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TCC Michell
TCC Michell
por
Campina Grande - PB
Setembro de 2013
Universidade Federal de Campina Grande
Centro de Ciências e Tecnologia
Unidade Acadêmica de Matemática
4
Abstract
In this work we will present an introductory study on the Lattice Theory,
in which we will discuss some of the most relevant properties, such as mo-
dularity, distributivity and completeness, and the close relationship between
Boolean algebras and Boolean rings. Furthermore, we will show their utility
as an algebraic tool in the study of Group Theory. For that, we will seek
to apply the results developed in this text to an important class of lattices,
called Subgroups Lattices.
5
Dedicatória
6
Sumário
Introdução 9
1 Preliminares 11
1.1 Conjuntos Parcialmente Ordenados . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.1.1 Denição e Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.1.2 Dual de um Sistema Parcialmente Ordenado . . . . . . 13
1.1.3 Elementos Maximais, Minimais, Máximos e Mínimos . 14
1.1.4 Diagramas de Hasse . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.1.5 Isomorsmo de Conjuntos Parcialmente Ordenados . . 16
1.2 Algumas Notas Sobre Grupos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.2.1 Denição e Propriedades Básicas . . . . . . . . . . . . 19
1.2.2 Subgrupos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.2.3 Classes Laterais e o Teorema de Lagrange . . . . . . . 23
1.2.4 Grupos Cíclicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.2.5 Subgrupos Normais e Grupos Quocientes . . . . . . . . 25
1.2.6 Homomorsmos de Grupos . . . . . . . . . . . . . . . . 28
1.2.7 Teoremas de Cauchy e de Sylow . . . . . . . . . . . . . 29
1.2.8 Grupos Abelianos Finitamente Gerados . . . . . . . . . 30
1.3 Anéis de Boole . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2 Reticulados 33
2.1 Conceitos Primários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.1.1 Denição e Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.1.2 Subreticulados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
2.1.3 Homomorsmos de Reticulados . . . . . . . . . . . . . 39
2.2 Reticulados Completos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
2.3 Reticulados como Espaços Algébricos . . . . . . . . . . . . . . 45
2.4 Reticulados Distributivos e Modulares . . . . . . . . . . . . . 46
7
2.5 Álgebras de Boole . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
3 Reticulados de Subgrupos 65
3.1 Resultados Preliminares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
3.2 Reticulados Distributivos e Grupos Cíclicos . . . . . . . . . . . 67
3.3 Reticulados Modulares e Grupos Abelianos . . . . . . . . . . . 72
3.4 Grupos Abelianos e Duais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
3.5 Alguns Teoremas de Classicação . . . . . . . . . . . . . . . . 81
3.5.1 Reticulados de Subgrupos e o Grupo de Klein . . . . . 81
3.5.2 Reticulados de Subgrupos e Cadeias . . . . . . . . . . . 83
3.5.3 Reticulados de Subgrupos e Álgebras de Boole . . . . . 86
3.5.4 Reticulados que Não São Reticulados de Subgrupos . . 86
Bibliograa 89
8
Introdução
A teoria dos reticulados teve sua origem em meados do século XIX com os
estudos do matemático britânico George Boole (1815 − 1864) sobre relações
entre conjuntos. Estes estudos representaram o protótipo das estruturas
algébricas hoje conhecidas como álgebras booleanas, em sua homenagem.
George Boole.
9
Daquele momento em diante, a teoria
dos reticulados tem sido um tema ativo
e em crescimento, tanto em termos de
sua aplicação à álgebra e suas próprias
questões intrínsecas ([5]).
10
Capítulo 1
Preliminares
Observe, portanto, que numa cadeia quaisquer dois elementos são com-
paráveis.
11
Denimos o comprimento de uma cadeia nita de n elementos como sendo
n − 1.
C ⊆ N o conjunto dos comprimentos de todas as cadeias nitas con-
Seja
tidas em P . Se C é limitado superiormente, dizemos que P tem comprimento
nito. Em caso contrário, dizemos que P tem comprimento innito.
l(P ) = max{n ∈ N; n ∈ C },
Observação 1.1.8 O conjunto Z dos inteiros não pode ser ordenado pela
relação de divisibilidade. De fato, dado a∈Z não nulo, temos que −a divide
a e a divide −a, mas −a 6= a. Logo, a propriedade de anti-simetria não é
válida.
12
(x1 , y1 ) ≤ (x2 , y2 ) se x1 ≤ x2 e y1 ≤ y2 .
a ≤0 b ⇐⇒ b ≤ a
para quaisquer a, b ∈ P .
13
Denição 1.1.17 O sistema (P, ≤0 ) será dito o dual do sistema (P, ≤) se a
0
ordem parcial ≤ for a relação inversa da ordem parcial ≤.
14
Exemplo 1.1.22 Em D36 , considere o subconjunto S = {2, 3, 6, 12, 18}. Te-
mos que 2 e 3 são elementos minimais e 12 e 18 são elementos maximais em
S, mas não existe em S nem máximo e nem mínimo.
15
Exemplo 1.1.26 Considere os diagramas abaixo.
Observe que esta é uma generalização dos diagramas de Hasse para conjun-
tos ordenados innitos. Observe também que o sistema representado acima
possui innitos átomos, mas sua altura é nita (igual a 2).
16
Denição 1.1.29 Um isomorsmo de conjuntos ordenados é denido como
sendo uma bijeção isótona com inversa isótona.
Temos que 1≤3 em D9 , mas sequer ϕ−1 (1) e ϕ−1 (3) são comparáveis em
D6 − {1}.
17
Observação 1.1.33 Sejam P e Q conjuntos ordenados e ψ : P −→ Q
um isomorsmo. Se P tem mínimo 0P , então Q também possui mínimo
e ψ(0P ) = 0Q . De fato, se y ∈ Q, então y = ϕ(x), com x ∈ P . Sendo
0P ≤ x, tem-se ϕ(0P ) ≤ ϕ(x) = y .
Por analogia:
18
1.2.1 Denição e Propriedades Básicas
Denição 1.2.1 Sejam G um conjunto não vazio e ∗ uma operação em
G. Dizemos que o par (G, ∗) é um grupo se:
19
Exemplo 1.2.4 (Z, +) e (Q, +) são grupos aditivos e (C∗ = C−{0}, ·) é um
grupo multiplicativo, onde + e · representam a soma e o produto usuais
de números. Além disso, estes grupos são abelianos.
∗ e a b c
e e a b c
a a e c b
b b c e a
c c b a e
Temos que G, munido desta operação, é um grupo, chamado de Grupo de
Klein.
temos que GLn (R) é fechado em relação ao produto usual de matrizes. Ade-
mais, GLn (R), munido deste produto, é um grupo, chamado de grupo linear
de grau n sobre R.
20
Se gn = e vale somente para n = 0, dizemos que a ordem de g é innita, e
denotamos por o(g) = ∞.
1.2.2 Subgrupos
Denição 1.2.10 Seja G um grupo. Denimos um subgrupo de G como
sendo um subconjunto H não vazio de G tal que:
i) xy ∈ H para quaisquer x, y ∈ H ;
ii) x−1 ∈ H para todo x ∈ H .
hgi = {g n | n ∈ Z}.
21
Exemplo 1.2.14 Se n ∈ Z, então nZ = {nq | q ∈ Z} é um subgrupo do
grupo aditivo dos inteiros. Observe que nZ = hni.
g −1 Hg = {g −1 hg; h ∈ H}.
é um subgrupo de G.
22
Observe que se ∅ 6= S ⊆ G, então
hSi = {x1 x2 . . . xn /n ∈ N, xi ∈ S ∪ S −1 },
HN = {hn/h ∈ H, n ∈ N }.
|H||N |
|HN | =
|H ∩ N |
23
Vamos denotar por DG:H o conjunto de todas as classes laterais à direita
de H em G e por EG:H o conjunto de todas as classes laterais à esquerda de
H em G. Ademais, a aplicação
f : EG:H −→ DG:H
xH 7−→ f (xH) = Hx−1
é bem denida e é uma bijeção. Assim, os conjuntos EG:H e DG:H têm a
mesma cardinalidade, a qual é chamada de índice de H em G, e denotada
por |G : H|.
|G| = o(g).
Nas condições desta denição, observe que
m n m+n
Todo grupo cíclico é abeliano (pela lei das potências, g g = g =
n+m n m
g = g g ), mas a recíproca não vale. Basta tomarmos como exemplo o
Grupo de Klein. Segue do Exemplo 1.2.13 que se G é nito, vale:
24
Teorema 1.2.26 Seja G = hgi cíclico.
N E G ⇐⇒ g −1 N g = N, ∀g ∈ G.
25
Observação 1.2.31 H E G ou N E G, então HN ≤ G (consultar [2],
Se
página 141). Neste caso, como H ∪ N ⊆ HN , devemos ter hH ∪ N i ⊆ HN ,
e assim hH ∪ N i = HN .
26
S∞
e assim g∈ n=1 Hn mostrando a igualdade.
Perceba também que
αn = pm−n αm
para m ≥ n, Hn ⊆ Hm .
e assim
Tomando agora H um subgrupo próprio de Cp∞ , deve existir n∈N tal
que αn ∈
/ H , e daí αm ∈
/ H para m ≥ n. Seja, portanto,
n0 = max{n ∈ N; αn ∈ H}.
onde Hn = hαn i.
O grupo Cp∞ é localmente cíclico. De fato, tomando g1 , . . . , gk ∈ Cp∞ e
Hn1 , . . . , Hnk subgrupos de Cp∞ , tais que gj ∈ Hnj , seja
l = max{n1 , . . . , nk }.
27
c) Se K1 e K2 são subgrupos de G, ambos contendo N , tais que K1 /N =
K2 /N , então K1 = K2 . Ademais, K1 ⊆ K2 se, e somente se, K1 /N ⊆ K2 /N .
d) Se H é um subgrupo de G, com N ⊆ H , tem-se H/N EG/N se, e somente
se, H E G.
Subgrupos de G Subgrupos de
−→
contendo N G/N
K 7−→ K/N
Kerϕ = {x ∈ G | ϕ(x) = e1 },
a) ϕ(e) = e1 .
28
b) ϕ(xn ) = ϕ(x)n para quaisquer x ∈ G e n ∈ Z.
c) Se H é um subgrupo de G, então
ϕ(H) = {ϕ(h) | h ∈ H}
ϕ : G/N −→ Imϕ
g 7−→ ϕ(g) = ϕ(g)
HN H
' .
N H ∩N
Demonstração. Consultar [2], páginas 150 − 151.
29
Demonstração. Consultar [1], páginas 220 − 221.
◦
Sejam um grupo nito e p um divisor primo de |G|. O 1 Teorema de
G
k
Sylow assegura que se p divide |G|, então G deve possuir pelo menos um
k
subgrupo de ordem p .
n
Considere p a maior potência de p que divide |G|. Um subgrupo de G
n
de ordem p é chamado de Sp -subgrupo ou p-subgrupo de Sylow de G.
m
a) G ' Cd1 × Cd2 × · · · × Cdn × C∞ , onde, n, m ≥ 0, di divide di+1 , para todo
i = 1, . . . , n − 1, e d1 ≥ 2. Ademais, d(G) = n + m, e m = 0 se, e somente
se, G é nito.
m v
b) Se Cd1 × Cd2 × · · · × Cdn × C∞ ' Cq1 × Cq2 × · · · × Cqu × C∞ , com d1 , q1 ≥ 2,
d1 divide di+1 , qi divide qi+1 e n, m, u, v ≥ 0, então n = u, m = v e di = qi
para todo i = 1, . . . , n − 1.
30
Demonstração. Consultar [2], página 309.
a) G = H1 . . . Hn .
b) Para cada g ∈ G, existem elementos unicamente determinados
x1 ∈ H1 , . . . , xn ∈ Hn tais que g = x1 . . . xn .
Denição 1.3.2 Um anel de Boole é denido como sendo um anel onde todo
elemento é idempotente.
31
Observação 1.3.3 Seja A um anel de Boole. Observe primeiramente que
para todo a∈A
2a = (2a)2 = 4a2 = 4a,
isto é, 2a = 0, e assim a = −a. Daí, se x, y ∈ R, tem-se
x + y = (x + y)2 = (x + y)(x + y) = x2 + xy + yx + y 2 = x + xy + yx + y,
e portanto
xy + yx = 0 =⇒ xy = −yx = yx.
Assim, todo anel de Boole é comutativo.
32
Capítulo 2
Reticulados
0
É imediato que se dois elementos b e b em P cumprem as condições (i) e
(ii) acima, então b ≤ b e b ≤ b, ou seja, b = b0 . Portanto, o supremo de um
0 0
33
Denição 2.1.1 Um sistema parcialmente ordenado será dito um reticulado
se nele existirem o supremo e o ínmo de qualquer par de seus elementos.
∨: R×R −→ R
(a, b) 7−→ a ∨ b = sup{a, b}
e
∧: R×R −→ R
(a, b) 7−→ a ∧ b = inf {a, b}
Observe que estas operações estão bem denidas em virtude da unicidade
de supremos e ínmos, comentadas anteriormente. Dessa forma, passaremos
a indicar por ∨ e por ∧, o supremo e o ínmo de um par de elementos. Mais
geralmente, se P é um conjunto ordenado e S ⊆ P, denotaremos quando
conveniente _ ^
supS = s e inf S = s
s∈S s∈S
34
Exemplo 2.1.6 O conjunto de todos os subespaços de um espaço vetorial,
parcialmente ordenado pela inclusão, é um reticulado. Observe que o ínmo
de dois subespaços W1 e W2 é a sua interseção. Veja também que se W3 é
um subespaço de sorte que W1 , W2 ⊆ W3 , então W1 + W2 ⊆ W3 , onde
W1 + W2 = {w1 + w2 ; wi ∈ Wi }.
Exemplo 2.1.7 Se P0
é o dual do conjunto parcialmente ordenado P , temos
que a ∧ b = c em P se, e somente se, a ∨ b = c em P 0 . Da mesma forma,
a ∨ b = d em P se, e somente se, a ∨ b = d em P 0 . Portanto, o dual de um
reticulado é um reticulado.
35
o qual será chamado de Reticulado de Klein.
a) Se a ≤ b, então a ∨ b = b e a ∧ b = a.
b) Se a ≤ b e c ≤ d, então a ∨ c ≤ b ∨ d e a ∧ c ≤ b ∧ d;
c) Se a ≤ b, então a ∨ c ≤ b ∨ c e a ∧ c ≤ b ∧ c.
d) a ∨ a = a e a ∧ a = a.
e) a ∧ b = a ∨ b ⇐⇒ a = b.
f ) a ∨ b = b ∨ a e a ∧ b = b ∧ a.
g) (a ∨ b) ∨ c = a ∨ (b ∨ c) e (a ∧ b) ∧ c = a ∧ (b ∧ c).
h) a ∨ (b ∧ c) ≤ (a ∨ b) ∧ (a ∨ c) e (a ∧ b) ∨ (a ∧ c) ≤ a ∧ (b ∨ c).
i) a ∨ (a ∧ b) = a e a ∧ (a ∨ b) = a.
36
b) Suponha a ≤ b c ≤ d. Observando que b ≤ b ∨ d e d ≤ b ∨ d, por
e
transitividade, tem-se a ≤ b ∨ d e c ≤ b ∨ d, e portanto, a ∨ c ≤ b ∨ d. A
demonstração da outra armação é análoga.
a≤a∨b=a∧b≤b
e
b ≤ a ∨ b = a ∧ b ≤ a.
Daí, por anti-simetria, encontramos a = b.
g) Temos
a ≤ a ∨ b ≤ (a ∨ b) ∨ c.
Vericamos ainda que
b ≤ a ∨ b ≤ (a ∨ b) ∨ c
e
c ≤ (a ∨ b) ∨ c,
donde
b ∨ c ≤ (a ∨ b) ∨ c.
Logo, a ∨ (b ∨ c) ≤ (a ∨ b) ∨ c. Da mesma forma, (a ∨ b) ∨ c ≤ a ∨ (b ∨ c), o
que nos leva à igualdade (a ∨ b) ∨ c = a ∨ (b ∨ c). A demonstração da outra
armação é análoga.
37
valeb ∧ c ≤ b ≤ a ∨ b e b ∧ c ≤ c ≤ a ∨ c donde b ∧ c ≤ (a ∨ b) ∧ (a ∨ c).
Portanto, a ∨ (b ∧ c) ≤ (a ∨ b) ∧ (a ∨ c) . A demonstração da outra armação
é análoga.
2.1.2 Subreticulados
Denição 2.1.12 Sejam R Q um subconjunto não vazio
um reticulado e
de R. Dizemos que Q é um subreticulado de R se dados a, b ∈ Q, tem-se
a ∨ b, a ∧ b ∈ Q, ou seja, o ínmo e o supremo de {a, b}, em R, pertencem a
Q.
38
a ≤ y ≤ b, e portanto a≤x∧y ≤b e a ≤ x ∨ y ≤ b. Em especial, Dn é um
subreticulado de N (ordenado pela divisibilidade), para todo n ∈ N.
para quaisquer x, y ∈ R1 .
39
Observação 2.1.18 Todo homomorsmo de reticulados é uma aplicação
isótona. De fato, seja ϕ : R1 −→ R2 um homomorsmo e x, y ∈ R1 tais
que x ≤ y. Então x = x ∧ y e assim
ou seja, ϕ(x) ≤ ϕ(y). Observe que ϕ(x) ≤ ϕ(y) implica em ϕ(x) = ϕ(x ∧ y).
e analogamente, ϕ−1 (y1 ∨ y2 ) = ϕ−1 (y1 ) ∨ ϕ−1 (y2 ). Assim ϕ−1 também é um
isomorsmo (tendo em vista que também é bijetiva). Podemos então dizer
que R1 e R2 são reticulados isomorfos e, neste caso, usaremos a notação
R1 ' R2 .
40
existe, entãoδ(z) ≤ δ(s) para todo s ∈ S . Logo, δ(z) é uma cota inferior
para δ(S) em R2 . Supondo que w ∈ R2 também é uma cota inferior de δ(S),
−1
então w ≤ δ(s) e daí, δ (w) ≤ s para todo s ∈ S .
Portanto,
^
δ −1 (w) ≤ s = z,
s∈S
e por conseguinte, w ≤ δ(z). Isto mostra que δ(z) é o ínmo de δ(S) e que
^ _
δ( s) = δ(s).
s∈S s∈S
41
Observação 2.1.23 Dois reticulados isomorfos possuem o mesmo Diagrama
de Hasse.
42
Exemplo 2.2.4 Sejam R1 e R2 reticulados completos e ∅ 6= S ⊆ R1 × R2 .
Denindo,
S1 = {x ∈ R1 /(x, y) ∈ S, para algum y ∈ R2 }
e
S2 = {y ∈ R2 /(x, y) ∈ S, para algum x ∈ R1 },
temos S1 ⊆ R1 e S2 ⊆ R2 , e portanto, existem supS1 em R1 e supS2 em R2 .
Logo, (supS1 , supS2 ) é o supremo de S em R1 × R2 . Além disso, existem
também inf S1 em R1 e inf S2 em R2 , donde (inf S1 , inf S2 ) é o ínmo de S
em R1 × R2 . Portanto, R1 × R2 é completo.
Reciprocamente, suponha o produto cardinal R1 × R2 completo e consi-
dere S1 e S2 subconjuntos não vazios de R1 e R2 , respectivamente. Fixado
arbitrariamente x0 ∈ S1 , tomemos o conjunto
A = {(x0 , y)/y ∈ S2 }.
Tem-se ∅ 6= A ⊆ R1 × R2 , e assim, existe em R1 × R2 o supA e o inf A, os
quais são da forma
43
Teorema 2.2.5 Um reticulado R com elemento máximo é completo se, e
somente se, contém o ínmo de todos os seus subconjuntos não vazios.
x ≤ m, ∀x ∈ X.
S = {x ∈ R; x ≤ λ(x)}.
f : Z −→ Z
n 7−→ f (n) = n + 1
é isótono, mas não possui ponto xo.
44
2.3 Reticulados como Espaços Algébricos
A denição que adotamos para reticulados permite classicá-los como um
caso especial de conjuntos parcialmente ordenados. Alternativamente, é pos-
sível obter o conceito de reticulado utilizando uma abordagem axiomática, na
qual passamos a tratá-los com espaços algébricos. Abordaremos esta cons-
trução com o teorema a seguir.
i) a ∨ b = b ∨ a e a ∧ b = b ∧ a (comutatividade)
ii) a ∨ (b ∨ c) = (a ∨ b) ∨ c e a ∧ (b ∧ c) = (a ∧ b) ∧ c (associatividade)
iii) a ∧ (a ∨ b) = a e a ∨ (a ∧ b) = a (absorção)
a = a ∨ [a ∧ (a ∨ b)] = a ∨ a
a≤b se a∨b=b
• a ≤ a, pois a ∨ a = a;
45
• Se a ≤ b e b ≤ c, então a ∨ b = b e b ∨ c = c. Daí, a ∨ c = a ∨ (b ∨ c) =
(a ∨ b) ∨ c = b ∨ c = c, e portanto, a ≤ c.
a ∨ (a ∨ b) = (a ∨ a) ∨ b = a ∨ b
e
b ∨ (a ∨ b) = b ∨ (b ∨ a) = (b ∨ b) ∨ a = b ∨ a,
ou seja, a ≤ a ∨ b e b ≤ a ∨ b . Ademais, se c é uma cota superior de {a, b},
segue que a ≤ c e b ≤ c, ou seja, a ∨ c = c e b ∨ c = c. Logo,
(a ∨ b) ∨ c = a ∨ (b ∨ c) = a ∨ c = c.
i) x ∨ (y ∧ z) = (x ∨ y) ∧ (x ∨ z), ∀x, y, z ∈ R.
ii) x ∧ (y ∨ z) = (x ∧ y) ∨ (x ∧ z), ∀x, y, z ∈ R.
iii) (x ∨ y) ∧ (y ∨ z) ∧ (z ∨ x) = (x ∧ y) ∨ (y ∧ z) ∨ (z ∧ x), ∀x, y, z ∈ R.
Demonstração. i) =⇒ ii)
(x ∧ y) ∨ (x ∧ z) = [(x ∧ y) ∨ x] ∧ [(x ∧ y) ∨ z]
= [x ∨ (x ∧ y)] ∧ [z ∨ (x ∧ y)]
= x ∧ [z ∨ (x ∧ y)]
= x ∧ [(z ∨ x) ∧ (z ∨ y)]
= [x ∧ (z ∨ x)] ∧ (z ∨ y)
= [x ∧ (x ∨ z)] ∧ (y ∨ z)
= x ∧ (y ∨ z),
46
ii) =⇒ iii)
x ∨ (y ∧ z) = [x ∨ (x ∧ z)] ∨ (y ∧ z)
= x ∨ [(x ∧ z) ∨ (y ∧ z)]
= [x ∨ (x ∧ y)] ∨ [(x ∧ z) ∨ (y ∧ z)]
= x ∨ [(x ∧ y) ∨ (x ∧ z) ∨ (y ∧ z)]
= x ∨ [(x ∨ y) ∧ (x ∨ z) ∧ (y ∨ z)].
(x ∨ y1 ) ∧ (x ∨ z) ∧ (y1 ∨ z) = (x ∧ y1 ) ∨ (x ∧ z) ∨ (y1 ∧ z)
= (x ∧ y1 ) ∨ (y1 ∧ z) ∨ (x ∧ z)
= [x ∧ (x ∨ y)] ∨ [(x ∨ y) ∧ z] ∨ (x ∧ z)
= x ∨ [(x ∨ y) ∧ z] ∨ (x ∧ z)
= x ∨ (x ∧ z) ∨ [(x ∨ y) ∧ z]
= x ∨ [(x ∨ y) ∧ z].
(x ∨ y1 ) ∧ (x ∨ z) ∧ (y1 ∨ z) = (x ∨ x ∨ y) ∧ (x ∨ y ∨ z) ∧ (x ∨ z)
= (x ∨ y) ∧ (x ∨ y ∨ z) ∧ (x ∨ z)
= (x ∨ y) ∧ (x ∨ z).
47
Devemos ter então
Portanto,
48
Exemplo 2.4.10 O Pentágono e o Reticulado de Klein são exemplos clássi-
cos de reticulados não distributivos. Com efeito, consideremos os diagramas
abaixo.
Demonstração. i) =⇒ ii)
(x ∨ z) ∧ (y ∨ z) = (x ∨ z) ∧ {y ∨ [z ∧ (x ∨ z)]}
= {y ∨ [z ∧ (x ∨ z)]} ∧ (x ∨ z)
= {[z ∧ (x ∨ z)] ∨ y} ∧ (x ∨ z)
= [z ∧ (x ∨ z)] ∨ [y ∧ (x ∨ z)]
= z ∨ [y ∧ (x ∨ z)]
= [(x ∨ z) ∧ y] ∨ z,
49
onde usamos (i) na quarta igualdade.
ii) =⇒ i)
(x ∧ z) ∨ (y ∧ z) = (x ∧ z) ∨ {y ∧ [z ∨ (x ∧ z)]}
= {y ∧ [z ∨ (x ∧ z)]} ∨ (x ∧ z)
= {[z ∨ (x ∧ z)] ∧ y} ∨ (x ∧ z)
= [z ∨ (x ∧ z)] ∧ [y ∨ (x ∧ z)]
= z ∧ [y ∨ (x ∧ z)]
= [(x ∧ z) ∨ y] ∧ z,
onde usamos (ii) na quarta igualdade.
i) =⇒ iii) Se x ≤ z , então x∧z =x e assim
x ∨ (y ∧ z) = (x ∧ z) ∨ (y ∧ z) = [(x ∧ z) ∨ y] ∧ z = (x ∨ y) ∧ z.
iii) =⇒ i) Escrevendo x ∧ z = z0, temos que z0 ≤ z. Logo,
[(x ∧ z) ∨ y] ∧ z = (z 0 ∨ y) ∧ z = z 0 ∨ (y ∧ z) = (x ∧ z) ∨ (y ∧ z).
Denição 2.4.12 Um reticulado será dito modular se possuir uma (e con-
sequentemente todas) das propriedades do Teorema 2.4.11.
Exemplo 2.4.13 Sejam R um reticulado distributivo e x, y, z ∈ R. Então
50
Logo, x≤z implica x=0 ou z = 1. Assim, é fácil ver que em ambos os
casos vale
x ∨ (y ∧ z) = (x ∨ y) ∧ z,
onde x, y ∈ {0, 1, a, b}.
temos x ≤ z, mas x ∨ (y ∧ z) = x ∨ 0 = x 6= z = 1 ∧ z = (x ∨ y) ∧ z.
a ∨ (b ∧ c) < (a ∨ b) ∧ c.
b, b ∧ c, a ∨ b, a ∨ (b ∧ c) e (a ∨ b) ∧ c. (2.2)
b∧c≤b≤a∨b (2.3)
e também
b ∧ c ≤ a ∨ (b ∧ c) < (a ∨ b) ∧ c ≤ a ∨ b. (2.4)
51
• b ∧ c 6= (a ∨ b) ∧ c.
• a ∨ (b ∧ c) 6= (a ∨ b) ∧ c;
• a ∨ (b ∧ c) 6= a ∨ b;
• b ∧ c 6= a ∨ b.
Ademais,
a ∨ (b ∧ c) = a ∨ b = (a ∨ b) ∧ c,
52
b≤a∨b e [(a ∨ b) ∧ c] ≤ a ∨ b
donde b∨[(a∨b)∧c] ≤ a∨b. Mas como a < c e a ≤ a∨b, então a ≤ [(a∨b)∧c],
e assim a ∨ b ≤ b ∨ [(a ∨ b) ∧ c]. A igualdade segue por anti-simetria.
A prova de (d) dá-se analogamente. Ademais, (b) e (c) decorrem essenci-
almente da associatividade de ∨ e ∧.
A recíproca é imediata.
u = (x ∧ y) ∨ (y ∧ z) ∨ (x ∧ z)
v = (x ∨ y) ∧ (y ∨ z) ∧ (x ∨ z)
x1 = (x ∧ v) ∨ u
y1 = (y ∧ v) ∨ u
z1 = (z ∧ v) ∨ u
53
temos u 6= v e não é difícil ver que u ≤ v, donde
u ≤ (x ∧ v) ∨ u ≤ v
u ≤ (y ∧ v) ∨ u ≤ v
u ≤ (z ∧ v) ∨ u ≤ v
isto é,
u ≤ x1 ≤ v , u ≤ y1 ≤ v e u ≤ z1 ≤ v .
Com base nessas considerações, o nosso objetivo será mostrar que
{u, x1 , y1 , z1 , v} é um subreticulado de R isomorfo ao Reticulado de Klein.
Para tanto, nossa estratégia será mostrar que u é o ínmo e v é o supremo en-
tre estes elementos, tomando-os dois a dois. Antes disso, porém, ressaltamos
que
x ∧ v = x ∧ (x ∨ y) ∧ (y ∨ z) ∧ (x ∨ z)
= x ∧ (y ∨ z) ∧ (x ∨ z)
= x ∧ (y ∨ z)
e também
y ∨ u = y ∨ (x ∧ y) ∨ (y ∧ z) ∨ (x ∧ z)
= y ∨ (y ∧ z) ∨ (x ∧ z)
= y ∨ (x ∧ z).
Segue então
x 1 ∧ y1 = [(x ∧ v) ∨ u] ∧ [(y ∧ v) ∨ u]
= [((y ∧ v) ∨ u) ∧ (x ∧ v)] ∨ u
= [(x ∧ v) ∧ (y ∨ u) ∧ v] ∨ u
= [(x ∧ v) ∧ (y ∨ u)] ∨ u
= [x ∧ (y ∨ z) ∧ (y ∨ (x ∧ z))] ∨ u.
onde na segunda igualdade foi usada a lei de modularidade (ii) (veja o Te-
orema 2.4.11), e na terceira a lei de modularidade (iii), pois u ≤ v . Em
particular, tem-se
[y ∨ z] ∧ [y ∨ (x ∧ z)] = [(x ∧ z) ∨ y] ∧ [z ∨ y]
54
= [[(x ∧ z) ∨ y] ∧ z] ∨ y
= [(x ∧ z) ∨ (y ∧ z)] ∨ y
= (x ∧ z) ∨ [(y ∧ z) ∨ y]
= (x ∧ z) ∨ y,
onde na segunda igualdade foi usada a lei de modularidade (ii), e na terceira
a lei de modularidade (i). Finalmente,
x1 ∧ y 1 = [x ∧ (y ∨ z) ∧ (y ∨ (x ∧ z))] ∨ u
= [x ∧ ((x ∧ z) ∨ y)] ∨ u
= [((x ∧ z) ∨ y) ∧ x] ∨ u
= (x ∧ z) ∨ (y ∧ x) ∨ u
= u,
como queríamos. Ademais, esclarecendo que
x1 ∨ y1 = (x ∧ v) ∨ u ∨ (y ∧ v) ∨ u
= [(x ∧ v) ∨ (y ∧ v)] ∨ u
= [((x ∧ v) ∨ y) ∧ v] ∨ u
= v ∨ u = v.
É notável que os demais casos (x1 ∨ z1 = y1 ∨ z1 = v e x1 ∧ z1 = y1 ∧ z1 = u)
seguem de modo análogo.
Daí, se x1 ≤ y1 , então x1 = u e y1 = v . Nestas condições, x1 ≤ z1 e assim
z1 = x1 ∨ z1 = v , donde z1 = y1 . Mas isto acarreta
u = y1 ∧ z1 = y1 ∨ z1 = v,
que é um absurdo. Logo, não existe ordem de precedência entre x1 e y1 .
Consequentemente, trabalhando de forma inteiramente análoga, concluímos
que x1 , y1 e z1 são 2 a 2 incomparáveis. Assim, {u, v, x1 , y1 e z1 } determinam
um subreticulado, o qual é isomorfo ao Reticulado de Klein:
55
A recíproca é imediata.
A segunda armação é consequência imediata do Teorema 2.4.16 e do que
foi feito acima.
x∧z =y∧z e x ∨ z = y ∨ z,
então
x = x ∧ (x ∨ z) = x ∧ (y ∨ z)
= (x ∧ y) ∨ (x ∧ z) = (x ∧ y) ∨ (y ∧ z)
= (y ∧ x) ∨ (y ∧ z) = y ∧ (x ∨ z)
= y ∧ (y ∨ z) = y.
56
Este desenvolvimento, justamente com o Teorema 2.4.18, justica o teo-
rema a seguir.
para x, y, z ∈ R.
x = x ∨ (x ∧ z) = x ∨ (y ∧ z)
= x ∨ (z ∧ y) = (x ∨ z) ∧ y
= (y ∨ z) ∧ y = y.
[x ∨ (y ∧ z)] ∧ z = [y ∧ (x ∨ z)] ∧ z.
57
Da mesma forma,
donde
[x ∨ (y ∧ z)] ∨ z = [y ∧ (x ∨ z)] ∨ z.
Em decorrência de (2.6), devemos ter x ∨ (y ∧ z) = y ∧ (x ∨ z), e portanto R
é modular.
58
Denição 2.5.1 Um reticulado com máximo e mínimo será dito comple-
mentado quando existirem complementos de todos os seus elementos.
x∨x=1=x∨y e x∧x=0=x∧y
o que implica x = y.
a∧b=a∨b e a ∨ b = a ∧ b.
(a ∧ b) ∧ (a ∨ b) = a ∧ [b ∧ (a ∨ b)]
= a ∧ [(b ∧ a) ∨ (b ∧ b)]
= a ∧ [(a ∧ b) ∨ 0]
= a∧a∧b
= 0∧b=0
(a ∧ b) ∨ (a ∨ b) = [(a ∧ b) ∨ a] ∨ b
= [(a ∨ a) ∧ (b ∨ a)] ∨ b
= [1 ∧ (b ∨ a)] ∨ b
= (b ∨ a) ∨ b
= (b ∨ b) ∨ a
= 1∨a=1
59
conclui-se que a∨b é complemento de a ∧ b. Dualmente, demonstra-se que
a∧b é complemento de a ∨ b.
Exemplo 2.5.4 P(E) é uma álgebra de Boole. De fato, lembre que da Teo-
ria dos Conjuntos, a união é distributiva com relação a interseção. Ademais,
se X ⊆ E, então E−X é o complemento de X em P(E).
mdc(p1 , p1 ) = p1 ∧ p1 = minDn = 1,
n = p1 ∨ p1 = mmc(p1 , p1 ) = p1 p1
e daí, p1 = pk−1
1 p2 . . . pm , sendo k − 1 ≥ 1, o que nos leva a uma contradição.
60
Exemplo 2.5.7 O produto cardinal de duas álgebras de Boole é uma álgebra
de Boole. Observe que (a, b) = (a, b).
a≤b se a · b = a, para a, b ∈ A.
Temos
• a ≤ a, pois a = a2 = a · a;
• Se a ≤ b e b ≤ c, então a · b = a e b · c = b. Daí, a = a · b = a · (b · c) =
(a · b) · c = a · c, e portanto a ≤ c.
0 ≤ a ≤ 1, para todo a ∈ A,
(a · b) · a = a · b e (a · b) · b = a · b,
61
Observe agora que
a · (a + b + a · b) = a · a + a · b + a · a · b = a + 2(a · b) = a,
(a + b + a · b) · d = a · d + b · d + (a · b) · d = a + b + a · (b · d) = a + b + a · b,
a∨c=b∨c e a ∧ c = b ∧ c.
Logo, a·c=b·c e
a + c + a · c = b + c + b · c,
a ∧ (1 − a) = a · (1 − a) = a − a2 = a − a = 0
a ∨ (1 − a) = a + (1 − a) + a · (1 − a) = 1
+: A×A −→ A
(a, b) 7−→ a + b = (a ∧ b) ∨ (a ∧ b)
e
·: A×A −→ A
(a, b) 7−→ a·b=a∧b
62
mostraremos que (A, +, ·) é um anel booleano com unidade. É útil observar
que
(a ∨ b) ∧ (a ∨ b) = {(a ∨ b) ∧ a} ∨ {(a ∨ b) ∧ b}
= {(a ∧ a) ∨ (b ∧ a)} ∨ {(a ∧ b) ∨ (b ∨ b)}
= {(0 ∨ (b ∧ a)} ∨ {(a ∧ b) ∨ 0}
= (b ∧ a) ∨ (a ∧ b)
a + b = (a ∨ b) ∧ (a ∨ b).
• Comutatividade de +.
a + b = (a ∧ b) ∨ (a ∧ b) = (a ∧ b) ∨ (a ∧ b) = (b ∧ a) ∨ (b ∧ a) = b + a;
a + 0 = (a ∧ 1) ∨ (a ∧ 0) = a ∨ 0 = a;
a + a = (a ∧ a) ∨ (a ∧ a) = 0 ∨ 0 = 0;
logo, −a = a;
• Associatividade de +.
a + (b + c) = a + [(b ∧ c) ∨ (b ∧ c)]
= {a ∧ [(b ∧ c) ∨ (b ∧ c)]} ∨ {a ∧ [(b ∧ c) ∨ (b ∧ c)]}
= {a ∧ [(b ∧ c) ∧ (b ∧ c)]} ∨ {a ∧ [(b ∧ c) ∨ (b ∧ c)]}
= {a ∧ [(b ∨ c) ∧ (b ∨ c)]} ∨ {a ∧ [(b ∧ c) ∨ (b ∧ c)]}
= {a ∧ [((b ∨ c) ∧ b) ∨ ((b ∨ c) ∧ c)]} ∨ {[a ∧ (b ∧ c)] ∨ [a ∧ (b ∧ c)]}
= {a ∧ [(b ∧ b) ∨ (c ∧ b) ∨ (b ∧ c) ∨ (c ∧ c)]} ∨ {[a ∧ b ∧ c] ∨ [a ∧ b ∧ c]}
= {a ∧ [0 ∨ (c ∧ b) ∨ (b ∧ c) ∨ 0]} ∨ (a ∧ b ∧ c) ∨ (a ∧ b ∧ c)
= {a ∧ [(c ∧ b) ∨ (b ∧ c)]} ∨ (a ∧ b ∧ c) ∨ (a ∧ b ∧ c)
63
= (a ∧ b ∧ c) ∨ (a ∧ b ∧ c) ∨ (a ∧ b ∧ c) ∨ (a ∧ b ∧ c)
= {(a ∧ b ∧ c) ∨ (a ∧ b ∧ c)} ∨ {(a ∧ b ∧ c) ∨ (a ∧ b ∧ c)}
= {[(a ∧ b) ∨ (a ∧ b)] ∧ c} ∨ {[(a ∧ b) ∨ (a ∧ b)] ∧ c}
= {[(a ∧ b) ∨ (a ∧ b)] ∧ c} ∨ {[(a ∧ b) ∧ (a ∧ b)] ∧ c}
= {[(a ∧ b) ∨ (a ∧ b)] ∧ c} ∨ {[(a ∨ b) ∧ (a ∨ b)] ∧ c}
= [(a + b) ∧ c] ∨ [(a + b) ∧ c]
= (a + b) + c.
• Comutatividade de ·.
a · b = a ∧ b = b ∧ a = b · a;
1 · a = 1 ∧ a = a;
• Associatividade de ·.
(a · b) · c = (a ∧ b) ∧ c = a ∧ (b ∧ c) = a · (b · c);
• Idempotência. a2 = a · a = a ∧ a = a.
64
Capítulo 3
Reticulados de Subgrupos
Neste capítulo vamos estudar o comportamento dos reticulados de subgru-
pos. Em especial, vamos investigar propriedades inerentes de um grupo G
a partir da coleta de informações de seu reticulado de subgrupos R(G), tais
como distributividade, modularidade, dualidade, dentre outras. Buscaremos,
também, interpretar alguns resultados da Teoria de Grupos utilizando a lin-
guagem de reticulados.
H ∧N =H ∩N e H ∨ N = hH ∪ N i
[N, G] −→ R(G/N )
H 7−→ H/N
e esta aplicação é um isomorsmo de conjuntos ordenados. Este desenvol-
vimento pode ser interpretado como sendo o Teorema da Correspondência
(Teorema 1.2.34) em linguagem de reticulados de subgrupos.
65
Vimos também que se H ≤ G, então R(H) é um subreticulado de R(G)
(Exemplo 2.1.15).
Lema 3.1.2 Seja G um grupo. Então R(G) é nito se, e somente se, G é
nito.
m
[
G= hxi i.
x=1
Demonstração. Sendo R(G) nito, então G é nito, pelo lema anterior. To-
mando agora g ∈ G − {e}, então segue da hipótese que G = hgi, e assim G
é cíclico. Logo, se n divide |G|, com 1 < n < |G|, então existe H ⊆ G, com
|H| = n (Teorema 1.2.26), e daí {e} =6 H 6= G, o que é um absurdo.
ϕ : G1 −→ G2
g 7−→ ϕ(g)
66
um isomorsmo. Temos que se K1 ≤ G1 , então ϕ(K1 ) ≤ G2 . Reciproca-
−1
mente, se K2 ≤ G2 , então ϕ (K2 ) ≤ G1 . Ademais, se H, N ≤ G, tem-se
H ≤ N ⇐⇒ ϕ(H) ≤ ϕ(N ).
Logo,
ϕR : R(G1 ) −→ R(G2 )
H 7−→ ϕR (H) = ϕ(H)
é um isomorsmo de reticulados. Portanto, R(G1 ) ' R(G2 ).
ϕ : R(Cn ) −→ Dn
H 7−→ ϕ(H) = |H|
Tendo em vista o Teorema de Lagrange (Teorema 1.2.22), temos que ϕ está
bem denida e é uma aplicação isótona. Ademais, a sobrejetividade e a inje-
tividade decorrem de propriedades básicas de grupos cíclicos nitos (Teorema
1.2.26).
Tomemos K1 e K2 subgrupos de Cn tais que |K1 | divide |K2 |. Neste caso,
existe K3 ≤ K2 , com |K1 | = |K3 |. Assim, com base no Teorema 1.2.26,
−1
ítem (b), devemos ter K1 = K3 e portanto K1 é subgrupo de K2 . Logo, ϕ
também é isótona e ϕ é um isomorsmo de reticulados.
n
Demonstração. Observando que todos os dividores de p são da forma pk ,
k k
com k ≤ n, e que p 1 divide p 2 , para k1 ≤ k2 , temos que Dpn é uma cadeia.
Aplicando o teorema anterior, tem-se Dpn ' R(Cpn ), donde R(Cpn ) é uma
cadeia.
67
Lema 3.2.3 Denotemos por D∞ o conjunto N0 = N ∪ {0} ordenado pela
0
relação de divisibilidade. Então R(C∞ ) ' D∞ .
ϕ : D∞ −→ R(C∞ )
n 7−→ ϕ(n) = hg n i
Temos que ϕ é sobrejetora, pois todo subgrupo de C∞ é da forma hg n i, com
n ∈ N0 . Além disso, como no lema anterior, a injetividade também decorre
de propriedades básicas de grupos cíclicos (Teorema 1.2.26).
Sejam dados agora n, m ∈ N0 . Então
Demonstração. Vamos nos ater apenas à primeira igualdade, uma vez que a
segunda igualdade é vericada de modo inteiramente análogo.
É imediato que (A ∧ hgi)(B ∧ hgi) ≤ hgi. Reciprocamente, observe que
a1 , a2 ∈ A ∧ hgi e b ∈ B ∧ hgi. Usando agora a hipótese
a1 b = a2 c,
68
Além disso, como
camos com
habi ∨ (hai ∧ hbi) = (habi ∨ hai) ∧ (habi ∨ hbi) = ha, bi. (3.1)
habi
habi ∧ (hai ∧ hbi)
é cíclico, e portanto o grupo quociente
ha, bi
hai ∧ hbi
também é cíclico. Ademais, como hai ∧ hbi ≤ Z(ha, bi), temos que ha, bi é
abeliano. Dados x, y ∈ G, devemos mostrar que hx, yi é cíclico. Se não for,
temos d(hx, yi) = 2 e daí hx, yi ' G1 × G2 , com Gi cíclico. Neste caso, devem
existir c, d ∈ G tais que
69
Se A ∧ hgi = {e}, então a = a0 = e e x = b = c ∈ B ∧ C . Se B ∧ hgi = {e}
ou C ∧ hgi = {e}, então x ∈ A. Portanto, se um desses três subgrupos for
trivial, então x ∈ A(B ∧ C) e o teorema estará mostrado. Suponha então
que nenhum deles seja trivial e consideremos n, r e s os respectivos índices
de A ∧ hgi, B ∧ hgi e C ∧ hgi em hgi. Assim, pelo Teorema 1.2.26, ítem (b),
mdc(n, r) = 1 = mdc(n, s) e daí mdc(n, rs) = 1, donde
AB ∧ AC ≤ A(B ∧ C).
H1 ( H2 ( H3 ( . . . ( Hn ( Hn+1 ( . . .
70
uma cadeia ascendente de subgrupos de G. Mas, neste caso,
∞
[
H= Hn
n=1
H = hg1 , . . . , gk i.
o que é um absurdo.
0
Demonstração. Se G ' C∞ é imediato do Lema 3.2.3 que R(G) ' D∞ . Reci-
0
procamente, se R(G) ' D∞ , então R(G) é distributivo. Ademais, como todo
subconjunto não vazio de números naturais possui elemento minimal com
respeito à relação de divisibilidade (a ordem de D∞ ), então todo subcon-
0 0
junto de D∞ tem elemento maximal. Logo, D∞ satisfaz a condição maximal,
e portanto G ' C∞ .
71
tais que Dm ' Dm0 , e consequentemente R(Cm ) ' R(Cm0 ), mas m 6= m0 .
Podemos justicar esta asserção utilizando diagramas de Hasse. Por exemplo,
para todo grupo abeliano G cuja ordem é pq , com p e q primos distintos, o
diagrama de Hasse de R(G), assim como o de Dpq , é da forma:
(H1 H2 ) ∩ H3 = H1 (H2 ∩ H3 ).
72
A Lei Modular de Dedekind não exige hipóteses sobre a natureza do grupo
sob o qual tem suporte, e portanto é válida em qualquer situação. Por outro
lado, se G é um grupo onde todo subgrupo é normal, conforme vimos na
observação anterior, teremos
H1 H2 = H1 ∨ H2
para H1 , H2 ≤ G. Neste caso, a Lei supracitada pode ser reescrita como
(H1 ∨ H2 ) ∧ H3 = H1 ∨ (H2 ∧ H3 )
que exprime exatamente a condição de modularidade.
· i j k
i −1 k −j
.
j −k −1 i
k j −i −1
Conforme a tabela acima, temos que Q8 é multiplicativamente fechado.
Ademais, a partir das igualdades
73
Caso 1. h−1i = {1, −1} é o único subgrupo de ordem 2. De fato, qualquer
outro subconjunto com dois elementos de Q8 não é um subgrupo, visto
que −1 é o único elemento de ordem 2 emQ8 .
Caso 2. hii = h−1i = {1, −1, i, −i}, hji = h−ji = {1, −1, j, −j} e hki =
h−ki = {1, −1, k, −k} são seus únicos subgrupos de ordem 4. Em ver-
dade, estes são os únicos subgrupos cíclicos de quatro elementos de Q8 .
Neste caso, se existisse um outro subgrupo de ordem 4, deveria ser iso-
morfo ao Grupo de Klein, e portanto deveria conter três subgrupos de
ordem 2, o que nos leva a uma contradição.
74
Observe que este diagrama contém uma cópia do Pentágono (por exemplo,
o subreticulado {{e}, H2 , H5 , H6 , D4 }), e assim, pelo Teorema 2.4.16, R(D4 )
não é modular.
i) R é modular.
ii) Para quaisquer a, m ∈ R, a aplicação
ϕa,m : [a ∧ m, a] −→ [m, a ∨ m]
ξ 7−→ ϕa,m (ξ) = ξ ∨ m
é um isomorsmo.
iii)Para quaisquer a, m ∈ R, a aplicação
ψa,m : [m, a ∨ m] −→ [a ∧ m, a]
ξ 7−→ ψa,m (ξ) = ξ ∧ a
é um isomorsmo.
iv) Para quaisquer a, m ∈ R, valem
75
Portanto, R é modular.
Por simplicidade, vamos denotar a partir de agora ϕa,m e ψa,m apenas por
ϕ e ψ, respectivamente.
x ∨ m ≤ ((x ∨ m) ∧ a) ∨ m.
Por outro lado, como m≤x∨m e (x ∨ m) ∧ a ≤ x ∨ m, camos com
((x ∨ m) ∧ a) ∨ m ≤ x ∨ m.
Portanto, ((x ∨ m) ∧ a) ∨ m = x ∨ m. Além disso, (x ∨ m) ∧ a ∈ [a ∧ m, a], e
assim
ϕ(x) = x ∨ m = ((x ∨ m) ∧ a) ∨ m = ϕ((x ∨ m) ∧ a).
Como ϕ x = (x ∨ m) ∧ a = ψ(ϕ(x)).
é injetiva, devemos ter
Tomando agoraz ∈ [m, a ∨ m], temos (z ∧ a) ∨ m ≤ z e, como ϕ é
sobrejetiva, existe x ∈ [a ∧ m, a] tal que z = ϕ(x) = x ∨ m. Segue que
x ≤ z ∧ a e z = x ∨ m ≤ (z ∧ a) ∨ m. Logo, z = (z ∧ a) ∨ m e assim
z = (z ∧ a) ∨ m = ϕ(ψ(z)).
Portanto, (iv) ocorre.
x = (x ∨ m) ∧ a = ψ(ϕ(x)).
Tomando agora z ∈ [m, a ∨ m], então (z ∧ a) ∨ m ≤ z , e assim,
((z ∧ a) ∨ m) ∧ a ≤ z ∧ a.
Como z ∧ a ≤ ((z ∧ a) ∨ m) ∧ a, concluímos
76
Observação 3.3.7 Se R é modular, o lema acima estabelece que
[m, a ∨ m] ' [a ∧ m, a]
para quaisquer a, m ∈ R.
[habi ∧ hai, habi] ' [hai, habi ∨ hai] e [hai, hai ∨ hbi] ' [hai ∧ hbi, hbi].
Como habi ∨ hai = ha, bi = hai ∨ hbi, devemos ter
e portanto, [habi ∧ hai, habi] é um reticulado nito, uma vez que hbi é nito
e daí R(hbi) é nito. Assim, tem-se que o quociente
habi
habi ∧ hai
é nito (veja a Seção 3.1). Como habi ∧ hai é nito, segue que habi é nito
e daí ab tem ordem nita. Ademais, como o(g −1 ) = o(g), para todo g ∈ G,
temos que T (G) é fechado a inversos. Portanto T (G) é um subgrupo de G.
77
uma cadeia decrescente de subgrupos de G, onde
^ \
Zi = Zi = {e}.
i∈N i∈N
Desse modo,
δ(Z) < δ(Z1 ) < δ(Z2 ) < · · · < δ(Zn ) < δ(Zn+1 ) < · · ·
0
S
é uma cadeia ascendente de subgrupos de G , e assim i∈N δ(Zi ) é subgrupo
0
de G . Logo,
^ _ [
G0 = δ({e}) = δ( Zi ) = δ(Zi ) = δ(Zi ). (3.2)
i∈N i∈N i∈N
: A∗ × A∗ −→ A∗
(σ, τ ) 7−→ στ
a) (A∗ , ) ' A.
b) Se e 6= x, então existe σ ∈ A∗ tal que σ(x) 6= 1.
78
Demonstração. a) Pela estrutura dos grupos abelianos nitos, temos
A = ha1 i · · · han i
χy : A −→ C∗
ax1 1 . . . axnn 7−→ χy (ax1 1 . . . axnn ) = ε1x1 y1 . . . εnxn yn .
Se
ax1 1 . . . axnn = ak11 . . . aknn
em A, então axi i = aki i e daí
χ: A −→ A∗
y 7−→ χ(y) = χy
está bem denida e é um homomorsmo de grupos, ou seja, χy1 y2 = χy1 χy2 .
∗
Tome σ ∈ A . Então
79
ou seja, σ(ai ) é uma ni -ésima raiz da unidade em C. Logo, deve existir yi ∈ Z
yi y1 y
satisfazendo σ(ai ) = εi . Desse modo, sendo y = a1 . . . ann ,
⊥(X) = {σ ∈ A∗ ; σ(x) = 1, ∀x ∈ X}
e
>(S) = {a ∈ A; σ(a) = 1, ∀σ ∈ S}.
É fácil ver que ⊥(X) ≤ A∗ e >(S) ≤ A, e daí segue a boa denição das
aplicações
σ = τ ◦ α : A −→ C∗
80
>(⊥(X)) = X .
X1 = >(⊥(X1 )) = >(⊥(X2 )) = X2 .
δ = ρ ◦ ⊥ : R(A) −→ R(A)
é uma dualidade.
81
Demonstração. Suponha R(G) isomorfo ao reticulado de Klein. Cientes de
que R(G) possui três átomos, os quais correspondem a subgrupos de ordem
prima, devemos ter |G| divisível por no máximo três primos distintos.
Caso 1. Suponha que |G| seja divisível por três primos distintos, digamos
p1 , p2 e p3 . Pelo Teorema de Cauchy existem H1 , H2 , H3 ≤ G tais que
|Hi | = pi .
Sendo estes únicos com suas respectivas ordens são portanto normais
em G. Ademais, como
Hi ∩ Hj = {e}
temos que H = H1 H2 ≤ G de sorte que |H| = p1 p2 e contém propria-
mente H1 e H2 . Assim, devemos ter H = G, o que é um absurdo pois
p3 - p1 p2 .
Caso 2. Suponha |G| p1 e p2 .
divisível por dois primos distintos, digamos
Então podemos supor, sem perda de generalidade, H1 , H2 , H3 ≤ G tais
que
|H1 | = |H2 | = p1 e |H3 | = p2 .
Sendo H3 G. Daí,
único com sua ordem, este deve ser normal em
procedendo ipsis litteris ao Caso 1, temos que H = H1 H3 ≤ G de
ordem p1 p2 e contém propriamente H1 e H3 . Logo, H = G e |G| = p1 p2 ,
◦
o que nos leva a um absurdo. De fato, sendo np1 = 2, pelo 3 Teorema
de Sylow, vem
2≡1 (mod p1 )
donde p1 = 1.
Dessa forma, temos que G é um p-grupo, para algum p
primo. Ademais,
2
como a maior cadeia em G tem comprimento 2, concluímos que |G| = p .
Como R(G) não é uma cadeia, temos que R(G) não é cíclico e daí todo
x ∈ G − {e} tem ordem p. Assim, consideremos H1 , . . . , Hn os subgrupos
distintos de G de ordem p (os átomos de R(G)). Neste caso
n
[
G − {e} = (Hi − {e}).
i=1
82
Logo p2 −1 = n(p−1), ou seja, n = p+1. Mas como R(G) possui três átomos,
tem-se n = 3 e assim p = 2. Consequentemente, G é um grupo abeliano de
ordem 4 com três subgrupos intermediários de ordem 2, caracterizando-se
portanto, como o Grupo de Klein.
A recíproca é imediata (ver Exemplo 2.1.9).
0
Suponha, por absurdo, g ∈ G de ordem innita. Então R(hgi) ' D∞
(Lema 3.2.3). Neste caso, R(G) possui um subreticulado que não é uma
cadeia, o que é um absurdo.
Assim, sejam g1 , g2 ∈ G e suponha, por absurdo, p e q primos distintos
divisores de o(g1 ) e o(g2 ), respectivamente. Então
83
Seja g ∈ G. Sendo o(g) = pn , tomemos Hn = hgi ≤ G. Observe que
|Hn | = o(g) = pn . Assim, se K ≤ G, com |K| = pn e K 6= Hn , então
K ( Hn e Hn ( K , o que é um absurdo pois R(G) é uma cadeia. Portanto,
Hn é o único subgrupo de G de ordem np. Além disso, se k ∈ {0, 1, . . . , n},
n−k
então o((p )g) = pk e daí Hk = hpn−k gi é o único subgrupo de G de ordem
pk . Dessa forma, construímos uma cadeia
{e} = H0 ( H1 ( H2 ( · · · ( Hn−1 ( Hn .
Supondo {o(g)/g ∈ G} limitado, tomemos g0 ∈ G de ordem máxima, diga-
n m
mos o(g0 ) = p 0 , e Hn0 = hg0 i. Se x ∈ G, então o(x) = p , com m ≤ n0 .
m
Neste caso, |hxi| = p donde hxi = Hm ( Hn0 . Logo, G ⊆ Hn0 , o que é um
absurdo pois G é innito.
Assim, {o(g)/g ∈ G} é ilimitado e existem
{e} = H0 ( H1 ( H2 ( · · · ( Hn−1 ( Hn ( · · · .
Sendo Hn = hαn i, αn+1 ∈ Hn+1 tal que Hn+1 = hαn+1 i e αn = pαn+1 .
existe
n+1
De fato, consideremos Hn+1 = hgi, com o(g) = p . Assim, existe k ∈ Z de
sorte que αn = kg . Logo, pelo Teorema 1.2.26, ítem (e), temos
pn+1
pn = o(αn ) = n+1
=⇒ mdc(k, pn+1 ) = p.
mdc(k, p )
Daí, k = ap, com mdc(a, p) = 1. Nestas condições,
αn = kg = p(ag),
e novamente pelo Teorema 1.2.26, ítem (e), podemos então tomar
αn+1 = ag.
Por indução, podemos construir uma sequência
e = α0 , α1 , α2 , . . . , αn , . . .
tais que αn = pαn+1 e Hn = hαn i. Ademais, se n, m ∈ N, então
αn = pm αn+m .
Consideremos agora o subgrupo do grupo aditivo dos racionais
A = {a/pn ; a ∈ Z, n ≥ 0}
e a aplicação
84
ϕ: A −→ G
a/pn 7−→ ϕ (a/pn ) = aαn .
a/pn = b/pm ,
0
bαm = apm−n αm = apm αn+m0 = aαn ,
apm + bpn
n m
ϕ (a/p + b/p ) = ϕ
pm+n
= (ap + bpn )αn+m
m
A
'G
Z
donde concluímos que G é um p-grupo de Prufer.
Temos então o seguinte resultado:
Teorema 3.5.2 Seja G um grupo tal que R(G) é uma cadeia. Então:
85
3.5.3 Reticulados de Subgrupos e Álgebras de Boole
Mostramos no Exemplo 2.5.5 que Dn é uma álgebra de Boole se, e somente
se, n é livre de quadrado. Assim, com base no Lema 3.2.1, podemos assegurar
que os reticulados de subgrupos de grupos cíclicos nitos com ordem livre de
quadrado são álgebras de Boole. Mas, seriam estes os únicos grupos nitos
com tal propriedade? A resposta é armativa.
Teorema 3.5.3 Seja G um grupo nito. Então R(G) é uma álgebra de Boole
se, e somente se, G é um grupo cíclico com ordem livre de quadrado.
Teorema 3.5.4 Não existe nenhum grupo cujo reticulado de subgrupos seja
o Pentágono.
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Como o Pentágono possui dois átomos, no caso os subgrupos H e N,
então |G| deve ser divisível no máximo por dois primos, digamos p e q , onde
|H| = p e |N | = q .
Demonstração. Suponha, por absurdo, que exista um grupo G tal que R(G)
seja o dual de R(Q8 ) e considere o seguinte diagrama:
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• G é isomorfo ao grupo D4 , o que é um absurdo pois R(D4 ) possui cinco
átomos (ver Exemplo 3.3.5).
Teorema 3.5.6 Não existe um grupo de sorte que o seu reticulado de sub-
grupos tenha o seguinte diagrama de Hasse:
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Bibliograa
[1] FRALEIGH, J. B. A rst Course in Abstract Algebra. 6◦ edição. EUA:
Addison Wesley, 1999.
[6] ROMAN, Steven. Lattices and Ordered Sets. New York: Springer Sci-
ence, 2008.
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