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ELABORANDO UM ARTIGO DO ZERO

1° PASSO: CRIE UM PROBLEMA DE PESQUISA E UMA HIPÓTESE RELACIONADOS


COM O TEMA
Eu sempre digo para meus alunos: tudo na pesquisa gira em torno do problema!
Para que você sustente sua hipótese (aquilo que você está propondo no artigo, a
solução), é preciso que exista um problema de pesquisa bem formulado e recortado. Em
outras palavras, é preciso que você delimite a “pergunta” a qual você quer propor uma
possível resposta. Para isso, é preciso que haja uma boa noção do contexto em que o seu
problema está inserido a fim de que seu recorte seja preciso.

EXEMPLO
O “STF” entendeu que o prazo nonagesimal insculpido no parágrafo único do artigo
316 do CPP não implica automática revogação da prisão preventiva. Porém, basta ler o
dispositivo legal para ver que o legislador deixou claro que, caso o órgão emissor da
decisão da preventiva não renove os fundamentos da prisão a cada 90 dias, a prisão SE
TORNARÁ ILEGAL1. Veja-se:

Art. 316, Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da decisão
revisar a necessidade de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante decisão fundamentada, de
ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal.

A partir desse contexto, eu formulei uma pergunta simples e delimitada que serviu
de base para um artigo que elaborei: “a construção de sentido a partir da interpretação
que o STF deu ao artigo 316 do CPP está em consonância com a vontade da lei?
(PROBLEMA).

No meu artigo, para esse problema, propus uma hipótese: “o STF praticou uma
superinterpretação no parágrafo único do artigo 316 do Código de Processo Penal,
pois a sua criação normativa está em direção contrária com as possibilidades de
sentido permitidas pelo dispositivo legal” (HIPÓTESE).

A título de adendo, entendi que o texto da lei é claro quando diz que o órgão
emissor da decisão deve revisar a necessidade de manutenção da restrição de
liberdade “de ofício”, sob pena de ilegalidade da prisão.
Ora, prisão ilegal deve ser imediatamente relaxada pela autoridade judicial,
como diz o artigo 5°, LXV da CF.

1
STF. Plenário. SL 1395 MC Ref/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 14 e 15/10/2020 (citação para ajudar o aluno a
procurar a jurisprudência no dizer o direito, caso queira aprofundar o tema, não está conforme a ABNT).
Material exclusivo do curso “PESQUISA NA PRÁTICA”. Qualquer utilização indevida desse material, bem como sua venda,
distribuição, aluguel e congêneres que não seja feita com a autorização do autor estará sujeita as consequências civis e
penais, respondendo quem assim fizer, inclusive, pelo crime do artigo 184 do Código Penal (violação de direito autoral).
Assim, não tenho dúvida que a construção de sentido do STF no julgado supra
referido não está em consonância com as possibilidades interpretativas do texto legal, o
que gera a necessidade de revisão do precedente (infelizmente o guarda da constituição
não admitirá que fez uma interpretação inconstitucional).

ATENÇÃO: Sobre o tema, lembre do que já abordamos em aulas anteriores: tema,


problema e hipótese precisam estar em harmonia. Também lembre da minha sugestão, o
título tem que refletir de forma objetiva o tema.

2° PASSO: CRIANDO O RESUMO E A INTRUDUÇÃO

Antes de qualquer coisa, vamos entender a função PRÁTICA de m resumo e de uma


introdução em um artigo científico.
O resumo informativo inicial (normalmente é o que as revistas exigem) tem a função
de deixar o leitor ciente do que encontrará no artigo, por isso alguns elementos são
indispensáveis nele, como, por exemplo, os resultados (a conclusão).
Por sua vez, a introdução tem uma dupla finalidade (assim eu vejo): ela tanto serve
para transparecer elementos da pesquisa, explicando com certa profundidade o “como da
pesquisa” (metodologia), realizando o delineamento do objeto, etc.; como serve para, de
fato, introduzir a narrativa que o pesquisador irá desenvolver durante o corpo de sua obra.
Aqui, abordaremos o que é usual em toda “introdução” e em todo “resumo” de artigo
científico (ao menos em humanas). Mesmo assim, cabe apontar que quem ditará quais
elementos devem ser contemplados no resumo inicial e na introdução do artigo é o editorial
da revista a qual seu artigo será submetido.
No mapa mental abaixo apresento um esquema do que deve ser contemplado em
um resumo e em uma introdução (normalmente os editais exigem isso):
RESUMO 1. Objetivo ou Objetivos
2. Metodologia (breve explicação)
3. Justificativa (breve)
4. Resultados / conclusão

INTRODUÇÃO 1. Problema
2. Justificativa
3. Objetivos
4. Metodologia (explicar mais detalhadamente)

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distribuição, aluguel e congêneres que não seja feita com a autorização do autor estará sujeita as consequências civis e
penais, respondendo quem assim fizer, inclusive, pelo crime do artigo 184 do Código Penal (violação de direito autoral).
3° PASSO: DESENVOLVENDO A NARRATIVA

Nessa etapa do artigo, o pesquisador irá desenvolver sua narrativa, a qual servirá
para comprovar/demonstrar a viabilidade de sua hipótese, o que validará a sua pesquisa.
Algumas dicas importantes precisam ser seguidas.
Vamos lá:
→ Antes de escrever, organize seu raciocínio. É preciso que haja coerência entre os tópicos
e que a narrativa siga uma linha harmônica, um caminho natural até a defesa da hipótese
e a demonstração dos resultados/conclusões/considerações finais.
→ Use as dicas da aula de “Escrita acadêmica”.
→ Use os termos técnicos de sua área, os quais já são validados pela “tradição” (exemplo:
se você pesquisa sobre hermenêutica filosófica, use termos gadamerianos consagrados,
como “tradição”, “horizonte”).
→ Siga as dicas da aula.

4° PASSO: CONSIDERAÇÕES FINAIS

Aqui o pesquisador, em regra, coloca os resultados e conclusões que obteve com a


pesquisa. Há quem deixe uma reflexão aberta (depende da metodologia utilizada). Há quem
só faça uma espécie de “paráfrase” e retome tudo o que foi dito no texto de forma sintética
e/ou tópica.
Na aula, veremos exemplos de considerações finais de artigos de revistas diversas.

5° PASSO: REFERÊNCIAS

Só seguir o manual de referências e citações que eu deixei como material anexo as


aulas do curso (perder tempo decorando ABNT é perder tempo).

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distribuição, aluguel e congêneres que não seja feita com a autorização do autor estará sujeita as consequências civis e
penais, respondendo quem assim fizer, inclusive, pelo crime do artigo 184 do Código Penal (violação de direito autoral).

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