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TEMA: EFEITO DO MANEJO DO SOLO NA CONDUTIVIDDADE HIDRÁULICA EM

SISTEMAS AGROFLORESTAIS ORGANICOS DE CAFÉ.


DISCENTE: FERNANDO LUCAS FABRÍCIO DA SILVA

RESUMO:
A condutividade hidráulica do solo é uma propriedade hidráulica essencial frequentemente
utilizada em estudos de modelagem hidrológica e fluxo de água em solos, como projeto de sistema
de irrigação e drenagem e modelagem de infiltração; é também um parâmetro crítico para o
monitoramento do manejo do solo e da água. O conhecimento da taxa de permeabilidade da água
através de vários tipos de solo é essencial para determinar o tipo de plantas a serem cultivadas,
espaçamento, rendimento, gerenciamento de sistemas de água do solo e controle de erosão. O
conhecimento da variabilidade das propriedades físicas do solo pode auxiliar na definição das
melhores estratégias de manejo sustentável do solo por meio do fornecimento de informações vitais
para estimar a suscetibilidade do solo à erosão, modelagem hidrológica e planejamento eficiente de
projetos de irrigação.
1. INTRODUÇÃO
A cafeicultura é uma atividade de muita importância para o Brasil, isso porque, segundo dados
da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura - FAO (2017) a produção
global de café em 2017 foi de 9.212.169 toneladas de café, numa área de 10.840.130 hectares.
Quando analisamos nacionalmente o Brasil é responsável pela produção de 2.680.515 toneladas,
numa área de 1.800.398 hectares, sendo assim o maior exportador e segundo maior consumidor,
respondendo por um terço da produção mundial de café, o que o coloca como maior produtor
mundial, posto que detém há mais de 150 anos.
O café é uma commodity com grande importância socioeconômica. De acordo ao Balanço
Comercial do Agronegócio, no final de 2016, o café representou 9,8% das exportações brasileiras.
Apesar da pequena porcentagem que representa em relação à cafeicultura brasileira, o plantio
orgânico de produção de café em sistemas agroflorestais tem um enorme potencial de promover a
preservação ambiental e a valorização social e econômica de uma região, representando uma grande
oportunidade para fortalecer as organizações de pequenos produtores. Fundamentado em princípios
agroecológicos, o sistema orgânico não permite o uso de agrotóxicos e de adubos minerais e,
portanto, a adubação pode ser feita com estercos animais, compostos orgânicos, adubos verdes,
serrapilheira, entre outras fontes orgânicas alternativas.
O cafeeiro (Coffea arabica L.) é uma planta perene com ciclo de floração à colheita de
aproximadamente 7 a 8 meses, dependendo da variedade e das condições climáticas. No agreste
pernambucano os pés de café crescem e desenvolvem-se sob as sombras das árvores e começam a
dar fruto a partir do terceiro ano, ficando em ponto de colheita a partir do quinto ou sexto ano.
Para manter a sua importância econômica e social, o cafeeiro necessita de vários manejos em todas
suas etapas de produção. O preparo de solo possibilita uma melhoria em suas condições físicas
influenciando diretamente, no desenvolvimento radicular, favorecendo ainda a infiltração de água,
reduzindo, assim, problemas ligados à enxurradas e erosões. O uso e manejo do solo corretamente
aplicado são fundamentais para desenvolver uma agricultura sustentável, pois o cultivo contínuo
degrada o solo e compromete a produção agrícola a alcançar uma boa produtividade (Alcântara e
Madeira, 2008), assim sendo, de Melo et al., (2019) afirma que o semiárido é mais susceptível às
perdas por processos erosivos, tanto por ação dos ventos, quanto por ação das chuvas, uma vez que
a vegetação nativa é menos densa do que as demais regiões, deixando parte do solo descoberto.
Segundo Gonçalves e Libardi (2013), a condutividade hidráulica do solo é uma propriedade que
expressa a facilidade com que a água se movimenta no mesmo e, ainda de acordo com o autor, os
seus valores são mais dependentes da estrutura do que da textura do solo, evidenciando o fato de
que se torna possível atingir valores satisfatórios de condutividade sem a necessidade de uma
textura específica. No entanto, as práticas convencionais de cultivo e manejo do solo e são
responsáveis pela escassez de nutrientes benéficos tanto para o café, quanto para outras culturas e
consequentemente, o ecossistema em questão. Sendo assim, é necessário aplicar métodos de manejo
sustentáveis e de mínimo impacto ambiental.
Portanto, visando uma melhor utilização, preservação e recuperação desses solos surge a a
necessidade da produção orgânica de café em sistemas agroflorestais, a qual aplica métodos mais
sustentáveis, degradando de forma mínima ou nula se comparada ao plantio convencional. Atrelado
a essa necessidade, surge o interesse sobre o comportamento desses efeitos em propriedades do
solo, como a condutividade hidráulica do solo, que é uma propriedade que expressa a facilidade
com que a água nele se movimenta. Sendo de grande importância à saúde do solo, produção das
culturas e preservação do meio ambiente.
2. OBJETIVO GERAL
Levando em conta que os sistemas de cultivo orgânico melhoram a qualidade física do solo,
objetivou-se, neste trabalho, caracterizar e definir o número de amostras de solo para avaliação da
condutividade hidráulica de sistemas sob cultivo agroflorestal orgânico de plantas de café.
3. MATERIAL E METODOS
3.1 ÁREA DE ESTUDO
A pesquisa utilizada foi desenvolvida na fazenda Várzea da Onça, área Conceição, inserida no
município de Taquaritinga do Norte, pertencente à unidade geoambiental do Planalto da Borborema,
Estado de Pernambuco. A área está inserida no relevo denominado Brejo de Altitude, localizado as
margens da PE-130, a mais ou menos 12 km da PE-104. A classificação do solo corresponde a um
Argissolo Vermelho Amarelo Eutrófico Típico textura média/argilosa, com horizonte A
proeminente, floresta subperenifólia e relevo montanhoso.
3.2 PARÂMETROS FÍSICOS HÍDRICOS DO LOCAL DO EXPERIMENTO
Os parâmetros Hipsométrico e Declividade do local do experimento utilizado foram levantados
utilizando o Software Spring (Sistema de Processamento de Informações Georreferenciadas)
desenvolvido pela Divisão de Processamento de Imagens do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (DPI/INPE), escolhido por ser um programa gratuito não gerando custos para seu uso e
também por este suprir as necessidades do trabalho.
3.3 DESCRIÇÃO DA DECLIVIDADE DA ÁREA
Quanto maior o ângulo da declividade, maior é a energia potencial das águas pluviais que se
transformam em energia cinética, o que aumentaria a velocidade das massas de água e sua
capacidade de transporte, assim em áreas com maior declividade, há uma tendência maior da perda
de solo e por consequência uma maior degradação. Por ser uma área cultivada sob a floresta nativa,
com cultura permanente diminui ou praticamente elimina a possibilidade de influência dos
processos atuantes na vertente.
3.4 DESCRIÇÃO DA DENSIDADE DO SOLO
A densidade do solo para o tipo arenoso varia de 1,2 a 1,9 g.cm-3, enquanto solos argilosos
apresentam valores mais baixos, de 0,9 a 1,7 g cm-3. Valores de densidade do solo associados ao
estado de compactação com alta probabilidade de oferecer riscos de restrição ao crescimento
radicular situam-se em torno de 1,65 g cm-3 para solos arenosos e 1,45 g cm-3 para solos argilosos.
A partir da determinação da densidade do solo estimam-se outras propriedades físicas como o
balanço hídrico, a disponibilidade de nutrientes e o sequestro de carbono (Almeida, 2008).
3.5 PREPARO DAS AMOSTRAS DE SOLO PARA ANÁLISES FÍSICAS, QUÍMICAS E
BIOLÓGICAS EM LABORATÓRIO
As análises físicas, químicas e biológicas utilizadas foram realizadas nos laboratórios de física
do solo, química ambiental, e microbiologia dos cursos de pós-graduação da Universidade Federal
Rural de Pernambuco. As amostras de solo, exceto as indeformadas, foram espalhadas em mesas,
para serem secas ao ar, destorroadas e peneiradas para obtenção da terra fina seca ao ar (TFSA), em
seguida, acondicionadas em potes plásticos devidamente identificados. Para determinar o fator ƒ e
corrigir as massas de solo utilizadas para determinações em laboratório, as subamostras de TFSA
foram pesadas e submetidas à secagem em estufa a 105°C, em seguida, foram esfriadas em um
dessecador, e pesadas até atingir peso constante para determinar a terra fina seca em estufa (TFSE).
O fator ƒ foi determinado pelo resultado da relação entre TFSA/TFSE (ƒ = TFSA/TFSE).
Para análise de carbono orgânico e nitrogênio total da matéria orgânica do solo a TFSA das
amostras deformadas foram peneiradas em peneira de 150 μm mesh para serem determinados em
analisador elementar, e os isótopos 13C e 15N, por espectrometria de massa. As amostras
indeformadas foram submetidas à toalete para determinação da distribuição de poros (macroporos,
mesoporos, microporos e criptoporos), densidade do solo e curva característica de retenção de água
no solo (CCRAS), conforme metodologia da EMBRAPA (2017).
Para as análises biológicas, a TFSA da profundidade 0-5 cm, permaneceu em aclimatação, até
atingir cerca de 60% a 70% da capacidade de campo para a determinação do Carbono da Biomassa
Microbiana, pelo método da Irradiação-Extração e a Respirometria, também chamada de Evolução
de Carbono para Dióxido de Carbono, ou Carbono Mineralizável, (de Polli, H. e Guerra, J. G. M.,
1997).
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O estoque de Carbono no solo foi maior para o topo na profundidade de 0–20 cm, porém sem
diferença significativa entre as profundidades e os tratamentos. Estes valores estão associados à
elevada densidade do solo e teor de Carbono no relevo topo nas três profundidades. Nas camadas
mais profundas o estoque de Carbono contribui de forma mais estável para o acúmulo deste no solo,
o que pode ser explicado pelo menor efeito dos fatores climáticos, por fatores inerentes do resíduo,
e pela menor chance de perturbação do solo. Fato que se explica pela produção e deposição de
material vegetal na superfície do solo em maior quantidade e durante mais tempo naquela floresta.
A queda da serapilheira já foi discutida por Reis et al. (1994), pois somente se estabiliza quando o
povoamento atinge a maturidade. Portanto, no início do estabelecimento de florestas naturais e
plantações florestais, a produção de serrapilheira é baixa, aumentando com a idade.
O manejo do solo pode favorecer o aumento da Matéria orgânica do e da atividade microbiana
(Sampaio et al., 2008), e em áreas produtivas com maior diversidade vegetal favorece o
desenvolvimento da biomassa microbiana aumentando o teor de carbono orgânico no solo (Silva et
al., 2012). A qualidade microbiológica dos sistemas, com relação aos valores das médias das
variáveis estudadas, tanto em profundidade, quanto na posição do relevo não teve diferença
significativa. A Respirometria indica o nível da atividade microbiana pela quantificação do CO2
liberado através das funções metabólicas dos microrganismos.
Os valores de Macroporos obtidos no local da pesquisa apresentaram-se acima de 30% em área
com drenagem e risco de erosão, indicando uma maior facilidade de penetração do sistema
radicular, maior condutividade hidráulica e maior disponibilidade para as plantas. As médias dos
valores dos Macroporos nos dois sistemas estudados não apresentaram diferença significativa pelo
teste Tukey (p < 0,05), com destaque a mata nativa nas profundidades de 20-40 e 40 – 60 cm.
O teor de Enxofre (S) é facilmente alterado com o manejo do solo ou com a precipitação
pluviométrica, sendo lixiviado facilmente na sua forma iônica SO4 2- . Geralmente seu teor é
menor nas camadas inferiores de 20-40cm.

5. BIBLIOGRAFIA
Manejo do solo no sistema de produção orgânico de hortaliças. Circular Técnico n. 64, Embrapa –
2008. Disponível em:
<https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/769977/4/ct64.pdf> Acesso em
maio de 2021.
Condutividade hidráulica de um Latossolo Roxo, não saturado, sob diferentes sistemas de uso e
manejo. Ciência Rural, Santa Maria, 2002.
CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA DE UM LATOSSOLO ROXO, NÃO SATURADO, SOB
DIFERENTES SISTEMAS DE USO E MANEJO, 2002. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/cr/a/kSrR3ZfhhSjBZvrctpwXFGS/?format=pdf> Acesso em maio de 2021.
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO SOLO E ATIVIDADE MICROBIANA EM SISTEMA
AGROECOLÓGICOCOM PRODUÇÃO DE CAFÉ EM BREJO DE ALTITUDE. 2020.
ESTÁGIO SUPERVISIONADO OBRIGATÓRIO NA EMPRESA AUGUSTA
INTERNACIONAL LTDA. (YAGUARA ECOLÓGICO): CAFEICULTURA. 2019.

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