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Direito e linguagem: a repercussão da linguagem jurídica

01/05/2017

Resumo: Este trabalho discorre sobre a relação entre Direito e Linguagem, uma vez que
a linguagem se dá por meio da palavra, sendo que esta é uma ferramenta imprescindível
dos operadores de Direito. Nota-se que muitos profissionais da área jurídica possuem
uma enorme dificuldade no uso correto da gramática e isto prejudica, diretamente, a
compreensão textual e, como consequência disto, obstaculiza o andamento do processo.
Procura-se também identificar as medidas que atrapalham principalmente a estruturação
da comunicabilidade elaborada em textos processuais. Com relação ao nível, optou-se
pela pesquisa exploratória. No que diz respeito à abordagem, a pesquisa é qualitativa.
Verificou-se, portanto, diversos problemas gramaticais e organizacionais das ideias,
bem como a falta de construção de sentidos do texto jurídico. Trata-se, desta forma, do
principal instrumento para que a comunicação seja estabelecida adequadamente, ou seja,
o advogado precisa deste tipo de habilidade, já que a sua essencial ferramenta laboral é
a palavra.

Palavras-chave: Linguagem Jurídica. Direito. Gramática. Textos. Português.

Sumário: Introdução. 1. Linguagem Jurídica. 1.1. Português Jurídico. 1.1.1. Conceito.


1.1.2 Níveis de Linguagem. 2. O Direito e a Linguagem. 2.1. Comunicação Jurídica.
2.1.1. Elementos da Comunicação. 3. Vocabulário Jurídico. 4. Semiótica e sua Relação
com o Direito. Conclusão. Referências.
Introdução
O Direito está presente no nosso cotidiano, mesmo que não notemos: no nascimento de
alguém, quando alguém realiza uma compra em um estabelecimento, quando efetua o
pagamento de impostos, quando há briga entre amigos e/ou vizinhos, na morte de
alguém querido. Logo, independente do ocorrido, o Direito sempre existirá, em
qualquer um dos ramos.
O Direito acaba se comunicando, devido à sua interdisciplinaridade, com diversos
ramos: seja com a sociologia, filosofia, ética ou linguagem, entre outras. Eis, então, a
grande importância da sabedoria e postura enquanto juristas.
O primordial instrumento de trabalho de um advogado é a linguagem, isto é, é a sua
"armar" a qual este utiliza para aplicar todo o conhecimento aprendido e também para se
comunicar com seus clientes, assim como outros operadores da área jurídica.
Como a linguagem do advogado, via de regra, é técnica, esta pode não ser
compreendida adequadamente quando for se comunicar com os seus clientes, pois,
geralmente, este não tem nenhum tipo de conhecimento jurídico. Este artigo pretende
analisar alguns pontos para que de fato haja uma comunicação com sucesso entre os
próprios operadores de direito, assim como quando este se comunicar com seus clientes.
Os operadores de Direito tem uma grande responsabilidade enquanto profissionais, a
linguagem, portanto, deve ser acessível a todos para que a comunicação tenha sucesso.

1 LINGUAGEM JURÍDICA

Espera-se que todos os profissionais da área jurídica se expressem de forma clara, coesa
e coerente, facilitando a comunicação relacionada ao público a quem ele se comunica.
1.1 PORTUGUÊS JURÍDICO

1.1.1 Conceito

Faz-se necessário elucidar o significado de alguns conceitos que serão úteis para a
compreensão de como ocorre uma linguagem:
“LINGUAGEM é um sistema de signos utilizados para estabelecer uma comunicação.
A linguagem humana seria de todos os sistemas de signos o mais complexo. Seu
aparecimento e desenvolvimento devem-se à necessidade de comunicação dos seres
humanos. Fruto de aprendizagem social e reflexo da cultura de uma comunidade, o
domínio da linguagem é relevante na inserção do indivíduo na sociedade. […] A
LINGUAGEM VERBAL é uma faculdade que o homem utiliza para exprimir seus
estados mentais por meio de um sistema de sons vocais denominado língua. Esse
sistema organiza os signos e estabelece regras para seu uso. Assim, pode-se afirmar que
qualquer tipo de linguagem desenvolve-se com base no uso de um sistema ou código de
comunicação, a língua. A LINGUAGEM é uma característica humana universal,
enquanto a LÍNGUA é a linguagem particular de uma comunidade, um grupo, um povo.
SISTEMA é uma organização que rege a estrutura de uma língua. […] LÍNGUA é um
código que permite a comunicação, um sistema de signos e combinações. Ela tem
caráter abstrato e dispõe de um sistema de sons, e concretiza-se por meio de atos de fala,
que são individuais. Assim, enquanto a língua é um conjunto de potencialidades dos
atos de fala, esta (ou discurso) é um ato de concretização da língua. […] A FALA é
anterior à escrita, mas tem, através dos tempos, sido relegada a uma condição de
inferioridade por causa das circunstâncias modernas em que informações e documentos
escritos constituem o mundo das relações humanas e de produção. […] As
características diferenciadoras entre LÍNGUA e FALA são: a língua é sistemática, tem
certa regularidade, é potencial, coletiva; a fala é assistemática, nela se observa certa
variedade, é concreta, real, individual. […] A NORMA varia segundo a influência do
tempo, espaço geográfico, classe social ou profissional, nível cultural do falante. A
diversidade das normas, visto que há tantas quanto os indivíduos, não afeta a unidade da
língua, que contém a soma de todas as normas. […] A LÍNGUA PORTUGUESA,
portanto, é um sistema lingüístico que abrange o conjunto das normas que se concretiza
por meio dos atos individuais de fala. Ela é um dos sistemas lingüísticos existentes
dentro do conceito geral de língua e compreende variações diversas devidas a locais,
fatores históricos e socioculturais que levam à criação de variados modos de usar a
língua. […] NORMA é um conjunto de regras que regulam as relações lingüísticas. A
norma sofre afrontas ou é contrariada devido a vários fatores: alterações devidas às
classes sociais diferentes, alterações devidas aos vários indivíduos que utilizam a
língua”. (MEDEIROS et al, p. 17-21).
O homem pode se comunicar de duas maneiras: forma verbal e/ou verbal. Para a forma
verbal, a linguagem oral torna-se extremamente essencial; a forma não verbal pode
acontecer de inúmeras formas, como por exemplo, a linguagem corporal (exemplo: a
palidez ou simples momento palpebral) e a linguagem do vestuário (exemplo: a toga é
uma informação que indica a função exercida pelo magistrado e a cor sinaliza seriedade
e compostura que devem caracterizá-lo). (DAMIÃO, p. 18-19).
Conforme abordado, pode-se notar que, quando o advogado está perante ao seu cliente,
todas as formas de linguagem abordada acima ocorrem ao mesmo tempo, tanto por parte
do advogado quanto pela parte do cliente. Tal fato acontece em somente alguns minutos
de conversação.  Aliado a isso, obviamente, a situação cultural, econômica e social que
cada um possui.
1.1.2 Níveis de Linguagem

As formas linguísticas podem ter variações, as quais são conhecidas como variantes.
Pode-se citar como exemplos dessas variantes: a língua padrão e língua não padrão;
linguagem culta ou padrão e linguagem popular ou subpadrão, entre outros.
Com relação às variações extralinguísticas, Medeiros et al (2004, p. 25), aborda como
estas ocorrem:

“As variações extralinguísticas ocorrem devido a fatores: – sociológicos: variações


originadas por idade, sexo, profissão, nível de estudo, classe social, raça; – geográficas:
compreendem variações regionais. Indivíduos de diferentes regiões tendem a apresentar
diversidade no uso da língua, particularmente com relação ao vocabulário e expressões
idiomáticas; – contextuais: envolve assunto, tipo de interlocutor, lugar em que a
comunicação ocorre, relações que unem interlocutores”.
Os doutrinadores supracitados afirmam que é importante o estudo dos níveis de
linguagem para o cotidiano de um profissional da área jurídica. Desta forma,
estabelecem três níveis de linguagem: nível culto, nível comum e nível popular.
Quando se trata da comunicação do advogado com seu cliente, pode-se observar a
presença de todos esses níveis da linguagem simultaneamente. Eis, então, a importância
do conhecimento do advogado com relação ao uso correto da linguagem.

2 O DIREITO E A LINGUAGEM

O Direito e linguagem mantêm uma considerável e importante relação, já que o direito


se realiza efetivamente por meio da linguagem. Neste sentido, Calmon de Passos (2001,
p.63-64) assevera que:
[…] o Direito, mais que qualquer outro saber, é servo da linguagem.
Como Direito posto é linguagem, sendo em nossos dias de evidência
palmar constituir-se de quanto editado e comunicado, mediante a
linguagem escrita, por quem com poderes para tanto. Também
linguagem é o Direito aplicado ao caso concreto, sob a forma de
decisão judicial ou administrativa. Dissociar o Direito da Linguagem
será privá-lo de sua própria existência, porque, ontologicamente, ele é
linguagem e somente linguagem.

É importantíssimo frisar que o texto jurídico sempre foi marcado por suas construções
complexas e por um elevado grau de capital intelectual da língua, não somente com
relação ao processo de formação da estrutura textual, e sim no seu conhecimento
profundo das regras gramaticais da norma padrão da Língua Portuguesa.
Por causa disso, o profissional da área jurídica sempre se destacou por séculos como
referência na tradição de produzir brilhantes textos e por ter amplo domínio da norma
culta, não obstante, tal imagem construída tem sido desacreditada por vários erros
básicos quanto ao uso correto da língua, assim como a sua estruturação adequada da
linguagem.

2.1 Comunicação Jurídica

A comunicação não é feita apenas por escrito ou verbalmente, é instantânea, porque


pode ser efetuada, por exemplo, por meio de um gesto ou olhar, o que pode ter inúmeros
significados. Desta forma, o estudo da mesma é essencial para os operadores de Direito.
2.1.1 Elementos da Comunicação

São conhecidos quando as pessoas conseguem estabelecer uma comunicação entre eles.
Um simples silêncio pode dizer bem mais que um discurso de 10 páginas, por exemplo.
Vejamos a seguir:

A comunicação é a única forma de sobrevivência social, o próprio


fundamento da existência humana, solidificada pela cooperação e pela
coexistência. É o instrumento que possibilita e determina a interação
social; é o fato marcante através do qual os seres vivos se encontram
em união com o mundo. Sem o sopro da comunicação não há cultura.
(GONÇALVES, 2002, p. 9).

Portanto, a linguagem é uma ligação que abrange todas as matérias jurídicas. Por
possuir tal característica de interdisciplinaridade, a linguagem é a ferramenta laboral
para qualquer operador de direito.
Conforme o doutrinador, Wilson José Gonçalves: “O esquema comunicacional é a
representação gráfica e espaço-temporal que delimita e indica os elementos
componentes do ato de comunicar”. (GONÇALVES, 2002, p. 20).
A seguir serão mostrados os seis elementos que fazem parte do esquema da
comunicação.
“Emissor: é o sujeito que elabora e disponibiliza a mensagem. É o remetente. Na
dimensão jurídica, é o sujeito ativo (autor) que provoca a máquina judiciária;
O  receptor: é o destinatário da mensagem elaborada e emitida pelo emissor do ato de
comunicar. Situa-se no pólo passivo, recebe a mensagem. É provocado em sua
conduta;
A  mensagem: consiste no conteúdo que se deseja transmitir, através de signos,
símbolos, ícones e demais elementos significativos, ao receptor;
O  canal de comunicação: é o elemento que conduz, transmite a mensagem. É o meio
que possibilita a transmissão e fluxo da mensagem;
O  código: é a convenção pré-determinada ou definida (a língua, por exemplo), pelo
emissor e receptor, de modo a permitir a compreensão no plano da decodificação da
mensagem. O código tem a função de viabilizar a unidade comunicacional, a
padronização sígnia.
O  referente: é constituído pelos dados e contexto, oferecendo, no momento da
comunicação, percepções influenciadas pelos objetos reais, situação do local,
sensibilidade do receptor e outras circunstâncias que permeiam a
comunicação”. (GONÇALVES, 2002, p. 20)
Observa-se, portanto, que todos os elementos interagem em conjunto para poder formar
a estruturação do pensamento e, assim, torna-se possível uma comunicação com
sucesso, assim como o uso adequado no mundo jurídico.

3 VOCABULÁRIO JURÍDICO

Saber expressar-se adequadamente no Direito é de extrema importância. É por meio das


palavras que o profissional formulará o pedido do cliente, formalizando o pensamento
por meio das palavras corretamente conjugadas ao seu conhecimento, com o intuito de
satisfazer as necessidades do seu cliente. Para isso, no entanto, há que se fazer a
utilização, geralmente, de um vocabulário bem preciso. Saber usar a palavra conforme o
contexto é uma arte. O operador do Direito, mais que qualquer pessoa, deve aprender a
dominá-la. Uma das maneiras mais usadas pelo homem para que a comunicação seja
estabelecida é por meio da palavra. E é por meio da palavra que a linguagem se
estabelece com sucesso.

“Seja como for, o homem, animal falante que é, em seus três níveis de manifestação –
como humanidade, como comunidade e como indivíduo – está indissoluvelmente ligado
ao fenômeno da linguagem. Ignorar-lhe a importância é não querer ver. O pensamento e
seu veículo, a palavra, privilegiam o homem na escala zoológica e o fazem exceler entre
todos os seres vivos. Oxalá saiba ele usar proficiente e dignamente esse dom da
evolução criadora, pois o poder da palavra é a força mais conservadora que atua em
nossa vida”. (XAVIER, 2003, p. 9).

Em virtude disso, a palavra e o Direito estão umbilicalmente ligados.  Logo, o Direito é


a ciência da palavra. A palavra é o meio pelo qual o profissional da área jurídica efetua
diversas atividades, como: peticionar, contestar, apelar, arrazoar, inquirir, persuadir,
provar, tergiversar, julgar, absolver ou condenar. Sendo assim, o magistrado deverá ter
cuidado com o vocabulário que utiliza. Exemplos em que se percebe que há sutis
diferenças semânticas para um profissional do direito e onde o emprego comum não
consegue perceber as diferenças, tais como: domicílio, residência e habitação diferem
juridicamente entre si, tal como posse, domínio ou propriedade; observará, ainda, que
decadência, prescrição, preclusão e perempção, embora assemelhadas no sentido, não
querem dizer a mesma coisa. (XAVIER, 2003, p. 11).

4 SEMIÓTICA E SUA RELAÇÃO COM O DIREITO

O Direito, como espécie de sistema de controle dos comportamentos da sociedade, é


considerado como uma forma de instituição social que se dá por uma linguagem: a
linguagem jurídica.

Além disso, o Direito, como ramo do conhecimento científico, foca-se na compreender


da realidade social, a partir das suas causas mais próximas e remotas, seja gerais e/ou
específicas, com a finalidade de ordenar socialmente os comportamentos dos seres
humanos, em dado momento histórico, por meio de normas jurídicas, estas são
indispensáveis à manutenção do corpo coletivo.
Segundo Maria Helena Diniz, “o fundamento das normas está na exigência da natureza
humana de viver em sociedade, dispondo sobre o comportamento de seus membros”.
Ela ainda adverte que “as normas são fenômenos necessários para a estrutura ôntica do
homem”, ou seja, as normas jurídicas nada mais são que os elementos indispensáveis à
composição da própria vida humana, com a intenção de estabelecer padrões de conduta
social aceitável. (DINIZ, 2009, p. 301).
No que diz respeito à relação com o homem e a sua cultura, destaca-se a importância da
linguagem.
Cândido Rangel Dinamarco assevera que a linguagem constitui objeto “de uma cultura,
servindo não só para medir o grau de civilização que através dela se manifesta, mas
também para chegar-se ao conhecimento das particularidades de determinada
civilização”. (DINAMARCO, 1986, p. 102).
Desta forma, entende-se que o significado do mundo se dá por meio da linguagem e, por
tal razão, que o mundo jurídico é entendido pelos limites consentidos pela linguagem.
 Nota-se, portanto, que o pensamento sobre esta ótica jurídica passa pela via da
linguagem. E, de certa forma, o Direito é em partes frutificado pela linguagem.
Determina-se, no entanto, que a linguagem não é o exclusivo instrumento visualizado
no universo jurídico, cabe também ao intérprete da norma jurídica examinar o sentido
das coisas narráveis, com a intenção de reconhecer o fidedigno significado do justo que,
por natureza, é alterável conforme o percurso histórico.
A linguagem, portanto, representa e realiza a comunicação do conhecimento jurídico, de
forma que a norma jurídica é desvelada pelo veículo da linguagem.
Ocorre, todavia, que a linguagem que veicula o conhecimento jurídico possui limitação
no que diz respeito à própria dificuldade natural de conhecimento pontual e terminado
dos objetos analisados.
A linguagem somente revela e comunica parcialmente o fundamento valorativo da
norma jurídica, a contar com uma concepção de linguagem.
Por outro lado, o pensamento jurídico também encontra na linguagem a sua forma de
exteriorização, até porque “o pensamento precisa da articulação linguística, pois os
signos linguísticos constituem o essencial da comunicação humana, sendo, portanto, o
fundamento da linguagem” (DINIZ, 2009, p. 169).
O papel do discurso jurídico relaciona-se, mesmo que indiretamente, a uma ação
linguística que envolve outrem. Sendo assim, todo discurso sugere a importância do
próprio homem no contexto da comunicação. Nesse liame, observa-se:
“Logo, o objeto do discurso da ciência do direito (…) não é o conjunto das normas
positivadas, mas o ser (o próprio homem), que, no interior da positividade que o cerca,
representa, discursivamente, o sentido das normas ou proposições prescritivas que ele
estabelece, obtendo uma representação da própria positivação”. (DINIZ, 2009, p. 185).
Além disso, a importância do homem conta com o histórico drama que penetra no
universo jurídico, e isso é apontado por Francesco Carnelutti, na acepção de que “o
direito tem necessidade da lei para guiar os homens; mas a lei o estorva para julgá-los”
(CARNELUTTI, 2006, p. 63).
Sobre o ponto de vista do direito positivado, pode-se conceder a noção de
linguagem legal, constituído numa estrutura de linguagem jurídica ditada pelo órgão
legiferante competente, de acordo com certa organização de palavras tendente a
designar determinado significado. Destaca-se mais uma complicação: o significado das
palavras.
A problemática com relação ao significado das palavras restou expressa pelo jurista
Eros Roberto Grau, ex-Ministro do Supremo Tribunal Federal, ao asseverar que “as
palavras são potencialmente ambíguas e imprecisas” e que “a mesma palavra conota,
em contextos diferentes, sentidos distintos. O significado de cada  uma delas há de ser
discernido sempre no quadro do jogo de linguagem  no qual elas apareçam”.

CONCLUSÃO

O Direito depende do emprego de sua adequada ferramenta funcional, ou seja, a


palavra. Em virtude disso, o uso correto dos signos deve ser objeto de estudo dos
operadores do Direito. Vale ressaltar que a complexidade de linguagem não pode ser
admitida à ciência que analisa e rege as relações presentes na sociedade. A linguagem
hodierna da ciência deve ser clara e objetiva e, desta forma, deve-se abandonar o uso
excessivo de jargões, os quais poluem diretamente a linguagem jurídica, ofuscando os
objetivos do intérprete, assim como do operador do direito.

A atual sociedade está cada vez mais preocupada com a ciência jurídica, preocupação
está em traduzir o seu labor ao indivíduo que a busca de uma maneira clara e precisa.
O conhecimento, primordial para alcançar êxito nas demandas, deve ser diuturnamente
aprimorado pelos operadores do Direito. Portanto, partindo da premissa de que o
juridiquês ou os termos técnicos fazem parte da linguagem jurídica, o bom-senso dos
operadores deve prevalecer, haja vista que essa é uma linguagem erudita para a maioria
da população.

 Referências

CALMON DE PASSOS, J. J. Instrumentalidade do processo e devido processo legal.


Revista de processo, v. 102, São Paulo, 2001.
CARNELUTTI, Francesco. Arte do Direito. Tradução de Ricardo Rodrigues Gama. 20.
ed. São Paulo: Russel, 2006
DAMIÃO, Regina Toledo; HENRIQUES, Antonio. Curso de Português Jurídico. São
Paulo: Atlas, 2000. p. 18-19.
DINAMARCO, Cândido Rangel. Vocabulário de Direito Processual. In Fundamentos
do Processo Civil Moderno. Revista dos Tribunais, 1986, p. 102.
DINIZ, Maria Helena. Compêndio de Introdução à Ciência do Direito: Introdução à
Teoria Geral do Direito, à Filosofia do direito, à Sociologia Jurídica e à Lógica jurídica.
Norma jurídica e Aplicação do Direito. 20. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
GONÇALVES, Wilson José. Comunicação Jurídica: perspectiva da semiótica. Campo
Grande: UCDB, 2002
MEDEIROS, João Bosco; TOMASI, Carolina. Português Forense: a produção de
sentido. São Paulo: Atlas, 2004. p. 17-21
XAVIER, Ronaldo Caldeira Xavier. Português no Direito. Rio de Janeiro: Forense,
2003. p. 9.

Elane Botelho Monteiro


Professora Universitária. Graduada em Direito Esmac e Licenciada em
Letras com Habilitação em Língua Portuguesa e Inglesa Universidade
Anhanguera. Pós-graduada em Direito Processual Civil Constitucional
Penal Trabalhista Faculdade Maurício de Nassau

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