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A Verdade Restaurada

M. Russell Ballard

Of the Quorum of the Twelve Apostles


https://www.lds.org/general-conference/1994/10/restored-truth?lang=por
Outubro de 1994
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M. Russell Ballard
Talvez a lição mais importante que o jovem Joseph tenha aprendido no Bosque
Sagrado seja esta significativa verdade eterna: O céu não está selado.

O ministério mortal do Senhor Jesus Cristo foi relativamente curto. Ele viveu
apenas trinta e três anos e Seu ministério durou apenas três. Mas nesses três
anos ensinou à família humana tudo que era necessário para receber as
bênçãos que nosso Pai no Céu reservou para Seus filhos. Concluiu Seu
ministério mortal com o préstimo mais misericórdioso e significante da história
do mundo: o Sacrifício Expiatório.

Uma das realizações mais importantes do Salvador foi a organização de Sua


igreja na Terra. Paulo ensinou que Cristo “…deu uns para apóstolos, e outros
para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores,

Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para


edificação do corpo de Cristo;…”. (Efésios 4:11–12)

Quando Jesus chamou os doze Apóstolos, colocou as mãos sobre eles,


ordenou-os e conferiu-lhes a autoridade para agir em Seu nome e governar
Sua igreja. Pedro é conhecido por ter-se tornado o Apóstolo principal, ou o
Presidente da Igreja, após a morte, a ressurreição e a ascenção de Cristo. Os
primitivos cristãos suportaram os desafios da perseguição e do sofrimento.
Pedro e seus irmãos encontraram dificuldades para manter a Igreja unida e
manter a doutrina pura. Viajaram grandes distâncias e corresponderam-se a
respeito dos problemas com que se defrontavam, mas os meios de
comunicação eram tão lentos e a Igreja e seus ensinamentos eram tão novos
que se tornava difícil eliminar os falsos ensinamentos antes de se enraizarem
firmemente.

O novo testamento mostra que os Apóstolos originais trabalharam para


preservar a Igreja que Jesus Cristo deixara sob sua responsabilidade, mas
sabiam que seus esforços seriam em vão. Paulo escreveu aos santos da
Tessalônia, que aguardavam ansiosamente a segunda vinda de Jesus Cristo,
que “… não será assim sem que antes venha a apostasia …” (II Tess.2:3). Ele
também preveniu Timóteo: “… virá tempo em que não sofrerão a sã doutrina;
….

E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.” (II Tim.4:3–4)

E Pedro previu o afastamento ou a Apostasia, quando falou dos “tempos do


refrigério” que viriam antes que Deus enviasse Jesus Cristo novamente, que
“… já dantes vos foi pregado.

O qual convém que o céu contenha até aos tempos da restauração de tudo,
dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o
princípio.” (Atos 3:19–21)

Com o passar do tempo, com a conhecida exceção de João, o Amado, Pedro e


os outros Apóstolos foram martirizados. O Apóstolo João e os membros da
Igreja lutaram para sobreviver diante da atemorizante opressão. Para seu
crédito eterno, o cristianismo sobreviveu e foi verdadeiramente uma força no
fim do segundo século de nossa era. Muitos santos valentes tornaram possível
que o cristianismo resistisse às perseguições.
Apesar da importância do ministério desses santos, eles não eram portadores
da mesma autoridade apostólica que Pedro e os outros Apóstolos haviam
recebido por meio da ordenação sob as mãos do próprio Jesus Cristo. Quando
esta autoridade foi perdida, os homens começaram a procurar outras fontes de
compreensão doutrinária. Como resultado, muitas coisas claras e verdades
preciosas foram perdidas.

A história nos conta, por exemplo, que um grande conselho foi reunido em 325
d.C., em Nicéia. Nessa época o Cristianismo já havia saído das obscuras
masmorras de Roma para se tornar a religião do Império Romano, mas a igreja
ainda tinha problemas—principalmente devido à inabilidade dos cristãos de
entrarem em acordo a respeito dos pontos básicos de doutrina. Para resolver
as diferenças e estabelecer de uma vez por todas a doutrina oficial da igreja, o
Imperador Constantino reuniu um grupo de bispos cristãos. Não se chegou
facilmente a um consenso. As opiniões em assuntos básicos, tais como a
natureza de Deus, eram várias e profundamente arraigadas, e o debate
caloroso. As decisões não eram tomadas por meio de inspiração ou revelação,
mas pelo voto da maioria, e algumas facções discordantes dividiram-se e
formaram novas igrejas. Conselhos semelhantes realizaram-se posteriormente
nos anos 451, 787 e 1545 com resultados semelhantes.

A beleza simples do evangelho de Cristo esteve sob o ataque de um inimigo


ainda mais destrutivo do que os flagelos e as cruzes da Roma primitiva: as
filosofias de homens não inspirados. A doutrina baseava-se mais e mais na
opinião popular do que em revelação. Este período da história ficou conhecido
como a Idade Média. (N. do T. Dark Ages em inglês, ou “Era das Trevas”.)
Trevas, principalmente, porque a luz do evangelho de Jesus Cristo havia sido
perdida.

Então, em 1517, o Espírito tocou Martinho Lutero, um sacerdote alemão que se


preocupava com o quanto a Igreja se afastara do evangelho ensinado por
Jesus Cristo. Seu trabalho levou à Reforma; um movimento realizado também
por outros visionários como João Calvino, Huldreich Zwinglio, John Wesley e
John Smith.
Acredito que estes reformadores foram inspirados para que criassem um clima
religioso no qual Deus pudesse restaurar as verdades perdidas e a autoridade
do sacerdócio. Da mesma maneira, Deus inspirou os exploradores e
colonizadores das Américas e os idealizadores da Constituição dos Estados
Unidos para que desenvolvessem a terra e os princípios de governo onde o
evangelho pudesse ser restaurado.

Em 1820, o mundo estava pronto para a “… restauração de todas as coisas …”


mencionada por Pedro e “… pela boca de todos os … santos profetas, desde o
princípio.” (Atos 3:21)

Nesse período, os movimentos religiosos tomavam conta do estado de Nova


York. Os ministros das várias denominações lutavam com empenho pela
lealdade dos fiéis nos vilarejos e cidades, incluindo Palmyra, o lar da família de
Joseph Smith Sênior e de Lucy Mack Smith.

A família Smith acompanhou esse movimento religioso e os membros da


família foram ensinados pelas várias crenças. A mãe e três filhos—Hyrum,
Samuel e Sophronia—uniram-se a uma igreja (ver JS 2:7), enquanto que o pai
e seu filho mais velho, Alvin, filiaram-se a outra.

Ao pensar a respeito de a que igreja deveria unir-se, Jospeh Smith, Jr., de 14


anos, pesquisava cada denominação cuidadosamente, ouvindo os ministros de
cada crença e tentando verificar onde se encontrava a verdade. Ele sabia que
havia “Um só Senhor, uma só fé, e um só batismo; …” (Efésios 4:5), mas não
sabia qual era.

“Em meio desta guerra de palavras e tumulto de opiniões…”, Joseph Smith Jr.
escreveu mais tarde: “… muitas vezes disse a mim mesmo. Que se pode
fazer? Qual de todos estes partidos está com a razão; ou, estão todos errados?
Se qualquer um deles está certo, qual é, e como poderei sabê-lo?” (JS 2:10)
O jovem Joseph procurou as respostas às suas orações nas escrituras. Ao ler
a Bíblia, encontrou uma admoestação simples e direta na epístola de Tiago: “E,
se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá
liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada.” (Tiago 1:5)

Joseph refletiu: “Nunca uma passagem de escritura veio com maior poder ao
coração do homem do que esta, nesse momento ao meu. Parecia ter
penetrado com grande força em todas as fibras do meu coração. Refleti
repetidas vezes sobre ela, sabendo que, se qualquer pessoa necessitava de
sabedoria de Deus, essa pessoa era eu; porque não sabia o que fazer, e a
menos que obtivesse mais sabedoria do que a que então eu tinha, jamais
chegaria a saber;…”. (JS 2:12)

Com a fé simples de um jovem e motivado pela inspiração do Espírito Santo,


Joseph decidiu ir a um bosque próximo a sua casa e testar a promessa de
Tiago.

Em uma bonita e clara manhã de primavera, Joseph retirou-se para o bosque.


Parou num lugar quieto e ermo. Olhou a sua volta para se certificar de estar a
sós, ajoelhou-se e começou a orar. Pouco depois, um sentimento esmagador
de escuridão tomou conta dele, como se um poder maligno estivesse tentando
dissuadi-lo. Ao invés de sucumbir, Joseph intensificou seu apelo a Deus—e o
próprio Deus lhe respondeu.

Nas palavras de Joseph: “… vi uma coluna de luz acima de minha cabeça, de


um brilho superior ao do sol, que gradualmente descia … sobre mim.

“… Quando a luz repousou sobre mim, vi dois Personagens, cujo resplendor e


glória desafiam qualquer descrição, em pé, acima de mim, no ar. Um deles
falou-me, chamando-me pelo nome, e disse, apontando para o outro—Este é o
Meu Filho Amado. Ouve-O.” (JS 2:16–17)
Testifico que aqueles personagens eram Deus, nosso Pai Celestial, e Seu Filho
ressuscitado, Jesus Cristo, em uma das mais divinas manifestações de todos
os tempos!

Eles disseram a Joseph que não deveria filiar-se a nenhuma das igrejas
existentes.

Após cumprirem Sua missão, O Pai e o Filho, Jesus Cristo, partiram, deixando
o jovem Joseph fisicamente exaurido, mas espiritualmente enriquecido com a
emocionante verdade restaurada. Ele sabia, com certeza, que Deus, nosso Pai
Celestial, e Seu Filho, Jesus Cristo, eram pessoas reais, pois Os vira. Sabia
que nenhuma igreja na face da Terra tinha a autoridade do sacerdócio para
agir em nome do Pai Celestial e Jesus Cristo.

Talvez a lição mais importante que o jovem Joseph aprendeu no Bosque


Sagrado seja esta significativa verdade eterna: O céu não está selado. Deus
comunica-se com os mortais. Ele nos ama hoje da mesma forma que ama os
que viveram antes de nós. Em um mundo cheio de confusão e desânimo, que
conforto esta doce certeza nos proporciona! Que paz e segurança sente o
coração que compreende que Deus no céu nos conhece e importa-se conosco,
individual e coletivamente, e que se comunica conosco por meio de seus
profetas vivos ou diretamente, de acordo com nossas necessidades.

Meus queridos amigos, testifico-vos que isto é verdade e que o Pai e o Filho
apareceram em uma visão maravilhosa ao jovem Joseph como um passo para
a restauração da plenitude do evangelho de Jesus Cristo na Terra. Por meio de
experiências subseqüentes, igualmente maravilhosas, Joseph Smith foi
instrumento de Deus ao:

Traduzir os registros antigos de um livro de escritura, O Livro de Mórmon: Um
outro testamento de Jesus Cristo;


Restaurar a autoridade do sacerdócio;


Restaurar as chaves do selamento para voltar o coração dos filhos aos pais;


Organizar a igreja restaurada de Jesus Cristo nestes últimos dias com a
plenitude do evangelho, como foi ensinado no meridiano dos tempos pelo
Salvador e Seus Apostólos;


Cumprir a profecia bíblica;


Preparar a segunda vinda de Jesus Cristo.

Durante a visita ao Templo de Orlando, expliquei aos visitantes que não


compartilham da nossa crença, que compreenderia se achassem que esta
mensagem é um pouco surpreendente. Ensinei a meus amigos em Orlando,
como vos ensino hoje, que ou o evangelho foi restaurado ou não o foi. Ou
Joseph Smith teve aquela extraordinária visão ou não a teve. O Livro de
Mórmon é um outro testamento de Jesus Cristo ou não o é. Ou a plenitude do
evangelho de Jesus Cristo foi restaurada à Terra por meio do profeta escolhido
por Deus ou não o foi.

A verdade não é mais complicada do que isso. Ou essas coisas aconteceram


como vos testifiquei ou não. Como um Apostólo do Senhor nos últimos dias,
meu testemunho e o de milhões de membros fiéis da Igreja em todo o mundo é
que o que vos disse hoje é verdadeiro. A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias foi restaurada na Terra por meio de Joseph Smith e é
administrada hoje por um profeta vivo. Eu o sei!
Esta informação será valiosa para cada um de nós apenas se soubermos por
nós mesmos que ela é verdadeira. Felizmente temos uma maneira simples,
mas invariável, de sabê-lo. Exige um pouco de esforço e oração sincera, mas
vale a pena!

No último capítulo do Livro de Mórmon, um antigo profeta chamado Morôni fez


uma promessa aos que porventura lessem esse sagrado livro de escritura. Sua
promessa vale para todos os que procurarem sinceramente achar a verdade.
Escreveu ele:

“E quando receberdes estas coisas, eu vos exorto a perguntardes a Deus, o


Pai Eterno, em nome de Cristo, se estas coisas não são verdadeiras ; e se
perguntardes com um coração sincero e com real intenção, tendo fé em Cristo,
ele vos manifestará a verdade delas pelo poder do Espírito Santo.

E pelo poder do Espírito Santo podeis saber a verdade de todas as coisas.”


(Morô. 10:4–5)

Morôni aconselha-nos a ir diretamente à Fonte da Verdade para achar as


respostas a nossas perguntas. Se O procurarmos com humildade e sinceridade
Ele nos ajudará a discernir a verdade do erro. O próprio Salvador assegurou a
Seus discípulos: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (João
8:32)

Irmãos, conhecemos a verdade. Porque a conhecemos, espera-se que a


propaguemos a todos os filhos de nosso Pai Celestial. A nossos queridos
amigos da Igreja, dizemos: por favor, não deixeis passar esta oportunidade de
receber revelação pessoal de Deus. Pensai a respeito do que vos falei.
Ponderai cuidadosamente. Comparai o que vos disse com vossas crenças.
Retende tudo o que for verdadeiro e acrescentai-lhe a plenitude do evangelho
restaurado de Jesus Cristo. Levai em consideração o que haveis sentido ao
ouvir estas palavras. Podeis saber se estas coisas são verdadeiras
perguntando a Deus. Escutai Sua resposta; e depois, segui vossos
sentimentos.
Se assim o fizerdes, creio que sabereis, como eu sei, que A Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias é a verdadeira Igreja de Deus na Terra.
Que Deus vos abençoe, meus queridos amigos, com a paz e a alegria que o
evangelho oferece, oro em nome de Jesus Cristo. Amém. 9

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