Unidade 2 – A globalização e a
regionalização económica do mundo
Resumo 20
Ficha Formativa 1 27
Ficha Formativa 2 29
Teste de Avaliação 1 30
Teste de Avaliação 2 33
Unidade 3 – O desenvolvimento e
a utilização de recursos
Resumo 36
Ficha Formativa 1 42
Ficha Formativa 2 43
Teste de Avaliação 1 44
Teste de Avaliação 2 46
Soluções 67
1
RESUMO
Crescimento e desenvolvimento
2
UNIDADE 1 / CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
3
As limitações dos indicadores
Pelo facto de os indicadores representarem médias, e esconderem desigualdades, torna-se
indispensável corrigir as suas informações.
No caso do RNB per capita, ou de outro indicador com o mesmo tipo de informação, por
exemplo, há que completar as informações dadas através do Índice de Gini, que revela o grau
de concentração da riqueza de um país nas mãos dos estratos sociais mais favorecidos.
O mesmo tipo de lacuna passa-se relativamente aos outros indicadores. O que podemos
concluir é que qualquer indicador só por si é pouco informativo, devendo recorrer-se a um
conjunto alargado, para uma melhor imagem do caso em estudo.
[1]
Os princípios do taylorismo consistem na organização do trabalho fabril, assente na divisão técnica do trabalho, na especia-
lização do trabalhador em tarefas simples e nos incentivos salariais e prémios de produção.
5
O progresso técnico
Inovação tecnológica
6
UNIDADE 1 / CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
em marcar posição neste domínio. Em consequência, as exportações de bens de média e alta tec-
nologia e o registo das patentes portuguesas têm evoluído muito significativamente.
Diversificação da produção
A concorrência entre empresas exige uma outra condição para vencer no mercado – o au-
mento da eficiência da gestão empresarial. Esta, em relação às empresas, assim como a
intervenção do Estado na esfera económica, a nível macroeconómico, são dois aspetos a
considerar como novos e típicos das economias modernas.
Desde a Revolução Industrial que se têm procurado melhores soluções de organização do
trabalho fabril e de gestão empresarial. Do taylorismo às modernas soluções de gestão de em-
presas, encontramos múltiplas e variadas propostas para alcançar resultados superiores. A
globalização económica e as necessidades acrescidas que a concorrência mundial tem trazido
têm impulsionado a procura de novas soluções organizativas. Nesse sentido, as empresas têm
diversificado e aumentado a sua área de influência, através da concentração empresarial (de que
as OPA e OPV são exemplos). Por outro lado, a intervenção do Estado na atividade económica,
através de políticas (conjunturais e estruturais) e instrumentos diversos (fiscais e orçamentais,
por exemplo) completam um quadro de estabilidade que as economias atuais apresentam.
7
Melhoria do nível de vida da população
Ciclos económicos
A atividade económica tem evoluído ao longo dos tempos, apresentando um crescimento
contínuo. Todavia, esse crescimento não se tem feito de forma regular e equilibrada. A perío-
dos de grande prosperidade sucedem-se outros de recessão. A economia cresce por ciclos,
em torno de uma linha tendencialmente ascendente.
Um ciclo económico será, então, uma sucessão de mo-
mentos ou fases de crescimento e de contração da ativi-
dade económica. Podemos definir ciclo económico como
um conjunto de flutuações do produto, do rendimento e do
emprego de um país, com consequências em termos de ex-
pansão e contração na generalidade dos setores da econo-
mia. Quando o ciclo se encontra na fase de expansão, os valores das principais variáveis eco-
nómicas acompanham essa evolução positiva. Produto, rendimento, emprego, investimento,
comércio e consumo refletem favoravelmente o clima de confiança que a economia vive, atin-
gindo um ponto máximo a que se dá o nome de pico ou teto da expansão. Uma vez alcançado
o pico, a economia pode retrair-se, iniciando uma fase de contração ou recessão até ao ponto
mais baixo, a que se dá o nome de baixa ou piso. A partir daí, novo ciclo terá início.
Assim, o ciclo económico é composto por um conjun-
to de flutuações do produto, rendimento e emprego, com
reflexos na expansão e contração da atividade económica.
Um ciclo completo tem uma fase ascendente e outra
descendente.
8
UNIDADE 1 / CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
GZXZhhdZZmeVchd
GZXZhhd!YZegZhhdZXg^hZ
O economista Paul Samuelson (n. 1915) considera que uma economia se encontra em re-
cessão quando o produto real cai em pelo menos dois trimestres consecutivos. Designa-se
por recessão técnica a queda do produto real em dois trimestres consecutivos. Por crise
entenda-se a fase económica correspondente à recessão. Depressão é uma recessão grave e
prolongada.
9
Tipos de ciclos económicos
Vários economistas têm estudado o evoluir das economias, tendo encontrado períodos em
que, com regularidade, a atividade económica percorre um ciclo – fase ascendente e descen-
dente. Consoante a amplitude do ciclo, é possível identificar ciclos de longo, médio e curto
prazo, estes últimos mais relacionados com desequilíbrios próprios do funcionamento de al-
guns setores de atividade. Temos, assim:
■ Ciclos de Kitchin[1] – de 3 a 5 anos.
■ Ciclos de Juglar[2] – de 6 a 10 anos.
■ Ciclos de Kuznets[3] – de 20 a 30 anos.
■ Ciclos de Kondratiev[4] – de 40 a 60 anos.
Ciclos de Schumpeter
Para Joseph Schumpeter1[5], um ciclo económico corresponde à vida de uma inovação. Uma ino-
vação pode ser um novo produto no mercado (por exemplo, os telemóveis), a descoberta de uma
nova forma de produzir (novas tecnologias) ou de comercializar os bens (por exemplo, o comércio
eletrónico), a conquista de novas fontes de matérias-primas (como a descoberta de tecidos sinté-
ticos) ou a alteração da estrutura de um mercado (como a abolição de um monopólio). No entanto,
para que estas oportunidades se concretizem, surge a figura do empresário/empreendedor como
aquele que tem a capacidade de «ver mais longe», de arriscar, de transformar projetos em realida-
des palpáveis, com vista à obtenção de um lucro (móbil da atividade económica).
Schumpeter associou os ciclos de Kondratiev às inovações que lhes deram origem. Uma inova-
ção produz mais procura, mais produção, atrai mais empresários e mais investimentos, isto é, pro-
duz uma fase de crescimento económico – é a fase da prosperidade, que corresponde a um período
de grande difusão das inovações. No entanto, iniciado o período de saturação, o mercado retrai-
-se e as empresas começam a ter menos lucros – é o início da recessão. Quando as «inovações»
entram numa fase de pouca procura, implicando a sua substituição por outras, entra-se na fase
da depressão. Quando o empresário reconhece esta fase, desviará o investimento das atividades
ultrapassadas para novos produtos. A esta fase chama-se destruição criadora. Eventualmente,
outras inovações surgem no mercado, animando a economia – é a fase da retoma, início de um
novo ciclo de prosperidade.
O ciclo de Schumpeter tem, assim, quatro fases:
O ciclo e as suas fases, segundo Schumpeter
[1]
Economista norte-americano (1861-1932).
[2]
Economista francês (1819-1905).
[3]
Economista norte-americano, de origem russa (1901-1985). Foi-lhe atribuído o Prémio Nobel para a Economia em 1971.
[4]
Economista russo (1892-1938).
[5]
Economista austríaco (1883-1950).
10
UNIDADE 1 / CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
FICHA FORMATIVA 1
20%
EUA Rússia
Índia R.U.
15%
Japão França
Alemanha Outros
2% 6%
2% 3% 5%
3% 4%
11
3. Comente o seguinte texto, relacionando o crescimento económico com os fatores que lhe
estão subjacentes.
O primeiro período da sociedade de consumo (1950-1968) marca a passagem da penúria à
abundância. O consumo torna-se um verdadeiro projeto de sociedade. É a partir dos anos 50
que o rendimento real dos Estados industrializados começa a crescer a um ritmo nunca visto:
o poder de compra duplica, o volume dos bens de consumo e serviços é ainda maior, tendo-
-se conjugado uma taxa de natalidade vigorosa e registado um aumento da esperança de vida.
Igualmente, o Estado-Providência começa a dar os seus frutos.
Fonte: Beja Santos, Novo Mercado, Novo Consumidor, Lisboa (excerto)
4. Segundo o World Economic Forum (WEF) no seu relatório sobre competitividade global de
2014-2015, o país situado na 1.ª posição era a Suíça, enquanto Portugal ocupava a 36.ª posição.
Compare os itens de avaliação e identifique aqueles em que Portugal terá de melhorar, as-
sim como aqueles em que a economia portuguesa se posiciona favoravelmente.
Portugal Suíça
Instituições Instituições
7 7
Inovação Infraestruturas Inovação Infraestruturas
6 6
5 5
Sofisticação Ambiente Sofisticação Ambiente
4 4
de negócios macroeconómico de negócios macroeconómico
3 3
2 2
Dimensão Saúde Dimensão Saúde
1 1
do mercado e Ensino do mercado e Ensino
Básico Básico
Educação Educação
Tecnologia Superior Tecnologia Superior
e Formação e Formação
12
UNIDADE 1 / CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
FICHA FORMATIVA 2
2. Observe o seguinte gráfico relativo à evolução do crescimento médio anual do IDH em dife-
rentes regiões do mundo.
2.0 2.1 Registe a evolução global.
2.2 Registe a evolução em cada
Crescimento médio anual do IDH (%)
1.0
0.5
0
Estados Ásia Oriental Europa América Latina Ásia do Sul África
Árabes e Pacífico e Ásia Central e Caraíbas Subsariana
13
As descolagens posteriores a 1990 apresentam semelhanças com as de períodos anteriores,
dado que se fundamentam em taxas de poupança e de investimento elevadas e numa integra-
ção mais profunda, o que distingue estes países dos que não conseguiram a descolagem.
Estes resultados são sustentados por publicações que referem o papel principal da acumulação
de capital e da integração económica no desenvolvimento. O crescimento das exportações e do
IDE surgem como fatores fundamentais que, associados a medidas para aumento da produtivi-
dade e reformas estruturais, permitiram uma boa competitividade.
<edj[0<C?"ĤģĕĥWZWfjWZe
30 000
25 000
20 000
15 000
10 000
5000
0
1900 2000 2009 2011
Economias de elevado rendimento
Economias de médio e baixo rendimento
14
UNIDADE 1 / CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
TESTE DE AVALIAÇÃO 1
=hkfe?
Nas questões de escolha múltipla, apenas uma das afirmações está correta. Assinale-a.
1. Crescimento económico e desenvolvimento humano são dois conceitos diferentes. Esta afir-
mação é
(A) verdadeira, porque o desenvolvimento humano é um conceito social e o crescimento é um
conceito económico.
(B) falsa, porque um país que apresente progressos na área económica também terá melhorias
nos domínios social, demográfico e cultural.
(C) verdadeira, porque pode haver desenvolvimento sem crescimento.
(D) falsa, porque desenvolvimento e crescimento económico avaliam a mesma realidade.
2. Não basta o indicador RNB per capita para termos uma noção do nível de desenvolvimento
de um país. Esta afirmação é
(A) verdadeira, porque o RNB per capita é um indicador simples.
(B) falsa, porque quando o RNB per capita é elevado não existe pobreza.
(C) falsa, porque dispor de um rendimento elevado é sinal de bem-estar.
(D) verdadeira, porque o conceito de desenvolvimento implica níveis elevados de escolariza-
ção, de saúde e boas condições de vida, que ultrapassam o simples «ter dinheiro».
3. O indicador composto Índice de Pobreza Multidimensional (IPM) é essencial para aferir me-
lhor o nível de desenvolvimento de um país. Esta afirmação é
(A) verdadeira.
(B) falsa.
(C) tendenciosa.
(D) nenhuma das respostas anteriores é verdadeira.
15
=hkfe??
1. Observe o seguinte gráfico relativo à evolução do IDH, em 2010 e 2014, devido à desigualdade.
Estados Árabes
Ásia Oriental
e Pacífico
Europa
e Ásia Central
America Latina
e Caraíbas
Ásia do Sul
África Subsariana
0 10 20 30 40 50
Perda devida à desigualdade (%)
1991 2010
Fu-la-erh-chi Ch’i-ch’i-ha-erh
Ha-erh-pin
Mu-tan-chiang
Ch’ang-ch’un Kirin
Urumchi
Shen-yang Fu-shun
PEKING An-shan
T’ang-shan An-shan
Ta-t’ung
Pao-t’ou
NOROESTE NORTE
Liu-li-ho Dairen
Tientsin
Shin-chia-chuang
T’ai-ylian Tzu-po
Tsingtao
Yung-teng Ho-chia-ch’uan Tsinan
17
TESTE DE AVALIAÇÃO 2
=hkfe?
Nas questões de escolha múltipla, apenas uma das afirmações está correta. Assinale-a.
1. Sabendo que o país X apresenta uma posição superior no IDH do que o país Y, então
(A) o país X tem um RNB p.c. mais elevado do que o país Y.
(B) o país Y tem um nível de escolaridade inferior ao do país X.
(C) os habitantes do país X têm uma longevidade superior aos do país Y.
(D) as condições de vida do país X são superiores às do país Y.
18
UNIDADE 1 / CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
=hkfe??
1. Observe o seguinte gráfico.
O RNB per capita é o indicador simples mais utilizado para avaliar a economia de um país, em-
bora apresente algumas limitações.
1.1 Explique de que forma o Índice de Gini pode
Canadá constituir uma forma de avaliar o RNB p.c. em
termos de desenvolvimento humano.
Estados 1.2 Especifique a razão pela qual a inclusão da
Unidos
desigualdade no valor do RNB p.c. permite uma
0 10 000 20 000 30 000 40 000 50 000 60 000 melhor avaliação do desenvolvimento humano.
Dólares americanos
1.3 Sabendo que os países indicados no gráfico
RNB per capita ajustado à desigualdade apresentam os seguintes Índices de Gini: 40,8
RNB per capita
e 32,6, identifique a que país pertence cada um
Fonte: PNUD, Relatório do Desenvolvimento Humano,ĤģĕĦ
dos indicadores.
<edj[08WdYeZ[Fehjk]Wb"ĤģĕĦ
4.1 Identifique, no texto, os fatores de crescimento económico em que os países do Sul têm
apostado.
4.2 Comente a estratégia descrita no texto.
19
2
RESUMO
A globalização e a regionalização
económica do mundo
20
UNIDADE 2 / A GLOBALIZAÇÃO E A REGIONALIZAÇÃO ECONÓMICA DO MUNDO
O processo de mundialização
A mundialização está ligada ao desenvolvimento das trocas mercantis e dos movimentos
migratórios, processo iniciado com a Expansão, conhecendo, mais tarde, um grande incre-
mento com as inovações introduzidas pela Revolução Industrial nas atividades produtivas e
nos transportes.
A «europeização» do mundo
Com a Expansão, novas regiões do mundo integraram-se no sistema de trocas dominado
pela Europa: a procura europeia de matérias-primas, de produtos e de metais preciosos está
na origem do comércio mundial. A Europa controlava o comércio mundial, sendo o centro
da economia mundial. É a chamada economia-mundo europeia.
O comércio mundial, dominado pela Europa entre os séculos xvi e xix, assentava em três
polos: África, fornecedora de mão de obra escrava para as plantações de cana-de-açúcar,
tabaco e algodão no continente americano; América, abastecedora dos mercados europeus
em açúcar, tabaco, algodão, prata e ouro, e Europa, recebedora de capitais (provenientes em
grande medida do tráfico de escravos) e de matérias-primas, para utilizar nas indústrias manu-
fatureiras. A Índia associou-se ao comércio mundial, fornecendo especiarias e tecidos à Eu-
ropa que os trocava, em África, por escravos. O tráfico de escravos constituía o núcleo do
comércio mundial, sendo um marco no processo de mundialização.
21
A 2.a Revolução Industrial
Na segunda metade do século xix, novas inovações, como a eletricidade e o aço, proporcio-
naram uma revolução na área dos transportes ferroviários e marítimos, o que conduziu, por sua
vez, a um aumento das trocas à escala mundial e à intensificação dos fluxos migratórios da Eu-
ropa para os EUA, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Brasil e África. Neste período, verificou-se
igualmente a saída de capitais da Europa para novos destinos: investimentos na exploração de
matérias-primas, em infraestruturas e em atividades terciárias, como a banca. Os rendimentos
destes investimentos regressavam, no entanto, aos países europeus de origem. A crescente cir-
culação de produtos, pessoas e capitais pelo mundo traduziu uma intensificação do proces-
so de mundialização económica centrado na Europa.
23
■ Globalização da informação – Inovações como a televisão, a transmissão por satélite, o
computador e a internet criaram uma rede mundial de comunicações: aceder a uma enorme
diversidade de informação que circula pelo mundo e comunicar, em tempo real, entre países e
regiões geograficamente distantes tornou-se uma realidade para milhões de pessoas.
■ Globalização cultural – A eliminação das fronteiras físicas e a redução das distâncias
entre os países, também elas fruto das novas tecnologias de informação e comunicação,
vieram pôr em contacto povos com valores e símbolos culturais diversos. Esta aproxima-
ção conduz à aquisição de elementos materiais e espirituais de uma cultura por outra,
processo designado por aculturação.
Em alguns casos, a aculturação é parcial, pois a nova cultura acaba por se conjugar com a
original através de um processo longo de socialização; noutros, o processo de aculturação
pode dar origem a sentimentos de perda de identidade, que normalmente desencadeiam
processos de rejeição dos novos valores e práticas culturais.
Para ultrapassar estes obstáculos será necessário desenvolver um processo de relacio-
namento baseado no reconhecimento da diversidade cultural e no respeito mútuo – a
chamada coabitação cultural.
■ Mercado global – Uma das características que o mercado global engloba é a homoge-
neização dos mercados, ou seja, os mercados tendem a ser iguais entre si, em termos de
necessidades, desejos e expectativas, pois os consumidores, em qualquer parte do mundo,
têm as mesmas necessidades e desejam bens com características idênticas; outra carac-
terística do mercado global reside nos consumos massificados - em todos os países são
consumidos o mesmo tipo de bens e serviços, que apresentam as mesmas características.
■ Consumo global e estilos de vida – Outro aspeto da globalização está ligado à massifi-
cação dos consumos e à adoção de comportamentos globais (milhões de bens idênticos
são consumidos por milhões de pessoas no mundo, da mesma forma que milhões de
consumidores espalhados pelo mundo viajam para os mesmos destinos, assistem aos
mesmos concertos de música e têm comportamentos idênticos, independentemente do
país em que vivam). Esta homogeneidade de padrões de consumo origina, por sua vez, a
necessidade de diferenciação, a qual, conjugada com as possibilidades de escolhas na
esfera dos consumos, do lazer e do trabalho, proporcionadas pelas sociedades livres e
«da abundância», permite aos indivíduos adotar comportamentos que, sendo partilhados
por outros elementos do grupo social, definem um estilo de vida.
■ Diminuição do poder de regulação dos Estados – O caráter global da informação e da
comunicação via internet, a circulação de capitais financeiros pelo mundo através da
comunicação eletrónica e a transnacionalização das atividades produtivas reduziram a
capacidade de controlo destas atividades por parte dos Estados nacionais, dando azo à
necessidade de uma maior intervenção e cooperação a nível internacional.
24
UNIDADE 2 / A GLOBALIZAÇÃO E A REGIONALIZAÇÃO ECONÓMICA DO MUNDO
25
■ Aumento das desigualdades – A pouca riqueza criada nos países menos desenvolvidos é um
dos fatores explicativos dos elevados níveis de pobreza, situação agravada pela aplicação de
políticas de redistribuição de rendimento pouco equitativas. Nos países desenvolvidos tam-
bém se tem verificado um aumento das desigualdades sociais, fruto da concorrência acres-
cida no mercado mundial que tem dado origem ao fecho de algumas empresas e à desloca-
lização de outras (para países que oferecem melhores condições de rendibilidade), com os
consequentes efeitos negativos no emprego e nos níveis de rendimento.
EUROPA
AMÉRICA
DO NORTE
ÁSIA
ÁFRICA
AMÉRICA
DO SUL
OCEÂNIA
26
UNIDADE 2 / A GLOBALIZAÇÃO E A REGIONALIZAÇÃO ECONÓMICA DO MUNDO
FICHA FORMATIVA 1
5. A liberalização das trocas registada no período que se seguiu ao fim da II Guerra Mundial,
processo para a qual concorreram diversas instituições, constitui um aprofundamento do
processo de mundialização.
5.1 Explicite a importância do Acordo Geral sobre Redução das Tarifas Aduaneiras (GATT) na
liberalização das trocas.
5.2 Relacione redução das tarifas aduaneiras e crescimento do comércio internacional.
5.3 A OMC, que veio substituir o GATT, negoceia acordos comerciais multilaterais, com vista à
regulação do comércio internacional, baseada em determinados princípios, como o prin-
cípio da não discriminação e da concorrência leal.
5.3.1 Enquadre os princípios acima referidos na regulação do comércio internacional.
27 27
7. Os movimentos de capitais entre países, característica da mundialização, incluem o inves-
timento direto estrangeiro e o investimento de carteira. As empresas multinacionais consti-
tuem exemplos de investimentos diretos estrangeiros.
7.1 Distinga investimento direto de investimento de carteira.
7.2 Explicite o conceito de empresa multinacional.
7.3 Justifique a afirmação.
As empresas multinacionais ilustram a mundialização da economia.
7.4 Relacione movimentos internacionais de capitais e mundialização.
28
UNIDADE
UNIDADE22/ /AAGLOBALIZAÇÃO
GLOBALIZAÇÃOEEAAREGIONALIZAÇÃO
REGIONALIZAÇÃO ECONÓMICA
ECONÓMICA DO MUNDO
FICHA FORMATIVA 2
6. O período a seguir ao fim da II Guerra Mundial foi marcado por processos de regionalização
associados à integração económica.
6.1 Relacione processos de regionalização e integração económica.
6.2 Indique dois exemplos de integração económica.
8. A integração regional, formal e informal tem possibilitado uma maior inserção das econo-
mias na economia mundial.
8.1 Explicite o significado de integração informal.
8.2 Relacione integração regional e inserção na economia mundial.
29 29
TESTE DE AVALIAÇÃO 1
=hkfe?
Nas questões de escolha múltipla, apenas uma das afirmações está correta. Assinale-a.
2. O fenómeno da globalização
(A) é equivalente ao fenómeno da mundialização.
(B) centra-se na globalização da informação.
(C) atinge todas as dimensões da realidade económica e social.
(D) centra-se na globalização da informação e dos mercados financeiros.
4. A transnacionalização da produção
(A) resulta da decomposição dos processos produtivos em vários segmentos e sua implantação
em diversos países.
(B) consiste na localização de empresas nos países que ofereçam melhores condições de ren-
dibilidade.
(C) é caracterizada pelo poder económico das grandes empresas multinacionais.
(D) resulta da produção de produtos globais.
5. A globalização
(A) tem contribuído, de um modo geral, para o crescimento das economias e redução da pobreza.
(B) aumentou a pobreza no mundo.
(C) possibilita, através da menor concorrência, a inserção dos países menos desenvolvidos no
mercado mundial.
(D) contribui, pela via do crescimento das economias, para a redução das desigualdades.
30
UNIDADE 2 / A GLOBALIZAÇÃO E A REGIONALIZAÇÃO ECONÓMICA DO MUNDO
=hkfe??
1. Considere o texto.
A economia-mundo europeia estende as suas ramificações, a partir do século xvi, ao mundo
inteiro. Estrutura-se em círculos concêntricos, cujo peso económico vai diminuindo, ao mesmo
tempo que cresce o grau de dependência em relação ao centro.
Um aspeto significativo é o grau de liberdade política diminuir à medida que nos afastamos do
centro, ao passo que as relações de produção se tornam mais arcaicas. Nas colónias, quase todo
o sistema económico é caracterizado pela escravatura. Na Europa de Leste domina ainda a servi-
dão… No centro, pelo contrário, a opulência económica é acompanhada de liberdades políticas.
Fonte: Jacques Adda, A Mundialização da Economia, Lisboa, Terramar
Centro
Países Baixos,
Inglaterra, França
Semiperiferia
Itália, Espanha, Portugal,
Alemanha e cidades do Báltico
Periferia
Escandinávia, Irlanda,
Europa de Leste e colónias europeias
3.1 Explicite como os fluxos de entrada e de saída dos investimentos diretos entre 2011-2013
se distribuíram pelas várias regiões do mundo.
3.2 Justifique a afirmação.
Os valores do investimento, no período considerado, refletem os efeitos da crise econó-
mica no contexto da globalização.
31
=hkfe???
14
12
10
8
6
4
2
0
-2
-4
0
-10 -5 0 5 10 15 20 25 30
Crescimento das exportações (per capita)
O economista Alfred Marshall (século xix) escreveu: «As causas que determinam o progresso
económico das nações residem no comércio internacional» (1890).
3.1 Explique a importância das exportações para o PIB dos países.
3.2 A afirmação do economista Marshall ainda mantém a sua validade? Justifique a sua resposta.
32
UNIDADE 2 / A GLOBALIZAÇÃO E A REGIONALIZAÇÃO ECONÓMICA DO MUNDO
TESTE DE AVALIAÇÃO 2
Nas questões de escolha múltipla, apenas uma das afirmações está correta. Assinale-a.
=hkfe?
1. Uma das características da globalização é a menor capacidade reguladora dos mercados e
da atividade económica pelos Estados. A afirmação é
(A) falsa, pois a atividade reguladora dos Estados não está relacionada com a globalização.
(B) verdadeira, pois com a globalização a atividade reguladora dos Estados é transferida para
entidades pluranacionais.
(C) falsa, pois a globalização da economia acentua o caráter regulador dos Estados.
(D) verdadeira, na medida em que a globalização da economia faz diminuir a necessidade de
regulação por parte dos Estados.
2. Entre o século xvi e o século xix a globalização é marcada pela chamada economia-mundo
europeia. A afirmação é
(A) verdadeira, pois a Europa constituía o centro da economia mundial.
(B) falsa, na medida em que o comércio mundial era dominado, na época, pelos EUA.
(C) verdadeira, pois a Europa possuía todos os recursos necessários ao desenvolvimento da sua
economia, não necessitando das outras economias.
(D) falsa, uma vez que não possuía matérias-primas suficientes para a sua produção.
33
=hkfe??
2.1 Com base no texto, caracterize a economia-mundo europeia, no final do século xix.
34
UNIDADE 2 / A GLOBALIZAÇÃO E A REGIONALIZAÇÃO ECONÓMICA DO MUNDO
=hkfe???
1. A participação das economias na riqueza mundial entre 1980 e 2010 revela mudanças, para
as quais a globalização e a crise global, iniciada nos EUA em 2007, concorreram.
Analise o gráfico que se segue.
Participação no PIB mundial, 1980 e 2010
100
90
80
70
69.9 64.1
60
50
40
30
20
32.6
21.6
10
0
1980 2010
Economias em desenvolvimento Economias em transição
Economias desenvolvidas (Leste Europeu e Comunidade
dos Estados Independentes)
1.1 Explicite as mudanças registadas na participação das economias no PIB mundial, no perío-
do considerado.
1.2 Relacione as mudanças registadas com a globalização e a crise global.
35
3
RESUMO
O desenvolvimento e a utilização de
recursos
3.1 O DESENVOLVIMENTO E A QUESTÃO DEMOGRÁFICA
38
UNIDADE 3 / O DESENVOLVIMENTO E A UTILIZAÇÃO DE RECURSOS
Os possíveis efeitos das migrações internacionais surgem, quer para os países de saída,
quer para os países de entrada, como uma válvula de escape para a tensão social; como fa-
tor de equilíbrio da distribuição de riqueza, em virtude das remessas que o emigrante envia
para a sua família; como potenciador de alterações em termos políticos, culturais, sociais e
económicos, devido a novos padrões, importados dos países ricos, que acabam por «invadir»
os países de saída; como fator de mudança de estruturas demográficas, envelhecendo e/ou
rejuvenescendo as populações e como meio de aproximação de culturas e de tecnologias,
repercutindo-se em novas políticas sociais, etc.
40
UNIDADE 3 / O DESENVOLVIMENTO E A UTILIZAÇÃO DE RECURSOS
como acontece, por exemplo, com o Protocolo de Quioto, assinado por vários países, em 1997.
Com este acordo, os países signatários comprometeram-se a reduzir gradualmente as suas
emissões de monóxido de carbono para a atmosfera, por forma a minimizarem os seus efeitos
negativos sobre um bem comum, como é o caso do ar atmosférico. Para tal, reconheceu-se a
necessidade da utilização de novas tecnologias que poupem na quantidade de combustí-
vel a utilizar e/ou, simultaneamente, a utilização de energias alternativas.
Em caso de prevaricação, deveria poder utilizar-se o princípio do «utilizador-pagador»
(quem polui, paga) e mesmo ir mais além, através de sanções de natureza económica e política
sobre aqueles países que «estragam» o bem comum que é o planeta. Obviamente, tais casti-
gos nem sempre são fáceis de aplicar, especialmente se o prevaricador for um país como os
Estados Unidos da América, que nunca ratificaram o Protocolo de Quioto, com a justificação
de que tal iria reduzir a atividade de inúmeras empresas norte-americanas. Nesse sentido,
entende-se o debate acerca da possibilidade de as organizações internacionais, como a ONU,
terem capacidade para aplicar sanções aos países poluidores, a nível mundial. Espera-se que
a nova Cimeira de Paris, a realizar em dezembro de 2015 na sequência da declaração de Nova
Iorque, traga novas regras e consensos sobre a saúde do planeta.
Entretanto, falar de energias alternativas ou de indústrias limpas, por exemplo, é per-
ceber o papel importante que cabe à investigação científica. A preservação do planeta e
das espécies, incluindo o ser humano, exige que se encontrem outras formas de produzir, que
dependerão das descobertas e inovações tecnológicas que a investigação científica encontrar.
Todavia, é indispensável que nos recordemos que a mudança não pode ser só tecnológica.
A investigação científica, por si só, pouco fará se não mudarmos os nossos hábitos e padrões
de vida e de consumo.
Dificilmente evitaremos a natureza predadora das nossas atividades se continuarmos na
atitude individualista de consumo excessivo e de maximização do lucro, que nos parecem ca-
racterizar, sem nos interessarmos com as desigualdades flagrantes na distribuição de recur-
sos e de riqueza entre continentes, países, regiões e indivíduos, e se recusarmos aprender com
a experiência nefasta que temos vindo a viver. E, para isso, a educação surge como a chave
para a mudança.
41
FICHA FORMATIVA 1
2. Podemos dividir uma população em função de inúmeros critérios, pelo que se pode falar de
diferentes «estruturas da população».
2.1 Indique três critérios habitualmente utilizados para caracterizar uma população.
2.2 O que se entende por «estrutura demográfica de uma população?».
3. Observe as seguintes pirâmides etárias relativas a Portugal, nos anos 2008 e 2013.
Pirâmide etária, Portugal, 2008 e 2013
(em percentagem da população total)
100+
95 Homens Mulheres
90
85
80
75
70
65
60
55
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
100,0 80,0 60,0 40,0 20,0 0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0
2013 2008
<edj[0?D;"ĤģĕĦ
6. São muitas e de diferente natureza as fontes de poluição do ar, das águas e da terra.
6.1 Indique três fontes de poluição.
6.2 Explique em que consistem.
8. Uma das grandes causadoras da poluição do planeta é a energia fóssil, atualmente utilizada
em grande quantidade.
8.1 Indique duas formas de energia fóssil.
8.2 O que se entende por «energias alternativas»?
42
UNIDADE 3 / O DESENVOLVIMENTO E A UTILIZAÇÃO DE RECURSOS
FICHA FORMATIVA 2
1. O crescimento das populações nos países desenvolvidos é, hoje, tão pequeno, que se pode afir-
mar que estamos em presença de uma alteração profunda da respetiva matriz demográfica.
1.1 Que nome se dá àquela alteração?
1.2 Como explica o fenómeno acima referido?
4. No nosso dia a dia, enquanto cidadãos, empresários, governantes, etc., devemos sempre
ter em atenção as externalidades dos nossos atos.
4.1 O que são «externalidades»?
4.2 As «externalidades» podem ser positivas ou negativas. Distinga-as.
4.3 Indique dois exemplos de «externalidades» positivas.
=hkfe?
Nas questões de escolha múltipla, apenas uma das afirmações está correta. Assinale-a.
2. A pirâmide populacional dos países de forte emigração tem a maior percentagem de indiví-
duos entre os
(A) 0-19 anos.
(B) 20-59 anos.
(C) menos de 59 anos.
(D) nenhuma das afirmações anteriores é verdadeira.
3. Os gases com efeito de estufa contribuem para o aquecimento global, sendo, por isso, essen-
cialmente um problema
(A) local.
(B) regional.
(C) nacional.
(D) global.
44
UNIDADE 3 / O DESENVOLVIMENTO E A UTILIZAÇÃO DE RECURSOS
UNIDADE 3 / O DESENVOLVIMENTO E A UTILIZAÇÃO DE RECURSOS
=hkfe??
=hkfe???
1. Comente a afirmação.
Há uma contradição entre o crescimento da economia e a saúde ecológica de uma região.
45
TESTE DE AVALIAÇÃO 2
=hkfe?
Nas questões de escolha múltipla, apenas uma das afirmações está correta. Assinale-a.
4. A construção de uma estrada e o aumento dos postos de trabalho numa região são, respe-
tivamente,
(A) uma externalidade positiva e uma externalidade negativa.
(B) uma externalidade negativa e uma externalidade positiva.
(C) duas externalidades positivas.
(D) duas externalidades negativas.
5. O princípio do «poluidor-pagador»
(A) permite que qualquer empresa polua livremente.
(B) implica que o poluidor pague os custos sociais da sua ação nociva sobre o ambiente e não
o obriga a mais nada.
(C) proíbe a poluição.
(D) implica que o poluidor pague os danos causados, sendo, igualmente, obrigado a corrigir a
situação criada.
46
UNIDADE 3 / O DESENVOLVIMENTO E A UTILIZAÇÃO DE RECURSOS
UNIDADE 3 / O DESENVOLVIMENTO E A UTILIZAÇÃO DE RECURSOS
=hkfe??
1. Como qualquer organismo vivo, cada país possui o seu ritmo de crescimento. Natalidade,
mortalidade e migração são realidades que caracterizam uma população e que nos per-
mitem sobre ela tecer considerações de natureza demográfica, social, cultural, econó-
mica, etc. Todavia, estas realidades não são imutáveis, facto que explica que cada país seja
diferente de si próprio em diferentes momentos no tempo.
1.1 Como se pode determinar o crescimento de uma população?
1.2 Explicite o conceito transição demográfica.
1.3 Comente a frase destacada a negro, no texto.
=hkfe???
48
UNIDADE 4 / O DESENVOLVIMENTO E OS DIREITOS HUMANOS
49
O direito ao desenvolvimento
O direito ao desenvolvimento faz parte da 3.ª Geração de Direitos Humanos. É um direito
coletivo, pois todos os habitantes do mundo têm direito ao desenvolvimento humano, sus-
tentável e solidário.
O desenvolvimento implica que todos os seres humanos tenham acesso à satisfação das
necessidades humanas básicas e que haja igualdade de oportunidades para todas as pessoas,
ou seja, que a justiça social seja uma realidade.
O desenvolvimento só se constrói com a participação das populações na condução demo-
crática dos seus destinos, respeitando o direito ao desenvolvimento das gerações vindouras.
Desta forma, o crescimento económico tem de ter em conta, não só uma repartição equilibra-
da da riqueza, como também o respeito pelo equilíbrio ambiental.
Encontramo-nos, todavia, muito aquém do respeito por esse direito fundamental, indepen-
dentemente da escala de análise ser global, regional ou local.
Ajuda ao desenvolvimento
A ajuda ao desenvolvimento só surgiu após a II Guerra Mundial e dirigiu-se, inicialmente, para
as economias da Europa Ocidental e do Japão. A partir de 1955, e na sequência dos processos de
independência nacional das colónias europeias da Ásia e de África, a ajuda passa a dirigir-se tam-
bém para estas economias e para os países da América Latina, independentes desde o século xix.
Deste modo, são criadas, no âmbito das Nações Unidas, entre outras, a UNICEF, a FAO, a
OMS e o Programa Alargado para o Desenvolvimento Económico dos Países Subdesenvolvidos
(que, em 1965, originou o PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). A
finalidade deste programa é fazer face a graves problemas dos países em desenvolvimento
que herdaram estruturas económicas deformadas, em consequência da exploração colonial. A
necessidade de fazer face à situação de subdesenvolvimento destes países, que apresentavam
elevadas taxas de mortalidade infantil, baixa esperança de vida, reduzidas taxas de alfabetiza-
ção de adultos e de escolarização, escassez de capital e dependência económica e financeira,
levou, num contexto de Guerra Fria, ao incremento da ajuda.
A ajuda ao desenvolvimento destina-se a diferentes fins e setores:
■ ajuda de emergência – destinada a vítimas de desastres ambientais ou guerras e conflitos;
■ ajuda humanitária – destinada a populações estruturalmente muito pobres;
■ alívio e reestruturação da dívida externa – destinada a reduzir a dívida externa de países
em desenvolvimento;
■ cooperação técnica – destinada à transferência de conhecimentos e de tecnologia e à
formação de quadros técnicos nos países em desenvolvimento.
Existem ainda outras formas de ajuda:
■ Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD) – fornecida por um Estado ou por um organis-
mo público internacional. Pode apresentar-se como uma doação ou como um emprésti-
mo a juros inferiores aos praticados no mercado. De acordo com o CAD (Comité de Ajuda
ao Desenvolvimento da OCDE), a APD distingue-se de outros fluxos financeiros por se
destinar exclusivamente ao desenvolvimento.
50
UNIDADE 4 / O DESENVOLVIMENTO E OS DIREITOS HUMANOS
51
Diálogo Norte-Sul
Foi para alterar as relações desiguais entre o Norte (países desenvolvidos) e o Sul (países
em desenvolvimento) que, sob pressão destes últimos, se cria, em 1964, a CNUCED (Confe-
rência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento), que tem como finalidade a
promoção destas duas áreas nos países em desenvolvimento, segundo a perspetiva de Fair
Trade, Not Aid! (Comércio Justo Sim, Ajuda não!).
Apesar de o crescimento económico ter vindo a aumentar nos países do Sul, e de a pobreza
ter recuado significativamente, o fosso entre os países do Norte e do Sul continua elevado.
Para que o direito ao desenvolvimento fosse uma realidade para todos, foram delineados
os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM), que deveriam ser alcançados em 2015.
Porém, subsistem muitas incertezas relativamente à concretização dos ODM relativamente
à saúde reprodutiva das mulheres, à incidência do HIV/SIDA, à saúde infantil, ao saneamento
básico, à repartição dos rendimentos e à igualdade de oportunidades, por exemplo.
[2]
Mediana: valor que divide os dados em duas partes iguais. Neste caso, metade da população aufere um valor inferior ao
rendimento mediano e a outra metade um rendimento superior a esse rendimento mediano.
52
UNIDADE 4 / O DESENVOLVIMENTO E OS DIREITOS HUMANOS
A pobreza e a exclusão social são dois fenómenos interdependentes. Este último conceito
surgiu na década de 1970, para evidenciar os grupos que, nas sociedades desenvolvidas, se
encontravam à margem do bem-estar atingido pela generalidade das suas populações. Apesar
de muitos estudos sobre a pobreza já se centrarem nas várias dimensões do fenómeno, a nova
noção de exclusão social privilegia a dimensão dos laços sociais e das solidariedades.
Para combater a pobreza e a exclusão social são necessárias políticas globais e uniformi-
zantes, articuladas com políticas locais, com a participação das populações e baseadas na
solidariedade social.
Desenvolvimento humano
São necessárias políticas públicas de discriminação positiva que lutem contra os efei-
tos desumanos das múltiplas discriminações. Em Portugal, a lei da paridade constituiu uma
medida de discriminação positiva, ao garantir uma representação mínima de 33% a ambos
os sexos, nas listas para as eleições ao Parlamento Europeu, à Assembleia da República e às
autarquias locais.
Desta forma, a lei veio permitir que as mulheres possam também exercer plenamente a ci-
dadania, mais de três décadas após terem acedido ao direito de voto em pé de igualdade com
53
os homens, na sequência da Revolução de 25 de Abril de 1974. Porém, ainda encontramos na
sociedade portuguesa muitas pessoas discriminadas, impedidas ou limitadas no exercício dos
seus direitos de cidadãs e cidadãos.
O desenvolvimento humano exige que todos os indivíduos tenham as suas necessidades bási-
cas satisfeitas, em igualdade de oportunidades e justiça social, sem sofrerem discriminações, de
modo a poderem participar na vida das comunidades e exercer plenamente uma cidadania ativa.
A promoção do desenvolvimento humano implica o respeito por todos os Direitos Humanos.
Desenvolvimento sustentável
O desenvolvimento sustentável baseia-se na necessidade de suster o próprio desenvol-
vimento em níveis que não ponham em risco a sobrevivência do planeta. A delapidação dos
recursos naturais não renováveis e a degradação do meio ambiente, resultantes de níveis de
produção não justificáveis pelas necessidades de consumo, estão a pôr em risco a sobrevivên-
cia do planeta, pelo que se deverão rever questões relacionadas com o aumento populacional,
com os desperdícios e com os excessos de produção. É uma estratégia que exige que a satis-
fação das necessidades do presente não comprometa a possibilidade de as gerações futuras
darem resposta às suas.
Nesta conceção de desenvolvimento estão implícitos dois conceitos básicos:
■ o conceito de necessidades, em especial dos povos menos desenvolvidos, a quem deverá
ser dada a prioridade de satisfação;
■ o conceito de limites ao desenvolvimento, tendo em conta a necessidade de sustentar
o próprio processo de desenvolvimento, dentro de valores que não ponham em causa a
sobrevivência do planeta e das gerações futuras.
Constituem medidas económicas e ecológicas para um desenvolvimento sustentável,
54
UNIDADE 4 / O DESENVOLVIMENTO E OS DIREITOS HUMANOS
entre outras: o desenvolvimento das energias alternativas; as boas práticas relativas à re-
ciclagem, redução e reutilização; os ecoprodutos; as indústrias verdes ou ecoindústrias e a
agricultura biológica.
Direitos ambientais
Os direitos ambientais são mais uma categoria de direitos a que todos os homens e mulhe-
res aspiram, com vista a uma vida com mais qualidade. Na alimentação, vestuário ou no local
de residência, as populações têm, de facto, o direito a viver sem produtos que lhes deteriorem
a saúde ou retirem bem-estar ambiental.
Os direitos ambientais são um exemplo dos direitos de 3.ª Geração – os direitos que promo-
vem a fraternidade entre os povos do mundo. Para tal, todas as pessoas, incluindo os governos
dos países desenvolvidos e em desenvolvimento, deverão cooperar a fim de promoverem um
desenvolvimento sustentável.
«O meu objetivo é conseguir a paz e a educação para todas as crianças do mundo.» – Malala
2.1 Localize no tempo o surgimento dos Direitos Humanos de 2.ª Geração.
2.2 Explique a inalienabilidade dos Direitos Humanos.
2.3 Justifique o direito à paz como um Direito Humano de 3.ª Geração.
2.4 Explicite a universalidade dos Direitos Humanos, a partir da afirmação de Malala.
2.5 Faça uma pesquisa sobre Malala Yousafzai e apresente as conclusões à turma.
56
UNIDADE 4 / O DESENVOLVIMENTO E OS DIREITOS HUMANOS
4. Observe o gráfico.
Evolução das emissões de gás com efeito de estufa da União Europeia a 28, por setor, e
cenário até 2050 (%)
100
80
60
40
20
0
1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050
Produção Construção de habitações
elétrica e de edifícios para serviços
Indústria Transportes Agricultura
(com exceção de C02)
Outros setores Tendência segundo
(com exceção de C02) as atuais políticas
<edj[09ec_iie;khef[_W"ĤģĕĦ
4.1 Compare as emissões de gás com efeito de estufa da União Europeia a 28, por setor, em
2010, a partir do gráfico.
4.2 Explicite o cenário para 2050 das emissões de gás com efeito de estufa da União Europeia
a 28 por setor, a partir do gráfico.
4.3 Justifique, com base no gráfico, se a União Europeia a 28 irá promover o desenvolvimento
sustentável, tendo em conta o cenário para 2050, de acordo com as tendências das atuais
políticas.
4.4 Relacione economia e ecologia.
57
FICHA FORMATIVA 2
1.1 Identifique no texto Direitos Humanos de 1.ª e 2.ª Gerações que foram violados.
1.2 Localize no tempo o surgimento dos Direitos Humanos de 1.ª e 2.ª Gerações.
1.3 Explicite a forma de discriminação que o texto descreve.
1.4 Explicite o direito ao desenvolvimento como processo de alargamento das liberdades dos
seres humanos, tendo em conta o texto.
59
TESTE DE AVALIAÇÃO 1
=hkfe?
Nas questões de escolha múltipla, apenas uma das afirmações está correta. Assinale-a.
1. Os direitos económicos e sociais constituem Direitos Humanos de 3.ª Geração. Esta afirma-
ção é falsa, porque
(A) os povos africanos introduziram, em 1981, os direitos coletivos.
(B) os direitos económicos e sociais constituem Direitos Humanos de 2.ª Geração.
(C) os direitos civis e políticos constituem Direitos Humanos de 1.ª Geração.
(D) os Direitos Humanos das três gerações são interdependentes e universais.
60
UNIDADE 4 / O DESENVOLVIMENTO E OS DIREITOS HUMANOS
=hkfe??
1. Leia o seguinte texto.
Os dirigentes europeus mostram-se incapazes de dar respostas positivas aos previsíveis pro-
blemas colocados pelas migrações e pela proteção às pessoas refugiadas, limitando-se a me-
didas como o reforço do controlo das fronteiras, que apenas levam os/as mais desesperados/as
a recorrerem a traficantes de pessoas, arriscando-se em travessias marítimas cada vez mais
perigosas em que muitos/as acabam por perder a vida; em 2014, em pouco mais de seis meses,
mais de 3000 pessoas tinham morrido no Mediterrâneo (700 em 2013).
É uma vergonha que os responsáveis europeus, perante as crises de refugiados no Médio Orien-
te e em África, em que centenas de milhares de pessoas fogem de guerras, da perseguição e
da pobreza, apenas respondam com mais vigilância nas suas fronteiras, recorrendo aos mais
sofisticados sistemas de deteção, incluindo a adaptação de satélites meteorológicos.
Fonte: Victor Nogueira, Agir pelos Direitos Humanos, ekj%del%Z[pĤģĕĦ"7cd_ij_W?dj[hdWY_edWbÄFehjk]WbWZWfjWZe
2. Observe o gráfico.
Percentagem dos salários no VAB (Valor Acrescentado Bruto)
75
70
65
60
55
50
1960 1970 1980 1990 2000 2010 2014
Em 2014: Japão – 59,1% França – 58,1% União a 15 – 56,8%
Reino Unido – 58,5% Alemanha – 56,9% Estados Unidos – 56,6%
Fonte: Altereco"Z[p[cXheZ[ĤģĕĦ
2.1 Apresente a tendência da evolução dos salários no Rendimento Nacional (RN) desde a
década de 1980, a partir do gráfico.
2.2 Identifique os países com percentagens dos salários no RN superiores à da União Europeia
a 15, a partir do gráfico, em 2014.
2.3 Compare a situação dos EUA com a dos outros países representados no gráfico no que
respeita à percentagem dos salários no RN.
2.4 Relacione discriminação com cidadania.
61
Grupo III
1. Observe o mapa que se segue.
Abreviaturas dos Estados-membros
BE – Bélgica ES – Espanha MT – Malta FI – Finlândia
BG – Bulgária FR – França NL – Países Baixos SE – Suécia
CZ – República Checa IT – Itália AT – Áustria UK – Reino Unido
UE-27* – 27 Estados-
DK – Dinamarca CY – Chipre PL – Polónia
-Membros da UE
DE – Alemanha LV – Letónia PT – Portugal
EE – Estónia LT – Lituânia RO – Roménia
IE – Irlanda LU – Luxemburgo SI – Eslovénia
EL – Grécia HU – Hungria SK – Eslováquia
* Quando o Índice de Igualdade de Género foi criado a União Europeia só tinha 27 Estados-Membros.
A entrada do 28.º Estado, a Croácia, verificou-se a 1 de julho de 2013.
Índice de Igualdade de Género (2005-2013) nos 27 estados-membros da União Europeia*
FL
72,4
SE
EE
74,3 50,0
DK LV
IR UK
44,4
55,2 50,4 5,6
LT
NL 43,6
ALEMANHA
59,7 ORIENTAL
DL PL
BL
44,1
59,5 51,4
LU CZ
50,1 44,4 SK
AU 40,9
FR
57,1 50,4 HU
SL 41,4 RO
55,0 CROÁCIA 35,3
ES 4,4
PT BG
54,0
41,3 IT 37,0
40,9
EL
40,0
0 400 km
MT CY
41,5 42,0
Nota: O Índice de Igualdade de Género (Gender Equality Index) foi criado pela União Europeia para analisar as discri-
minações de género existentes nos Estados-Membros. É um índice composto por diversos indicadores, que sintetiza
a complexidade da igualdade de género – conceito multidimensional. Combina indicadores de género relativos a seis
domínios: trabalho, rendimento monetário (dinheiro), conhecimento, tempo, poder, saúde e dois domínios satélite:
interseção de desigualdades (relativo, por exemplo, a famílias monoparentais ou com deficiência) e violência de gé-
nero. Permite monitorizar se um Estado-Membro se encontra perto (Índice de Igualdade de Género próximo de 100)
ou longe (Índice de Igualdade de Género muito inferior a 100) de alcançar a igualdade de género.
1.1 Estabeleça comparações, com base no mapa, entre os países da União Europeia no que
respeita ao Índice de Igualdade de Género.
1.2 Justifique a necessidade de se promoverem medidas de discriminação positiva, tendo em
conta a situação evidenciada no mapa.
1.3 Refira três medidas que promovam a igualdade de género.
62
UNIDADE 4 / O DESENVOLVIMENTO E OS DIREITOS HUMANOS
5,6 6,2
5 4,9
1,7 2,2
0,5
0
Senegal Índia Brasil Mundo França China África Alemanha Japão Coreia Rússia Arábia Estados
do Sul do Sul Saudita Unidos
2.1 Identifique os sete países com emissões anuais de CO2 por habitante, superiores à média
mundial em 2010, tendo em conta o gráfico.
2.2 Apresente conclusões sobre as disparidades existentes entre os países referidos no gráfico.
2.3 Explicite as posições dos EUA e da China no que respeita à responsabilidade dos Países
Desenvolvidos e dos Países em Desenvolvimento, com base no texto.
2.4 Comente, com base no gráfico e no texto, os desafios que se colocam à promoção de um
desenvolvimento sustentável.
3.1 Comente o texto, tendo em conta o facto de desenvolvimento e liberdade serem interde-
pendentes.
63
TESTE DE AVALIAÇÃO 2
=hkfe?
Nas questões de escolha múltipla, apenas uma das afirmações está correta. Assinale-a.
64
UNIDADE 4 / O DESENVOLVIMENTO E OS DIREITOS HUMANOS
=hkfe??
1. Leia a carta endereçada à juventude pelo escritor do Mali Amadou Hampâté Bâ, seis anos
antes de morrer. Este escritor também foi membro do Conselho Executivo da UNESCO.
As nossas diferenças, em vez de nos separarem, devem transformar-se em complementaridade e
fonte de enriquecimento mútuo. Como não seria aborrecido e monótono um mundo uniforme onde
todas as pessoas, decalcadas sobre o mesmo modelo, pensassem e vivessem do mesmo modo!
Atualmente, quando blocos de interesses se enfrentam e se digladiam, não se deve acentuar o
que nos separa, mas sim o que nos une, no respeito pela identidade de cada ser humano. Cabe
a vós, jovens, fazer emergir um novo estado de espírito, mais orientado para a complementa-
ridade e solidariedade, quer individual, quer internacional. Será a condição para a paz, sem a
qual não poderá haver desenvolvimento.
<edj[0mmm$Z[ib[jjh[i$\hWZWfjWZeÄbj_cWYedikbjWWĤĨZ[Z[p[cXheZ[ĤģĕĦ
2. Observe o gráfico.
Custo médio do trabalho por empregado nos países da União Europeia e nos EUA, em
2014, em euros
63 700
53 100
49 500
38 800 42 800
36 400
12 100
6 700
Bulgária
Roménia
Hungria
Polónia
Lituânia
Letónia
Rep. Checa
Eslováquia
Estónia
Croácia
Portugal
Malta
Chipre
Grécia
Eslovénia
Espanha
União Europeia
Alemanha
Itália
Zona Euro
Reino Unido
Irlanda
Suécia
Finlândia
França
Áustria
Dinamarca
EUA
Bélgica
Países Baixos
Luxemburgo
2.1 Interprete o valor do custo médio do trabalho por empregado na Zona Euro, em 2014, a
partir do gráfico.
2.2 Interprete o valor do custo médio do trabalho por empregado em Portugal, em 2014, no
contexto da Zona Euro, a partir do gráfico.
2.3 Justifique, com base no gráfico, as disparidades económicas existentes nos países da
União Europeia.
2.4 Apresente uma noção de discriminação económica, tendo em conta o gráfico.
2.5 Exponha uma medida de combate à discriminação económica.
65
Grupo III
1. Observe o quadro que se segue.
Índice de Igualdade de Género (2005-2013) no que respeita ao exercício do poder pelas
mulheres, em Portugal e nos 27 Estados-Membros da União Europeia, em média
PT (Portugal) UE-27
Domínio Indicadores Unidade
Mulheres Homens Mulheres Homens
Percentagem de ministros/as % 18 82 25 75
Percentagem de deputados/as % 30 70 23 77
Percentagem de deputados/
% 22 78 30 70
as das assembleias regionais
Poder
2. Observe o gráfico.
Evolução dos investimentos em energias renováveis, entre 2004 e 2012, em 109 dólares
2.1 Compare a Europa e os EUA no que
Milhares de milhão de dólares =
1.2 Os indicadores que compõem o Índice de Desenvolvimento Huma- 4. Comparando os itens de avaliação em que Portugal terá de melhorar
no são o Rendimento Nacional Bruto (RNB) per capita, a esperança (da 36.ª posição), relativamente à Suíça (1.ª posição), para se tornar
média de vida à nascença e os anos de escolaridade efetivos e espe- uma economia mais competitiva, podem registar-se as seguintes
rados da população. conclusões: numa escala de 1 a 7 (melhor valor), a Suíça apresen-
ta-se com valores iguais ou superiores a 5, e também superiores à
1.3 O Índice de Pobreza Multidimensional (IPM) e o Índice de Desigualda- média das economias desenvolvidas. Já Portugal apresenta algumas
de de Género (IDG) são mais dois indicadores compostos que contri- diferenças significativas, como o ambiente macroeconómico (3,5)
buem para a avaliação de situações de desenvolvimento humano de e desenvolvimento do mercado financeiro (3). No extremo oposto,
toda a população ou de bolsas dessa população. No primeiro caso, encontramos como melhores valores: a saúde, educação básica e
o IPM avalia situações de pobreza que ultrapassam a falta de rendi- superior, a tecnologia e as infraestruturas, com valores próximos dos
mento, como a da privação de certos bens, por exemplo. Já o IDG da média das economias desenvolvidas. A melhorar, encontram-se
pretende alertar para as desigualdades existentes entre homens e os seguintes itens: inovação, instituições, sofisticação de negócios,
mulheres em diferentes domínios, como os salários, o acesso a cer- eficiência no mercado laboral e de bens. Em termos gerais, pode-
tas profissões, etc. Assim sendo, tanto a pobreza como as desigual- -se afirmar que a competitividade da economia portuguesa tem as
dades de género, ao refletirem desigualdades entre os indivíduos, bases de que necessita para se afirmar, mas encontra obstáculos a
são indicadores que permitem corrigir o desenvolvimento humano nível macroeconómico, institucional e de organização.
médio de uma população.
1.4 A frase é clara no seu conteúdo: o crescimento económico é importan-
te, mas é apenas um dos passos (o meio) para uma população alcançar Ficha formativa 2 (p. 13)
melhorias noutros domínios, como o da saúde e da educação. Será do 1.1 O indicador composto IDH é um indicador composto, da responsa-
conjunto dos progressos nestas diferentes áreas sociais que as popula- bilidade do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
ções poderão ter um desenvolvimento humano elevado (o fim). (PNUD), calculado através de uma fórmula matemática que conjuga
2.1 A importância económica dos BRIC, no conjunto da economia mun- de forma específica valores das áreas económica (RNB p.c.), cultural
dial, pode ser avaliada pela percentagem do seu contributo para o (n.º de anos de escolaridade efetiva e esperada) e demográfica (es-
PIB mundial (cerca de 27%). perança média de vida à nascença).
2.2 O fator de crescimento comum a este conjunto de países é, entre 1.2 O Brunei tem um RNB p.c. mais elevado (70 883 dólares) que a Ir-
outros fatores, a dimensão dos seus mercados internos. Além disso, landa (33 414 dólares), mas ocupa uma posição inferior no IDH (30.ª
estes países têm apostado nas exportações, o que ainda aumenta posição contra 11.ª ). Esta situação fica a dever-se a uma esperança
significativamente a dimensão dos seus mercados. média de vida à nascença inferior (78,5 anos contra 80,7 anos de
esperança de vida) e dos anos de escolaridade efetivos e esperados
2.3 A dimensão dos mercados pode ser geradora de crescimento econó-
também inferiores (8,7 contra 11,6 e 14,5 contra 16,9, respetivamen-
mico, por permitir aumentar a produção e obter economias de escala,
te). Como o IDH é constituído pelos itens atrás indicados e não ex-
o que lhes permite custos de produção mais baixos, também obtidos
clusivamente pela componente económica, no conjunto, a posição
na produção especializada de certos bens, e leva ao aumento da pro-
do Brunei no IDH fica atrás da Irlanda.
dutividade. Mais produção, maior produtividade, mais rendimento e
mais emprego serão o resultado que, sendo estrategicamente admi- 1.3 Uma das limitações apresentadas ao IDH para avaliar o nível de desen-
nistrado, poderá gerar crescimento económico. volvimento reside no facto deste ser uma média para toda a população
do país e, como todas as médias, esconde desigualdades internas.
2.4 De facto, os BRIC têm-se afirmado na economia mundial, mas os
seus IDH ainda se encontram em posições baixas. A análise dos va- 1.4 Uma forma de se corrigirem as informações dadas pelo RNB p.c. no
lores do quadro disponibilizado explicam bem porquê, quando com- sentido de avaliar o bem-estar da população, pode ser através do
parados com o país que ocupa a 1.ª posição. Embora a esperança Índice de Gini, que mede as desigualdades na repartição interna do
média de vida apresente já valores satisfatórios mas inferiores aos rendimento pela população.
do país de referência, a escolaridade é ainda muito baixa, para além, 2.1 O gráfico apresenta o crescimento do IDH (em %) por regiões, em
naturalmente, da distância relativamente ao RNB p.c. três períodos diferentes, desde 1990 a 2013.
É do conjunto destes indicadores simples que se pode concluir que, Em termos globais, pode-se registar que em todas as regiões o IDH
embora os BRIC apresentem um crescimento económico relevante, aumentou desde 1990 a 2013. No entanto, as taxas de crescimento
os benefícios conquistados ainda não conseguiram produzir os efei- depois de 2008 são menores comparando com as taxas de cresci-
tos desejados noutras áreas da sua vida coletiva. mento relativas a 2000-2008.
67 67
SOLUÇÕES
2.2 Nos Estado Árabes, América Latina e Caraíbas, as taxas de crescimen- . depressão – envelhecimento e morte das inovações;
to são tendencialmente decrescentes; na Ásia Oriental e Pacífico, Eu- . retoma – experimentação de outras inovações.
ropa e Ásia Central, Ásia do Sul e África Subsariana as taxas aumenta-
ram entre 1990 e 2008, invertendo-se a tendência após 2008. 5.3 A expressão «destruição criadora», da autoria do referido economista,
corresponde a uma necessidade de evolução das economias. Quando
2.3 A evolução verificada permite concluir que tem havido progressos
as «inovações» se tornam antiquadas, correspondendo à fase da satu-
na evolução do IDH em todas as regiões referenciadas no gráfico. No ração do mercado, e se entra no período de depressão a que corres-
entanto, após 2008, ano da grande crise mundial, esses valores têm ponde o seu envelhecimento e morte, torna-se necessário o desvio do
aumentado menos. investimento da antiga produção para novos bens ou novos processos
3.1 A dimensão dos mercados no crescimento económico é fundamental, de fabrico, etc. A este processo visionário, que exige do empresário
sendo referida como um dos fatores mais importantes. O aumento do o desvio do investimento das atividades ultrapassadas para as novas,
mercado significa mais produção, mais emprego, mais especialização, chama-se «destruição criadora».
obtenção de economias de escala, menores custos de produção, mais 5.4 Para Schumpeter, o empresário é uma «peça» fundamental no pro-
rendimento e mais poder de compra e bem-estar para as populações. cesso de crescimento económico, porque é um indivíduo visionário,
3.2 O texto é explícito acerca da importância da dimensão dos mercados empreendedor, tem imaginação, é inovador, condutor de homens e
e do investimento como fatores de crescimento económico. move-se pelo lucro. É esta atitude que o torna fundamental na vida
É referida a descolagem de um certo número de países que aposta- económica. O gosto pelo risco e a sua capacidade de realização tor-
ram na integração económica (aumento da dimensão do mercado) e nam-no na mola que as economias necessitam para avançar.
nas exportações; no investimento (investimento em capital através da
poupança interna e do investimento direto estrangeiro) e em reformas
estruturais que permitiram aumentar a produtividade e a competiti- Teste de avaliação 1 (p. 15)
vidade (investimento em educação e formação do capital humano).
Grupo I
O texto, com base nos bons resultados obtidos pelas economias re-
1. A 2. D 3. A 4. B 5. B
feridas, é animador e considera mesmo que há uma nova esperança
para países que ainda não tinham conseguido descolar da situação Grupo II
de atraso em que se encontravam.
1.1 Verifica-se que, entre 2010 e 2014, todas as regiões perderam valor
4.1 A tendência verificada no crescimento do PIB p.c. nos países de ele-
no IDH devido a situações de desigualdade, à exceção da Ásia Orien-
vado rendimento e nos de baixo-médio rendimento, no período 1990- tal e Pacífico, cujo IDH se manteve. No entanto, registam-se maiores
-2011, é positiva. perdas na Europa e Ásia Central, Estados Árabes e África Subsariana.
4.2 Embora a tendência geral seja positiva, as economias de elevado
1.2 A inclusão da desigualdade permite uma melhor avaliação do desen-
rendimento cresceram mais do que as de baixo-médio rendimento. volvimento humano porque desigualdade é sinónimo de perda, seja
Assim, a divergência já existente tem vindo a acentuar-se. em que domínio for, como: a perda de salário no desempenho de
4.3 O aumento da produtividade é referenciado como uma das carac- funções idênticas ou a dificuldade em aceder a um cargo com iguais
terísticas das economias modernas. Os fatores que justificam essa habilitações, etc. Assim, a inclusão do fator «desigualdade» permite
tendência são as apostas na área tecnológica, descobrindo novas, corrigir o IDH já que este é uma média que, como todas, não revela ca-
formas de produção, novas formas de organizar o trabalho e as em- sos particulares. O IDH corrigido em função da desigualdade é o Índice
presas e novos tipos de energia. de Desenvolvimento Humano Ajustado à Desigualdade (IDHAD).
Naturalmente, toda esta inovação tem por detrás I&D, exige mais 1.3 Outro indicador composto que permite avaliar situações de desigual-
educação, formação e qualificação dos recursos humanos, o que dade, mesmo em países com valores elevados do IDH, pode ser o Índi-
também é característico das economias desenvolvidas. ce de Desigualdade de Género (IDG) que introduz ajustamentos ao IDH
5.1 Por ciclo económico pode-se entender uma sucessão de fases que
devido às desigualdades verificadas contra um dos géneros.
caracterizam o crescimento das economias. Cada ciclo é constituído 1.4 O gráfico ilustra a comparação entre o IDH registado em 2010 e 2014
por um conjunto de flutuações do produto, rendimento e emprego com a correção feita pela desigualdade verificada em cada região.
com reflexos na expansão e contração da atividade económica. Cada Como é do conhecimento geral, o IDH tem evoluído em todas as regi-
ciclo completo tem uma fase ascendente e outra descendente. ões, o que significa mais bem-estar para as populações. No entanto,
A fase ascendente culmina no pico (valor mais alto do ciclo), seguin- se considerarmos a existência de desigualdades nos países e regiões
do uma fase de saturação e de declínio do mercado e da economia, em causa, verificamos que esse IDH regrediu em quase todas as regi-
a fase descendente do ciclo, que termina no ponto denominado bai- ões, à exceção da Ásia Oriental e Pacífico. Tal facto significa que, em-
xa (ponto mais baixo). bora as condições de vida das populações, em média, tenham melho-
5.2 Segundo Schumpeter, os ciclos correspondem ao ciclo de vida de uma
rado, elas não se estenderam por igual a todos os indivíduos.
inovação que consiga impulsionar a produção, o emprego, etc. 2.1 O gráfico permite verificar que, entre 1991 e 2010, o rácio entre rapa-
Para Schumpeter, cada ciclo tem quatro fases: rigas e rapazes inscritos nos ensinos primário e secundário melhorou
em todas as regiões consideradas, à exceção dos países de elevado
. prosperidade – difusão das inovações; rendimento cujo rácio se manteve nos 100%.
. recessão – saturação do mercado com a difusão em massa das ino- 2.2 As regiões com melhores rácios, em 2010, foram os países de ele-
vações; vado rendimento, a América Latina e as Caraíbas, a Ásia Oriental e
68
SOLUÇÕES
o Pacífico, a Europa e a Ásia Central, seguidos da Ásia do Sul, Médio Teste de avaliação 2 (p. 18)
Oriente e Norte de África e, por último, a África Subsariana.
2.3 Excetuando os países de elevado rendimento cujo rácio já se situava nos =hkfe?
100%, as regiões que apresentaram maior evolução foram a África do 1. D 2. C 3. C 4. A 5. B
Sul, o Médio Oriente, o Norte de África, a África Subsariana, a Ásia Orien-
tal e Pacífico e, por fim, a América Latina e as Caraíbas. =hkfeII
2.4 O investimento em educação é considerado um fator de crescimento 1.1 O Índice de Gini pode constituir uma forma de avaliar o RNB p.c., em
económico moderno pelas repercussões que tem na economia. São a termos de desenvolvimento humano. Sendo o indicador RNB p.c. uma
educação e a formação que permitem o conhecimento e a mudança média, ele não revela situações particulares. É por esta razão que o
necessárias ao progresso económico. Na sequência da educação vem índice de Gini se manifesta fundamental, porque evidencia o grau de
a pesquisa e a investigação, a descoberta e a inovação e o progresso. concentração do rendimento ou desigualdade na repartição desse
rendimento pela população. Quanto maior concentração do rendi-
2.5 As desigualdades de género na educação podem constituir um forte
mento houver, menor desenvolvimento humano existirá numa popu-
bloqueio ao desenvolvimento humano das populações, pois a ex-
lação, dadas as desigualdades que a concentração traduz.
clusão da participação das raparigas no acesso à educação é, em
primeiro lugar, uma discriminação negativa que impede o seu conhe- 1.2 A inclusão da desigualdade no valor do RNB p.c. permite uma melhor
cimento e desenvolvimento pessoal; mas também o é , em termos avaliação do desenvolvimento humano porque desenvolvimento hu-
globais, pois representa a exclusão de mais um contributo para o mano significa igualdade de oportunidades.
progresso e desenvolvimento do país, dado que ambos os géneros 1.3 O Índice de Gini: 40,8 pertence aos EUA, sendo o outro índice 32,6
têm iguais possibilidades avalizadas pelas estatísticas sobre resulta- pertencente ao Canadá, pois um maior valor do índice corresponde a
dos escolares e empresariais. maior concentração do rendimento e, portanto, maior desigualdade,
3.1 Por crescimento económico pode entender-se a variação positiva e como se pode ver na figura.
sustentada dos valores do produto, rendimento, investimento e em- 2.1 O Índice de Pobreza Multidimensional (IPM) permite avaliar melhor o
prego de um país. desenvolvimento humano porque inclui diversas situações de priva-
3.2 Enquanto o conceito de crescimento é essencialmente quantitati- ção que escapam aos valores económicos.
vo porque mede os valores do Produto/Rendimento de um país, o 2.2 A desigualdade de género é um obstáculo ao desenvolvimento humano
conceito de desenvolvimento humano é mais abrangente dado que porque priva todo o país do contributo de uma larga camada da sua po-
integra outras dimensões sociais, como a educação e a saúde das pulação. De facto, ao subvalorizar um grupo populacional, dificultando
populações. Será da articulação entre os domínios económico, social ou impedindo o seu acesso a diversas funções, esse país não só perde
e cultural que se poderá ter uma perspetiva mais ajustada do bem o valor que rejeita, como não permite que uma larga parte desse país
estar ou desenvolvimento humano da população de um país. se sinta produtiva, realizada e feliz. Assim, a desigualdade de género
3.3 A estratégia de crescimento económico da China, descrita no texto, constitui um impedimento ao desenvolvimento humano.
assentou num conjunto de reformas implementadas gradualmente 3. O gráfico apresenta a percentagem da população em idade ativa
para atrair o investimento estrangeiro, para criar de emprego e pro- portadora do ensino secundário ou superior relativamente ao con-
mover as exportações. junto de países da Zona Euro, em 2013. O quadro evidencia a posição
Para tal, a China investiu em educação e saúde, e negociou com as de Portugal nesse conjunto, ocupando a última posição e revelando
empresas estrangeiras a sua participação em empresas comuns e na que essa percentagem é de apenas cerca de 40%.
transferência de tecnologia para aumento das competências dos seus Ora, reconhecendo que a valorização dos recursos humanos é uma
trabalhadores. Desta forma, a China conseguiu alargar o seu mercado das condições para o crescimento económico, Portugal terá de con-
através das exportações, tornando-se o segundo maior exportador de tinuar a apostar no investimento em formação da sua população ativa.
bens e serviços a nível mundial, a seguir à Alemanha.
4.1 Os fatores de crescimento económico em que os países do Sul têm
Em síntese, os fatores de crescimento que se podem identificar no apostado, e que o texto refere, são o investimento em capital humano
texto são: a dimensão dos mercados, o investimento em capital físico (reforço das capacidades das pessoas e das competências das empre-
e humano e o progresso técnico. sas); investimento em capital físico (fatores de produção intermédios e
3.4 Os investimentos em saúde e educação podem complementar uma bens de capital a preços mundiais competitivos); aumento da dimen-
estratégia de desenvolvimento humano na medida em que são uma são dos mercados (abertura aos mercados mundiais) e progresso tec-
das condições para um melhor desempenho das suas funções sociais, nológico (adotar know-how e tecnologia de estrangeiros).
nomeadamente as profissionais e, consequentemente, para o bem es- 4.2 A estratégia que os países do Sul têm adotado mostra resultados con-
tar das populações, o que representa desenvolvimento humano. sistentes, dado o rápido desenvolvimento dessas economias. Esse
4. O texto retirado do Relatório do Desenvolvimento Humano de 2014 conjunto de países, denominados «do Sul», tem tido dificuldades no
afirma que o conceito de desenvolvimento humano tem de ser perspe- seu crescimento e desenvolvimento, por razões diversas. No entanto,
tivado como uma situação de igualdade de oportunidades para todos há cerca de duas décadas, optaram por um percurso eficaz com apos-
os membros das sociedades atuais, proporcionando uma vida saudá- ta nos fatores considerados estratégicos, a que aliaram a possibilidade
vel, produtiva e segura, mas também das futuras gerações – isto é: pôr de aprender com a tecnologia e o know-how estrangeiros, obtendo fa-
as pessoas em primeiro lugar. Para tal, o PNUD chama a atenção para tores de produção de nível intermédio e produzindo bens de capital a
um necessário enquadramento analítico mais alargado e uma revisão preços competitivos que vendem no mercado mundial.
dos instrumentos políticos disponíveis.
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SOLUÇÕES
2. A globalização e a regionalização e criou condições para a recuperação do comércio internacional. Nos
anos que se seguiram, a abertura das economias ao exterior, decorrente
económica do mundo dos processos de integração económica (nomeadamente na Europa),
Ficha formativa 1 (p. 27) concorreu para a intensificação das trocas a nível mundial.
1.1 Enquanto a mundialização é um conceito essencialmente económico, 5.1 O Acordo Geral sobre a Redução das Tarifas Aduaneiras (GATT), lan-
relacionado com as trocas comerciais, com a livre circulação de capital çado no âmbito da ONU, e que envolveu, inicialmente, cerca de 23
e de pessoas à escala mundial, bem como com a implantação de em- países, teve como objetivo negociar a redução das tarifas aduanei-
presas e de segmentos dos processos produtivos no espaço interna- ras, de forma a facilitar as trocas entre os países.
cional, a globalização alarga-se a outras dimensões como a circulação 5.2 A redução das taxas sobre os produtos importados contribui para o
de informação, de produtos culturais e dos padrões de consumo. aumento das importações, pois os produtos ficam mais baratos. Ao
1.2 A mundialização económica (no que respeita às trocas e aos fato- aumento das importações realizadas por alguns países corresponde
res produtivos), fruto da modernização dos transportes e das novas igual aumento das exportações de outros países, havendo, assim,
tecnologias da informação e comunicação, globalizou a informação, um aumento das trocas internacionais.
os comportamentos em relação ao consumo e aos estilos de vida, 5.3.1 O princípio da não discriminação, que estipula que o regime aduanei-
atingindo os vários domínios da vida social. ro para um determinado produto deve ser igual para todos os países,
2.1 Os europeus tinham o domínio do comércio marítimo e do tráfico e o princípio da concorrência leal, que pretende garantir trocas com
de escravos, que lhes proporcionou matérias-primas, mão de obra e condições justas para todos os países, são dois dos princípios que
capital, fatores essenciais ao seu desenvolvimento. O comércio mun- visam criar harmonia, equidade, liberdade e previsibilidade nas tro-
dial distribuía-se por três polos: cas entre os países, objetivos em que assenta a regulação do comér-
cio internacional.
. África, que fornecia a mão de obra escrava para as grandes planta-
ções de algodão e de cana de açúcar na América; 6.1 As relações de troca são acompanhadas de interdependência entre
os países, pois os países importadores necessitam dos bens forne-
. América, que fornecia matérias-primas à Europa; cidos pelos países exportadores e estes precisam de vender os bens
. Europa, que beneficiava dos elevados lucros do comércio e das que produzem em excesso e das receitas de exportação. Desta for-
matérias-primas para o desenvolvimento das suas indústrias. ma, os países precisam todos uns dos outros.
2.2 A Europa constituía o centro da economia mundial, na medida em 6.2 O crescimento das trocas internacionais e o aumento dos fluxos de
que dominava o comércio mundial (mercadorias e mão de obra es- capital entre os países intensifica o comércio mundial, aumentando
crava) e concentrava os capitais (fruto dos elevados ganhos com o as relações de interdependência entre os países. Assim, quanto mais
comércio e com o tráfico de escravos). intensa for a mundialização, maior será a interdependência entre os
3.1 A acumulação de capitais, o fornecimento de matérias-primas, as
países.
inovações tecnológicas e a disponibilidade em mão de obra. 7.1 O investimento direto significa a aquisição de uma empresa, ou parte
3.2 A mundialização esteve associada à Revolução Industrial na medida
de uma empresa, e a abertura de filiais em países estrangeiros, en-
em que os mercados externos, nomeadamente os mercados colo- quanto o investimento de carteira consiste na aquisição de ações e
niais, forneciam capitais e matérias-primas para a indústria e com- obrigações por parte de não residentes.
pravam os produtos manufaturados. A procura externa estimulou, 7.2 Uma empresa multinacional é uma empresa com capital disperso
assim, a produção industrial europeia e a modernização do setor. por vários proprietários, normalmente de várias nacionalidades, que
3.3 O surgimento da eletricidade e do aço permitiram modernizar os
localiza as suas atividades produtivas em vários países, sendo as de-
transportes ferroviário e marítimo, permitindo abrir novas rotas para cisões estratégicas tomadas pela sede, localizada, usualmente, no
o comércio, intensificar as trocas internacionais e estimular a circu- país onde o principal dono do capital é residente.
lação de pessoas entre a Europa e outras regiões do mundo (EUA, 7.3 As empresas multinacionais ao localizarem os seus investimentos
Canadá, Brasil, Áustrália, entre outras). O comércio europeu alcança, em vários países, de acordo com os fatores atrativos oferecidos e a
deste modo, a dimensão mundial. rentabilidade esperada, estão presentes em várias zonas do mundo,
4.1 O recuo do processo de mundialização na primeira metade do século
sendo um exemplo de mundialização económica.
xx está relacionado com as políticas económicas protecionistas se- 7.4 Os movimentos internacionais de capitais, sob a modalidade de investi-
guidas (a nível dos setores agrícola e industrial), em resultado da de- mentos diretos estrangeiros e de investimento de carteira, fazem parte
vastação originada pela I Guerra Mundial (1914-1918) e pela recessão do fenómeno da mundialização, na medida em que a procura de maior
económica nos anos 30, período conhecido pela Grande Depressão. competitividade face à concorrência e de maior rendibilidade, leva o
As políticas protecionistas, a crise económica e o elevado desem- capital a dirigir-se para os países que maiores possibilidades de ganho
prego conduziram a uma retração das trocas comerciais e dos movi- ofereçam. Enormes fluxos de capitais movimentam-se com grande li-
mentos de capitais e de pessoas a nível mundial. berdade pelo mundo, em particular o investimento de carteira, dadas as
4.2 A II Guerra Mundial contribuiu para o desenvolvimento das indústrias
facilidades criadas pelas transações financeiras eletrónicas.
associadas à guerra e deu origem a inovações, cujas aplicações contri- 8.1 Os movimentos migratórios têm como principais causas razões de
buíram para a modernização das indústrias (automação, robotização) e ordem económica e de segurança: procura de melhores condições
desenvolvimento do setor terciário (comunicações, serviços financeiros, de vida (trabalho, salário, habitação, educação e cuidados de saúde)
audiovisual, etc.). A reconstrução da economia europeia e japonesa no e necessidade de segurança devido a guerras, conflitos e persegui-
pós-guerra, a par da modernização verificada, estimulou a produção ções políticas e religiosas.
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SOLUÇÕES
8.2 Os movimentos migratórios, na atualidade, caracterizam-se, maiori- 11.1 A homogeneização dos mercados significa que o mercado de um
tariamente, pela saída de pessoas dos países em desenvolvimento, determinado bem é idêntico em qualquer parte do mundo, ou seja,
nomeadamente dos menos desenvolvidos para os países desenvolvi- as necessidades e desejos dos consumidores portugueses, brasilei-
dos, mais ricos, que ofereçam melhores perspetivas quanto ao futuro. ros, americanos ou chineses, em relação um determinado bem, são
Mais recentemente, fruto da crise económica que se faz sentir em idênticos. O consumo massificado traduz padrões de consumo uni-
alguns países europeus (Portugal, Grécia e Irlanda), tem-se registado formes, isto é, bens idênticos são consumidos por milhões de con-
um aumento do movimento migratório (não só dos desempregados sumidores, em várias partes do mundo.
de baixas qualificações mas, também, de jovens qualificados, face às 11.2 Sendo a marca um elemento identificador de um produto ou de uma
fracas expectativas profissionais). empresa, a circulação de produtos pelo mundo, em termos de pro-
Os EUA, os países da Europa Ocidental (Alemanha, Reino Unido, Su- dução e de consumo, é acompanhada pela circulação das marcas a
íça, França, entre outros) e a Austrália constituem os principais des- eles associadas. Produtos e marcas globais são, assim, elementos do
tinos da emigração. mercado global.
72 72
SOLUÇÕES
direto (de 51,8 % para 39%) e viram diminuir a sua participação no 1.2 A Expansão associada à navegação dos oceanos Atlântico e Índico
investimento mundial (de 71% para 60,8%). possibilitaram a integração de novas regiões no sistema produtivo e
de trocas mundiais, bem como no movimento de circulação de pes-
=hkfe??? soas pelo mundo.
1.1 Para o autor, a globalização poderá conduzir a um aumento do pa- 1.3 Para o desencadear da Revolução Industrial no século xviii, os mer-
drão de vida, para a generalidade dos países, beneficiando particu- cados externos foram fundamentais no fornecimento de matérias-
larmente os países pobres: acesso aos mercados, nomeadamente -primas, na acumulação de capital, essencial ao desenvolvimento das
em termos de exportações, investimento estrangeiro, indispensável inovações e proporcionada pelo tráfico de escravos, e no estímulo à
ao aumento da produção, ao surgimento de produtos novos e à re- produção industrial, através da absorção dos produtos industriais.
dução dos preços, e possibilidade de trabalhar, estudar e viver no
2.1 No final do século xix, a economia-mundo europeia caracterizou-se
estrangeiro, dada a maior mobilidade humana proporcionada pela
pela expansão da Europa no mundo através dos fluxos de emigrantes
abertura de fronteiras.
(cerca de 80 milhões de pessoas) e da saída de capitais (à volta de
1.2 De acordo com o sentido da afirmação, a globalização não benefi- 44 milhões de dólares). Para esses enormes fluxos de saída, o Reino
ciou todas as pessoas no mundo, havendo setores particularmente Unido e a França foram os maiores contribuintes, embora todos os
prejudicados: perda de empregos nos EUA e na Europa em resulta- países tenham contribuído para a saída maciça de emigrantes euro-
do da concorrência da indústria chinesa (custos laborais inferiores), peus em direção aos países do chamado Novo Mundo (EUA, Canadá,
perda de empregos na agricultura nos países em desenvolvimento, Argentina, Austrália e Nova Zelândia).
em resultado da agricultura fortemente subsidiada nos EUA e na UE e
3.1 A homogeneização dos mercados significa que as necessidades e
menor proteção dos direitos dos trabalhadores europeus, em nome
desejos dos consumidores são idênticos em qualquer parte do mun-
da competitividade, face à concorrência da China e de outras econo-
do, sendo satisfeitos por bens com características semelhantes. Esta
mias emergentes.
tendência de homogeneização dos mercados dá origem a consumos
2. A crise financeira iniciada nos EUA em 2007, propagou-se a outras massificados – milhões de bens idênticos são consumidos por mi-
economias, especialmente à economia europeia, fruto do mercado lhões de pessoas em todo o mundo.
financeiro global (a derrocada de uns bancos nuns países conduziram,
3.2 Milhões de televisores de ecrã plano, de marcas globais, são com-
pelos créditos, depósitos e aplicações financeiras entre bancos, a der-
prados por milhões de consumidores distribuídos pelo mundo.
rocadas de bancos noutros países) e às suas implicações na economia
real, de que a crise da dívida é um exemplo. A grave situação finan- 3.3 Um estilo de vida, enquanto conjunto de códigos de conduta pró-
ceira, propagada às economias, resultou numa crise económica global prios de um grupo, distingue os modos de vida dos vários grupos,
(afetando particularmente os países desenvolvidos, nomeadamente contribuindo para a sua diferenciação e individualização, contrarian-
os países da UE), o que exigiu da parte das autoridades, em especial do, desta forma, a massificação da sociedade global.
das monetárias (Bancos Centrais), uma coordenação em termos da
tomada de medidas de controlo da situação (por exemplo, descida =hkfe???
das taxas de juro de referência, compra de dívida, apoio à capitalização 1.1 Em 1980, as economias desenvolvidas foram responsáveis por
dos bancos em dificuldade, etc.). 69,9% do PIB mundial mas, em 2010, a sua participação diminuiu
3.1 As exportações correspondem a vendas de bens e serviços de uns paí- para 64,1%, enquanto a participação das economias em desenvolvi-
ses ao resto do mundo, sendo as receitas obtidas rendimento dos pa- mento no PIB mundial aumentou 21,6%, em 1980 e para 32,6%, em
íses exportadores, contribuindo para a riqueza do país. Por outro lado, 2010. As economias em transição viram diminuir a sua participação
as exportações resultam da produção interna das empresas dos países no PIB mundial de 8,5%, em 1980, para 3,3%, em 2010.
exportadores. Havendo um crescimento das exportações de um país, 1.2 As alterações registadas no contributo das várias economias para o
regista-se um acréscimo da produção, do rendimento, ou seja, do PIB. PIB mundial mostram os benefícios que a globalização representa para
3.2 A análise do gráfico mostra que a afirmação de Marshall, segundo a as economias, em particular para as economias em desenvolvimento,
qual o comércio internacional constitui a base do progresso econó- que viram aumentar a sua quota parte no PIB mundial, em resultado
mico dos países, é válida, pois a coorrelação entre o crescimento do da sua maior inserção na economia global. A queda da participação
PIB e o crescimento das exportações é visível no gráfico para a quase das economias desenvolvidas e das economias em transição para o
totalidade dos países. O crescimento das exportações é acompa- PIB mundial reflete os efeitos negativos da crise financeira e económica
nhado do crescimento do PIB per capita. que se propagaram, pelo efeito da globalização, às maiores economias
do mundo e respetivas áreas de influência regional.
2.1 Integração económica significa a reunião de vários mercados nacio-
Teste de avaliação 2 (p. 33) nais num só de maior dimensão.
73
SOLUÇÕES
quentemente, um maior rendimento a distribuir e uma melhoria dos 6.2 Os resíduos poluentes e as fugas radioativas são fontes de poluição
níveis de vida das populações. resultantes da atividade humana; os tsunamis são fontes naturais,
2.3 A atual UE, chamada CEE na altura da sua criação (1957) constitui o
acidentais de poluição.
exemplo mais destacado de um processo de integração económi- 7. São situações contínuas de poluição que atuam em grandes exten-
ca que possibilitou, não só a reconstrução económica da Europa no sões, para as quais não se encontra a causa provável ou não se con-
pós-guerra, como constituiu a via para um período de forte cresci- segue delimitá-la no tempo; é exemplo desta forma de poluição a
mento e desenvolvimento da economia europeia. degradação da água subterrânea.
3.1 Os valores mostram que entre 1990 e 2012 se registou um aumento da 8.1 Carvão, petróleo.
desigualdade no mundo: em 50% dos países analisados verificou-se 8.2 Energias alternativas são formas de energia não poluentes, como a
um aumento da desigualdade e em 39,2% dos países registou-se uma energia eólica, a energia das marés, a energia verde, etc., que podem
diminuição da desigualdade; em termos populacionais o aumento da substituir a energia fóssil.
desigualdade atingiu 70,6% da população no mundo e a diminuição da
desigualdade não ultrapassou 25,3% da população mundial.
3.2 Considerando que no período referido se verificou uma intensificação da Ficha formativa 2 (p. 43)
globalização pode dizer-se que o aumento da desigualdade no mundo 1.1 Transição demográfica.
está diretamente relacionado com a globalização da sociedade.
1.2 O fraco crescimento dos países desenvolvidos resulta da quebra
muito acentuada das taxas de mortalidade acompanhada de uma
3. O desenvolvimento e a quebra da taxa de natalidade de tal forma que a taxa de crescimento
natural é muito baixa.
utilização de recursos
2.1 A «pirâmide de idades» é um gráfico que representa a estrutura por
Ficha formativa 1 (p. 42) sexo e idades de uma população.
1.1 Queda da taxa de mortalidade geral; queda da taxa de mortalidade 2.2 A «pirâmide de idades» dá-nos a conhecer, por exemplo, o peso dos
infantil; aumento da taxa de natalidade; número de imigrantes supe- indivíduos mais jovens sobre o total da população e assim perceber se
rior ao número de emigrantes. estamos em presença de uma população jovem ou de uma população
1.2 O fenómeno da transição demográfica representa a alteração do pa- envelhecida; também nos permite perceber o peso da população ativa
drão de crescimento de uma população. no total da população e, assim, perceber se é uma população ativa
muito sobrecarregada pelos restantes grupos etários; etc.
2.1 Etário, sexual, ocupacional.
2.3 Os países em desenvolvimento são países onde, em geral, o grande
2.2 A estrutura demográfica de uma população concretiza a forma como
grupo populacional é o da população jovem. Inversamente, os países
ela é constituída, seja em termos de escalões etários, seja em termos desenvolvidos caracterizam-se por terem uma população envelheci-
de sexo/género. da.
3.1 As duas pirâmides permitem verificar que, em cinco anos, os estra-
3.1 Tsunamis; vulcões
tos etários mais velhos aumentaram e os mais jovens diminuíram.
3.2 Furacões; inundações.
3.2 Envelhecimento da população.
4.1 Externalidades são os resultados externos das nossas ações.
3.3 As principais consequências económicas e sociais consistem no
aumento das dificuldades em sustentar os sistemas de apoio so- 4.2 As externalidades positivas correspondem a efeitos positivos na co-
ciais devido ao envelhecimento da população, e mais dificuldades letividade resultantes da nossa ação; as externalidades negativas são
para a recuperação da economia, devido ao fenómeno da emigra- o inverso.
ção de jovens qualificados. 4.3 A recuperação de uma espécie animal e/ou vegetal em vias de extin-
4. Económicas, como a falta de emprego, a pobreza, etc; políticas, que ção; a recuperação das zonas costeiras após uma catástrofe natural,
implicam o descontentamento com a situação política do país; cul- etc.
turais, decorrentes da vontade de conhecer outras culturas. 5 . Porque afeta a paisagem natural e pode destruir o ecossistema pon-
5.1 Continentes americano (Brasil, EUA e Canadá) e, particularmente a do em perigo o equilíbrio das espécies.
partir da década de 1960, Europa (França, Luxemburgo, Alemanha, 6 . São atividades não poluidoras como acontece, por exemplo, com as
Reino Unido). energias alternativas.
5.2 A maior parte dos emigrantes portugueses do século xx era consti- 7 . O «princípio de utilizador-pagador» corresponde à ideia de que um
tuída por indivíduos com fraco nível académico, constituindo uma mão bem/um serviço, etc. deverá ser pago por quem o consome ou o pro-
de obra pouco escolarizada e pouco qualificada; a atual emigração duz. No caso da ecologia, significa que o indivíduo/empresa/país que
portuguesa possui, em geral, o ensino secundário, sendo que uma boa polui os bens comuns como o ar atmosférico ou a água dos mares
parte é constituída por jovens portadores de habilitações académicas deve ser obrigado a repor a situação anterior.
de nível superior, constituindo mão de obra altamente qualificada.
6.1 Resíduos poluentes da atividade industrial; os tsunamis; as fugas ra-
dioativas.
74
SOLUÇÕES
Teste de avaliação 1 (p. 44) Teste de avaliação 2 (p. 46)
=hkfe? =hkfe?
1. A 2. C 3. D 4. C 5. D 1. D 2. D 3. A 4. C 5. D
=hkfe?? =hkfe??
1.1 Desemprego; pobreza; discordância política. 1.1 Adicionando o saldo do crescimento natural (diferença entre os valo-
1.2 Desemprego.
res de natalidade e os valores da mortalidade geral) ao saldo migrató-
rio (diferença entre o número de imigrantes e o de emigrantes).
1.3 Fala-se de fuga de cérebros quando há um forte movimento emigra-
1.2 Transição demográfica corresponde a alterações do padrão de cresci-
tório de mão de obra altamente qualificada.
mento de uma população em virtude de alterações significativas nos
1.4 Tendo em atenção o papel que a educação pode desempenhar fatores que influenciam esse crescimento (natalidade, mortalidade,
numa economia, a saúde económica de um país ou região depende, migrações).
exatamente, da sua mão de obra qualificada. São os indivíduos mais
1.3 Os fatores que influenciam o crescimento de uma população estão
qualificados aqueles que podem garantir maiores níveis de compe-
titividade, de produtividade e de inovação e, em consequência, o diretamente relacionados com a qualidade de vida das populações
desenvolvimento de uma economia. Perante a saída desses profis- e, por isso, com o seu nível de desenvolvimento. Assim, a melhoria
sionais, a economia do país estiola. nas condições higiénico-sanitárias contribui para a diminuição do
número de óbitos; por outro lado, uma população mais instruída tem
2.1 Na verdade, a maior parte da emigração desloca-se dos países menos maior capacidade para fazer planeamento familiar com efeitos pre-
desenvolvidos para os países mais desenvolvidos, sendo esse proces- visíveis no número de nascimentos; o mesmo acontece com uma po-
so de natureza económica e, portanto, função da desigualdade na dis- pulação mais educada: os jovens, protagonistas de casamentos mais
tribuição mundial da riqueza. tardios resultantes do aumento do número de anos de escolaridade,
2.2 O rejuvenescimento da população, dado que, uma boa parte dos terão menos filhos; o desafogo económico das famílias propicia ao
emigrantes são indivíduos jovens; garantia de continuidade da pro- alargamento da família; etc.
dução de bens essenciais mas utilizadores de baixos níveis de qua- 2.1 Saída de habitantes do seu país para um país estrangeiro.
lificação que os nacionais dos países recetores, em geral países de-
2.2 No século passado o grande fluxo de emigração ocorria dos países
senvolvidos, já não querem realizar.
em desenvolvimento para os países desenvolvidos, e era constituída,
2.3 A saída dos indivíduos com o objetivo de procurar melhores condi- maioritariamente, por indivíduos com fracos níveis de escolarização
ções de vida, diminui a tensão social que se desenvolve nos respeti- e de formação; atualmente, uma boa parte das migrações interna-
vos países decorrente das situações de pobreza, de injustiça social, cionais faz-se entre países desenvolvidos e é constituída por indiví-
etc. Por outro lado, para os países exportadores de mão de obra a duos com elevados níveis de educação e formação.
emigração pode constituir-se numa fonte de divisas em virtude das
2.3 De facto, Portugal é um caso paradigmático no que respeita à mudan-
remessas dos emigrantes.
ça na sua estrutura migratória. Na segunda metade do século passa-
do, os nossos emigrantes eram fundamentalmente indivíduos pouco
escolarizados, trabalhadores indiferenciados dominados por um gran-
=hkfe??? de objetivo: voltar para Portugal com algum «dinheiro no bolso»; pelo
1. Todas as ações humanas produzem efeitos diferenciados: os objetivos contrário, atualmente, uma boa parte dos nossos emigrantes é cons-
que se pretendem atingir com essas ações e os efeitos não previstos tituída por indivíduos jovens, altamente qualificados e que olham os
que essas ações acarretam. Nesse sentido, pode dizer-se que todas as países recetores como o lugar onde irão construir o seu futuro.
ações humanas produzem externalidades. Ora, essas externalidades 2.4 Com o advento da democracia em Portugal, após a Revolução de
podem ser negativas e, assim, justificar a frase acima. Por exemplo, a 1974, a procura e oferta de educação foram realidades efetivas que
construção de uma estrada é, em si mesma, uma coisa benéfica para se concretizaram num número significativo de cidadãos portadores
a sociedade ao aproximar populações, facilitar as comunicações, etc. do ensino secundário e mesmo de um diploma de ensino superior. A
Todavia, essa construção, independentemente do seu traçado, afeta educação, em todos os níveis educativos tornou-se um dos direitos
a biodiversidade da região, podendo destruir uma parte do ecossis- dos cidadãos que os portugueses souberam aproveitar. Todavia, em
tema, colocando em perigo a flora e a fauna da região. Nesse sentido, virtude de inúmeros fatores, nomeadamente a nossa estrutura empre-
percebe-se a contradição que a frase acima afirma. sarial, que se caracteriza pelo predomínio das PME, a crise financeira
2.1 Petróleo, esgotos domésticos, desperdícios das atividades indus- global que afetou muito fortemente a economia portuguesa e o de-
triais, exploração mineira, pesticidas. semprego, os jovens qualificados são forçados a procurar no exterior o
emprego digno que o país não lhes disponibiliza.
2.2 De acordo com o texto, os derrames de petróleo são muito polui-
dores e captam muito a atenção dos média; todavia, outros agentes
mais comuns e menos mediáticos, como os esgotos domésticos, as
descargas industriais, a exploração mineira, os pesticidas, etc., têm =hkfe???
um impacto poluidor bem maior do que o do petróleo. 1. Efetivamente, as fontes fósseis de energia, nomeadamente o carvão
2.3 É considerada uma externalidade, por ser o resultado da ação huma- e o petróleo, são agentes fortemente poluidores que é preciso com-
na e negativa por ter efeitos nefastos no ambiente. bater e substituir. Nesse sentido tem-se vindo a procurar e a utilizar
75
SOLUÇÕES
«novas» fontes de energia, como a energia eólica, a energia solar, o 1.5 Os Direitos Humanos são interdependentes porque a violação de um
biodiesel. Todavia, pelas externalidades que qualquer ação humana direito põe em causa o respeito pelos outros direitos. Como refere o
origina, nem sempre um substituto de um agente poluidor cumpre a texto: «Quem não tem recursos, (…) sem acesso à justiça ou à infor-
sua função de preservação do Planeta. Assim acontece com a pro- mação, ferramentas essenciais para exigir os seus direitos.»
dução de combustível a partir de cana-de-açúcar no Brasil, que tem 1.6 A discriminação, no caso do texto, a económica, põe em causa o di-
originado, por um lado, o desmatamento desorganizado da floresta reito à cidadania porque as pessoas, por um lado, não têm acesso a
amazónica e, por outro, diminuído o volume de plantações, base ali- direitos de cidadania, recursos para satisfazerem as necessidades de
mentar do cidadão brasileiro, substituídas pelas plantações de cana. «justiça» e de «informação» e, por outro lado, sem esses direitos bá-
Obviamente, não é no biodiesel que se encontra o problema mas na sicos, mencionados no texto, ficam limitadas no exercício de direitos
forma como os humanos o produzem. de cidadania, como, por exemplo, votar e serem eleitas e participar
2.1 O crescimento económico e o desenvolvimento social das populações nas decisões sobre os seus destinos.
exigem a produção continuada de inúmeros bens. Todavia, dado que 2.1 Os direitos humanos de segunda geração surgiram no século xix na
os recursos naturais renováveis têm um ciclo de vida para se repro- sequência dos movimentos sociais que levaram à conquista de im-
duzir e os não renováveis têm uma dimensão física limitada, apenas a portantes direitos económicos e sociais, como, por exemplo, a jor-
utilização racional de uns e de outros, assente no princípio de produzir nada das oito horas de trabalho e o direito à contratação coletiva e
apenas o indispensável, possibilita o não desperdício desses recursos segurança social.
e garante que a geração atual e as gerações vindouras possam dispor
dos recursos necessários à sua sobrevivência. 2.2 Os Direitos Humanos são inalienáveis porque pertencem a cada pes-
soa individualmente não podendo ser cedidos por ninguém.
2.2 Numa tentativa de salvaguardar a saúde do Planeta e a reserva de re-
cursos naturais, a comunidade internacional tem tentado, nos diversos 2.3 O direito à paz é um Direito Humano de 3.ª Geração porque é um
fóruns ambientais, regulamentar a produção de produtos poluentes direito coletivo que não diz respeito apenas a uma pessoa individual-
no sentido de exigir aos países e empresas poluidores a obrigatorieda- mente, mas sim a um conjunto de pessoas e é de natureza indivisível.
de de pagar os danos causados e de corrigir a situação criada. O direito à paz diz respeito a um grande conjunto de pessoas de uma
cidade, região, país ou vários países, assim como os direitos ambien-
2.3 Para que este princípio fosse internacionalmente aplicável seria
tais que dizem respeito a toda a humanidade.
necessário a existência de uma autoridade internacional capaz de
aplicar as sanções necessárias às entidades poluidoras. Para isso é 2.4 A afirmação de Malala defende a universalidade dos Direitos Huma-
indispensável a existência de um consenso sobre o assunto na co- nos porque refere que o direito à paz e à educação dizem respeito a
munidade internacional. Ora, o problema é que esse consenso não todas as crianças do mundo.
existe sendo, aliás, os países simultaneamente mais ricos e mais 2.5 A realizar pelos/as alunos/as.
poluidores, como os Estados Unidos da América, aqueles que se
3.1 Discriminação económica consiste na violação dos direitos eco-
opõem à aplicação desse princípio.
nómicos e sociais porque priva os seres humanos da satisfação de
necessidades básicas, como as de alimentação, saúde, educação,
habitação, do acesso ao trabalho e à segurança social, e a uma parte
4. O Desenvolvimento e os dos efeitos do progresso social. Como é mencionado no texto, exis-
Direitos Humanos tem enormes desigualdade sociais no mundo em que «as 85 pessoas
mais ricas do mundo têm a mesma riqueza que os 3,5 milhões mais
Ficha formativa 1 (p. 56)
pobres», por exemplo.
1.1 Direitos Humanos são todos os direitos civis, políticos, económicos,
3.2 A desigualdade de rendimentos impede que haja justiça social por-
sociais e coletivos estabelecidos na Declaração Universal dos Direi-
que tem implícita a discriminação económica, pondo em causa a
tos Humanos, aprovada pela Assembleia geral da ONU a 10 de de-
igualdade de oportunidades (a capacidade de as pessoas em igual-
zembro de 1948.
dade terem o mesmo acesso aos recursos). Esta limitação impos-
1.2 Direitos de 1.ª Geração: «… sem acesso à justiça ou à informação…». sibilita que haja justiça social, isto é, que todos os seres humanos
De 2.ª Geração: «Quem não tem recursos, não tem água potável, (…) tenham o mesmo acesso à satisfação das suas necessidades e aos
uma escola e professores.», por exemplo. recursos sem discriminações.
1.3 Pobreza absoluta diz respeito a situações em que não existem bens 3.3 A afirmação do texto considera que a desigualdade constitui uma ame-
essenciais necessários à subsistência das pessoas, ou seja, estas não aça ao desenvolvimento humano: ao existir desigualdade os seres hu-
conseguem satisfazer as suas necessidades básicas, como os indivídu- manos deixam de estar no centro do processo de desenvolvimento, não
os que vivem «com menos de 1 dólar por dia» referidos no texto. satisfazem as necessidades básicas nem participando nos processos de
1.4 Pobreza e exclusão social, embora sendo conceitos distintos, encon- condução dos destinos das sociedades que integram.
tram-se inter-relacionados, pois a pobreza pode conduzir à exclu- 4.1 O gráfico revela que as emissões de gás com efeito de estufa da União
são social. As pessoas sem recursos e que não podem satisfazer as Europeia a 28, em 2010, se verificaram, por ordem decrescente, nos
suas necessidades básicas, encontram-se num estado de carência seguintes setores: produção elétrica, indústria, transportes e agricul-
que pode levar a quebrar laços sociais e a cair na situação de pessoa tura. A indústria e os transportes representavam praticamente a mes-
sem-abrigo. As pessoas sem-abrigo são consideradas excluídas so- ma percentagem no total de emissões de gás com efeito de estufa.
cialmente porque existe uma rutura dos laços sociais com a família,
4.2 O cenário para 2050 das emissões de gás com efeito de estufa da
amigos, vizinhança ou colegas de emprego, associada a uma situa-
União Europeia a 28 por setor revela grandes preocupações ambien-
ção de penúria que põe em causa a subsistência.
76
SOLUÇÕES
tais e vontade política em tomar medidas que limitem as emissões de e 2012. A dos rapazes é também de 16%, o que significa que 16 em
gás com efeito de estufa uma vez que os valores das emissões dos di- cada 100 rapazes, com idades compreendidas entre os 5 e os 14
ferentes setores apresentam reduções significativas, em 2050. anos, exerciam uma atividade económica, entre 2005 e 2012. E a das
4.3 O cenário para 2050, de acordo com as tendências das atuais políticas
raparigas 14%, o que quer dizer que 14 em cada 100 raparigas, com
da União Europeia a 28, põem em causa o desenvolvimento susten- idades compreendidas entre os 5 e os 14 anos, exerciam uma ativida-
tável uma vez que as reduções das emissões dos diferentes setores de económica, entre 2005 e 2012.
apresentam, para 2050, reduções muito aquém do necessário como 2.2 As regiões e países que apresentam percentagens de trabalho infan-
é evidenciado no gráfico pela linha a tracejado. É, assim, um cenário til superiores às do mundo (15%) são: a África Subsariana e o con-
que fica muito aquém do que seria de esperar, tendo em conta as pre- junto dos Países Menos Avançados, o que evidencia violações dos
ocupações explicitadas nas Cimeiras da ONU sobre o ambiente, em Direitos Humanos.
particular as de Lima e de Paris, realizadas respetivamente em 2014 e 2.3 O trabalho infantil é um exemplo de discriminação negativa, porque
em 2015, que estabeleceram uma redução do aquecimento do planeta restringe e exclui as crianças que se encontram nesta situação do
para o período posterior a 2020. O desenvolvimento sustentável impli- gozo e o exercício em igualdade dos Direitos Humanos das crianças e
ca a redução das emissões de gases com efeito de estufa, responsáveis das liberdades fundamentais destas, como o direito a uma vida dig-
pelo aquecimento terrestre e pelas alterações climáticas para que não na, com educação e qualidade de vida.
se ponha em risco a sobrevivência do planeta e a satisfação das neces-
sidades básicas e o direito ao desenvolvimento das atuais gerações, 2.4 O desenvolvimento humano não pode coexistir com a existência de
como também, das vindouras. trabalho infantil porque este implica a violação de Direitos Humanos,
em particular dos direitos das crianças, impedindo que estas tenham
4.4 Economia e ecologia são interdependentes. O crescimento económico
acesso à satisfação das necessidades básicas, em particular a condi-
tem de estar limitado à sustentabilidade, para que o futuro das no- ções de vida dignas e ao acesso à educação. Por seu turno, o desenvol-
vas gerações não seja posto em causa. O modelo de desenvolvimento vimento humano coloca o ser humano no centro do desenvolvimento,
económico a implementar tem de ter em conta o futuro do planeta, ou bem como a satisfação das necessidades básicas, como é o caso do
seja, também as gerações futuras, e articular economia e ecologia. acesso à educação em condições de dignidade.
3.1 A ajuda ao desenvolvimento consiste na concessão de empréstimos,
Ficha formativa 2 (p. 58) promoção de investimentos, doações ou fornecimento de bens e
serviços por países, instituições internacionais ou Organizações Não
1.1 Direitos Humanos de 1.ª Geração violados: «A informação e a liber-
Governamentais (ONG) aos países em desenvolvimento.
dade de expressão são muito controladas». Direitos de 2.ª Geração
violados: «horário excessivo e temperaturas insuportáveis» e «baixos 3.2 Os obstáculos à eficácia da ajuda ao desenvolvimento são externos
salários e condições de trabalho», por exemplo. e provocados pelos países de origem dos fluxos de capitais privados
para os países em desenvolvimento. Estes «deixam muitas econo-
1.2 Os Direitos Humanos de 1.ª Geração (direitos civis e políticos) surgiram
mias e pessoas vulneráveis», de acordo com as suas estratégias de
com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789), na se- máximo lucro. Assim, o «capital privado é atraído pelos ganhos e
quência da Declaração de Independência dos EUA (1776) e da Revolu- dissuadido pelo risco, e os fluxos financeiros transnacionais tendem
ção Francesa (1789). Os Direitos Humanos de 2.ª Geração (direitos eco- a ser pró-cíclicos», ou seja, quando há recessão retiram os capitais
nómicos e sociais) surgiram no século xix com as lutas dos movimentos deixando os trabalhadores no desemprego.
sociais, como os sindicatos por salários dignos, melhores condições de
trabalho e jornada de trabalho de oito horas, por exemplo. 3.3 Dois efeitos para as pessoas vulneráveis da interrupção dos fluxos de
capitais durante as crises poderão ser, entre outros, o desemprego,
1.3 O texto descreve a discriminação económica que retira aos operários
que provoca uma grande vulnerabilidade à pobreza das populações,
recursos fundamentais para a satisfação das suas necessidades e uma vez que em muitos dos países de onde foram retirados os capi-
condições de trabalho dignas. tais não existe sequer subsídio de desemprego, associados à pobreza
1.4 O direito ao desenvolvimento tem subjacente um processo de alar- e exclusão social. Por outro lado, estas economias entrarão mais fa-
gamento das liberdades individuais. O crescimento económico da cilmente em recessão com o PIB a decrescer.
China sem ter em conta as liberdades e garantias dos operários põe 3.4 O diálogo Norte-Sul é fundamental para se promover o desenvolvi-
em causa o desenvolvimento. O «horário excessivo» e «uma vaga de mento, uma vez que é necessário alterar as relações desiguais entre
suicídios devido aos baixos salários e condições de trabalho» são o Norte (países desenvolvidos) e o Sul (países em desenvolvimento).
exemplos da ausência de respeito por Direitos Humanos fundamen- O Diálogo Norte-Sul surgiu há muitos anos, mas ainda é uma finalida-
tais e pela liberdade individual dos operários. Amartya Sen defende de a atingir. Em 1964, sob pressão dos países em desenvolvimento, foi
que a liberdade individual é essencial na promoção do desenvolvi- criada a CNUCED (Conferência das Nações Unidas para o Comércio e
mento humano, uma vez que o seu exercício, além de ter implicações o Desenvolvimento), que tem como objetivo a promoção destas duas
económicas, permite dar voz a todos os seres humanos, implicando- áreas nos países em desenvolvimento, segundo a perspetiva Fair Tra-
-os no processo de construção do desenvolvimento humano. Este de, Not Aid! (Comércio Justo Sim, Ajuda não!).
constitui um processo de alargamento das liberdades reais, incluin-
do a satisfação das necessidades básicas e um nível e qualidade de 4.1 Pobreza consiste numa situação de carência de recursos que impos-
vida que respeitem a dignidade humana. sibilita o acesso aos recursos necessários à satisfação das necessi-
dades básicas e a uma repartição dos rendimentos mais equitativa.
2.1 A percentagem de trabalho infantil no mundo é de 15%, o que quer
dizer que 15 em cada 100 crianças, com idades compreendidas entre 4.2 A referência no que respeita ao conceito de pobreza absoluta é a sub-
os 5 e os 14 anos, exerciam uma atividade económica, entre 2005 sistência e relativamente à pobreza relativa é a desigualdade. Deste
77
SOLUÇÕES
modo, enquanto a pobreza absoluta diz respeito a uma situação em 1.4 De acordo com a universalidade dos Direitos Humanos, os Direitos
que as pessoas não dispõem dos bens e serviços essenciais à satisfa- Humanos são para todas as pessoas. Porém, «os responsáveis euro-
ção das necessidades básicas, a pobreza relativa refere-se à situação peus, perante as crises de refugiados no Médio Oriente e em África»
dos indivíduos que vivem em condições mais precárias do que o con- restringem estas pessoas de direitos fundamentais rompendo com a
junto da sociedade, isto é, abaixo dos níveis e da participação social universalidade dos Direitos Humanos, o que está contra a Declara-
considerados aceitáveis. Na União Europeia são considerados pobres ção Universal dos Direitos Humanos.
os indivíduos e as famílias cujo rendimento é inferior a sessenta por 2.1 A tendência da evolução dos salários no Rendimento Nacional (RN)
cento do rendimento mediano do país (limiar da pobreza), isto é, do desde a década de 1980 nos países representados no gráfico é, em
valor que divide os dados em duas partes iguais. Neste caso, metade geral, de redução da sua percentagem no RN. Isto quer dizer que a
da população aufere um valor inferior ao rendimento mediano e a ou- percentagem dos salários (correspondente à remuneração do fator
tra metade um rendimento superior a esse rendimento mediano. trabalho) tem vindo a diminuir face à percentagem do fator capital
4.3 «O risco de pobreza para a população infantil diminui com o nível (juros, rendas e lucros) que tem vindo a crescer. (RN= salários + juros
de escolaridade dos pais» porque, como é referido no texto, a taxa + rendas + lucros).
de risco de pobreza infantil atinge valores mais elevados (37,5%) 2.2 Os países com percentagens dos salários no RN superiores à da União
quando os pais apenas completaram o ensino básico; quando o nível Europeia a 15, em 2014, são: a Alemanha, França, Reino Unido e Japão.
de escolaridade dos pais é o ensino secundário, a taxa desce para
14,1%; e quando os pais possuem «habilitações académicas de nível 2.3 Os EUA apresentam uma percentagem dos salários no RN inferior à
superior» a taxa de risco de pobreza infantil reduz-se para 4,1%, isto dos outros países representados no gráfico e à UE a 15.
é, em cada 100 crianças, 4,1 correm o risco de pobreza. 2.4 A discriminação põe em causa o exercício da cidadania porque ao
5.1 A pobreza e a discriminação económica são interdependentes, uma impedir ou limitar que um ser humano exerça os seus direitos de
vez que a pobreza constitui uma discriminação económica e é uma uma forma plena, devido às suas características físicas ou culturais,
violação dos direitos económicos e sociais porque priva os seres hu- impede que todos os indivíduos que integram a sociedade possam
manos da satisfação de necessidades básicas, como as de alimen- exercer os seus direitos, quer na esfera pública, quer na esfera priva-
tação, saúde, educação, habitação; priva os indivíduos do acesso ao da, em plena igualdade.
trabalho e à Segurança Social e a uma parte dos efeitos do progresso
social.
=hkfe???
1.1 O Índice de Igualdade de Género sintetiza a complexidade da igualda-
Teste de avaliação 1 (p. 60) de de género e integra indicadores de género relativos aos seguintes
domínios: trabalho, rendimento monetário (dinheiro), conhecimento,
=hkfe?
tempo, poder, saúde e a dois domínios satélite: interseção de desigual-
1. B 2. A 3. D 4. A 5. C dades e violência de género. Em relação aos países representados no
mapa podemos concluir que são os países nórdicos os que se aproxi-
=hkfe?? mam mais da igualdade de género, com índices mais próximos de 100
1.1 Direitos Humanos são um conjunto de direitos civis, políticos, eco- (igualdade de género): a Suécia, Dinamarca, Finlândia e Países Baixos
nómicos, sociais e coletivos que vêm consubstanciados na Decla- apresentam respetivamente 74,3, 73,6, 72,4, e 69,7%. Os outros paí-
ração Universal dos Direitos Humanos e salvaguardam a dignidade ses, como, por exemplo, os do sul da Europa, entre os quais Portugal,
das pessoas. Os Direitos Humanos das pessoas migrantes e refugia- apresentam índices muito inferiores a 100, encontrando-se longe de
das não são respeitados pelos dirigentes europeus que se mostram alcançar a igualdade de género. Nesse grupo encontram-se a França
«incapazes de dar respostas positivas aos previsíveis problemas com 57,1, Espanha com 54, Portugal com 41,3 e Itália com 40,9.
colocados pelas migrações e pela proteção às pessoas refugiadas, 1.2 São necessárias medidas de discriminação positiva para romper com a
limitando-se a medidas como o reforço do controlo das fronteiras» situação de desigualdade em que as mulheres se encontram.
como é afirmado no texto.
1.3 Exemplos de medidas que promovam a igualdade de género pode-
1.2 Três Direitos Humanos que foram violados poderão ser, entre outros, rão ser, entre outras, a fixação de quotas para os cargos políticos, a
o direito à vida e à segurança, o direito à satisfação das necessidades erradicação da linguagem sexista, a desconstrução de estereótipos
básicas e a uma vida digna como refere o texto: «É uma vergonha que de género e a visibilização das mulheres na construção do conheci-
os responsáveis europeus, perante as crises de refugiados no Médio mento, nas artes, na literatura e na história.
Oriente e em África, em que centenas de milhares de pessoas fogem
de guerras, da perseguição e da pobreza, apenas respondam com mais 2.1 Os países são os EUA, Arábia Saudita, Rússia; Coreia do Sul, Japão,
vigilância nas suas fronteiras, recorrendo aos mais sofisticados sistemas Alemanha, África do Sul, China e França.
de deteção, incluindo a adaptação de satélites meteorológicos.» 2.2 Os EUA são o país que emitiu maior número de toneladas de CO2, em
1.3 A interdependência é uma característica dos Direitos Humanos por- 2010, seguido pela Arábia Saudita, com 17,6 toneladas de CO2 por
que a violação de um direito põe em causa o acesso aos outros direi- habitante e 17,0 toneladas de CO2 por habitante, respetivamente.
tos. Deste modo, as «guerras» e a «perseguição» põem em causa o Estes valores são muito superiores aos dos outros sete países com
direito à vida e à segurança, bem como o acesso aos recursos para a emissões superiores às da média mundial. De notar que a China, em-
satisfação de necessidades básicas, como a alimentação, habitação, bora sendo o maior emissor de CO2 a nível mundial, como conta com
saúde e educação. uma população muito numerosa (1 370 671 245 habitantes em 2014)
emitia, em 2010, 6,2 toneladas de CO2 por habitante. É de salientar
78
SOLUÇÕES
as enormes discrepâncias entre os países representados no gráfico. mo tempo, surgindo, assim, a necessidade da sua reconceptualização
O Brasil, a Índia e o Senegal apresentam valores muito inferiores aos enquanto intermulticulturais, tendo em conta a diversidade cultural.
da média mundial, em particular o Senegal, com uma emissão de 0,5 O escritor Amadou Hampâté Bâ reforça o caráter universal dos Direi-
toneladas de CO2 por habitante, em 2010. tos Humanos, não apagando a diversidade cultural como dimensão
2.3 Os EUA, país desenvolvido, tem maiores responsabilidades no que
enriquecedora ao afirmar que: «As nossas diferenças, em vez de nos
respeita às questões ecológicas do que a China, país em desenvol- separarem, devem transformar-se em complementaridade e fonte de
vimento e emergente. Enquanto a industrialização dos EUA se vem enriquecimento mútuo.»
desenvolvendo há cerca de dois séculos, a da China é muito mais 1.3 Sem paz não pode haver desenvolvimento, uma vez que a vida hu-
recente, o que confere aos países que iniciaram a Revolução Indus- mana e satisfação das necessidades básicas ficam postas em causa.
trial a partir da segunda metade do século xviii (como o Reino Unido) Amadou Hampâté Bâ afirma que «quando blocos de interesses se
ou no início do século xix (como os EUA) responsabilidades muito enfrentam e se digladiam, não se deve acentuar o que nos separa,
maiores do que os países de industrialização mais recente. A China, o mas sim o que nos une, no respeito pela identidade de cada ser hu-
país mais populoso do mundo «transformou-se no primeiro emissor mano» para que possa haver «paz, sem a qual não poderá haver de-
de CO2, a partir de 2006. Na Cimeira de Copenhaga, em 2012, esta senvolvimento».
economia emergente não se mostrou interessada em tomar medidas 2.1 O custo médio do trabalho por empregado na Zona Euro, em 2014, foi
para a redução das emissões», como refere o texto, porque não quer cerca de 42 000 euros, em média. Isto quer dizer que um empregado
atrasar o seu crescimento industrial. Além disso, a maior potência na Zona Euro custou, em 2014, em média cerca de 42 000 euros.
mundial, os EUA, também «bloqueavam» as medidas de redução
das emissões de gás com efeito de estufa. 2.2 O custo médio do trabalho por empregado em Portugal foi cerca de 12
900 euros, em média. No contexto da Zona Euro, em 2014, (Alema-
2.4 O gráfico mostra as elevadas emissões de CO2, por um lado, e as dispa-
nha, Áustria, Bélgica, Chipre, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Estónia,
ridades entre os países no que respeita a essas emissões, por outro. O Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo,
texto revela que dois grandes emissores de CO2, o maior a nível mun- Malta, Países Baixos e Portugal) o custo médio do trabalho por empre-
dial em valores absolutos – a China – e o maior emissor de CO2 por gado em Portugal é dos mais reduzidos, o que significa que os empre-
habitante – os EUA – não assinaram os protocolos internacionais no gados portugueses são os que registam custos mais baixos, a seguir à
que respeita à redução das emissões deste gás com efeito de estufa. Croácia, Estónia, Eslováquia, Letónia e Lituânia.
Esta situação é muito preocupante, pois vem pôr em causa o desen-
volvimento sustentável que exige uma limitação dessas emissões. Não 2.3 Encontramos enormes disparidades económicas nos países da
se pode pôr em risco a sobrevivência do planeta: a satisfação das ne- União Europeia com custos médios do trabalho por empregado, em
cessidades do presente não pode comprometer a possibilidade de as 2014, que oscilam entre os 6 700 euros na Bulgária e 63 700 euros no
gerações futuras darem resposta às suas. Luxemburgo. Concluímos que o custo médio do trabalho por empre-
gado no Luxemburgo é 9,5 vezes superior ao da Bulgária.
3.1 Não pode haver desenvolvimento sem liberdade, nem liberdade sem
desenvolvimento, porque o desenvolvimento humano sustentável, e 2.4 Podemos concluir que existem discriminações económicas nos países
solidário implica o respeito por todos os Direitos Humanos. A impo- da União Europeia, atendendo às disparidades dos custos médios do
sição de limites ao crescimento económico implica que «a dimensão trabalho por empregado, em 2014, que revelam desigualdades entre
da liberdade pode favorecer uma perspetiva de desenvolvimento estes países.
muito diferente da habitual fixação do PNB ou do progresso técni- 2.5 Uma medida de combate à discriminação económica poderá ser, en-
co ou da industrialização». Sem respeito pelos Direitos Humanos tre outras, a aproximação dos salários mínimos nos diferentes países
e, consequentemente, pela liberdade, não existe desenvolvimento, da União Europeia.
mesmo que haja crescimento, progresso técnico e industrialização.
GRUPO III
Teste de avaliação 2 (p. 64)
1.1 Entre 2005 e 2013 as mulheres representavam: 18% dos cargos mi-
=hkfe? nisteriais em Portugal face a 25% nos países da UE; 30% dos mem-
bros do parlamento face a 23% na UE (que ainda tem menor partici-
1. B 2. D 3. C 4. D 5. A
pação das mulheres); 22% dos membros das assembleias regionais
=hkfe?? face a 30% na UE; 5% dos conselhos de administração das empresas
face a 12% na UE e 17% dos membros com poder de decisão no ban-
1.1 Os Direitos Humanos são indivisíveis porque não podem ser separa- co central (Banco de Portugal) face a 18% na UE.
dos uns dos outros: a violação de um deles põe em causa o respeito
pelos outros e todos os direitos são igualmente importantes, não po- 1.2 No que respeita ao exercício do poder político e económico, a posi-
dendo ser hierarquizados. ção de Portugal no contexto dos países da União Europeia é de maior
desigualdade entre mulheres e homens.
1.2 Os Direitos Humanos são universais porque dizem respeito a todos os
seres humanos independentemente das características físicas, sociais 1.3 Duas medidas de discriminação positiva a implementar neste domí-
e culturais. As culturas têm tendência para considerar que os valores nio para promover a igualdade de género poderão ser, entre outras,
em que se baseiam são de caráter universal. Porém, a universalidade a existência de normas que promovam a paridade e pesadas multas
dos valores passou a ser alvo de discussão e as políticas de Direitos para os partidos que continuem a discriminar as mulheres no acesso
Humanos passaram a ser analisadas como culturais e globais ao mes- ao poder. Paralelamente, deve ser promovida nas escolas a igual-
dade de género, através da visibilidade das mulheres na história, na
79
SOLUÇÕES
produção do conhecimento, na literatura e nas artes, a desconstru-
ção dos estereótipos de género e uma linguagem que não exclua as
mulheres (linguagem inclusiva).
1.4 Em Portugal não existe igualdade de oportunidades, tendo em conta
os valores do quadro. Estes revelam uma enorme desigualdade entre
mulheres e homens nos cargos de poder político e económico, em-
bora saibamos que 60% das pessoas com um nível de escolaridade
superior são mulheres. A inexistência de igualdade de oportunidades
implica que não haja justiça social, porque grande parte da popula-
ção não tem acesso aos recursos existentes nem ao exercício de uma
cidadania plena.
2.1 A Europa encontra-se muito acima dos EUA no que respeita à evo-
lução dos investimentos em energias renováveis, entre 2004 e 2015.
Apesar de um ligeiro aumento dos EUA no que respeita ao investi-
mento neste tipo de energias, constatamos que, de longe, a União
Europeia, embora com algum abrandamento, é de longe a maior in-
vestidora em energias renováveis.
2.2 A responsabilidade dos países desenvolvidos e dos países em desen-
volvimento como a Índia, o Brasil e a China, no que respeita à questão
ecológica, é muito elevada, embora os países em desenvolvimento, e
que atualmente são também grandes poluidores, defendam que os
países desenvolvidos são os maiores responsáveis pelos desequilí-
brios ecológicos devido aos seus processos de industrialização com
mais de 200 anos.
2.3 A cooperação internacional no domínio da promoção de um desen-
volvimento sustentável é fundamental, porque as questões ambientais
dizem respeito a todas as pessoas e países. Daí que, para fazer face
às alterações climáticas, se tenham realizado diversas conferências
internacionais no âmbito das Nações Unidas (ONU). Ultimamente, as
Cimeiras de Lima e de Paris, realizadas respetivamente em 2014 e em
2015, concluíram um acordo de redução do aquecimento do planeta
para o período posterior a 2020. No gráfico é de assinalar o aumen-
to do investimento em energias renováveis por parte da China (maior
poluidor mundial), da Índia e do Brasil (países em desenvolvimento,
considerados também países emergentes, devido ao crescimento das
suas indústrias e à sua importância como exportadores mundiais de
produtos manufaturados, de serviços e de capitais).
2.4 Os direitos ambientais são Direitos Humanos de 3.ª Geração ou di-
reitos coletivos (ultrapassam o âmbito individual e dizem respeito a
muitas pessoas). Foram os povos africanos que introduziram a noção
de direitos coletivos, ao aprovarem na OUA (Organização de Unidade
Africana), em 1981, a Carta Africana dos Direitos Humanos. Foram,
então, estabelecidos os direito dos povos ao desenvolvimento e a um
ambiente equilibrado. Em 1986, a ONU passou a integrar também os
direitos coletivos: direito à paz, direito ao desenvolvimento, direito a
um ambiente equilibrado e direito ao usufruto do património da Hu-
manidade. O aquecimento do planeta, as alterações climáticas e as
catástrofes ambientais verificam-se em todo o planeta e não apenas
nos países poluidores. Dizem respeito a toda a Humanidade, sendo
necessário defender a sustentabilidade, para que as gerações vin-
douras tenham direito a um desenvolvimento humano e sustentável.
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PREPARAÇÃO PARA OS TESTES ECONOMIA C
12.o ANO
ISBN 978-972-47-5327-0
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