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UM ESTADO DO CONHECIMENTO: ESTUDOS SOBRE A ALFABETIZAÇÃO E

LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL.

Natalino Junior Pandolfi1


Raquel de Abreu Fochesato Quidigno 2

RESUMO

A temática da Educação de Jovens e Adultos (EJA) está cada vez mais sendo foco das
pesquisas educacionais brasileiras. Buscando contribuir com as investigações sobre essa
temática objetivou-se com a presente pesquisa compreender o que as pesquisas brasileiras
trazem sobre a relação teoria-prática na alfabetização e letramento no âmbito da Educação
de Jovens e Adultos. Para isso realizou-se uma pesquisa qualitativa do tipo estado de
conhecimento (MOROSINI, 2015) na base de dados da Biblioteca Digital Brasileira de Teses
e Dissertações (BDTD). A partir da análise do corpus (17 trabalhos), por meio da Análise
Textual Discursiva (MORAES & GALIAZZI, 2016), obteve-se cinco categorias: conceituando
alfabetização e letramento; aporte teórico; o papel do profissional da EJA; a metodologia em
busca de resultado; quem é o aluno da EJA. Cada uma das categorias obtidas foi
exemplificada com os trechos dos trabalhos analisados. A partir da análise realizada
percebeu-se a necessidade da continuidade de investigações que englobam a temática da
relação teoria-prática na alfabetização e letramento no contexto da EJA. Dessa maneira,
pensar práticas que promovam uma aprendizagem significativa para a EJA, onde a utilização
da teoria possa realmente ser concretizada na prática é um desafio que todos da área da
Educação vem enfrentando nos últimos anos.

Palavras-chave: Alfabetização. Letramento. Teoria-prática. EJA.

1 INTRODUÇÃO
O Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população
do Brasil em 2018 era composta por mais de 202 milhões de brasileiros, sendo que
deste montante, mais de 11,3 milhões de pessoas com 15 anos ou mais de idade e 6
milhões de pessoas com 60 anos ou mais eram analfabetas. A taxa ainda é
preocupante, visto que a meta número nove do Plano Nacional de Educação sob a lei
n° 13.005/2014 aponta 12 estratégias para “Elevar a taxa de alfabetização da
população com 15 (quinze) anos ou mais para 93,5% (noventa e três inteiros e cinco
décimos por cento) até 2015 e, até o final da vigência deste PNE (2024), erradicar o
analfabetismo absoluto e reduzir em 50% (cinquenta por cento) a taxa de
analfabetismo funcional” (Brasil, 2014).

1 Graduando em Licenciatura em Pedagogia pela Faculdade de Tecnologia de CURITIBA (FATEC-PR)


- natalinojhunior2011@gmail.com
2 Doutoranda em Educação em Ciências e Matemática (UFPR), UFPR, Professora do curso de

Licenciatura em Pedagogia pela Faculdade de Tecnologia de CURITIBA (FATEC-PR) -


raquel.fochesato@gmail.com
Segundo Freire & Macedo (2011, p.6), o analfabetismo é uma ameaça à ordem
econômica da nossa sociedade, bem como também se constitui em uma profunda
injustiça. Injustiça essa que gera graves consequências, como a incapacidade desses
indivíduos em tomarem decisões por si mesmos, ou de exercerem sua cidadania.
Desse modo, o analfabetismo se torna uma ameaça à democracia, fazendo com que
os princípios democráticos de uma sociedade se tornem falhos.

Assim, a alfabetização é a base para se alcançar uma educação de qualidade,


auxiliando os indivíduos a desenvolver a leitura, a escrita, a comunicação e os
pensamentos. O letramento, por sua vez, usa da escrita para resolver problemas do
cotidiano, facilitando suas práticas sociais. Para Freire & Macedo (2011, p.7), a
alfabetização não é apenas saber ler e escrever, como um ato mecânico, mas sim, ir
além do que compreendemos como alfabetização. Dessa maneira, é possível ter uma
visão mais ampla, considerando a relação entre os educandos e o mundo, sendo
mediada pela prática da leitura e da escrita de maneira transformadora, propiciando
real mudança no seu cotidiano.

Considerando a relevância da Educação de Jovens e Adultos para a promoção


da cidadania por meio da alfabetização surge o problema norteador desta pesquisa:
o que as pesquisas nacionais falam sobre a relação teoria-prática na alfabetização e
letramento na Educação de Jovens e Adultos?

Buscando compreender o que essas pesquisas trazem sobre a relação teoria-


prática na alfabetização e letramento no âmbito da Educação de Jovens e Adultos,
optou-se por realizar uma pesquisa qualitativa do tipo estado do conhecimento
(MOROSINI, 2015) acerca dos estudos sobre a relação teoria-prática no processo de
alfabetização e letramento na Educação de Jovens e Adultos, em publicações
apresentadas na Biblioteca Digital Brasileira de teses e dissertações (BDTD).

Os resultados e reflexões presentes nesta pesquisa são de grande valia para


profissionais da área da Educação, pois possibilitam um aprofundamento teórico na
temática investigada, levantam questionamentos, apontam para o que já foi construído
até aqui e, principalmente, despertam o interesse de novos pesquisadores para a
investigação desse campo de pesquisa dentro da área da Educação.

2 PERCURSO METODOLÓGICO
Esta pesquisa qualitativa teve como objetivo compreender o que relacionar e
interpretar a visão que essas pesquisas trazem sobre a relação teoria-prática na
alfabetização e letramento na EJA, por meio da construção de um estado do
conhecimento (MOROSINI, 2015) sobre a temática.
A escolha da BDTD (Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações)
ocorreu pelo fato de ser uma plataforma que integra o sistema de informação de teses
e dissertações existentes nas instituições de ensino e pesquisa de todo território
nacional. Essa biblioteca conta com 127 instituições participantes, atualmente 498.246
dissertações de mestrado, 183.253 teses de doutorado, totalizando 681.498
documentos publicados na plataforma desde sua existência, em 2002.
Inicialmente foi realizada uma pesquisa por palavra-chave com os termos: .
Obteve-se como resultado dessa pesquisa 38 publicações entre teses e dissertações,
sendo o primeiro documento publicado em 2006 e o último em 2018.
A análise realizada nessa pesquisa foi baseada na Análise Textual Discursiva
(ATD) seguindo uma visão hermenêutica de reconstrução de significados com acento
na perspectiva dos sujeitos envolvidos na pesquisa. Essa metodologia de análise
vislumbra, na maior parte das vezes, produzir teorias durante o processo investigativo.
Assim, a ATD inserida como elemento de análise em uma pesquisa qualitativa
não tem função de testar hipóteses afinco de comprová-las ou refutá-las ao finalizar a
pesquisa, pelo contrário, a intenção do elemento de análise é trazer compreensão e
reconstrução daquilo que está posto em discussão (MORAES & GALIAZZI, 2016).
Dentro deste contexto, ATD, é estruturada de maneira cíclica sob três principais
elementos: a desmontagem dos textos, onde examinamos os textos detalhadamente;
o estabelecimento de relações, que é o processo de categorização; e o processo de
captação do novo emergente que tem a finalidade de possibilitar a emergência da
compreensão renovado do todo (MORAES & GALIAZZI, 2016).
Considerando o processo da ATD, partiu-se para o primeiro momento em que
são examinados minuciosamente os trabalhos encontrados sobre a temática da
pesquisa na BDTD. No quadro abaixo é possível visualizar a distribuição desses
trabalhos por data/ano.
Tabela 1 – Seleção dos trabalhos analisados

Fonte: Autores (2021)

Do total dos 38 trabalhos foi realizada uma seleção inicial descartando aqueles
que não condizem com relacionados à temática investigada. As produções
selecionadas de acordo com a temática equivalem a 44,7% do total de trabalhos
encontrados na busca com palavras-chave.
O processo de seleção desses 17 trabalhos iniciou-se com a leitura dos títulos,
resumos e palavras-chave. Sendo selecionado aqueles que continham pelo menos
uma das seguintes palavras: “Alfabetização” e/ou “Letramento” e/ou “Práticas
Docentes”. Após a seleção dos documentos, realizou-se uma leitura flutuante dos 17
trabalhos selecionados a fim de encontrar apenas aqueles que abordam diretamente
a temática da relação teoria-prática na alfabetização na EJA.
Partindo dessas produções selecionadas, deu-se seguimento na etapa de
desmontagem dos textos a qual faz parte da primeira fase da ATD. Nesta etapa houve
fragmentação do texto em unidades menores a partir de uma releitura atenta e
minuciosa, onde buscamos entender a expressão dos sentidos por meio do texto lido.
Essas unidades foram selecionadas nos textos por meio de uma função no software
ATLAS.ti web a qual se chama “citações”. Ao decorrer da análise serão apresentados
alguns desses trechos (citações) buscando exemplificar o processo de categorização.
Após a primeira fase da ATD, seguimos para a segunda etapa, onde trata-se
de estabelecer relações entre as unidades do texto anteriormente selecionadas por
meio do processo de categorização. Nessa etapa, na presente pesquisa, optou-se por
captar o que emergia das produções analisadas sobre o tema de pesquisa, para assim
construir categorias. Nesse processo de construção de categorias denomina-se
método indutivo.
3 RELAÇÃO TEORIA-PRÁTICA NAS PESQUISAS SOBRE ALFABETIZAÇÃO NA
EJAS.
Ao analisar as unidades selecionadas durante a primeira etapa da ATD, foi
possível estabelecer relações entre ambas. Para identificar as unidades que
apresentavam ideias próximas foi utilizado a função de criação de códigos no ATLAS.ti
web. Esse processo auxiliou na organização das produções analisadas e resultou nas
seguintes categorias: Conceituando alfabetização e letramento; Aporte teórico; O
papel do profissional da EJA; A metodologia em busca do resultado; Quem é o aluno
da EJA.
As categorias aqui apresentadas são resultantes do processo cíclico realizado
na ATD. Optou-se por explicar as categorias juntamente com seus significados
buscando expressar o novo emergente. A escrita produzida nessa etapa do processo
da ATD, é chamada de metatexto e pode ser compreendida como última etapa do
processo (MORAES; GALIAZZI, 2016).
3.1 Categoria I - Conceituando alfabetização e letramento
Essa categoria traz em discussão alguns conceitos no que tange o
conhecimento acerca da alfabetização e do letramento. Essa discussão é
representada através de citações (unidades) dos trabalhos analisados que reforçam
a diferença entre os termos “alfabetização” e “letramento” e ressalta a importância de
ambos no processo de construção do conhecimento. Tal aspecto é perceptível nos
trechos abaixo:
Esses dois processos são distintos, mas interligados, pois se faz necessário
o diálogo constante entre a teoria e a prática, ou seja, alfabetizar é ensinar o
código alfabético e letrar é familiarizar o aprendiz com os diversos usos
sociais da leitura e da escrita (ARAÚJO, 2008, p. 78).

Soares (1998) afirma que o letramento deve ser entendido tomando as


consequências acarretadas no indivíduo, quando este sai da condição de
analfabeto e adquire a tecnologia do ler e do escrever e, consequentemente,
participa, sem depender da mediação com o outro, das diversas práticas de
leitura e de escrita demandadas na sociedade (LÚCIO, 2007, p. 247).

É possível perceber nos trechos citados que existe uma preocupação comum
aos trabalhos em diferenciar alfabetização e letramento. Para realizar tal diferenciação
e conceituar tais palavras, autores como Soares e Kleiman são utilizados como
fundamentação para promover uma discussão sobre esses termos. Esse aspecto é
apresentado em função da busca de estabelecer referência para mostrar a
importância de discutir sobre a alfabetização e letramento na modalidade da EJA. As
citações acima nos mostram o quanto o assunto precisa ser debatido afinco de
estabelecer uma clareza para os profissionais da Educação.
3.2 Categoria II - Aporte teórico.
Um aspecto comum encontrado nos documentos analisados foram os teóricos
que contribuíram para a construção da pesquisa. Sabe-se que o que o embasamento
teórico é essencial para que uma pesquisa tenha credibilidade ao ser analisado, desta
forma foi possível verificar grandes nomes de pesquisadores que levantaram
discussões a respeito de alfabetização e letramento em jovens e adultos. Os trechos
a seguir apresentam refletem esse aspecto comum:

Esta pesquisa tem como suporte teórico, estudiosos que discorrem sobre a
leitura e o letramento como Soares (1988; 1995; 2001; 2002; 2003; 2004),
Mortatti (2004), Oliveira (2005), Kleiman (1989; 1992; 1995; 2000), entre
outros. Ainda, por ser uma pesquisa com a modalidade EJA, em que os
sujeitos são integrantes da educação popular, foram consideradas as ideias
de autores como Freire (1976; 1980; 1983; 1985; 1992; 1995; 2000; 2005;
2006), Soares (2005), Paiva (1973; 1987) e outros [...] (NEIVA, 2010, p. 58).

Dentre as principais referências teóricas utilizadas destacam-se Ribeiro


(1999, 2001, 2003), Tfouni (2006), Kleiman (2004), Soares M., (1998, 2002),
Mortatti, (2004), Barton (1994), Gee (2005), Dionísio (2007) e Vóvio (2007)
(AGUIAR, 2009, p. 4).

É notável que a maior parte dos pesquisadores embasaram suas pesquisas em


teóricos que muito contribuíram para o avanço da pesquisa do tema abordado. Os
trabalhos acima são destaques devido a utilização do embasamento teóricos ser
fundamentado em teorias de Soares, Kleiman, Freire, Mortatti, entre outros, nos
levando a entender a essência da teoria visto que através dela teremos uma prática
pautada em conhecimentos plausíveis e que em algum momento obtiveram um
resultado significativo.
3.3 Categoria III - O papel do profissional da EJA.
A presente categoria engloba os vários papéis que o profissional da EJA
assume diante da diversidade da sala de aula. Essa categoria traz em discussão o
papel do professor da EJA e suas dificuldades/limitações para trabalhar de forma em
que o aluno entenda seu papel no mundo. Nesse sentido todos os trabalham buscam
de alguma forma trazer a importância de uma boa qualificação desse profissional para
a sua atuação junto com os jovens e adultos. Os trechos apresentados a seguir
refletem no que tange o papel do profissional da EJA:

A figura do educador é fundamental no desenvolvimento de novas práticas


que privilegiam a alfabetização e o letramento. Sendo assim, a necessidade
de ensinar cada vez mais a jovens e adultos na perspectiva do letramento é
mais imperiosa (SILVA, 2009, p.41).

Acredito que ao professor faz-se necessário que leve em conta tais saberes
no atendimento a esse público, a fim de que elabore situações didáticas para
que os alunos ampliem seus recursos linguísticos a partir de oportunidades
em que possam refletir sobre seu modo de falar em diferentes situações
(SOUZA, 2009, p. 48).

Então, é muito importante que os professores dessa etapa tenham uma boa
formação e consciência de que os educandos que buscam essa
escolarização estão à procura de algo que realmente faça sentido e que lhes
permita aprender e usar essas aprendizagens na sociedade.(BRITTO, 2019,
p. 25).

Podemos ver nos trechos citados acima a importância de um professor que


esteja preocupado com sua prática na sala de aula, podemos também constatar que
a formação inicial pode enriquecer sua forma de trabalhar em sala de aula. O educador
da EJA tem um papel muito importante no aprimoramento de habilidades dos seus
alunos, visto que esses indivíduos chegam na sala de aula com um vasto
conhecimento de mundo e é aí que o professor preparado, qualificado, engajado
encontra oportunidade para desenvolver um bom trabalho. Em todos os documentos
analisados é possível ver que a formação do indivíduo que trabalha com a EJA é
fundamental para a escola que oferece essa modalidade.
3.4 Categoria IV - A metodologia em busca do resultado.
Para que uma pesquisa alcance sucesso é necessário pensar no processo
metodológico a qual fomenta o percurso da busca por resposta e no objetivo da
pesquisa. Nessa categoria é apresentado o encaminhamento metodológico
encontrado nos documentos analisados a qual é notável a escolha dos autores por
uma pesquisa qualitativa com característica etnográficas.

Como a pesquisa envolveu sujeitos e mais diretamente suas práticas sociais


relacionadas à leitura e à escrita, recorreu-se a uma abordagem qualitativa,
de tipo participante e com características etnográficas, especialmente no
espaço escolar, que exigiu uma inserção mais extensiva no campo empírico
(que já existia antes da pesquisa), pois permitiu identificar, descrever e
analisar as diversas experiências de leitura e escrita (FERREIRA, 2013, p.
25).

O desenvolvimento deste estudo implicou adotar alguns instrumentos da


pesquisa, do tipo etnográfico, como: a entrevista, a ida a campo, a
observação participante, o registro em notas de campo, o que possibilitou [...]
sobretudo, refletir sobre os efeitos da alfabetização, ou seja, as implicações
da aquisição da língua escrita nas suas vidas e nas vidas de pessoas com as
quais convivem (LÚCIO, 2007, p. 242).

Desta forma, podemos verificar que a maior parte dos pesquisadores optaram
pela abordagem qualitativa etnográfica, onde utilizaram vários instrumentos
metodológicos para auxiliar na construção de dados. Os objetivos de cada uma das
pesquisas são diferenciados, a maioria tendo como enfoque o professor, o aluno e a
formação docente no trabalho com a Educação de Jovens e Adultos.
3.5 Categoria V - Quem é o aluno da EJA.
Essa categoria surge com o foco em apresentar o aluno desta modalidade de
ensino, afinal não poderíamos deixar de transmitir quem são os principais
personagens dessa modalidade de ensino, contudo, a categoria reforça a importância
desses indivíduos no contexto escola, fortalecendo o processo de ensino e
aprendizagem e contribuindo com trocas de conhecimentos já obtidos fora da sala de
aula. Veja abaixo algumas citações que exemplificam essa categoria:

A maioria das pessoas que busca a escola da EJA apresenta uma história de
insucesso no processo de escolarização ou de aprendizagem. Essa pode ser
para elas, uma oportunidade; talvez a única para aprender e adquirir os
saberes necessários que as estimula a obter tantas outras conquistas [...]
(COUTO, 2016, p.67).

Os jovens e adultos em processo de alfabetização correspondem a uma parte


da população que vem sendo excluída historicamente. E continuam sendo,
com a vivência de práticas escolares que não consideram suas
particularidades. Sob uma forte exclusão cultural, a escola não valoriza a
diversidade de saberes e inviabiliza que novas aprendizagens aconteçam.
(ALVES, 2014, p. 16).

Como pode ser observado nas citações acima, os autores em evidência trazem
uma imagem concretizada na sociedade a respeito da Educação de Jovens e Adultos
e juntos transmitem a imagem do indivíduo participativo desta modalidade. Através
das citações acima podemos ver que o aluno da EJA é aquele pertencente a camada
mais pobre da sociedade e que por algum fator foi excluído do seu direito de frequentar
a escola no “tempo adequado”.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao analisar a temática principal das discussões abordadas nos trabalhos
observou-se que embora centralizadas na relação teoria-prática no processo de
alfabetização e letramento na Educação de Jovens e Adultos, as publicações abordam
outros aspectos relevantes para a construção deste estado do conhecimento.
Desta forma, buscou-se compreender como as pesquisas da Educação de
Jovens e Adultos vem investigando a questão da alfabetização e letramento, da
relação teoria-prática. As pesquisas com a temática da Educação de Jovens e Adultos
vem crescendo gradativamente nos últimos anos.
É notório que temos muito a conquistar nessa área, há muito o que fazer para
avançar nas discussões sobre essa temática, principalmente no tocante da relação
teoria-prática no processo de alfabetização e letramento para a promoção de um
contexto onde existam profissionais qualificados para avançar e alcançar resultados
melhores no processo de ensino e aprendizagem na sala de aula de jovens e adultos.
Colocar esse tema em discussão é dar visibilidade não só para essa
modalidade de ensino, mas por em discussão o papel do professor e a importância de
uma formação inicial que trabalhe com esses aspectos, capaz de formar alguém apto
a estar dentro de uma sala de EJA contribuindo para o crescimento pessoal,
profissional e cultural de seus alunos.
Pensar práticas que promovam uma aprendizagem significativa para a EJA,
onde a utilização da teoria possa realmente ser concretizada na prática é um desafio
que todos da área da Educação vem enfrentando, porém ter acesso a todo conjunto
de pesquisa elabora até o momento é o primeiro passo para procurarmos meios de
trazer para sala de aulas diferentes realidades que promovam o aprendizado na EJA.

REFERÊNCIAS

AGUIAR. P. A. Leituras de alfabetizandos da EJA: práticas de letramento em


construção. 2009. 150f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade
Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2009.
ALVES, D.A.S. Saberes e fazeres docentes: contribuições para a construção da
escrita na educação de jovens e adultos. 2014. 119f. Dissertação (Mestrado em
Educação) - Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2014.
ARAÚJO, J. M. O. A formação do professor alfabetizador em cursos de pedagogia:
contribuições e lacunas teórico-práticas. 2008. 147f. Tese (Doutorado em Educação)
– Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2008.
BRASIL. Lei Federal 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de
Educação - PNE e dá outras providências. Brasília, DF, 2014.
BRITTO, A. G. “Calma, pera aí que nós vamos te ajudar!”: As práticas de Alfabetização
e Letramento em uma Turma de Etapa Mista da Educação de Jovens e Adultos. 2019.
105f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade do Vale do Rio dos
Sinos, São Leopoldo, 2019.

COUTO, M. A. Mediação pedagógica com apoio de material didático para Educação


de Jovens e Adultos. 2016. 142f. Dissertação (Mestrado em Educação) –
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Bauru, 2016.
FERREIRA, J. G. “Jesus vai voltar e eu não aprendo a ler”: práticas de leitura e escrita
de mulheres em condição de analfabetismo. 2013. 270f. Dissertação (Mestrado em
Educação) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2013.
FREIRE, P., MACEDO, D. Alfabetização: leitura do mundo, leitura da palavra. São
Paulo: Paz e Terra, 2011, 270p.
LÚCIO, I. S. Os significados da alfabetização e do letramento para adultos
alfabetizados. 2007. 258f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade
Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007.
MORAES, R. GALIAZZI, M. C. Análise Textual Discursiva. Ijuí: Editora Unijuí, 2016,
264 p.
MOROSINI, M. C. Estado de conhecimento: questões do campo científico.
Educação, Santa Maria, v. 40, n. 1, p. 101-116, 2015.

NEIVA, D. A. A. Letramento Literário e os sujeitos da EJA: práticas, eventos e


significados atribuídos. 2010. 168f. Dissertação (Mestrado em Educação) –
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2010.
SILVA, S. A. Concepções dos professores da EJA de escolas municipais sobre
alfabetização e letramento e suas interferências na prática educativa. 2009. 92f.
Dissertação (Mestrado em Linguística) - Universidade Federal da Paraíba, João
Pessoal, 2009.
SOUZA. M. A. F. A alfabetização e o letramento de jovens, adultos e idosos sob a
ótica da sociolinguística educacional. 2009. 262f. Tese (Doutorado em Educação) –
Universidade de Brasília, Brasília, 2009.

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