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história
conexões
conexões com a história
Alexandre Alves
Doutor em História Econômica pela Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.
Pesquisador-colaborador no Departamento de História da Universidade
Estadual de Campinas.
1a edição
Moderna Plus
Moderna PLUS
Coordenação editorial: Maria Raquel Apolinário
Edição de texto: Eduardo Augusto Guimarães, Nubia Andrade e Silva, Rosane Cristina
Thahira, Paulo Ferraz de C. Oliveira, João Luiz Maximo da Silva, Ricardo Van Acker, Bianca
Barbagallo Zuchi, Vanessa Gregorut
Assessoria na seção Diálogos com a arte: Divanize Carbonieri
Assessoria didático-pedagógica: Thelma Cadermatori Figueiredo de Oliveira, Regina
Maria de Oliveira Ribeiro, Murilo José de Resende
Assistência editorial: Vivian Kaori Ehara, Tathiane Gerbovic, Dirce Yukie Yamamoto, Izilda
de O. Pereira, Gabriele Cristine Barbosa dos Santos
Preparação de texto: Izilda de O. Pereira, Daisy Pereira Daniel
Coordenação de design e projetos visuais: Sandra Botelho de Carvalho Homma
Projeto gráfico: Everson de Paula, Marta Cerqueira Leite, Mariza Porto
Capas: Everson de Paula
Fotos: caixa do aluno e exemplar do professor: cópia da escultura Apolo Belvedere,
original grego esculpido em mármore por Leochares (Leocarés), século IV a.C.
© Randy Faris/Corbis/Latinstock; ruínas de templo na acrópole de Atenas, Grécia
© De Agostini/Contributor/Getty Images
Parte I: Ninfa com a concha, escultura em mármore, séc. IV a.C. © Hervé
Lewandowski/RMN/Other Images;
Parte II: coroa de dom Pedro II © Claus Meyer/Tyba – Museu Imperial/IPHAN/MinC;
Parte III: Perfil do tempo, escultura em bronze de Salvador Dalí, 1931 © Michael
Nicholson/Corbis/Latinstock – Fundação Gala-Salvador Dalí.
Coordenação de produção gráfica: André Monteiro, Maria de Lourdes Rodrigues
Coordenação de arte: Wilson Gazzoni Agostinho
Edição de arte: Enriqueta Monica Meyer
Assessoria de projetos visuais: William H iroshi Taciro
Edição de infografia: Tathiane Gerbovic, Daniela Máximo, Ana Claudia Fernandes,
Mauro César Corrêa Brosso, Marcos Antônio Zibordi
Editoração eletrônica: Grapho editoração
Coordenação de revisão: Elaine Cristina del Nero
Revisão: Ana Paula Luccisano, Nancy H. Dias, Nelson J. de Camargo
Coordenação de pesquisa iconográfica: Ana Lucia Soares
Pesquisa iconográfica: Ana Claudia Fernandes, Carol Böck, Fernanda Siwiec, Etoile
Shaw, Felipe Campos, Leonardo de Sousa Klein, Odete Ernestina Pereira
Coordenação de bureau: Américo Jesus
Tratamento de imagens: Arleth Rodrigues, Bureau São Paulo, Fabio N. Precendo,
Rubens M. Rodrigues
Pré-impressão: Helio P. de Souza Filho, Marcio Hideyuki Kamoto, Alexandre Petreca,
Everton L. de Oliveira
Coordenação de produção industrial: Wilson Aparecido Troque
Alves, Alexandre
Conexões com a História: volume único /
Alexandre Alves, Letícia Fagundes de Oliveira. —
São Paulo: Moderna, 2010.
10-07444 CDD-907
ISBN 978-85-16-07402-9
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Todos os direitos reservados
EDITORA MODERNA LTDA.
Rua Padre Adelino, 758 - Belenzinho
São Paulo - SP - Brasil - CEP 03303-904
Vendas e Atendimento: Tel. (0_ _11) 2602-5510
Fax (0_ _11) 2790-1501
www.moderna.com.br
2011
Impresso na China
1 3 5 7 9 10 8 6 4 2
Abertura de Unidade
A abertura de Unidade traz textos,
imagens e infográficos que
dialogam com os conteúdos que
serão estudados nos Capítulos
correspondentes.
Questões
motivadoras
estimulam a realizar
uma reflexão
introdutória sobre o
assunto explorado na
abertura.
A linha do tempo
apresenta os principais
acontecimentos
a serem estudados Abertura de Capítulo
na Unidade. Na abertura de Capítulo,
o texto o prepara para
estudar os conteúdos do
Capítulo, apresentando e
O Capítulo é organizado problematizando o assunto
em Seções. Na abertura que será tratado.
do Capítulo, há uma breve
descrição do que será
estudado em cada Seção.
Glossário
Palavras menos
conhecidas e
consideradas
importantes para
o entendimento
do texto são
esclarecidas no
glossário.
Questões
No final de cada
Seção, Questões
verificam o
conhecimento
aprendido.
Ampliando conhecimentos
Esta seção traz temas históricos
relevantes para o capítulo
que está sendo estudado,
desenvolvidos por meio de
infografias.
Atividades
No final de cada Capítulo, uma
bateria de atividades avalia o
estudo realizado e possibilita
ampliar a compreensão dos
conteúdos.
Sugestões
A seção traz sugestões
de livros, filmes e
sites relacionados aos
assuntos tratados na
Unidade.
Praticando:
vestibulares e Enem
Questões de
vestibulares de todo
o Brasil e do Enem
foram selecionadas
para você testar o seu
conhecimento.
Capítulo 3
Capítulo 1
Índia e China 63
A Pré-história humana 30
Seção
Seção
3.1 A civilização do Vale do Indo 64
1.1 O lugar do homem na evolução das • O início de uma civilização, 64 • As cidades
espécies 31 e as atividades econômicas, 64 • Expansão
• O criacionismo, 31 • O evolucionismo, 32 da civilização do Rio Indo, 65
• O papel da arqueologia, 33 • A evolução
humana: traços gerais, 33 3.2 A civilização clássica indiana 66
• As migrações arianas e o bramanismo, 66 •
1.2 Uma cultura de caçadores 35 O sistema de castas na Índia, 67
• A periodização da Pré-história, 35 • Os
primeiros artefatos humanos, 35 • As 3.3 Reações contra o sistema de castas 68
primeiras espécies do gênero Homo, 36 • Novas crenças religiosas, 68 • As técnicas
• O Homo neanderthalensis, 36 • O Homo espirituais da ioga, 68 • O budismo e o
sapiens, 37 jainismo, 69
Controvérsias, 70
1.3 A origem do homem americano 38
• A ocupação da América, 38 3.4 A origem da civilização chinesa 71
Controvérsias, 40 • As primeiras culturas agrícolas na China, 71
• A dinastia Chou e a expansão da China, 72
1.4 A Pré-história brasileira 41
• As culturas do Pleistoceno (até 12 mil anos 3.5 O Império Chinês 73
atrás), 41 • As culturas do Holoceno (de 12 • O nascimento do Império Chinês, 73
mil anos atrás até o presente), 42 • A atividade intelectual, 74
Atividades, 75
1.5 O Neolítico e a Revolução Agrícola 44
• O período neolítico, 44
Atividades, 47
capítulo 4
5.4 A crise das póleis e a conquista
macedônica 114
hebreus, fenícios e persas 76 • As Guerras Médicas, 114 • A Guerra do
seção
Peloponeso, 114 • O Império Macedônico, 115
Atividades, 116
4.1 Da era do bronze à era do ferro 77
• O colapso da era do bronze, 77 • As invasões capítulo 6
aramaicas, 78
roma e antiguidade tardia 117
4.2 Os hebreus: das origens ao êxodo 79 seção
• Origem dos hebreus, 79 • Abraão e a Terra
Prometida, 79 • Os hebreus no Egito, 80 6.1 A polêmica origem de Roma 118
• O mito da origem de Roma, 118 • O
4.3 Os hebreus antigos: política e sociedade 82 testemunho dos fatos, 118 • A Monarquia
• O período dos juízes, 82 • A monarquia
Romana, 119
hebraica, 82 • A dominação externa, 83
Controvérsias, 84 6.2 A República Romana 120
• Uma república aristocrática, 120 • A expansão
4.4 A civilização marítima dos fenícios 85 militar romana, 121 • A crise social no fim da
• O império marítimo, 85 • A perda da
República, 121
independência, 86
6.3 O nascimento de um império universal 122
4.5 O Império Persa 87 • A guerra civil e o fim da República, 122 • A
• A formação do Império Persa, 87 • Satrapias:
cultura no século de Augusto, 123 • O poder do
a administração do Império, 88 • O fim do
imperador, 124
Império Persa, 88
Atividades, 89 6.4 Homens livres, escravos e o cotidiano em
Diálogos com a arte Roma 125
• Quem tinha direito à cidadania, 125 • A
• As primeiras manifestações da arte, 90
escravidão na sociedade romana, 125 • A cidade
Praticando: vestibulares e ENEM, 95 romana, 127 • A zona rural, 127 • A vida cotidiana,
128
Praticando: vestibulares e ENEM,
A Antiguidade 103
clássica: Controvérsias, 129
Unidade B Grécia e Roma 98 Ampliando conhecimentos
• Pompeia e o Vesúvio, 130
capítulo 5
6.5 O declínio do Império Romano 132
a civilização grega 100 • Anarquia militar, invasões, guerra civil, 132
seção • O declínio da escravidão, 132 • A reforma
de Diocleciano, 132 • Nasce a religião cristã,
5.1 Grécia: da origem ao período homérico 101 133 • A difusão do cristianismo, 134 • A perda
• A civilização minoica, 101 • A civilização da unidade territorial, 135 • O governo de
micênica, 101 • Testemunhos do período Justiniano, 136
homérico, 102 • Os poemas da sociedade Atividades, 137
grega, 102 • A virtude guerreira, 103 • As
comunidades gentílicas, 103 • Crise da Diálogos com a arte
comunidade gentílica, 103 • A escultura grega, 138
Analisar um documento histórico Praticando: vestibulares e ENEM, 142
• A pintura grega, 104
A Idade Média: Ocidente
5.2 A formação da pólis grega e a invenção da Unidade C e Oriente 144
democracia 105
• A comunidade de cidadãos: a pólis, 105 • A capítulo 7
colonização grega, 106 • As reformas sociais,
a formação da europa feudal 146
106 • Sólon e a cidade ateniense, 107 • A tirania,
107 • A democracia ateniense, 108 • Esparta: a seção
pólis oligárquica, 109
7.1 A Europa da Alta Idade Média:
5.3 O universo cultural da pólis 110 transformações sociais e econômicas 147
• Os Jogos Olímpicos, 110 • A busca pela verdade: • A crise da escravidão e a ruralização da
a filosofia, 110 • A educação grega, 112 • O teatro sociedade, 147 • A família, o casamento e a
grego, 112 • A matemática grega, 113 mulher, 148 • A violência no cotidiano, 148
Capítulo 15
Capítulo 17
O Atlântico negro: o tráfico de escravos e
As treze colônias e a formação
as relações comerciais com a África 287 dos Estados Unidos 315
Seção
Seção
15.1 A presença portuguesa na África 288
17.1 Ingleses na América 316
• Comércio e colonização, 288 • As feitorias,
• Repulsão e atração, 316 • Eleitos de Deus, 316
288 • A prática da escravidão na África, 289
• Sudaneses e bantos, 289 • Colonização e 17.2 A independência das treze colônias 319
assimilação, 290 • A cristianização do Reino do • Novos interesses da metrópole, 319
Congo, 290 • A intervenção metropolitana, 319
• A reação colonial e as novas leis
15.2 O tráfico negreiro 291 metropolitanas, 320 • Uma Constituição
• O comércio transatlântico de escravos, 291 para o novo país, 320
Controvérsias, 293
Ampliando conhecimentos 17.3 Expansão e guerra 321
• O tráfico transatlântico, 294 • A guerra contra o México, 321
• A conquista do Oeste, 322
15.3 O trabalho escravo no Brasil 296 Analisar um documento histórico
• Os “negros da terra” e os negros da “Guiné”, • O Destino Manifesto e a identidade
296 • Uma sociedade de escravos, 297 • Uma norte-americana, 323
mão de obra valiosa: o escravo africano, 299
Analisar um documento histórico 17.4 A guerra civil 324
• As formas de pensar de um mundo • O Sul contra o Norte, 324 • Escravistas
escravista, 300 contra abolicionistas, 324 • Eclode a guerra,
Atividades, 301 325 • Libertos, mas marginalizados, 326
21.4 A independência na América do Sul 389 23.1 As revoluções liberais na Europa 419
• A Grã-Colômbia, 389 • O Vice-Reino do Rio da • O Congresso de Viena e a Restauração, 419 • A
Prata, 389 • Bolívia e Peru, 389 onda revolucionária, 420 • A ideologia liberal, 421
21.5 Uma América, muitas Américas 390 Analisar um documento histórico
• Os caudilhos e os projetos localistas, 390 • • A pintura romântica, 422
A defesa da unidade nacional, 390 • A unidade
americana, 390 23.2 O nacionalismo 423
Controvérsias, 392 • A formação do sentimento nacional, 423 •
Atividades, 393 A unificação da Itália e da Alemanha, 424 • A
nação como invenção, 425
III
Capítulo 28
A Primeira Guerra Mundial 500
Seção
Unidade H Um mundo em crise 474 28.1 A marcha para a guerra 501
• Os antecedentes da guerra, 501
Capítulo 26
O imperialismo na Ásia e na África 476 28.2 Eclode o conflito mundial 503
Seção
• O estopim da guerra, 503 • A guerra de
trincheiras, 504 • A entrada dos Estados Unidos
26.1 Industrialização e imperialismo 477 na guerra, 505
• As novas tecnologias e a expansão
industrial, 477 • A crise capitalista de 28.3 A tecnologia da destruição 506
1873 e seus efeitos, 479 • O colonialismo • A ciência a serviço da morte, 506 • Os
contemporâneo, 480 bastidores da guerra, 507
Introdução
Unidade A
Da Pré-história às PARTE
I
primeiras civilizações do Oriente, 28
Capítulo 1 A Pré-história humana, 30
Capítulo 2 Civilizações do Nilo e da Mesopotâmia, 48
Capítulo 3 Índia e China, 63
Capítulo 4 Hebreus, fenícios e persas, 76
Unidade B
Unidade C
Unidade D
A produção do
conhecimento histórico
22
Página da internet do
Museu da Pessoa. Esse
museu é um espaço
virtual destinado a
Introdução
23
dOc. 4
24
O tempo e a sociedade
O tempo também é experimentado de modo distinto por diferentes so-
ciedades. Nas sociedades agrárias e pré-industriais, por exemplo, o tempo
social identifica-se com o tempo cósmico da natureza. A medida do tempo
é feita conforme o ciclo das estações, marcado pelos trabalhos agrícolas, o
Introdução
dOc. 2 A periodização clássica da história Esta linha do tempo não foi organizada em escala temporal.
Aparecimento da Queda do Império Tomada de Revolução
escrita – 3100 a.C. Romano – 476 Constantinopla – 1453 Francesa – 1789
Idade Idade Idade Idade
Antiga Média Moderna Contemporânea
Introdução
Vassalo presta
homenagem a
Pintura em ânfora seu senhor, selo Esquadra de Pedro Torres Gêmeas do World Trade
representando o nascimento do século XII. Álvares Cabral, extraído Center após serem atingidas
de Dioniso. Grécia, século do Livro das Armadas, por aviões terroristas. Nova
V-IV a.C. século XVI. York, EUA, 2001.
26
Texto 1
27
SugeStõeS de atIvIdadeS
“Quanto a mim, quando entrei pela primeira vez f) Comparar o período histórico da fonte analisada
nestas catacumbas de manuscritos, nesta admirável com o momento atual: semelhanças e diferenças
necrópole de documentos nacionais, teria de bom gra- culturais, políticas, econômicas e sociais.
uNIDADe
da Pré-história às primeiras
questões
A
1. Explique a diferença entre as duas concepções sobre
a origem da vida: a criacionista e a evolucionista.
civilizações do Oriente 2. O que foi a chamada Revolução Agrícola? Quando
teria ocorrido? Que mudanças esse acontecimento
trouxe para a vida humana?
O respeito à diversidade
No século XXI, a internet e as comunidades virtuais
capítulos vêm ganhando espaço privilegiado na comunicação eletrô-
nica, em que crianças, jovens e adultos acreditam poder
1 A Pré-história expressar livremente suas ideias e opiniões.
humana
A criação de uma rede mundial de comunicação, no
2 Civilizações do Nilo entanto, não pôs fim ao preconceito e à intolerância en-
e da Mesopotâmia tre os povos. Não é difícil perceber que filmes e novelas
retratam personagens de determinadas culturas de modo
3 Índia e China estereotipado. Por que nos filmes norte-americanos de
ação o inimigo geralmente é um personagem islâmico ou 5
4 Hebreus, fenícios de um país subdesenvolvido?
e persas 3
Em um mundo em que a tolerância e o respeito à
diversidade são palavras de ordem cada vez mais pre-
1. Pintura rupestre no sítio sentes, se faz necessário conhecer, sem preconceitos,
arqueológico de Tassili n’ o presente e o passado de culturas diferentes da nossa, 1 7
Ajjer, na Argélia, 4000– como aquelas que se formaram, há milhares de anos, no
-2000 a.C.;
2. peitoral egípcio mostrando norte da África, no Oriente Médio e no Sudeste Asiáti-
um escaravelho, c. 930 a.C.; co. Apesar da diversidade entre os povos antigos,
3. máscara púnica feita 2
todos eles representam ramificações do desen-
de pasta de vidro, século
III a.C.; volvimento do Homo sapiens, a espécie da qual 6
4. vasilha de cerâmica fazemos parte.
vermelha, procedente
de Napata, antiga Núbia,
c. 600 a.C.; 9
5. estatueta suméria,
c. 2500 a.C.;
6. baixo-relevo do século III 4
representando o menorah, o
candelabro judaico;
7. leão alado em ouro do
Império Persa, século V a.C.;
8
8. Bodisatva (do sânscrito,
ser de sabedoria) em arenito,
século I;
9. par de vasos da dinastia
Han, China, século II a.C.
500 km
A Pré-história e as primeiras civilizações do Oriente Esta linha do tempo não foi organizada em escala temporal. Fonte: VIDAL-NAQUET, Pierre; BERTIN, Jacques. Atlas histórico: da pré-história aos nossos dias. Lisboa: Círculo de Leitores, 199. p. 39.
c. 6,5 milhões c. 500 mil c. 9000 a.C. c. 5500 a.C. c. 4000 a.C. c. 2800 a.C. c. 2000 a.C. c. 1792 a.C. c. 1000 a.C. c. 220 a.C.
de anos atrás anos atrás a 1750 a.C.
Revolução Agrícola. Início da utilização Os sumérios A civilização Os hebreus Difusão Início da construção
Data do fóssil do O Homo Sedentarização do de metais. ocupam a região harapense ocupam a Código de do alfabeto da Muralha da China.
hominídeo mais antigo erectus homem. da Mesopotâmia. começa a se Palestina. Hamurábi. fenício.
conhecido até o momento, domina formar em
o Sahelanthropus tchadensis. o uso torno no Rio
do fogo. Indo, na Índia.
capítulo
1 A Pré-história humana
A origem da humanidade
1.1 O lugar do homem na
Muitas têm sido as explicações para a origem do homem ao longo da
evolução das espécies
história: algumas míticas, carregadas de simbologias, outras baseadas
A origem da vida é motivo em fatos, porém fantasiosas. Contudo, graças aos estudos e pesquisas
de grande polêmica entre
realizados nos últimos dois séculos, temos atualmente uma ideia mais
os evolucionistas e os
clara a respeito da origem do homem.
criacionistas.
Se pudéssemos retroceder um milhão de anos no passado da Terra,
1.2 Uma cultura de não encontraríamos seres humanos iguais a nós, mas espécies que teriam
caçadores pouca semelhança conosco, seja na aparência, seja no comportamento.
A primeira espécie do gênero Estaríamos na verdade observando a infância da espécie humana no período
Homo iniciou o período que chamamos de Pré-história. Nessa fase, os antepassados do homem
paleolítico. moderno começaram a andar sobre os membros inferiores, a usar suas
mãos e sua inteligência para superar as difíceis condições de sobrevivência,
1.3 A origem do homem a dominar outras espécies e a ocupar os continentes.
americano
Assim, estudar a Pré-história é fundamental para compreendermos
As teorias que buscam explicar as origens de nossa cultura, da invenção das primeiras ferramentas, das
a origem do homem americano primeiras formas de arte, das cidades, da nossa alimentação e de nosso
divergem quanto à data de sua
vestuário, o que possibilita perceber que temos hoje muito mais conforto
chegada à América.
e recursos de sobrevivência que nossos antepassados, mas também um
1.4 A Pré-história modo de vida que estimula o individualismo, agride a natureza e estabelece,
brasileira entre os homens, fronteiras socioeconômicas, étnicas e territoriais.
Os sambaquis e as culturas
ceramistas são algumas das
principais manifestações da
Pré-história brasileira. Homo
neanderthalensis
1.5 O Neolítico e a
Revolução Agrícola
A Revolução Agrícola marcou
o início do Neolítico.
Homo Homo
Homo
Homo habilis floresiensis sapiens
erectus
Australopithecus
boisei
Australopithecus
Australopithecus africanus Ilustração atual representando
afarensis a evolução da espécie humana.
Sem escala, cores-fantasia.
Australopithecus
anamensis
Fonte: FACCHINI, Fiorenzo. L’uomo: origine ed evoluzione. Milano: Jaca Book, 1993. p. 8-9.
31
32
O gênero Australopiteco
Entre 4,5 e 2 milhões de anos, um novo gênero surgiu
Capítulo 1 • A Pré-história humana
Homo sapiens
Homo neanderthalensis
Primeira espécie do
gênero Homo. Não vivia mais em
árvores e media perto de 1 metro. 2,5-1,5 m.a.
Primeiro a fabricar instrumentos Australopithecus boisei
de pedra, osso e madeira.
Crânio maior que o do
Australopithecus africanus. Media
perto de 1,2 metro de altura. Pode
2,6-1,2 m.a.
ter usado ferramentas.
Australopithecus africanus
Australopithecus afarensis
Australopithecus anamensis
34
• Arte rupestre pedra lascada ou polida, sendo por isso associados à Idade da Pedra.
Também não há um marco inicial para o que se convencionou chamar de
Conteúdo digital Pré-história. Alguns autores estabelecem como ponto de partida o surgi-
Moderna PLUS http://
mento dos primeiros australopitecos, por volta de 4,5 milhões de anos atrás.
www.modernaplus.com.br
Animação: Pré-história Outros definiram como evento inaugural da Pré-história a capacidade humana
de produzir artefatos, desenvolvida por indivíduos da espécie Homo habilis,
2,5 milhões de anos atrás. É essa periodização que adotamos nesta obra.
35
36
questões
37
ocupação teria se irradiado por toda América do Norte e Central, até atingir
a América do Sul há cerca de 11 mil anos.
A partir da década de 1970, contudo, novas descobertas arqueológicas em ou-
tras regiões da América, como Monte Verde (Chile), Aguazuque e Tequendama
(Colômbia), Taima-taima (Venezuela) e Lagoa Santa (Minas Gerais, Brasil),
indicavam ocupações anteriores à cultura de Clóvis, que chegavam até
14.500 anos atrás. Os artefatos em pedra encontrados indicavam que
essas ocupações seriam mais antigas que a de Clóvis.
Além desses indícios, a análise dos restos humanos encon-
trados nos novos sítios arqueológicos revela características
físicas diferentes das que caracterizam as populações asiá-
ticas, ficando mais próximas das populações da Oceania e da
África. Com base nessas conclusões, foi elaborada uma nova
teoria segundo a qual o homem teria chegado à América pelo
mar, vindo da Oceania e de ilhas do Oceano Pacífico.
O antropólogo e arqueólogo brasileiro Walter Neves elaborou
uma terceira teoria. Defende que houve não apenas uma, mas diversas
ondas migratórias para a América, ocorridas em datas diferentes e
DOC. 1 Artefatos da “cultura
Clóvis” encontrados no estado do compostas de grupos oriundos tanto da Ásia (que entraram na América
Novo México, Estados Unidos. através do Estreito de Bering) quanto da Oceania [doc. 2].
38
OCEANO
GLACIAL ÁRTICO
g
in
er
B
SIBÉRIA
de
ALASCA
to
ÁSIA
Estrei
EUROPA AMÉRICA
DO
OCEANO
NORTE OCEANO
DESERTO PACÍFICO
DO SAARA
ATLÂNTICO
FILIPINAS
ÁFRICA
TERRA DE SUNDA
NOVA GUINÉ
OCEANIA
POLINÉSIA Fonte: VIDAL-NAQUET, Pierre;
OCEANO AMÉRICA BERTIN, Jacques. Atlas
ÍNDICO DO histórico: da Pré-história aos
3.030 km SUL nossos dias. Lisboa: Círculo
de Leitores, 1987. p. 18; Atlas
Prováveis rotas do ser humano para a América histórico escolar. Rio de
Janeiro: FAE, 1991. p. 50.
A data da chegada de grupos de Homo sapiens riamente foi queimado por um homem ou uma mulher.
na América é um dos temas mais controversos Pode ter sido uma queimada natural. Então, o contexto no
na arqueologia americana. A maior polêmica está qual aquele carvão está depositado é importante, porque
relacionada à datação dos vestígios do Boqueirão a partir dali vamos poder saber se estamos lidando com a
influência antrópica ou não, se houve realmente autoria
da Serra Furada, no sítio arqueológico do Parque
humana na produção daquele contexto ou não.”
Nacional Serra da Capivara, no Piauí. Saiba um
pouco mais sobre essa polêmica. NEVES, Eduardo Góes. Por que não tem pirâmide no Brasil?
In: Por ti América: aventura arqueológica – depoimentos [CD-
-ROM]. Idealização, concepção e desenho expositivo Alex Peirano
“Suponha que nós abandonemos esta sala, e que daqui Chacon. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil/
CPDOC, 2006. p. 39-41.
a mil anos um arqueólogo a encontre. Esta sala será um sítio
arqueológico. Aí a pessoa tira esta mesa daqui, tira estes • Antrópico. Mudança feita pelo
papéis, os copos, e leva para o laboratório. No laboratório, homem no meio em que vive.
ela não vai se lembrar direito onde estava a mesa, se ela
estava encostada no canto da parede ou no centro da sala.
QUESTÕES
Este papel estava na diagonal ou não? E o microfone, estava
apontado para cá? Se ela quiser entender aqueles documen- 1. Em que tipo de estudos as teorias sobre a origem
tos, ela terá certamente que desmontar aquele contexto. do homem americano estão baseadas?
3
Unidade A • Da Pré-história às primeiras civilizações do Oriente
40
A análise do crânio de Luzia indica que ela tem mais parentesco com grupos
ligados às correntes migratórias da Austrália e do Pacífico do que
com grupos das estepes asiáticas que vieram pelo Estreito
de Bering, o que reforça o debate sobre a antiguidade
do homem na América, abordada na seção anterior.
dOc. 1 Reconstituição
de uma preguiça-gigante.
41
da terra proporcionou uma grande mudança nas ses grupos, com finalidade ainda não definida pelos
atividades econômicas e no nível tecnológico dessas estudiosos. Suas dimensões variavam de dois a dez
populações pré-históricas, acarretando mudanças em metros de altura, mas existem alguns em Santa Cata-
todos os aspectos do seu modo de vida. rina que chegam a atingir 70 metros de altura [doc. 3].
Os povos dos sambaquis baseavam seu sustento
As culturas pré-ceramistas
principalmente na coleta de moluscos, que eram abun-
Nas regiões Centro-Oeste e Nordeste do Brasil, as dantes nas lagoas, mangues e baías do litoral do Bra-
culturas pré-ceramistas ainda são pouco conhecidas, sil. Alguns arqueólogos consideram que os sambaquis
mas se sabe que no cerrado e na caatinga havia uma podiam servir de área de acampamento, pela quanti-
concentração forte de caçadores-coletores em sítios dade de restos de caça e de alimentação escavados.
a céu aberto e abrigos sob rochas. Os instrumentos
Nos sambaquis são encontrados esculturas de
em pedra desses grupos, utilizados para raspar couro
pedra e ossos que sugerem algum tipo de organização
ou madeira, eram lascados em apenas uma das faces,
social rígida. Algumas sepulturas mostram também
dentro da tradição itaparica. Mais tarde, a partir de
quantidades de objetos e cuidados diferenciados com
8 mil anos atrás, esses instrumentos em pedra foram
os corpos, o que indicaria certa diferenciação social.
substituídos por lascas simples.
• Tradição. Conjunto de artefatos que possuem, em
Na região Sul do país destacam-se outras duas
uma região e em determinado período de tempo,
tradições: a umbu e a humaitá. A tradição umbu é características técnicas e decorativas semelhantes.
associada à presença de caçadores-coletores das Por exemplo, pinturas rupestres com figuras, temas e
regiões de planalto, que se espalharam mais tarde técnicas de trabalho parecidas.
42
43
A Revolução Agrícola
Acredita-se que no território que corresponde hoje à Turquia e na região
do Crescente Fértil houve as primeiras tentativas de domesticação de plantas
e da prática do cultivo, provavelmente baseadas na observação de plantas
selvagens e seus ciclos de vida. Foi o início da agricultura, descoberta que
ficou conhecida como Revolução Agrícola.
Unidade A • Da Pré-história às primeiras civilizações do Oriente
fr ates
IA
MAR
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MEDITERRÂNEO Golfo co, ocorreu por volta de 5500 a.C., impulsionada pela neces-
ES
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Pérsico
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ARÁBIA
Rio Nilo
EUROPA
3500 a.C. ÁSIA
7000 a.C.
AMÉRICA
6500 a.C.
6500 a.C. 8000 a.C. 5500 a.C.
4500 a.C. 6000 a.C.
7000 a.C.
7000 a.C. 7000 a.C. 8000 a.C.
7500 a.C.
OCEANO 7000 a.C.
8000 a.C.
ATLÂNTICO ÁFRICA
8000 a.C. 6000 a.C. 3500 a.C.
8000 a.C. 5000 a.C.
6000 a.C.
7000 a.C.
3000 a.C. 7000 a.C.
3000 a.C.
4000 a.C.
3300 a.C.
2.370 km
Akal, 1993. p. 152.
A especialização do trabalho
e o trabalho com metais
A criação de animais possibilitou obter uma série de
subprodutos, como peles, lã, leite, chifres, ossos, que
podiam ser trabalhados e também transformados em
outros produtos, como alimentos (derivados do leite),
45
O aparecimento das primeiras cidades assinalou, 1. Observe o mapa e responda às questões [doc. 2].
na periodização clássica, o fim do período neolítico a) Quais animais e plantas domesticados se destacam
na região do Crescente Fértil e da atual Turquia?
e da chamada Pré-história. Mas também marcou o
b) Quais produtos importantes para as primeiras
surgimento do que chamamos de civilização, ou seja, sociedades humanas foram obtidos com essas
uma relação consciente e estável entre grupos hu- plantas e animais?
manos e cidades que compartilham de uma mesma
2. O período neolítico é marcado por mudanças pro-
matriz cultural e mantêm relações entre si. fundas na vida humana. Relacione essas mudanças
O fim da Pré-história também é associado ao sur- e explique por que o conceito de “Revolução Neolíti-
ca” é contestado por muitos estudiosos.
gimento da escrita. Verificamos que os primeiros sis-
temas de sinais gráficos que podem ser classificados 3. Entre as transformações ocorridas no período neolíti-
como expressões da linguagem escrita apareceram, co, destaca-se a formação de cidades. Em que região
ocorreu a formação das primeiras cidades e quais
Unidade A • Da Pré-história às primeiras civilizações do Oriente
segundo o que se acredita, na Mesopotâmia, especi- fatores favoreceram essa forma de organização?
ficamente na Suméria, no fim do quarto milênio a.C.
EUROPA
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ÍNDIA Golfo
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Egípcios
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Indianos
ÍNDICO Chineses
690 km Cidades
Fonte: A aurora da humanidade. Rio de Janeiro: Time-Life/Abril Livros, 1993. (Coleção História em Revista)
46
47
2 Civilizações do Nilo
e da Mesopotâmia
A ocupação da Mesopotâmia
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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Mesopotâmia é uma palavra de origem grega que significa “entre rios”
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Mapa animado: e se refere à região compreendida entre os rios Tigre e Eufrates. Essa
Primeiras cidades região faz parte do chamado Crescente Fértil, uma área excelente para a
Mapa animado: agricultura, embora esteja cercada por terras áridas. As primeiras socie-
Primeiras migrações
dades dotadas de escrita e de uma estrutura social complexa surgiram
Mapa animado:
Povos da Mesopotâmia: nessa região, conhecida como o “berço da civilização”.
domínios e expansão A Mesopotâmia não conheceu períodos prolongados de unificação po-
lítica. Ela geralmente se apresentou como uma série de cidades-Estado
independentes que se formaram ao longo dos rios Tigre e Eufrates. Espe-
cialmente em períodos de guerras, essas cidades selavam alianças tem-
porárias que podiam originar grandes impérios. Os povos que habitaram
a Mesopotâmia ao longo de vários séculos foram os sumérios, os acádios,
os amoritas (antigos babilônios), os assírios, os elamitas e os caldeus
(novos babilônios) [doc. 1].
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adjacentes que lhe estão CHIPRE
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Jerusalém
L
Babilônia
PA
49
o código de Hamurábi
Os códigos de leis são os principais documentos que doc. 3 Aldeia localizada na região pantanosa da
nos ajudam a entender o funcionamento da sociedade Mesopotâmia, nas proximidades da cidade de Nasiriyah,
mesopotâmica. Como o rei não era considerado divino, Iraque, 1974. Os pântanos dessa região eram formados
pelos rios Tigre e Eufrates. No final da década de 1990,
mas apenas alguém investido de poder pelos deuses, as entretanto, o ditador Saddam Hussein ordenou a drenagem
leis também valiam para ele. Por isso a necessidade de dos pântanos, transformando a região em um deserto.
50
Estela de Hamurábi
[c. 1765 a.C.]. In: BOUZON, namento de todo o sistema político e econômico
Emanuel. O Código mesopotâmico, ocupando posição privilegiada na
de Hamurábi. Petrópolis:
Vozes, 1986. p. 39-40.
sociedade.
Os escribas registravam transações comerciais
dos templos e dos palácios, redigiam contratos,
controlavam o fluxo de entradas e saídas de pro-
dutos agrícolas dos templos, faziam a crônica dos
reis e das batalhas e serviam de diplomatas nas
Estela em que está
gravado o Código de
relações com outros povos. Muitos desses textos
Hamurábi, c. 1765 a.C. foram descobertos pelas escavações arqueológi-
Museu do Louvre, Paris. cas e se encontram hoje em museus do Oriente
Médio e da Europa.
51
52
De aldeia a império
A agricultura irrigada era inicialmente de caráter local e descentralizado,
controlada por comunidades camponesas, que também praticavam a caça, a
pesca e a coleta de frutos. Entre 7000 e 4000 a.C., a crescente inovação agrí-
cola e a formação dos primeiros núcleos humanos sedentários promoveram o
crescimento populacional, tornando necessária a construção de obras, como
diques e canais, que possibilitassem maior produção agrícola. Dessa forma,
essas primeiras comunidades tiveram de se unir para possibilitar o aumento
da produção agrícola, dando origem a confederações tribais, os nomos.
DOC. 1 O Egito antigo
• Glaciação. As glaciações são períodos geológicos de intenso resfriamento da
HITITAS
superfície terrestre, provocando o aumento das geleiras nos polos e em zonas
montanhosas de neve perpétua. Os períodos glaciares podem durar de 40 mil a
100 mil anos. A última glaciação se encerrou há cerca de 12 mil anos.
FENÍCIA
MAR MEDITERRÂNEO
• Dique. Obra de engenharia destinada a impedir que as águas de um rio ou mar
Biblos
Sidon invadam determinado terreno.
Tiro
PALESTINA
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MORTO
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PENÍNSULA
Tell el-Amarna ARÁBICA
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Tebas
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Abu-Simbel
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NÚBIA
Kerma
Extensão do Império
Napata no século XIII a.C.
no século XV a.C.
Fonte: VIDAL-NAQUET, Pierre; BERTIN, DOC. 2 Vista aérea de plantações às margens do Rio Nilo, Egito, 1999. O Nilo é um rio de
Jacques. Atlas histórico. Lisboa: Círculo águas perenes, encravado no meio do deserto. Durante as cheias anuais, uma camada de
de Leitores, 1990. p. 41. húmus é deslocada e depositada sobre as terras próximas ao rio, fertilizando-as.
53
O faraó personificava
o Estado e se impunha
como soberano divino.
organizava o trabalho e
decidia por todos.
Altos funcionários do Estado
Escribas
Pequenos e médios servidores do
Estado, formavam um grupo que
Comerciantes prestava serviços ao faraó e aos
palácios e templos.
Artesãos
Fonte: CASSON, Lionel (Org.). O antigo Egito. Rio de Janeiro: José Olympio, 1983. (Biblioteca de história universal Life)
54
Estela funerária do
túmulo de Nefer e
Ka-hay. Egito, séculos
2500-2400 a.C.
55
Conteúdo digital
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Filme: Egito
questões
56
57
Rio Nilo e a civilização que se desenvolveu às suas margens. problematize a frase atribuída a Heródoto, ex-
plicando o papel do meio físico e da ação hu-
Porém, a sociedade egípcia não foi obra da natureza. mana na formação da civilização egípcia.
O planejamento realizado pelo Estado e o trabalho dos
2. Por que nos dias de hoje, nas grandes cidades
camponeses foram fundamentais para o bom aproveitamento do Brasil, o transbordamento dos rios resulta
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em graves problemas?
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dos recursos naturais da região.
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Carnaque
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Tebas Luxor
Abu-Simbel
regiões distantes,
e os reservatórios
garantiam o
As áreas desérticas fornecimento de água
dificultavam as viagens por quando a inundação
Nível do rio
Em alguns pontos, as margens
Representação atual de como o Rio Nilo e o trabalho férteis do Nilo alcançavam Fonte: CASSON, Lionel. O antigo Egito.
humano tornaram possível o desenvolvimento do Egito Nível do rio 20 quilômetros de extensão. Rio de Janeiro: José Olympio, 1983; HERÓDOTO.
58 antigo. Cores-fantasia, sem escala. História. Rio de Janeiro: Ediouro, s.d. 59
Seção 2.3
A civilização núbia
Objetivo A redescoberta de uma civilização
Reconhecer a Durante muito tempo, o estudo da civilização núbia permaneceu ignora-
importância do estudo do. Parte disso se deve ao preconceito racista que imperou desde o final do
da civilização núbia. século XIX e que associava os povos africanos de pele negra à inferioridade,
ao atraso civilizatório e à inexistência de história.
Termos e conceitos
De acordo com estudiosos contemporâneos, as origens da civilização
• Civilização
etíope (os “homens de pele queimada”, como eram conhecidos pelos gregos
• Escrita
e pelos romanos) são tão ou mais antigas que as do Egito. Os primeiros indí-
• Candace
cios da ocupação da região por povos caçadores, agricultores e pescadores
datam de cerca de 8000 a.C.
O chamado “corredor núbio” constituiu um elo importante no contato entre
a África subsaariana e as zonas mediterrâneas, controladas pelo Egito. Por
esse motivo, a Núbia – região do atual Sudão – ocupou uma posição estratégica
no mundo antigo, tanto nas trocas comerciais quanto nos contatos culturais
entre povos distintos [doc. 1].
Nil
o
o
ANTIGO
EGITO
1ª Catarata
PENÍNSULA
ARÁBICA 1570 a.C. O advento do Reino relacionou-se à centralização do poder político
nas mãos de reis, à criação de um exército real e ao processo de formação
M
AR
Abu-Simbel
2ª Catarata
de camadas sociais distintas.
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NÚBIA
3ª Catarata
ME
Kerma
KUSH
O poder e a autonomia de Kerma oscilaram ao longo dos séculos. Em
L
HO
4ª Catarata 5ª Catarata
Napata
NÚBIA
Meroé
determinadas épocas o reino foi submetido ao poder dos faraós, pagando
tributos e fornecendo escravos [doc. 2]. Em outras, os núbios estenderam
seu domínio em direção às áreas mais ao norte, transformando-se eles
próprios em faraós.
O domínio do Egito sobre toda a Núbia iniciou-se por volta de 1570 a.C. e
Unidade A • Da Pré-história às primeiras civilizações do Oriente
durou cerca de quinhentos anos. Nesse período, Kerma foi transformada numa
província do Império, seus habitantes, reserva de mão de obra para os em-
Limites atuais
690 km dos países preendimentos egípcios, e seus guerreiros, soldados do exército faraônico.
Fonte: Ki-Zerbo, J. (org.) História geral
da África. São Paulo: Ática/Unesco, O domínio kushita
1982. v. 2, p. 226.
Essa situação se inverteu no século VIII a.C. O Império Egípcio se fragmentou
em pequenas unidades políticas, que passaram a disputar o poder entre si. O
Reino de Kush aproveitou para conduzir seus próprios representantes ao trono
egípcio. Os faraós kushitas estabeleceram a capital em Napata e governaram
durante 450 anos. As tradições faraônicas foram preservadas nos templos, na
cerâmica e nos textos escritos.
Cena de batalha
DOC. 2
entre núbios e egípcios.
Túmulo do faraó Tutancâmon,
século XIV a.C. Tebas, Egito.
Museu Egípcio, Cairo.
60
61
6 De que modo a religião fundamentava o poder dos ADAM, Shehata. A importância da Núbia: um elo entre a
faraós no antigo Egito? África central e o Mediterrâneo. In: KI-ZERBO, J. (Org.). História
9 Quais formas de intercâmbio favoreceram as trocas “Três estátuas em pedra datadas do período Me-
culturais entre o Egito e os reinos da Núbia? roé (450 a.C. e 300 d.C.) foram descobertas nos sítios
arqueológicos do Sudão, na África. As esculturas, que
10 Por que a figura das candaces chama a atenção dos contêm inscrições da antiga escrita meroítica, são as
estudiosos da cultura núbia?
mais completas já encontradas. [...] Todas as esculturas
encontradas são de um carneiro que sabemos represen-
Ler textos e imagens tava o deus Amun, considerado rei dos deuses egípcios
e força criadora da vida. A curiosidade sobre as estátuas
11 Observe a imagem e responda: que características das descobertas desta vez é que todas têm inscrições muito
Unidade A • Da Pré-história às primeiras civilizações do Oriente
62
3 Índia e china
63
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ARÁBICO DO
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630 km
Fonte: VIDAL-NAQUET, Pierre; OCEANO
BERTIN, Jacques. Atlas ÍNDICO
Zona de influência da civilização harapense
histórico: da Pré-história aos
nossos dias. Lisboa: Círculo Zona de influência da civilização suméria
de Leitores, 1987. p. 35.
64
A escrita harapense
Na região da Mesopotâmia, pesquisadores localiza-
ram selos e tabletes feitos de argila contendo figuras
e sinais que foram identificados como um sistema de
escrita hieroglífica, ainda não decifrada. Acredita-se que
esses sinais representassem fórmulas mágicas, religio- DOC. 3 Sinete de argila, c. 2000
sas e informações contábeis usadas por mercadores. a.C. Harapa, atual Paquistão. Museu
Nacional da Índia, Nova Délhi. Entre
A análise dos selos nos chama a atenção para a as inúmeras imagens que figuram
presença constante do unicórnio, um animal fabuloso nos sinetes encontrados no território
da cultura de Harapa, a do bovídeo
presente nos mitos da literatura indiana posterior unicórnio é a mais frequente.
[doc. 3]. Alguns especialistas acreditam que essas
Capítulo 3 • Índia e China
embriagante e usada
durante os rituais védicos. primeiro milênio a.C.
doc.
1 A cerimônia do Puja
A cerimônia do Puja é um ritual muito im-
portante na Índia, no qual se venera um deus
por meio de uma imagem. Para os hindus a
imagem não é só uma forma de representa-
ção, como para os católicos, mas uma encar-
nação física da divindade. Eles acreditam que,
durante a cerimônia, deus emana seu poder e
sua graça aos fiéis. O puja é, então, uma forma
de comunicação entre a divindade e o mundo.
Tradicionalmente, a cerimônia pode ser cele-
brada em um templo por um sacerdote ou em
casa como um ato individual.
66
Dalits (intocáveis). Não pertencem a 1. Explique a relação entre o sistema de castas e a reli-
nenhuma casta. Eles são os párias, os “fora gião brâmane [doc. 2].
das castas”, pessoas totalmente excluídas 2. Na Índia, apesar da lei, a discriminação contra os
de direitos e consideradas impuras. dalits permanece. Na sua opinião, há também no
Brasil casos de discriminação? Dê exemplos.
Fonte: GANERI, Anita. Explorando a Índia. São Paulo: Ática, 1997.
67
turbabilidade da mente.
A finalidade da prática da ioga podia ser atingida por
qualquer pessoa, independentemente de sua posição social.
Eram necessários, apenas, o esforço disciplinado e a busca
pela purificação. Por essa razão, as técnicas da ioga eram
uma maneira de superar o determinismo social das castas, de
romper com o ciclo de reencarnações e de abreviar o caminho
da iluminação por meio da ascese espiritual [doc. 1].
68
Mulher da casta
dos intocáveis faz
pipocas à beira de
estrada. Índia, 2007.
70
ÁSIA CENTRAL
Shandong
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Loyang AMARELO
Chang'an Yangzhou Soo-chou OCEANO
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Rio
CHINA
O desenvolvimento da China Si-Kiang ORIENTAL
MARTerras da dinastia Chang Rio Cantão
ARÁBICO
(século XII a.C.)
Apogeu da dinastia
ÍNDIA Chou
(séculos VII e V a.C.) MAR DA
CHINA
Expansão da dinastia Ch'in MERIDIONAL
(século III a.C.)
Capítulo 3 • Índia e China
Golfo
Expansão da dinastia Han de Bengala
(século II a.C.)
Muralha da China 830 km
Fontes: China antiga. Rio de Janeiro: José Olympio, 1969. (Coleção Biblioteca de
História Universal Life); DUBY, Georges. Atlas historique mondial. Paris: Larousse,
2003. p. 185.
71
MODERNA
doc. 4 Sino em
bronze da dinastia Chou,
c. 1100 a.C.
72
A Muralha da China
Uma das grandes obras dos Ch’in foi o início da construção da Muralha
da China, destinada a defender o Império dos ataques de povos nômades
vindos do norte, como os manchus. Em troca de ajuda na defesa do território,
o governo imperial concedia terras e benefícios aos povos fronteiriços.
A Muralha da China, ao contrário do que se acredita, não é uma construção
única, mas a soma de diversas muralhas construídas, destruídas e reconstruídas
ao longo do tempo. Pesquisas recentes, feitas a partir de imagens de satélites,
descobriram que a muralha ocupa uma extensão bem maior do que se
acreditava, totalizando mais de 8 mil quilômetros de extensão, envolvendo
diferentes regiões da China.
A Grande Muralha se estende desde a fronteira norte de Beijing
(Pequim) até o Deserto de Gobi, sendo considerada a construção
humana mais extensa do mundo. Declarada Patrimônio Mundial pela
Unesco em 1987, a Grande Muralha é uma das principais atrações
turísticas e um dos principais objetos de pesquisas arqueológicas
da China [doc 2].
O imperador Che Huang Ti, no entanto, não conseguiu fundar
Capítulo 3 • Índia e China
73
pirâmides egípcias?
interação com outras pessoas. Se cada um tivesse
doc. 2 Grande Muralha da China, foto de 2008. A Grande Muralha não tinha apenas função militar
mas também simbólica: representar o poderio do Estado unificado chinês. No decorrer da história
chinesa, foi reconstruída e reforçada diversas vezes. Ao ser concluída, no século XV, durante a dinastia
Ming, a muralha atingia quase 7 mil quilômetros de extensão.
74
Retomar conteúdos Art. 424o Com efeito, um marido preserva sua linha-
gem, seus costumes, sua família, a si próprio e seu dever,
1 Sintetize as características principais da cultura hara- preservando sua esposa. [...]
pense. Art. 428o Que o marido designe para função à sua mu-
lher a receita das rendas e despesa, a purificação dos objetos
2 Qual o impacto das invasões arianas sobre as popula-
e do corpo, o cumprimento de seu dever, a preparação do
ções que viviam no território indiano?
alimento e a conservação dos utensílios do lar. [...]
3 Quais as características do Estado e da sociedade chi- Art. 433o Conhecendo assim o caráter que lhes foi
nesa sob a dinastia Ch’in? dado no momento da criação pelo Senhor das Criaturas,
que os maridos prestem a maior atenção em vigiá-las.
4 Explique o papel exercido pelos funcionários letrados
nas dinastias Chou e Ch’in.
Art. 434o Manu deu em partilha às mulheres o amor do
seu leito, de sua residência e do enfeite, [...] a cólera, as más
inclinações, o desejo de fazer mal e a perversidade. [...]
Ler textos e imagens
Art. 439o Quaisquer que sejam as qualidades de um
5 Leia este fragmento dos Diálogos de Confúcio. homem ao qual uma mulher se uniu por um casamento
legítimo, ela adquire essas qualidades, do mesmo modo
que o rio por sua união com o oceano.”
“Disse o mestre:
Código de Manu. Livro IX. Rede de Direitos Humanos e
Riqueza e posição é o que todos desejam, mas se não
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Confúcio. Analectos 5, livro IV. Disponível em 7 Analise a figura que simboliza o yin e yang e relacione-a
www.hottopos.com.br. Acesso em 6 ago. 2009. com os princípios do taoismo.
75
LÍGURES
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Colônias fenícias
Ni
370 km
lo
Fontes: VIDAL-NAQUET, Pierre; BERTIN, Jacques. Atlas histórico: da Pré-história aos nossos dias.
Lisboa: Círculo de Leitores, 1987. kinder, Hermann e Hilgemann, Werner. Atlas histórico mundial. Madri: Istmo, 1983. p. 38.
76
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IMPÉRIO HITITA
tal, mas de madeira ou pedra. Hattusa MAR
CÁSPIO
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Capítulo 4 • Hebreus, fenícios e persas
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Armadura de bronze Tell el-Amarna
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da metalurgia do ferro, Abu-Simbel
E
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480 km OCEANO
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abandonado. ÍNDICO
Fonte: Atlas da história do mundo. São Paulo:
Times/Folha de S.Paulo, 1995. p. 57.
77
As invasões aramaicas
Outro acontecimento que, para muitos pesqui-
sadores, explica o súbito colapso dos reinos da
era do bronze foi a invasão de povos estrangeiros,
alguns deles conhecidos apenas por “povos do
mar”. A origem desses últimos é incerta, embora
a região do Mar Egeu e a Anatólia ocidental sejam
Unidade A • Da Pré-história às primeiras civilizações do Oriente
78
com sua família, para a terra de Canaã, ou Palestina, para ali se fixar.
Abraão deveria abandonar o culto aos outros deuses e reconhecer Yahveh
como deus único e autoridade suprema. Em troca, Abraão seria abençoado
com uma descendência inumerável, da qual nasceriam nações, reis e povos
inteiros. A partida de Abraão para Canaã teria ocorrido no século XVIII a.C.
Chefiados por Abraão, os hebreus se estabeleceram na Palestina, onde con-
tinuaram vivendo da criação de animais e organizados em grupos familiares
liderados pelos membros mais velhos da tribo, chamados patriarcas. Abraão,
Isaac e Jacó (depois chamado Israel) foram os primeiros patriarcas.
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Capítulo 4 • Hebreus, fenícios e persas
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100 km
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200 km
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Fonte: LACOSTE, Yves. Géopolitique: la longue histoire Território ocupado por Israel
desde 1967 Como na Antiguidade,
d‘aujourd‘hui. Paris: Larousse, 2006. p. 293.
Território devolvido por a disputa pelas terras
Israel ao Egito em 1982
A Palestina é uma estreita faixa de terra espremida entre da Palestina continua
a Fenícia (atual Líbano), o Mar Mediterrâneo e o Deserto Territórios sob controle palestino gerando intensos
da Arábia. A região está situada num ponto estratégico da Território sob controle conflitos entre os
israelense e palestino
passagem de rotas comerciais que ligavam a Ásia e a África. povos da região.
79
tamento ético.
questões
Essa concepção da divindade era radicalmente
distinta de todos os panteões e mitos da Antigui- 1. Destaque as semelhanças e a principal diferença en-
tre os hebreus e outros povos da Antiguidade.
dade. Em nossa era, essa nova visão de divindade
conquistou o mundo com a expansão de duas 2. Exponha a versão judaica para explicar as relações
de proximidade e de distanciamento entre árabes e
grandes religiões monoteístas: o cristianismo e o judeus [docs. 3 e 5].
islamismo.
81
A monarquia hebraica
No final do século XI, os filisteus, que dominavam o uso do ferro, invadiram
82
1. Menorah. O candelabro 2. Torá. O livro sagrado da lei, que 3. Estrela de Davi. Segundo a
de sete braços é contém os cinco primeiros livros tradição, era o símbolo presente
aceso todo ano da Bíblia: Gênesis, Êxodo, Reis, no escudo de Davi quando
no Festival das Levítico e derrotou o gigante filisteu Golias.
Luzes (Hanukah), Deuteronômio.
que comemora a
reconstrução do
Templo de Jerusalém.
83
A crença nas histórias bíblicas é, principalmen- Em um contexto maior, o discurso de Finkelstein reflete
te, uma questão de fé e não de ciência. A desco- uma mudança surpreendente que vem ocorrendo entre
berta de evidências científicas que confirmam alguns arqueólogos de Israel. Suas interpretações contestam
essas histórias, contudo, contribui para elevar a algumas das histórias mais conhecidas da Bíblia, como, por
exemplo, a conquista de Canaã por Josué. Outras descober-
autoridade da Bíblia. Por isso, muitos arqueólogos,
tas dão informações suplementares à Escritura, como o que
influenciados pela religião, buscam vestígios que
aconteceu com Jerusalém depois que foi capturada pelos
atribuam valor de verdade aos relatos bíblicos. babilônios há 2.600 anos.
Outros, porém, colocando a arqueologia à frente
Em entrevista por e-mail do sítio de Megiddo, Finkelstein
da religião, fazem descobertas que refutam as
disse que, antes, ‘a história bíblica ditava o curso da pesquisa,
histórias contadas na Bíblia. e a arqueologia era usada para ‘provar’ a narrativa bíblica’.
Dessa forma, disse, a arqueologia tornou-se uma discipli-
na secundária. ‘Acho que chegou a hora de colocarmos a
“O relato da Bíblia sobre o rei Davi é tão conhecido que arqueologia na linha de frente’. [...]
até mesmo as pessoas que raramente abrem o Livro Sagrado
As práticas do passado às quais aludiu podem ser ilus-
provavelmente têm uma ideia de sua grandeza.
tradas por uma observação feita por Yigael Yadin, general
Davi, segundo a Escritura, era um líder militar tão israelense que se voltou para a arqueologia. Certa vez ele
soberbo que não só capturou Jerusalém, mas também declarou que entrava em campo com uma espada em uma
transformou a cidade na sede de um império, unificando os
Sítio arqueológico em
Jerusalém, Israel, em 2009.
As pesquisas arqueológicas
são continuamente
confrontadas com os textos
bíblicos, tanto para confirmá-
-los quanto para questioná-los.
84
• Cidade-Estado diferentes cidades era dada pelo uso da mesma língua, do mesmo alfabeto
• Alfabeto e pelo culto aos mesmos deuses [doc. 2].
Entre os séculos IX e VIII a.C., ameaçados pelos constantes ataques do
Império Assírio, os fenícios se expandiram pelo Mar Mediterrâneo e fundaram
colônias por toda a região, sendo Cartago, fundada por volta de 814 a.C., no
norte da África, a mais famosa delas. A expansão fenícia, entretanto, não
tinha por objetivo conquistar novas terras, mas estabelecer uma rede de
entrepostos e portos para viabilizar o comércio a longa distância.
Um dos principais pontos dessa rede de comércio encontrava-se no sul
da Península Ibérica, na atual região da Andaluzia, onde os fenícios funda-
ram diversas colônias: Gadir (Cádiz), Ebusus (Ibiza), Málaga, Abdera (Almira),
entre outras. A presença fenícia na região, inclusive em Portugal, é atestada
• Circum-navegação. Ação de
navegar em torno ou ao redor
por uma diversidade de artefatos fenícios encontrados em escavações em
da Terra, de um continente toda a costa da península. Os fenícios forneciam, para a população nativa,
ou de uma região, por via cerâmica, sal e vasos de bronze, entre outros produtos, em troca de ouro,
marítima ou aérea. prata, estanho e outros metais.
doc. 1 A Fenícia e suas colônias
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Celtas
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conteúdo digital Iberos
moderna PlUs http:// Cádiz Ibiza
BALEARES
SARDENHA
www.modernaplus.com.br Málaga
ÁSIA MENOR
Mapa animado: Rotas Almira
comerciais fenícias SICÍLIA
Cartago MALTA Siracusa Rodes
CHIPRE Arados
Númidas
M AR CRETA Beritos (Beirute) Biblos
Fonte: HILGEMANN, Tiro Sidon
M E DI T E RRÂNE O Sarepta
W.; KINDER, H. Atlas Fenícia Alexandria
historique: de l’apparition Colonização fenícia LÍBIA
de l’homme sur la terre Colônias fenícias
Rotas comerciais EGITO
à l’ère atomique. Paris: 400 km
85
doc. 3 À esquerda,
estatuetas fenícias de
bronze, século VIII a.C.
À direita, estatueta
fenícia, também de
bronze, representando
um sacerdote ou uma
divindade, século VIII a.C.
86
MAR NEGRO
TRÁCIA
MA
Bizâncio
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GRÉCIA R
Samarcanda
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Damasco
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PALESTINA MÉDIA
TÂ
re A
Babilônia
Jerusalém
Mênfis Ri Fonte: HILGEMANN,
oE Susa ÍNDIA
ARÁBIA ufrates Pasárgada Werner; KINDER,
Hermann. Atlas
EGITO historique: de
Núcleo original Persépolis
MA
fo
ol
rsi
RME
370 km
Conquistas de Dario I c o l’ère atomique. Paris:
LHO
MAR ARÁBICO
Estrada Real Perrin, 1992. p. 40.
87
questÃO
doc. 3 Vaso persa do século IV a.C. As Como o conteúdo desse documento explica o inter-
cores fortes e a grande quantidade de câmbio que, para alguns estudiosos, marcou a cultura
figuras eram características das pinturas persa e a hebraica [doc. 1]?
orientais feitas em peças de cerâmica.
88
texto 1
Salmo 81. Para a festa das tendas. Bíblia de Jerusalém. “A lista das satrapias é, ao mesmo tempo, também
São Paulo: Paulinas, 1981. p. 728. uma lista de tributos. Toda a província é taxada anual-
mente. Dezenove províncias pagam cotas fixas em
texto 2 talentos de prata babilônicos; a vigésima, a Índia, paga a
soma fabulosa de 369 talentos de ouro. A cota máxima
“Sentem-se os persas no dever de festejar seu ani- em prata, de mil talentos, provém da Babilônia; a segun-
versário de nascimento, mais do que qualquer outra data, da, de 700, provém do Egito. As outras pagam entre um
Capítulo 4 • Hebreus, fenícios e persas
pondo nesse dia as melhores iguarias à mesa. Os ricos mínimo de 170 e um máximo de 600 com uma média
fazem servir um cavalo, um camelo, um asno e um boi de 300/400 talentos por província. O total para todo o
inteiros e assados no forno. Os pobres se contentam com Império é de 14.560 talentos.”
um cardápio mais modesto. Os persas comem poucos
alimentos sólidos, mas muitas gulodices na sobremesa. [...] ASHERI, David. O Estado persa. São Paulo:
São muito dados ao vinho, e não lhes é permitido vomitar Perspectiva, 2006. p. 108.
nem urinar na presença de outrem. Observam ainda hoje
Pesquisar
tais costumes. Têm o hábito de deliberar sobre