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Se o réu é primário e possui bons antecedentes, o juiz pode, mesmo assim, negar
o benefício do art. 33, § 4º da LD argumentando que a quantidade de drogas
encontrada com ele foi muito elevada? O tema é polêmico. 1ª Turma do STF:
encontramos precedentes afirmando que a grande quantidade de droga pode ser
utilizada como circunstância para afastar o benefício. Nesse sentido: não é crível
que o réu, surpreendido com mais de 500 kg de maconha, não esteja integrado, de
alguma forma, a organização criminosa, circunstância que justifica o afastamento
da causa de diminuição prevista no art. 33, §4º, da Lei de Drogas (HC 130981/MS,
Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/10/2016. Info 844). 2ª Turma do STF: a
quantidade de drogas encontrada não constitui, isoladamente, fundamento idôneo
para negar o benefício da redução da pena previsto no art. 33, § 4º, da Lei nº
11.343/2006 (HC 138138/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
29/11/2016. Info 849). STF. 2ª Turma. RHC 138715/MS, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 23/5/2017 (Info 866). STF. 2ª Turma. RHC 148579 AgR,
Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 09/03/2018. STJ. 5ª Turma. AgRg-
AREsp 1.292.877, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 16/08/2018.
STJ. 6ª Turma. AgRg-REsp 1.763.113, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
27/11/2018.
Condenação por tráfico pode ocorrer mesmo que não haja apreensão da
droga? Existem diversos julgados que afirmam que a condenação não pode
ocorrer se não houve a apreensão da droga: É imprescindível a apreensão da
droga para que a materialidade delitiva, quanto ao crime de tráfico de drogas,
possa ser aferida, ao menos, por laudo preliminar. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp
1655529/ES, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 06/10/2020.
Hipótese em que o édito condenatório pelo delito do art. 33, caput, da Lei n.
11.343/2006 está amparado apenas em testemunhos orais e informações
extraídas de interceptações telefônicas. Não houve a apreensão da droga e,
obviamente, inexiste o laudo de exame toxicológico, único elemento hábil a
comprovar a materialidade do delito de tráfico de drogas, razão pela qual impõe-se
a absolvição do paciente e demais corréus. STJ. 5ª Turma. HC 605.603/ES, Rel.
Min. Ribeiro Dantas, julgado em 23/03/2021. Vale ressaltar, no entanto, que
também são encontrados inúmeros outros acórdãos em sentido contrário, ou seja,
afirmando que outras provas podem suprir a falta de apreensão: A ausência de
apreensão da droga não torna a conduta atípica se existirem outros elementos de
prova aptos a comprovarem o crime de tráfico. STJ. 6ª Turma. HC 131455-MT,
Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 2/8/2012. A materialidade do
crime de tráfico de entorpecentes pode ser atestada por outros meios idôneos
existentes nos autos quando não houve apreensão da droga e não foi possível
realizar o exame pericial, especialmente se encontrado entorpecentes com outros
corréus ou integrantes da organização criminosa. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp
1116262/GO, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 06/11/2018. A ausência de
apreensão da droga não torna a conduta atípica se existirem outros elementos de
prova aptos a comprovarem o crime de tráfico. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp
1662300/RN, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 16/06/2020. Esta
Corte já se manifestou no sentido de que a ausência de apreensão da droga não
torna a conduta atípica se existirem outras provas capazes de comprovarem o
crime, como no caso, as interceptações telefônicas e os depoimentos das
testemunhas. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1471280/SC, Rel. Min. Joel Ilan
Paciornik, julgado em 26/05/2020.
Para a aplicação do art. 40, inc. VI, da Lei n. 11.343/2006, é necessária a prova de
que a criança ou adolescente atua ou é utilizada, de qualquer forma, para a prática
do crime, ou figura como vítima, não sendo a mera presença da criança ou
adolescente no contexto delitivo causa suficiente para a incidência da majorante.
A prática anterior de atos infracionais pode ser utilizada para afastar a causa
de diminuição do art. 33, § 4º ? Atualmente, temos uma divergência no STF.
Para a 1ª Turma do STF: SIM. É possível a utilização da prática de atos
infracionais para afastar a causa de diminuição, quando se pretendeu a aplicação
do redutor de pena do do § 4º do art. 33 da Lei 11.343/2006. Isso não significa que
foram considerados, como crimes, os atos infracionais praticados. Significa,
apenas, que o contexto fático pode comprovar que o requisito de não dedicação a
atividades criminosas não foi preenchido. Isto porque, tudo indica que a intenção
do legislador, ao inserir a redação foi distinguir o traficante contumaz e profissional
daquele iniciante na vida criminosa, bem como daquele que se aventura na vida da
traficância por motivos que, por vezes, confundem-se com a sua própria
sobrevivência e/ou de sua família. STF. 1ª Turma. HC 192147, Rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 24/02/2021. Para a 2ª Turma do STF: NÃO. A prática anterior
de atos infracionais pelo paciente não configura fundamentação idônea a afastar a
minorante do § 4º do art. 33 da Lei 11.343/2006. Constata-se que a prática de atos
infracionais não é suficiente para afastar a minorante, visto que adolescente não
comete crime nem lhe é imputada pena. Nos termos do Estatuto da Criança e do
Adolescente, as medidas aplicadas são socioeducativas e objetivam a proteção do
adolescente que cometeu infração. Assim, a menção a atos infracionais praticados
pelo paciente não configura fundamentação idônea para afastar a minorante. STF.
2ª Turma. HC 191992, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 08/04/2021.