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EXCELENTISSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DA ___ VARA DE

FAMÍLIA DA COMARCA DE FORTALEZA – CEARÁ

xxxxxxxxxxxxxxxxx, brasileiro, casado Encarregado de Produção, inscrito


no CPF/MF sob o nº xxxxx, portador do RG nº xxxxxxxx, residente e domiciliado na
Rua xxxxxxxxxxx, cel: (85)xxxxxx, E-mail: alexsandro.silva@mdiasbranco.com.br,
vem, perante Vossa Excelência, por intermédio de sua advogada que a esta subscreve,
propor

AÇÃO DE EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS COM PEDIDO DE


LIMINAR

Em face do seu filho xxxxxxx, brasileiro, xxxx, Investidor, inscrito no


CPF/MF sob o nº xxxxxxxxxx, portador do RG nº xxxxxxxx, residente e domiciliado na
Rua xxxxxxxxxxx, Ceará, CEP xxxx, cel: (85) xxxxxxxx, E-mail: xxxxxxxxxxxxxxxxx

I – DA JUSTIÇA GRATUITA

Inicialmente, por ser o Autor pessoa carente na acepção jurídica do termo,


não tendo condições de arcar com o pagamento das custas processuais e honorários
advocatícios, sem prejuízo de seu próprio fim, conforme declaração anexa e com fulcro
no art. 4º da Lei 1.060/50, se requer a concessão de justiça gratuita.

Em face do que foi anteriormente relatado, faz-se relevante respaldar o


pedido nos diplomas legais, sendo os mesmos, a Constituição Federal, que em seu
artigo 5º, inciso LXXIV, garante o acesso à justiça gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos, e também a Lei 1.060/50, que rege todo o instituto da
assistência judiciária.
II – DOS FATOS

Ao que se vislumbra, na data de 03/08/2010, através do processo nº


xxxxxxxxx, ação de Divórcio Litigioso, que correu perante Juízo da 9ª vara de Família
da Capital, estabeleceu-se que o REQUERENTE contribuiria para o sustento de seu
filho, REQUERIDO na presente, com o valor correspondente a de 25% (vinte e cinco
por cento) de seus vencimentos e vantagens, a serem descontados de sua folha de
pagamento, fato que se perpetua até a presente data.
Ocorre que o alimentando, ora requerido, possui atualmente 24 (vinte e
quatro) anos de idade (certidão de nascimento anexo), e já trabalha como investidor da
FoxTraderX, sendo plenamente capaz de se sustentar.
Ocorre que com toda dificuldade o autor tem prestado os alimentos e com o
atingimento da maioridade, pelo filho e plena saúde para prover seu próprio sustento,
não há mais motivação para a continuidade da obrigação alimentar. Assim como
também já encontra-se trabalhando e provendo o próprio sustento, percebe-se que não
necessitam de tal pensão alimentícia para sobreviver.
Insta informar que o autor possui família, esposa e dois filhos um de 18
(dezoito), 10 (dez) anos conforme certidões de nascimento anexo, o filhos mais velho da
atual família, ainda não ingressou no curso superior por falta de condições financeiras
do Requerente, além da sua esposa que encontra-se desempregada, e um filho menor, no
qual também necessita de custos para sobrevivência, ficando assim, toda as despesas na
sua responsabilidade. Com isso, o requerente se vê impossibilitado de continuar arcando
com tais despesas e por seu filho se encontrar em maioridade civil, aptos a prover o
próprio sustento.
Nesse contexto, evidenciados os fatos narrados, mostra-se cabível a
exoneração dos alimentos em desfavor de xxxxx, fazendo cessar a obrigação alimentícia
e, por consequência, os descontos em folha do requerente.
Destarte, vislumbrando-se alterações no binômio necessidade-possibilidade,
inquestionável a presença dos pressupostos indispensáveis à procedência do pedido de
exoneração dos alimentos devidos pelo autor a seu filho.
III – DO DIREITO

Existe no caso em tela um perfeito nexo causal entre a lei e o pedido


formulado pelo requerente, como se pode observar nos preceitos abaixo elencados:

Art. 1.699. Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação


financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o
interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração,
redução ou majoração do encargo.

Art. 1.635: “Extingue-se o poder familiar: III - pela maioridade.”

A obrigação alimentar, com fundamento do dever de sustento, encerra-se


com o advento da maioridade. Entretanto, esse encerramento não é automático, devendo
ser requerido judicialmente pelo devedor.

Conforme decorre da Súmula 358 do STJ:

“O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a


maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante contraditório,
ainda que nos próprios autos.”

Em regra, há possibilidade de exoneração do encargo alimentar quando o


alimentado não mais necessita ou o alimentante não mais os pode prover por alterações
em suas possibilidades supervenientes à Sentença que fixou os alimentos.

No entanto, quando a pensão é decorrente do poder familiar, sendo que na


maioria das vezes se extingue com a maioridade civil do alimentado, posto que
alcançada está se extingue automaticamente o poder familiar conforme preceitua o art.
1635, inc. III.

Acerca do tema, oportuno transcrever entendimento do Tribunal de Justiça


do Distrito Federal:
DIREITO CIVIL PROCESSO CIVIL. APELAÇÃO. AÇÃO DE
EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS. MAIORIDADE CIVIL
ALCANÇADA. PENSÃO ALIMENTÍCIA EM DECORRÊNCIA
DO VÍNCULO DE PARENTESCO. 1. A Constituição Federal de
1988 traz disposto em seu art. 277, expressamente a obrigação da
família de garantir à criança e ao adolescente de forma efetiva o
direito à vida, ao lazer, à saúde, à alimentação, à educação. Acresce,
ainda, ser dever incondicional dos pais assessorarem, criarem e
educarem os filhos. 2. Porquanto o dever de prestar alimentos assim
reconhecidos no título judicial pautou-se exclusivamente no
fato/fundamento da relação jurídica que regula o poder familiar (CC,
art. 1.534, I), o reconhecimento da obrigação alimentar no período que
se segue ao advento da maioridade passa a depender de cognição
jurisdicional acerca da nova relação jurídica e seus efeitos decorrentes
do dever de mútua assistência entre ascendente e descendente (CC,
art. 1.696, III), exigindo-se com isso a prevalência de inarredáveis
princípios constitucionais de processo. 3. Ademais, embora a
jurisprudência admita o direito ao pensionamento, exige-se do
alimentante que comprove a impossibilidade de sua inserção no
mercado de trabalho por alguma excepcionalidade, ou que ainda não
tenha concluído curso superior ou profissionalizante que o habilite ao
mercado de trabalho. 4. Verificando que o alimentando atingiu a
maioridade civil e, também, não apresentou provas de que
necessita da continuidade da pensão alimentícia como forma única
de prover seu próprio sustento, não há como lhe ser reconhecido o
direito de permanecer recebendo alimentos, doravante baseados
apenas na relação de parentesco. 5. Recurso conhecido e
desprovido.
(TJ-DF - APC: 20140910000806, Relator: CARLOS RODRIGUES,
Data de Julgamento: 11/11/2015, 6ª Turma Cível, Data de Publicação:
Publicado no DJE: 07/12/2015. Pág.: 342)

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE EXONERAÇÃO DE


ALIMENTOS. MAIORIDADE CIVIL ALCANÇADA.
ALIMENTANDA MATRICULADA EM CURSO SUPERIOR.
CAPACIDADE LABORAL EVIDENCIADA. NECESSIDADE
DOS ALIMENTOS. INEXISTÊNCIA. EXONERAÇÃO.
CABIMENTO. 1. O dever de prestar alimentos, decorrente de relação
de parentesco, visa a atender às necessidades do alimentando quanto à
sua educação. Inteligência do art. 1.694 do Código Civil. 2.
Constatado que a alimentanda, nada obstante esteja matriculada
em curso superior, encontrando-se apta para o exercício de
atividade laboral remunerada, não há como lhe ser reconhecido o
direito de permanecer recebendo alimentos, com base na relação
de parentesco. 3. Apelação Cível conhecida e não provida (g/N).
(TJ-DF - APC: 20140310034858, Relator: NÍDIA CORRÊA LIMA,
Data de Julgamento: 27/01/2016, 1ª Turma Cível, Data de Publicação:
Publicado no DJE: 16/02/2016. Pág.: 121)

Assim, a obrigação alimentar decorrente do poder familiar cessa


automaticamente com a maioridade civil do alimentado, devendo o mesmo comprovar
que é estudante não tem capacidade para prover seu próprio sustento, e necessita dos
alimentos para adimplir suas despesas escolares, não bastando como alegação de
necessidade o simples fato de estar desempregado, já que referido argumento
igualmente não serve para isentar o alimentante de tal obrigação.

Há que se observar que a pensão devida ao Alimentado após completar a


maioridade civil fica sujeita à exoneração caso Alimentante possua sua condição
econômica diminuída, de modo que impossibilite a prestação alimentícia sem prejuízo
de sua própria subsistência.

IV – DA TUTELA DE URGÊNCIA

Preceitua o Código de Processo Civil de 2015:

Art. 300: “A tutela de urgência será concedida quando houver


elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo
do dano ou risco ao resultado útil do processo”

§ 2º A tutela de Urgência pode ser concedida liminarmente ou


após justificação prévia.
Pois bem, a documentação acostada, notadamente os que provam a
maioridade civil do requerido, são deveras “robustas”, além da jurisprudência
dominante, pensamos proporcionar e convencer Vossa Excelência de certeza capaz de
autorizar a medida liminar.
Da Verossimilhança – O mesmo autor continua “Convencer-se da
verossimilhança, ao contrário, não poderia significar mais do que imbuir-se do
sentimento de que a realidade fática pode ser como a descreve o autor”, neste ponto não
pode muito fazer o Requerente, além do que já foi feito, ou seja, juntar todas as provas
necessárias que comprovam a urgência da medida, a fim de que Vossa Excelência se
convença de que tudo aquilo que aqui foi alegado pelo Requerente é da mais profunda
realidade.
Do Dano Irreparável – Neste quesito, não cabem doutrinas, explicações ou
conceitos; o dano irreparável significa exatamente aquilo que vem a ser. Trata-se,
portanto, de matéria fática, ou seja, o dano que sofrerá o requerente caso não seja
concedida a medida, que neste caso é óbvio. O que ocorre é que o dano se estenderá não
só ao Requerente, mas a toda sua atual família que já vem sofrendo privações várias,
notadamente os filhos, vítimas inocentes.
Nesse ponto, o Requerente roga pela prudente decisão de Vossa Excelência,
no que tange a concessão da tutela antecipada a fim de que não seja cometida nenhuma
injustiça!
Do Perigo de Irreversibilidade do Provimento – Cumpre deixar claro que a
concessão da tutela antecipada não causará dano algum ao Requerido, pois, ele já prove
o próprio sustento.
O requerente, possui outra família. Existem outros filhos, inclusive um para
iniciar faculdade o que não pode fazer por falta de condições financeiras e outro menor,
além do mais a sua esposa encontra-se atualmente desempregada o que onera ainda
mais a situação financeira. Por fim, cabe dizer que a concessão da tutela antecipada se
faz necessária e conveniente ante o caráter de urgência de tal medida pelos motivos
expostos.

V – DOS PEDIDOS

a) Conceder a gratuidade judiciária, com espeque na Lei nº 1.060/50, por


ser pessoa pobre no sentido jurídico do termo;
b) Seja concedida a tutela de Urgência nos termos acima requeridos.
liminarmente, a suspensão do pagamento de alimentos ao requerido,
oficiando-se o zxxxxxxxx, para que faça cessar imediatamente o
desconto em folha, em virtude da maioridade do Requerido, como
também já trabalha, mantendo sua subsistência; caso V. Exa. Não
entenda cabível a suspensão liminar, o que não se espera, que ao menos
reveja liminarmente o valor dos alimentos, reduzindo-os para 10% (dez
por cento) dos rendimentos do requerente, salvo descontos legais,
oficiando-se o xxxxxxx, para que proceda à redução do desconto, ante a
prova documental da maioridade.
c) A citação do REQUERIDO para, querendo, contestar a presente ação,
sob pena de serem reputados como verdadeiros os fatos ora alegados,
consoante determinação do art. 319 do código de Processo Civil;
d) Determinar a intimação do representante do MP com atribuições perante
esse Juízo para acompanhar o feito até o final, na qualidade de custos
legis;
e) Seja acolhido o pedido para exonerar o requerente da obrigação
alimentícia em relação ao requerido, determinando-se o cancelamento
definitivamente do desconto em folha dos alimentos.
f) A condenação do REQUERIDO ao pagamento de custas e honorários
advocatícios.

Protesta provar o alegado por todos os meios de provas admitidas em


direito, notadamente depoimento pessoal das partes, oitiva de testemunhas e juntada
posterior de documentos.

Dá-se ao valor da causa de R$ 3.475,00 (três mil, quatrocentos e setenta e


cinco reais)

Nestes termos,
Pede deferimento,
Fortaleza – CE, 12 de October de 2021.

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xxxxxxxx
OAB/CE xxxxx

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