúvidas sobre etiqueta profissional, com questões atuais, como
comportamento em festa corporativa e redes sociais.

• KALIL, G. Moda e etiqueta. [S.l.: s.n.], 2017. 1 vídeo (38 min). Publicado pelo canal Café Filosófico
CPFL. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=yb_pzs897R4. Acesso em: 2 out. 2019.
A etiqueta nasce da simpatia com o próximo, que é mais importante do que qualquer formalidade. Só
quem respeita o outro entende a etiqueta. Superar o formalismo nas relações humanas é decisivo para
construir o cuidado na convivência.

• A YOUTUBER vegana que enfureceu fãs ao ser filmada comendo peixe. BBC Brasil, 27 mar. 2019.
Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-47710433. Acesso em: 2 out. 2019.
A notícia apresenta o caso recente de exposição da youtuber vegana, Rawvana, que foi flagrada
comendo proteína animal. Seus seguidores se sentiram traídos e a digital influencer perdeu patrocínios
e mais de um milhão de seguidores. Para recuperar sua imagem, Rawvana mudou seu canal para
Yovana e falou que é uma pessoa diferente e precisava se encontrar. Porém, o estrago já estava feito, e
muitos nunca mais confiarão na youtuber.

Atividades
1. Leonardo, analista de service desk da área de tecnologia de uma multinacional, é chamado pelo diretor
comercial para atualizar seu notebook. Enquanto realizava alguns testes, Leonardo teve acesso a
informações sigilosas sobre a estratégia comercial da empresa, que impactam diretamente um de seus
melhores amigos que trabalha na empresa. Qual é a melhor atitude que Leonardo pode tomar? Por quê?
54 Marketing pessoal e etiqueta

2. Considerando as questões de postura profissional, analise o seguinte caso: Pedro é chamado por
seu diretor para uma reunião de última hora. Quando entra na sala, percebe uma tensão, visto que
todos estão com os ânimos alterados. Ao ser questionado sobre seu projeto, qual competência
socioemocional Pedro deve demonstrar na reunião?

3. Avalie se seu posicionamento nas redes sociais está adequado e elenque quais melhorias podem
ser aplicadas.

Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 5 out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.
htm. Acesso em: 2 out. 2019.

BRASIL. Decreto-lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 31 dez.
1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm. Acesso em: 2 out. 2019.

BRASIL. Decreto-lei n. 5.452, de 1 de maio de 1943. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 9 out. 1943.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm. Acesso em: 2 out. 2019.

BRASIL. Lei n. 7,716, de 5 de janeiro de 1989. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 6 jan. 1989. Disponível em: https://www2.
camara.leg.br/legin/fed/lei/1989/lei-7716-5-janeiro-1989-356354-publicacaooriginal-1-pl.html. Acesso em: 2 out. 2019.

BRASIL. Lei n. 12.737, de 30 de novembro de 2012. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 3 dez. 2012.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12737.htm. Acesso em: 2 out. 2019.

CASALI, A. Ética e sustentabilidade nas Relações Públicas. Organicom – Revista Brasileira de Comunicação Organizacional
e Relações Públicas, São Paulo, ano 5, n. 8, p. 48-58, 2008. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/organicom/article/
view/138966/134314. Acesso em: 2 out. 2019.

CILETTI, D. Marketing Pessoal: estratégias para os desafios atuais. São Paulo: Cengage Learning, 2017.

COBRA, R. Q. Boas maneiras, etiqueta e cerimonial: suas definições e seu lugar na filosofia. Brasília: Valci, 2002.

CÓDIGO de Ética Médica. Resolução CFM n. 2.217/2018 e 2.226/2019. Brasília: Conselho Federal de Medicina, 2019.
Disponível em: https://portal.cfm.org.br/images/PDF/cem2019.pdf. Acesso em: 2 out. 2019.

CORTELLA, M. S. O que é Ética. [S.l.: s.n.], 2014. 1 vídeo (7 min). Publicado pelo canal Luís Cunha. Disponível em:
https://youtu.be/2gVCs2fIILo. Acesso em: 2 out. 2019.

GOLEMAN, D. Inteligência emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2011.

LOPEZ, B. Brazil: Digital in 2019 Report. PagBrasil, 28 fev. 2019. Disponível em inglês em: https://www.pagbrasil.com/
insights/digital-in-2019-brazil/. Tradução disponível em: http://www.teoriadigital.com.br/marketing-digital/brasil-os-
numeros-do-relatorio-digital-in-2019/. Acesso em: 2 out. 2019.

MARQUES, L.; AGUIAR, H. V. Etiqueta 3.0: atitude e comportamento on-line & off-line. São Paulo: Évora, 2011.

SIBILA, P. Os diários íntimos na internet e a crise da interioridade psicológica. Compós – Associação Nacional
dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação, Recife, 2003. Disponível em: http://www.compos.org.br/data/
biblioteca_1049.PDF. Acesso em: 2 out. 2019.

SUNG, J. M.; SILVA, J. C. Conversando sobre ética e sociedade. Petrópolis: Vozes, 2004.
4
Mercado de trabalho

Neste capítulo, vamos abordar questões para aprimorar nossa propaganda pessoal por meio
do currículo e da entrevista, lidando com situações de negociação entre entrevistado e entrevistador,
com base nas regras de civilidade e boas maneiras citadas no capítulo anterior, que também são
essenciais em uma situação de novo emprego.
Além disso, vamos proporcionar conhecimentos sobre a livre iniciativa (empreendedorismo)
e trabalhos autônomos, compreendendo os riscos envolvidos.

4.1 Currículo
Já vimos como criar nossa marca e expor de maneira adequada nossa imagem, mas
como podemos colocar isso no papel para conseguirmos uma recolocação profissional? Diante
desse questionamento, percebemos que, assim como a nossa aparência, atitudes, competências,
comunicação, entre outras características citadas nos capítulos anteriores, o currículo profissional
também faz parte da nossa imagem.
O currículo é semelhante ao folder ou anúncio de um produto que queremos vender; nesse
caso, nós mesmos. A função do anúncio é estimular o interesse do prospect para uma “degustação” prospect:
pessoa que
do produto. O currículo funciona da mesma forma: estimula o interesse do recrutador para demonstra

chamá-lo a uma entrevista. interesse ou


propensão
em adquirir o
De acordo com Ciletti (2017), o recrutador leva de 5 a 10 segundos para decidir se vai produto. É um
ler atentamente o seu currículo ou não. O currículo ideal precisa ser claro, objetivo e sucinto, estágio anterior
ao do cliente.
semelhante a um comercial rápido de TV ou revista, que tem pouco conteúdo, mas apresenta
características suficientes que se adequam às necessidades do consumidor e chamam sua atenção.
Conforme falamos no capítulo anterior, nossa vida pessoal se mistura com a profissional a todo
momento, principalmente nas redes sociais. Por isso, pense nas suas redes sociais como um anúncio
de mídia digital para o consumidor, que, nesse caso, é seu futuro empregador.
Conforme Ritossa (2009, p. 139), um currículo bem elaborado consegue traduzir nossa
apresentação pessoal de maneira eficaz e separar o joio do trigo, ou seja, consegue dissociar quem
será ou não chamado para a entrevista. Por isso, a elaboração de um currículo deve ser planejada
criteriosamente, com bom senso, objetividade, honestidade e organização, assim como é um
profissional de qualidade. Lembre-se de que, ao entregar um currículo, estamos colocando o nosso
produto nas mãos de um possível cliente.
56 Marketing pessoal e etiqueta

Cada currículo é diferente e traduz um pouco da nossa personalidade; assim, não há uma
forma certa ou um padrão adequado. Contudo, existem algumas regras básicas que podem apoiar
a construção do nosso currículo, como não cometer erros gramaticais ou de digitação, uma vez que
isso demonstra descuido ou pouca instrução no momento da elaboração do currículo.
Use linguagem profissional, sem gírias e seja o mais breve possível. Ninguém aguenta
currículos de páginas e páginas, com tudo o que já fizemos na vida. Pense no recrutador que
tem mais de 200 currículos para analisar. Ao ver um currículo extenso, ele poderá ficar cansado
e pular para o próximo rapidamente. Precisamos focar nas atribuições e características que
brilhem aos olhos do recrutador, que ele possa bater o olho e já ver o que procura. O ideal é que
o currículo tenha apenas uma lauda ou, no máximo, duas (caso que só se justifica se tiver muitos
anos de experiência).
Partimos do princípio de que o mundo é digital; então, encaminhe o currículo por e-mail
e com antecedência da entrevista. Entregar currículos pelos correios ou pessoalmente não é mais
usual. Entretanto, se por acaso você ainda utilizar esse método ou ele for solicitado pelo recrutador,
lembre-se de não entregar um currículo manchado, molhado ou rasgado. Seu currículo precisa
espelhar o profissional impecável que você é.
Conforme elucida Ciletti (2017), algumas seções são comuns em todos os currículos:
cabeçalho com nome, dados para contato e informações pessoais básicas; objetivo profissional
assertivo com uma breve descrição do tipo de trabalho que se está procurando; escolaridade em
ordem cronológica inversa; experiência profissional também em ordem cronológica inversa;
habilidades e competências; línguas estrangeiras; condecorações ou prêmios; e resumo das
qualificações e referências.
Apesar de as pessoas estarem habituadas ao formato padrão de currículo, que apresenta as
informações apenas na forma de texto escrito, hoje em dia, é muito prezado o currículo visual.
Esse formato possui não apenas textos, mas também imagens, ícones, e até hyperlinks para que o
leitor possa acessar as informações com rapidez se estiver lendo em uma plataforma digital. Esse
tipo de currículo pode ajudar a chamar a atenção do recrutador por se destacar no meio de vários
currículos iguais. Observe a seguir, na Figura 1, um exemplo de currículo visual, que apresenta as
informações listadas anteriormente.
Mercado de trabalho 57

Figura 1 – Modelo de currículo visual

MARINA SILVA
EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL

Dezembro 2015/Atual
Companhia Varejista
Coordenadora
Coordeno a célula de Inteligência de
OBJETIVO Negócios – orçamento de vendas,
Obter cargo de liderança na equipe de Atendi- informações gerenciais, apresentações,
mento para atuar com experience do cliente. ações e promoções de venda, pesquisas e
análise de mercado.
Desenvolvi projetos comerciais e aberturas
SOBRE MIM de novos canais, como e-Commerce e
Administradora por formação, criativa por venda por correspondentes bancários,
natureza. Dona de uma mente inquieta, que está aumentando a comercialização do produto
sempre em busca de inspirações para inovar. Pessoa Física em 40%.
Estou em constante processo de crescimento e Participei ativamente na implantação do
aprendizagem pessoal e profissional. Sistema ISO 9000.

Endereço: Rua Carochinha, 123 – São Maio 2010/Dezembro 2015


Paulo/SP Companhia de seguros
Analista de suporte
Telefone: (11) 12345-6789 Implementei todo o processo de SAC –
Reclamações, sugestões e elogios – da
e-mail: marina@yahoo.com.br Central de Atendimento.

HABILIDADES E COMPETÊNCIAS

Foco em resultado
EDUCAÇÃO
Visão ampla
Resiliência
2019 – Planejamento de mídias digitais
Inovação
Fundação Getúlio Vargas
Colaboração
2018 – Gestão da Inovação
Veduca

CAPACIDADES E CONHECIMENTOS 2017 – Leader Coach Training


IBC – Instituto Brasileiro de Coaching
Microsoft Word
2012-2013 – Tecnólogo em Logística
Microsoft Excel Universidade Anhembi Morumbi

Microsoft PowerPoint 2005-2009 – Graduação em Administração


Universidade Federal de Santa Catarina
Microstrategy (BI)

INTERESSES PESSOAIS

Música IDIOMAS
Esportes
Inglês fluente
Voluntariado Viajar

Fonte: Elaborada pela autora.

Agora, vamos explanar detalhadamente cada um desses itens!


58 Marketing pessoal e etiqueta

O ideal é que o cabeçalho contenha seus dados básicos e informações de contato, sendo uma
seção essencial. Informações como estado civil e filhos são opcionais e devem ser aprofundadas na
entrevista, se for o caso. O mais importante é apresentar as informações de contato, como endereço,
telefone e e-mail. Com relação ao e-mail, estabeleça um ID profissional. Afinal, o recrutador não
vai gostar de encaminhar uma devolutiva para “gatynhamanhosa665”. Se for o caso, altere seu ID
ou crie um novo. Além disso, utilize um endereço fixo com pouca probabilidade de alteração, ou
seja, não utilize o endereço do seu emprego atual ou de um flat ou república.
Logo após o cabeçalho, devem vir seus objetivos, deixando bem claro o que você almeja. Se
está buscando recolocação ou emprego em mais de um lugar ou função, faça um objetivo específico
para cada candidatura, adequando-o ao cargo pretendido. Isso não quer dizer que você está
atirando para todos os lados: candidatando-se para médico, mas se surgir uma vaga de veterinário
também aceita. Essa adequação é sutil. Por exemplo, está procurando uma vaga de coordenador,
mas também tem interesse se surgir uma vaga de consultor. Contudo, não caia na pegadinha de
colocar algo genérico que sirva para todas as vagas a que está se candidatando. Seja específico e
certeiro, como “Obter cargo de gestão na área de marketing”.
O campo resumo também é obrigatório. Ele pode ser incluído logo no início do currículo;
assim, o recrutador consegue determinar se continua ou não a leitura. Portanto, o resumo precisa
ser criativo para chamar a atenção e atiçar a curiosidade do leitor. Ele também precisa conter
palavras-chave eficazes e relacionadas ao objetivo profissional, visto que o primeiro contato do seu
currículo pode ser com programas específicos que buscam substantivos referentes à vaga, e não
diretamente pessoas. Outra dica é evitar o uso de verbos. Para entendermos melhor o que seria um
resumo sucinto, podemos ver o seguinte exemplo.

Administradora por formação; determinada e resiliente por natureza.


Experiência em administrativo, financeiro, gestão de pessoas,
atendimento ao cliente, comercial e comunicação. Foco no resultado,
flexibilidade cognitiva, criatividade, inteligência emocional e visão
analítica fazem parte do meu perfil. Disponibilidade para atuar em São
Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná e Santa Catarina.

As competências, habilidades, capacidades e conhecimentos são um campo de grande


relevância para o currículo e podem ser determinantes na contratação. Suas habilidades e
competências precisam ter conexão com a vaga pretendida e com suas experiências passadas,
demonstrando crescimento profissional. Com relação às capacidades e conhecimentos, é
importante destacar pontos que se relacionem ao trabalho. Por exemplo, saber lidar com alguma
ferramenta de BI (business intelligence) é recomendável para o cargo de analista de negócios.
Ademais, é importante incluir o nível de cada habilidade, competência, capacidade e
conhecimento. No exemplo da Figura 2, a seguir, retirado do currículo apresentado anteriormente,
optamos por demonstrar por meio de barras; contudo, você pode usar níveis (básico, intermediário
Mercado de trabalho 59

ou avançado), porcentagem, ou ainda escolher outro formato mais adequado ao seu objetivo e que
o recrutador consiga entender facilmente.
Figura 2 – Exemplo de competências, habilidades, capacidades e conhecimentos

HABILIDADES E COMPETÊNCIAS CAPACIDADES E CONHECIMENTOS


Foco em resultado Microsoft Word
Visão ampla Microsoft Excel
Resiliência
Microsoft PowerPoint
Inovação
Colaboração Microstrategy (BI)

Fonte: Elaborada pela autora.

A seção que descreve nossa escolaridade é obrigatória. É importante incluir os cursos e


a formação acadêmica em ordem inversa, ou seja, do mais recente para o menos. Nesse campo,
podemos incluir graduação, pós-graduação, cursos de extensão e educação continuada, sem
necessidade de criar uma seção para cada categoria. Cursos de idioma não são relevantes nessa
seção, uma vez que o importante é o nível de fluência e podem ser incluídos no campo de
idiomas. Já os cursos que não têm relevância para sua profissão devem ser mantidos fora do
seu currículo profissional!
Figura 3 – Exemplo de seção que apresenta a escolaridade

EDUCAÇÃO

2019 – Planejamento de mídias digitais


Fundação Getúlio Vargas
2018 – Gestão da inovação
Veduca
2017 – Leader Coach Training
IBC – Instituto Brasileiro de Coaching
2012-2013 – Tecnólogo em logística
Universidade Anhembi Morumbi
2005-2009 – Graduação em Administração
Universidade Federal de Santa Catarina

Fonte: Elaborada pela autora.

Para a seção que apresenta nossa experiência profissional, devemos utilizar a mesma ordem
inversa da escolaridade, ou seja, inclua as experiências mais recentes primeiro. Além disso, cite suas
principais responsabilidades, pontos relevantes e realizações no cargo ocupado, principalmente as
mensuráveis. Devemos prestar muita atenção nessa seção, uma vez que é uma das mais relevantes
no currículo, pois apresenta nossas reais habilidades e competências. Por exemplo, incluir que
uma de suas habilidades é o atendimento ao cliente, mas nunca ter trabalhado em uma área de
atendimento (comercial, pós-venda, call center etc.) parece contraditório.
Se você tiver muitos anos de trabalho em diversas empresas, não se preocupe em colocar
todas no currículo; escolha as experiências mais relevantes de acordo com a vaga desejada. Por
exemplo, se está concorrendo a uma vaga de coordenação, não faz sentido incluir experiências de
60 Marketing pessoal e etiqueta

estágio ou assistência. Entretanto, se está se candidatando à vaga de analista júnior, inclua todas as
experiências adquiridas até o momento. Por fim, não se esqueça de utilizar o tempo verbal correto.
Figura 4 – Exemplo da seção que apresenta a experiência profissional

EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL
Dezembro/2015 – Atual
Companhia varejista
Coordenadora
Coordeno a célula de Inteligência de Negócios –
orçamento de vendas, informações gerenciais,
apresentações, ações e promoções de venda,
pesquisas e análise de mercado.
Desenvolvi projetos comerciais e abertura de
novos canais, como e-Commerce e venda por
correspondentes bancários, aumentando a
comercialização do produto Pessoa Física em 40%.
Participei ativamente na implantação do Sistema
ISO 9000.

Maio/2010 – Dezembro/2015
Companhia de seguros
Analista de suporte
Implementei todo o processo de SAC – Reclamações,
sugestões e elogios – da Central de Atendimento.

Fonte: Elaborada pela autora.

No campo das referências, podemos incluir pessoas com quem já trabalhamos e que possam
fornecer informações positivas sobre nossa contribuição profissional, semelhante às recomendações
da plataforma LinkedIn. As referências não precisam ser apenas do empregador, mas também de
clientes e pessoas do meio acadêmico. Por exemplo, em trabalhos de mesa de performance produzidos
por agência de mídia, o atendimento trabalha em contato direto com o cliente e, se for um trabalho
contínuo de meses, o cliente pode ser uma ótima referência. Ou, ainda, na participação ativa em
um grupo de pesquisa na universidade, o coordenador pode ser uma escolha certa. Mas atenção: as
pessoas precisam lembrar de você e do seu trabalho! A referência não pode apenas saber informar
como você é bonzinho. Por isso, antes de incluir algum nome como referência, é importante que essa
pessoa concorde, deixando-a ciente da vaga que está buscando.
Além disso, não coloque referências em excesso; quatro nomes que tenham trabalhado
recentemente com você já é o suficiente. Quanto às informações relevantes, é importante incluir
nome completo, cargo ou título (no caso de relação acadêmica), relacionamento profissional que
tiveram (cliente, professor, coordenador, gerente etc.), telefone e e-mail. Como esse campo não
é obrigatório, o ideal é que ele esteja separado do currículo, isto é, uma página apenas com as
referências e que seja apresentada em um momento oportuno, preferencialmente na entrevista.
A seção que apresenta suas condecorações, prêmios e trabalhos voluntários não é
obrigatória, mas se tiver alguma condecoração honrosa, como a de comendador, a de premiado
Mercado de trabalho 61

com bolsa de estudo ou a de campeão em alguma feira, que seja pertinente ao seu ramo de trabalho,
vale a pena incluir no currículo. As premiações denotam seu comprometimento com o resultado e
seu padrão de excelência. Os trabalhos voluntários também podem ser relevantes, principalmente
se possuem conexão com sua área de atuação, além de demonstrar seus valores.
Figura 5 – Exemplo da seção que apresenta os prêmios e condecorações

PRÊMIOS
Premiada com o título de melhor
desempenho acadêmico no curso
de Administração – 2009.
Fonte: Elaborada pela autora.

A seção dos idiomas estudados não é obrigatória, mas, hoje em dia, saber uma segunda
língua é essencial. Vale ressaltar que não há necessidade de incluir sua língua nativa como fluente.
Se não sabe nenhuma língua adicional, não insira essa seção no currículo.
Os interesses pessoais e hobbies também não são obrigatórios, mas alguns recrutadores
entendem como sendo relevantes, pois os ajuda a determinar a personalidade do indivíduo.
Se uma pessoa gosta de jogos de tabuleiro, por exemplo, pode ser considerada um indivíduo
com perfil estratégico; se gosta de trabalhos manuais, isso significa que ela possui paciência e
criatividade. Não insira interesses óbvios, como ler ou família, uma vez que isso não agrega em
nada no currículo profissional.
Na hora de criar seu currículo, utilize como dica o que estamos falando desde o primeiro
capítulo: jamais minta e não exagere em suas qualidades! A honestidade é primordial, e uma
mentira no currículo pode ser facilmente descoberta. Imagine que consta inglês fluente ou
avançado no currículo e o recrutador, para testar sua habilidade, faz algumas perguntas em inglês.
Se você não souber responder, será pego na hora. Ou ainda, afirma que é expert em Excel, mas,
após a contratação, não consegue entregar um simples painel para seu gestor.
Vale destacar que, se optar por um currículo visual, personalizado e com layout diferente,
não utilize corações, flores ou nada que tenha uma conotação diferente da profissional. A ideia
é ser criativo, mas mantendo um olhar profissional no momento de elaborar o currículo. Antes
de enviar seu currículo, peça que outra pessoa o revise, principalmente no quesito português e
layout, e dê uma opinião.
No momento da entrevista ou com o currículo, você também pode entregar seu cartão de
visitas, aumentando a conexão com outras pessoas e facilitando que você tenha destaque e seja
lembrado. Para Ritossa,
o cartão é um dos elementos que compõe sua identidade visual. Ele desempenha
papel crucial no processo de marketing pessoal e sua função vai além de
apenas transmitir as informações nele impressas. Um cartão feio, sujo, com
correções feitas a caneta mostra o quanto você é um amador. Não importa quão
maravilhoso seja o seu currículo: se o seu cartão acusa justamente o contrário,
suas possibilidades estão comprometidas. (RITOSSA, 2009, p. 135)
62 Marketing pessoal e etiqueta

Para causar uma boa impressão e demonstrar que você está antenado nas tendências
tecnológicas do mercado, vale a pena investir em um cartão digital com QR Code1, que pode ser
criado sem custo em alguns sites e pode impressionar o recrutador.
Algumas empresas e recrutadores solicitam uma mescla entre currículo e entrevista, isto
é, um videocurrículo que ajuda a compreender como é a personalidade e comunicação do
entrevistado. Normalmente, o videocurrículo precisa ser curto, tendo entre um e três minutos; por
isso, seja o mais objetivo e claro possível. A qualidade da gravação também importa; então, pegue
um bom celular e utilize a câmera traseira na posição horizontal para dar maior amplitude; além
disso, grave em um local com boa luminosidade. Não decore ou leia um texto. É importante que
você transpareça naturalidade, como se estivesse habituado com a situação. Mesmo no vídeo, não
esqueça as regras de boas maneiras, aparência e expressões corporais. A próxima seção abordará a
entrevista presencial, o que também pode ajudar a montar o videocurrículo.

4.2 Entrevista
Conseguimos traçar nossos objetivos, nos manter no caminho certo no desenvolvimento
da nossa marca e fizemos o anúncio adequado por meio do currículo. Chegamos, então, ao
momento da entrevista. Esse é o momento em que vamos nos vender presencialmente ao nosso
futuro cliente/contratador. Desse modo, precisamos convencê-lo de que somos a escolha certa;
então, transpareça confiança, honestidade e segurança, domine e discorra sobre as competências
e habilidades necessárias para o cargo e tente se sentir confortável no ambiente da entrevista, pois
isso fará com que o recrutador também relaxe.
Muito antes do momento em que a entrevista efetivamente ocorre, iniciamos nossa saga de
preparação para esse momento. Nesse ínterim, é importante conhecer a cultura da empresa e criar
familiaridade. Para isso, pesquise o site institucional do lugar; veja se sua declaração de missão,
visão e valores estão alinhados com os seus próprios valores; procure assuntos recentes que saíram
na mídia – por exemplo, saber sobre uma fusão recente ou o fechamento de um negócio grande é
um ponto positivo para o recrutador –; pesquise quem é o CEO (Diretor Executivo ou Presidente)
ou o diretor responsável pela área de interesse (o LinkedIn é ótimo para buscar essas informações);
se conhece alguém que já trabalhou na empresa, tente perguntar como é o clima e se o gestor e os
executivos são pessoas íntegras.
Conforme elucidamos no Capítulo 3, cada detalhe pode influenciar na percepção que o
empregador/recrutador tem sobre você, tal como sua postura, aparência, fluidez e pontualidade.
É importante lembrar que pontualidade não significa só não chegar atrasado, mas também
não chegar muito cedo, evitando ficar horas na sala de espera. O tempo ideal é 15 minutos de
antecedência, mas, se chegou muito cedo, dê uma volta nos arredores ou tome um café na padaria
– só tenha cuidado para não comer e ficar com os dentes sujos ou suado de tanto dar voltas. Além
disso, educação nunca é demais. Não adianta ser educado com o recrutador e não olhar para o

1 Espécie de código de barras, composto de quadrados e pontos. Ele pode ser escaneado pela câmera da maioria dos
celulares, sendo convertido em um texto, como uma página da internet ou número de telefone.
Mercado de trabalho 63

recepcionista. Seja educado e simpático com todos, desde a faxineira até o CEO; afinal, todos têm
o mesmo valor como seres humanos.
A entrevista não é um interrogatório, então, interaja! Ouça com atenção tudo o que o
recrutador falar e tente manter uma conversa, mostrando que poderá trazer o benefício esperado
para as necessidades apresentadas. Não se esqueça de que estamos vendendo o nosso produto e,
para vender, é imprescindível ouvir as necessidades, como aponta Persona:
Temos séculos de condicionamento que nos fazem acreditar que vender é falar.
Não é. Vender é saber administrar uma comunicação de duas vias. Bilateral.
De mão dupla. É convidar para dançar e abrir mão dos dois pra lá, dois pra cá.
É um pra lá e dois pra cá. Isso porque temos dois ouvidos e uma boca, o que
equivale dizer que apenas um terço da comunicação deve ser iniciativa nossa.
(PERSONA, 2009, p. 127-128)

Demonstre também interesse pela vaga e pela empresa, fazendo perguntas relevantes
e abertas e ouvindo com atenção as respostas, evitando assim pontos repetitivos. Pegue alguns
ganchos deixados pelo entrevistador no momento da entrevista com base nos comentários e leve
algumas perguntas prontas. Ciletti (2017, p. 293) descreve algumas sugestões de perguntas que
podem ser utilizadas nas entrevistas:
• Por que essa vaga está aberta?
• Qual a data de início do trabalho?
• Como é realizada a avaliação de desempenho?
• Qual é a trajetória de carreira relacionada a esta posição?
• Como você descreveria as responsabilidades do trabalho?
• Como seria um dia normal de trabalho?
• Que resultados se espera que eu produza?
• Você prevê alguma mudança na empresa que possa afetar esta posição?
• É possível visitas as instalações?
• Estão disponíveis treinamento contínuo e outras oportunidades
educativas?

Além das perguntas acima, sinta-se livre para perguntar qual é a opinião do recrutador
quanto às suas competências ou habilidades, se aderem às exigidas do cargo ou, ainda, se estão
procurando algo específico. Isso demonstra que você está interessado na vaga e que se valoriza
como profissional. Mas não demonstre desespero ou tente coagir o recrutador a dar uma resposta
no momento da entrevista. Pergunte calmamente quais são os próximos passos e se há uma
expectativa de prazo para a contratação.
Com relação às perguntas realizadas pelos recrutadores e às informações que devem ser
faladas durante a entrevista, elencamos as mais comuns, separadas pelas seções. Na introdução,
podem surgir as seguintes perguntas e comentários:
• Você conhece nossa empresa? – Nesse momento, você pode impressionar citando os
conhecimentos que já possui sobre a organização, de acordo com suas pesquisas prévias.
• Você poder falar um pouco sobre você? – Esse pedido não espera que você apresente um
resumo do seu currículo. Fale alguns pontos relevantes ou experiências que não estão em
seu currículo e que podem fazer diferença na sua contratação.
64 Marketing pessoal e etiqueta

Quanto à sua experiência de trabalho, pode ser pedido para você responder:
• Conte um pouco sobre seu último trabalho e suas experiências.
• Por que você saiu (ou pretende sair) do seu último trabalho? – Se foi demitido, o motivo
pode ser questionado. Nesse caso, nunca denigra a imagem da empresa em que trabalhou
ou seu antigo gestor.
• Como você pode agregar valores à empresa? – Fale sobre como suas habilidades podem
contribuir de maneira positiva para a empresa.
Sobre sua formação escolar, as perguntas mais comuns são:
• Fale um pouco sobre seus conhecimentos/habilidades e alinhe-os aos requisitos exigidos
para a vaga.
• Qual é o seu conhecimento em informática e pacote Office? – Dependendo da vaga, é
essencial conhecer o nível avançado de alguma plataforma específica. Assim, atente aos
requisitos exigidos para a vaga, pois se candidatar sem possuir a competência exigida
pode fechar as portas da empresa para você.
• Você se identifica com sua formação acadêmica? – Cuidado com essa pergunta! Se a
vaga é para trabalhar na sua área de formação, é no mínimo incoerente falar que não se
identifica. Explique sua conexão com a formação acadêmica e dê exemplos do que mais
gostou de estudar.
• Por que mudou de carreira (se não trabalha na área de formação)? – Nessa parte, há
espaço para surpreender o recrutador com alguma experiência inusitada.
Com relação às atividades e interesses, o recrutador pode perguntar:
• Você já trabalhou em equipe? O que acha disso? – O ideal é que você tenha essa
competência e saiba demonstrar isso ao recrutador.
• O que você acha da área comercial (ou qualquer outra área de atuação)?
• O que você espera da função à qual está se candidatando? – Relacione suas expectativas à
descrição da vaga, sendo o mais específico possível.
• Quais são suas ambições para o futuro? Como você se vê daqui a cinco anos? – Apesar
da pergunta ser ampla, o recrutador quer informações da sua vida profissional. Não basta
apenas falar que você se imagina no cargo de gerente; é preciso falar o que você está
fazendo para chegar aonde almeja.
• O que mais o motiva? – Mais uma pergunta para surpreender o recrutador. Alinhe sua
motivação a seus objetivos profissionais. Fale sobre suas realizações e como aquilo o
satisfez e motivou.
• Você se considera uma pessoa criativa? – Dê exemplos de sua criatividade se for o caso.
• Há barreiras que você conseguiu transpor no trabalho ou em projetos dos quais participou
e de que você se orgulha? – Especifique sua participação, contextualizando o recrutador
sobre a sua ação e mostre os resultados, preferencialmente mensuráveis.
Mercado de trabalho 65

• Qual é a sua pretensão salarial? – Seja honesto e alinhe a resposta a uma pesquisa prévia.
• Você pode descrever seus pontos fortes e fracos? – Nesse caso, explique com cuidado seus
pontos positivos, bem como aqueles que podem ser melhorados e, principalmente, o que
faz para contorná-los. Não caia no clichê de falar que é perfeccionista e detalhista; afinal,
o recrutador vai avaliar sua honestidade e autoconhecimento.
• Como você descreveria sua personalidade? – Cite um ponto positivo e um negativo na
sua personalidade. Esse é outro caso em que precisamos utilizar autoconhecimento,
mostrando o que valorizamos com sinceridade.
• Por que você deveria ser escolhido ao invés de os outros candidatos? – Demonstre que
você é a pessoa certa para o cargo e que pode trazer bons resultados para a empresa.

Quantas perguntas, não é mesmo? Cabe ressaltar que a entrevista também exige prática;
por isso, assim como você pode pedir uma segunda opinião sobre seu currículo, por que não
treinar a entrevista com um amigo? Faça uma lista com perguntas prováveis e simule a situação. Se
preferir, pode gravar e assistir depois para ponderar sobre algumas atitudes ou respostas. Também
tenha cuidado com as mentiras! É fundamental que haja coerência entre a entrevista e o currículo;
normalmente, são essas incongruências que acabam descartando o candidato.
De acordo com Ciletti (2017, p. 292), caso o recrutador faça alguma pergunta politicamente
incorreta, ou pior, que pode ser considerada constrangedora ou até ilegal, “você pode escolher
ignorar a ilegalidade e respondê-la. Ou pode perguntar ao entrevistador por que a pergunta é
relevante. Em todo caso, trate a situação com cuidado e tato”.
Além disso, qualquer pergunta que envolva assuntos como religião, dívidas, posicionamento
político, etnia, estado civil, local em que mora, nacionalidade, gravidez ou se tem/pretende ter
filhos, orientação sexual, e uso de drogas ou bebidas devem ser evitadas pelos recrutadores, uma
vez que podem ser utilizadas para discriminar o candidato. Por exemplo, em uma situação em que
o entrevistador questiona a estrutura familiar do candidato, insistindo em questionar se ele mora
com pais, se seus pais são separados, se tem irmãos menores e onde a família mora, fica claro que
ele acredita que a estrutura familiar ou a origem são determinantes para que o profissional tenha
um ótimo desempenho.
Vale observar que algumas profissões exigem maior detalhamento da vida do candidato e
permitem perguntas mais detalhadas ou até comprovação e exames, como no caso de vigilantes
armados, que não podem ter antecedentes criminais, sendo necessária a apresentação de
certidão negativa.
Além de perguntas, esteja preparado para qualquer dinâmica que possa surgir no processo
de recrutamento, principalmente a dinâmica de grupo. Nesse caso, lembre-se de que suas
competências e habilidades serão testadas e avaliadas (mais um motivo para nunca mentir no
currículo e na entrevista). Nas dinâmicas, temos uma grande oportunidade de demonstrar nossa
liderança, capacidade de entendimento do que foi passado e habilidade de trabalhar em equipe e
sob pressão. Contudo, não exagere tentando aparecer de qualquer maneira; participe das atividades,
não tenha medo de perguntar e demonstre seu potencial naturalmente.
66 Marketing pessoal e etiqueta

Por fim, mesmo que não tenha ido muito bem, agradeça ao recrutador, reafirme seu interesse
pelo cargo (se ainda for o caso) e pergunte qual é o próximo passo. Não faça dança da vitória ou
algum gesto que possa comprometer sua contratação ou reputação profissional.

4.3 Negociação e pretensão salarial


A fase de negociação começa logo após ou, até mesmo, durante a entrevista, quando
questionam qual é a pretensão salarial. Então, como estar preparado e responder a essa pergunta?
Primeiramente, precisamos ser realistas para não passarmos vergonha. Caso peçamos um valor
muito alto, sem qualquer justificativa, poderemos ser vistos como lunáticos; ou se pedirmos um
valor muito baixo, poderemos ser taxados como profissionais desqualificados sem conhecimento
das faixas salariais adequadas.
Para que isso não ocorra, é essencial realizar uma vasta pesquisa sobre o cargo e sobre alguns
fatores que podem influenciar a faixa salarial (máximo e mínimo), como setor e região onde a
empresa se encontra. Por exemplo, uma empresa de tecnologia ou um banco de investimento em
São Paulo provavelmente pagará mais do que um supermercado no Rio Grande do Sul.
Para pesquisar essas informações, existem sites2 que informam os salários e possuem dados
completos das diferentes regiões, cargos e setores. Além disso, também podemos pesquisar em
associações, sindicatos, redes de contatos ou no LinkedIn. Contudo, tenha cuidado quando buscar
informações nesses lugares. Quando conversar com sua rede de contatos, lembre-se de que seus
colegas podem cometer exageros. Com o passar dos anos e com o advento da reforma trabalhista,
os sindicatos perderam força e não têm infraestrutura ou banco de dados atualizado, salvo raras
exceções. Além disso, as associações sem fins de representação são agremiações e, por isso, seu foco
são atividades recreativas, e não informações sobre salários e benefícios.
Além do salário, outros pontos também devem ser levados em consideração e discutidos,
como os benefícios e eventuais descontos (comissão, participação nos lucros e resultados – PLR,
seguro de vida, horário flexível, vale-refeição e alimentação, plano de saúde e odontológico etc.).
A maioria desses benefícios estão contemplados normalmente na convenção ou acordo coletivo
entre a empresa e o sindicato. Contudo, outros são mais difíceis e valorizados no mercado de
trabalho, sendo indispensável um olhar com mais cuidado na proposta, como previdência
privada, home office, academia, plano de cargos e salários, creche e licença-maternidade e
licença-paternidade estendidas.
Vale a pena frisar que nunca devemos aceitar uma oferta de emprego sem antes discutir e
entender muito bem o salário, os descontos e os benefícios ofertados. Assim, tente calcular e saber
o valor líquido. Algumas pessoas aceitam a oferta de emprego e, em dois meses, pedem demissão
por entender que o salário não é suficiente em razão da quantidade de descontos. Por mais que

2 Alguns exemplos são o Glassdoor, Catho, Salario.com.br e Empregos.com.br.


Mercado de trabalho 67

alguns descontos sejam legais, algumas empresas, por discricionariedade, optam por não aplicar os
descontos máximos, como vale-transporte, refeição, coparticipação no plano de saúde etc.
Outro ponto que merece destaque é o fato de que nunca devemos fazer perguntas sobre o
salário na primeira entrevista; contudo, na maioria das vezes, o recrutador questiona a pretensão
salarial. Você ainda pode devolver a pergunta, questionando qual é a faixa salarial que a empresa
normalmente paga, ou responder com base em sua pesquisa, justificando o valor para iniciar a
negociação. Justificar sua pretensão salarial é essencial, focando em como você poderá beneficiar a
empresa com seus atributos e competências e resolver problemas. O seu foco deve ser a empresa e
nunca a resolução dos seus problemas.
A negociação do salário é igual a qualquer negociação do mundo corporativo: um verdadeiro
jogo de xadrez. Por isso, algumas táticas podem ser úteis nesse momento, conforme esclarece
Ciletti (2017):
• Não é uma boa prática discutir suas despesas ou fontes de renda na entrevista.
• Não volte atrás se estipulou sua faixa salarial, então, cuidado para não antecipar esse
assunto na entrevista.
• Questione como a empresa determina e aplica os reajustes salariais.
• Sempre discuta a proposta presencialmente.
• Mesmo se a proposta for baixa, negocie com o recrutador, falando o valor que você
aceitaria e sempre reitere sua vontade de trabalhar na empresa.

No âmbito da negociação salarial, a diversidade e a igualdade de salários são assuntos que


estão sempre em pauta nas reuniões e congressos. De acordo com o artigo 7º, inciso XXX, da
Constituição Federal, é assegurada a “proibição de diferença de salários, de exercício de funções
e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil” (BRASIL, 1988). Apesar
de a legislação ser clara nesse sentido, uma pesquisa do IBGE divulgada em março de 2019
(PARADELLA, 2019) demonstrou que mulheres ganham, em média, 79,5% do salário de homens.
Esta e outras informações sobre a situação das mulheres no mercado de trabalho podem ser vistas
na Figura 6.
No que se refere a mulheres negras, os resultados e a ausência de oportunidades são ainda
piores. No debate atual, notamos diversas empresas lutando por inclusão na base; entretanto, não
há inclusão no corpo diretivo, normalmente formado por homens brancos de modo exclusivo,
principalmente no mercado financeiro.
68 Marketing pessoal e etiqueta

Figura 6 – Mulheres no mercado de trabalho

Homem Mulher

Rendimento (R$)
Mulher no mercado de trabalho
2700
População ocupada de 25 a 49 anos
4° trimestre – 2012 – 2018 2600 2579,50
+ R$ 98,10
2500
2481,40
2400
2300
2200

30,8 mi 2100
2050,90
2000 + R$ 149,90

1900
1901,10
1800
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

Em média, o rendimento da mulher era 20,5% menor que o


25,8 mi
do homem em 2018. Em 2012, essa diferença era de 23,4%

Por hora trabalhada (R$)


14,50 14,20
14,00 13,70
13,50
O número de mulheres ocupadas 13,00 13,00
aumentou mais de 1,4 milhão
12,50
entre 2012 e 2018, enquanto 12,20
o número de homens cresceu 12,00
apenas 194 mil. 11,50
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Fonte: Paradella, 2019.

Diante dessa situação, não podemos ficar calados e devemos exigir igualdade de salários
e exercício de funções. Contudo, é difícil comprovar que a ausência de negros, homossexuais e
mulheres em determinadas funções se deve a fatores de sexo, orientação sexual ou etnia; por isso,
devemos ter cuidado ao abordar o assunto para não sofrer ainda mais discriminação.
Por fim, mantenha sempre uma postura cordial, amigável e receptiva, agradecendo a
oportunidade, inclusive formalizando por e-mail. Lembre-se de que você tem seu valor e é
um(a) vencedor(a)!

4.4 Empreendedorismo e trabalhos autônomos


Você pode ter percebido que um emprego formal não é compatível com seu perfil e objetivo
profissional. E agora? Sempre há outra alternativa! Podemos trabalhar ainda como autônomos e/
ou nos dedicarmos ao nosso próprio negócio.
O profissional autônomo é o famoso freelancer. Algumas profissões comuns nessa
modalidade são as do coach, consultor, escritor, técnico em informática, programador, produtor e
diretor de criação. Com o mundo virtual atual, cada vez mais, as profissões podem ser autônomas,
Mercado de trabalho 69

sendo possível desenvolver seu trabalho e enviá-lo de e para qualquer parte do mundo. Contudo,
tenha cuidado! Se seu serviço depende da internet, nada mais justo do que estar sempre em lugares
que tenham uma boa conexão para download e upload e estar disponível no horário comercial,
independentemente do fuso horário de onde está.
Para não perder a credibilidade, seja pontual com os prazos de entrega, responda a
dúvidas dos clientes com rapidez e aproveite que pode estar em vários lugares para desenvolver
sua criatividade e entregar trabalhos diferenciados; com isso, você ganhará muitos pontos e
job: termo da língua
conseguirá cada vez mais jobs. inglesa usado
amplamente no
A tendência é que essa modalidade de trabalho continue aumentando cada vez mais em razão português. Significa

da liberdade e flexibilidade de horário. Mas não pense que o fato de não ter “chefe” vai livrá-lo de trabalho; emprego.

ouvir ou ter desagrados! Muito pelo contrário. Com liberdade vem responsabilidade, e é essencial
que você aceite feedbacks em qualquer circunstância e se adapte às exigências de seus clientes.
Além disso, invista em atualização, aperfeiçoando o seu trabalho e esteja com suas capacidades
socioemocionais equilibradas, uma vez que adversidades sempre podem surgir.
A outra alternativa possível é o empreendedorismo, que sempre teve um papel fundamental
na movimentação da economia. Por exemplo, algumas cidades giram em torno ou até se formam
em razão de uma única empresa da região. Cabe lembrar que nenhuma recompensa vem sem
trabalho duro, ou seja, não é do dia para a noite que você vai se tornar um empreendedor milionário
dono de um unicórnio – uma startup avaliada em mais de um bilhão de dólares. startup: uma empresa
emergente com o

Quando empreendemos, temos controle e responsabilidade total, desde a carteira de clientes, objetivo de aprimorar
um modelo de
o desenvolvimento de produtos/serviços, a experiência do usuário até o pagamento. Se você está negócios.

em dúvida se seria capaz de abrir uma empresa, lembre-se de que é essencial que empreendedores
sejam inquietos, visionários, proativos, comunicativos, criativos, determinados, flexíveis, corajosos,
competentes e inconformados, mantendo sempre a mente aberta, pronta para o aprendizado e livre
de crenças limitantes.
Aprenda com as experiências alheias, estudando o que deu errado e certo em negócios
semelhantes e as principais dificuldades enfrentadas por empreendedores. Alguns cases de sucesso
são a história de Cleusa Maria, que era boia-fria e faxineira e se tornou a dona da Sodiê Doces, e
a história de Luiza Trajano Donato, balconista que fundou o Magazine Luiza e foi precursora em
campanhas varejistas de liquidação.
Uma pergunta muito comum no mundo das startups é: se tenho uma ótima ideia de
negócio, devo abri-la para discussão ou guardar em segredo para que ninguém copie a minha
ideia? Primeiro, não se superestime, pois muitas ideias já foram pensadas, mas ainda não estão
em produção em razão da dificuldade de execução ou da falta de iniciativa. Não basta ter boas
ideias de negócios; é preciso iniciativa para executá-las. Abra sua ideia para discussão com sua
rede de contatos, pois esta é positiva e vai enriquecer ainda mais o seu plano de negócio com
diversos insights.
70 Marketing pessoal e etiqueta

Antes de abrir o seu próprio negócio, inicie um bom planejamento enquanto ainda é
funcionário. Para qualquer negócio prosperar, é necessário tempo, dedicação e determinação;
contudo, na fase de planejamento, ainda é possível manter as duas posições. Afinal, seu emprego
pode oferecer o apoio de que você precisa para montar o negócio, seja com ideias, recursos ou
suporte dos gestores, ou até mesmo orientação para decidir sobre o melhor tipo de negócio para
seu perfil, que pode ser uma franquia ou algo na área de desenvolvimento, por exemplo.
Mas nem tudo são flores. Profissionais autônomos não recebem 13º salário, férias, FGTS,
horas extras, folga remunerada e os benefícios de que falamos na seção anterior, e ainda têm que
pagar o INSS. Para o empreendedor, é ainda pior, pois ele precisa pagar os funcionários e seus
encargos, ter fluxo de caixa e pagar por todos os recursos antes de obter lucro para si. Além disso,
é função do proprietário manter os funcionários felizes e motivados. De acordo com uma pesquisa
realizada pela Abracom (2012, p. 11), “os colaboradores desenvolvem a percepção sobre uma
organização baseando-se em: liderança (55%), processo (30%) e veículos formais (15%)”.
Diante do exposto, para ajudá-lo a escolher o tipo de trabalho que deseja e que melhor se
adapte ao seu perfil, volte ao primeiro capítulo e estabeleça seus objetivos. Além disso, procure
todo tipo de orientação que puder, pesquisando sobre tendências e as novas formas de trabalho,
avaliando todas as hipóteses com parcimônia.

Considerações finais
O processo de busca de um trabalho é complexo e envolve diversas etapas, desde o
recrutamento, com a triagem do currículo por profissionais de recursos humanos ou por algoritmos;
a seleção, composta de entrevistas iniciais, dinâmicas, ou entrevistas com o responsável pela área; a
negociação salarial; até a tão sonhada contratação. Elas precisam ser superadas, como uma corrida
de obstáculos com diversos concorrentes lado a lado. Assim como no esporte, é essencial treinar
até conseguir vencer, conquistando o prêmio do emprego desejado.
Se seguiu todas as dicas e conseguiu alcançar seu objetivo, continue focado e motivado para
manter sua conquista. Adversidades sempre vão surgir, mas não se deixe influenciar por um clima
ruim ou pela rotina. Mantenha-se sempre interessado em progredir, buscando novas atividades e
aprendendo coisas novas.
O primeiro dia em qualquer lugar é difícil e pode gerar ansiedade e nervosismo. Por isso,
controle-se e trate a situação com naturalidade, seguindo as dicas de boas maneiras e etiqueta,
citadas no capítulo anterior, como: organizar as informações que possui até o momento sobre
sua atividade e empresa; separar a roupa adequada para o primeiro dia – não se esqueça de que
a primeira impressão é a que fica; pensar na logística de transporte, visando chegar um pouco
adiantado para conhecer os colegas de trabalho e o lugar; ser um bom ouvinte e reter o máximo
de informações recebidas, anotando para não esquecer as principais; e manter atitudes positivas,
amigáveis e responsáveis.
Mercado de trabalho 71

Fique sempre perto de pessoas positivas, que tenham conhecimento amplo sobre a empresa
e possam atuar como seus mentores, compartilhando a experiência e os procedimentos da
organização. Não se esqueça de que você terá que demonstrar todas as habilidades e competências
prometidas no currículo e na entrevista. Além disso, a experiência de outros colaboradores pode
ajudar você sobre onde e como aplicar seus conhecimentos da melhor forma para a empresa.
Além disso, como visto nos outros capítulos, cuide das relações profissionais dentro e fora
da empresa, expandindo seu networking e ficando longe de fofocas e intrigas. Não deixe que as
reclamações façam com que você se esqueça do processo de melhoria contínua, e sempre busque
por novos desafios que incrementem a sua carreira.

Ampliando seus conhecimentos


• TARGA, T. Os 5 piores erros na hora de fazer o CV. LinkedIn, 2 ago. 2019. Disponível em:
https://www.linkedin.com/pulse/os-5-piores-erros-na-hora-de-fazer-o-cv-tais-targa/.
Acesso em: 24 out. 2019.
Esse artigo apresenta uma breve noção do que é inadmissível em um currículo, retomando
alguns pontos tratados neste capítulo, como a necessidade de inserir seu contato e objetivo.

• GASPARINI, C. 12 truques de linguagem corporal para entrevistas de emprego. Exame, 13


set. 2016. Disponível em: https://exame.abril.com.br/carreira/12-truques-de-linguagem-
corporal-para-entrevistas-de-emprego/. Acesso em: 24 out. 2019.
Esse artigo fala sobre como nosso corpo transmite diversos sinais por meio da linguagem
corporal. Assim, precisamos manter a calma e uma postura confiante para conquistar
aquela vaga pretendida. Gasparini dá doze dicas de como podemos nos portar em
entrevistas para ter uma vantagem a mais.

• CHESTER, R. Pega a visão. [S. l.]: Buzz, 2018.


Livro de Rick Chester, o “cara do vídeo da venda de água”, em que ele conta a sua história e
expõe as dificuldades enfrentadas pela maioria dos brasileiros. Mesmo diante de todas as
adversidades, Rick transpôs barreiras e transformou-se em um empreendedor de sucesso,
dando uma aula prática de automotivação e empreendedorismo.

• SILVA, F. A. Geração de valor – Volume 1: compartilhando inspiração. Rio de Janeiro:


Sextante, 2014.
Livro do fundador da rede de escolas de idiomas Wise Up e do blog Geração de Valor. Uma
leitura leve e didática para quem está iniciando no mundo dos negócios, que proporciona
alguns insights valiosos e nos mostra que podemos ser empreendedores de sucesso usando
o nosso valor.
72 Marketing pessoal e etiqueta

• COMEÇAR Bem // 1 – Atitude. 2014. 1 vídeo (3 min). Publicado pelo canal Sebrae.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=eVlKGkzfwVo. Acesso em: 30 out.
2019.
Para mais informações sobre como iniciar seu próprio negócio, o Sebrae elaborou uma
série com dez dicas de como começar bem uma empresa. O vídeo apresentado é a parte 1,
mas você pode acessar as demais pela playlist ou pelo canal do Sebrae.

• ANDREWS, J. As melhores respostas para as perguntas mais difíceis. Entrevistas de


Emprego. eBook Kindle. Vendido por: Amazon Services de Varejo do Brasil Ltda. [S.l.]:
Babelcube Inc., 2016.
Esse livro pode ajudar a responder a algumas perguntas comuns em entrevistas de emprego
de modo confiante e atual. O autor separa as perguntas em categorias, como quebra-gelos,
formação, experiência e controle de stress. Assim, você poderá atentar àquelas perguntas
que causam maior dificuldade e estar preparado na hora H.

Atividades
1. Liste e descreva três campos de informação que devem ser incluídos em seu currículo.

2. Planeje quais seções/campos você quer incluir no seu currículo e faça um esboço, levando
em consideração as partes obrigatórias e as opcionais.

3. Liste pelo menos duas perguntas que podem ser realizadas a você em uma entrevista e
escreva a resposta para cada uma delas.

Referências
ABRACOM. Por que investir em Comunicação Interna, 4º C.C.O. – Caderno de Comunicação Organizacional.
Disponível em: https://www.abracom.org.br/wp-content/uploads/2019/02/CCO_Por-que-investir-em-
Comunica%C3%A7%C3%A3o-interna-2012.pdf. Acesso em: 24 out. 2019.

BRASIL. Constituição Federal (1988). Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 5 out. 1988.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 24 out. 2019.

CILETTI, D. Marketing pessoal: estratégias para os desafios atuais. São Paulo: Cengage Learning, 2017.

PARADELLA, R. Diferença cai em sete anos, mas mulheres ainda ganham 20,5% menos que homens. Agência
IBGE Notícias, 8 mar. 2019. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-
agencia-de-noticias/noticias/23924-diferenca-cai-em-sete-anos-mas-mulheres-ainda-ganham-20-5-
menos-que-homens. Acesso em: 24 out. 2019.

PERSONA, M. Marketing de gente: o marketing pessoal como suporte para o principal ativo das empresas. 2.
ed. Joinville: Clube de Autores, 2009. E-book.

RITOSSA, C. M. Marketing pessoal: quando o produto é você. Curitiba: InterSaberes, 2012.


5
Comunicação oral e escrita
em contextos formais

No Capítulo 1, percorremos a estrutura para uma comunicação interpessoal eficaz e


falamos sobre os tipos de comunicação verbal (oral e escrita) e não verbal (expressões faciais,
gestos etc.). Neste capítulo, vamos nos aprofundar na comunicação verbal, explicando os padrões
e estruturas profissionais para e-mails, cartas e memorandos, além de abordar como se portar
e fazer palestras e apresentações. Vamos discutir, ainda, os erros mais comuns que devem ser
evitados na comunicação verbal.

5.1 Carta, memorando e e-mail


Antes de tratarmos dos formatos adequados para a comunicação escrita em contextos formais,
é importante frisar a necessidade de sermos claros na hora de expressar nossos pensamentos e
vontades. Se não tivermos clareza em nossos pensamentos, jamais conseguiremos transcrevê-los
de maneira eficaz. Além disso, uma boa comunicação contribui para a eficácia e a eficiência de
qualquer relação, seja ela profissional ou pessoal, e evita a necessidade de retrabalho e a ocorrência
de prejuízo ou atraso na entrega das atividades. Se você se questiona se seu gestor entende o que
você escreve/fala com frequência, pense se você está conseguindo se expressar corretamente.
Quanto melhor for a nossa comunicação verbal, mais respeito receberemos do nosso
público-alvo, visto que nossa linguagem causa impacto nas pessoas e reforça quem somos e no
que acreditamos. Quando nos comunicamos de maneira adequada, entregamos mais valor aos
nossos atuais/possíveis empregadores. Por exemplo, se um colega se expressa de maneira confusa,
não tem convicção ou domínio dos assuntos e escreve com erros gramaticais, provavelmente não
confiaríamos profissionalmente nessa pessoa; bem como uma comunicação institucional escrita
de qualquer jeito e com erros não inspiraria qualquer confiança e credibilidade.
Devemos sempre ter foco antes de escrever algo; então, certifique-se primeiro sobre qual
é o objetivo da mensagem, o que deseja comunicar, para quem quer enviá-la e qual é o melhor
canal para fazer isso – por exemplo, se é melhor enviar carta, e-mail, memorando, nota técnica etc.
Quando pensamos no destinatário da mensagem, já imaginamos a resposta para essas perguntas.
Se ainda ficou em dúvida sobre o que quer comunicar ou como enviar sua mensagem, peça opinião
de outra pessoa.
Mas, afinal, o que é escrever bem? É apenas escrever sem erros gramaticais? Bem, isso é o
básico, mas escrever bem vai muito além. Significa também entregar a mensagem com clareza
e precisão para que o outro compreenda o que está escrito. Além disso, o ideal é que a escrita
agrade ao leitor, para isso, empregue expressões simples e amistosas, fuja de um estilo muito
seco, evite frases com duplo sentido e busque sempre a colaboração do receptor da mensagem.
74 Marketing pessoal e etiqueta

Precisamos, ainda, ter cuidado com interferências externas que possam influenciar a forma como
nos expressamos nos nossos textos, como nosso humor ou cansaço, que podem fazer com que
nossos textos contenham palavras duras e antipáticas. As diferenças culturais também influenciam
a compreensão do texto. Por exemplo, jargões regionais ou palavras rebuscadas podem atrapalhar
o entendimento do nosso leitor.
Vale lembrar que escrever não significa jogar amontoados de palavras e frases; é necessário
que elas façam sentido e estejam organizadas em uma estrutura apropriada. E qual é a diferença
entre as estruturas (ou formatos)? Temos uma infinidade de formatos de comunicação escrita,
como procuração, ofício, requerimento, ata e relatório. Contudo, vamos focar nos mais utilizados
no ambiente corporativo: carta, e-mail e memorando. Ciletti explica a diferença entre esses três
tipos de texto:
Cartas comerciais são empregadas para comunicações externas – da sua
empresa a um cliente ou comprador ou de você para um potencial empregador.
Memorandos são usados para comunicações internas – dentro de um grupo
ou de uma organização, como avisos sobre políticas, procedimentos e eventos.
E-mail é utilizado para uma variedade de comunicações internas e externas.
(CILETTI, 2017, p. 254)

Cartas, e-mails e memorandos podem ter uma diversidade de funções, como solicitar,
apresentar, convidar, cobrar, advertir, desculpar e agradecer, mas sua estrutura e sua apresentação
dificilmente se alteram.
Cabe ressaltar que a estrutura de uma carta ou outro documento pode variar: algumas
pessoas preferem colocar a data no início e outras, no final, por exemplo. Vivemos em um mundo
onde estamos sempre rompendo padrões, e as mudanças ocorrem de maneira tão rápida que mal
conseguimos acompanhá-las. Desse modo, os aspectos formais podem não ser os mesmos daqui a
um ano. Entretanto, algumas regras facilitam a organização e a compreensão do documento, sendo
essenciais para uma comunicação eficaz e, por isso, dificilmente serão deixadas de lado.
Com base nisso, qual é a estrutura mais utilizada em uma carta? Para facilitar, elencamos
alguns campos que geralmente aparecem nesse formato:
• Papel timbrado – visando identificar o remetente, normalmente com o logo no cabeçalho
e as informações institucionais complementares no rodapé.
• Local e data – contendo dia, mês e ano.
• Nome, cargo e empresa do destinatário – não é necessário constar o endereço com CEP
e informações adicionais, pois isso fica no envelope.
• Assunto e/ou referência – para identificar o objetivo da carta; não há necessidade de
escrever as palavras assunto ou referência.
• Cumprimento com o pronome de tratamento e nome do destinatário – o pronome
varia de acordo com a relação e intimidade que se possui com o destinatário. Por exemplo,
prezado ou senhor são pronomes de tratamento mais formais, enquanto caro ou estimado
indicam um nível maior de intimidade.
Comunicação oral e escrita em contextos formais 75

• Corpo do texto – sem muitas formalidades como “viemos por meio desta comunicar”
no lugar de simplesmente “comunicamos”. Lembre-se de que quanto mais simples a
linguagem for, melhor flui a comunicação.
• Fechamento – com uma palavra de cortesia, como atenciosamente, atentamente ou
cordialmente, seguida por uma vírgula.
• Nome, cargo e dados de contato do remetente – a assinatura vai logo abaixo do
fechamento, ao final da página, sem a necessidade de uma linha indicando o local da
assinatura.

Considerando as seções expostas, podemos ver um exemplo de carta na Figura 1 a seguir.


Figura 1 – Exemplo de carta

Timbre – identidade
da empresa
Logo Local e data

São Paulo, 27 de outubro de 2019

Ao
Destinatário, contendo
Sr. Anderson Silva nome, cargo e empresa
Diretor comercial
Performance Consultoria

Assunto
Proposta comercial

Cumprimento
Prezado senhor Anderson,
Corpo do texto
Foi muito bom estar com sua equipe na semana passada. A reunião
com pessoas objetivas e positivas torna o nosso trabalho mais
emocionante e a vida corporativa mais alegre.

Conforme alinhamos, encaminho a proposta comercial para análise


e considerações, bem como a apresentação e a análise de mercado.

Reforço nosso compromisso em atendê-los com excelência e levar


vantagens/diferenciais na gestão de benefícios da companhia. Para
isso, por favor, nos informe todos os pontos críticos, pois assim
conseguiremos atuar de forma assertiva nas dores causadas à
empresa e aos beneficiários.

Fechamento
Atenciosamente,
Responsável, cargo e contato,
Gabriela Guckert contendo assinatura acima do nome

Consultora comercial
Telefone: +55 11 1234-6789
E-mail: gabriela.guckert@abc.com.br

Rodapé com
Rua da Carochinha, +55 11 1234-7896 endereço da
abc@yahoo.com.br empresa e
nº 123 – São Paulo www.abc.com.br informações
complementares

Fonte: Elaborada pela autora.


76 Marketing pessoal e etiqueta

Algumas cartas ou ofícios podem conter também um número de controle, como “Carta
comercial nº 037/2019/PROPOSTA”. Entretanto, essa informação pode dar espaço para julgamentos
e questionamentos, como uma baixa quantidade de propostas enviadas pela empresa até o
momento. No âmbito comercial, esse número também não ajuda muito a controlar a quantidade
de comunicações enviadas, uma vez que o cliente pode responder por outros meios, utilizando
telefonema ou e-mail, por exemplo, e o consultor precisa estar preparado para qualquer forma de
retorno.
Além da qualidade da escrita, uma carta precisa impressionar pela sua configuração e regras
de etiqueta, sendo profissional e expressando consideração e disposição para ajudar. É muito mais
fácil transmitir cortesia e emoção pela fala na comunicação presencial; contudo, em uma carta ou
memorando, o texto precisa estar muito bem amarrado para que seja entendido e transpareça todo
o sentimento e satisfação em atender o possível cliente.
O memorando, ou comunicado interno, é menos formal que a carta, mas ainda precisa
passar uma postura profissional e organizada. Ele veicula todo tipo de comunicação dentro da
empresa, desde comunicados entre filiais ou áreas até informações de interesse da direção. É
recomendável que ele contenha um cabeçalho com destinatário, remetente, assunto e data, e um
corpo do texto. Além desses campos, se houver anexo ou outras partes envolvidas na mensagem, é
importante que essa informação conste no corpo do memorando.
Em ambientes corporativos, as comunicações institucionais são realizadas pelo RH para
todos os colaboradores destinatários da mensagem, visando a um formato unificado e com
identidade própria da empresa. Se cada área utilizasse seu próprio modelo de comunicado, ficaria
parecendo que empresas aparentemente distintas estão tentando se comunicar. Em indústrias,
multiplicadores: essas comunicações são feitas por meio de cartazes ou multiplicadores, visto que, na maioria
colaboradores que
aprendem algo e dos ambientes (principalmente no ramo alimentício), não é permitido entrar com papel e os
propagam por toda a
empresa, ensinando
funcionários não possuem acesso a computadores ou smartphones. Normalmente, a empresa já
o conteúdo possui um modelo padrão de comunicado interno, como ilustra a Figura 2 a seguir.
adquirido.
Comunicação oral e escrita em contextos formais 77

Figura 2 – Exemplo de memorando

Logo da empresa
Comunicado
Revisão das METAS 2019 para a
Assunto

equipe de vendas
Para: Equipe comercial Destinatário,
Destinatário,
De: Diretoria comercial remetente
remetente e data
e data

Cc: RH
Data: 27/10/2019

Corpo do
texto
Caso você precise fazer alguma alteração com relação às metas contratadas
decorrentes da alteração da meta corporativa, por favor, preencha o formulário
para alteração de metas e envie-o para o e-mail comitedemetas@abc.com.br,
com cópia para o seu gestor imediato até o dia 31/10/2019.

O comitê analisará o seu pedido em até 5 dias.

Anexo
Anexo: Formulário para alteração.

Conte sempre com o nosso apoio e parceria

Logo
Fonte: Elaborada pela autora.

Apesar da utilização da carta ou do memorando, o veículo mais popular de transmissão de


mensagens é o e-mail, ou correio eletrônico, que envia desde mensagens informais entre colegas
de trabalho até cartas formais aos clientes, prospects e fornecedores. Sem dúvidas, este é o veículo
mais utilizado no mundo corporativo e precisa ter uma linguagem compatível com o ambiente
profissional. Conforme explica Cohen (2011, p. 85), “um dos atrativos de comunicação por
correio eletrônico é sua flexibilidade. Assim, não interessa definir forma rígida para sua estrutura.
Entretanto, deve-se evitar o uso de linguagem incompatível com uma comunicação oficial”. Assim
como na carta, alguns campos são essenciais em um e-mail:
78 Marketing pessoal e etiqueta

• Cabeçalho – preenchido primeiramente com o assunto, o que facilita a organização


documental tanto do destinatário quanto do remetente. O assunto precisa ter relação com
o corpo do texto do e-mail e precisa chamar a atenção. É difícil achar um e-mail sem
assunto na caixa de entrada, e isso não será bem-visto pelos colegas.
• Saudação – dirigindo-se ao destinatário pelo nome e com uma saudação adequada.
Alguns cumprimentos formais são “prezado senhor Silva” ou “caros acionistas”, enquanto
um exemplo de informal é “oi, João”. Em e-mails para pessoas com quem você fala todo
dia, é importante utilizar um texto informal; porém, para clientes ou pessoas com quem
você fala raramente, mantenha uma linguagem formal.
• Corpo da mensagem – deixando claro, logo nas primeiras palavras, como aquela
comunicação afeta o destinatário. Escreva pelo menos um parágrafo sobre o assunto
central da mensagem e, quando houver necessidade de muitas informações, acrescente
um anexo. Utilize uma única fonte, cor e tamanho de letra, e não use frases em caixa-alta,
uma vez que pode parecer que você está gritando com o destinatário da mensagem; evite,
também, gírias e sarcasmo.
• Assinatura – com nome, cargo ou área, nome da empresa em que trabalha, endereço, site
da empresa e telefone de contato.
Outra dica na hora de redigir um e-mail é não escrever algo imenso. Atualmente, a
quantidade de leitura diminuiu muito e poucos têm paciência e tempo para ler uma carta ou
e-mail longo; queremos coisas rápidas, educadas e objetivas. Cuide para jamais escrever no
imperativo, como se estivesse mandando o destinatário fazer algo (mesmo que esteja), e sempre
peça por favor. Além disso, não utilize abreviações – não é porque o veículo é flexível que você
pode escrever qualquer assunto de qualquer jeito. Tenha em mente que seu chefe pode ler o
e-mail enviado. Evite emoticons e variações de cor e papel de parede, pois as mensagens podem
ser filtradas e ficar na caixa de spam1.
Não se esqueça de que o último campo a ser preenchido deve ser o endereçamento, ou
seja, os endereços de e-mail dos destinatários da mensagem, evitando que ela seja enviada
sem querer. Também, sempre leia o e-mail antes de enviá-lo e lembre-se de que as revisões
não são apenas gramaticais, mas envolvem também analisar questões de estrutura, conteúdo e
linguagem empregada.
Você pode adicionar, eliminar ou reestruturar as informações. Para isso, conte sempre com
a revisão de um colega, mentor ou gestor, afinal é melhor pecar pelo excesso do que pela falta de
cuidado. Uma sugestão é deixar o e-mail durante uma hora no rascunho; quando abri-lo novamente
para reler e enviar, você encontrará pontos que podem ser melhorados ou corrigidos.
Além disso, respostas rápidas demonstram respeito e consideração com o receptor da
mensagem. Para facilitar o entendimento, apresentamos na Figura 3 a seguir um exemplo de
e-mail sucinto.

1 E-mail indesejado, geralmente enviado a muitas pessoas. Não é encaminhado para a caixa de entrada, ficando em
quarentena com suspeita de ter vírus.
Comunicação oral e escrita em contextos formais 79

Figura 3 – Exemplo de e-mail

Olá, Paulo,
Bom dia!

Conforme falamos, segue a minuta dos principais processos tratados


atualmente. Considero que tais processos precisam ser objeto de análise
para que possamos desenvolver ações específicas que visem garantir sua
continuidade e, assim, minimizar eventuais impactos nas operações.

Esta é apenas uma minuta, na qual tomei a liberdade de sugerir ações de


migração em alguns casos. Fique à vontade para alterar.

Estaremos ao seu lado durante toda esta caminhada para apoiá-lo no que for
necessário.

Grande abraço,

Gabriela Guckert
Gerente comercial

+55 11 91234-9876
Rua da Carochinha, nº 123
gabriela.guckert@abc.com.br
www.abc.com.br

Fonte: Elaborada pela autora.

Envie o e-mail com confirmação de entrega e de leitura, pois isso ajudará a saber se o
destinatário recebeu e abriu a mensagem. Se ele não recebeu, confirme o endereço de entrega; e se
não leu, ligue e fale com o destinatário, conforme orientações da próxima seção.

5.2 Comunicação por telefone


No que diz respeito às tendências de mercado e tecnologia, podemos observar, atualmente,
uma grande preferência pelo uso da voz e a esperança de que os assistentes virtuais mudem nossa
vida e rotina. Afinal, é muito mais fácil falar do que escrever e ouvir do que ler. Um exemplo disso
são as crianças, que aprendem primeiro a falar e só depois a ler/escrever.
O que nos separa de uma máquina é a nossa capacidade de nos conectarmos a outras
pessoas; em uma ligação isso não é diferente. A ausência de educação, cordialidade e simpatia em
uma ligação pode desconstruir toda a nossa imagem e até gerar consequências graves, inclusive a
perda de uma oportunidade de emprego. Já pensou um recrutador ligar para dar uma devolutiva
positiva e você atender o telefone irritado e descontrolado?
80 Marketing pessoal e etiqueta

Portanto, ao receber ligações, procure responder à chamada até o terceiro toque, pois
ninguém gosta de ouvir o telefone chamar por mais de trinta segundos sem ninguém o atender ou
de esperar do outro lado da linha. No ambiente corporativo, a forma correta de atender é falar o
nome da empresa e, na sequência, o seu nome e sobrenome2. Lembre-se de sorrir, pois é possível
identificar o sorriso na voz por meio de um tom simpático, e jamais atenda o telefone de maneira
afoita. Quando entrar na empresa, aprenda logo como colocar chamadas em espera, retirar o som,
fazer audioconferência e transferir chamadas para outros ramais. Isso poderá salvá-lo de situações
constrangedoras e você não parecerá incompetente.
Mesmo que sua função não seja de recepcionista ou secretária, anote o recado e repasse para
o destinatário, pois isso mostra o quanto você é educado e está disposto a ajudar, além de evitar
situações como “Liguei para você ontem, o Fulano não repassou o recado?” – nas quais, se você for
o Fulano, ficará em uma situação desagradável.
Antes de fazer uma chamada, pense no assunto, no que e como vai falar. É sempre educado
perguntar se a pessoa tem tempo; além disso, não deixe a ansiedade atrapalhar sua mensagem,
nem saia falando tudo que vier à mente ou fique fazendo grandes pausas. Não se esqueça de que
você não está cara a cara para saber como está sendo a reação do outro lado da linha. Seja breve e
objetivo e, ao final da ligação, confirme o entendimento ou o compromisso da outra pessoa. Por
fim, agradeça o tempo depreendido e despeça-se. Se tiver dúvidas sobre como e o que falar, faça um
breve roteiro, como o exemplo a seguir.

Bom dia, senhor Anderson, tudo bom? – aguarde a resposta e não saia
atropelando o assunto.
O senhor tem 5 minutos para falarmos? – apenas continue se a resposta
for afirmativa; caso contrário, agradeça, despeça-se e ligue depois.
Gostaria de confirmar sua presença no evento de 28/11, às 16h, no
Jardim Social. – fale sobre o assunto; no caso deste exemplo, sobre o
evento, destacando o dia, o horário e o local e sanando qualquer dúvida
adicional.
Muito obrigada pela sua atenção. Nos vemos no evento. Tchau! –
para finalizar, agradeça, confirme o compromisso ou entendimento
e se despeça. Dependendo da intimidade, você pode complementar
mandando abraços.

Use um tom calmo e tranquilo durante a ligação, mas sem exagero, fazendo o interlocutor
pegar no sono; tenha consistência, convicção e segurança na voz. Se está em uma ligação, foque
toda a sua atenção para a chamada, sem começar a escrever um e-mail ou falar com outro colega,
pois você pode perder algo importante que está sendo falado e pode ser desagradável ao seu

2 Lembre-se do que falamos sobre marca pessoal; por isso, é importante falar seu sobrenome.
Comunicação oral e escrita em contextos formais 81

interlocutor perguntar algo que já foi dito. Outra dica é repetir o nome de quem está do outro lado
da linha algumas vezes, já que isso fará com que ele preste atenção e demonstra que você lembra
com quem está falando, tornando a ligação personalizada, e não genérica.
Por fim, se ainda utiliza correio de voz e secretária eletrônica, evite mensagens engraçadas
ou sarcásticas. Grave uma mensagem normal, com seu tom de voz natural, e cheque seu correio
de voz. Quando deixar uma mensagem, fale sempre o seu nome, o nome da empresa, o assunto e o
telefone de contato para retornar a ligação ou a mensagem.

5.3 Palestras e apresentações


Falar em público pode ser uma barreira para a maioria das pessoas; alguns são tímidos,
alguns não gostam da exposição, outros têm medo de não serem aceitos. Somos seres emocionais
e precisamos de aceitação, afeto e respeito. Por isso, fortalecer a autoestima é o primeiro passo para
falar bem em público, pois nos permite reconhecer nossas barreiras e entender que estamos em
constante processo de melhoria.
Falar em público não é um dom concedido a alguns sortudos, visto que essa competência
pode ser aprimorada até alcançarmos a comunicação com destreza. Contudo, isso não quer dizer
que precisamos ser robôs com técnicas rígidas para falar em uma reunião, apresentar um projeto à
diretoria ou palestrar. Muito pelo contrário! O ideal é agir com naturalidade, como se estivéssemos
em uma mesa de bar com amigos. Isso mesmo, devemos nos expressar de modo casual e autêntico,
mantendo coerência com a nossa personalidade. Não precisamos fazer uma palestra memorável; o
principal objetivo é a compreensão da mensagem.
Para uma comunicação eficaz, são necessários recursos capazes de convencer o público.
Quando falamos de público, não nos referimos apenas a um grande número de pessoas nos
ouvindo, mas a qualquer situação em que há contato com alguém, em que temos a oportunidade
de transmitir nossa mensagem.
Ter um tom de voz claro não é o suficiente para falar em público; outros elementos também
contribuem para essa forma de comunicação, como a postura e a expressão corporal e facial. No
entanto, os principais fatores para a eficácia da comunicação são as palavras e a voz, uma vez que
não será fácil entender uma palestra realizada apenas por meio de gestos. Elas também são fatores
essenciais para falar em público, uma vez que conseguem transmitir mensagens e sentimentos,
bem como reforçam e são parte integrante da nossa marca.
Um exemplo disso são cantores, jornalistas, locutores e outras pessoas reconhecidas e
admiradas por uma voz marcante. A entonação e a prosódia na voz também ajudam a expressar
características e emoções: uma voz tranquila e firme passa credibilidade, enquanto uma voz
trêmula transmite insegurança.
Cabe ressaltar que não é preciso gritar, mas é necessário usar a voz como ferramenta para
dar ênfase em determinados trechos da fala. De acordo com Anderson (2016, p. 145-146), “os
orientadores de voz falam de pelo menos seis ferramentas: volume, altura, ritmo, timbre, tom e
82 Marketing pessoal e etiqueta

uma coisa se chama prosódia, que é a musicalidade que distingue, por exemplo, uma afirmação de
uma pergunta”.
Além disso, preocupe-se com a velocidade da sua voz – para explicações complexas, o ideal
é desacelerar e manter um tom sereno. Entretanto, tom e ritmo calmos também podem ser um
problema, já que permitem que o ouvinte se distraia. Então, olhe para o seu público e perceba
eventuais inquietações ou sonolências, pois assim será possível corrigir o rumo da sua apresentação
utilizando apenas seus recursos vocais.
Quando falar, seja objetivo. Ninguém quer parar para escutar alguém que está divagando
em suas próprias ideias, por isso a necessidade de se preparar e organizar as ideias antes de falar
em público. Além disso, fale com convicção sobre suas experiências e natureza do trabalho, sem
causar tédio nos expectadores. Lembre-se de que a linguagem utilizada precisa ter conexão com
seu público, as pessoas precisam entender o que está sendo falado; assim, não adianta usar palavras
rebuscadas se o público não vai entender suas ideias. Utilize linguagem, valores e pressupostos
comuns também à plateia, e não apenas a você.
Para falar em público, você pode tanto improvisar quanto montar um roteiro. O improviso
é ideal para quem tem muita familiaridade com o assunto e está acostumado a falar publicamente.
Se você não tem esse hábito, é preferível criar um roteiro para evitar o famoso e temido “branco” e
a paralisia no meio da apresentação. Não há fórmula certa, mas você pode começar estruturando a
apresentação em tópicos ou escrevendo todo o texto para reter as informações.
Uma apresentação roteirizada pode ser natural? Sim, mas, para isso, é necessário dedicação
aos ensaios, não caindo na tentação de ler o roteiro e ficar preso às suas anotações. Ensaie na frente
do espelho, grave no seu celular ou, como reforçamos nos capítulos anteriores, ensaie na presença
de amigos e colegas, ouvindo de coração aberto as oportunidades de melhoria. Segundo Chris
TED: série de
Anderson, presidente e curador do TED,
conferências para
disseminação de para uma palestra importante, ensaiar diversas vezes é fundamental, de
ideias de diversos
preferência diante das pessoas de confiança.
temas, apresentadas
em palestras breves Trabalhe nela até que caiba com folga no tempo que lhe deram e insista no
por todo o mundo. feedback sincero da plateia do ensaio.
Seu objetivo é chegar a uma palestra cuja estrutura se torne algo internalizado,
para assim poder se concentrar no conteúdo do que está dizendo. (ANDERSON,
2016, p. 145-146)

Não use slides de apresentação como muletas. Uma coisa é certa: é melhor não fazer nada
do que fazer uma apresentação de slides desorganizada e cheia de textos. Se for utilizar recursos
visuais, faça algo esteticamente atraente e bem elaborado, com imagens que ajudem a explicar o
conteúdo que será abordado. Conforme elucida Anderson,
a finalidade principal dos recursos visuais não deve ser comunicar palavras. A
boca do palestrante já faz isso muito bem. A finalidade dos recursos visuais é
mostrar aquilo que a boca não mostra tão bem: fotografias, vídeos, animações e
dados importantes. (ANDERSON, 2016, p. 115)
Comunicação oral e escrita em contextos formais 83

Só opte por incluir vídeos se você tiver tempo para discorrer e fazer ganchos com eles;
mesmo assim, escolha vídeos curtos – de aproximadamente um minuto –, visando não distrair o
seu público ao ponto de eles nem lembrarem o tema que está sendo abordado.
Também é importante sempre testar a apresentação com antecedência para que sejam
realizados eventuais ajustes, evitando, assim, problemas de visualização de vídeos, formato
inadequado para o projetor, fonte ilegível, fundo que atrapalha a visualização, versão desatualizada,
entre vários outros contratempos que podem surgir na hora H.
Conforme já falamos nos capítulos anteriores, a imagem pessoal fala muito sobre nós.
Portanto, precisamos escolher uma roupa adequada e que tenha conexão com o público. Nesses
casos, menos é mais: opte por roupas simples, sem acessórios grandes e chamativos, afinal o
enfoque geralmente está no conteúdo, não nas roupas (exceto se for falar sobre uma convenção de
moda). É essencial escolher roupas em que você se sinta confortável. Já pensou em falar em público
e estar sofrendo com a calça que está apertada?
Resumimos algumas dicas que podem ser úteis para falar em público:
• Conheça pessoalmente o local da apresentação ou reunião.
• Pesquise sobre o público, visando a uma comunicação integrada.
• Estude os assuntos que serão abordados e ensaie suas falas para cada slide, caso faça uso
desse recurso.
• Converse com as pessoas que estão chegando ao local antes da apresentação ou reunião.
• Quebre o gelo com técnicas de storytelling ou com algo engraçado ao iniciar o assunto, storytelling: é a arte
de contar histórias
mas sem excessos. usando palavras e/
ou recursos visuais
• Faça questionamentos no meio da apresentação, pois eles fazem o público focar a atenção, para transmitir uma
mensagem de modo
como se estivesse desvendando um enigma. leve e memorável.

• Olhe sempre para a plateia para ganhar a confiança das pessoas, e não foque em uma
única pessoa, pois ela poderá se sentir coagida.
• Fique em pé com a postura ereta, aberta e os pés levemente afastados, movimente-se e
gesticule com calma e naturalidade, sem exageros, dando vida ao que está dizendo.

Vale ressaltar que é necessário ser cauteloso com os comentários engraçadinhos, já que o
que é engraçado para você pode não ser para o seu público. Por exemplo, tentativas de piadas com
religião, política, etnia e identidade de gênero dificilmente dão certo, uma vez que normalmente
são piadas de mau gosto e de cunho ofensivo. Se conseguiu soltar um comentário engraçado e
descontrair o ambiente, mantenha o timing e não prolongue demais a ocasião. Não deixe o seu ego timing: habilidade
de fazer algo certo
tomar conta da situação e mantenha a humildade e o foco no tema que você está abordando. no melhor momento
possível, nem antes,
Cabe lembrar que cada pessoa é de um jeito e ter autoconhecimento é fundamental para nem depois.

sabermos o que nos acalma. Apesar disso, recomendamos algumas dicas genéricas que podem
ajudar: respirar devagar sem transparecer aflição ou ansiedade; concentrar-se na sua ideia e no
84 Marketing pessoal e etiqueta

tema; procurar conforto em conhecidos que estão no ambiente; beber água para não deixar a
garganta seca e ter um ataque de tosse; e meditar antes da apresentação. Lembre-se de que ter medo
é normal, mas precisamos usá-lo como motivação para alcançarmos o nosso melhor, controlando
o nervosismo e a ansiedade.
Para falar bem em público é necessário praticar. Assim, aceite convites para falar em público
sempre que eles surgirem, seja em um seminário, uma apresentação de projeto ou uma reunião
de equipe. Conte seus cases, mas garanta que o assunto tem relevância e é interessante. Se está
tentando reconstruir sua imagem, essa é uma ótima oportunidade para que suas qualidades
ganhem visibilidade. Entretanto, tenha certeza de que vai se destacar de forma positiva, pois um
passo em falso poderá ser o que faltava para um fracasso incorrigível.
Por fim, não esqueça o estamos frisando desde o começo: seja original e sincero com você
mesmo e concentre-se no seu próprio conteúdo, sem imitar ou roubar a ideia de ninguém.

5.4 Erros que devem ser evitados na comunicação


Estamos sendo constantemente julgados tanto pelo que falamos quanto pelo que escrevemos.
Contudo, tudo o que é escrito fica registrado. Contra fatos não há argumentos. Por isso, preste
sempre muita atenção no que e como você escreve e pense muito bem antes de fazê-lo. Use as
palavras de modo correto e sempre revise antes de enviar o documento a alguém. Dentre os erros
mais comuns estão a concordância verbal e nominal, os erros de digitação e a pluralização.

A seguir, veja alguns exemplos e procure o erro gramatical.

• Busque os relatório.
• Somos previlegiados de termos nossas famílias.
• O diretor dará um subcidio para Helena continuar na empresa.
• Mande chamar ele para o comitê.
• Segue anexo os documentos para análise e crivos dos executivos.

Achou os erros? Muitos deles chamam nossa atenção, sendo facilmente


percebidos, já outros são mais discretos. Veja, então, a explicação de cada
um.

• Busque os relatório. – erro de concordância, pois o artigo está no


plural, e o substantivo, no singular.
• Somos previlegiados de termos nossas famílias. – erro comum de
ortografia, sendo a grafia correta privilegiados.
• O diretor concedeu um subcidio para Helena continuar na empresa.
– outro erro comum de ortografia, e o correto é subsídio.
Comunicação oral e escrita em contextos formais 85

• Mande chamar ele para o comitê. – forma comum na comunicação


oral, mas que está incorreta de acordo com a norma culta, segundo a
qual o correto seria chamá-lo.
• Segue anexo os documentos para análise e crivos dos executivos.
– essa regra acaba passando despercebida por muitas pessoas, mas,
de acordo com a gramática, consiste em um erro de concordância; a
forma correta é “seguem anexos os documentos”.

Muitas vezes, falamos de uma forma, mas escrevemos de outra, como no caso da palavra
supérfluo, que a maioria das pessoas pronuncia “supérFULO”. Portanto, na dúvida, pesquise em
um dicionário. Quanto aos casos de concordância, para não errar, primeiro localize o substantivo3,
observando o gênero e o número. Depois, concorde ou verifique a concordância dos termos
adjacentes a ele – afinal, frases como “nós vai” ou “a gente vamos” são inadmissíveis na escrita
formal. Por tudo isso, é importante fazer a revisão do texto. No impulso, podemos até escrever de
maneira errada, mas, no momento em que lemos o que escrevemos, percebemos que aquilo soa
estranho. Se tiver dúvidas, procure ler em voz alta.
Além disso, preste atenção nas linhas azuis ou vermelhas que ficam embaixo das palavras
quando escrevemos em alguns programas de edição de texto no computador, pois elas sempre
nos ajudam nas questões de concordância e com erros de digitação – exceto em casos em que a
palavra que erramos se transformou em outra palavra que não tem conexão com o texto, mas está
gramaticalmente correta.
No caso do e-mail, se percebeu o erro só depois de enviá-lo, veja se há a opção de cancelamento
da mensagem na plataforma utilizada. Se for possível, cancele e substitua por uma mensagem sem
o erro de ortografia. Isso pode salvá-lo de um constrangimento.
Com relação à pontuação, há alguns erros graves no emprego da vírgula, como em casos nos
quais ela separa o sujeito do verbo, os quais, por serem partes fundamentais de uma oração, não
podem ser separados. Evite, ainda, utilizar pontos de exclamação em tudo. Seja seletivo, uma vez
que eles servem para designar emoção, susto, espanto, raiva, indignação etc. Tome cuidado para
não ser interpretado de maneira errada; na dúvida, utilize o ponto-final. Para não cometer os erros
citados neste capítulo, siga algumas dicas que elencamos a seguir:
• Pense antes de falar ou escrever.
• Leia livros, revistas e jornais. De uma leitura mais simples até algo mais rebuscado,
tudo fará com que você amplie seu vocabulário, além de estimular o senso crítico e a
criatividade.
• Seja sempre educado: não interrompa os outros enquanto estão falando, agradeça as
gentilezas que lhe fizerem e peça sempre “com licença” e “por favor”.

3 Para relembrar, substantivos são os termos que nomeiam seres, objetos etc. Eles podem flexionar em gênero
(masculino/feminino), número (singular/plural) e grau (aumentativo/diminutivo).
86 Marketing pessoal e etiqueta

• Utilize o tom de voz adequado para cada situação, sem gritar. Fale pausadamente e de
maneira clara para que todos compreendam a mensagem que deseja transmitir.
• Não fale de mais e nem de menos, mas de maneira adequada em cada circunstância,
principalmente em reuniões de trabalho.

Por fim, não permita que gírias, vícios de linguagem e modismos tomem conta da expressão
verbal, colocando em dúvida o seu profissionalismo e a sua capacidade. Mantenha uma linguagem
sem erros gramaticais, objetiva e eficaz, fortalecendo sua marca pessoal.

Considerações finais
O nosso êxito, em qualquer ambiente de trabalho, depende da capacidade que temos de nos
comunicar, visto que todo conhecimento é transmito pela linguagem. Dessa forma, são essenciais
o interesse e os esforços na prática da leitura e dos estudos.
Ambas as modalidades de comunicação verbal (escrita e oral) são complementares e possuem
desafios específicos. A modalidade escrita tende à formalidade e ao distanciamento entre receptor
e emissor, enquanto a fala pressupõe um envolvimento maior entre as pessoas, com expressões
faciais, gestos e entonação da voz.
É importante, também, praticar constantemente para falar em público, conectando
conhecimentos e evitando erros na comunicação. Essa é uma qualificação essencial para o mercado
de trabalho, e é relevante para ganharmos autoconfiança, formarmos uma imagem, ganharmos
visibilidade e ampliarmos nosso networking, entre outras vantagens profissionais e pessoais.
Entretanto, o importante não é falar bem e com segurança, mas, sobretudo, ter algo importante a
dizer e encantar a todos com nossas ideias e proficiência.
Para expormos nossos pensamentos de modo eficaz, devemos contar com recursos
extralinguísticos, como gestos, expressões faciais, entonação e postura, ajustando a linguagem
aos trejeitos do destinatário e evitando, assim, que a mensagem não seja assimilada ou que seja
mal‑interpretada. Muitas vezes, uma comunicação deficitária decorre da ausência de conhecimento
no assunto ou do impacto gerado. Por isso, é importante ter uma visão holística, conhecendo o
assunto e cada parte envolvida na mensagem de modo a nos comunicarmos com clareza.

Ampliando seus conhecimentos


• CAVALLINI, M. Entrevista de emprego por telefone pode eliminar candidatos; veja dicas.
G1 – Concursos e Emprego, 6 ago. 2013. Disponível em: http://g1.globo.com/concursos-
e-emprego/noticia/2013/08/entrevista-de-emprego-por-telefone-pode-eliminar-
candidatos-veja-dicas.html. Acesso em: 7 nov. 2019.
Em consonância com a Seção 5.2, essa matéria pode nos orientar quanto ao comportamento
em entrevistas de emprego por telefone, explicando como ela funciona, os principais erros
cometidos e dando algumas dicas de como se portar nessas ocasiões.
Comunicação oral e escrita em contextos formais 87

• TED – Como falar de um jeito que as pessoas queiram ouvir. 2014. 1 vídeo (10 min).
Publicado pelo canal Abbott Brasil. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=D236cCikGmA. Acesso em: 7 nov. 2019.
Já sentiu que estava falando, mas ninguém estava ouvindo? O especialista em som Julian
Treasure demonstra exercícios vocais convenientes e dicas de como falar com empatia.
Essa conversa pode nos ajudar nas apresentações por meio de dicas de utilização de uma
ferramenta poderosa: a nossa voz.

Atividades
1. Seu colega pediu que você fizesse a revisão de uma carta antes de enviá-la. Você notou que
a organização está confusa e há mais de um estilo de fonte. Quais aspectos você terá que
revisar e apontar ao seu colega?

2. Como deve ser a linha de assunto de um e-mail e por que devemos preenchê-la?

3. Como um e-mail escrito para um potencial cliente se difere de um e-mail interno destinado
a uma pessoa com quem falamos quase todos os dias? Crie um exemplo de um e-mail formal
e de um informal.

Referências
ANDERSON, C. TED Talks: o guia oficial do TED para falar em público. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2016.

CILETTI, D. Marketing pessoal: estratégias para os desafios atuais. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2017.

COHEN, M. C. J. Comunicação escrita: a busca do texto objetivo. Rio de Janeiro: E-pap