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que a pandemia
abriu
A alma é o segredo
de quem arriscou e lançou projetos
em tempos de incerteza
magazine
O MUNDO ADMIRÁVEL
E COMPLEXO DOS JOVENS
SOBREDOTADOS
alma-
ESPELHO
naque
DAVID SANTOS
(NOISERV)
Músico
39 anos
A MODA DO “BRASILEIRO”
A influência do português do Brasil não é de agora, mas,
à boleia dos youtubers de conteúdos infantis, chega
a cada vez mais crianças. Há riscos? Deve ser contra-
riada? A jornalista Catarina Silva falou com duas famílias,
uma linguista, uma professora e uma psicóloga e sinte-
tiza as melhores estratégias para lidar com o tema. P. 34
Nota “Partida, Largada, Fugida”, a página de humor de Susana Romana, está de férias.
A rubrica regressa na edição de 12 de setembro.
magazine
NOTÍCIAS
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Garfo,
uma história
dos diabos
Chegou a ser vetado pela Igreja
e “acusado” de deturpar o sabor
dos alimentos. A forma atual tem
dedo de um príncipe francês.
BÉLGICA JOVEM
PILOTO TENTA VOLTA
AO MUNDO SOZINHA
Uma piloto de 19 anos partiu da Bélgica para uma
viagem de mais de 51 mil quilómetros pelo Mundo,
numa tentativa de bater o recorde mundial. Zara PAÍSES BAIXOS
Rutherford, que tem dupla nacionalidade (inglesa
e belga), quer ser a mais jovem piloto a voar sozinha
à volta do Mundo. Zara está a pilotar um avião Criam robô
ultraleve e tem planeado visitar 52 países e cruzar
o Equador duas vezes durante a viagem. A mais
jovem mulher, Shaesta Waiz, a conseguir o feito
para apanhar
de voar sozinha à volta do Mundo tinha 30 anos
e ainda detém o recorde. No que toca aos homens,
beatas na praia
o recorde pertence a Travis Ludlow, aos 18 anos.
Uma dupla de engenheiros holandeses criou um mini
robô para apanhar beatas da praia. O protótipo chama-
-se Beach Bot e conta com um sistema de inteligência
ITÁLIA artificial da Microsoft. Os criadores Edwin Bos e
Martjin Lukaart explicam que o robô tem estado a
do certificado covid radas. A ideia de criar o Beach Bot surgiu quando Edwin
Bos viu o filho de quatro anos brincar na praia, nos
Países Baixos, e acabou por apanhar várias beatas de
Um homem italiano decidiu tatuar o código QR testá-lo num restaurante e registar o momento cigarro com as mãos. Com o colega Martjin fundaram
do seu certificado digital de vacinação no braço, num vídeo publicado no Instagram para provar que a empresa TechTics e a Microsoft juntou-se ao projeto.
o que significa que já não tem de pegar no telemóvel funciona. Mas a tatuagem vai para além da utilidade. Através da aplicação móvel Microsoft Trove App, as
para provar que está vacinado para viajar, entrar “As pessoas fazem tatuagens por diversos motivos, pessoas também podem submeter fotos de zonas da
em restaurantes, hotéis ou ir a eventos. O famoso neste caso serve também para lembrar este período praia com beatas e ganhar 20 cêntimos por foto.
tatuador italiano Gabriele Pellerone, que conta com histórico de pandemia e tudo o que mudou nas nossas
mais de 200 mil seguidores no Instagram, divulgou o vidas”, refere Pellerone. O certificado digital começou
seu trabalho inusitado nas redes sociais e até mostrou a ser usado em Itália em junho para facilitar as
que funciona ao digitalizar o código do passe digital viagens na Europa e, à semelhança de Portugal, MANUAL ASSINADO POR
tatuado no braço do cliente. Os dois decidiram ainda a utilização estendeu-se a restaurantes ou eventos. STEVE JOBS VENDIDO POR
MAIS DE 670 MIL EUROS
Um manual de instruções
do computador Apple II,
assinado por Steve Jobs
em 1980, foi vendido
por 671 215 euros. “Julian,
a tua geração é a primeira
a crescer com computadores.
Vai mudar o Mundo”, lê-se
na contracapa que tem
a assinatura rara de Jobs.
8 29.08.2021 Notícias Magazine
A CULTURA
Ana Markl
Por
Escolhas da radialista
25
e escritora
DA NOVELA
AO CONCERTO
milhões
de euros SUCCESSION
foi o prejuízo Nutro por esta série uma obsessão parecida com
causado por a que tínhamos com as telenovelas quando não
havia mais nada para ver: sonho com as persona-
um marinheiro gens, sinto um vazio de cada vez que acaba uma
de 20 anos temporada e conto os dias até estrear uma nova.
A própria premissa é algo telenovelesca: segui-
que reprovou mos os altos e baixos – sobretudo baixos – de uma
família rica. Mas, ao contrário das novelas, não há
nos testes para personagens boas e más: são todas péssimas.
a Força Especial
da Marinha dos
EUA e pôs fogo
a um navio. RICK & MORTY
Quando vejo “Rick & Morty” sinto uma
enorme inveja dos criadores, Dan Harmon
e Justin Royland. É a melhor sensação que se
UM TUBARÃO BEBÉ pode ter: quem me dera que isto tivesse saído
da minha cabeça. Há pessoas que desprezam
RIO CALA GONONE, se apercebem que estão a perder uma das séries
mais inteligentes, hilariantes e comoventes
MENTADO DE REPRO-
sentido de humor também adoro. Mas um dia
descobrimos o “Tiny Desk Concert” da “Rua
Sésamo” (versão americana), um pequeno
DUÇÃO ASSEXUADA concerto organizado na redação da NPR – e são
os melhores 15 minutos de música para miúdos.
NOSSOS MONTES
património essencial para a identidade e auto-estima
de Vila Flor e de toda a região.
Andar por estes montes é, pois, catar surpresas. Em
Torre de Moncorvo, por exemplo, um complexo es-
cultório da autoria de Hélder Carvalho homenageia
três autores brilhantes cujas vidas e obras tocam na-
quela terra. Borges, Torga e Saramago estão digníssi-
mos levantados em ferro, imortais e para sempre es-
tudando a humanidade. O que impressiona na obra
de Hélder Carvalho é a sóbria grandeza, um certo
efeito límpido de caminhar entre figuras que se tor-
nam míticas e, ao mesmo tempo, tão perto de um
abraço. Sinto-me comovido pela oportunidade de re-
gressar ao abraço de Saramago. Lembra-me como
chorei ao abraçar o José Afonso do Pedro Figueiredo.
Chego ao calor de Alfândega da Fé para abrir uma
exposição curada por António Franchini, incluída no
projecto Onda Bienal, da Bienal de Gaia, uma direc-
ção de Agostinho Santos. Não sei ver-me como artis-
ta plástico. Deparo-me com as obras enquanto sem-
pre observador, alguém que encontra mais do que
cria, e é gratificante essa relação inexplicável. “Um
pouco depois da terra muito antes da morte”, assim
chamei à exposição que vai na Galeria José Rodri-
gues, é uma reflexão sobre a espiritualidade, citando
El Greco, lembrando o meu pai, Cruzeiro Seixas e
buscando um auto-retrato que possa apaziguar-me
com a tragédia de não vivermos mais nada, de não
nos vermos mais, de não nos podermos mais amar.
Ando pelos montes a intensificar, e colher um figo
poderá ser, por tão simples, um fim de vida perfeito.
Uma perfeição que Vila Flor conserva. ● m
Prazo de garantia
engorda em 2022
A partir de janeiro, os consumidores passam
a ter três (em vez de dois) anos para devolver ou pedir
a troca de um produto avariado. O alargamento aplica-se
a “bens móveis” como os eletrodomésticos
ou os equipamentos digitais.
OS USADOS E OS RECONDICIONADOS
No caso dos primeiros, a garantia pode ser
reduzida para 18 meses, mediante acordo
entre as partes. Para os segundos, a regra
dos três anos prevalece.
24
MIL EUROS
O valor máximo previsto para casos de
10 ANOS
violação dos direitos dos consumidores
garantidos por este diploma, considera-
dos contraordenação económica grave.
2ª
POR
OS ROSTOS
Spencer Elden
O bebé que apareceu nu e
debaixo de água na mítica
capa do álbum “Nevermind”,
de 1991, está a processar os
Nirvana por exploração
sexual e pornografia infantil,
devido à utilização da sua
4ªQUARTA-FEIRA
Serviços públicos
sem marcação
e 2.ª fase dos
exames nacionais
Os serviços públicos, como as lojas
do cidadão, passam a funcionar sem
marcação prévia. Arranca a 2.ª fase
dos exames nacionais do Ensino
Secundário. Rulotes, feiras e merca-
5ª QUINTA-FEIRA
ASSISTÊNCIA
ASSSISTÊNC ESTÁ CONGELADA anos da tomada de posse do seu Governo, é
homenageado na residência oficial do primeiro-
de Francisco Pinto Bal-
semão, fundador do
ATÉ TERMOS
TERMO UMA GARANTIA” -ministro, em São Bento. Neste dia, arranca a
feira de futebol de âmbito europeu Thinking
PSD, chega às livrarias
no mesmo dia em que
será homenageado
Football Summit, no Super Bock Arena - Pavi-
Urs
Ursula von der Leyen
Pres
Presidente da Comissão Europeia, lhão Rosa Mota, no Porto. Mais a sul, começa o Figueira Jazz Fest. Ainda
ape
apelando a ações credíveis dos tali- nesta data, deve ser conhecida a decisão sobre o processo movido pela
bãs que demonstrem que o país vai Comissão Europeia contra Portugal por discriminar carros importados no
resp
respeitar os direitos humanos, no- Imposto Sobre Veículos. Se Portugal for condenado, o Fisco poderá ser
mea
meadamente das mulheres obrigado a devolver o ISV cobrado desde 2017 a milhares de contribuintes.
6ª
aprovado. Caso contrário, o Governo
pode resgatar a concessão e pedir a resci-
são do contrato. A Lusorecursos diz já ter
entregue toda a documentação na Agên-
SEXTA-FEIRA cia Portuguesa do Ambiente. Este é o Dia
Mundial da Saúde Sexual, uma efemé-
ride instituída pela Associação Mundial
para a Saúde Sexual. Ainda nesta data,
COMEÇAM A FESTA DO começam as XIV Jornadas do Núcleo
de Estudo das Doenças do Fígado,
AVANTE E A BIENAL DE em Tomar, no Hotel dos Templários.
ARTE CONTEMPORÂNEA
No mesmo dia, às 17.45 horas,
na Hungria, a seleção
nacional de futebol O contrato de
A festa do Avante regressa à Quinta defronta o Qatar, em concessão da ex-
ploração de lítio
da Atalaia, no Seixal, para a 45.ª jogo de preparação em Montalegre
edição que este ano coincide com para o Campeonato tem estado envol-
o centenário do PCP. Será o ponto do Mundo 2022. to em polémica
alto das celebrações e mantém as
regras sanitárias aplicadas em 2020.
Estende-se até domingo. No mesmo DOMINGO
dia, começa a BoCA-Biennial of
Contemporary Arts, em Lisboa, Al-
mada e Faro, que só termina a 17 de
TERMINA A 1.ª VOLTA
outubro. “Prove You Are Human”
é o desafio da 3.ª edição da bienal
A PORTUGAL FEMININA
que vai contar com mais de 40 artis- Cerca de uma centena de ciclistas termi-
tas nacionais e internacionais. Ain- nam, nesta data, uma jornada de 259,3
da nesta data, arranca a primeira quilómetros, naquela que é a primeira
edição da Caravana Literária anual Volta a Portugal feminina, com início
da candidatura da Guarda a Capital a 2 de setembro. Também nesta data,
Europeia da Cultura em 2027. Vai chegam ao fim os Jogos Paralímpicos
ser dedicada ao filósofo e ensaísta Tóquio 2020, no Japão. Ainda no
Eduardo Lourenço. desporto, acabam as 24 Horas de Barce-
lona, com a participação do piloto portu-
guês de MotoGP
NETFLIX ESTREIA A Miguel
Oliveira.
ÚLTIMA TEMPORADA
DE “LA CASA DE PAPEL”
A Netflix estreia, neste dia, a quin-
ta e última temporada da série es-
panhola “La Casa de Papel”, que
será dividida em duas partes e cu-
jas filmagens passaram por Portu-
gal. Só a 3 de dezembro é lançada
a segunda parte. No mesmo dia,
há Feira das Lambarices em Águe-
da e “Noites F Convida” em Faro.
Francisca e Benedita
Lobão aproveitaram a
pandemia para abrir uma
mercearia de bairro, com
tudo o que gostam de ter
na despensa de casa
H
á muito que Francisca Lobão, 33 da durante o verão (do ano passado), a loja que magi-
anos, levava a vida ao ritmo de uma cara apareceu em setembro.
roda-viva. No bar de tapas que Depois, foi pôr pés ao caminho, ao ritmo de um
abriu em 2016, na baixa do Porto, sprint. “Em meados de outubro começámos a planear
era uma espécie de faz-tudo. Con- tudo, em novembro assinámos o contrato de arren-
tabilidade, reservas, compras, damento, em dezembro abrimos.” Ao todo, investi-
eventos, atendimento, não havia ram 15 mil euros, dinheiro de família. E assim nasceu
nada que não passasse por ela. De- um espaço onde se pode encontrar requeijão de Gou-
pois veio a pandemia. Os confina- veia, queijo fresco da Guarda, pão de Mirandela, chás
mentos e tudo a fechar à força. A do Alentejo, bolachas Paupério, chocolates da Avia-
azáfama a fazer-se só tédio dos dias nense e da Arcádia ou mesmo frescos de uma socie-
de agenda vazia. Ela a acusar a sú- dade agrícola de Ermesinde. Mas o espaço das irmãs
bita quietude. “É muito complica- Lobão foi-se fazendo bem mais do que isso. “Sempre
do quando se trabalha demasiado quisemos que as pessoas se sentissem à vontade con-
e se pára de repente.” Soube logo que teria de arran- nosco, que pudessem contar-nos as histórias do seu
jar com que ocupar a cabeça. Agarrar-se à ideia que já dia, que também nos vissem como uma companhia.”
andava ali a marinar há muito, de abrir uma mercea- E a pandemia serviu-lhes o propósito da bandeja.
ria de bairro, surgiu, pois, como solução óbvia. “Acha- “Com o isolamento as pessoas sentiam-se muito so-
va que aqui na zona do Pinheiro Manso, onde eu vivo, zinhas. Os mais velhos diziam-nos muitas vezes que
faltava algo assim. Que tivesse produtos regionais, não iam aos grandes supermercados, mas que se sen-
coisas frescas e diferentes. Que tivesse um bocadi- tiam seguros connosco. Este sítio deu-lhes alguma
nho de tudo o que temos na nossa despensa.” A se- independência. Além de que tinham mais tempo. Po-
mente da Pasto Fino começava a germinar aí, à me- diam parar e conversar sem pressa.” Ou como a pra-
dida que Francisca ia convencendo a irmã Benedita ga de covid-19 que desatinou o Mundo as ajudou a
para se juntar a ela e espreitando os anúncios para de- criar laços com a vizinhança. “Também tínhamos
sencantar uma loja livre. Benedita convenceu-se ain- muitas mães que não podiam sair porque estavam
q Pedro Barbosa, gas-surpresa, que é muito requisitado.” Isto em toda lor tão baixo. Os setores do alojamento, da restaura-
CEO de uma empresa a cidade da Guarda e nas aldeias dos arredores. ção, dos transportes e dos serviços gerais foram aque-
de tecnologia e marketing A princípio, confessa, não se livraram do medo. Tan- les em que se agudizaram os recuos percentuais. Já o
digital, abriu, no último to mais tratando-se de um investimento considerá- retalho conta uma história distinta. O setor passou a
ano, dois novos negócios: vel feito em tempos de areias movediças. Passo a pas- ser o terceiro maior em número de constituições,
um de big data e um so, pois. “Quando abrimos só tínhamos uma mota e muito graças às empresas de retalho online, onde as
de criação de sites uma carrinha. E trabalhávamos a partir de casa. Hoje, novas empresas subiram quase 50% em relação ao
de e-commerce já temos um escritório físico, seis motas e três car- ano de 2019.
gócio que já tinha começou a crescer a 200% ao ano, garante o responsável), deverá fechar o ano com um tendência de recuperação vivida no primeiro semes-
mas também porque a torrente de solicitações que volume de negócios na ordem dos 300 mil euros. E a tre deste ano. A 4 de janeiro, abriu um clube de padel
lhes iam chegando motivou a criação de dois novos empresa só não triplica o número de funcionários na cidade em que vive. Mas perceber os contornos do
negócios. (sete) porque, assegura Pedro Barbosa, não há mão investimento que fez implica recuar uns quantos
“Começámos a perceber que havia duas áreas com de obra disponível. “Há mais ou menos um mês que anos. Formado em Educação Física e Desporto, com
potencial para um projeto próprio. Uma relacionada temos todo o projeto de crescimento em standby por- mestrado na área do Alto Rendimento, ainda foi trei-
com a criação de sites de e-commerce e outra ligada que não temos gente para aceitar mais orçamentos.” nador de futebol na formação do Feirense, mas de-
à ‘big data’.” Ou seja, um projeto de digital analytics. Por causa disso, o portuense até já tem mais um pro- pressa enveredou pela organização de eventos e se
Para os menos entendidos, Pedro Barbosa traduz em jeto na algibeira: em outubro, conta lançar a Wit Aca- fez DJ. Foi nesse contexto de uma relação estreita
exemplos mais práticos. “Fazemos estimativas em demy, para dar formação na área do digital. com o mundo da noite e das discotecas que, há seis
relação às vendas, identificamos os clientes de acor- Os números comprovam a recuperação que se vai anos, lhe surgiu a primeira oportunidade de negócio:
do com determinados grupos-tipo, entre outras coi- sentindo no tecido empresarial português. No pri- propuseram-lhe adquirir 50% da Cool Disco. Ele ati-
sas. Por exemplo, no Natal passado, fizemos para uma meiro semestre deste ano, e ainda segundo dados da rou-se de cabeça. Como não tinha dinheiro em cai-
grande marca portuguesa um estudo que estimava, Informa D&B, foram criadas 24 312 empresas, o que xa, e os pais não tinham meios de o ajudar, pediu um
através do número de pessoas em loja e no centro co- se traduz num crescimento de 13,1% face a igual pe- empréstimo. Um ano depois, com os capitais que foi
mercial, qual seria a loja mais segura para as pessoas ríodo do ano passado. A consultora destaca que “o em- acumulando ao longo desses meses, novo investi-
se dirigirem.” Eis uma parte do trabalho feito pela In- preendedorismo mostra capacidade de adaptação, mento. Tornou-se então sócio maioritário de outra
ner Data, que deverá chegar ao final do primeiro ano com alguns subsetores a ultrapassar mesmo os valo- discoteca da terra, a Forever Club. Tudo corria sobre
com três funcionários e 100 mil euros em volume de res de 2019”. É o caso das atividades imobiliárias, do rodas quando em março de 2020 o vírus lhe fechou à
negócios. retalho e dos transportes. força os dois negócios.
Já no caso da Shopping Builders, a tal empresa que Ele deixou-se ficar uns meses em standby. Apro-
se dedica à criação de sites de e-commerce, o sucesso TROCAR A NOITE PELO PADEL veitou o tempo – que antes nunca existiu – para jo-
é ainda mais evidente. Criada em junho de 2020 (“Fo- Bruno Coelho, 29 anos, residente em Santa Maria da gar padel. E do hobbie se fez uma nova oportunida-
mos os mais rápidos do mercado a reagir à procura”, Feira, é um desses empreendedores que dão corpo à de. “Nessa altura, tive de tomar uma decisão: ou iria
TONY DIAS/GLOBAL IMAGENS
TEXTO
Catarina Silva
A
s dezenas de caracóis no cabelo escuro que nem
carvão pendem para cima do telescópio que
guarda no quarto para espreitar a Lua. Vestiu-se
a rigor, camisa e laço, para mostrar tudo o que
sabe sobre o sistema solar, a paixão assolapada
de Marco António. “Foi nos livros que aprendi
tudo o que sei. Sou muito curioso e peço à minha
mãe para mos comprar.” Uma prateleira inteira,
numa estante encostada à parede laranja da casa
em Águas Santas, na Maia, com autênticas en-
ciclopédias, da história às ciências, é o retrato
fiel de uma criança que não consegue acalmar a
ânsia de saber mais e mais. “Quando descubro
um tema novo, pesquiso sobre ele até saber tu-
dinho.” Esmiúça ao mais ínfimo pormenor. Não é de admirar que
já queira acelerar o tempo para poder vir a cumprir o sonho de ser
cientista.
Entre as experiências com o microscópio, o esqueleto para ex-
plorar a anatomia humana, o nome de todas as células sanguíneas
na ponta da língua, as preocupações com a poluição atmosférica,
com os oceanos e com a desflorestação, difícil é adivinhar-lhe a
idade. Marco tem nove anos e já pensa ser ativista com receios de
um Planeta em contagem decrescente que poderá não sobreviver.
Num diário, vai escrevendo as preocupações de um miúdo sobre-
dotado. E para um primeiro filho – agora tem um irmão de seis –,
sem termo de comparação, a mãe Marta Vieira sabe bem o que pas-
sou até lhe descobrir o talento. Faz “rewind” no filme da vida. Aos
seis meses, Marco disse as primeiras palavras, aos três anos come-
çou a ler, sozinho. Um ano depois, não era capaz de identificar o
frigorífico em casa, mas já sabia tudo sobre planetas. Para o parque
infantil, Marco levava livros, kits de ciência, brincadeiras sobre o
sistema imunitário. Baloiços, saltar à corda, jogar à bola não entra-
vam num mundo que parecia só pertencer a ele.
“Além da socialização, ele tem dificuldades em fazer amigos, M Em casa, Marco Muitos casos por identificar
porque nenhuma criança se interessa por aquilo de que ele fala”, António guarda um Estima-se que 3 a 5% das crianças que frequentam a escola sejam
conta a mãe, que descobriu Helena Serra, especialista em educa- telescópio, um sobredotadas. A maioria está por identificar. “Tanto há rapazes
ção especial e sobredotação, quando chegou a um beco sem saí- microscópio e um como raparigas. Mas os casos que me chegam são 90% rapazes e
da. Marco entrou na escola já sinalizado. “Não foi fácil. Ele julga- esqueleto para explorar 10% raparigas. Porque há aquele estereótipo dos pais em relação
va que ia aprender, e começaram a ensinar as vogais. Ele dizia-me aos filhos de que, quando as meninas são muito boas alunas, é nor-
que tinha ido para a escola dos bebés”, lembra a mãe. O caminho mal.” Ana Serra, psicóloga, cresceu com um irmão sobredotado, foi
pela sala de aula foi melhorando. Para um miúdo que gosta de fa- isso que lhe espicaçou a curiosidade de quem sabe que alunos mal
lar sobre a Guerra Fria e que até sabe o hino da Rússia de cor, a mãe integrados, malcomportados ou desmotivados pode ser sinal de in-
tenta à força toda que não desmotive, alimenta-lhe a curiosida- teligência acima da média. “Muitas vezes, estas crianças acham
de infinita. inútil ir à escola.” Para ser considerada uma criança sobredotada,
Compra-lhe livros, material científico, vai a encontros de astró- tem que se destacar face ao seu grupo etário, ter um nível de exce-
nomos. Marco vai entrar, agora, no 5.º ano. No Ensino Primário, os lência numa ou em várias áreas. E é algo inato. Não é a criança a
pais não queimaram etapas. Mas saltar um ano já começa a entrar quem os pais ensinaram o abecedário aos quatro anos. É, por exem-
no radar. “Agora, com muitos professores, tenho receio que algum plo e tal como Marco, quem aprende a ler sem nunca lhe ter sido
não seja tão disponível. Estas crianças conseguem ser muito can- ensinado. Mas a sobredotação pinta-se de tantas cores. Tanto pode
sativas, levam uma pessoa ao limite, desafiam o professor, sei que existir em múltiplas áreas, como apenas em História, Matemática
não é fácil.” E mesmo para os pais que não têm respostas para tan- ou no desporto. Não há um perfil único. “O Cristiano Ronaldo é
ta fome de saber, o trabalho é gigante. “Talvez só lhe tenha ensina- uma pessoa sobredotada”, exemplifica Ana.
do as regras sociais, aprendo muito com o Marco”, confessa Marta. “Há crianças com grande inteligência linguística, muito bem-fa-
Gaspar tem 12 anos, já está com um pé no 7.º ano, sonha ser jogador
de futebol. “Competitivo é o primeiro nome dele. Precipita-se, quer
ser o mais rápido, faz tudo a correr”, atira a mãe, Cláudia Queirós.
Depois de uma professora primária sensível, a ir além do programa
para manter o miúdo de Sanguedo, Santa Maria da Feira, com a ca-
beça na sala, no 5.º ano os pais bateram num muro que nunca ha-
veria de cair. “Os professores nunca quiseram perceber, o diretor
da escola ignorou os relatórios de três psicólogos, o Gaspar chegou
a ser proibido de intervir nas aulas, porque sabia as respostas”, re-
lata a mãe.
Para uma criança que gosta de mostrar o que sabe, com um racio-
cínio três anos à frente da idade, que quer ser protagonista de uma
história a que perdeu o leme, o desencanto foi tal que o desgaste
dos pais numa luta inglória os levou a tomar a dura decisão: mudar
de escola para um colégio privado no 6.º ano. Um esforço financei-
ro e emocional pesado, que compensou. “Da mesma forma que há
necessidades educativas especiais no sentido da incapacidade, tam-
bém há crianças com estas necessidades mas no sentido da alta ca-
pacidade. E a maior parte dos professores não procura responder a
isto, porque dá muito trabalho”, desabafa a mãe.
Para desfiar este novelo temos de voltar atrás na história do miú-
do que salta à vista nas artes, no raciocínio, nas ciências e no des-
porto. Que joga futebol, na Escola de Futebol Benfica de Gaia, e faz
natação. “Ele estava na escola primária em Gaia e fizeram um ques-
tionário a todas as turmas. Identificaram aí as capacidades dele”,
revela o pai, Hugo Maganinho. Começou a frequentar um PIC aos
sábados. De peixe fora de água, que sempre se sentiu diferente, en-
controu o seu mundo. Os pais já suspeitavam, Gaspar era muito au-
tónomo para a idade. Gosta de desenhar e de ver National Geo-
graphic. “Se ele tem um amigo com quem se identifica verdadei-
ramente? Não”, responde a mãe. E Gaspar desmotiva quando tudo
lhe parece fácil. Dá um jeito nos óculos e interrompe os pais para
tomar as rédeas ao discurso: “Não me desmotivo, sei algumas coi-
sas mas não sei tudo. Vou às aulas para aprender mais ainda.”
Na pauta, tudo 5 e um 4 a Matemática. Não por não saber, faz con-
tas de cabeça num despacho, antes porque responde só com o re-
sultado e esquece-se de explicar o raciocínio. Na correria dos dias,
passa a vida em competições com a irmã Guiomar, de oito anos,
também ela sobredotada. Ainda assim, traz a humildade de quem
tem pais que o puxam à terra. “Eu sou melhor numas coisas e ela
noutras.” mais do que dar aulas. Faz parte de mim.” M Gaspar Maganinho
Quando a inteligência sobressai, se as crianças não forem esti- e a irmã, Guiomar,
A paixão eterna de um professor muladas, Arsénio, que sempre esteve ligado ao desporto adapta- são ambos sobredotados
Se há docentes ainda pouco sensíveis e preparados neste campo, do, já adivinha. Das duas uma, ou desmotivam ou passam a per- e os pais já travaram
outros há que abraçam os alunos com a entrega que nem a campai- turbar a aula a todo o minuto. Tem dois filhos, sabe bem que não uma luta com a escola
nha para a saída trava. Arsénio Barros já leva 21 anos a dar aulas. É há manuais de instruções, mas vai tentando. “Tive o caso de um
professor de Educação Física. “Tenho encontrado alunos com ca- aluno com grande capacidade, rápido a responder, mas que não
pacidades acima da média e a maior dificuldade é conseguir esti- gostava de Educação Física, com fracas capacidades motoras. Tive
mulá-los, são alunos que precisam de mais. Que precisam de ser de mudar a minha abordagem e não é fácil. Tentei valorizá-lo de
muito acompanhados pelos pais, professores, pares.” A experiên- outra forma, com apresentações sobre a modalidade, questões de
cia que teve, no arranque da carreira, a trabalhar na área da educa- arbitragem. O segredo é não os minimizar, mas também não lhes
ção especial durante três anos deu-lhe ferramentas que guardou tirar responsabilidade.”
para a vida. “Os alunos ensinam-nos muito, ser professor é muito Talvez por ser tão apaixonado, o PIC que funciona em Pedrou-
ços, na Maia, lhe tenha caído no colo, qual presente. “É uma gota “O Afonso sempre demonstrou um interesse e uma atenção ex-
de água num oceano de alunos com estas capacidades. Mas acaba tra nas aulas”, recorda o pai. Na primária, a professora via-se obri-
por colmatar um bocadinho esta diferença que eles sentem e tirá- gada a dar-lhe exercícios extra para o entreter enquanto os outros
-los da zona de conforto. Aqueles que são muito bons a Matemá- alunos acabavam os primeiros. Afonso era rápido. Sérgio Rocha ti-
tica brilham em atividades de enigmas, mas já não são tão bons na nha noção, via o quão diferente ele era do irmão mais velho, mas
hora de dar uma cambalhota.” Este ano, Arsénio foi colocado nou- só quando o filho fez testes de inteligência teve a certeza. O ado-
tra escola, em Valongo, mas promete não largar o PIC de Pedrou- lescente sabe que os outros alunos o acham melhor. Pesquisa ma-
ços. “Não sou capaz. Não há ano que não me sinta surpreendido e térias avançadas de Matemática ainda antes de lá chegar. Afonso
é isso que me entusiasma.” tem pressa. Quando se interessa por alguma coisa, é na Internet
que encontra respostas ao mar sem-fim de perguntas. E aquela que
Os vintes na pauta paira agora é o que fará com a sua capacidade acima da média no fu-
O que entusiasma Afonso é pôr os olhos na pauta. Tudo vinte, ex- turo. Medicina, Direito, Engenharia Aeroespacial, Engenharia In-
ceto um 19 a Educação Física. “Mas ninguém conseguiu 20”, diz formática, ainda está baralhado, gosta de tanta coisa.
ele na urgência de se justificar. Está em Nelas, Viseu, anda às vol- É perfeccionista, picuinhas. “Os trabalhos faz a 110%. Às vezes
tas no quarto, de um lado para o outro, de livro na mão, para mos- grava peças de teatro e é capaz de filmar dezenas de vezes até ficar
trar o segredo. Estuda e estuda e estuda. Até à exaustão. Numa re- perfeito. Ou desenhar o mesmo vezes sem conta”, salienta o pai,
siliência fora do normal. Vai entrar no 11.º ano, tem 16 anos. “Não que só tem pena que o filho, de tão focado, esteja a perder o melhor
tenho necessidade de estudar em casa, mas fico mais confortável da adolescência. “É tão obsessivo com o estudo que, durante o tem-
sabendo que estudei muito”, admite Afonso. A partir de setembro, po de escola, não joga, não sai com amigos, só estuda.” Uma coisa é
larga os jogos no computador e tudo o resto, por iniciativa própria. certa, “atinge o inatingível, vai sempre além”. ●m
A
primeira Lei de Imprensa data de 1821,
mas uma parte significativa destes 200
as declarações sem perguntas. São muito convenien-
tes para quem gere a informação, mas o jornalista não NO ÍNDICE
anos foram passados sem verdadeira au- ter hipótese de questionar é perigoso.” MUNDIAL DA
todeterminação e independência dos
UM ATAQUE TAMBÉM ONLINE LIBERDADE DE
meios de comunicação social. Os últimos
47 anos são, na verdade, o mais longo pe- Nem todos os ataques à liberdade informativa são fí- IMPRENSA 2021,
ríodo de liberdade de imprensa – o que sicos e, hoje, os mais frequentes, acontecem em pla- ELABORADO PELOS
lembra que os direitos, mesmo depois de taformas online. Na hostilidade para com os meios REPÓRTERES SEM
conquistados, nem sempre são manti-
dos. Preservá-los exige vigilância.
de comunicação e seus profissionais no ambiente vir-
tual, concorrem três grupos distintos, refere Luís An- FRONTEIRAS,
Muitas das atuais ameaças à liberdade são externas tónio Santos, ex-jornalista e Professor de Ciências da PORTUGAL É O
ao setor. De acordo com o relatório da Plataforma para Comunicação na Universidade do Minho, onde é di- 9.º PAÍS MAIS BEM
a Proteção do Jornalismo e Segurança dos Jornalistas,
divulgado em abril de 2021, nos 47 países do Conse-
retor-adjunto do Centro de Estudos de Comunica-
ção e Sociedade. “Há grupos que são hostis porque CLASSIFICADO,
lho da Europa, houve 201 casos graves de ameaça à li- têm dificuldade em lidar com leituras que lhes são SUBINDO UMA
berdade de informação, um aumento de 40% em re- adversas, seja em termos políticos, desportivos ou POSIÇÃO EM
lação ao ano anterior. As queixas mais graves são de
ataques à integridade física (24%), assédio e intimi-
outros, e há um segundo tipo de hostilidade que é fo-
mentado por estratégias políticas que visam a des- RELAÇÃO A 2020.
dação (24%) e detenção de jornalistas (16%). O docu- credibilização dos pilares da sociedade, como o apa-
mento refere também constrangimentos criados pelo relho de justiça, os políticos, o conhecimento cien- SEGUNDO A EDIÇÃO
Estado a meios de comunicação social independen-
tes, assédio judicial, pressão política e vigilância de
tífico e o jornalismo.” O docente lembra, a esse pro-
pósito, que a expressão fake news, foi popularizada DESTE ANO DO
jornalistas. por Donald Trump, como forma descredibilizar no- “REUTERS DIGITAL
Em Portugal, a hostilidade contra os profissionais tícias verdadeiras que lhe eram desfavoráveis. NEWS REPORT”,
de informação é uma das preocupações do Sindica-
to dos Jornalistas (SJ). A propósito de uma manifes-
No entanto, é o terceiro grupo, maioritário, que
preocupa o investigador: pessoas que não leem jor- 61% DOS
tação antivacinas convocada para junto da delega- nais, que veem um pouco de televisão e ouvem um PORTUGUESES
ção da RTP em Vila Nova de Gaia, a 19 de agosto, o SJ pouco de rádio, mas que se “informam” sobretudo CONFIAM EM
enviou uma carta ao ministro da Administração In-
terna, ao superintendente-chefe da Polícia de Segu-
pelos fluxos de informação que o algoritmo lhes apre-
senta nas redes sociais. “São pessoas que se sentem NOTÍCIAS DADAS
rança Pública e ao comandante-geral da Guarda Na- fragilizadas em questões essenciais como o empre- POR ÓRGÃOS DE
cional Republicana, em que se manifestou preocu- go, a saúde, o futuro dos filhos e, como o jornalismo COMUNICAÇÃO
pado com “o crescendo de violência” contra os pro-
fissionais de informação. “Este aumento da agressi-
não dá resposta às suas inquietações, vão procurá-la
noutro lugar.” SOCIAL, UMA
vidade durante as manifestações intensificou-se du- Infelizmente, não precisam de procurar muito SUBIDA EM
rante a pandemia. Algumas franjas, como o movi- porque a rede está montada para lhes fazer chegar a RELAÇÃO AOS 55%
mento antivacinas, vê os jornalistas como inimigos
da verdade”, diz o presidente do SJ, o jornalista Luís
desinformação que lhes alimenta mais a raiva e o
descontentamento. O jornalista Paulo Pena, que tem DO ANO ANTERIOR.
Filipe Simões. investigado a desinformação, mostra no seu livro
Mas este não foi o único problema que a pandemia “Fábrica de mentiras: viagem ao mundo das fake
agravou. O teletrabalho, muitas vezes imposto, trou- news” como o fenómeno já está instalado em Por-
xe também restrições à liberdade dos profissionais. tugal: à data da publicação do livro, em 2019, eram
“As redações, que já estavam emagrecidas, tornaram- 40 os sites de desinformação a atuar no país, usando
-se sítios vazios, onde não há massa crítica nem tro- mecanismos sofisticados como os bots – soluções in-
ca de ideias.” Por fim, o dirigente sindical menciona formáticas automatizadas para fazer disseminação
ainda obstáculos no acesso à informação. “Tornou- através de perfis falsos e a criação de páginas e gru-
-se habitual o jornalista não estar presente por causa pos no Facebook –, tendo um alcance mínimo de 2,5
das contingências da pandemia”, realça, e isso criou milhões de portugueses.
uma barreira no acesso às fontes. “Multiplicaram-se O polémico artigo 6.º da Carta Portuguesa de Di-
TIFFANY
BY MR. & MRS. CARTER
O C A S A L C A R T E R , U M A P I N T U R A A Z U L T I F FA N Y D E S C O N H E C I D A
D E B A S Q U I AT, O FA M O S O D I A M A N T E A M A R E L O . E L A , A P R I M E I R A
MULHER NEGRA A USAR A ICÓNICA PEDRA, PRODUZIDA AO ESTILO
A U D R E Y H E P B U R N . E L E , J AY-Z , TA M B É M E N V E R G A D I A M A N T E S
N O S B O T Õ E S D E P U N H O , M A S É Q U A S E U M E S P E C TA D O R D A D I VA .
“A B O U T L OV E ” , A M A I S R E C E N T E C A M PA N H A D A T I F FA N Y & C O ,
VA I C O N TA R A I N D A C O M U M F I L M E E M Q U E B E YO N C É I N T E R P R E TA
U M A N OVA V E R S Ã O D E “ M O O N R I V E R ” , O R I G I N A L M E N T E C A N TA D A
P O R H E P B U R N E M “ B R E A K FA S T AT T I F FA N Y ’ S ” .
30 29.08.2021 Notícias Magazine
5
A primeira mulher a usar o famoso diamante foi Mary Whitehouse, esposa do diplo-
mata norte-americano Edwin Sheldon Whitehouse, em 1957, num baile em Rhode
Island. Depois, em 1961, foi usado pela atriz Audrey Hepburn nas imagens publici-
tárias do filme “Breakfast at Tiffany’s”(“Boneca de luxo”, em Portugal), após a peça
de joalharia ter sido repensada e reajustada. Lady Gaga foi a terceira mulher a usar o
colar – que, além do diamante principal, soma mais de cem quilates de diamantes
brancos –, na 91.ª edição dos Oscars, quando recebeu o prémio de melhor canção ori-
ginal com “Shallow”. O precioso diamante foi também usado por Gal Godot na ver-
são mais recente de “Morte no Nilo”, que ainda não estreou. E agora por Beyoncé.
avenida
Notícias Magazine 29.08.2021 31
SABE TUDO
JALIL REZAYEE/EPA
O Afeganistão vive em sobressalto desde 1979. São
41 anos de um país em guerra e conflitos constantes,
onde as mulheres e as crianças são quem mais sofre.
Os Estados Unidos da América invadiram em
2001 o Afeganistão, dominado desde 1996 pelos
talibãs (grupo radical islâmico), na sequência dos
ataques de 11 de setembro e com o objetivo de
capturar Osama bin Laden. A presença militar dos
americanos continuou mesmo depois da captura
do líder da Al-Qaeda e, em maio deste ano, o presi-
dente dos EUA, Joe Biden, anunciou a retirada, em
concordância com os restantes países aliados da
NATO. Os talibãs, que já controlavam várias
zonas, continuaram a conquistar o país e, a 15 de
agosto, assumiram o domínio da capital, Cabul.
Desde os avanços talibãs em maio, cerca de 250
mil afegãos viram-se forçados a fugir, à procura de
um lugar mais seguro e estável para viver. Destes,
80% são mulheres e crianças.
Com os talibãs novamente no poder, é temido o
regresso de uma interpretação estrita da Sharia,
conjunto de leis islâmicas que orientam as deci-
sões de quem pratica esta religião. Quem faz uma
leitura à letra da lei apoia, por exemplo, os espan-
camentos públicos ou o uso obrigatório da burca
(roupa utilizada por mulheres que cobre todo o lista de 29 restrições que eram impostas às mulhe- tentativa de fuga de milhares de afegãos, as forças
corpo, deixando apenas os olhos à vista). res e crianças quando os talibãs dominavam o país talibãs monitorizam os movimentos no aero-
Apesar de os talibãs terem afirmado, na confe- na viragem do século. Uma delas é a proibição de porto de Cabul. Há mulheres impedidas de sair do
rência de imprensa após a conquista de Cabul, que mulheres, mesmo adultas, saírem de casa sem ser país e jovens obrigados a combater. Pelas redes
irão respeitar mulheres e crianças dentro dos limi- acompanhadas por um “guardião” masculino, sociais circulam imagens de cartazes e montras
tes da lei islâmica, a verdade é que não especifica- estando ainda impedidas de trabalhar. Outra com fotografias de mulheres que foram arranca-
ram o que, na prática, será feito. As organizações grave restrição é as meninas, por exemplo, só dos ou pintados, de forma a esconder a imagem
internacionais e quem está no terreno têm o legí- poderem estudar até aos dez anos de idade. feminina que, segundo a interpretação que os
timo receio de que regressem as restrições e puni- Ao longo dos últimos 20 anos, a mulheres foram talibãs fazem da Sharia, não pode ser exposta
ções vividas durante o último domínio talibã, conquistando direitos fundamentais, tais como o publicamente.
entre 1996 e 2001. acesso ao ensino (incluindo Superior) e ao traba- Antes mesmo da conquista da capital, outras
lho, a exposição pública e a livre circulação sem zonas já dominadas pelos talibãs relatavam casa-
O TERROR NA VIRAGEM DO SÉCULO qualquer autorização masculina. Avanços que mentos forçados de meninas com menos de 15
A RAWA, sigla inglesa para Associação Revolucio- agora podem estar em risco. anos ou mulheres proibidas de sair de casa sem
nária das Mulheres do Afeganistão, elaborou uma E já há relatos muito preocupantes. Devido à companhia masculina. ● m
RECEITA TAG.JN.PT
UMA SALADA DE VERÃO
QUE JUNTA FRANGO,
LEGUMES E FRUTA NO PRATO
TAIWAN ABATE
154 GATOS POR MENOS
BIOSSEGURANÇA NASCIMENTOS,
AFINAL QUAL
Foram abatidos 154 O IMPACTO?
gatos, de várias raças
e avaliados em cerca Numa população
de 300 mil euros, envelhecida, haver
encontrados num navio menos bebés
de pesca em Taiwan. a nascer afeta
A origem dos animais o futuro de todos.
era desconhecida e as Portugal é o quinto
autoridades considera- país mais envelhe-
ram que representa- cido do Mundo. No
vam um risco de bios- primeiro semestre
segurança, uma deci- de 2021, a natali-
Quando se chega a casa com a moleza INGREDIENTES são que gerou grande dade apresentou os
de uma manhã bem passada na praia ou controvérsia. valores mais baixos
no parque, o apetite exige que se repo- Frango assado dos últimos 30
nham as energias, mas não apetece pas- desossado e cortado anos: 37 675 nasci-
sar horas a cozinhar. Para estas (e ou- em bocadinhos mentos, quase
tras) ocasiões, uma salada nutritiva e pequenos menos 4500 face ao
fácil de fazer pode ser uma boa opção. mesmo período de
Aproveitando restos de frango assado, Massa (fusilli ou penne 2020. Fica a saber
um tipo de massa à escolha e manga, resultam bem) tudo no site do TAG.
acrescentam-se outros sabores à tradi-
cional conjugação de alface e tomate. Folhas de alface
Tudo unido com azeite e vinagre bal- e de rúcula
sâmico. A receita é da Pumpkin, site
parceiro do TAG. SANDRA ALVES Tomate tipo cereja
cortado ao meio CONDENADO
LÍDER DE GRUPO
PREPARAÇÃO
Manga cortada NEOFASCISTA
em cubos
1 Coze a massa e, logo que esteja O líder dos Proud Boys,
cozida “al dente”, mergulha-a 1/2 dúzia de folhas um grupo neofascista O INDIEJÚNIOR
em água fria para parar a cozedura. de coentros e salsa norte-americano, ESTÁ DE
Muda-se a água duas vezes foi condenado a cinco REGRESSO!
até ficar à temperatura ambiente. 1 colher de sopa meses de prisão
de azeite por ter queimado uma O IndieJúnior
2 Numa tigela pequena, mistura o bandeira do movi- chegou a Lisboa
azeite, o sumo de limão, o vinagre Sumo de 1/2 limão mento Black Lives e promete trazer
balsâmico, os orégãos e o sal. Matter, exposta numa muito cinema até
1 colher de chá de igreja em Washington, 6 de setembro, com
3 Numa taça grande, deita todas vinagre balsâmico EUA. Enrique Tarrio curtas e longas-
as verduras da salada, a massa, declarou-se culpado -metragens, ofici-
os pedaços de frango, o tomate 1 colher de chá e “profundamente” nas, workshops,
cortado, os cubos de manga de orégãos arrependido das suas atividades e até
e finaliza com o molho da salada. ações. Ele e outros oito um debate para
sal a gosto estavam acusados de toda a família,
“praticar atos de terror” desde bebés a
e de vandalismo avós. Estão todos
para silenciar o “apoio convidados! Sabe
à justiça racial”. mais em tag.jn.pt.
O Brasil está
a invadir o vocabulário
dos mais novos
A “geladeira”, o “trollar” ou o “policial” estão a entrar
a toda a velocidade na fala das crianças à boleia de youtubers
brasileiros de conteúdos infantis. As modas da oralidade
sempre existiram e a influência do país irmão já cá anda
há umas décadas. Fomos saber se há motivos para alarme.
O
s olhos arregalados e expressivos, a fala despachada e
a brincadeira é num mar de bonecos vestidos de t-shirt
e boné azul, tal e qual o youtuber brasileiro Luccas
Neto. Maria Luís fala pelos cotovelos e, no meio de um
discurso articulado a enganar os quatro anos de idade,
entram palavras como geladeira, mamadeira, picolé,
sorvete ou trollar. O português do Brasil está a inva-
dir o vocabulário das crianças à boleia de influenciado-
res infantis do outro lado do Atlântico que inundam
o YouTube e acumulam dezenas de milhões de seguidores.
As respostas de Maria Luís têm pressa, chegam num ápice. “O
meu youtuber preferido é o Luccas Neto porque ele é divertido e
ensina que temos de pôr o lixo no caixote para não sujar o ambien-
te.” O maior influenciador infantil do Brasil tem 29 anos e salta
fronteiras. Lança episódios em que recria momentos do dia a dia,
na escola, no supermercado, em brincadeiras no exterior, com vá-
rias personagens. Produções que envolvem uma equipa enorme
e que já chegaram à Netflix e ao merchandising, com brinquedos,
mochilas, jogos, discos, livros. E há mais exemplos de youtubers
infantis do Brasil a ganhar terreno por cá, como Maria Clara & JP.
MARIA JOÃO GALA/GLOBAL IMAGENS
GRANDE EXPOSI- são interessantes e podem in- A psicóloga antevê potenciais alterações ao nível da socialização
ÇÃO, TEMPO fluenciar positivamente. Mas e o risco de dificuldades de aprendizagem na hora de entrar no 1.º
EXCESSIVO NO há uma grande vertente co-
mercial, virada para o consu-
Ciclo, nomeadamente na leitura, que implica associar sons da fala
a letras. “Os fonemas numa variante e noutra são diferentes. E mes-
YOUTUBE” mismo, e isso, sim, tentamos mo na escrita, a língua difere muito na construção de frases. É o
Manuela Cameirão
combater”, diz André. A entra- exemplo do dá-me ou me dá.” Para os casos em que a criança já só
da de algumas palavras do Bra- fala com o vocabulário e o sotaque típico do português da outra mar-
Psicóloga
sil no vocabulário de Henrique gem do Atlântico, Manuela Cameirão alerta que os pais podem pro-
não os assusta, mas o casal co- curar ajuda de um terapeuta da fala. “Mas isso deve acontecer an-
nhece o caso de uma menina que só fala com a pronúncia brasilei- tes de entrar para a escola. A partir dos sete anos, pode ser difícil re-
ra e talvez aí o fenómeno ganhe outra escala. verter. E, mesmo querendo, a criança já será muito resistente à in-
tervenção.”
OS RISCOS E QUANDO É PRECISO INTERVIR O fenómeno tende a crescer – também já se faz notar entre ado-
Segundo a psicóloga Manuela Cameirão, é aí que está o risco. “Já lescentes e jovens –, é o mundo do YouTube infantil em ascensão.
me deparei com casos desses, sobretudo em contexto pré-escolar, E unânime, entre os especialistas, é a ideia de que importar algu-
é nessa faixa que o fenómeno mais está a acontecer. Duas crianças, mas palavras do Brasil para a fala não é problemático. Tal como Ma-
muito fãs de youtubers brasileiros, com total ausência do recurso ria Luís faz. No próximo domingo, a pequena grande fã do Luccas
ao português de Portugal.” Sabe que os vocábulos do Brasil já come- Neto faz cinco anos. Antes disso, a irmã mais nova, que ainda está
çaram a entrar no país há uns bons anos, “e isso é normal e desejá- na barriga da mãe, deve nascer. Mas o entusiasmo maior dos próxi-
vel, as línguas estão vivas”. A preocupação chega quando vê crian- mos tempos ela não tem dúvidas qual é: “Ir ao ‘show’ do Luccas
ças que falam integralmente o português do Brasil. É o nível extre- Neto. Acho que ele vai saltar e cantar muitas músicas”. ● m
TODOS OS MESES,
AS MINHAS RECEITAS TÊM
UM ALIMENTO EM DESTAQUE.
EM AGOSTO, É A BERINGELA
Existe à venda pó
de beringela que é
utilizado para fins
terapêuticos,
nomeadamente
no tratamento
de queimaduras
e infeções cutâneas!
Há quem utilize a sua
polpa para aliviar
irritações da pele
ou apenas como uma
máscara refrescante
e hidratante.
A FORÇA
DE EMAGRECER
EM GRUPO
Pessoas de várias idades, origens e rotinas
juntam-se com um objetivo comum.
Ganham em motivação e entreajuda.
À distância de um telemóvel, os grupos
de nutrição são um sucesso.
Bárbara Rodrigues
participou num grupo
de nutrição e perdeu
13 quilogramas em
seis meses
GIVENCHY
Prisme
libre blush
47 euros
CLINIQUE
Blushing
Blush
37,40 euros
GIORGIO ARMANI
Blush Neo
Nude Powder
38,80 euros
CLARINS
Bronzing
& Blush Summer
45,50 euros
O TOQUE
DE LUZ
NO ROSTO
O blush é essencial para dar vida ao rosto
e o verão não é exceção. Para uma aplicação natural,
Pedro Freitas, make up artist, recomenda as versões
líquidas ou em creme. “Para um efeito bronzeado,
devemos aplicar nas zonas onde o sol causa mais
pigmentação”, alto da testa, nariz e topo das maçãs
do rosto. E evitar tons rosados, pois poderão passar
despercebidos ou até dar aspeto de queimadura na
pele. Para um efeito sublime, Pedro Freitas aconselha EQUIVALENZA
Bálsamo para lábios
o Terracotta, da Guerlain, “um dos melhores e mais e bochechas
cobiçados do mercado”. 6,95 euros
BURBERRY
DESCONTRAÍDOS
230 euros
GUCCI
voltaram em força e usam-se, até com
290 euros
Os chinelos slide, com look retro,
PARA PÉS
ZARA
15,95 euros
ETAPAS
31 de agosto 3 de setembro
Prólogo 4.ª Etapa
Gondomar – Gondomar | 1,8 km Vila Real – Vila Real | 149,5 km
Partida 1.º corredor (10h30m) – Av. da Conduta Partida (11h25m) – Av. Aureliano Barrigas
Chegada (12h32m) – Av. da Conduta Chegada (15h14m) – Av. Aureliano Barrigas
1.ª Etapa
Gondomar – Gaia | 85,8 km 4 de setembro
Partida (15h25m) – Gondomar: Av. da Conduta 5.ª Etapa
Chegada (17h38m) – Gaia: Av. D. João II Valongo – Valongo | 132,2 km
Partida (11h25m) – Av. 5 de outubro
1 de setembro Chegada (14h48m) – Av. 5 de outubro
2.ª Etapa
Porto – Ovar | 124,5 km 5 de setembro
Partida (11h25m) – Porto: Parque Oriental da cidade 6.ª Etapa
(Pavilhão Gimnodesportivo “O Lagarteiro”) Vila Nova de Gaia – Viana do Castelo | 178,5 km
Chegada (14h36m) – Ovar: Av. da Régua Partida (11h25m) – Gaia: Av. D. João II
Chegada (15h57m) – Viana do Castelo – Praia Norte /
2 de setembro / Observatório Litoral Norte
3.ª Etapa
Cronoescalada Santo Tirso – N.ª Sra. Assunção | 7,4 km
Partida 1.º corredor (14h30m) – Av. Unisco Godiniz
Chegada (16h44m) – N.ª Sra. Assunção
Patrocinadores Institucionais:
Patrocinadores: Apoios:
esti-
los
CÂNHAMO
Parte da ementa da Gato Gelados
é alterada sazonalmente. O câ-
nhamo foi a escolha para o verão,
com o objetivo de ter um produto
local com produção de qualidade.
Apesar do sabor intenso, “correu
muito bem”, conta o dono João
Gato. A associação do produto
à droga, apesar de, neste estado,
se tratar apenas da planta sem
componente alucinogénica, des-
perta a curiosidade de muitos.
Gato Gelados
Rua do Grilo, 65,
1950-145 Lisboa
Aberto todos os dias
DIREITOS RESERVADOS
INSÓLITOS
QUE CONQUISTAM
O PALADAR
Insetos, plantas incomuns e até água do mar são
alguns dos sabores que ninguém espera encontrar
na vitrina de uma gelataria. Mas eles existem.
Baunilha, chocolate, menta e uma varie- ced, revela que há “clientes desagradados”
dade de frutas são sabores de gelados que com a presença de insetos no expositor.
nunca passam de moda, mas os mais curio- João Gato afirma que as misturas impro-
sos e de palato aguçado podem gostar de váveis não são boas apenas para quem pro- ÁGUA DO MAR
conhecer novos sabores. Os produtos cau- va, sendo um “enorme prazer criar novos
sam estranheza e chamam a atenção. De- sabores”. E a inspiração vem de situações Como homenagem à costa por-
pois, é só provar e descobrir se a experiên- tão inesperadas quanto as criações. Ana tuguesa, chegou à Tchipepa,
cia é tão agradável quanto insólita. Ferreira, da Gelataria Portuense, confiden- em Cascais, o gelado com nome
A adesão é, quase sempre, positiva. João cia que algumas criações nascem de ouvir homónimo à localidade. O insóli-
Gato, da gelataria lisboeta Gato Gelados, uma simples conversa na rua. to? Leva água do mar na compo-
diz que o que é diferente causa curiosida- Para João Gouveia, lançar novos produ- sição, juntamente com menta e
de e, por isso, nem que seja para provar, tos é também uma forma de “resiliência spirulina. Uma criação do verão
“as pessoas acabam sempre por aderir”. face à crise atual”, pois os novos sabores passado, de cor azul, que pro-
No entanto, nem tudo são boas expe- dão notoriedade às marcas e com ela as ven- mete uma experiência diferente.
riências. Com um produto incomum como das dos produtos mais tradicionais acaba
as larvas, João Gouveia, fundador da MyI- por subir. ●
m Tchipepa
Rua Visconde Luz, 17A
2750-415 Cascais
Encerra à terça-feira
e à quarta-feira
MyIced
Braga, Leiria, Penafiel, Ponte STRACCIATELLA
de Lima, Santarém, Setúbal
e Viseu DE REQUEIJÃO
Aberto todos os dias
A nova criação traz no nome
o que é. Não há que enganar,
mas, ainda assim, o sabor
intenso a requeijão no novo
gelado da Mamma Mia pode
surpreender. Todos os ingre-
dientes da gelataria de Campo
de Ourique são frescos e a
produção é artesanal, para
obter o sabor mais autêntico
possível.
Mamma Mia
Rua Saraiva de Carvalho, 147,
Loja 3 – 1350-300 Lisboa
Encerra à segunda-feira
PARA TODOS
OS MOMENTOS
Os coletes estão há muito na moda, mas a forma
de vestir esta peça vai sofrendo inovações em cada
estação. Agora, a tendência é brilharem sozinhos.
Herança dos fatos clássicos de antiga- e para as ruas e, agora, veem-se por todo
mente, têm vindo a conquistar cres- o lado. Mais clássicos, de corte justo, ou
cente protagonismo. Os coletes usam- manifestamente largos, são um dos
-se cada vez mais no quotidiano como must-have da estação. Os materiais são
parte de um estilo descontraído. variados, mas as cores mostram-se, na
No ano passado, fizeram sensação maioria, neutras: pretos, castanhos e
vestidos como camada superior de uma beges.
camisa ou camisola mais justa. Uma Combinado com calça de linho, de
conjugação irreverente que se man- ganga ou de corte clássico, o colete pode
tém. Mas, agora, chegam também ser o protagonista de conjuntos mais
como protagonistas solitários. formais ou mais casuais. Versáteis, a fa-
Como muitas outras tendências, os zer conjunto ou como apontamento de
A MG, mítica marca inglesa, Encarámos este ensaio com natural expectativa,
agora nas mãos de um grupo tratando-se do primeiro carro elétrico chinês à
venda em Portugal. Esteticamente, a aposta está
chinês, chegou de novo ao ganha. Não faz virar cabeças e é possível ver nas
mercado português. Uma das suas linhas influências de modelos de outras
apostas é o elétrico ZS, que marcas, mas o todo resulta coerente. O interior é,
ensaiámos em primeira mão. igualmente, muito agradável e, ao contrário de
boa parte dos veículos elétricos, o painel de instru-
mentos tem uma disposição clássica, facilmente
inteligível. Os materiais alternam entre os almo-
fadados e os plásticos duros (como a concorrên-
cia), sendo que os bancos estão revestidos, na
versão Luxury que ensaiámos, com um material
semelhante ao couro. A montagem pareceu-nos ❶ Segurança dispensa o travão.
correta, o equipamento muito completo e com O ZS dispõe de trava-
bastante espaço para passageiros e bagagem. gem ativa de emergên- ❸ A rever
O motor tem 140 cavalos e 350 Nm de binário que, cia e de assistente à A portinhola de carre-
aliado a um peso que ronda os 1500 quilogramas, manutenção na faixa. gamento não é prática
permite acelerações vigorosas. A suspensão está e não se entende a
orientada para o conforto – gostávamos de um ❷ Regeneração necessidade de trancar
pouco mais de firmeza – e a autonomia anunciada Estão disponíveis três o carro para carregar.
é de 260 quilómetros (chegámos aos 280), rapida- níveis de regeneração O monitor tátil é pouco
mente repostos porque o ZS aceita carregamentos da travagem. O mais reativo e o grafismo
rápidos. O preço vai dos 29 499 aos 39 212 euros. ●m intenso quase ultrapassado.
los A SAIR
Para dar vida ao cabelo, tal como as máscaras faciais fazem
rejuvenescer o rosto, a Bear Fruits apresenta seis máscaras
capilares frutíferas com toucas excêntricas e divertidas.
Em apenas 30 minutos, prometem um tratamento
de hidratação profunda e um cabelo suave e liso.
MERGULHAR
COM TRÊS CORES
A versão mais pequena
do versátil relógio de
mergulho da Oris, movido
pelo inovador Calibre 400,
único no Mundo, acaba de
ser lançada como uma cele-
bração da mecânica. O Aquis
Date Cal.400 41.5 mm está
disponível com com
mostrador em três cores:
azul, verde e antracite.
PAIXÃO
PELA MIXOLOGIA
A receita mantém-se
inalterada desde a
criação em 1860,
em Itália, e a Campari
tornou-se uma bebida
icónica, base de muitos
cocktails famosos.
Agora, dez bartenders
portugueses mostraram
a sua paixão pela mixologia
num e-book exclusivo, RENTRÉE EM
“The Portuguese Mixologist ESTILO BOHO
Edition”, que pode ser descar-
regado gratuitamente . Para momentos inesquecí-
veis nas férias ou para uma
rentrée que se quer serena,
a Natura apresenta propos-
tas variadas e repletas de
detalhes. Mantém-se o
estilo Boho e a inspiração
na Natureza através de
padrões florais ou a reme-
terem para o mar, em vesti-
dos esvoaçantes, detalhes
em croché, ou em linhas
geométricas . A estas
propostas juntam-se os já
famosos jumpsuits, o tie-
-dye presente em vários
formatos e os kaftans,
perfeitos para momentos
relaxantes ao final do dia.
O BÁSICO COM
TOQUE SOFISTICADO
Ténis brancos são um básico essencial em qualquer guarda-roupa. Para looks
mais descontraídos ou para mais arranjados, são a escolha certa por permitirem
grande versatilidade. A Deichmann propõe quatro modelos clássicos com um
toque de sofisticação através de detalhes prateados, solas grossas ou brilhantes.
ANIVERSÁRIO
30 de agosto a 5 de setembro
Aproveite a energia A começar a semana, A prioridade esta sema- A semana desafia os na-
dada pelo seu planeta analise os recursos a que na é a carreira e a forma tivos do primeiro deca-
para cumprir prazos e precisa de dar maior im- como estrutura a vida. nato a encontrarem
alterar hábitos que es- portância. Pode sentir Pode sentir desgaste e meios para conseguir
tão a afetar a vitalidade. que tem de ir mais longe mais cansaço do que o expor os seus talentos.
Para aproveitar este ci- e criar métodos de traba- habitual. É importante Os diálogos estão mais
clo que remete para as- lho para se expandir. En- criar momentos de con- difíceis. Dificuldades
suntos do final do ano contros socais são neces- vívio com amigos e fa- de concentração e de ser
passado e início deste, sários para partilhar mília na Natureza, de entendido como neces-
precisa de refletir e en- ideias. A vida afetiva forma a relaxar. Precisa sita. Comunique e parti-
tender a auto ilusão. precisa de romantismo. de se focar na saúde. lhe sentimentos.
Cameron Diaz
Atriz, 48 anos
LÁ DENTRO
descobrirmos que não se leva pneu sobresselente nem macaco.
Primeiro, cumprimentos felizes entre os dois homens. Depois,
ver o tal jipe impecável e lavadinho nos arredores de Lisboa. Dar
duas voltecas num parque de estacionamento, irem à conserva-
tória fazer a mudança do registo de propriedade, pagar, terminar
Passeios em família, uns correm bem, outros não. Foi longa a via- a compra. Tudo sobre rodas. Miguel, agora, ia destravar a língua.
gem: Miguel apanhou o avião na Suíça e tinha Paulo à sua espera — Eu peguei no carro e arranquei para Norte. A meio, mais ou
no aeroporto. Não se conheciam (e agora não se podem ver). Mi- menos, ali pela Mealhada, dei conta que o carro estava a perder
guel descobrira um jipe no OLX, era só comprá-lo e levá-lo para muito óleo. Liguei para o senhor Paulo e até foi ele que me cha-
Barcelos, a sua terra natal. A seguir, voltar para a Suíça para a cons- mou o reboque...
trução civil e um dia, novamente, regressar para as férias em Por- E ali estava Miguel, sujeito ao Sol e à chuva, sem poder sequer
tugal. Anos depois, a vítima de burla respondia à juíza por vídeo, comer leitão, esperando reboque. O resto do caminho no reboque
desde Barcelos. Paulo, o arguido, observava-o no ecrã, de ar zan- a pensar na vida. Miguel escolheu a garagem de um mecânico ami-
gado, fervendo em óleo escuro. go. Este olhou, abriu o capô e disse: “Ó Miguel, meteste-te num
— O senhor celebrou algum negócio com um jipe? grande sarilho. Este motor nem sequer é deste carro!”.
— Sim, fizemos o negócio do carro. Tenho um grupo de amigos Queixa na Polícia, telefonemas a bem que azedaram (recusa de
que faz passeios por Portugal, cada qual com o seu jipe. Vivia na Paulo em devolver o dinheiro), e o lastro bruto destes aconteci-
Suíça e queria comprar um. Vi este belo anúncio. mentos. Miguel descreveu a viagem do seu espírito:
Iam os amigos e as mulheres e a vida era uma aventura pelos ca- — Houve uma altura em que me apeteceu bater em mim pró-
minhos de Portugal, viam tantas coisas lindas, viam um Mundo prio. Porque ele disse ao colega que estava com ele: “Vês como
sem igual. consegui vender o carro?”. Ele pensa que eu não ouvi, mas ouvi!
— Tenho um primo que tem um jipe, muito bonito, suspirou O carro, vá-se lá saber como, reprovou no centro de inspecção.
Miguel. Mas o vendedor Paulo, na sala, estava indignado. Também fora
Só que o novo jipe em segunda mão – que lhe custara nove mil enganado, porque o comprara de boa-fé! Só tinha arranjado o car-
francos suíços, ou 8500 euros – estava todo quitado. Era um cha- ro para o revender. Papéis sempre em ordem! Era indigno acusa-
ço, como o seu vendedor: há palavras que são peças com vários rem-no de burla. Em conversa com a procuradora, a magistrada
usos técnicos e figurados, incluindo as defeituosas. A juíza diri- encontrou uma falha no histórico de circulação do jipe. De 2012
gia os problemas do jipe: segundo a Polícia e a peritagem, não po- a 2014, estava em branco.
dia andar na estrada, só em caminhos de todo-o-terreno. Ou me- — De 2012 a 2014 estive fora, resmungou Paulo.
lhor, poderia se o número do motor coincidisse com os documen- — Esteve fora onde?
tos e, melhor ainda, se o motor original não tivesse sido mudado, Ponto de embraiagem na conversa. Mete a primeira velocidade.
provavelmente com grua, de um carro de marca mais barata! Já — Estive preso.
agora, se os pneus e os bancos fossem dali, se a quilometragem — Ah, fora da liberdade.
não tivesse sido viciada, se a própria chapa de matrícula não esti- — É isso.
vesse “em divergência” com o registo do carro. Miguel, de Barce- Ou isto: esteve dentro. Mete a segunda mudança, mete a ter-
los para Lisboa, parecia falar do espaço, má ligação. ceira, acelera estrada fora.
— Sentiu que havia alguma coisa anormal, que não batia certo?
— Agora sim, pelo que sei agora de jipes, tinha muita coisa de O AUTOR ESCREVE DE ACORDO COM A ANTERIOR ORTOGRAFIA.
10h05 | INTERVENÇÕES
Carlos Abade, VOGAL DO CONSELHO DIRETIVO DO TURISMO DE PORTUGAL
Francisco Calheiros, PRESIDENTE DA CONFEDERAÇÃO DO TURISMO DE PORTUGAL
José Theotónio, CEO DO GRUPO PESTANA
João Patrício, DIRETOR COORDENADOR DO NEGÓCIO DE AGRICULTURA,
TURISMO E IMOBILIÁRIO DO BPI
11h30 | ENCERRAMENTO
9 DE SETEMBRO
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