Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
“
SENALE tem se constituí- mandas/necessidades repro-
do como um instrumento dutivas, abordadas no campo
para o fortalecimento po- Afirmar-se como lésbica é exclusivo da heterossexuali-
lítico das mulheres que se uma identidade política que dade para a incorporação à
relacionam com mulheres, transcende a “identidade sexu- sua agenda de lutas as ques-
sendo muitas delas, víti- tões referentes às particulari-
mas de violência psicológi- al” e, portanto, constitui uma dades das mulheres lésbicas.
ca, física e sexual em ra- ação política para descons- Um grande desafio tem sido
zão da discriminação e do trução da heterossexualidade ampliar a rede de alianças
preconceito quanto à sua do movimento de mulheres
orientação e expressão se- compulsória e da heteronor- lésbicas com outros sujeitos
xual. Nesse horizonte, a matividade que se manifestam, coletivos como movimento de
expressão pública despon- por exemplo, na imposição da mulheres e homens negros/
ta como uma das estraté- as, MST, Movimento Nacional
gias centrais para romper maternidade como obrigação e de Direitos Humanos (MNDH),
com a violação de direitos não como opção” Movimento das Pessoas com
e fortalecer as mulheres Deficiência, dentre outros.
lésbicas e bissexuais como Sem explicitação dos sujeitos
sujeitos políticos e coletivos. O movimento poli- políticos e coletivos como visibilizar as opressões
tizado em torno da homossexualidade surge, no e violências vivenciadas no cotidiano? Como ga-
Brasil, no final dos anos 1970, no período pós- rantir a luta por suas reivindicações e exigir po-
ditadura. A organização lésbica marca os idos líticas públicas? Como provocar o debate sobre
dos anos 1979, quando lésbicas, predominante- a necessidade de enfrentar a banalização/na-
mente feministas, começam a marcar presença turalização da heterossexualidade compulsória?
e visibilidade no primeiro grupo de afirmação Como criar estratégias para o enfrentamento às
homossexual do país, o Somos em São Paulo. múltiplas expressões da homofobia/lesbofobia/
Mas foi nos idos dos anos 2000 com a criação de transfobia que comparecem, muitas vezes, de
articulações nacionais de lésbicas como a Liga forma silenciosa, sutil marcada pela omissão do
Brasileira de Lésbicas (LBL/2003) e a Articula- próprio Estado? Nas situações de preconceito e
ção Brasileira de Lésbicas (ABL/2005) que o mo- discriminação são interditados o respeito, a dig-
vimento ganhou mais visibilidade e expressão nidade e a liberdade como valor ético central. E
na sociedade brasileira. Dessa forma, no Brasil, o que fundamenta esta lógica opressora e fun-
os grupos de lésbicas vão se multiplicando e, damentalista é o moralismo como julgamento
aos poucos, conquistando visibilidade na cena de valor que reproduz princípios, regras e nor-
pública, politizando a questão da livre orien- mas preconceituosas que não são racionalmen-
tação e expressão sexual e, ao mesmo tempo, te sustentáveis. O moralismo atua como uma
convocando, juntamente com gays, travestis, “moral deturpada”. No entanto, no horizonte
transexuais e transgêneros, a sociedade e o Es- da emancipação humana é possível ter como
tado para rever seus parâmetros homofóbicos/ referência uma moral como modo de valora-
lesbofóbicos/transfóbicos. Um momento signi- ção que se baseia na reflexão racional e crítica.
Este cenário indica a necessidade da organiza- por pares homoafetivos e na negação do direi-
ção do movimento LGBTT na perspectiva de po- to à adoção em nome de pares lésbicos e gays.
litização da sexualidade humana, no sentido de A heterossexualidade obrigatória afirma-se co-
compreendê-la numa dupla e intrínseca dimen- tidiana e sutilmente em diferentes dimensões
são. A dimensão privada e a dimensão pública. da vida social naturalizando a invisibilidade e a
Sabemos que os movimentos sociais se orga- vivência da lesbianidade em quatro paredes. a
nizam em torno da vivência da exploração e partir do que se convencionou chamar de “dupla
opressão, da partilha de necessidades em co- vida”. É importante destacar que quando homens
mum e da construção coletiva de formas de re- e mulheres que vivenciam práticas homoafeti-
sistência... Afirmar-se como lésbica é uma iden- vas não publicizam sua orientação sexual não
tidade política que transcende a “identidade podem ser responsabilizados como se a questão
sexual” e, portanto, constitui uma ação política fosse de natureza individual. Não é a orientação
para desconstrução da heterossexualidade com- sexual diferente do padrão dominante (heteros-
pulsória e da heteronormatividade que se ma- sexual) que é a problemática a ser enfrenta-
nifestam, por exemplo, na imposição da mater- da, mas sim a naturalizaçao e banalização do
nidade como obrigação e não como opção; na preconceito, da discriminação materializadas
rejeição cultural e legal da família constituída na forma de homofobia/lesbofobia/transfobia.
O CFESS MANIFESTA seu compromisso ético-político em defesa organização e consolidação do mo-
vimento de mulheres lésbicas brasileiro, bem como da liberdade de orientação e expressão sexual e
identidade de gênero e conclama a categoria de Assistentes Sociais a implementar a Resolução 489/2006
no cotidiano profissional. Seguimos na luta contra todas as formas de exploração e opressão vigentes.
Andréa Lima
Conselho Federal de Serviço Social - CFESS - Gestão 2008-2011 Atitude Crítica Para Avançar na Luta
Presidente: Ivanete Salete Boschetti Conselheiros (as) Suplentes: Conteúdo:
Vice-Presidente: Sâmbara Paula Ribeiro Edval Bernardino Campos Marylucia Mesquita Palmeira
1ª. Secretária: Tânia Maria Ramos de Godoi Diniz Rodriane de Oliveira Souza (Aprovado pela Diretoria do CFESS)
2ª. Secretária: Neile d’Oran Pinhero Marinete Cordeiro Moreira
1ª. Tesoureira: Rosa Helena Stein Kênia Augusta Figueiredo Criação:
2ª. Tesoureira: Telma Ferraz da Silva Erivã Garcia Velasco Marcela Mattos
Conselho Fiscal: Marcelo Sitcovsky Santos Pereira
Silvana Mara de Morais dos Santos Maria Elisa dos Santos Braga Assessor de Comunicação:
Pedro Alves Fernandes Maria Bernadette de Moraes Medeiros Bruno Costa e Silva
Kátia Regina Madeira Marylucia Mesquita Palmeira comunicacao@cfess.org.br