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A VISÃO ILUMINADA
Deus acorda em você!
INTRODUÇÃO
O mundo de hoje, mais do que nunca, precisa curar sua síndorme de separação. As
pessoas tem se sentido sós, separadas, ilhas isoladas umas das outras, porque por muito
tempo cultivamos uma ideologia de medo e de falta de autoconhecimento. Quando não
nos conhecemos integralmente, o que somos não pode nos proporcionar uma vida
completa.
O homem moderno está aleijado de uma parte de seu ser – sua essência espiritual.
Quando pudermos ver a vida de uma forma inteira, onde o espírito e a matéria, a
consciência e a mente andem juntas, criaremos pontes sólidas de amor e sabedoria,
compaixão e ajuda mútuos, que poderão dar início a uma nova fase da humanidade
sobre a terra.
O grande ímpeto é poder transcender os padrões limitados gerados por gerações inteiras.
Nosso desafio é levar a mensagem a todos os cantos do planeta, porque nossa vida
depende do quanto podemos crescer em consciência e sabedoria, o quanto podemos
realmente sermos irmãos neste universo rico de experiências únicas e surpreendentes. A
visão da Não-dualidade exposta brevemente neste livro pode ajudar a clarear o chão
para muitas questões de nossas vidas. Ela nos leva às grandes descobertas da física
quântica e aos sábios mais intuitivos que a humanidade já teve. Compreender e viver a
Não-dualidade é tecer uma nova rede em nossa visão - a de que somos todos UM. E
como somos emaranhados pela energia da vida, podemos reconhecer esta posição como
uma nova possibilidade para estarmos vivos, como um novo significado e uma nova
perspectiva da vida em sua plenitude e liberdade.
Antes do Big-Bang, antes do universo, os cientistas dizem: havia apenas uma energia
em potencial, o que os místicos sempre chamaram “o grande vazio”, o “nada original”.
Mas os sábios de todos os tempos sempre souberam que o nada não é realmente algo
negativo, não é a “ausência” de tudo.
O que Buda estava dizendo há 2600 anos atrás quando dizia que a “forma é vazio e
vazio é forma”, e de que “samsara é nirvana”? Ele estava de alguma maneira intuindo o
que os cientistas modernos estão comprovando em laboratórios: tudo o que existe vem
de um vazio criativo, e este vazio criativo e fecundo se manifesta também como matéria
e mente. Assim, o vazio vive na forma como uma pessoa e experimenta a vida em todas
as suas dimensões. Se concebermos qu este vazio criaitco é o “Deus” que as religiões
criaram, então tudo comeã a se encaixar perfeitamente. Somos o vazio vivendo como
seres humanos. Somos Deus vivendo encarnado na terceira dimensão, como minerais,
plantas, animais, homens e mulheres...
Somos moléculas e células exatamente nesse instante. Precisamos ver estas células para
saber disso? Não. Precisamos ver os átomos para saber que nosso corpo é feito por
átomos nesse exato instante? O que precisamos é compreender, intuir. E a partir dessa
compreensão viver de uma outra perspectiva, para que esta nova visão de alguma
maneira mude a rede neural em nosso cérebro e possa ampliar nossos limites e aumentar
nosso senso de liberdade, para que possa nos dar um mundo mais vasto e mais cheio de
significado, sem os bloqueios cognitivos da nossa herança genética como seres
humanos.
Este vazio criativo está neste momento aqui. Tudo está se expressando desse vazio. De
alguma maneira a mente foi feita para transformar o vazio (possibilidade infinitas de
onda, como dizem os físicos quânticos) em corpos e mentes que experienciam o mundo
(experiências de partícula).
O que este ensinamento nos dá de presente? A perceção de que tudo é unificado, único,
uma energia pura e perfeita, e que no mundo manifesto da criação, tudo está em
constante evolução e movimento. Esta energia está criando e convidando o que ela criou
(você) a co-criar com ela. Ou seja, uma parte de nós mesmos é vazio criativo, outra
parte de nós mesmos torna-se a vida, se tornando auto-consciente no ser humano,
quando nasce a mente e a capacidade cognitiva do cérebro. Uma pessoa humana é o
vazio se tornando auto-consciente. Quando percebemos a beleza disso, passamos a olhar
para a vida de uma outra forma, e percebemos que tudo que existe à nossa volta, em
verdade, num outro prisma de consciencia, está totalmente emaranhado e junto como
uma teia de aranha. Tudo se toca. Tudo vibra junto. Somos todos Um. Somos todos
Consciência Universal. Se quisermos realmente paz, ela terá que ser buscada em nós
mesmos, no fundo da mente, em um espaço chamado consciência, em um espaço de
pura presença.
Estamos entrando numa fase da humanidade onde estes segredos não são mais místicos
ou desconhecidos. Cientistas, psicólogos, biólogos e professores de meditação do
mundo inteiro estão percebendo que os segredos da mente humana e da vida no
universo estão aos poucos tomando uma dimensão fantástica. Antigamente, tudo era
explicado pela religião. Por isso, muitas crenças e dogmas, superstições e credos foram
inseridos, de forma que muitas pessoas, principalmente as mais inteligentes e
questionadoras, passaram a formar uma certa “oposição” com a classe dita “religiosa”,
passando a ser chamar muitas vezes de “ateus”.
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Valores como bondade, amor, compaixão, serenidade, silêncio e paz interior, são
aspectos essenciais da natureza de todo ser humano. Estes valores não são inseridos de
fora pra dentro, mas são partes de nossa psique, de nosso cérebro. Os novos tempos
clamam pela espiritualidade e o autoconhecimento, muito devido às inúmeras formas
errôneas que já vimos as religiões se manifestar, com seus fanatismos e
fundamentalismos, provocarando guerras e disseminando separação e hostilidade.
Este livro é uma tentativa modesta de trazer algumas reflexões sobre o panorama
espiritual que tenho vivido nesses anos de prática, compartilhar as visões profundas dos
sábios iluminados que tenho entrado em contato, as correntes místicas e espiritualistas, a
visão de que a criatura e o criador nunca estiveram separados, a noção de que a mente e
a consciência são dois aspectos de um só fenômeno, e do ensinamento de que estamos
evoluindo para uma maior compreensão de QUEM SOMOS NÓS e uma nova visão de
nossa posição no universo material e espiritual. Procurei mostrar que a meditação, o
autoconhecimento e a busca espiritual são simplesmente estratagemas divinos da
própria Inteligência Infinita para provocar um novo pico de evolução na consciência
humana. Quanto mais conhecermos isso, mais co-criadores deste movimento de vida
seremos. E ser um co-criador do universo é o que traz felicidade e bênçãos infinitas...
Sambodh Naseeb
2008
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A BUSCA ESPIRITUAL
Em meio a tudo isso, no intuito de não ficar esperando por uma inspiração que não
vinha, resolvi ganhar uma grana na área de vendas novamente.
Certa vez, no meio da tarde de um dia quente de verão, uma idéia me veio à cabeça.
Peguei o guia telefônico e selecionei uma empresa para visitar e deixar mais um
currículo: Vale Restaurante do Brasil. O interessante foi que, quando cheguei lá, a
secretária me informaria que justamente naquela semana estavam selecionando pessoas
na área em que eu procurava. Imagine o meu sorriso interior entrando na sala do diretor
da empresa com meu currículo na mão.
O Sr. André Fraga me apontou a cadeira para sentar, quando de relance vi um livro do
mestre espiritual Osho, por sobre a mesa. Nesse momento, quase que por instinto, eu
disse: “Olha o Osho”, e ele me olhou com os olhos brilhando e perguntou: “Tu conheces
o Osho?” demonstrando que se surpreendia por alguém também participar de seus
gostos exóticos. Há pouco tempo eu tinha lido uma frase do Dalai Lama sobre ele
dizendo: “Osho é um mestre iluminado que está trabalhando com todas as
possibilidades para ajudar a humanidade a superar uma difícil fase no
desenvolvimento da consciência.”
O fato era que naquele tempo o mestre ainda era muito obscuro no Brasil (na verdade
ainda é, porque é muito difícil entender o Osho pelos livros sem participar da vivências,
dos grupos e das meditações). O fato é que eu vi uma linda e profunda oportunidade de
crescimento, e foi o que aconteceu. Em 1988, quando fazia jornalismo e filosofia, havia
conhecido seus livros, mas na época o considerava apenas um “filósofo anarquista”
mais do que propriamente um mestre espiritual.
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O Sr. André então, num sinal de pura descontração com a descoberta, pediu que me
aproximasse e olhasse em seu “lep-top” os livros e o material inédito que ele tinha do
mestre. Ficamos por muito tempo olhando e conversando sobre o assunto. Eu estava
surpreso de encontrar uma pessoa no mundo dos negócios que se interessava muito
pelas palavras espirituais de um mestre indiano incomum e controverso. Ali nascia uma
parceria que duraria dois anos. Quando terminamos a conversa, nem mais lembrava de
que eu estava ali para me candidatar a uma vaga de emprego. Foi muito engraçado.
Levantei da cadeira, falei algumas coisas sobre mim mesmo, deixei o meu currículo, e
ele olhou para mim e disse: “Segunda-feira esteja aqui às 8h da manhã. Começaremos o
teu treinamento”.
Saí para a rua com uma sensação maravilhosa. Primeiro porque tinha conseguido um
emprego que há tanto tempo buscava, e segundo porque havia encontrado algo em
comum com o próprio diretor da empresa, o que me motivava ainda mais, e certamente
estreitaria os nossos laços de nossa amizade e trabalho. O que na verdade veio a
acontecer logo depois.
Nos dois anos em que lá estive fiz muitos amigos e tinha um prazer muito grande em
trabalhar com aquelas pessoas. Os diretores, Sr. Érico e André Fraga, criavam um clima
muito familiar e amigo, e nos sentíamos todos como uma grande família.
O mais importante de tudo é que acabei conhecendo, como conseqüência, o Osho Bholi
Meditation Center, um espaço em Porto Alegre onde se praticava as técnicas de
meditação e os grupos terapêuticos que Osho desenvolvera.
Naquela época o espaço era coordenado por Swami Prahful, discípulo do mestre e
advogado, que cedeu parte do seu prédio para um antigo sonho: reunir amigos e
discípulos do mestre para compartilhar amizade, amor e crescimento de consciência.
A primeira meditação que fiz naquele espaço foi a “Kundalini”. Saí do salão com uma
sensação interior de completa limpeza, suavidade, gratidão e silêncio. Eu estava no
lugar certo na hora certa. Tudo se encaixava como luva. O lugar era perfeito. As pessoas
tinham buscas afins, e fiquei fortalecido para ir ainda mais fundo na minha jornada.
Aprendi que a essência da busca espiritual era algo essencialmente prático. Eu já havia
me decepcionado muito com pessoas que apenas “falavam” de espiritualidade, como se
tratasse de algo puramente abstrato, teórico ou esotérico.
“Há profundezas e mais profundezas a serem descobertas depois que a mente entra na
corrente, depois que a mente está aberta em direção ao infinito”, dizia o professor
budista Jack Kornfield. A partir de então, há um mundo de experiências lindas e
magníficas que esperam por você.
Sentir felicidade e paz sem nenhuma causa era algo muito estranho para mim naquele
momento. Sempre imaginamos que a felicidade é decorrente de algo que ganhamos,
conquistamos ou conseguimos. Mas aprendi que a real felicidade dentro de mim
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mesmo, e que pode me acompanhar em todos os momentos de minha vida, porque esta
felicidade é a compreensão de que o sagrado e o divino formam a essência de tudo, de
mim, de todos, e de todas as coisas do universo exatamente agora.
RENASCIMENTO
Ao invés de trancar a respiração eu respirei ainda mais fundo, ainda mais rápido. De
repente, desapareci mesmo. Acho que minha mente entrou em outra freqüência, porque
não lembro de nada, e quando fiquei consciente do meu corpo novamente, percebi que a
terapeuta estava ao meu lado, me olhando com os olhos atentos para ver como eu
estava. Dei um sorriso. Mais tarde, ela pediu que eu levantasse e me olhasse no espelho.
BIODANÇA
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Outro grupo que comecei entusiasticamente na época foi o de Biodança. Foram aulas
realmente maravilhosas, de novas e surpreendentes descobertas com o meu corpo, com
a sensualidade, com a minha vitalidade, com o relaxamento.
Este processo me ajudou a soltar o meu corpo reprimido e a aprender que eu podia amar
e abraçar as pessoas sem medo de me sentir rejeitado.
Dançar era algo que eu nunca me havia dado oportunidade. Tinha uma crença de que
dançar não era algo que me daria prazer, e sentia que meu corpo era muito
desengonçado e atrapalhado para me soltar. Desde pequeno implicava muito com meu
corpo, e sempre me sentí muito mal com ele. A insatisfação com relação a meu corpo
deu origem a muita timidez, insegurança e isolamento. Como seria interessante se
muitas pessoas soubessem o quanto é importante um bom relacionamento com seus
corpos. Hoje me dou conta do quanto nossos corpos são esquecidos, rejeitados e
abandonados por nós.
REIKI
Em 1994 conheci também o Reiki, ao entrar em contato com os mestres Shanti e Gyano.
Esse casal amoroso foi muito importante no meu caminho de autocura. Eu gostava
muito da energia com que eles trabalhavam, muito delicada, com rara suavidade, leveza
e simplicidade. Lembro de como eu ficava meditativo nos encontros, com o
relaxamento e profundidade com que era transmitido o Reiki por eles.
Foi magia pura desde a primeira vez que tomei contato com a técnica. Reiki, que para
quem não conhece, é um trabalho energético através da imposição de mãos que
harmoniza os chakras, trazendo calma, sensibilidade, amorosidade e relaxamento.
Trabalhei em mim mesmo durante um bom tempo e depois fiz o Reiki II com eles, onde
aprendi alguns símbolos para que pudesse curar à distância e ainda aumentar ainda mais
a força da energia.
MÚSICA
A música sempre fez parte da minha vida. Compor letras, poesias, músicas, cantar...
Agora posso compartilhar a minha visão da vida através da arte e da beleza. A música é
uma meditação natural. Meu violão é meu companheiro de vida, amizade e alegria
desde os meus 15 anos.
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Uma das meditações que mais gosto é simplesmente me sentar, fechar os olhos, e
escutar música. A consciência se derrama e a sensação é de flutuação e derretimento,
como se o som e o corpo fossem a mesma melodia. Ouvir é uma das meditações mais
profundas. Simplesmente ouvir tudo sem julgamento. Parar e ouvir a natureza. Parar e
ouvir a vida. Sem meta, sem avaliar, sem idéias. Ouvir como se ouvisse música.
REVERÊNCIA AO AMOR
Fui me envolvendo nos processos de terapia em grupos e meditava todos os dias. Minha
vida se transformou em meditação e processos de autoconhecimento constantes. Onde
quer que eu estivesse havia um ensinamento. Na conversa com um amigo, no passeio
solitário, no apreciar a vida, na leitura de um livro, no amor da amada...
Quando passamos a ver o quanto a vida ensina a cada segundo, o medo desaparece. O
medo criado pela mente confusa desaparece. Aquele medo criado pela falta de
confiança vai embora. Afinal, medo é falta de atenção á Fonte, que está no momento
presente, em você mesmo.
Sentia-me com essa presença. Sentia-me feliz, completo, cheio de alegria por estar num
relacionamento lindo com uma pessoa que também estava iniciando este caminho
interior.
Minha amada companheira se juntou a mim com todo o ímpeto nas práticas de
meditação, tantra (meditação baseada no sexo amoroso consciente) e na leitura de livros
e estadas em grupos terapêuticos.
Ela era simplesmente tudo que eu tinha pedido a Deus naquele momento, porque
impulsionava ainda mais a minha busca interior pela meditação. Líamos juntos,
meditávamos juntos, e havia uma magia que nos cercava, e um clima de vida e parceria
maravilhosos. Era profundamente encantador estar em sua presença. Estavam instalados
o amor e a meditação em nossas vidas, como duas asas rumo à imensidão... Até hoje
esta macia aura de presença é um perfume que cerca o nosso relacionamento...
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Hoje penso o quanto este início de relacionamento foi precioso na minha vida, no
momento certo, na medida certa para aprender detalhes sobre a intimidade, a
transparência e a honestidade.
A gratidão por ela seria, a partir de então, sempre reverenciada. Ela me ensinaria a abrir
os olhos para todas as pessoas, e o que cada movimento meu, diante das pessoas,
poderia me ensinar sobre mim mesmo. Estar iluminado é sentir-se cheio de pessoas
sagradas em volta. Com a sua presença na minha vida, a meditação virou puro tantra,
essencialmente o amor divino trazendo o silêncio.
O CAMINHO DA MEDITAÇÃO
Começar a olhar para meus sentimentos e ser responsável por eles, ao invés de colocar a
culpa no destino, nos pais, nos outros, ou na sociedade, foi uma grande luz. Comecei a
perceber que minha mente é que determinava o que eu pensava. Se estava centrado,
presente, vivendo na presença do momento, então tudo estava em paz. Estar meditativo
é exatamente estar na sintonia do momento.
A minha vida começou a girar em torno disso. Em meados de 1995 deixei meu emprego
fixo e comecei a me dedicar à música, com shows de violão e voz. O meu canto e meu
dedilhar no violão se tornavam outra meditação, e aprendi a curtir o relaxamento de
tocar para pessoas e sentir a vibração que aconteciam nos shows.
O GRUPO BIO-ZEN
Alguns anos praticando meditação geram uma vontade imensa de que outros também
conheçam esta arte maravilhosa. Estava começando a me dar vontade de criar um
trabalho para compartilhar o que vinha aprendendo.
Em 1998, tinha finalmente decidido dar um workshop para ensinar pessoas a meditar.
Era minha primeira experiência com um grupo. Ocorreu tudo maravilhosamente! Havia
umas vinte pessoas inscritas. O pessoal adorou e as coisas aconteceram num ritmo
fluente.
Foi assim que depois do workshop, eu e minha amada tivemos a idéia de alugar um
espaço e criar um lugar de meditação onde pudesse convidar amigos para praticar junto.
Assim, depois de algumas semanas após o workshop, criamos o hoje conhecido como
BIO-ZEN, o espaço para o ensino da meditação.
Surgiu a vontade de criar um grupo de meditação onde pudéssemos nos reunir um dia
por semana para trocar ensinamentos e aprendizados. Assim, até hoje, o Grupo Bio-
Zen se encontra para mergulhar no silêncio e na paz de nossa verdadeira natureza
espiritual.
Aos poucos fui gostando do trabalho de facilitador e terapeuta. Quanto mais grupos
ministrava, mais vontade tinha de continuar.
PRIMEIRA PALESTRA
Havia uma livraria na cidade onde palestras aconteciam regularmente. Falei com a dona
da livraria e marquei uma palestra. Divulgamos no jornal e para amigos mais chegados.
Era a minha primeira palestra com um público que não fosse o do grupo.
Um pouco antes de começar, quando todos ainda estavam se ajeitando, eu percebia meu
estado de espírito. Estava calmo, tranqüilo, como se já viesse fazendo aquilo há anos. Só
uma coisa me vinha em mente: “Faça simplesmente com amor. Dê todo o amor que
puder. Não se importe com a forma, mas com a essência de amor que vai junto com as
palavras”...
Assim, naquele dia, aprendi que não importava o que eu fizesse, mas sim em como eu
estava inteiro no momento em que fazia. Estava no amor? O que o amor faria quando
fizesse isso? O que o amor faria?...
momento.
A presença do amor não vê nada como uma luta. A presença divina vê tudo como uma
brincadeira criativa de Deus. Não é luta, mas um fluir criativo na vida.
OS GRUPOS DE CRESCIMENTO
Entregamos a nossa força quando pensamos que os outros tem poder sobre nós. “Ele fez
isso comigo. Ele não devia ter feito isso comigo. Por que ele fez?”, e assim por diante.
A vítima entrega o seu poder ao outro. Em outras palavras estamos dizendo que os
outros são responsáveis. Mas ninguém é responsável por nossa vida. É quando
perdemos de ancorar na responsabilidade que começa a ilusão do ego. Ser responsável é
saber que é minha escolha ficar nisso ou sair disso, é minha escolha amar os muros da
prisão de minhas idéias limitantes ou ver as novas possibilidades e as novas escolhas
que nascem da consciência alerta que eu sou agora.
Desde que comecei a praticar meditação em grupo, percebi que ela auxilia como um
espelho. É um modo de ver nossa mente funcionando e tudo que ela cria através da
conexão com os outros, que proporciona que vejamos melhor a nós mesmos. Vemos
raivas, medos, problemas, defeitos nos outros que não queremos ver em nós mesmos.
Então o outro pode ajudar se você estiver consciente disso. Se estiver consciente de que
o outro é uma fonte para você se ver, então pode dar o salto.
Iluminação é viver a vida com graça! Quando você está entregue, solto, inocente,
espontâneo e aceita as polaridades da vida sem impedimento, sem aversão ou apego,
apenas aceitando o momento, isto é GRAÇA.
O tempo vai passando e começamos a perceber que o que temos e conquistamos não
tem nos dado paz duradoura a não ser em alguns momentos que se seguem a uma nova
conquista.
Ela pode ser infeliz por ter de “bancar” e manter a imagem de uma pessoa que não é,
para que todos a aprovem. Ela pode ser infeliz porque é um sucesso para o mundo, mas
não para ELA mesma. Poderá ser infeliz porque imagina que está enganando a todos,
mas nunca poderá enganar a si mesma. Ela pode ser infeliz porque, apesar de ter tudo o
que sempre pensou, não tem o amor e o respeito por si mesma porque não conhece sua
essência mais íntima que é a verdadeira conexão com a paz divina.
Esta pessoa pode tratar a todos gentilmente, mas pode não ser gentil consigo mesma.
Ela pode querer o bem dos outros, mas pode se por sempre em último lugar. Ela pode
achar que todos merecem o seu amor, mas pode duvidar se ela mesma merece o amor da
vida e de Deus para ser iluminada e totalmente feliz.
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FELICIDADE É SER
O estado natural de medo e desaprovação interior faz com que fiquemos carentes e
desejosos de ser amados e aprovados por todas as pessoas. Isto faz com que fiquemos
enredados em um pequenino mundo dos desejos pessoais – os desejos do ego. Este
mundo é o mundo do “falta”. Sempre falta alguma coisa para a grande maioria das
pessoas. “Ainda” não é possível ser feliz, dizem. Só amanhã. No futuro quem sabe. Mas
hoje ainda não. A mente sempre está pedindo mais. Este mundo dos desejos é um
mundo incompleto, porque os desejos do ego são infinitos, e nada o alimenta.
Acabamos por nos tornar extremamente auto-centrados. A nossa carência fica o tempo
inteiro cobrando mais e mais aprovação. Essa carência interior nos transforma em
mendigos, implorando uma migalha de carinho e atenção de todos. Essa carência
interior é o corpo de dor, que quando tocado, você reage de forma quase instintiva. Dor
emocional acumulada.
Mas você só pode amar se tiver amor e estiver livre do passado emocional negativo.
Mendigar amor, pedir amor, implorar por ser amado, é um estado de escravidão
constante. Para obter paz e amor, tenho de ter amor em mim mesmo primeiramente.
Tenho que bancar este amor e este respeito por mim mesmo. O respeito por mim mesmo
vai refletir no respeito que terei com os demais. O respeito por este “mim mesmo” é o
respeito pela essência que sou. Preciso amar aquilo que sou em essência, que é eterno e
imutável? Assim este amor pelo eterno se derrama na vida diária sobre a personalidade.
Para amar o que sou preciso conhecer este que Sou em essência, e esta é a essência do
ensinamento. Como posso amar o que não conheço, não é mesmo?
a. Prática de Meditação
b. Purificação emocional
c. Boas companhias (comunidade espiritual)
d. Estudo dos ensinamentos
e. Satsangs
Observar a mente é perceber na ação da vida diária suas crenças negativas e emoções
aflitivas. Essa consciência transforma as energias de medo em amor e dinamizam sua
energia para algo criativo que possa deixar o mundo ainda mais belo. Tudo isso
acrescido do estudo dos ensinamentos pode operar milagres em sua vida. E por fim, a
companhia de pessoas que estejam olhando para o mesmo foco, para reforçar a cada dia
aquilo que você realmente quer.
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Tudo que você vê depende daquilo que sua mente acredita. Aprender a observar as
tendências da sua mente é o início do caminho da meditação. Tem uma boa história para
ilustrar isto:
Havia em uma aldeia uma senhora chamada de "mulher chorona" pois todos os dias,
chovendo ou fazendo sol, ela sempre estava chorando. Ela vendia bolinhos na rua, e
um monge sempre passava por ela quando ia ao templo para os ritos. Um dia, curioso,
ele lhe perguntou:
- Sempre que passo, seja em belos dias ensolarados, seja em suaves dias chuvosos, vejo
a senhora chorando. Por que isso acontece?
- Tenho dois filhos,- ela respondeu - Um faz delicadas sandálias, o outro guarda-
chuvas. Quando faz sol, penso que ninguém comprará os guarda-chuvas de meu filho, e
ele e sua família vão passar necessidades. Quando chove, penso no meu filho que faz
sandálias, e que ninguém vai comprá-las. Então ele também vai ter dificuldade para
sustentar sua família.
O monge sorriu e disse:
- Mas... a senhora deveria ver as coisas da forma correta. Veja: quando o sol brilha,
seu filho que faz sandálias venderá muito, e isso é muito bom! Quando chove, seu filho
que faz guarda-chuvas venderá muito, e isso é também muito bom!
A velha olhou-o com alegria e exclamou:
- Tem razão!
Desde então a velha passou todos os dias, chovendo ou fazendo sol, sorrindo feliz.
Como Satyaprem mesmo diz: “A mente olha pra dentro dela mesma para achar razões
para provar a você que você não é o Buda. O Buda é quando a mente pára de tentar
provar que você não é o Buda. Ela reconhece o revelado e se aquieta”.
Foi na verdade um fim da busca errônea, aquela busca ansiosa por iluminação, por
algum êxtase permanente, por alguma coisa que estivesse distante do aqui-agora.
Aconteceu simplesmente um derretimento do buscador, um descansar da desvairada
busca incessante e sem fim, para um encontro com a minha natureza sempre presente.
Um encontro de amor comigo mesmo.
MEDITAÇÃO
Mestre Osho criou muitas meditações para iniciarmos a explorar o mundo interior. É
preciso passar antes por esta fase de exploração e observação do que seja este mundo
dentro de você. Então, aos poucos, os ensinamentos irão se tornando mais e mais claros.
Até que você passe a amar um espaço de silêncio. Você amará porque fará parte de sua
natureza essencial. Hoje você não ama o silêncio talvez porque sua mente só tem a
experiência do barulho, do conflito.
Por isso as meditações são experiências importantes. Se a energia de uma pessoa estiver
desorganizada e baixa, os ensinamentos ficarão a nível mental apenas, e ela não verá
mudanças na vida. É por isso que os mestres criam técnicas e métodos.
Para que você possa comungar com o silêncio interior que é seu centro mais profundo,
você tem apenas que sentar a mente, sentar o corpo junto com a mente, ficar presente, e
testemunhar os pensamentos, sentindo sua respiração.
Então, sente-se e respire profundamente muitas vezes, até a mente serenar. Aí, curta e
desfrute esse espaço que você criou. Perceba você. Perceba a energia do corpo, como se
estivesse sentindo mais de perto o que acontece quando você fecha os olhos e observa o
corpo e a sua pulsação natural. Olhe para você, busque intimidade com seu coração,
busque simplesmente a harmonia com sua essência aceitando a mente, o corpo, as
emoções como elas estão neste exato momento. Esta é a meditação. Uma entrega ao
momento. Uma observação do momento. Uma aceitação. Um descanso no momento
presente como ele é.
Você simplesmente devolve todos os pensamentos de volta para onde eles vieram e
deixa o perfume da percepção consciente envolver tudo.
Quando você senta a mente e o corpo, o silêncio da consciência, que sempre esteve ali,
se torna visível.
Meditar na vida diária é trazer a compreensão para todos os aspectos da vida cotidiana.
“Sentar” a mente e o corpo não significa apenas fazer um exercício. “Sentar” para a
tradição do Zen, por exemplo, é ver as coisas como elas são, estar presente, não ser
ludibriado pelas emoções aflitivas da mente, mas aprender a observá-las sem
julgamentos. Estar sereno para poder olhar para o presente e decidir com inteligência e
clareza.
Lembrei do filme e livro, O Poder da Vida, em que fala das perguntas simples para
fazermos a nós mesmos durante o dia:
“Nada pode atingi-lo. Você é intocado. A mente deve chegar ao ponto de uma
compreensão completa da ilusão. Ali jaz o seu estado. Nada permanece para quem
compreendeu. Não há mais perda ou ganho. Não pergunte se você pode atingir a
Realidade, porque você é a Realidade, então por que dizer: “Será que eu posso?”
Primeiro saia do círculo. Largue tudo, uma coisa após outra, e entre fundo em seu Ser.
Depois volte e esteja em tudo.”
Ranjit Maharaj
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Maister Eckart
O seu corpo está sempre no Agora, banhado na presença deste momento. O corpo está
sempre aqui. A mente, por outro lado, está sempre ocupada com o passado ou o futuro.
No passado está preocupada com o que não fez e que deveria ter feito, ou o que fez e
não deveria ter feito. E isso gera culpa. Quanto ao futuro, imagina algo que pode ser
pior no futuro do que este momento, de que coisas podem não acontecer, que não terá
forças para fazer isto ou aquilo, e tudo isto vai despertando a ansiedade e a angústia.
Fique mais perto do seu corpo, e sempre que possível mantenha um pouco de sua
atenção nele. Quando mais você cai na energia corporal e na pulsação da mesma, mais
sai do foco dos pensamentos e se dissolve um pouco mais no amor da essência de amor
que você É. Fique pertinho do seu corpo. Repouse no Agora.
Lendo isto, tome uma respiração profunda agora, e coloque atenção ao seu corpo, ao
calor da sua presença aí com você. O seu corpo é seu amigo porque ele lhe traz paz,
calor e o coloca em contato com este momento. Veja que quando dizemos que este é
SEU corpo, estamos dizendo que é o corpo da CONSCIÊNCIA. Você é consciência.
Mas existe uma idéia de que você pode ser definido por algum conceito dentro da
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consciência. E nada pode nos definir. Este momento Agora é pura consciência. Pura
consciência é refletir o momento através de um viver simples e puro, com olhos
límpidos e claros. Estes olhos nunca transformarão a vida em espinhos. Os espinhos
sempre serão vistos como ornamentos da rosa. Fazem parte. Nada que existe está fora
do lugar. Podemos fazer novas arrumações, mas toda a energia é perfeita.
Sinta esta paz sentindo o seu corpo, Agora. O amor real nunca vem de fora de você. Ele
vem do contato íntimo entre Deus (ESTE MOMENTO) e você (CONSCIÊNCIA
DESTE MOMENTO).
Deus é sua Essência. Você é corpo, mente e espírito. O espírito é a paz de Deus que
habita o momento presente. Espírito é Ser, Essência, Alma. Nós todos somos muito
maiores do que pensamos ser. Esta é a revolução do espírito. Deus está acordando em
você.
Estar aqui-agora é estar com Deus. Onde mais você poderia estar? Mas porque você diz
que viver no presente é difícil? Talvez seja porque você está olhando para um lugar
onde não existe vida: passado ou futuro. Passado e futuro existe apenas na sua mente. A
vida é momento presente. A vida é Agora. A vida é cada instante. Ontem e amanhã são
produtos mentais. Sem esforço e sem pensar você conquista o Agora. Mas para estar no
futuro você precisa de pensamentos. Nada é preciso para desfrutar o Agora. Só estar
aberto para este momento. A meditação é esta arte. Perceber o momento presente como
a vida se manifestando.
Tome três profundas e lentas respirações. Feche os olhos por dez segundos agora. Páre
de ler o livro e sinta seu corpo por esses segundos.
Pergunte-se: onde está minha respiração? E note que sua respiração está acontecendo
também Aqui. Nesse momento Agora.
Então faça o seguinte agora: Simplesmente ouça o que houver para ouvir nesse
momento, do lugar onde estás. Ponha sua atenção no ouvir o momento, o que estiver
acontecendo agora.
Deixe que sua atenção agora se volte para o que você está ouvindo. Feche os olhos e
ouça, sem julgar, sem usar palavras para descrever o que você ouve. Apenas ouça. Ouça
com atenção como se estivesse ouvindo música. Escute um som, depois vá para outro.
Divirta-se mudando o foco dos sons. Feche os olhos e ouça por um minuto todos os
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sons a sua volta sem julgar ou analisar. Faça isso agora por 1 minuto. Só depois volte a
ler o livro.
Então, depois disso, eu pergunto a você: Qual a sua experiência? O que está
acontecendo com seu corpo. Gostaria que você notasse o corpo Agora. Veja se, lendo
isto agora, você pode parar o corpo completamente por um minuto. Apenas leia,
passando os olhos. Apenas os olhos se movimentando...
Depois, note a paz e a tranqüilidade de seu corpo. Notando isto, veja como seu corpo é
algo divino e contém toda a paz que você precisa nesse momento. O seu corpo é um
templo sagrado. Deus criou este corpo para que você reconheça a essência dentro de
você. Jesus nos ensinou: “Eu e o Pai somos Um”. Ele queria dizer que o homem tem um
tesouro habitando seu interior. Jesus e o Pai são Um porque o divino está vivendo Jesus,
e ele se deu conta disso. O divino está vivendo você. Dar-se conta disso é a essência do
ensinamento.
Seu corpo INTERIOR é o refúgio de amor e paz que lhe espera sempre, em todos os
momentos. Sinta agora esta paz, mesmo que sinta que tenha algo a resolver. Apenas
passe a sentir a paz que existe aqui-agora em seu corpo interior.
Feche seus olhos e tome 3 respirações lentas e profundas, inspirando pelo nariz e
soltando pela boca. Faça isso agora. Depois continue a ler.
Como você sente seu corpo agora? Você já tinha reparado antes, que seu corpo tem a
paz presente nele? Você já tinha percebido que ler e estar presente ao que você está
lendo pode colocá-lo em estado de meditação? O que é meditação senão um estado de
amor alerta? Você nota que este estado de amor alerta começa em seu corpo? Permita
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que em seu dia a presença do seu corpo de energia se faça presente para você. Isso
inundará o seu momento de uma aceitação simples e completa a respeito do que está
acontecendo aqui-agora.
Na verdade isto é um vício, um vício da própria mente, um hábito arraigado que precisa
de muita atenção e treinamento para ser dissipado.
E se pergunte: Onde eu posso colocar toda a minha criatividade para expressar o que
sou agora? No passado? No futuro? Ou nesse momento exatamente agora?
Estas perguntas fazem parte da investigação amorosa para ver o que realmente importa
para você. Não há nada que esteja bloqueando a sua paz. Nós estamos é fazendo vista
grossa. Nós não estamos olhando delicadamente. Nunca nos ensinaram a viver de
verdade. E viver de verdade precisa de amor pela vida, por cada momento, por cada
segundo. E amor é ver que cada momento, seja ele de tristeza ou de alegria, é um
momento que você está com Deus, um momento sagrado com a essência da vida.
Sem esta energia divina nada existe. Antes de tudo existir havia Aquilo. Deus é
simplesmente a energia inteligente que guia a vida nesse momento. Quanto mais
presente, quanto mais solto, quanto mais confiante nisso que é maior que você, mais
você sentirá que nada precisa ser feito para alcançar a paz. Essa presença está vivendo
dentro de você sempre, e tudo que acontece, acontece nos braços dessa presença. Você
não precisa se preocupar. Está tudo bem.
Tem uma história de um mendigo que viveu muito tempo pedindo esmola, sentado em
seu caixote velho. Um dia, um menino veio e lhe perguntou o que havia dentro daquele
caixote em que ele sentava. Ele disse: “Eu nunca havia pensado sobre isso. Apenas
sento nele há mais de 30 anos, e ele tem me sido muito útil para sentar”.
Aquilo ficou em sua mente. O que havia dentro do caixote? Cheio de curiosidade ele
resolveu abrir. E qual foi seu espanto ao notar que dentro havia barras de ouro e jóias
preciosas. Passara uma vida em miséria sem saber que era o homem mais rico da
cidade.
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Você tem a disponibilidade para querer olhar e ver em si mesmo as jóias preciosas?
Você pensa que um relacionamento ou algumas coisas materiais podem lhe dar paz se
você não encontrar este tesouro em si mesmo?
Você pensa que o mundo exterior pode lhe dar esta segurança permanente?
Se você for inteligente e sensível não precisará nem pensar para saber que a matéria,
que as “coisas”, não podem lhe trazer paz permanente. Afinal esta vida é uma
oportunidade para a matéria e o espírito dançarem de mãos dadas.
Deus não está em sua imaginação. Deus é muito real. Ele está em todas as coisas.
Dentro e fora de você.
Isto é Deus.
Você é Deus respirando numa forma humana. Não há dois, há apenas Um.
Todos os dias lembre-se da sua comunhão com o Ser Infinito. Esta comunhão é a sua
disponibilidade para sentir o AGORA. Sem esta comunhão com o AGORA, você está
desconectado da vida. Lembre-se sempre de que o passado e o futuro são determinados
pelo seu PRESENTE.
Dependendo de como você está agora, haverá uma interpretação do seu passado ou do
seu futuro. Se estiveres ansioso agora, a sua imaginação lhe dirá que no futuro faltará
isso ou aquilo. Então você começará a se “pré-ocupar”. Quem está determinando seu
futuro ruim? Sua preocupação.
Na comunhão com a visão iluminada dos sábios do Espírito, você usa sua escolha
para sentir seu corpo aqui, sua pulsação e energia, sua respiração, e com isso poder
olhar para sua vida com mais clareza e paz. O momento presente sempre lhe dá paz.
Paz não é algo passivo. Paz é quando o pensamento e a ação estão juntos. Você pára de
resmungar e começa a agir. Você começa a tomar atitudes inteligentes para consigo. O
“resmungador” é sempre o ego, lembre-se. O ego/mente adora se opor à vida que está
acontecendo, criando assim uma história de como ela “deveria” estar acontecendo.
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Assim, o momento sempre é trocado por um outro momento no futuro que nunca irá
existir.
Estou disposto a começar a aceitar a minha vida nesse exato minuto como um milagre
espontâneo e vivo?
Você não apenas precisa resolver os seus “problemas”, mas na verdade precisa aprender
a não criá-los mais. Afinal, quem é a entidade que cria problemas para você? Sua mente.
Você resolve um problema, e com isto a mente cria outros tantos. E nunca haverá fim
dessa maneira.
Sua mente é humana. Faz parte da cultura humana. Ela cria problemas onde não existe
nada, antecipa coisas insensatas, traz o passado para que você se culpe do que fez,
imagina um mundo que não existe, se sente inferior, carente, esquisita, estranha. A
mente é uma criadora de imagens e pensamentos.
Quando estamos com a atenção voltada para o AGORA, sentindo o corpo no momento,
nosso sentido de EU muda. Este eu pessoal está sempre exigindo de você algo que você
não pode dar AGORA. Mas lembre-se de que este eu que exige é um eu falso, baseado
no ego, nas idéias e pensamentos que você adquiriu de seus pais e da sociedade.
Viver no futuro e no passado reforça este EGO PESSOAL que fica o tempo inteiro te
exigindo e te julgando por coisas que você faz ou não faz.
Posteriormente, ele transfere aos outros as exigências. Então você começa a exigir dos
outros a mesma perfeição que se exige.
Quando estamos abertos, sem o foco no EGO pessoal, sem o foco nos nossos desejos
pessoais, a vida se expande. A sua percepção expandida é o começo de uma nova
realidade. Esta expansão é sentida no corpo por você como se você fosse maior do que é
– o que na verdade é um fato. Nós somos bem maiores que nossos corpos. Aquilo que
somos é de uma natureza que não podemos explicar objetivamente. Somos espírito.
Somos uma consciência pura além dos nossos nomes e formas. Isso não é uma teoria.
Na prática da meditação, você pode investigar quem é você de verdade além da forma.
Quando estamos em contato com esta consciência pura além da forma somos inspirados
pela divindade da vida. Isso está acontecendo o tempo inteiro, mas nossas mentes estão
sempre imaginando, sonhando, sentindo falta de coisas e desejando outras tantas, que
perdemos a consciência dessa presença.
Nesse momento, após ler esta sentença, você apenas pára como está e não move seu
corpo. Mova só os seus olhos para ler o que está lendo. Esteja apenas consciente de que
está lendo AGORA. Nada mais está acontecendo a não ser seus olhos que lêem isto
AGORA e sua respiração. Nesse exato instante não existem problemas, porque no
instante AGORA não pode haver problemas. Para haver problemas você precisa se
preocupar e fazer uma história sobre você usando sua memória, que vem do passado.
Nesse momento você está tão OCUPADO lendo isto que não há como se pré-ocupar.
A meditação é uma arte muito simples. Nesse momento agora perceba que você já é o
que precisa ser. Você é um Ser. Você é um Ser (espírito) que tomou forma e nome
(humanos). Você é um Ser em forma humana. E Agora você tem a criatividade da vida
pra você.
Este mundo existe para que a forma humana exista simultaneamente com a divina (Ser,
Consciência, Espírito).
Osho disse: “Meditação é descobrir um silêncio interior que nunca é perturbado pelo
barulho exterior. Então você está livre”.
Papaji
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Tudo que vemos está dentro de nós mesmos. A ilusão de que estamos separados é
causada pela mente e os sentidos. A mente é um recurso de Deus para expandir o seu
Amor.
Os sábios usam recursos para que você esteja alerta da ilusão, apesar de não poder viver
sem ela, já que as portas para este mundo que você experiência é a mente e o corpo.
Quando cultivamos raiva de alguém, estamos cultivando isso porque há uma parte de
nós mesmos que precisa ser curada. Uma parte da nossa mente precisa ser amada e
curada. Porque na verdade não estou separado daquela pessoa. Ela está funcionando
como um espelho para que eu veja aquilo que não posso ver em mim mesmo.
Iluminar é cair na corrente de que somos esta consciência infinita sempre e sempre.
Não é aperfeiçoar a personalidade (apesar de muitas vezes melhorar a qualidade da
vida física e mental das pessoas).
Iluminar é acordar para um novo ponto de vista. É compreender, sem nenhuma sombra
de dúvida, que Deus se manifesta como Puro amor sendo você! É o começo real da
grandiosidade humana, a ponte para o infinito! E quando você começa a aceitar o
merecimento, os milagres da magia da vida se iniciam.
Quando a vida percebe que você está consciente da abundância e não mais da carência
e da falta, essa consciência de abundância atrai pensamentos de abundância, e sua
vida é recriada a partir do amor e da visão mais elevada de você mesmo.
Assim, você vê chegando a sua vida muitas coisas aos quais nem pensava que poderia
atrair. Mas o que está atraindo isto não é sua mente racional, é a compreensão da
consciência que você é, é a sua vibração que está mais conectada com a Fonte, com a
Energia Pura que é simplesmente Amor.
Acolha todos os aspectos de você: as partes que você vê como lindas e as partes que
você vê como feias – afinal todas são perfeitas! Porque elas são parte de você, e
aprendendo a observar e despertar para todas as partes,boas ou más, reconhecendo a
sombra a cada momento...Desse modo, tudo caminhará para uma maior integração
com a Fonte, que ocorrerá com mais freqüência..
VOCÊ JÁ É PERFEITO!
O que é perfeito é o que você realmente É. Não busque perfeição nas coisas que vêm e
vão, dizem os sábios. Se divirta no mundo, mas não exija do mundo oque ele não é. O
mundo é passageiro e impermanente, mas o amor é realmente profundo e transformador,
e lhe dá uma nova visão e sentimento dessa impermanência, onde você pode amar cada
segundo da sua vida, como um presente atômico, neste momento.
28
A perfeição é o reconhecimento do amor que acolhe este momento. A perfeição não está
no futuro, mas na manifestação do Amor Incondicional a cada momento como você,
suas ações, e suas escolhas.
Jesus dizia que precisávamos estar despidos para entrar no Reino dos Céus. Isso quer
dizer despojados, desapegados, relaxados e com um coração inocente e puro “como os
das criançinhas”.
Somos canais por onde esta energia universal se expressa. Quando somos brindados
pela graça divina, aceitamos que cada palavra, cada ato, cada emoção, interpretada
pela mente como boa ou ruim, é simplesmente a Totalidade da vida expressando a Si
mesma.
Você simplesmente devolve todos os pensamentos de volta para onde eles vieram e
deixa o perfume do amor envolver tudo.
Quando você senta a mente e o corpo, o silêncio do amor, que sempre esteve ali, se
torna visível.
“Nada pode atingi-lo. Você é intocado. A mente deve chegar ao ponto de uma
compreensão completa da ilusão. Ali jaz o seu estado. Nada permanece para quem
compreendeu. Não há mais perda ou ganho. Não pergunte se você pode atingir a
Realidade, porque você é a Realidade, então por que dizer: “Será que eu posso?”
Primeiro saia do círculo. Largue tudo, uma coisa após outra, e entre fundo em seu Ser.
Depois volte e esteja em tudo.”
Ranjit Maharaj
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Muito relaxamento acontece esponatbeamente quando você pode sabe claramente que
não controla o fluxo da vida, e que a vida é uma rede complexa de energia, e que
estamos todos envolvidos nessa teia como corpos e mentes.
Quando está relaxado e confiante você faz aquilo que palpita seu coração, e ao mesmo
tempo não se aborrece com nenhum resultado, por que sabe que todo resultado nem
sempre será o que você esperou, mas sim o fluxo natural da vida naquele momento.
Quando você relaxa e confia, você tem mais força porque traz a força da vida com você.
Você permanece inteiro com a vida e não se divide entre você e a vida. Tudo é a vida.
Sem separação.
Quando você não confia, você está separado da vida, se torna uma ilha, um ego, e algo
separado do Todo sempre tende a sofrer porque naturalmente será menor e parecerá
mais fraco. É por isso que o ego sofre. Sempre que você estiver se sentindo sozinho
saiba que está identificado com seu ego – e o ego é uma entidade pequena. Ou seja, ao
identificar-se com o corpo, você perdeu o contato com a conexão divina que lhe mostra
intuitivamente que você é parte de uma rede humana, e que solidão é algo que não
existe. Ou seja, ela existe, mas apenas no ego, apenas nos seus pensamentos – e não em
realidade. Uma pessoa que está aberta para a vida não pode sentir solidão. Você nunca
verá um sábio sentir solidão. Isso não é possível. Se você está aberto, outros estarão
abertos para você porque o universo reflete aquilo que você é. Esteja amoroso e atrairá
pessoas amorosas a sua volta. E se não há pessoas, há natureza, nuvens, sol, lua, e os
mil encantos que a vida se compõe.
Confie na sabedoria do coração. Confie no fundo de seu coração em seus sonhos mais
impossíveis. Deus sonha por você. Viva este sonho sabendo que está vivendo isto,
consciente, alerta, amoroso. Por onde quer que você vá existe um ensinamento de
alegria.
Há história de um mestre com seu discípulo. Eles paravam para dormir em uma cabana
na estrada, mas só tinha uma cama e o discípulo teve de ficar cuidando do camelo.
Quando chegou pela manhã o mestre encontrou-o encostado numa cerca, dormindo. O
camelo havia desaparecido. O mestre o acordou e perguntou: "O que aconteceu ao
camelo? Pedi que você cuidasse dele, não foi?" E o discípulo disse: "Mestre, de acordo
com seus ensinamentos eu confiei, e rezei a deus para cuidar do camelo..."
Então o Mestre falou: "Ok. Confie em Deus, mas amarre o seu camelo, porque Deus
não tem outras mãos a não ser as suas..."
Então, amarre o seu camelo. Faça a sua parte. E confie nos resultados da vida. Ou
melhor, se dê conta de que tudo é um fluxo e você só pode se render ou criar conflito
com este fluxo se imaginar-se algo fora deste fluxo. Tudo depende de seu ponto de
vista. Você é o Todo ou você é a parte? Você é a consciência ou você é a mente?
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O ego busca a iluminação no futuro. O ego não encontra iluminação porque o ego só
existe na mente: no passado ou no futuro. O ego não existe aqui-agora. E a iluminação
só existe aqui-agora!
Ame o que está sempre com você! Seus pensamentos bons nem sempre estão contigo.
Seus maus pensamentos nem sempre estão contigo também. Seu corpo nem sempre está
saudável. Mas aquilo que você É está sempre como É. Dedique-se a perceber aquilo que
observa os pensamentos! Isto era chamado de meditação pelos antigos sábios orientais.
O processo de observar sem julgar. O processo de trazer sua atenção para aquilo que
observa. Ramana Maharshi chamava de Auto-Inquirição o processo de fazer a pergunta:
Quem sou Eu? E então perceber que toda a resposta é um pensamento que pode ser
observado pelo EU REAL, que é sua atenção consciente agora. O que permanece?
Verificar por si mesmo isto é o ensinamento que lhe dá a pergunta: Quem sou Eu? Ou
seja, esta pergunta é uma forma de trazer novamente a atenção para si mesmo, para que
não nos percamos nos objetos, no mundo exterior, ou em nossos pensamentos,
sentimentos e sensações. Ora, se a consciência está além de tudo isso, além de todos os
agregados que podemos observar, então o método de Ramana era simplesmente voltar
ao centro. E este retorno é Jnana Yoga, o conhecimento do Ser. Retornar ao Ser. O que
significa simplesmente estar aqui-agora, aberto e disponível. O Eu Real está sempre
aqui. Sempre presente. O eu Real é tudo que permanece quando investigamos a nossa
verdadeira natureza no presente.
Sim, haverá momentos ruins e momentos bons para o corpo e a mente, mas agora você
pode ver o personagem que é você atuando tristeza e alegria. O “personagem João” não
mais vive o drama com tanto choque. Há um pequeno distanciamento, um desapego
natural que lhe traz uma certa graça e paz. A paz que vem do silêncio interior e da
proximidade com a essência de amor da Energia Pura, de Deus. Ou seja, o que Eu Sou é
intocável pela tristeza e pelos problemas. Aprender a se entregar para isso que Eu Sou
em todos os momentos é a riqueza do ensinamento.
Por que isso acontece? Porque aquilo que sou é Energia Pura que não é nem isso nem
aquilo, nem positiva e nem negativa. Aquilo que Eu Sou precisa ser relembrado para
que o corpo e a mente fiquem em ordem e saiam do caos do sentimento de isolamento e
separação.
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É preciso reconhecer tudo que há dentro de você. Reconhecer é amar. Quando você
aceita, perdoa, de novo você está indo em direção à Energia Pura que é simplesmente
amor incondicional, aquilo que existe realmente de permanente e eterno.
Aquilo que você não gosta em você deve ser integrado. Enquanto não for integrado,
aparecerá do lado de fora, na sua vida, como uma dificuldade, como uma pessoa que lhe
aborrece, como um obstáculo. Os obstáculos não são externos de verdade. Ele parecem
ser externos porque não compreendemos como a mente e a vida funcionam.
NÃO-DUALIDADE
A vida é não-dual. A mente é dual. Ao pensar, nós sempre podemos conceber dois lados
a tudo. Certo e errado. Bom e mau. Perfeito e imperfeito, claro e escuro, alto e baixo. E
o pensar é dual porque a mente é dual. A linguagem é feita de termos opostos.
Não-dualidade é perceber que nossa essência é UM. No UM não somos o que pensamos
que somos. Sob o ponto de vista do UM, todos somos irmãos e intrinsecamente o
próprio movimento chamado Consciência.
Não-dualidade é saber que não há dois, não há Deus e você. Deus É você! Você é Deus
em ação! E você está num jogo na terceira dimensão em que vive um corpo mente
limitado e sujeito às leis da mente e da matéria. Mente é consciência estagnada no
corpo.
“Nós conhecemos o mundo exterior de sensações e ações mas, do nosso mundo interior
de pensamentos e sentimentos nós conhecemos muito pouco. O objetivo inicial da
meditação é tornar-se consciente e familiarizar-se com a vida interior. O objetivo final
é alcançar a fonte de vida e consciência.”
Nisargadatta Maharaj
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AUTO-IMAGEM
Eu sou a minha auto-imagem? O que penso de mim é o que sou? Mas será que os outros
pensam de mim exatamente da mesma forma? E há chance de fazer os outros pensarem
de mim o que eu quero que eles pensem? Nenhuma chance. Então o que é mais
inteligente fazer? Reconhecer que nossa auto-imagem não é o que somos.
No momento em que percebemos isto, um peso enorme cai de nossos ombros. Pode ser
que eu me dê conta de que eu (minha mente) mesmo crio fantasias sobre o que as
pessoas pensam de mim. Imagino que fulano pensa mal de mim ou que outro pensam
bem. Mas isso são fantasias do ego, ilusões de nossa auto-imagem.
Essa auto-imagem não existe de verdade como algo fixo. Essa auto-imagem é muito
complexa e cheia de retalhos de pensamentos de todas as pessoas. É por isso que
quando nós vamos procurar nossa identidade nos pensamentos, não encontramos lá.
Pergunte a uma pessoa: “Quem é você?”. Talvez ela responda seu nome. Mas ela saberá
que não é o nome dela. Há muito mais. E isso seria infinito descrever o seu ser pela
palavras.
Quando estás no presente, tente não consultar aquilo que você pensa de si mesmo.
Simplesmente sejamos mais espontâneos, mais intuitivos.
Depois de aprender a meditar você conhecerá o seu refúgio sagrado essencial. Agora
saberá onde está sua verdadeira casa. E saberá sempre voltar para ela nos momentos
difíceis.
Esse é um diferencial enorme: saber voltar ao silêncio do seu Ser no momento que
quiser, porque agora você sabe que o caminho para a felicidade é para dentro de si, e
que sua casa está na verdade mais perto que você pensava, no fundo daquilo que você
chama de “auto-imagem” sua (Ego). Porque lá no fundo do oceano estão os tesouros...
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Existem muitas histórias e lendas sobre estes tesouros do fundo do mar. Os tesouros
interiores estão no fundo da mente, embaixo das crenças, por trás das idéias, por trás de
tudo aquilo que pensamos ou sentimos. O tesouro da vida eterna está disponível para
todos nós, mas nem todos estão preparados para eles. É preciso um treinamento básico
para você ser capaz de ver.
Nossa educação, nossas experiências, nossas conversas, estão sempre girando sobre a
natureza das ondas e da superfície do mar.
É por este motivo que a meditação é vista como algo não-alcançável no meio social. Em
nossa sociedade, o treino e o investimento em cima de uma mente sempre ativa, sempre
fazedora, sempre dinâmica, gerou uma neurose: que a não ser que você produza muito o
tempo inteiro, ganhe muito dinheiro o tempo inteiro, e não tenha tempo pra você nunca,
então a vida não é significativa e você se sente “inútil”. Essa é uma crença que existe
em grande parte das pessoas das grandes cidades.
Há inúmeras pessoas que enriquecem neste mundo. Mas quando podem desfrutar
daquilo que criaram, quando poderiam usufruir de todo aquele trabalho e tempo
investido em uma vida próspera, estão doentes, deprimidos, sem vontade de viver.
Ensaiaram viver a vida inteira. Quando chega o momento as suas mentes já estão
treinadas para estarem ativas que não conseguem desfrutar.
Podemos ver claramente que o sucesso material deve vir ancorado do sucesso espiritual,
caso contrário a possibilidade de morrer infeliz e rico é muito grande.
O dinheiro compra tudo, menos felicidade e paz. O dinheiro pode tudo, menos com o
amor. Dinheiro não pode comprar amor. E existem muitos casos que o dinheiro adia a
possibilidade do amor chegar. Quando? Quando o amor ao dinheiro é maior que o amor
ao ser humano, à vida, a si mesmo como filho da vida, filho da Energia Pura.
Tenha o hábito constante de agradecer interiormente por tudo que a vida já teu deu e te
dá agora mesmo. No início e final do dia crie um espaço de abertura e agradecimento.
Sendo grato pelo que já tem você poderá começar a criar um sentido de valor amoroso
que está no aqui-agora na sua vida, e não no futuro.
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Ser grato pelo que você já tem é perceber um espaço dentro de você que não precisa ser
criado, pois este espaço é a comunhão com a própria vida que acontece o tempo inteiro,
independente de como estivermos, alegres ou não.
Acostume-se a valorizar seu presente, seja o que for. Com o tempo descobrirá mais e
mais coisas a valorizar. Porque a vida da gente existe onde está a nossa atenção.
ADVAITA
Agora, novamente você tira esses óculos, pega um microscópio e então analisa a água
do balde. Certamente terá novas surpresas, já que será uma outra água a ser vista, uma
água que os olhos não podem ver. Poderá ver bactérias na água que não podia ver antes.
Perceba que os instrumentos que usamos para olhar a água nos dão percepções
diferentes da mesma água. A água é a mesma, mas a vejo sob três diferentes aspectos.
Este exemplo ilustra como nossa percepção muda de acordo com o instrumento que
estamos usando para “ver”. É a mesma água do balde, sendo vista por três diferentes
médiuns: óculos claros, óculos escuros e um microscópio.
Pois da mesma forma os sábios e filósofos não-duais dizem que o que existe é a
Energia Pura da Consciência (a água no balde) e a mente (o instrumento para olhar)
nada mais é que o instrumento usamos para olhar para a água.
Ou seja, Deus vê a si mesmo através do homem com “mente agitada” de uma forma
distorcida, cheia de erros. Enquanto que Deus vê a si mesmo no sábio de uma maneira
completa e perfeita porque a mente do sábio é transparente e em ordem. Mas veja o
importante: nada em essência mudou. Deus não mudou. A energia pura continua a
mesma. O que mudou foi a percepção do instrumento que percebe a vida. O que mudou
foi a qualidade da mente, a qualidade do instrumento de percepção!
Sempre é bom lembrar que não existe nada a não ser Consciência Universal, Energia
Pura, Deus. Esta Energia Pura se faz passar por minerais, depois se transforma em
plantas, depois em animais, e em seguida a evolução natural transforma essa energia em
uma mente humana que gerará um corpo humano consciente.
É como se essa Consciência vivesse como uma pedra, nos níveis mais baixos, e num
sábio, nos níveis mais altos. Mas separar o sábio do homem comum é outra ilusão,
porque aquele que separa é na verdade a mente. A mente sábia e iluminada percebe
profundamente que nada existe em separado nesta rede de energia pura. A mente em
ignorância vê a si mesma como um ser dotado de desejos e vontades, separado de todos
os outros seres. A mente sagrada vê apenas o sagrado em todas as coisas, apesar da
mente desejar. Como o Osho mesmo disse: “Desde que me iluminei, nunca cruzei com
uma pessoa que não fosse iluminada”.
Assim, a Consciência Universal faz aparecer a mente humana, que vai se individualizar
em um corpo humano, para então poder conscientemente perceber e co-criar a vida.
A Fonte de Todas as Coisas sempre foi chamada de Deus. Essa Fonte faz aparecer
dentro dela o que chamamos de uma pessoa humana, dotada de uma mente. Essa mente
é o instrumento que vai criar a vida. Sem a mente não há vida como nós conhecemos. É
o organismo corpo/mente que vai identificar todo um mundo de coisas e pessoas ao
redor de você – e até você mesmo. É a mente que vai conceber sons, cores, nomes,
cheiros, odores, formas; é ela que vai analisar, julgar, interpretar o mundo pra você. É
ela também que vai te iludir que você é ela. É ela que vai criar uma separação em tudo,
para que você pense que está dentro do corpo aprisionado, e que todo o resto está fora
de você. Isto tudo é um programa divino da mente.
A mente é o médium que utilizamos para que a consciência espiritual possa perceber a
vida numa pessoa. Essa mente é singular de diversas formas, porque nenhum ser
humano pode ser igual ao outro no que diz respeito à sua percepção do mundo. Podem
existir pessoas com percepções semelhantes, mas nunca iguais. Esta é a dignidade do
ser humano. Sua unicidade e singularidade. Portanto, podemos dizer que é a mente do
ser humano que traduz a vida para ele. É a mente que lhe mostra um mundo, uma vida,
e possibilidades que existem nesse mundo. E lembre-se: A Consciência Universal
(Deus) é um poder infinito fora do tempo e espaço que cria a mente para que possa
viver no tempo e no espaço que criou. Então, saiba que Deus está vivendo em você
agora, como você é, do jeito que você é. E que lendo isto agora pode fazer com que
você se dê conta de que já tem Deus em si mesmo neste exato momento. E pode se
lembrar de glorificá-lo mais e mais no silêncio e na quietude. É na quietude que você
perceberá tudo isso de forma muito mais profunda. Quando em quietude, a mente se
torna uma ferramenta divina a ser usada no mundo. A mente fica em ordem e muito
eficaz, e brilha em sabedoria e simplicidade.
Essa Consciência além da mente é ilimitada, indivisível, sem forma, sem tamanho,
infinita, além do espaço e do tempo, não descritível, não localizável. Essa Consciência é
a essência do Ser humano. Há estudos profundos na física quântica que demonstram
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A GRANDE SÍNTESE
O mundo está em constante fluxo, ele é como um rio. Ele flui, mas por trás de todo esse
fluir, mudança e fluxo, deve haver um fio comum que mantém tudo unido. A mudança
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não é possível sem algo que permaneça absolutamente sem mudar. A mudança pode
existir somente junto com um elemento imutável, ou as coisas se desintegrariam.
Osho
Imagine o universo antes da criação. Não havia planetas, estrelas, nem vida aparente.
Mas para acontecer este universo, algo deveria existir. Os místicos de todos os tempos
chamam este algo de Consciência Universal ou Deus. O primeiro Princípio!
O termo “Vazio” pode ter uma conotação negativa para nós ocidentais, mas para os
budistas é o que mais consegue se aproximar da definição de Deus. Afinal, é o vazio do
vaso que dá utilidade ao vaso. É o vazio do copo que torna o copo útil. É o vazio de uma
casa que permite que ela seja habitada.
É o Vazio Divino que permite que a criação viva nele. Ou seja, toda a criação está
dentro de Deus. Neste exato momento você está dentro desse Vazio e este vazio está
dentro de você. Os físicos dizem que se você pudesse ver átomos e moléculas que
compõem seu corpo, teria a oportunidade de notar os espaços vazios que existem nele.
Seu corpo está cheio de espaços vazios. Exatamente como uma esponja, que é toda
porosa e cheia de espaços para que a água penetre. Assim são nossos corpos, com
espaços vazios entre os átomos que o compõe e Deus vivendo nele como Presença.
O ENSINAMENTO NÃO-DUAL
Você lembra que todas as religiões dizem que Deus é o criador de todas as coisas? O
que eles queriam dizer é que na verdade só há Deus, manifesto em tudo, como formas e
nomes, universos, planetas, estrelas, minerais, plantas, animais, homens, mulheres,
crianças. Deus é tudo que há. Consciência é tudo que há. É claro que isso não é uma
pessoa. Não é um velho de barbas controlando você. Não é um Deus pessoal e isso é
muitas vezes chocante para muitas pessoas. Mas como as religiões foram interpretadas
por muitas pessoas, elas perderam sua natureza original. E a origem é: Tudo é Deus.
Tudo é Consciência. Não há nada fora dessa Consciência Suprema de Amor. Enquanto
você está lendo isto você está incluído nesse Amor. É um Amor que tudo inclui. Tudo
acontece dentro dele, e ele mesmo não tem início nem fim. Deus está vivendo você
exatamente agora como você é, sente e pensa. Este corpo humano sente. Esta mente
humana pensa. E o propósito do corpo/mente humanos é reconhecer sua própria Fonte,
Deus – que na verdade nunca foi perdida, apenas parece perdida para que o jogo de
esconde-esconde divino possa ser perpetuado infinitamente, e tudo possa ser criado e re-
criado de infinitas e inimagináveis possibilidades.
O ser humano pode reconhecer sua beleza, infinitude, amor e paz, que é sua natureza
original. O criador e a criatura são inseparáveis. Sua consciência nesse mesmo instante é
o espírito de Deus vivendo em você. Matéria se transforma e é indestrutível. Os físicos
nos dizem que o mundo é energia pura em movimento. Os místicos do passado diziam a
mesma coisa. Nossos corpos são energia. O que significa que tudo é eterno, já que
apenas as aparências mudam, os arranjos mudam, mas a essência da vida é infinita e
indestrutível.
Deus é aqui-agora, onde tudo nasce, momento a momento. Este momento-agora como a
pureza e o sagrado do Ser. As possibilidades deste momento, desse corpo, dessa mente,
desta vida, tornam-se naturais, fluidas. A vida te leva a uma aventura de luz, a passeios
e movimentos, surpresas intermináveis.
EXPERIÊNCIA VIVA
Nisargadatta Maharaj é um de meus mestres queridos. Ele foi um sábio iluminado hindu
que viveu no século passado na Índia, e disse uma vez, em seu livro I am That (Eu Sou
Aquilo): “Assim como as cores neste tapete são expostas pela luz, embora a luz não seja
a cor, também o mundo deve-se a ti, embora tu não sejas o mundo. O que cria e sustenta
o mundo podes chamá-lo de Deus, mas afinal tu és a prova de que Deus existe, não o
contrário. Porque antes que qualquer pergunta sobre Deus possa ser formulada, tu
precisas estar ali para formulá-la”.
tenho de amá-lo? Para amar a Deus preciso conhecê-lo. E para conhecer a Deus é
necessário que eu tenha uma experiência viva dele. Se eu apenas acreditar no que me
dizem, terei um Deus emprestado pelos outros, que talvez seja um Deus fabricado pela
mente dos outros. Então tenho que investigar.
Uma experiência é algo vivido por você, experienciado por você, sentido por você.
Você não acredita no sol, você tem uma experiência direta do sol. Você não acredita em
seu corpo, você conhece o seu corpo. A menos que tenha uma experiência direta de
Deus, como pode acreditar? Esta crença em Deus impede muitas pessoas de sentirem a
Deus em todas as coisas e em si mesmos. A verdade foi substituída pela mentira.
Deus, o Vazio Criativo, é o autor de cada palavra, de cada poeira, de cada pensamento,
de cada sentimento, de cada ação, de cada flor ou planeta. Deus não é uma pessoa. Ele
se manifesta como uma pessoa, mas não é uma pessoa. Ele se manifesta como uma flor,
mas não é uma flor. Ele se manifesta em palavras, mas não é uma palavra. Ele se
manifesta como Amor, mas está além do Amor.
Se nos forçarmos a definir algo que está além de qualquer definição, a melhor
conceituação para Deus em nossos conceitos humanos seria amor, silêncio e paz.
FILHOS DE DEUS
Todos os grandes mestres que passaram pela terra e que trouxeram seus ensinamentos
foram criados pelo Grande Vazio Divino que chamamos Deus.
Quando estamos adorando a Jesus Cristo, nós estamos adorando um filho de Deus. Ele
mesmo se referia a Deus como Pai.
Se você diz que seu mestre é o único mestre, você está criando divisão. Você pensa: “O
meu mestre está certo, o meu mestre é o único filho de Deus”. O que você está criando
com isso? Você está criando divisão, separação. E violência será a conseqüência,
porque você será incapaz de respeitar e amar o outro. Como você pode amar o outro se
o outro não tem o seu mestre? E como você pode não amar o outro se ele é, também,
como você, um filho de Deus?
Assim, as religiões criaram através dos tempos guerras e mais guerras, porque não se
deram conta de que Deus está além de qualquer religião, e que todo mestre tem que
criar a sua comunidade, o seu grupo de companheiros, que vai ajudar com que outras
pessoas possam se beneficiar dos ensinamentos. Mas nenhum mestre julga o caminho
dos outros. Como você pode imaginar que Jesus, que diz “não julgueis para não serdes
julgados” possa julgar um outro ser humano porque ele não segue o seu caminho?
Como um sábio pode fazer tal coisa? Mas alguns padres, aqueles que não entendem a
profundidade da mensagem do mestre, querem apenas seguidores cegos. Quando o
mestre se vai, a mensagem morre. E então é distorcida. Mesmo uma pessoa que não está
no caminho de Deus está cumprindo um propósito divino. Porque digo isso? Porque só
existe Deus guiando todas as coisas. Uma pessoa “supostamente” se perde. Ela se perde
para que possa se encontrar. Você nunca notou que muitas vezes temos de perder algo
valioso para depois valorizar? Quando perdemos, percebemos o que tínhamos.
Aparentemente nós perdemos o paraíso. Mas isto faz parte do plano divino. Apenas
perdendo o paraíso você será capaz de desfrutá-lo.
ADÃO E EVA
A parábola de Adão e Eva é muito significativa. Eles perdem o paraíso porque comem o
fruto da árvore do conhecimento. Ora, o que nos diz isso? Imaginemos que Adão e Eva
são crianças. Crianças vivem no reino de Deus. Crianças são inocentes, puras, não tem
conhecimento, não formaram uma mente.
Quando elas vão crescendo, passando pelos caminhos do mundo, vão adquirindo
conhecimento, e este conhecimento se acumula nelas, formando o ego. Ou seja, “comer
o fruto da árvore do conhecimento e perder o paraíso” é o que tem de acontecer a todo
homem e toda a mulher. É preciso perder o paraíso, viver no mundo, adquirir
conhecimento, para que possa haver sofrimento. Que sofrimento? O sofrimento de se
sentir separado, sozinho, com medo da vida.
Este sofrimento não pode ser aliviado no mundo. E é só quando uma pessoa se volta de
novo para sua “criança interior”, ou seja, para o paraíso que está dentro de si mesma, é
que ela fica consciente do potencial que tem em si.
RETORNANDO À FONTE
Quanto mais conhece o mundo, mais o homem escapa de Si mesmo. Quanto mais se
perde no mundo, mais se distancia de Si mesmo. Quem é este Si mesmo?
Toda religião é uma busca do paraíso perdido. Mas onde você o perdeu? Em algum
lugar? Não. Você apenas se distanciou da vida. Você começou a viver em sonhos.
Sonhos de vida – mas não Vida.
Nos tempos de hoje, Deus está simplesmente querendo que este paraíso seja encontrado
novamente por um número muito grande de pessoas. No passado, apenas poucos
místicos tinham acesso a isso que estamos falando aqui. Mas a humanidade chegou a
um nível de maturidade onde pode alcançar uma nova freqüência de consciência.
Novos ensinamentos, novas mensagens, novos estilos de viver Deus estão chegando.
Deus é preciso ser visto como a essência do seu coração. Deus não está em um lugar
distante. O céu é seu próprio coração.
A Grande Síntese que está sendo proposta aqui é simplesmente aprender a amar aquilo
que na verdade você É.
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Você pensa que é uma pessoa, mas você é muito mais que uma pessoa. Na expansão de
sua consciência você percebe que você não é quem você pensa que é, mas você é o
próprio Deus vivendo como uma pessoa. O desconhecimento total da sua majestade, a
falta de respeito consigo, achar que você é apenas um ego - apenas imagens que
colecionou sobre si mesmo - tudo isso, limita a sua energia.
Bem aventurados aqueles que estão acordando para o que na verdade são: instrumentos
da luz de Deus.
Você é uma centelha divina que “pensa” que não é divino, porque está identificado com
as falhas de sua personalidade. Mas você não é apenas esta personalidade! Esta
personalidade é apenas a sua roupa nesta vida. Este corpo e esta mente são roupagens de
Deus. Ele usa instrumentos. Ele cria instrumentos para expressar a Si mesmo. E todos
os instrumentos são divinos. Cada instrumento da Fonte tem o seu propósito. Você não
entende porque algumas pessoas são más. Existe um propósito por trás disso. Talvez
você não compreenda, mas isso quer dizer uma falha de Deus? Você não compreende
porque no momento a sua experiência divina é não compreender isto.
Quando digo que a sua experiência divina é não compreender isto, estou dizendo que
não há um folha de grama no universo que não esteja equilibrando algo. Ou seja, tudo o
que está acontecendo é divino e faz parte do grande plano.
Não compreender faz tão parte como compreender. Sofrimento faz tão parte como
felicidade. Sucesso faz tão parte da vida quanto o fracasso.
É claro que a experiência individual de felicidade está aliada na mente como prazer, e
por isso há uma preferência por parte do indivíduo. Essa preferência por felicidade
também faz parte do programa e do plano. O caminho do meio proposto por todos os
mestres iluminados está em suavizar os efeitos dos pólos por não rejeitar nenhum deles.
Há pessoas que não podem estar felizes que se sentem culpadas. Há pessoas que não
podem relaxar que se sentem inúteis, cobradas. A mente, em cada temperamento, vai
criar um obstáculo. Em cada pessoa, em cada programação mental7corporal que faz
uma pessoa viver, está um pequeno plano divino.
Eu não conheço este plano, por isso simplesmente aceito o absurdo. E o que é o absurdo
nesse instante?
O que significa que em um ponto da jornada temos que dar um “salto quântico” da
mente para a não-mente. O que seria isto? Seria ousar. Arriscar. Sair da lógica mental e
saltar para um mundo sem conceitos.
Nada há a saber. Você é puro conhecimento. Não existe aquele que quer saber. Só existe
consciência divina. Por isso: Não saber é o mais íntimo!
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O sábio é um instrumento que sabe que os conceitos são úteis, mas não são a verdade.
O homem comum nem sequer imagina que os conceitos não são verdade, e sofre. O
discípulo está aprendendo a relaxar e ver os conceitos, a linguagem, o intelecto, como
apenas uma ponte para se relacionar com as pessoas num certo nível relativo. Mas o
nível mais profundo de relação não é mental. É espiritual. Portanto, num dado
momento, o que vai ser útil pra você não é as palavras, mas a intuição do seu coração.
E é isto que a meditação e o silêncio fazem com a mente. Silêncio produz paz. Silêncio
é o reservatório de energia divina da vida. Quando a mente é posta em meditação pela
consciência, um novo ser nasce em você. Uma certa maturidade, uma certa
cristalização.
Quando puder, sempre que puder, reconheça este silêncio. Encontre um mestre
espiritual que possa lhe ajudar a sintonizar com este silêncio interior.
Com a meditação você aprende a se conectar com o silêncio de sua mente que está além
da sua personalidade. E quando você toca esses níveis profundos de mente, níveis que
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estão além do medo e da insegurança, pela primeira vez você percebe que sua mente é
mágica. Ela pode lhe levar ao inferno. Mas ela pode lhe levar ao céu também.
As comunidades espirituais são grupos de pessoas que tem afinidades em comum, e que
querem aprofundar em si mesmos o amor, a compaixão, a sabedoria e a paz.
Todo mestre genuíno sabe que existem muitos caminhos para Deus, e que ele é apenas
um mensageiro. Todo aquele que fala em nome de Deus é um mensageiro. Foi o próprio
Jesus que disse uma vez: “A casa de meu Pai tem muitas moradas”, querendo
claramente se referir aos caminhos que cada indivíduo toma para iluminar seu coração
com a luz de Deus.
Neste novo tipo de religiosidade que está nascendo na terra, você não tem que acreditar
em Deus, você tem de viver Deus, sentir Deus, experienciar Deus., momento a
momento, nas atividades simples da vida.
Porque quando você tem uma experiência, quando você tem a vivência de algo por você
mesmo, nenhuma pessoa pode deixar você em dúvida. Como você pode ficar em
dúvida? Você experimenta um doce e alguém diz que é salgado. Se você provou o doce,
nunca se importará com alguém ao seu lado querendo provar que o que você comeu não
é doce. A experiência pessoal é a sua fonte sagrada de crescimento.
Isto é tão óbvio de se ver que, se você notar, verá que as pessoas que vivem de crenças
sempre estão com medo de ouvir as novidades, e nunca estão abertas para o futuro. As
crenças mantém a pessoa no passado. Elas têm medo de que suas crenças estejam
erradas, por isso se fecham. Um fundamentalista é um medroso. O medo faz ele lutar
com todas as pessoas. Ele tem de provar que está certo, e para provar isto, ele quer
argumentar que todos estão errados. Ora, se você sabe que está certo, se você está
tranqüilo na sua posição, você compartilha o que sabe, mas não impõe nada a ninguém.
Porque iria impor? Deus não gosta de ditadura. Por isso ele cria tanta variedade no
mundo. Saber lidar com as diferenças é uma tarefa importante de todo buscador
espiritual.
Walt Whitman, poeta americano, dizia: “Quem nunca se contradiz deve estar
mentindo”.
As pessoas que não abrem mão de suas crenças tem medo se de contradizer. Mas como
podemos evoluir? Porque tenho que me comprometer com o passado? Ora, eu estou
vivo. Por que tenho de repetir sempre a mesma música? Se eu posso cantar novas
músicas, isso não significa que minhas músicas antigas estejam erradas, mas que posso,
a cada dia, aperfeiçoar e embelezar ainda mais o meu repertório de acordo comigo
mesmo.
Osho dizia que até nossas experiências devemos estar prontos a largar, porque, quem
sabe o próximo momento? Pode ser que o próximo momento contradiga tudo aquilo que
vivi. Pode ser que o próximo momento seja completamente um novo ensinamento para
mim. Então preciso estar aberto. Se não estou aberto, estou preso às minhas crenças. E
minhas crenças podem impedir que eu tenha uma experiência inédita que vai me dar
uma nova compreensão sobre minha vida.
Fico impressionado como tantas pessoas se queixam da rotina, mas ao mesmo tempo
adoram a rotina. Pensa-se sempre da mesma forma, faz-se sempre as mesmas coisas,
porque desse modo vem uma falsa segurança de que tudo está em seus lugar. Quando
algo diferente acontece, para simplesmente bagunçar um pouco essa rotina, é raro
vermos essas pessoas agradecerem a Deus por serem “mexidas”. Elas preferem a rotina
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A reflexão em cima disso é simples: suas formas de pensar são confortáveis e seguras.
Essas pessoas não querem sair de suas zonas de conforto. Não podem ousar, e nem se
darem ao luxo de espiar o desconhecido. O desconhecido é muito amedrontador para
elas.
Você vive girando em círculo, na periferia, repetindo a mesma coisa. Em algum lugar,
a continuidade deve ser quebrada. Isso é tudo que pode ser feito por qualquer método
de meditação. Se a continuidade é quebrada, se você for descontínuo com seu passado,
então, nesse exato momento há uma explosão! Nesse exato momento você fica
centrado, centrado no seu ser e, então, você conhecerá tudo o que sempre foi seu, tudo
o que simplesmente estava esperando por você. ( Osho)
RELIGIOSIDADE
Despertar para uma religiosidade que se baseie na essência da natureza humana é o pilar
fundamental da Grande Síntese.
Por exemplo, se você perguntar a um mestre Zen se existe reencarnação, ele ficará em
silêncio. Nenhuma resposta será dada.
Mas se você perguntar ao um espírita, ele dirá que sim, existe. Se você perguntar a um
católico, ele dirá que não, não existe.
Os mestres são muito pouco explicativos. Todas as suas explicações são conceitos
elaborados para uma mente que está receptiva, aberta, entregue. Os ensinamentos têm
um contexto, um clima, e só realmente brotam e se desenvolvem em uma escola, em um
grupo receptivo. A verdade não é um argumento. A verdade é Deus vivo no momento.
Não há uma explicação sobre a verdade. A verdade é uma experiência viva de cada
momento. Deus está vivo em cada momento para você quando Ele está acordado em seu
coração e mente. Todo esforço da meditação é levá-lo a uma entrega absoluta ao
momento como ele É, ao momento como ele está se apresentando agora, seja alegre ou
triste, bom ou mau, preto ou branco. O momento vivo. Deus é uma abertura para a
profundidade do momento.
Um mestre espiritual disse uma vez: “Quando eu aponto para a lua, preste atenção à lua
e não ao meu dedo”.
Os ensinamentos dos mestres são dedos apontados para a lua, setas que apontam para
Deus, mas a maioria fica discutindo os dedos.
Deus é silêncio, é o momento vivo, é a presença viva de seu coração. Deus é uma
experiência individual. Quando Deus é visto dentro de si mesmo, é reconhecido em
todos os lugares como a única presença que existe.
a) Não-manifesto
b) Manifesto.
Deus não-manifesto é o vazio eterno, imutável, infinito, sem começo, sem fim.
Deus manifesto é a criação.
Deus se manifesta através da criação. Por isso, toda a criação é Deus. No homem esta
criação se torna auto-consciente.
Mas Deus é tudo que há. Está no crente e no descrente. No bom e no mau. Na alegria e
na tristeza. Não há nada que não seja Deus.
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A mente humana capta Deus na sua forma mais primitiva nas crenças. Quando a mente
humana começa a buscar a verdade, uma pessoa não se contenta mais com o Deus da
crença. Ela quer conhecer Deus em Si mesma, em sua própria experiência. E quem está
fazendo isso? Quem está permitindo isso? Deus.
Todas as coisas já existem, mas a mente humana vê, pensa e sente uma coisa de cada
vez. Assim, passado, presente e futuro são criados. Mas tudo já está criado na mente de
Deus. Na mente de Deus só há eternidade. Na mente humana existe o tempo. O tempo é
um conceito da mente humana, dizem os modernos físicos. Albert Einstein descobriu
que o tempo pode ser ultrapassado. O que há além do tempo? Na resposta dos
místicos...Deus...
Você pode se perguntar: “Mas então porque não sinto Deus em mim agora? Porque não
estou em paz se Deus está em mim agora?”
Talvez porque sua mente não esteja aberta para ver e reconhecer Deus em tudo. Você
foi educado para se sentir separado de tudo e de Deus. Você se sente culpado, inseguro,
sem vida, e é assim que julga o mundo. O mundo é o que você é. A sua mente define a
sua vida. Nem na escola, nem na universidade, nem na religião ensinaram que Deus não
julga, e que é você, com sua mente humana, que te julga o tempo inteiro. Você se julga
porque foi julgado por seus pais. Não há ninguém nos céus te julgando, mas os homens
“ditos religiosos” te colocaram medo e culpa, então você perdeu sua capacidade de
viver com confiança e acreditar na vida e nos presentes que ela dá a quem confia.
CÉU OU INFERNO?
A mente humana pode viver no paraíso ou no inferno. Estes lugares não existem fora da
mente. O céu e o inferno estão em sua mente, e você os vive a cada segundo. Eles estão
em sua vida. Observe.
Perceba que aquilo a que chamamos Deus está além do paraíso ou do inferno. Céu e
inferno podem ser experienciados pelo buscador espiritual. Mas Deus é silêncio, e
silêncio está além das polaridades céu e inferno, bom e mau, tristeza e alegria.
Silêncio está além das palavras. É absolutamente uma experiência individual. Não pode
ser comunicada verbalmente. Portanto, a meditação é uma experiência individual, que
cada um sente dentro de si mesmo.
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Osho disse uma vez que “Os políticos sempre falam do coletivo. Eles estão sempre
interessados em mudar a sociedade – porque, ao mudar a sociedade, ao fazer esforços
para mudar a sociedade e a estrutura da sociedade e mais isso e mais aquilo, eles se
tornam poderosos. A sociedade nunca foi mudada. Ela permanece a mesma – a mesma
coisa corrompida. E ela permanecerá o mesmo, a menos que seja compreendido que
toda consciência acontece no indivíduo. E, quando acontece, o indivíduo torna-se
universal. Se acontecer a muitos indivíduos, então, a sociedade muda – mas não como
uma coisa social, não coletivamente”.
Podemos ter uma comunidade de meditadores, mas cada meditador está conectado a
Deus individualmente. Se existe uma comunidade, é para facilitar o processo de criar
um clima para que a semente do silêncio e da paz brote em cada um.
Tem uma historinha que sempre adorei, para que compreendamos que o mal ou o
demônio, ou a infelicidade, ou o sofrimento, é simplesmente a ausência de Deus.
corpo ou objeto
pode ser estudado quando tem ou transmite energia, mas é o
calor e não o
frio que faz com que tal corpo tenha ou transmita energia. O
zero absoluto é ausência total e absoluta de calor, todos os
corpos ficam inertes, incapazes de reagir, mas o frio não
existe. Criamos esse termo para
descrever como nos sentimos quando nos falta o calor.
- E a escuridão, existe? - continuou o estudante.
O professor respondeu: - Mas é claro que sim.
O estudante respondeu:
- Novamente o senhor se engana, a escuridão tampouco existe.
A escuridão é, na verdade, a ausência de luz. Podemos
estudar a luz, mas a escuridão não.
O prisma de Newton decompõe a luz branca nas várias cores de
que se compõe, com seus diferentes comprimentos de onda. A
escuridão não. Um simples raio de luz rasga as trevas e
ilumina a superfície que a luz toca. Como se faz para
determinar quão escuro está um determinado local do espaço?
Apenas com base na quantidade de luz presente nesse local,
não é mesmo? Escuridão é um termo que o homem criou para
descrever o que acontece quando não há luz presente.
Finalmente, o jovem estudante perguntou ao professor:
- Diga, professor, o Mal existe?
Ele respondeu:
- Claro que existe. Como eu disse no início da aula, vemos
roubos, crimes e
violência diariamente em todas as partes do mundo, essas
coisas são o Mal.
- Então o estudante respondeu:
- O Mal não existe, professor, ou ao menos não existe por si
só. O Mal é
simplesmente a ausência de Deus. É, como nos casos
anteriores, um termo que o homem criou para descrever essa
ausência de Deus.
Deus não criou o Mal. Não é como a Fé ou o Amor, que existem
como existe a Luz e o Calor.
O Mal resulta de que a humanidade não tenha Deus presente em
seus corações.
É como o frio que surge quando não há calor ou a escuridão
que acontece
quando não há luz.”
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mistério não pode ser resolvido logicamente, nem de nenhum outro modo. Um
mistério tem de ser vivido, aceito como ele é – não há meios de resolvê-lo. A vida é
contradições existem, mas essas contradições lhe dão variedade, vastidão. Osho
A DIVINDADE DO INSTANTE
O Si mesmo, seu eu real, nada tem a ver com seu ego, ou seja, nada tem a ver com a
imagem que você tem de você, ou que os outros tem de você. O Si mesmo é a sua
essência divina sem imagem. Ela é encontrada aqui-agora, em silêncio, e em clima de
receptividade e entrega. O problema nunca é seu ego. O problema é sempre a não-
realização de Deus como a única presença em todos os lugares e momentos.
Quando você dá mais importância às palavras que ao momento, você perde a divindade
do instante. A natureza do instante, do viver contínuo do movimento da vida, é
simplesmente o que É. E ver a natureza do QUE É, impulsiona a mente para a não-
mente. A mente se transforma em meio segundo em não-mente. E essa não-mente é
divindade, é o sagrado, é o QUE É.
Nada existe mais simples que isso. Isso é Zen. É não separar o mundano do sagrado, é
perceber que o que separa é só um conceito, um pensamento. O momento não é um
conceito. O momento é o momento.
Se você pergunta ao um mestre zen o que é iluminação ou meditação, ele diz: “ISTO”.
Nada há mais simples que relaxar no agora. Eckart Tolle é um outro professor espiritual
que escreveu um lindo livro chamado “O Poder do Agora”. Em seus satsangs há apenas
o reconhecimento DISTO. A cada momento, relaxar no momento sem palavras. E veja
que se você deixa as palavras em segundo plano, como pano de fundo na vida, e traz
para primeiro plano a vida, você notará uma coisa: sem palavras você não está separado
do movimento da vida. ISTO É AQUILO!
Saia nas ruas de vez em quando para fazer um exercício. Não rotule nada. Passe pelas
pessoas e não diga “pessoas”. Ande pelas praças e não mentalize “praças”. Sinta o sol
ou a chuva, e não pense “sol e chuva”. Simplesmente evite os rótulos da linguagem.
Assim você logo cairá na linguagem do coração. A linguagem do coração é silenciosa
como as nuvens, silenciosa como as praças, silenciosa como o sol e a chuva.
Leia mais poesia, se encante mais com a música, com a dança, com as belas paisagens.
Chegue a cada momento mais perto da linguagem não-verbal da existência.
O ego é só uma imagem em sua mente. O ego é seu filme interior sobre você. Se você
fechar os olhos verá que seus pensamentos são vistos e experienciados pela consciência
que você é. Note que seus pensamentos vêm e vão, e você, como um observador,
permanece. Como consciência você sempre permanece. Este é o grande segredo. Você é
esta consciência e ela é maior que seu corpo. Ela é seu corpo e ao mesmo tempo
transcende seu corpo. No seu corpo ela é matéria, na sua mente ela é mais sutil, e como
você mesmo ela é simplesmente ela mesma: consciência.
Seus pensamentos acontecem a você. Mas não são o que você É. Eu tenho pensamentos,
mas não sou os pensamentos. Esta descoberta é muito importante!
Eu tenho um livro, mas não sou um livro. Eu tenho um nariz, mas não sou meu nariz.
Eu tenho uma mente (pensamentos), mas posso observar eles quando fecho os olhos.
Se eu posso observar meus pensamentos, eu não sou aquilo que eu observo, EU SOU
aquilo que observa.
Veja que interessante: Os pensamentos “parecem” levar você a algum lugar, não é
mesmo?
Mas veja, a mente é uma máquina do tempo em você. Veja se nesse mesmo instante
você está em algum lugar senão neste momento presente...
Veja se, neste momento, você pode estar em algum outro lugar...
Veja se, exatamente nesse momento, mesmo que você pense, você consegue sair do
presente...
Existencialmente falando, não existe nem passado e nem futuro. Não há como viver no
futuro. Não há como viver o passado nesse momento, nem mesmo que você pense. Os
psicólogos dizem que mesmo que você pense no passado você está mudando,
maquiando aquele momento. Não aconteceu bem assim como você está recordando.
Você recorda de uma outra maneira, que foi diferente de quando você estava de corpo
presente àquele momento. Então, mesmo que você pense, você nunca pode reviver o
passado. Tudo é presente. Tudo é Agora.
Você não pode viver o futuro – a não ser em sua imaginação nesse momento.
Você não pode viver o passado – a não ser na sua memória.
O momento Agora já está aqui e contém tudo isso.
A natureza básica da vida não precisa ser criada por você, nem entendida por você. Está
aqui, nesse momento. Já está disponível.
Para ver, você precisa apenas estar disponível a este momento como ele É.
AUTOCONHECIMENTO
Este momento AGORA é a pérola. Podemos mudar nossas vidas apenas por notar que
não precisamos ser escravos do nosso passado. Podemos desfazer crenças inúteis.
Podemos usar nossa criatividade para abrir novas possibilidades de vida e amizade.
Os livros também podem dar uma sede inicial, mas não podem aprofundar a
investigação em você, porque a investigação de sua mente é algo individual e único.
Não há ninguém igual a você. E os livros são muito genéricos e generalistas. Nunca
respondem o que você pergunta e é seu realmente.
perspectiva do seu testemunho. Perceber, notar, vigiar sem julgar o seu fazer é o início
da meditação.
Quando você está grudado com seu rosto em um espelho, você não pode vê-lo. Mas no
momento em que for distanciando seu rosto, poderá começar a ver sua imagem. A sua
face aparece na medida em que você se distancia.
É conhecendo seus pensamentos que você irá notar como esteve criando sua vida. É
percebendo o teor desses pensamentos que você perceberá que eles são o fundamento
básico de seu sofrimento e ilusão. Este autoconhecimento lhe dará o caminho certo para
começar a se tornar responsável por suas escolhas.
A compreensão da vida Como ela É nos dá de presente uma aceitação amorosa de que
tudo que está acontecendo agora É parte de um mistério profundo que chamamos Vida.
A aceitação desse mistério pelo coração é o que chamamos FÉ.
Não há nada mau na vida. O mal é simplesmente ignorância. Todo o mal é ignorãncia.
O bem é simplesmente sabedoria. Mas como não podemos saber tudo, erramos e
acertamos. Se Deus quisesse que tudo desse sempre certo, nunca teria feito seres
humanos como nós somos. E se Deus nos julgasse pelos nossos erros, ele seria um
idiota completo: cria seres imperfeitos e depois julga porque eles erram!!! Ora, páre de
se julgar. Comece a se perdoar e vá em frente. Abandone o passado e corrija o que for
possível. Relaxe, Deus não se importa com seus erros. Não se culpe, apenas aprenda!
Viva no presente. Viva daqui pra frente. Viva sem peso. Ame-se.
GRATIDÃO
Observe a gratidão. Para ser grato você não precisa esperar. Você está vivo, e quantas
coisas estão acontecendo para você! Apenas note que inúmeras pessoas amam você do
jeito que você É, e a vida quer você do jeito que você É. Aceite suas imperfeições e seja
grato à vida por essa oportunidade. Respire fundo e sorria!
57
Osho disse:
Muitos tem me perguntado a melhor forma de ficar no Agora. Uma das mais simples e
eficazes maneiras que conheço para começar é simplesmente sentir seu corpo por
dentro.
Sempre que puder, sinta o seu corpo, mas seu corpo interior, uma certa pulsação, como
se você estivesse olhando para dentro do seu corpo e sentindo o que está acontecendo lá.
Aprenda a sentir essa pulsação. Todos os dias tente um pouco mais. Você precisa ficar
sensível para escutar seu corpo interior energético.
Respire e sinta seu corpo interior.
Assim você acorda sua presença de vida mais e mais.
Esse que acorda é seu verdadeiro Ser, que está sempre presente Agora.
Porque você não percebe seu verdadeiro Ser?
Uma das razões é que está por demais preocupado com pensamentos da mente.
A meditação é esta.
Sinta seu corpo interior.
Respire algumas vezes sentindo seu corpo interior.
Faça isso sempre que puder, sempre que lembrar.
Apenas sinta.
Não há necessidade de julgar ou avaliar.
Sinta.
Preenchimento no futuro nunca é possível, porque o futuro, assim como o ego, é um
produto do pensamento. O futuro não existe agora, a não ser no seu pensamento, na sua
imaginação. E quando você estiver no futuro, o futuro será como agora. Nenhum
homem viveu no futuro. A única possibilidade é viver agora.
Quando você começa a se tornar consciente de como sua mente está escolhendo e
vivendo sua vida, muitas coisas começam a mudar. Inconscientemente, quase como uma
máquina programada, estamos correndo daqui até ali, pensando, imaginando, pensando,
imaginando, pensando, imaginando, pensando, imaginando...sem fim.
Estamos correndo daqui para ali sem saber por quê estamos correndo. Se você reparar,
notará que muitas vezes está caminhando depressa, mesmo em momentos que não
precisaria de passos apresados. O vício do piloto automático leva seu corpo. Você
caminha inconsciente de que está caminhando com pressa, num momento em que
poderia curtir uma boa caminhada relaxada e gostosa. Com a meditação, começamos a
notar esses mecanismos inconscientes que aparecem na nossa vida. Então, quando nos
pegamos na pressa, simplesmente notamos o mecanismo e escolhemos diminuir o
passo. Usamos simplesmente a nossa inteligência e diminuímos o passo, ao mesmo
tempo em que respiramos fundo e relaxamos o nosso corpo.
O livre arbítrio não existe para o homem comum. E a razão é que ele está sob o império
de desejos inconscientes, ações que ele mesmo nem sabe porque tem vontade e porque
muitas vezes faz. Um cliente uma vez me disse que tudo que decidia fazer fazia ao
contrário. Por quê? Se você tem livre arbítrio então deveria fazer o que deseja.
Mas a verdade é que a maioria das pessoas é guiada por seus condicionamentos
genéticos e educacionais. Continuamos com aquela criança emocional ferida dentro de
nossas mentes. E nos tornamos crianças cada vez que o mundo não satisfaz nossos
desejos.
Você só pode realmente crescer quando notar e ver como está se comportando agora, a
cada momento. Isto lhe dará consciência das emoções, dos pensamentos, e das ações
que acontecem através de você.
Então você terá momentos em que espontaneamente terá alguns insights de porque faz
certas coisas, e porque reage de certos modos com as pessoas e com certos
acontecimentos. Você tinha uma idéia de que agir de um certo modo era simplesmente
uma coisa SUA. Mas não é verdade. Agir de um certo modo é um condicionamento
aprendido e construído através de sua vida, e principalmente consolidado nos primeiros
anos de infância.
Uma vez eu estava com amigos fazendo um trabalho de gravação com amigos, quando
percebi uma coisa muito profunda na minha mente. Nos anos de escola, eu me sentia
bastante rejeitado por alguns colegas, e me colocava sempre na posição defensiva, como
se todos quisessem me trapacear, como se estivessem esperando o momento certo para
me enganar. Senti a presença dessa mesma emoção junto com meus amigos naquele dia.
Exatamente no mesmo momento veio o sentimento profundo de “QUEM SOU EU?” e
59
então pude verificar que uma emoção antiga, que estava guardada no meu inconsciente,
estava tentando me sabotar. Eu já estava vendo o ambiente com meus amigos de um
modo desconfiado. Toda a minha mente já começava a entrar em estado de contração e
tensão, sentindo-se desconfortável. Quando percebi a ilusão que minha mente queria me
colocar, dei um salto. Este percebimento foi o ponto principal para que o sentimento
pudesse ser visto como irreal e ilusório. E perceber que mente estava criando uma
fantasia dentro da realidade daquele momento.
Você pode perceber quantos momentos em sua vida você fantasia coisas que não
existem e acaba reagindo negativamente a essas coisas simplesmente por não estar
alerta de que não são mais você?
Você apenas está sendo pego pelo passado. Por uma emoção que ficou guardada e
impressa nas células do corpo. E se está impressa, de vez em quando, volta.
Interessante que a meditação nos ajude exatamente nesse ponto. Nossas reações ficam
mais claras à luz do momento. Quando a raiva acontece, ela é percebida. Quando o
temor acontece, é percebido. Quando tristeza acontece, é notada no momento. No
processo meditativo, não adianta você recordar e analisar a situação passada. Você tem
que se tornar alerta ao momento, e retornar ao observador que está além de tudo isso.
Sua consciência pura apenas observa amorosamente as reações espontâneas do corpo. O
corpo reage de acordo com seu condicionamento e programação genética e de infância.
Você observa o corpo reagindo e não se identifica com as reações. QUEM É VOCÊ? As
reações, ou aquilo que observa as reações? Você é passado ou inteligência presente que
observa seu cérebro reagindo a um evento passado que acontece em sua mente?
Com isso, uma presença vai surgindo na sua percepção de você mesmo. Uma presença
que é maior que sua mente, que seus pensamentos. Uma presença que envolve sua
mente, que envolve seu corpo. É a presença de Deus te envolvendo e dando suporte ao
seu corpo e sua mente. Essa presença tem amor. É amor...
Você começa a perceber que nunca esteve sozinho. Começa a notar que esta presença
sempre esteve ali, mas não podia ser notada por uma mente que não está aqui-agora...
É como o oceano. Na superfície pode haver ondas, barulhos, podem passar pessoas com
jet-skis, lanchas, navios que largam óleo... mas na medida em que vai descendo, a
profundidade do oceano revela um novo panorama. O fundo do oceano é puro silêncio e
paz.
Assim é a mente.
O fundo de sua mente é paz, calmaria, relaxamento.
A superfície é turbulenta, cheia de pensamentos constantes que vem e vão sem o seu
controle.
A mente da superfície é a mente comum. Esta mente é como um macaco. Está sempre
pulando de galho em galho. Sempre de um pensamento a outro, sem cessar. A mente da
superfície é a mente do ego. Ela nunca está em paz. Está sempre preocupada com sua
imagem, no que os outros vão pensar, no que os outros estão pensando de mim, no meu
fracasso, no meu sucesso, no meu, no meu, no eu, eu, eu, eu...
A mente da superfície (mente do ego) está sempre vivendo em caos consigo mesma.
No momento em que você deixa de acreditar que a imagem que você faz de si mesmo é
a única verdade sua, e que você se dá conta de que a imagem que os outros fazem de
você também não é real (apenas opiniões e percepções de cada um), então você
começa a se sentir livre para ser o que você É sem se preocupar.
Osho disse: “O homem que quer realmente se tornar um não-fazedor, começa agindo
como um veículo do divino, do todo. A ação continua, mas o ator desaparece. Este é o
significado do não-fazer. Você vive a mesma vida, mas agora você tem uma qualidade
totalmente diferente, ela tem um sabor diferente."
É nesse momento que você começa a ter coragem de ser você mesmo. E é nesse
momento que você começa a sentir o seu propósito de vida.
61
Antes disso você vivia sem um propósito, vagando daqui para ali, sem foco, sem
clareza. Agora você percebe intuitivamente o sentido da vida. E começa a nascer dentro
de si um desejo que outros também sintam.
Deus é perfeito em seu plano. Tudo aquilo de bom que nasce dentro da gente nos
impulsiona a compartilhar. Você quer dar o que tem. O compartilhar é um dom divino
para que a semente da luz e do acordar seja disseminada e acolhida pelo maior número
de pessoas. É sabido que só podemos dar o que temos.
As pessoas infelizes destroem a si mesmas e ao mundo. Note que, quando você está
infeliz, um sentimento destrutivo nasce em algum lugar em sua mente. Ou você começa
a destruir a si mesmo, com pensamentos negativos, com culpa, ansiedade, baixa-estima,
ou começa a destruir fora de você, com violência aos outros, aspereza, impondo suas
vontades, precisando criticar, julgar, diminuir o outro para poder “subir” um pouco.
A estratégia de uma pessoa infeliz é querer ser superior. Quem é feliz não se preocupa
em ser superior, porque ela não se sente inferior nem superior a ninguém. Ela sabe que
não há como comparar dois seres humanos. Mas uma pessoa infeliz precisa se sentir
forte e superior. Então a sua estratégia é rebaixar os outros. Diminuindo os outros pode
tentar ficar maior. Mas como tudo isso não passa de um jogo mental e uma fantasia, não
dura muito. E logo terá que refazer tudo de novo. Esse jogo de ego gera um stress
enorme. Esta pessoa jamais está em paz porque não se aceita como É.
Uma vez ouvi de um mestre Zen: “Deus não te julga. Não dê a Deus qualidades
humanas. Julgamentos fazem parte dos homens, da cultura, dos conceitos humanos.
Mas como Deus pode julgar se está além do pensamento, além do bem e do mal, do
certo e do errado? Examine sua mente. É ela que julga”.
Quando pela meditação e auto-investigação você percebe quem está julgando, tem um
momento que você cai na gargalhada. Nesse momento cai uma ficha. Você percebe que
o jogo é seu, que você o esteve jogando contra si mesmo. E se o jogo é seu você pode
escolher parar a hora que quiser. Você pode mudar as regras. Você começa a acordar...
Acordar é perceber os jogos que fazemos contra nós mesmos. Ou seja, quando você está
envolvido com seus pensamentos, a presença fica oculta. Quando você percebe que na
presença dos pensamentos você existe como observador e testemunha desses
pensamentos, então uma mudança de percepção acontece. Os pensamentos perdem a
força sobre você.
Somos canais por onde Deus vive as suas múltiplas manifestações. Ou seja, nós somos
instrumentos da vida, não os autores. Somos os instrumentos de cada ação e
pensamento, mas o autor de cada ação e pensamento é Vida, Consciência ou Deus.
62
Aos poucos você mergulha cada vez mais no além, torna-se luminoso, extático, conhece
a bênção, a beatitude. Agora não há mais trabalho; você começa a cantar, dançar e a
gozar. Os dias de sadhana terminaram, você não tem mais nada a realizar. Deus tomou
posse de seu coração, agora é com ele. Você pode confiar e deixar tudo com ele. Pode
relaxar-se totalmente. É isso o que significa deixar acontecer. Não é que a jornada
tenha terminado, mas o viajante desapareceu. Agora não existe mais a pessoa que
viaja, mas a viagem continua...E agora há uma beleza, pois não há esforço.
Osho
SEGUNDA PARTE
63
PERGUNTAS E RESPOSTAS
Relacionei aqui algumas perguntas oportunas que tenho ouvido nos últimos anos em
minhas palestras, workshops e retiros de meditação ,de modo a ajudar aqueles que
estiverem em busca de si mesmos. Espero que seja útil para aprofundar a sua
caminhada, e o ajude a relaxar ainda mais em direção ao divino que você É.
Tenho dificuldade de aceitar quando alguém me rebaixa ou me diz algo que fere o
meu ego. Ouvi você falar sobre o ego. O que posso fazer para me sentir mais forte?
Superior e inferior são nomes, rótulos que o pensamento cria. Você é perfeito e divino
aqui-agora. É seu orgulho que não permite que você seja você mesmo. Aceite a você
mesmo e tudo isso desaparece. Se outra pessoa tem o poder sobre você, é porque você
deve ter uma idéia de ser alguém superior. Mas lembre-se: você não é uma idéia. Volte
para o silêncio que você é e abandone as idéias boas ou ruins. Você verá que para ser
quem você é não é preciso se comparar aos outros. Isso é assunto seu. Quando você se
expande, por perceber que não cabes em nenhuma idéia, percebes também que não é
necessário os outros te compreenderem. É você que pode compreender os outros. Se
você vai esperar que os outros te compreendam, pode passar a vida esperando, e não vai
dar certo. É sábio saber que você é sempre responsável pelas escolhas que faz. Se você
escolhe se desaprovar, tome consciência de como isso está afetando sua vida. Você é
responsável. Páre de se sabotar. Simplesmente páre por perceber isto. Ou não reclame.
Os meus erros me marcam muito. Sou uma pessoa muito rancorosa comigo mesma.
Como faço para não errar tanto?
Quando erramos e algo não deu certo, tivemos uma boa oportunidade de aprender algo
no mundo relativo da mente. É inevitável errar. Muitas vezes nos culpamos quando nos
frustramos com algo. Não é preciso. Podemos nos perguntar: “O que tenho de aprender
com isso?”. Muitas vezes pode ser o ensinamento da “paciência”. Então tome
consciência do que a palavra paciência quer dizer para você. Contemple ela, e respire
algumas vezes a palavra “paciência” no seu coração. Se quiser, pode colocar uma das
mãos no centro do peito e respirar fundo. Paciência. Paciência. Paciência. Isso ajuda
porque tira a sua atenção do que estava perturbando e lhe dá tempo de se conectar
consigo mesmo e seu aprendizado. Não se preocupe: Tudo está certo! No final, você
está de volta a si mesmo, e este si mesmo é silêncio e paz. O importante é que você
saiba retornar ao silêncio. Todo pensamento vem do silêncio e todo pensamento retorna
ao silêncio. Em relação á verdade, porém, como aquilo que Eu Sou pode ser errado ou
certo? Verifique agora por si mesmo se isto em você é certo ou errado. Fique presente.
O que pode estar errado? Ou certo? Na consciência há apenas a permanência do
sentimento EU SOU.
Isso vem do seu coração? Isso te conecta com o amor e a gratidão? Se a resposta for sim
– então isso é uma conexão linda. Se for feito sem amor, sem envolvimento, do jeito
que muitas pessoas às vezes oram, como se fossem papagaios, então não faz sentido
nenhum. A meditação é um processo de intimidade com a vida. Ela abre o coração para
a beleza. Há muitos tipos de meditações úteis, e cada pessoa se atrairá por um tipo
particular que ressoe mais com o seu momento.
É a liberação dos medos que estão acumulados na mente e nas células do nosso corpo.
Purificação emocional é um passo importante rumo a meditação. Sempre que alguém
começa a jornada do coração, inicia pela purificação emocional. É claro que cada
pessoa é um indivíduo, portanto a intensidade da purificação dependerá de cada pessoa.
Eu fui atraído pela biodança, pelo renascimento (terapia de respiração), pela regressão
hipnótica, pela terapia corporal e a bioenergética. Trabalhei em mim mesmo durante
muito tempo com meditação e terapiasExistem muitos trabalhos maravilhosos... Seu
coração te levará. Sem a purificação, muitas pessoas sentem dificuldade em meditar,
confiar e agradecer.
Adoro os livros de auto-ajuda, mas ontem vi uma reportagem que criticava estes
livros, chamando-os de charlatões e superficiais. O que você acha disso?
Cada pessoa é atraída pela vibração que está. A sua mente o leva para onde você
precisa. Tudo é uma questão do que você sente em você. Talvez a maioria das pessoas
que lêem auto-ajuda não se beneficia simplesmente porque não partem para a prática.
Apenas ler não é suficiente. A prática é a meditação diária, a purificação emocional e os
satsangs, que aprendemos em grupos. Procure um bom professor que você tenha
simpatia e aprenda o mais que puder, na prática e no estudo da mente. Auto-ajuda é
praticar. Desperte a energia do seu corpo. Desperte a energia da sua mente. Desperte a
presença de luz que você é.
Uma criança pode meditar? Tenho filhos pequenos e sinto que seria lindo se pudesse
sentar com eles. O que achas?
Uma criança é um meditador nato. Na verdade, tudo que a meditação faz é voltar nossa
consciência para a inocência. Iluminação é inocência. Saiba que simplesmente estar em
amor com suas crianças, brincando, sentindo, falando abertamente a eles e confiando no
potencial deles é a melhor maneira deles meditarem. Mas antes você tem que estar feliz
com você mesma. Ajude-se, e depois compartilhe este amor. Não podemos dar o que
não temos? Pratique por você mesmo, e você mudará outras pessoas a sua volta sem
nenhum esforço.
O meu passado foi duro e de muito sofrimento. Minha mente pensa demais sobre
isso. O que pode me ajudar neste caminho que propões?
Não importa o que nos aconteceu, mas em como estamos olhando para o que É, agora.
Se sua vida não tem brilho, é porque seus olhos estão voltados para algum lugar que não
é o seu presente. O coração é criativo e vive no Agora. Ele adora aventuras. O coração
vive no presente. Ele não conhece o passado. O coração pensa que o passado aconteceu
a outra pessoa.
Você pode aprender a dirigir sua energia para o que quer hoje. E isso é meditação. A
sua atenção vai ser treinada para viver a partir do seu amor no presente, e não no
passado, na angústia, no que não fez. Tudo que aconteceu, se foi. Agora você está no
ponto zero – pode recomeçar. Nós podemos recomeçar sempre, porque não há nada
sério a ser feito na vida. A vida é uma maneira de você se expressar como sente.
66
Quando eu pego meu violão e faço uma canção, fico cheio de alegria e êxtase. E estou
sozinho comigo mesmo. O prazer é sentido no momento. Sempre temos este momento
para recomeçar e fazer novas escolhas. Expandir a consciência é aprender a fazer
melhores escolhas, escolhas que tenham mais sintonia com o nosso coração aventureiro
e criativo.
O que está nos mantendo separados de Deus? O que nos faz sentir como se
estivéssemos sozinhos?
A mente racional cria idéias a respeito da vida, dos outros e de você. Cria imagens e
depois acredita que essas imagens que criou são na verdade a vida real. A mente conta
mentiras. O Jogo da Ilusão é feito pela mente, de forma a que possamos nos ver
primeiro como criaturas separadas e desgarradas, para depois buscar a unificação. Ser
separado é estar com medo. Estar unido é estar no amor. A mente vive na consciência
do medo. O coração na freqüência do amor. Estamos buscando aquilo que somos: luz!
A verdade é o acolhimento total do amor neste exato momento. A verdade é você, como
você É agora. A verdade é a expressão do amor. E o amor às vezes vem disfarçado no
nosso mundo dual de ódio, de raiva, de cobiça, de ambição, de medos, mas é o mesmo
amor. Só este amor existe, e ele é o perfume da consciência. A verdade é o que existe
sempre, aqui-agora, disponível. A verdade não precisa ser pensada, nem vista, nem
falada. A verdade é o óbvio. Só existe Vida. Vida é consciência em ação pelo jogo da
dualidade da mente. A mente cria um jogo de ilusão e dualidade para que possamos
experienciar polaridades de energia, ying e yang. Então a mente vive e cria a alegria e a
tristeza, a dor e o prazer. Na tensão desses pólos há vida. Na medida que você acolhe e
fala a verdade para você mesmo, nasce uma expressão de amor, por você ser o que você
É. Nasce uma expressão de naturalidade. Isto é a verdade.
Acolher é ver que o negativo é um sinal de alarme. Algo é preciso ser visto, olhado,
entendido. Você não deve temer nada que acontece a você. Este é um caminho do
acolhimento.
Tudo é perfeito. E se você não achar, é porque há um mau entendimento sobre aquilo. A
mente é relativa e não pode ver o Todo.
67
Só existe Deus, a Fonte, a Consciência, o Ser, o Vazio Criativo, ou o nome que você
quiser dar. Apenas você tem de se lembrar que não há na verdade a dualidade. Só há
aqui-agora, e você é este aqui-agora. O mistério é este. É quase impossível perceber
isto, e mudar toda uma perspectiva que aprendemos de que estamos separados dos
outros e de Deus. Deus é sua consciência mais profunda, e ela está aqui agora. Você (o
EU REAL que é consciência) está jogando um jogo de dualidade tendo uma
experiência humana. O Ego esqueceu de sua origem na Consciência. Este jogo é tudo
que existe. A criação é imensa, infinita. Teilhard de Chardin disse: “Nós não somos
seres humanos buscando experiências espirituais, mas seres espirituais tendo
experiências humanas”.
Eu sou músico e minhas músicas muitas vezes saem quando estou triste. Porque vou
negar a minha tristeza e querer ser sempre alegre e feliz se na tristeza posso viver
muito bem?
Perfeito! Há um tempo para se viver tudo. A tristeza tem beleza, sim! É necessário antes
vivermos tudo que há, tristeza ou alegria. Totalidade é o ponto. Celebração do que está
agora. Quando expandimos, tudo que fizemos com arte se tornará belo e não haverá
nenhuma tristeza. A arte que você faz depende de sua mente, e todas são legítimas.
Você apenas tem que descansar no que você É. A mais perfeita arte é estar repousado na
vida.
O que é o perdão?
É saber que somos todos totalmente perfeitos aqui-agora. A imperfeição vem da mente,
da ilusão. Você perdoa a si mesmo e aos outros quando nota que nem você nem os
outros são aquilo que você pensa. E que tudo que você pensa vem do passado. Não está
mais presente. É possível ir sempre em frente. E isso vem com uma intuição profunda
do coração. Todos somos Um. Todos somos Luz. O seu corpo e sua mente estão ligados
com todos os corpos e todas as mentes que você vê fora de si mesmo. Na verdade, a
separação só existe na idéia da mente. O fato é que tudo é interconectado. Perdão é
abandonar o passado. Perdão é estar sempre zero para o Agora.
dissipado pelo amor, pela meditação, e pela sabedoria. Por alguma dessas ou por todas
ao mesmo tempo. Cada pessoa é única na sua busca e no seu caminho.
O Reiki é bom mesmo? Eu adoro receber reiki. O que você acha desta técnica de
cura?
Reiki é um sistema de cura emocional e mental. Pode ser usado como um trampolim
para a meditação. Uma pessoa com os chacras harmonizados será uma pessoa que
tenderá a ter mais facilidade para meditar e experienciar níveis mais profundos de paz.
Se você ama o Reiki, use-o para ficar mais meditativo, mais silencioso, mais amoroso.
Então, tudo é bom. E então inicie a meditar e a investigar Quem é você. E aprofunde sua
vivência do Agora. Assim, o Reiki pode ajudar.
A melhor hora é sempre Agora. Aquiete-se, observe sua mente, ancore-se no aqui-
agora, abandone-se neste momento presente. Saiba que meditar não é apenas uma
técnica, apesar dos exercícios serem muito úteis. Meditar é um entendimento de que
aqui-agora o amor é tudo que há. Mas se você for um iniciante, meditar em silêncio
durante um tempo determinado é muito útil e cria em si mesmo um compromisso maior
com o caminho. Mas isso ainda depende de cada indivíduo. Há pessoas que não gostam
de praticar meditação. E há pessoas que amam. Se você gosta há uma técnica para se
aproximar da presença. Sinta seu corpo e sua respiração, como se pudesse sentir seu
corpo de dentro, como se estivesse percebendo seu corpo interior. O corpo interior é um
espaço que pode ser sentido em você aqui-agora, e que traz sua mente para o presente.
Tudo pode ser usado como trampolim, ensinava Osho. Mas aprenda a reconhecer sua
divindade eterna Agora.
O poder de ser você mesmo! De ser simples, transparente, aberto e sincero com você.
De viver no Agora. A meditação e a iluminação são aberturas para um viver mais
69
Você poderia resumir o que acha importante as pessoas saberem inicialmente sobre
este caminho?
De forma geral, é assim: Aceite a vida como ela é e continue amando de verdade do
Amor, dando atenção a quem você É de verdade, através da meditação constante que é
o acolhimento da dualidade. Perca-se em Si mesmo. Ali não há medo. Volte pra você
mesmo e fique em paz!
E tem alguma coisa importante a fazer para que a gente possa aceitar mais a vida?
Quando alguma coisa de errado acontece, como posso aceitar simplesmente? Isso é
fatalismo! Preciso tentar fazer as coisas como eu quero...
Olha, você percebe a força do ego? Você pode ver por si mesma que muitas coisas boas
acontecem e muitas coisas ruins acontecem. Muitas decisões suas deram certo, outras
deram errado. Você sabe disso também. Por que você acha que todas as decisões
deveriam dar certo?
Esta vida é uma vida de polaridades! Os opostos são complementares! A mente não
pode viver além dos opostos. Mas, se você muda seu ponto de vista da mente para o
coração, há um “percebimento” de que a resposta não mais interessa. Toda resposta
virá da mente! Eu permaneço em silêncio. Quanto mais me aquieto, mais silêncio. Veja:
a dualidade continua, mas, em meu íntimo, o silêncio de Si mesmo abraça toda a
dualidade, envolve com amor e aceitação qualquer resposta, porque qualquer resposta é
a resposta do silêncio. Silêncio contém e está além de todas as respostas. Envolvido pelo
silêncio, você simplesmente relaxa. ESTE relaxamento vai soltar seu corpo físico,
mental, e emocional, e você em breve estará dizendo que há algo tranqüilizando seu
corpo e sua mente. Este algo é a sua presença espiritual. Esta presença reaparece quando
o foco da sua atenção vem para VOCÊ MESMO, ou seja, primeiramente para seu corpo,
depois sentindo sua energia, depois percebendo o observador. O observador é a luz do
divino.
Mas deixe-me perguntar uma questão muito prática. Sei que estou há uns meses
ouvindo semelhantes ensinamentos, e eles tem mudado um tanto a minha vida.
Tenho estado com alguns mestres que falam de não-dualidade. Acho incrível como a
simples compreensão vai aumentando. Sinto-me enxergando coisas que antes não via
nas palavras que leio ou ouço. Parece um mundo mágico...
Mas ao mesmo tempo algumas questões estão mais fortes e preementes. A minha
relação com minha mulher está piorando sensivelmente. Não que brigamos mais,
mas estamos nos afastando muito. Sabe o que é não sentir a falta de alguém e ficar
70
feliz quando está longe? Muito ruim né, para parceiros que escolheram estar juntos...
(rsrs)
O que posso fazer a mais para que obtenha mais harmonia no meu relacionamento
com ela?
Você está mesmo interessado nisso? Existe amor? Há vontade genuína de crescer junto
com essa pessoa?
Não sei...
Este ensinamento também traz uma coisa muito interessante consigo: a transparência.
Não podemos mais esconder certas coisas de nós mesmos ou dos outros. Você tem que
falar a verdade, e primeiro para você mesmo. É como se fôssemos testados a falar a
verdade agora em diante. Sim, eu sinto também que com a compreensão expandindo
muitas coisas mudam. Casamentos acontecem. Outros 70ra-acontecem. É parte do fluxo
da vida.
Você apenas se irrita mesmo quando é VOCÊ, mas separações estão acontecendo todo o
tempo na dualidade do mundo da mente. Tudo se transforma. Se você vive um
relacionamento real e verdadeiro, a sabedoria os torna ainda mais parceiros e íntimos.
Caso contrário, as relações que se mantém nas aparências, seja por causa dos filhos, por
causa do status, pela situação financeira – não se sustentam mais. A verdade começa a
vir e aos poucos fica intolerável viver no meio de tanta mentira. A compreensão do
ensinamento no coração mostra que o Amor é melhor que o Medo.
E se você está numa relação por medo, medo de ficar sozinho, medo de não suportar
viver por conta própria, então isso vai gerar ainda mais sofrimento. Agora um
sofrimento mais consciente. Agora você sabe por que sofre. Sofre porque vive na
mentira. Sofre porque não se ama suficiente para criar a vida do jeito que quer e que
tenha a ver com você.
Entendo tudo que dizes, mas às vezes sinto que a meditação desaparece, que não
estou mais centrado. Como posso não perder isto?
Explique mais...
A atenção voltada para você mesmo faz a mente voltar à sua origem. Sua mente está
sempre focada para fora. Faça a pergunta: “Quem está perdido lá fora?” E veja. Olhe
71
para onde isso aponta. Não responda. Qualquer resposta verbal não vai te satisfazer.
Pergunte “Quem sou eu?” e veja para onde isso te leva. Olhe. Ramana Maharshi pedia a
seus discípulos para olhar para este EU REAL. Digamos que eu esteja olhando para
uma flor. Quem está olhando para a flor? Que sou eu que olho para a flor? E fico nisso.
Sem saber. Apenas no Agora. Percebendo para onde me leva esta inquirição. E de onde
vem a mente? A mente vem da Fonte, Daquilo. O que é a mente? Que formato ela tem?
Que cor ela tem?
Tudo que você sabe sobre a mente foi a própria mente que lhe disse, não?
Sim!
Algo que você não conhece lhe diz algo, e isto é aceito sempre como verdade. Um tanto
constrangedor, não é mesmo?
Pois é... desconfiamos dos outros, mas não desconfiamos de nossas mentes!
Imagine uma cena: você chega em casa. Vê uma carta deixada por baixo da porta ao
chão. O envelope não tem destinatário e nem rementente. Pega a carta e está escrito:
“Desista de tudo e fuja”. Mesmo sem saber para quem seja a carta, e mesmo sem ter
idéia de quem a escreveu, você segue as instruções – desiste de tudo e foge. Esta é uma
decisão que poderia ser considerada lúcida?
Pois os pensamentos acontecem como ondas de rádio que viajam pelo ar. Se você vai
seguir todo pensamento que vêm à sua mente, você estará perdido. Porque milhões de
pensamentos, uns contradizendo outros, tem sempre a possibilidade de vir à sua mente.
Esse é o estado da mente do ser humano – muitos pensamentos... A tal da mente
coletiva...
Certo. Vamos pegar como exemplo a estação de rádio. Da estação central saem as
músicas, que viajam em ondas e chegam em sua casa, no seu rádio, no seu som. Se nós
pudermos ver esta estação central como Deus, e os aparelhos de som como pessoas, nós
chegaremos a visualizar algo bem frutífero. Me diga: Se um aparelho deixa de
funcionar, deixa de funcionar a estação de rádio, de onde a música vem?
Não. A central é independente. A música continuará a ser emitida, mas não chegará
ao meu ouvido porque meu aparelho, o instrumento que uso para ouvir o som, está
estragado.
E quando uma pessoa humana morre, o que acontece? O conhecimento é energia e não
morre. Ele é retido na mente humana universal. Assim como um outro aparelho de som
pode captar a música, sendo um aparelho mais sofisticado, mais novo, do mesmo modo
a vida se renova com novas pessoas para servir de canais para a energia cósmica. É por
isso que muitas religiões falam em reencarnação. Ora, nada morre, apenas há uma
reciclagem dos pensamentos, sentimentos e a vida organiza um novo corpo para que
aqueles sentimentos e pensamentos prossigam no movimento da consciência.
Mas não é você que reencarna. Você como se pensa agora não reencarna e é irrepetível.
É você como EU SOU, como essência imortal que reencarna sempre e sempre para
viver muitas formas. O espírito é UM. Este espírito sempre será um, se manifestando
para a mente de muitas formas diferentes. É o espírito universal do UM que se identifica
com a formas-energia-pensamento que reencarna sempre. Todas as pessoas são em
verdade o UM.
O conhecimento é feito pela mente? É a minha mente que tem que conhecer? Se é
assim, ela não fica mais e mais forte na medida em que leio livros ou que estudo os
ensinamentos?
O conhecimento que tem por base a mente humana é um conhecimento parcial, limitado
e dual, ilusório, porque parte de uma relação sujeito e objeto, que em verdade não
existe. A verdade não pode ser compreendida pelo pensamento. O pensamento é uma
seta apontando para o observador do pensamento (neste ensinamento). Veja, o propósito
aqui não é o de informar a mente, apesar de parecer. A meta é algo que está além da
mente. As palavras indicam, mas não explicam a verdade. O dedo aponta. Mas olhe para
onde o dedo aponta, não para o dedo.
Você não pode conhecer tudo através do pensamento porque o conhecimento da mente
é sempre contraditório e dual. O que quero dizer com isso? Quero dizer que o
conhecimento da mente cria algo chamado ego, que é um centro artificial que passa a
ser você, tenta pensar como sendo você, e tenta sentir como sendo você. O plano é
mantê-lo ocupado com objetos – no mundo exterior.
4)Por fim, aceite, perdoe, e ame a todos ao notar e compreender que somos todos Um na
brincadeira da Consciência Divina de procurar por si mesma através de você.
5)Aprenda que meditação é um estado de quando você está totalmente agradecido ao
universo, tão agradecido que você se desmancha nesse universo, sem nome, sem
destino, sem identidade. Apenas como consciência. Acontece quando você não está
mais. A sua intimidade com a vida é expandida até que a própria vida seja tudo que
você É. Veja a beleza disso! Meditação é voltar a mente para a sua fonte, ou seja, para a
consciência pura. Largue tudo por um minuto apenas e veja a sua essência EU SOU
brilhando agora. Para isso, se desinteresse por alguns segundos pelo mundo externo e
foque a atenção em você mesmo. Olhe para si mesmo. Quem é você?
Quem sou eu? Retorne ao presente. Fique aqui.
Deus é um conceito que você usa para falar do Absoluto. Mas quando falo em
Absoluto, ou Deus, isto, afinal, não é um conceito da minha mente?
Se você puder devolver a palavra “Absoluto” e a palavra “Deus” para o lugar de onde
elas vieram, e mesmo assim puder sentir que nada está faltando – então você nota que a
palavra foi só uma indicação. Quem move a palavra? De onde nasce a palavra? Se
mesmo deixando a palavra você ainda permanece repousado naquilo que envolve tudo,
então a presença de Deus realmente está reconhecida. Com a palavra ou sem a palavra,
o que dá significado à palavra? Quem reconhece a palavra? A palavra não é reconhecida
pela palavra. O conhecimento não é reconhecido pelo conhecimento. Dois livros não se
relacionam entre si. Apenas duas consciências. Tudo é consciência. Tudo é inteligência
consciente. Muitas vezes essa inteligência não é consciente de si, como no caso das
pedras, mas pedra é “consciência”. Os conceitos dos sábios são como barcos. Atravesse
o rio e deixe o barco. Não o leve nos ombros. Um sábio não é um homem de
conhecimento. É um homem de SABEDORIA. E sabedoria é inteligência + amor.
Alguns são articulados, outros não. Alguns são mestres, outros não. Alguns possuem
conhecimento, outros não. O sábio tem uma característica marcante: sua inocência. Ele
vive aquilo que não pode ser perdido. Um sábio não precisa saber que é sábio, e
geralmente nunca pode ser reconhecido. Ele se mistura na multidão. Não está mais
querendo provar nada. Observa com amor a toda manifestação e também cria junto, do
seu modo.
Essa é a percepção correta. Quando acordo para mim mesmo noto que não há ninguém
separado – como um suposto eu (que se iluminou), que chegou a isto por méritos
próprios – e, portanto, não há uma pessoa que possa estar acordada ou iluminada.
Iluminação é a ausência deste eu problemático.
Eis porque, quando estamos brigando com a vida ao nos frustramos com algo,
sempre é o ego que fica frustrado. O ego sempre vê uma ameaça. O ego acorda pela
manhã e já vê seu inimigo. Se não encontra um inimigo, começa a brigar com ele
próprio. Um dia ouvi de que o ego só consegue sobreviver no conflito. É assim?
74
Isso mesmo! Conflito psicológico e ego são sinônimos! (rsrs) Como o ego é uma
identificação da consciência com um corpo, ele tem que fazer esforço para existir. O
espírito, como é pura consciência, não precisa fazer esforço para existir. Esforço é ego.
É a vontade do ego que perpetua a noção de que existimos separados uns dos outros.
O amor destrói o ego porque o amor o faz relaxar e você se sente derretido na
existência, sem precisar mostrar nada especial de você para os outros para reforçar seu
ego machucado. O amor derrete o sentimento de separação e traz intimidade com a vida.
Nesse relaxamento o ego se torna flexível, flui com o rio, a cada momento tem
inteligência/amor para decidir. O amor é este eu fluido, esta consciência que permeia a
harmonia. Mas sempre no momento. Por isso a vigilância constante é o início do
caminho. “Orai e vigiai” dizia o mestre.
Jesus disse também: “Amai vossos inimigos”. Os inimigos que Jesus falava eram
pensamentos, emoções perturbadoras, conflitos interiores. Amai vossos inimigos
significa acolher tudo que a vida é, a cada momento. Acolher. Apenas não impedir que
o rio flua. Lembro de uma vez Gangaji falar isto. Acolha! Quando a gente acolhe tudo
aquilo que tem no instante, há inteireza. Inteireza é outro nome para aqui-agora. Lembro
então que aqui-agora é o eterno que as religiões se referem, porque aqui-agora não está
no tempo. A mente tem presente, passado e futuro. O movimento da mente se faz nesses
três tempos. Mas aquilo que você É, essa consciência, não está no tempo. Ou seja,
quando você descobrir a testemunha, você, pela primeira vez descobre, paradoxalmente,
o que é o Ser. Está aqui, não no tempo, mas no aqui e inclui tudo porque então não há
mais janelas mentais separando seu corpo de outro corpo, porque você nota que não está
dentro do corpo, e na verdade contém todos os corpos. Não tem tempo nem espaço
possível pra isso. Não existe eu que observa – o que existe é observação pela
consciência, que não é você! O Não-ser é o Ser. Não há separação. Nisargadatta diria
agora: “Aquilo que Eu Sou está além do Ser e do Não-Ser. Nem isso, nem aquilo, diz o
Zen. Nem dois, nem um, diz os sábios do Advaita (não-dois).
Só existe uma Consciência Universal falando. E ela usa as nossas bocas. O ensinamento
é muito simples. Aceitação do que é, e descobrir quem você realmente É, agora!
Este é o reconhecimento da verdade nesse momento, nesse instante, em como falo,
como sinto, como lido com meus cinco sentidos, como reajo às pessoas. É interessante
ver tudo isso acontecer de um ponto de vista diferente. Não há briga interior com algo
externo. Este ensinamento é para conduzi-lo a uma vida mais fácil, mais relaxada, e
mais pacífica, porque não há ninguém para brigar! Se você é UM, quem brigará com
quem? Em muitos, este ensinamento provoca um relaxamento muito grande, e todas as
ações que fazemos ficam mais leves e mais cheias de beleza únicas. Em muitos casos,
de acordo com cada organismo, o ensinamento nada provoca. Cada pessoa reage
conforme a sua unicidade e destino, de acordo com seus condicionamento de infâncias e
sociais que formam seu temperamento e personalidade. O organismo é ensinado e
programado a pensar de tal e tal forma. Se você senta em meditação, você nota que
existe um mundo de pensamentos e emoções e sensações neste momento circundando
você.
Como os mestres dizem: “Eu sou o observador, não aquilo que é observado. Porque
aquilo que é observado muda, e aquilo que está observando não muda. Consciência
não muda, o que muda é a mente!
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Pois bem. Quem está observando os pensamentos? Se digo que sou eu, tenho então que
notar que a atenção consciente que está observando aqui-agora sou EU. Mas este EU é
apenas uma presença consciente – uma atenção consciente. Não é nada. Esdta
observação não é uma pessoa. Dê-se conta disso! Não é uma pessoa! Não é o eu que
observa! O eu é observado! O eu, a mente, os pensamentos, é algo observado sempre e
sempre. A mente não observa. O eu não observa nada. É a consciência que testemunha e
dá luz para que a mente possa ser vista como pensamentos e sentimentos e sensações.
Aquilo que na verdade eu sou é uma atenção consciente, pura luz, e sta luz, esta
consciência, pode ter tamanho, forma? Claro que não. Mas ela é pura paz...e você pode
sentir isto agora. Não é uma teoria que isso é paz. É passível de um experimento. Este
experimento é satsang, meditação. Satsang desmancha com você no que você pensava
que era. Satyaprem desmanchou as minhas crenças uma a uma como se estivesse
colocando água num castelo de areia. Esta é a bênção de um mestre vivo. Satsang serve
para desmanchar o que o pensamento criou e solidificou como real e verdade.
Esta atenção consciente é pura, virgem, não nasce com o corpo, não morre com o corpo,
não está vinculada ao corpo e a mente, não está no tempo, não está no pensamento, não
pode ser pensada, tocada ou sentida pela mente.
A consciência infinita, em seu teatro manifesto como criação, pode se ver de muitos
modos diferentes. Ela representa todos os papéis. Está em todas as coisas. Dorme nas
pedras, sente nos vegetais, se locomove nos animais, pensa no homem e acorda no
sábio. É no homem que a mente começa a acordar para o que é em essência. Porque o
homem é o melhor instrumento para Deus se revelar para si mesmo. A mente do homem
pode é um instrumento de acordar espiritual. É nisso que consiste a preciosidade da vida
humana.
Aprendi com os sábios iluminados que é importante notar e investigar a cada dia e ver
que não há ninguém para saber ou ganhar qualquer coisa, e que tudo o que ganhares
será como fumaça – tende a passar. Lembre-se sempre Daquilo que não passa. Iluminar
é perceber claramente que não existe um eu para ser iluminado.
Olha para aquilo que está iluminado agora, que está iluminando. Lembre: de onde vêm
as imagens/projeções do cinema? De trás, do projetor. E agora, de onde vem a luz que
ilumina a mente e as histórias na tela da vida?
A atenção deve ir recuando, saindo dos objetos externos, passando pelos pensamentos e
sentimentos, e indo mais atrás ainda, para o observador. Note o observador. Atenção
consciente no observador. Notando o observador. O observador não é uma pessoa, não é
um alguém, está em você, está em mim, está simplesmente como algo sem forma em
um lugar que não é um lugar.
Na mente, o dar-se conta disso se faz no tempo, mas a iluminação está fora do tempo!
Ou seja, o infinito, aquilo que é eterno, já é iluminado por natureza. Mas como pode
existir o finito e o temporal senão por causa do eterno, amparado pelo eterno, sombra do
eterno, reflexo dele, daquilo que É REAL? Só existe o real e o real é o que está por trás
iluminando a vida e a mente.
De onde vem essa consciência, senão de algo que não é material? De onde vêm os
pensamentos, a inteligência, o amor?
77
Sem sombra de dúvida. Quando você aceita a vida em sua polaridade, momentos maus e
momentos bons, você começa a ir em direção a essa consciência búdica, divina,
crística. Quando há menos esforço em controlar as circunstâncias, mais energia você
conserva no corpo e na mente.
Aí quando nos damos conta de que não há nenhum Deus separado de nós mesmos, e
que o eu pessoal não existe, logo não pode escolher nada sozinho, então você começa a
acordar para quem você é.... Afinal o que é o eu pessoal senão nossos
condicionamentos educacionais e genéticos se manifestando...
Você simplesmente faz tudo que puder fazer. E isso tudo que você pode fazer é aceito
como a sua ação perfeita do momento. Se você pode fazer outra coisa, faça. Este
ensinamento lhe diz claramente: Faça tudo como se você fosse o fazedor, e aceite as
conseqüências como parte de um jogo cósmico. Não é fatalismo, porque é uma noção
além do destino e do livre-arbítrio. A Consciência Universal, este espaço perfeito, não é
afetado por livre-arbítrio ou destino. Isso é em essência o que É. Busque isto. No UM
NÃO EXISTE dualidade. Fatalismo e livre-arbítrio são definições do mundo da mente,
da manifestação, do samsara. Vá além e descubra que samsara é conteúdo da mente. A
pérola é simplesmente encontrada no fundo do oceano da mente, e é preciso uma vida
de busca incansável e investigação constante para valorizar isto na vida comum. A
pérola é realmente muito comum aos olhos comuns. Precisamos de novos olhos. Então
descobrimos que as pérolas são uma constância. Samsara e Nirava, o Inferno e Céu,
então não são diferentes. São estados de consciência mental. Vá além, dizia
Nisargadatta.
Ah, agora ficou mais claro quando falavas uma vez em “Néctar da vida eterna”. Sim,
agora entendo o que quer dizer imortalidade. Não é a imortalidade da personalidade
que sou, mas a imortalidade do que SOU.
Se você gosta de meditar, medite. Se você gosta de praticar esportes, pratique. Se você
gosta de transar, transe. O que este ensinamento vem perguntar é QUEM É QUE está
meditando, praticando esportes, transando? Quem é esta consciência, esta inteligência,
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que faz minha digestão, faz meu sangue pulsar, faz minha respiração. O que dá vida à
vida? Este ensinamento é mais uma pergunta do que uma resposta. A resposta tem de
ser vivencial. A cada momento você nota o que está presente sempre. Existe um amor
que está sempre sobrevoando. Existe uma presença que está sempre te cuidando. E esta
presença é silenciosa e pacífica.
E você quer praticar zazen, pratique. Se quer praticar as meditações ativas do Osho,
pratique. Se quer praticar Vipassana, que é observar sua respiração, pratique. É
maravilhoso. Mas pratique como se estivesse cantando uma canção. Pratique pelo amor
de praticar, de estar UM com o momento. Sem metas, sem objetivos. Apenas sentar e
praticar. O zen dá o nome de “meditar sem idéia de ganho”. Isto que estamos ensinando
é puro neo-zazen. Você medita porque você é a Fonte, mas não há ninguém de nome tal
fazendo a meditação. O nome é só um rótulo. A meditação é feita pela Consciência
Cósmica. A meditação é feita pela presença que habita cada instrumento humano.
Há diversas formas de acordar para si mesmo. Meera acordou dançando, enquanto que
outro mestre zen acordou fazendo zazen. Mas um milagre acontece: quando você está
no momento certo, só há Deus, você desaparece. A presença do divino derrete tudo.
Quando você reaparece como uma história e um eu, Deus desaparece.
Iluminação é não-saber.
Explique...
O que sei é que iluminação nada tem a ver com o humano. Iluminação é um conceito
para uma certa compreensão vivencial de QUEM ÉS. Mas não há ninguém iluminado
porque não existe um eu que ilumina. Buda assim ensinava quando falava de na-atma
(não-eu). A compreensão de que não existe um eu separado é iluminação. Mas quando
há iluminação não há mais um eu para ficar iluminado. Um paradoxo, não é mesmo?
Quando há iluminação não há nada para ser iluminado. Quando não há iluminação,
imagina-se que há algo para ser iluminado. É bem assim. Essa compreensão é apenas
mental no início, e pode se tornar uma experiência pessoal e vivencial em algum
momento.
É no Agora que posso pensar no passado. Portanto, o passado está dentro do Agora. E é
também no Agora que eu penso no futuro. Ora, o futuro está morando também em um
lugar chamado AGORA. E este momento presente está morando no meu coração. O
passado e o futuro estão morando em minha mente, na minha memória e na minha
imaginação. Mas o presente está no coração, não mora na mente. É por isso que o
“poder deste momento” é algo muito vivo. O presente é aqui, e aqui posso sentir que
meu coração só tem a vida diante de mim, como ela me apresenta.
Tinha um mestre de meditação que conta que seu próprio mestre era um homem infeliz.
Mas ele sabia que ser infeliz era parte do caminho dele, parte do ensinamento, e mesmo
assim ele sempre continuava meditando. Infelicidade não impedia ele de continuar
meditando. Pelo máximo que ajudasse as pessoas aconteciam coisas terríveis com ele.
Era parte da vida daquele corpo/mente ocorrer aquelas tragédias pessoais. Mas chegou
um momento em que ele não era mais tocado pelo sofrimento. A meditação
simplesmente o fez desapegar-se do sofrimento que o corpo e a mente ainda às vezes
tinham. Quando mais desapego, mais felicidade entrava em seu coração.
Este método foi criado por quem? Nunca tinha ouvido falar de auto-investigação.
Apenas conhecia meditação. Estou achando isto muito maravilhoso. Esclarece muita
coisa. Mas pelo que entendi, usas a meditação formal também?
Sinto-me uma espécie de mensageiro dos mestres que me ajudaram. Acho que as
pessoas podem aprender de diversas formas, e muitas vezes temos de ser muito criativos
para expor o ensinamento. Sabemos que nossas mentes possuem percepções diferentes
do mundo. Há pessoas que são muito ativas. Elas gostam de ouvir que podem encontrar
Deus simplesmente fazendo o seu trabalho no mundo. E é verdade. Só que você faz o
trabalho para Deus, ou para a Fonte da Vida. Há pessoas que nasceram para se
devotarem a alguém. São pessoas cheias de amor para compartilhar e sempre adoram
um mestre em particular. Através dessa adoração elas esquecem do ego e começam a
aprender a silenciar a mente. Jesus Cristo inspira muitas pessoas a entregarem seu ego e
se dissolverem. Há pessoas que precisam meditar formalmente. Há pessoas que já
vivem espontaneamente essa paz que a presença no momento nos dá.
Sim, inicialmente são conceitos. Mas conceitos de sabedoria podem ajudar a clarear a
mente – e isto é tudo que é necessário neste caminho. Quando a mente bebe de
sabedoria, ela morre como ignorância e nasce como sabedoria. O último estágio da
sabedoria é perceber que não há sabedoria. Quando tudo é visto como um jogo de
opostos, sabedoria, ignorância, iluminação, não-iluminação, bom, mal, então podemos
compreender o ponto chave que este ensinamento indica: você É a presença
observadora, e não os opostos que você percebe. O EU REAL não tem forma nem pode
ser conceituado. O EU REAL não pode ser pensado.
Quando todos os conceitos são vistos como pensamentos do corpo, nota-se que existe
uma consciência de existir que permanece presente. Aqui está ela. Essa consciência EU
SOU. EU EXISTO. Se pudermos largar os conceitos durante meio segundo, o que há
por baixo dos conceitos e palavras?
Por trás de tudo há silêncio. E este silêncio leva os pensamentos para este mesmo
silêncio. Este silêncio é consciência pura. E este silêncio é a tua natureza mais real e
permanente. Por isso Jesus disse: “Queres paz? Procura primeiro o reino, e então todo o
resto virá a partir disso, e o Reino está dentro de vós”.
Os tesouros interiores são a busca da vida. Existe uma pesquisa que mostrou que todas
as pessoas que estão em seus leitos de morte, dizem arrepender-se de não terem sido
mais gentis, mais amorosas, ter abraçado mais, amado mais, passeado mais, vivido
mais. Elas nunca dizem que queriam ter comprado mais bens, ter vendido mais imóveis,
ter adquirido mais carros ou estado com mais mulheres ou homens. Essas pessoas notam
na última hora que o valor da vida está em simplesmente aprender a amar, amando-se.
Vida é amor. E amor é conhecer a si mesmo. Amor sem auto-conhecimento é
simplesmente amor romântico-carente-destrutivo.
As pessoas falam que o amor é ruim, que o amor não vale a pena. Ora, o amor vale a
pena, mas quem sabe o que é o amor? O que elas chamam de amor é uma relação de
dependência e neurose, uma coisa muito primitiva e infantil. É claro que dará em
conflitos e brigas, obrigações, deves e não-deves, acusações, humilhações, tudo menos o
verdadeiro RELACIONAR-SE que é intimidade. E intimidade é ver que o outro não
existe, e sim o que existe é a Fonte. Amar é amar a Fonte no outro. Amar a Deus no
outro. Isto era o que eles chamavam de amar o Divino. Deus é a fonte de tudo.
Intimidade acontece apenas quando o ego se vai. Dois egos são duas bolhas. Não se
relacionam. Se relacionam apenas consigo mesmas. Um ego é uma bolha de
pensamentos sobre a vida e sobre si mesmo. Quando aprendemos a não fazer mais
histórias sobre nossas vidas e a viver no presente, muito do nosso sofrimento diminui.
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Parar de contar e recontar as histórias para mim mesmo tem sido maravilhoso. Um
grande alívio!
Um conceito indica. Este ensinamento indica: O QUE É VOCÊ? Quem está amando
através de seu corpo? Se você nota que é a Fonte que está amando através de você, ou
mesmo chorando através de você, o que você faz? Relaxa. É a Fonte do Silêncio e da
Paz que mora contigo no teu coração. A oração e a meditação sempre foram maneiras
de deixar tudo prontinho para unir-se a Deus. Orar é falar com Deus. Meditar é ouvir
Deus. Mas pergunte-se: “QUEM está a ouvir ou a falar com DEUS?”.
Note que, se você investiga, não há ninguém ouvindo Deus e nem falando com Deus.
Existe o falar e o ouvir. Mas quem está ouvindo? Você só encontrará a Fonte, se
procurar. Porque todo EU que encontrares será um pensamento, e um pensamento não é
você. Há um barco vazio. Por isso todos os iluminados falam do bambu oco. Você é um
bambu oco. Acordar é ter certeza disso.
Albert Einstein disse uma vez: “Quanto mais eu observo o universo mais ele se parece a
um grande pensamento do que a uma grande máquina”.
No taoísmo temos que yin é uma energia feminina e yang uma energia masculina. E
TAO é a transcendência de ambos. TAO é outro nome para a Fonte. Agora você sabe
que tem seu refúgio eterno.
A real espiritualidade vem com o se dar conta de que a alegria interior é permanente,
enquanto que a provocada por coisas externas é passageira. Siga sua intuição. Vá atrás
de seus sonhos. Descobrirá muitas coisas. Um dia, quando menos perceber, você vê que
todos os desejos são fúteis e não lhes dá mais energia. Mas aí você SABE. Quando este
dia chegar você estará maduro para aceitar a vida como ela É. E dessa aceitação nasce
um perfume. É o perfume da presença da Fonte de Silêncio e Paz.
83
A CIÊNCIA DA ALMA
Como eu inicio esta caminhada espiritual? Eu nunca fiz nenhuma meditação, nunca
estive em nenhum centro. Não conheço pessoas que estão nesse caminho. Posso
meditar sozinho em minha casa?
Não há nenhuma regra quanto ao auto-conhecimento. Mas poderia lhe sugerir que
começar com um grupo é a melhor e mais e segura maneira de continuar o processo
com sucesso. Se você não tem pessoas a sua volta para lhe ajudar, é muito difícil que
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tenha persistência sozinho. Meditação não é algo muito falado no mundo, e as pessoas
em geral têm preconceitos.
Para praticar é preciso um método. Cada professor tem o seu método. Encontre um bom
professor, uma pessoa que você se afine, que desperte confiança e amor em você. Os
livros podem lhe dar a sede, mas funcionam como cardápios. No restaurante, cardápios
não podem lhe saciar a fome. A verdadeira comida espiritual é estar com um grupo,
praticar, e ouvir os ensinamentos espirituais de quem os já assimilou em sua vida. Foi
assim que aprendi. E esta é a maneira que ensino.
Quero ter novas visões, ver luzes, sentir minha energia kundalini subindo pela
espinha, quero ler pensamentos... Quero sentir o que os livros falam. A meditação me
dará isto?
Um meditador real não se interessa por estados alterados, mas sim pelo estado natural,
Sahaja yoga, a união natural de Deus e da criação, aqui-agora, na sua vida comum.
Acordar espiritualmente não é algo para ser exibido como um troféu. Se você quer
poder, você não quer Deus. Poder é magia. A busca por Deus é a busca pela
simplicidade e abandono do ego. É o abandono do desejo de poder que libera o
envolvimento com a auto-imagem egóica. É na entrega, e não na luta, que o verdadeiro
caminho se faz. Ele não se faz na busca de mais poderes, sejam eles psíquicos ou
físicos.
Iluminação é a coisa mais natural do mundo e foi feita apenas para os puros de coração.
Afinal, quem pode existir em paz? Os puros e os inocentes de coração. Puros como as
criançinhas – como dizia o mestre. É por isso que ninguém quer de verdade acordar...
Acordar implica ver o que você tem feito a vida inteira com você. Olhar para suas
mentiras e se comprometer com a consciência do Agora. Nós sabemos... O mundo quer
poder... Pessoas carentes querem poder como alimento vital para suas vidas. Mas a alma
(aquilo que você é) não se alimenta de poder. Quem se alimenta de poder é o ego, a
mente. Pessoas satisfeitas e lúcidas querem beleza, amor, paz. Por que se preocupar em
competir e em buscar poder se estou feliz e em paz comigo mesmo neste momento
agora? A guerra é sempre a inconsciência materializada no mundo físico... Portanto,
esteja consciente do que está buscando.
Ouvi falar que meditação traz tranqüilidade e paz na vida. Tenho praticado
meditação e não tenho encontrado esta paz. O que estou fazendo de errado?
Se você não parar de imaginar você mesmo em algum lugar no futuro, não haverá paz.
No Zen, eles dizem para você praticar sentar em meditação sem idéia de ganho.
Simplesmente pratique. Sente-se sem nenhum apego ao resultado. Você deve estar,
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nesses três anos, esperando que algo aconteça. É isso que o está frustrando. Se você não
compreende a busca, ela nunca irá parar. Muitas pessoas estão viciadas em buscar e
buscar, e nem sabem o que estão buscando. Algumas pessoas buscam grana, outras
relacionamentos, sexo, poder, ou mesmo outras buscam paz, felicidade, Deus. E a
busca não pára porque estão buscando no lugar errado. Ela não pode parar a menos
que você se dê conta de que já tem o que precisa, e comece a amar de verdade a
essência do que você É. Antes desse ponto, Chögyam Trungpa Rinpoche chamava de
“puro materialismo espiritual”.
Mas mesmo depois que me dou conta em Satsang de que a busca é fútil, mesmo assim
continuarei buscando? Ou pararei de querer crescer, me aperfeiçoar, melhorar?
Existem pessoas que depois de um Satsang começam a melhorar sua qualidade de vida
optando por viver uma vida mais saudável. Mas tudo isso se torna apenas uma simples
brincadeira, porque então VOCÊ JÁ SABE QUEM VOCÊ É. Se você vive sua vida
sabendo quem você é, tudo se torna mais simples, porque aquela ansiedade que você
tinha de que a felicidade iria ser conquistada no futuro é abandonada completamente. A
vida é aceita no momento presente como um presente de Deus pra você Agora. Nada é
adiado. Viver Satsang é o desafio para a integração do ensinamento. Em primeiro lugar
você escuta o professor. Em segundo lugar você investiga em sua vida se tudo aquilo
faz sentido. Então, na medida em que você vai experienciando sua vida, os
ensinamentos vão integrando você. Por fim chega o momento da cristalização do
ensinamento. A estabilização ou cristalização do ensinamento é quando não há mais
ensinamento! Então há pura espontaneidade do momento.
Existe um ditado Zen para isto: “Antes de eu estudar o zen as montanhas eram
montanhas e os rios eram rios. Depois tive minhas primeiras percepções meditativas, e
as montanhas já não eram mais montanhas e os rios já não eram mais rios. Agora que eu
vivo meditativo, as montanhas são novamente montanhas, e os rios novamente rios”.
Isso quer dizer que a fase final é viver a vida de forma simples e total, com absoluta
liberdade. Liberdade total é a meta. O ensinamento é apenas um conceito útil no início
da jornada. Mas Deus não é um ensinamento. Deus se revela no mistério sagrado do
momento, sem palavras, em suas ações. O mestre zen Suzuki se refere assim: “Não há
pessoas iluminadas, e sim ações iluminadas”. Deus se revela assim. A Fonte da paz é
você mesmo.
de olhos fechados. Adaptou antigas técnicas de Yoga com novos e modernos trabalhos
de psicoterapia ocidentais, num sistema muito rico que englobou toda a essência da
religiosidade que tivemos na terra.
Yoga quer dizer simplesmente religar, unir de novo. Os métodos podem variar. Osho
tende a ensinar uma “Yoga Espontânea”, que muitos sábios hindus chamam de Sahaja
Yoga.
Seja uma testemunha! Observe a mente e relaxe no puro observador. Isto é meditação.
Você não precisa parar a mente. Ela pára quando tiver que parar. Você não tem este
controle! Porque você não tem este controle? Porque não existe um eu para ter controle.
O eu é também um outro pensamento! Ela pára ou mesmo enfraquece quando você está
consciente de si mesmo Agora. Porque no Agora tudo é movido por uma grande força.
Seja uma testemunha disso e desfrute.
Os Mestres Zen são muito criativos. Existe a cerimônia do chá, o cultivo das flores, a
criação dos jardins. As pessoas do Zen amam a natureza. Osho, como um moderno
mestre zen, ama a dança, a música, a escultura, o teatro... Em sua comunidade sempre
existiram grupos em que as artes eram usadas para facilitar o processo meditativo.
Quando estamos imersos em alguma arte, desaparece a mente e o que há é pura criação
divina. Ele dizia sempre: “Dance até que você desapareça e só a dança permaneça.
Quando dançarino desaparece na dança, meditação acontece”. Tudo que você puder
fazer com totalidade lhe dará um vislumbre de meditação. Por isso a arte é muito usada.
Tudo que tenho ensinado de meditação é essencialmente Zen-Advaita. O caminho Zen é
realmente um atrativo muito sedutor para mim. Meu mestre renovou muito do caminho
do Zen para a mente moderna, e trouxe novas abordagens práticas e filosóficas sobre
esta jornada profunda e atraente.
Você disse que eu não posso controlar os eventos externos, nem mesmo os meus
pensamentos. Isso é algo aterrador! O que me resta?
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Você não pode controlar os eventos externos, mas pode reagir a eles com inteligência.
Esta reação aos estímulos externos é o que a meditação vai mudando em você. E tudo
isso sem o seu controle. Naturalmente você começa a perceber que não está preso ao
externo. Você vê que não precisa estar infeliz porque seu amigo está. Você vê que não é
um escravo dos sentimentos dos outros. Você vê que não precisa ser levado por
circunstâncias. Nota que o governo, a economia, o mau humor das pessoas, o tempo,
nada disso pode perturbar a sua paz que mora em seu coração. Teve um amigo uma vez
que me disse que estava mudando seus móveis de lugar em sua casa, porque descobriu o
Feng-Shui, o método milenar de harmonizar ambientes. Apenas disse a ele: “Mude
dentro, porque senão, como você vai viver? Você não pode levar sua casa para todos os
lugares...”
Existem muitas pessoas que ainda estão mudando relacionamentos, de casas, de cidade,
empregos, e ainda não encontraram paz. Mas quando você percebe cada vez mais o
silêncio de Deus em você, o silêncio da meditação, você se perturba cada vez menos.
Claro que continua a escolher os lugares e coisas que tem preferência, mas tudo com
mais suavidade e menos stress.
Meditação ensina você que a paz é sua natureza. Apenas uma mudança de foco...
Mas se o vazio é tudo que há, então porque existe mente, confusão, etc... Por que o
vazio quer isto? Porque o vazio quer criar confusão? Parece não ter sentido isso...
Vazio é cheio de potencialidade e cria forma para se conceber como amor, plenitude,
beleza, sabedoria. Esta é a brincadeira divina. Quando você percebe que não há eu, mas
que há apenas consciência das formas, então você fez todo o caminho que precisa ser
feito.
Os hindus dizem:
Aquilo que é permanente é real.
Aquilo que é transitório é irreal.
Se Deus está em tudo, este corpo, este sentimento, este pensamento, não é seu, é de
Deus.
Se não há eu, e apenas Deus se passando por um ego, então há somente unicidade,
unidade, somente o Pai EM TUDO E EM TODAS AS COISAS.
Se você disser: “Ah, agora entendi. Não sou eu que faço, é a minha mente”.Ora, quando
você diz: “...é a minha mente...”, você está se referindo a QUEM que possui a mente?
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Mente de quem? Tem que haver um eu que tem a mente. Mas não há. Você é que caiu
na armadilha de novo. Ninguém tem a mente. Na terminologia cristã você pode dizer
que Deus tem a mente, porque tudo é Deus. No advaita (não-dualidade) poderias dizer
que TUDO É CONSCIÊNCIA. Ninguém está tendo ninguém. Assim como quando
notamos as nuvens passando sobre a lua e temos a ilusão de que a lua está se mexendo
enquanto as nuvens é que estão se movendo, da mesma forma nós temos a ilusão de que
existe algo como a mente, pensamentos. A nossa ilusão e simplesmente a idéia de que
tudo não seja amor e beleza em sua essência. Meditação é a faca que corta essa ilusão. E
o instrumento que te dá essa certeza é a intuição espiritual, que nasce da meditação.
E assim É.
Acolha tudo.
Acolha o sentimento e o pensamento no coração.
Deixe que tudo repouse ali...
O coração tem o poder de transformar.
Porque o Amor incondicional está no coração.
Simplesmente não rejeite nada. O que estiver sentindo é simplesmente a vida sentindo
através de você, então significa que você não rejeita nada.
Amor sem medida, sem tempo, sem fronteiras, sem limite, infinito.
Deus é a freqüência mais alta da sua própria consciência.
Deus está vivendo você Agora e está despertando em você Agora.
Como descobrir isto?
Acolha tudo – sempre...
É uma maravilhosa prática espiritual.
O amor escolhe.
O truque está em fazer as melhores escolhas todo o momento. Mas o segredo é este:
Se mantiver o mesmo nível de consciência, poderá achar que está fazendo novas
escolhas, poderá achar que “agora” vai dar certo, mas não vai dar certo, porque este
não é o caminho para a paz. Perceba que essas escolhas virão da mesma mente, virão
do seu conhecimento, virão do seu passado, virão dos programas já condicionados na
mente, na matrix. A única saída é mudar a percepção, o foco, a perspectiva, para que
os novos pensamentos venham de outra Fonte que seja superior à mente racional.
O medo afasta. O Amor atrai. Na escuridão você chega em casa e tropeça em alguma
cadeira e grita: “Droga de cadeira, por que está logo aqui??!!”
Outro dia você entra em casa e a luz não permite que você tropece.
90
Acolha tudo e você se torna o Amor. O medo é engolido para dentro do coração do
Amor.O amor é a Energia Pura da Consciência. Amor é Vazio Criativo.
Deixe o Todo respirar por você. Deixe o Todo pensar por você.
Acolher significa entregar nas mãos do Amor a sua vida.
Significa parar de acreditar no sofrimento e começar a ver um universo sempre em
mudança diante de você, com novas possibilidades abertas a cada instante. No mínimo,
um jogo interessante quando se conhece algumas regras, algumas leis básicas.
Você pode fazer novas escolhas! Mas aprenda a silenciar a mente, aprenda a
descansar no coração, aprenda a viver a verdade e a transparência de quem você É
neste exato instante. Aprenda a amar isso que você É. O Amor amando o Amor.
Advaita significa que Deus não é apenas Um, é Dois também. Pai e Filho. Por isso
não-dois, nem um e nem dois.
Tudo é Um.
Ora, se tudo é Um, como podemos achar que somos iluminados ou não-iluminados?
Quem acha? Ora, a mente, aquilo que é Dois.
Sem dualidade. Iluminação e ignorância são opostos que fazem parte do jogo da mente
e de Deus.
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Mas o que o Todo não pode nunca estar em oposição a nada. O que É, simplesmente É.
O Todo é um Todo! Não é algo que a mente possa conter. A mente não pode conter. A
mente pode conter “partes” do Todo. Ela é uma parte do Todo. Logo, o UM não pode
ser conhecido pela mente.
O jogo dos opostos é feito pela mente. A dualidade existe para a mente.
O feio e o bonito existem para a mente. Não é possível existir apenas o feio, e nem
apenas o bonito, porque eles se definem um ao outro. O feio precisa do bonito para
existir. Sem o feio, como o bonito pode existir?
O jogo dos opostos (dualidade) é o que os hindus chamam de maya. É o jogo dos
contrastes. O jogo da vida! Para que exista a vida como conhecemos é preciso
contraste.
Os orientais dizem também que o eu real não é maya, não está no mundo dos sentidos e
da mente, mas sim no mundo da Consciência.
Ora, se tudo é Um, em essência somos tudo que existe. E este é o nosso destino.
Ampliar cada vez mais a noção de quem Somos. Expandir cada vez mais a visão de
quem Sou de verdade. O crescimento espiritual é simplesmente uma expansão do eu
(ego) para Deus (Consciência). Antes, o eu era apenas um egozinho. Depois, o eu se
torna a própria Consciência Universal, abarcando tudo, sendo tudo, vivendo tudo
como Amor. E ao mesmo tempo como Pura Consciência Universal sempre além, sem
nome, sem forma. Apenas É.
Todas as experiências são as experiências de Deus e seu jogo cósmico. “Matar o ego”,
ou “fazer o ego morrer”, é um termo que muitos ouviram em livros que falavam sobre
a iluminação espiritual. Mas não há nada que morre. Nada muda na verdade. Apenas a
noção de eu se amplia. Esta expansão os sábios chamaram de iluminação, e ela não
tem fim.
De fato é uma ampliação da noção de ego, da noção de eu. Você cresce. Expande. Nota
uma liberdade que jamais tiveste antes. Faz novas escolhas espontaneamente.
Acordar é exatamente a noção de que, por ser o Amor Incondicional, você é tudo. Está
presente como consciência pura, e como corpo/mente neste planeta aqui-agora.
Acordar é perceber o invisível e o visível dando as mãos conscientemente.
Amor e Consciência.
Nisargadatta Maharaj
O AUTOR
Escritor, cantor e compositor, têm dois CD’s gravados com suas composições, incluindo
um Projeto de shows e CD chamado ARTE PELA PAZ, um lindo trabalho com
diversos músicos que abordam o espiritual em seus trabalhos.
E-Mail: swanaseeb@yahoo.com.br
Blog: www.sambodhnaseeb.blogspot.com