Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Descarte de equipamentos
eletroeletrônicos de informática e
telecomunicação:
um estudo com a comunidade interna do IFSP-SBV
Catalogação na Fonte preparada pela Biblioteca Comunitária “Wolgran Junqueira Ferreira” do IFSP –
Câmpus São João da Boa Vista
Professor Convidado 1
Titulação
Instituição
Professor Convidado 2
Titulação
Instituição
RESUMO
A constante evolução tecnológica aliada à facilidade e aprimoramento de processos de
produção possibilitada pela revolução industrial, proporcionam uma ampla variedade de
equipamentos eletroeletrônicos disponíveis no mercado e, como consequência, um aumento
do descarte daqueles que são substituídos. Dentre os fatores responsáveis pelo descarte, a
obsolescência programada se torna marcante, tendo em vista que é uma prática adotada
por fabricantes para reduzir a vida útil de seus produtos. Outro grande fator de descarte
de equipamentos eletroeletrônicos deve-se à obsolescência perceptiva que acontece devido
à sensação de o equipamento estar ultrapassado por conta das mudanças de design e
performance nos novos modelos. Diante do exposto, o objetivo desse trabalho foi identificar
a intenção e motivação do descarte de equipamentos eletroeletrônicos de informática e
telecomunicação, assim como o conhecimento sobre as formas ambientalmente adequadas
de descarte, pela comunidade interna do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia
de São João da Boa Vista. Para tanto, foi feita pesquisa bibliográfica sobre os equipamentos
eletroeletrônicos e formas de descarte, realizada visita ao Centro de Descarte e Reúso de
Resíduos de Informática e aplicada pesquisa de intenção de descarte na comunidade interna.
Como resultado foi feito o registro documental da criação de um ponto de coleta, assim
como da forma de tratamento dos resíduos de equipamentos eletroeletrônicos recebidos,
também foi obtido o mapeamento da intenção de descarte do campus.
ABSTRACT
The constant technological evolution combined with the ease and improvement of pro-
duction processes made possible by the industrial revolution, provide a wide variety of
electro-electronic equipment available on the market and, as a consequence, an increase in
the disposal of those that are replaced. Among the factors responsible for the disposal, the
programmed obsolescence becomes remarkable, considering that it is a practice adopted
by manufacturers to reduce the useful life of their products. Another great factor of
electro-electronic equipment discarding is due to the perceptual obsolescence that happens
due to the sensation of the equipment being outdated by the changes of design and
performance in the new models. Given the above, the objective of this work was to identify
the intention and motivation of the disposal of electronic and electronic equipment, as well
as the knowledge about environmentally appropriate forms of disposal, by the internal
community Federal Institute of Education Science and Technology of São João da Boa
Vista. Therefore, a bibliographic research on the electro-electronic equipment and forms of
disposal was made, a visit was made to the Center for Disposal and Reuse of Computer
Waste and applied research on the intention of disposal in the internal community. As a
result, the documentary record of the creation of a organization that collect e-waste was
made, as well as the treatment of the received e-waste, and the mapping of the campus
disposal intention was also obtained.
1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.1 Justificativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.2 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.2.1 Objetivo Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.2.2 Objetivos Específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.3 Organização Deste Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2 REVISÃO DA LITERATURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.1 Equipamentos Eletroeletrônicos (EEE) . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.2 Obsolescência programada e percebida . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.3 Volume de REEE e seus malefícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.4 REEE e descarte ambientalmente correto . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.4.1 Legislações e Normas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.4.2 Processos e tecnologias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.4.3 Papel do Estado, das empresas e dos consumidores . . . . . . . . . . . . . 27
3 METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.1 Pesquisa bibliográfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.2 Visita técnica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.3 Elaboração do formulário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.4 Coleta e análise de dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4.1 Visita ao CEDIR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4.2 Questionário de interesse no descarte de equipamentos eletroele-
trônicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4.2.1 Intenção de destino de equipamentos em desuso ou quebrados . . . . . . . 33
4.2.2 Equipamentos X Formas de descarte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
4.2.3 Ações de descarte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
4.2.4 Discussão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
6 TRABALHOS FUTUROS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
APÊNDICES 73
1 INTRODUÇÃO
compostos apenas de materiais que podem ser reciclados, mas também de metais pesados,
que podem ser tóxicos para o ser humano e para o meio ambiente, poluindo o solo e as
reservas de água subterrâneas (ROCHA et al., 2009).
Para que o quadro atual de REEE seja alterado é preciso primeiramente mudar o
conceito de que os únicos causadores da degradação ambiental são as indústrias e, além
de requisitar boas práticas de fabricantes, também se voltar para a responsabilidade
compartilhada referente aos consumidores e agentes públicos (VIEIRA; REZENDE, 2015).
A participação da comunidade na preservação do meio ambiente se tornou ecologicamente
vital e eticamente importante, fazendo com que a conscientização seja necessária para
ampliação dos debates e ações para resolução dos problemas ambientais (BRUM, 2009).
Diante disso, este trabalho tem como objetivo geral identificar a intenção e motivação
do descarte de equipamentos eletroeletrônicos de informática e telecomunicação, assim como
o conhecimento sobre as formas ambientalmente adequadas de descarte, pela comunidade
interna (servidores e discentes) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
de São Paulo Câmpus São João da Boa Vista (IFSP-SBV) visando verificar a viabilidade
do desenvolvimento de um aplicativo para dispositivos móveis que auxilie os usuários a
localizarem pontos de coleta.
1.1 JUSTIFICATIVA
1.2 OBJETIVOS
2 REVISÃO DA LITERATURA
mais a crise.
Embora as ideias de London (1932) tenham sido descartadas na época, após o
final da Segunda Guerra Mundial, na década de 1950, elas não apenas foram resgatadas,
como também foram renovadas com o conceito de obsolescência percebida. Os meios de
comunicação iniciavam o bombardeamento dos consumidores com designs modernos e
novas funcionalidades, provocando o excesso de consumo a partir do sentimento de que, se
o equipamento não fosse trocado, o consumidor ficaria socialmente excluso (CONCEIÇÃO;
CONCEIÇÃO; ARAÚJO, 2014). Luna (2016) ainda ressalta que o estímulo do consumismo
é anunciado como uma forma de atingir a felicidade por meio da aquisição de novos itens,
obtendo satisfação ao gabar-se pelo que possui.
Observa-se que a obsolescência perceptiva também é um método utilizado por
fabricantes para programar o fim do tempo de uso do produto, ela também é tratada como
obsolescência programada por alguns autores. Isso pode ser visto em Montenegro, Vale
e Sousa (2014), quando as autoras explicam como a inquietude juvenil, provocada pela
necessidade de definir sua identidade e se unir a um grupo, contribui para os lançamentos
contínuos.
Whiteley (1998) aponta que a forma como o design é utilizado apenas estimula o
desejo de consumidores, fazendo com que não se tornem nada além de agentes do processo
de manufatura, tornando os produtos obsolescentes antes do tempo. O autor também
ressalta que o desejo de manipular pessoas em massa, em troca de ganho financeiro, deveria
ser moralmente questionado em nossa sociedade e que o design deveria ter como foco a
praticidade, levando sempre em consideração as condições da sociedade.
efetiva para grandes corporações por não abordar todo o ciclo de vida do EEE. No
entanto, uma alternativa para tratar corretamente os EEE, sem gerar gastos externos
com a contratação de empresas especializadas é a implementação de uma área específica
para recondicionamento e manutenção onde deverão ser realizados testes para verificar a
possibilidade de reutilização e identificar reparos necessários e, para casos em que a solução
é o descarte, esta equipe tenha condições de separar os materiais perigosos e armazenar
corretamente os componentes (REIDLER, 2012).
Conde, Xavier e Frade (2014) sugerem um layout físico que pode ser utilizado para
a gestão dos resíduos, contendo os seguintes itens:
• Área de carga com porta ampla e espaço para deslocamento por meio de empilhadeira;
• Área de triagem com bancada para testes, ferramentas de fácil acessibilidade, pontos
de energia e manta antiestática sobre a bancada;
• Área de armazenamento para equipamentos que não podem ser reutilizados próximo
ao local de desmontagem. Os componentes separados desses equipamentos devem ser
destinados de acordo com suas características, por exemplo: plásticos e metais para
indústrias de reciclagem; monitores e cabos devem ser descontaminados e manuseados
com a utilização de equipamentos de proteção individual (EPI) adequada;
• Área de saída dos materiais com a mesma estrutura que a área de carga;
No caso dos componentes não poderem ser reutilizados, a melhor tecnolgia para
descarte é a incineração, mas seu alto custo pode tornar o procedimento inviável. Neste
caso, a alternativa é o descarte em aterros sanitários (CONDE; XAVIER; FRADE, 2014).
uma maior divulgação realizada pelas prefeituras e empresas que realizam a coleta (SILVA,
2011).
As principais empresas brasileiras frabricantes de produtos de informática possuem
estratégias para efetuar a logísticas reversa. A Dell, por exemplo, realiza campanhas de
arrecadação de computadores usados, oferecendo a opção de doar o equipamento para a
National Cristina Foundation, que ajuda crianças e adultos portadores de deficiência e
economicamente carentes ou reciclar os equipamentos de forma ecologicamente correta.
Outra empresa brasileira, Itautec, possui uma política de coleta e reciclagem de computa-
dores obsoletos onde é realizado o recebimento, desmontagem, descaracterização, pesagem
e separação das partes por tido de material. Os materiais são enviados para recicladores
homologados, ao final esse material é utilizado para produção de novos produtos (XAVIER
et al., 2010).
Xavier et al. (2010) ainda ressalta que a união do programa do governo federal
de inclusão digital e as práticas adotadas pelas empresas privadas para logística reversa
podem contribuir não apenas para a diminuição de resíduos tóxicos, mas também para
a geração de empregos. Além disso, o acesso digital seria ampliado para pessoas menos
favorecidas, como acontece nas principais capitais do país.
29
3 METODOLOGIA
1. Pesquisa bibliográfica
2. Visita técnica
3. Elaboração do formulário
dos diversos REEE elencados e duas utilizando a escala Likert para que o usuário pudesse
informar suas intenções de descarte, sendo que em uma delas o respondente também foi
questionado sobre seu interesse por um aplicativo para dispositivos móveis que pudesse
auxiliar na localização de pontos de coleta. Quando o respondente concluia a pesquisa era
apresentada uma mensagem de agradecimento.
Conforme Omote, Prado e Carrara (2005), para prevenir erros durante o preen-
chimento do questionário, foi utilizada ferramenta de criação de formulários eletrônicos,
Google Forms, que já faz o apontamento de erros mais básicos, como campos obrigatórios
em branco e torna mais prática a análise dos dados por já apresentá-los em formato de
planilha.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Caso a coleta seletiva esteja preparada para receber os REEE, isso é uma boa
forma de descarte, caso contrário, isso pode dificultar no tratamento de resíduos metálicos
e plásticos, pois estas categorias são as mais propensas a receber REEE por engano.
Conforme visto na Figura 9 e na Figura 10, essa é a segunda forma de descarte mais
adotada pelo grupo pesquisado.
46 Capítulo 4. Resultados e Discussão
O REEE possuem materiais tóxicos, por isso não é adequado realizar o descarte
em lixo comum, porém, como pode ser visto na Figura 11 e na Figura 12, esse método
de descarte continua sendo adotado, principalmente quando se tratam de equipamentos
pequenos como fones de ouvido, webcam, etc que atingiram 18,3% de descarte em lixo
comum por alunos e 13,3% entre os servidores.
4.2. Questionário de interesse no descarte de equipamentos eletroeletrônicos 49
Nos gráficos da Figura 15 e da Figura 16, pode-se notar que a forma de descarte
mais adotado por ambos os grupos é o ponto de coleta, atingindo 30% entre os alunos e
43% entre os servidores.
4.2. Questionário de interesse no descarte de equipamentos eletroeletrônicos 55
Figura 18 – Itens Descartados - Não sei onde descartar (Docentes e Técnicos Administra-
tivos)
Todavia, nos gráficos de alunos (Figura 21) e servidores (Figura 22), quando
se trata de divulgação para conhecidos, vê-se que o engajamento de alunos se torna
cerca de 20% inferior ao de servidores na opção "Sempre". Apesar da frequência "Às
vezes"manter percentual semelhante, a soma dos percetuais de "Nunca"e "Raramente"atinge
10,5%, enquanto entre os servidores não consta "Nunca", apresentando somente 7,4% de
"Raramente".
Figura 23 – Doaria os equipamentos que funcionam e que não uso mais (Alunos)
Figura 24 – Doaria os equipamentos que funcionam e que não uso mais (Docentes e
Técnicos Administrativos)
Figura 27 – Utilizaria um aplicativo para indicar quais são os pontos de coleta (Alunos)
Figura 28 – Utilizaria um aplicativo para indicar quais são os pontos de coleta (Docentes
e Técnicos Administrativos)
4.2.4 Discussão
A partir dos dados obtidos na visita técnica ao CEDIR e na aplicação da pesquisa,
acredita-se que a comunidade tem a intenção de consertar ou destinar corretamente equi-
pamentos danificados, mas, atualmente, não conhece todos os pontos de coleta existentes
na região por falta de divulgação.
A forma de descarte em pontos de coleta é a mais popular entre a população pes-
quisada, juntamente com a coleta seletiva e os catadores, então acredita-se na possibilidade
de estabelecer um acordo que beneficiaria as três partes para que, quando fossem recebidos
REEE por coleta seletiva ou catadores, eles destinassem para os pontos de coleta. Para
que isso fosse possível, os catadores teriam que receber instrução sobre os REEE, para
que sua segurança não ficasse em risco, assim como equipamentos de proteção adequados.
Já a coleta seletiva, teria menos problemas para destinar os REEE que são descartados
junto com metais e plásticos. O ponto de coleta poderia fazer o controle do recebimento de
REEE por peso, como no CEDIR, para facilitar o recebimento, pagamento dos catadores
ou profissionais da coleta seletiva que levaram os REEE, e facilitaria a logística do material.
Como a caçamba ainda é uma forma popular de descarte, poderiam ser feitas
4.2. Questionário de interesse no descarte de equipamentos eletroeletrônicos 63
campanhas que colocam caçambas para descarte de REEE temporárias na cidade para
que a população tivesse mais acesso. Após a campanha, o conteúdo das caçambas seria
levado para os pontos de coleta.
Percebe-se que a comunidade tem o engajamento de contribuir com a indicação de
pontos de coleta, assim como se mostra adepta a ideia de um aplicativo para que fosse
feito o compartilhamento desses. Tendo isso em mente, acredita-se que o desenvolvimento
de uma aplicação para isso na região seria bem sucedida.
65
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
6 TRABALHOS FUTUROS
Com base nos resultados apresentados, constata-se que seria relevante, para traba-
lhos futuros, uma campanha de sensibilização da população e das autoridades do município,
assim como a elaboração de um blog para conscientização sobre os resíduos.
Acredita-se também que o desenvolvimento de uma aplicação para facilitar o
compartilhamento de pontos de coleta na região seria bem aceita, podendo ser expandida
para outros campus no futuro.
Outra ação relevante seria uma campanha de coleta de REEE no câmpus aberta
para toda a comunidade, com divulgação adequada, para documentar o planejamento,
recebimento e destinação correta dos REEE.
69
REFERÊNCIAS
ELKINGTON, J. Triple bottom line revolution: reporting for the third millennium. 1994.
Citado na página 26.
LONDON, B. Ending the depression through planned obsolescence. Retrieved March, v. 25,
p. 2016, 1932. Disponível em: <http://faculty.bemidjistate.edu/mlawrence/London.pdf>.
Acesso em: 8 abr. 2018. Citado 2 vezes nas páginas 22 e 23.
WHITELEY, N. Design for society. [S.l.]: Reaktion books, 1998. Citado na página 23.
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO DE
INTERESSE NO DESCARTE DE
EQUIPAMENTOS ELETROELETRÔNICOS
( ) Mouses
( ) Placas eletrônicas de computador
( ) Projetores Digitais
( ) Teclados de computador
( ) Tocadores de CD/DVD/Blu-ray/MP3/MP4