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XLV Encontro da ANPAD - EnANPAD 2021

On-line - 4 - 8 de out de 2021


2177-2576 versão online

Representações Sociais em Enunciações por Mulheres Líderes em Comunidade Rural


na perspectiva da Liderança Plural

Autoria
Fabiana Pinto de Almeida Bizarria - bianapsq@hotmail.com
Outro (FLF) - Outra (Faculdade Luciano Feijão)
Outro (Programa de Pós-Graduação em Gestão Pública) - Outra (Universidade Federal do Piauí)

FLAVIA LORENNE SAMPAIO BARBOSA - flsbarbosa@ufpi.edu.br


Outro (PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA) - Outra (UNIVERSIDADE FEDERAL DO
PIAUÍ)
Outro (PROFIAP- UFPI) - Outra (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ)

Ana Rayla de Araújo Silva - anaraylasilva@gmail.com


Outro - Outra (UFPI)

Rayana Tais da silva - rayanearaujo7a1@gmail.com


Outro - Outra (UFPI)

Resumo
Com objetivo de compreender representações sociais a partir da análise de enunciação de
cinco mulheres líderes rurais moradoras de um assentamento localizado em Estado do
Nordeste sobre inteligência emocional e liderança, a pesquisa apreendeu o continente dos
discursos mediante análise sintática das estruturas das palavras obtidas com auxílio do
software Iramuteq, que resultou em cinco clusters: (i) Interações, relações empáticas
(outros-liderados), (ii) a Escola, a professora e a liderança feminina, (iii) Desafios da
liderança, da mulher líder e a comunidade, (iv) Liderança e altruísmo, expectativas e
motivações ativadas, (v) Habilidades (sociais e emocionais e a auto-motivação da liderança
feminina. Das discussões destaca-se a representação da liderança feminina por meio das
interações sociais empáticas, facilitadas pela condição materna. Das múltiplas tarefas, a
relação com a docência e com a escola possui espaço importante de representação, também
associado ao medo e a insegurança em relação ao poder. Desafios confirmam que, em
comunidade, a vida coletiva exige da liderança: confiança, articulação e diálogo para que os
valores mobilizem senso de coletividade, o que se apresenta complexo em cultura de troca
de favores. Por fim, afirma-se, com as representações sociais atribuídas, relevância da
liderança plural na perspectiva da liderança feminina comunitária.
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Representações Sociais em Enunciações por Mulheres Líderes em Comunidade Rural na


perspectiva da Liderança Plural

Resumo
Com objetivo de compreender representações sociais a partir da análise de enunciação de cinco
mulheres líderes rurais moradoras de um assentamento localizado em Estado do Nordeste sobre
inteligência emocional e liderança, a pesquisa apreendeu o continente dos discursos mediante
análise sintática das estruturas das palavras obtidas com auxílio do software Iramuteq, que
resultou em cinco clusters: (i) Interações, relações empáticas (outros-liderados), (ii) a Escola,
a professora e a liderança feminina, (iii) Desafios da liderança, da mulher líder e a comunidade,
(iv) Liderança e altruísmo, expectativas e motivações ativadas, (v) Habilidades (sociais e
emocionais e a auto-motivação da liderança feminina. Das discussões destaca-se a
representação da liderança feminina por meio das interações sociais empáticas, facilitadas pela
condição materna. Das múltiplas tarefas, a relação com a docência e com a escola possui espaço
importante de representação, também associado ao medo e a insegurança em relação ao poder.
Desafios confirmam que, em comunidade, a vida coletiva exige da liderança: confiança,
articulação e diálogo para que os valores mobilizem senso de coletividade, o que se apresenta
complexo em cultura de troca de favores. Por fim, afirma-se, com as representações sociais
atribuídas, relevância da liderança plural na perspectiva da liderança feminina comunitária.

Palavras-chave: Coletividade. Liderança feminina. Inteligência emocional. Liderança coletiva.

1 Introdução

Estudos sobre liderança têm passado por mudanças importantes. Mesmo que ainda seja
considerado em terno de influência, objetivos e metas e eficácia (Bateman & Snell, 1998), têm-
se discutido sobre aspectos transformacionais dessa influência (Sun & Henderson).
Leituras voltadas à coletividade por meio da liderança coletiva (Müller &Van Esch,
2020) ou distribuída (Fitzsimons, James, & Denyer, 2011), bem como ênfase na espiritualidade
(Krishnakumar, Houghton, Neck, & Ellison, 2014; Chen, Jiang, Zhang, & Chu, 2019), da
responsabilidade ante à liderança, face ao contexto organizacional, social e político (Esquierdo-
Leal & Houmanfar, 2021) ou, ainda, a ideia de liderança ética (Fine, 2009), estão avançando.
Concepções, agora, no plural (Contractor, Church, Carson, Dorothy & Keegan, 2012; Denis,
Langley, & Sergi, 2012), convocam análises sobre caminhos da teorização da liderança em
novas perspectivas de progresso, organizações e sociedade (Mattaini & Aspholm, 2016).
Estudos sobre gênero também tem caracterizado o campo de pesquisa sobre liderança,
(Latu, Mast, Lammers, & Bombari, 2013; Tomazela, 2018), em análises sobre características
da liderança feminina, como, por exemplo, generosidade, harmonia, boa comunicação,
capacidade de liderar de forma cooperativa, participativa, menos centrada em si mesma (líder),
facilidade de negociação e resolução de problemas, posto que são atribuídas as mulheres,
motivação, entusiasmo e visão mais ampla (Noor, Isa & Nor, 2021), bem como sensibilidade e
empatia, o que favorece as relações colaborativas (Fine, 2009).
A participação da mulher no mercado de trabalho em posições gerenciais também situa
a discussão da liderança feminina (Dillon & Voena, 2018), embora o avanço dessa participação
possa ser percebido como ameaça para homens, questão a ser considerada em termos de
políticas e programas que visem o empoderamento feminino (Morgan & Buice, 2013). Este,
compreendido como um processo em que a mulher acessa e controla recursos e que envolve a
conscientização da capacidade frente à tomada de decisões (Tajeddini, Ratten & Denisa, 2017).
Fazem parte desta discussão a preocupação com o bem-estar das mulheres em contexto de
segregação ocupacional de gênero, bem como desigualdades de renda (Zhang, 2018).

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Por outro lado, em países desenvolvidos, liderança exercida por mulheres são
consideradas a partir do mundo corporativo (managemet), como, por exemplo, diretorias,
gerências em bancos (Hoobler, Masterson, Nkomo, & Michel, 2018). Em relação aos países em
desenvolvimento, por sua vez, tem-se a liderança feminina no contexto das comunidades rurais,
serviços públicos (Dhatt, Theobald, Buzuzi, Ros, Vong, Muraya, Molyneux, Hawkins,
Gonzalez-Beiras, Ronsin, Lichtenstein, Wilkins, Thompson, Davis, & Jackson, 2017), bem
como experiências de empreendedorismo familiar em pequenas e médias empresas que
suscitam experiências diferenciadas e que evidenciam o papel da mulher para a governança
local (Strøm, D’Espallier & Mersland, 2014; Evans, Flores, & Larson, 2019).
Na perspectiva do desenvolvimento sustentável, ainda, pesquisas consideram a questões
relacionadas à exclusão social, em que a igualdade de gênero é enfatizada (Warburton, 2018;
Kusnandar, Brazier, & van Kooten, 2019), participação comunitária, empoderamento,
autogestão (Ghai & Vivian, 2014). Com isso, a experiência de liderança feminina em contexto
comunitário sugere processos de socialização dos papéis de gênero, nas representações da
identidade de liderança ou filosofia do estilo de liderança (Eagly, & Chin, 2010).
Debates sobre a perspectiva da igualdade e dos direitos sociais e humanos, ainda,
revelam diferenças históricas relacionadas ao exercício da liderança por homens e mulheres, o
que demonstra desafios para as mulheres (Rodrigues & Silva, 2015; Tomazela, 2018), em
função da maternidade e do cuidado com os filhos (Washington, 2008, Fernández, 2013),
normas sociais estigmatizadas (Beaman, Chattopadhyay, Duflo, Pande, & Topalova, 2009;
Beaman, Duflo, Pande, & Topalova, 2012; Ferrara, Chong, & Duryea, 2012), que levam a
críticas sobre desobediência e submissão, negligência da família (Lupton & Woodhams, 2006),
ou atribuição de estereótipos pejorativos como “mulher de ferro” (Xiao-tian, 1992). Estas
questões estão sendo debatidas no sentido do enfrentamento no campo educacional, como
demostra o estudo de Dhar, Jain, & Jayachandran (2018).
Por certo, as resistências podem ter efeitos severos para as mulheres, como diminuição
da percepção de autoeficácia e da capacidade de decisão, participação e civismo (Razavi, 1992;
Gottlieb, 2016). Para superação dos desafios, políticas que visem desenvolver o
empoderamento incluindo habilidades empreendedoras têm sido consideradas no sentido de
facilitar a liderança feminina (Noor, Isa & Nor, 2021), o que tem sido evidenciado a partir de
experiências de desenvolvimento sustentável na Colômbia e de agricultura sustentável no
Uruguai (Oliver, 2016). Políticas, ainda, podem contribuir com uma percepção positiva dos
homens em relação às mulheres, como citam Barrios, Prowse e Vargas (2020), favorecendo o
desenvolvimento de cultura com menor resistências à liderança feminina.
Face ao exposto, o debate sobre liderança feminina, portanto, perpassa por variadas
dimensões de análise, desde a participação no mercado de trabalho, repercussão no âmbito da
vida em comunidades, resistências relacionadas à igualdade de gênero com questões culturais
e políticas, bem como a significados atribuídos à figura feminina em relação ao
desenvolvimento sustentável. Tal debate vai ao encontro do que Oliver (2016) apresenta sobre
a dificuldade das mulheres exercerem maior participação social fora de casa em função do
trabalho doméstico, e, ainda, do fato de a liderança masculina em contextos comunitários ainda
ser tendência (Born, Ranehill & Sandberg, 2018).
Pode-se supor, pois, variações em torno da representação social da liderança feminina,
em função dos variados papéis sociais assumidos (Tomazela, 2018). Para compreender estas
representações considera-se a abordagem construcionista, que situa entendimento sobre a
construção social destas representações por partes das pessoas, por meio das interações sociais,
dos valores, das crenças e das opiniões, que, pelos discursos, são objetificadas, ou seja,
conduzidas para o mundo dos significados que ajudam a entender e explicar o mundo
(Czarniawska, 2003). Para tanto, recorre-se à Teoria das Representações Sociais, com suporte
em Moscovici (2005, 2012).

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A pesquisa, portanto, objetiva compreender a interação com seu meio social, e como as
Rrepresentações sociais são criadas a partir da identidade traduzida na construção discursiva da
liderança e da inteligência emocional com suporte em enunciados de mulheres líderes rurais
moradoras de um assentamento localizado em Estado do Nordeste.

2 Da Inteligência Emocional à Liderança plural


Historicamente estudada como preditor de desempenho em ambiente laboral (O’Boyle
Jr., Humphrey, Pollack, Hawver, & Story, 2011), a inteligência emocional (IE) é compreendida
como necessária à liderança (Kim & Kim, 2017) ou um aspecto singular para a ascensão da
liderança (Goleman, 1998, Tomazela, 2018). É compreendida como sendo a capacidade de o
indivíduo perceber, reconhecer, avaliar, acessar e regular os próprios sentimentos, bem como
reconhecer os sentimentos dos outros, de maneira a mediar seus pensamentos e suas ações
(Mayer & Salovey, 1997).
A IE envolve a canalização consciente de esforços para organizar as emoções de
maneira favorável ao indivíduo em prol do desenvolvimento emocional em variadas situações
da vida (Weisinger, 2001; Kwasnicka, 2005). Surge, também, da ideia de inteligência social,
posto que é pela interação social que se pode suscitar análises sobre cooperação, inovação,
criatividade, relações interpessoais, essenciais à ativação do potencial humano, ao desempenho
e ao desenvolvimento pessoal (Njoroge & Yazdanifard, 2014).
Autor importante sobre o assunto, Goleman (1998), informa ser a IE importante para o
sucesso no trabalho, posto que influencia as relações interpessoais, as tomadas de decisão,
gestão, bem como promovem comportamentos de lealdade, compromisso, bem como
resolubilidade, alcance de metas, desempenho. Goleman (1998), ainda, reconhece habilidades
inerentes a IE: autoconhecimento, autocontrole, motivação, empatia e habilidades sociais.
Pesquisas reconhecem que as mulheres possuem melhores índices relacionados à IE, o
que sugere investigação sobre a relação: mulheres, inteligência emocional e liderança,
principalmente, quando mulher líder ainda representa exceção (Tomazela, 2018). Além disso,
o próprio estudo da liderança merece atenção permanente perante à sociedade e às organizações
em função de mudanças constantes com impactos sociais, políticos e econômicos (Macedo,
Rodrigues, Johann, & Cunha, 2011).
Da mesma maneira que a IE, a liderança também é recorrentemente estudada na
perspectiva da melhoria da produtividade e desempenho (Birasnav, Rangnekar, & Dalpati,
2011, Chee & Choong, 2014), pela ativação permanente em relação a adesão a metas pré-
definidas, em geral, associada à gestão do comportamento de maneira a agregar valor financeiro
(Birasnav, Rangnekar & Dalpati, 2011; Houmanfar, Alavosius, Morford, Herbst, & Reimer,
2015).
Intercâmbio entre emoções e lideranças (líder-equipes) estão em maior análise a partir
das concepções sobre liderança transformacional (Connelly & Ruark, 2010; Mhatre & Riggio,
2014; Versiani, Caeiro, Martins, & Neto, 2019), na perspectiva da capacidade de influência que
gera entusiasmo (Hunter, 2006), com maior apoio à ideia da descentralização de poder (Tornani,
2011). Nesta abordagem, a autonomia é reconhecida como uma dimensão essencial, ao passo
que visa relações em que a independência sugere senso de responsabilidade e da autogestão
(Hackman & Lawler, 1971; Yammarino, 1994). Líderes transformacionais são influenciadores
de dinâmicas coletivas em que as pessoas tendem a diminuir interesses egoístas em favor do
coletivo, com visões que vão em direção aos propósitos e a missão do grupo, favorecendo trocas
recíprocas e a ideia de eficácia da equipe (Li & Hung, 2009).
Pesquisas apontam níveis elevados de satisfação associados à liderança
transformacional (Piccolo & Colquitt, 2006), bem como comportamentos de cidadania
organizacional (Kaiser, Hogan & Craig, 2008) e ampliação da criatividade (Cheung & Wong,
2011). Assim, esses líderes enfatizam interesse coletivo em que a inspiração e a transformação
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mobilizam crenças e atitudes que ativam comportamentos em prol de metas e objetivos


coletivamente legitimados (Marchiori, Wilma, Fabiana, Pinto, & Fonseca, 2012; Cavazotte,
Moreno & Bernardo, 2013).
Sendo que mulheres possuem melhores índices de IE (Tomazela, 2018), há habilidades
convergentes com o que se credita à liderança transformacional (Loden 1988; Kets de Vries,
1997; Frankel, 2007). Líderes mulheres são mais envolvidas com o trabalho em rede,
negociação, com maior facilidade de comunicação e utilização de recursos socioemocionais,
como sensibilidade e empatia (Fisher, 2001). Por estas caraterísticas, Botelho (2008) afirma que
em contexto de sociedade baseada em conhecimento, as mulheres são mais atuantes por
possuírem maior facilidade em gestão democrática, encorajamento para a participação ativa,
bem como compartilhamento de poder com ampliação do desenvolvimento coletivo. São,
também, reconhecidas a partir da capacidade de lidar com situações conflitivas pela melhor
abordagem coletiva dos problemas (Fisher, 2001).
Em relação à atuação da mulher líder em contexto sociais, estudos exploram o potencial
das características do gênero em relação às atividade comunitárias (Dhatt et al., 2017), inclusive
em termos de governança local (Strøm et al., 2014; Evans et al., 2019), com importante
contribuição para o desenvolvimento sustentável (Warburton, 2018; Kusnandar et al., 2019).
No campo comunitário, os propósitos, objetivos seguem o curso do reconhecimento do que é
melhor para comunidade, o que líderes, homens e mulheres, precisam acionar como diretriz em
prol de ações transformadoras (Sun & Henderson, 2017; Nowell, Harrison & Boyd, 2010).
Em contexto comunitário, com forte convite à interação e à conexão, a liderança, antes
transformacional, é compreendida a partir de outras concepções, quando a coletividade e a
expressão cooperativa situam o movimento comunitário (Wart, 2013). Por liderança coletiva
compreende-se a atuação que assume a dinâmica da coalisão, em que há percepção de igualdade
e o trabalho se organiza pelo/para o coletivo (Chrislip, 1994; Evans et al., 2019). Neste caso, o
líder não é representado como aquele que detém o controle, mas aquele que assume a
responsabilidade de coordenar o processo em que o grupo acorda e age em torno de objetivos
consensuais (Müller & Van Esch, 2020). É concebida, ainda, como o estilo que atua no âmbito
da mobilização da comunidade, sendo particularmente relevante em contexto de crises (South,
Connolly, Stansfield, Johnstone & Fenton, 2019).
Quando a liderança é percebida em outros quadros conceituais, reconhece-se o teor
plural do fenômeno (Contractor et al., 2012; Denis et al., 2012). Além da liderança coletiva, são
estudadas a liderança em rede, que objetiva potencializar as interações (Balkundi & Kilduff,
2005; Uhl-Bien et al.,2007); a liderança espiritual, quando se estuda o potencial da visão, da
esperança, da fé e, ainda, dos valores altruístas que mobilizam a ação em torno da motivação
intrínseca, em relação à sensação de bem-estar espiritual de estar com demais membros,
contribuindo com a significação interna ou subjetiva das ações desenvolvidas (Fry, 2003; Chen
& Li, 2013; Fry & Nisiewicz, 2013; Fry, Latham, Clinebell, & Krahnke, 2016).
Assumindo comunidade como locus de estudo da liderança, compreende-se a ideia de
acionamento e coordenação de ações pró-social, em visão que equacione a simultaneidade do
individual-coletivo, com teor inclusivo, conciliativo, responsivo, na promoção de ambientes
saudáveis (Esquierdo-Leal & Houmanfar, 2021). Nesse sentido, a liderança coletivista, pró-
social, em rede e espiritual, converge com o movimento da resolução de problemas críticos da
sociedade, como, por exemplo, injustiça social (Mattaini, 2013; Mattaini & Holtschneider,
2017).
A partir de uma posição plural da liderança, concebe-se funções amplas, posto que seu
movimento pode envolver ações em torno de mobilização frente à mudanças sociais, em
respeito às identidades, singularidades, bem-estar coletivo, em defesa dos direitos humanos e
sociais, contribuindo com um cultura inclusiva e valores compartilhadas (Atkins, Wilson &
Hayes, 2019). Funções de representação ativa nos processos e tomadas de decisão, com

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institucionalização de políticas promotoras de valores e ações que prezem pela justiça e


equidade, que agregue valor social para a comunidade (Esquierdo-Leal & Houmanfar, 2021).
A liderança plural, assim, representa um fenômeno social coletivo compartilhado
(Denis, Langley & Sergi, 2012), o que sugere analisar a liderança feminina a partir de
possibilidades de representação social, e com suporte nas características de IE das mulheres. A
liderança plural, ainda, permite avançar em possibilidades de análise sobre arranjos e redes
sociais em que o papel do poder é discutido, abrangendo uma perspectiva crítica (Denis,
Langley & Sergi, 2012), em busca de respostas sobre “quem”, “onde” e o “como” da liderança
(Fletcher, 2004).
Embora características relacionas à IE sejam observadas relevantes para atuação da
liderança por mulheres, ainda há resistências, com posições sexistas enraizadas na sociedade,
hierarquias organizacionais, quando, mesmo tendo formação, experiência, qualificações para
papéis de liderança, a mulher é considerada não competente ou com menor competência para
ser líder (Owen, 2013; Diehl & Dzubinski, 2016).
Em função das resistências, compreende-se a relevância do empoderamento de
mulheres, entendido desde o controle da própria vida até assunção de espaços em que sua
atuação seja legitimada, o que a habilita à participação, capacitação e consciência sobre
representação atribuída pela comunidade (Tajeddini, Ratten & Denisa, 2017). Com a ampliação
do empoderamento feminino, políticas públicas podem favorecer o reconhecimento da mulher
em variados espaços sociais, econômicos políticos e culturais (Noor, Isa & Nor, 2021), o que
leituras sobre liderança em termos plurais pode agregar substancialmente.

3 Metodologia

Na perspectiva de Bauer, Gaskell e Allun (2004), as técnicas de pesquisa seguem a


definição da abordagem, princípios de delineamento, geração e análise dos dados. No primeiro,
a pesquisa assume a abordagem qualitativa compreensiva (Minayo, 2004, 2014, 2017),
considerando uma visão holística sobre a realidade, bem como a singularidade e significados
que exprimem sentimentos e pensamentos e são manifestos em ações e discursos (Godoy,
2010). A abordagem, ainda, considera a representação e interpretação na criação, confecção de
colchas ou montagem de um quebra-cabeça, mapeando práticas, crenças, valores e sistemas
sociais específicos (Denzin & Lincoln, 2006; Gondin & Lima, 2002).
Como delineamento e geração de dados, a pesquisa tem como objetivo a compreensão
de representações sociais expressas por meio de 5 entrevistas semiestruturadas (o corpus de
análise), seguindo o critério de escolha proposital, por acessibilidade e disponibilidade, posto
que a fonte de evidências assume funções simbólicas (Bauer & Aarts, 2004), no caso, 5 de 15
mulheres que exercem ou exerceram papel de liderança em suas respectivas áreas de trabalho
no assentamento onde residem. As entrevistas, com média de 15 minutos, foram realizadas
online por meio da plataforma Google Meet, com gravação e, posteriormente, transcritas. As
entrevistas estão representadas por E1, E2, E3, E4 e E5 (Quadro 1).

Quadro 1- Perfil das entrevistadas


Descrição E1 E2 E3 E4 E5
Idade 31 37 49 32 45
Estado Civil Solteira Solteira Casada Solteira Casada
Área de Educação/ Gestão Gestão Gestão Educação/
atuação Professora Ex- Escolar/Coord. Escolar/Diretora Escolar/Coord. Professora
Dirigente Estadual Pedag. Ex- Coordenadora Pedag. Ex-Conselheira
e comunitária Coordenadora comunitária Ex-Dirigente dos direitos da
comunitária comunitária mulher
Anos de Oito anos Oito anos Quinze anos Dez anos Dose anos
atuação
Fonte: Elaborado pelas autoras (2021).

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O roteiro de entrevista semiestruturado contem 5 (cinco) perguntas relacionadas à


percepção e perfil de liderança baseadas em Tomazela (2018), habilidades de inteligência
emocional, conforme Goleman (1998), e, por fim, desafios das entrevistadas no tocante às
trajetórias como líder em uma comunidade de área rural.
Em relação à técnica de análise das entrevistas, compreendendo uma abordagem
qualitativa, têm-se a opção pela análise de enunciação que, conforme Minayo (2014), é mais
complexa e contextualizada que as abordagens quantitativas das falas, posto na busca de
compreensão dos significados do discurso. Nesta, compreende-se o discurso como palavras em
processo de elaboração de sentidos, que emergem tanto de maneira espontânea, como
constrangida pelo contexto. Para a análise são considerados (i) as condições de produção da
palavra, (ii) o continente do discurso e suas modalidades, que prevê (a) análise sintática das
estruturas, (b) análise lógica dos arranjos do discurso (c) análise dos elementos formais atípicos
e (d) figuras retóricas.
Além de reconhecer a entrevista como um fonte de evidência relevante para análise de
enunciação, Minayo (2014) define que que o corpus da análise, que reúne o conjunto de
entrevistas, deve ser considerado em sua totalidade com as seguintes considerações: (i) análise
individual e alinhamento ao coletivo em busca da lógica que estrutura o discurso, (ii) o estilo e
(iii) elementos atípicos e figuras de retórica. Com isso, “a conexão entre temas abordados, o
processo de produção da linguagem e seu contexto, acabam por evidenciar os conflitos e as
contradições que permeiam e estrutura, um discurso” (Minayo, 2014, p. 315).
Para proceder com a análise da estrutura do discurso, realizou-se (i) análises do corpus
textual com suporte no software Iramuteq. Em relação à etapa exploratória, apresenta-se a
distribuição dos dados para uma visão geral e o agrupamento que reúne as palavras por meio
de padrões estatísticos (Kronberger & Wagner, 2004). Para o software, as Unidades de Contexto
Iniciais (UCI), que define o número de dados (no caso, 5 entrevistas) e as Unidades de Contexto
Elementares (UCE), que representam os segmentos de texto, gerados por meio de comandos
específicos (Camargo & Justo, 2013).
Em termos de análise, procedeu-se a Classificação Hierárquica Descendente (CHD), de
acordo com o método de Reinert (1990), que classifica as UCEs, e, em seguida, por meio do
teste qui-quadrado, a CHD gera os agrupamentos (clusters), formados pelo grau de ligação de
uma palavra com a classe à qual pertence (Camargo & Justo, 2013). Como resultado dessa
etapa, têm-se o dendograma, que ilustra a formação das classes, com as respectivas palavras
estatisticamente mais significativas de cada grupo (Camargo & Justo, 2013). Para o processo
de categorização os segmentos de textos associados à cada palavras foram selecionados e alguns
apresentados para fins de ilustração da análise em torno das rotulações de cada classe
(Kronberger & Wagner, 2004). Realizou-se, ainda, a Análise Fatorial por Correspondência
(AFC) que apresenta um plano cartesiano com os clusters, expressando relações de
distanciamento entre elas (Camargo & Justo, 2013).
Com base na análise de enunciação, compreende-se a possibilidade de relacionar a
Teoria de Representação Social (TRS), como método de investigação, em decorrência dos
variados desdobramentos metodológicos desta teoria que tem origem em abordagens
sociológica, antropológica, histórica e cultural em autores como Durkheim, Lévy-Bruhl, Piaget
e Vygotsky, conforme ensinam Bertoni e Galinkin (2017).
Em síntese, a TRS teoriza sobre a produção de sentido (representações) sobre o
cotidiano, o popular ou senso comum, na perspectiva das relações do indivíduo com o coletivo
(social) que medeiam comportamentos, expressões e comunicação, imagens, linguagens e
cultura (Moscovici, 2005, 2012). Nesse sentido, as representações surgem por meio do processo
de ancoragem, que envolve a assimilação de informações em integração (e classificação) com
elementos cognitivos e emocionais pré-existentes de maneira a imprimir tangibilidade, dar

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nome a um conceito abstrato (Sawaia, 2004). A objetivação, em decorrência, surge na


reprodução dessa concepção em imagem por meio de seleção e descontextualização das
informações, formação do núcleo figurativo e naturalização dos elementos (Bertoni & Galinkin
2017).
Para a categorização, segue-se à recomendação de Kronberger e Wagner (2004, p. 435),
no que diz respeito a dar “[...] conteúdo semântico à informação puramente estrutural [...]
apoiando- se em outros métodos de análise” e, também, a de Nascimento e Menandro (2006),
que expressa a relevância de combinar análise lexical com análise de conteúdo. Para auxiliar a
análise de conteúdo, o software Atlas Ti (Archiv fuer Technik Lebenswelt und Alltagssprache-
Text Interprataion), Versão 7.5.10, facilitou a formação das categorias para o exame. Por meio
do software, os códigos teóricos (ou categorias analíticas e categoria operativas) tornaram-se
explícitos por meio da formação de um esquema de codificação (Kelle, 2004). Com análise dos
segmentos de textos, foi possível encontrar subcategorias que facilitam a compreensão do
contexto da pesquisa.

4 Apresentação dos Resultados

Com os documentos selecionados, processou-se análise lexical com 5 Unicidades de


Contexto Inicial (UCI) (5 entrevistas), que foram divididas em 110 Unidades de Contexto
Elementar (UCE), 3963 números de ocorrências de palavras, com 902 formas (palavras), das
quais 528 são ativas (adjetivo, advérbio, substantivo, verbos, formas não comuns) e 80
complementares e 290 hapax (7.32% des occurrences; 47.08% des formes).
A CHD, que realiza o cruzamento de matrizes de segmentos de textos e palavras, reteve
76 UCE, ou seja, 69.09% dos segmentos de texto. Além disso, identificou 5 classes (clusters)
de palavras. Com a separação final dos clusters (estabilização), o software identifica as palavras
significativas (p < 0,0001) de cada agrupamento e o percentual de UCEs vinculadas a cada
cluster, o que permite visualizar a representação de cada cluster em relação ao total do corpus.
O cluster 1, formado por 21.1% das UCEs, tem como palavras mais representativas:
colocar, lugar, pensar, feminino, liderança, ouvir acreditar, empatia, vida, despender (...),
sendo todas estatisticamente significativas. O cluster 5, que possui relação com o cluster 1
(partição), por sua vez, contém 22,4% das UCEs, e é melhor representando pelas palavras
emocional, habilidade, autoconhecimento, inteligência, emoção, autocontrole, sociedade,
manter, continuar, procurar, identificar (...). O cluster 4 contém 21,1% das UCEs, tem como
palavras mais significativas, tudo, troca, nada, dever, prometer, resultado, bom, letra,
motivação, motivar, escolher (...). Em interação com o cluster 4, o cluster 3, com 18,4% das
UCEs, e o cluster 2, com 17,1% das UCEs, partilham de relação próxima, após partição do
cluster 4. As palavras significativas dificuldade, trajetória, encontrar, dentro, trabalho, demais,
perspectiva, então, falar, núcleo (...) representam o cluster 3 e as palavras aula, assim, dizer,
professor, aluno, hoje, contar, muito, participar (...), representam o cluster 2.
Por meio da Análise Fatorial por Correspondência, o plano cartesiano ilustra em
quadrantes relação espacial entre as classes, ao passo que, quanto mais distantes os elementos
dispostos no plano, menos eles “falam” das mesmas coisas.

4.1 Discussão dos Resultados

Com análise por cluster dos segmentos de textos das palavras mais significativas de
cada grupo, que, nesta pesquisa, compreende a análise lógica dos arranjos do discurso,foi
possível apreender os enunciados e destes situar as condições de produção e conteúdo dos
discursos que foram analisados por meio da definição de categorias e subcategorias, entendendo
estas como “[...] termos carregados de significados, por meio dos quais a realidade é pensada

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de forma hierarquizada” (Minayo, 2014, p. 178), e, ao mesmo tempo, categorias heurísticas ou


elaboração racional que deve, tanto atender exigências formais, como dar sentido aos achados
para torná-los compreensíveis (Saint-Pierre, 2004).
Na perspectiva da ancoragem, cada categoria derivada das representações definidas por
cada cluster (Interações/ Relações empáticas (outros-liderados); Liderança e altruísmo,
expectativas e motivações ativadas; A escola, a professora e liderança feminina; Desafios da
liderança, da mulher líder e a comunidade) respondem, na perspectiva de Moscovici (2005,
2012), pela atribuição de sentidos por uma rede de significados apreendidos dos enunciados em
esquemas de elaboração sobre a maneira como as entrevistas compreendem o fenômenos de
investigação a partir da vivência da liderança em comunidade.

Figura 1– Categorias da análise de enunciação

Fonte: Dados da pesquisa.


Nota: elaborado com auxílio do software Atlas ti.

Em relação aos enunciados compreendidos pelos segmentos de texto dos Clusters 1


e 5, seguindo a análise de enunciação, conforme Minayo (2014), são expressas as condições de
produção de sentido sobre as relações entre inteligência emocional face as representações
sociais da liderança feminina. Em relação próxima, os clusters reúnem categorias que
demonstram a percepção das mulheres entrevistadas sobre a condução das interações e relações
a serem desenvolvidas pela líder mulher e, ainda, habilidades sociais e emocionais necessárias
para esse exercício, acentuando a relevância da capacidade de se auto-perceber e auto-motivar
nesse processo.
Em relação ao campo das interações e relações (cluster 1) evidencia-se particular
relevância à representação da mulher materna e o exercício da empatia nessas interações e em
processo de compreensão da experiência do outro. Para tanto, essa característica “empatia”
representa, o que mobiliza essa mulher materna em exercício de liderança a pensar, sentir e
compartilhar experiências e dar contornos ao exercício frente às questões da comunidade. Como
conteúdos dos discursos surgem enunciados de representação da mulher que, por ser mãe,
exercita a empatia, o pensar, o sentir e o compartilhar, sendo ações mais facilitadas à figura
feminina.
A representação da mulher líder em função de uma maior facilidade à empatia e, com
isso, suscitar interações e relações capazes mais colaborativas, resolutivas e com maior
capacidade de comunicação mais assertiva vai ao encontro de estudos sobre gênero (Noor, Isa
& Nor, 2021), ao passo que também sugere reflexões sobre como essas emoções e envolvimento
com as questões comunitárias situam não apenas o exercício de liderança, mas um papel social

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em que há afetos, compromissos, alegrias e sofrimentos, intensidades.


No sentido das habilidades sociais e emocionais (cluster 5), por sua vez, surgem
categorias representativas da capacidade de organização das emoções e ações, desde a
percepções de autoeficácia, autonomia e autocontrole, até o autoconhecimento e auto-
motivação. Os enunciados situam atenção aos aspectos emocionais e de como estes reverberam
na campo social, em atenção aos desafios da mulher, mãe, líder, em organizar as emoções e as
ações em prol da mobilização de atores da comunidade, ao passo da necessidade se auto-motivar
e ativar energia necessária para desenvolver os múltiplos papéis.
A auto-motivação ante a produção de sentido desses papéis convoca análises sobre
os desafios da mulher, ao passo das muitas atividades que desempenha, o que Oliver (2016)
reforça e, que, suscita compreensão sobre a urgência de suporte emocional e social às mulheres
face às suas possibilidades, habilidades e competências. O que se representa como auto-
motivação pode refletir em cansaços não legitimados em decorrência de um lugar social
assumido a mais, uma conquista difícil, quando o movimento ainda é ter maior representação
masculina (Born, Ranehill & Sandberg, 2018).
Nessa discussão, podem-se direcionar possíveis motivos às relações entre liderança
feminina e o estilo transformacional, ao passo que este envolve as emoções ativadas nos
processos relacionais, bem como potencial de trabalho em rede e gestão democrática (Loden
1988; Kets de Vries, 1997; Frankel, 2007). Ao mesmo tempo, as emoções da mulher líder no
âmbito coletivo também expressa a ideia de cuidado, preocupação com o futuro, com saúde e
com o bem-estar das pessoas. Dessa construção percebe-se a contribuição da mulher e suas
emoções em relação ao desenvolvimento sustentável, como também se observa nos estudos de
Warburton (2018) e Kusnandar et al. (2019).
Os enunciados do cluster 4, situam uma discussão ampliada dos sentidos de mobilização
comunitária, que estudos de gênero também agregam a favor da liderança feminina (Dhatt et
al., 2017). Compreendem representações da liderança nesse contexto, em que a dinâmica
valorativa suscita reflexões sobre as responsabilidades empreendidas pela liderança. Esta,
encontra convergência com as discussões sobre liderança espiritual, quando os valores altruístas
são potencializados com o a experiência da esperança e fé, que agregam e ativam a busca de
significados íntimos para estar em união e fazer o bem (Fry , 2003; Chen & Li, 2013; Fry,
Latham, Clinebell, & Krahnke, 2016).
Nesse sentido, além de a líder mulher assumir representação inspirativa, no sentido
de conseguir ativar motivações e engajamento, a liderança em sentido comunitário envolve
reconhecer os processos a partir do bem coletivo, em que perspectivas altruístas surgem de
interesses que visem o bem da comunidade quando expectativas precisam ser apresentadas e as
relações de trocas compreendidas sob a lógica do bem comum, o que se observa sintonia com
os estudos de Sun e Henderson (2017) e Nowell, Harrison e Boyd (2010).
A análise dos segmentos de texto dos clusters 2 e 3 são expressas as condições de
produção de sentido em que a mulher aparece representada pelas múltiplas funções, ao passo
que a escola assume locus importante de exercício da liderança posto representar espaço
coletivo de integração da vida comunitária (Wart, 2013). As representações situam a vivência
da maternidade e da vida profissional, docência, quando esta profissão é assumida em discursos
de liderança. Nestes enunciados: Ser professora é ser um pouco líder (da sala, dos alunos) e ser
líder é ser um pouco professora (das experiências, conhecimentos e ativação da participação),
as entrevistadas falam desses dois exercícios em sobreposições, ao passo que vivenciam a dupla
função ou as duas atividades fazem parte do percurso junto à comunidade. Como professora e
como líder, as mulheres representam a relevância do permanente convite à participação, ao
diálogo e à sensibilização pelo senso de coletividade, o que a face educativa contribui.
Dos desafios da vivência e da liderança feminina em contexto comunitário, os
enunciados do cluster 3 evidenciam representação que percorre os papéis sociais da mulher,

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mãe, profissional (professora) e líder, em contato com o medo e a insegurança do exercício do


poder que ainda são reflexos de cultura machista em que a mulher ainda é percebida com
capacidades incompatíveis com a posição de liderança (Owen, 2013; Diehl & Dzubinski, 2016;
Washington, 2008; Fernández, 2013; Beaman, Chattopadhyay, Duflo, Pande, & Topalova,
2009; Beaman, Duflo, Pande, & Topalova, 2012; Ferrara, Chong, & Duryea, 2012). Deste lugar,
a mulher representa seus desafios em atenção à luta pela conquista de confiança, por
articulações que visem mudanças e que agreguem valor à comunidade, bem como que tenham
a coletividade como orientadora de ações.
Desafios adicionais estão nessa luta, posto que o tempo e a comunicação se apresentam
arranjos complexos de compreensão e atuação. Por um lado, os processos organizativos da
comunidade possuem seu próprio tempo, o que supõe percepção aguçada sobre as histórias das
pessoas, seus anseios e necessidades, bem como respeito aos tempos de processos do coletivo
representado por essas pessoa; por outro, a comunicação mobilizadora representa a necessidade
de gerar adesão em problemáticas que impactam a vida de todos, ao mesmo tempo supõe co-
responsabilidade e responsabilização, exercício de cidadania, o que é demonstrativo do que se
observa em Müller e Van Esch (2020).
Longe da lógica individual egocêntrica e de apatia e passividade, a liderança feminina
comunitária se faz representada como o que, potencialmente, pode agregar movimento, ação e
coletividade pelas características empáticas concebidas como de natureza feminina-materna.
Representação social, esta, que convoca essa energia na condução do maior desafio enunciado,
o da percepção da interdependência dos atores em relação às suas histórias de vida coletivas,
em que o suporte social retroalimenta e impulsiona os atores a recorrerem a si e, aos demais,
como membros em teias sociais pulsante, e a liderança, parte desta teia, sendo alimentada pela
energia necessária para ser mulher, líder, mãe, professora e articuladora frente aos anseios de
transformação social.
Reconhece-se, portanto, que a liderança feminina em contexto comunitário assume as
perspectivas da liderança plural (Denis, Langley & Sergi, 2012), em que as formas de poder
tendem a ser compartilhadas em que há construção de espaços com variedades de recursos e
capacidades com legitimidade para decisões e ações coletivas.

5 Considerações Finais

Com o objetivo de compreender representações sociais a partir de enunciados de


mulheres líderes rurais moradoras de um assentamento localizado em Estado do Nordeste, a
pesquisa apreendeu o continente dos discursos mediante análise sintática das estruturas das
palavras obtidas com auxílio do software Iramuteq. Com auxílio software Atlas ti, os cinco
clusters derivados da análise lexical receberam denominações, no caso: (i) Interações, relações
empáticas (outros-liderados), (ii) a Escola, a professora e a liderança feminina, (iii) Desafios da
liderança, da mulher líder e a comunidade, (iv) Liderança e altruísmo, expectativas e
motivações ativadas, (v) Habilidades (sociais e emocionais e a auto-motivação da liderança
feminina.
De uma relação próxima entre os clusters 1 e 5 são compreendidas a presença de
representações relacionadas à relação entre a empatia com a experiência materna, bem como a
necessidade do exercício da compreensão da experiência do outro, do pensar, do sentir e do
compartilhar ante a função da liderança (cluster 1). Com isso, a empatia exercer maior
relevância para a liderança no contexto analisado, ao passo que mulheres em posição de líder
reconhecem que a empatia como uma representação social feminina a partir da maternidade.
Em relação a habilidades sociais e emocionais são enfatizados o autoconhecimento, o
autocontrole, a autoeficácia e a autonomia, também representas como necessárias à função, com
maior facilidade de expressão por parte das mulheres (cluster 5). Em relação ao enunciado

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capturado pela categoria automotivação, deriva-se a necessidade de maior compreensão, posto


representação associada à vivência de múltiplos papéis sociais, o que, em situação de liderança,
pode favorecer a negação do cansaço e do pedido de ajuda em decorrência de representações
sociais da mulher líder. Tal análise se depreende dos enunciados, mas merece maior
investimento em pesquisas futuras.
No que tange às representações relacionadas ao exercício docente, associadas à
liderança, destaca-se que os enunciados demonstram maior atenção a relevância da escola em
contexto comunitário, bem como a relação entre professores e alunos como exercício da
inspiração, da motivação e, por fim, da liderança, quando esse exercício tende a facilitar o
diálogo, a participação e o senso de comunidade a partir da escola (cluster 2). Neste, também,
há representações das múltiplas funções exercidas por mulheres, muitas vezes presentes nos
enunciados em sobreposição.
Dos desafios da liderança da mulher na comunidade (cluster 3), as enunciações trazem
as representações do medo e da insegurança em relação ao poder assumido, o que evidencia as
discussões sobre resistências à liderança feminina. Também estão presentes desafios da
mobilização mediante confiança e articulações necessárias, em que a comunicação assume
papel fundamental. O tempo da vida em coletividade também surgem como elemento
importante, ao passo que essa mobilização precisa considerar os tempos e movimentos
característicos da cultura e dos valores dos seus membros.
Em relação ao cluster 4, estão representadas elementos dos valores da coletividade em
interação com as expectativas das interações entre líderes e liderados. Nesta discussão, ao
mesmo tempo que a líder ainda é representada com base da inspiração que, na comunidade, é
expressa pela potencia de mobilização, é preciso conseguir ativar motivos que sejam pelo
coletivo, o que a dinâmica de troca de favores em cultura de teor mais individualista representa
obstáculo.
Desde relações empáticas, habilidades sociais e emocionais, passando pela legitimidade
da mulher líder em contexto comunitário, em respeito aos papéis sociais da mulher mãe,
professora e líder, os enunciados representam que a liderança feminina em contexto
comunitário acionam a dinâmica da liderança plural, em que são acionados valores e ações
coletivas em detrimento de movimentos individualistas. Em espaço comunitário a escola e a
docência são, pelos enunciados, de importante representação em relação à liderança, o que
suscita investigações futuras sobre a escola como espaço social de articulação em que o
empoderamento feminino e o protagonismo social podem evidenciar potencialidades em
relação ao desenvolvimento social e sustentável.

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XLV Encontro da ANPAD - EnANPAD 2021
On-line - 4 - 8 de out de 2021 - 2177-2576 versão online

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