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O Homem e seus Sete Temperamentos

Geoffrey Hodson

Índice Geral
1 - O Significado do Número
2 - O Primeiro Raio
3 - O Segundo Raio
4 – O Terceiro Raio
5 – O Quarto Raio
6 – O Quinto Raio
7 – O Sexto Raio
8 – O Sétimo Raio
9 – Os Raios Combinados
10 – O Raio Pessoal
- Método de Meditação

A Teosofia e a Sociedade Teosófica

A palavra Theosophia, oriunda de duas palavras gregas que significam Sabedoria Divina, foi
cunhada pêlos neoplatônicos no segundo século da nossa era, a fim de representar as
verdades reveladas ao homem por seus Ancestrais Evolutivos no albor da vida humana neste
planeta — verdades essas acrescidas, verificadas e reverificadas até os dias de hoje por uma
sucessão ininterrupta de Adeptos, (1) investigadores do oculto. Os frutos completos deste
processo dual vêm sendo preservados pêlos Hierofantes e Iniciados — vivos até hoje — dos
Grandes Mistérios, de que participavam apenas para brindar os neófitos. No que tange aos
aspectos da sua doutrina, tais mistérios consistem num amplo corpo de ensinamentos que
abrange todos os assuntos concebíveis, aos quais a mente humana se pôde voltar.

Dentro dessa sabedoria do passado estão compreendidos os princípios fundamentais da


religião, da filosofia, das artes, da ciência e da política. Desde a época do término das Escolas
Gnóstica e Neoplatônica, até o último quarto do século XIX, se excetuarmos alguns poucos
cabalistas, rosa-cruzes, maçons instruídos no ocultismo e os místicos cristãos, a Teosofia era
desconhecida do mundo ocidental. Antes disso, ela era conhecida e estudada de vários modos
pêlos pitagóricos, platónicos, egípcios e caldeus, enquanto na índia e na China foi conservada
ininterruptamente através dos tempos. Trata-se da sabedoria dos Upanishads e dos Vedas — o
próprio coração do Hinduísmo, do Taoísmo e do Islamismo. Vem revelada por meio de
alegorias e símbolos nas Escrituras Cristãs, cujo texto não compreendido escondeu dos
cristãos seu significado mais profundo.

A Sociedade Teosófica, fundada em Nova Iorque, em 1875, reencarnação de inúmeros


movimentos similares do passado, é um dos muitos canais escolhidos, de tempos em tempos,
pêlos Mestres do género humano, para a transmissão desta Sabedoria Antiga do homem. Aos
teosofistas é oferecida a oportunidade de estudar, viver e apresentar ao mundo as verdades
antiquíssimas, sob a forma do pensamento moderno. Embora possam variar as apresentações,
a Teosofia propriamente dita, sendo toda verdade, é imutável e eterna.

O estudo comparativo das religiões revela a existência de certas doutrinas comuns a todas as
Crenças do Mundo. Apesar de expostos de forma diferente em cada uma delas, quando
reunidos e misturados num todo, esses ensinamentos constituem um corpo básico de verdade
revelada, que pode ser estudada independentemente de todos os sistemas religiosos. A
Teosofia, mesmo não tendo sido revelada senão parcialmente ao homem, é o círculo pleno da
Verdade. De século em século, sob a direção Daqueles que são os Guardiães do
conhecimento e de seu concomitante poder, são revelados ao homem aspectos da Sabedoria
Eterna, através das religiões e das filosofias do mundo.

O grande valor prático da Teosofia consiste na revelação do sentido e do propósito da


existência humana que, sem ela, se torna um quebra-cabeça desesperador, desafiando uma
solução. Pode-se resolver um quebra-cabeça de dois modos. Um é através de tentativas e
erros, experimentando-se diversas peças, na esperança de que, finalmente, elas se encaixem.
Trata-se de método lento e não satisfatório, principalmente quando se busca resolver os
problemas da vida. O outro, bem mais satisfatório, baseia-se no conhecimento prévio da
posição das várias peças dentro da figura em seu todo. A Teosofia propicia esse
conhecimento, revela a posição devida no plano evolutivo de cada indivíduo e de cada evento.

A vida assemelha-se, de certo modo, a uma peça de tapeçaria. No avesso vê-se pouco, além
de um emaranhado incompreensível, nós, cores malmescladas e uma confusão generalizada.
O exame do lado direito, porém, revela o modelo perfeito, mostra que a confusão é apenas
aparente, pois cada justaposição é essencial para que o desenho se complete. Assim, também
a confusão aparente na vida dos indivíduos e das nações. A Teosofia revela o plano da vida,
conferindo com isso serenidade mental àqueles que a estudam, e tornando-lhes possível uma
vida inteligente e plena de objetivos.

O estudante de Teosofia agirá bem ao reconhecer que a mente humana, sendo finita, não pode
compreender inteiramente a Verdade abstrata, que é infinita. À medida que a inteligência
humana se desenvolve, o poder de compreensão do homem aumenta. A Verdade parece
transformar-se, como acontece com o contorno da montanha, quando dela nos aproximamos e
a vemos de diferentes ângulos. Entretanto, a montanha em si é relativamente imutável — como
o é também eterna a Verdade. Sendo a Teosofia toda-Verdade, torna-se impossível qualquer
afirmação conclusiva de natureza teosófica. Nenhum mestre teosófico pode fazer, com
legitimidade, pronunciamentos impositivos. Na Sociedade Teosófica a opinião é, pois, livre, a
não ser, talvez, que diga respeito à fraternidade dos homens, encarada mais como um fato a
ser reconhecido na Natureza, do que como um dogma a ser impingido. Feita esta exceção,
nenhum pronunciamento teosófico amarra-se a outro, nem se encara nenhum pronunciamento
como representativo da Verdade acabada.

Descreve-se oficialmente a Sociedade Teosófica como composta de estudiosos pertencentes a


qualquer das religiões do mundo ou a nenhuma, unidos pela concordância a seus três objetivos
manifestos, pela vontade de removerem os antagonismos religiosos e de atrair homens de boa-
vontade, sejam quais forem suas opiniões religiosas, e pelo desejo de estudar as verdades
religiosas e de partilhar com os outros o resultado de seus estudos. Seu elo de ligação não é a
confissão de uma crença comum, e sim a busca e a aspiração comuns da Verdade. Eles
afirmam que a Verdade deverá ser buscada pelo estudo, pela reflexão, pela pureza de vida,
pela dedicação aos ideais elevados — e olham a Verdade como prémio que se deve lutar por
obter, e não como dogma a ser imposto autoritariamente. Julgam que a fé deverá ser o
resultado do estudo ou da intuição individual, e não antecedente deles, devendo apoiar-se no
conhecimento, não na afirmação impositiva. Estendem a tolerância a todos, mesmo aos
intolerantes, não como um privilégio que concedem, mas como um dever que cumprem, e
procuram eliminar a ignorância, em vez de puni-la. Vêem cada religião como expressão da
Sabedoria Divina e preferem estudá-las a condená-las, preferem praticá-las a fazerem
proselitismo. A Paz é o seu lema, como a Verdade é o seu objetivo.

"A Teosofia é o corpo de verdades que forma a base de todas as religiões, e que não pode ser
reclamado como posse exclusiva de nenhuma. Propicia uma filosofia que torna a vida
inteligível, e que demonstra a justiça e o amor que norteiam sua evolução. Coloca a morte em
seu devido lugar, como um incidente que se repete numa vida sem fim e que abre a porta para
uma existência mais ampla e mais radiante. Restitui ao mundo a Ciência do Espírito, ensinando
o homem a conhecer o Espírito como seu próprio eu, e a mente e o corpo como seus servos.
Ilumina as Escrituras e as doutrinas das religiões, revelando seus significados ocultos, e
justificando-os, assim, perante a inteligência, do mesmo modo como sempre são justificados
aos olhos da intuição."
No dia 23 de dezembro de 1924, o Conselho Geral da Sociedade Teosófica distribuiu a
seguinte Resolução, assegurando a liberdade de pensamento dentro da Sociedade:

"Considerando que a Sociedade Teosófica se espalhou amplamente pelo mundo civilizado, e


como membros de todas as religiões têm-se tornado membros dela, sem abdicar dos dogmas,
ensinamentos e crenças particulares de sua respectiva fé, faz-se necessário enfatizar que não
há doutrina, opinião, sustentadas ou ensinadas seja por quem for, que de algum modo sejam
obrigatórias a qualquer membro da Sociedade — nenhuma que qualquer pessoa não seja livre
de aceitar ou rejeitar. A única condição para tornar-se membro é que aprove os três Objetivos
da Sociedade. Nenhum mestre ou escritor, a começar de H. P. Blavatsky, tem autoridade para
impor seus ensinamentos ou opiniões aos membros. Cada membro tem igual direito de ligar-se
a qualquer mestre ou escola de pensamento que venha a escolher, mas não tem o direito de
forçar sua escolha aos demais. Nenhum candidato a qualquer posto ou à votação pode tornar-
se inelegível ao posto, ou impedido de votar, por causa de alguma opinião que sustente, ou por
pertencer a alguma escola de pensamento. Opiniões ou crenças não conferem privilégios nem
cominam penalidades. Os Membros do Grande Conselho rogam sinceramente a cada membro
da Sociedade Teosófica que mantenha, defenda e atue segundo estes princípios fundamentais
da Sociedade, e que exerça intrepidamente seus direitos de liberdade de pensamento e de
expressão, dentro dos limites da cortesia e da consideração pêlos outros."

A despeito desta ausência completa de dogmatismo, que seria a marca registrada de todas as
exposições teosóficas, existe um corpo geral de ensinamentos, uma síntese das doutrinas
comuns das religiões e filosofias do mundo — antigas e modernas — que geralmente são
aceitas na prática enquanto parece verdadeira. Afora o desenvolvimento e o uso que se faça
como meio de pesquisa dos poderes extra-sensoriais, isto constitui um teste que cada
estudioso pode aplicar a todos os ensinamentos teosóficos: parecem verdadeiros? Caso seja
possível uma resposta afirmativa, podem ser aceitos como pressupostos de base, até que um
conhecimento mais completo os confirme ou reprove. Não parecendo verdadeira uma
afirmação, abrem-se três caminhos ao estudioso. Ele pode rejeitá-la, ignorá-la ou suspender o
julgamento, até que desenvolva pelo autotreinamento a capacidade de descobrir os fatos por
conta própria. O último desses três caminhos talvez pareça o mais agradável. Desse modo, a
atitude mental com que a Teosofia deverá ser estudada é a do cientista — a aceitação de uma
teoria bem-sustentada como pressuposto de base, até que seja provada, desaprovada ou
substituída.

Os escritos de Madame H. P. Blavatsky constituem a fonte primária de informação teosófica na


literatura moderna.

Embora estigmatizada como charlatã por aqueles que não lhe examinaram a vida nem
entenderam seu trabalho literário, esta grande senhora é reverenciada por dezenas de milhares
de estudiosos da Teosofia, como uma portadora de luz para o mundo moderno. Eles acreditam
que ela foi escolhida para esta missão pêlos Sábios, que foram, ao mesmo tempo, Guardiães e
Reveladores da Teosofia ao homem através dos Tempos. Esses Adeptos valeram-se de
Madame Blavatsky como escrevente e, com sua ajuda, transmitiram a Teosofia ao mundo em
nossos dias. Foram empregados dois métodos: um consistia na clarividência absolutamente
consciente e na telepatia mental, em que, como resultado de treinamento sob a tutela Deles,
ela se tornou altamente experiente; o outro método era o da materialização de cartas escritas
por Eles ou por Seus discípulos, sob Sua direção.

Através do primeiro método, Madame Blavatsky produziu suas duas grandes obras Isis
Unveiled e A doutrina secreta,* cada uma delas fonte quase inesgotável de sabedoria e
conhecimento esotéricos. Através do segundo, A. P. Sinnett, na ocasião (1880) editor de um
jornal importante da índia, The Pioneer, conseguiu material para seus livros, The Occult World,
The Growth of the Soul e Budismo Esotérico. Esses autores foram seguidos por muitos outros,
precipuamente por Annie Besant e o bispo C. W. Leadbeater, os quais, além de receberem
instrução direta dos Sábios, foram por eles treinados no desenvolvimento de poderes ocultos e
no uso deles como meios de pesquisa. A sua posterior contribuição para o conhecimento
humano foi imensa.
O Dr. G. S. Arundale, C. Jinarajadasa e N. Sri Ram, antigos Presidentes da Sociedade
Teosófica, e todos líderes, autores e mestres teosóficos altamente respeitados, também deram
suas próprias e valiosas contribuições. Jinarajadasa reuniu muitas das cartas dos Sábios,
escritas a A. P. Sinnett e a outros, publicando-as em três volumes intitulados Letters of the
Masters of the Wisdom, séries l e II, e The K. H. Letters to C. W. Leadbeater. Remetemos o
leitor interessado a essas várias fontes como base da maioria das afirmações feitas neste livro.
Pelo fato de serem elas reconhecidamente tanto genéricas quanto incompletas, cada uma de
minhas assertivas deveria ser precedida por alguma frase do tipo: "Segundo minha limitada
compreensão." Dado que isso seria tedioso, peço que essa observação seja considerada
implícita ao longo de todo este estudo teosófico dos temperamentos humanos.

1 - Adepto. Iniciado do quinto grau, Mestre na Ciência da filosofia esotérica; homem


aperfeiçoado; homem enobrecido que alcançou o domínio sobre a natureza humana e possui
conhecimento e forca, em grau proporcional à elevada estatura evolutiva. Esta realização do
destino humano é descrita da seguinte forma por São Paulo: "Até que cheguemos todos na
unidade da fé, e do conhecimento do Filho de Deus, ao homem perfeito, á medida da estatura
da plenitude do Cristo" (Ef, IV:23). Certos Adeptos permanecem na terra a fim de ajudar a
humanidade e são citados por São Paulo como: "Homens justos tornados perfeitos" (Hb,
Xll:23). De igual modo, Cristo descreveu o destino do homem com estas palavras: "Sede, pois,
perfeitos, como vosso Pai celestial é perfeito" (Mt, 5:48)

O Significado do Número

À medida que aumenta nosso conhecimento da natureza humana, não podemos deixar de nos
impressionar com a grande diversidade de dons do homem, com a riqueza da individualidade
no seio da humanidade, com a variedade quase infinita de seres humanos e com a
complexidade da natureza humana. A humanidade abrange o explorador intrépido e a freira
meiga, o soldado e o eremita, o monge e o recluso, o político, o homem de negócios e a mulher
aparentemente ativa nas atividades mundanas, o cientista e o erudito imersos em suas
pesquisas. Todos esses e muitos outros tipos diferentes e opostos atuam na formação da
humanidade.

Existe acaso uma chave pela qual se pode entender a natureza humana e compreender e pôr
em ordem essa variedade infinita e a imensa potencialidade do homem? A Teosofia responde
que "sim", e diz mais: que a chave é numérica, sendo sete o número determinante. Assim, há
sete tipos principais de seres humanos, cada um com seus evidentes atributos e qualidades
naturais. Todas as qualidades e potencialidades encontram-se no interior de cada ser humano,
mas em cada um dos sete principais tipos existe uma tendência predominante. O
conhecimento destes sete tipos e de seus respectivos atributos fornece a chave para a
compreensão da natureza humana.

Sendo esta chave de caráter numérico, torna-se necessário desenvolver o ensino teosófico,
tendo-se em vista a progressão numérica na cosmogênese.

Numericamente, a fonte ativa de toda a vida e de toda a forma é representada pelo número
Um; e a fonte passiva, a existência negativa, o Absoluto, pelo Zero, pelo Nada. De acordo com
a cosmogonia ocultista, o degrau seguinte no processo criativo é a emergência do Um dos
seus inerentes aspectos positivo e negativo, ou potenciais masculino e feminino. O Um torna-
se Dois, ou andrógino. Este Dois interage para produzir o Terceiro Aspecto do triplicemente
manifestado Logos. (1) Esse Três une-se, por sua vez, em todas as suas possíveis
combinações, a fim de gerar sete grupos de três. Em três destes grupos predomina um deles;
nos outros três, predominam mais dois, e no sétimo, todos se manifestam de forma igual. Uma
vez que a consciência divina concentra-se e ativa-se em cada uma dessas Emanações, elas
são vistas como Seres finitos ou "Pessoas". Dessas Três Pessoas da Trindade Sagrada
emergem os Sete Espíritos Poderosos diante do Trono; no Judaísmo como as Sete Sephiroth,
e na Teosofia como os Sete Logos Planetários, sendo cada um o Logos de um Esquema de
Sete Cadeias de esferas. (2)
O braço físico do homem pode ser usado como analogia dessa base numérica de
manifestação. O braço em si é um único membro e, no entanto, divide-se em sete.
Primeiramente consiste em três partes: antebraço, braço e mão. Embora um, o braço, reparta-
se também em três. A mão, porém, tem cinco dedos, formando com o antebraço e o braço
(superior) sete partes — cada uma, como as sete Sephiroth, com sua função específica.

Desse modo, ensina a Teosofia que todo o Poder, Vida e Consciência divinos e manifestos,
bem como todas as Mônadas (3) ou Espíritos emanam da Fonte do Um e atravessam o Três e
o Sete. Em sua passagem através do Três e do Sete, essas três emanações do Logos — o
Poder, a Vida e a Consciência divinos — são marcados pela virtude especial daquele Um das
Três "Pessoas", e as Sete Sephiroth pelas quais passam, sintonizam com sua corda ou
frequência de vibração e tingem-se de sua cor peculiar. A cor do espectro e o atributo divino
que cada uma das Sephiroth representa ficam destacados em cada Raio Monadário projetado,
(4) e por isso predomina sobre os outros seis.

O próprio Universo reparte-se em sete, e as notas de sua corda são sete, representando cada
nota tanto um modo de manifestação do Supremo como uma verdade eterna. As sete notas
são descritas de diferentes modos. A primeira e a sétima são o Alfa e o Omega da Vida
manifesta; são a primeira e a última, o centro e a circunferência que abrange o todo. A primeira
é a Fonte primordial, o ponto (de partida), a força positiva do Universo. No Logos, é a
onipotência; no homem, a vontade. A sétima nota é a primeira em sua expressão máxima. É a
força em ação, a vontade em movimento, a onipotência tornada manifesta. O centro
relativamente estático tornou-se a esfera ativa, mesmo os dois sendo um. Dentro do Universo,
a sétima é a matéria física, o Sol, as esferas e todas as coisas que evoluem à sua volta. No
Logos, é o Universo; no homem, é o corpo físico. Manifestando-se, o Um Espiritual converteu-
se na multiplicidade material. Porque o conhecimento dos muitos leva ao conhecimento do Um,
o homem situa-se entre as múltiplas expressões do Um e, através do conhecimento delas,
pode encontrar e conhecer o Um Ünico. A partir do Um, ele sai, inconsciente de tudo o mais,
exceto do Um, em direção do múltiplo. Do múltiplo ele volta autoconscientemente para o Um.

A segunda e a sexta notas, que representam respectivamente a Vida e suas manifestações,


formam também um par. A vida permeia tudo, está presente a tudo, é o princípio unificador do
Universo, o Sol espiritual; sua expressão manifesta-se como o princípio vital da matéria, o
princípio vitalizador da Natureza e o Sol físico. No Universo, a segunda nota é a Vida; no
Logos, a onipresenca; no homem, o amor; no homem evoluído ou espiritual, é a sabedoria e o
amor universal, do qual brota a compaixão e a dedicação abnegada. A sexta nota é a forma no
Universo, a aparência, a matéria organizada. No Logos, é o Seu "Corpo" do Universo, com seu
coração de fogo — o Sol — cujo princípio gerador de vida surge como fogo róseo e, sobre a
Terra, como um átomo de vitalidade solar. No homem, é a sutileza ímpar; no homem evoluído,
a devoção inspirada.

A terceira e a quinta notas representam igualmente atributos complementares. A terceira é a


interação entre o espírito e a matéria, entre a Vida e a Forma. Os princípios governantes das
manifestações do Espírito e da Vida através da matéria e da forma; os arquétipos de todas as
formas resultantes, das verdades e das chaves do conhecimento — tudo isso se liga por meio
da terceira nota. Esta, no Universo, é a energia criativa orientada pela Mente Universal. No
Logos, é o princípio feminino passivo, o útero em que são concebidas todas as formas e da
qual tudo provém. No homem, é a consciência e o idealismo, a moralidade e a verdade: no
homem evoluído, surge como a compreensão e a inteligência abstrata, da qual nasce a intuição
espiritual. A quinta nota é a expressão do tempo daquilo que é eterno, da forma de um
Arquétipo singular, em desenvolvimento progressivo. No Universo, é o crescimento, o processo
em evolução. No Logos, é o tempo; no homem, é o cérebro e a inteligência analítica; no
homem evoluído, converte-se em lente de cristal, através da qual os princípios da terceira nota
se projetam como Raios, e por meio da qual se concentram no cérebro como iluminação, génio
e inspiração.

A quarta nota é a unidade central, o pivô, o fulcro, o ponto estável de repouso, o ponto mais
baixo da curva do pêndulo da Vida, situado entre os três pares primordiais de opostos. é o
estado de inter-relação perfeita, de equilíbrio, da mais alta arte de expressão, da harmonia
entre a Vida e a forma, entre o instrumento e a consciência. É o ponto de repouso em que o
pêndulo da Vida manifesta faz uma pausa aparente em seu eterno balanço entre o Espírito e a
Matéria. Nesta "pausa momentânea" de estabilidade fundamental, de equilíbrio perfeito —
revela-se a beleza do Supremo. No Universo, ela é a beleza da Natureza. No Logos, é a beleza
do próprio Ego. No homem, torna-se o amor do belo; no homem evoluído, é a faculdade de
perceber e retratar a beleza do Supremo.

O aspecto essencial da quarta nota é a escuridão, a tranquilidade, o equilíbrio, como o da noite


criadora antes da aurora criadora. O germinar físico, mental ou espiritual exige a cobertura do
manto da escuridão. Assim também, na produção de uma obra de arte, o verdadeiro artista
afasta sua consciência da luz do dia e mergulha-a na escuridão da noite criadora do seu
interior, na tranquilidade equilibrada em que sua criação é concebida. Em qualquer ramo das
artes, é preciso que o artista-criador atinja o equilíbrio. Esta é a lei da criação, seja do Universo,
do sistema solar, do planeta, do homem ou da obra de arte humana. Nessa tranquilidade
mental alcança-se a verdadeira visão (ou discernimento), sem a qual toda obra de arte é morta.
Somente depois que o artista encontrou e penetrou esse estado é que o fogo do génio descerá
sobre ele com seus plenos poderes pentecostais.

Contemplando cada uma das sete notas, o estudioso acaba identificando-se com a sétima
parte do Todo e nele funde sua consciência. Depois, em contrapartida, soa todas as sete notas,
ouve meditativamente cada uma delas e fica absorvido em cada uma. Finalmente, por meio de
cada uma, converte-se no Todo — o homem de sete partes, feito conscientemente um com o
Universo sétuplo. Este é o objetivo. Na verdade, sábio é aquele que, através da contemplação,
conhece e compreende esse Universo sétuplo — as sete grandes notas, separadamente, e
como num acorde. Ele as conhece como as sete chaves da Vida que abrem todas as portas do
templo da Natureza.

Deve-se reconhecer a classificação sétupla ao longo de todos os reinos da Natureza, inclusive


o sobre-humano e o angélico. Nesta exposição, são levadas em conta principalmente as
Manifestações do Um, do Três e do Sete como temperamento e faculdade humanos, embora
se ofereçam também informações sobre cor, pedra preciosa e outras correspondências.

Toma-se um Raio de cada vez e, à luz da Teosofia, fazem-se sugestões a respeito de suas
relações com os Aspectos da Trindade Sagrada: das principais qualidades do caráter e do tipo
de homem; da mais alta e da mais baixa manifestação; da maneira de obter resultados através
dos diferentes tipos de Raios; dos defeitos de caráter; do corpo ou princípio correspondente do
homem; da cor, da pedra preciosa e do símbolo.

Conforme será demonstrado mais adiante, o tipo de Raio puro é raro — sendo as misturas,
com a consequente modificação de ideal, de temperamento e de método a regra geral. Para
fins de exposição, porém, são descritos tipos de Raios relativamente puros. A posição ou
"idade" evolutiva do Eu Espiritual determina o grau em que as qualidades e as virtudes do Raio
se manifestam, e em que os defeitos e as limitações são superadas. Como regra geral, quanto
mais avançado o Ego, (5) tanto mais prontamente discernível na personalidade o Raio primário.

1 - Logos. A Divindade manifesta que expressa a palavra criadora pela qual o Universo
desabrocha em ser, e a vida se torna a expressão visível da Causa sem Causa que está
sempre oculta. Adaptado de A doutrina secreta e do Theosophical G/ossary, de H. P.
Blavatsky.

2 - Veja-se First Principles of Theosophy, de C. Jinarajadasa.

3 - Mônada. O Eu indivisível — a unidade; o espírito humano eterno, imortal e indestrutível.


Veja-se o Capítulo X.

4 - Veja-se Capítulo X.
5 - Ego. "Eu", a tríade unificada, Atma-Buddhi-Manas, ou o duo (dyad), Atma-Buddhi — aquela
parte imortal do homem que se reencarna e progride gradualmente rumo à meta final — o
Nirvana. Também a consciência no homem — "Eu sou eu" - ou o sentimento do estado de "Eu
sou". A filosofia esotérica ensina a existência de dois Egos no homem: o mortal ou o pessoal, e
o Mais Elevado, o Divino e o Impessoal - chamando o primeiro de "Personalidade"e o último de
"lndividualidade". Adaptado do Theosophical Glossary, de H. P. Blavatsky.

O Primeiro Raio

O primeiro Raio corresponde ao Primeiro Aspecto, Deus Pai, o Criador. As qualidades


predominantes das pessoas do primeiro Raio são vontade, poder, força, coragem,
determinação, liderança, independência, dignidade elevada ocasionalmente à majestade,
audácia e habilidade executiva. Esta espécie de pessoa é o legislador e o líder natural, o
estadista, o construtor de Impérios e o colonizador, o soldado, o explorador e o pioneiro.
Alexandre, o Grande, foi exemplo típico deste Raio quando se lamentou por não ter novos
mundos a conquistar. Nos estágios primitivos de evolução, tais atividades são acentuadamente
físicas. Nas fases posteriores, tornam-se mentais e espirituais. A vontade exterioriza-se, então,
não tanto como esforço e força pessoais, mas como expressão espontânea e sem atritos da
Vontade Única.

O ideal do primeiro Raio é a força; a pessoa desse Raio aprecia enormemente a presença
dessa qualidade, tendendo até a julgar o valor de todos os comportamentos e realizações em
função do grau da força empregada. Luta até o fim e é capaz de perdoar quase todas as ações,
se o atributo da força delas transparecer. Acha difícil tolerar a fraqueza sob qualquer forma, e
tende a desprezar os que cedem. Para ela, Deus, ou o mais alto bem, é o Princípio do Poder
em todas as coisas. Os maiores males são a fraqueza e a rendição. O impulso motriz é ganhar
e conquistar, e os homens desta espécie são vistos mais à vontade em meio à adversidade.

A maior conquista é a vitória, e a maior experiência interior provém da alegria do poder, da


majestade, da autoridade.

O método mais natural de o primeiro Raio alcançar resultados é despertar de dentro de sua
enorme força de vontade, a fim de tornar-se carregado da determinação de ter êxito a qualquer
preço, recusando levarem conta a possibilidade de fracasso. Alheia à fadiga, a ponto de chegar
à exaustão máxima, a pessoa do primeiro Raio exerce grande pressão mental e física sobre si
mesma e sobre os outros e, quando necessário, atropela ou destrói implacavelmente todas as
barreiras e obstáculos. Como mestre, dá ênfase à autoconfiança, tanto na busca do
conhecimento quanto no modo de viver. É enérgico na apresentação das verdades que devem
ser ensinadas e deixa que os discípulos fiquem sozinhos sempre que possível.

O ponto alto é a onipotência, ou tornar-se conscientemente um com a Vontade divina; porque,


à medida que ascende às alturas espirituais, precisa renunciar à vontade pessoal em prol da
Vontade divina. A finalidade imediata de toda a vida humana é a evolução espiritual, intelectual
e física, até atingir a estatura do homem perfeito — e a meta final do indivíduo do primeiro Raio
é completar uma alta missão, orientada espiritualmente para a vida das nações, dos planetas e
dos sistemas solares. Cada vida, pois, é um treinamento e uma preparação para missões a
serem sustentadas no futuro. A passagem do homem pelas fases da ignorância, da impotência,
da transgressão e dos sofrimentos daí decorrentes, na busca da sabedoria, do poder, da
felicidade e da paz ininterruptos, poderia ser vista nestas palavras de Tennyson:

"O primeiro Ato, esta Terra, um estágio tão acabrunhado de aflição,

Que só lhe restará ficar enfadado com a variação das cenas.

Mesmo assim, seja paciente. Nosso Dramaturgo talvez mostre

Num quinto Ato o que significa este Drama selvagem’’.


Apresentamos neste trabalho uma lista de defeitos revelados nos estágios iniciais de evolução
pêlos membros de cada um dos sete tipos de Raios; porém, sem a mais leve intenção de
censura, nem a menor insinuação de crítica adversa ou de acusação. A espécie humana
atingiu, até agora, pouco mais da metade do caminho de seu desenvolvimento evolutivo neste
planeta. Conquanto qualidades magníficas e virtudes grandiosas já se tenham manifestado, é
inevitável que seus opostos também se evidenciem. Entre os defeitos do primeiro Raio,
exibidos nos estágios iniciais de evolução, contam-se: a crueldade; a dureza; a obstinação; o
orgulho; a arrogância; a falta de adaptação; a tendência para trabalhar apenas em coisas que
lhe agradem; a indiferença e até o desprezo pelas opiniões, direitos e sentimentos alheios; a
tirania; a sede de poder; o egoísmo; a jactância; a extravagância; a irredutibilidade; a
presunção de superioridade; o individualismo; a rigidez mental e a última palavra em assuntos
polêmicos, fechando assim as discussões e proibindo a liberdade de questionamento. O dogma
de uma afirmação pretensamente autoritária — às vezes desvinculada da verdade em causa
ou mesmo desarrazoada — é utilizada como arma para reduzir ao silêncio as mentes
inquiridoras. O reconhecimento da importância da autoridade na manutenção da ordem pode
levar a pessoa do primeiro Raio a empregar tanto a posição pessoal quanto o dogma para
proibir investigações adicionais. Isto é feito — consciente ou inconscientemente — para
esmagar a oposição e recompor o prestígio e a dominação pessoais. Provam-se os maiores
sofrimentos no fracasso, na perda da posição, na demissão, na humilhação, na subordinação e
no exílio.

Dos sete princípios do homem * o da Vontade Espiritual ou Atma (2) influencia o caráter e o
comportamento da pessoa do primeiro Raio. A cor correspondente do espectro, em geral
presente na aura, é o branco, tingido de azul elétrico em níveis egóicos e de vermelhão
brilhante na aura pessoal. A pedra preciosa é o diamante, e o símbolo é o do Primeiro Aspecto
do Logos, o Criador, o "Um Único", — o círculo com um ponto no centro. Quanto às artes, a
dança representa o primeiro Raio, e aqueles sobre os quais esse Raio predomina, praticando
ou não a arte, mais provavelmente corresponderão ou serão influenciados pela dança do que
por outros ramos das artes. Esta escolha do Raio do método e do meio artístico se mostrará
verdadeira para todos os Raios.

Entre as religiões do mundo, o Hinduísmo manifesta as características do primeiro Raio. Nas


Escrituras hindus, Deus, sob um Aspecto, é representado como uma Dançarina Divina, e a
criação, preservação e regeneração do Universo, como uma dança cósmica contínua. O
primeiro Raio predomina na doutrina e na ética do Hinduísmo, e o sétimo em suas cerimônias e
mantras. (3) A evocação e a transmissão de força espiritual, e a insistência num elevado código
de ética ou dharma, conforme compendiado na Regra Sagrada, que se encontra enunciada nas
Leis de Manu,(4) representam a influência e a atuação do primeiro Raio.

Se montarmos um mapa dos sete Raios, usando o quarto Raio como ponto de articulação, as
colunas horizontais do primeiro e do sétimo ficarão em contato mútuo com os demais,
evidenciando-se a correspondência natural entre eles. O sétimo Raio pode ser encarado como
uma manifestação sob a forma do primeiro, ou como representante da força em ação. Cristo
exibiu, até a perfeição, as virtudes desses Raios quando, graças a Seu poder e conhecimento,
acalmou a tempestade com as palavras: "Cala-te, aquieta-te!", (5) bem como em todas as Suas
produções de fenômenos sobrenaturais, erradamente chamados milagres. O Rei Arthur
representa o Cristo em seu Aspecto de primeiro Raio, como Rei Espiritual.

As virtudes do primeiro Raio são representadas através do caráter, das palavras e dos atos de
muitos líderes famosos. Eis alguns exemplos:

MÃOS PARA BAIXO

"Certa noite, na década de 1920, quando o general MacArthur era superintendente de West
Point, ele e um segundo-tenente voltavam de carro, de Nova Iorque para a Academia Militar.
Num trecho solitário da estrada, dois bandidos mascarados pararam o carro. Empunhando
armas, abriram a porta e deram ordem de mãos ao alto. Instintivamente, o tenente levantou as
mãos, mas ficou espantado ao ver que MacArthur mantinha-se calmamente sentado, e de
braços cruzados. — Mãos para cima — rosnou-lhe ameaçadoramente o fascinara.
MacArthur não se moveu.

— Sou general-de-brigadado Exército dos Estados Unidos — disse pausadamente — e


ninguém pode forçar-me a erguer as mãos!

O bandido, obviamente abalado pela revelação, abaixou a arma, vacilante; depois, sem dizer
palavra, virou-se, batendo a porta." (Relato de Mary Van Rensslaer Thayer, no Washington
Post.)

Em suas Memórias de Guerra, Winston Churchill escreve de forma curiosa a respeito do uso
correto da força política:

"Em minha longa experiência política, ocupei a maioria dos cargos públicos importantes, mas
constatei prontamente que o posto que me cabia agora era o de que mais gostava. O poder,
com a finalidade de exercê-lo sobre os semelhantes ou de acrescentar glória pessoal, é um
princípio, por todas as razões, condenável. Mas o poder numa crise nacional, quando uma
pessoa acredita que sabe as ordens que devem ser dadas, é uma bênção.

"Em qualquer esfera de ação, não se pode fazer comparação entre as posições do número um
e as dos números dois, três ou quatro. Os deveres e os problemas de todas as pessoas
diferentes do número um são inteiramente diversos, e em muitas circunstâncias mais difíceis.

"É sempre um contratempo quando a pessoa número dois ou três precisa dar início a um plano
ou política de governo. Ela precisa levar em conta não apenas os méritos da política, mas
também a mente de seu superior; não apenas o que recomendar, mas aquilo que cabe a ela,
em seu posto, recomendar; não apenas o que fazer, mas como conseguir aprová-lo e como
realizá-lo. Acima de tudo, os números dois ou três terão de se haver com os números quatro,
cinco e seis, ou talvez apareça algum intruso brilhante, o número vinte.

"A ambição cintila em todas as mentes, não tanto por objetivos vulgares, mas pela fama.
Existem sempre vários pontos de vista que talvez sejam corretos, e muitos outros plausíveis.
Por volta de 1915, fiquei temporariamente desmoralizado nos Dardanelos, pois uma missão
suprema fora desperdiçada numa tentativa minha de pôr em execução uma importante e
fundamental operação de guerra, estando em uma posição subalterna. Os homens são
imprudentes quando tentam semelhantes aventuras. Esta lição gravou-se em minha natureza."

A virtude de lutar até o fim, característica do primeiro Raio, revela-se nas famosas palavras de
Winston Churchill, proferidas quando o destino da Inglaterra estava na pior situação, na fase
inicial da Segunda Grande Guerra.

"Muito embora grandes áreas da Europa e muitos antigos e famosos Estados tenham caído ou
venham a cair nas garras da Gestapo e do odioso aparato do governo nazista, nós não
esmoreceremos nem fracassaremos. Iremos até o fim. Lutaremos na França, lutaremos no mar
e nos oceanos, lutaremos com crescente confiança e com crescente energia nos ares;
defenderemos nossa Ilha, qualquer que seja o custo. Lutaremos nas praias, lutaremos nos
pontos de desembarque, lutaremos nos campos e nas ruas, lutaremos nas montanhas; não nos
renderemos jamais; e se — o que não creio nem por um instante — esta Ilha ou boa parte dela
estiver subjugada e faminta, então nosso Império de além-mar, armado e protegido pela
Esquadra Britânica, continuará a lufa até que, na hora aprazada por Deus, o Novo Mundo, com
toda a sua força e poderio, avance para resgatar e libertar o Velho Mundo."

Scott, o explorador da Antártica, era descrito como "um desportista imbatível, esperançoso,
indomável". O conselho do Dr. Wilson a Oates, quando seus pés se tornavam inúteis: "Bata
neles, apenas bata neles", e a atitude nobre deste último, caminhando em meio ao temporal
até a própria morte, em vez de se tornar um peso mais sério para seus companheiros — são
típicos do primeiro Raio, assim como o ideal do explorador: "Empenhar-se, buscar, encontrar e
não capitular." (6) Conta-se que Shackleton dizia: "Quando você estiver numa situação
desesperadora, quando parecer que não há mais saída, ajoelhe-se e reze a Shackleton."
O Time de 10 de janeiro de 1949 registrou as palavras e atos do general George Patton, que
exemplificam o tipo de indivíduo do primeiro Raio:

"Como muitos outros militares, o falecido general George Patton era, ao mesmo tempo,
religioso e profano. Era também comandante decidido que não hesitava em fazer o Todo-
poderoso saber que espécie de colaboração ele esperava. Quando o mau tempo impediu o seu
avanço na Batalha de Bulge, conta-se (segundo alguém de seu estado-maior) que ele chamou
o capelão do Terceiro Exército, James H. 0'Neill, e disse-lhe: 'Capelão, quero que o senhor
mande divulgar uma prece pedindo bom tempo... Veja se podemos conseguir que Deus fique
do nosso lado.' O capelão fez objeção, mas Patton berrou: 'Capelão, o senhor está aqui para
ensinar-me teologia, ou é o capelão do Terceiro Exército? Eu quero uma prece!' A oração,
impressa junto com felicitações de Natal, foi distribuída pela tropa."

Os atributos do primeiro Raio evidenciados pelo rei George V vêm revelados no livro King
George V, His Life and Reign, de Sir Harold Nicolson. Entre as muitas grandes qualidades do
falecido Rei, estava a tendência de conduzir sua família como se fora a tripulação de um navio,
do qual ele fosse o dono e o capitão rigoroso. Seus filhos tinham-lhe enorme temor e
costumavam concordar seja lá com o que ele dissesse. Quando o duque de York (mais tarde
George VI) casou com lady Elizabeth Bowes-Lyon, escreveu-lhe o pai: "Você foi sempre tão
sensível e pronto a acolher qualquer conselho e a concordar com minha opinião sobre as
pessoas e as coisas, que sinto havermos sempre nos dado muito bem quando juntos." Aqui se
manifesta o hábito de o indivíduo do primeiro Raio medir o valor das pessoas, em função do
grau em que estas atendem a seus conselhos e concordam com suas opiniões.

1 - Veja-se The Self and its Sheaths e Os sete princípios do homem,* de A. Besant. Estes são
apontados de diversas formas, sendo uma das listas: Vontade Espiritual, Sabedoria Espiritual,
Inteligência Espiritual, o Antahkarana ou ponte mental, emocional e física. Esta classificação
aparece ao longo deste livro.

2 - Atma. O sétimo Princípio do homem, a mais alta expressão da Mônada divina. A mais íntima
essência do Universo e do homem. — Adaptado de A doutrina secreta e de The Theosophical
Glossary, de H. P. Blavatsky.

3 - Mantras. Palavras e sentenças de força, cientificamente escolhidas e dispostas que, quando


cantadas, liberam energias poderosas.

4 - Manu. O grande legislador hindu, quase um Ser Divino. The Theosophical Glossary, de H.
P. Blavatsky.

5 - Marcos, 4:39.

O Segundo Raio

O segundo Raio corresponde ao Segundo Aspecto da Trindade Sagrada, Deus filho, o


Preservador. As qualidades particulares do Raio são: sabedoria, amor, intuição, perspicácia,
filantropia, sentimento de unidade, afinidade espiritual, compaixão, lealdade e generosidade. O
tipo característico da pessoa é o sábio, o filantropo, o reformador, o mestre, o inspirador, o
humanitário, o médico, e o que se devota aos homens, imbuído de um amor universal, que
muitas vezes transborda até os reinos inferiores da Natureza. Froebel, o grande educador e
reformador do século passado, criador da expressão "jardim da infância", e Maria Montessori
são exemplos esplêndidos de educadores do segundo Raio, embora ambos manifestem, em
grau elevado, qualidades de outros Raios.

O ideai do homem do segundo Raio é o amor impessoal, universal, embasado no


reconhecimento da unidade da vida. Quando altamente desenvolvido, é um intuitivo e deseja
irradiar ao mundo, sem visar retorno ou recompensa, sabedoria e amor, capazes de soerguer e
inspirar a quantos atinjam. É levado também a desenvolver até o grau mais elevado, e como
forças positivas, o espírito de dedicação e as virtudes de pureza, refinamento, gentileza,
ternura, caridade, boa-vontade, benevolência, harmonia e proteção. A lealdade, tanto na
amizade como no amor, é uma das suas maiores virtudes, tornando-se a amizade verdadeira
religião, cuja maior expressão é a lealdade, especialmente diante das falhas e da deslealdade.
A frase: "O amor não é amor quando se altera, ao esbarrar com uma alteração", exprime
parcialmente o ideal de amor do segundo Raio.

Para o indivíduo do segundo Raio, Deus é o princípio da Sabedoria, do amor universal e


radiante e do auto-sacrifício. Ele vê o ato divino da criação como um sacrifício contínuo,
voluntário e sacramental, em que Deus entrega perpetuamente Sua vida, a fim de que todos
possam viver. Julga todos os comportamentos e realizações em função da medida em que se
assentam e segundo manifestem tais qualidades. Está disposto até a perdoar a má conduta, se
motivada pelo amor. Vê-se bem isso nas palavras:

"Os que caminham no amor podem se desviar para longe, que Deus os trará para o meio dos
abençoados."

De fato, quando bem-desenvolvida, essa pessoa está sempre disposta a amar, bem como a
perdoar o pecador, embora condene e combata o pecado. Os piores males para esse tipo são
o ódio, a separação, o egoísmo, a crueldade e a deslealdade. O impulso motor é salvar,
ensinar, servir, curar, repartir, dar felicidade, criar e manter a harmonia. A maior ambição das
pessoas do segundo Raio é a realização e a expressão completas do ato de união. Expandir os
limites dessa realização e expressão — eis sua preocupação máxima. Aspiram também a
divulgar com êxito e sabedoria e a iluminar os outros a partir de dentro.

A pessoa do segundo Raio não busca dominar, sobrepujar ou esmagar os inimigos mediante
uma força superior; prefere desfazer a inimizade deles (a qual sente agudamente), transformá-
la quando possível em cooperação, ganhar-lhes a simpatia e convertê-los em amigos. Põe em
prática a percepção e o discernimento intuitivo e procura a auto-iluminação quando enfrenta a
inimizade ou a obstrução. A não-resistência e o oferecimento da outra face são naturais para
ela, e seu método de luta é antes o de combater o inimigo do que de abatê-lo. Está ainda
sempre pronto a negociar e prefere um acordo a uma solução imposta.

Como mestre, reparte generosamente todo o conhecimento que possa ser útil, acentua o valor
da auto-iluminação que vem do interior, estimula o uso da intuição e distribui a felicidade. As
qualidades, a motivação e a natureza pessoais do mestre são reputadas da maior importância,
tendo essa carreira sido escolhida com idealismo, como verdadeira vocação, e não apenas
como meio de sobrevivência. Tal pessoa acautela-se contra a educação errada, através de
treinamento, em que se dá ênfase à memória e à imitação. Busca despertar constantemente as
capacidades inerentes aos alunos, e em particular a necessidade de produzir o que é belo.

Tal pessoa acredita no incremento de interesse e numa suficiência de atividades permissíveis,


para as quais podem fluir — sem restrição ou sem a chamada perversidade — a energia
ilimitada que brota, por exemplo, da infância. A integração psicológica é vista como parte
essencial do processo educativo.

As definições abaixo das funções da educação exemplificam a abordagem do segundo Raio:

Spencer: "Para termos uma vida completa."

Aristóteles: "Para sermos felizes e úteis."

Ruskin: "Educar não é ensinar as pessoas e fazê-las conhecer o que não sabem, mas ensiná-
las a comportarem-se como não se comportam."
Tennyson: "Auto-respeito, autoconhecimento, autocontrole, estas três coisas apenas conduzem
a vida ao Poder Soberano." (Oenone)

A estes ideais da educação pode-se acrescentar: Ajudar o Eu interior a alcançar a mais


completa auto-expressão; esclarecer os cidadãos; gerar trabalhadores para o bem-estar do
mundo e servidores generosos de seus semelhantes.

A Sympathy School da Inglaterra exemplifica maravilhosamente um dos métodos típicos do


segundo Raio. Nesta escola, cada aluno, ao longo do curso, tem um dia cego, um dia coxo, um
dia surdo, um dia em que não pode falar.

Na noite que precede o dia cego, seus olhos são vendados. Ele acorda cego. Precisa de ajuda
e os outros alunos o guiam. Através deste método, ele consegue certa compreensão do que é
realmente a cegueira. E os que o ajudam, tendo eles também sido "cegos", estão aptos a
conduzir e orientar o cego com bastante compreensão.

Para a pessoa do segundo Raio, a sua apoteose é a onipresença, que significa estar
conscientemente auto-identificado com a Vida divina em toda a Natureza e em todos os seres
e, dessa forma, presente misticamente seja onde for que essa Vida se manifeste. Cristo e Buda
são grandes Modelos dessa perfeição, retratados nas palavras do Cristo:

"Todas as vezes que fizestes isso a um destes meus irmãos pequeninos, a mim o fizestes" (Mt,
25:40). "Nem eu te condeno" (Jo, 7:11). "Quem entre vós não tiver pecado atire-lhe a primeira
pedra" (Jo, 7:7).

"Onde dois ou três estão congregados em meu nome, ali estou eu no meio deles" (Mt, 18:20).

"Ama a teu inimigo" (Mt, 5:44).

"Sede bons aos que vos tratam impiedosamente" (Mt, 22:6).

"Pai, perdoai-os porque não sabem o que fazem" (Lc, 23:34).

"Se teu inimigo tem fome, dá-lhe pão" (Pr, 25:21;Rm, 12:20).

Entre os defeitos da pessoa desse Raio estão o sentimentalismo e a sensualidade, a hipocrisia,


a sensibilidade à flor da pele, a autocomiseração, o desânimo, o hábito de ruminar e nutrir
mágoas, e a dificuldade de esquecer os pecados cometidos contra as regras do segundo Raio.
O julgamento corre muitas vezes o risco de ser obscurecido pelas emoções, em particular as
da compaixão e do amor. A virtude da simpatia, característica deste Raio, surge com brilho nas
palavras de uma jovem filha que implora clemência à mãe, ao ver a irmã mais velha duramente
repreendida: "Por favor, mamãe, não se zangue com Maria. Isso nos entristece a todos!" As
pessoas do segundo Raio tendem às coisas impraticáveis e a um imenso auto-sacrifício pêlos
outros, solapando às vezes a autoconfiança e intensificando o egoísmo daqueles em cujo
interesse são feitos tais sacrifícios. Tendem a acentuar excessivamente o lado da vida de seu
trabalho, em detrimento da necessidade de aperfeiçoar igualmente a forma de agir.

Os sofrimentos maiores podem surgir de desgostos profundos, desentendimento nos


relacionamentos mais íntimos, perda de confiança, julgamento errado, frieza, isolamento e
exclusão, solidão e abandono.

O princípio do homem correspondente ao segundo Raio é o da Sabedoria e da intuição


espiritual ou Buddhi, (1) instrumento da Consciência do Cristo. As cores são o amarelo-ouro e o
azul-celeste. A pedra preciosa é a safira e o símbolo é o da cruz latina. Entre as artes, a música
com suas influências harmonizadoras representa este Raio.
O Budismo, como seu nome sugere, é uma religião predominantemente do segundo Raio. Os
aspectos doutrinais, teológicos (fundando-se a teologia sobre a verdade), redentores,
salvadores e didáticos de todas as crenças do Mundo representam as influências do segundo
Raio sobre elas.

A correspondência deste Raio é com o sexto Raio, através do qual estão manifestados mais
individual e emocionalmente o amor universal e a capacidade de auto-sacrifício e auto-sujeição
em devoção a um líder e a uma causa típica do segundo Raio.

O Senhor Cristo, em Sua Sabedoria perfeita, em Seu amor universal e em Sua compaixão,
ternura e piedade ilimitados por tudo o que vive, em especial por todos os que sofrem, é
Modelo ímpar das virtudes do segundo Raio.

1 - Buddhi. O sexto Princípio do homem, o instrumento de Atma, expresso como sabedoria e


intuição espiritual. - Adaptado de The Theosophical G/ossary e de A doutrina secreta, de H. P.
Blavatsky.

O Terceiro Raio

O terceiro Raio é a manifestação do terceiro Aspecto da Trindade Sagrada, o Espírito Santo, o


Regenerador, o Transformador.

As qualidades de caráter são: compreensão — em especial dos princípios fundamentais —,


entendimento, mente profundamente penetrante e interpretativa, capacidade de adaptação,
tato, dignidade, sentimento de que se é realmente forte e reconhecimento do poder e do valor
do silêncio. A capacidade de concepções criativas é um dos poderes característicos. Os tipos
de pessoas deste Raio são o filósofo, o organizador, o diplomata, o estrategista, o tático, o
erudito, o economista, o banqueiro, o jogador de xadrez, o juiz, o alegorista, o intérprete e o
cartunista. Líderes, como Churchill, Roosevelt, Stalin, Montgomery, Rommel, Smuts, são
exemplos notáveis de pessoas em que se desenvolveram de forma elevada os primeiro e
terceiro Raios.

A compreensão plena é o ideal, sendo Deus visto principalmente como o Princípio da Verdade.
A mentira, o embotamento intelectual e a falta de compreensão são os maiores males. O
impulso motor é o de dominar completa e impessoalmente todos os princípios e fatores
fundamentais de um assunto, combinando-os e acomodando-os segundo a compreensão e
aplicação perfeitas deles. A conquista mais elevada é a percepção perfeita e completa da
verdade e do talento, surgindo parcialmente de um transbordamento de contemplação.

Ao contrário dos tipos do primeiro e do segundo Raios, ao alcançar resultados, a pessoa do


terceiro Raio tende a afastar-se mentalmente (como o fazem os eremitas fisicamente) do
problema ou obstáculo, recolhendo-se ao reino do pensamento abstrato, para aí ponderar e
meditar até que sobrevenha a iluminação plena. Atinge-se a compreensão e a síntese de todos
os fatores envolvidos, e, por consequência, chega-se à solução do problema. A pessoa
aprende a "destruir o karma (1) no fogo do conhecimento" em sua própria vida, descobrindo e
aplicando os princípios daquela alquimia espiritual, através da qual a adversidade converte-se
em felicidade, e tudo quanto é elementar na natureza humana transforma-se em sabedoria e
poder. Como cientista, ela poderia ser um alquimista ou químico, um astrólogo ou astrónomo e
metafísico, ou um físico e matemático. Atinge os resultados através de reflexão prolongada e
progressiva e de um aperfeiçoamento, tanto da estratégia quanto das táticas. Emprega
habilmente o método de armadilha e fede, estando pronta a usar qualquer meio adequado,
independentemente da inclinação pessoal. Como professor, explica os princípios, estimulando
os alunos a desenvolver suas aptidões por seus próprios esforços mentais, deixando muitas
vezes lacunas e até permitindo a perplexidade, a fim de provocar a indagação e inspirar a
pesquisa. Procura inculcar a despersonificação na abordagem da verdade.
Este tipo de pessoa sente a forte necessidade de uma compreensão plena de todas as
situações da vida, respeitando muito menos um código ético imposto do que a realização
interior das razões válidas para uma espécie particular de comportamento. Aprende também a
interpretar e a empregar as circunstâncias como guias de conduta e a aguardar sabiamente a
lógica dos acontecimentos. As qualidades do terceiro Raio manifestaram-se em alto grau na
competência e sabedoria intelectual com que o Senhor Cristo derrotou aqueles que pretendiam
confundi-lo, em especial na questão do pagamento de tributos e da mulher surpreendida em
adultério, bem como no seu silêncio, quando acusado, se podemos ousar dizê-lo assim. A
frase: "Dá-me compreensão e guardarei tua lei" (2) exprime perfeitamente o ponto de vista
deste Raio, cuja apoteose é a onisciência, através da unidade com a Mente Maior.

Contam-se, entre os defeitos deste tipo, o individualismo; o egoísmo; a indecisão através da


visão por demasiados ângulos; a indiferença; a intriga; a crueldade, a morosidade em adotar
abertamente uma causa; a fraqueza diante de uma crise; a impostura deliberada e
inescrupulosa, como a utilizou Goebbels, Ministro de Propaganda nazista; a falta de
sinceridade; a astúcia e a demasiada atenção à forma, ao detalhe e ao sistema, negligenciando
o espírito e os propósitos mais amplos da vida.

Inversamente, existe uma propensão para viver muito intensamente no reino dos princípios,
dos planos, esquemas e ideais a longo prazo, tornando-se, por consequência, pouco prático e
distante do mundo.

A falta de sinceridade de que são capazes as pessoas do terceiro Raio vem bem descrita nas
palavras de um Ditador moderno, assim reportadas no Time de 14 de dezembro de 1949:

"As palavras de um diplomata não devem ter relação com seus atos — caso contrário, que
diplomata será ele? As palavras boas são máscaras para o acobertamento das ações más. Os
diplomatas sinceros são tão impossíveis quanto a água seca ou o ferro de madeira."

Escreveu-se a respeito do falecido marechal de campo Smuts:

"Durante os primeiros dias de exercício de seu cargo de Primeiro-Ministro da União Sul-


Africana, o general Smuts planejou pronunciar um discurso no Parlamento. Chamou seu
secretário e disse-lhe: 'Vá à biblioteca e traga-me alguns dados estatísticos que ilustrem certos
pontos que pretendo destacar.'

"O secretário voltou sete horas depois e disse: 'General, não existe viva alma que possa
fornecer essa informação em menos de cinco anos!'

"No dia seguinte o general apresentou-se e pronunciou discurso eloquente. Destacou cada
ponto com inúmeros detalhes estatísticos. Todos se impressionaram sobremaneira, mas
ninguém como o seu secretário. Quando o general se recolheu ao seu escritório, perguntou-lhe
o secretário: 'Onde o senhor conseguiu aqueles dados maravilhosos?'

" 'Bem — retrucou-lhe Smuts — você me disse que nenhum vivente poderia compilá-los em
menos de cinco anos. Fiz então um punhado de estimativas grosseiras e imaginei que alguém
demoraria pelo menos outro tanto para refutar-me.' " (Merryle Stanely Rukeyser.)

Experimenta-se o maior sofrimento, quando se comprova a incompetência, o erro de alguém,


quando se é mergulhado no obscurantismo (e frustração) intelectual e privado da dignidade,
inclusive da "perda de fisionomia".

O princípio do homem é o da inteligência abstrata ou do Manas (3) Superior, do Corpo Astral


(4) ou do instrumento do Ego humano. A cor é o verde-esmeralda; a pedra preciosa, a
esmeralda; a correspondência é com o quinto Raio, o da mente concreta; e o símbolo é o
Triângulo. Enquanto a pessoa do terceiro Raio poderá se preocupar intelectualmente com os
grandes princípios da vida, com a filosofia e a metafísica, a do quinto Raio buscará mais
prontamente o conhecimento científico detalhado, procurando aplicar os resultados na vida
física. Quanto às Artes, a poesia, que é a música mental, a linguagem perfeita, representa o
terceiro Raio.

A religião caldéia, com sua base e prática astrológicas, predomina no terceiro Raio. Os
aspectos filosóficos e metafísicos de todas as Crenças do Mundo representam a influência que
recebem do terceiro Raio.

Entre os exploradores, Scott foi enaltecido pela liderança científica e Amunsden pelas viagens
eficientes e rápidas, indicando tais referências ao poder de organização de cada um deles o
desenvolvimento do terceiro Raio. Todos os grandes líderes modernos precisam estar
imbuídos, não apenas das qualidades guerreiras do primeiro Raio, mas também das
habilidades estratégicas e de organização do terceiro. O marechal de campo Montgomery foi o
exemplo disso em suas preparações cuidadosas e precisas; em sua predileção por assegurar,
antes de começar, a disponibilidade de todas as forças e recursos necessários para a vitória,
inclusive o controle dos ares; em seu estudo minucioso do caráter do inimigo (durante a
Campanha no Deserto ele carregava um retrato de Rommel em seu carro); em sua rapidez
para enganar por meio de um ataque simulado e, se necessário, rever rapidamente todo o
esquema (como quando atacou a Linha Mareth); em seu posicionamento das divisões certas,
nos lugares certos, na hora certa; em sua autoconfiança plena na sua capacidade de desferir
um ataque mortífero, dispondo fosse lá da arma que fosse.

O lema da família Cavendish: Cavando tutus, que significa "Seguro pela precaução",
exemplifica o terceiro Raio, como também faz o relato abaixo.

Um padre católico exibiu a habilidade tática e a capacidade de pronta adaptação do terceiro


Raio, no seguinte episódio contado por Paul Marcus:

"Entre os convidados de um jantar recentemente oferecido por meus pais, estavam um rabino e
um padre católico. Quando os presentes se sentaram para a refeição, defrontaram-se com uma
daquelas situações aparentemente intransponíveis — quem rezaria a ação de graças? Cada
um olhou humildemente o próprio prato; meu pai e minha mãe engoliram as palavras. No auge
do terrível embaraço, o padre olhou à volta da mesa e disse: 'Se vocês não se importam, eu
gostaria de proferir uma antiga oração judaica.'

"Todos assentiram com a cabeça, e o padre deu graças em hebraico."

1- Karma. A lei da relação entre Causa e Efeito, do Equilíbrio, da Compensação, qual cada
ação produz uma reação; o agente se torna o paciente de uma ação similar. — Volume 5 de A
doutrina secreta. "Fisicamente, a ação; metafisicamente, a Lei da Retribuição, a Lei de causa e
efeito ou Causação Ética. Nêmesis apenas num sentido, o do karma ruim. ë o décimo primeiro
Nidana, na concatenação de causas e efeitos, segundo o Budismo ortodoxo; é ainda o poder
que controla todas as coisas, a resultante da ação moral, o Samskara metafísico, ou o efeito
moral de um ato praticado com o fito de alcançar algo gratificante a um desejo pessoal. Existe
o karma de mérito e o karma de demérito. O karma nem pune nem recompensa; é
simplesmente a Lei Universal que guia de modo infalível, e por assim dizer, cegamente, todas
as demais leis que produzem determinados efeitos, juntamente com a rotina de suas
respectivas causações. Ao ensinar que 'o karma é aquele grão moral (de qualquer ser) que, ele
só, sobrevive à morte e continua na transmigração ou reencarnação', o Budismo quer apenas
dizer que nada fica depois de cada Personalidade, a não ser as causas por ela produzidas;
causas que não morrem, isto é, que não podem ser eliminadas do Universo até que sejam
substituídas por seus efeitos genuínos, e apagadas por eles, por assim dizer; e tais causas — a
menos que compensadas, com efeitos adequados, durante a vida da pessoa que as produziu
— acompanharão a reencarnação do Ego e nele ficarão em suas subsequentes
reencarnacões, até que se restabeleça a harmonia completa entre efeitos e causas." — The
Theosophical Glossary. Veja-se também, Reincarnation, Fact or Fallacy, do Autor.
2 - SI, 119:34.

3 - Manas. "A Mente", a faculdade mental que faz do homem um ser inteligente e moral,
distinguindo-o do animal; sinónimo de Mahat. Esotericamente, porém, significa, quando não
qualificado, o Ego Superior, ou o Princípio sensível reencarnado no homem. Quando
qualificado, é chamado pelos teosofïstas de Buddhi-Manas, ou Alma Espiritual, em contradição
com seu reflexo humano, Kama-Manas. — The Theosophical Clossary — Neste livro, é visto
como os quinto e quarto Princípios unidos do homem, instrumentos de sua mentalidade
abstrata e concreta.

4 - Corpo Causal. Instrumento e expressão no nível do intelecto abstrato da Entidade ou Ego


encarnado. A matéria da inteligência ou da compreensão.

O Quarto Raio

Diz-se que o quarto Raio, juntamente com o terceiro, quinto, sexto e sétimo, é a manifestação
do terceiro Aspecto da Trindade Sagrada. Suas qualidades são: a imaginação criativa, a
harmonia, o equilíbrio, a beleza e o ritmo. A faculdade especial da pessoa do quarto Raio é o
poder de perceber e retratar, através das Artes e da vida, o "princípio da beleza nas coisas". (1)

Ela demonstra, em geral, grande versatilidade e, às vezes, o dom da adaptação. Mesmo


quando ainda não os possui, é capaz de manifestar — poder-se-ia quase dizer, simular — as
qualidades de todos os Raios. Tem forte sentido de forma, simetria, equilíbrio e um gosto
sensível por tudo quanto é belo nas Artes, na Natureza e na Vida.

Esse tipo de pessoa é o artista para quem Deus, ou o Bem supremo, é o princípio do Belo no
Universo, sendo a feiúra encarada como o maior dos males. O método da expressão artística e
a escolha do meio são influenciados pelo sub-Raio dominante. O impulso motor é o de liberar a
influência da beleza no mundo, de ser mediador entre o reino da beleza pura e os de suas
expressões imperfeitas, servindo as Artes como elo entre eles. Os oradores possuídos da arte
da fala rítmica, capaz de encantar, persuadir, cativar e empolgar um auditório, os verdadeiros
magos da palavra, manifestam a virtude do quarto Raio.

O padrão e a prova do quarto Raio para os seres humanos, para nações e civilizações são
muito mais o da beleza do que o do poder temporal, das posses, armamentos e situação
financeira. Alguns artistas podem perdoar todas as condutas, através das quais brilha a luz da
beleza, mas são incapazes de perdoar a feiúra. Sentem agudamente a necessidade da
presença da harmonia e da beleza à sua volta e talvez sofram enormemente com a ausência
dela.

A pessoa do quarto Raio alcança seus objetivos por métodos marcadamente individuais,
dependendo o sucesso da perfeição técnica, seja nas Artes, seja na Vida. É mediador e
intérprete natural. Sua meta final é tornar-se artista-mestre, um gênio de toda a Arte,
especialmente na de viver, a qual inclui, para ele, a auto-expressão plena e a manutenção de
relações perfeitas. Existem evidências de que o ramo das Artes escolhido por aqueles em
quem predomina o quarto Raio pode variar em vidas sucessivas, sob a influência de um sub-
Raio. Captam e procuram retratar, em cada pensamento, palavra e ato, a Beleza divina que
brilha em todo o Universo. Alcançam êxito pela dramatização, pela iluminação e pelo apelo do
belo, do ritmo, da perfeição e do encanto, recorrendo sobretudo à fascinação e à sedução.
Como professores, valem-se de ilustrações e da dramatização.

Entre os defeitos da pessoa do quarto Raio, contam a instabilidade, a inquietação, a vacilação,


a sensualidade, a pose, a presunção, o comodismo, a imprudência, o cinismo a respeito dos
que alcançam maior êxito do que ela, e um sentimento de superioridade sobre os menos
dotados. Sofrem alterações no humor, podendo tanto atingir uma exaltação sublime, como
abater-se pela depressão e desespero.
"Todo artista sabe, e teme, a pausa complementar de desespero que se segue à realização.
Quanto maior o entusiasmo, mais implacável a reação." (2)

"Um ânimo apaixonado corresponde a um conjunto de experiências, a pressa aliada a


momentos de reflexão. A emoção é um pensamento apressado. Esta aceleração só pode surgir
espontaneamente, num instante de inusitada abundância de inspiração, e é sucedida pela
exaustão e pelo desapontamento, pois não pode ser constante." (3)

As pessoas do quarto Raio podem manifestar também uma tendência a sonhar acordadas, a
viver no mundo da fantasia. A menos que a força de vontade do primeiro Raio seja ativa nelas,
experimentam vagos anseios pelas grandes coisas, embora fracassem em alcançá-las. O
maior sofrimento deve-se, em geral, à frustração e ao fracasso em obter a auto-expressão
perfeita.

O princípio do homem é a ponte entre o Eu Superior e o Inferior, o antahkarana.(4) Este


princípio "serve como meio de comunicação entre os dois, e transmite do Eu inferior para o
superior todas aquelas impressões pessoais e pensamentos dos homens que podem, por sua
natureza, ser assimilados e conservados pela Entidade imortal, tornando-se assim imortais com
ela, sendo estes os únicos elementos da Personalidade evanescente que sobrevivem à morte e
ao Tempo". (5) A missão do artista parece ser, portanto, elevar, por meio da beleza, a
consciência do homem à realização da beleza e do esplendor da Natureza e de Deus. Desse
modo, o artista verdadeiramente grande serve como sacerdote e mediador entre Deus e o
homem.

A cor é o bronze amarelado; a pedra preciosa é o jaspe; e o símbolo é o esquadro e o


compasso associados à Franco-maçonaria. O quarto Raio pode ser visto como uma lente,
através da qual a luz e todos os Raios entram em foco. Entre as Artes, a ópera representa o
quarto Raio, por ser a síntese de vários ramos da Arte.

A religião órfica, com seus motivos de Beleza, era predominantemente do quarto Raio, o qual
acha ainda expressão em toda tendência voltada aos acessórios e adornos multicoloridos, e no
emprego das Artes na adoração religiosa.

Os versos e as citações que se seguem expressam a visão de vida do artista:

“Porque enxerguei”.

Em lugares solitários e nas horas isoladas

Minha visão da face aureolada pelo arco-íris

Daquela que os homens chamam Beleza; esplêndida; 

austera;

Sombria visão da face impecável, perfeita. Divinamente fugitiva, que assombra o mundo

E eleva a espiral do pensamento dos homens a um sonho mais encantador."

"O mundo que Deus criou! Tudo é Belo!"

BROWNING

"Não existe luz sem Ti; Contigo toda a Beleza arde."

REV. JOHN KEBLE


'A melhor parte da Beleza é aquela que a pintura não pode expressar."

BACON

'A própria beleza persuade os olhos dos homens, sem necessidade de orador."

SHAKESPEARE

"A beleza é a verdade, a verdade é a beleza — isso é tudo o que sabemos na Terra e tudo
quanto precisamos saber."

KEATS, Ode sobre uma Urna Grega

"Arranca de nossos corações aquele amor do belo, e terás arrancado todo o encanto da Vida."

"Acreditei sempre que Deus é a única beleza posta em ação."

ROUSSEAU

1 - Keats.

2 - The Mind and Work of Charles Sims, de Alan Sims.

3 - Picture Making. de Charles Sims, R. A.

4 - Antahkarana, sânscrito. Amar = meio ou interior, e karana = causa, instrumento. Usada


tecnicamente para representar a ponte entre a Mente Superior e a Inferior, o instrumento
operacional entre elas.

5 - The Theosophical Glossary, H. P. Blavatsky.

O Quinto Raio

As qualidades principais do quinto Raio são as típicas da mente analítica, dedutiva, formal,
sendo o interesse e o ideal plenos das pessoas deste Raio a capacidade de aquisição e, nos
casos em que o segundo Raio também esteja bem desenvolvido, a disseminação do
conhecimento factual. Nesta busca, aqueles nos quais o quinto Raio é muito dominante são
capazes de manifestar paciência incansável e meticulosidade e regularidade extremas,
particularmente no exame reiterado e na classificação dos detalhes minuciosos e intrincados.

O tipo de pessoa é o cientista, o matemático, o advogado e o detetive. Nos estágios iniciais de


desenvolvimento, o interesse principal reside na ciência física, coisa que mais tarde se estende
para o domínio do oculto e da metafísica.

A mente do quinto Raio é brilhante, flamejante, viva, arguta, técnica, analítica, cuidadosa,
positiva e possui grande capacidade para a especialização e captação de detalhes. Como
ideal, ela valoriza em alto grau a verdade, o desapego mental e o cuidado nas observações,
nas deduções e na forma de expressão. Deus é visto como o princípio da verdade, e a mentira,
a ignorância, a incorreção e a mente preconceituosa são os maiores males.

O impulso motor da pessoa do quinto Raio é descobrir o conhecimento, chegar à verdade. Isto,
porém, precisa ser evidenciado, como, por exemplo, pela predição correta, baseada na
aquisição de informações. Ela obtém os resultados através do uso brilhante e paciente da
mente; reflete, busca, pesquisa, comprova, experimenta, observa pacientemente e pondera,
extraindo depois deduções cuidadosas de suas descobertas. Emprega a mente como uma
verruma, a fim de perfurar o cerne dos problemas, aderindo sempre ao método científico. Anton
J. Carlson descreve assim este processo: "Observações e experiências revistas, registradas
objetivamente com absoluta honestidade e sem medos ou preferências." Tal preocupação
tende, às vezes, a tornar-lhe a mente tão inflexível e tão rígidos e pouco adaptáveis seus
métodos, que ela acaba não atingindo a realização plena. Entretanto, quando o aspecto do
terceiro Raio de sua natureza, com suas características de adaptabilidade e reflexão filosófica,
começa a influenciar-lhe a mente concreta — como parece ocorrer no caso de muitos cientistas
modernos — isto, combinado com as excelentes qualidades já mencionadas, garante seu êxito
como um grande descobridor e revelador do conhecimento do homem. Como professor,
esclarece logicamente e, com integridade, preenche os detalhes, vale-se de diagramas e
inculca a precisão.

Sua meta ideal é tornar-se cientista consagrado, génio intelectual em todos os ramos da
ciência física e metafísica, ter sucesso neste último campo, e, às vezes, também no primeiro,
caminhando para a satisfação do domínio mental. Ao lado de seu irmão do terceiro Raio, tal
pessoa torna-se finalmente um com a Mente Principal, e atinge desse modo a perfeição, tanto
no próprio conhecimento quanto na aplicação prática dos princípios científicos sobre os quais
se fundamenta o Universo.

Entre os defeitos contam-se: isolamento, frieza emocional, crítica destrutiva, rigidez e


bitolamento da mente, tendência a perceber e acentuar indevidamente as faltas alheias,
destrutivismo não complementado pela prontidão ou habilidade construtiva, ferindo com
palavras como: "seus defeitos são para seu próprio bem"; insensível demais para amenizar o
golpe ou para tentar ser delicado; cheio de prazer em "desfazer sonhos" (muitas vezes, uma
função útil, apesar de desconcertante); incapacidade para "suportar alegremente os tolos";
intolerância para tudo que seja emocional, místico ou institucional; ceticismo, materialismo e
orgulho. Outros defeitos: egocentrismo, pouca visão das coisas, curiosidade e formulação de
perguntas indiscretas, discussões sem sentido por coisas mínimas, tornando-se
excessivamente pedante e dando ênfase a uma forma de levar uma vida descuidada.
Ocasionalmente, este tipo de pessoa exibe ignorância e ineficiência quase infantis no seu
comportamento, devidas às vezes, talvez, a uma abstração notória.

Quanto à religião, quando esta é aceita, a pessoa do quinto Raio tende a ser dogmática e
extremamente irracional. Preocupada em excesso com tradição, dogma, doutrina, crença e
formalidade, ela, não raro, deixa de enxergar a vida interior e a necessidade de conhecimento e
esclarecimento interiores. Com frequência, as pessoas desse Raio são egoístas e gananciosas
e, a menos que seu caráter se modifique pela presença das qualidades de outros Raios, em
especial do segundo, terceiro e sexto — tendem a guardar para si suas descobertas e haveres
para, por exemplo, patentear invenções. A pessoa desenvolvida do segundo ou do sexto Raio,
por outro lado, gosta de repartir todas as descobertas e dons, sendo o bem-estar do mundo a
motivação para todas as pesquisas e tentativas. A confiança plena da pessoa espiritualmente
não-desperta do quinto Raio quanto aos processos analíticos e provas demonstráveis
propende a torná-la um tanto cega aos grandes princípios que estão por trás das
manifestações, e também impermeável à inspiração e intuição.

Talvez essas pessoas experimentem o maior sofrimento quando apanhadas em falta,


especialmente se, surpreendidas em erro, são convertidas em motivo de ridículo e desprezo.

Semelhantes frustração e desonra mentais ferem profundamente a natureza dos indivíduos do


quinto Raio.

O princípio mais ativo e mais empregado desse tipo de pessoa é o corpo mental ou o Manas
inferior. A cor é o amareio-limão; a pedra preciosa, o topázio; o símbolo, a estrela de cinco
pontas. O quinto Raio está em correspondência com o terceiro, de cujas qualidades e
realizações é a expressão concreta. Em última instância, ambos se mesclam num instrumento
único de conscientização, manifestando as mais altas qualidade dos dois instrumentos e dos
dois Raios. Quanto às Artes, a pintura representa o quinto Raio.
A religião egípcia, tendo a filosofia hermética como coração e tónica da Verdade, foi
predominantemente expressão do quinto Raio, da mesma forma que o é o aspecto escolástico
de toda a Crença Mundial.

As deduções vívidas de Sherlock Holmes, como também as de todos os demais detetives, e o


raciocínio frio e preciso da mente jurídica, são exemplos das atividades da mente formal que,
em geral, se apresenta acentuada na pessoa do quinto Raio.

Conta-se do presidente Abraham Lincoln que, viajando de trem com um amigo, teve a atenção
atraída por algumas ovelhas num pasto. Disse o amigo: "Aquelas ovelhas acabaram de ser
tosquiadas." Olhando atentamente, respondeu Lincoln: "Deste lado."

O Sexto Raio

As qualidades principais do sexto Raio são o amor que se sacrifica; o entusiasmo ardente por
uma causa; o fervor abrasado; a pontualidade; a coerência; o devotamento abnegado; a
adoração; uma simpatia intensa pêlos sofrimentos alheios, a ponto de reproduzi-los sob a
forma de estigmas; o idealismo expresso como atividade prática; e a lealdade, "a essência da
honra" (Von Hindenburg). A pessoa típica deste Raio é o místico, o devoto, o santo, o filantropo
ativo, o mártir, o evangelizador, o missionário e o reformador. Exemplos: Irmão Lawrence, São
Francisco, Santa Clara, Santa Teresa (terceiro e sexto Raios) e o general Booth (sexto e
primeiro Raios).

O ideal pleno é a autoconsagração, o auto-sacrifício, até morrer por um ideal, por uma causa
ou por um líder. O serviço desinteressado para aliviar os sofrimentos do mundo, sentidos assaz
agudamente, é o impulso motor subjacente à vida da pessoa desenvolvida do sexto Raio, a
quem Deus é o princípio do Auto-sacrifício, do Amor e da Bondade. Seja como soldado,
amante, filósofo ou cientista, tal pessoa é "fiel até a morte" a esse ideal. Os maiores males são
o egoísmo, o individualismo, a lealdade dividida, a deslealdade, a traição à verdade individual
ou pública e o ódio.

O indivíduo do sexto Raio obtém êxito por meio da pontualidade; transporta sua devoção a
alturas tão elevadas que se perde em seu ideal; torna-se a verdadeira encarnação dela. No
fogo de seu entusiasmo, destrói tanto os defeitos de seu próprio caráter, quanto os obstáculos
externos que se interpõem à realização de seu ideal. Como mestre, inspira, abrasa e, entre
outras qualidades, evoca a veneração aos heróis e a lealdade de seus discípulos. O apogeu é
a atividade despojada e perfeita dedicada à vontade de Deus.

Entre os defeitos deste tipo de pessoa contam-se: emoção excessiva, sensualidade, fanatismo,
obsessão, suscetibilidade ao encantamento, intolerância e adoração extremamente cega ao
heroísmo. A deslealdade dos amigos prediletos e de confiança e os mal-entendidos e juízos
errôneos, em particular no tocante às intenções, produzem sofrimento intenso.

O princípio do homem é o corpo astral; (1) a cor é o rosa-fogo. A pedra preciosa é o rubi; e o
símbolo é a rosa de quatro pétalas, sob a forma de uma cruz, também de quatro braços.
Corresponde-se com o segundo Raio, de cujas múltiplas qualidades o sexto Raio é expressão
ativa. Entre as Artes, a arquitetura — harmonia fria — representa o sexto Raio.

A religião cristã, particularmente em seus aspectos místicos e devocionais, predomina no sexto


Raio. Entretanto, o sétimo Raio está bem representado em suas formas cerimoniais de
adoração, alcançando, talvez, o ápice nos Rituais Solenes da Eucaristia Sagrada, da Coroação
e nas cerimónias da Ordenação Sacerdotal e da Consagração dos Bispos.

Figuras universais que manifestaram as qualidades do sexto Raio são citadas no Capítulo
sobre os Raios Combinados.
1 - Corpo astral. O instrumento das emoções humanas, formado da primeira espécie de
matéria, mais sutil que o éter físico, denominado astral, por ser auto-radiante.

O Sétimo Raio

As qualidades especiais do sétimo Raio são: a nobreza e a cortesia, tanto de caráter quanto de
conduta; brilho de situação e de personalidade; modo de agir ordenado; precisão; habilidade;
encanto; dignidade; grande interesse por política, artes, pompa cerimoniosa, mágica e pelo
descobrimento, controle e libertação das forças ocultas da Natureza e cooperação com as
Inteligências a eles associadas.

O tipo da pessoa deste Raio é o político — no sentido verdadeiro da palavra —, o diretor


cénico, o mestre de cerimónias, o ritualista, o mágico, o ocultista e o sacerdote em Rituais de
cerimônia.

Os ideais são: o poder que se manifesta de modo perfeito e irresistível; a aristocracia


verdadeira de corpo e mente; a eficiência física; a perfeição; autenticidade e ordem em todas
as atitudes de vida; metodização perfeita nos compromissos; poder inquestionável de controlar
e dirigir as forças ocultas da própria natureza da pessoa e da Natureza em si mesma, sendo o
todo inspirado e tornado irresistível, graças a uma força de vontade relativamente Onipotente.
O refrão do sétimo Raio poderia ser: "Se vale a pena fazer algo, vale a pena fazê-lo da melhor
forma." Isto se aplicaria tanto a um piquenique, quanto a um cortejo cívico; a um poema como a
um desfile; a uma exibição militar como a um ritual de magia. Deus, para a pessoa do sétimo
Raio, é o princípio da Ordem em todas as coisas, e o caos é o pior dos males. O impulso motor
é dominar e tornar manifestas, com precisão e segundo um desígnio prévio, as forças e a
inteligência da Natureza.

Alcançam-se resultados pela síntese de inúmeros fatores que levam à realização de um


objetivo claramente concebido. A formação de grupo de pessoas, treinadas e orientadas em
atividades coordenadas no campo da política, em vários ramos das artes, no teatro, no drama e
na ópera, é exemplo deste método, assim como o uso de vestes, cores, símbolos, sinais e
palavras de poder nos rituais. Como professor, a pessoa faz pleno uso do drama, quer nas
apresentações pessoais, quer nas técnicas escolares. Vale-se ainda dos métodos do primeiro
Raio. O apogeu é dual, ou seja, tornar-se um mago espiritual e viver em perfeita sujeição aos
menores detalhes. A Franco-maçonaria é, ao mesmo tempo, uma cerimônia e expressão
prática de um atributo do sétimo Raio, também representado nos rituais de todas as Crenças
Universais.

Entre os defeitos deste tipo contam-se a ostentação; a pretensão; a falta de escrúpulo; amor
pelo poder e posição; tendência a usar as pessoas como instrumentos; formalismo "letra morta"
e atitudes mecânicas nas cerimônias, esquecendo-se do sentido espiritual; e propensão a cair
na magia negra, feitiçaria, necromancia e nas formas mais baixas de sacralismo. As pessoas
do sétimo Raio podem sofrer agudamente quando humilhadas, quando perdem o poder a sua
volta, quando sob crítica desfavorável, em especial se advinda de nível inferior, e quando
sujeitas a um comportamento rude.

O princípio do homem é o corpo físico. As cores são a púrpura e o azul-safira. A pedra preciosa
é a ametista, e os símbolos são a suástica voltada no sentido dos ponteiros do relógio e a
estrela de sete pontas. A correspondência se dá com o primeiro Raio, representando o sétimo
o poder do primeiro, expresso sob a forma de ação física. Entre as Artes, a escultura — a
dança petrificada — representa o sétimo Raio.

Diz-se hoje que a influência geral do sétimo Raio sobre a humanidade vem substituindo a do
sexto Raio, com as conseqüentes tendências no campo da ciência para a exploração do
universo invisível — através do radiotelescópio — para a investigação dos poderes extra-
sensoriais e da psique do homem como na PES (percepção extra-sensorial) (1) e na medicina
psicossomática, bem como libertar e usar as forças ocultas da Natureza, como na fissão
nuclear. Observa-se esta influência na vida pública, na preferência pelo fausto e pêlos
cerimoniais. Na religião cristã, o efeito do sétimo Raio é percebido no movimento em direção da
Igreja Superior Anglicana, como no Anglo-catolicismo, num reconhecimento profundo do
significado espiritual e da eficácia das cerimônias, nos movimentos voltados à cooperação
entre seitas e nas tentativas de estabelecer uma irmandade das Crenças Universais ou um
Parlamento das Religiões (segundo Raio — cooperação,sétimo Raio — coordenação). Nas
questões mundiais, como as qualidades do segundo e do terceiro Raios estão também em
desenvolvimento, a influência crescente do sétimo Raio fomenta a tendência de substituir o
consenso e a cooperação pela força, como meio de liquidar as disputas. À medida que a
influência do Raio se torna mais forte e é complementada por um desenvolvimento da mente
superior e sintetizadora do homem, tais tendências vão-se tornando mais resistentes,
conseguindo finalmente realizar por completo os ideais sobre os quais a UNO e outras
entidades correlatas, como UNESCO e UNRRA, Plano Marshall, Pactos de Defesa locais e as
Conferências mundiais se fundamentam.

1 - Veja-se The Reach of the Mind, de J. B. Rhine.

Os Raios Combinados

Os leitores que, aplicando estas informações a suas próprias personalidades, segundo delas
têm conhecimento, vêm-se esforçando para descobrir seus próprios Raios, provavelmente vão
descobrir que manifestam qualidades de mais de um, não se evidenciando a predominância de
características de nenhum Raio em especial. Se, porém, examinarem-se mais de perto, hão de
descobrir, de modo geral, que entre os meios de que se valem para alcançar os resultados
desejados, tendem eles a empregar, quase que sistematicamente, o método de um ou outro
dos Raios.

Como foi sugerido, existem afinidades entre os Raios. O primeiro e o sétimo estão intimamente
associados, assim como o segundo com o sexto, e o terceiro com o quinto. Ademais, os
primeiros três Raios, que são os Raios da vida, podem ser olhados como a formação da alma
espiritual dos três últimos, que são os Raios da forma. O quarto Raio corresponde à ponte ou
passagem natural, tanto entre cada par de relações como entre os dois conjuntos de três.

Considerando que a meta é o desenvolvimento pleno de todas as qualidades de todos os


Raios, torna-se preciso que as atividades e os desenvolvimentos da longa série de vidas (1)
sobre a Terra incluam todas as características deles. Tem-se exemplo disso nas vidas das
grandes figuras da história, cuja maioria manifestou as qualidades combinadas de dois e, às
vezes, mais Raios. Os Faraós, os Alexandres, os Césares e os Napoleões do mundo, por
exemplo, manifestaram precipuamente o aspecto de poder do primeiro Raio. O estudo de suas
vidas revela, entretanto, diferença marcante entre eles, segundo o grau em que as qualidades
dos outros Raios combinaram-se com as do primeiro Raio.

Richard Wagner seria visto como tendo manifestado sobretudo as qualidades do quarto e do
sétimo Raios: era um artista que mesclava muitos ramos das Artes em representações
cerimoniais de verdades ocultas e espirituais. Era também poeta, dramaturgo, filósofo e notável
escritor (terceiro Raio). A fim de alcançar determinado resultado em seus dramas musicais,
reduziu a uma essas diferentes faculdades (sétimo Raio). O impulso místico estava incrustado
em sua alma ardente. Sua música e mensagem revelam a verdade de que cada alma individual
está em sintonia com a Alma Universal, e haverá finalmente de cosumar essa unidade
(segundo Raio). Ele foi um dos primeiros a retratar, como no Dueto Amoroso de Tristão e
Isolda, a elevação do amor humano numa experiência espiritual de unidade (segundo Raio).
Para chegar a esses resultados, Wagner precisou explorar e divulgar novas formas, quebrar as
barreiras existentes e tornar a música livre (primeiro Raio). Era ele movido profundamente pela
ideia da formação de uma imensa Irmandade das Artes (segundo Raio), e dedicou toda a vida
à regeneração da raça humana, empregando as Artes como instrumento dessa realização
(sexto e quarto Raios).
Wagner era também um grande humanitarista, estendendo-se seu amor até as espécies do
Reino Animal. Suas cartas contêm referências encantadoras aos animais de estimação, sendo
um de seus ensaios escrito contra a vivissecção (segundo e sexto Raios). Enriqueceu a
humanidade com a concepção sublime da vida humana como uma escalada da Alma até a
perfeição (terceiro Raio), derramou sobre ela a beleza de suas melodias e harmonias (quarto
Raio) e manifestou notável poder para comover o coração humano (segundo, sexto e sétimo
Raios). Encontram-se em sua obra tesouros de sabedoria e beleza (segundo e quarto Raios).
Certa tradição ocultista afirma que ele era a reencarnação de Sófocles, o grande dramaturgo
grego.

Leonardo da Vinci (1452-1519) é mais conhecido por suas pinturas, notadamente a Mona Lisa;
foi ainda muito bem-sucedido como cientista, inventor e profeta. Nestas atividades, manifestou
as qualidades do quarto, quinto e terceiro Raios, respectivamente. Parece que ele tinha
consciência do sistema heliocêntrico, uns trinta anos antes que Copérnico o divulgasse (quinto
Raio). Era ilustrado em filosofia (terceiro Raio), anatomia, astronomia, botânica, ciência natural,
medicina, ciência ótica, meteorologia, e até mesmo em aviação - tudo atividades do quinto
Raio. Alcançou grandes resultados nestes campos e transmitiu conhecimentos que ainda hoje
são utilizados pêlos cientistas modernos. Era bastante versado em arquitetura (sexto Raio),
música (quarto Raio) e arte bélica (primeiro Raio). Fez projetos para produção em massa de
canhões, munições e outros tipos de armas que poderiam ser encaradas como ancestrais dos
tanques de guerra.

Da Vinci fez estudos acurados sobre a vida e os movimentos de asas e penas das aves,
procurando extrair deles o segredo do vôo. A construção moderna de aeronaves não diverge
significativamente das linhas por ele formuladas. Uma de suas turbinas de água chega a ser
quase moderna na construção, assim como seu odômetro — instrumento para medir distâncias
paia contagem dos giros das rodas — e seu guindaste mecânico. Ele projetou um barco
movido a rodas, uma ponte construída de cantiléveres oscilantes, um carro a autopropulsão;
inventou rolamentos e construiu hidrovias, valendo-se de sistemas de comportas, utilizados
ainda hoje em Milão e no Canal do Panamá. Por isso, foi ele exemplo notável da combinação
dos terceiro, quarto e quinto Raios, num nível individual altamente desenvolvido, não se
mostrando de forma alguma deficiente quanto às forças e qualidades dos outros quatro Raios.

A obra e o pensamento do abstracionista Josef Albers (nascido em Westfália, 1889) ilustra o


efeito da combinação do terceiro, quarto e quinto Raios num artista. Seus trabalhos são
descritos (Time, 31/janeiro/1949) como "abstrações isentas de emoção, compostas
principalmente de linhas e ângulos retos, traçados delgadamente em cores puras. À primeira
vista, suas telas parecem rígidas e precisas, chegando às raias da monotonia; entretanto, não
há nada definido quanto a elas. Através do artifício do contraste e da perspectiva, ele faz as
formas cambiarem e se transformarem em suas pinturas, à medida que o espectador as
aprecia, fazendo até as cores assumirem matizes cambiantes. 'Você sabe, quero que minhas
invenções atuem, percam sua jdentidade. Espero de minhas formas e cores que realizem algo
que por si mesmas não querem realizar. Por exemplo, quero carregar tanto no verde que ele
pareça vermelho... Toda a minha obra é experimental... Quando as pessoas dizem que minhas
pinturas não têm emoção, concordo. E digo... a precisão também torna alguém doido. Uma
locomotiva não tem emoção, como não a tem um livro de matemática, mas ambos são
excitantes para mim' " (quinto Raio).

Clement Richard Attlee, Primeiro-Ministro britânico a partir de 1945, é descrito (pelo


correspondente diplomático do London Observer, no The New Zealand Herald de 20/ja-
neiro/1949), como "prudente, competente e conciliador, exercendo o cargo não em razão de
suas próprias qualidades positivas, mas como um intermediário (terceiro Raio)... Apesar disso,
hoje é o senhor pleno de seu Gabinete, e introduziu calmamente mudanças na estrutura do
Gabinete, as quais lhe colocaram nas mãos mais poder do que jamais possuiu antes outro
Primeiro-Ministro britânico em tempos de paz (primeiro e terceiro Raios)...

"Procura-se muitas vezes o segredo do poder de Attlee em sua grande integridade. O segredo,
porém, está mais fundo. A força de Attlee advém de uma forma peculiar de independência
disciplinada (primeiro, terceiro, quinto e sétimo Raios)... Ele é inteiramente auto-suficiente. Não
se angustia com a falta de popularidade. Nas decisões fundamentais, nem mesmo se deixa
afetar pela aprovação ou desaprovação dos íntimos, que aliás possui poucos (primeiro e
terceiro Raios)... Tem algo daquela qualidade de decisão particular, aquela habilidade de seguir
sua própria análise dos fatos até chegar-lhe à conclusão lógica, não se perturbando com os
sentimentos dos que estão a sua volta; não se perturbando também com seus próprios
sentimentos, temores ou vaidades (primeiro, terceiro e quinto Raios)... A fim de poder
manobrar, o político carece de habilidades táticas e de agilidade calma (terceiro, quinto e
sétimo Raios). Nisso, Attlee está também notavelmente bem-equipado. Com êxito, livrou-se até
mesmo da revolta em seu partido, principalmente por uma marcação de tempo estupenda:
soube até quando permanecer quieto e quando levar a discussão ao clímax (terceiro e quinto
Raios).

"Aqueles que o desafiaram jamais ficaram absolutamente certos de como foram derrotados
(terceiro Raio). Ademais, ele possui... uma consciência quase instintiva das reações da gente
comum de seu partido e do país como um todo (segundo e terceiro Raios).

"Sem alarde, fez-se socialista, opondo-se à família (seu pai era um liberal gladstoniano),
conduzindo suas próprias ideias até as conclusões lógicas (terceiro e quinto Raios).

"Clement foi viver efetivamente entre os East Enders (gente pobre de Londres), e no
Movimento Trabalhista embrionário ele 'se encontrou'. Emigrou, por assim dizer, para um
mundo novo, escolhido por ele mesmo (primeiro Raio). Conservou intatos seus hábitos de
lealdade (sexto Raio), seu idealismo e sua capacidade de liderança, estabelecendo uma união
com o East End (distrito oriental de Londres), que é ainda o componente mais cordial e feliz de
sua vida (segundo e sexto Raios)...

"O Partido Trabalhista estava numa confusão quase desesperadora — completamente


derrotado e dividido em facções discordantes. Attlee, leal (sexto Raio), modesto, imparcial
(terceiro Raio), mente esclarecida (quinto Raio), capaz de decisão (primeiro Raio) e com a
coragem de seu desinteresse pessoal (primeiro e terceiro Raios) tinha justamente as
qualidades requisitadas... Mostrou-se capaz de muita coisa, inclusive da proeza de realizar um
ato diplomático cheio de imaginação — a solução espantosa que deu à questão indiana
(primeiro, terceiro e quinto Raios)."

O general Booth, fundador do Exército da Salvação, homem de grande poder, entusiasmo


inextinguível e ardor imenso, foi exemplo da mistura das qualidades do primeiro e do sexto
Raios. De forma inteiramente-natural, sua fé ardente e ardor abrasador em prol da salvação
das almas (sexto e segundo Raios) encontraram expressão num combate ativo contra o mal
(primeiro Raio). Batizou sua revista de O Grito de Guerra e levou seus seguidores —
organizados e apelidados de "Exército" - à ação com bandeiras, uniformes, bandas, tambores,
pratos e todo o aparato de guerra. Em muitas cidades, chamava-se aos quartéis-generais do
Exército da Salvação de "A Cidadela". Face às cores próprias dos Raios, é interessante o fato
de que, em grande parte, a cor do Exército da Salvação, em seus uniformes e estandartes, seja
o vermelho.

O cardeal Manning — grande admirador do general Booth — foi também exemplo da


combinação do sexto e do primeiro Raios. Por instinto, era ele um cruzado (sexto Raio) e não
um teólogo, como o foi o cardeal Newman, erudito e asceta (quinto e terceiro Raios
combinados). Semelhante ao general Booth, também o cardeal Manning via a religião como um
combate para a salvação das almas. Almejava o poder para promover efetivamente a guerra e
vivia obcecado pela responsabilidade do regulamento. Podia ser chamado de imperialista
espiritual. Era um general nato e envolveu-se numa campanha agressiva de expansão católica
(primeiro Raio). Newman, com sua paixão pela verdade e pela pesquisa livre (terceiro e quinto
Raios), via a Igreja como uma Universidade. Manning, apaixonado pela vitória, enxergava-a
como um exército em fileira cerrada contra o questionamento, porque este enfraquece a
decisão (primeiro Raio). O tempo, conquanto reconhecendo a grandeza de Manning, provou
que Newman estava certo e, Manning, errado. As prósperas fundações católicas de Oxford
testemunham a correcão da crença de Newman, assentada no conhecimento (quinto Raio), na
compreensão (terceiro Raio) e na experiência religiosa (segundo, quarto e sexto Raios), como
sendo as maiores forças com as quais se pode promover a guerra contra o mal. A vida e o
caráter destes três homens indicam que no general Booth predominava o sexto Raio, com
magnífico desenvolvimento do primeiro, enquanto nos cardeais Newman e Manning, o primeiro
e o terceiro Raios, respectivamente, prevaleciam sobre o sexto.

Hypatia (martirizada no ano 415) (2) e Giordano Bruno (1548-1600) (3), reencarnações,
segundo consta, do mesmo Ego, manifestaram atributos nítidos do sexto Raio, equilibrados e
mesclados por um desenvolvimento incomum das qualidades e forças do terceiro e quinto
Raios. Além disso, cada uma destas grandes almas possuía a força do quarto Raio, relativa a
uma oratória magnífica e à arte literária. Suas vidas terminaram em martírio, evidenciando a
qualidade típica do sexto Raio de estar pronto a tudo sofrer, tudo sacrificar, incluindo a própria
vida, em prol de um ideal e de uma causa.

Pitágoras (540-510 a.C.), filósofo grego e fundador da escola pitagórica, a quem se atribui a
descoberta do teorema de que o quadrado da hipotenusa de um triângulo retângulo é igual à
soma dos quadrados dos outros dois lados, o sistema heliocêntrico e os princípios matemáticos
da música, manifestou em grau notável os poderes intelectuais do terceiro e do quinto Raios,
combinando-os com os grandes dotes de um mestre. Certa tradição esotérica afirma que ele
alcançou a Iniciação, o que o faz patentear em altíssimo grau também as qualidades do
segundo Raio, relativas à sabedoria, ao amor e à compaixão.

Diz-se que a Rainha Vitória era a reencarnação do Rei Alfredo; ambos foram grandes
monarcas e tipos esplêndidos do primeiro Raio. Tennyson é igualmente associado a Virgílio,
cada um deles poeta (terceiro Raio) e artista (quarto Raio), tendo alcançado elevada
experiência mística (segundo e sexto Raios). Gladstone, identificado, quanto à personalidade,
com Cícero, orador, homem de estado e literato romano (106-42 a.C.), manifestou em ambas
as encarnações as qualidades do primeiro, terceiro, quarto e sétimo Raios.

Todo artista bem-sucedido, a quem o amor ao Belo e a aspiração de expressá-lo com perfeição
surgiram cedo na vida, é indivíduo do quarto Raio ou desenvolveu em alto grau as qualidades
desse Raio. A escolha de um ramo ou ramos das Artes, dos meios e modos de auto-expressão
e atuação criativas, é provável que se defina sob a influência dos Raios subdominantes.
Destes, o primeiro e o sétimo Raios tenderiam para a dança e a escultura. Por sua vez, cada
um destes dois mostraria os efeitos da influência do Raio. O balé, por exemplo, tem sido
apontado como uma arte do sétimo Raio, enquanto bailado em solo indica o primeiro Raio.

O desenvolvimento dos segundo e sexto Raios, no caráter do artista, deverá conduzi-lo para a
música e a arquitetura sendo, por sua vez, cada um desses ramos afetado pelas tendências
desenvolvidas de outros Raios. Os grandes compositores diferem sensivelmente na qualidade
de suas composições mas, em todos eles, o terceiro e o quinto Raios precisam também estar
bem desenvolvidos, para propiciar a capacidade de conceber ideias abstratas e de expressá-
las segundo as leis matemáticas.

Os artistas que tenham o terceiro e o quinto Raios como influências subdominantes escolhem
naturalmente a literatura e a pintura, escolhas essas que, por seu turno, expressam-se de
acordo com a influência de outros Raios. O escritor notadamente do quarto Raio talvez se
distinga na poesia, enquanto o pensador puro, o filósofo e o cientista prefiram a liberdade de
prosa.

O pintor do primeiro Raio lidará melhor com panoramas ousados do que com detalhes
intrincados, ao passo que o pintor do quinto Raio empregará mais provavelmente estes últimos.
O abstracionismo num artista indica tendências fortes do terceiro Raio, enquanto clareza e
objetivos inequívocos apontam a influência do quinto Raio. O artista genuíno possuirá o poder
do encanto; através da beleza diáfana, haverá de encantar e deleitar aqueles que são
suscetíveis à sua influência.

Exemplos perfeitos de desenvolvimento pleno, em conformidade com as linhas de um Raio,


são-nos fornecidos pelas vidas e personalidades de Cristo e de Buda. Através de todo o seu
ministério, manifestaram eles, no mais alto grau, a sabedoria, a compaixão, o amor e o sentido
permanente de unidade de todas as pessoas características do segundo Raio. A
correspondência com o sexto Raio emergiu no tipo de morte de Cristo, em que ele sacrificou a
própria vida por amor à verdade. Ele veio para ensinar especialmente o amor fraternal e o auto-
sacrifício.

Se com a máxima reverência ousamos assim nos expressar, juntamente com o grande
Predecessor deles, o senhor Shri Krishna, estas personagens sublimes exprimiram também em
suas formas mais elevadas as qualidades e poderes dos outros cinco Raios: pois, foram
mestres-líderes de homens (primeiro Raio); mestres-filósofos, donos da compreensão completa
(terceiro Raio); mestres-artistas pela beleza de suas vidas, de seus ensinamentos, e da
linguagem com a qual invariavelmente os envolviam (quarto Raio); mestres-cientistas,
possuidores tanto do conhecimento profundo, físico e metafísico, quanto do poder de
demonstrá-lo (quinto Raio); encarnação perfeita de idealismo nobre, com o poder de despertá-
lo nos outros (sexto Raio); mestres-magos, particularmente na maior de todas as magias, a
transformação do caráter e da vida dos seres humanos (sétimo Raio). Algum dia, todos os
homens haverão de atingir semelhante desenvolvimento sétuplo, embora predominem ainda as
qualidades do Raio Monádico.

1 - A doutrina da evolução espiritual do homem, através de vidas sucessivas na Terra, ou


Reencarnação, está implícita ao longo deste livro. Veja-se Reincarnatíon. Factor Fallacy, do
Autor.

2 - Professora de filosofia grega em Alexandria, notável pela sabedoria, beleza e pureza de


vida.

3 - Tido como pensador original e ardoroso, que via Deus como a Alma viva onipresente do
Universo, e a Natureza como a vestimenta viva de Deus.

O Raio Pessoal

Os sete princípios ou componentes da individualidade humana podem ser vistos como


instrumentos, através dos quais se alcançam a auto-expressão e a experiência, mediante
aquela unidade de existência espiritual, às vezes chamada Mônada. Outros títulos são:
Centelha da Chama Divina, Alento do Grande Alento, Cintilação do Grande Sol Espiritual,
Germe Imortal, Espírito Humano, Logos da Alma. Todos eles descrevem, embora
imperfeitamente, aspectos do Habitante misterioso do recôndito mais secreto, que é ao mesmo
tempo unidade e parte inseparável do Espírito Universal.

A Mônada é vista como a fonte do ser humano objetivo e sétuplo. Como indica o título Germe
Imortal, ela é também a semente da "Árvore da Vida" Divina, contendo em si a potencialidade
de todos os poderes daquela Árvore matricial que é a Divindade transcendente e imanente.

Diz-se que a Mônada jamais deixa "o seio do Pai". O Espírito Divino do homem permanece
dentro da Chama matricial durante todo o período de suas manifestações parciais, sob a forma
de ser humano sétuplo. Todavia, ele irradia ou projeta um raio de seu próprio Poder, Vida e Luz
dirigido ao Universo objetivo, que é o seu campo de evolução. Este Raio Monádico resplandece
através de um dos três aspectos da Divindade triúna, e depois através de um ou outro dos sete
Seres Arquiangélicos, pêlos quais aquela Divindade se manifesta externamente como o
Emanante e o Arquiteto de um Universo.

Em consequência dessas associações íntimas, a expressão objetiva da Mônada humana


assume a cor ou a marca dos atributos daquele Aspecto da Divindade e daquele Arcanjo,
através do qual se mostra. Assim, enquanto a potencialidade toda está presente em cada
Mônada, em todas as automanifestações subsequentes, um único atributo terá destaque, uma
única qualidade assumirá preponderância.
A fim de descobrir com certeza nosso próprio Raio ou o de outra pessoa, será, pois, necessário
se elevar em consciência até a própria Mônada, ou pelo menos até a mais alta expressão de
sua individualidade atual, ou seja, a da Vontade Espiritual ou Atma; porque aí a cor do Raio, a
marca Sephiróthica estará manifesta. Somente um ocultista e vidente altamente desenvolvido é
capaz de levar a cabo tal investigação.

Uma vez, porém, que as qualidades do Raio comecem a manifestar-se bastante claramente
nos seres humanos da era atual de evolução, o exame atento do caráter propiciará, em geral,
indicações razoavelmente confiáveis do Raio de uma pessoa. Ao tentar isto, é importante
lembrar que, enquanto os atributos e as qualidades de cada um dos sete Raios estão
presentes em cada pessoa, a fim de alcançar o desenvolvimento completo, o Raio
predominante e a atividade do Raio da personalidade externa pode mudar, vida após vida, ou
mesmo durante uma única vida. Conseqüentemente, é muitas vezes difícil decidir a respeito do
Raio Monádico de nós mesmos ou de outra pessoa. Todavia, há certas indicações que talvez
possam levar à descoberta do Raio da pessoa. Entre elas, está a qualidade predominante do
caráter da pessoa, aquilo que mais se admira no caráter dos outros, o impulso motor ou
finalidade principal da vida, o método para obter os resultados desejados e para enfrentar as
fraquezas, especialmente as mais difíceis de serem erradicadas.

Até que se chegue bem perto da Iniciação, é provável que quase ninguém deixe de manifestar
desigualdades no desenvolvimento. Conquanto talvez se mostre virtuosidade em algumas
direções, habilidade excepcional e qualidades elevadas em outras, é possível também que
sejam discerníveis limitações marcantes. Futilidade quanto a certos assuntos pessoais pode,
por sua vez, manifestar-se em indivíduos notáveis. Juízos malfeitos e falta de tino podem
caracterizar o julgamento e reduzir a eficácia daqueles que, às vezes, talvez manifestem uma
habilidade política do mais alto nível. Desse modo, existem, por assim dizer, no caráter de
homens e mulheres bastante notáveis, mas ainda imperfeitos, montanhas e vales. Aqueles que
atravessam fases primárias de evolução tenderão em geral a manifestar mais os defeitos do
que as qualidades desejáveis dos Raios; mais os vícios do que as virtudes deles, embora estas
últimas resplandeçam em certas ocasiões.

O desenvolvimento do Ego, ou como é às vezes chamado, a idade da Alma, é decisivo na


habilidade para superaras fraquezas. Somente os bem-desenvolvidos ou "Almas velhas" terão
interesse em agir desse modo ou em possuir o poder de ser bem-sucedidos. O tempo
necessário para superar um defeito, uma vez identificado, depende igualmente da idade
evolucionária, de tal modo que a mais avançada permite, frequentemente, que se constate num
instante a manifestação de uma característica indesejável e que, também rapidamente,
consiga-se eliminá-la.

Noutras palavras, o número de vidas terrenas e o progresso atingido na maioria delas


determina se as forças ou as fraquezas, as virtudes ou os vícios, os aspectos positivos ou
negativos dos atributos dos Raios encontrarão expressão predominante nos pensamentos,
motivações, sentimentos e ações habituais.

Se os atributos a seguir mencionados de uma pessoa do quinto Raio são traços marcantes do
caráter de um indivíduo, então seria legítimo assumir a individualidade do primeiro Raio: força
de vontade, determinação e tendência de dominar as vontades e de limitar a liberdade dos
outros; desejo ardente de ocupar posições de poder e capacidade natural para governar e
liderar; uso de força superior na maior parte das situações críticas, muitas vezes
desconsiderando os sentimentos alheios, e tendência de irritar-se quando contrariado.

O reconhecimento de que a felicidade depende da liberdade de pensamento e de ação; a


rapidez em assegurar essa liberdade; a capacidade de tomar decisões sábias e planejar com
inteligência; máxima amplitude de afeições; desejo imenso de proteger, estimular e
proporcionar felicidade aos outros, em particular repartindo os próprios bens; o dom de ensinar
e a satisfação de superar os inimigos, a fim de convertê-los em amigos e colaboradores; as
fraquezas do sentimentalismo e da sensualidade; se estas características se manifestarem em
qualquer pessoa, então se pode dizer, sem erro, que ela se encontra no segundo Raio.
Se ocorrer compreensão rápida das ideias abstratas e do modo de pensar, do intuito e do
caráter das pessoas; a faculdade de exame imparcial; adaptabilidade e tato; a capacidade de
organização, planejamento e ordenação com inteligência perspicaz, e de jogar uma boa partida
de xadrez; gosto pela filosofia; a admiração pêlos grandes filósofos e estrategistas; a agilidade
para compreender e explicar os diversos fenómenos, ligando-os a um princípio fundamental; a
habilidade de entregar-se a longas contemplações e, ocasionalmente, a indecisão, o
desinteresse e a tendência à intriga, até o extremo da fraude sem escrúpulos — caso tudo isso
sejam características marcantes de determinada pessoa, então ela provavelmente se enquadra
no terceiro Raio.

Se houver amor à beleza e à harmonia, e um sentimento natural de ritmo e de equilíbrio; uma


vida dedicada a uma ou outra arte; uma aspiração de espalhar a beleza sobre a Terra; uma
tendência de dramatizar e ilustrar a exposição de ideias com formas rítmicas; certo poder de
fascínio, e a fraqueza da vaidade, da sensualidade e da submissão ao mau-humor, se são
essas qualidades que se destacam, então, isso aponta para o quarto Raio.

Se a mente é analítica e voltada aos aspectos legais, valorizando a lógica acima de tudo; se o
método científico de pensar exerce forte apelo e o estabelecimento de fatos irrefutáveis é um
impulso motor; se mapas e diagramas são utilizados no estudo e no ensino; se a mente
analítica é empregada interminavelmente na comprovação e na busca do fato derradeiro; se as
fraquezas do egoísmo, a crítica excessiva aos outros, o farisaísmo, o pedantismo, a
mesquinhez, o materialismo e a curiosidade indiscreta despontam como características
salientes, então se trata da manifestação de qualidades do quinto Raio.

Caso haja um entusiasmo ardente; um forte sentimento de lealdade; uma certa franqueza em
todos os pensamentos e ações; a capacidade de devotar-se e auto-sacrificar-se, em especial
no trabalho; se a decisão queima dentro da pessoa como força espiritual irresistível, e as
fraquezas do emocionalismo, impulsividade, fanatismo e sensualidade manifestam-se de forma
sólida, então predomina o sexto Raio.

Se a pessoa é atraída pelas ciências ocultas e as manifestações destas através dos rituais e da
magia, e tem um sentido altamente desenvolvido de ordem, sistematização e método; se ela
gosta de combinar muitas influências, a fim de exprimir as ideias e valer-se de modo bem-
sucedido dos sentidos e da inteligência; se o encanto e o esplendor das ideias de
cavalheirismo e fidalguia exercem forte atração; se o instinto de armar-se de forças invisíveis
para a satisfação das necessidades humanas; e as fraquezas do formalismo e do amor ao
poder e às boas posições forem características da índole de alguém, então essa pessoa está
se desenvolvendo, pelo menos nesta existência, dentro do sétimo Raio.

O Raio verdadeiro, importa ter em mente, somente pode ser conhecido depois da determinação
correta da qualidade, natureza e influência da própria Mônada, desse Habitante de nosso
íntimo, que foi o primeiro a receber a marca e a cor de um ou outro dos Sete Espíritos
Poderosos, postados diante do Trono.

O Raio do Ego é também o da Mônada mas, ao longo de sua evolução, o Ego exprime, através
de suas personalidades sucessivas — e, portanto, parece manifestá-las de forma predominante
— as qualidades e poderes de um Raio após o outro. O estudo do Ego através de todas essas
encarnações revelaria, sem dúvida, uma qualidade central ou luz brilhando em meio das
principais atividades e realizações, o que indicaria o Raio Monádico. Cada Personalidade, por
sua vez, é influenciada tanto pelo Raio isolado quanto pelas combinações, produzindo na
natureza humana grande variedade de características, habilidades e fraquezas. Mesmo assim,
o cumprimento absolutamente imparcial das tendências básicas permanentes, em particular na
escolha daquela que é mais apreciada, e o método de obter os resultados desejados, revelarão
em geral o Raio Monádico.

Acompanhemos, por exemplo, sete tipos diferentes de pessoas numa loja, e observemos seus
métodos de compra. Se um freguês está resolvido por uma escolha predeterminada, vai o mais
diretamente possível à seção e ao balcão onde pode obter o que deseja, faz rapidamente o
pedido, espera calmo enquanto o objeto é apanhado e embrulhado, paga e, a passos largos,
vai embora, não se voltando particularmente para a esquerda ou direita — neste caso, tem-se a
manifestação das características do primeiro Raio. Se, além disso, empregou certo esforço
para chegar ao balcão, ou mesmo para chegar à frente de uma fila, e se não da quase atenção
quer aos demais fregueses quer aos vendedores, evidenciando certa rudeza — estes indícios
confirmariam a decisão prévia.

Se, por outro lado, for dada a devida consideração às vontades e à prioridade dos outros
fregueses, e se levar em conta a condição de fadiga e amolação da pessoa que está
atendendo, concedendo-lhe simpatia e tolerância; se for feita uma tentativa no sentido de
conseguir a ajuda e a cooperação desse atendente, dando-lhe uma descrição do que pretende
fazer com o objeto a ser comprado e se, mesmo depois de muito transtorno não conseguir
obter o objeto procurado, pedir desculpas ou comprar outra mercadoria desnecessária apenas
como retribuição, então se trata provavelmente de uma pessoa do segundo Raio.

O indivíduo do terceiro Raio provavelmente dará atenção especial ao local onde está a
mercadoria, como ela está exposta, à decoração do interior ou à embalagem. Terá também
formado uma ideia clara do material, da textura, estilo e cor de sua compra. Uma vez escolhida,
e chegado à loja específica em que mais provavelmente o artigo está disponível, sua atitude
será estritamente impessoal, sendo todas as mercadorias oferecidas, aceitas ou rejeitadas
apenas com base no que lhe for conveniente. Encontrado o artigo desejado, o comprador do
terceiro Raio estará em geral pronto a pagar o preço exigido. A menos que o quinto Raio tenha
também bastante influência sobre ele, não se inclina a regatear os preços nem se deixa
influenciar na escolha, visando levar vantagem. Se os vendedores são incapazes de encontrar
a mercadoria desejada então, sem dar muita importância a seus sentimentos, o freguês se
recusará a comprar.

Quanto à pessoa do quarto Raio, é muito provável que se preocupe com a beleza dos objetos a
serem comprados. Conquanto capaz de empregar o método de qualquer dos Raios no
planejamento, decisão e execução de uma compra, o fator decisivo será a graça, o encanto. O
tratamento dado ao vendedor dependerá quase que totalmente da disposição física do
comprador no ato, podendo variar de uma afabilidade sedutora até a desconsideração
completa a qualquer outro sentimento que não sejam os seus próprios. Na escolha pessoal da
cor, o fundo ganha considerável importância. Certos matizes e sombras são mesclados
habilmente, a fim de produzirem um resultado eficaz de cor. É provável que os sub-Raios
influenciem a escolha destas cores, embora exista a probabilidade de o verdadeiro artista
desejar empregar qualquer das cores, em qualquer tom, de modo a alcançar o efeito esperado.

É provável que a pessoa do quinto Raio manifeste uma rigorosa atenção aos detalhes. Não
apenas o plano geral da operação terá sido claramente definido, mas também se terá decidido
sobre a cor exata, a forma, o tamanho do artigo ou material. Modelo ou padrão tanto da textura
quanto da cor será muitas vezes usado como guia, insistindo-se principalmente quanto à
exatidão desses detalhes. O preço é importante, e às vezes o preço baixo do produto, ou a
possibilidade de barganha influenciam a escolha. É provável que se façam comparações com
mercadorias semelhantes de outras lojas, vencendo quem vende mais barato. O pedido será
atendido da forma mais exata possível, e quando for preciso proceder alguma alteração, esta
será verificada com extremo cuidado.

As excursões de compra podem exercer pressão considerável sobre a paciência daqueles cujo
auxílio é buscado pelas pessoas do quinto Raio, que procuram o que comprar. Mesmo se o
artigo desejado é encontrado na primeira loja que se visita, impõe-se percorrer ainda outras
lojas onde mercadorias de características quase iguais possam estar sendo vendidas. É
possível que a confusão e a indecisão resultantes sejam incómodas, em especial aos amigos
com os quais o primeiro e o sétimo Raios se associam, a fim de utilizara capacidade de tomar
decisões rápidas.

Provavelmente as pessoas do sexto Raio, bem como seus irmãos do segundo, procurariam a
vivacidade das cores. A não ser quando perseguindo apenas uma única ideia, ou
esporadicamente levados por um desejo dominante, eles serão amáveis e atenciosos em suas
relações com os vendedores. São mais universais do que particulares em suas escolhas, tanto
das mercadorias quanto das lojas, sendo provável que sofram influência do que vêem ou
manifestam, ou da pressão que recebem de vendedores persuasivos. Provavelmente não
serão tão decisivos nesses assuntos, como os que são influenciados pelo primeiro, terceiro e
quinto Raios, podendo, em consequência, tornar-se pessoas algo difíceis de serem atendidas.
Tendem a ser influenciados pelo que ocorre durante as compras, e especialmente peio
tratamento que recebem tanto dos demais fregueses como dos vendedores.

Situações desagradáveis talvez os levem a agir de um modo totalmente ilógico, a ponto de, por
ressentimento, recusarem-se a comprar um artigo obviamente adequado.

As pessoas do sétimo Raio tenderão a buscar a perfeição em tudo que compram,


particularmente em roupas pessoais, em adornos e na decoração da casa. Poderão, de fato,
ser descritas como perfeccionistas. Beleza, graça, adequação e certo luxo são suas
características marcantes. Assemelham-se a seus irmãos do primeiro Raio no relacionamento
com os companheiros, sendo naturalmente corteses, atenciosos e compreensivos com os que
se relacionam. O preço dificilmente os influencia em qualquer circunstância, tendendo eles a
oferecer em pagamento soma maior do que a pedida, e a aceitar alterações sem se
preocuparem demasiado em analisá-las. Há certa generosidade principesca no caráter e no
comportamento das pessoas do sétimo Raio.

Uma qualidade particular e, em geral, tida como altamente desejável pelas pessoas de cada
um dos sete Raios. Para as do primeiro Raio é o poder; para as do segundo, a sabedoria; para
as do terceiro, a compreensão; para as do quarto, a beleza; para as do quinto, o conhecimento;
para as do sexto, a dedicação ímpar; para as do sétimo, a ordem.

O conhecimento dos sete Raios é útil para a compreensão dos outros, especialmente daqueles
cuja abordagem de vida, cujos métodos para alcançar os fins desejados e o destino final
diferem dos nossos. Tal conhecimento pode aplicar-se àqueles que possuem uma das virtudes
mais elevadas.

Trata-se da tolerância ampla, nascida da compreensão profunda, relativa aos ideais e às ações
de outros povos e de outros indivíduos. Esta virtude está primorosamente expressa nas
palavras do Senhor Shri Krishna, ao falar como uma encarnação de Vishnu, o Segundo
Aspecto da Trindade Sagrada: "Seja como for que os homens se aproximem de mim, eu
sempre os acolho bem, porque o caminho que os homens seguem de todos os lados é Meu."
(Bhagavad-Gita, IV:11.)

Método de Meditação

Trata-se da tolerância ampla, nascida da compreensão profunda, relativa aos ideais e às ações
de outros povos e de outros indivíduos. Esta virtude está primorosamente expressa nas
palavras do Senhor Shri Krishna, ao falar como uma encarnação de Vishnu, o Segundo
Aspecto da Trindade Sagrada: "Seja como for que os homens se aproximem de mim, eu
sempre os acolho bem, porque o caminho que os homens seguem de todos os lados é Meu."
(Bhagavad-Gita, IV:11.)

MÉTODO DE MEDITAÇÃO

Preparação

Corpo relaxado.
Emoções em harmonia.
Mente alerta e munida de vontade.
Centro da consciência firmado no Eu Superior, na Alma Espiritual, no Ego Imortal.

Dissociação
Afirmar e imaginar mentalmente:

Eu não sou um corpo físico.


Eu sou o Eu Espiritual.
Eu não sou as Emoções.
Eu sou o Eu Espiritual.
Eu não sou a Mente.
Eu sou o Eu Espiritual.

Meditação

Eu sou o Eu Divino. (Pense na Mônada.)


Imortal.
Eterno.
Radiante pela Luz Espiritual.
Eu sou aquele Eu de Luz, aquele Eu sou eu.
O Eu em mim, o Atma,(1) é um com o Eu em tudo,
o Paramatma.(2)

Eu sou aquele Eu em tudo; aquele Eu sou eu. 


O Atma e o Paramatma são um.
Eu sou AQUELE. AQUELE sou eu.

Encerramento

Traga o centro da consciência:

Para a mente formal, iluminada e suscetível à intuição; Para as emoções, radiantes da Luz
Espiritual; Para o corpo, fortalecido pela Vontade Espiritual, vitalizado interiormente, e Auto-
reanimado ao longo do dia, recordando a presença Divina no coração, o Soberano Interior
Imortal, estabelecido no coração de todos os seres. Relaxe a mente e permita que o efeito de
elevação da meditação se derrame pêlos estudos e atividades de vida do dia.

(Para outras explanações e comentários, veja-se: A Yoga of Light, de Geoffrey Hodson, T. P.


H, Adyar, Madras, 600010, índia.)

1 - Atma. Sânscrito. A Essência-Espírito do homem.

2 - Paramatma. Sânscrito. A Essência-Espírito do Universo, sua Inteligência orientadora, o


Logos Solar, Nosso Senhor, o Sol.

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