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Sumário

SINOPSE ...................................................................................................... 7
Capítulo Um ................................................................................................ 8
Capítulo Dois ............................................................................................ 30
Capítulo Três ............................................................................................. 57
Capítulo Quatro ........................................................................................ 78
Capítulo Cinco ........................................................................................ 100
Capítulo Seis ............................................................................................ 120
Capítulo Sete ........................................................................................... 142
Capítulo Oito ........................................................................................... 162
Capítulo Nove ......................................................................................... 190
Capítulo Dez............................................................................................ 205
Capítulo Onze ......................................................................................... 223
Capítulo Doze ......................................................................................... 244
Capítulo Treze ......................................................................................... 266
Capítulo Quatorze .................................................................................. 286
Epílogo ..................................................................................................... 304
Fim ............................................................................................................ 315
SINOPSE

Vivian é uma especialista em cultura na nave da frota Gorison


Traveler da Terra Unida. É o trabalho perfeito para alguém que quer
aprender tudo sobre alienígenas. O único problema? O comandante
não a deixa se aproximar dos alienígenas a bordo da nave. A única
forma de dar uma olhada na raça lagarto é quando seu irmão usa uma
câmera, fazendo uma transmissão ao vivo durante uma reunião, uma
reunião que se transforma em uma tragédia quando os Ke'ters atacam
a tripulação.

Ela fica horrorizada. Assustada. Os Ke'ters começam a assassinar


seu povo. Correndo para seu quarto para conseguir ajuda do centro
de controle, Vivian descobre que a estação foi abandonada. Agora
tudo depende dela para resgatar a tripulação.

Brassi é um comerciante Veslor que pega um sinal de socorro de


uma nave espacial próxima. A mulher atraente que o contata parece
aterrorizada e precisa de sua ajuda. Com seus companheiros de
tripulação, ele embarca no Gorison Traveler para lutar contra os
Ke'ters, mas quanto mais tempo passa na enorme nave da Terra, mais
Vivian se torna uma distração. Brassi fará o que for preciso para salvá-
la... e descobrir se Vivian é sua companheira.

Veslor Mates – Livro 1

Copyright © March 2019 By Laurann Dohner, Cover Art: Dar Albert


Capítulo Um

Vivian sorriu, olhando para Mikey sobre o dispositivo de vídeo.

— Você sabe que esta será a reunião mais chata de todas.

— Você deveria vir se juntar a mim.

— Não, obrigada. Eu já passei por muitas dessas reuniões como

líder da equipe de segurança. Por isso me tornei especialista em

cultura.

— Papai não a teria mantido com ele o tempo todo quando era

adolescente, se você não desse tanto trabalho.

Ela riu. — Certo. Você não está feliz por eu ser uma adulta agora?

— Estou feliz por você estar em casa, onde pertence. Sentimos

sua falta enquanto estava fora.

Ela sentia falta de seu irmão adotivo e de seu pai. Ficou muito

empolgada quando terminou seus estudos e foi contratada para

trabalhar com eles no Gorison Traveler, como seu primeiro emprego

oficial.

Ele se mexeu em seu assento. — Papai está a caminho.


— Diga a Big M olá por mim quando tiver uma chance. Acho

que é hora de terminar a nossa conversa.

Mikey lançou-lhe um olhar travesso. — Você não quer ver como

são os Ke'ters? Papai pediu para avisar que um pequeno grupo deles

se juntará a nós. Ele não queria que ninguém se assustasse com a

visão.

A excitação repentinamente a percorreu. — Por que eles estão

em um uma reunião com o líder de equipe?

Ele encolheu os ombros. — Talvez estejam curiosos para

descobrir como mantemos todos seguros ou como administramos as

coisas em uma nave tão grande? Quem sabe. Mas estão aqui. — Ele

virou o dispositivo de vídeo portátil o suficiente para ela ter uma

visão da grande sala. Dezenas de homens e mulheres em uniformes

de segurança estavam sentados em fila na frente dele e ela viu seu pai

adotivo entrar na sala com seis alienígenas grandes.

Uma delegação Ke'ters embarcou no Gorison Traveler na Estação

Espacial Branston dez dias antes. Os deveres de Vivian incluíam a

criação de perfis e a interação com raças alienígenas, mas o

Comandante Alderson proibiu-a de ir a qualquer lugar perto de seus

convidados importantes. Não a surpreendeu. Ela era nova no


trabalho e guardava rancor pela associação da família dela com Big

M, o chefe de segurança da nave, que lhe deu o emprego.

Ela ainda se queixou de que recebeu ordens de ficar longe de

seus convidados alienígenas. Os Ke'ters eram uma raça quase

desconhecida, atualmente tentando conquistar uma aliança com a

Terra Unida. Seria uma oportunidade incrível estudá-los e

compartilhar o que aprendeu com seus colegas especialistas em

cultura.

Os Ke'ters se aproximaram do Comandante Alderson na estação

espacial depois de serem apresentados pelo Diretor da estação, um

amigo dele, que garantiu sua confiabilidade. Vivian sabia a

verdadeira razão pela qual o Comandante concordou e foi para

marcar pontos com seus superiores. Ele poderia ter uma grande

promoção se convencesse os Ke'ters a compartilharem parte de sua

tecnologia. Havia rumores de que eram avançados em armamento.

Mikey abaixou a voz, sussurrando: — Eles são grandes... e me

lembram Pete.

Ela silenciou-o. Pete era a iguana de estimação de Mikey.

Silenciosamente concordou, no entanto. Os Ke'ters eram uma raça

reptiliana com braços e pernas grossos. Andavam na posição vertical,


mas eram semelhantes a lagartos. Garras negras dominavam as

extremidades de seus três longos dedos e um apêndice em forma de

polegar que saía do que seria a as mãos, se fossem humanas. Os

Ke'ters também tinham cabeças largas presas a pescoços finos e

longos. Seus uniformes cobriam a maior parte de sua pele, mas as

escamas expostas pareciam densas.

— Todo mundo, acalme-se. — Big M subiu ao pódio, a sala ficou

em silêncio. — Eu gostaria de lhe apresentar Krrnt Sheesk. Ele é o

Embaixador que estamos hospedando e gostaria de dizer algumas

palavras.

Vivian gostou que Mikey mantivesse o link aberto, a câmera

focada nos alienígenas. Era a única maneira de conseguir vê-los

enquanto estivessem a bordo. Uma das mãos aproximou-se de Big M.

Seu pai adotivo era alto para um humano, mas o alienígena ao lado

dele era mais alto.

— Estamos gratos por terem nos deixando entrar em sua nave.

— O dispositivo tradutor preso ao redor da garganta de Krrnt Sheesk

proporcionou em uma voz masculina robótica. Sua linguagem

natural era apenas cliques e silvos para os ouvidos humanos. — E

agora mostraremos o nosso apreço. — Ele fez uma pausa, virando a


cabeça para olhar para os outros em seu grupo. — Os humanos são

uma raça ingênua... mas saborosa.

Vivian ofegou quando os alienígenas repentinamente se

lançaram para frente, apontando para as filas de oficiais de segurança.

Mas seu foco permaneceu em Krrnt Sheesk quando ele agarrou

Big M e o jogou com força na parede.

Mikey amaldiçoou, o dispositivo de vídeo se moveu rápido o

suficiente para que a recepção continuasse. Ela teve flashes de rajadas

de laser atingindo os Ke'ters, mas eles não caíram ou diminuíram seus

ataques. Ficou claro que as armas não podiam perfurar suas escamas.

Os danos eram apenas em seus uniformes.

Mikey recuou, sua arma ainda disparando.

— Vivian, chame o Comandante!

Ela estava chocada demais para responder, ainda observando

enquanto os alienígenas pulavam em oficiais de segurança, levando-

os para o chão e rasgando suas barrigas.

Mais gritos e gritos. O fogo doslasers quase sufocando suas

próximas palavras.
— Papai! Eles mataram o papai!

Ela saiu de sua cadeira e correu para o painel na parede ao lado

de sua porta, apertando o botão de segurança.

Uma voz masculina calma respondeu. — Qual é a sua

emergência?

— Os Ke'ters estão atacando a todos na reunião do líder da

equipe. Estão matando eles!

— O que?

— Estou assistindo! Big M está morto! Oh meu Deus. Envie os

seguranças! Ajude-os. Os Ke'ters estão assassinando todo mundo!

— É melhor não ser uma piada. — Ele parecia chateado, sua voz

elevando-se a quase um grito.

— Ajude-os!

Ele terminou a ligação e ela correu de volta para sua mesa onde

seu dispositivo de vídeo estava. Mikey recuou para o fundo da sala,

ainda atirando nos alienígenas.

— A ajuda está chegando. Espere, Mikey!


Ele virou seu dispositivo de vídeo e Vivian olhou em seus olhos

chocados. — Controle tudo. Bloqueie. — Ele ordenou. Seu olhar saiu

do dela, então o terror cobriu seu rosto.

Algo o atingiu e o dispositivo de vídeo voou. Aterrissou no chão.

Tudo o que podia ver era o teto... mas ouviu gritos e mais disparos a

laser.

O tempo pareceu demorar a passar, mas tudo aconteceu em

menos de um minuto na realidade. Logo se aquietou, com apenas

alguns gemidos baixos e sons sibilantes.

Mikey estava vivo?

Ela ficou sentada em silêncio atordoada, com medo de dizer uma

palavra. Eles a ouviriam se estivessem perto o suficiente do

dispositivo eletrônico. Os Ke'ters tinham excelente audição. Era um

dos poucos fatos conhecidos sobre eles.

— Nós pegamos a nave. —Afirmou uma voz robótica, suave,

mas ela foi capaz de ouvir. — Vamos levar ao nosso planeta muita

comida.

Horror penetrou em seus ossos, fazendo com que Vivian se

sentisse gelada. Eles estavam falando sobre as pessoas. Krrnt Sheesk


disse que os humanos eram saborosos. Havia seiscentos e vinte e três

humanos a bordo da nave.

Vivian estendeu a mão, terminou a conexão e correu para a

parede segura. Big M lhe deu um rifle a laser. Ele também ensinou

autodefesa e vários métodos de luta na esperança de que um dia ela

se tornasse uma agente de segurança.

Os rifles não fariam efeito. Viu como os lasers foram ineficazes

contra os alienígenas. Mas ela puxou a lâmina e o cinto táticos do seu

pai. Big M lhe deu no funeral de sua melhor amiga. Ela nunca usou,

mas Big M a treinou com facas também.

Caminhou até a porta, amarrando o cinto grande demais para

embainhar a lâmina e ligou o monitor que mostrava o corredor.

Ninguém esperava do lado de fora e nenhum outro membro da

tripulação estava à vista.

Ela segurou a alça da lâmina e abriu a porta, saindo.

Controle Um estava a quatro corredores do outro lado da nave.

Seu coração acelerou quando ela se dirigiu para o elevador e

empurrou para levá-lo ao seu Deck. Ela recuou, preparada para lutar
quando as portas se abriram. O medo a fez dar uma olhada ao redor,

procurando pelos Ke'ters.

Vinte e dois deles embarcaram no total. Oito eram agentes de

segurança, o que significa que seriam bons combatentes. Todos eram

do sexo masculino e pelo que Big M disse a ela durante o jantar depois

que chegaram, comedores de carne.

Ela estremeceu. — Incluindo seres humanos. —Sussurrou.

O elevador se abriu, abençoadamente vazio. Ela correu para

dentro e apertou o botão. As portas se fecharam e ela recuou para um

canto, segurando firmemente o cabo da faca. Apenas esperava que

não tivesse que usá-la e se o fizesse, estivesse afiada o suficiente para

perfurar as escamas.

As portas se abriram no Deck Sete e ela avançou para frente, sem

ouvir nenhum som de luta. Os alarmes da nave também não

dispararam. Isso a confundiu. Estavam sob ataque. A segurança

deveria ser acionada, pelo menos. Era o procedimento.

Ela desceu pelo corredor e congelou quando ouviu alguém

gritar. Vivian se jogou contra parede, virando a cabeça na direção do

som. O corredor se curvava à frente e o que quer que estivesse


acontecendo, estava perto. Deslizou para frente, puxando a longa

lâmina de seu cinto.

O grito parou e segundos depois ouviu gemidos altos. Um silvo

soou e ela prendeu a respiração, olhando ao redor.

A visão que encontrou quase a fez gritar.

Um Ke'ter estava agachado sobre alguém em um uniforme

médico branco que manchado de vermelho. Seu estômago estava

aberto, seus intestinos arrancados e empilhados no chão do convés. O

alienígena se inclinou para perto de sua vítima e Vivian ouviu sons

de estalos molhados. Ele estava comendo o membro da tripulação.

A vítima virou a cabeça. Ele ainda estava vivo!

Seu horror aumentou quando seus olhares se encontraram e sua

boca se abriu. Outro gemido veio dele e ele levantou a mão,

estendendo-a para ela.

O alienígena continuou mastigando, mas poderia notar as ações

de sua vítima a qualquer momento. Ela não tinha tempo para pensar.

Big M e Mikey a treinaram para se defender.

Ela pulou nas costas do Ke'ter. Ele era solidamente construído,

como uma pedra, mas ela passou o braço esquerdo ao redor de sua
garganta e apertou com força as coxas ao redor do meio dele. Usando

toda sua força, bateu a faca na parte de trás de sua cabeça perto da

base de seu crânio.

A lâmina penetrou e o alienígena sob ela gritou. Ele tentou

arremessá-la, mas empurrou a lâmina mais profundamente e torceu.

Ele parou... e depois caiu.

Vivian se afastou quando chegaram ao chão. O pobre membro

da tripulação a olhou enquanto o olhava, a boca ainda aberta, os olhos

arregalados e outro gemido soou.

Ela se agachou ao lado do homem. Ele não era alguém que ela

conhecia. — Aguente. — Ela disse a ele. — Teremos ajuda. — Ela

afastou o olhar dele e olhou seu estômago.

Bile subiu. O Ke'ter abriu o homem da caixa torácica até a pélvis,

rasgando o uniforme. Ela não era médica, mas parecia que o

alienígena retirou os intestinos do homem para se alimentar de seus

órgãos internos. Era uma bagunça sangrenta.

Um silvo baixo veio do alienígena e ela quase caiu de bunda

tamanha sua surpresa. A mão do Ke'ter se contorceu, as garras

ensanguentadas e os dedos se curvando.


Ela atacou, indo para a arma amarrada ao seu quadril e a puxou

para fora do coldre. Parecia estranho em sua mão, já que não foi

projetada para humanos, mas havia um botão. Ela apontou o cano

para o alienígena e apertou.

Ele abriu um buraco no uniforme do Ke'ter e sangue verde

escorreu para o chão. Ela se levantou, apontou para cabeça e disparou

novamente.

O alienígena se sacudiu, mas duvidava que ainda estivesse vivo.

Um buraco do tamanho de um punho se abriu em seu crânio. Ela se

aproximou e usou a mão esquerda para pegar a faca tática do pai. Sem

deixar de olhar para a cabeça do alienígena. Saltou quando o membro

da tripulação gemeu novamente com dor. Ela virou a cabeça para

olhá-lo.

— A ajuda está chegando. Aguente.

Ela correu em direção ao Controle Um. Era tripulado vinte e

quatro horas por operadores que trabalhavam em turnos. Ela

conhecia os protocolos da nave melhor que a maioria dos agentes de

segurança.

As portas estavam seladas. Zumbiram, mas ninguém respondeu.

O medo a fez olhar para a câmera. — Abra, droga!


As portas permaneciam seladas.

Um leve grito soou em algum lugar nos corredores e ela

rapidamente usou a mão esquerda para digitar o código de

substituição. Não deveria saber, mas Big Mike lhe confiou os

números.

As portas se abriram, mas a mesa estava vazia. Choque bateu

nela novamente. Ninguém deveria deixar este posto sem supervisão.

Era contra o protocolo.

Ela entrou, as portas selando em suas costas. Colocou a arma

alienígena na mesa enquanto se sentava, seus dedos se movendo

rapidamente nos controles para ver a imagem da sala de

interrogatório.

A visão que encontrou seu olhar a fez gritar de dor. O corpo de

Mikey estava parcialmente à vista, bloqueado por cadeiras. Ele não se

movia. Não podia ver Big M do ângulo da câmera, mas via suas botas.

Ele também não se movia. Os Ke'ters não estavam mais naquela sala.

Eles fugiram da cena do crime.

Isso significava que estavam todos dentro da nave. Ela alcançou

debaixo da mesa e cegamente sentiu a tampa que protegia o controle


de emergência. Sua mão tremeu quando tirou o escudo e apertou o

botão.

Luzes vermelhas brilharam acima das portas do Controle Um e

um alarme estridente soou.

Ela estendeu a mão, ligando os motores de bordo. Era

imperativo que avisasse a tripulação. O alarme os informaria que

haveria problemas. Abriu a boca e abruptamente parou. Os

alienígenas usavam tradutores de idiomas. Ela estava bem

familiarizada com os dispositivos, aprendeu tudo sobre eles em suas

aulas... incluindo suas falhas.

A falha mais fundamental, os tradutores linguísticos apenas

trabalhavam com palavras faladas.

— BLOQUEAR. — Ela rapidamente soletrou. — BAIXA. Repito,

BLOQUEAR os Ke'ters estão atacando a tripulação. Isso não é um

treinamento. Encontre SHELTER agora! Repito. Encontre SHELTER

agora. BLOQUEAR em DOIS

Ela terminou a mensagem e deixou seus dedos voarem sobre os

controles, preparando-se para iniciar o bloqueio. Isso prenderia os

alienígenas e esperançosamente, protegeria a tripulação se chegassem


em seus alojamentos ou em um abrigo de emergência. Havia dois em

cada nível.

O comunicador na mesa zumbiu e ela se aproximou,

respondendo.

— Que porra é? O que você pensa que está fazendo?

Ela se encolheu, identificando a voz do Comandante Alderson.

Ela reconheceria seu tom em qualquer lugar. — Os Ke'ters atacaram

todos na sala de interrogatório do líder de equipe, senhor. Big M,

Mikey e todos os líderes da equipe de segurança presentes foram

assassinados ou gravemente feridos. Não estão se movendo.

— O que? Isso é absurdo! Quem é?

— Vivian Goss, senhor. É verdade. Mikey Miller estava em seu

dispositivo comigo quando eles atacaram. Eu vi toda a coisa

acontecer. Iniciei o bloqueio para selar a nave.

— Você não pode fazer nada disso! Estou enviando segurança

para lidar com o que porra estiver acontecendo e você enfrentará uma

corte marcial por colocar a tripulação em pânico com sua pequena

façanha, Senhorita Goss.


— Isso não é um truque! É verdade! As armas laser não faz nada

para os Ke'ters, senhor. Não os machuca. Essa é a arma mais forte que

temos a bordo.

— Isso é besteira. Eles não atacariam. Você sempre foi a pior

agitadora quando menina. Isso não é nada mais do que uma maneira

de se vingar por eu lhe dizer para ficar longe de nossos convidados

alienígenas, mas agora foi longe demais. Precisa parar imediatamente

este absurdo e se reportar a ponte. Como ousa...

Ela cortou a comunicação e repetiu sua mensagem anterior,

soletrando a maioria das palavras para evitar que os alienígenas

compreendessem sua intenção.

A linha zumbiu, mas ela ignorou. Em vez disso, observou o

relógio. Dois minutos se passaram e então ela iniciou o bloqueio.

Alarmes agudos continuaram pelos alto-falantes por todaa nave

e ela sabia que as portas de emergência estavam sendo lacradas, os

pontos de acesso nos corredores foram cortados por grossas paredes

e cada eixo de ventilação entraria em crise. Vedariam para evitar

vazamentos de oxigênio em caso de explosões, mas bombeariam ar

suficiente para manter todos vivos.


Ela virou a cadeira, de frente para os controles de comunicação

de longo alcance. Ligou-os para enviar uma mensagem, mas o

dispositivo se recusou a lhe dar acesso. Não tinha o código de acesso,

mas havia uma opção geral de sinal de socorro.

Vivian o iniciou. O Gorison Traveler precisava de ajuda. O sinal

de perigo automático piscou ao transmitir um padrão de SOS. Ela se

virou, ainda ignorando o zumbindo do comunicador e começou a

executar os protocolos de segurança.

A ala médica foi devastada. Estava claro que algum dispositivo

incendiário disparou na enorme sala. Os corpos estavam em pedaços,

espalhados entre o equipamento quebrado e queimado.

Lágrimas a cegaram, mas Vivian piscou de volta. Os Ke'ters

devem ter atingido a ala médica para prejudicar os esforços do

Gorison Traveler em ajudar os feridos. Não havia mais lugar para levar

seus feridos. Também significava que o pobre homem que encontrou

no corredor morreria.

Continuou passando pelas câmeras da nave para obter uma

visão geral da situação. Nada aparecia nos corredores, mas ela viu

alguns corpos humanos. Viu alguns Ke'ters em corredores aleatórios

e também encontrou mais três presos dentro de um elevador.


— Espero que morram, bastardos.

Encontrou mais alienígenas quando mudou para a ponte.

Estavam comendo os pilotos e outros tripulantes. Foi quando ela se

lembrou da intenção de assumir o controle da nave. Eles teriam

sucesso, já que agora tinham o controle da ponte.

Ela estendeu a mão e ligou as câmeras internas que zumbiam.

— Por Deus, Goss! Você conseguirá uma pena de morte por selar

esta nave!

— Os Ke'ters estão na ponte. — Ela tentou manter a voz calma,

apesar do pânico que sentia. — Eles estão roubando a nave, senhor.

Estão comendo a tripulação viva! Não sei mais o que fazer. Como

podemos impedi-los?

O Comandante Alderson desconectou.

— Desgraçado!

Então ela pensou em Donny e sua esposa, Maggie. Ele era o chefe

da engenharia. Digitou o código da cabine deles. Zumbiu até que

Donny atendeu.

— O que está acontecendo?


— Apenas o que eu disse. Os Ke'ters nos atacaram.

Donny murmurou uma maldição. — Por quê?

— Somos comida. Eles estão nos comendo. — Ela explicou, ainda

se sentindo doente. — Maggie está segura com você?

— Sim. Nós dois estamos no quarto. Quão ruim?

— Os Ke'ters têm a ponte, os médicos foram derrubados e hum...

o Comandante Alderson acha que eu estou fazendo uma brincadeira.

— Ele é um idiota. Você não é mais adolescente e as brincadeiras

que fez sempre foram inofensivas. Ninguém inicia um bloqueio como

uma brincadeira. Eu acredito em você, Vivian.

— Há alguma forma de desligar os motores do centro de controle

para impedi-los de nos voar para Deus sabe onde?

— Você enviou um sinal de socorro?

— Sim. — Ela olhou para a direita, observando o painel piscar.

— Ainda estou transmitindo.

— Não há mais nada que você possa fazer. — Ele fez uma pausa.

— Espere, precisa chegar ao Controle Um.


— Estou aqui. Mikey me enviou. Foi assim que pude colocar a

nave no bloqueio. Donny... o operador desta estação não estava aqui.

Por que deixariam seu posto?

Ele soltou outra maldição. — Eu não sei, porra. Eles não

deveriam fazer isso. Graças a Deus Mikey está bem.

O pesar feriu seu coração. — O que eu posso fazer? — Ela

precisava que ele pensasse claramente. Contaria a verdade sobre seu

melhor amigo depois.

— O Controle Um possui capacidade de sobrepor no caso de um

incêndio no motor. Isso os pararia. Mas preciso orientá-la.

— Ok. Como funciona?

— Abafará todo o oxigênio nos compartimentos do motor. Eles

precisam de oxigênio para funcionar, então desligarão

imediatamente. Mas... há um lado ruim nisso, Vivian.

— Qual?

— Entraremos em backup. O sistema de emergência entrará em

ação, então não morreremos, mas duraremos apenas quatro dias. Os

mecanismos são o que recarregam o sistema de backup. Estamos a

dez dias da estação espacial mais próxima e acho que ninguém está
tão longe. A Colônia Bassius é nova demais para acomodar visitantes

por períodos prolongados e duvido que eles tenham naves de longo

alcance.

Prioridades, Big M sempre dizia. Era nisto que ela precisava se

concentrar. Lidar com uma bagunça de cada vez. Fechou os olhos,

pensando. — Posso reiniciar os motores se desligá-los?

Ele hesitou. — Sim.

Ela sabia o porquê de sua hesitação. — Quanto tempo precisam

ser mantidos em funcionamento antes que o sistema de backup seja

recarregado?

Ele ficou quieto por outro momento. — Vinte horas, pelo menos.

É um grande risco, Vivian, ligar os motores novamente.

— Eu sei. A primeira prioridade é manter as pessoas vivas e

impedir que os Ke'ters nos levem mais longe. Diga-me como liberar o

oxigênio dos motores. E se o suporte de vida emergencial cair antes

que a ajuda chegue, eu os reiniciarei.

— Porra. — Ele estava respirando com mais força. — Primeiro,

entre no submenu para manutenção.


Vivian respirou fundo e colocou as mãos nos controles,

procurando brevemente por ele. — Estou dentro.


Capítulo Dois

Vivian acordou e olhou para as telas na frente dela. Os Ke'ters

na ponte causaram muitos danos ao equipamento enquanto ela

descansava. Eram claramente estúpidos demais para saber que não

podiam acessar os motores naquele local.

— Não acontecerá. — Ela gemeu quando se moveu, seu corpo

doendo de dormir na posição vertical.

Olhou para o relógio. Fazia treze horas desde que iniciou o

bloqueio. O Comandante Alderson recusou-se a atender suas

ligações. Não havia alimentação de segurança que pudesse chamar

em seus aposentos. Toda a tripulação tinha privacidade total dentro

de suas casas.

Outro fato alarmante que descobriu, foi que as outras três

estações de controle na nave não atendiam suas ligações. Deveria ter

alguém em cada uma delas o tempo todo. Como em Controle Um,

elas pareciam ter sido abandonadas.


Ela também passou horas vasculhando a nave através das

câmeras e localizou dezenove dos vinte e dois Ke'ters. Eram os três

desaparecidos com quem se preocupava.

Além dos que estavam na ponte, os outros estavam presos nos

corredores, incluindo seis no corredor do lado de fora da sala de

interrogatório, onde atacaram seu pai adotivo. E claro, três

permaneciam selados dentro do elevador onde os viu no dia anterior.

O número de membros da tripulação assassinados a

desconcertou. Parou de contar depois de trinta. Era muito doloroso.

Os Ke'ters atacaram várias áreas da nave em equipes. Aqueles que

tinham como alvo médicos com aquela bomba, provavelmente eram

os três presos no elevador perto daquela seção.

Ela se levantou, esticando o corpo rígido e se moveu para a

pequena sala de descanso. Tinha acesso a muitos alimentos e bebidas,

para não morrer de fome ou desidratar. Havia até beliches para

dormir, mas se afastou da cadeira enquanto olhava para a ponte.

Vivian comeu uma barra de nutrientes sem gosto e tomou uma

bebida energética. Sentia-se mais alerta quando usou o banheiro,

jogou um pouco de água no rosto e voltou para mesa de controle.


Ela se sentou, observando os Ke'ter destruírem mais coisas na

ponte, brincando com o interior. Outra tentativa de contatar o

Comandante ficou sem resposta.

— Idiota. — Ela murmurou. Então limpou a garganta, ativando

os comandos para a nave.

— Talvez vocês estejam trancados em seus aposentos,

preocupados com o que está acontecendo e ninguém em nenhuma

das áreas gerais atende suas ligações. Elas foram praticamente

abandonadas antes do bloqueio. Ela fez uma pausa. — Meu nome é

Vivian Goss. Eu sou a filha adotiva de Big M. Também fui eu quem

iniciou o bloqueio. Os dispositivos de linguagem estrangeira não têm

a capacidade de traduzir palavras escritas, por isso soletrei os

comandos. Para confundir os Ke'ters. — Ela respirou fundo

novamente. — Os motores estão agora off-line, porque os Ke'ters

assumiram o controle da ponte. Eu não entrarei em detalhes, mas

esses bastardos não nos levarão para nenhum lugar. Espero que vocês

encontrem conforto em saber disso. Estamos sentados no espaço

esperando por ajuda. O sinal de emergência está ligado. Apenas

esperem aí.
Ela se inclinou para frente, fechou os olhos e tentou pensar no

que mais deveria dizer à sua equipe. — Muitos de vocês me conhecem

se são membros da tripulação há muito tempo. Mas se forem novos,

saibam que estou nesta nave desde que Big M me adotou. Ele é... —

A dor a sufocou e ela precisou limpar a garganta. — Ele era o chefe

da segurança. Os Ke'ters o assassinaram. Gostaria que fosse ele

falando com vocês agora. Estou no Controle Um e prometo que farei

o melhor que puder para manter todos seguros e vivos até que chegue

ajuda. — Ela fez uma pausa. — Por favor, não ignorem as travas de

segurança em seus aposentos ou saiam de onde estão. Há alguns

Ke'ters presos em corredores por toda a nave e o laser não funciona

neles. Vocês ficarão mais seguros se permanecerem onde estão.

Ela terminou a transmissão e suspirou, fechando os olhos. O

peso de cada vida a bordo do Gorison Traveler estava em seus ombros.

A pressão era intensa e demais para lidar. Mas não tinha escolha.

A linha de comunicação interna zumbiu e ela se lançou, ligando-

a. — Vivian Goss aqui.

Houve uma pausa. — É Abby Thomas. —Disse uma voz

feminina.
Vivian tentou identificar esse nome, mas ficou em branco. Era

uma grande nave, ela não conhecia todo mundo e esteve fora por dois

anos, vivendo na Terra enquanto estava na escola. — Por acaso você

sabe os códigos de substituição para usuários de longa distância,

Abby?

A mulher fez uma pausa novamente. — Você é o operador do

Controle Um, mas não tem acesso? Explique isso para mim.

Vivian suspirou. — Eu não sou o operador. Sou apenas a única

aqui. Você tem os códigos de substituição? Obviamente esperava que

você tivesse acesso a esse número seguro, talvez você seja um dos

oficiais de comunicações.

— Você está me dizendo que não é um operador, mas tem

controle dessa estação?

— Sim. Eu preciso desesperadamente enviar uma mensagem

para a Estação Branston para que eles saibam o que aconteceu.

Receberão nosso sinal de socorro e enviarão ajuda, mas estarão

carregando rifles de laser, que são ineficazes contra Ke'ters. Eles

precisam ser avisados.


— Não tenho como verificar nada do que aconteceu. Pelo que

sei, você pode ser um rebelde que assumiu o controle do Gorison

Traveler.

Vivian franziu a testa. — Qual é seu cargo?

— Eu não estou atribuída a esta nave. Estou pegando uma

carona da Estação Espacial Branston até a Colônia Bassius para

consertar alguns problemas que tem. Meus pais projetaram a maioria

dos sistemas operacionais usados em embarcações da frota. Eu faço

upgrades neles. Posso ajudar... mas por que deveria?

— Big M era o chefe de segurança.

— Eu o conheci.

— Então tenho certeza que você sabe que ele me adotou. Big M

se gabava constantemente de seus filhos. Meu pai era seu melhor

amigo e ele morreu durante a batalha em Yelton quando eles foram

atacados pelos Prog. Eu não sou um operador, mas meu pai adotivo

insistiu que seu filho, Mikey e eu tivéssemos acesso a todas as quatro

estações de controle. Eu estava em um vídeo ao vivo com Mikey

quando os Ke'ters atacaram toda a equipe de segurança em uma

reunião. Mikey me disse para vir ao Controle Um. Quando ninguém


respondeu na porta, digitei o código de acesso e entrei. O operador

não estava aqui.

— Este não é o protocolo.

— Não, merda! — Vivian gritou, ficando frustrada. — As outras

três estações de controle não estão respondendo. Acho que elas

também foram abandonadas. Não faz sentido, a menos que

estivessem trabalhando com os Ke'ters.

— Isso não pode ser. —Protestou Abby.

Vivian suspirou. — Todas as quatro estações de controle foram

deixadas sem monitoramento. Isso nunca aconteceu. — Ela fez uma

pausa. — Os Ke'ters se separaram e atacaram seções da nave ao

mesmo tempo. Os líderes de equipes de nossas forças de segurança

foram assassinados, enquanto médicos foram bombardeados. Todos

se foram, Abby. Totalmente explodido e o pessoal médico junto. Por

favor, não me pergunte quantas pessoas estavam lá. Apenas posso

adivinhar, a julgar pelos pedaços que vi nas câmeras de segurança.

Isso também significa que todas as salas de cirurgia, baias de trauma

e máquinas de cirurgia desapareceram. — Lágrimas enchem seus

olhos. — Eles também atacaram a tripulação da ponte e assassinaram

todos lá em cima. Como você acha que aconteceu isso? Deixe-me


dizer, caso não saiba, a ponte é independente. Eles têm portas e

paredes explosivas, é selada em todos os momentos. A única maneira

dos Ke'ters entrarem, é alguém deixar.

— Porra. —Murmurou Abby.

Vivian se recompôs. E se a mulher realmente trabalhasse em

sistemas operacionais, entenderia o quão ruim a situação era.

— As boas notícias? Bem, se algum dos nossos estava

trabalhando com eles, os Ke'ters provavelmente o comeu. Eu localizei

dezenove Ke'ters e todos os humanos em que conseguiram colocar

suas mãos foram rasgados. Nenhum ser humano está correndo livre

nos corredores. Todos seguiram os procedimentos de bloqueio e

foram aos seus aposentos. Mas três Ke'ters estão faltando. Espero, por

mais horrível que seja, que talvez alguém tenha saído de seus

aposentos antes de ouvir o aviso e foi atacado, provavelmente

arrastado de volta e é aí que estão os desaparecidos. Preso com suas

vítimas mortas. Os quartos privados não possuem câmeras de

segurança. Não posso verificar. Realmente ninguém sabe onde estão

os Ke'ters desaparecidos.

— Por que Big M lhe deu os códigos do Centro de Controle?

— Você sabe o que aconteceu com o transporte Hail Nine?


Abby amaldiçoou suavemente. — Sim. Um grupo rebelde

detonou uma bomba na ponte e levou toda a tripulação de seis

pessoas, incluindo o computador do piloto automático. Mais de

noventa passageiros foram deixados sem suporte de vida e sem

acesso aos sistemas de backup, já que não tinham códigos de

autorização. Nem conseguiram enviar um sinal de socorro. E se o

transporte não tivesse chegado tarde ao seu destino, se a Colônia

Rainer não tivesse naves para checar, essas pessoas teriam morrido

com certeza.

— Houve revoltas em algumas das colônias. Tenho certeza que

você está ciente disso também. Disse que estava a caminho da Colônia

Bassius. Ela é nova e ainda está fechada para os visitantes enquanto

se certificam de que esteja totalmente operacional. Isso também é

parcialmente para evitar que os rebeldes ataquem enquanto ainda

está vulnerável e a equipe é limitada.

—Big M me deu códigos de substituição para todos os quatro

Centros de Controle, caso algo acontecesse com a segurança nesta

nave. Ele queria ter certeza de que nosso pessoal não acabasse como

os passageiros do Hail Nine. Mas além de saber como ligar o farol de

auto aflição e desativar os canhões automatizados para evitar a

explosão de qualquer nave de resgate, não posso fazer muito mais do


que ver o que está acontecendo nas áreas comuns. Gostaria de ter

acesso a comunicações de longo alcance para enviar uma mensagem

para a Estação Espacial Branston, para que saibam quão terrível é

nossa situação e o que enfrentarão quando puderem nos ajudar. Eu vi

os Ke'ters atacarem nossos rifles laser apenas estragam seus

uniformes. Sequer danificaram suas escamas.

Abby permaneceu em silêncio por longos segundos. — Você

disse que os motores estão off-line. Por quê?

Vivian lutou para manter sua paciência. Embora frustrada,

entendia a desconfiança da mulher. — Os Ke'ters controlam a ponte.

Eles querem nos levar ao seu planeta natal como comida. Isso foi o

que ouvi um deles dizer quando estava no link de vídeo. Entrei em

contato com o chefe de engenharia, que é um amigo e ele falou comigo

sobre abrir as partes externas para puxar o oxigênio dos motores. Isso

os parou. É temporário. Em três dias e meio, os sistemas de backup

serão desativados, incluindo o suporte de voz. Terei que permitir que

os motores voltem a funcionar para manter todos vivos. E isso

significa...

— Os Ke'ters podem voar para onde quiserem. —Completou

Abby.
— Sim.

— Porra!

Vivian mordeu o lábio. — Você quer a verdade? A ajuda não será

capaz de nos alcançar a tempo. Na melhor das hipóteses, se você me

der acesso a comunicações de longo alcance, posso enviar uma

mensagem para a estação espacial para que saibam o que aconteceu e

quem é o responsável. Os Ke’ters acham podem voar com o Gorison

Traveler para onde quiserem. Eu estraguei o plano deles, mas isso

pode significar que suas naves estão vindo para cá agora. E se

estiverem, poderão direcionar nossos transmissores e retirá-los

facilmente.

— Sim, mas você tem a nave no bloqueio. Será muito difícil para

um grupo de pessoas alcançar todos em seus alojamentos.

— Estou ciente. Isso nos dará mais tempo, mas ainda preciso

contar a alguém sobre os Ke'ters, especialmente a parte sobre os rifles

laser sem nenhum impacto. É o que toda força de segurança carrega.

Caso contrário, as equipes de resgate se tornarão mais comida para

esses bastardos.

Abby permaneceu em silêncio.


Vivian estava começando a ficar desesperada. — Eu preciso de

sua ajuda, Abby Thomas. Não sou um rebelde. Sou especialista em

cultura.

— Especialista em cultura?

— Sim. Acabei de me formar. Este é o meu primeiro trabalho.

Sorte minha.

— Acho que você não viu esse ataque chegando, certo?

— Eu não tinha permissão para me aproximar dos Ke'ters ou

pedir qualquer informação ao Comandante Alderson. Você já o

conheceu?

— Infelizmente.

— Então sabe como ele é. Ele não me deu esse emprego. Big M

falou com um dos Almirantes que conhece, provavelmente pediu um

favor para que eu fosse designada para o Gorison Traveler para

manter nossa família unida. Apenas recentemente fui designada aqui.

O Comandante ficou irritado. Ele tinha um velho amigo escolhido a

dedo para esse trabalho, mas quando perguntei a professora Regal

sobre ele, ela nunca ouviu falar dele antes.

— Professora Regal?
— Ela é responsável por todas as informações coletadas em

corridas alienígenas. Envia atualizações de especialistas culturais

para nos manter atualizados. Esse cara nem estava no radar dela, o

que significa...

— Ele não sabe muito sobre alienígenas. — Interrompeu Abby.

Conheço o tipo. Teimoso e não se importa em aprender nada de novo.

— Ela fez uma pausa. — É um código de trinta e dois dígitos. É melhor

que você seja real, Vivian Goss. Estou arriscando minha bunda

confiando em você. Mantenha-me atualizada. É tudo o que peço.

— Certo. — Vivian virou na cadeira, indo para o comunicador

externo e colocou a mão no bloco digital. — Estou pronta.

Ela seguiu as instruções de Abby, batendo com cuidado em cada

número. A estação de transmissão de longo alcance ficou totalmente

on-line, dando-lhe acesso. — Estou dentro. Agora o que?

Um granizo soou alto. Vivian pulou assustada.

— Responda. —Insistiu Abby.

Ela o fez. — Aqui é o Gorison Traveler.

— Terráquea, aqui é Brassi Korack. Eu sou do planeta Veslor.

Minha nave é a Brar. Recebemos o seu sinal de socorro e tentámos


numerosas vezes contatá-la. Estamos a quatro horas de sua

localização. Qual é a sua emergência?

Ela estava chocada. Os Veslor eram alienígenas de um mundo

sem personalidade jurídica. Pouco se sabia sobre eles, mas leu tudo

sobre eles. A voz era masculina, com um som muito gutural e soltava

um leve rosnado.

— Quem? — Abby sussurrou, lembrando-a de que elas não se

desconectaram.

Vivian engoliu e silenciou para falar com Abby. — Eles são uma

raça shifter que negocia com uma das estações espaciais no nono

quadrante. Pelo que li, vivem de um sistema de honra. Sabe, a palavra

deles é seu compromisso. Eles têm uma grande reputação por serem

honestos. Estão a quatro horas de distância. Talvez possam nos

ajudar.

— O homem parece perigoso. Somos aliados deles?

— Não.

— Droga.
O Veslor começou a falar novamente. — Terráquea? Você está

aí? — O homem fez uma pausa. — Nós os perdemos? Pensei que

estivessem finalmente recebendo o chamado.

Alguém rosnou palavras que o tradutor não entendeu.

— Vou falar com eles para senti-los. —Decidiu Vivian. — Eu ligo

de volta. — Ela terminou a ligação com Abby, silenciando a chamada

de entrada da nave e ativou seu microfone mais uma vez para o

comunicador exterior.

— Aqui é Brassi Korack. —A voz gutural repetiu. — Você está

com problemas de comunicação? Qual é sua emergência? Seus

sistemas estão falhando?

Ela se inclinou para frente, colocando os cotovelos na estação na

frente dela. — Meu nome é Vivian Goss. Estou no Gorison Traveler.

Acabei de ter acesso a comunicações externas e ainda estou

aprendendo a usá-los. Sinto muito pelo atraso. Também estou

surpresa por conversar com um Veslor. Disseram-me que ficam no

quadrante nove.

— É verdade, mas temos negócios nesta seção do espaço e

ouvimos seu sinal de socorro. Fizemos varreduras de longo alcance,

apenas para descobrir que nenhuma outra embarcação está por perto.
Hesitei em responder. Terráqueos normalmente nos esnobam, mas

seria insensato não oferecer ajuda se necessário. Temos compaixão.

— Você é comerciante, certo? O que pediria em troca de

assistência?

Ele hesitou. — Gratidão seria bom, mas não necessária. —Disse

ele rispidamente. Estamos buscando alianças. Gostaríamos de

expandir os negócios para outros quadrantes. Os terráqueos

expandiram consideravelmente. Um ato gentil pode abrir portas para

nós.

— Eu não sou uma pessoa de influência que possa ajudá-lo dessa

maneira. Sinto muito. Tudo o que posso fazer é prometer que tentarei

o meu melhor para conversar com alguém sobre isso na frota.

— Entendido. Ainda gostaríamos de ajudá-la. Alguns dos meus

machos são bons com reparos. Sua posição não mudou. Seus motores

falharam? Temos algumas peças sobressalentes a bordo, se

necessário. Nenhum pagamento é necessário.

— Eu coloquei os motores off-line. — Ela hesita brevemente

antes de continuar. — Vinte e dois Ke'ters embarcaram em nossa

nave, mas dez dias depois de nossa jornada com eles, atacaram e
assumiram o controle da ponte. Desligar os motores foi a única

maneira de impedi-los de nos levar para onde queriam.

Ele rosnou ferozmente. — Ke'ters?

Ele cuspiu a palavra como se fosse vil e sua raiva era clara. Eles

tinham algo em comum, se os Veslor não gostavam dos lagartos. —

Sim.

— Eles comem outras raças. Por que confiaram neles? — Ele fez

uma pausa. — Eles os levarão para seus postos avançados,

escravizarão seu povo e os usarão como fonte de alimento.

Ela se encolheu. — Estamos cientes disso agora. Eu não tomei a

decisão de deixá-los a bordo. Estou lidando com as consequências.

— Consequências? Eu não conheço essa palavra.

— Sim. Seu inglês é muito bom.

— Eu baixei sua linguagem da chamada de socorro. Era simples

decifrar.

— Uau. Seus computadores são incríveis, então. Pensei que

estivesse falando diretamente com você.


— Você está, Vivian Goss. Nós temos implantes. Baixei sua

linguagem em segundos com um download instantâneo em minha

mente.

Isso a surpreendeu, era algo que não sabia que sua raça era

capaz. Implicava que parte de sua tecnologia era melhor do que a que

a que a Terra Unida tinha acesso.

Essa parte não era uma surpresa.

— Nossos rifles de laser são inúteis contra eles.

— A pele deles é dura.

Ela assentiu, então percebeu que ele não podia vê-la. — Você se

importa se conectarmos um vídeo? Eu gostaria de ver com quem

estou falando.

— Não me importo.

Ela tocou no painel, localizou a câmera e esperou. Em segundos,

ele aceitou a transmissão e sua imagem ao vivo apareceu no monitor

na frente dela.

A visão dele a deixou sem fôlego. Ela leu sobre os Veslor, mas

nunca viu como eles eram.


Brassi Korack tinha um rosto muito viril. Não era humano,

embora tivesse características semelhantes: dois olhos, um nariz e

uma boca. Mas tinha traços levemente animalescos. Seus olhos

dourados eram como nada que já viu. Ele tinha grossos cílios negros

para combinar com o longo cabelo que podia ver. Os lados de sua

cabeça estavam raspados ou ele não tinha cabelo ali. Suas orelhas

eram pontudas, sua pele escura. A coisa mais brilhante e mais leve

sobre ele eram os olhos.

Ele a observou atentamente. — Olá, Vivian.

Lembrou que ela provavelmente parecia uma porcaria. Dormiu

na cadeira por talvez uma hora ou duas, nem mesmo penteou o cabelo

depois. Ela olhou para baixo, percebendo que estava no macacão

confortável que usava em seus aposentos. Era azul-claro e a cobria

displicentemente do pescoço ao pulso e tornozelo, era tão pouco

atraente quanto uma roupa poderia ser. — Olá, Brassi. É bom vê-lo.

— Ela sorriu brevemente.

Ele se inclinou para mais perto. — Seus dentes.

Ela passou a língua sobre eles, esperando que algo não estivesse

nada preso. — O que tem eles?


— Eles são pequenos e não afiados. Sinto muito. Eu fiquei

surpreso. Você é a primeira fêmea terráquea que vejo. — O olhar

percorre seu rosto. — Parece frágil e pequena.

— Obrigada? — Ela não tinha certeza de como responder a isso.

Ele a estava insultando ou apenas fazendo uma avaliação geral de sua

aparência? Lembrou o que seus professores frequentemente

advertiam sobre o primeiro contato com raças alienígenas. Mal-

entendidos aconteceriam e nunca deveriam se ofender. Todo ego

deveria ser separado para aprender apropriadamente seus costumes.

Veslor normalmente ficavam distantes no nono quadrante. Não

era de surpreender que ele não tivesse visto nenhuma mulher

humana. As naves da frota humana apenas enviavam machos ao

espaço. Algumas raças alienígenas naquela área eram conhecidas por

roubar e vender mulheres para escravidão sexual. A frota não estava

disposta a arriscar uma guerra se algum membro fosse capturado e a

Terra Unida pareceria fraca se não tentasse recuperar membros

femininos perdidos. Apenas evitaram o risco completamente.

Os Veslor não estavam na lista de espécies evitáveis a todos os

custos, conhecidas por estar fazendo algo tão hediondo. Ela olhou

para os lábios dele. Eram largos e pareciam um pouco achatados


devido ao seu tamanho maior. Ele abriu a boca e ela tentou esconder

sua reação.

— Você definitivamente não tem dentes pequenos ou lisos.

Parecem perigosos e afiados.

Ele riu e sorriu, revelando mais deles. — Você parece assustada,

Vivian. Não há necessidade. Veslor nunca prejudicam as mulheres. —

Seu humor desapareceu tão rapidamente quanto apareceu. — É

covarde ferir alguém que é incapaz de se defender igualmente. —

Seus olhos queimavam com uma emoção que parecia semelhante à

raiva. — Covardes não têm honra. Veslor não toleram essas espécies.

Os terráqueos?

— Minha raça tem pessoas honradas e desonrosas. Isso varia de

pessoa para pessoa. Mas eu tenho honra.

— Você tem pessoas boas e más?

— Sim.

Ele inclinou a cabeça, estudando-a com aqueles olhos dourados.

Então sorriu novamente. — Você é muito honesta. A maioria das

raças não admitiria que alguns dos seus são falhos.


— Os humanos podem ser muito falhos. — Ela pensou no

Comandante. Ele era um idiota total.

— Há muito tempo, em um passado muito distante, meu povo

era o mesmo. Nós lutamos um contra o outro por razões estúpidas e

gananciosas. — Ele piscou algumas vezes. — Então vieram outras

raças e aprendemos a trabalhar juntos para salvar nosso planeta e

nosso povo. Reconhecemos as falhas e modos enganosos de outras

raças, aprendemos a detestar essas características. Isso nos fez melhor

como um todo. Nós nos orgulhamos da honra e da verdade agora. Os

desonrosos são rapidamente removidos de nossas fileiras.

Ela entendeu o que ele dizia. Eles evoluíram a um ponto que

provavelmente era extremamente vergonhoso ser um idiota em sua

cultura, não obedeciam a isso.

— Você precisa da nossa ajuda, Vivian? Oferecemos isso com

compaixão e sem necessidade de pagamento. Nenhuma raça deve ser

comida pelos Ke'ters. São criaturas cruéis e insensíveis.

Ele parecia sincero e ela tomou a decisão de confiar nele. — Eu

serei honesta com você novamente, Brassi. Sou apenas uma mulher

cujo trabalho é aprender e fazer perfis de raças alienígenas para as

pessoas que tomam decisões. — Ela levantou a mão, apontando para


o lugar ao seu redor. — Não é meu trabalho dirigir estações ou enviar

sinais de socorro. Acabei aqui quando os Ke'ters mataram minha

equipe. Eu não sou uma lutadora, apesar fui treinada para me

defender contra os ataques. Mas não sei como salvar meu povo dos

Ke'ters.

Ela se inclinou para perto da tela. — Não sei se devo ligar os

motores de volta e arriscar os Ke'ters nos transportarem para o

mundo deles. Nem se todos nós eventualmente morreremos

enquanto esperamos a ajuda de nosso próprio povo. Eles estão muito

longe para nos alcançar antes que nosso sistema de backup seja

desativado. Quero confiar em você porque estou desesperada. Minha

equipe depende de mim para salvá-los e tomar as decisões certas. Eu

não posso lhe oferecer nada de valor. Sabendo disso, você ajudará a

matar os Ke'ters? E também promete não machucar os humanos ou

assumir esta nave se deixá-lo a bordo?

Ele pareceu chocado, desde que seus olhos se arregalaram. Ele

piscou algumas vezes antes de mascarar toda a emoção de seu rosto.

— Nós não roubamos naves ou escravizamos outras raças, Vivian. —

Ele fez uma careta. — E somos bastante excepcionais em matar

Ke'ters. Eles atacaram alguns dos planetas do nosso sistema no

passado, tentando capturar nosso povo. Nós abatemos os invasores.


Ele ergueu a mão e ela observou garras longas e afiadas

crescerem das pontas de cada um dos quatro dedos e do polegar.

— Somos capazes de rasgar suas peles duras. Suas maiores

fraquezas são seus pescoços e também temos armas que farão buracos

neles. Eu lhe dou minha promessa, embarcaremos em sua nave,

resolveremos seu problema com os Ke'ter e depois partiremos.

Nenhum dano virá ao seu povo. Não quero que você morra nas mãos

deles. É um caminho agonizante para morrer.

Lágrimas encheram seus olhos. — Obrigada. Por favor, venha.

Ele virou a cabeça, rosnando para alguém. Então voltou para a

tela. — Estamos nos aproximando, Vivian. Você está segura? Posso

dar dicas de luta, se necessário.

— Estou trancada em uma sala segura. Eles não podem chegar

até mim.

— Bom. Enviarei meu piloto até você o mais rápido possível.

— Obrigada, Brassi. Colocarei nossas defesas automáticas off-

line para permitir que você se junte a nós, posso substituir

manualmente cada seção para permitir que sua tripulação acesse

onde os Ke'ters estão presos. — Ela fez uma pausa, tentando se


lembrar do primeiro contato. Procedimentos para reuniões cara a

cara. Não havia nada normal sobre o que estava prestes a acontecer.

— Nós respiramos oxigênio. Isso será um problema para você?

— Nós estivemos em suas estações terrestres e não tivemos

dificuldades. Usaremos armadura para nos proteger contra os Ke'ters.

Eles protegem a vida em caso de ataques químicos. Nós ficaremos

bem.

Ela sentiu alívio pela primeira vez desde que os ataques

começaram.

— Estou pedindo a todos os meus homens que baixem seu

idioma para ajudá-los a se comunicar com seus sobreviventes. Por

favor, peça-lhes que não nos ataquem.

— Claro. Ag... obrigada, Brassi.

— Entrarei em contato com você quando fizermos a abordagem

final para perguntar onde podemos atracar.

— Ok.

Ele olhou para ela com aqueles olhos dourados, deu-lhe um

aceno de cabeça e um leve sorriso. — Nós chegaremos em breve,

Vivian. Fique segura.


Ele desconectou e ela se inclinou em sua cadeira. E se cometeu

um erro ao confiar no Veslor? Realmente tinha alguma outra opção?

A resposta veio rapidamente. Não.

Ela ligou o som para as chamadas recebidas. Ele imediatamente

zumbiu. Imaginava que Abby quisesse uma atualização e respondeu.

— Sua puta do caralho. —Uma voz familiar arrastada ecoou. —

Eu a verei na corte marcial! — O Comandante Alderson riu. — Você

arruinou tudo e para quê? Porque não a deixei falar com a porra dos

Ke'ters? Big Mike não conseguirá mais proteger você, garotinha.

Fodeu essa tarefa. Roubou minha nave e arruinou nossas chances com

os Ke'ters!

— Eles nos atacaram, senhor. Pessoas estão mortas. Os Ke'ters

estão comendo pessoas, Comandante. Eu não estou brincando. Isso

não é eu sendo uma adolescente tola. Sou uma adulta. Não mentiria

sobre algo assim.

— Você e suas malditas brincadeiras!

Ela respirou fundo. — Admito que quando adolescente, fiz

algumas coisas das quais não me orgulho. Mas é uma coisa instalar

sensores de movimento nos corredores para fazer sons de peido


quando as pessoas passam ou colocar corante rosa nas lavadoras de

roupa. Nunca mentiria sobre pessoas mortas ou alienígenas nos

atacando.

— Besteira! Você sempre foi problema. Não seria a primeira vez.

Trajes cor-de-rosa nos nossos agentes de segurança... você não

esquece de algo assim.

Ela apertou os dentes, frustrada. — Você está bêbado, senhor.

— Aposte sua bunda que sim. Isso porque estou trancado em

meus aposentos e não posso sair!

— Fique sóbrio. Com sorte, voltará ao Comando em breve, se as

coisas funcionarem. — Ela desligou e chamou Abby em seus

aposentos. Era hora de atualizá-la, então teria que fazer outro anúncio

em toda a nave.

Eles logo seriam abordados pelos Veslor.


Capítulo Três

Vivian conectou-se com toda a nave e tentou lembrar o discurso

que preparou. Os Veslor deveriam chegar a qualquer momento.

— Aqui é Vivian Goss novamente. Tenho boas notícias. Uma

equipe de resgate está a caminho.

Ela não queria falar muito ou avisar os Ke'ters sobre quem

estavam prestes a enfrentar, mesmo que estivessem presos. Não era

como se pudessem fugir ou fazer reféns, já que comeram qualquer

humano a quem tiveram acesso. Mas Abby concordou com ela sobre

discrição quando conversaram sobre o que transmitir.

Os Ke'ters provavelmente pensavam que demoraria muito para

que a equipe de resgate chegasse.

— Uma vez que os Ke'ters estão conosco, passaremos de seção

em seção para verificar todos e lentamente remover o bloqueio.

Apenas esperem e ouvirem armas dispararem em algum momento,

não se assustem. É a equipe de resgate.

Ela piscou para conter as lágrimas, engasgando com emoção. —

Muitas pessoas morreram. Quero prepará-los para uma vez que o


bloqueio terminar. Existem corpos em alguns dos corredores. A ala

médica foi destruída, por isso evitem está área. Não é seguro. Há

danos maciços de explosão. Cada membro da tripulação designado

para esta nave tem treinamento específico. Alguns de vocês

precisarão usar suas habilidades para ajudar a restabelecer a ordem.

Apenas mantenham a calma, não entrem em pânico e se qualquer

equipe médica restante puder se reunir na Cafeteria Dois, deve ser o

suficiente para executar uma área de triagem. Caso alguém se

machuque, vá até lá quando sua seção estiver limpa. Obrigada.

Ela terminou a transmissão e suspirou, esperando que a

tripulação e os passageiros ouvissem. A maioria deles ficaria chocada

quando descobrissem que a equipe de resgate eram alienígenas

desconhecidos, em vez de outros humanos ou mesmo de uma raça

aliada. Mas lidaria com esta situação mais tarde.

Com toda a comunicação concluída, ela girou na cadeira. —

Aqui é Vivian. Vocês estão prontos para atracar?

— Estamos nos aproximando.

Ela olhou para um painel. — As defesas automáticas estavam

inativas. — Venham pelo lado da nave, para carga sete. Abrirei para

que entrem. Também despressurizei. Quando atracarem, esperem


por mim para garantir que é seguro antes de abrir suas portas. Caso

contrário, não haverá ar.

Brassi riu. — Isso foi inteligente. Nos vemos logo.

Provavelmente parecia assim para ele. Ela observou a câmera de

perto e viu uma nave escura se aproximar das portas de carga abertas.

O Comandante Alderson teria um ataque se soubesse que ela

não apenas permitia que aliens não-aliados ancorassem com eles, mas

que basicamente abria as portas para o espaço dentro de uma área de

carga. Donny sugeriu a ela quando ligou, dizendo que os grandes

porões de carga eram projetados para obstruir uma brecha no

exterior, se fossem selados primeiro antes do restante da nave.

A nave Veslor atracou com o Gorison Traveler, ocupando

completamente as portas abertas. Ela tocou nos controles, enviando

ar de volta para aquela seção, uma vez que foi lacrada. Demorou um

minuto antes de ser novamente pressurizado.

— É seguro. — Disse a Brassi. — Você tem ar e os sensores estão

dizendo que sua nave está bem. Estou abrindo as portas seladas.

Apenas siga pelo corredor.


— Estamos a caminho, Vivian. Estou ansioso para conhecê-la

pessoalmente.

Ela estava com muito medo. Havia apenas uma maneira de

descobrir se os Veslor eram realmente confiáveis. Isso significava

colocar sua própria bunda na linha primeiro.

Vivian passou pela fechadura da porta dos aposentos de Abby e

deixou a ruiva sair. Então, usando câmeras de segurança para

verificar cada corredor, abriu as últimas portas e monitorou o

progresso de Abby enquanto seguia para o Controle Três. Eles a

levaram para aquela estação e seguramente para dentro, onde ela

agora podia assistir a câmera se alimentar e assumir se Brassi os

tocasse.

Vivian terminou a ligação. — Você o ouviu, Abby.

— Eu vou vomitar. E se mentiram? — A outra mulher parecia

nervosa.

— Então você ficará responsável no meu lugar. Eu estarei morta.

Basta lembrar o que eu disse sobre os motores. Transferi o controle de

aberturas para sua estação. Poderá colocar os mecanismos on-line e

retirá-los quando a energia de backup for recarregada, se isso der

errado. Também sabe como chegar a Donny agora.


Vivian trabalhava enquanto falava, abrindo as portas de

segurança ao longo dos corredores entre ela e onde a tripulação de

Brassi atracou. Um Ke'ter estava no corredor, mas ela já o tinha

avisado antes.

— O que eu faço se estes Veslor não o matar? Então teremos dois

grupos alienígenas hostis na nave.

— Feche as portas azuis novamente para prendê-los, nesse caso.

Conversamos sobre isso. Que escolha temos? Você e eu somos

estranhas também, mas confio em você. Chama-se ter fé em tempos

desesperados.

— Certo. Eu não a decepcionarei, Vivian. Estou vendo eles. Estão

na nave se movendo em sua direção... que porra?

Vivian olhou para os monitores. — Eu os vejo também. Brassi

disse que tinham uma armadura protetora. Suponho que ela seja o

líder.

Havia seis formas grandes, usando uniformes negros que os

cobriam do topo de suas cabeças protegidas por capacetes até seus

grandes pés cobertos de botas. Carregavam rifles, cada um

ostentando múltiplas lâminas perversas e mortais ao longo dos

quadris.
— Porra, eles parecem grandes e assustadores, não são?

— Você disse que podem mudar de forma. Para o que? Poderiam

passar por humanos realmente grandes. Olhe para a massa corporal

desses homens.

— Eles têm a mesma forma básica que nós, mas suas

características são levemente diferentes, se pudesse ver seus rostos. A

informação não estava clara sobre em que podem mudar. Acredito

que esta seja a forma primária deles. — Vivian ficou subitamente feliz

por ser capaz de tomar um banho rápido e colocar um uniforme

limpo, enquanto Abby começava a trabalhar no Controle Três. —

Aviso justo, parecerei ridícula quando você me vir, assim que sair do

Controle Um. Quem quer que tenha guardado uniformes extras no

armário é muito maior do que eu. Estou limpa, no entanto. Pensei que

seria ruim fazer uma apresentação aos Veslor enquanto fedia. Estava

toda suada com o estresse que passei.

Abby soltou um bufo nervoso. — Não tenho certeza se foi uma

boa ideia ou não. Eles parecem perigosos e você é uma mulher.

Podem querer transar com você já que é tão jovem e atraente quanto

parece.
— Eu prefiro que eles queiram fazer isso ao invés de me matar

neste momento. — Ela ficou tensa quando eles se aproximaram de um

Ke'ter. — Merda. Você está vendo isso?

— Aqueles Ke'ters parecem tão assustadores. — Abby

sussurrou.

Vivian ficou tensa quando o líder Veslor se esquivou para evitar

uma explosão da arma do Ke'ter. Atingiu a parede, deixando uma

marca de queimadura, mas não penetrou no casco.

Os Veslor atacaram os alienígenas lagarto, nem mesmo

disparando suas armas. Em vez disso, os rodaram, usando as lâminas

para desviar sem esforço as explosões.

O que ela pensava ser Brassi saltou para frente, quase atingindo

o teto do corredor e caiu bem em frente ao Ke'ter. O Veslor atacou

rápido, as espadas atingindo o Ke'ter na garganta.

A cabeça saiu e o corpo caiu.

— Bruto!

Vivian silenciosamente assentiu, concordando com Abby. — O

corpo está se contraindo.


Outro Veslor se aproximou e atirou com o rifle, atingindo a

massa do centro alienígena abatido no peito. Um buraco apareceu no

corpo do Ke'ter e o alienígena parou de se mover.

O grupo de Veslor contornou as duas partes do alienígena

morto, avançando em sua direção.

— Eles certamente podem lutar. Ok. Está na hora de eu sair.

— Você tem certeza disso, Vivian? Nós poderíamos enviá-los

para lidar com a ameaça primeiro.

— Precisamos e se quisermos confiar neles antes de lhes dar

acesso ao nosso povo. Colocarei meu fone de ouvido agora. Você tem

o seu?

— Sim.

Vivian empurrou o pequeno dispositivo de metal em seu ouvido

e apertou-o, mudando para o Controle Três. — Você pode me ouvir?

— Alto e claro. —Disse Abby em seu ouvido.

— Aqui vou eu. Deseje-me sorte.

— Você é louca e corajosa. Boa sorte.


Vivian levantou-se e foi até as portas, abriu-as e entrou no

corredor. Ouviu passos pesados de botas se aproximando quando as

portas se fecharam atrás dela. Seu coração estava acelerado quando

entrou no centro do corredor, de frente para a direção da qual vinham

os Veslor, mas olhou para a câmera. Abby estaria olhando para ela.

Ela forçou um sorriso e fez um leve sinal de positivo antes de

ficar tensa novamente. Fixou seu foco total na curva do corredor. A

qualquer segundo, os Veslor apareceriam.

— Você parece bem. — Abby sussurrou em seu ouvido. — Mas

esse uniforme a deixa muito pequena. Precisa dobrar mais as mangas

e pernas. Quão alta você é?

— Está tentando me distrair? — Ela sussurrou.

— Claro que sim. Meus joelhos estão batendo de medo e eu estou

segura agora. Você está completamente vulnerável.

Ela sorriu divertida. O tempo acabou quando um enorme corpo

de carapaça negra entrou em cena. Ele parou abruptamente e os

grandes corpos que se seguiram quase bateram nele. Abaixou a arma,

com cuidado para não apontar para ela. Ela tentou acalmar sua

respiração devido ao medo.


— Brassi?

Ele estendeu a mão, tocou o capacete e o revestimento do rosto

se abriu. Um tremor a atingiu quando ela reconheceu suas feições e

aqueles olhos dourados. Ele se aproximou até ficar a poucos metros

dela. — Vivian. — Ele baixou o olhar para seu corpo. — Você é

pequena.

Ele deveria ter quase dois metros de altura e era muito grande.

Seu peito parecia um mini tanque, com aquela armadura. Ela

começou a estender a mão, mas depois parou. — Obrigada por ter

vindo. Espero que nenhum de vocês tenha sido ferido lidando com o

Ke'ter?

— Estamos bem. —Uma voz masculina rouca rosnou de um dos

outros.

Ela os olhou. Eles bloquearam completamente o corredor, com

os rostos cobertos, mas tinha a impressão de que todos estavam

tomando fazendo avaliações. Concentrou em Brassi novamente. —

Acho que posso levá-los até onde os Ke'ters estão. — Ela lentamente

levantou a mão, apontando a câmera. — Seremos rastreados por eles

e as portas de emergência serão abertas quando chegarmos a cada

seção.
Brassi se aproximou e ela precisou inclinar o queixo para olhar

nos olhos dele. — Eu não a quero lá, Vivian. Você parece

extremamente frágil. Nossos trajes são resistentes contra o

armamento Ke'ter. Seu corpo não é. Ficará atrás de mim e me usará

como escudo. Quando confrontarmos o inimigo, permita que um dos

meus homens a proteja até que o perigo passe. Não se preocupe se for

agarrada e presa a uma parede. Isso fará de você um alvo menor,

quase impossível de acertar se nós a cobrirmos.

Ela assentiu. — Ok. Não discutirei. Você está melhor preparado

para isso do que eu. Já admiti que não sou um guerreiro. Tenho algo

de treinamento, mas estou fora do jogo com os alienígenas lagarto.

Aquele que matei foi porque o peguei de surpresa.

Ele estendeu a mão rapidamente e ela ofegou quando suas

grandes mãos enluvadas envolveram seus braços. — Você lutou com

um? Está ferida? Nós temos um médico conosco.

Seus homens mudaram de posição e uma figura vestida de preto

avançou do grupo. Ele também segurava uma arma, mas carregava

uma mochila na outra mão. — Eu sou Vassi. Onde você está ferida,

mulher?
Era surpreendentemente tocante que cuidassem e estivessem

preparados para tratá-la. — Eu não estou ferida.

Brassi a soltou e deu um passo para trás, seu olhar percorrendo

seu corpo mais uma vez. — Você lutou contra um Ke'ter, mas não foi

ferida? — Brassi parecia chocado e seus olhos dourados se

arregalaram.

— Eu me esgueirei e pulei em suas costas enquanto ele estava,

hum... comendo alguém. Usei uma faca tática e acertei a parte de trás

de sua cabeça, na base de seu crânio. Então roubei sua arma e a usei

quando ele começou a se mover novamente. Fiz dois grandes buracos

em seu corpo. Eu o verifiquei. Ele não se levantou. Tenho certeza que

está morto. Teremos que passar por ele e sua vítima em nosso

caminho até o elevador para alcançar outros níveis.

— Você é enganosamente inofensiva na aparência. — Brassi

disse, mas sorriu, mostrando os dentes afiados. — Interessante. Estou

impressionado com você, Vivian.

— Eu também mencionei que estou desesperada? Os humanos

geralmente encontram forças para fazer coisas que normalmente não

conseguiriam para sobreviver.


Ele inclinou a cabeça. — Aprecio que ainda esteja sendo sincera

comigo. Espero que continue.

— Eu não mentirei. Tem minha palavra. — Ela segurou seu

olhar. — Precisamos de você e de sua equipe ou as pessoas nesta nave

podem não sobreviver até que a nossa chegue. Algumas das pessoas

que vamos libertar farão ou dirão coisas estúpidas por medo quando

perceberem que uma equipe humana não veio em nosso socorro. Eu

queria apenas avisar.

Ele sorriu novamente. — Isso será divertido, então.

Ela esperou, mas ele não disse mais nada. — Ok. Vamos lidar

com os três Ke'ters presos em um elevador. — Ela olhou para a

câmera. — Traga o elevador para este nível, mas não abra as portas

até que eu diga. — Ela se vira, indo em direção à porta fechada mais

próxima na direção oposta da qual os Veslor vieram. — Há alguns

corpos além desta porta.

Brassi agarrou-a pelo ombro, seu toque firme, mas gentil. —

Fique atrás de mim, Vivian.

Ela esqueceu. — Claro. — Ele queria protegê-la. Colocou-se na

frente dela, com seus homens agrupados em suas costas. Um arrepio

percorreu sua espinha, mas ela ignorou. Deu-lhe sua confiança e não
tinha tempo para adivinhar suas decisões agora. Precisava ter fé que

os Veslor não a machucariam.

— Aqui vamos nós. — Abby sussurrou em seu ouvido. — O

elevador está vindo para o Deck Sete. Os Ke'ters dentro têm suas

armas apontadas para as portas. Seja cuidadoso.

Vivian quase tinha esquecido que seu link estava aberto e Abby

não apenas podia vê-la, mas também ouvir tudo. — Obrigada. — Ela

retransmitiu a informação para o Veslor.

Brassi parou quando contornou o corredor. Ela olhou ao redor

dele, vendo os corpos no chão. Foi onde ela atacou o Ke'ter. Brassi

gesticulou para que ficasse atrás enquanto ele avançava, agachando

perto do corpo do lagarto alienígena.

— Está morto.

Ela se uniu a ele. Com Brassi agachado, ela era mais alta que ele,

mas não muito. Veslor eram enormes. O cheiro no corredor não era

tão ruim quanto imaginou que seria, considerando os dois cadáveres

apodrecendo por cerca de dezoito horas na seção anteriormente

lacrada.
E de repente, o corpo do médico humano se contraiu e ela

ofegou, seu olhar indo para ele. O peito do homem subia e descia. A

náusea a inundou. — Ele ainda está vivo!

Ela foi agarrada por mãos enluvadas levemente ásperas em seus

braços e se afastou enquanto Vassi, seu médico, passava por ela. Ele

passou por cima do corpo do lagarto para se agachar do outro lado

do humano no chão. Ela observou atentamente enquanto ele abria sua

mochila, pegava um scanner e passava sobre o humano.

Ele rosnou uma palavra que não entendeu a tradução.

Brassi respondeu na mesma língua.

Vassi falou novamente e guardou o scanner.

Brassi virou a cabeça para olhá-la. — Seu humano ainda vive,

mas não há nada que possa ser feito por ele. Seus órgãos vitais

inferiores foram comidos e o Ke'ter que se alimentou dele encheu seu

corpo com uma substancia de sua saliva.

Ela franziu a testa. — Substancia de sua saliva? Eu não entendo.

Brassi hesitou. — Uma substância que invade a carne e a corrente

sanguínea. Mantém as vítimas vivas por longos períodos, mas elas

não podem ser salvas nesse ponto.


Vassi guardou o scanner dentro da bolsa e ficou de pé. — Esse

humano não é mais tão humano quanto antes. A saliva muda a

composição orgânica do corpo para mantê-lo preservado. Essa é a

palavra certa? Os Ke'ters apenas comem comida viva. A saliva faz

com que as vítimas vivam mais, mas os órgãos que estão sendo

consumidos não podem ser substituídos. Todos os tecidos estão

infectados e não se curam. Não há como voltar disso. Fui claro?

— Oh porra. — Abby sussurrou em seu ouvido. — Então,

basicamente, eles estão dizendo que os Ke'ters secretam algo que

muda o DNA e não há cura.

— Sim. — Vivian sussurra de volta. Ela olha para o rosto coberto

de Vassi, desejando poder ver seus olhos. — Ele está sofrendo?

— Sim. As vítimas tendem a acordar da dor. A substância

continua se espalhando e sua agonia aumenta. As vítimas podem

lutar por dias neste estado antes de morrerem.

Isso partiu o coração de Vivian. Prometeu ajudar a tripulação.

Ela o fez..., mas eles não seriam capazes de salvá-lo.

Brassi chamou sua atenção quando puxou a faca tática do Ke'ter

morto, examinando a.
— Isso pertencia ao meu pai. — Ela disse a ele.

Ele limpou o sangue verde da lâmina no uniforme do Ke'ter e

depois ofereceu-lhe o cabo. — Você o matou com isso? Estou ainda

mais impressionado, Vivian.

Ela aceitou e cuidadosamente colocou a faça em sua calça de

uniforme para prendê-la ao seu lado. — Obrigada. — Seu olhar foi

para o humano abatido. Seus dedos se contraíram e um gemido baixo

saiu de seus lábios. Ele não abriu os olhos embora. Não podia

imaginar o sofrimento dele.

Ela olhou para Vassi. — Você pode dar-lhe algo para parar a dor,

pelo menos?

Ele balançou o capacete de um lado para o outro. — Nenhum

medicamento funcionará agora. A saliva se espalhou por seus tecidos.

Nós tentamos muitas drogas, mas nenhuma ajudou a aliviar a dor.

— Sabe o que precisa fazer. — Abby fungou, soando como se

estivesse chorando. — Você os ouviu. Precisa mostrar misericórdia

para esse pobre rapaz. Use sua faca.

— Eu não posso. — Vivian se forçou a olhar para o homem

ferido. — Não me peça para fazer isso.


— Vivian? — Brassi se levantou, olhando-a. — Não pedimos a

você para não fazer nada.

— Não você. — Ela bateu em seu ouvido. — Abby acha que eu

deveria tirá-lo de sua miséria. Matá-lo. Eu não posso. — Ela balança

a cabeça.

Brassi olha para sua orelha, parecendo confuso.

Ela puxa o fone de ouvido. — É um dispositivo de comunicação.

Estou conectada a outra mulher que está nos ajudando a andar pela

nave. O nome dela é Abby. — Ela empurrou de volta para dentro da

orelha.

Brassi lhe dá um olhar de compaixão. — Eu terminarei com o

sofrimento do macho, se você desejar. Seria uma gentileza.

— Não. — Ela estende a mão para tocar seu peito. — Poderia ser

visto como um ato de guerra quando tudo isso acabar, se matasse um

humano. Enviaremos ajuda de volta para ele assim que o bloqueio

terminar e os médicos da nave puderem cuidar dele. Não deve

demorar muito. Ele está inconsciente agora. Espero que continue

assim.

Brassi assentiu.
— Obrigada mesmo assim. Por oferecer. Aprecio isso. — Ela

controlou suas emoções. — O próximo passo é lidar com os três

Ke'ters presos no elevador. Eles estão armados e prontos para atirar.

— Ela apontou. — Neste canto. Você me avisa quando dizer a Abby

para abrir as portas e deixá-los sair.

— Fique aqui atrás. — Brassi estendeu a mão e o revestimento

em seu rosto selou, escondendo suas feições novamente. — Vassi

ficará com você.

Ela observou o restante deles se moverem para frente, mas

pararam na curva.

— Deixe-os sair. — Ordenou Brassi.

— Você o ouviu. — Disse Vivian. — Abra as portas do elevador,

Abby.

Vassi se aproximou, agarrou Vivian pela cintura e no instante

seguinte, ela foi presa a uma parede pelo grandalhão, seus pés

balançando. O caos aconteceu, mas ele não fez nada além de mantê-

la presa no lugar, usando seu corpo como um escudo.

Explosões altas soaram quando os Veslor e os Ke'ters se

enfrentaram. Algo gritou.


Ela agarrou o corpo duro contra o dela e se aproximou ainda

mais de Vassi. Então veio o silêncio. Ele gentilmente a colocou de pé.

— O inimigo está morto. — Informou. — Acabou.

— Todos os três Ke'ters estão mortos. — Confirmou Abby. — Os

Veslor parecem ilesos. As armaduras sofreram alguns danos, mas não

vejo nada sério.

Vivian ficou aliviada. Sentia-se responsável pelos Veslor.

Estavam no Gorison Traveler porque ela implorou por ajuda. Seria

culpa dela se algum deles morresse defendendo sua tripulação.

Um dos grandes Veslor voltou de uma curva do corredor e abriu

seu capacete. Era Brassi. Ele sorriu.

Ela foi para ele. — Nenhum dos seus homens está ferido?

— Não. — Ele bateu em seu peito. — Boa armadura.

— Estou feliz.

— Qual é o próximo?

— Há seis presos em um corredor no segundo nível. — Eles

foram os bastardos que mataram Big M, Mikey e o restante dos líderes

da equipe de segurança. — Alguns estão presos individualmente e há


aqueles na ponte. Três talvez estejam trancados em quartos privados,

já que não consegui encontrá-los nas câmeras de segurança..., mas

realisticamente, podem estar em qualquer lugar.

— Você os mencionou. — Brassi fez um sinal para ela avançar.

— Evite olhar para os corpos. Parece ter um coração mole Vivian e a

carnificina é horrível. A única maneira de ter certeza que um Ke'ter

está morto é remover a cabeça ou um tiro no coração. Nós gostamos

de fazer as duas coisas para ter certeza.

Ela olhou para o que matou. Ele tinha um grande buraco na

cabeça. Mas não estava vivo. — Eu não vou vomitar. Melhor um

morto do que vivo.

Brassi riu. — Os humanos vomitam quando veem mortos?

— Alguns.

— Certo, entendi.
Capítulo Quatro

Brassi fez sinal para Vivian segui-lo e ela o fez. Ele permanecia

em suas costas. O resto da equipe Veslor chegava os alienígenas

mortos, removendo suas armas. Ela não protestou quando o faziam.

Não era como se pudesse pagar por sua ajuda. Talvez eles pudessem

vender as armas mais tarde. Eram comerciantes, afinal.

— Mais alguma coisa nesse nível que precisamos controlar? —

Brassi olhou para trás.

— Não. Pegaremos o elevador para o Deck Dois. Há algumas

portas seladas entre os Ke'ters presos lá e onde sairemos.

— Nós não entraremos em uma luta imediatamente?

— Não.

Brassi entrou no elevador e ela entrou ao lado dele. Seus homens

seguiram. Com o tamanho deles, se viu apertada contra ele para abrir

espaço. Estava lotado quando as portas se fecharam. O elevador

desceu lentamente.

— Acho que estou indo muito bem. — Disse Abby em seu

ouvido. — Uma coisa é instalar esses sistemas, mas outra é


administrar uma estação. Sem mencionar que esta tem pelo menos

dez anos de idade. Fale sobre estar desatualizado. Lembre-me de

dizer ao Comandante Alderson para atualizar tudo quando isso

acabar.

— Você está fazendo um ótimo trabalho.

— Obrigado. — Brassi respondeu.

Ela estava conversando com Abby, mas certamente se aplicava

aos Veslor também.

O elevador parou e as portas se abriram. O corredor estava vazio

quando eles saíram. Vivian apontou para a direita. — Os Ke'ters estão

presos atrás de duas portas.

Brassi olhou para o elevador agora fechado. — Alguém pode

usar isso para nos surpreender?

— Nenhum elevador na nave se moverá a menos que Abby

permita. Ela está controlando tudo de uma estação de segurança.

— Fique aqui com Vassi, Vivian. Você não está vestindo

armadura. Permita-nos lidar com a ameaça.


— Ouça-o. —Insistiu Abby. — Eu tenho os olhos neles. Fique

onde é seguro.

— Ok. — Vivian disse a ele.

Brassi fechou o capacete. — Diga a fêmea para nos permitir

aproximar dos Ke'ters.

— Feito. — Disse Abby. — Diga a ele para ir até as câmeras

quando estiver pronto para eu abrir a última porta. Estou abrindo a

mais próximo de você agora. Os seis Ke'ters estão deitados.

Vivian retransmitiu a informação para Brassi, desejando ter um

fone de ouvido extra para que ele pudesse ouvir e falar diretamente

com Abby. Mas não pensou que eles se separariam. Planejava ficar

com o grupo Veslor a cada passo do caminho.

Vassi moveu-a contra parede e colocou seu grande corpo entre

ela e as portas que se abriram para revelar mais corredor. — Fique aí.

— Certo. — Ela concordou. — Vocês têm um jeito de conversar

quando estão separados?

— Sim. Nossos capacetes nos permitem ficar em contato um com

o outro. — Vassi a ajustou até que ficou mais atrás dele e levantou seu

rifle, preparado para lutar se qualquer Ke'ter ultrapassasse os outros.


— Não se mova, mulher. Mesmo se houver um tiroteio. Minha

armadura pode levar os golpes.

— Obrigada, Vassi. E você pode me chamar de Vivian.

— Eles estão na segunda porta de emergência. — Disse ele. —

Brassi está fazendo sinal para que abram agora.

Ela instantaneamente ouviu sons de luta à distância. Odiava não

saber o que estava acontecendo. — Abby? Fale comigo.

— Merda está batendo no ventilador! Os Ke'ters reagiram

rapidamente. É combate corpo-a-corpo. Nossos alienígenas parecem

gostar mais disso, eu acho, já que estão usando as armas nas suas

mãos ao invés de apenas atirar neles. — Ela ofegou. — Uau! Um Ke'ter

derrubado. Agora outro. Nossos alienígenas os estão abatendo.

Vivian respirou mais fácil. Estes eram os que mataram Mikey e

Big M.

— Acabou. — Abby suspirou. — Nossos alienígenas parecem

bem, mas os Ke'ters estão todos mortos.

Vassi abaixou a arma. — Nós podemos nos mover agora, Vivian.

Fique atrás de mim. — Ele a olhou antes de andar para frente.


Ela o seguiu. Eles foram para a cena de batalha e ela evitou olhar

para os corpos, preferindo avaliar os Veslor. Eles pareciam

exatamente o mesmo em sua armadura. Apenas Vassi era facilmente

identificado por causa da mochila que carregava.

Um dos grandes homens veio em sua direção. Ela relaxou

quando o capacete de Brassi se abriu mais uma vez. Ela gostava de

ver o rosto dele.

— Nenhum de nós foi ferido. Qual é o próximo?

Vivian estava estressada. Havia mais Ke'ters para cuidar... mas

precisava saber com certeza. — Eu preciso fazer uma parada

primeiro. — Ela se virou e os ouviu seguindo-a até as portas da sala

de interrogatório.

— Abra para mim, Abby.

— Por quê? Há corpos lá dentro.

— Por favor? — Vivian abraçou sua cintura. Nenhum Ke'ters

estava lá. Ela viu a sala várias vezes nos monitores de segurança.

Um grande corpo ficou pressionado nas costas dela. Era Brassi.

— O que há dentro?
— Muitas pessoas mortas. — Ela esperava que tivessem ido

embora, pelo menos. Ela não viu nenhum deles se movendo ao redor.

— Eu preciso ter certeza, no entanto.

— Merda. — Abby suavemente amaldiçoou. — Sua família está

aí dentro, não é?

— Abra a porta, Abby.

— Não. Eu não permitirei que você faça isso a si mesma. Posso

ver a sala. Espere até que isso acabe, então poderá ver os corpos

depois que forem limpos por qualquer um que lidar com nossos

mortos.

— Abra a porra da porta, Abby! — Vivian gritou.

— O que tem dentro? — Brassi agarrou seus ombros e a puxou

para trás, forçando-a a olhá-lo.

— Meu irmão e meu pai foram atacados lá. Eu preciso ter certeza

de que eles não estão sofrendo. Não consegui ter uma boa visão de

nenhum deles das câmeras de segurança. Os ângulos eram ruins. —

Sua voz falhou. — Eu preciso ter certeza de que não estão como

aquele homem que tivemos que deixar para trás no Deck Sete.
Brassi apontou para um de seus homens e eles a empurraram

para trás. Encontrou a câmera e olhou para ela enquanto apontava a

arma para as portas seladas. — Abra, por favor. Nós protegeremos

Vivian.

— Porra. — Abby amaldiçoou em voz alta em seu ouvido. —

Você precisará de muita terapia mais tarde. Não me culpe.

— Obrigada. — Vivian tentou se preparar quando as portas se

abriram.

Havia um cheiro ruim, que a fez estremecer e respirar pela boca.

Brassi e seus homens entraram primeiro, com as armas

desembainhadas. Ela os seguiu, entrando lentamente.

Havia corpos por toda parte. Rasgou-a ver pessoas que ela

conhecia espalhadas no chão, algumas delas parcialmente deitadas

nas cadeiras onde foram atacadas. Ela se moveu em direção a

plataforma onde Big M estava.

Ela deu um passo ao redor. Ele não foi comido, mas podia dizer

que estava morto. Ela o olhou, seu coração se partindo. Pelo menos

ele estava em paz agora. Parecia que seu pescoço foi quebrado,

baseado no ângulo estranho onde estava e o sangue seco se


acumulava no chão atrás da cabeça. Olhou para a parede onde foi

jogado, vendo mais sangue lá também. Ele não teve uma chance.

Ela se virou, lutando contra um soluço e bateu direto em um

grande corpo.

Brassi colocou o braço ao redor dela. — Aquele é seu irmão?

— Pai. —Ela respondeu,

— Ele não está sofrendo nem foi comido. Isso é uma benção. —

Sua grande mão enluvada esfregou suas costas de leve. — Você não

deveria ver isso.

— Eu preciso verificar o meu irmão. — Ela se afastou dele e

precisou passar ao redor dos corpos caídos, evitando olhar muito de

perto. Mikey estava bem atrás, mais alto onde ficava o assento. Ele

recuou para lá enquanto lutava.

Ela o viu ao redor de algumas cadeiras e congelou. Não podia

ver muito dele ainda e não estava certa de que poderia aguentar. A

visão da câmera já era ruim o suficiente, mas a realidade era muito

pior que uma tela.

Brassi se moveu para o lado dela. — É ele?


— Sim.

— Eu o verificarei. Não faça isso, Vivian.

— Eu preciso ter certeza de que ele não está sofrendo.

Brassi suspirou. — Eu faria o mesmo. — Ele deu um passo à

frente, se moveu ao redor de uma cadeira e se agachou. Um rosnado

baixo veio dele, ergueu a cabeça, encontrando o olhar dela.

Seus olhos dourados pareciam tristes. — Deixe-me acabar com

isso por ele... por você.

Ela correu para frente, entendendo o que ele queria dizer. Mikey

não estava morto.

Ela empurrou uma cadeira para fora do caminho, quase

tropeçou e depois estava ao lado do irmão. Seus olhos estavam

fechados e sangue manchava seu rosto. O dano em seu uniforme

revelava que ele foi rasgado da caixa torácica até a pélvis, o mesmo

que alguns outros. Ela ofegou, mas ignorou a dor, agarrando sua mão

e se aproximando, olhando em seu rosto.

Mikey respirou superficialmente.


— Vassi, venha agora. — Brassi rosnou. — O irmão de Vivian

está vivo.

— Oh merda. — Abby murmurou em seu ouvido. — Ele ainda

está vivo? Posso ver o suficiente para saber que ele está em má forma.

— Ele está. — Vivian admitiu.

O médico correu para o lado deles. Brassi saiu do caminho e

esperou que Vassi passasse o scanner pelo irmão. Ela olhou para o

rosto dele, esperando até que terminasse.

Ele abaixou o scanner. — Eu não posso ajudá-lo. —Ele rosnou,

tão baixo que ela mal o ouviu. — A saliva está presente em

quantidades abundantes.

Vivian sentiu seu coração se despedaçar e uma dor penetrante

perfurou seu peito. Ela se inclinou para perto do rosto de Mikey. —

Estou aqui. — Ela sussurrou. — Sinto muito. — Ela acariciou o cabelo

dele com a mão trêmula.

Ele a assustou quando gemeu baixinho. Vivian se endireitou,

meio horrorizada por ele poder ouvi-la. Então seus olhos se abriram

e ela ofegou. — Mikey!


Levou segundos para se concentrar nela. Soube no instante em

que ele a reconheceu. A mão que ela segurava a apertou.

— Vivian.

— Estou aqui, Mikey.

— Corra. —Ele resmungou. — Vá para o Controle Um.

— Eu o fiz. A ajuda chegou.

Ele virou a cabeça, olhando para Vassi, ainda agachado ao lado

dele. Mikey pareceu confuso, depois alarmado.

— Eles são amigos. Tudo bem. — Ela acariciou o cabelo de

Mikey.

Seu irmão olhou para ela. — Nave segura?

— Sim. Você nos salvou. Eu cheguei ao Controle Um, assim

como me disse, iniciei o bloqueio e fui capaz de cortar os Ke'ters e

prendê-los. — Ela o informou. — Aqueles que o atacaram estão

mortos. Nós os pegamos, Mikey.

Ele gemeu, agonia torcendo suas feições. — Dói muito.

Lágrimas escorriam por suas bochechas. — Eu sei. Sinto muito!


Ele a olhou nos olhos e mais dor torceu suas feições. Ele gemeu

novamente e sua mão se apertou um pouco, mas ainda se sentia fraca.

— Cansado.

— Eu sei. Descanse. Você salvou a nave, Mikey. Eu te amo. —

Ela lutou contra um soluço. — Você é o melhor irmão de todos os

tempos.

Lágrimas encheram seus olhos. — Estou morrendo. Tudo bem,

Vivian. Você não precisa mentir.

Ela normalmente teria rido, mas ao invés disso, se aproximou

mais. — Você é o melhor. Estou bem aqui com você. Eu te amo.

— Também te amo, pirralha. — Seus olhos se fecharam e ele

gemeu de dor mais uma vez.

Vassi rosnou baixinho e alguém se agachou nas costas dela,

apertando-a.

— Deixe-me ajudar. — Brassi disse suavemente em seu ouvido.

— Ele poderia durar assim por horas ou dias, sofrendo. Não podemos

consertá-lo. Seu pessoal não pode consertá-lo. Eu o farei sem dor.

Lágrimas continuavam caindo por seu rosto enquanto ela olhava

para Vassi. — Você está certo de que não podemos fazer nada?
— Sim. Sinto muito. — O macho sussurrou. — Eu entendo o

quão difícil é para você. Brassi é meu irmão. Eu terminaria seu

sofrimento se ele estivesse nessa condição.

Brassi. Vassi. Ela deveria ter adivinhado que poderiam ter um

relacionamento próximo, com nomes semelhantes. Olhou para

Mikey. Ele parecia ter desmaiado novamente, mas sua dor era óbvia

pela maneira como sua boca se apertava, lábios pressionados juntos.

Ele gemeu novamente, desta vez mais alto. Sua mão tremeu na dela.

— Não você, Brassi. — Disse seu irmão. — Deixe-me. O homem

não precisa de nenhum lembrete de que você foi o único a acabar com

o sofrimento dele.

— Espere. — Vivian lutou contra outro soluço. — Desligue as

câmeras para esta sala, Abby.

Houve uma pausa. — Consegui. Aguente firme. — Segundos se

passaram. — Eles estão desconectados. Nenhum feed estava sendo

gravado na sala. Sinto muito, Vivian. É a coisa certa a fazer. Quero

que alguém acabe com meu sofrimento. Tenho certeza que seu irmão

também.

Vivian se inclinou e deu um beijo na testa de Mikey. — Eu te

amo. Diga ao papai que também o amo. Vocês ficarão juntos


novamente. — Ela se virou para Brassi, ainda segurando a mão de

Mikey e enterrou o rosto no peito dele. — Por favor, faça isso, Vassi.

Ela não podia assistir.

O que quer que ele tenha feito, foi de fato rápido. A mão de

Mikey ficou completamente mole na dela e parou de tremer.

Brassi passou o braço ao redor de sua cintura e ficou de pé,

rompendo sua conexão física com seu irmão. Sua outra mão segurou

a parte de trás de sua cabeça para ter certeza de que ela não poderia

olhar para Mikey novamente. Ele a carregou como se não pesasse

nada, caminhando através da sala. Ela agarrou seus ombros,

mantendo os olhos fechados, até que ele a colocou de pé no corredor.

— Nós estamos fora. Está feito. Ele não sofreu.

Ela o soltou e enxugou o nariz, fungando. — Obrigada.

Vassi se juntou a eles no corredor. — Sinto muito, Vivian.

Ela forçou a cabeça a se virar para olhar para o capacete. Então

ela levantou a mão e cobriu a boca. — Não. Obrigada. Nunca se

desculpe pelo que fez por mim, já que eu não podia fazer isso sozinha.

Mas se for questionado, foi eu quem acabou com a vida dele. As


câmeras não têm som, mas podem ler os lábios se os feeds forem

revisados. — Ela abaixou a mão.

— Foi por isso que você cobriu a boca. — Brassi adivinhou.

Ela deu-lhe um aceno de cabeça. — Eu sofrerei mais tarde. Você

está pronto para matar mais Ke'ters?

— Dê-nos um momento. — Brassi ordenou à sua equipe.

Depois que seus homens se afastaram pelo corredor, Vivian

ficou surpresa quando o grande homem abaixou até os joelhos diante

dela. Ele estendeu as mãos, removendo completamente o capacete,

depois colocou a arma no chão.

Ela olhou para as orelhas pontudas e o cabelo preto. Brassi então

tirou as luvas.

— O que você está fazendo? — Ela estava mais curiosa do que

alarmada.

Ele a surpreendeu ainda mais, tocando algo perto de sua

garganta e houve um leve som de clique. A armadura sobre o peito e

abaixo de cada braço se separou levemente. Ele deslizou os dedos na

fenda e abriu mais, removendo a parte superior de sua armadura para

revelar seu peito e braços musculosos. Seu peito parecia quase


luxuoso, com aquela camada de pelos finos e suaves cobrindo-o. Ela

nem teria notado se eles não estivessem tão próximos um do outro.

Ele tinha mamilos humanos, cinza escuro e um abdômen

maravilhoso.

Ele colocou sua armadura no chão e ficou na frente dela.

Sua boca estava levemente aberta e fechou-a abruptamente. Ele

podia ser diferente dos humanos, mas não tanto assim. Com certeza

não foi o suficiente para impedi-la de admirar seu corpo. Em qualquer

outro momento, poderia ser mais apreciativa. Naquele momento,

sofrendo por sua família, estava mais atordoada do que qualquer

outra coisa.

— Você quer que eu desligue as câmeras?

Ela ignorou Abby. — Brassi?

— Estou mostrando minha pele para você. É o que fazemos para

mostrar respeito, quando alguém se revela para nós. Acabei de

testemunhar sua dor intensa. Revelaria tudo de mim mesmo, mas há

as câmeras. — Ele olhou para uma, antes de olhar de volta para ela.

— Eu ofereço-lhe conforto.
— Acho que ele quer dizer sexo. — Abby respirou em seu

ouvido. — Isso é tão gostoso! O pior momento para um homem cair

sobre em você, eu entendo isso, mas o deixaria me consolar.

Vivian estendeu a mão e tocou o comunicador, silenciando o

comentário da outra mulher. — Obrigada.

Ele abriu os braços para ela. — Nós nos abraçamos enquanto

lamentamos. Chore, Vivian. Deixe a dor sair. Isso ajuda. Estou aqui

por você.

Ela se aproximou, hesitou por um longo momento antes de

envolver os braços ao redor de sua cintura e fechar os olhos. Ele era

tão alto. Colocava-a basicamente em seus mamilos, sua bochecha

entre os discos chatos em seu peito. Sua pele tinha uma textura suave,

como veludo, mas era firme e também muito quente. Era tão bom, tão

reconfortante.

Ele a abraçou de volta, segurando-a perto e apoiou o queixo no

topo de sua cabeça. Ela o ouviu respirar fundo e ficou contente pelo

banho que tomou.

Eles apenas ficaram ali e ela o respirou também. Ele cheirava

muito bem, como nenhum perfume que já encontrou antes. Talvez, se


tivesse que adivinhar, como um dia quente e ensolarado, com um leve

toque doce. Era reconfortante.

— Você tem um macho?

Suas palavras suaves romperam o silêncio depois de alguns

minutos.

Ela balançou a cabeça negando.

Ele a apertou um pouco mais. — Bom.

Ela soltou o aperto em sua cintura, odiando deixá-lo ir, mas eles

não podiam ficar lá para sempre. Mesmo que quisesse o contrário. Ele

a soltou e ela o olhou. Aqueles olhos dourados se estreitaram um

pouco e a maneira como a olhou naquele momento o tornou ainda

mais atraente. Era como se a achasse especial.

— Bom?

Ele fez um som baixo e rosnado. — Sim. Bom. Nenhum macho a

escolheu como sua companheira.

Aqueles sons dele eram bem sexy. — Você tem companheiras?

— Uma companheira. Uma. — Ele olhou para o corpo dela. —

Para a vida toda.


Estava ficando quente naquele corredor e não tinha nada a ver

com a temperatura. — Você não tem uma companheira?

— Não. Seus machos não tomam companheiras?

Ela balançou a cabeça. — Nós às vezes nos casamos. Significa

fazer um contrato legal para ficar juntos, geralmente ter filhos e morar

na mesma casa.

Ele fez uma careta e se curvou, colocando sua armadura de volta

enquanto ela observava. — Soa frio e sem emoção. — Ele fechou a

armadura por seus braços e ao longo de seu peito, escondendo seu

corpo dela novamente. Era uma pena, uma vez que tinha um ótimo

corpo. Ele fez uma pausa, segurando o olhar dela. — Companheiros

são muito melhores. Há paixão e sentimentos intensos.

— Eu acredito em você. — Ela acreditava. Brassi tinha muito de

ambos e não os escondeu dela desde que se conheceram. Os Veslor

não eram uma raça emocionalmente desapegada.

Ele sorriu. — Nós conversaremos sobre isso mais tarde. — Seu

olhar percorreu seu corpo novamente. — Estou muito ansioso para

descobrir tudo sobre você, Vivian.


Ela estendeu a mão e clicou em seu fone de ouvido novamente.

— Estou ansiosa para isso também.

— Pelo que? Você precisa me contar o que conversaram!

Vivian ignorou Abby enquanto observava Brassi colocar as luvas

e o capacete. Ele fechou o escudo sobre seu rosto. Ergueu a arma por

último, então apontou para onde seus homens foram.

Vivian caminhou na frente dele. Estava descobrindo que os

Veslor gostavam de manter alguém em suas costas. Podia ser uma

coisa estranha que faziam por todos ou talvez fosse apenas mulheres.

Uma coisa protetora.

Todos os machos estavam encostados nas paredes ao redor da

curva. Ela corou, imaginando se foram capazes de ouvir o que

conversaram. Não era como se pudesse ver suas expressões para

adivinhar.

Vassi endireitou-se primeiro de sua posição relaxada e acenou

para eles. — Estamos prontos quando você estiver. Qual é o próximo?

— A ponte. — Respondeu Vivian. — Simplesmente não sei como

fazer os Ke'ters saírem. É bem seguro. Não podemos ultrapassar as

portas.
— É uma falha de design, na minha opinião. — Abby

murmurou. — Eu disse aos meus pais que deveria haver um código

substituto para as portas da ponte quando criamos os sistemas de

segurança, mas meu pai e os tomadores de decisão disseram não.

— Talvez eles abrirão se fizermos barulho nas portas. — Sugeriu

Vivian. — Descobriremos quando chegarmos lá.

Brassi tocou seu ombro.

Ela olhou para o capacete dele. — Eu estava conversando com

Abby. As portas da ponte estão trancadas de ambos os lados.

Podemos soltar as travas no lado externo, mas elas precisam ser

abertas por dentro para sair. Caso contrário, eles poderiam

permanecer fechados até que fiquem sem comida e água. Isso pode

levar semanas.

Ele permaneceu em silêncio por vários minutos. Então

perguntou: — Você pode abrir por dentro da sala de controle?

Vivian não tinha certeza. — Abby? Você sabe?

— Não podemos. —Respondeu a mulher.

Vivian nega com a cabeça. — Não podemos fazer isso.


— Vamos pensar em algo. — Brassi parecia certo.

— Vamos voltar para o elevador. Iremos até o Deck Dez. É onde

a ponte está localizada.


Capítulo Cinco

Vivian parou o grupo antes de chegarem às portas da ponte. —

Assim que chegarmos a essa curva, os Ke'ters poderão nos ver no

monitor perto das portas.

— Você tem certeza? — Brassi permaneceu perto dela.

— Eu estive lá dezenas de vezes, então sim, tenho certeza. —

Vivian pensou sobre isso. — Eles podem ver o corredor em uma tela

grande. É uma medida de segurança ao mudar de turno. As portas

não abrem até alguém dentro aprovar e confirma qualquer visitante.

Não há surpresas assim.

— Como os Ke'ters entraram, então?

Ela olhou para Vassi para responder. — Eu gostaria de saber.

Suponho que talvez o Comandante tenha ordenado que alguém

fizesse um passeio pela ponte e eles atacaram uma vez lá dentro. É

praticamente a única vez que quem não trabalha lá ganha acesso

oficialmente.

— A menos que subornassem alguém com uma tonelada de

dinheiro para nos trair e deixá-los entrar. — Acrescentou Abby.


Vivian não quis mencionar essa opção aos Veslor. Não

importava de qualquer maneira, já que todos os membros da

tripulação atualmente na ponte foram comidos. Quem os deixou

entrar já pagou pelo crime, se fosse esse o caso. — Meu pai mencionou

uma vez que existe a opção de voltar para ver o que aconteceu em

qualquer lugar onde uma câmera está gravando, mas não tive acesso

a isso. Tudo que pude ver foi o feed ao vivo. Os centros de controle

têm acesso a duas câmeras dentro da ponte em caso de um evento

catastrófico.

— Evento catástrofe? — Brassi questionou.

— Sabe, se uma bomba explodir ou a ponte não responder por

qualquer motivo. — Ela fez uma pausa. — Não há som, claro. As

câmeras estão posicionadas em lugares que não representam um risco

de segurança no caso de hackers. Mas há opções dentro para verificar

a condição da tripulação se a merda der errado.

— Apenas um Almirante pode abrir as portas. — Abby fez uma

pausa. — Verificação de DNA. Nós estamos ferrados se os Ke'ters não

abrirem, desde que verifiquei o manifesto da tripulação e do

passageiro. Não há Almirantes a bordo. O Comandante Alderson não


tem acesso ou sugeriria pegá-lo. Você quer que eu liberte o bloqueio

do seu lado?

Vivian olhou para os Veslor, que usavam armaduras. — Abby

quer saber se deveria abrir as portas deste lado. Isso significa que eles

podem sair se quiserem.

Os homens rosnaram um para o outro, discutindo opções. Pelo

menos ela assumiu que era isso que estavam fazendo. Odiava que eles

não estivessem falando em inglês e se perguntou por quê. Era da sua

natureza às vezes ser suspeita, mas não recebeu nenhuma razão para

não confiar neles até agora.

Brassi rosnou ferozmente, aproximando-se e colocando a mão

no ombro dela. Parecia irritado com um de seus homens, em

particular.

— O que estão dizendo? — Ela o olhou.

Ele parou de rosnar, respirou fundo e respondeu. — Kavs

sugeriu que usássemos você como isca. Eu disse a ele que não.

Vivian pensou sobre isso. — Não é uma má ideia, na verdade.


Brassi soltou seu ombro e abriu o capacete. Ela estremeceu por

como ele gritou com ela. — Não. Você não será colocada em risco,

mulher.

Vivian levantou um dedo. — Abby?

— Você não está pensando seriamente nisso, verdade?

— Eu tenho um plano.

— Não. — Brassi insistiu.

— Porra, não! — Abby sibilou em seu ouvido.

— Ouça. Os Ke'ters nos atacaram... o que? Dezoito, dezenove

horas atrás? Eles mataram e se alimentaram da tripulação da ponte.

Acho que provavelmente adorariam me agarrar. — Ela acenou com a

mão pelo corpo dela. — Carne fresca.

— Você está louca?

— O que está pensando, mulher?

Vivian se encolheu ao ouvir os gritos tanto de Abby quanto de

Brassi ao mesmo tempo.

— Abby pode distraí-los, fechando as aberturas do motor. Eles

verão os motores voltando. Ela poderia então abri-los imediatamente,


para que eles pudessem mover a nave, mas enquanto estiverem

ocupados, posso correr até a porta, pressionar o botão para que

saibam que alguém quer acessar a ponte, então sair correndo. Eles me

verão, já que há uns bons setenta metros de corredor na visão deles.

Aposto que virão atrás de mim. Mais uma vez... carne fresca. — Ela

manteve o olhar fixo em Brassi. — Você e seus homens estarão

esperando por eles aqui.

— Não! — Brassi rosnou, ainda parecendo irritado. — Eles se

movem rapidamente, mais rápido do que você.

— Você quer jogar o esconde-esconde com os Ke'ters? Estou com

o grande alienígena gostoso nisso. É maluco. — Murmurou Abby. —

Também não nos dará acesso à ponte se todos vierem atrás de você.

Ainda estaremos trancados.

— Você está certa, mas isso também significa que eles não

podem nos levar a lugar nenhum. Podemos trazer os motores de volta

e com isso, poder total para o suporte de vida. Teremos muito tempo

para o nosso pessoal chegar. Incluindo um Almirante que pode entrar

lá com seu precioso DNA.

Abby suspirou. — Porra. Bem, se funcionar, seria ótimo para

nós..., mas você poderia morrer. E se um Ke'ter a pegar?


— O que a outra mulher está dizendo? — Brassi perguntou.

— Você pode ver dentro da ponte, Abby. Há um Ke'ter em

qualquer lugar perto da porta?

Abby fez uma pausa. — Não. Talvez a dez metros.

— Sobre o que você esta falando com a outra mulher? — Brassi

exigiu, agarrando seus ombros.

— Abby pode ver dentro da ponte. Eles não têm ninguém, perto

da porta. Ela pode me avisar se isso mudar.

— Vamos invadir as portas e desafiá-los. —Disse Brassi. — Os

Ke'ters nos odeiam tanto quanto os odiamos. Eu disse que eles

atacaram nossas colônias. Nós abatemos todos que tentaram. O

orgulho deles exigirá que nos combatam. Tiraremos nossa armadura

para parecer menos ameaçadores.

Foi a vez de Vivian ficar com raiva. — Não! Eu o trouxe aqui,

pedi sua ajuda e não arriscarei você ou seus homens assim. Todos

devem permanecer com a armadura. Eu vi o que as armas deles

podem fazer. Atirei em um dos idiotas com sua própria arma. Fez

buracos do tamanho de um punho. — Ela balançou a cabeça. — Não.

Nós vamos com o meu plano.


— Merda. — Murmurou Abby.

— Não. — Brassi olhou para ela com aqueles olhos dourados.

Apreciava que ele não quisesse que nada acontecesse com ela.

Certamente provou que se importava. — É um plano bom e sólido.

Você parece saber mais sobre os Ke'ters do que eu. Eles mataram a

tripulação da ponte imediatamente. Irão querer carne fresca se

acharem que podem me pegar? Seja honesto.

Os olhos de Brassi se estreitaram, mas ele finalmente assentiu

com a cabeça. — Sim. Podem se alimentar de um corpo durante dias,

mas quanto mais fresco, melhor saboreá-lo... ou então estimamos pelo

comportamento passado.

— Abby, entre nos controles de manutenção aos quais dei

acesso. Prepare-se para fechar essas aberturas para inundar os

compartimentos do motor com oxigênio. Uma vez que estiverem

online, reabra para desligá-los, mas não até você me dizer como os

Ke'ters reagem.

— Merda! Estou oficialmente declarando que odeio esse plano.

Mas o farei. Levará alguns minutos. Direi quando as aberturas

fecharem.
— Mantenha-me informada de qualquer Ke'ters perto da porta

de saída também.

— Você nem precisa mencionar essa parte. É insano, Vivian.

Espero que essas pernas curtas possam correr mais rápido que as

minhas. Foi por isso que nunca me juntei ao nosso exército ou frota.

Não podia passar pelos exames físicos.

— Eu não gosto deste plano.

Vivian manteve o olhar fixo em Brassi. — Eu o farei. Prepare seus

homens. Quando Abby disser que está na hora, correrei para as portas

da ponte, pressionarei o botão para avisá-los que estou lá, em seguida,

volto para você e sua equipe.

— Tem certeza que quer fazer isso? Corra o mais rápido que

puder.

— Não se preocupe. Estou motivada para ser mais rápida que os

Ke'ters.

Ele rosnou, virando-se para seus homens, emitindo rosnados.

Eles começaram a levantar seus rifles, tomando posições ao longo das

paredes, fazendo um caminho entre eles para ela atravessar. Ela fez
uma nota mental para tentar evitar bater em seus grandes corpos

quando virou o corredor no caminho de volta.

— Você continua correndo. — Brassi ordenou. — Além de nós,

até aquele ponto. — Ele se virou, apontando para a outra curva no

corredor. — Vassi irá protegê-la no caso de algum passar por nós.

— Entendi. — Ela se sentiu aliviada por ele não discutir mais

ainda.

— Por que há tantas voltas?

Ela olhou de volta para Vassi. — Nos corredores?

— Sim.

— Eu não tenho idéia.

— Eles são projetados para dar à tripulação uma sensação de que

a nave é menor do que realmente é e mais aconchegante. —Disse

Abby em seu ouvido. — Imagine um corredor de corredeiras com

poucos campos de jogo e como isso seria intimidante. Eles projetam

os corredores para evitar que as pessoas percebam o quão longe

precisam andar para chegar a várias seções.

— É bom saber. — Resmungou Vivian.


— O que? — Brassi perguntou.

Ela sorriu. — Apenas Abby me mantendo atualizada. Ela está

quase pronta para fechar as aberturas. A ponte receberá uma

notificação através do computador quando os motores começarem a

ficar on-line, o que os Ke'ters poderão ver ou ouvir.

— Sim. — Abby confirmou.

Vivian começou a esticar seu corpo, preparando-se para correr.

Todos os Veslor pareciam observar, a julgar pela maneira como seus

capacetes se voltaram para ela. Ela os ignorou. Provavelmente

achavam que humanos eram bem estranhos, se Veslor não tivessem

que se aquecer antes de correr. Tudo bem se a achassem confusa.

Apenas queria ter certeza de não ter uma cãibra muscular. Isso seria

ruim enquanto corresse por sua vida.

— Tudo bem. — Abby limpou a garganta. — Está pronta?

Apenas tenho que apertar mais uma tecla e as aberturas serão

fechadas. O inimigo deve perceber isso em segundos quando o fizer.

— Diga-me tudo o que está acontecendo dentro da ponte. Cada

detalhe. Vivian fez um sinal para os Veslor. — Hora do jogo.


Brassi rosnou. — E se alguma coisa der errado, finja de morta.

Nós cuidaremos de você.

Fingir de morta. Ela assentiu. — Faça isso, Abby.

— Fechando as aberturas agora. — Abby fez uma pausa. — Eles

estão respondendo e fechando. — Ela fez uma pausa novamente. —

Há ação na ponte. Os Ke'ters estão recebendo algum tipo de alarme.

Estão todos indo em direção ao painel frontal. Eu não sei que sistema

é, mas suponho que seja algo a ver com os motores. O da porta

também. Está a uns bons nove metros daqui agora.

Vivian se lançou, correndo o mais depressa que pode pelo

corredor, depois de contornar a curva. Duas enormes portas duplas

estavam lá embaixo, mas seu foco estava no painel de acesso.

Ela chegou e apertou o botão, ofegante.

— Eles estão virando! — Abby gritou em seu ouvido. — Corra!

Vivian não precisava de mais insistência. Girou e correu por sua

vida. Ouviu as portas se abrirem um segundo depois, mas não olhou

para trás. O corredor não parecia tão longo até aquele segundo. Ouviu

barulhos atrás dela e adivinhou que os Ke'ters estavam bem perto.


Uma explosão atingiu a parede, ela quase tropeçou, mas os

Ke'ters não perderam o passo.

— Pare! — Gritou uma voz computadorizada.

Ela ignorou, fez a curva e se manteve no centro do corredor,

evitando com sucesso os volumosos corpos blindados dos Veslor

quando passou correndo. Armas de fogo ecoaram atrás dela

novamente, mas ela continuou até a próxima curva.

Vassi a agarrou e ela bateu em uma parede, presa ali por sua

grande e dura armadura. Vivian ofegou, seu coração batendo forte.

Gritos soaram, junto com estrondos.

— Porra! — Abby gritou em seu ouvido.

— O que?

Abby não respondeu.

Vivian tentou recuperar o fôlego, ouvindo a luta. Mais armas

soaram, junto com gritos estridentes que agora identificou como os

dos Ke'ters.

Abby gritou em seu ouvido: — Todos os Ke'ters deixaram a

ponte, mas um deles deve ter percebido que as portas fechavam


automaticamente, porque girou e tentou entrar. Mas foi muito lento.

Está parcialmente preso na porta, mas vivo. Ele está lutando, tentando

se mover para dentro. Estão lutando lado a lado, mas ninguém o vê

desde que estão no corredor entre onde você está e a ponte.

— Não há dispositivos de segurança? — Isso surpreendeu

Vivian. A maioria das portas da nave se recusava a fechar se um corpo

as bloqueasse. Era um recurso de segurança automático para evitar

lesões.

— Não com as portas da ponte. Elas fecham. Merda! Aquele

bastardo vai se soltar, Vivian.

— Vassi! — Ela empurrou contra ele. — Há um Ke'ter preso nas

portas da ponte. Atire nele antes que volte para dentro!

O grande macho fez uma pausa e rosnou. — Não se mova. — Ele

correu pelo corredor, onde a luta estava ocorrendo.

Vivian pegou a faca tática do pai e recuou. Bem, se alguém que

não usasse armadura aparecesse naquele canto, teria que lutar. Ela

tomou uma postura defensiva, usando as duas mãos para segurar o

cabo. Não se tornaria comida Ke'ter de forma alguma. Um tremor

percorreu sua espinha.


— Deus. — Abby suspirou. — O homem que deixou você está

abrindo caminho através da luta e... — Ela fez uma pausa. — Ele

conseguiu. Está correndo em direção ao Ke’ter preso. Atirando

agora... sim! Ele acertou o bastardo, mas ainda está se movendo. Ele

ainda vai entrar!

— Não. — Vivian sabia que nunca conseguiriam que o

alienígena saísse novamente, agora que estava claro que prepararam

uma armadilha. Ainda teriam que se preocupar se ele sabia ou não

pilotar o Gorison Traveler quando colocassem os motores on-line,

depois que o poder de backup se esgotasse.

— Ele atirou nele novamente... porra! O Ke'ter está dentro.

Espere...

— Esperar pelo que?

— Isso machuca. Ele cambaleou, agora está de joelhos. Foi

preciso dois tiros. Uma para as costas e uma para o lado da garganta.

Vivian esperava que fosse o suficiente para matar o Ke'ter. O

tempo parecia se estender para sempre naqueles segundos enquanto

esperava por outra atualização de Abby.


Um grande corpo repentinamente se moveu pela curva no

corredor. Não estava coberto de armadura preta.

Vivian ofegou, momentaneamente congelada com a visão do

Ke'ter correndo em direção a ela. Então ela reagiu. Aqueles bastardos

mataram seu pai e irmão. Em vez de fugir, ela se lançou para frente.

O alienígena era alto demais para ela facilmente atacar sua

garganta. Em vez disso, apontou para baixo. A anatomia básica em

muitos alienígenas era a mesma. Caiu de joelhos para fazer um alvo

menor quando passou a mão para ela com aquelas garras afiadas e ela

levou a lâmina da faca para cima, prendendo-a em sua virilha.

O alienígena gritou.

Algo de repente bateu forte de cima, ela rolou para o lado,

batendo no chão e na parede. O Ke'ter estava caído, com um corpo

blindado em cima. Um dos Veslor atacou por trás. O Veslor não tinha

mais seu rifle, em vez disso, ela o viu usar as mãos no pescoço do

Ke'ter.

Sangue verde voou, salpicando-a. Ela afastou a cabeça e

levantou as mãos, tentando proteger os olhos. Um rosnado alto soou

quando o grito cortou e ela finalmente abaixou as mãos, virando a

cabeça.
O corpo blindado permaneceu, mas o Ke'ter permaneceu no

chão, imóvel.

— Você está ferida?

Ela olhou para o Veslor blindado e assentiu. — Estou bem,

Brassi. Obrigada.

— Eu vou bater em Vassi por deixá-la! — Ele se aproximou e

ofereceu-lhe uma mão. Ela notou que havia sangue verde nas pontas

da luva. Não importava muito, já que ela foi pulverizada com isso.

Agarrou sua mão e o deixou levá-la facilmente.

— Eu pedi para ele. Por favor, não fique irritado.

— O Ke'ter caiu. — Atualizou Abby. — Acho que ainda está

vivo, mas está muito machucado. Posso ver a gosma verde se

espalhando no chão ao redor dele.

Brassi puxou-a para trás, colocando-se entre ela e o corredor

seguinte. Então caminhou para frente. Ela hesitou, mas seguiu.

A visão quando virou o corredor deixou-a atordoada.

Os Ke'ters estavam caídos, os Veslor estavam de pé, mas o dano

no corredor era épico. Marcas de queimaduras marcavam as paredes


e o chão, juntamente com muito sangue verde. Alguns dos Ke'ters

estavam em pedaços. Partes do teto pendiam, devido a danos

causados por explosões. Ela notou que as luvas de alguns dos outros

Veslor estavam rasgadas na ponta dos dedos, como se algo as tivesse

rasgado. Ele e seus homens devem ter usado suas garras durante a

luta para matar os Ke'ters.

— Não está se movendo. — Disse Abby. — Ampliei o mais perto

que pude. Está respirando, no entanto.

— Merda.

Brassi se virou para ela e abriu o capacete. — O que há de errado?

— Um dos Ke'ters voltou para dentro. Vassi atirou duas vezes,

ele caiu, mas não está morto. Eles têm boas habilidades de cura?

— Eu não sei. — O olhar de Brassi se fixou no dela. — Nós os

matamos nas lutas.

— Ficarei de olho no bastardo. — Prometeu Abby.

— Feche as aberturas enquanto estiver caído e coloque os

motores online. Uma vez que voltarem, devem reabastecer as

baterias, certo? — Vivian esperava que sim, de qualquer maneira.


— Eu não sei. Engenharia não é minha coisa. Ligarei para seu

amigo Donny para perguntar. Volto logo. Ficarei em silêncio, mas

poderei ouvi-la.

— Obrigada, Abby.

Brassi tocou seu ombro. — Quantos mais Ke'ters?

Os três desaparecidos e presos nos corredores da nave quase lhe

escaparam durante a luta. — Não muitos. Algum dos seus homens

está ferido?

— Estamos todos bem.

Ela se sentiu grata por isso. — Precisam descansar?

Ele bufou. — Estávamos entediados até pegarmos seu sinal de

socorro. — Ele abaixou a voz e algo quente brilhou em seu olhar

dourado. — Veslor têm excelente resistência.

Ele estava flertando com ela? Sentiu o calor subir por suas

bochechas quando decidiu que estava. Ela deu-lhe um pequeno

sorriso. — Bom saber.

Sua expressão ficou sombria. — Você tem certeza de que não está

ferida?
— Estou bem. Juro. Com um pouco de falta de ar, mas voltando

ao normal. Não corro muito.

— Você foi rápida, mulher. Impressionante com um corpo tão

pequeno.

Era tentador salientar que qualquer mulher humana seria

pequena comparada a ele. Veslor eram maiores que a média

humana... por muito.

Ele a deixou para falar com seus homens, voltando mais uma vez

aos grunhidos. Ela queria poder entender o que estava sendo dito. Até

onde sabia, o idioma deles ainda não foi adicionado ao banco de

dados para tradutores padrão. Então novamente, não estava usando

um fone de ouvido que tinha essa capacidade.

— Os motores estão de volta, Donny confirmou. E é melhor que

nada. O Ke'ter parece inconsciente e seriamente ferido, a julgar pela

poça ao redor do que parece ser seu sangue. Isso me lembra o lodo

dos motores solares quando estão velhos. É essa cor verde gosma. —

Abby parecia mais calma.

— Eu não sei o que parece. Morei em naves a maior parte da

minha vida. Nunca vi um veículo terrestre solar de perto. — Vivian

admitiu. — Morei em um dormitório na faculdade e ficava no terreno.


Mas aceitarei sua palavra para isso. Preciso de outro banho. Ok, você

observa a ponte, mas precisamos ir atrás do próximo Ke'ter. Mostre-

nos um caminho através das portas de emergência.

— Já estou nisso.
Capítulo Seis

Brassi permitiu que Yoniv assumisse a liderança enquanto

atravessavam a nave, despachando rapidamente os poucos Ke'ters

restantes. Queria ficar de olho na pequena terráquea que enquanto ela

seguia sua tripulação. Parecia cansada, mas se recusou a descansar.

Seu olhar continuava indo para sua bunda redonda e ele

precisou lutar contra o desejo de tocá-la. As fêmeas da Terra eram

menores e muito mais tímidas do que estavam acostumados. Uma

fêmea Veslor o informaria sem hesitação se estivesse interessada nele.

Tendiam a abordar corajosamente machos com quem queriam

copular. Não era assim com Vivian. Isso o deixava confuso e

desequilibrado. Ela permitiu que a abraçasse, no entanto somente,

quando lhe ofereceu conforto durante sua dor. Esse poderia ser o

modo terrestre de mostrar interesse em um homem, se permitiam

segurá-las. Realmente queria saber mais sobre a raça dela.

— Seus olhos começarão a doer se você encarar a fêmea com

mais força. — Gritou Vassi pela frente, usando a linguagem deles.

— Cale a boca. —Ele ordenou.


Kavs riu. — Eu também vejo a atração. Mas precisa ter cuidado

ao ficar com uma. Elas parecem fáceis de machucar por acidente.

— Eu me recuso a discutir isso com qualquer um de vocês. —

Agora não era a hora. Seus machos podiam provocá-lo mais tarde,

quando voltassem ao Brar.

— Acho que essas mulheres não lutam com os machos para

copular.

Ele ponderou as palavras de Ruggler. Ele era o negociador deles

e normalmente o que aconselhava quando faziam novos negócios

com raças desconhecidas. Ele tinha um dom para avaliá-los

rapidamente e descobrir como pensavam. — Concordo. Elas parecem

muito tímidas.

— Os machos de sua raça não são. — Nessel resmungou. — Eu

lutei com alguns.

— Você luta contra todos. — Lembrou Vassi. — Gosta de insultar

até que atacam para calar a boca.

Vivian olhou para ele. — O que vocês estão dizendo?

Sua linguagem era suave e musical para seus ouvidos. Ele se

virou para ela. — Estamos discutindo a atualização que faremos. —


Brassi sentiu um pouco de culpa por contar a mentira, mas não estava

disposto a compartilhar que sua equipe o provocava sobre sua

atração. Isso poderia deixá-la com medo. Era a última coisa que

queria.

— Eu realmente aprecio isso. — Ela sorriu antes de virar para

frente novamente. — Não sei como retribuirei o que você fez.

Seu olhar caiu para sua bunda.

Vassi riu, mais uma vez falando Veslor. — Aí está. Peça a ela

algumas horas em sua cama em troca de nossa ajuda.

— Cale a boca. — Brassi respondeu novamente. — Nosso rei

gostaria de ter um melhor acesso comercial com a Terra Unida. Os

líderes de seu planeta podem nos permitir mais acesso em suas

estações espaciais por salvar tantas vidas nesta embarcação. Recuso-

me a negociar o acesso ao corpo dela. Isto é errado.

— Aposto que se sentiria bem com ela debaixo de você. — Kavs

fez uma pausa. — Bem, caso você se encaixe. Ela é tão pequena, seria

frustrante se a descobrisse, apenas para não funcionar.

Alguns de seus machos riram. Brassi apertou os dentes,

prometendo levá-los para a sala de treinamento para fazê-los se


arrependerem mais tarde. Chutaria suas bundas quando voltassem

para o Brar.

— Fale a língua dela. —Ordenou. — Nós a deixamos nervosa

quando não consegue nos entender.

— Ela deveria estar preocupada com você prendendo-a em sua

cama para ver se pode levá-lo para dentro dela. Como ficam excitadas

se uma luta não é uma preliminar?

Ele rosnou um aviso para Kavs. — Suficiente!

— Toques suaves e talvez alguns rosnados baixos. —Sugeriu

Vassi.

Ele finalmente calou a boca, provavelmente pensando nas

palavras de Vassi e imaginando como seria diferente copular com

uma fêmea humana. Brassi sabia que estava imaginando tirar Vivian

de sua roupa e descobrir como fazê-la sentir a mesma atração.

Eles chegaram a uma seção onde o corredor permanecia

bloqueado com portas seladas e olhou para Vivian. Ela parou de

andar e se virou para encará-lo. Seus olhos eram de um verde claro,

muito bonito. Achava tudo sobre ela atraente, incluindo o cabelo loiro
bagunçado que emoldurava seu rosto delicado e caía sobre seus

ombros magros.

— Há um Ke'ter do outro lado. Abby diz que está andando de

um lado para o outro, como se soubesse que estamos chegando ou

algo assim. Não sei como, a menos que esteja em contato com os

sobreviventes e os avisaram. Então novamente, a tripulação da ponte

correu atrás de mim. Não pareciam saber que os outros estavam

mortos ou duvido que tivessem saído.

Brassi apreciou que a mulher compartilhasse seus pensamentos

com ele. — Não importa se o Ke’ter sabe que estamos aqui ou não. Ele

morrerá. — Ele fechou o capacete e fez sinal para seu irmão. — Proteja

ela. Vá com ele, Vivian. Fique atrás da armadura dele.

— Eu já sei. — Ela se aproximou de Vassi.

Sentiu-se um pouco ciumento, desejando poder proteger sua

pequena estrutura quando surgisse uma briga. Eles eram seus

machos, no entanto e enquanto deixava Yoniv dirigir o grupo

enquanto andavam pela nave, Brassi sentia a necessidade de liderá-

los na batalha, desde que ele foi quem se ofereceu para salvar os

terráqueos. Ainda estava irritado porque seu irmão mais novo a


deixou quando eles atraíram o inimigo da ponte da nave. Entendia a

razão, mas um Ke'ter ainda conseguiu fugir e quase matou Vivian.

Sentiu uma raiva pura quando atacou o Ke'ter, sem saber se ela

foi prejudicada. Tudo o que sabia ao certo era que ela caiu de joelhos

e o Ke'ter tentara bater nela. Morreu depressa demais para o gosto

dele, mas apenas queria garantir sua segurança. Ele e Vassi teriam

tido uma briga sangrenta se ela fosse ferida.

Ele andou até as portas de emergência, tirou o rifle do ombro,

onde pendurou a alça e rosnou baixo. — Abra a porta.

Ele ouviu Vivian dizer baixinho para a outra fêmea fazer isso. As

portas se abriram para revelar mais corredor e o Ke'ter rapidamente

se apressou.

Brassi atacou, usando sua lâmina. Odiava atirar em um inimigo.

Era muito fácil tirar a vida desse jeito. Sangue ruim permaneceu dos

numerosos ataques de Ke'ter em suas colônias de cultivo de alimentos

também. Os idosos e os jovens tendiam a viver nas crescentes cidades.

Não eram homens ou mulheres treinados para lutar. Atacá-los foi um

ato covarde dos Ke'ters. Sentia imensa satisfação toda vez que matava

um membro da raça assassina.


O macho disparou sua arma, mas não perfurou a armadura de

Brassi. Ele rosnou de raiva e usou a lâmina para ir na garganta fina

do Ke'ter. Ele tentou recuar, mas o decapitou rapidamente,

permitindo que Kavs atirasse no coração. Já estava morto, mas isso

não importava. Todos perderam alguém da família para os Ke'ters em

algum momento nas últimas duas décadas.

Era muito fácil matar os Ke'ters presos na enorme nave. Ele

voltou para Vivian. — Qual é o próximo?

Ela parecia preocupada. — Esse é o último do qual temos

conhecimento. Os três restantes provavelmente estão presos nos

quartos da tripulação.

— Qual é o plano para localizá-los?

Ela hesitou, olhando para a câmera e Brassi se perguntou sobre

a fêmea chamada Abby atrás das câmeras, abrindo as portas e

movendo-os ao redor da nave. Vivian finalmente encontrou seu olhar.

— Abby acha que devemos ir para os quartos da equipe

prioritária para deixá-los sair e permitir que nos ajudem.

— Quem é a equipe de prioridade?


— Abby encontrou o pessoal de segurança do turno da noite e

localizou seus aposentos de acordo com a classificação. O turno do

dia estava trabalhando durante o ataque e perdemos a maioria dos

líderes de equipe. — Ela fez uma pausa, fazendo uma careta. Além

disso, devemos deixar o Comandante Alderson sair.

Ele aprendeu muito sobre Vivian em um curto período de

tempo, inclusive adquirindo a capacidade de ler algumas de suas

emoções. O que ela mostrava agora parecia ser desagrado. — Você

não gosta do macho. Por quê?

— Ele é o Capitão da nave. — Ela baixou a voz. — É um idiota

total. Quando o ataque aconteceu, se recusou a acreditar que eu dizia

a verdade. Ele me acusou de mentir.

Raiva o percorreu. — Você é honrada e sincera, Vivian.

— Lembra daquela conversa que tivemos sobre como alguns

humanos serem bons e outros não? Bem, não penso muito nele. Não

aceitará bem quando perceber que a equipe de resgate que eu permiti

embarcar não é uma das nossas.

— Ele ficará com raiva de você por nos deixar ajudar? — O

macho parecia estúpido para ele.


— Grande momento. Ele é irracional, teimoso e eu mencionei

que ele é um idiota? — Então ela parecia cautelosa. — Devo avisá-lo

de algo.

— Oque?

— Ele pode me prender. E se ele o fizer, por favor, não interfira.

Brassi ficou atordoado, mas rapidamente se transformou em

raiva. — Oque?

— Eu não estava autorizada a entrar no Controle Um, nem

colocar a nave em bloqueio ou qualquer outra coisa que fiz para

manter as pessoas vivas. Sou uma trabalhadora civil. Isso significa

que qualquer coisa relacionada à segurança não é meu trabalho.

Ultrapassei muitos limites e violei muitas regras. Ficará tudo bem, no

entanto. Depois que todos os fatos saírem, tenho certeza de que serei

inocentada de todas as acusações que ele apresentar contra mim.

Brassi não sabia o que dizer, mas não permitiria que ela fosse

presa. Isso significava ficar trancada em uma cela ou pior. Viu muitos

prisioneiros nas colônias com quem negociavam. Os que eram

considerados culpados de crimes eram frequentemente usados como

trabalhadores forçados para pagar.


— Realmente ficarei bem, Brassi. Haverá uma investigação que

pode levar algumas semanas, mas assim que repassarem todas as

filmagens e juntarem o que aconteceu, ninguém irá me colocar na

prisão ou me executar pelo que fiz.

Agora as palavras dela o horrorizavam. — Executar? Como

matar? Você salvou seu povo! Trouxe-nos a bordo para lidar com a

ameaça Ke'ter.

— Tenho certeza que eles perceberão isso. — Ela deu-lhe um

sorriso forçado que não alcançou seus olhos. — Abby concorda

comigo. Posso ser presa, mas uma vez que a investigação terminar,

serei liberada das acusações e solta. — Ela encolheu os ombros. —

Apenas precisarei procurar um novo emprego. Não tem como o

Comandante Alderson permitir que volte à sua nave.

— Isso está errado. — Vassi falou antes que pudesse. Brassi

concordava com seu irmão.

Vivian olhou entre eles. — Nós temos regras. Quebrei todas.

Foram circunstâncias atenuantes, no entanto.

— Ex-o que? — Essa palavra não se traduziu.


— Era uma situação terrível. — Explicou ela. — As regras tinham

que ser quebradas ou não teríamos chance de sobrevivência. Os

investigadores que terão que rever o que aconteceu, espero que vejam

isso e eu provavelmente não serei mandada para julgamento. — Ela

fez uma pausa por um longo momento. — Abby diz que ela e sua

família conhecem alguns Almirantes, tem certeza de que também

serei inocentada. Tudo ficará bem. Apenas não se assuste se eu for

algemada e levada, ok?

Ele não sabia como responder. Parecia tão errado e a idéia dela

estar em apuros por qualquer coisa que fez o irritou. — Eles devem

se ajoelhar e agradecer por salvá-los.

— Você realmente acredita isso. Eu acabei de quebrar algumas

regras, bem, muitas delas, para você chegar aqui.

— Eles irão nos prender?

Ele viu o rosto dela empalidecer com a pergunta de Nessel. Ela

hesitou por um longo tempo. — Abby e eu achamos que não. É uma

preocupação real. — Ela fez uma pausa novamente. — Há alguns

agentes de segurança em quem confio que trabalharam com meu pai

e meu irmão durante anos. São inteligentes e razoáveis. Nós

poderíamos soltá-los primeiro, ter certeza de que estão vivos e que


nenhum Ke'ter está se escondendo em seus alojamentos, então você

deve sair antes de liberar o Comandante Alderson de seus aposentos.

— Eu não gosto do seu plano. —Afirmou inflexivelmente. —

Mesmo três Ke'ters são uma ameaça se suas armas não os matarem.

Vivian ouviu, olhando para as câmeras, deixando claro que

Abby estava falando com ela. Ela finalmente encontrou seu olhar

novamente. — Abby sugeriu que fôssemos de porta em porta,

falássemos com quem está dentro primeiro para ter certeza de que são

humanos antes de abrir as fechaduras de seus quartos. Qualquer um

que não responder ou que pareça usar um tradutor, ficará preso até

que as equipes de resgate nos procurem na Estação Espacial Branston.

Consegui derrubar um Ke'ter com uma faca tática. Um único Ke'ter

não teria chance contra, pelo menos dez pessoas com lâminas. Nós

teremos os números do nosso lado e não é como se um ataque fosse

uma surpresa agora.

Brassi tinha que admitir que soava prático. Ele assentiu. — Acho

que devemos ficar com você até que todos os Ke'ters sejam

encontrados.

— Não quero correr o risco de que o Comandante Alderson

ordene que você seja preso também, Brassi. Ele é estúpido e irracional
quando está sóbrio e estava bêbado na última vez que nos falamos. —

Ela faz uma pausa, olha para a câmera e ri. — Eu não me importo que

não esteja escondendo meus lábios, Abby. Quis dizer cada palavra.

Ele trouxe os Ke'ters a bordo e pensou que eu estivesse fazendo uma

brincadeira quando as pessoas pelas quais ele era responsável

estavam sendo mortos e comidas! Deixe-o ficar irritado se descobrir

que o chamei de nomes quando revisarem todas as imagens.

Brassi não gostava da idéia de deixar Vivian para trás se ela fosse

presa. Suas próximas palavras saíram de sua boca sem pensar. —

Você deveria vir conosco quando formos. Podemos deixá-la em uma

estação terrestre, depois que todos perceberem como salvou vidas

com suas ações.

Ela pareceu surpresa e seus olhos se arregalaram, tornando-se

ainda mais redondos. Eram definitivamente bonitos. Então ela

balançou a cabeça. — Preciso ficar aqui para falar com os

investigadores. Obrigada pela oferta. Ficará tudo bem, Brassi. Eu

também contarei a eles como você e seus homens nos ajudaram.

Salvou nossas vidas. — Ela olhou para os machos dele. — Obrigada.

Não posso agradecer o suficiente. Não apenas nos salvou, mas

também a nave. Isso significará muito para a Terra Unida. O Gorison


Traveler é uma de suas maiores e mais caras naves de pessoal não-

combatentes.

Ela olhou para a câmera, ouvindo Abby. Então segurou o olhar

dele novamente. — Abby agradece a você também. Como eu disse,

ela conhece alguns Almirantes e promete compartilhar o quanto você

foi generoso ao arriscar suas vidas. Você e seu povo seriam um trunfo

para ter como aliados na Terra Unida. Ela tem certeza de que pode

convencê-los a fazer negócios com Veslor. Como entram em contato

com você?

— Basta enviar uma transmissão para o nosso rei no mundo

natal de Veslor. Vou atualizá-lo sobre o que aconteceu quando

voltarmos ao Brar, minha nave. Ele ficará satisfeito. Houve uma época

em que não nos associamos a muitas outras raças, aderindo ao nosso

quadrante, mas os tempos estão avançando. O comércio é saudável

para nosso futuro. — Ele tinha o desejo de tocá-la, mas resistiu. —

Fazer amigos é bom.

Ela sorriu. — Concordo com isso cem por cento.

— Ela está flertando com você? É difícil dizer com essas fêmeas.

— Kavs sussurrou em seu idioma.


— Quieto. — Ele respondeu no mesmo tom, não querendo que

Vivian se assustasse se ele rosnasse. Mudou de volta para o inglês. —

Bom.

— Eu acho que ela está. — Ruggler riu. — Você deveria provar

sua boca para ver como ela responde.

Ele realmente levaria cada um deles para a sala de treinamento

e os derrubaria quando voltassem para a nave. Era próximo a sua

equipe, mas às vezes eles o irritavam. Provocá-lo fazia isso mais

rápido que qualquer outra coisa.

Vivian olhou para câmera. — Encontre os aposentos de Mitch

Reese e nos leve até lá. Nunca estive ali, mas ele é um dos chefes de

segurança do turno da noite. Não estava entre os mortos que vi nas

câmeras. É esperto, era amigo íntimo do meu pai e é nossa melhor

aposta para buscar ajuda.

Brassi seguiu Vivian e seus homens enquanto entravam em

outro elevador, foram para um nível diferente na grande nave e

pararam do lado de fora de uma porta. Vivian fez sinal para que se

afastassem alguns metros.

— Eu sinalizarei e Abby desbloqueará seus aposentos, pedindo

para que saia. Espero que nenhum Ke’ter seja dentro.


Agarrou Vivian e puxou-a para trás, colocando seu corpo entre

ela e a porta. — Isso soa muito perigoso.

— Ele surtará se você fora a primeira pessoa a ver. — Ela o olhou

para. — Fique ao meu lado. Que tal isso?

Ele não gostou, mas assentiu.

Vivian estendeu a mão e apertou um botão ao lado da porta. —

Mitch? É Vivian.

Não houve resposta.

Vivian sussurrou e Abby abriu a porta. — Podemos entrar, mas

daremos a ele um minuto.

A porta se abriu e um homem de uniforme estava segurando um

rifle de laser. Ele recuou, olhando entre Brassi, seus machos e Vivian.

Ela lentamente levantou as mãos. — Calma, Mitch. Eles são amigos.

Eu os trouxe a bordo e estão matando os Ke'ters para nos salvar.

Conheça os Veslor. São comerciantes na área. Você pode abaixar o

rifle. Eu juro que está tudo bem.

O macho manteve a arma levantada. — Que porra, Vivian?


— Nós não conseguiríamos se tivéssemos que esperar alguém da

Estação Espacial Branston nos alcançar. Eles sequer responderam ao

nosso sinal de socorro. Tudo o que eu disse no comunicador quando

fiz anúncios era verdade. Os Veslor não são nossos inimigos. Olhe

para mim. — Ela insistiu.

O macho a olhou.

— Você me conhece há anos, Mitch. — Tristeza entrou em sua

voz. — Os Ke'ters assassinaram meu pai e meu irmão. Eles

esmagaram a parte de trás da cabeça de papai e comeram Mikey. —

Emoção sufocou sua voz. — Esses alienígenas vieram em nosso

socorro. Eles não nos machucarão. Eu tenho trabalhado com eles por

horas enquanto matam os Ke'ters. A ponte não está mais sob controle

deles. Queriam nos levar para algum lugar para nos fazer de comida.

Precisei desligar os motores para evitar que isso acontecesse, o que

significava que tínhamos quatro dias antes da energia do backup

acabar. Sem suporte de vida. Nenhum poder. Sem calor. — Ela fez

uma pausa. — Os motores estão novamente on-line e recarregando o

backup. Estamos trancados fora da ponte, mas isso não é um

problema, já que ninguém está lá para nos levar mais longe. Apenas

precisamos esperar que as equipes de resgate de Branston cheguem

até nós. Os Veslor nos salvaram, Mitch.


O humano olhou para cada um dos machos de Brassi, antes de

encarar Vivian novamente. — Você está absolutamente certa sobre

eles?

— Eu confio nos Veslor com a minha vida e a sua, desde que os

trouxe para você.

Ela rapidamente disse ao macho tudo o que aconteceu, incluindo

o medo de que o Comandante prendesse Brassi e seus homens, além

de seu plano de tirá-los da nave antes de permitir que Alderson saísse

de seus aposentos.

Mitch ainda parecia tenso e sem vontade de abaixar a arma.

— O que meu pai teria desistido, Mitch? Inverta a situação e veja

de sua perspectiva. Enviamos um sinal de socorro, os Veslor

responderam, os convidei para esta enorme nave da frota, dizendo

que precisávamos de ajuda. Poderia ser uma armadilha para capturá-

los, mas se dispuseram a vir. Acreditaram em mim. Confiaram em

nós. Por favor. Pense Mitch.

Mitch finalmente assentiu. — Você está certa. — Ele suspirou. —

Alderson perderá a cabeça, Vivian. Tenho orgulho de você, no

entanto. — Ele abaixou completamente a arma, parecendo não ter


mais como alvo Brassi ou seus machos. Então olhou para cada um

deles. — Obrigado por ter virem salvar nossas bundas.

Vivian se virou. — Este é Brassi. Ele é o Capitão da Brar.

Brassi estendeu a mão e abriu o capacete. — Prazer em conhecê-

lo.

O macho pareceu atordoado por uma fração de segundo ao ver

seu rosto, mas depois se recuperou. — Você fala a nossa língua.

— Aprendemos quando ouvimos seu sinal de socorro. Vivian

não deveria ser presa. — Ele queria ser claro sobre isso.

O macho fez uma careta. — Eu concordo, mas não sou o

Comandante. Será a decisão dele... quando puder dar ordens

novamente. Mas não posso ver o idiota olhando para essa porra de

bagunça e deixar passar qualquer acusação.

— Idiota? — Brassi olhou para Vivian pedindo esclarecimento.

— Ele acha que ficarei bem. — Ela deu-lhe um sorriso. — Serei

libertada depois que a investigação terminar. Não se preocupe, Brassi.

Ele esperava que ela estivesse certa. A fêmea fez o que era

necessário para salvar vidas terráqueas. E se seu próprio povo fosse


irracional demais para entender isso, talvez fosse melhor se Veslor

não negociassem com eles, afinal.

Ainda queria oferecer novamente para Vivian sair com eles.

Dessa forma, poderia ter certeza de que ela ficaria segura. Não

permitiria que qualquer dano viesse a ela.

Vivian voltou para o macho terráqueo. — Quem buscaremos em

seguida? Imagino que devamos ter pelo menos cinco agentes de

segurança conosco antes que os Veslor saiam.

— Espere. — Mitch se virou, entrou em outro quarto e voltou

com algumas lâminas táticas. Manteve seu rifle também, mas as

lâminas ele prendeu em seu corpo. — Eu tenho alguns homens e

mulheres e seus aposentos estão próximos. Eu os designei para

quartos próximos aos meus para um evento como esse. Estamos nos

comunicando o tempo todo, nos preparando para o pior. Estarão

prontos para uma briga com os outros três Ke'ters.

Brassi não gostou do som disso. — Você deve esperar por mais

segurança.

O macho encontrou seu olhar. — Eu estou em contato constante

com pelo menos vinte da minha força noturna desde que essa
bagunça começou e estávamos trancados. Podemos lidar com os

Ke'ters, agora que sabemos que o fogo a laser não funciona neles.

Vivian se aproximou e colocou a mão em seu peito. — Nós

ficaremos bem, Brassi. Abby tem nossas costas.

— Eu quero mais informações sobre esta Abby. —Resmungou

Mitch. — Você tem um civil desconhecido no Controle Três. — Ele

lançou um olhar preocupado para Vivian. — O que estava pensando?

— Que eu queria que todos nós sobrevivêssemos! — Ela

respondeu. — Eu disse quem é Abby. Ela atualiza os sistemas para a

frota. Sua experiência é muito maior que a minha. Eu soube que podia

confiar nela no momento em que passou os códigos de substituição

para o comunicador de longa distância e foi capaz de hackear as

comunicações internas para chegar até mim no Controle Um, em

primeiro lugar. Isso requer habilidade e conhecimento. É um sistema

isolado.

Mitch suspirou. — Ok. Dois quartos à esquerda.

Eles caminharam até onde Mitch indicou. Brassi fez um gesto

para que seus machos ficassem para trás e permitissem que os dois

terráqueos fossem para as portas sozinhos. Confiaria que Mitch


conversou com quem quer que vivesse do outro lado durante o

confinamento e que um Ke'ter não viria em disparada para atacar.

O homem naquele quarto também estava fortemente armado

quando as portas se abriram. Mitch deu-lhe algum tipo de sinal

manual e o humano abaixou o rifle, olhando com olhos arregalados

para Brassi e seus machos.

— Esses homens são Veslor. Eles já mataram a maioria dos

Ke'ters e são amistosos. Nós reuniremos mais alguns dos nossos e

então eles sairão assim que voltarmos ao controle. Saia, Paul. Faremos

bonito.

O macho hesitou, mas entrou no corredor, dando-lhes amplo

espaço. Estava tudo bem com Brassi se eles não fossem

imediatamente confiáveis. Vivian parecia relaxada e sem medo.

E logo ele a deixaria nesta nave. Isso encheu Brassi de pesar. As

poucas horas que passaram juntos o fizeram querer conhecê-la

melhor.
Capítulo Sete

Vivian ficava cada vez mais nervosa com a desconfiança que os

membros da segurança mostravam aos Veslor. Mitch os mantinha na

linha, no entanto. Sabia que podia confiar nele para manter a calma e

não exagerar, da maneira como o Comandante faria quando

descobrisse o que ela fez. Que permitiu que um time não associado à

Terra Unida viesse em seu auxílio.

Agora, era hora dos Veslor saírem e eles voltaram para o Deck

Sete para encontrar toda a equipe da nave. Mitch pediu a Abby para

libertar mais de quinze homens e mulheres em quem confiava e eles

se agruparam na frente e atrás dos Veslor.

Vivian estava contente que Brassi e seus homens mantinham

suas armaduras no lugar. Ela até pediu a Brassi para cobrir o rosto

dele. Não era que não confiasse em seu próprio povo, mas sabia que

qualquer um poderia entrar em pânico quando estivesse com medo.

A natureza humana nem sempre era uma coisa boa. Ela viu exemplos

disso em suas aulas de culturas alienígenas. Algumas raças faziam os

humanos parecerem bárbaros ou imbecis em comparação.


Eles pararam ao lado das portas de carga e os seguranças se

separaram para abrir caminho. Mitch foi quem falou. — Obrigado

pela ajuda. — Ele até estendeu a mão para os Veslor.

— Apertos de mão são um sinal de respeito. — Ela os informou.

Aproximou-se de Vassi, o único que podia identificar em sua

armadura exata, já que ele carregava sua bolsa médica. Estendeu a

mão e demonstrou o gesto. O restante dos Veslor apenas observou e

ele então apertou a mão de Mitch.

Outro Veslor veio em sua direção. — Foi bom conhecê-la, Vivian.

— Brassi retirou algo de um coldre em sua armadura. — Este é um

código de contato direto para o Brar. Por favor, me informe como as

coisas acabaram. — Ele fez uma pausa. — Bem e se quiser falar

comigo. Eu gostaria de ouvi-la.

Ela sorriu, sentindo-se genuinamente feliz..., mas também triste.

Seu tempo com Brassi a afetou de maneiras que teria que analisar

mais tarde, quando não estivesse preocupada em ir para prisão.

Aceitou o cartão de metal com a programação que incluía o

código de comunicação para a nave dele. — Eu prometo ligar. Muito

obrigada, todos vocês, por tudo que fizeram por nós. — Queria poder

ver o rosto dele mais uma vez, mas era mais seguro se não o fizesse.
Alguns membros da equipe de segurança ainda pareciam tensos. —

Nós devemos a vocês. Farei o meu melhor para representá-lo na Terra

Unida.

— Para que? — Mitch perguntou, aproximando-se.

— Os Veslor gostariam de negociar com mais de nossas estações

espaciais. Eu disse que passaria essa informação.

Assentindo, Mitch apontou para a porta e ela se abriu.

— Eles não podem esperar para tirar os Veslor da nave, podem?

— Abby parecia tão irritada quanto Vivian se sentia. Ela deu um leve

aceno, sabendo que Abby podia vê-la nas câmeras, mas não queria

dizer nada em voz alta. Mitch exigiu que ela entregasse seu fone de

ouvido três vezes já. Até agora, conseguiu convencê-lo a deixá-lo,

uma vez que ela e Abby eram um time que trabalharam muito bem

juntas.

— Obrigada. — Ela gritou para os Veslor quando entraram no

porão de carga, uma depressão estranha vinda sobre ela quando as

portas se fecharam.

— Eu a informarei sobre quando eles sairem. — Abby sussurrou.

— Eles estão embarcando em sua nave.


— Vamos libertar o Comandante Alderson agora. — Mitch fez

uma pausa. — Pergunte a sua amiga se os Veslor já foram embora e

depois sairemos. Eu não sairei daqui até que eles o façam.

Ela inalou lentamente e bufou. — Os Veslor nos salvaram. Você

está agindo como se não pudéssemos confiar neles.

— Eles já seriam aliados se fossem dignos de nossa confiança.

Você realmente correu um grande risco, Vivian.

— Eu não tive escolha. E valeu a pena. Eles mantiveram sua

palavra.

— Você deixou alienígenas entrar em nossa nave. É uma sorte

que eles não roubaram o Gorison Traveler e cortaram o suporte de

vida para matar todos nós. — Uma das agentes de segurança do sexo

feminino resmungou. — Você teve sorte. Jogou com nossas vidas. Isso

não é legal.

Vivian olhou para ela. — Nós já estávamos bem fodidos pelos

Ke'ters. Você ignorou os corpos pelos quais passamos com seus

estômagos abertos ou está completamente cega? Eles foram comidos.


— Este não é o momento de discutir. — Mitch se aproximou. —

Guarde sua merda, Yole. O resultado é tudo o que importa agora.

Vivian fez o melhor que pode e não estamos mais presos em quartos.

— Bem, se ela está dizendo a verdade. — Hugh Bark murmurou.

— Seria como ela transformar um montículo em uma montanha e

fechar os olhos.

Vivian se virou para ele. Eles tinham uma história. — Você quer

dizer quando eu escrevi esse relatório sobre como você me assediava

a até que ordenaram que ficasse longe? Essa é a verdade e você sabe.

Simplesmente não suportou que o derrubei quando você bateu em

mim. Novas notícias, Hugh. Você não é tão gostoso assim e sua versão

de conquistar uma mulher é definida como perseguição.

— Parem! — Mitch ordenou. — Não é uma questão de saber se

os Ke'ters nos atacaram ou não. Eles o fizeram. Nós vimos as cenas de

crime.

Vivian apertou os lábios.

— Ela mente. — Murmurou Hugh.

— Uau, você evitou uma bala com aquele idiota. —Disse Abby.

— Ele a assediou?
Vivian olhou para a câmera mais próxima e assentiu.

— A nave Veslor se soltou da carga e está voando. Eu admito,

temia que a segurança tentasse prendê-los antes que pudessem sair.

Vivian também temia isso. Compartilhou a maior parte do que

Abby disse com Mitch. Ele ordenou a todos que voltassem ao

elevador.

Eles estavam indo para o Deck Quatro para deixar o

Comandante Alderson sair em seguida. Temia, mas Mitch deixou

claro que ela ficaria com ele.

Chegaram aos aposentos do Comandante Alderson e Mitch

hesitou, encontrando o olhar de Vivian. — Você tem certeza que não

há nenhum Ke'ter ali?

— Eu disse a você que conversamos algumas vezes. O

Comandante Alderson disse que estava trancado em seus aposentos.

Vivian também mencionou sua condição. — Espero que ele esteja

sóbrio desde então.

— Porra. —Disse uma das agentes de segurança em voz baixa.

— Fico feliz que ele estava tendo um bom tempo enquanto nós

estávamos com medo de morrer.


— Abra essa merda. — Respondeu Mitch e apertou o botão da

porta.

— Está desbloqueado. — Abby informou Vivian.

As portas se abriram e um Comandante Alderson muito

desorientado olhou furioso para todos que esperavam do lado de fora

enquanto ele tropeçava. A porta selada em suas costas. Ele usava um

uniforme, mas tinha muitas rugas e alguns dos botões estavam

abertos. Havia até algumas manchas de comida na frente de sua

camisa. E se visse qualquer de seus tripulantes parecendo assim,

seriam mutilados.

Ele olhou para cada um deles, até que viu Vivian. — Sua puta!

Ele se lançou para frente, tropeçou e Mitch ficou entre eles. —

Senhor, estamos no controle da nave mais uma vez. Quais são as suas

ordens?

— No controle? Nunca estivemos em conflito! — Disse o

Comandante Alderson. — Essa cadela fez isso para me envergonhar

e fazer os Ke'ters se voltarem contra os humanos. — Ele tentou

contornar Mitch, com o rosto vermelho e os punhos fechados. — Você

sabe o que fez? Os Ke'ters não compartilharão conosco sua tecnologia


de armas agora. Porra, você terá sorte se não começar uma guerra.

Isto é culpa sua!

Mitch se moveu novamente para impedir que o Comandante

Alderson a alcançasse, ficando entre eles. — Senhor, nós verificamos

a nave e nos deparamos com vítimas da tripulação, com os corpos que

os Ke'ters deixaram. A ameaça era real.

Isso levou a atenção do Comandante Alderson para Mitch. — O

que? Claro que não foi! Era ela fazendo uma brincadeira e

atrapalhando minha carreira! — Ele esticou um braço ao redor de

Mitch, tentando alcançar Vivian novamente.

Ela recuou e esbarrou em um corpo. Um dos membros da

segurança.

— Senhor, respeitosamente. — Mitch tentou novamente. — Os

Ke'ters atacaram nossa equipe. Eu vi os corpos. Foram parcialmente

comidos. Um dos Ke'ters ainda tinha o sangue da vítima nas mãos e

no rosto.

Ele estava falando sobre o médico e o Ke'ter que ela matou

quando o ataque aconteceu pela primeira vez. O médico morreu no

momento em que ela levou todos para a área do Controle Um no Deck


Sete. Esse foi um alívio muito pequeno, que seu sofrimento terminou

sem intervenção.

O rosto do Comandante Alderson empalideceu mais. — Não.

Não. Isso não pode ser verdade. Eles prometeram nos vender armas.

Os Ke'ters não fariam isso.

— É verdade. — Afirmou Mitch simplesmente.

O Comandante Alderson balançou um pouco em seus pés. — Eu

seria um Almirante...

— Ele é de verdade? — Abby ofegou. — Que saco de merda.

Pessoas morreram e ele está reclamando que perdeu uma promoção?

Vivian decidiu fazer uma pergunta importante enquanto ele

ainda estava bêbado. — Senhor, por que os operadores da estação de

controle não estavam em seus postos?

— Eu não respondo a você! — O Comandante Alderson parecia

confuso. — Prenda-a e leve ao calabouço!

Mitch fez um gesto com a mão, ordenando que todos ficassem

imóveis. — É uma pergunta válida, senhor. Por que os operadores das

estações de controle não estavam em seus postos?


A expressão de Alderson mudou para uma de quase... medo?

Então seu rosto ficou vermelho antes que Vivian pudesse se

perguntar sobre isso.

— Siga minhas ordens ou terei todos sob acusações! Leve essa

cadela para prisão! Ela ainda enfrentará uma corte marcial. Assumiu

o controle da minha embarcação!

— Senhor. — Mitch hesitou. — Responda à questão.

— Foda-se! — Comandante Alderson olhou para ele. — Eu não

respondo a você também. Tranque-a no maldito calabouço agora!

— Você está bêbado, senhor? Sinto o cheiro de álcool na sua

respiração.

— O quê? — Alderson perguntou. — Como você ousa!

— Sob o regulamento seis, três e nove da Frota da Terra Unida,

estou assumindo o comando até que você não esteja mais intoxicado.

— Eu o terei expulso de sua posição e também em corte marcial!

Você não pode fazer isso! — O Comandante Alderson perdeu o

controle e deu um soco no Mitch.


Mitch evitou o soco e agarrou o Comandante, girou-o e

algemando.

— Sua carreira acabou! — Gritou o Comandante Alderson.

— Ele tem testemunhas. — Afirmou um dos agentes de

segurança. — Você está bêbado e sem condições de dar ordens,

senhor. Tentou atacar o atual chefe de segurança em exercício. Eu

sustento sua avaliação. Está bêbado.

Mais oficiais de segurança expressaram seu acordo, apoiando

Mitch.

Mitch balançou a cabeça. — Vamos acompanhá-lo de volta para

dentro de seus aposentos.

— Você não tem permissão para entrar lá! Não!

O Comandante Alderson parecia extremamente em pânico de

repente. E Vivian não foi a única que percebeu. Mitch fez um de seus

homens agarrar o Comandante e ficou na frente dele. — Você prefere

que o coloque no calabouço, senhor?

— Sim! Pode também garantir que a sua corte marcial consiga

pelo menos vinte fodidos anos! — Exclamou o Comandante

Alderson.
Mitch virou a cabeça, olhando para Vivian. — Diga a Abby para

abrir suas portas. Ela pode substituir as fechaduras, correto?

— Afirmativo. —Respondeu Abby.

— Eu o proíbo de fazer isso! — Gritou o Comandante Alderson.

— Fique fora dos meus aposentos!

— Ela está fazendo isso no momento. — Vivian informou Mitch.

As portas se abriram na frente deles e Mitch entrou, dois outros

seguranças indo com ele. As portas se fecharam atrás deles e o

Comandante Alderson continuou gritando, xingando e fazendo

ameaças a todos no corredor, prometendo que terminaria suas

carreiras, garantindo que nunca mais trabalhassem em uma nave da

frota.

Minutos se passaram.

— Eu me pergunto o que ele está escondendo. É assim que está

agindo, não é? Ou apenas eu acho isso?

— Não é apenas você, Abby. — Sussurrou Vivian.

A porta se abriu e Mitch saiu, parecendo furioso. Ele olhou ao

redor até que viu quem ele estava procurando. — Thomas, pegue seu
kit de remédios e leve sua bunda lá agora. Há duas mulheres feridas.

— Ele manteve o corpo na frente do sensor na porta para mantê-la

aberto. Então enviou um olhar de ódio para o Comandante Alderson.

— Foi por isso que você esvaziou as salas de controle, não é? Eles são

os únicos capazes de gravar e fazer cópias de filmagens, se quisessem

chantageá-lo por trair sua esposa. — Ele olhou ao redor para sua

segurança. — O bastardo contrabandeou duas trabalhadoras de sexo

da estação de Branston. Ele as manteve em um quarto próximo e as

escoltava para seus aposentos quando estava de folga. Então o

bloqueio aconteceu. — Mitch olhou novamente para o Comandante

Alderson. — E ele claramente descontou suas frustrações nelas. Bateu

muito nas duas mulheres.

— Que porra? — Yole, uma das seguranças, deu um passo à

frente.

— Não é o que parece! — Comandante Alderson respondeu. —

Elas estão de acordo com essa merda. Foi apenas um pouco de sexo

violento. Estou ordenando a todos que esqueçam que isso aconteceu!

— Foda-se você. — Mitch respondeu. — Limparemos seus

aposentos, então você ficará confinado lá.


— Ele deveria ir para o calabouço. — Alguém murmura atrás de

Vivian.

Mitch balança a cabeça. — Ele é um Comandante. Ficará

confinado em seus aposentos até que uma autoridade superior

assuma. Vocês todos sabem dos procedimentos. Vamos segui-los,

apesar de quão desagradável seja. Adoraria trancar sua bunda em

uma cela depois do que acabei de ver e ouvir dessas mulheres.

— Você me deixa doente. — Sussurrou Yole para o Comandante

Alderson.

Vivian estava feliz por não ser mais o único alvo da agente de

segurança quando estava descontente.

Duas mulheres saíram dos aposentos do Comandante e Vivian

ficou chocada com a condição delas. Um tinha um lábio partido e um

olho negro. Sua roupa estava rasgada, revelando marcas no seio

esquerdo e do que parecia ser uma marca de mordida. A segunda

mulher estava em pior estado. Ela tinha ferimentos semelhantes e

Thomas a ajudava a andar, como se algo estivesse errado com uma de

suas pernas.
Mitch soltou as algemas de Alderson assim que a segurança

limpou seus aposentos e depois o empurrou para dentro. — Sele. —

Ele ordenou.

— Você irá se arrepender disso! — Gritou o Comandante

Alderson. — Todos vocês! Eu os destruirei!

As portas se fecharam nos aposentos e todos se entreolharam em

silêncio.

Mitch suspirou, esfregando a ponte do nariz. — Que merda de

bagunça.

— Você realmente acha que ele ordenou que os operadores das

estações de controle saíssem?

Era alguém que Vivian não conhecia, provavelmente novo para

a equipe de segurança, talvez da estação de Branston.

Mitch assentiu e abaixou a mão. — Sim. Ele pode ter fodido com

seus horários para fazê-los pensar que outra pessoa estava cobrindo

seus postos. É a única maneira que posso pensar que ele conseguiu.

Os operadores podem gravar imagens de segurança e armazená-las

nos computadores principais. Ele provavelmente temia ser

chantageado e não haveria como negar qualquer acusação se tivessem


uma prova visual de quem frequentava seus aposentos e por quanto

tempo ficavam, quando ele não estava em serviço.

Mais maldições soaram ao redor de Vivian.

Mitch a olhou. — Eu tenho que colocá-la na prisão, Vivian. Sinto

muito. É o protocolo. Você é uma civil que violou áreas seguras, isso

garantirá uma investigação em grande escala. Gostaria de poder

limitá-la aos seus aposentos também. Você ficaria mais confortável lá,

mas... regras são regras.

Ela esperava isso. — Compreendo.

Ele hesitou. — Eu também terei que prender sua amiga.

— Diga a ele que isso não acontecerá. Tenho autorização total

em todas as naves e posso comprovar isso. Diga a ele para entrar em

contato com o Almirante William Fellows, se estiver em dúvida.

Porra, qualquer um dos altos escalões da Terra Unida, para esse

assunto. Meus pais são donos da D Corp.

Depois de um momento de silêncio atordoado com essa

revelação, Vivian repetiu o que Abby lhe disse.

Mitch suspirou novamente. — Entendido. Preciso do seu fone de

ouvido agora. — Ele olhou ao redor. — Tick, acompanhe-a até o


calabouço e certifique-se de que esteja o mais confortável possível.

Fique com ela.

Uma agente de segurança feminina deu um passo à frente. —

Sim, senhor.

Vivi hesitou. — Obrigado por tudo, Abby. Eu deixarei você

agora.

— Entrarei em contato com meus contatos quando as equipes de

resgate vierem. Você não irá para baixo por nada disso. Eu juro. —

Sua nova amiga prometeu.

— Aprecio isso. — Ela tirou o fone de ouvido e entregou a Mitch.

Ele aceitou e colocou em seu próprio ouvido. — Você fez um

trabalho bom, Vivian Goss. Colocarei isso no meu relatório. Vamos

tentar livrá-la de qualquer merda que aparecer no seu caminho.

Ela piscou para conter as lágrimas, tocada por suas palavras. —

Sim, eu entendo.

— Por aqui. — Tick ordenou, segurando gentilmente seu braço.

Pelo menos ela não estava sendo algemada. A mulher levou-a de

volta ao elevador. Eles tiveram que esperar e Mitch pediu a Abby que
abrisse uma rota para as mulheres, no nível mais baixo do Gorison

Traveler.

— Eu sou Meg Tick. — A mulher sussurrou. — Concordo com

Mitch. Você fez um ótimo trabalho.

— Obrigada. Estou feliz que esteja tudo fora das minhas mãos

agora.

Tick soltou uma risada. — Uma merda, certo? Não posso

imaginar ter que fazer algumas das chamadas que você fez durante o

bloqueio.

O elevador abriu e elas entraram. Vivian já sentia falta da voz de

Abby em seu ouvido. Olhou para a câmera e deu um sorriso triste,

quando o elevador parou, ambos saíram.

Ela estava indo para o calabouço. Pelo menos sabia que eles eram

limpos, graças as visitas que fez com Big M. Qualquer cela em que

fosse colocada conteria um único beliche, um colchão fino, um

cobertor, uma pia e um vaso sanitário.

— O Comandante Anderson será derrubado com está besteira.

Ele estava tão bêbado. Já era hora de algo acontecer, maldição.


Vivian virou a cabeça e observou sua companheira. — Ele é um

idiota.

Tick bufou. — Aquele desgraçado veio a mim algumas vezes,

implicando que eu poderia conseguir uma promoção se dormisse

com ele. Como se um pequeno aumento salarial valesse esse trauma.

Falando em pequeno, todo homem age assim quando possui um

micro pênis, na minha experiência.

Vivian percebeu que Tick estava tentando animá-la. Não

funcionou, porém, quando estava trancada na cela.

— Você está com fome?

— Não.

— Eu também não. — Tick se encostou na parede. — Então foi

você quem entrou com acusações contra Hugh? Bom. Ele também me

perseguiu, pensando que cairia em algum momento, até que bati sua

bunda na sala de treinamento meia dúzia de vezes. Assim ele decidiu

que eu não era um alvo fácil o suficiente.

— Ele pensou que porque fui adotada, Big M não aceitaria minha

palavra sobre a dele. Estava errado.


— Big M era um bom homem. Justo. Sinto muito. Todos nós

perdemos com a morte dele.

Vivian sentou-se no colchão do beliche e então se deitou. —

Obrigada. Estou cansada. Você se importa se eu tirar uma soneca?

— Continue. Você mercê dormir. Verificarei tudo por aqui para

ter certeza de que não morreremos de fome até que estejamos

oficialmente fora do bloqueio e eles possam abrir as cafeterias

novamente. Deus, senti falta de refeições cozidas. Odeio aquelas

barras de racionamento de emergência que todos tivemos que comer.

Vivian fechou os olhos e seus pensamentos instantaneamente

foram para Brassi, imaginando como ele estava, onde estava agora...

e esperando que fosse capaz de usar aquele cartão para entrar em

contato. Tick não a revistou.


Capítulo Oito

O Sub-comandante Garland Shaw olhou para Vivian do outro

lado das barras. Ele agora estava no Comando do Gorison Traveler,

com o Comandante Alderson preso em seus aposentos. Ele foi vê-la

uma vez que o bloqueio foi levantado, libertando todos os membros

da tripulação.

Meg Tick a manteve atualizada. Os restantes três Ke'ters foram

encontrados onde Vivian já adivinhou, presos dentro dos aposentos

da tripulação. Suas vítimas estavam mortas e comidas. Nenhum deles

se rendeu pacificamente. A equipe de segurança precisou matá-los.

Apesar disso, as primeiras palavras do Subcomandante Shaw

mataram qualquer esperança que Vivian tinha de libertá-la. — Você

está com sérios problemas.

Vivian abriu a boca, pronta para se defender.

— Desculpas não importam. Você violou o Controle Um,

ilegalmente, devo acrescentar e iniciou o bloqueio antes que nossas

forças de segurança pudessem lidar com a situação. Então nos deixou

presos em quartos, incapazes de fazer qualquer coisa. Então permitiu


alienígenas sem aliança bordo de uma nave da frota. Eles poderiam

ter roubado e matado todos! Você enfrentará a vida na prisão, se não

execução.

Ela apertou os lábios.

— É assim que vejo, assim como o Comandante Alderson. Fique

à vontade atrás das grades, Srta. Goss. Esta é sua nova vida.

Sem lhe dar uma palavra de defesa, ele girou nos calcanhares e

saiu das celas.

— Que idiota! — Meg sussurrou uma vez que ele se foi. — Nós

temos mais de sessenta mortos, da última vez que ouvi. — Ela

balançou a cabeça. — Reese disse que o bloqueio aconteceu menos de

cinco minutos depois que você notificou a segurança do ataque na

sala de interrogatório. Nem todos nós somos idiotas, Vivian... e se os

Ke'ters mataram muitos de nós nesse intervalo? O bloqueio salvou

muito mais vidas porque você agiu rapidamente. O que a pensar em

ir até lá?

— Mikey me disse para ir.

— Ele deu a você os códigos de acesso para entrar no Controle

Um?
Vivian balançou a cabeça. — Big M fez depois do que aconteceu

com o transporte Hail Nine.

Meg assentiu. — Inteligente. Com os rebeldes agindo, é sempre

um medo real que possam ter como alvo membros da tripulação de

alto escalão com acesso a salas de controle em naves. O Big M fez o

upload do seu DNA para lhe dar acesso à ponte também? Eu ouvi que

ainda estamos bloqueados. Talvez você possa negociar seu futuro

com isso.

Ela balançou a cabeça. — Somente o DNA de um Almirante pode

fazer isso.

— Eu não sabia. — Meg mudou de posição, encostada na parede

em frente a ela no corredor da cela. — Pelo menos nós finalmente

conseguimos uma transmissão da Estação Espacial Branston. Eles

estão enviando naves de resgate. Devem chegar em cerca de sete dias.

— Espero que tragam um Almirante com eles ou o Gorison

Traveler permanecerá aqui por muito mais tempo, já que não pode ser

pilotado.

— Os caras da tecnologia estão tentando encontrar um caminho

para ponte. Aquela sua amiga, Abby Thomas, está trabalhando com

eles.
— Bom. — Vivian sentou-se em seu beliche.

— Imagine o dinheiro que ela e sua família valem. Eu soube

desde que o Sub-Comandante Shaw percebeu quem ela era, que

começou a beijar sua bunda, grande momento. Ela é, aparentemente

uma celebridade. Eles deram a ela livre acesso a praticamente

qualquer nave.

Vivian ficou feliz em ouvir isso. Odiaria ter Abby trancada na

cela ao lado dela.

O comunicador de Meg zumbiu e ela respondeu. — Tick aqui.

Vivian não conseguiu ouvir o que foi dito a oficial de segurança,

mas Meg assentiu. — Estou indo. — Ela olhou para Vivian. — Eles

têm o refeitório funcionando. Eu tenho permissão para fazer uma

pausa. Volto em uma hora e trago algo para você.

— Obrigada. Uma refeição quente parece boa.

— Qualquer coisa. Eu nem me importo se estiverem apenas

servindo macarrão e aquela coisa branca que chamam de frango.

Vivian a observou sair e as portas no final da cela fecharam mais

uma vez, deixando-a sozinha. Recostou-se na parede, suspirando.


Fazia cerca de oito horas desde que foi trancada e poderiam

passas mais algumas semanas. E se Shaw e Alderson conseguissem o

que queriam, seria pelo resto de sua vida. Eles não se importavam

porque fez aquilo. Pareciam estar procurando alguém para punir. E

os Ke'ters estavam todos mortos.

As portas se abriram e Vivian virou a cabeça, surpresa quando

Abby entrou. Sua amiga trocou de roupa e agora usava algum tipo de

macacão preto com muitos bolsos grandes, o cabelo vermelho preso

para trás em um rabo de cavalo.

Vivian foi até as barras. — O que você está fazendo aqui?

— Nós não temos muito tempo. — Abby tocou o painel

codificado e os bloqueios se abriram. Ela puxou a porta. — Venha

comigo.

Vivian hesitou. — Eu não tenho permissão para sair.

Abby estendeu a mão, agarrou-a e puxou-a para fora da cela. —

Você está em perigo! Vamos. — Ela a soltou e girou, correndo em

direção às portas. — Fique atrás e confie em mim.

Vivian correu atrás dela. — O que está acontecendo?


— Aquele pedaço de merda do Sub-Comandante Shaw está

conspirando com Grande Idiota Alderson para girar esse pesadelo

inteiro e colocar a culpa nos outros. Invadi suas conversas privadas.

Eles dirão que foi você, como o especialista cultural da nave, quem

recomendou que os Ke'ters entrassem a bordo. E depois do ataque,

você trancou todos antes que a tripulação pudesse fazer qualquer

coisa para salvar a nave, porque supostamente entrou em pânico,

percebendo que grande erro que cometeu.

Vivian ficou momentaneamente atordoada. — Isso não é

verdade! Eu sequer fui consultada. Inferno, sequer tinha permissão

para me aproximar dos Ke'ters.

— Estou ciente, claro. Eles também culparão o Chefe da

segurança por permitir aos Ke'ters tal liberdade na nave, incluindo o

acesso tanto à ponte quanto aos operadores nos Centros de Controle.

Vivian sentiu-se mal. — Meu pai não...

— Eu sei. —Interrompeu Abby. — Eles estão tentando salvar

seus empregos, Vivian e não se importam com quem precisam culpar.

Big M está morto. Ele não pode se defender. Nem a tripulação da

ponte assassinada, que aparentemente recebeu ordens do

Comandante para abrir para os Ke'ters.


— Mas você ainda está aqui e eles não podem permitir que viva

para testemunhar sobre o que realmente aconteceu. Decidiram que

seria bom se cometesse suicídio por causa da culpa de tantos

tripulantes mortos, por causa do que você e seu pai supostamente

fizeram. É por isso que precisamos levá-la para segurança. Eles a

matarão, Vivian.

— Mas... há gravações! Não há como se safarem dessa merda.

— O Sub-Comandante e o Idiota prenderam Reese em seus

aposentos. Ele planeja colocar o Comandante Idiota de volta no

comando para que possam destruir qualquer prova do que aconteceu

antes e durante o ataque. E você será a culpada por isso também.

Idiotas!

Chocada, Vivian apenas pode suspirar.

— Mas tenho planos para eles. — Abby fez uma pausa, abriu as

fechaduras para obter acesso a outra porta e elas entraram na área de

carga. — Você precisa se adequar. — Ela apontou para parede

distante e puxou um pequeno bloco digital de um dos bolsos. Seu

dedo bateu e parte da parede se abriu. Um traje espacial saiu,

pendurado em um braço mecânico que o mantinha na posição

vertical.
Vivian ainda estava se recuperando de tudo que ouviu. — Eles

não podem fazer isso!

— Eles podem tentar, mas não irão se safar. Eu me assegurei

disso. Mudei os códigos de acesso para todos os quatro centros de

controle. Também os tirei do núcleo do computador, onde tudo está

armazenado, mas fiz backups primeiro das horas antes, durante e

depois do ataque, apenas por precaução. Eu já os enviei para um

computador em casa. Entre no traje.

O traje abaixou, o braço mecânico ainda o mantinha no lugar.

Vivian franziu a testa. — Isso é para reparos exteriores.

— Sim, é. — Abby tocava em seu bloco. — Apenas agache dentro

do traje e quando eu abrir as portas exteriores, criará um vácuo que

irá afastá-la da nave.

Abby empurrou o bloco de volta no bolso e retirou um segundo

dispositivo de outro. Era do tamanho da palma da mão e quando o

ativou, uma luz vermelha começou a piscar. Quando Vivian

continuou em estado de choque, sua amiga agarrou a frente de sua

camisa e literalmente começou a empurrá-la para dentro do traje.


— Este é um sinal de socorro que roubei de uma das cápsulas de

emergência. Não poderia colocá-la em um, já que apenas a ponte pode

lançá-los. O traje espacial ajudará a tirá-la da nave.

O choque de Vivian começou a se desgastar... substituído por

medo paralisante.

Abby agarrou seus braços e deu-lhe uma sacudida. — Não fique

parada aí, merda! Eu desliguei todas as câmeras neste nível, mas a

segurança pode fazer varreduras. Entre no maldito traje, Vivian! Nós

não temos muito tempo. Alguém também pode desconfiar quando

sua guarda aparecer para comer enquanto deveria estar de plantão.

Eu... hum... a liberei por uma hora, fingindo ser um de seus

superiores.

— Você quer que eu flutue no espaço até que as equipes de

resgate venham? Não acho que os trajes armazenam oxigênio

suficiente para isso.

— Eles não o fazem. — Abby sorriu.

Vivian ficou ainda mais alarmada. — E isso a deixa feliz? Acha

que é uma maneira mais gentil de morrer frente ao que o

Subcomandante Shaw e o Comandante Alderson planejam para

mim? Por que não posso me esconder em uma das salas de controle?
— Isso será mais seguro a longo prazo. E... há alguém lá fora

esperando para buscá-la.

Vivian rapidamente descobriu como entrar na abertura em

forma de Y do traje, que incluía abaixar a cabeça para entrar no

capacete preso antes de colocar os braços nas mangas. As luvas eram

grandes e ela precisou subir na ponta dos pés e empurrar a bunda até

a parte de trás do traje para passar as pernas pela divisão alta, que

ainda se enterrava nela desconfortavelmente até que colocou cada pé

nas botas. Eram enormes, ela tinha sapatos e ainda havia muito

espaço dentro deles.

— Isso não se encaixa tão bem.

— Você não precisa andar por aí. Bem, não muito, de qualquer

maneira.

Os trajes também eram pesados e volumosos, como máquinas

em forma de corpo. Ela virou para Abby depois que entrou. — Será

um passeio difícil, já que a divisão de perna central é projetada para

alguém muito mais alto.

— Sinto muito. O que importa é que você será pega em breve.

— Por Brar?
— Sim. — Abby puxou o bloco. — Vamos. Está prestes a selar e

soltarei os grampos. Essas roupas foram projetadas para serem

mantidas no lugar durante a despressurização e depois liberadas

quando não há mais oxigênio. Estou ignorando essa função. Apenas

afaste-se da parede uma vez que eu me for e agache perto da porta

exterior.

— Espere! — Ela estava começando a entrar em pânico. — Por

que eles apenas não atracam novamente para me pegar?

— Preciso explodi-la Vivian, para levá-la para além dos sistemas

de defesa automática da nave. O Sub-Comandante Shaw e o

Comandante Idiota colocaram os motores on-line e estão

monitorando-os. O sistema de defesa não terá como alvo este

processo, já que é codificado como parte da nave. Isso é mais rápido

do que hackear nossas defesas de qualquer maneira. Ele saberia que

ficaram off-line e provavelmente mandariam segurança atrás de mim.

Vivian entendeu, infelizmente. — Então você realmente me

tirará desta nave?

— Sinto muito. Pode ser uma viagem difícil, mas saiba que Brassi

e sua equipe estão lá fora para pegá-la. O farol que ativei garantirá
que eles tenham algo para encontrá-la. Não há mais tempo. Você

precisa ir.

— E você? Estará em perigo se ficar.

Abby sorriu. — Não se preocupe comigo. Posso lidar com idiotas

e impedi-los de destruir evidências. Vamos.

Vivian ficou tensa e Abby bateu no bloco. O traje se fechou da

garganta sob o elmo preso, descendo pelo peito e estômago, ao redor

de suas pernas, surpreendendo-a e apertando-a para se ajustar à

forma do corpo, então a braçadeira acima dela se soltou. Ela quase

cambaleou sob o peso do traje, mas conseguiu ficar de pé.

Ainda podia ver Abby desde que o capacete do traje era estava

claro.

— Divirta-se com o alienígena sexy. Deixe-o fazer aquilo de tirar

a camisa para confortá-la. — Abby gritou, ainda sorrindo e recuando

com seu bloco. — Entrarei em contato quando for seguro para você

voltar para casa!

Vivian observou Abby sair do compartimento de carga e as luzes

vermelhas começaram a piscar. Ela sabia que era um aviso de que as

portas externas estavam prestes a abrir. Geralmente a sala era


descomprimida primeiro, o oxigênio expelido. Fez isso quando se

preparou para o Brar atracar na nave deles.

Ela virou, movendo-se devagar para o centro da sala de costas

para as largas portas externas. Apesar do ajuste, ainda parecia andar

em algo quatro vezes maior e cem quilos mais pesado que seu corpo.

Cada passo que dava era um esforço para não tropeçar nas botas

volumosas.

— Você está pronta?

A voz no capacete a surpreendeu. — Ainda não.

— Depressa! Nós não temos muito tempo. Gostaria de sair desse

nível antes que a segurança me encontre ou perceba que a tirei do

calabouço. Pretendo ficar no Controle Um até que a ajuda chegue, já

que não confio naqueles bastardos para não tentar me matar também,

não importa quem sejam meus pais.

Vivian se agachou ou tentou, mas o peso do traje a fez cair. Ela

se preparou enquanto ficava deitada ali. — Agora. Obrigada, Abby.

— Pule, tanto quanto possível. Estou com os controles para abrir

rapidamente as portas para que você não as atinja na saída. Pelo

menos, essa é a teoria com a qual estou trabalhando.


— Porra. — Vivian murmurou. Ela puxou seus membros para

mais perto de seu torso e abaixou a cabeça. Era difícil de fazer no traje

espacial volumoso. — Pronto.

Um alarme alto soou e então tudo foi movimento.

Ela sentiu seu corpo ser brutalmente puxado em uma direção,

toda a luz se foi por um breve momento. O capacete queimava com

uma iluminação suave e fraca, mas ainda era uma escuridão total ao

redor dela. A selvageria era uma coisa do passado, o peso do processo

não era mais um problema. Teve vislumbres fugazes do Gorison

Traveler enquanto seu corpo rolava rapidamente através da escuridão.

A nave era enorme a princípio, mas enquanto seu corpo continuava

se movendo sem peso, aumentando cada vez mais à medida que

descia pela escuridão do espaço.

Quando viu o Gorison Traveler novamente, foi de uma distância

maior.

A voz de Abby veio do capacete. — Vivian? Diga-me que você

está viva e não a matei.

— Estou bem e fora da nave. Eu não bati nas portas. Não estou

ferida.
Abby riu. — Eu sabia que funcionaria. A comunicação cortará

em breve. É uma coisa de intervalo. Boa sorte.

— Seja cuidadosa. Tem certeza de que não quer vir comigo?

— Eu não posso controlar tudo que estou usando para invadir

sistemas se estiver de traje. Apenas posso tirá-la da nave. Ficarei bem.

Estou a caminho do Controle Um agora.

— Deixe-me saber quando chegar lá.

O silêncio a cumprimentou. Seu corpo rolou novamente,

flutuando pelo espaço. — Abby?

Ela não respondeu.

Vivian teve outro vislumbre da nave então, ainda mais longe. Ser

sugada para fora do porão de carga com o oxigênio a impulsionou do

Gorison Traveler como se estivesse usando propulsores.

Provavelmente foi além do intervalo de comunicação.

Ela continuou rolando, já que não conseguia descobrir como

parar. Olhava para o espaço, ocasionalmente avistando a cada vez

menor Gorison Traveler, até o ponto em que não conseguia mais ver as

luzes da nave.
Apenas a escuridão e o silêncio a rodeavam pelo que pareceram

infinitos minutos. Vivian lentamente começou a se preocupar quando

estimou que uma boa meia hora se passou desde que foi descartada

da nave.

Onde estava Brassi?

O medo surgiu também. E se o farol não funcionasse? E se ele

não pudesse encontrá-la ou mentiu para Abby sobre pegá-la?

Ela se acalmou sobre a última parte. Brassi foi honesto e

honrado. Ele não diria que a pegaria se não planejasse fazer isso.

Precisava ter fé nele mais uma vez. Ele a encontraria e resgataria.

Apenas esperava que isso acontecesse antes que o suprimento

de ar do traje acabasse.

Ela não fez reparos externos e sabia muito pouco sobre os trajes.

Eram usados por equipes especializadas e treinadas para trabalhar no

exterior da nave quando algo dava errado. Ouviu que eles realmente

tinham pequenos controles de propulsão, mas não tinha certeza de

como acessá-los.

Vivian levantou os braços e aproximou-os da máscara do

capacete para inspecioná-los, notando um bloco em um deles. Estava


escuro, não ativado. Não se atreveu a tentar ligá-lo. Com sua sorte,

cortaria o oxigênio ou abriria o traje por acidente, o que a mataria.

Ela caia muito lentamente agora, olhando para trechos

intermináveis de espaço escuro. Não podia mais sentir o movimento,

já que a gravidade se foi. Era esquisito, muito quieto e tentou manter

a calma.

— Cinquenta por cento. —Anunciou uma voz robótica pouco

tempo depois.

— Olá?

O traje não respondeu.

Vivian tentou desacelerar sua respiração. Cinquenta por cento

provavelmente significava suprimento de oxigênio. Olhou para fora

do capacete, procurando por qualquer sinal da nave de Brassi, mas

não havia nada.

Virou a cabeça, continuando a procurar na escuridão. Minutos

depois, ela viu algo.

Ela tentou se concentrar, mas seu corpo rolou devagar,

removendo-o de vista. Então lentamente voltou a ver. Era leve e vinha

diretamente para ela. Deveria ser Brassi e sua equipe.


— Brassi? Você pode me ouvir?

Não houve resposta. Talvez o traje não pudesse se conectar a

nave dele ou talvez ela precisasse ligá-los. Não que soubesse como

fazer isso.

As luzes se aproximaram e ela percebeu a forma de uma grande

nave. Não era sequer próxima do tamanho de uma nave da frota.

Apenas esperava que fosse Brar e não alguma nave enviada pelos

Ke'ters para descobrir por que seus companheiros não levaram

Gorison Traveler de volta.

A nave tinha um casco de superfície escura, poucas luzes e voava

bem próximo a ela, quase perto o suficiente para tocar, fazendo Vivian

temer bater e fazê-la rolar em outra direção. Em vez disso, deslizava

lentamente, até ficar atrás dela.

Uma escotilha se abriu e ela levou os braços e as pernas para

dentro. Luzes brilhantes piscaram, mostrando o que parecia ser um

porão de carga.

— Merda. — Eles iriam apenas deixá-la flutuar por dentro.


Vivian prendeu a respiração até chegar ao porão. Bateu na

parede, saltou, mas selaram as portas externas antes que ela pudesse

flutuar novamente para o espaço.

E de repente, ela começou a sentir um peso em seu corpo e seu

traje caiu no chão. O que apenas piorou, até que ela sentiu como se

estivesse sendo esmagada pelo traje contra o chão de metal no qual

estava deitada. As luzes dentro do compartimento de carga eram

incrivelmente brilhantes. Apertou os olhos, tentando distinguir

qualquer coisa da visão limitada além de seu capacete levemente

virado.

Vivian lutou para se sentar, mas depois de ficar livre da

gravidade, o traje parecia ter um peso de duzentos quilos. Ruídos

abafados vieram para ela... alguma coisa sibilando, em seguida, altos

passos de botas. Alguém se agachou sobre ela e mãos agarraram

várias partes do traje. Mal podia senti-las através do material grosso.

Ela foi levantada e virada de costas...

E então o rosto preocupado de Brassi estava a centímetros de

distância.

Ele rosnou alguma coisa e levantou a cabeça um pouco. Isso lhe

deu uma visão melhor, agora que ele não estava na cara dela. Dois
outros Veslor apareceram a cada lado dela. Um deles ergueu uma

lâmina torcida de aparência aterrorizante, ela sentiu o corpo

estremecer um pouco. Eles estavam cortando o traje.

Ela não protestou, já que não tinha idéia de como abri-lo. Apenas

esperava que eles acidentalmente não a cortassem.

Ar entrou em todos os lugares aonde cortaram o traje. Isso a fez

perceber o quão fria estava no espaço antes de entrar na Brar.

Brassi se aproximou de sua máscara novamente e começou a

puxar o capacete.

— Isso não funcionará. — Ela gritou, esperando que ele pudesse

ouvi-la. — É uma peça. Não sai. Abra o traje para que eu possa me

mexer.

Ele rosnou algo em sua língua, mantendo o olhar nela. — Você

está ferida?

— Não. — Ela deu-lhe um pequeno sorriso.

Ele não sorriu de volta. Em vez disso, ele virou a cabeça,

rosnando mais ordens para seus homens. Sentiu uma mão apertar sua

barriga, mais puxões no traje e então as mangas estavam sendo

rasgadas de seus braços. Ela curvou os dedos para tirá-los das luvas
embutidas. Mãos agarraram seus tornozelos e soltaram as pernas.

Então seu corpo foi puxado para baixo para tirar a cabeça do capacete.

Ela respirou o oxigênio filtrado da nave. Era quente e cheirava a

algo como pinheiros.

Brassi colocou as mãos sob ela e levantou-a, ficando de pé. Ainda

sentia seu corpo pesado, apesar de se livrar do traje, mas ela

conseguiu agarrar levemente seu ombro.

— Vassi está esperando em nossa ala médica por você.

— Estou bem.

Brassi não diminuiu, dando mais ordens aos homens atrás deles

enquanto atravessavam uma porta que se abriu automaticamente

quando se aproximou. As luzes brilhantes diminuíram em um

corredor. Era estreito comparado aos corredores do Gorison Traveler.

Ele a levou para um elevador, que também se abriu automaticamente.

Adivinhou que a nave dele não tinha muita segurança ou estava

programada para lê-lo e abrir as portas quando se aproximasse.

Ele olhou para seu rosto. — Sinto muito por deixá-la lá por tanto

tempo. Nos disseram que seria expulsa na direção oposta. Tivemos


que nos manter longe o suficiente para evitar que sua nave nos

atacasse, então voltamos uma vez que pegamos seu sinal de socorro.

— Está bem. Fico feliz que você veio. Sinto muito que precisou

fazer isso.

O elevador parou e as portas se abriram. Ele desviou o olhar e

caminhou para frente.

— Eu posso andar. Quer dizer, estou sofrendo um pouco com a

gravidade, mas não é nada comparado a estar nesse traje.

Brassi continuou andando rapidamente por um corredor reto até

que parou e se virou quando outra porta se abriu.

Ela ficou cara a cara com outro Veslor. Este deveria ser Vassi. Ele

tinha cabelos negros, olhos dourados e parecia muito com seu irmão,

então este era meu palpite. Sua voz, quando ele falou, confirmou isso.

— Coloque-a na mesa de exame.

— Estou bem.

Eles não pareciam se importar. Brassi deitou-a em uma cama

confortável e Vassi passou um scanner sobre ela. Fez uma pausa

acima do peito e franziu a testa. — Dispositivo mecânico.


— Oh! — Ela esqueceu sobre isso. Desabotoou a parte superior

da camisa e colocou a mão dentro, encontrou-o e puxou para fora. —

É o rastreador que Abby me deu para ajudá-lo me encontrar quando

estava no espaço.

Brassi pegou e virou, indo para uma parede. Houve um leve

assobio, então ele voltou.

Vassi terminou seu exame. — Sua temperatura corporal é um

pouco mais baixa do que deveria ser, leituras elevadas,

provavelmente, de estresse, mas no geral, ela está em boa condição,

considerando sua recente provação.

— Ela bateu na parede de carga com seu traje. Yoniv tentou

ajustar a gravidade para desacelerá-la quando chegou, mas falhou.

— Eu estou bem. — Ela assegurou a ambos. — Mesmo. Os trajes

são parecidos com conchas. Eles podem receber alguns danos.

— Você não pode, no entanto. — O tom rouco de Brassi

implicava que ele ainda estava com raiva.

Ela tentou se sentar, mas seu corpo ainda parecia lento. Brassi

ajudou-a, suas grandes mãos gentis. Ela sorriu para ele novamente e

depois observou as feições de Vassi. — É bom finalmente vê-lo.


Ele pareceu confuso por uma fração de segundo, mas então

sorriu, revelando seus dentes afiados. — Certo. Brassi foi o único que

mostrou o rosto.

— Você está dolorida? Está se movendo muito devagar.

Ela virou-se para Brassi. — É apenas uma mudança

gravitacional. Totalmente normal. Estou feliz por apenas

experimentar uma versão leve disso.

—Mudança gravitacional? — Vassi se virou, pegou um bloco

digital e começou a bater nele com um dedo.

— Ajustar a pressurização pode fazer com que alguns humanos

sintam que seus corpos pesam duas vezes mais do que o normal. Eu

não estou enjoada, no entanto. Peguei um transporte para outra nave

uma vez, que estava sobrecarregada. Eles não ligam a gravidade

quando isso acontece. Foi um voo de nove horas. Vi alguns dos outros

passageiros vomitando suas entranhas quando ancoramos e alguns

não conseguiram sequer sair de seus assentos. Precisaram ser

retirados em macas para se recuperarem.

— Danos nos órgãos internos?

A cabeça de Vassi se ergueu.


Ela pensou sobre o que disse, então abafou um sorriso. —Vomitar

suas entranhas é apenas um ditado. Isso significa que esvaziaram o

conteúdo do estômago. Qualquer coisa que tivessem comido ou

bebido voltava.

Vassi assentiu. — Ah.

— Eu me sinto cansada, mas me ajustarei rápido. Sempre estive

em uma nave.

— Sempre?

Ela acenou para Brassi. — Cresci em naves da frota. O maior

tempo que vivi em um planeta foi na faculdade para meus estudos

culturais. Passei dois anos na Terra. Consegui fazer a maioria dos

meus cursos por computador antes disso.

— Seus pais eram da frota da Terra Unida?

— Meu pai era. Minha mãe era uma colona que ele conheceu e

se casou. Ela apenas pode tolerar esse tipo de vida por um ano antes

de se divorciarem.

— Tipo de vida?
— Viver em uma nave. Ela estava acostumada ao ar fresco e com

a superfície, era duro para ela ficar no espaço. Queria voltar para

colônia, para sua família, depois que eu nasci.

— Explique divorciado. — Brassi se aproximou.

— Eles terminaram o casamento. Eu disse que temos contratos?

Ambos concordaram em terminá-lo. Papai ficou com minha custódia.

Ela o viu franzir a testa. — Quando os pais terminam um casamento,

precisam decidir com quem a criança irá morar. Sua colônia ainda era

bastante instável devido às condições climáticas adversas e ambos

concordaram que as naves da frota eram melhores para as crianças,

com suas instalações médicas avançadas e escolas. Então ela me

deixou para trás com meu pai.

— Quando eu tinha dez anos, ele foi morto durante uma missão.

Até então, mamãe se casou com outro homem e teve mais quatro

filhos. Ela sentiu que eu seria um fardo adicional demais para eles e

se recusou a assumir minha custódia. — Isso ainda machucava

Vivian. — Em vez disso, fui adotada pelo melhor amigo do meu pai.

Big M e seu filho foram os que morreram no Gorison Traveler. Eles me

queriam ali e já éramos próximos. Eu cresci com eles. Minha mãe é

alguém de quem nem me lembro.


A compaixão suavizou os traços de Brassi. — Sinto muito,

Vivian.

— Pelo que? Não você aquele que se recusou a me aceitar porque

não queria uma boca extra para alimentar. Não posso agradecer o

suficiente por me pegar e me deixar a bordo. — Ela abaixou o olhar.

— Pode me deixar em qualquer lugar. Eu não quero ser um fardo para

você ou sua tripulação.

— Você é bem-vinda para ficar no Brar por quanto tempo quiser.

Vassi resmungou algo baixo e o que quer que ele tenha dito fez

com que Brassi risse.

Vivian olhou entre eles. — Eu realmente preciso aprender sua

língua.

— Eu disse que não é como se você pudesse comer muito. —

Vassi colocou o bloco para baixo. — Os terráqueos não são fortes.

Ela não podia discordar, comparada a Veslor. — Ainda agradeço

tudo o que você fez. Abby irá esclarecer está bagunça o mais rápido

possível. Eu tenho fé nela.

— Ela me informou sobre o que está acontecendo quando entrou

em contato. — O tom de Brassi tornou-se áspero novamente e a fúria


brilhou em seus olhos dourados. — Você me avisou que alguns de

sua raça não têm honra e seu Capitão é um deles. Não permitirei que

ninguém a machuque. Considere o Brar seu santuário durante o

tempo que for necessário.

— Obrigada.

— Não precisa dizer isso. Agora, você precisa de comida e

descanso. — Brassi deslizou os braços sob ela e a levantou.

— Eu posso andar.

Ele a ignorou mais uma vez, levando-a para fora da ala médica

e de volta para o corredor.


Capítulo Nove

Brassi levou-a para outro nível e saiu do elevador, passando por

portas fechadas até que uma no final de outro corredor reto se abriu.

Era quartos para a tripulação. Havia dois móveis parecidos com sofás,

mas não tinham encosto nem laterais. Algumas almofadas para se

sentar. Uma parede de armazenamento ocupava um dos lados e havia

duas portas internas. Ele levou-a para um dos sofás e sentou-a. Então

se endireitou e recuou alguns metros.

— Eu tenho algo para lhe dizer, Vivian.

Ela manteve o olhar fixo no dele, esperando.

— Não temos espaço para convidados. Precisamos compartilhar

este quarto. Mas você está segura comigo, eu juro. Dormirei no chão

e você pode ficar com a minha cama. — Ele se virou, caminhando até

a parede oposta e bateu em uma seção da área de armazenamento.

Ela se abriu para revelar algum tipo de máquina. Seu corpo escondeu

a maior parte, mas logo um cheiro tentador atingiu seu nariz.

Era carne cozida.


Ela pensou sobre o que ele disse, sobre sua nave não ter quartos

de hóspedes. Isso não era inédito em naves menores. Alguns dos

cruzeiros de patrulha usados para a frota eram assim. Dois membros

da tripulação eram designados para compartilhar pequenos quartos

privados, que continham beliches. Cada um deles vinha com toalete

e pia, um banheiro comum era usado por todos.

— Compreendo. Dormirei no seu sofá, no entanto.

Ele se virou, segurando um prato e uma caneca. Ele se

aproximou e se agachou na frente dela, entregando-lhe o prato

primeiro. Ela aceitou. Havia tiras cozidas de carne e nada mais.

— Coma. Espero que você coma carne. E se não, preparei outra

coisa.

— Carne de verdade? — Isso era uma surpresa.

— Sim. São animais do meu mundo. Não são inteligentes, mas

são abundantes e saborosos. Isso é ofensivo para você?

— Não.

— Tente.
Ela cuidadosamente pegou uma tira de carne. Estava quente,

como se tivesse acabado de ser cozido. A máquina deveria ser um tipo

de replicador de alimentos. Cheirava bem, quase como carne e ela deu

mordeu hesitante.

Sabor explodiu em sua língua. Era delicioso, macio o suficiente

para morder e mastigar facilmente. Sorriu para ele.

Ele sorriu de volta e ergueu a caneca. — Isso é nee. Cheio de

nutrientes e temperado com frutas.

Ela colocou o prato no colo, terminou a tira de carne que estava

comendo e aceitou a bebida. Ela sentiu o cheiro. Cheirava um pouco

como bagas. Tomando um pequeno gole, percebeu que estava gelado

e incrivelmente saboroso. Vivian tomou um gole maior.

— Pedi que Vassi descobrisse tudo sobre sua comida e ele

pensará em mais coisas que você gostaria de comer e beber. Este é o

meu lanche favorito, ele já viu outros terráqueos comerem antes nas

estações que visitamos. Pensamos que esta seria uma escolha segura.

Ela sentia-se tocada e divertida por ele continuar chamando os

humanos de terráqueos. Não importava. Ele era um homem prestativo.

— Obrigada.
— Você diz isso com frequência. Não há necessidade de mostrar

apreço. — Ele ajustou o corpo para se sentar no chão, observando-a.

— O que aconteceu depois que saímos?

Isso matou seu bom humor rápido. — Fui presa. Abby me tirou

da cela, me fez entrar no traje e aqui estou eu. Aprecio profundamente

que você tenha vindo por mim, Brassi. Não precisava. Tenho certeza

que foi ruim precisar voltar, para não mencionar perigoso.

— Sem problemas. Foi uma coisa simples ordenar que Yoniv

mudasse o rumo. Estávamos a apenas duas horas de sua nave quando

Abby nos contatou.

Ela percebeu que isso significava que Abby passou horas

planejando sua fuga e Brassi estava esperando há algum tempo para

que ela saísse de sua cela.

— A carne está muito quente? — Ele se inclinou, franzindo a

testa.

— Não. Está perfeita. Eu gostei.

— Você está fazendo isso. — Ele mordeu o lábio inferior para

demonstrar.
— Eu faço isso quando estou pensando em algo muito

problemático.

— Você está segura aqui, Vivian. Ninguém irá machucá-la. Eu

dou-lhe minha palavra.

— Não é isso. Você me faz sentir segura. — Não era uma

mentira. Ela tinha coisas muito maiores para se preocupar do que sua

situação atual, como seu futuro. E se Abby não pudesse esclarecer as

coisas para ela, seria considerada pela Terra Unida uma criminosa e

assim o Comandante Alderson venceria. — Você salvou minha vida,

Brassi.

Ele rosnou, raiva transformando suas feições. — Abby disse que

seu povo queria matá-la. Eu não entendo porque. Você não fez nada

errado, nos chamou para ajudá-los.

— O Comandante Alderson foi quem autorizou que os Ke'ters

entrassem a bordo do Gorison Traveler. Ele os levou para nossa nave e

eles nos atacaram. Essa confusão toda é culpa dele, mas precisa culpar

alguém. Caso contrário, sua carreira acabaria. Abby descobriu que ele

queria destruir todas as evidências do que realmente aconteceu e

fazer parecer tudo minha culpa.


— Os Ke'ters atacam qualquer um que queiram comer. E isso

seria qualquer nave que não fosse deles. Também nunca fazem o que

os outros querem. Seu povo é tão estúpido?

Ela assentiu. — Alguns deles são. O Comandante Alderson deve

estar bem desesperado agora. Ele não apenas deixou os Ke'ters a

bordo, mas também permitiu que quatro centros de controle

permanecessem não-tripulados. O regulamento afirma que devem ter

operadores o tempo todo. Apenas isso já é motivo suficiente para ser

demitido.

— Seu povo morreu, mas ele está preocupado em manter seu

emprego?

Ela gostava de como Brassi cortou para chegar ao ponto. — Sim.

— Qual é a importância dos Centros de Controle?

Não era exatamente informação classificada. Qualquer um

poderia procurar essa informação se quisesse. — Os Centros de

Controle têm acesso à maioria dos sistemas da nave. O trabalho de

um operador da estação de controle é vigiar tudo na nave. Eles

geralmente dividem os níveis, mas todos os usuários podem acessar

qualquer câmera independentemente. Também são uma salvaguarda

no caso de algo catastrófico acontecer. Por exemplo, se nossa nave


fosse atacada. — Ela arqueou a sobrancelha para ele. — Eu assumi o

Controle Um, coloquei a nave em bloqueio e consegui desligar os

motores mesmo sem estar na ponte.

— Seu pessoal tem medo de ataques assim? Eles acontecem com

frequência?

Ela balançou a cabeça. — Não, mas poderiam. Nós temos alguns

problemas com os rebeldes de tempos em tempos. Eles não têm como

alvo naves da grande frota, por enquanto. A segurança é muito

apertada na maioria delas. Mas teme-se que possam começar a usar

pequenas naves para atirar em nós, dar um tiro de sorte e derrubar a

ponte. Você não pode pilotar o Gorison Traveler de um centro de

controle, mas tem acesso a todos os principais sistemas em uma

emergência, para ajudar a manter a tripulação viva até que outra nave

possa ajudar.

— Por que você tem rebeldes? São de outras raças que odeiam

os seus?

— Não. Eles são, na verdade, residentes da Terra Unida. — Ela

comeu outra tira de carne e colocou a bebida no chão, já que não havia

uma mesa. — A Terra Unida estabeleceu colônias em muitos planetas

e abriu várias estações espaciais. Alguns moradores ficam chateados


com as remessas tardias de suprimentos ou sentem que não recebem

recursos suficientes para florescer. Entendo e simpatizo com a

situação deles. Não deveria ser assim. Então novamente, não faz

sentido para mim que reclamem sobre um serviço de transporte de

alimentos e depois venham a explodi-lo em retaliação quando se

aproxima. Os suprimentos são atrasados ainda mais, até que um

substituto possa ser enviado. Isso não é útil para ninguém, incluindo

as pessoas pelas quais os rebeldes dizem que estão fazendo isso.

— Isso os prejudica.

Ela assentiu e terminou sua comida. — Obrigada.

Ele se levantou, pegando o prato dela. — Pare de dizer isso.

Ela mordeu o lábio. — Eu fui criada para ser educada. Pelo

menos não estou chamando você de senhor.

Ele voltou para ela e sentou no chão. — Senhor?

— É uma forma de respeito por alguém no comando. Você é o

Capitão de sua nave. O protocolo diz que devo somente falar quando

você me fizer uma pergunta e terminar minha resposta com senhor.

Ele apenas a observou.


— Assim, senhor. Obrigada, senhor. Nenhum problema, senhor.

— Isso soa bobo.

Ela riu. — É bom que eu não tenha decidido me tornar um

membro da frota. Aceitei um trabalho civil, mas o senhor ainda é

exigido em uma nave da frota quando se está de plantão ou

conversando com um oficial de alta patente. A frota não é exatamente

como as forças armadas da Terra, mas é modelada como.

— A frota não é militar?

— Mais ou menos..., mas não. A Terra Unida está no comando

de ambos, mas são dois ramos diferentes. Eu sei o quão complicado

isso soa. A frota lida com as colônias, estações e alienígenas, se houver

um conflito. Os militares protegem a Terra, esse sistema solar apenas

e as pessoas que vivem lá.

— Eu entendo. Nós temos algo assim. Combatentes que

escolhem defender apenas nosso povo e planeta, alguns que lutam

contratando seus serviços por boas causas.

— Mas você é um comerciante, certo? Lutou contra os Ke'ters

como se fosse militar.


— A maioria dos Veslor são treinados para lutar. Alguns fazem

isso por pagamento. Eu prefiro trocar para ganhar a vida.

— O que você troca? Bem, se puder perguntar.

— Você pode me perguntar qualquer coisa, Vivian. Mencionei

as colônias de cultivo de alimentos. Nós fornecemos principalmente

alimentos e medicamentos para outras pessoas. Os planetas do nosso

sistema são bons para cultivar coisas. Nosso povo nunca passa fome,

mas não é o mesmo para outras raças. — Ele sorriu. — Nosso

transporte de suprimentos nunca chega atrasado. É uma questão de

grande orgulho.

— Tenho certeza de que meu pessoal poderia aprender muito

com o seu.

Ele assentiu. — Você precisa descansar, Vivian.

Ela estava cansada. — Eu não quero tirar sua cama.

— Eu insisto.

Ela relutantemente assentiu. — Obrigada.


Ele levantou-se e ofereceu sua mão. Sua pele parecia veludo

envolvendo ossos fortes. Ele a colocou de pé e levou-a até a porta à

esquerda. Automaticamente se abriu.

— Sensores de movimento?

— Sim.

O quarto não era grande e a maior parte do espaço era ocupada

por uma cama enorme. O tamanho a chocou um pouco. Deveria ter

quase três metros de comprimento e diâmetro. Havia um armário

embutido em uma das paredes.

— Fique confortável. O banheiro fica ao lado. Sinto muito que os

quartos não estejam conectados.

Ela se virou, olhando para ele. — Eu não tenho nenhuma roupa.

Ele avançou ao redor dela e tocou um painel. Uma gaveta

deslizou para fora. — Pode procurar algo aqui. Use o que você acha

que funcionará. O que é meu, podemos compartilhar. Pararemos em

uma colônia em onze dias, ficaria feliz em comprar roupas que se

encaixam lá.

— Isso é demais, Brassi.


Ele fechou a gaveta e se aproximou dela, parando apenas com

alguns centímetros de espaço entre eles. Seu olhar era gentil. — Não,

não é, Vivian. Eu lhe daria tudo. Estarei aqui quando você acordar.

Ele saiu e a porta se fechou, deixando-a sozinha.

Vivian tirou os sapatos e as meias, depois tirou o uniforme de

tamanho grande. Manteve o sutiã esportivo e a calcinha, deitando sob

as cobertas grossas até encontrar lençóis macios à espera. A cama era

enorme e muito confortável, ela estava exausta. O pequeno descanso

que tomou desde o ataque não foi o suficiente.

Brassi ligou para seu irmão. — Ela está dormindo. Diga-me a

verdade. Ela está bem?

— Eu examinei as varreduras dela. A fêmea está bem. Níveis

elevados de estresse apareceram, mas isso é normal.

— Bom.

— Eu não posso dizer se ela é compatível para reprodução com

a nossa espécie. Eu teria que fazer mais testes.

Ele franziu o cenho. — Eu não perguntei isso.


— Eu não sou cego, irmão. Você está atraído pela fêmea.

Arriscou nossas vidas para ajudá-la.

— Nosso rei quer um melhor comércio com os terráqueos.

— Isso desculpa a primeira vez que ajudamos..., mas você voltou

por ela.

— Era a coisa certa a se fazer.

Vassi fez uma pausa antes de continuar. — Você quer a fêmea.

Brassi suspirou, decidindo que não havia razão para mentir. —

Sim.

— Ela pode não ser capaz de suportar seus filhotes. O que então?

Brassi considerou isso. — Tudo nela me atrai, é diferente de

qualquer outra fêmea. Seu perfume. Sua voz. Quero tocá-la.

— Talvez seja temporário.

— Duvido. —Ele admitiu. — Ambos os lados estão atraídos por

ela.

— Você tem certeza?

— Eu me sinto calmo quando estou perto dela.


— E se ela não puder carregar seus filhotes?

— Não importa. — Ele não queria pensar sobre isso. — Ficarei

triste, mas não o suficiente para me arrepender se ela for minha.

— Ela é pequena e estranha.

Brassi rosnou em advertência.

— Eu não estou insultando sua fêmea, irmão. Estou afirmando

os fatos. Pode até não ser possível para você copular com ela. Deve

descobrir se é compatível antes de entregar seu coração. Imagine se

prender a uma fêmea sem esse tipo de conexão. Isso destruiria seus

dois lados. Não quero matá-lo se você ficar feroz.

Brassi olhou para a porta do quarto fechada. — Ela precisa de

mais tempo.

— Mas não é assim que somos. Conexões são feitas rapidamente.

Descubra agora ou coloque-a na ala médica para se distanciar dela.

Ela pode ficar confortável lá até chegarmos a algum lugar onde estaria

segura.

— Seu próprio povo quer matá-la, Vassi.


— Será a sua morte se você se prender à fêmea e não for possível

copular. Eu conto com você, irmão. Nós todos dependemos de você.

Somos um grupo unido. Sua perda devastaria a todos. Vá para a

fêmea, explique e descubra se são compatíveis. Nosso futuro está na

balança se considerar tudo o que você faz.

Brassi terminou a ligação e voltou para o quarto.

Ele era um Veslor. Vivian não era. Seu povo não tomava

companheiros. Faziam contratos.

Ele fez uma careta, enojado com o conceito. Soava frio e

impessoal. Seria demais para a mulher? Muito intenso? E se ela não

pudesse lidar com ele?

Ele rosnou baixo e esfregou o peito quando sentiu sua fera

interior arranhando-o. — Calma, vamos esperar mais um dia. Eu

também a quero. Concordamos com isso.

Ele parou de andar, olhando para as portas do quarto.

— Precisamos correr o risco.

Ele decidiu comer antes de acordar Vivian. Ela precisava de

descanso. Poderia dar a ela pelo menos algumas horas.


Capítulo Dez

Uma mão grande e quente esfregou suas costas. Vivian gemeu

de prazer, sentindo a massagem incrivelmente boa.

Então se lembrou de onde estava e ofegou, sentando-se. Virou

para encontrar Brassi sentado na beirada da cama. Sua metade

superior estava nua, mas ele ainda usava calça pretas. Era um homem

fera alienígena bonito. Não havia como negar. Sua atenção foi para

seus braços musculosos e peito.

Ele também era um homem fera alienígena grande e em forma.

— Oi. — Ela estendeu a mão e tentou pentear os cabelos com os

dedos. Provavelmente estava uma bagunça. — É de manhã?

Ele balançou sua cabeça. — Você dormiu por quatro horas. Eu

comi, treinei com meu irmão e tomei banho para lhe dar mais tempo.

Mas agora precisamos conversar. Há uma escolha importante que

precisará fazer.

Ela estava intrigada. — Ok. O que é isso?

— Você está ciente que eu sou um Veslor. Estou muito atraído

por você, Vivian. Ambos meus lados estão...


Ela ajustou sua posição, inclinando-se para ele e mantendo os

cobertores até o peito, absorvendo o que dizia. — Eu não entendo.

Quer dizer, a parte da atração sim. Também estou atraída por você.

—Disse ela, decidindo que ele merecia sua honestidade. — Mas o que

você quer dizer com os dois lados? Isso tem a ver com você ser um

metamorfo?

Ele sorriu. — Você está ciente disso?

— Um pouco. Eu li alguns relatórios sobre Veslor, mas não há

muita informação disponível. O departamento cultural queria enviar

um especialista para o nono quadrante para saber mais sobre sua raça.

Obter permissão da Terra Unida leva tempo. Pelo que alguns

humanos relataram, você pode mudar de forma, mas nunca disseram

para o que.

Então seu sorriso desapareceu e seus olhos dourados brilharam

com uma emoção que ela traduziu como preocupação. — Eu posso

lhe mostrar. Você precisa ver meus dois lados para tomar uma

decisão.

Excitação a encheu. — Mesmo? Não é um segredo para seu

povo? Há uma teoria de que pode ser algo que não mostre para outras

raças.
— Outras raças normalmente só veem o nosso lado animal

durante a batalha.

Isso a inquietou um pouco. — Ok. Por quê?

— Você precisa ver para entender. Mostrei minhas garras. Isso é

apenas uma pequena parte da minha outra metade. É... diferente.

Ela franziu a testa.

— Agressão e raiva estão contidas em um lado de nós. Para lutar,

para defender, usamos este lado. Nosso outro lado. A outra metade.

Ela não gostava do som disso. — Você vai me colocar em perigo?

Ele sorriu. — Não. Eu nunca a machucaria, Vivian. Ambos os

lados querem mantê-la segura.

Ele salvou sua vida, duas vezes. Uma vez matando os Ke'ters e

novamente quando a pegou no espaço. Ela assentiu. — Eu confio em

você, Brassi.

— Bom. — Ele hesitou. — Preciso deixar minhas emoções mais

agressivas surgirem para mostrar. Nada é direcionado a você. — Ele

ficou de pé, alcançando a cintura de sua calça.


Ela observou com fascinação atordoada quando ele se inclinou,

lentamente empurrando-a para baixo. Quando se endireitou, ela

forçou o olhar para se fixar no rosto dele enquanto ficava diante dela

nu. Era tentador olhar para baixo, mas não se preocupou em lutar por

muito tempo.

E de repente ele se inclinou novamente, um grunhido baixo

saindo. Arrepios percorreram seus braços ao som animalesco, mas

permaneceu imóvel. Precisava acreditar que Brassi não a machucaria.

Aconteceu rápido. Ele deixou de ser um homem para algo que

se assemelhava a uma pantera da Terra, se fosse cinza escuro, maior,

mais assustador e quase com uma aparência primitiva.

Ele subiu na ponta da cama, seus olhos dourados a observando.

Ela o olhou de volta, de suas grandes patas com garras afiadas

como navalha, para seus membros musculosos, o peito largo e seu

torso. Ele tinha uma pequena cauda que chicoteava para frente e para

trás. Seus dentes eram mais longos agora do que em sua outra forma

e ela tinha certeza de que ele poderia rasgá-la em pedaços, se quisesse.

Seus olhos, no entanto, eram os mesmos que os de Brassi, enquanto

ele a olhava também.


Ela empurrou o cobertor para baixo e lentamente ficou de

joelhos. — Você consegue me entender?

Ele deu um pequeno aceno com a cabeça enorme. — Posso tocá-

lo?

Ele abaixou, esparramado na cama.

Sua mão tremia quando ela a estendeu. Ele deveria pesar

quatrocentos quilos e era muito maior que ela. As pontas dos dedos

dela roçaram o lado dele. A suavidade aveludada desapareceu de sua

pele escura, em vez disso, se sentia suave, mas resistente.

— Isso é incrível!

Ele balançou a calda e depois, com a mesma rapidez, voltou à

forma de homem. Ela ergueu a mão e observou-o esticar o corpo na

cama. Ele estava de barriga para baixo.

Ela olhou para a bunda dele sem resistir. Era musculoso e

corpulento, humano na aparência. A cauda desapareceu.

Vivian soltou um suspiro quando se sentou de volta.

— Somos mais mortais nessa forma enquanto lutamos. Mais

difíceis de machucar.
— Eu posso entender isso. Você pode mudar se não estiver com

raiva?

— É desencadeado por hormônios agressivos.

Ela tomou isso por um não. — Pode controlar? Quer dizer, claro

que você pode. Acabou de fazer. O que eu quero dizer é que, se estiver

conversando com alguém e o deixarem com raiva, você apenas muda

ou é algo feito à sua vontade?

Ele sorriu. — Nunca é acidental. Aprendemos o controle

rapidamente quando somos muito jovens.

Isso era fascinante. — Você disse que preciso fazer uma escolha.

O que tem a ver com isso?

Ele segurou seu olhar. — Minha raça tem companheiros.

— Você me disse isso antes. — Seu coração começou a acelerar.

Ela não era idiota. Ele estava falando sobre o acasalamento, algo sobre

uma escolha. Precisava dizer mais a ela antes de assumir qualquer

coisa. Poderia ser um erro tirar conclusões precipitadas, mas parte

dela não podia deixar de ligar os pontos.

Ele estava prestes a perguntar se ela queria se acasalar? O

conceito era simples. Eles mal se conheciam.


— Estou atraído por você, Vivian. Ambos os lados de mim estão.

Como um Veslor, eu desejo uma fêmea e a tomo como minha

companheira, assim travo dentro dela. Não sei se somos

compatíveis... mas quero descobrir. Mostrei ambos os lados, porque

somos muito emocionais. Nós não apenas vivemos por nossas

emoções, mas elas governam nossos corpos.

Ela estava sem palavras, sem saber o que dizer. Muitas

perguntas enchiam sua cabeça.

— Quero me unir a você. É puro instinto e emoção. Isso significa

que estou atraído fortemente. Tudo sobre você me puxa.

— Acabamos de nos conhecer. —Ela respondeu.

— É assim para os Veslor. Nós sentimos atração intensa e isso

apenas aumenta até que nos agarrarmos completamente a uma fêmea

e a reivindicarmos. — Ele procurou seus olhos. — Não há contratos.

Apenas necessidade e desejo. Eu quero você, Vivian. Permitirá que a

toque?

— Porra. Você está falando sério, não é?

Ele assentiu. — Eu sei que somos diferentes, mas isso não

importa para mim. — Seu olhar desceu para o sutiã esportivo e um


rosnado baixo veio dele. — Eu desejo tocá-la. Senti-la. Copular com

você. Reivindicá-la... mantê-la.

Seu coração batia mais rápido e ela sentiu seu corpo

respondendo a sua voz rouca. A forma como a olhava, a fazia se sentir

quente. — Eu preciso de um banho.

Seus olhos se arregalaram. Ela o surpreendeu. Ele também.

— Eu volto logo. — Ela empurrou as cobertas, saiu da grande

cama, quase correu para fora do quarto e para o banheiro. Era covarde

fugir, mas não podia evitar. Tudo estava acontecendo tão rápido.

Não havia uma tranca na porta. Ela tirou seu sutiã esportivo e

calcinha, então descobriu como usar o chuveiro estranho. Eles

usavam água a bordo da nave. Não estava exatamente quente, mais

parecia morna. Ela ficou sob o jato, tentando desacelerar seu coração,

o que era difícil quando seus pensamentos permaneciam em Brassi.

Ele queria fazer sexo com ela! Não tinha certeza se isso era

possível. Eles eram duas raças diferentes. Ele era muito maior que ela.

Deveria ter olhado sua virilha quando ele se despiu, para descobrir o

que escondia lá embaixo.


Ela abriu um recipiente na prateleira e cheirou o conteúdo.

Frutas de algum tipo. Ela não tinha certeza se era para o corpo ou

xampu. Não importava. Derramou um pouco na palma da mão,

usando-o para esfregar o cabelo e a pele. Então enxaguou e usou a

água para limpar a boca o melhor que pode. Ansiava por uma escova

de dentes.

Fechou a água e usou uma toalha para secar, agradecida por

Brassi não ter entrado no banheiro. Ele queria se acasalar. Possuí-la.

Era uma loucura. Eles não se conheciam bem o suficiente para

assumir um compromisso vitalício.

Então novamente, ela aprendeu muito sobre culturas

alienígenas. Sabia que as práticas de acasalamento variavam muito.

Os Crezzi eram instantaneamente atraídos por seus

companheiros. Formaram laços para a vida sem sequer falar uma

palavra primeiro. Era o cheiro e atração visual que os unia. Então

botavam ovos, dúzias deles e os criavam juntos. Os Richling tinham

vários parceiros de procriação, sem formar um vínculo emocional.

Sua raça era sexualmente atraída umas pelas outras com base na

força. Os mais fracos nascidos de sua espécie nunca se reproduziam.


Eram transformados em algo semelhante a escravos, servindo os

criadores.

— Merda. — Ela olhou para a porta, apreensão enchendo-a. —

Eu não posso me esconder aqui para sempre. Pense, Vivian.

Bem, se os Veslor eram motivados pela emoção ao escolher seus

companheiros, ela fechou os olhos, precisa ser exatamente o oposto.

Racional. Fui treinada para avaliar outras raças e ter a mente aberta.

Era seu trabalho. Nenhuma única vez, porém, considerou que ela

poderia se tornar a companheira de algum alienígena.

Brassi não era apenas um alienígena estranho, no entanto. Ela

abriu os olhos. Não. Brassi era o homem que salvou sua vida e lutou

contra os Ke'ters para proteger seu povo. Ele voou de volta para

resgatá-la quando soube que o Comandante Alderson planejava

matá-la.

E Brassi era alguém por quem estava definitivamente atraída,

embora ele fosse muito diferente de sua espécie.

— Merda. — Ela respirou fundo e caminhou até a porta. — Eu

não sou covarde.


A porta se abriu e encontrou Brassi na sala de estar. Ele vestiu

sua calça preta novamente e parou de andar para olhá-la.

— Eu a assustei. Sinto muito Vivian. Eu não quis provocar essa

reação.

— Eu não fiquei assustada. Apenas pressionada. Somos muito

diferentes, Brassi. Humanos fazem essa coisa chamada namoro, onde

passamos tempo juntos, lentamente nos conhecendo. Às vezes

passamos anos namorando antes de decidir nos casar.

— Anos? — Ele parecia chocado e soava ainda mais.

Ela assentiu. — O período mais curto que eu pessoalmente vivi

foi um mês. Um casal que conheço se casou muito rápido. Então,

novamente, eles trabalhavam na mesma equipe epassavam muito

tempo juntos. Depois de um mês, decidiram se unir. Acho que eles

decidiram se casar porque um deles seria transferido para outra nave

da frota. Eles não eram civis. Os trabalhadores da frota vão para onde

são enviados e não recebem a opção de dizer não. O casal não queria

ser separado e há uma cláusula nos contratos da frota que afirma que

os casais têm o direito de serem mantidos juntos. Os contratos

garantem que trabalhem para a frota por anos a fio e até que isso

termine, a frota praticamente os possui.


— Escravidão?

— Nós não usamos esse termo. A frota paga seu treinamento,

investe tempo e dinheiro em sua educação para vários trabalhos. Para

essa oportunidade, as pessoas concordam que a troca vale a pena.

Uma vez que cumprem seu tempo, podem deixar a frota para

trabalhar para outra pessoa. A maioria simplesmente renuncia a outra

pessoa e permanece, já que é segurança no emprego.

— E você? A frota possui seu tempo?

Ela balançou a cabeça. — Não. É uma das razões pelas quais

decidi ser uma trabalhadora civil. Paguei minha própria escola com

dinheiro que meu pai me deixou quando morreu. Escolhi o que fazer.

Brassi aproximou-se dela, parou a alguns metros de distância e

a olhou. — Qual é a sua escolha, Vivian? Devo pedir-lhe que durma

na ala médica para manter espaço entre nós ou ficará comigo? Como

já disse, quero me unir a você.

Ela mordeu o lábio e tentou pensar. — O que acontece quando

você trava?

— Eu não a deixarei ir. Você será minha. Eu serei seu. Nós nos

acasalamos pela vida toda.


— Eu nem sei se somos compatíveis sexualmente.

— Nós podemos descobrir. — O olhar percorreu seu corpo. — O

que são as preliminares na Terra? Como sua espécie se excita?

— Beijando. Tocando. E quanto aos Veslor?

— As fêmeas se aproximam e se tornam fisicamente agressivas.

E se os machos não estiverem interessados, rosnam como aviso para

se afastarem. E se estiverem, lutam e fixam a fêmea sob seu corpo.

Um olhar percorreu seu corpo. Ele era um enorme homem

alienígena que parecia positivamente perigoso. — Uau. Soa violento.

Ela esperava que ele não quisesse isso dela. Seu olhar voltou para o

dele. — Você provavelmente me machucaria. Eu também não posso

me imaginar o atacando. Apenas bati em homens de quem não

gostava e com certeza não queria fazer sexo com eles.

Ele assentiu. — Eu não quero machucá-la, Vivian. Apenas a

quero sob mim.

— Então o quê?

— Entrar em você.
Ela hesitou. — Eu não sei se as nossas partes... combinarão. Estou

curiosa para descobrir, porque estou atraída por você. Apenas não

tenho certeza sobre a parte de acasalamento. Podemos testar se o sexo

é possível sem bloqueio?

— Sim. Eu posso copular com uma fêmea sem acasalar com ela.

— Qual é a diferença?

— É hormonal.

— Como com a mudança?

Ele assentiu. — Eu não posso acasalar se ficar nesta forma.

Ela sentiu o sangue escorrer de seu rosto. — Você quer dizer que

muda para acasalar? Que teríamos que nos unir enquanto você está

em sua outra forma?

— Usualmente. Mas você não é Veslor e não pode mudar de

forma como as nossas mulheres fazem. É algo que teremos que

descobrir. Posso dizer pelo seu medo que não me receberia mudando

para garantir um vínculo assim.

Ela se sentiu mais do que um pouco sobrecarregada. — Nós

temos uma palavra para isso. Bestialidade. É... hum... ilegal.


— Não entendo.

— É ilegal para os seres humanos fazer sexo com... — Ela não

queria insultá-lo chamando a outra forma de animal. Ele não era um,

apesar do que poderia se transformar.

— Alienígenas? Outras raças?

— Algo parecido.

— Sua raça também quer matá-la.

— Alguns deles. Não todos.

Ele inclinou a cabeça, seu olhar dourado fixo nela. — As leis

terrestres não importam aqui. Estamos em uma nave Veslor. E de

acordo com nossas leis, o acasalamento é natural e encorajado se

tivermos a sorte de encontrar nossa companheira. Raça não importa

para o nosso rei. Você será considerada Veslor quando nos

acasalarmos. Seu povo não poderá prendê-la. Eu não permitiria.

Isso poderia ser uma coisa boa, se Abby falhasse e o Comandante

Alderson se safasse com seu esquema. Sua reputação e nome

poderiam ficar além da salvação e a Terra Unida enviaria um

mandado de prisão. Ela teria sorte se passasse o resto da vida na

prisão. Na pior das hipóteses, eles a executariam.


Os Veslor não eram aliados da Terra Unida. Isso significava que

eles não tinham a obrigação de entregar um humano ao seu planeta.

Mas não era motivo para se. Ela se sentia culpada por sequer pensar

nisso como uma razão pela qual consideraria se tornar sua

companheira.

Ela olhou nos olhos dourados de Brassi e empurrou todos os

pensamentos de sua cabeça. Em vez disso, tentou se concentrar em

como se sentia. A atração era mútua. Aproximou-se, querendo tocá-

lo. Como ele a queria também, não havia razão para não fazer.

Ela levantou as mãos e colocou-as em seu peito aveludado,

amando a suavidade de sua pele sob as pontas dos dedos e as palmas

das mãos. Ele era tão firme. Musculoso. Forte. Caloroso.

Suas narinas se alargaram e um rosnado baixo veio dele. Não foi

assustador, mas sexy. Ele estendeu a mão para ela também,

colocando-as em sua cintura coberta pela toalha. — Sim?

Ela se achou assentindo. — Vamos apenas levar as coisas

devagar, ok?

— Sim.
Eles ficaram ali e ela percebeu que ele parecia esperar por ela

para fazer alguma coisa, para iniciar a intimidade. — Devemos ir para

o quarto.

Ele deu um aceno de cabeça.

Ela recuou e deixou as mãos deslizarem pelo peito dele. Ele

soltou seus quadris e seu coração acelerou quando ela se virou,

levando-o para seu quarto. Ela segurou a toalha e engoliu em seco,

puxando. Caiu lentamente pelo corpo dela.

Não ousando olhar para trás para ver a reação dele ao seu

traseiro nu, deitou na cama de costas.

Vivian olhou para seus olhos para encontrá-lo em cada

centímetro de seu corpo. Sentiu calor em suas bochechas, mas ignorou

sua timidez. — Eu sou parecida em algo como uma fêmea Veslor?

Ele balançou a cabeça, sua atenção travada em seus seios. Brassi

ficou parado ali, em silêncio, olhando-a.

Ela interiormente se encolheu e se sentou, resistindo à vontade

de se esconder. — Sou desagradável nua?


Seu olhar foi para o dela e ele fez um barulho suave e estranho

antes de falar. — Não é desagradável. Apenas tenho medo de

machucá-la. Sua pele parece extremamente macia por toda parte.

Ela se perguntou se suave significava mole. Ele estava

chamando-a de gordinha? Não era de se exercitar e além de Big M

fazê-la aprender a se defender, não era exatamente do tipo físico.

Seu olhar foi para seus braços, peito e estômago. Brassi não

parecia ter nada de flacidez sobre ele. Ele era todo músculo e pele

escura.

Não entre em pânico. Desentendimentos acontecem quando

duas raças alienígenas conversam, ela mentalmente lembrou a si

mesma. — Devo me vestir?

— NÃO!
Capítulo Onze

Vivian saltou com o grunhido alto.

Brassi ficou de joelhos. — Sinto muito! Não tenha medo de mim.

Apenas temo machucá-la. Você parece tão frágil. — Ele ergueu as

mãos para ela, mostrando as unhas. Não eram garras no momento,

mas ele tinha unhas grossas e afiadas.

— Você não o fará. — Ela deu-lhe um pequeno sorriso. — Vamos

levar as coisas devagar, lembra? Começaremos com nossas

diferenças. Como são os corpos de suas mulheres, além do fato de que

nossas texturas de pele são diferentes?

Seu olhar desceu para seus seios e ele tocou os mamilos planos

em seu próprio peito. — Os seus são maiores e parecem delicados.

Ela olhou para os seios e estendeu a mão, segurando-os, dando

a cada um, um bom aperto para demonstrar. — Eles não cairão. —

Seu sorriso se ampliou.

Ele rosnou baixo. — Os centros estão endurecendo.

Ele estava falando sobre seus mamilos. — Isso acontece quando

são acariciados ou se está frio.


— Dói?

Ela balançou a cabeça. — Não. — Ela beliscou um para mostrar.

O mamilo endureceu ainda mais. — É bom para a maioria das

mulheres, na verdade. Contanto que não seja muito áspero ou a pele

não esteja ferida, é prazeroso.

Ele caminhou de joelhos até o final da cama, mas parou ali,

colocando as mãos no colchão. Ela observou suas feições. Ele não

parecia enojado, apenas intensamente curioso.

Ela soltou seus seios e ficou mais ousada, abrindo as pernas e

puxando os joelhos para cima. Seu olhar desceu e outro rosnado baixo

veio dele, ainda mais sexy do que o último

— Que tal aqui? — Ela se deitou um pouco, usando os cotovelos

para se levantar para que pudesse observá-lo. Em seguida, ela colocou

os pés na cama, levantando os quadris um pouco quando abriu mais

as pernas. Era descarado mostrar-lhe sua buceta, mas era a maneira

mais rápida de aprender sobre o outro. Ela estava toda para isso. —

Os seres humanos são muito diferentes das fêmeas Veslor aqui?

Ele a olhou. — Você é rosa. Nossas fêmeas são escuras. — Ele

levantou seu corpo, rastejando na cama.


Ela ficou quieta enquanto ele se aproximava. A cama afundou, e

precisou apertar o abdômen para evitar ser derrubada. Brassi ficou

deitado de bruços enquanto avançava entre as coxas dela. Ela

precisou separá-las ainda mais. Ele era enorme, com ombros largos.

Ele levou seu rosto diretamente sobre seu sexo. Não a olhou,

muito concentrado em encarar a parte mais delicada. Ele se ajustou e

levantou a mão.

Ela relaxou quando sua mão aveludada acariciou sua parte

interna da coxa.

— Tão suave. — Ele rosnou.

— Você também.

Isso fez com que sua cabeça se levantasse e seus olhos se

arregalaram.

Ela sorriu. — Sua pele é muito agradável para mim.

Ele inalou. — E você cheira bem... mas não como conheço. Como

eu mudo seu perfume? Você fica oleosa quando está pronta para

copular?
Oleosa? Ela pensou nisso por um momento. — Eu fico molhada.

Sim. — Ela puxou os braços e reclinou-se completamente sorrindo. —

Ok. Lição de sexo de mulher humana. — Ela olhou para ele. — Pronto

para aprender?

— Sim.

— Eu nunca me toquei com alguém olhando antes, mas sei que

aprendo mais rápido se vejo como algo é feito. Eu mostrarei o que me

deixa molhada e meu cheiro provavelmente mudará. Na verdade,

tenho certeza que sim. Eu sei que seu olfato deve ser muito melhor

que o meu e até mesmo eu consigo sentir o cheiro.

— Mostre-me.

Sua voz saiu mais profunda e ela gostou de quão rude soou.

Talvez isso fosse um sinal dele estar excitado. Ele com certeza não

parecia entediado. Isso foi um alívio.

Ela tocou seus seios novamente. — Eles são sensíveis.

Basicamente, a maior parte com o toque certo. — Ela deslizou as mãos

pelas costelas, sobre o estômago e parou em sua buceta. Hesitou,

estendeu a mão e molhou um de seus dedos, lambendo-o. — O toque

seco nessa área não é muito confortável. Isso ajuda. — Ela voltou para
baixo e gentilmente tocou seu clitóris. — Isso é extremamente sensível

e me deixará muito excitada. É também como eu gozo.

— Goza? — Ele estava rosnando as palavras agora.

— Clímax. Gozar. Como completamos o sexo.

— Mostre-me. —Ele insistiu novamente.

Ela começou a esfregar seu clitóris. Ele observava seu dedo e ela

o observava. Ele lambeu os lábios, a visão de sua língua escura a fez

se perguntar como seria a sensação em seu clitóris, em vez de seu

dedo.

Ela abriu mais as pernas, o prazer formigando através dela

quando seu clitóris começou a inchar. Era a primeira vez que se

tocava na frente de alguém e havia algo realmente gostoso nisso.

Ele fez um barulho baixo e levou o rosto ainda mais perto. Ela

podia sentir sua respiração quente. O grunhido ficou mais alto, quase

como um ronronar. Ela esperava que isso fosse uma coisa boa. Seus

olhos pareciam mais brilhantes, mesmo quando se estreitaram.

Também notou o corpo dele ficando tenso, os músculos dos seus

braços contraindo-se.
Ela tirou o dedo do clitóris, indo para baixo, sentindo o quão

molhada estava ficando. Talvez por isso ele estivesse respondendo

assim. Ela definitivamente estava ficando oleosa para ele.

E de repente, ele agarrou seu pulso e puxou a mão para longe de

sua buceta. Ela estava respirando com mais força e quase estava lá,

pronta para gozar.

— O que há de errado?

Ele soltou seu pulso e ela viu quando ele lambeu o polegar e

abaixou-o. Roçou seu clitóris. Era muito mais áspero e texturizado do

que a ponta de seu próprio dedo, mas não doeu. Ele foi gentil quando

começou a esfregar.

Ela gemeu, seus músculos apertando.

Ele olhou para cima, seus olhares fixos. Ele continuou.

— Assim. — Ela conseguiu dizer.

Ele ficou mais ousado, esfregando um pouco mais rápido. Ela

fechou os olhos e ofegou.

Então ele parou, afastando o polegar do clitóris. Ela abriu os

olhos e levantou a cabeça.


— Estou sofrendo. — Ele disse asperamente. — Você está bem

lubrificada.

Ele queria transar com ela.

Ela assentiu, pronta para ver se isso funcionaria. Ela o queria

dentro de si. Já tão perto, ele poderia até ser capaz de penetrá-la.

Eles resolveriam isso. Ela o queria muito.

— Será que a machucará se eu empurrar aqui? — Seu polegar a

tocou novamente, passando o dedo sobre a abertura de sua buceta. —

Você parece pequena.

— As mulheres se esticam. Por que você não me mostra o que

tem?

Ele se ajoelhou na cama e se endireitou. Ela engoliu em seco

quando olhou para baixo. Ele ainda usava a calças preta, mas agora

havia uma grande e grossa protuberância embaixo, o tecido não

escondia muito. Ele parecia grande, mas a forma parecia a mesma que

os humanos tinham.

Ele segurou a cintura de sua calça e empurrou-a para baixo,

expondo seu pau.


Era semelhante ao dos humanos. Na maior parte. A ponta era

mais grossa que o eixo, mas não muito. Era tão escuro quanto o

restante dele. Havia cordões finos correndo ao longo do

comprimento, de baixo para cima até a base, que ela imaginava serem

veias. Inclinava-se para fora enquanto ereto. Seu olhar desceu mais,

para suas bolas. Ele parecia ter apenas uma e havia algo bloqueando

sua visão.

Ela se sentou e hesitou antes de se aproximar dele. Fez uma

pausa, olhando em seu rosto. — Posso tocá-lo?

Ele deu um aceno de cabeça. Suas feições pareciam tensas. —

Vamos nos encaixar?

— Você é grande. Não é um choque. Resolveremos isso. Quer

dizer, você parece um humano. Apenas maior. — Ela passou as

pontas dos dedos na parte inferior de seu eixo, um pouco surpresa. A

textura não era como sua pele aveludada. Em vez disso, era mais

parecida com couro. Couro liso, mas com cumes. Seu pau se contraiu

e um líquido claro saiu da ponta. Não foi muito. Apenas algumas

gotas. Escorreu até a coroa de seu eixo, onde ela o segurava.

Ela tocou, esfregando entre os dedos. Parecia óleo de bebê. Tinha

uma consistência lisa e semelhante.


Óleo. Agora ela entendia. Parece que Veslor tinham uma ótima

lubrificação para o sexo. Ela passou as pontas dos dedos para baixo,

até a coisa estranha que pesou ser suas bolas. Era uma protuberância

sólida, como a cartilagem coberta por couro.

— O que é isso?

— Meu yunce. Protege meu saco de sementes de danos.

Normalmente não fica inchado assim a menos que eu esteja prestes a

copular. Há outro na parte de trás.

Ela não podia ver, mas passou a mão por baixo. Ele podia ter

apenas um, mas era grande, como o restante dele. Ela acariciou...

Ele respirou fundo.

Vivian congelou, olhando-o.

— Extremamente sensível. Não é tocado sempre.

— Estou machucando? — Ela pensou ter sido gentil.

— Não.

— Está tudo bem se eu explorar?

Ele deu outro breve aceno de cabeça.


Ela manteve a mão entre as coxas levemente separadas,

segurando levemente a bola. Cobriu com a palma inteira e depois um

pouco mais. Era macio, sem textura de couro como seu pau. Podia

sentir a outra protuberância atrás, como a da frente. — Isso é bem

legal.

— Eu preciso de você, Vivian. — Ele disse asperamente. —

Podemos discutir meu corpo mais tarde? Eu preciso entrar em você.

Estou com dor agora.

Ela afastou a mão e notou que seu eixo estava lubrificado agora.

Mais daquele fluido claro saiu da ponta de seu pau e seu eixo na parte

de baixo estava bem revestido.

— Sim.

— Vire-se. Nós nos reproduzimos com a fêmea na nossa frente e

de costas.

— Estilo cachorrinho. — Não deveria ser um choque. Ele era um

shifter que se transformou em uma pantera alienígena, afinal.

Ela recuou, ficando de joelhos e se virou. Ficou de quatro, abriu

as coxas e rezou para que ele se encaixasse.


Brassi se inclinou para frente, rastejando sobre ela e sentiu o

membro rígido roçar contra a parte interna das coxas. Ela separou-as

mais. Sua respiração acelerou. Percebeu que era a primeira vez que

fazia sexo sem beijar alguém primeiro... mas descobririam se ela

gostava disso ou não.

Sentiu um pouco de medo, mas o ignorou. Brassi não a

machucaria.

Ele se aproximou, moldando a parte superior do corpo contra as

costas dela, pressionando a pele juntas. A textura aveludada a fez

sorrir. Ele se apoiou em um braço e estendeu a mão, segurando seu

seio. Explorou, dando um aperto suave, em seguida, brincou com o

mamilo. Ela suavemente gemeu. Ele estava levando as coisas

devagar, com cuidado.

O som estrondoso que ele fez anteriormente retornou. Seu peito

vibrou ao longo de suas costas. Era quase como fazer uma massagem

leve. Ele ajustou seu corpo e soltou seu seio, passando a mão sobre o

lado dela até o quadril. Moveu suas pernas, o colchão afundando com

seu peso, enquanto ele parecia se mover mais para um lado do que

para o outro.

— Devagar. — Ele rosnou.


— Devagar. — Ela concordou.

Então ela sentiu a ponta grossa de seu pau esfregar contra sua

buceta.

Ela ainda estava molhada. Ele também estava com aquela

substância clara que seu corpo criou quando o tocou. Esfregou contra

sua fenda algumas vezes e roçou seu clitóris. Ela gemeu e arqueou as

costas, empurrando sua bunda. Ele pareceu gostar disso, ela

adivinhou, quando o barulho e as vibrações aumentaram. Então ele

parou bem em sua fenda... e começou a empurrar.

Seu corpo resistiu um pouco. Ele era incrivelmente grosso. Fez

uma pausa, sua mão deslizando ao redor de seu estômago para

segurá-la. Então empurrou novamente.

Vivian fechou os olhos, forçando seu corpo a relaxar quando ele

entrou. Foi um ajuste apertado, mas seu corpo cedeu, tomando-o. Um

grunhido profundo soou perto de seu ouvido. Ele empurrou mais

para frente, saiu e depois empurrou mais fundo.

Deus, era incrível. Vivian gemeu.

Ele congelou.

— Continue! Você não está me machucando.


— Você é tão apertada... e macia por dentro também.

Ela não tinha certeza do que macia por dentro significava em

relação ao que ele estava acostumado, mas naquele momento, não se

importava. Ele entrou mais fundo ainda e algo roçou seu clitóris.

Ela empurrou, assustada.

Ele congelou novamente. — Estou machucando você?

— Não. Eu acho que seu... alguma... coisa que acabou de me

tocar é tudo. Esqueci disso.

— Yunce. —Ele corrigiu. — É muito áspero contra a sua carne

macia?

— Mova-se novamente e veremos.

Ele o fez e o yunce roçou seu clitóris mais uma vez. Seus olhos

se arregalaram quando ele começou a gentilmente transar com ela. A

cartilagem parecia incrível contra seu clitóris. Ela gemeu mais alto,

agarrando o lençol na cama. Era maravilhoso. Ele dentro dela era

alucinante. — Oh Deus!

Ele se acalmou novamente.

— Não pare! Você está bem?


— Sim.

— Continue, Brassi.

Ele começou a transar com ela novamente, ainda indo devagar.

Ela agarrou o lençol, gemendo. — Nós funcionamos... —Ela ofegou.

— ... muito bem juntos. Mais rápido!

Seu estrondo aumentou, as vibrações em seu peito ficando mais

fortes. Ele fez o que ela pediu, fodendo-a mais rápido e um pouco

mais forte. O yunce tocava seu clitóris, ele estava bombeando dentro

dela e a combinação dos dois era a melhor coisa que ela já sentiu em

sua vida. Foi intenso. Tanto assim, gozou cegamente de prazer,

gritando seu nome.

Ele rosnou e a fodeu mais forte então, por vários minutos, até

que seu corpo endureceu, as vibrações se acalmaram e ela o sentiu se

soltando dentro dela.

Seu corpo estremeceu sobre o dela, ambos respiravam com

dificuldade. Um líquido quente deslizou pelas suas coxas quando ele

gentilmente tirou seu pau e deitou ao seu lado na cama, estendendo

a mão para ela quando o fez. Ele a puxou para perto e envolveu seu

grande corpo ao redor dela. Eles se deitaram juntos enquanto

recuperaram o fôlego.
Ele acariciou sua bochecha com a dele. — Seja minha

companheira, Vivian.

Ela virou a cabeça, olhando em seus olhos. — Bem assim?

Ele assentiu, seu olhar intenso. — Nós funcionamos. Muito bem.

Ela se encontrou sorrindo. — Você pode se acasalar com uma

criminosa procurada, se Abby não conseguir limpar meu nome com

todas as evidências que o Comandante está tentando destruir.

— Eu sei a verdade. Você salvou seu povo. Suas leis são

estúpidas se insistirem que errou. Ninguém nunca a tirará de mim.

Ela olhou profundamente em seus olhos e não pensou.

As emoções eram o que Brassi usava para tomar suas decisões.

Ela faria o mesmo. Sentia-se segura em seus braços, extremamente

satisfeita sexualmente e não tinha vontade de fugir dele. Gostava de

ficar tão perto.

— Sim.

Ele sorriu, mostrando aqueles dentes assustadores.

Ela se virou. Ele a soltou e se deitou. Ela se arrastou até ele um

pouco e ficou confortável contra seu lado, usando seu peito largo para
colocar o queixo, olhando-o. — O que exatamente precisamos fazer

para nos tornarmos companheiros?

— O que acabamos de fazer... mas eu preciso mudar.

Isso matou um pouco sua alegria, tentando imaginar como seria.

— Eu sou do mesmo tamanho aqui. — Ele abaixou a mão,

tocando seu eixo agora macio. — Apenas o restante de mim muda.

Você pode fechar os olhos.

Vivian sempre foi fascinada por outras raças. Ela foi para a

faculdade estudá-los e escolheu sua profissão porque estava muito

interessada em aprender sobre alienígenas. Era fácil aceitar que Brassi

parecia diferente dela. Eles fizeram sexo, ele salvou sua vida e ela

estava nua na cama com ele. Nada sobre sua forma atual a afastou.

A pantera alienígena para a qual ele mudou não a machucou,

mas ela o queria sobre ela? Fazendo sexo? Essa parte era difícil de

imaginar. — Acho que que você tem licor, não é?

— Eu não entendo.

— Coisas que você bebe e que o deixam um pouco bêbado?

Ele franziu a testa, mas deu um aceno de cabeça.


— Talvez você pudesse me dar um pouco, poderíamos brincar e

quando eu estiver de quatro, apenas não me diga que está prestes a

mudar...?

— Meu outro lado é desagradável para você? — Um flash de

mágoa apareceu em sua expressão.

Isso a machucou. Mas eles precisavam de honestidade em seu

relacionamento. Era muito importante. — Não. É uma coisa humana.

Eu aceito seu outro lado, Brassi... mas sua raça transa com um quando

o outro não está?

Ele hesitou. — Não. Isso seria estranho.

— É aí que estou na minha cabeça também. Isso seria estranho.

Um pouco de bebida pode me ajudar a me sentir mais relaxada com

a experiência.

— Compreendo. Pegarei algo para você beber.

Ela assumiu que seria uma bebida alienígena. — Compromissos

são importantes. — Ela sorriu e acariciou seu peito. A textura de sua

pele era algo que ela nunca se cansaria. — É uma coisa única para

formar um relacionamento de companheiros ou algo que eu preciso

me ajustar a fazer em uma base regular?


— Eu fazê-la minha na outra forma?

— Sim.

— Apenas para acasalar ou se quisermos ter filhotes.

Ela mascarou suas feições para esconder sua surpresa. —

Filhotes?

— Bebês. Não sei se somos compatíveis.

— Há muita coisa que preciso aprender sobre você. Ainda bem

que ficaremos juntos por muito tempo. Disse que os companheiros

são para a vida, certo?

Ele assentiu.

Ela sorriu novamente e se ergueu. — Posso ensinar sobre beijar?

— Você pode me ensinar qualquer coisa, Vivian.

Ela se aproximou e lambeu os lábios. — Colocamos nossas bocas

juntas e exploramos com nossas línguas.

Ele sorriu. — Eu sei beijar. Nós chamamos de línguas

emaranhadas.

— Veslor fazem isso?


— Sim. Mas eu temia que você fosse cautelosa se eu colocasse

meus dentes tão perto de você.

— Você pode colocar sua boca em qualquer lugar que quiser no

meu corpo. Eu sei que não me machucará.

A mão dele deslizou pelas costas dela até a bunda e segurou uma

bochecha. Então seus dedos deslizaram entre suas pernas e através de

sua fenda. — Até aqui?

— Sim.

Ele sorriu. — Você cheira bem quando está oleosa. Queria

provar.

Foi a vez dela tremer. — Deixe-me tomar banho, então você pode

fazê-lo. Primeiro, vamos tentar beijar.

— Qual é a sua obsessão com o banho? — Ele parecia perplexo.

Ela riu. — A maioria dos seres humanos realmente gostam de

ficar limpos antes do sexo.

— A cada vez? — Ele parecia atordoado. — Isso significa que

ficaríamos sem água antes de chegarmos à nossa próxima parada. —

Ele encontrou seu clitóris e passou a ponta grossa do dedo sobre ele.
Ela abriu as pernas e ofegou. Brassi aprendia rápido. Ele sabia

exatamente como tocá-la. Seu clitóris estava um pouco sensível, mas

não reclamaria. Ele já sabia como tocá-la da maneira certa. Os poucos

homens humanos com quem esteve na escola não se preocuparam em

aprender isso e eram sua própria raça.

— Não, não toda vez… mas preciso limpar neste lugar se você

quiser colocar sua boca ali. Estou molhada de nós dois.

— Você está perfeitamente lubrificada para copular.

Ela cravou as unhas em seu peito quando ele continuou

esfregando seu clitóris, aplicando um pouco mais de pressão. — Eu

não posso pensar quando você faz isso.

— Língua emaranhada comigo. Terei cuidado para não a

machucar.

Ela encostou em seu peito largo e abaixou a cabeça, fechando os

olhos. Suas bocas se tocaram, ela abriu a dela, passando a língua ao

longo de seus lábios. Ele gemeu, abrindo para ela.

Então ele rapidamente assumiu, rolando e prendendo-a debaixo

dele. Explorou sua boca, aprofundando o beijo.


Ela gemeu contra a língua dele e abriu as pernas, envolvendo-as

ao redor de seus quadris. Ele estava ereto novamente. Podia sentir sua

ereção. Ela terminou o beijo e abriu os olhos. — Você já fez sexo nessa

posição?

Ele balançou sua cabeça. — Não, mas tentarei se você quiser.

— Eu quero.

Ele ajustou seus quadris... e então empurrou dentro dela. Ela

gemeu quando empurrou profundamente. Essa vibração em seu peito

começou novamente quando ele soltou ruídos estridentes. Não havia

nenhum yunce para esfregar contra o clitóris nessa posição, mas seu

corpo fez isso quando ele inclinou a pélvis e começou a se mover

sobre ela, entrando e saindo de seu corpo com mais força, mais

rápido.

— Nós funcionamos. — Ele rosnou baixo, tomando sua boca

novamente e beijando-a.
Capítulo Doze

Brassi entrou na sala comum onde seus homens estavam

jantando. Todos pararam, olhando-o. Ele viu as narinas dilatadas e

sorriu amplamente.

Vassi ficou de pé, comida esquecida. Seu irmão parecia ansioso.

— Você copulou com ela?

— Muitas vezes.

— Posso olhá-la?

— Não! Ela é minha mulher. Você fica longe. — Ele caminhou

até um armário e abriu-o, movendo garrafas até encontrar alguma

coisa e pegou-a. Ele se virou para voltar para seus aposentos, onde

Vivian esperava.

Vassi ficou na sua frente. — Ela é muito menor que você. Tem

certeza de que não lhe fez mal algum? Eu deveria fazer um exame

médico para ter certeza.

— Eu não machucaria minha companheira.

Vassi ofegou. — Você a acasalou?


— Eu o farei. — Ele mostrou-lhe a garrafa. — Ela pediu uma

bebida, já que preciso mudar de forma.

Ruggler se levantou da mesa. — Como você a convenceu a

copular? Ela o atacou?

Brassi balançou a cabeça. — Eu quero voltar para ela antes que

saia do banho.

— Como você copula com ela sem fazer mal? Ela parece tão

frágil. — Isso veio de Kavs.

Ele o olhou. — Cuidadosamente. Com ternura. Mas ela não é tão

frágil quanto parece. — Então olhou para Ruggler. — E eu perguntei.

Ela concordou. Nenhuma luta está envolvida. Suas fêmeas não são

agressivas.

Vassi estendeu a mão e tocou seu braço, parando-o mais uma

vez quando queria sair. — Você realmente se encaixou? Ela parece

pequena por toda parte. Realmente deveria me permitir fazer um

exame médico.

Ele olhou para os machos. Suas expressões eram de curiosidade

e preocupação. Ele respirou fundo e soltou o ar. Esses machos eram

próximo a ele e passaram anos juntos. Confiava neles com sua vida e
em seu lugar, também ficaria preocupado e curioso. Ele finalmente

olhou nos olhos do irmão.

— As fêmeas humanas se estendem para acomodar um macho.

Eu fui gentil e me encaixei facilmente. Ela não está ferida. Eu

perguntei. Copulamos três vezes. Vivian não teria feito isso se meu

tamanho fosse desconfortável para ela. — Ele se virou para Ruggler.

— Continue. Faça suas perguntas. Você sempre tem mais.

Ruggler sorriu. — Elas são como as nossas mulheres? — Ele

apontou para seu colo.

— Diferente. Rosa. Delicada, com uma protuberância carnuda

perto de onde nós entramos. É extremamente sensível. Ela precisa de

um leve toque e isso a deixa bem oleosa. E os humanos não rosnam

de prazer. Em vez disso, ela faz barulhos suaves. — Seu peito estava

estufado de orgulho. — Então ela grita meu nome quando termino.

— Ele estendeu a mão e esfregou uma orelha. — Afaste-se um pouco

quando isso acontecer. Minha orelha ainda está zumbindo um pouco.

Ele riu. — Embora, não esteja reclamando.

— Como elas se sentem?

Ele sabia que Ruggler perguntaria isso. — Também diferente,

mas imensamente prazeroso.


— Como assim? — Este era Nessel. Era raro ele se importar o

suficiente para perguntar qualquer coisa. Mas no momento, o macho

estava observando-o atentamente.

Brassi considerou a questão. — Ela é macia por dentro.

Extremamente apertada, mas macia. — Ele tocou sua pele. — Não é

como a nossa carne, é de uma maneira diferente. Gostei de ficar

dentro dela, foi difícil evitar derramar até que ela estivesse completa.

É muito prazeroso.

— Somos como os machos deles? — Yoniv perguntou, pegando

outro prato de comida.

— Os machos não têm um yunce. Vivian ficou muito curiosa

sobre isso. Ela sentiu o meu.

Vassi chamou sua atenção ofegando. — Você permitiu que ela

tocasse perto de seu saco de sementes?

— Ela não tem garras. Não rasgaria acidentalmente meu saco.

Seus machos não têm nenhuma proteção ali. E ela gostou. O de cima

esfrega contra sua parte carnuda sensível enquanto estou copulando

com ela. Nós tentamos uma de suas posições humanas, mas ela gosta

de ser tomada por trás. Meu yunce esfrega contra ela mais desta
forma. Posso voltar agora? Eu responderei as perguntas mais tarde.

Quero acasalar com ela.

— Por que a bebida? — Vassi soltou seu braço.

Ele se sentiu um pouco embaraçado com isso. — Isto a deixaria

mais calma... minha forma de batalha a deixa nervosa.

— Ainda é você. — Nessel resmungou, parecendo ofendido.

— É, mas ela fez um bom argumento. Nós não copulamos com

nossas próprias fêmeas quando elas estão em sua forma de batalha e

nós não estamos. Isso seria estranho. É estranho que ela pense em

mim mudando de forma para copular com ela, quando os humanos

não mudam.

— Faz sentido. — Yoniv sentou-se à mesa novamente, cavando

sua comida. — Você disse a ela que parte do seu corpo permanecerá

o mesmo?

Brassi assentiu.

Vassi franziu a testa. — Não sabemos se eles são compatíveis

para procriar. Tem certeza de que está disposto a desistir de ser pai se

Vivian não puder ter seus filhotes?


— Ela é minha. Copular me travou dentro dela. Foi difícil não

mudar de forma, precisei lutar para manter o controle. Ela queria

tomar uma bebida primeiro.

— Scussusk. — Nessel assobiou.

Brassi empurrou a garrafa para o irmão, foi até o macho,

agarrou-o e arrancou-o do assento. Ele o prendeu ao anteparo mais

próximo para rosnar em seu rosto.

Nessel abriu as mãos, mas não revidou. — Não contra seu

companheiro.

— Então por que proferir a maldição?

— Você disse que copulando com a fêmea travou dentro dela.

Isso acontecerá com qualquer um dos nossos machos? Perdemos a

escolha de nos afastar depois de copular com uma humana? Ele

parecia aterrorizado com a ideia. — Talvez esses alienígenas podem

nos forçar a travar em seus corpos.

Ele soltou Nessel ele recuou. — Senti a atração antes de

copularmos. Eu segurei o desejo, mas ser íntimo com ela rompeu

minha resolução de resistir. Pare de ser tão paranoico, Nessel.


— Eu serei voluntário para descobrir. — Kavs riu. — Para ver se

copular com uma dessas fêmeas terrestres nos faz acasalar com elas.

Brassi parece bem satisfeito com a experiência, até que você o

enfureceu. Eu nunca o vi mais feliz do que quando entrou na sala.

Nessel mostrou os dentes, ajustou a roupa e voltou ao seu lugar.

— Você poderia. Insensato.

Brassi pegou a garrafa de seu irmão e saiu da sala comum,

voltando apressadamente para o quarto. A porta se abriu e ele viu

Vivian já deitada em sua cama.

Ele mudou as configurações nas portas interiores, gostava de

mantê-las abertas. Agora que ela estava nua não queria que qualquer

um que passasse pelo corredor a visse. Ele correu para dentro antes

que alguém pudesse aparecer. Essa visão era apenas para ele.

— Isso é sua bebida alienígena?

Ele assentiu, parando ao lado da cama. — Você tem certeza de

que deseja tentar? É forte.

Ela se sentou e pegou a garrafa. — Eu tomarei e verei como será.

— Ela aceitou, observando a tampa.

— Abra.
Ela fez e abriu. — Você tem um copo?

— Nós apenas bebemos dela.

— Garrafa compartilhada, hein? Quando em Roma.

— O que isso significa?

— É um ditado que significa fazer algo que os outros estão

fazendo; que está tudo bem, mesmo que seja diferente do que você

está acostumado. — Ela sorriu e colocou a boca da garrafa na boca,

tomando um gole. Ela baixou rápido e ofegou, arregalando os olhos.

Soltou um suspiro agudo. — Uau. Isso é forte. Está queimando até o

estômago.

Ele pegou a garrafa dela, preocupado. — Está doendo? Eu

chamarei Vassi!

Ela agarrou seu pulso. — Estou bem. É apenas uma expressão.

Não estou realmente queimando.

Ele se recusou a dar-lhe a garrafa novamente. — Nossas fêmeas

não bebem isso. Talvez você também não devesse.

Ela hesitou, mas depois segurou a tampa. — Talvez não. — Seus

olhos pareciam aguados.


— Deixe-me chamar Vassi.

— Não. Eu estou bem. Essa coisa é apenas forte. Quanto você

pode beber? — Seu olhar foi para cima e para baixo em seu corpo. —

Provavelmente tudo.

Ele colocou a tampa na garrafa e deixou-a na mesa ao lado de

sua cama. — Não. Apenas alguns goles. Uma garrafa dura por um

bom tempo.

— Quando você bebe?

— Em celebrações, como quando fazemos um acordo de

comércio muito lucrativo. Todos tomamos bebidas quando voltamos

de sua nave depois de lutar contra os Ke'ters. Nenhum de nós foi

ferido. Foi um bom dia. É tradição com nossos machos. Todo mundo

bebe quando nos acasalarmos.

Ela sorriu. — Isso é meio doce. Sua tripulação vai querer

comemorar?

— Eu serei o primeiro de nós a acasalar. Todos desejamos

encontrar uma mulher para reivindicar. E a encontrei. — Ele sentou-

se na beirada da cama e pegou a mão dela.

— Eles sabem que seremos companheiros?


— Sim. Eu disse-lhes.

— Como receberam? Ficaram chocados ou chateados porque

não sou um Veslor?

— Não. — Ele decidiu confessar algo para ela. — Lembra

quando, às vezes, trocamos de idioma em sua nave? Eles estavam me

provocando sobre a forte atração por você e me dando dicas sobre

como chamar sua atenção.

Ela não parecia irritada. Em vez disso, sorriu. — Mesmo?

Ele assentiu. — Eles estão felizes por nós. Curiosos apenas.

— Eu aposto que sim. Compreendo totalmente. Quer dizer, eu

escolhi minha profissão por causa da curiosidade sobre as raças

alienígenas e as diferenças entre nós. Sempre fui fascinada pelo

desconhecido.

— Você está pronta para descobrir como o acasalamento é feito?

— Ainda estou nervosa... mas quero fazer isso com você. Essa

bebida já está funcionando. Eu me sinto um pouco tonta.

— O que é isso?
— Uma coisa boa. Um pouco bêbada. Não muito, mas relaxada.

Serviu para o efeito.

Ele se levantou e tirou a calça, a única roupa que usava. Seu olhar

percorreu o quarto e ele pegou os travesseiros que mantinha em um

banco baixo ao longo de uma parede. Deixou-os cair no chão perto do

final da cama.

Vivian se posicionou em suas mãos e joelhos, rastejando em

direção a ele. — O que você está fazendo?

— Não temos bancos de reprodução a bordo.

— O que é isso?

Ele olhou para ela e riu. Seu rosto estava pálido. — Nada mal. É

uma maneira mais fácil para copularmos em forma de batalha.

— Mas eu não posso mudar.

— Eu sei. É por isso que usaremos travesseiros. Para amortecer

seu corpo mais suave.

— Oh garoto. Isso será uma experiência, não é?

Ele parou, preocupado que ela pudesse mudar de ideia. — Eu

não a machucarei, Vivian. Pode confiar em mim.


— Eu confio. Disse sim, lembra? — Ela deu a ele um sorriso

tímido. — Estou totalmente comprometida com você... com isso. Você

morde?

Ele se sentiu horrorizado. — Não!

Ela riu. — Ufa! — Ela enxugou a testa enquanto se sentava em

suas pernas. — Fico feliz em ouvir isso.

— Por que perguntou? Isso a machucaria. — Ele abriu a boca

para mostrar os dentes mais uma vez, caso ela tivesse esquecido como

eram.

— Eu li alguns livros. Shifters que mordem para reivindicar seus

companheiros. Esqueça.

— Soam como histórias de horror.

Ela riu mais. — Talvez. Acasalar é uma coisa química? Ou

apenas simbólico?

— É físico. — Ele tentou encontrar uma maneira de explicar isso.

— Nós mudamos como você viu.

— Sim. É bem incrível.

— Para acasalar, o corpo do macho cria um óleo especial.


Seu olhar caiu para sua virilha. — Oh. Ok. — Ela olhou nos olhos

dele em seguida. — Isso fará alguma coisa comigo fisicamente?

— Você terá meu cheiro, todos os machos saberão que você é

minha companheira. Pelo menos isso acontece com as fêmeas de

Veslor. Não tenho certeza com você.

— Acho que descobriremos em breve se o seu esperma faz algo

estranho comigo.

— Esperma?

— Semente. Acho que é o mesmo na minha língua.

Ele assentiu e ficou de joelhos, empilhando as almofadas na

frente dele, deixando espaço no meio para Vivian. Ele recuou e

apontou. — Você fica de joelhos aqui.

— Por que o travesseiro ao meu lado?

— Quando mudar, não quero que minhas garras a cortem. Eles

me lembrarão de não agarrar seu corpo.

— Isso é uma preocupação?

— Eu a segurei antes.
— Certo. Sim. Você parece gostar de me segurar pela cintura

enquanto. Acho que seria ruim se você tivesse garras afiadas.

Ele a viu ficar de joelhos na frente dele e se curvar. Seu olhar se

fixou em seu traseiro pálido. Ela tinha um bom, suave, mas firme

traseiro. Gostava de bater sua pélvis contra ela ali. As fêmeas de

Veslor tinham corpos mais duros e mais musculosos. Ele preferia o de

Vivian. Podia sentir seu eixo enrijecer, querendo estar dentro dela.

— Apoie seus braços no final da cama, no metal segurando o

colchão no lugar.

Ela agarrou, mas depois fez uma pausa, olhando para ele.

— Você está mudando de idéia?

Ela balançou a cabeça. — Não. Apenas acho que isso pode não

funcionar.

Decepção o inundou. Vivian não queria acasalar com ele.

Ela se levantou, soltando a cama. — Estou apenas repassando

isso na minha cabeça. Eu o vi mudar... venha.

Ele se levantou, seu eixo duro. Ela entrou na sala e caminhou

para um dos sofás, onde se abaixou para se curvar sobre uma


extremidade. Sua parte superior do corpo estava no material

acolchoado.

— Que tal agora? Quando você mudar, estarei de quatro e

segurando algo sólido. Não terei que tentar me apoiar em meus

braços e você não sentirá a necessidade de me manter no lugar. — Ela

moveu seu corpo para mostrar a ele que estava presa contra a borda,

firmemente no lugar. — Viu? Você disse que tem bancos de

reprodução. É para manter a fêmea com segurança, para que não as

arranhe?

Ele sorriu, sentindo-se aliviado. — Sim. Você é uma fêmea

inteligente, Vivian. — Ele caminhou atrás dela, admirando sua bunda

novamente, então se ajoelhou. Era uma boa altura para ele, mas seus

joelhos não tocavam o chão. Pendiam centímetros acima dele. Ela se

moveu um pouco mais, ficando mais confortável.

Ele moveu-se para posição atrás dela, notando que havia um

amplo espaço em ambos os lados da parte superior do corpo dela para

seus membros, então ele se moveu. Lambeu o polegar e alcançou

entre as pernas dela, encontrando seu clitóris.

— Eu a deixarei bem lubrificada para mim.


Ela separou suas coxas. — Você é realmente bom nisso. — Um

gemido suave veio dela. — Adoro seus dedos ásperos, ou seja, o que

for que é isso nas pontas dos dedos.

Ele passou a outra mão pelas costas dela, acariciando-a. Queria

tocar seus seios. Eles eram macios também, adorava tê-los em suas

mãos. Ela estava deitada no sofá, deixando-os inacessíveis. Ele se

concentrou em sua protuberância carnuda e macia, sentindo-a inchar.

Seu óleo veio prontamente quando roçou sua fenda.

Ela gemeu e se contorceu na sua frente. Ele a queria tanto, seu

eixo doía. Vivian tinha um efeito chocante nele. Nenhuma mulher

alguma vez o fez se sentir tão carente. Ela ficou bem lubrificada, ele

soltou seu clitóris e se aproximou. Guiou a ponta de seu eixo para sua

boceta, começou a empurrar para dentro. Ela gemeu quando o

recebeu.

Ele fechou os olhos e sentiu o peito vibrar com o prazer. Estava

quente, molhada e perfeita. Era tão bom se unir a ela. Ele empurrou

mais, enquanto a prendia sob seu corpo. Ela gemeu mais alto, fazendo

aqueles barulhos que gostava tanto. Empurrou completamente e fez

uma pausa, depois começou a bombear seus quadris.


Ele abriu os olhos, observando os dedos de Vivian afundarem

nas almofadas. Ela frequentemente fazia isso quando ele lhe dava

prazer.

Bombeou para dentro dela mais rápido e seus gemidos

aumentaram de volume. O interior macio apertou seu eixo, a

violência aumentando, o desejo de acasalar superando-o. Desta vez

ele não resistiu, permitiu que suas emoções reinassem livremente.

A mudança aconteceu rápido, como sempre e ele lutou um

pouco pelo controle. Queria tomá-la duro e forte, mas ela era muito

delicada. Soltou os membros superiores ao lado de seu torso e

prendeu-a com mais força sob ele.

Sua fêmea tomava sua outra forma. Sua fera estava dentro dela.

Ela continuou gemendo o nome dele e ele acariciou sua cabeça

com o focinho. Não pode evitar.

— Oh deus, Brassi! — Ela gritou.

Ele a sentiu apertá-lo ao ponto que precisou lutar para se mover,

temendo machucá-la, mas ela não resistiu para se libertar ou lutar.

Suas patas se abriram e fecharam quando ele agarrou as almofadas,

arranhando-as.
Brassi jogou a cabeça para trás e rosnou quando encontrou sua

liberação. Foi forte o suficiente para fazê-lo quase desabar

completamente. Recuperou-se rápido, ajustando o peso do seu

animal. Ele não podia mudar de volta ainda. Sentia-se muito drenado.

Ofegou com força. Então Vivian gozou.

Vivian tinha uma fera pesada sobre ela.

Abriu os olhos, olhando para o braço dele. Era uma pata, com

garras afiadas. Ele realmente mudou enquanto estava dentro dela. Ela

manteve os olhos fechados depois que Brassi entrou e não sentiu a

mudança.

Não que pudesse pensar muito enquanto ele a fodia. Seu yunce

se certificava disso. A estimulação dele empurrando dentro dela e

tocando seu clitóris ao mesmo tempo, lhe dava orgasmos extremos.

Agora sentia que a pele pressionada contra suas costas era diferente.

Parecida com couro. Podia sentir o suor também. Provavelmente dela.

Não tinha certeza se Veslor suavam. Ele não o fez antes.

Definitivamente era ela. Ele agora não tinha aquela pele aveludada

esfregando contra ela para afastar a umidade.

Sentia-se surpreendentemente calma, apesar de saber que se

virasse a cabeça para olhar para Brassi, ele seria uma pantera. Ainda
era ele. O sexo foi igual. Ainda vibrava e retumbava enquanto a fodia.

Ela estendeu a mão e hesitante tocou sua pata.

As garras se curvaram, cravando dentro da almofada. Ela

percebeu que o tecido estava rasgado. Isso deve ter acontecido

enquanto chegavam ao orgasmo. Talvez tê-lo levado para o sofá não

era uma boa ideia, afinal.

Ela abaixou a cabeça e fechou os olhos, recuperando o fôlego.

Uma estranha sensação de vibração veio sobre ela então. Vivian

sentiu o corpo tremer e a sensação de couro dele voltou mais uma vez

a veludo.

Ela abriu os olhos e viu sua mão e braço. Ele estava de volta.

Virou a cabeça, olhando para o rosto dele.

Seus olhares se encontraram e ela sorriu. — O sofá está rasgado,

mas estou me sentindo ótima.

— Rasgado?

Ela apontou para os cortes. — Hum, ficou danificado. Mas eu

não. Estamos oficialmente acasalados agora?

Ele se inclinou e roçou os lábios nos dela, beijando-a. — Sim.


— Quanto tempo antes de saber se tenho seu cheiro?

— Horas. Você pode tomar banho e então pediremos a Vassi

para cheirá-la.

— Você não pode dizer?

— É mais difícil para mim. Eu estou acostumado com meu

aroma.

— Isso faz sentido. — Ela assentiu com a cabeça.

Ele recuou, retirando o pau do corpo dela. Odiava essa parte.

Seus fluídos juntos vazavam por suas coxas a cada vez. Isso a excitava

demais e mostrava que ele gozou com ela. Mas deixava uma bagunça.

Ela recuou um pouco e saiu da beirada do sofá, seu joelho batendo no

chão, então começou a ficar de pé.

Brassi ajudou-a, suas mãos gentis. A preocupação apareceu em

seu rosto quando ela o olhou.

— Eu estou bem, Brassi.

— Eu acho que fui muito rude. Não a machuquei?

— Não. Você ficou um pouco mais pesado no final, mas foi

apenas então que percebi. Eu disse que quando você me toca, não
consigo pensar. Realmente gosto de sexo com você. É a melhor coisa

de todas.

— Você manteve seus olhos fechados.

Ela se sentia um pouco embaraçada agora, considerando que não

havia nada a temer, afinal. — Eu não o farei da próxima vez.

Seus olhos se arregalaram.

Ela sorriu e encolheu os ombros. — Quando em Roma. Estava

com um pouco de medo, mas não havia nada de ruim com o que

acabamos de fazer. Foi tão maravilhoso como sempre.

— Apenas precisamos fazer isso novamente se quisermos ter

filhotes. Ele a levou para o quarto e foi para a cama. Deitou-se e abriu

os braços.

Ela se deitou e aconchegou. Brassi gostava de abraçá-la e ela

gostava de ser segurada por ele. Esfregou a bochecha contra o peito

sedoso e sorriu. — Eu amo quando me abraça.

— É uma conexão. Companheiros fazem isso.

— Você gostava de me abraçar antes de nos acasalarmos

oficialmente.
— Eu soube que você era minha desde o começo.

Seu sorriso ficou mais amplo. — Nós somos perfeitos juntos.

Ele acariciou o topo de sua cabeça com a mandíbula. — Nós nos

encaixamos perfeitamente.

— Sim. — Ela bocejou. — Eu acho que preciso dormir. Nem sei

que horas são.

— Você precisa dormir, mas deve comer primeiro.

— Mais tarde. Agora, apenas quero dormir com você.

Ele passou a mão pelas costas dela, acariciando-a. — Nós

comeremos mais tarde. Este foi um dia cheio para os dois.

— Sim. — Ela beijou seu peito e fechou os olhos, bocejando

novamente. — Boa noite, Brassi. Obrigada por me fazer sua

companheira.

— É uma honra, Vivian.


Capítulo Treze

Vivian se sentiu um pouco tímida três dias depois, quando saiu

dos aposentos de Brassi com ele pela primeira vez. Passaram os dias

anteriores sozinhos, unindo-se. Ele saiu para buscar comida, mas

sempre voltava rapidamente. Agora sua tripulação queria vê-los

juntos e ela apenas esperava que a aceitassem tão facilmente quanto

Brassi sugeriu. Os humanos teriam muito mais dificuldade em aceitar

que acasalou com Veslor. Pelo menos, ela tinha certeza que sim.

Eles entraram no que Brassi chamava de sala comum. Os machos

estavam em uma mesa com pratos na frente deles. Todos pararam de

falar para olhá-los. Vassi levantou-se primeiro e a olhou da cabeça aos

pés.

— Olá, Vivian. Como você está?

— Estou ótima. — Ela apertou a mão de Brassi. Vassi era seu

irmão, família. Sua reação importava.

O macho se abaixou e suas narinas se abriram. Ele sorriu,

olhando para o irmão. — Ela tem seu cheiro.


— Sim. — Um dos outros homens concordou. Ele a olhou com

curiosidade. — Vocês dois tomaram banho, mas seu cheiro é forte.

Não mais sinto o cheiro da terráquea. Apenas seu.

— Não estão cheirando a cópula. — Outro murmurou. — Muito

bem, Brassi. Ela é sua companheira. Você conseguiu. Scussusk.

Brassi rosnou para ele. — Eu avisei, Nessel.

Vivian olhou entre os dois. — O que ele disse? Realmente preciso

aprender sua língua.

Vassi acenou com a mão. — É um barulho que fazemos quando

não concordamos com algo. Não é porque você se acasalou. Scussusk.

Ele se aproximou. — Estamos todos felizes por você ser a

companheira de Brassi. Nessel é desagradável o tempo todo sobre

muitas coisas. Ele teme que todos os Veslor se casem

automaticamente com suas fêmeas agora, se copularmos com elas.

Ela entendia o que queria dizer. — Oh. — Ela se forçou a olhar

para o aborrecido Veslor. Ele era bonito, apesar do rosto sério... ou o

que parecia um. — Entendo. Isso seria um problema?

Os olhos de Nessel se estreitaram.


— Quer dizer, os seres humanos fazem sexo um com o outro

apenas por prazer. — Explicou ela. — Seria assustador se nos

acasalássemos acidentalmente o tempo todo, em vez de fazê-lo

intencionalmente.

— Eu me ofereci para descobrir. Você conhece alguma fêmea

terráquea que poderia copular comigo?

Ela voltou sua atenção para um homem sorridente. Ele era

bonito também. — Na verdade, não.

— E aquela mulher com quem você estava falando na sua nave?

Aquela em seu ouvido.

— Abby. Eu não sei. Agora ela tem outras coisas para se

preocupar. — Como se manter viva e evitar que o Comandante

Alderson destrua provas. Culpa a atingiu quando pensou sobre o

perigo em que Abby poderia estar.

— Chega. — Brassi disse. — Você está deixando minha

companheira triste.

— Eu estou bem. — Ela disse a ele. — Abby ainda está no Gorison

Traveler. Alguém ouviu falar dela? Scussusk. Ela olhou ao redor para

a equipe de Brassi.
Um deles balançou a cabeça. — Não desde que nos pediu para

buscá-la. — Ele fez uma pausa. — Eu sou Kavs.

— Oi. — Vivian acenou para ele. — É bom conhecer todos vocês

e obrigada por me resgatarem duas vezes.

Um deles riu. — Eu sou Ruggler. Não precisa agradecer. Brassi

não queria deixá-la. Ele ficou feliz quando a chamada chegou e

ansioso para tê-la de volta e em nossa nave.

Outro homem riu. — Ansioso para tê-la sob ele e reivindicá-la

como sua companheira.

— Yoniv. — Brassi rosnou.

O macho riu. — Verdade. Você a acasalou. Scussusk. Ele piscou

para Vivian. — Bem-vinda ao Brar e à nossa família.

Ela olhou em seus rostos. Apenas Vassi e Brassi pareciam

semelhantes. — Vocês estão todos relacionados por sangue?

— Não. Brassi levou-a até a mesa e ajudou-a a sentar-se. — Nós

crescemos juntos, como família. Nosso vínculo é forte. — Ele a deixou

para pegar dois pratos de comida de um balcão.

Vassi sentou-se em frente a ela. — Nós ficamos em grupos.


— Eu adoraria ouvir mais. — Ela deu um sorriso grato para

Brassi quando ele colocou um prato de carne na sua frente, e o que

parecia ser arroz cozido no vapor e algum tipo de vegetais roxos na

frente dela. Saiu novamente e voltou com duas xícaras da bebida com

aroma de frutas antes de se sentar ao lado dela.

— Grupos são relações estreitas com amigos íntimos que

crescem juntos. —Explicou Ruggler. — Nós escolhemos ficar juntos

por toda a vida.

— Trabalhar juntos. Viver juntos. — Nessel resmungou. —

Mesmo se não quisermos.

Alguns dos homens riram. Foi Brassi quem falou. — Ninguém

mais queria Nessel em seu grupo. Então nós o recebemos no nosso.

O macho fez um som baixo, mas foi apenas isso.

Vassi encontrou seu olhar. — Ele tem uma visão desagradável

na maioria das coisas. Isso incomoda muito. Estamos acostumados.

Ele é da família.

Ela assentiu. — O que acontece se alguém não tem um grupo?

Brassi endureceu um pouco.


Ela o olhou. — Isso foi ofensivo de perguntar? Sinto muito.

— É uma coisa triste. —Respondeu Ruggler. — Os machos e as

fêmeas não sobrevivem por muito tempo sozinhos. — Ele tocou seu

peito. — Sozinhos, estamos vazios por dentro. Veslor precisam ficar

juntos em grupos. Também oferece proteção. Nós lutamos juntos.

Cuidamos um do outro. Cuidamos de nosso grupo.

Todos machos assentiram, até mesmo Nessel.

— Eu gosto disso. — Grupos Veslor soavam legais para ela.

Ruggler se aproximou. — Humanos não têm isso?

Ela balançou a cabeça. — Na verdade não. Temos família e bons

amigos, mas não permanecemos juntos desde a infância até o final de

nossos dias. Apenas os casais ficam juntos quando estão casados, mas

nem sempre pelo resto da vida adulta.

— Casados? — Perguntou Kavs.

— Acasalados. Mas se não der certo, se divorciam. Meus pais

fizeram isso.

— O que é isso? — Nessel olhou para ela atentamente.


— Nada que você precise saber. — Brassi resmungou. — Apenas

ficará com medo de Vivian me deixar. Mas ela não o fará.

— Ele morrerá se você deixá-lo! — Nessel ficou de pé,

derrubando sua bebida e rosnou para ela. — Não pode fazer isso.

Brassi se levantou e rosnou de volta. — Não fale com minha

companheira neste tom!

— Whoa! — Vivian também se levantou. — Eu não deixarei

Brassi. Por favor, não briguem. — Ela olhou para eles, depois para os

outros. — Há muito que precisamos aprender um sobre o outro.

Aceitei as regras de acasalamento dos Veslor e nunca deixarei Brassi.

Estou com ele por toda a vida.

— Não é uma regra. — Vassi falou baixinho. — Nós nos

acasalamos para a vida, mas se nossa companheira morrer ou for

embora, desistimos de viver... ou gostaríamos de fazê-lo. — Ele olhou

para Nessel, em seguida, deu a Vivian um olhar revelador. — Os

machos mudam por dentro. Perdem o calor se sobreviverem à perda

de um parceiro.

Vivian sentou-se. — Entendo. — Ela olhou para Nessel,

sentindo-se triste por ele, com certeza Vassi estava tentando

transmitir o que aconteceu com seu amigo. Ela entendia totalmente


sua preocupação por Brassi se isso fosse verdade. — Eu nunca

deixarei Brassi. Prometo, Nessel.

Ele sentou-se, parecendo mais calmo. — Bom.

Eles voltaram a comer depois que a bebida derramada foi limpa

por Yoniv, o silêncio enervante. Ela tomou um gole de sua bebida e

limpou a garganta. — Existe alguma coisa que queiram saber sobre os

humanos?

— Você não quer oferecer isso. — Advertiu Brassi. — Eles vão

perguntar sobre copular. Seu rosto fica cor de rosa, às vezes comigo,

e eu sou seu companheiro.

Ela riu. — É verdade, mas tenho certeza de que eles estão

curiosos. Tornei-me uma especialista cultural por causa da minha

curiosidade sobre outras raças. Agora estou em sua nave. Tenho

certeza de que há coisas que eles gostariam de saber sobre mim e

minha espécie. Está bem. É assim que podemos aprender um sobre o

outro. Parte dos meus estudos sobre alienígenas tinham algumas

lições de anatomia que eu achava fascinante. Por exemplo, os Crezzi

têm um pênis esférico que sai de seus estômagos inferiores, onde

normalmente fica escondido até a relação. Eles não apenas ejaculam

seus espermatozoides, um... semente de um buraco, mas uma dúzia


deles na superfície arredondada de seu órgão sexual. E os Bri têm dois

pênis que parecem hastes retorcidas. Eu posso falar sobre essas coisas.

Brassi lançou um olhar de advertência para seus machos. —

Mantenham-se educados. — Então ele acenou com a mão, como se

pudessem começar.

Kavs foi o primeiro. — Como suas fêmeas deixam um macho

saber se querem copular?

— Viu? — Brassi suspirou.

Ela apenas sorriu e respirou fundo. — Nós flertamos e depois

namoramos. — Ela continuou explicando mais e suas reações a

fizeram rir. Eles ficaram horrorizados.

Foi uma refeição agradável depois disso. Gostou de responder

suas perguntas, mesmo que algumas delas fossem muito pessoais,

inclusive sobre suas próprias partes do corpo e explicando a anatomia

masculina humana.

Quando terminaram de comer, foram para os sofás ao redor da

sala. Brassi ficou ao lado dela, segurando sua mão o tempo todo.

— Você deveria fazer anúncios detalhados para compartilhar

com nossos machos. —Sugeriu Ruggler.


Vivian inclinou a cabeça. — Anúncios?

— Documentos escritos para eles lerem. Muitos machos ficarão

curiosos quando souberem que Brassi acasalou uma fêmea terráquea.

Especialmente indesejáveis como nós, que têm pouca chance de

encontrar uma companheira de nossa própria espécie.

Isso a confundiu. — Indesejáveis?

— As mulheres querem ficar em seus próprios grupos no nosso

mundo. Não gostam de viver em naves. — Ele gesticulou ao redor. —

As viagens espaciais não são de interesse para elas. Qualquer homem

que não viva em um planeta em tempo integral é indesejável como

companheiro. Mas você nos dá esperança de que ainda possamos

encontrar companheiras. E é compatível com Brassi.

Kavs acenou vigorosamente. — Nossas fêmeas também não

preferem machos com grupos tão grandes. Elas gostam de trazer esses

machos para seus grupos femininos. Com seis, não temos chance.

— Como?

Os machos se entreolharam. Havia algo que Brassi não disse

sobre se tornar sua companheira?


Uma suspeita horrível apareceu... e ela sentiu o sangue escorrer

de seu rosto. Olhou para Brassi. Grupos significaram que eles

compartilhavam suas fêmeas com os outros homens?

Isso não aconteceria. Não, não mesmo, ela nunca os deixaria

tocá-la.

Brassi franziu a testa, observando-a. — O que há de errado?

— Por que suas mulheres não gostam de grupos masculinos?

Ruggler tocou sua perna e ela pulou, se afastando.

Ele franziu a testa, deixando-a ir. — É a situação. Grupos ficam

juntos. Nós compartilhamos esta nave e não é grande. Teríamos que

comprar uma nave maior se cada uma de nossas companheiras

tivessem grupos, para encaixá-los aqui. Grupos menores são

melhores quando se acasalam. Em nosso planeta, isso significaria

construir em seus lares espaço para que mais morassem juntos. Pode

ficar caro. Você parece assustada, Vivian. Por quê?

Os olhos de Brassi se estreitaram... e então ele rosnou. — Nós

não compartilhamos companheiras. É isso que está pensando?

Ela relaxou. — Talvez. Como você adivinhou?


— Estava olhando para os meus homens com medo e se

encolheu quando Ruggler chamou sua atenção com o toque. Eu

mataria um deles se tentassem copular com você. Nossas fêmeas não

gostam de viver com dezenas de pessoas em suas casas. E pode ficar

assim rapidamente, uma vez que os companheiros têm filhotes.

Algumas casas têm mais de cinquenta pessoas morando juntas.

Ela se aconchegou contra ele. — Sinto muito. Temos muito a

aprender sobre o outro ainda. Sem ofensa a ninguém, mas fico feliz

em saber que sou apenas sua. — Ela encolheu os ombros para os

outros. — A maioria dos humanos, pelo menos está ou fica apenas

com uma pessoa. Não, grupos para fazer sexo.

Nessel soltou um dos seus já familiares rosnados baixos. — Ela

vai querer você para si mesma e então pedir para nos deixar.

Vivian encontrou seu olhar. — Não. Eu entendo. Nós somos uma

família e viveremos juntos. Estou bem com isso. Quando cada um de

vocês encontrar uma companheira, isso significa que terei mulheres

para fazer amizade. Os humanos tendem a viver sozinhos quando

acasalam. Nenhum grupo.

Nessel bufou. — Agora ela vai incitar a todos para acasalar com

sua espécie. Eu não quero uma.


Kavs riu. — Suas fêmeas serão gratas por isso.

Brassi ficou feliz por Vivian ser aceita por seus homens. Apenas

Nessel tinha problema com o acasalamento, mas essa preocupação em

particular não o incomodava.

Ele levou Vivian para seus aposentos e os fechou dentro. Ela se

virou. Ele falou primeiro. — Eu deveria ter explicado sobre os grupos.

Sinto muito. É como sempre foi para nós. Não considerei como você

se sentiria, sabendo que os machos desta nave estarão conosco para a

vida toda.

— Eu acho ótimo, Brassi.

— Mesmo Nessel?

Ela sorriu. — Ele é um pouco paranoico.

— Teve uma vida difícil.

Ela puxou-o pela mão para o sofá e sentou-se. — Fale sobre ele.

Quer dizer, se puder. Eu gostaria de entender.


— Seus pais morreram quando ele era jovem. Houve uma

tempestade enquanto estavam viajando. Ele era muito jovem para ir

e permaneceu com o restante do grupo. Suas mortes o deixaram

infeliz e desolado, seu grupo começou a rejeitá-lo por não ser um

filhote brincalhão. Vivíamos perto de seu grupo e o vimos sozinho

muitas vezes.

Lágrimas brotaram nos olhos dela. — Quantos anos ele tinha?

Sua companheira era sensível e carinhosa. Ele gostava disso. —

Três anos. Nós o atraímos e o fizemos um dos nossos. Ele não era

brincalhão, mas o incluímos em tudo. Ele nos entendia. — Ele sorriu

com a lembrança de Nessel franzindo o cenho para eles o tempo todo,

recusando-se a jogar, mas sempre ficava perto. — Aos quatro, ele foi

morar conosco. Havia uma fêmea, no entanto, de seu primeiro grupo,

por quem ele sentia fortes emoções. Ele a observava de longe, sempre.

— Sua companheira?

Brassi tocou o peito e depois a cabeça. — Aqui e aqui, mas ela

não estava interessada nele. Ela nunca se aproximou dele quando

crescemos. Em vez disso, acasalou com alguém. Ele ficou

profundamente magoado. Nós pensamos que o perderíamos. Não

queria sequer comer. Às vezes nós o forçávamos.


Ela arqueou as sobrancelhas. — Literalmente?

Ele riu. — Sim. Nós o imobilizávamos. Ele ficava irritado com

isso, mas funcionava. Então decidimos nos tornar comerciantes. Isso

o salvou de ver a fêmea com seu companheiro todos os dias, uma vez

que saímos do nosso mundo natal. Esperávamos que ele ficasse

melhor. Isso aconteceu. — Ele hesitou. — Eu temo por ele, agora que

estou acasalado. Até o momento, éramos apenas nós, os machos.

— Talvez possamos encontrar para ele uma companheira.

Brassi se aproximou dela e beijou seus lábios. — Você é doce,

Vivian. Mas nenhuma mulher gostaria de acasalar com ele. É mal-

humorado e não é agradável. Fazemos paradas em nossas colônias

muitas vezes para pegar suprimentos comerciais. Algumas fêmeas

querem apenas copular com ele. É o bastante.

— Talvez alguma delas queira se acasalar algum dia.

Ele balançou sua cabeça. — Elas têm grandes grupos e não

querem sair do planeta. Nossas fêmeas realmente não gostam de

viajar, eu me preocuparia se ele nos deixasse. Nós cuidamos dele. Eu

não acho que qualquer outro grupo o aceitaria. Machos como nós são

apenas para copular. Uma experiência temporária.


— Oh. — Ela franziu a testa.

— O que foi?

— Você copulou com muitas mulheres?

Ele escondeu um sorriso. Sua fêmea estava com ciúmes. — Você

é minha por toda vida, Vivian. A única mulher que quero tocar.

Esqueça meu passado. Você é meu futuro.

— Nós realmente não conversamos sobre essas coisas. Você tem

filhotes? Eu deveria ter perguntado.

Ele balançou sua cabeça. — Apenas casais acasalados têm

filhotes.

— Isso nunca acontece por acaso?

— Não. Isso acontece com os humanos se eles não são casados?

— O tempo todo.

Ele ficou espantado.

Ela assentiu. — Nós ovulamos todo mês e podemos engravidar

se não usarmos proteção.

— O que é isso?
— Proteção? Algo que evita a gravidez. Sem eles, nossos homens

podem engravidar qualquer mulher que esteja ovulando. Casado ou

não.

— Você está em proteção?

Ela sorriu. — Não. Eu não estou tomando nada. Não namoro

ninguém. Nenhuma cópula por um longo tempo.

Ele assentiu. — Você copulava com frequência?

Ela balançou a cabeça. — Não. Cresci no Gorison Traveler. A

maioria dos homens designados não queria se casar. Apenas queriam

se conectar com o maior número possível de mulheres. Homens putas

não são minha coisa.

— Homem putas?

Ela hesitou. — Homens que fazem sexo com muitas mulheres, às

vezes apenas para ver quantas podem levar para cama. Isso não

significa nada para eles. É sobre números, não emoção. Eu tive alguns

deles atrás de mim porque era um grande foda-se para o meu pai. Pelo

menos, imaginei que essa era a motivação deles. Ele era o Chefe deles.

Não quis ser uma forma de retaliarem contra ele por qualquer

pequena coisa que sentissem que ele lhes deu durante o trabalho. Foi
apenas quando voltei para Terra que os homens começaram a se

interessar por em mim pelas razões certas.

— Seu povo é estranho.

— Sim. Eles são.

— Eu deveria perguntar se você tem filhotes, já que o seu tipo

pode tê-los sem se acasalar. — Ele definitivamente sentia-se irritado.

Um macho dando-lhe um filhote quando Brassi não podia?

— Não. Eu tomei muito cuidado para evitar engravidar. Na

Terra tomava anticoncepcionais.

Ele respirou aliviado. — Bom.

— Eu também não teria deixado o Gorison Traveler sem o meu

filho se eu tivesse um. Você teria recolhidos os dois flutuando no

espaço. Eu nunca serei como minha mãe.

Ele se lembrou. — Você é uma mulher extraordinária, Vivian.

Ela perdeu.

— Obrigada. — Ela se aproximou e ele abriu os braços. Apertou-

se contra ele, deixando-o abraçá-la.


Ele se sentia feliz. Sua companheira gostava de seu toque. Eles

podiam nunca ter filhotes, mas ela era mais que suficiente. Acariciou

a cabeça dela. — Eu deveria voltar ao trabalho. Os machos estão me

cobrindo para nos dar tempo. Você gostaria de aprender o que eu

faço?

Ela levantou o rosto para olhá-lo, sorrindo. — Eu adoraria!

Talvez possa me ensinar como fazer algo útil por aqui.

Ele pensou sobre isso e entendeu sua necessidade de fazê-lo. —

Você é muito útil já. É minha companheira. Faz-me feliz.

— Estou feliz também. Ainda gostaria de encontrar algo para

fazer em sua nave.

— Você poderia fazer os anúncios. Muitos homens gostariam de

aprender sobre suas fêmeas. Especialmente depois de ouvir que nos

acasalamos.

— Você dirá a eles?

Ele assentiu. — Registrarei nosso acasalamento em meu mundo

natal. Todos fazem. Nosso rei também será notificado, já que preciso

relatar o que aconteceu com sua embarcação. Nós somos obrigados a

fazer isso quando temos qualquer contato com outra raça alienígena.
— Você tem certeza que seu pessoal ficará bem conosco?

— Sim. — Ele acariciou sua cabeça novamente. — Eles ficarão

felizes por nós.

— Eu não vou me preocupar, então. — Ela afastou-se e se

levantou. — Mostre-me sua nave e vamos encontrar um trabalho para

mim.

Ele levantou-se e segurou a mão dela. — Apenas fique perto de

mim. Isso é mais que suficiente.

Ele quis dizer isso. Estar perto de Vivian e olhá-la, o deixava feliz

e contente. Ter uma companheira era a melhor coisa de todas.


Capítulo Quatorze

Vivian digitou a última frase e leu o que escreveu. Escolheu o

formato do relatório, como o centro cultural pediu. Foi treinada assim,

para avaliar alienígenas e registrar informações. Apenas que agora

não enviava para a Terra e o assunto era sobre mulheres humanas.

As portas atrás dela se abriram e se virou, sorrindo para Brassi.

Ele a verificava com frequência quando passava tempo no

computador em seu escritório. Era como a sala comum. Ele entrou

com um lanche e uma bebida.

— Você está aqui há horas. — Ele colocou o prato e o copo para

baixo, movendo-se atrás dela para olhar a tela. — Eu não consigo ler.

— Eu tenho que o traduzir em sua língua, então poderá lê-lo. —

Ela o olhou. — Estou nervosa.

Ele se inclinou e beijou a cabeça dela. Ela sorriu, amando que

fizesse isso com frequência, além de dar-lhe beijos.

Não havia dúvidas de que ela já estava loucamente apaixonada

por Brassi. As palavras não foram ditas, mas não eram necessárias.

Sabia que ele sentia o mesmo por ela.


— Como está o estoque?

Ele sentou-se na beirada da mesa. — Nada está faltando. Nunca

está. Nós apenas fazemos isso por hábito antes de pousar ou atracar

para descarregar.

— É melhor prevenir do que remediar. Qual era a carga mesmo?

— Nós viajamos para aquele planeta fora do caminho para

comprar sementes para uma colônia em crescimento. É por isso que

estávamos em sua parte do espaço quando ouvimos seu sinal de

socorro. Esta colônia da qual estamos nos aproximando nos pediu

várias amostras. Temos centenas de caixas de sementes.

— Eles pagaram bem?

Ele sorriu. — Sim e encontrei uma companheira. Melhor viagem

até agora.

— Sim, foi.

Ele olhou para a tela dela. — Como está seu anúncio?

— Basicamente repassei como nos conhecemos e nos

acasalamos.

Ele franziu a testa.


— Eu não entrei em detalhes. Apenas me apresentei, fiz o

resumo básico de nossa reunião e a atração que sentíamos. Expliquei

algumas das nossas diferenças físicas e como nos unimos. Deixei claro

que as mulheres humanas não lutam com seus machos para mostrar

interesse sexual.

— Estou ansioso para lê-lo.

— Você pode vetar qualquer coisa e reescreverei.

— Vetar?

— Mudar. Tirar. — Ela pegou o que parecia ser um rolo de sushi

e colocou em sua boca. Não era peixe cru. Apenas bolos arredondados

com arroz branco e algum tipo de carne cozida no centro. Parecem

fritos e eram muito saborosos. — Tem certeza de que alguém em seu

planeta vai querer ler isso?

Ele assentiu. — Não apenas nosso planeta, mas nossas colônias.

Todo homem no espaço também vai querer lê-lo e aprender sobre

suas fêmeas, já que somos compatíveis.

Ela sorriu. — Muito compatível e muitas vezes.

Ele riu. — Funcionamos.


— Sim, funcionamos. Eu gostaria de poder escrever algo assim

para Terra, deixar nossas mulheres saberem o que estão perdendo,

para encorajá-las a acasalar com Veslor. Mas não ouvimos nada de

Abby. — O bom humor dela desapareceu. — Então, pelo que sei, a

Terra tem um mandado de prisão para mim. Faz apenas três semanas

desde que você me pegou. A investigação pode nem ter começado

ainda.

Ele saiu da mesa e a surpreendeu, puxando-a para fora da

cadeira. Ela colocou os braços ao redor de seu pescoço. — Eles são

estúpidos se decidirem que você fez algo errado. Mas você não será

presa, independente disso. Podemos evitar qualquer aliado da Terra,

se for assim.

— Você quer abrir negociações comerciais com a Terra Unida?

— Para o meu povo. Mas não a arriscarei, companheira. Estamos

bem até agora sem eles. Continuaremos fazendo isso.

— E se o seu rei fizer alianças com a Terra e eles me mandarem

de volta?

— Eu disse que isso não acontecerá. Enviei meu relatório e até

falei com meu rei.


— Eu sei. Você disse que estava feliz por termos nos acasalado e

sou considerada um Veslor agora. A Terra pode colocar muita pressão

sobre os outros, no entanto. Eles são muito bons nisso.

— Pare de se preocupar. — Ele a levou em direção à porta. —

Você não precisa pensar.

Ela sorriu. — Você apenas me quer nua.

— Sempre. Trabalho feito. Agora vamos para nosso quarto.

Eles estavam no elevador quando a náusea a atingiu de repente.

Ela estremeceu. — Coloque-me no chão!

Brassi a abaixou e ela colocou a mão sobre a boca, tentando

respirar pelo nariz e lutar contra a vontade de vomitar. O elevador

parou e abriu. Ela correu para fora e encontrou um painel de lixo,

abrindo-o. Rapidamente perdeu o conteúdo de seu estômago.

Brassi gentilmente a segurou até que terminou. Ele rosnou,

esfregando as costas dela. — É a terceira vez que isso acontece. Vamos

até Vassi agora.

Ela balançou a cabeça. — Não. Apenas estou me adaptando à

sua comida. Acho que essas coisas de carne está me fazendo mal.
Assim como a pimenta da outra noite que me fez vomitar. Acho que

estava muito picante.

— Você comeu aquela carne antes e não ficou doente. Vou levá-

la para Vassi.

—Estou bem, Brassi. Ajustes alimentares. Isso é tudo. Eu tive a

mesma coisa quando fui para Terra no começo. Não estava

acostumada a comer tanta carne real. A maioria das coisas em

embarcações de frota são baseadas em vegetais e apenas com sabor

de carne.

Ele a pegou e virou, entrando no elevador novamente. Ela

manteve seu rosto virado, já que achava que sua respiração seria

ruim. Ele saiu no próximo nível e levou-a para a porta do irmão,

tocando para entrar.

Abriu-se e Vassi apareceu de bermuda. — Encontre-nos na ala

médica. — Brassi se afastou pelo corredor até a sala de exames. Ele a

levou para dentro e a colocou na cama.

Ela se abaixou e foi até a pia, abrindo uma das gavetas ao lado

até encontrar o que procurava. Foi um dia glorioso quando descobriu

que os Veslor tinham escovas e pasta de dente. Vassi mantinha

pacotes na sala de exames. Ela escovou os dentes e limpou a boca.


A porta se abriu e ela se virou. Vassi vestiu mais roupas e parecia

alarmado agora, com preocupação em seus olhos. — O que há de

errado?

— Minha companheira perdeu o conteúdo de seu estômago

novamente.

— Apenas estou me adaptando à comida. — Ela encolheu os

ombros. — Eu disse a Brassi que estou bem. Sinto-me bem agora.

Vassi assentiu.

Quando ela terminou de enxaguar a boca, Brassi agarrou-a antes

que pudesse se mover e a colocou de volta na cama. Ele a ajustou

como se ela fosse uma criança, colocando-a suavemente sobre a

superfície. Ela suspirou, olhando-o. — Estou bem. Você se preocupa

muito.

— Você é minha companheira. Meu coração. — Sua voz estava

rouca. — Não sabemos muito sobre humanos. E se pegou um vírus

que é inofensivo para nós, mas não para você?

— Eu dei a ela todas as vacinas que temos. — Lembrou Vassi. —

Carreguei todas as informações médicas disponíveis sobre sua raça

em nosso computador. Havia muita informação. Eles não escondem


essa informação dos outros. — Ele ligou o scanner e a grande máquina

acima dela abaixou.

Brassi recuou, mas ainda ficou perto. — Eu me sentirei melhor

quando você a verificar.

— Estou fazendo isso. — Vassi encontrou seu olhar. — O que

significa quando os humanos vomitam?

— Essa comida não nos faz bem por algum motivo ou nós

pegamos um vírus. Isto apenas aconteceu três vezes e sempre me

sinto melhor logo depois. A última vez foi há quatro dias.

— Eu não gosto disso. — Brassi grunhiu.

— Eu também não. Vomitar não é divertido. — Ela tentou fazê-

lo sorrir, mas ele não o fez, olhando para o irmão em seu lugar.

— Encontre o que há de errado com ela e conserte.

Vassi assentiu. — Provavelmente é a comida. Que horas são?

Comeu o ensopado de ket?

— Não. Eu evitei sua versão do chili depois da última vez.


O scanner começou, um zumbido baixo enchendo a sala. Vassi

pegou um bloco, lendo enquanto a máquina enviava dados para ele.

— Sua temperatura esta um grau mais alto que o normal.

— Provavelmente de vomitar.

E de repente, ele se virou e tocou alguma coisa no lado da cama,

com as feições tensas.

— O que foi? Ela está doente? —Brassi se aproximou.

Vassi se afastou, apertou o bloco no peito brevemente, arregalou

os olhos e depois passou os dedos pelo lado da cama, onde estavam

os controles de varredura.

Finalmente, depois de alguns minutos tensos, ele encontrou o

olhar de Vivian. — Eu sei o que está deixando você doente.

— Tem cura? — Brassi agarrou Vassi pelo braço. — Diga-me que

você pode consertá-la!

Seu irmão se libertou do domínio de Brassi. — Calma. Estou

procurando mostrar a você. — Ele se moveu para o outro lado da

cama e pegou outro bloco, tocando nele. — Não há razão para alarme.

— E de repente, ele sorriu quando olhou para cima. — Veja.


Ele tocou o bloco e uma tela deslizou da parede ao lado dele.

Acendeu e uma imagem encheu o monitor.

Vivian olhou para ela, tentando entender o que estava vendo,

então entrou em pânico, olhando para Brassi.

Mas ele não a olhou. Estava olhando para a tela com a boca

aberta e os olhos arregalados.

Ela apertou o braço dele. — O que foi?

Ele não parecia ouvi-la, seu foco completamente na tela. Ela

virou a cabeça para olhar novamente. O que quer que aparecia no

monitor estava se movendo levemente.

Vassi riu e deu um zoom... e o que Vivian viu então a chocou.

Era algo vivo e dentro de um saco cheio de fluido. A forma ficou mais

clara e finalmente ela entendeu.

Era uma pequena pantera alienígena enrolada em uma bola.

— Sua companheira é compatível com nossa raça. —Disse Vassi.

— Você terá um filhote! Vivian esta com aproximadamente três

semanas. Parece que fizeram mais do que acasalar, criaram uma vida

juntos! Seu filho é provavelmente a causa dela vomitar. É muito

comum com a gravidez.


Lágrimas a cegaram. Ela estava grávida?

Brassi segurou a mão dela em seu braço e virou a cabeça. Ele

tinha lágrimas nos olhos também. Sua boca se fechou, abriu e depois

fechou novamente. Ele tropeçou mais perto e se inclinou, colocando a

cabeça contra a dela, acariciando-a.

Ela estava grávida! Eles não achavam que fosse possível. Então

algo lhe ocorreu. — Parece sua forma de batalha.

Brassi acenou com a cabeça contra ela e soltou sua mão,

envolvendo o braço em suas costas, abraçando-a. Ele manteve o rosto

enterrado em seu cabelo e seu corpo tremeu.

Vassi se moveu ao redor da cama e sorriu para ela, colocando a

mão nas costas de Brassi. — Ele está dominado pela felicidade. Dê-lhe

um minuto. Todo homem quer filhotes, mas achamos que isso não

seria possível com humanos. Nós estávamos errados... e isso é ótimo.

Brassi acenou com a cabeça novamente contra ela e a olhou

gentilmente. — Feliz. — Ele disse asperamente.

Ela piscou as lágrimas. — Eu também. Atordoada, embora. —

Ela estendeu a mão e acariciou a parte de trás de sua cabeça, mas

manteve sua atenção em Vassi. — Está em forma de batalha, certo?


— Todas as crianças nascem assim.

— Uau. Eu não sabia disso. Então tem garras? Isso é seguro para

mim?

— As garras e os dentes afiados não aparecem até depois do

nascimento de um filhote. Você está segura.

Ela se sentia extremamente grata por isso. Ela viu Brassi se

transformar e as garras eram terrivelmente afiadas. — Quão grande

será esse bebê?

Vassi estendeu a mão e gentilmente tocou seu estômago,

acariciando-a, antes de pegar um bloco e tocar nele. — O peso médio

do bebê humano é de três a cinco quilos, de acordo com o que aprendi.

Os nascimentos médios dos filhotes Veslor estão entre dois e três

quilos. O que pode ser curioso é o período de sua gravidez. — Ele

olhou para o monitor. — Eu preciso perguntar. Vocês dois copularam

com Brassi em forma de batalha novamente, desde que se

acasalaram?

Brassi limpou a garganta e se moveu, acariciando-a mais uma

vez antes de se afastar. Ele pegou a mão dela, levou-a para boca e

beijou-a. Seus olhares se encontraram e ele sorriu. — Teremos um

filhote.
— Sim.

— Eu preciso saber. Um de vocês me responda, por favor. Foi

apenas a primeira vez quando se acasalaram ou aconteceu novamente

desde então?

Brassi respondeu seu irmão. — Por que você pergunta?

— Porque se foi apenas quando você se acasalou, pela taxa de

crescimento de seu filhote, sua gravidez será Veslor. E se não, estou

alarmado com o tamanho.

Vivian se abaixou para tocar seu estômago. — Há algo errado?

— Isso iria devastá-la. Ela acabou de descobrir que estava grávida!

Nada poderia acontecer com seu bebê. Ele era seu milagre e o de

Brassi.

— Apenas uma vez, quando nos acasalamos. — Brassi disse a

ele.

Vivian assentiu. — Nós conversamos sobre fazer isso

novamente, mas já danificamos um sofá.

Vassi franziu a testa. — Como?


— O filhote. — Brassi lembrou a ele. — O que isso significa?

Nosso filhote está bem?

Vassi olhou para o monitor, bateu no bloco e finalmente sorriu

para eles. — Ele é perfeitamente saudável e cresce como um Veslor.

— Porque está nesta forma? — Vivian ainda estava um pouco

perplexa com o fato de seu bebê estar em forma de pantera alienígena

em vez de parecer mais uma combinação dela com Brassi.

— Seu tamanho. Como eu disse, todos os nossos bebês nascem

em forma de batalha. Eles não mudam até depois do nascimento,

quando aprenderem a controlar suas emoções.

Ela entendeu surpresa a informação. Pensou que a atual forma

deles fosse natural. Em vez disso, eram uma pantera. — E quanto ao

tamanho dele?

— Gravidezes humanas duram nove meses. Isso significaria que

seu filhote seria muito menor do que ele. Gravidez Veslor são de três

meses. Esse é o tamanho do seu filho como deveria estar neste

momento. — Vassi deixou o bloco e usou as mãos para formar uma

bola de beisebol. — Ele está crescendo como uma Veslor, perfeito.


Ela olhou de suas mãos para tela, antes de chegar ao seu

estômago. Notou que sua barriga cresceu um pouco, mas Brassi

estava sempre levando lanches. O macho era obcecado em mantê-la

bem alimentada. Não ganhou muito peso, no entanto. Talvez dois ou

três quilos.

Então repetiu o que Vassi disse, fez as contas e ficou feliz por

estar deitada.

Em pouco mais de dois meses, seu filho nasceria.

Brassi aproximou-se e gentilmente afastou a mão para o lado,

colocando a palma grande sobre a barriga. Ela encontrou seu olhar.

Ele sorriu amplamente. Não pode deixar de sentir sua felicidade

— Você precisa comer mais. —Explicou Vassi. — Evite alimentos

fritos e qualquer coisa com tempero forte. Isso foi provavelmente o

que a fez vomitar. É típico das nossas mulheres. Eu teria avisado e

feito uma varredura se achasse que você poderia se reproduzir. Sinto

muito, Vivian. Você nunca deveria ter ficado doente. É minha culpa.

— Não, não é. — Ela balançou a cabeça, incapaz de desviar o

olhar de Brassi. — Nós não achamos que poderíamos engravidar.


— Estávamos errados. —Sussurrou Brassi, acariciando seu

estômago com ternura. — Nós teremos um filhote. Eu sou um homem

com sorte.

— Terei que fazer uma lista de perguntas. Por favor, me diga que

suas mulheres expulsam bebês e eles não... as rasgam na saída.

Os olhos de Brassi se arregalaram e ele se virou para Vassi.

Vassi riu. — O parto é o mesmo para as duas raças. Filhotes são

inofensivos na gravidez. Como eu disse, ele não tem garras afiadas

agora. Depois que nascer, suas garras vão crescer e engrossar. Não há

dentes para se preocupar até que tenha cerca de seis meses de idade.

Também é seguro para você copular por enquanto. Continuarei

fazendo exames toda semana e avisarei se isso mudar. — Ele deixou

o bloco e acenou para seu irmão. — Leve sua companheira para seus

aposentos. Evite alimentos fritos e cha no que ela comer. Sua doença

deve acabar assim.

— As mulheres humanas têm enjoos matinais. — Ela respondeu.

Vassi encontrou seu olhar. — Seu corpo está se comportando

como um Veslor agora. Tudo indica isso. Mas se ficar doente

novamente, venha a mim imediatamente.


Brassi pegou-a, sendo extremamente gentil. — Não conte a

ninguém. Compartilharemos amanhã. Agora, quero abraçar minha

companheira.

— Você tem minha palavra. Parabéns a todos.

Vivian se apertou em seu peito enquanto Brassi a levava para

seus aposentos. Não conversaram, até que ele a colocou na cama e se

deitou ao seu lado.

— Teremos um bebê.

Ele se apertou contra ela. — Sim. Este filhote é a melhor surpresa.

— Eu sei. Sinto-me da mesma forma. Apenas espero ser uma boa

mãe para um Veslor.

— Você é uma companheira perfeita. Será uma mãe perfeita.

— Precisamos comprar uma nave maior? — Ela temia que ele

dissesse que sim e fosse um fardo financeiro.

— Não. Temos espaço de armazenamento que podemos

converter em outro cômodo.

Ela suspirou de alívio. — Bom. Como acha que todo mundo

receberá a notícia?
— Eles ficarão emocionados. Todo mundo ama um filhote.

Ela relaxou. — Mesmo? Até Nessel?

Ele riu profundamente. — Ele vai resmungar... mas apenas

observe. Ele estragará nosso filhote quando achar que ninguém está

olhando.
Epílogo

Três meses depois

— Vivian!

Ela se assustou e levantou a cabeça do bloco de dados que estava

estudando. A linguagem Veslor era difícil de aprender, mas estava

conseguindo devagar.

Kavs correu para a sala comum, sem fôlego.

— O que há de errado? — Ela estava de pé em um piscar de

olhos.

— Venha para a sala de controle. Há uma mensagem recebida.

— É de seu planeta?

— É para você.

Ela sentiu-se atordoada, mas depois correu em direção a ele. —

Mensagem de quem?
Ele agarrou a mão dela e puxou-a para a frente da nave. Ela viu

os outros dentro uma vez que entraram na ponte, incluindo seu

companheiro. Ele estava sentado com seu filho abraçado a seu peito

nu. Ela se aproximou dele e colocou as mãos em seus ombros quentes.

Ela olhou para o filhote adormecido. Eles o nomearam Klad,

como o avô de Brassi. Ele era o bebê pantera mais bonito de todos os

tempos. Dentro de um ano, ele começaria a mudar e aprender a

permanecer em seu estado humano. Até então, ela era a mãe de um

filhote. Isso não a incomodava nem um pouco.

Brassi estendeu a mão e segurou a mão em seu ombro, ela

ergueu. Seu olhar dourado sempre a fazia se sentir amada. — É Abby.

Seu coração acelerou e ela olhou para o grande monitor escuro.

— Você tem certeza?

— Sim. Ela nos chamou e respondi. Está recebendo um sinal de

alarme e ligará de volta, agora que tem nossa localização.

— Como ela nos encontrou? Esqueça. É Abby. Esqueci como ela

é boa em invadir sistemas.

Houve um silvo e Brassi ligou um interruptor. O monitor foi

ligado e um belo rosto apareceu.


Abby estava sentada em um sofá que parecia ser uma grande

sala. A grande janela no fundo mostrava céu azul. Seu cabelo

vermelho estava preso em um coque e ela usava um vestido verde

curto. Um sorriso curvou seus lábios.

— Eu a encontrei!

— Abby, você está naTerra?

— Sim. — Ela olhou por cima do ombro e olhou para trás. — É

um lindo dia em Los Angeles. Céu limpo. Não que você

provavelmente se importe. Queria que você soubesse que nós duas

fomos liberadas. É seguro voltar para casa! Aquele idiota do Alderson

e seus amigos tentaram nos jogar debaixo do ônibus, mas eu já tinha

começado a transmitir os vídeos antes que explodissem alguns dos

sistemas no Gorison Traveler, com suas tristes tentativas de danificar

os computadores que armazenavam todas as imagens de segurança.

— Embaixo de um ônibus?

Vivian ignorou o sussurro de Ruggler. — Estou feliz por você

estar bem. Temia que eles pudessem tentar matá-la também.

— Oh, eles tentaram. — Abby deu um sorriso. — Planejavam me

alcançar, então eu fechei as portas do Controle Um. Cortei as salas de


entretenimento para transmitir imagens do Comandante Alderson e

os idiotas tramando com ele, discutindo como destruir os

computadores principais para ajudá-los a colocar a culpa do que

aconteceu em Big M e alguns dos outros tripulantes que morreram e

você. Isso não caiu muito bem para a maioria da tripulação.

Especialmente quando também fiz upload das imagens de segurança

das duas prostitutas sendo entrevistadas sobre o que Alderson fez

com elas durante o bloqueio. Toda mulher na nave queria arrancar as

bolas do homem!

— Eu entendo que um Almirante chegou para ter acesso à ponte?

— Sim. Voltei para Terra há alguns dias. Precisei testemunhar,

mas já havia enviado todas as imagens, então a investigação foi rápida

e praticamente estava no final quando cheguei. Nós estamos bem.

Alderson foi expulso da frota. Ele é persona non grata agora. A

imprensa está despedaçando-o. Ah e a mulher dele pediu o divórcio.

Eu vi isso nos feeds de notícias esta manhã. Mais de duas dúzias de

homens trabalhando com ele, também planejando mentir sobre o que

realmente aconteceu, também foram expulsos da frota e alguns estão

na prisão.
Algo chamou a atenção de Vivian. Algum tipo de dispositivo

flutuante do lado de fora. — O que é isso na janela atrás de você?

Abby se virou, amaldiçoou e pulou do sofá. Ela correu para a

janela e apertou um botão. Um obturador desceu rapidamente,

selando-o. Luzes automáticas se acenderam na sala quando ela voltou

para o sofá e se sentou. — Malditos drones. É a imprensa. Tenho vinte

e cinco andares, mas isso não importa. — Ela suspirou. — Todo

mundo quer uma entrevista comigo. Estou me recusando. Já era ruim

o suficiente quando tive que deixar minha casa para testemunhar.

Você não pode imaginar quantas fotos tiraram de mim. Mas estará

tudo resolvido quando você voltar para casa. Pode ficar comigo.

Minha cobertura tem uma boa segurança.

Vivian mordeu o lábio. — Eu não voltarei.

Abby se inclinou para frente. — É seguro, Vivian. Os advogados

da minha família irão representá-la também. Nós duas temos

imunidade e fomos inocentadas de todas as acusações que Alderson

tentou colocar contra nós. Porra, somos heroínas! Eles até querem nos

lançar algum tipo de desfile em Nova York. Ninguém vai prendê-la.

O pior com o que precisará se preocupar são aqueles malditos

repórteres e seus drones.


Então Abby apontou para Brassi. — Oh, eu tenho ótimas notícias

para você também! Seu rei já foi contatado ou será em breve. Os

Veslor também são heróis, agora que tudo foi revelado. Muitas

pessoas estão muito interessadas em trabalhar com seu pessoal,

especialmente quando um pouco de escavação provou que vocês são

ricos em suprimentos de alimentos com o comércio. — Ela sorriu. —

Enviei uma mensagem pessoal para o seu rei hoje, dando-lhe o

conselho de jogar duro com quem quer que o contate. Suprimentos

de comida são ouro para algumas das colônias.

Brassi franziu a testa.

— Isso é bom. — Vivian sussurrou. — Explicarei depois.

Ele relaxou em seu assento.

Vivian ficou aliviada por não ser uma criminosa e pelos Veslor

conseguirem bons acordos comerciais com a Terra Unida. Ela inclinou

para frente e estendeu a mão para seu companheiro, levantando

gentilmente o filho que Brassi tinha no peito. Abby não seria capaz de

vê-lo de outra forma.

Ela aconchegou o filhote no peito e deu um passo à frente,

aproximando-se da tela, torcendo o corpo para mostrar o rosto

adormecido para amiga.


A boca de Abby se abriu.

— Conheça Klad. Brassi e eu nos acasalamos e tivemos um bebê.

Abby parecia sem palavras.

— Minha vida agora está no Brar e estou extremamente feliz.

Obrigada por limpar meu nome e me deixar saber que não sou uma

criminosa em fuga... mas a Terra não está no meu futuro.

— Ele é tão fofo! — Abby ficou de joelhos no sofá, aproximando-

se do monitor. Sua amiga encontrou seu olhar, então olhou para

Brassi antes de olhar de volta para ela. Abby sorriu novamente. —

Seguiu meu conselho de deixá-lo confortá-la. Bom para você.

Brassi puxou Vivian para seu colo. — Bom para mim.

Abby riu. — Esta é a melhor notícia de todas. Você tem seu

alienígena sexy e um bebê. Eu a invejo.

Kavs de repente apareceu. — Estou à procura de uma

companheira. — Ele tirou a camisa. — Adoraria consolá-la, mulher.

— Então ele abriu os braços. — Estou aqui esperando por você, se

quiser voar para nós. Estou ansioso para tentar ter um filhote.
Abby olhou fixamente para o macho, boquiaberta e finalmente

sorriu. — Você é encantador... e tem um bom peito. Realmente bom.

Estou presa aqui por um tempo. A família está um pouco irritada

comigo depois pareceu que invadi os sistemas tão facilmente. Não foi,

na verdade, mas a opinião pública e tudo mais fez parecer assim. —

Abby fez uma pausa e então balançou a cabeça. — Coloque sua

camisa de volta, coisa gostosa. Você está me distraindo.

Kavs vestiu a camisa. — Ela me chamou de coisas gostosa. Isso

é bom?

— Sim. — Vivian revirou os olhos. — Eu disse que você é

atraente para as fêmeas humanas. Esta é sua prova. —Ela encolheu os

ombros para Abby. — Brassi e eu somos o único casal na nave. Cinco

solteiros. Conhece alguma mulher solteira?

Abby abriu a boca e fechou-a. Balançou a cabeça. — Não alguém

que seria boa o suficiente para eles. Minha família corre nos círculos

errados, se você sabe o que quero dizer. Eu não desejaria uma

debutante mimada para qualquer alienígena gostoso. Manterei meu

olho aberto, porém e enviarei uma mensagem se encontrar alguém

seja um bom ajuste. — Ela piscou. — Alguém como você.


Uma campainha soou atrás de Abby e sua expressão mudou —

Merda. Mais imprensa. Eles devem ter contornado a segurança. Está

um circo aqui. — Ela olhou para a câmera. — Eu tenho que ir, mas te

ligo em breve. Codifiquei meu número direto. É para o meu

dispositivo de viagem. Você pode me alcançar onde quer que eu vá

na Terra quando meus pais sentirem que lidamos com as

consequências da confusão que aconteceu no Gorison Traveler.

Abby olhou para Kavs por alguns segundos.

— Muito tentador. — Ela acenou. — Tome cuidado e parabéns.

Quero fotos de Klad e pense em mim se seu filho precisar de uma

madrinha. Eu ficaria emocionada!

A ligação terminou.

Vivian se inclinou para Brassi e sorriu. — Eu não sou uma

criminosa.

— Você nunca foi. — Ele a abraçou mais perto em seu colo e

acariciou sua cabeça, acariciando também as costas de seu filho

dormindo.

— Você acha que a fêmea virá aqui para mim?


Vivian sorriu e ignorou Kavs. A maioria dos homens solteiros

em sua nave estavam altamente interessados em acasalar com uma

humana, agora que ela teve o filhote de Brassi. Nessel era o único que

negava querer um. Ele não parecia muito convincente para Vivian.

— Devemos comemorar. — Brassi a apertou e se levantou.

Ela nunca se preocupou com ele a deixando cair, mesmo quando

carregava seu filho. Seu companheiro era muito forte.

— Dê-me Klad. — Ofereceu Vassi. — Não precisam de distração.

— Não, dê-me o filhote. —Protestou Yoniv. — É a minha vez.

— Minha. — Resmungou Ruggler. — Você o segurou esta

manhã.

— Você também. — Kavs respondeu. — É a minha vez.

Brassi parou ao lado da porta e suspirou, olhando para ela. —

Eles precisam de mais filhotes para compartilhar.

Ela riu. — Ei, Nessel?

O macho foi para ela e Vivian ofereceu seu filho. Ele sorriu

amplamente, gentilmente pegando o filhote em seus braços. Ele


nunca pedia para segurá-lo, mas sabia que ele gostava tanto de seu

filho quanto os outros.

Ele saiu da ponte com o bebê.

— Isso não é justo. —Resmungou Ruggler.

— Por que ele? — Yoniv parecia chateado.

— Ele é filhote do meu irmão. — Vassi fez beicinho.

Vivian envolveu seus braços ao redor do pescoço de Brassi. —

Vamos antes que eles comecem a lutar.

Ele riu e saiu, movendo-se rapidamente. Passaram por Nessel,

que estava cantarolando para seu filho. Ele era mal-humorado, mas

amava seu filhote.

Eles chegaram a seus aposentos e Brassi colocou-a de pé. —

Precisamos de mais filhotes apenas para manter a paz.

Ela riu, tirando as roupas. — Você apenas quer outro bebê.

— Sim. Eu quero muitos filhotes com você.

— Eu quero tudo com você.


Brassi se despiu e abriu os braços. — Foi assim que começou e

será sempre assim. Ofereço tudo o que sou para você.

Ela entrou em seus braços e amou quando se fecharam ao redor

dela, segurando-a com força. — Precisamos de um banco de

reprodução, já que substituímos o sofá danificado. Eu não quero

rasgar outro.

Ele acariciou a cabeça dela. — Eu pedi um depois que Klad

nasceu. Nós pegaremos na nossa próxima parada.

Ela levantou a cabeça. — Sério?

Ele assentiu, com um brilho sexy nos olhos. — Eu tinha

esperança que você quisesse mais filhotes.

Ela deslizou as mãos para o rosto dele e o puxou para baixo. Ele

abaixou e ela ficou na ponta dos pés, beijando-o. Eles tentariam outro

filhote. Ela mal podia esperar para ver como era um banco de

reprodução e como seria divertido usá-lo.

A vida com um companheiro Veslor era a melhor coisa de todas.

Fim

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