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UF0580 - Cálculo

financeiro e actuarial
Objectivo(s)

• Identificar e aplicar conceitos gerais sobre juros.

• Calcular juros simples e compostos.

• Definir, identificar e determinar equivalência de valores.

• Definir, caracterizar e calcular rendas financeiras.

• Distinguir e determinar as diferentes modalidades no


reembolso de empréstimos.
Conteúdos

• Juros – conceitos gerais

• Tempo, capital e juro

• Juro e taxa de juro

• Desconto e taxa de desconto

• Valor actual e valor acumulado


Conteúdos

• Regimes de equivalência
• Juro simples
- Fórmula geral e derivadas
• Juro composto
- Fórmula geral e derivadas
• Capitalização e actualização
• Equivalência de capitais
Conteúdos

• Operações financeiras de curto prazo

• Desconto de letras

• Reforma de letras

• Outras operações
Conteúdos

Rendas

• Noções gerais

• Classificação das rendas

• Rendas temporárias

• Rendas perpétuas
Conteúdos

Operações financeiras de médio e longo prazo


• Amortizações e empréstimos clássicos
• Locação financeira
• Aluguer de longa duração
• Empréstimos obrigacionistas
Juros – conceitos gerais

Capital é um factor de produção, a par do trabalho


e dos recursos naturais e como tal, a sua utilização
tem de ser remunerada. A remuneração do Capital
Financeiro é o JURO.

A Matemática ou o Cálculo Financeira(o), constitui


um segmento ou ramo da Matemática aplicada que
tem por objecto o Capital Financeiro e a análise
Assim, os três elementos básicos da
Matemática Financeira, são:

Capital, Tempo e Juro


O CAPITAL

Variável que representa um valor e que está


sempre associada a um momento no tempo,
frequentemente o início ou o fim do período de
capitalização (o período de capitalização ou
período de formação dos juros é um período de
tempo, habitualmente de duração constante ao
longo de um processo de capitalização, durante o
qual um capital está sob os efeitos de uma taxa de
juro)
O TEMPO

Período ou quantidade de tempo em que

decorre o processo de capitalização.


O JURO

É o valor gerado pela passagem do tempo de um período

de capitalização sobre um capital, mas que só está

disponível no momento do seu vencimento (habitualmente

o fim do período de capitalização).


TAXA DE JURO

Tal como para os restantes factores de produção, o valor da

remuneração vai depender de um padrão, que é o

rendimento (ou custo) de uma unidade de capital durante

uma unidade de tempo, que se convencionou designar por

taxa de juro.
TAXA DE JURO

é uma variável positiva (> 0) de proporcionalidade entre o capital


e o juro, para cada período de capitalização, habitualmente
expressa na forma percentual.

Por questões de simplicidade de tratamento, convencionou-se


exprimir aquele valor em termos percentuais, ou seja, se a
remuneração de € 1,00 no período de um ano (sendo esta a
unidade de tempo) é de € 4,8%, dizemos que a taxa de juro é de
0,048.
JURO

Qualquer capital aplicado durante um


determinado período de tempo (período de
capitalização), a uma dada taxa de juro, gera
uma remuneração (juro), que é o produto
desse capital pela taxa de juro em vigor
nesse período.
OPERAÇÕES DE CAPITALIZAÇÃO
E ACTUALIZAÇÃO
A aplicação de um capital (capital inicial) durante
um determinado período de tempo, a uma
determinada taxa de juro, resulta num
determinado rendimento (juro). Ao fim desse
período de tempo, o capital inicial transforma-se
num montante CAPITALIZADO (capital inicial mais
rendimento).
À operação que consiste em adicionar o juro do período ao
capital inicial chama-se operação de

capitalização. Um processo de capitalização decorre ao


longo de n (n>0) períodos de capitalização, podendo a taxa
de juro em vigor para cada um desses períodos ser fixa ou
variável.
JURO

O Juro pode assumir duas modalidades, o juro antecipado


e o juro postecipado.

Tipos de Remuneração

Antecipado O juro é pago no inicio do prazo

Postecipado O juro é pago no final do prazo


ESQUEMATICAMENTE

JURO ANTECIPADO JURO POSTECIPADO

C´= C - J C C S= C + J
ONDE:

C = Capital
J = Juro
C´ = É o capital recebido no inicio do empréstimo,
também denominado CAPITAL ACTUAL do
empréstimo
S = É o capital acumulado no final do prazo do empréstimo
FORMULA – JURO SIMPLES

O Juro será calculado através da seguinte


formula:

J=CxNxI
Tempo Juro Capital Juro Capital Actual
Acumulado
Anos J=cni S = c( 1 + ni) J=cni C´ = c( 1 - ni)

Meses J=cni S = c( 1 + ni ) J=cni C´ = c( 1 – ni )


12 12 12 12

Dias (Civil) J=cni S = c( 1 + ni ) J=cni C´ = c( 1 – ni )


365 365 365 365

Dias J=cni S = c( 1 + ni ) J=cni C´ = c( 1 – ni )


(Comercial) 360 360 360 360
TAXA REAL E TAXA NOMINAL

No momento de realização do empréstimo é acordada uma


taxa entre o mutuante e o mutuário, a qual é denominada
taxa nominal e que é representada por i. Num empréstimo
com juro antecipado, a taxa aplicada denomina-se taxa
real, representa-se por i´ e resulta da comparação dos
juros com o capital efectivamente recebido.
TAXA REAL E TAXA NOMINAL

Embora a taxa nominal seja diferente da taxa


real, os juros calculados sobre o capital actual
têm de ser iguais, isto é,
J = J´
cni = c´n i´

Substituindo o capital actual c´ pela sua


fórmula, temos que:
TAXA REAL E TAXA NOMINAL

c n i = (c – j) n i´

Dividindo ambos os termos por n temos que:


c n i = (c-j) n i´
n n
c i = (c – j) i´

Substituindo a formula do juro:


c i = (c – c n i) i´
TAXA REAL E TAXA NOMINAL

Colocando o Capital em evidencia, fica:

c i = c (1 – ni) i´

Dividindo ambos os termo pelo capital fica:


c i = c (1 – ni) i´ logo i´ = i .
c c (1 – ni)
TAXA REAL E TAXA NOMINAL

Tempo Taxa real


Anos i´ = i .
1- i
Meses i´= i .
1 - ni/12

Dias i´= i .
1 - ni/365
EXEMPLOS

EXERCICIO 1

O João pretende saber qual o juro que receberá

ao fim de 1 ano, se efectuar um depósito de

997,60€ ao qual é aplicada uma taxa de 12%.


RESOLUÇÃO

C = 997,60€
N = 1 Ano
I = 12% = 0,12

J=cni
J = 997,60 x 1 x 0,12
J = 119,71€
R: 119,71€
EXEMPLOS

Se o João efectuar um depósito de 90 dias, qual o juro


que receberá no final do prazo?
J=cni
365

J = 997,60 x 90 x 0,12
365
J = 29,52€

O Juro é de 29,52€
EXEMPLOS

O João efectuou um depósito a 5 meses. Qual o juro que


receberá no final dos 5 meses?

J=cni
12
J = 997,60 x 5 x 0,12
12
J = 49,88€

O Juro é de 49,88€
JURO COMPOSTO

No regime de capitalização a juro


composto, o juro produzido durante o
período acordado adiciona-se ao capital
para produzir novos juros. Neste regime de
capitalização produzam-se juros de juros.
JURO COMPOSTO

Este regime distingue-se do regime de


capitalização a juros simples apenas a partir do

fim do primeiro período acordado. O facto


dos juros produzirem novamente juros no
período seguinte conduz a juros totais
superiores.
EXEMPLO

Consideremos um empréstimo em regime de


juro composto, de um capital C, durante n
períodos da taxa i.

Esquematicamente temos:
C S1 S2 S3 Sn

0 1 2 3 n
JURO COMPOSTO

O capital acumulado será igual ao capital inicial


C, adicionado dos juros poduzidos:

S1 = c + j  S1 = c + cni  S1 = c + ci

S1 = c ( 1 + i )
JURO COMPOSTO

No período 2 temos:

S2 = S1 + j  S2 = c(1+i) + c( 1+i) i  então

S2 = c ( 1 + i ) (1 + i)
FORMULA JURO COMPOSTO

Sn= C(1+i)n
FÓRMULAS JURO COMPOSTO

Juro
J = c (1 + i)n – c
J = c [( 1 + i)n – 1]

Valor Actual
C´= C – C( 1 +i )-n
C´= C [ 1 – ( 1 + i)-n]
Rendas
Conceito

É um conjunto finito ou infinito de valores com


vencimento de periodicidade certa, ou seja,
valores que são pagos ou recebidos com
intervalos de tempo constantes.
Exemplos:

Por exemplo, o pagamento de um empréstimo


para habitação faz-se habitualmente através de
pagamentos com periodicidade constante, em
geral num determinado dia de cada mês. Pode
pois ser considerado uma renda em termos de
matemática financeira. Os recebimentos dos
juros de um depósito em regime de juros
simples, se o intervalo do seu vencimento for
constante, é também considerado uma renda.
Rendas

Muitas das operações financeiras envolvem a utilização de


rendas, nomeadamente para o pagamento ou amortização
de empréstimos ou investimentos. Os cálculos do valor de
cada prestação (que em matemática financeira se designa
por termo), da taxa de juro associada ou do número de
prestações necessárias, são baseados nos princípios
apresentados nos pontos sobre capitalização e
actualização.
Estudo das rendas

• Por via de regra, e salvo excepções, no estudo das rendas


interessa-nos conhecer o seu valor num de dois momentos
de referência:
• Valor actual, ou seja, o valor da renda reportado ao
momento zero, que coincide com o inicio do primeiro
período da renda se esta é imediata ou a um momento
anterior se a renda é diferida.
• Valor acumulado, ou seja, o montante capitalizado por
uma renda no fim do seu ultimo período como a
determinação daqueles valores vai depender da classificaço
da renda e da natureza dos seus termos, Torna-se
necessário desenvolver e determinar os respectivos
algoritmos caso a caso.
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• Renda – Conjunto de capitais (C1, C2, C3,…, Cn) vencíveis
em momentos equidistantes de tempo, i.e. em intervalos
de tempo iguais.

• Termo da Renda – Cada um dos n capitais. A renda é o


conjunto de todos esses termos;

• Período da Renda – Intervalo de tempo (constante)


que separa dois vencimentos consecutivos;
• A cada período da renda está associado o vencimento de um termo.
TERMOS
RENDAS 47

Para definir uma renda é preciso saber:


• o momento de referência;
• o momento de vencimento do primeiro
termo;
• o número de termos;
• o valor de cada termo;
• o intervalo de tempo (constante) entre os
termos.
RENDAS 48

• Momentos Relevantes na “Vida” de uma


Renda:
• Momento zero: É o momento da constituição da renda;
• Momento w: Corresponde ao início do primeiro período da
renda.
• Ao intervalo [ 0, w ] chamamos prazo de
diferimento.
• Momento w + n: Corresponde ao fim do último período da
renda.
Classificação 49

• As Rendas podem classificar-se de acordo com vários


critérios:
Quanto ao número de termos;
Quanto ao valor dos termos da renda;
Quanto ao período da renda;
Quanto à localização do vencimento em cada
período;
Quanto à dependência face a factores aleatórios;
Quanto ao diferimento;
Quanto ao objectivo da constituição da renda.
Classificação 50

• Quanto ao número de termos:

• Rendas Certas - Quando a Disponibilidade dos seus


termos é absoluta, isto é, quando a duração do serviço
não depende de qualquer eventualidade.
• Renda Temporária - n.º limitado de termos
(n), isto é, os seus termos encontram-se
num intervalo de termos finitos;

• Renda Perpétua – n.º ilimitado de termos (n


∞), isto é, a duração é ilimitada.
Classificação
 Quanto ao número de termos:
 Rendas Incertas - Quando a Disponibilidade dos seus termos
depende de circunstâncias aleatóreas, isto é, aquelas em que o
começo e o fim do serviço é impreciso e depende de
acontecimentos externos. É o caso da renda cujos termos se
vencem apenas, enquanto for viva determinada pessoa.

 Renda Constantes – Quando todos os pagamentos são


iguais. C1 = C2 = C3 = ... = Cn = C
 Renda Variáveis – Quando os pagamentos não são todos
iguais. C1 ≠ C2 ≠ C3 ≠ ... ≠ Cn ≠ C
• Quanto aos períodos:
• Inteiras – Quando cada termo está disponível no
momento da capitalização.
• Fraccionárias – Quando cada termo está
disponível em subperíodos de cada período
inteiro, isto é, se o período da taxa é superior ao
período da renda.
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• Quanto ao período da renda:
• Renda Anual
• Renda Semestral
• Renda Mensal.
• Quanto à localização do vencimento em cada período:
• Renda de Termos Postecipados:
• Cada termo vence-se no fim do respectivo período;
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• Quanto à localização do vencimento em cada período (cont.):

• Renda de Termos Antecipados:


• Cada termo vence-se no inicio do respectivo período;

• Quanto à dependência face a factores aleatórios:

• Rendas Certas;

• Rendas Incertas.
Quanto ao Diferimento: 55

• Renda Imediata (w= 0) – Quando são recebidas desde


a origem, isto é, aquelas em que o momento de
referência coincide com o inicio do primeiro período.
Neste caso não há prazo de diferimento; a renda é
constituída e começa imediatamente a produzir efeito.
A Renda Imediata pode ser:

• Postecipada ou de termos normais – Quando os


seus termos estão disponíveis no fim de cada
período.

• Antecipadas ou de Termos Antecipados – Quando


os seus termos se vencem no início de cada
período.
Classificação

• Renda Diferida de w (w > 0) – Quando o seu serviço começa


ao fim de um certo número de períodos (k) contados a partir
do momento de referência. Ao espaço de tempo k dá-se o
nome de prazo de diferimento da renda.
Neste caso há prazo de diferimento; a renda é constituída no
momento actual (0) mas apenas começa a produzir efeito após
w períodos.
A Renda diferida pode ser:

• Postecipada ou de termos normais – Quando os seus

termos estão disponíveis no fim de cada período.

• Antecipadas ou de Termos Antecipados – Quando os

seus termos se vencem no início de cada período.


Exemplos de rendas

• Imediatas ou de termos normais:


100 100 100 100
0 1 2 3 4
• Imediatas de Termos Antecipados:

100 100 100 100 100 -


0 1 2 3 4 5
• Rendas Diferidas de dois períodos de termos normais.
100 100 100
0 1 2 3 4 5

• Rendas Diferidas de três períodos de termos


antecipados.

100 100 100 -


0 1 2 3 4 5 6
Classificação 61

• Quanto ao objectivo da constituição da Renda:

• Rendas de amortização – visam liquidar uma dívida


contraída no momento actual (momento zero);
• o montante da dívida no momento zero constitui o seu valor actual.
• Rendas de acumulação – destinam-se a acumular um
determinado montante de capital num momento
futuro (momento n ou w + n);
• o total dos termos da renda, acrescido dos respectivos juros,
designa-se por valor acumulado.
• Rendas de remuneração – visam remunerar um capital
investido.
Classificação 62
Classificação 63

• Sendo n o momento em ocorre o último termo, temos:


Rendas constantes
Rendas constantes

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