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INTRODUÇÃO

AOS TESTES PSICOLÓGICOS


ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇAO PÚBLICA

RUTH SCHEEFFER

INTRODUÇÃO I

AOS TESTES PSICOLOGICOS


Prefácio de BENEDICTO SILVA

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS


SERViÇO DE PUBLICAÇÕES
RIO DE J ANEl RO - GB
1962
íNDICE

Pág.
Capítulo

PREFÁCIO •• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •• o ••• •• ~ •• ~ • A ••• I ••••••••• IX


APRESENTAÇÃO .............................................. XV

I. PRINC!PIOS GERAIS .................................... 1

Conceito de testes psicológicos. Desenvolvimento histórico. Uso.


Classificação. Etapas do processo de elaboração. Tipos de itens
empregados na elaboração dos testes objetivos. Aplicação e apu-
ração dos resultados.

II. A AVALIAÇÃO DA INTELIGENCIA GERAL .............. 13

A - NATUREZA DA INTELIGENCIA. Definição e compo-


nentes da inteligência. Hereditariedade e ambiente. Caracterís-
ticas da inteligência. O nível intelectual e as diferenças educa-
cionais e profissionais.

B - TESTES DE NIVEL MENTAL. A Escala de Binet-Simon.


O Teste Weschler-Bellevue para crianças (WISC). O Teste
Barcelona (Thurstone-Mira). Os testes Otis. O Teste Goode-
nough para avaliação da inteligência infantil. O Teste Analítico
de Meilli. Os Cubos de Kohs. O Kuhlmann-Anderson. As Ma-
trizes Progressivas de Raven. Testes de Inteligência Não-Verbal
- I.N.V.

v
111. TESTES DE APTIDÕES INTELECTUAIS DIFERENCIADAS 51

Origens dos testes de aptidões intelectuais diferenciadas. O


«Army General C1assification Test» (ACGT). A Bateria Morey-
Octero. O «Differential Aptitudes Tests» (DAT). Outros testes
de aptidões intelectuais diferenciadas.

IV. AS APTIDÕES ARTÍSTICAS - TESTES VERIFICADORES 69

A - APTIDÕES ESPECÍFICAS DAS ARTES DA FORMA E


DA COR. Testes de julgamento estético. Teste de Julgamento
Estético de Meier. O «Me Adory Art Test». O «Graves Design
Judgment Test». Os Testes de Execução. Os «Tests of Funda-
mental Abilities in Visual Art». O «Knauber Art Ability Tesb).
Outros testes.

B - AS APTIDÕES ESPECÍFICAS MUSICAIS. O «Seashore of


Musical Talents». O «Kalwasser-Dykema Music Tests». O
«WING Standardizes Tests of Musical Intelligence». O «Drake
Musical Memmy Test». O «Musical Aptitude Test». O «Conrad
Instrument-Talent Test». Testes de conhecimento e execução
musicais.

V. TESTES PSICOMOTORES 89

Conceito de motricidade. Testes psicomotores. O «O'Connor


Finger Dexterity Test». O (,O'Connor Tweezer Dexterity Test».
O «Minnesota Rate of Manipulatiofi». O Teste de Habilidade
Mecânica de Mac Quarie. A Bateria de Walther. A Bateria ISOP.
O Teste ABC.

VI. A AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DA PERSONALI-


DADE ..... ....... ................ ...................... 99

A - CONCEITO E ESTRUTURA DA PERSONALIDADE. De-


finição de personalidade. Teoria dos traços da personalidade.
Teorias tipológicas. Métodos de investigação da personalidade.

B - INVENTARIO DA PERSONALIDADE. O «Minnesota


Multiphasic Personality Iventory». O inventário de Personali-
dade Bernreuter. O inventário de Ajustamento Bel\. A Escala
de Temperamento Thurstone.

VI
VII. T.eCNICAS PROJETIVAS E EXPRESSIVAS................ 121

Conceito geral. Técnicas projetivas: O Psicodiagnóstico de Rors-


chach. O «Thematic Apperception Test». Outros testes proje-
tivos. Técnicas expresivas: O Psicodiagnóstico Miocinético.

VIII. A INVESTIGAÇÃO DE INTERESSES E ATITUDES........ 143

Conceito geral de interêsse. O Inventário de Interêsse Thurs-


tone. O Estado de Valôres Allport-Vernon. O Inventário de
Interêsse Strong. O Registro de Preferência Kuder.

VII
PREFÁCIO
Quando se difundiu a notícia das primeiras explosões atômicas, umcr
sensação de estarrecimento empolgou o mundo. O homem sentiu-se arre-
batado e em pânico diante da fôrça devastadora que havia liberado. Como
arcos manejados por atletas possantes, a imaginação e a razão disten-
deram-se ao máximo para ajudar o homem a compreender o qUe! havia
acontecido e como a humanidade entrara na Era Atômica. No capítUlo
inicial da monografia sôbre o estado da administração pública, observa
Dwight Waldo (1) que aquela sensação de espanto e terror era inspirada
sobretudo pela ciência física e pela engenharia, as quais se atribuía todo
o mérito da façanha estupenda. Juntamente com os relatórios sôbre os
princípios gerais de física, pertinentes sua concepção, combinação e trans-
formação, pelos físicos em uma experiência nuclear bem sucedida, o
govêrno dos Estados Unidos anunciou também a participação da enge-
nharia humana, ou engenharia social. quer dizer. administração. Com
Efeito, um sistema administrativo especial, a que fôra dado o nome enig-
mático de Manhattan Engineer District, havia sido criado como subdi-
visão do govêrno. A fim de levar a cabo seu misterioso objetivo, o
Manhattan Engineer District despendeu dois bilhões de doláres. E des-
pendeu-os tão racionalmente, em condições tão sigilosas, que pouquíssimos
americanos souberam de sua existência e quase todos os seus empregados
ignoravam o propósito daquela unidade administrativa. Não obstante, o
Manhattan Engineer District reuniu milhares de homens altamente e
diversamente preparados, numerosos e raros materiais, utensílios e obje-
tos, buscando-os em tôda parte da terra. Estabeleceu extensas facilidades

IX
e criou subsistemas administrativos através do continente, ligando-os
pelos laços mais intrincados aos sistemas administrativos conhecidos, às
emprêsas particulares e às universidades. O bom êxito do Manhattan
Ellgineer District tornou-se público e notório: seu propósito, que era
a provocação de explosões baseadas na fissão nuclear para fins mili-
tares, havia sido realizado em tôda a linha.
Vista como engenho de destruição, a bomba atômica, que pulveriza,
carboniza, desintegra, gaseifica e consome indiscriminadamente guer-
?'eiros, sacerdotes, anciãos, bebês, criminosos, templos, hospitais, prostí-
bulos, padarias, museus, escolas, é apenas uma demonstração a mais
da estupidez humana. Vista porém como estágio pragmático de uma
extensa cadeia de descobertas e avanços científicos, que culminaram
na transformação da matéria em energia, exatamente como Einstein
havia predito, é talvez a prova mais significativa da hegemonia humana
no planéta. O chamado Projeto Manhattan constituiu um milagre de
trabalho em grupo e introduziu na história da ciência a Era Nuclear.
A maioria das pessoas considerou e ainda considera a bomba atômica
como um triunfo da ciência física exclusivamente. Poucos atentaram
para o papel do Manhattan Engineer District.
Mas, argumenta Dwight Waldo: não poderíamos admitir outro ponto
de vista, isto é, o de que a bomba atômica haja sido uma realização da
ciência física, tanto quanto da engenharia humana, ou seja, da admi-
nistração?
Por geniais que fôssem, os físicos, sozinhos, não teriam conseguido
levar a cabo a proeza de construir a bomba atômica. O administrador par-
ticipou intensamente em todo o processo. Ao recrutar e selecionar os
próprios cientistas, ao equipá-los, ao dar-lhes base física de ação, ins-
talações, laboratórios, ao proporcionar-lhes ajUda secretarial, ao adquirir.
transportar e pôr à sua disposição as matérias-primas necessárias, ao
manter o sistema em atividade, ao coordenar as ações dos diferentes
grupos empenhadOS no projeto, o administrador estava de fato parti-
cipando ativamente no processo; em verdade, estava dirigindo a cons-
trução das primeiras bombas atômicas. Todo o bom êxito da experiênCia
foi levado a crédito dos físicos. Mas, é indiscutível que os administradores
fIZeram jus a uma parte considerável das honras conferidas.

x
o administrador moderno dispõe de um arsenal prodigioso de ins-
trumentos, dispositivos e recursos, corpóreos e incorpóreos, para desem-
penhar a contento sua tarefa. Sómente isto explica o bom funcionamento
de emprêsas gigantescas, que empregam milhares de trabalhadores e
mantêm fábricas, filiais, sucursais, escritórios e representantes em di-
ferentes partes de um país, ou em diferentes países do mundo. Felizmente
para a sociedade, os progressos havidos no campo das técnicas adminis-
trativas, se não são reconhecidamente tão espetaculares quanto as con-
quistas das ciências físicas e matemáticas, têm sido pelo menos sufi-
cientemente amplos para habilitar o homem a enfrentar os complexos
industriais, comerciais, bancários e sobretudo as tentaculares unidades
administrativas governamentais dos tempos modernos.

Uma lista dos principais instrumentos e meios de ação com que conta
hoje o administrador incluiria, além das técnicas tradicionais de pesquisa,
previsão, planejamento, direção, coordenação e contrôle, identificadas e
trabalhadas por Fayol, Taylor e seus continuadores, muitos recursos novos
(alguns até esotéricos), como o recrutamento positivo, o orçamento de
execução (performance budget), a cibernética, a automação, a diluição
do trabalho, as Relações Humanas, as Relações Públicas, o assessora-
mento exaustivo, a análise administrativa etc., etc.

Dentre os recursos disponíveis no arsenal do administrador figuram,


em lugar de destaque, os métodos e técnicas de recrutamento e seleção
de pessoal. E dentre êsses métodos e técnicas, cumpre salientar os testes
psicológicos. Ruth Scheeffer, psicotécnica do Instituto de Seleção e Orien-
tação Profissional (ISOP) da Fundação Getúlio Vargas, revendo notas
de aula preparadas para um curso no referido Instituto, deu-lhes forma
definitiva e compôs o presente trabalho - Introdução aos Testes Psico-
lógicos.

Diz o Professor Mira y López que hoje só seleciona mal quem faz
tabula rasa dos recursos psicotécnicos disponíveis. Quer se trate de se-
lecionar recepcionistas, dirigentes de grandes emprêsas, gerentes de fá-
brica, chauffeurs de lotação, pilotos de provas, atuários, geólogos ou der-
matologistas - há meios profissionais seguros, comprovados, específic08
para descobrir os melhores candidatos. As baterias de testes psicológicos,

XI
muitas das quais ainda em etapa de experimentação, outras provàvel-
mente mantidas em segrêdo, permitem a busca e descoberta do right
man for the right place na grande maioria dos casos.
Durante a Primeira Guerra Mundial surgiu o problema da seleção
dos pilotos militares. Supunha-se, então, empiricamente, que os pilotos
de avião de bombardeio e de caça deviam ser, antes de tudo, homens
de excepcional bravura física. Acreditava-se que o sangue frio em face
do perigo e a temeridade na penetração dos campos inimigos constituís-
sem as qualidades capitais dos pilotos da guerra. A observação do com-
portamento dos homens, o exame dos resultados dos ataques e combates
aéreos e a elevada taxa de acidentes começaram a suscitar dúvidas no
espírito dos comandantes sôbre os requisitos desejáveis nos pilotos de
guerra. Na última fase da guerra foi elaborado um primeiro instrumento
de seleção de pilotos, que estava longe de possuir os refinamentos ne-
cessários.

Quando as nuvens da Segunda Guerra Mundial toldaram os hori-


zontes internacionais, os métodos de seleção de pilotos de guerra ainda
eram insignificantes e primitivos. Mesmo antes da participação dos
Estados Unidos na guerra como país beligerante, o Presidente Roosevelt
havia determinado a fabricação de 60.000 aviões. Com a entrada dos
Estados Unidos na guerra, aquêle objetiVO inicial foi consideràvelmente
elevado; e antes do esmagamento do eixo Roma - Berlim - Tóquio,
cêrca de 300.000 aeroplanos haviam saído das fábricas americanas. De-
vendo ~ país combater em duas frentes, a necessidade de pilotos, nave-
gadores e artilheiros assumiu fantásticas proporções. Grupos de cientistas
sociais foram, então, convocados para preparar pilotos. Ainda em 1941, o
Aviation Psychology Program of the Army Air Forces foi criado para
11erseguir o duplo objetivo de descobrir as características humanas que
podem transformar um jovem em bom pilôto, e engendrar uma série
de testes psicológicos para medir tais características. Graças aos traba-
lhos exaustivos daquele grupo de cientistas sociais, em que predominavam
os psicólogos, foi possível desenvolver baterias de testes psicológicos que
gal'antiram a fôrça aérea americana pilotos de guerra, navegadores e
artilheiros em número e qualidade suficiente para fazer face às tre-
mendas responsabilidades da época.

XII
No livro The Proper study of Mankind, Stuart Chase dedica um
capitulo ao trabalho realizado pela Aviation Psychology Program para
"desenhar" a profissiografia do pilôto.
Mediante a utilização de métodos científicos, primeiro analisando a
tarefa do pilôto, depois elaborando testes psicológicos, depois testando
administrativamente os testes, e finalmente validando-os à luz dos re-
sultados reais, o grupo de psicólogos resolveu aquêle agônico problema
de administração de pessoal. Dêsse esfôrço resultou uma contribuição de
valor indiscutível para a administração científica ...

As pesquisas e experiências levadas a efeito pela Aviation Psychology


Program revelaram aspectos curiosos e inesperados do comportamento do
pilôto de guerra. Em primeiro lugar, a suposição de que a coragem fisica
lhe era indispensável foi totalmente infirmada pelo fatos. Apenas 1%
dos bons pilotos que participaram em combates aéreos, ou em missões
de bombardeio, podiam ser considerados valentes; 85% confessaram que
se sentiram medrosos e nervosos quando participaram da primeira es-
caramuça; e 40% confessaram que tinham mêdo todo o tempo, durante
túdas as missões e combates aéreos.
As qualidades principais dos pilotos bem sucedidos descobertas e
verificadas pelos psicotécnicos eram as seguintes: reações rápidas, boa
coordenação, aguda discriminação visual de objetos e de movimentos me-
cánicos, bom preparo intelectual e entusiasmo pelo mister de voar.
Os melhores pilotOi, os verdadeiros ases, eram jovens de 18 a 20 anos
de idade, e casados; os piores encontravam-se entre os solteiros, pouco
instruídos e maiores de 25 anos. A taxa de acidentes entre os pilotos apro-
vados na bateria de testes com notas apenas suficientes para lhes ga-
rantir classificação (the lowest stanine), era mais de duas vêzes maior
do que a dos aprovados com as notas altas. Ficou provado que o pre-
paro intelectual era um fator positivo, mas apenas um entre muitos.
Os países que já estão vivendo na Era EspaCial enfrentam agora,
talveá o mais complexo problema de seleção até hoje surgido na história
da psicotécnica: o da seleção dos cosmonautas.
Que qualidades mentais, morais e físicas deve possuir um indivíduo
para ser enviado ao espaço dentro de uma cápsula, circunavegar a Terra

XIII
à velocidade de quase 30.000 km por hora, metido em um uniforme hor-
1ipilante, e agir num meio ambiente em que o ser humano experimenta
a estranha sensação de imponderabilidade (wightlessness)?

E de se supor que os progressos conquistados nos métodos de seleção


dos pilotos de guerra haiam oferecido subsídios para a solução do pro-
blema de selecionar cosmonautas. Os sucessos obtidos na cosmonáutica
pela URSS e pelos Estados Unidos sugerem a conclusão de que êsse
problema de seleção também já se encontra em vias de ser resolvido.
Não se conhecem ainda os testes engendrados. Quais quer que sejam.
porém, é certo que saíram de laboratórios de psicologia aplicada à técnica

Conquanto não pretenda oferecer novidades a seus colegas profis-


sionais brasileiros, a presente contribuição de Ruth Scheeffer constitm
notável soma de esforços, leituras, vigílias, canseiras e meditações da
autora no campo de sua especialização. Dedicando-se à psicotécnica há
vários anos, pôde Ruth Schee!!er acumular, como professôra e profissio-
nal, um acervo de conhecimentos e experiências que a situam entre os
primeiros especialistas do ramo no Brasil.
Com esta contribuição de Ruth Scheeffer, os Cadernos de Adminis-
tração Pública tncorporam substância nova, tornam-se mais ricos como
repositório idôneo e atualizado de informações e ensinamento sôbre admi-
nistração científica, e dilatam para o Brasil as fronteiras da psicotécnica,
pondo à disposição dos administradores de pessoal de emprêsas públicas
El particulares recursos organizados sôbre o uso, o alcance e a fidedigni-
dade dos testes psicológicos.
Graça a ela, daqui por diante certos problemas de orientação e se-
leção profissional serão mais fàcilmente equacionados e solucionados'. no
Brasil, num período da história do País em que a necessidade de ténicos
em geral assume proporções dramáticas.

Rio, 9 de junho de 1962


BENEDICTO SILVA

XIV
APRESENTAÇÃO
A escassez em nosso idioma de literatura s6bre testes psicológivos e a
procura das súmulas que elaboramos para os cursos que ministramos no
Instituto de Seleção e Orientação Profissional sôbre Testes e Medidas, en-
corajaram-nos a publicar êsse despretensioso trabalho.
Nessa Introdução aos Testes Psicológicos pretendemos apenas desper-
tar o interêsse e fornecer subsídios aos estudantes que se iniciam na Psico-
logia, já que descrevemos, de maneira sumária, os testes mais usados no
nosso meio. Outrossim, considerando que se trata de uma publicação da
Escola Brasileira de Administração Pública, procuramos nos limitar -
com algumas raras exceções - aos testes que pOdem ser utilizados nesse
campo. Os que desejarem conhecimentos especializados terão que recorre7
a outros trabalho, e, para êsses interessados, indicamos uma bibliografia
básica, por assunto, no final de cada capítulo.
Outra excusa devida pela autora é pelo fato de ter apresentado o
título de alguns testes no seu original, em inglês. Todavia, não se trata
de mera preferência nossa, mas de acato ao uso generalizado no meio
especializado.
Agradecemos aos colegas do Instituto de Seleção e Orientação Pro-
fissional, Leonilda d' Anniballe Braga, Chefe da Seção de Aptidões Ar-
tísticas, que escreveu o capítulo IV, e a Reginaldo Milori, que fêz a
revisão dos originais. Aos alunos do curso de Formação de Auxiliares
de Psicotécnica, que, através de seus trabalhos práticos, nos proporcio-
naram, valiosa colaboração, estendemos os mesmos agradecimentos.

A AUTORA
Rio de Janeiro, 1.0 de fevereiro de 1960.

xv
CAPITULO I

PRINC1PIOS GERAIS
CONCEITO DE TESTES permite classificá-lo, do ponto de
PSICOLóGICOS
vista intelectual.
Os testes psicológicos visam
Os sêres humanos diferem en-
não somente a conhecer um ou
tre si com respeito às suas carac- mais aspectos da personalidade to-
terísticas psicológicas. Os testes
tal, mas, em última análise, pre-
ou medidas psicológicas são os ins- dizer o comportamento humano,
trumentos usados pelos profissio- na base do que foi revelado na
nais da psicologia para a investi- situação do teste.
gação e avaliação dessas diferen-
ças individuais. De acôrdo com DESENVOLVIMENTO HISTóRICO
Pichot, o teste psicológico pode DOS TESTES PSICOLóGICOS
ser definido como uma situação
padronizada que serve de estímu- O histórico dos testes psicoló-
lo a um comportamento por par- gicos está intimamente ligado ao
te do examinando; êsse compor- aparecimento e evolução da psi-
tamento é avaliado, por compara- cologia experimental, que teve lu-
ção estatística com o de outros in- gar nos meados do século XIX.
divíduos submetidos à mesma si- Um exame retrospectivo nos reve-
tuação, permitindo assim sua clas- la que os testes surgiram como
sificação quantitativa e qualitativa. conseqüência da necessidade de
Dessa forma, num teste de nível instrumentos de pesquisa, cienti-
intelectual, certos problemas ser- ficamente válidos e objetivos, a
vem de estímulo à capacidade de fim de serem utilizados no cam-
raciocínio do examinando, que po da psicologia experimental.
apresenta, nessa situação, deter- A fundação do primeiro labo-
minado rendimento; a compara- ratório de Psicologia Experimen-
ção estatística dêsse rendimento tal, pelo psicólogo alemão Wundt,
com a de outros indivíduos, nos em 1879, marcou o início das ex-
4 CADERNOS DE ADMINISTRAÇAO PúBLICA

pertencias científicas, visando Em 1895, Kraepelin e seus dis-


principalmente a investigar as sen- cípulos tentaram isolar e medir a
sações auditivas e visuais, a psico- memória, a associação e as fun-
física, tempos de reação, e outros, ções motoras, por meio de testes
que atestam a ligação inicial es- psicológicos. Eram êsses testes
treita entre a Psicologia e a Fi- também assaz rudimentares e de
siologia. pouco valor científico.
No período seguinte, sofreu a Em 1900, Stern, no seu livro
Psicologia Experimental a influên- "Psicologia Individual", estudava
cia da Biologia, quando tentou as diferenças raciais, culturais, so-
Galton aplicar os princípios do ciais, profissionais, sexuais, etc.,
evolucionismo de Darwin à sele- procurando investigar as causas
ção, adaptação e ao estudo do ser dessas diferenças, e como se ma-
humano. Em conexão com os seus nifestavam. Incluía também con-
estudos sôbre a hereditariedade e ceitos a respeito de tipos psico-
a genialidade, elaborou Galton lógicos e a investigação dos mes-
testes psicológicos, a fim de de- mos, através da análise grafoló-
terminar o grau de semelhança gica, conformação facial, etc., in-
entre parentes. Estes testes tenta- troduzindo inclusive o conceito de
vam medir principalmente a dis- quociente intelectual.
criminação sensitiva e capacidades O emprêgo sistemático de tes-
motoras do indivíduo. Deve-se tes para a apuração das diferen-
também a Galton a introdução dos ças individuais relativas à capaci-
métodos estatísticos para a aná- dade intelectual foi realizado na
lise das diferenças individuais. F rança, por A. Binet . Encarre-
CatteIJ, norte-americano, que gado de fazer uma pesquisa sôbre
havia sido aluno de Wundt, fun- as causas do retardamento esco-
dou no seu país, na Universida- lar dos alunos das escolas fran-
de de Colúmbia, o primeiro labo- cesas, empregou Binet, pela pri-
ratório de Psicologia Experimen- meira vez, testes de nível men-
taI. Entre os trabalhos realizados tal. Os testes de Binet, foram
neste laboratório assinala-se a ela- aperfeiçoados pelo americano Ter-
boração de testes psicológicos, em- man, que introduziu o método de
bora muito grosseiros, os quais apuração do quociente intelectual.
foram aplicados nos alunos da re- Outras modificações foram feitas
ferida Universidade. no teste de Binet, estendendo-se
INTRODUÇÃO AOS TESTES PSICOLóGICOS 5
a escala para crianças d~ 3 me- foram elaboradas provas para a
ses, a fim de avaliar o desenvol- investigação de outras habilida-
vimento mental das crianças em des, tais como psicomotricidade,
idade pré-escolar, pela observação aptidão artística, habilidade ma-
das suas atividades. nual, aptidão mecânica e outras.
Surgiram, em seguida, as esca- Os testes de personalidade sur-
las de maturidade de Gesell, com giram posteriormente aos de ní-
a finalidade de avaliar o desen- vel mental. O primeiro teste des-
volvimento dos processos de ma- sa natureza foi um questionário
turação, na primeira infância. Em elaborado por Woodworth, em
1917, apareceu o primeiro teste 1914, para a seleção dos convo-
de nível mental em forma de cados do exército norte-america-
execução, denominado Pintner-Pa- no. Vieram depois os testes de
terscn. personalidade do tipo projetivo,
Os primeiros testes de inteli- tais como o Psicodiagnóstico Rors-
gência em forma coletiva surgi- chach, "Thematic Apperception
ram por ocasião da Primeira Guer- T:st" e outros.
ra Mundial, em 1914. Foram êles Nas últimas décadas o progres-
os t:'stes "Army Alfa" e "Army so na elaboração dos testes psico-
Beta", elaborados com a finalida- lógicos tem sido contínuo. O
de de classificar intelectualmente "Anuário de Mensuração Mental"
os convocados para o exército nor- ("Mental Measurement Year-
te-americano. A aplicação dêsses book") de 1940, acusou a publi-
t~stes em grande número de pes- cação de 1500 testes até aquêle
soas permitiu a construção de nor- ano. O mesmo anuário, publica-
mas e padrões estatísticos para do em 1949, continha a lista de
vários grupos e a classificação das 700 novos testes. Atualmente
profissões de acôrdo com o nível apresenta cêrca de 3.000 testes pu-
mental. blicados.
Os estudos sôbre os componen-
USOS DOS TESTES
tes específicos da inteligência de- PSICOLóGICOS
terminaram o aparecimento de tes-
tes relativos às diferentes aptidões Os testes psicológicos têm sido
intelectuais. Surgiram assim pro- aplicados em todos os campos da
vas de aptidão verbal, espacial, psicologia, com finalidades prá-
abstrata, etc. Ao mesmo tempo ticas e teóricas. Espedficamente os
6 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PúBLICA

testes têm sido utilizados, de ma- mais adequados às diversas fun-


neira sistemática, nas seguintes ções.
atividades psicológicas: 5) Pesquisas - Possivel-
1) - Diagnóstico clínico (psi- mente, os testes têm sido os ins-
cológico e psiquiátrico) com o in- trumentos de pesquisa mais uti-
tuito de investigar e identificar lizados pelos psicólogos, desde o
distúrbios emocionais, neuroses e advento da psicologia científica.
psicoses. Preferentemente são usa- Outrossim, são usados em outros
dos, para êsse fim, testes de per- campos do conhecimento humano,
sonalidade do tipo projetivo ou tais como nas pesquisas médicas,
expressivo. antropológicas e sociológicas.
2) - Orientação Educacional
CLASSIFICAÇÃO
- visando o melhor conhecimen-
DOS TESTES PSICOLóGICOS
to das características e capacida-
des dos escolares, a fim de facili-
Há diferentes tipos de testes
tar seu ajustamento e aproveitar
llue são geralmente descritos em
adequadamente suas potencialida-
têrmos de relativo contraste ou
des. Os testes de aptidão intelec-
dicotomia que existe entre ê1es.
tual e as provas de interêsses
ocupam, em geral, um lugar de Te~tes de lápis e papel em opo-
destaque na atividade orientacio- sição a testes de execução - Nos
nal escolar. testes de lápis e papel, verbais ou
3) - Orientação profissional não verbais, as respostas são da-
- Os testes de aptidões, interês- das pele examinando por escrito,
ses e personalidade fornecem da- numa fôlha de pap:'l, enquanto
dos a respeito das possibilidades que os testes de execução envol-
e tendências vocacionais do indi- vem a realização de uma tarefa,
víduo, facilitando-lhe uma esco- por melO de material ou apare-
lha profissional adequada às suas lhos apropriados.
características pC'ssoais. Testes em oposição a inventá-
4) - Seleção de pessoal - rios - Os inventários envolvem
Os empregadores na indústria e um autojulgamento por parte do
no comércio, em instituições pú- examinando, enquanto que nos tes-
blicas e privadas, utilizam os tes- tes êste julgamento é feito pelo
tes para escolher os candidatos examinador. Outra característica
INTRODUÇÃO AOS TESTES PSICOLóGICOS 7
dos inventários é que não são jul- Vantagens dos testes coletivos:
gados à base de respostas certas
ou erradas, como acontece na a) Proporcionam economia de
maioria dos testes. As provas de tempo: podem ser aplicados
personalidade e de interêsses são, em grandes grupos.
(m geral, elaboradas em forma de b) Não exigem grande prática
inventários. por parte do aplicador.
Teste objetivo em oposição a c) Não sofrem a influência do
teste projetivo - O teste objetivo estado de espírito do exami-
consiste em questionário ou inven- nador.
tário, nos quais há um estímulo d) Oferecem maior facilidade de
determinado. Nos testes projeti- apuração.
vos o estímulo é vago e indeter-
minado e sua interpretação está ETAPAS DO PROCESSO
baseada no conceito de que o exa- DE ELABORAÇÃ.O DOS TESTES
minando projetará, nas respostas
dadas ao estímulo apresentado pelo 1) - Análise da aptidão ou
teste, suas características pessoais. do traço psicológico que se pre-
Testes individuais em oposição tende medir por meio do teste -
a testes coletivos - Conforme o Pode ser feita através de consul-
nome indica, os primeiros são apli- ta à bibliografia existente sôbre
cados individualmente, ao passo o assunto ou pela observação di-
que os segundos podem ser apli- reta. No caso de construção de
cados em grupos. Há vantagens e bateria de testes para determina-
desvantagens inerentes a êstes dois da profissão é necessária a aná-
tipos de testes. lise dessa profissão - análise pro-
Vantagens dos testes indivi- f issiográfica. Consiste na inves-
duais: tigação dos fatôres intelectuais,
a) Podem ser aplicados a anor- aptidões específicas, características
mais ou crianças menores de de personalidade, interêsses, exi-
4 anos. gidos para o exercício de deter-
b) Em geral são menos dispen- minada atividade profissional.
diosos quanto ao material Também é necessário o conheci-
usado. mento das condições de trabalho,
c) Permitem melhor observação treinamento conveniente, vanta-
da conduta do examinando. gens e desvantagens oferecidas.
8 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÁO PúBLICA

2) - Escolha de um critério senta para com êle próprio, e não


por meio do qual o teste possa deve ser inferior a .85.
ser validado - Uma vez escolhi- 5) - Validação - A valida-
do o traço psicológico que se de- ção é necessária a fim de se veri-
seja medir, é necessário que se se- ficar se o teste está medinào real-
lecionem evidências contra as quais mente o traço psicológico ou apti-
o teste possa ser validado. Entre dão que se deseja. Pode-se con-
os vários critérios utilizados os siderar um teste válido quando
mais comuns são: sucesso escolar; houver um bom coeficiente de cor-
eficiência na profissão; produção relação entre o critério adotado e
(no comércio e na indústria, prin- OS escores obtidos. Super apresenta
cipalmente); avaliaçãÇ> (ratings) a seguinte classificação para os
realizada por pessoas que conhe- coeficientes de correlação relati-
çam bem o traço que se deseja vos à validade dos testes:
medir; satisfação pessoal, usado
principalmente nas medidas de in- Acima de .80 - alta correla-
terêsse; sucesso profissional; ou-
ção
tros testes já existentes e conside-
.50 a. 80 - correlação
rados válidos.
substancial
3) - Construção do teste - . 30 a. 50 alguma cor-
Consiste na elaboração dos itens relação
verbais ou não verbais, ou na .20 a. 30 ligeira cor-
construção de aparelhos ou ou- relação
tros materiais, no caso de testes .00 a. 20 - pràticamen-
de execução. te nenhuma
4) - Revisão dos itens - Apli- correlação
cam-se os itens elaborados a um 6) - Padronização - Consis-
pequeno grupo em experiência ini- te na aplicação do teste a um ou
cial. Obtidos os resultados, cor- vários grupos, considerados sig-
rigem-se as irrelevâncias dos itens, nificativos e representativos, a
a fim de assegurar-se a consistên- fim de se obterem as normas, de
cia interna do teste, bem como comparação. A padronização deve
seu coeficiente de fidedignidade. ser feita levando-se em conta as
:Esse coeficiente expressa o grau diferenças regionais, culturais e
de concordância que o teste apre- profissionais.
IN'fIWDUÇÃO AOS TESTES PSICOLóGICOS 9

7) - Análise fatorial - Cons- Oferece também algumas des-


titui a etapa final do processo de vantagens entre as quais podemos
elaboração de um teste. Este é citar: 1) - elaboração demorada,
submetido ao processo estatístico, 2) - dá margem à "adivinha-
dénominado análise fatorial, com ção" , 3) - reduz a capacidade de
a finalidade de se verificar os seus composição, exposição de fatos,
vários componentes. organização de idéias e expressão
do estilo literário individual.
TIPOS DE ITENS EMPREGADOS
NA ELABORAÇÃO DOS Regras para a construção de
TESTES OBJETIVOS itens:
Os tipos de itens mais comu- 1) Os enunciados devem ser
mente usados na elaboração dos positivos, pois os negativos, em
testes do tipo objetivo, de lápis e geral, causam confusão.
papel: 2) Evitar o uso de palavras
1) Certo ou errado de significado ambíguo ou vago.
2) Lacuna A linguagem usada deve ser cla-
3) Escolha múltipla ra e objetiva.
4) Emparelhamento de itens 3) Incorporar apenas uma
5) Analogias idéia em cada item.
Convém notar que êsses tipos 4) Evitar generalização d::-
de itens também podem ser utili- masiada.
zados com muitas vantagens na ela- 5) Procurar não recorrer ao
boração dos testes ou provas de uso de "palavras-chaves", que ve-
conhecimento e de escolaridade. nham favorecer a adivinhação.
Entre outras vantagens apresentam 6) Evitar itens que possam vir
as seguintes: 1) - facilita a cor- a dar respostas a outros itens.
reção; 2) - facilita o julgamento 7) As instruções devem ser
referente às notas, evitando a in- claras.
fluência de elementos estranhos, 8) Nos testes compostos de
depositando mais ênfase no co- itens "certo ou errado" o número
nhecimento objetivo dos fatos; 3) de itens certos deve ser equiva-
- permite a avaliação mais am- lente ao de itens errados. Estes
pla do conhecimento; 4) - per- não devem, porém, ser alternados.
mite maior economia no tempo de 9) Nos itens de "escolha múl-
aplicação e apuração. tipla" deve haver, no mínimo, 4
10 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PúBLICA

ou 5 respostas a serem escolhidas, cação e na apuração dos resulta-


e as respostas erradas não devem dos. Dada a importância dessa
ser absurdas. função, é imprescindível que o
A fim de evitar o efeito da adi- examinador respeite determinadas
vinhação existem fórmulas de cor- regras, no processo de aplicação
reção que podem ser utilizadas das provas. O examinador deve:
.(om vantagem, como por exem- 1) Ler atentamente o manual
plo: do teste que pretende aplicar.
2) Conhecer as instruções pa-
E ra a aplicação.
s C- ou 3) Assegurar condições de tra-
n - I balho favoráveis: espaço, assento
confortável, silêncio, luz suficien-
n te, etc.
S = T - (E - O) 4) Antecipar e evitar possíveis
n - I distrações.
5) Providenciar material.
s = escore 6) Estimular a atenção do
C= respostas certas orientando com uma palestra m-
E = respostas erradas trodutória.
O omissões
7) Providenciar número sufi-
n = número de respostas al- ciente de supervisores. É neces-
ternativas apresentadas em
sário um supervisor para cada 25
cada item
examinandos.
8) Assegurar a necessária
É aconselhável, mas não obri-
identificação dos examinandos.
gatório, dispor os itens em ordem
de dificuldade crescente. 9) Distribuir os testes com as
respectivas fôlhas de resposta.
APLICAÇÃO DOS TESTES 10) Ler em voz alta, clara e
E APURAÇÃO DOS RESULTADOS lentamente, as instruções do teste.
Dar explicações extras, quando ne-
Os testes psicológicos são ins- cessário.
trumentos de mensuração. Portan- 11) Efetuar contagem rigoro-
to é necessário que haja o máxi- sa do tempo de aplicação, em mi-
mo de precisão na técnica de apli- nutos e segundos.
INTRODUÇÃO AOS TESTES PSICOLóGICOS 11

12) Registrar qualquer anor- Outro aspecto importante da


malidade ocorrida durante a apli- aplicação das provas é a seqüên-
cação. cia das mesmas. É aconselhável
13) Não permitir qualquer in- iniciar a aplicação com uma pro-
VJ. mais leve, de preferência um
terrupção durante a aplicação da
questionário de atitudes, ou de
prova. interêsse vocacional, a título de
14) Interromper a execução motivação, sem que sobrevenha a
da prova ao terminar o tempo mar- fadiga. A segunda e a terceira
cado, não permitindo a completa- provas podem ser de aptidão ou
ção de mais item algum. de nível mental, que envolvam
15) Contagem rigorosa dos ct'rta dificuldade. Convém encer-
pontos, com a necessária revisão, ur a aplicação com uma prova
de preferência feita por outra pes- mais fácil, a fim de deixar uma
soa. impressão agradável.

BIBLIOGRAFIA

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9 - SUPER, DONALD - Appraising Vocational Fitness. N. Y.,
Harpers & Brothers, 1949.
CAPíTULO 11

A AVALIAÇÂO DA INTELIGÊNCIA GERAL


A - NATUREZA pretendendo medir êsses vanos"
DA INTELIGENCIA componentes, embora os resultados
finais fôssem englobados num es-
DEFINIÇÃO E core único. De acôrdo com Binet,
COMPONENTES DA INTELlGfNClA
a inteligência visa, sobretudo, ao,
A inteligência tem sido defini- ajustamento contínuo do indivíduo
da pelos psicólogos de maneira ao seu ambiente, como resultado
variada. Em parte, as definições da organização mental, que envol-
estão baseadas nas concepções teó- ve várias funções: compreensão,
ricas sôbre a atividade intelectual. juízo crítico, invenção, direção.
O americano Thorndike fazia_
Nos fins do século passado, o distinção entre dois níveis de ca-
conceito sensório-motor da inteli- pacidade intelectual: a) um me-
gência refletia-se nas tentativas de nos profundo, constituído de me-
sua avaliação através de testes de ras associações de idéias, forma-
discriminação sensorial. Acreditava- ção de conexões e aquisição de
se, naquela época, que o estudo informação e hábitos; b) outro,.
dêsse aspecto forneceria a chave mais profundo, indicando a capa--
para a determinação do grau de cidade de raciocínio abstrato, de
inteligência. generalização, inferência de rela-
No início do século atual, os ções, raciocínio indutivo e de-
trabalhos de Alfred Binet chama- dutivo. De acôrdo com os seus
ram a atenção para um conceito componentes, subdividia a inteli-
diferente de inteligência, que da- gência em três tipos: social, con-
va ênfase às atividades mais com- creta e abstrata. Ao primeiro, cor-
plexas e altamente organizadas, respondia a habilidade de com-
tais como: memória, associação, preender e lidar com pessoas; ao'
julgamento e atenção. No teste que segundo, a de operar com coisas,
êle elaborou, incluiu alguns itens instrumentos de mecânica ou cieo--
16 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PúBLICA

tíficos; ao terceiro, a de com- Guilford, em pesquisas recentes,


preender ou jogar com símbolos obteve o número total de 28 fa-
verbais, abstratos e numéricos. tôres componentes. Ê provável que
Os psicólogos da escola gestal- esta lista se ampliará no futuro.
tista consideravam a inteligência
HEREDITARIEDADE E AMBIENTE
como o resultado de uma reação
global do indivíduo em seu am- Há muito perdura uma con-
biente. Referiam-se à capacidade trovérsia sôbr~ ~ fatôres prepon-
intelectual, como por exemplo, a derantes na determinação da in
percepção de um detalhe, como teligência: há aquêles que defen-
sendo uma reação a uma situação dem a influência primordial da
total, principalmente uma relação hereditariedade e os que se ba-
entre meios e fins. tem pela supremacia dos fatôres
Bastante divulgada é a teoria do ambientais. Os geneticistas, des-
inglês Spearman que considerava de Galton, são adeptos da teoria
na atividade mental dois aspectos de que o maior ou menor grau de
distintos: o fator G (geral) e o fa- capacidade intelectual decorre dos
tor S (especial). genes hereditários· Os ambientistas,
Thurstone submeteu a inteligên- por sua vez, vêm tentando provar
cia a uma análise fatorial e con- que a inteligência se desenvolve
seguiu isolar oito componentes: 1) sob a ação do ambiente. Os resul-
raciocínio numérico; 2) visão es- tados das pesquisas, até o mo-
pacial; 3) rapidez de percepção; mento, não confirmam, integral-
4) memória; 5) relação verbal; mente, qualquer dêsses pontos de
6) fluência verbal; 7) dedução; vista, havendo, entretanto, certa
8) indução. evidência de que a hereditarieda-
Mais tarde, o United States de des:?mpenha o principal papel.
Employement Service obteve onze
CARACTERISTICAS DA
fatôres integrantes da atividade in-
INTELIGllNCIA
telectual, através de análise seme-
lhante à realização por Thurstone. O grau de inteligência do indi-
Incluía entre êsses elementos, as víduo, tal como é medido pelos
aptidões psicomotoras, subdividin- testes, tende a ser constante. To-
do a rapidez de percepção em dois davia, é muito comum haver cer-
fatôres distintos: a percepção de ta discrepância nos resultados obti-
símbolos e a percepção espacial. dos. Dois fatôres podem ser os
INTRODUÇÃO AOS TESTES PSICOLóGICOS 17

responsáveis pela variação: 1) di- cia, os alunos de cursos indus-


ferença nos valôres atribuídos ao triais. Constatou-se também que
quocient:: intelectual, resultante do os alunos dotados de inteligência
critério adotado para sua mensu- superior tendem a se dedicar a
ração nas diversas provas (exem- profissões liberais, seguidas das
pIo: quociente intelectual médio profissões altamente técnicas ou
do teste Otis Primário é inferior administrativas. Nos Estados Uni-
20 do Bin~t-Terman); 2) influên- dos, é necessário que o indivíduo
cia perturbadora de fatôres extra- tenha um quociente intelectual mí-
intelectuais, tais como conflitos de nimo igual a 90 para a comple-
natureza emocional, situação de tlção do curso secundário e 110
d::sajustamento, neurose ou mes- para a do curso superior.
mo enfermidade de origem orgâ- Em nosso país, técnicos do
nica, cujo efeito negativo no ren- SENAC realizaram uma pesquisa,
dimento intelectual do indivíduo de acôrdo com a qual foi aplica-
Fede ser de tal maneira intenso, do o teste Meilli a um grupo
cjue chega a invalidar os csulta- de alunos de curso comercial de
dos dos testes. ní v: I secundário, verificando-se
existir uma correlação insignifi-
o NÍVEL INTELECTUAL E AS cante entre os resultados obtidos
DIFERENÇAS EDUCACIONAIS
E PROFISSIONAIS e as notas escolares. Atribuiu-se
(:sse fato ao sistema pouco fid~­
Têm sido efetuados estudos a digno empregado na avaliação dos
fim de se investigar a relação en- trabalhos escolares, nos quais há,
tre o grau de nível mental e os principalmente, um excesso de me-
vários aspectos da vida escolar. morização, em detrimento de ou-
Pesquisas realizadas com estudan- tras atividades mentais. Por ou-
tes das escolas secundárias norte- tro lado, um estudo feito por êsse
-americanas, demonstraram haver grupo num grande estabelecimen-
uma r~ lação entre a inteligência to de administração comercial do
e a escolha do currículo escolar: Rio dé? Janeiro, demonstrou haver
os alunos do curso secundário do uma correlação entre o nível men-
tipo acadêmico apresentavam ní- til do indivíduo e o seu sucesso
vel mental mais elevado do que na hierarquia administrativa. Não
os de curso comercial; êstes, por há dúvida, porém, de que a pos-
sua vez, superavam, em inteligên- sibilidade de seguir determinadas
18 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PúBLICA

profissões, bem como o respectivo etapa de extraordinário valor no


sucesso, dependem, em grande es- campo da psicologia aplicada. Até
cala, das aptidõ~s intelectuais do então, os psicólogos haviam rea-
indivíduo. Isto porque aquelas lizado uma série de tentativas pa-
exigem não só grau maior ou me- ra a avaliação das diferenças in-
nor de inteligência, como tam- dividuais, porém, sem resultado
bém o predomínio de um ou ou- satisfatório. Foi o psicólogo fran-
tro de seus componentes. :É neces- cês Alfred Binet, o primeiro a
sário notar, entretanto, que a re- encontrar o caminho certo para a
lação entre o sucesso profissional e verificação de uma das mais im-
o Q. I. tende a diminuir quando portant?s diferenças individuais: a
se trata de profissões que requerem de nível mental. Vejamos, ràpi-
contato humano e nas quais as damente, o desenvolvimento, no
características de personalidade tempo, das atividades de Bin't,
desempenham papel preponderan- das quais resultaram a criação de
te. Entre essas profissões podemos seu teste:
citar o magistério, primário e se- 1896 - Binet e seu colabof!l-
cundário, no qual um nível men- dor Henry publicam o resultado
tal acima do mínimo exigido não dos estudos que realizaram sôbre
parece contribuir para o sucesso as seguintes funções: memória,
em seu exercício; pesquisas reali- natureza da imagem mental, ima-
zadas nos EE. UU. revelaram que ginação, atenção, compreensão,
os professôres melhor sucedidos sugestionabilidade, apreciação es-
nas suas atividades profissionais tética, sentimentos morais, julga-
não eram Os que apresentavam o mento visual, habilidade motora.
nível mental mais elevado. Evi- Acreditavam êles que o conheci-
dentemente, êsse fato não pode m~nto do grau dessas funções no
ser estendido a profissões cuja ati- indivíduo dariam uma idéia geral
vidade essencial seja a de pesqui- de sua pessoa, permitindo distin-
sa e a de elaboração científica. gui-lo de outros do seu meio am-
biente. Nesses estudos encontram-
B - TESTES DE NIVEL -se os fundamentos do teste de
MENTAL Binet.
A ESCALA DE BINET
1904 - Designado pelo Minis-
O aparecimento do teste de ní- tro de Educação da França para
vel mental Binet representa uma elaborar meios para a identifica-
INTRODUÇÃO AOS TESTES PSICOLóGICOS 19

ção de crianças incapazes de "pr n- aplicável em crianças de 3 a 13


dizagem escolar Bintt iniciou, anos. O processo de padronização
com a colaboração de Simon, a e de amostragem foi melhorado.
construção de um instrumento de Outrossim, foi introduzido o con-
mcnsuração da inteligência, pro- ceito de idade mental, que pode
curando isolá-la o mais possível, ser definido como o conjunto das
de outros fatôres. possibilidad~s gerais da média das
crianças, em determinada idade.
1905 Ê publicada, no
"L'année Psychologique", a Esca- 1911 - Foi realizada nova re-
la Binet-Simon - denominada visão na escala que nesta época já
dessa forma porque os itens esta- era conhecida e divulgada em inú-
vam organizados em ordem de di- meros países. Nesse mesmo ano,
ficuldade. Baseava-se no princí- dá-se a morte de Binet.
pio de que era possível se identi- Convém notar que o conceito de
ficar as diferenças de :"!ptidão quociente intelectual (Q . I .) só
intelectual por meio das dtferen- foi introduzido em 1912, pelo psi-
ças dos níveis de desenvolvimen- cólogo alemão Stern. Podemos de-
to, apresentados pela média das finir o Q. I. como a representa-
crianças das várias idades. Assim, ção numérica do nível mental do
indivíduo como o quociente entre
se conhecermos os níveis de capa-
idade mental (L M.) e a sua idade
cidade intelectual de representan-
cronológica ou real (I. C . ) .
tes típicos e normais das várias
idades, poderemos averiguar se
REVlSOES DA ESCALA DE
uma determinada criança apresen-
IlINET·SIMON
ta desenvolvimento intelectual ace-
lerado, retardado, ou simplesmen-
te médio. Constava êsse primeiro As inúmeras revlsoes do teste
teste de 30 itens sobrepostos em de Binet revelam a significativa
ordem de dificuldade e agrupados preocupação dos psicólogos com o
aperfeiçoamento dêsse valioso ins-
por idade.
trumento de medida. Entre outras
1908 - Binet e Simon publi- podemos citar as revisões de God-
cam uma nova forma, aperfeiçoa- dard (1911) de Yerkes, (1915 e
da, do seu teste. O número de 1923) e as de Kuhlmann (1912,
itens foi aumentado para 59 e era 1922, 1939). As mais famosal
20 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PüELICA

são, sem dúvida, as revisões rea- um Q. I. igual a 100. Assim uma


lizadas na Universidade de Stan- criança de 5 anos, dotada de ní-
ford, nos EE. UU., em 1916 e vel mental médio, obteria no teste
1937. uma idade mental de 5 anos, e o
Revisão de Stanford de 1916 - seu Q. 1. seria igual a 100.
Foi realizada por lewis Terman c Validade - Obteve-se o coefi-
seus colaboradores, com a finali- ciente de validade .48 com o cri-
dade de proporcionar um instru- tério adotado - classificação dos
mento de mensuração do nível professôres e rendimc'nto escolar.
mental, ad:::quadamente padroniza- Fidedignidade - .80 a .95,
do e adaptado à população norte- considerado altamóute satisfatório.
-americana. Foi denominado teste Método de apuração - Para
Stanford-Binet ou Binet-Termafl. cada idade há 6 itens, equivalen-
Conteúdo: 90 it~ns para crian- tes a 2 meses cada. Recebe-se 2
ças de 3 a 14 anos, incluindo meses de idade mental para cada
também um grupo de itens para item acertado. Não há itens espe-
serem utilizados com pessoas adul- cíficos para 11 anos, porque os
tas. Dêsses 90 itens, 54 foram autores tiveram dificuldade em
adaptados da escala de Binet de elaborá-los de maneira a difC'ren-
1911, 5 de escalas anteriores de ciar 10 de 11 anos. Explica-se
Binet, 4 de outros testes ameri- pelo decréscimo na marcha do
canos, e 27 itens eram novos e desenvolvimento intelectual nesta
elaborados por Terman. idade: há uma parada, etapa pre-
Padronização - Foram exami- paratória para a puberdade. Para
nadas, no processo d~ padroniza- a idade de 12 anos há 8 itens de
ção do teste, aproximadamente 3 meses cada. Pa:ra a idade de
2 . 300 indivíduos, incluindo crian- 14 anos há 6 itens de 4 meses
ças normais, deficientes, supe'r- cada. Não há itens específicos pa-
dotadas e adultos. O princípio ge- ra 13 e 15 anos.
ral usado para a padronização foi Obtém-se o resultado final com
hz::r coincidir, no nível conside- a seguinte operação:
rado intelectualmente médio a Idade Mental (L M.)
idade cronológica (1. e. ) co~ a Q. L
idade mental (I. M. ), resultando (L C.)
INTRODUÇÃO AOS TESTES PSICOLóGICOS 21
QUADRO I

TABELA DE TERMAN PARA CLASSIFICAÇÃO DOS Q.1.

Superior a 140 - Inteligência genial


De 120 a 140 - Inteligência muito superior
De 110 a 120 - Inteligência superior
De 90 a 110 Inteligência normal ou média
De 80 a 90 Inteligência rude - raramente: classificada como
debilidade mental
De 70 a 80 Inteligência deficiente - no limit2 de normalida-
de - classificada às vêzes como rudeza e mais a
miúdo como debilidade mental
Inferior a 70 - Debilidade mental definida

Nível intelectual de adultos - tra eram da Califórnia, toroando-a


Considerando que o nível int:>lec- assim pouco representativa da po-
tual não se desenvolve continua- pulação norte-americana; 3) mui-
mente na idade adulta, foi neces- to carregada de material verbal.
sário abandonar o critério de com- Revisão de Stanford de 1937 -
paração entre idade mental e cro- Realizada também por Terman,
nológica, para a avaliação intelec- com a colaboração de Merrill e
tual dêsse grupo. Os adultos estu- publicada no livro ,. Measuring
dados por Terman revelaram uma Int-::lligence". Difere da escala
idade mental média de 16 anos, anterior em detalhes mas não nas
sendo portanto considerado êsse o concepções básicas. Apresenta as
nível máximo. seguintes modificações: 1) pos-
Crítica - Entre as críticas fci- sui duas formas equivalentes (L e
tas ao teste Stanford-Binet encon- M); 2) os itens considerados in-
tram-se as seguintes: 1) foi con- satisfatórios foram eliminados e
siderado inadequado para a ava- incluídos novos itens, perfazendo
liação da inteligência de adulto e um total de 129; 3) a escala foi
melhor para crianças de 5 a 10 estendida até o nível de dois anos;
anos; 2) a padronização foi jul- 4) foi aperfeiçoado o processo de
gada deficiente, visto que cêrca de padronização, mormente para os
l.000 crianças incluídas na amos- níveis inferiores a 5 anos e supe-
22 CADERNOS DE AD:.\HNISTI:AÇÃO PúBLICA

riores a 14; 5) foram adiciona- efetivamente com o seu meio-am-


dos grupos de testes para 11 e 13 biente". É global porque carac-
anos; 6) foi incluído maior nú- teriza a atividade total do indiví-
mero de material não-verbal. duo; é um agregado porque é com-
O teste Binet-Terman é, sem posta de elementos ou habilida-
dúvida, o mais usado para avalia- des, que, apesar de não serem in-
ção da inteligência infantil, bem teiramente independentes, são qUl-
como para a determinação do ní- litativamente diversas. Avalia-se a
vel de deficiência mental. A indi- inteligência pela mensuração des-
cação da idade mental representa sas habilidades. A inteligência
um dos recursos mais úteis e im- não é porém idêntica à mera soma
portantes e que tornam êsse teste dessas habilidades. O produto fi-
insubstituível, tanto no campo clí- nal de um ato inteligente não é
nico como na educação. Não apenas uma função de números de
obstante, tem sido alyo de algu- habilidades ou de sua qualidade,
mas críticas: 1) ainda se encon- mas inclui também a maneira pela
tra demasiadamente carregado de qual estas são combinadas, isto é,
fatôres verbais, como proya a alta sua configuração. Além do mais,
correlação do subteste verbal com outros fatôres que não são propria-
o escore total; 2) encontra-se tam- mente de natureza intelectual, co-
bém carregado de fatôres relacio- mo por exemplo incentivos, estí-
nados com aprendizagem escolar e mulos, motivações, desempenham
aquisição cultural; 3) pouco indi- uma função no ato intelectual. Fi-
cado para adultos de nível cul- nalmente, enquanto que tipos di-
tural elevado, por apresentar nes- ferentes de atividade inteligente
ses casos pouco poder discrimi- exigem vários graus de habilidade:
natório. intelectual, o excesso de uma cer-
ta habilidade adiciona relativa-
o TESTE MECHSLER-BELLEVUE
mente pouco à eficiência da ativi-
Fundamentos Teóricos - No dade total.
sue livro "The Measurement of Apesar da inteligência não ser
Adult InteIligence" Wechslcr de- a mera soma das habilidades inte-
fine a inteligência como "agrega- lectuais, a única maneira de ava-
do ou capacidade global do indi- liá-la quantitativamente é através
víduo de agir com finalidade, de da mensuração dos vários aspec-
pensar racionalmente e de lidar tos dessas habilidades. Acreditava
INTRODUÇÃO AOS TESTES PSICOLóGICOS 23

Wechsler, que além dos compo- para adultos apresentadas por


nentes "g" e "s" de Spearman, \lÇ'eschsler:
havia uma série de fatôres extra-
19 ) - Os testes individuais de
intelectuais chamados por ê1e de
inteligência elaborados anterior-
fatôres X e Z, que desempenha-
mente (quase todos de tipo Bine/) ,
vam uma importante função numa
não haviam sido padronizados em
atividade intelectual. Até então,
número suficiente de adultos para
havia-se feito o possível para iso-
oferecerem evidências válidas.
lar êsses fatôres, quando se trata-
va da elaboração de um test:e de 29 ) - O conceito de Quocien-
nível mental. Wechsler, ao con- te Intelectual (Q. 1. ), obtido
trário, insistia que se na vida real através da fórmula
êsses fatôres extra-intelectuais fa-
ziam parte de uma atividade in- Idade Mental
telectual, era evidente que deve- não poderia
riam também ser incluídos nas es- Idade Cronológica
calas de nível mental. Tratando- ser adotado para adultos, porquan-
se, principalmente, de adultos, um to pressupunham uma constância
teste de nível mental é tanto me- de relações entre a idade cronoló-
nos válido quanto m:enos mede os gica e o desenvolvimento mental
fatôres X e Z. O teste de Wechs- que não existe depois dos 15 ou 16
ler pretende medir não somente o anos.
aspecto global da atividade inte-
lectual mas, inclusive, os fatôres 39) - Os testes de inteligên-
X e Z, não-intelectuais mas defi- cia tipo Binet haviam sido elabo-
nitivamente incluídos na atividade rados para crianças e validados em
mental. Tratando-se da mensura- critérios de escolaridade e sucesso
ção da inteligência do adulto tor- escolar; como tal não poderiam
na-se menos possível a apuração corresponder ao grau de capacida-
do grau integral de inteligência, de intelectual da idade adulta.
através de um teste de nível men- 49 ) - Nos testes acima men-
tal que não focalize os múltiplos cionados, como haviam sido elabo-
aspectos e a complexidade de que rados para crianças, os itens não
se compõe. estimulavam nem motivavam as
Razões para a elaboração de uma pessoas de idade adulta, que os
escala de nível mental específica consideravam tolos e infantis.
24 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PúBLICA

59) Dava-se maior ênfase culando e classificando o Q. I _


em rapidez do que na exatidão do indivíduo por meio do sistema
da execução, o que tornava os tes- de Erro Pro~ável, conforme se
tes até então usados inadequados observa no Quadro 11.
para a mensuração do nível men- O Q. I. obtido pode ser trans-
tal do adulto, pois neste há um formado em percentil sendo esta
decréscimo de rapidez, com maior última classificação a mais comu-
preocupação com o fator exatidão. mente usada nos Estados Unidos
6 9 ) - Wechsler adotou o cri- para a determinação do nível men-
tério estatístico de point seaJe cal- tal.

QUADRO 11

Limites em têrmos de
Classificação sigmas Por cento incluído

Deficiente 3 E. P. ou abaixo 2.15


Marginal 2 a 3 E. P. 6.72
Rude 1 a 2 E. P. 16.13
Normal 1 a + 1 E. P. 50.00
Normal brilhante + 1 a + 2 E. P. 16.13
Superior T
I
2 a + 3 E. P. 6.72
Muito superior + 3 a E. P. ou acima 2.15

Classificação Q.1. Por cento incluído


Deficiente 65 ou abaixo 2.2
Marginal 66 a 79 6.7
Rude 80 a 90 16.1
Normal 91 a 110 50.0
Normal brilhante 111 a 119 16.1
Superior 120 a 127 6.7
Muito superior 128 e aCIma 2.2

Classificação da inteligência de acôrdo com Q. r. (de Wechsler)


(ele 10 a 60 anos)
INTRODUÇÃ.O AOS TESTl':S PSICOL·ÔGICOS 25

QUADRO III Conteúdo do teste - A cons-


trução de um teste de inteligên-
cia implica um conceito sôbre a
Percentil Q. I . natureza da inteligência. Uma es-
p2cialista que a considera, princi-
palmente, como a capacidade de
1 59 raciocinar com símbolos abstratos,
3 68 empregará êste tipo de itens na ela-
5 73 boração de um teste de nível men~
7 77 tal. Os que consideram como
10 81 a habilidade de execução práti-
15 85 ca, usarão testes de execução. A
20 89 concepção da inteligência como
25 91 uma atividade múltipla, levou Da-
30 94 vid \'V'echsler à escolha de uma
35 96 série de itens de natureza diver-
40 98 sa, que avaliassem todos os pos-
45 99.7 SlvelS aspectos da inteligência.
50 101.4
Os itens foram elaborados a priori
55 103
105 e, depois das primeiras apurações,
60
65 106 foram conservados apenas aquêles
70 108 que discriminavam de uma manei-
75 110 ra definitiva, as pé'ssoas de mais
80 112 alto nível mental das que possuís-
85 115 sem um nível menos alto. Inúme-
90 118 ros itens foram retirados, após vá-
95 123 rias experiências, por não serem
97 125 considerados suficientemente vá-
99 130
lidos e fidedignos.

Compõe-se o teste Wechsler Bel-


Ranks de Percentil para Q. 1. de
10 a 60 anos (de acôrdo com a levuc de 11 subtestes, assim dis-
Escala Wechsler Bellevue tribuídos:
26 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PúBLICA

(
I 19) Informação tal. Há um total de 25 pergun-
tas às quais é dado valor posi-

Ve<b,~ 1
2 9 ) Compreensão
3~) Aritmética tivo ou negativo. Não se conta
4 9 ) Números tempo.
59) Semelhanças Compreensão - Usado ante-
69 ) Vocabulário riormente em testes coletivos. É
composto de 10 perguntas tais
r) Completação de como: por que se paga impostos?
figuras ou por que os sapatos são feitos
89) Arrumação de de couro? As respostas são valo-
figuras radas com 0, + 1 ou + 2 pon-
Execução 99 ) Reunião de tos. Não se conta o tempo. A na-
objetos tureza das respostas permite diag-
10 9 ) Mosaicos nóstico clínico a respeito da per-
11 9 ) Símbolos nu- sonalidade.
méricos Aritmética - O raciocínio arit-
mético sempre foi considerado
Há normas para adultos de 16 como prova de inteligência. Cor-
a 60 anos e para crianças e ado- relaciona altamente com provas de
lescentes de 10 a 15 anos, sepa- capacidade intelectual. Ê de fácil
radamente. elaboração e atraente para os adul-
Descrição dos itens - Infor- tos. Tende a decrescer com a ida-
mações - Muito usado em tes- de. Os itens são compostos de 10
tes de inteligência, apesar de ser pequenos problemas que o exami-
criticado pelo fato de pressupor nando deve responder dentro de
certa aquisição cultural. Entretan- um tempo limite. Crédito é dado
to já havia sido empregado com à rapidez. A correlação com o
muito boa correlação no Army escore total é de 0.67.
Alfa. No Wechsler Bellevue as Memória Numérica - Havia si-
perguntas nem sempre envolvem do usada, anteriormente, por Bi-
cultura pois abordam assuntos neto Consiste na repetição de sé-
qu:: qualquer cidadão de inteli- ries numéricas (que aumentam
gência normal conhece. (Como gradativamente) em ordem direta
por exemplo: qual é a altura mé- e inversa. Contém fraco fator g e,
dia da mulher brasileira?) Cor- pelo fato de envolver os fatôre~
relaciona 0.72 com o escore to- memória e atenção) não discrimi-
INTRODUÇÃO AOS TESTES PSICOLóGICOS 27

na entre os níveis mais altos de cepção básica do indivíduo, impli-


capacidade intelectual. A correla- cando reconhecimento visual e ca-
ção com o escore total do teste é pacidade de observação e de iden-
de 0.51. tificação de formas familiares.
S~melhança - Consiste em in- Consiste em 15 figuras, cada qual
dicar a semelhança entre diversas sem uma parte. Há, por exemplo, a
coisas tais como, madeira e álcool, figura de um homem sem a meta-
poema e estátua, ÔVO e semente, de do bigode, e de um navio no
etc. São ao todo 12 itens. É con- qual falta a chaminé. Indica a ha-
siderado o melhor teste de tôda a bilidade do indivíduo diferenciar
bateria. Inclui grande dose de fa- as partes essenciais das não essen-
tor g: raciocínio de relações e ciais. Há um tempo limite de 15
processos lógicos de pensamentos. segundos para cada figura.
As respostas são valoradas com Mosaico - Originou-se dos
0,1 e 2 créditos. A correlação com cubos de Kohs. É o subteste que
o escore total é de 0.73. maior valor discriminativo apre-
Arrumação de figuras - Usada senta, quando usado individual-
anteriormente por Decroly e mente. Apresenta também ótima
nos testes Army. Consiste numa correlação estatística com o esco-
série de quadrinhos que devem re total do teste e com os vários
ser arrumados pelo examinando a subtestes, tanto verbais como de
fim de formar uma história. Re- execução. Envolve habilidade de
ferem-se a situações humanas e análise e síntese. Compõe-se de 7
exigem uma compreensão global desenhos que o examinando de-
da situação. De todos os subtes- ve realizar, os 4 primeiros com
t:"S é talvez o que mais sofre in- 4 cubos. O 59 e o 6 9 com 9 cubos
fluências culturais. Há várias ar- e o último com 16 cubos. Há um
rumações possíveis para as diver- tempo limite para a execução e
sas séries e em caso de uma apre- créditos são dados pela rapidez
sentação pouco comum convém Permite a análise qualitativa do
mandar o examinando explicar a indivíduo: atividade, emotividade,
história. Os créditos para cada método de trabalho, nervosismo,
série: variam de acôrdo com a ar- etc. Tem grande valor diagnós-
rumação e o tempo de execução. tico. Indivíduos emocionalmente
Complemento de figuras - Ti- perturbados não conseguem reali-
rado do teste Healy. Mede a per- zá-la.
28 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PúBLICA

Símbolos Numéricos - Retira- cia geral. Não se pode porém des-


do do "Army Beta". O indiví- prezar inteiramente as influências
duo tem que associar símbolos a culturais. Daí sua inclusão não ser
números, com presteza c exatidão. obrigatória em todos os casos. As-
Há certas contra-indicações devido p:::nos qualitativos podem ser obti-
ao aspecto motor, pois é necessá- dos através das definições dadas
rio usar lápis e papel. E, portan- pdo examinando. Altíssima co[n:-
to, contra-indicado para analfabe- laç5:o com o escore total = 0.85.
tos e pessoas muito idosas, nas Consiste em 42 palavras, das quais
quais a rapidez motora teve gran- se dev~ dar a definição. Aplica-
de decréscimo. Os neuróticos ten- se a lista até que o indivíduo fJ.-
dem a obter resultados baixos, de- lhe sucessivamente em 5 palavras.
vido a rapidez e dificuldade d:: As respostas são valoradas com 1
concentração em tarefas muito de- ou 1/2 ponto, de acôrdo com a
moradas e que exijam esfôrço p~r­ d finição dada.
sistente. O tempo limite é de 1 1/2 O \ve:hsler-BeIlevue como ins-
minuto e conta-se um ponto para trumento de diagnóstico clínico -
cada associação correta. O Wechsler-BellevlL', além de es-
Reunião de Objetos - C0111- cala de mensuração do nível men-
põe-se de três partes: o m:tnequim, tal, pode ser usado CC11l0 instru-
a mão e o perfil, que se acham mento d:: diaEnóstico clínico. De
divididos em pedaços e que devem uma man::ira ampla, uma discre-
ser recompostas pdo examinando. pância por demais acentuada en-
O manequim e o perfil origina- tre os diversos subtestes, é indi-
ram-s ~ do teste Pintner-Paterson. cação de distúrbios emocionais. Há
A mão é criação de Wechsler. Foi entretanto outras características.
incluído na bateria depois de mui- Geralmente os portadores de le-
ta hesitação porque o autor o con- sÕ'..:s cen.brJis, esquizofr2nicos e
siderava um tanto infantil e fácil neuróticos tendem a obter mais
para adultos. Foi conservado por- alto escore nos testes verbais do
qu~ apresentou uma boa correla- que nos de execução. As persona-
ção com o escore total. lidades psicopáticas e deficientes
Vocabulário - Contràriamente mentais usualmente obtêm escores
ao que se esperava o vocabulário m:lÍs altos nos testes de execução.
do indivíduo não é índice de sua O neurótico, em geral, fracassa
escolaridad·~ mas de sua inteligên- nos testes que exigem esfôrço ime-
INTRODUÇÃO AOS TESTES PSICOLóGICOS 29

diato. Tem uma inclinação natu- feiçoamento das instruções, apli-


ral para transformar qualquer ta- cação e apuração.
refa em um desafio e torna-se
apreensivo da impressão que vai o WECHSLER·BELLEVUE PARA
causar no examinador. Tende a de- CRIANÇAS (W I S C)
monstrar grande variabilidade nos
escores, alcançando sucesso em Surgiu, em 1949, uma forma es-
partes mais difíceis e fracassan- pecífica para crianças, de 5 até
do em tarefas mais fáceis, tais 15 anos d:: idade. Foi elaborada
como a Reunião de Objetos, Me- nos mesmos moldes e fundamen-
mória Numérica, etc. tos teóricos da escala para adul-
Personalidades psicopáticas, em tos: subtestes verbais e subtestcs
geral, fracassam na Arrumação de de execução, Q. I. verbal e Q. I .
Figuras, por causa da dificuldade de (xccução e Q. I. total. Os sub-
com que enfrentam as situações testes, com algumas exceções, são
sociais. Também obtêm escore bai- quase todos idênticos aos da for-
xo no Raciocínico Aritmético c Se- ma anterior.
melhanças, devido à deficiência de Foi padronizada numa popula-
raciocínio abstrato. O absurdo das ção de 2.200 crianças, distribuí-
respostas dadas no teste de Com- das de ac::'rdo com: 1) zona ru-
preensão também ofer:cem dados ralou urbana de r~sidência, 2) a
qualitativos apreciáveis. área geográfica a que pertenciam,
Revisão de 1955 - Em 1955 foi 3) ocupação do pai. Apresentou
publicada uma nova edição re- coeficiente de correlação satisfa-
vista do teste de Wechsler. Pro- tório com outros testes de intcli-
curou-se, nesse nova forma, aten- gf~ncia.
der às críticas que tinham sido Apresenta sôbre o Binet-Tcrman
dirigidas à edição inicial. Essa no- a vantagem dos escores relativos
va edição, que é comrcida com aos subtestes em separado, bem
o nome de Wechslcr Adult In- como o Q. I . verbal e de exe-
teligence Scale ou \VI A I S, não cução. Outrossim, está menos car-
introduz nenhum princípio nôvo regada, do qu:; o teste de Binet,
na sua orientação; as modifica- de fatôrcs que envolvam escolari-
ções foram efetuadas em algumas dade. Não obstante, tem a des-
partes do seu conteúdo, na ex- vantagem da falta d~ indicação da
tensão da amostragem, e no ap-:r- idade mental, que é extremamente
30 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PúBLICA

útil quando interpretada por pes- ra a validação inicial o teste foi


soas qualificadas. aplicado em cêrca de 22.000 in-
divíduos, através do laboratório
o TESTE BARCELONA
(THURSTONE-MIRA) Psicotécnico de Barcelona, tendo-
se apurado as diferenças entre os
Elaborado pélo Professor Mira alunos dos diversos cursos univer-
y López, aproveitando alguns itens sitários e currículos escolares.
do questionário Thurstone. Conteúdo - Compõe-se de 71
Fundamentos teóricos - Foi de- iLns relacionados à inteligência
cidido, em Congresso Internacio- abstrata e verbal, habilidade para
nal d~ Psicotécnica, que se elabo- cálculos, cultura e fator g.
rasse um teste do nível mental, Aplicação - O examinando de-
que pudesse ser traduzido em vá- verá responder os diversos itens,
rios idiomas e usado intérnacio- escrevendo as respostas no próprio
nalmente. O Prof. Mira y López caderno do teste.
foi solicitado para a sua realiza- Tempo de aplicação - 30 mi-
ção, e sua adaptação aos diyersos nutos.
idiomas foi feita por Ciril Burt Avaliação - A avaliação se
(Inglaterra), Decroly (Bélgica), faz, contando-se o número de res-
Pieron (França), Lippmann (Ale- postas certas e comparando-se o es-
manha). O teste Barcelona pre- core total à média, por meio do
tendia não somente avaliar a inte- sistema de tetronagem. Procura-se
ligência geral, mas os aspectos também obter o aspecto qualita-
quantitativos e qualitativos da tivo e quantitativo da execução,
mesma. mediante a fórmula apresentada
Validação e Padronização - Pa- no quadro IV.
QUADRO IV

n 9 de respostas certas
Aspecto qualitativo =
(fndice de precisão) n 9 de respostas dadas
n 9 de respostas dadas
Aspecto quantitativo
n 9 de total de itens
A valiação qualitativa e quantitativa do teste
Barcelona (Thurstone-Mira)·
INTRODUÇAO AOS TESTES PSICOLôGICOS 31

Usos - O teste Barcelona pode envolvem capacidade verbal, arit-


ser usado para orientação educa- mética e espacial.
cional e profissional de alunos de Aplicação e Avaliação - O tem-
4 9 ano secundário e de 2 9 ciclo. po de aplicação é de 30 minutos.
Também pode ser aplicado em alu- A avaliação é feita, contando-se.
nos de curso superior e adulto em o número de respostas certas. O
geral, para discriminação de nível escore bruto é convertido em per-
mental. centil. Nos Estados Unidos há
uma grande variedade de normas,
Os TESTES OTIS para as séries escolares primárias,
Publicado pelo World Book secundárias, adultos, bem como pa-
1nc. em 1922, a fim d~ apurar ra as diversas idades. No Instituto
de Seleção e Orientação Profissio-
a inteligência de alunos de curso
nal da Fundação Getúlio Vargas
primário, secundário e superior.
(ISOP) existem normas para ado-
Há duas formas: uma para curso
lescentes e adultos. A média para
primário e outra para curso se-
adultos é inferior à dos adoles-
cundário e superior, r2spectiva-
centes.
mente.
Usos - O teste Otis é um dos
Validação e Padronização - O mais amplamente usados nos Es-
teste foi validado de acôrdo com tados Unidos, principalmente pa-
o critério de sucesso escolar. A rJ. avaliação de nível mental de·
correlação obtida oscila entre 0.39 aluno de cursO primário ou das
e 0.69. A comparação com ou- séries iniciais d: curso secundário.
tros testes de inteligência, j á exis- Sua aplicação é de menos utilida-
tentes, apresentou os seguintes coe- de em pessoas de nível cultural
ficientes de correlação: Army Alfa muito elevado, pois se torna d2ma-
0.70, Binet-Terman 0.55 siadamente fácil.
Fid~dignidade - O coeficiente
de fidedignidade obtido foi de O TESTE GOODENOUGH PARA
AVALIAÇÃO DA INTELIG!NCIA
0.97.
INFANTIL
Conteúdo - O teste compõe-se
de 75 itens que devem ser res- Trata-se de uma técnica para
pondidos em forma de escolha medir a inteligência geral pela aná-.
múltipla. Estão organizados em lise de pormenores da representa-
ordem de dificuldade crescente e ção da figura humana.
32 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PúBLICA

Fundamentos teóricos - Desde No simples fato de desenhar a


os fins do século XIX, educa- figura humana a criança deve ati-
dores e psicologistas (Stern, Iva- var os seguintes rEcursos men-
noff e outros) haviam pesquisa- tais:
do o des2nho infantil, como meio 19 ) Associar os rasgos gráficos
de expressão de mentalidade. ao objeto real;
Florence Goodenough, sistemati- 29 ) Analisar os componentes
zou os dados até então obtidos, do objeto a representar;
partindo da hipótese de que quan- 39 ) Valorar e s~lecionar os
do um menino traça uma figura elementos característicos;
sôbre um papel, não desenha ape- 4 9 ) Coordenar o trabalho viso-
nas o que vê, mas o qUê sabe e, manual;
portanto, não efetua um trabalho 59) Analisar relações cspa-
estético mas intelectual; não ofe-
rece uma expressão de sua capaci- 6 9 ) Adaptar o esquema gráfi-
dade artística, mas do seu reper- co do objéto representado.
tório conceitual. O volume dêste A correlação obtida com o Stan-
repertório conceitual, dêste "sa- ford Binet foi de 0.76 e pode
ber", cresce com a idade mental ser considerada bastante significa-
e êste progresso se reH:te no de- tiva se se levar em consideração
senho da figura humana. A de- a natureza diversa dos dois tes-
rivação psicométrica dêste fato é tes.
imediata: a valoração quantitativa A fidedignidade do teste osci-
do saber implícito na representa- la c ntre O. 80 e O. 90 .
ção gráfica da figura humana típi- Aplicação e Avaliação - O tes-
ca de cada idade, origina uma te pode ser aplicado em crian-
norma para estabelecer, mediante ças de 4 a 12 anos. Pode ser
o desenho, a idade mental do de- aplicado coletivo ou individual-
senhista. ment:e. Cada criança deve estar
Medindo-se o valor d:: um de- munida de um lápis e de uma fô-
senho, mede-se o valor das fun- lha de papel. Antes de começar
ções de associação, de observação a prova, todos os livros e gravu-
analítica, discriminação, memória ras dev:m ser guardados, para
d; detalhes, sentido espacial, evitar tôda a possibilidade de có-
abstração, coordenação viso-ma- pia. Pede-se às crianças que de-
nual e adaptabilidade. senhem a figura d:: um homem,
INTRODUÇÃO AOS TESTES PSICOLóGICOS 33

estimulando-as a fazerem-na o me- Não se levam em consideração


lhor possível. :g importante para os aspectos estéticos. A objeção
o valor do teste que cada criança feita por muitos de que a capaci-
faça os maiores esforços de que dade artística poderá influenciar
é capaz. Durante a experiência a no resultado obtido não tem fun-
professôra deve encorajá-las, evi- damento, pois a referida capaci-
tar perguntas e prestar atenção dade não se manifesta realmente
para que umas não copiem das antes dos 12 anos de idade.
outras.
A avaliação é feita, comparan- o TESTE ANALtTICO
do-se o desenho obtido com os 51 DE MEILLI
itens de julgamento.
Referem-s~ êsses itens a: O teste Analítico foi elabora-
19 ) - Quantidade de detalhes do pelo psicólogo suíço Ricardo
representados: cabeça, pernas, Meilli, professor da Universida-
tronco, mão, cabelo, etc.; de de Berna, com a finalidade
29 ) - Proporção: tronco mais de mensurar os vários aspectos da
largo ou mais comprido, etc.; atividade intelectual.
39 ) - Bidimensão: pescoço, Fundamentos teóricos - Basea-
bôca, nariz, com duas linhas; do na teoria do próprio autor
49 ) - Transparência - não sôbre os diversos aspectos da in·
deve haver transparência; teligência e pretende fornecer a res-
59) - Incoerência - cabeça peito dos mesmos uma informa-
não deve ser unidà ao corpo; ção qualitativa útil e necessária
69 ) - Plasticidade - os tra- para a orientação educacional e
ços não são demasiadamente rígi- profissional. Meilli criticava os
dos; testes homogêneos, considerando-
79 ) - Coordenação viso-moto- os pouco satisfatórios para a apu-
ra - o desenho demonstra se- ração das múltiplas possibilidades
gurança de traçado; de reação do indivíduo. Distin-
8 9 ) - Perfil. guia êsse autor 4 aspectos funda-
li contado um ponto para cada mentais da atividade mental: cOn-
item preenchido. O escore total crepo, abstrato, analítico e inven-
é convertido à idade mental cor- tivo, os quais deveriam ser men-
respondente. Obtém-se o Q. I. surados através do teste por êle
pelo método Terman. elaborado.
34 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PúBLICA

Validação - Obteve-se com o ou coletivamente em indivíduos


Stanford Binet uma correlação de de 10 anos em diante.
O. 60 a 0.69. As divergências en- Ê constituído, ao todo, de 6 sub-
contradas são atribuídas pelo autor testes:
à natureza diversa dos dois testes. 1g) - Imagens - teste ana-
Em comparação com o sucesso es- lítico concreto. Compõe-se de 4
colar foi obtido um coeficiente de imagens representando uma ação,
correlação de o. 40 . que devem ser colocadas em or-
Uma pesquisa feita pelo SENAC dem adequada.
do Distrito Federal; na qual o Tempo - 5 minutos.
teste de Meilli foi aplicado a alu- Correção - 1 ponto para cada
nos do curso comercial, não apre- figura certa.
sentou correlação significativa en-
29 ) - Números - teste ana-
tre as notas escolares e o escore
lítico-abstrato. Consta de uma sé-
no teste. A correlação mais efe-
rie numérica que deve ser com-
vada foi obtida no subteste de fra-
pletada.
ses, o que demonstra como nos-
so ensino está saturado de verba- Tempo - 5 minutos.
lismo. A aplicação dessa prova, Correção - 1 ponto para cada
feita pelo mesmo grupo do resposta inteiramente certa; 1/2
SENAC, em funcionários admi- ponto quando só um número foi
nistrativos de uma emprêsa comer- acertado, ou quando apenas a pro-
cial, constatou que há uma cor- porção está correta.
relação entre o sucesso na hierar- 3 9 ) - Frases - teste concre-
quia administrativa e o escore no to inventiva. Consiste em organi-
teste. Encontrou-se correlação zar frases com 3 palavras dadas.
mais alta no subteste de inteli- Tempo - 2 minutos.
gência inventiva.
Correção - 1 ponto quando há
Fidedignidade - Foi efetuada uma idéia cor-
em 4 grupos, num total de 324 reta.
casos (em intervalos de 4 ou 5 2 pontos quando
dias e de 2 anos), tendo-se obti- apresenta idéias
do um coeficiente de 0.70. pouco originais.
Cont~údo,aplicação e correção 3 pontos para fra-
- Pode ser aplicado individual ses originais.
INTRODUÇAO AOS TESTES PSICOLóGICOS 35

4 9 ) - Lacunas - teste de ra· deverá escrever o nome no espaço


ciocínio concreto. Consiste em abaixo.
uma série de 24 quadrinhos, que Tempo - 5 minutos.
representam cenas da vida coti- Correção - 1 ponto para cada
diana. Nos desenhos, falta sempre rf', posta certa.
um objeto ou personagem que 59) - Desenhos - teste
completam a cena. O examinando abstrato-inventivo. Consiste em

QUADRO V

, ,
ANALlTICO ANALíTICO ANALlTICO

O O O O O
t-
<{
t-
w
t-
<{ t-
LLI
t-
<{ ....UJO
a: a: a: a: a:
t- U t- U t- a:
(I) z (I) (I) U
m Z In Z
In O O O
<{ U <{ (.) <{
U
INVENTIVO INVENTlVO INVENTIVa
,
PERFIL ANAUTICO PERFIL CONCRETO PERFIL INVENTIVO
,
ANAUTICO
2

~----~~+----4

INVENTIVO
Perfis do teste Meilli

TIPO ABSTRATO
36 CADERNOS DE AD1UNISTRAÇÁO PúBLICA

fazer pequenos desenhos, dispon- apreciados quantitativamen~:? e


do dos 4 elementos que são for- qualitativamente, segundo a distri-
necidos. Esses elementos estão dis- buição dos resultados parciais de
postos em 4 séries, que são apre- cada subtestes. Estes perfis podem
sentadas sucessivamente em fôlha ser de vários tipos conforme apre-
especial impressa. sentação no quadro V na página
Tempo - 1/2 minuto para anterior.
cada série. Nem sempre os perfis S? acham
Correção - 1 ponto para cad.l estruturados nessas quatro forma'i.
desenho sem sig- :É mais comum se obter perfis
nificado nem si- intermediários.
metria.
OS CUBOS DE KOHS
2 p o n tos para
aquêles que s;; Foi publicado em 1927 com a fi-
assem~lham à nalidade de investigar o nível men-
amostra embora tal de crianças e adultos. Tem
sem sim2tria. sido, desde então, muito usado
3 pontos para os qUer isoladamente, quer como
simétricos. parte de bateria de testes, tais
69 ) - Analogia - teste de como o Wechsler-Bellevue, o Gra-
raciocínio abstrato. Consiste nu- ce-Arthur e o Alexander.
ma série de desenhos geométri- Fundamentos teóricos - Inclui
cos, que deverão ser c::tmpleta- a capacidade de análise e síntese,
dos por analogia. O examinan- bem como a percepção do todo
do deverá completá-los com uma e a decomposição em partes. Põe
4~ figura, que tenha a mesma em execução a capacidade de es-
relação com a terceira, que já truturação no espaço, ligado às
existe entre a 11). e a 2~. funções simbólico-abstratas. Per-
Tempo - 5 minutos. mite também êsse teste, a avalia-
Correção - 1 ponto para cada ção de certos aspectos psicomo-
solução correta. tores do indivíduo.
Interpretação - Converkm-se Validação e Padronização -
os escores brutos em percentis. Não foram localizadas informa-
Em seguida, constrói-se o chama- ções a respeito da validação e pa-
do Perfil Analítico de Meilli, no dronizaçaão inicial. Entretanto os
qual os resultados obtidos são resultados obtidos por Wechsler
INTRODUÇÃO AOS TESTES PSICOLóGICOS 37

na elaboração do teste Wechsler- com 9 cubos e dos nOS. 12 a 17


Bellevue demonstraram que os com 16 cubos.
cubos de Kohs apresentavam mui- No fim da reprodução de cada
to boa correlação com o escore to- desenho, os cubos deverão ser
tal do teste. outra vez colocados no meio
10S outros. Só no modêlo n 9 1
Material e aplicação - Com-
põe-se de 16 blocos de madeira, se dará o número exato de cubos
medindo 2,5 cm 2 , com as faces a serem utilizados. A partir do
2'1 modêlo o examinando terá que
pintadas de difer~ntes côres: ama-
relo, azul, vermelho, branco, ama- decidir sozinho quantos cubos se-
relo-azul e vermelho-branco; uma rão utilizados. O examinador de-
série de modelos coloridos em verá ter o cuidado de não deixar
todos os cubos com os lados uti-
cartolina, cujos desenhos apresen-
lizáveis voltados para cima.
tam um grau de complexidade
Há um tempo limite para a
crescente.
construção de cada mQdêlo, que
O examinando deverá reprodu- não deve ser ultrapassado. O tes-
zir os desenhos de cartolina, com te deverá ser interrompido depois
os cubos apresentados. Os dese- de 3 erros consecutivos.
nhos de 1 a 9 deverão ser feitos Os resultados são resumidos no
com 4 cubos; os nOS. 9, 10 e 11 quadro VI.

QUADRO VI

1 I I I
I N~ do Modêlo Movimento Tempo Perdas I Pontos I Obs. I
,_ _ _ _-'-_______-'---_-----'1- ___1____1
1
1

I
Registro dos resultados das cubos de Kohs.

Avaliação - Para cada modê- po de realização e o número de


lo são atribuídos pontos de acôrdo movimentos executados com os
com tabelas já ~stabelecidas, le- cubos. Os resultados são compa-
vando-se em consideração o tem- rados à idade mental correspon-
38 CADERNOS DE AD~nNISTnAçÃO PúBLICA

dente. O examinando perde pon- para cada subtcste são dadas oral-
tos, caso ultrapasse certo limite mente pelo examinador, e as res-
de tempo e número de movimen- postas assinaladas por escrito nos
tos estabelecidos na tabela. livrinhos, pelo examinando. Há
tempo limite para cada subteste.
Tratando-se de crianças, se se A avaliação - Para cada sub-
desejar obter o Q.1. correspon- teste são atribuídos números de
dente, pode-se empregar o método pontos, cujo total vai indicar o
Idade Mental nível intelectual do examinando.
de Terman: AS MATRIZES PROGRESSIVAS
Idade CronológicJ. DE RAVEN

Em caso de adultos, uma idade o test? Matrizes Progressivas


mental inferior a 10 anos, é con- foi elaborado pelo psicólogo in-
siderado debilidade mental. glês J. C. Raven, em 1936, com
A observação da conduta e do a finalidade de avaliar a capaci-
método de execução do exami- dade intelectual d,: indivíduos de
nando, oferece dados qualitativos 6 a 65 anos de idade.
preciosos para diagnóstico da per- Fundamentos teóricos - Está
sonalidade. bas~J.do na teoria de Spearman
o KUHLMANN ANDERSON sôbre a composição da inteligtn-
cia de fatôres "g" e "s". Spear-
Foi elaborado em 1927 por man denomina fator "g", o ele-
Kuhlmann, com a finalidade de nL'nto comum e constante em tô-
medir o nível mental e a escola- das as funções intelectuais intra-
ridade d:c alunos do curso primá- individuais, porém de amplitude
rio e secundário. variada cntre os indivíduos. Me-
Material e aplicação - Con- dindo-se, portanto, a magnitude
siste numa bateria de testes apre- dêsse fator, se estabeleceria o grau
sentados em 9 livrinhos, contendo, de capacidade ou rendimento ge-
cada um 10 subtestes. Correspon- ral do indivíduo. A escola psico-
dem às várias séries do curso pri- lógica inglêsa se dispôs a elabo-
mário e secundário. Alguns dos rar testes que medissem êsse fator,
subtestes se repetem nas séries substituind~ as provas compostas
consecutivas. São testes de lápis de subtestes de natureza diversa,
e papel, nos quais as instruções por testes homogêneos, do tipo
INTRODUÇAO AOS TESTES PSICOLóGICOS 39

não-verbal, perceptivo lógico. Co- alunos da Escola Preparatória de


mo resultado dessa investigação Cadetes de Barbacena.
surgiu o teste Matrizes Progressi- Fidedignidade - Foi efetuada
vas de Raven. Pretende êsse tes- por Vernon o estudo do coefi-
te medir o fator geral, denomina- ciente de fidedignidade do teste,
dor comum da totalidade das ope- tendo obtido o escore 0.80. Foi
rações intelectuais, através da infe- também submetido à análise fato-
rência de determinadas relações e rial, tendo se constatado que a sa-
correlações entrt: itens. Mediante turação de fator "g" é de 0.79,
êsse teste, mede-se a capacidade havendo cêrca de O.15 de fator
de apreender figuras sem sentido, espacial.
percebendo suas relações recípro-
cas e o desenvolvimento de um Administração - As instruções
método lógico de raciocínio. são as seguintes: na parte su-
Conteúdo do teste - Consiste perior da primeira fôlha da série
na completação de um todo, por A, há um desenho do qual foi
meio de escolha múltipla. Com- omitida uma parte. Cada uma
põe-se de 5 cadernos, com 12 fi- dessas partes, apresentadas abai-
guras-problemas cada um, em or- xo, tem tamanho adequado para
dem crescente de dificuldade. ajustar-se no espaço em branco,
Há duas formas - uma auto- mas nem todos completam a fi-
administrativa ou coletiva e ou- gura acima. Devem escolher a par-
tra individual, com respectivas ta- te adequada para completar a fi-
belas e normas. gura acima e escrever o número
As fôlhas de respostas são for- correspondente na fôlha de res-
necidas separadamente. posta (forma coletiva e auto-admi-
Padronização - A forma indi- nistrativa), ou indicar, com o de-
vidual para crianças foi padroniza- do, a figura certa (no caso de se
da em 735 meninos de Colches- usar a forma individual).
ter. A forma auto-administrativa
ou coletiva para crianças foi pa- Não há tempo limite e, em ge-
dronizada em 1. 407 crianças. A ral, costuma-se terminar o teste em
forma coletiva para adultos pos- 45 minutos.
sui normas obtidas num grupo de Correção - Na avaliação dos
3.661 soldados e 2. 192 civis. Há resultados devem-se seguir as se-
normas brasileiras, obtidas com guintes etapas:
40 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PúBLICA

V') - Corrigir a prova, ava- considerar-se-á o escore consisten-


liando os acertos e erros com a te e de boa qualidade.
chave da correção. No caso do escore total não
2 9 ) - Obter o escore - compu- coincidir exatamente com as nor-
tar o número de soluções acerta- mas existentes, adota-se o seguin-
das. te critério: nos percentis superio-
39 ) - Verificar a consistên- res (P. 95, P. 90 e P. 75)
cia do escore. converte-se o escore à norma igual
4 9 ) - Converter o escore em ou inferior. Se estiver na média,
percentil. converte-se à norma igualou su-
59) - Converter o percentil em perior. Nos percentis inferiores
rank para qualificar a capacidade (P. 25, P. 10 e P. 5) o escore
intelectual do sujeito. se converte à norma igualou su-
Como índice de consistência do perior.
trabalho, bem como do aspecto
qualitativo do mesmo, o autor pro- Obtido o percentil correspon-
curou estabelecer o scatter: a mé- dente ao escore, converte-se ao
dia de desvio do número de erros rattk intelectual correspondente.
e acertos para cada série. Se a Vantagens e Desvantagens -
soma total dessas diferenças não Entre outras vantagens o teste Ma-
ultrapassar + 2, + 1, - 2, - 1, trizes Progressivas:

QUADRO VII

.
Capacidade intelectual I
Percentil igualada ou superada Rank Intelectual

95 ou mais
no grupo de sua idade
5%
I
I Superior
I
90 ou mais %06
75 ou mais %ÇL II Superior à média
50 ou mais %OÇ III Média
25 ou mais %çG IV Inferior à média
10 ou mais %01
I 5 ou menos 95% V Deficiente mental
Tabela de classificação do Raven
INTRODUÇÃO AOS TESTES PSICOLóGICOS 41
19 ) - .B de fácil aplicação e TESTE DE INTELlGWCIA
NÃO- VERBAL - IN V
avaliação, não exigindo a presença
de técnico especializado. Conforme indica o manual, o
teste I N V foi criado pelo Pro f.
29 ) - .B econômico em tempo Pierre Weil, na Sociedade Pestal-
e material. lozzi do Brasil.
Conteúdo - Consta de 60 itens.
39 ) - Oferece margem ampla não-verbais, inspirados nas Matri-
de aplicação: crianças, adultos, es- zes Progressivas de Raven, no tes-
trangeiros, iletrados etc. te de Dearborn, no teste de Gille
Como desvantagens: Validade - Foram os seguintes
os coefici~ntes de validade obti-
19 ) - A valia apenas um as-
dos: 0.73 com o Binet-Terman,
pecto da capacidade intelectual. com o Meilli 0.52, com o Raven
29 ) - Embora os desenhos se- 0.84, com os cubos de Kohs 0.72.
Fidedignidade Evidenciou
jam variados, muitos consideram
um coeficient:: de fidedignidade
o test:: monótono, por envolver,
que vai de 0.82 a 0.93.
invariàvclmente um mesmo pro- Administração - Pode ser rea-
cesso intelectual. lizado coletiva ou individualmen-
O teste dos dominós foi elabo- te. O tempo é indeterminado.
Usos - Pode ser aplicado em
rado como forma paralela do Ra-
crianças, adolescentes, adultos e
ven para o exército britânico, por :lnalfabctos. Há escalas especiais
AnsteY, em 1949, e posteriormen- para: crianças de diferentes meios
te modificado pelo Centro de Psi- sócio-econômicos, adultos e adoles-
cologia Aplicado na França, que centes analfabetos, adolescentes co-
passou a chamá-lo D-48. merciários, surdos e estrangeiros.

BIBLIOGRAFIA

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42 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PúBLICA

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dl'en: ivlanual. N. Y. Psychological Corporation, 1949.
CAPíTULO III

TESTES DE APTIDÕES INTELECTUAIS


DIFERENCIADAS
ORIGENS DOS TESTES DE subtcstes. Na realidade êsses tes-
APTIDOES INTELECTUAIS
DIFERENCIADAS
tes não proporcionavam apenas
uma indicação de um nível intelec-
As investigações a respeito da tual geral, mas de uma série de fa-
n;;tureza da inteligência tem reve- tôres intelectuais diferenciados.
lado ser a mesma composta de vá- Essas constatações deram origem
rios elementos. Binet já focaliza- à elaboração de testes de aptidões
ra a necessidade de incluir nas es- intelectuais diferenciadas, que se-
calas de mensuração do nível gundo Anastasi, representa a ten-
mental itens que medissem os di- dência predominante na psicologia
versos aspectos da atividade men- contemPorânea.
tal. Conforme foi registrado no
capítulo anterior, outros autores Em geral, as medidas d~ apti-
confirmaram aquêle ponto de vista dões intelectuais diferenciadas são
e apresentaram teorias explicati- organizadas em forma de um con-
vas dos componentes intelectuais. junto ou bateria, composto de vá-
A aplicação da análise fatorial ao rios subtestes, que são aplicados
estudo da capacidade intelectual separadamente, proporcionando es-
demonstrou objetivamente êsses cores individuais. 1!:sses escores,
vários componentes. usualmente, são apresentados em
Outrossim os próprios testes de forma de gráfico ou perfil, indi-
inteligência geral revelavam seu cativo das predominâncias e fra-
aspecto diferencial, através de aná- quezas do indivíduo, nas várias
lise das diferenças individuais, nos áreas intelectuais.
46 CADERNOS DE ADl\HNISl'RAÇAO PÚBLICA

o "ARMY GENERAL bos os sexos incluídos no exér-


CLASSIFICATION TEST" cito, entre outubro de 41 c abril
(AGCT) de 45.
O teste AGCT - 1, em suas
o AGCT foi elaborado pelo múltiplas formas, foi aplicado a
exército norte-americano com a fi- um total que, segundo os diversos
nalidade de "avaliar o talento de autores, vai de 8.000.000 a ....
aprendizagem", em têrmos de es- 12.000.000 de pessoas (caso ex-
core que traduzam o nível inte- cepcional na história dos t~stcs
lectual. Publicado inicialmente psicológicos), o que o torna o
em 1940, foi revisado e adaptado mais amplamente aplicado teste
pelJ. Science Research Associates j amais elaborado.
Inc., em 1947. Com posteriores revisões feitas,
Histórico - Elaborado com a baseadas em mais modernos prin-
finalidade de aplicação nos con- cípios de construção de testes d~
vocados do exército norte-am:ri- inteligência e com a introdução
cano, nos primórdios da Segun- de escores separados para as apti-
da Guerra Mundial, substituiu o dões verbal, numérica e espacial,
teste "Army Alfa", usado na Pri- as formas lc e ld foram supera-
meira Guerra e já obsoleto. das. Em abril de 1945, termina-
As duas formas ongmais da a pressão da guerra, elaborou
(AGCT - la e AGCf - lb), o exército a forma por êle utili-
elaboradas sob considerável pres- zada atualmente, o AGCT-3.
são (tendo em vista a necessida- Duas formas foram trans-
de de rápida convocação), por feridas para o uso civil, aparecen-
uma equipe de especialistas insu- do, em 1947, a P edição civil
ficiente em quantidade, foram (Forma I), revista em 1948, com
administradas a cêrca de 1.000.000 os 2 tipos: AH (hand scored) e
de pessoas até outubro de 1941, AM (machine scOred) .
sendo, então, reconhecidas como :g preciso notar que a base da
inadequadas em diversos asp::ctos. edição civil é o primitivo AGCT-
Aperfeiçoadas, apareceram as 2 la., predecessor dos largamente
formas finais (AGCT - lc e usados no exército (lc e ld) e
AGCf - ld), pouco antes de para o qual foram êstes calibrados.
Pearl Harbor, que foram aplica- Validade - Como o AGCT foi
das a todos os convocados de am- previsto para medir o talento (ha-
INTRODUÇAO AOS TESTES PSICOLóGICOS 47

bilidade) geral de aprendizagem caracteriza os bons testes de inte-


e rotineiramente administrado em ligência.
todos os homens e mulheres con- A validade do AGCT foi tam-
vocados pelo exército durante a bém evidenciada no estudo de cor-
Segunda Grande Guerra, era usa- relação efetuado com outros tes-
do como uma predição do sucesso tes de inteligência, sendo os se-
no treinamento para muitos tipos guintes os coeficientes obtidos:
de especialidades, e o sucesso real-
mente obtido nesse treinamento Com o Army Alpha .... 0,90
foi o mais comum critério usado Com o Otis . . . .. . . . . . 0,83
Com o American Council
para a verificação de sua valida-
of Education (A.C.E.) 0,79
de. Mas, foi também possível re-
lacionar os escores obtidos no tes-
Fidedignidade - As várias for-
te com determinados critérios da mas do teste tiveram sua fidedig-
prévia experiência civil das pes- dade submetida à comprovação por
soas testadas, tal como o quantum vários processos, tendo sido obti-
de educação que tinham elas (já dos coeficientes que evidenciam
estando bem estabelecido por ou- a sua constância.
tros estudos que os indivíduos Critério da repetição do teste
mais brilhantes tendem a ter mais (com intervalos de tempo variá-
educação) e a ocupação civil (já veis) - 0,82; Critério da alter-
tendo sido visto que as ocupações nação - entre 0,82 e 0,95; Crité-
podem ser correlacionadas com rio da Kuder-Richardson - entre
seus requisitos intelectuais). 0,94 e 0,97; Critério das meta-
des - 0,97.
Verificou-se que "Educação", Conteúdo - O folheto do t2S-
avaliada pela mais alta gradua- te é constituído por 18 fôlhas e
ção atingida, estava correlaciona- compreende 3 partes, avaliando os
da com os escores do AGCT de seguintes componentes da inteli-
4. 330 pessoas constitutivas de gência: compreensão verbal (itens.
uma amostra, sendo o coeficiente de vocabulário), raciocínio numé-
de correlação igual a 0,73, o que rico (itens de problemas de arit-
é uma indicação de que a prova mHica) e percepção espacial (itens.
tem a validade que geralmente, de b!lJck C'ounting).
48 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PúBLICA

Cada parte é constituída de educação e grandes diferenças na


igual núméro de itens, de difi- base de cultura geral), procurou-
culdade crescente, sendo apresen- se com muito cuidado evitar itens
tados, na introdução de cada, itens qu.: fôssern grandemente influen-
exemplificador:s, para familiarizar ciados pela escolaridade ou por ou-
'O examinando com o procedi- tras desigualdades culturais. Esta
mento. é a razão de não serem usados
Os itens de vocabulário são dês- itens de caráter informativo e te-
te tipo: rem sido incluídos somente itens
Permitir é: a) exigir, b) agra- de vocabulário, de simples aritmé-
decer, c) deixar, d) modificar. tica rotineira e espaciais.
Os it~ns de aritmética apresen- Normas e padronização - a)
tam problemas que envolvem si- População utilizada e sua repre-
tuações da vida real, como por sentatividade.
ex:mplo: dividir estojos de muni-
ção entre os componentes de um Deve-se ressaltar qU?, enquanto
grupo; achar quantos mais bois as diversas versões militares do
um homem tem a mais que o seu AGCT foram administradas a
vizinho; deté?rminar a importân- mais de 10.000.000 de pessoas, o
cia de dinheiro com que cada com- teste não foi padronizado nesse
ponente de um tectrn d" bc/s.cbat! enorme grupo ou mesmo sequer
tem de contribuir para comprar em uma amostra bem representa-
uniformes. tiva do mesmo ( convocados do
Os itens de bJ,o'ck cOttnting são exército) .
elo tipo comum, semelhantes aos Em vez disso, os escores-padrões
elo "Block Test"do Teste de Ha- de cada forma sucessiva do AGCT
bilidade Mecânica de Mac Quar- foram correlacionados, por trans-
rie. formação linear, com os escores-
Na edição civil, há 30 itens -p:ldrões fixados para a forma 1\
exemplificadores e um total de o que constituiu um critério bas-
150 itens do teste propriamente t:l11te falho, já que ficou prova-
dito. do que as formas 1c e 1d eram
A fim de tornar o teste apli- de maior dificuldade do que a
cável a um grupo tão heterogê- la, e mais discriminativas do que
neo (variação enorm~ de tipos de esta, nos níveis mais altos.
INTRODUÇAO AOS TESTES PSICOLóGICOS 49

Além do mais, devido à urgên- atingir a consecução dêsse obje-


cia inicial, a forma la foi padro- tivo.
nizada em um grupo de apenas Não existem escores diferencia-
çêrca de 3. 700 convocados, em dos por idade, sexo ou escolari-
setembro de 1940. Este grupo dade.
constituiu a base da total super- Não são computados separada-
estrutura da escala de escores-pa- mente os escores das 3 partes do
drões do AGCT, em tôdas as suas teste; o resultado é traduzido em
formas posteriores. um único escore para o teste total.
Que a amostra-base, acima ci- A obtenção do escore numéri-
tada não era bem respresentativa, co é feita subtraindo-se, do nú-
está provado pelos seguintes mero total de respostas certas, um
fatos: têrço do número de respostas er-
- Quando, posteriormente, as radas, levando-se assim em conta
formas la e lb foram aplicadas os acertos por acaso.
a amostras representativ8.s de con- Os escores numéricos são trans-
vocados, O escore-padrão médio formados em escores-padrões (do
resultante foi algo superior a 100 tipo dos escores-T), com média
(valor médio da escala adotada). igual a 100 e desvio padrão igual
a 20; podem também ser conver-
- Um estudo feito com os es-
cores obtidos com a forma la., tidos em percentis. Existem "Nor-
mas Oc~pacionais" relacionando
em cêrca de 600.000 casos relati-
vos ao período de novembro de os escores com cada uma de 125
diferentes ocupações civis.
1940 a outubro de 41, apresen-
tou os resultados qUe realçam a E de se lamentar que, tendo
deficiência dos· padrões adotados, sido o teste AGCT aplicado em
considerando-se a grande diferen- suas diversas formas, a tão ele-
ça entre as percentagens espera- vado número de pessoas ...... .
das e obtidas. (10 . 000 . 000), tenha tido a sua
Várias tentativas têm sido fei- padronização crivada de tantas de-
tas no sentido de se ajustar a es- ficiências, como já foi exposto.
cala de escores-padrões do exérci- , E também lastimável que a edi-
to, para torná-la condizente com ção civil tenha se baseado na pri-'
a população em idade militar, mas mitiva forma la., em vez de apro-
parece não ter sido possível ainda veitar as formas mais evoluídas,
50 CADERNOS DE ADMINISTRAÇAO PúBLICA

elaboradas com mais cuidado e te entre o AGCT e outros testes


que atingiram o objetivo visado. padrões de inteligência, que êle é
Aplicação - A edição civil de fato um instrumento de medi-
usa um formato de folheto tal, da do "talento de aprendizagem""
que cada página é um pouco mais em têrmos de nível intelectual.
éstreita do que a anterior, sendo Esta conclusão é reforçada pelas
as respostas registradas em colu- significantes correlações entre os
nas sucessivas, expostas na fôlha escores do AGCT e o sucesso em
de respostas. atividades administrativas, comer-
ciais, mecânicas, elétricas, acadê-
As instruções em cada folheto micas e outras mais especializa-
são completas, tornando o teste das no exército. Os resultados dos
auto-aplicável. Na forma AH, o estudos feitos concordam, em ge-
examinando recebe um pino-agu- ral, com os obtidos nas pesquisas
lha, com o qual fura a fôlha de com outros testes, concluindo-se
respostas, em lugar de marcá-la. que os indivíduos que obtêm esco-
Tempo - 40 minutos. res altos são os mais indicados
O fato de haver tempo limite, para dominarem ràpidamente no-
torna os resultados do teste menos vos trabalhos, para atingirem p0-
válidos, à medida que aumenta a sições de responsabilidade e para
idade, devido ao fator velocidade, estarem satisfeitos em ocupações
não obstante ter-se procurado tor- de alto nível.
nar mínima esta influência, ado- ~ preciso, entretanto, evitar que
tando-se um tempo limite, no qual generalizações mal feitas condu-
OS examinandos possam, se não zam ao abuso que sofreu o teste
terminar o teste, pelo menos mos- "Army Alpha" depois da Primei-
trar sua fôrça. ra Grande Guerra.
O teste é fàcilmente manejá- O teste AGCT pode ser usado
vel e o risco de erros de registro em colégios, escolas superiores,
é mínimo. centros orientadores para adoles-
A apuração é muito simples, centes e adultos, agências de em-
consumindo apenas cêrca de 1 mi- pregos e estabelecimentos comer-
nuto. ciais e industriais. f: pena que o
Usos - f: evidente, conside- nome "Army" tenha sido manti-
raado-se a alta correlação existen- do na edição civil, pois pode pare-
INTRODUÇÃO AOS TESTES PSICOLóGICOS 51
cer ao leigo que seu uso seja Dêste ponto de vista cabe distin-
adstrito ao exército, se bem que guir:
aos profissionais isto não cause
confusão. a) Capacidade de resolver
As normas ocupacionais referi- problemas espaciais, que
das acima, tornam o teste de mui- exigem uma mudança de
ta utilidade para a Orientação posição de corpos no es-
Vocacional e para a Seleção, na paço, bem como o esta-
falta de normas locais. Entretan- belecimento de novas re-
to, a falta de normas para estu- lações de tamanho, forma.
dantes de colégios tornam o e distância
AGCT menos útil que outros tes-
b) A habilidade de solucio--
tes de Orientação Educacional;
nar problemas conceituais,
isto, entretanto, poderá ser reme-
que exigem reorientação
diado.
ideológica e pressupõem
criação de novas integra-
BATERIA MOREY-OTERO
ções significativas, à base
da lógica.
Elaborada por técnicos do labo-
ratório de Psicopedagogia, Sebas-
c) A disposição para resol-
tian Morey Otero, de Montevi-
ver as dificuldades ineren-
déu, sob a direção da professôra
tes à convivência humana,
Maria Carbonell de Grampone e
isto é, para assegurar o'
com a colaboração do Prof. Emí- bom trato social, basean-
lio Mira y López. do-se numa conveniente e
Fundamentos teóricos - A ba- cuidadosa seleção dos da-
teria compõe-se de 3 testes e sua dos vivenciais que devem
elaboração foi baseada na teoria ser exteriorizados e do mo-
do Prof. Mira y López a respeito mento, modo e forma com
da composição da inteligência. Se- os quais devem ser ex-
gundo esta teoria, tratando-se de pressos, para os quais é ne-
testes, interessa especialmente a cessário dominar o aspec-
separação dos tipos de inteligência to expressivo predominan-
de acôrdo com o conteúdo ou ma- temente verbal da con-
terial elaborado por tal função. duta.
52 CADERNOS DE ADMINISTRAÇAO PúBLICA

Dessa forma existem indivíduos culino obtiveram mé-


especialmente dotados para mani- dia superior, enquanto
pular com os corpos ou objetos nas provas "Verbal" e
"físico-químicos", outros aptos "Abstrata" foram supe-
para elaborar "conceitos e idéias r~dos pelo sexo femi-
abstratas" e outros que sabem li- mno.
dar com pessoas no plano verbal. Há médias do I. S. O . P. para
Segundo êsse critério a bateria alunos de curso secundário e adul-
to~.
Morey-Otero foi dividida em
3 testes: inteligência Espacial, Conteúdo dos testes - O teste
Abstrata e Verbal. de Inteligência Espacial compõe-
se de 7 subtestes:
Validação e Padronização -
Elaborados os itens, foram as pro-
1'9) Reconstrução de Qua-
vas aplicadas em cêrca de 1897 su-
drados.
jeitos, alunos de curso secundá-
rio, liceu, escolas normais e indus- 29) Figuras geométricas.
triais, cujas idades iam de 13 a 39 ) - Grupo de figuras.
18 anos. Constatou-se o seguinte: 49 ) - Classificação de figu-
ras.
1<1) - Há baixa correlação en- 59) - Código.
tre os testes.
69 ) - Analogia de Figuras.
2<1) - Há um acréscimo e 7'1) - Séries Espaciais.
crescimento da média
até os 17 anos. Depois,
O teste de Inteligência Abstra-
tende a se estabilizar.
ta compõc-s:: de:
3'1) Os alunos do liceu obti-
veram média mais alta 1Q) - Raciocínio de Inferên-
do que os das escolas cias.
industriais. 2'1) - Analogias.
4'1) - Quanto às diferenças :$'1) - Árvore genealógica.
entre os sexos, consta- 4'1) - Provérbios.
tou-se qun. na prova de
inteligência "Espacial" Y') - Grupo de ktras.
os alunos do sexo mas- . 6'1) - Números padrões.
INTRODUÇÃO AOS TESTES PSICOLóGICOS 53

A prova de Inteligência Ver- Usos - A bateria poderá ser


bal se subdivide em: aplicada em alunos do 49 ano gi-
nasial, para orientação educacional,
19 ) Antônimos. e em alunos dos cursOs clássico
29 ) Sinônimos. e científico para orientação pro-
39) Composição. fissional.
49) - Completação. A ampliação das normas, com
y,) - Descrição de objetos ir- o uso do sistema de percentil, bem
regulares. como a elaboração d:: padrões pa-
69 ) Equivalências expressi- ra as diversas séries escolares e
vas. para os diferentes grupos profis-
sionais certamente aperfeiçoariam
Aplicação e avaliação - O exa- a validade dos resultados obtidos.
minando deverá resolver os peque-
nos problemas apresentados nos o "DIFFERENTIAL APTITUDES
TESTS" (DAT)
diversos subtestes. O tempo de
aplicação para cada prova é de
O "Differential Aptitudes
uma hora.
Tests" (D. A. T.) foi elaborado
Cada prova é apresentada em por D;:nndt. Sc:ashore e Wesman
um caderno separado, ao todo três, da Psychological Corporation, em
no qual o examinando deverá es- 1947, com a finalidade de forne-
crever a resposta. cer um meio bem padronizado,
Para cada subteste é atribuído científico e integrado, de medir
um certo número de pontos e para as habilidades de alunos do 39
a contagem do resultado final de- ano ginasial ao 39 ano do 2<;> ciclo
ve-se somar o número de pontos do curso secundário, para orien-
obtidos, correspondente aos itens tação educacional e profissional.
acertados. Compara-se o escore to- Pode também ser usado em sele-
tal de cada prova à média do gru- ção.
po, classificando-o por meio do Fundamentos teóricos - A in-
sistema de tetronagem. Dessa ma- teligência abstrata - a capacida-
neira, pode-se avaliar a predomi- de de raciocinar com símbolos -
nância intelectual do examinando, transforma-se na sua organização,
nos três aspectos examinados: es- de acôrdo com o acréscimo de
pacial, abstrato e verbal. idade, de uma habilidade geral e
54 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

uniformem~nte organizada para 29 - A correlação com os ou-


tornar-se um grupo de habilida- tros testes já existentes - valida-
des não tão bem organizadas_ Por- ção por inferência, porquanto os
tanto, testes com um escore único itens usados nos vários subtestes
e saturados de habilidade verbal, são semelhantes a itens emprega-
predizendo a facilidade de ler, são dos anteriormente em outras provas
interessantes e úteis nos primei- (com exceção da prova de Rela-
ros anos escolares. Para alunos de ções Espaciais, que é inteiramente
mais idade e de mais alta escola- original) .
ridade torna-se mais aconselhável
obter informações a respeito das A fim de obter normas, foram
vanas aptidões. Evidentemente submetidos ao D.A.T. cêrca de
inúmeros testes de aptidões espe- 20'.0'0'0' alunos de escolas secundá-
óficas já haviam sido elaborados rias de várias regiões dos Esta-
antes do aparecimento do D.A.T. dos Unidos, constituindo uma
Entretanto, êsses testes, ampla- amostra suficientemente represen-
mente usados em seleções indus- tativa. Ob:iveram-se assim normi1S
triais e comerciais, apresentavam a para alunos dos sexos masculino
grande desvantagem de terem sido e feminino separadamente das sé-
padronizados em diferentes popu- ries secundárias 8?, 9 Q, 1ü?, 11 Q
lações, dificultando, portanto, a e 12 9 (correspondendo ao 3Q e 4'-'
comparação entre os resp"ctivos re- ano ginasial e 1Q, 2 9 e 3? anos do
sultados e dando origem a um pa- segundo ciclo das f:scolas secun-
norama falso a respeito das apti- dárias brasileiras). No Brasil, em
dões intelectuais do examinando. trabalho realizado pelo Intsituto
O D.A.T. foi t'laborado para su- de Seleção e Orientação Profissio-
perar essa deficiência, constituindo nal da Fundação Getúlio Vargas,
uma bateria de testes das várias obtiveram-se normas para alunos
aptidõcs intelectuais, padronizados do 4? ano ginasial e 2·Q científico
na mesma população. dos dois sexos, separadamente.
Validação e padronização - Fo- Para maior utilidade foram ela-
ram usados dois critérios básicos boradas duas formas corresponden-
para a validação inicial: tes: A e B idênticas na forma dos
1'1 - A correlação com o su- itens, porém com conteúdo di-
cesso escolar; verso.
INTRODUÇÃO AOS TESTES PSICOLóGICOS 55

Fidedignidade - Foram obti- los abstratos. Apresenta uma série


dos altos coeficientes de fidedigni- de problemas que exigem a per-
dade para ambas as formas do tes- cepção de um princípio operador
te - variam de .85, (Raciocí- nas mudanças que sofrem os dia-
nio Mecânico) a .93 (Relações gramas desenhados.
Espaciais) . 4") - Relações Espaciais -
Conteúdo do teste - O D.A.T. Os itens foram elaborados com
compõe-se dos seguintes subtestes: a finalidade de medir um duplo
a5pecto da habilidade espacial:
1<1) - Raciocínio Verbal -
i - a habilidade de, através
Avalia a habilidade de compreen-
de um modêlo desenhado, loca-
der conceitos, através de expres-
lizar um objeto no espaço.
sões verbais, a capacidade de ge-
neralização e de pensar construti- 2 - a habilidade de imaginar
vamente e elaborar abstrações por e perceber as várias formas e po-
meio de símbolos verbais. Secun- sições que tomará no espaço um
dàriamente, avalia fluência verbal celto objeto, que foi movido em
e reconhecimento do vocabulário. várias direções. Exige a capacida-
11: apresentado em forma de ana- de de movimentação mental de s6-
logia com escolha múltipla. lidos.
:Esse subteste oferece a vanta-
2'1) - Habilidade Numérica- gem, sob os outros testes de apti-
Avalia a compreensão da relação dão espacial já existentes, de exi-
numérica e a facilidade de lidar gir a movimentação e percepção
com conceitos numéricos. Envol- espacial de sólidos, em 3 dimen-
ve mais a solução de problemas sões. Os testes anteriores apenas
matemáticos do que o chamado lidavam com 2 dimensões. A per-
raciocínio numérico e implica co- cepção de formas no espaço, tal
nhecimento da matéria. Procurou- como é medida no D. A . T ., era
se evitar o emprêgo de elementos avaliado em testes de execução
de linguagem nos quais a habili- prática.
dade de compreensão da leitura de- S") - Raciocínio Mecânico -
sempenham um papel importante. Apresenta problemas de mecânica
3'1) - Raciocínio Abstrato - semelhantes ao teste de Aptidão
Avalia de maneira não-verbal a ca- Mecânica de Bennett. Exige certo
pacidade de raciocinar com símbo- nível de conhecimento e de expe-
56 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PúBLICA

riência anterior com as situações vários subtestes e as respectivas fô-


apresentadas. lhas de respostas. A bateria exi-
6 Q ) - Rapidez e Exatidão - ge ao todo 3 horas e 6 minutos.
Avalia a rapidez de reação e péCr- ôs autores sugerem o seguinte ho-
cepção de tarefas simples. Exige rário de aplicação:
atenção e m~mória e retenção mo- 1 ~ sessão: verbal (30 minutos);
mentâneas. espacial (30 minutos).
7Q ) - Uso da linguagem - 2~ sessão: linguagem (35 minu-
Compõe-se de dois subtestes: tos); abstrato (25 minutos).
Ortografia - Em que o exami- 3~ sessão: numérico (30 minu-
nando deve selecionar as palavras tos); rapidez e exatidão (6 minu-
escritas corretamente das erradas. tos); mecânico (30 minutos).
Sentenças - Exige o conheci- Ê possível também a aplicação
mento da sintaxe, pontuação, re- em duas sessões, se assim fôr ne-
gras gramaticais. ce,~ário e os autores chamam a
As provas de uso de linguagem atenção do examinador para a com-
são as que mais altamente corre- binação adequada dos vários sub-
lacionam com o sucesso escolar, testes, a fim de evitar fadiga e
porquanto são quase que exclusi- monot~)nia.
vamente testes de conhecimento Correção c avaliação - A bate-
da língua. riel pe,\sui chaves de correção para
Aplicação - Distribui-se entre cada teste, sendo o critério ado-
os examinandos os cadernos dos tado apresentado no quadro VIII.
INTRODUÇÃO AOS TESTES PSICOLóGICOS 57
QUADRO VIII

Teste Escore

Verbll N° total de respostas certas (C)


------------------------------
Espacial Respostas certas menos erradas (C - E)

-Linguagem
------------------------------
ortografia e Respostas certas menos erradas (C E)
I
sentenças
------ ----------- I
I
----------- erradas E
Abstrata I Respostas certas menos - - - - (C--)
1_- _____ _ 4 4
I
-----crracfas---------E---
Numérica I Respostas certas menos (C - --)

Rapidez e exa-
-,----
I
I Total
4

de respostas certas (C)


4

________ I___________________________ _
~~dií()
I erradas E
Mecânico I Respostas certas menos (c--)
I 4 4
Correção e avaliação do D. A. T.

No I. S. O. P. procura-se obter teste da bateria no percentil cor-


também o índice de precisão pela respondente, obtendo-se o "perfil
seguinte fórmula: de aptidões" do examinando.
Usos do D.A.T. - É de gran-
escore obtido de utilidade na orientação educa-
LP. = cional e profissional, pois oferece
respostas dadas um perfil detalhado das aptidões
Na tabela norte-americana loca- específicas do indivíduo, facili-
liza-se o escore obtido em cada tando a localização nos diversos
58 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PúBLICA
QUADRO IX

Q
w
cl
o ~ .J cl o::
a.. W
.J cl cl 2 x
ã: o:: (!)
~ W .... Õ
cl
Z
cl
I&J
....o
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cl Ir
0/0 > Z cl w ::! a: o õi
99
D. A. T.

915 FORMA

90

80
70
60
eo
40
ao
20

10

5
---- ---j
--- -----

Gráfico do DAT, com o perfil das aptidões


currículos escolares, a comparação vel para o diagnóstico de aptidões
do rendimento escolar com as apti- de adultos, que há muito tenham
dões básicas do aluno e o seu enca- abandonado o contacto com as
minhamento para a profissão ade- matérias escolares. O fator tempo,
quada. Numa obra publicada - muito importante nesta bateria,
COunselíng ft1 0 m Profiles: a Ca- também influi, de maneira negati-
sebúok for Ibe Differ,ential Apti- va, na atuação de pessoas adultas,
tlide Tests - os autores do teste que, geralmente, possuidoras de
apresentam uma série de estudos mais alta dose de autocrítica, são
de casos, à base do D. A . T . mais lentas do que os adoles-
O D. A . T . não é aconseIhá- centes.
IN"i'RODUÇA.O AOS TESTES PSlCOLOGlCOS 59
OUTROS TESTES DE APTIDõES publicadas pela Science Research
INTELECTUAIS DIFERENCIADAS Association para os seguintes gru-
pos de idade: de 11 a 17 anos;
Existem ainda outras baterias de de 7 a 11 anos; de 5 a 7 anos.
testes de aptidões intelectuais dife-
renciadas. O "Chicago Primary O teste se baseia nos estudos
Mental Abilities Tests", de auto- de análise fatorial da inteligência,
ria de L. L. Thurstone e T. G. realizados pelos autores.
Thurstone, foi publicado em 1941 Outras baterias de aptidões in-
e já algumas vêzes revisto. Atual- telectuais: o California Teste de
mente apresenta as seguintes for- Maturidade Mental, o Guilford-
mas: Chicago P M A, para as ida- Zimmerman Aptitude Survey, o
des de 11 a 17 anos e 3 formas GATB.

BIBLIOGRAFIA

1 - ANASTASI, ANNE - Psy.chologicaJ Te8ting. New York,


Macmillan, 1954.
2 - BENNETT, G. K., SEASHORE, H. G., WESMAN, A. G.
- Ditferential Aptitude Test8: Mevnual. New York, Psychological Cor-
poration, 1950.
3 - BENNETT, G., K., SEASHORE, H. G., WESMAN, A .• G.
- Couseling from Profiles, a Casebook for the Ditferential Aptitude
Tes.t8. N ew York, Psychological Corporation, 1951.
4 - BENTES MONTEIRO, J. - O "Arwy General Cla88ification
Te8t" - Trabalho não publioado, apresentado no Curso de Formação
de Auxiliares de Psicotécnica, no 1. S. O. P., Fundação Getúlio Vargas,
1957.
5 - Boletim deI Laboratório de Psicopedagogia Sebastian Morey
Otero. Montevidéu, anos m e IV, nOs 3 e 4.
6 - BUROS, O., K. - F'ourth Mental Measurement Yearbook.
New Jersey, Gryphon Press, 1954.
7 - SUPER, D., Appraising VocationaZ Fitnes8. New York,
Harper & Brother, 1949.
CAPITULO IV

AS APTIDOES ART1STICAS -
TESTES VERIFICADORES
No terreno das Artes, a verifi- resolver o problema da verifica-
cação das habilidades e aptidões ção das aptidões específicas das
é de suma importância, tendo os Artes da forma e da côr. O pri-
psicologistas procurado criar tes- meiro teste elaborado veio a pú-
tes variados para essa verificação. blico depois de cêrca de 10 anos
No momento, porém, os que exis- de experiências: o atualmente de-
tem são em números muito redu- nominado "Art Judgment", que
zido e difíceis ainda de serem uti- tem sofrido várias modificações
lizados como medida segura por até a forma atual. Dêle falaremos
parte do técnico. mais adiante.
Apesar dos esforços de vários No segundo grupo destaca-se
psicologistas em organizá-los de a figura de C. Seashore com seus
maneira verdadeiramente eficiente, estudos sôbre a aptidão musical e
continuam sendo testes em que o as características básicas da musi-
fator subjetivo de julgamento do calidade.
examinador pesa ainda na conclu- Quanto às demais Artes (Tea-
são final. Os mais divulgados tes- tro, Literatura, Dança, etc.) , os
tes artísticos se referem aos dois esforços feitos no sentido da orga-
ramos da Arte: os de Artes Plás- nização de provas padronizadas.
ticas e os Musicais. não atingiram o nível dos testes
Dentre os do primeiro grupo das Artes Plásticas e Musicais.
destaca-se a figura de Norman A - AS APTIDõES
Charles Meier que, em suas pes- ESPECIFICAS nAS ARTES,
quisas no laboratório da Universi- DA FORMA E DA CóR
dade de Iowa (Iowa City, Iowa),
juntamente com notável grupo de Meier, estudando um meio de
psicólogos colaboradores, procurou determinar o talento artístico, des-
64 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

tacou 6 fatôrcs complexos e pe- prctação (que caracteri-


culiarmente intel-relacionados, que za a obra de arte') pode
concorrem para a formação da ha- ser observada no teste
bilidade da capacidade artística: "ink-plot" .
1) - Habilidade manual Munro - enumera co-
penCla, capacidade de mo componentes da ha-
executar o trabalho. bilidade criadora sim-
2) - Perseverança volitiva ou ples discriminações sen-
dispêndio de energia e soriais: percepção de for-
perseverança - persis- mas visuais, complexas;
tência em alcançar os pro- habilidade de imaginar
pósitos desejados, ape- formas complexas com
sar dos obstáculos, rela- singularidade e fatôres
cionada com a estrutllra emocionais e motivacio-
nervosa que permite ao nais.
artista manter-se na ati- 6) - Julgamento estético -
vi.:lade sem relaxamento, habilidade de reconhecer
tenazmente. as características de uma
3) Inteligência estética - obra, a unidade de com-
aptidão espacial e per- posição, sem que seja ne-
ceptiva. cessário apoiar-se em re-
4) Facilidade perceptiva - gras estéticas aprendidas,
facilidade de evocar ex- mas ao contrário, apoiar-
periências sensoriais. Os se em algo inato na
estudos foram baseados constituição neuro-física
em material biográfico e do indivíduo e modifi-
num teste de evocação do cável pela experiência.
material observado após Fator básico unitário.
10 dias e 6 meses. Os três primeiros fatôres são
5) - Imaginação criadora - considerados· por Meier como re-
habilidade de organizar sultantes, principalmente da here-
impressões vividas senso- ditariedade e os outros, mais de-
l'iais para a estruturação pendentes do meio.
de uma obra de arte. A No terreno da Arte das Formas
singularidade da inter- e Côres podemos distinguir dois
INTRODUÇÃO AOS TESTES PSICOLóGICOS 65

aspectos ou fenômenos que: podem dos interêsses vocacionais, dados


ser medidos: "apreciação estética sôbre a inteligência e psicomotri-
e a habilidade de produzir com- cidade.
posições artísticas". A mensuração da apreciação ar-
tística não progrediu o suficiente
Um terceiro aspecto pode ser para permitir a organização de tes-
adicionado para ser medido, em se- tes totalmente satisfatórios, pois a
parado, como seja a inteligência apreciação é uma reação complexa,
estética. apesar de Meier julgá-la fator uni-
Super, acha conveniente usar-se tário.
na avaliação artística três tipos de \'V'oodworth considera como jul-
testes: gamento "a resposta a uma per-
a) testes de habilidade intelec- gunta" feita pelo próprio exami-
tual, principalmente os que nador ou por outrem, consideran-
inspecionam fatôres espa- do-a capaz de atender às exigên-
ciais. cias de uma situação experimen-
b) testes de habilidade ou des- tal, tanto estéticas quanto psicoló-
treza manual, verificadores gicas, de tamanho, intensidade,
da execução. qualidade.
c) té'stes de julgamento esté- As experiências relativas à esté-
tico. tica são,na opinião de Woodworth,
Além dêsses tipos de testes, con- os estudos das reações suscitadas
sidera necessário a apreciação de pelo Belo, Sublime, Trágico, Cô-
outros dados como: mico e Patético. Estariam êstes es-
tudos mais ligados com sentimen-
avaliação de trabalhos exe- tos e emoções; nas pesquisas sô-
cutados p~lo examinando. bre estética, feitas ,m laboratórios,
síntese da~ experiências ar- utiliza-se de preferência o método
tísticas, tanto evocativas. das impressões.
quanto atividade.
avaliação da motivação que Os resultados da Estética expe-
leva o examinando a perse- rim~ntal foram - Preferência e
verar na arte. Combinação de côres. Preferências
por retângulos e outras formas
~ também interessante acrescen- simples. Equilíbrio. Expressividlde
tar-se o estudo da personalidade, das linhas.
66 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PúBLICA

Estudos de Chandler, Wood- TESTE DE JULGAMENTO


ESTHICO DE MEIER
worth, lundholm, PoffenbC'rg e
Hevner foram feitos nesta mesma
Descrição: Material - 1 livro
direção. de gravuras, 1 fôlha de registro
e 1 manual de instruções para
TESTES DE JULGAMENTO aplicação e correção.
ESTÉTICO
Consiste o teste em 100 pares
de reproduções de quadros, impres-
Dois testes, de preferências por
sos num pequeno livro. Um mem-
quadros, foram amplamente deóen- bro de cada par é a reprodução
volvidos e largamente usados: de uma obra de arte não excessi-
"Meier Art Judgment Test", que vamente conhecida, o outro apre-
é uma revisão do primitivo "Meier senta uma alteração qualquer dês-
Seashore Art Judgment Test" e o se original. Os quadros escolhidos
"McAdory Art Test". loão principalmente pinturas e de-
Recentemente apareceu o "Vi- senhos, além de reproduções de
sn~.lDesign Test" de Maitland vasos e outros objetos de arte: gra-
Graves. vuras, medalhas, murais, etc. As
modificações dizem respeito à
Ray Faulkner e Eugene Myers composição, forma, posição, dis-
apontam outros testes, tendo o pri- tribuição de luz e sombra, pers-
meiro construído testes de discri- pectiva, etc·
minação em arquitetura, pintura, Aplicação - O examinando, in-
escultura e artes industriais. formado pela fôlha de registro
Os testes "Minnesota House De- qual a alteração sofrida por um
sign Test" e "Housc Furnishing dos membros do par, deverá esco-
Ttst", de Brown e Puhr, 1936, lher no livro de gravuras a que
são específicos, relacionados com prefere e assinalar a resposta na
os problemas da arte no lar. fôlha de registro. Pode o tc:ste ser
aplicado tanto individualmente
O teste "S~ven Modern Paint- quanto coletivamente em pequeno
lllg" apontado no "The 1940 Men- grupo (com alguns inconvenien-
tal Measurements Yearbook", de tes), mas sem tempo limitado.
O, K. Buros, não foi estudado Correção e contagem dos pon-
ainda suficientem~nte. tos - g feita por crivo, adrede
INTRODUÇÃO AOS TESTES PSICOLóGICOS 67

preparado, que facilita o trabalho. Findley, mencionando as correla-


O escore é o número de acertos, ções alcançadas que variavam de
de acôrdo com a chave. Os pontos 0.02 a 0.53. As r::visões que se
sãç transformados em percentis, seguiram, para selecionar os 100
em três escalas, correspondentes a itens, corrigiram, em grande par-
três níveis: "junior high school, te, a falta de precisão indicada
senior high school, e o college" de pelos baixos coeficient:s da pri-
arte. Com exceção dos estudantes meira forma.
do "colIege" as normas não são re- Fidedignidade - Os primeiros
presentativas, nem da população co::ficientes obtidos foram baixos
em geral, nem dos outros estudan- e, apesar dos novos estudos, Meier
tes americanos. considerou a prova mais como uma
Padronização - Para que o tes- triagem de elementos aptos ou
te se mantivesse, mais ou menos inaptos. Para diagnose individual
p::rmanente, nem perdesse de va- mais perfeita, será n~cessário
lor com o tempo, foram escolhidas maiores estudos. Recomenda o
obras de reconhecido valor estéti- próprio Meier "prudência" no
co, e que não fôssem fàcilmente uso.
identificadas. O material foi sele-
cionado por comissão numerosa de Correlações Com os test~s
artistas Zonsagrados. de inteligência, correlação peque-
Para a primeira edição do teste, na. Com os testes de Visualiza-
füram escolhidos 125 pares de ção Espacial a correlação encon-
glavuras, depois selecionadas pa- trada por Bingham e Findley foi
ra 100 de . 37, podendo-se concluir que
Validade - O próprio fato de há algo de comum entre as duas
serem assinaladas como respostas aptidões, mas ainda não foram fei-
certas, as escolhidas por suas fre- tas análises fatoriais.
qüência mais altas e pelos artistas Com o McAdory Art Test, cor-
consagrados, dá ao teste uma va- relação de .37, o que é de estra-
lidade "evidente". Quase todos os nhar, pois ambos os testes preten-
estudos sôbre a validade do teste, dem medir as mesmas aptidões.
foram feitos com o material da Com o teste de Lewerenz, cor!!:,-
primeira elaboração. Kinder, rela- lação .53, considerada boa, pois
tou os estudos de Bingham e êste teste trata de habilidade de
68 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PúBLICA

execução. Com os níveis de escola- De todos êsses estudos e obser-


Iidade os resultados foram de .46. vações, pode-se deduzir com Su-
per, que:
A influência do treino - O
:teste foi aplicado em indivíduos -:- o teste med? habilidades que
varram de pessoa para pessoa;
,de 14 e 15 anos, de acôrdo com
os estudos e exp::riências, para ve- - encontra-se essa habilidade
rificar a influência que a maturi- em alto grau mais nos artistas do
que NOS não-artistas e também em
dade e experiência possam ter sô-
algumas pessoas não treinadas em
bre a escolha e preferência, dedu-
arte;
zindo-se que havia necessidade de
- a aptidão que se mede com
organizar normas de classificação
êsse test:? é diferente da inteliaên-
b
dos indivíduos, por idade. Eurich
Cla;
.e Carrol, chegaram à conclusão
julgamento estético está re-
de que o treino não tem efeito sô-
lacionado moderadamente com VI-
bre os escores. Entretanto, foi ve-
sualização espacial;
rificado, conform~ diz o manual
da primeira edição, que os pro- - julgamento estético não está
fissionais, especialmente professô- muito relacionado com sucesso no
res de arte, alcançaram escores treino artístico.
maiores que os estudantes de Arte Onde e como usar o teste:
e êstes, maiores que os dos estu- Nas escolas e centros de orien-
dantes em geral. Meier modificou tação. e seleção, o teste serve para
sua opinião de que o teste mede localIzar os estudantes e indivíduos
,algo que não se relaciona com trei- que possuam talento artístico e que
no, dando um pouco mais de im- mereçam estudos esp-::cializados.
ou os que não estão em condições
portância ao valor da experiên-
d? recebê-los.
cia. Norman, opina que o desen-
volvimento do julgamento estético Como especificador dos diferen-
está em função da maturidade e tes campos de Arte, não possui o
teste fôrça discriminativa.
que a estabilização se dá entre
18 e 22 anos. Em seleção de empregos, é pou-
co usado, porque os candidatos,
Conclusões sôbre o valor do sendo já profissionais, serão me-
teste: lhor escolhidos por sua execução.
INTRODUÇÃO AOS TESTES PSICOLóGICOS 69
o "Me ADORY ART TEST" 5) - Distribuição de luz e
(DE MARGARET Me ADORY.
sombras.
6) - Gráfico de côres.
o teste foi criado com propó- Correlações - Correlações com
sito de: medir o talento inato, sem
outros testes, são baixas, exceto
sofrer a influência da aprendiza-
com o "Christensen Test of Appre-
gem, e também para medir a habi-
ciation of Art". Com o de Meier,
lidade criadora.
baixo co=ficiente. Não foram co-
Descrição - Consiste em 72 nhecidas correlações com habilida-
pranchas, cada uma contendo 4 de criadora.
pequ~nas variações de um mesmo
Crítica - Na opinião de Meier
desenho. O original foi extraído
e Super, embora vantajoso pelo
do de assuntos de Arte em geral, material prático utilizado, o teste
e revistas, sendo algumas pran- está sujeito a variações de gôsto,
chas em côr. As variaçõ:s refe- em função da moda e da época.
rem-se a mudanças de proporção, Outra desvantagem é que o teste
intensidade e côr, descritas na fô- consom:: um tempo excessivamen-
lha de registro. O examinando te longo para sua aplicação (90
assinala a ordem de preferência minutos) .
em cada prancha.
Apesar de, aparentemente, ser
Os pontos são o total de res- instrumento para fins educacio-
postas consideradas "certas" -- pela nais, os resultados obtidos não os
chave organizada de acôrdo com confirmaram, devendo ser. usado
o julgamento de 100 peritos, ar- com reservas.
tistas, arquitetos, professôres de
arte, etc. o "GRAVES DESIGN JUDGMENT
Escores em separado podem ser TEST" (DE MALTLAND
obtidos em 6 subdivisões: GRAVES)

1) - Móveis e utensílios. Focaliza êste teste a verificação


2) - Tecidos e indumentárias. dos princípios básicos que entram
3) - Arquitetura e artes re- na estruturação de uma obra de
lacionadas. Arte com "unidade".
4) Arranjo de linhas e for- N a construção dos itens houve
mas. a preocupação de avaliar em que
70 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PúBLICA

grau o examinando é hábil em e em 2 níveis: "high-schools e


percb:.:r e reagir aos princípios "colleges" (cursos secundários e
estéticos básicos descritos no ma- universitários) .
nual que acompanha o teste: uni- Fidedignidade - No manual de
dade, dominância, variedade, equi- instruções estão relacionados cêr-
líbrio, continuidade, simetria, pro- ca de 14 grupos onde foram mi-
porção e ritmo. nistrados o teste. Os coeficient::s
D(;scrição - O teste consta de variam de .8 a .93, com media-
90 pares (às vêzes trios) de de- no de .86.
senhos, cujos modelos são formas Normas - baseadas em estu-
abstratas, a duas ou três dimen- dantes de 2 "high-schools" (esco-
sões, sem significado objetivo, a las secundárias) e 3 instituições
fim de que não possam sugerir "post-high-schools" .
associaçõ::s de idéias ou preconcei-
Crítica - Ziegfeld acha que os
tos, assegurando, tanto quanto pos-
sentimentos e emoções são básicas
sível, reação puramente visual e
na arte e o uso que o artista faz
de pura composição. de sua exp-:riência é um fator
O indivíduo escolherá a que de êxito na produção artística. As-
considera melhor, assinalando-a na sim, eliminando êsses fatôres, con-
fôlha de registro. forme declara em sua obra "The
As respostas certas foram esta- Arl of Color and Design", Gra-
belecidas nas seguintes bases: ves talvez não alcance o propósito
visado: "apreciação ou produção
a) concordância entre profes- da estrutura artística".
sôres de arte, em 90 dos Até hoje, poucas referências
150 itens iniciais. apareceram sôbre êsse teste e tam-
b) maior preferência pela bém sôbre correlações em outros.
composição, entre estudan- Sabe-se porém que o teste aplica-
tes de arte, do que os de do em vános escolares de arte,
"non-art". deu escores aproximadamente
c) maior preferência por aquê- iguais aos f2sultados escolares.
les que alcançaram melho- Ainda, valendo-se da reação es-
res escores no teste total. tética para julgar, há os testes de
O julgamento é feito em 2 gru- preferências por côres e seus efei-
pos: estudantes de arte "non-art" tos, por linhas e formas; os estu-
INTRODUÇÃO AOS TESTES PSICOLóGICOS 71

dos neste aspecto possuem valor OS "TESTS OF FUNDAMENTAL


ABILITIES IN VISUAL ART"
prático para os artistas e desenhis- (DE LEWERENZ)
tas de cartazes, desenhos indus-
triais, arquitetos, etc. Constituem uma bateria de 9
Psicologicamente considerados, testes para medir: discriminação
êstes estudos não atingiram o grau de côres, memória visual de pro-
de fidêdignidade e validade que porção, observação, análise, origi-
permitam o seu uso, pois variam nalidade, reconhecimento d',-: pro-
de latitude, de época e cultura. porções estéticas.
Super, não considera êstes tes-
OS TESTES DE EXECUÇÃO tes, como verificadores da "habi-
lidade estética criadora" e sim
Apesar de não se conhecer a ver- "amostras de trabalho", não me-
dadeira natureza da "centelha" da dindo aptidões mas a habilidade
criação, pode-se, através dos estu- de construir bons desenhos e de
dos psicológicos verificar o "cami- usar vocabulário e instrumental ar-
nho" pelo qual a habilidade cria- tístico.
dora passa da concepção da idéia Foi elaborado com a finalidade
à realização. de medir a habilidade artística
~ muito variável a forma de in- criadora dos escolares. Sendo pa-
centivo da criação, sendo o interês- dronizado com crianças de 12 e
se O incentivo fundamental da 13 anos.
criação. Fidedignidade - Aplicado em
Os testes de produção artística 100 alunos das séries 3 e 9 (ame-
encontraram maiores dificuldades ricanas) o coeficiente foi de .87.
que os de julgamento artístico e Comparações com estudantes de
tendem, pelo próprio objetivo, a arte - .40.
focalizar a fase mais concreta do
CONCLUSõES SOBRE OS TESTES
processo criador· DE LEWERENZ
Os testes mais conhecidos para -f
verificar êsse aspecto da habilidade 1) - O teste mede, com con-
attística são mais reveladores de siderável fidedignidade
conhecimento adquirido nesse se- vários fatôres diferentea
tor, do que de criação. de inteligência.
72 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PúBLICA

2) Mede o grau de afini- Solicita·se ao examinando varie-


dade com a execução em dade de respostas: - reproduzir
arte. um d::senho de memória; - dese-
3) - Varia com a idade e nhar um "papai-noel"; - adaptar
sexo. ou modificar desenhos a outras
4) - Os fatôres estudados es- condições; - desenhar objetos em
tão relacionados com ha- perspectiva; - criar composlçoes
bilidade visual e criação usando dados, temas ou elemen-
artística. tos; - conferir a precisão de
Possui o teste valor prático na perspectiva e sombras de desenho.
5eleção de estudantes para previ- O julgamento dos escores é
são de futuros êxitos prováveis, semi.objetivo e tende a medir ha·
porém necessita de dados comple- bilidades adquiridas em aulas.
mentares. A interpretação dêsses A medida de fidedignidade -
testes depende do tipo de psicolo- indica correlação de .95. Os es-
gia e filosofia de arte que o apli- tudantes, em número de 83, eram
cador e julgador possui. aproximadamente do mesmo tipo
Ê de pouco valor para aquêles de ensino.
que julgam ser a Arte bem mais
Validade - foi aplicado a gru·
uma atividade integral do que uma
pos de "art-major" e "non-art·
série de habilidades somadas.
-major" em "colleges", porém a
o "'KNAUBER ART ABILI1Y grande diferença entre os escores
TEST" (DE ALMA JORDAN
KNAUBER)
é talvez devida mais ao treino do
que à habilidade.
Pretende fornecer medida obje-
É um teste longo, de 3 horas
tiva e definitiva de diferentes
de aplicação.
graus de talento artístico. Na opi-
nião de Meier, é um reste de esco- No aconselhamento e seleção
laridade, que mede o grau de tem boa aplicação, pois que dis-
aprendizagem dos problemas tra- tingue níveis de habilidade artís-
dicionais da instrução artística. tica.
Ê um teste de execução no quôtl
OUTROS TESTES
memória, precisão, ingenuidade,
habilidade criadora e faculdade de "Knaubcr Art Vocabulary Test",
crítica são medidas. de Alma Jordan Knauber, com a
INTRODUÇÃO AOS TESTES PSICOLóGICOS 73

finalidade de medir o conhecimen- B - AS APTIDõES


to do vocabulário adquirido artís- ESPECIFICAS MUSICAIS
tico desde a 7~ série (america-
na) em diante. A aptidão musical é considerada
uma unidade funcional por alguns,
"Horn Art Aptitud~ Inventory", enquanto para outros é uma plu-
de Charles C. Horn, que parece ralidade h~terogênea.
ser um teste verificador de exe- Podemos verificar em profissões
cução e conh-::cimento tradicional musicais, as mais diversas, uma
dos problemas de arte. Foi apresen- sene de atitudes profissionais
tado com o propósito de medir diferentes onde intervêm fatôres
a aptidão artística. caracterológicos e intelectuais.
- Haverá em tôdas elas um
"Selective Art Aptitude Test" , núcleo comum de aptidões ele-
de William H. Varnum, elabo- mentares ao qual se juntam ou-
rado com o objetivo de prognos- tras específicas?
ticar os futuros profissionais em Maltzew, em Moscou, distin-
arte. Mede as capacidades bási- guiu entre outras: audição tonal,
cas em Arte. Ainda não foi devi- senso de ritmo e memória.
damente explorado. Seashore, quem mais exaustiva-
mente estudou o assunto, distin-
Os testes de execução disponí-
guiu 8 fatôres fundamentais, redu-
veis, são de modo geral, longos, zindo-os a 6 em seu teste, poden-
trabalhosos e dispendiosos. O do, contudo, atingir maior núme-
I. S. O. P., nesse terreno, preferiu ro. Porém, parece que não se pode
valer-se da execução de desenhos predizer uma aptidão musical de-
ou pinturas, tanto livres como su- finitiva, fundamentando-se nessas
geridos por estímulos gráficos, jul- aptidões elementares, pois que uma
gando-os à luz da apreciação pe- estrutura complexa como a musi-
ricial do examinador. Acrescentan- cal, não pode ser reconstituída
do uma prova, ainda não padro- por simples síntese de fatôres ele-
nizada, de execução em massa mentares.
plástica. Com as informações obti- Necessita-se de dados mais com-
das, e registradas é feita a síntese plexos que o das aptidões básicas,
final. além da intervenção da persona-
74 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PúBLICA

lidade integral nas realizações e te aos ouvintes seu trabalho atra-


que deve intervir na síntese, de- vés de sons, sendo o som o "musi-
vendo s::r levada em conta, assim cal medium".
como a influência da educação e Portanto, em seu trabalho, não
do treino, principalmente nas ca- leva em conta a capacidade cria-
pacidades de execução. dora, nem a interpretação.
Seashore, em seu "Tratado Geral Todos os sons possuem 4 carac-
de Psicologia da Música", faz um terísticas mensuráveis em ondas
paralelo das características musi- sonoras: freqüência, intensidade,
cais com as que Meier assinala duração e forma que podem ser
para as Artes Plásticas: traduzidos em: altura, fôrça, tem-
Habilidade manual, necessária po e timbre. A êsses 4 adicionou:
para a execução de música instru- ritmo e memória.
mental; Entretanto, num laboratório de
Perseverança volitiva, necessá- análise, a discriminação das carac-
ria à prática rotineira da ativida- terísticas básicas é muito mais de-
de musical; talhada, chegando a exemplifi-
Imaginação Criadora, necessária car 22.
à composição e interpretação mu- Seashore preconiza o exame do
sicais; perfil musical do indivíduo, além
Inteligência, cada vez mais jul- de outros exames relacionados com
gada necessária, principalmente a execução e desempenho, pois pa-
nos altos níveis de musicalidade; ra êle, não apresenta resultado
Sensibilidade emocional (não prático chegar-se à conclusão do
confundir com desajuste) pode grau de musicalidade geral de um
ser julgada importante, tanto no indivíduo, e sim analisar como es-
trabalho de criação como no da tão entrosadas essas qualidades.
interpretação. Os opositores da teoria expos-
As aptidões a que Seashore se ta por Seashore são da opinião
refere são as capacidades físicas que: "o isolamento das habilida-
fundamentais necessárias ao êxito des sensoriais e perceptuais não
em Música, baseadas nas qualida- indicam desempenho nas situações
des físicas dos sons, justificando complexas que necessitam contex-
que o executante musical transmi- to e significado" (Mursell).
INTRODUÇÃO AOS TIDSTES PSICOLóGICOS 75

o trabalho de Herbert Wing, Descrição - Consta de 2 senes


defendendo a teoria que Seashore A e B de 3 discos duplos, de fo-
chamou de "omnibus theory", no nógrafo.
sentido de demonstrar que a mu- A série A, para grupos hetero-
sicalidade é mais do que a soma gêneos. A série B para avaliação
d~ fatôres parciais, é bem eviden- do nível de habilidade nos estu-
ciada em seu teste. dantes de música e músicos.
As 6 capacidades medidas são:
TESTES MUSICAIS Altura, Intensidade, Tempo, Tim-
bre, Ritmo e Memória Tonal. De-
Podem ser classificados como: ve o examinando:
Testes verificadores da aptidãf' no 19, distinguir a altura
musical. da 2' nota de 1 par (50
Testes verificadores do conheci-
itens) ;
mento musical.
no 2 9, distinguir a intensi-
o "SEASHORE OF MUSICAL dade da 2' nota de 1 par
T ALENTS" (DE C. E. (50 itens);
SEASHORE) no 39 , distinguir a duração
da 2' nota de 1 par (50
Conjunto de testes de mais re- itens) ;
lêvo entre os instrumentos de m~­ - no 4 9, distinguir se as 2 no-
didas psicológicas. Apesar de ser
tas do par possuem igual
usado também como complemen-
qualidade de som (50
to de seleção de outras ocupações
itens) ;
não-musicais, seu uso é limitado,
em virtude da proporção relativa no 59, distinguir se duas se-
entre o número de pessoas de qüências rítmicas são iguais
ocupações musicais e o montante ou diferentes (30 itens);
total de ocupações em geral. no 6 9, assinalar qual a nota
:e usado para verificação da mu- alterada na repetição de uma
sicalidade de alunos de 5' e 6' melodia (30 itens) .
série (americanas) até a idade
adulta; é aconselhável fazê-lo em Aplicação: A dificulade dos
2, 3 ou mais sessões. O treino itens é crescente, até ser quase
não influi. inatingível.
76 CADERNOS DE ADMINISTRAÇãO PúBLICA

Além da explicação verbal das entre os escores dos testes musi-


respostas experimenta-se antes de cais e resultados de escolaridade
iniciar propriamente o teste. A musical, inteligência e êxito na
grande dificuldade da aplicação profissão. Seashore considera a va-
está na possibilidade de divaga- lidade de seu teste repousando b~m
ção provocada pela monotonia do mais nos resultados obtidos pelas
teste. Recomenda o autor a posi- mensurações das capacidades bási-
ção de alerta que impossibilite a cas em músicos,do que no êxito ou
desatenção. desempenho.
O escore é dado pela chave de Acrescentou, ainda, um exame
respostas. O autor recomenda que sôbre o desempenho e execução,
o teste seja feito mais de uma conhecido como "performance
vez, com algum intervalo, para score", feito através de gravação
que seja tirada a média dos es- e fotografia das ondas sonoras,
cores. com uma tabela de julgamento·
Normas - Os resultados em correspondente.
decis dos 6 testes, anotados num
Intercorrelação dos itens dos 6
quadro à parte, obtendo-se o perfíl testes, feitas com alunos do "col-
gráfico do indivíduo, permitindo
lege" (universitários) deu como
o diagnóstico sôbre o tipo de mu-
resultado .48 e com alunos de es-
sicalidade do indivíduo. Para a
cola elementar e "high" (secundi-
série A, tem-se 3 grupos de alunos
ria) .25.
da 5~ 6~ série; 7~ 8.'1-; adultos.
Padronização: A fidedignidade A análise fatorial também não
é declarada por Farnsworth, nos confirmou a total independência
testes de Altura e Memória, sendo dos fatôres básicos. Com inteli-
o de Timbre, menos fidedigno, gência, as correlações foram bai-
considerando êste autor que "o xas, mas com níveis de dificulda-
restante da bateria de Seashore de- de musical foi melhor.
verá ser empregado com extrema Conclusão - Os testes de
cautela". Talvez os casos de bai- Seashore medem aptidões indepen-
xos coeficientes sejam devidos a dentes da habilidade mental e en-
discriminações sutis que devam tre si;
ser feitas. - estas capacidades são físicas
Validade: Os estudos da valida- e amadurecem nas proximi-
de do teste referem-se às relações dades dos 15 anos e não
INTRODUÇAO AOS TESTES PSICOLóGICOS 77

sofrem influência do treino Focalizam as seguintes capacida-


e da experiência; des: 1 - "Tonal Memory"; 2
recomenda-se o uso dos es- - "Quality Discrimination"; 3 -
cores em separado. "Intesity Discrimination"; 4 -
Utilidade - Em escolas e colé- "Tonal Movement"; 5 - "Time
gios serve para localizar os dota- Discrimination"; 6 - "Rhythm
dos de aptidões básicas musicais, Discrimination"; 7 - "Pitch Dis-
podendo assim encaminhá-los nos crimination"; 8 - "Mclodic Tas-
estudos especiais com probabilida- te"; 9 - "Pitch Imagery" e 10
des de êxito. Nas escolas de música - "Rhythm Imagery".
podem ser usados como instrumen- Os de n 9 s 1, 2, 3, 5, 6, 7 são
to selecionador dos que, além da bastante equivalentes, em seus
habilidade demonstrada, possuam objetivos, aos testes de Seashore.
capacidades básicas que prognosti- Os demais, 4, 8, 9, 10 dão à pro-
quem um êxito futuro. va aspecto de investigação no ter-
Para empregos d~ músico é pou- reno da musicalidade muito mais
co usado, pois no caso o desem- do que nos testes de S:ashore.
penho é o melhor meio prático de Os sons apresentados são de
verificação e está na dependência instrumentos musicais e não apa-
<10 tipo de trabalho. relhos de laboratórios de física do
som.
o "KWALWASSER-DYKEMA
MUSIC TESTS" (DE JACOB Correção, Normas e Escore -
KW ALW ASSER E PETER As respostas são assinaladas em
W. DYKEMA) fôlha de registro simples.
A correção é feita com uma cha-
São testes considerados como ve de julgamento e o número de
prognosticadores do talento mu- pontos corresponde ao total de res-
sical. Importantes como indicati- postas consideradas certas. Há es-
vos de talento e execução musi- cala de p:rcentis para o total de
cais pontos da prova e para cada teste.
Descrição -: Consta a prova Quanto às normas - três esca-
à~ 10 itens gravados em 5 discos. las: uma para "intermediate gra-
A maioria dos testes apresentam 25 de" (correspondendo ao primário
ou 30 itens, com 2 exceções: 1 e 19 ginasial), outra para "junior
com 10 e outro com 40. high-schools" (2 9 , 39 e 4 9 gina.
78 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PúBLICA

siais) e a última para "senior sical", procura, através de uma


high-schools" (ciclo colegial). imbricação mais estreita entre ;1,
Fidedignidade e Validade - O técnica de teste e prática musi-
manual não fornece dados. cal, avaliar a aptidão geral com-
Crítica - Geralmente bem aei- plexa, que é a musical.
to pelos educadores de música pois Comenta dores de seu trabalho
que analisa aspectos da musicali- consideram essa bateria de testes
dade, como seja o "Tonal Move- mais indicada para exame d: po-
ment" e o "Melodic Taste" que, pulações específicas como, por
sem serem completamente válidos exemplo, a de estudantes de esco-
c fidedignos, auxiliam o julgamen- hs de música, verificando o grau
to nesses dois aspectos, de habilidade potencial que pos-
Os dois últimos testes da bate- suem.
ria "Pitch Imagery" e "Rhythm Descrição - Consta de 10 dis-
Imagery" dificultam a aplicação cos e a correspondente fôlha de
da prova a indivíduos sem estu- registro. Está dividido em 8 par-
do básico de notação musical. Há tes e focaliza: a análise de acor-
conveniência de organizar. se no- des; mudança de altura; memó-
vas normas para tabelas de pontos ria; acento rítmico; harmonia; in-
totais sem êsses testes, o que foi tensidade; fraseamento; total.
feito pelo Serviço de Estatística O conteúdo é o de melodias p0-
do I. S. O. P., mas que carece de pulares inglêsas e outras menos
aprovação experimental sufi- familiares. Wing sustenta que as
ciente. melodias conhecidas não são mais
fáceis que as desconhecidas.
o "WING STANDARIZES TESTS Fid::dignidade - Wing encon-
OF MUSICAL INTELIGENCE'·
(DE H. D. WING) trou O coeficiente de .91, Mc-
Leish .90. Ambos relativos à ba-
O objetivo dos testes de Wing, teria como um todo, porque par-
é medir a "habilidade musical" ou cialmente, em cada testé', não se
antes a "inteligência musical" encontrou alta fidedignidade.
através do escore total da bateria. O resultado da correlação com
Wing, contrário à teoria de testes de inteligência foi nulo.
Seashore, cujos testes êle julga Os testes de Wing, têm sido
serem "atomístico e sem valor !DU- bem aceitos pelos professôres de
INTRODUÇÃO AOS TESTES PSICOLóGICOS 79

muslca e educadores, em geral, Garantem, através de correla-


muitos dêles, preferindo-os aos de ções feitas, a fidedignidade do
Seashore. teste.

o "DRAKE MUSICAL MEMORY o "CONRAD INSTRUMENT·


TEST" (DE RALEIG DRAKE) TALENT TEST" (DE J. W.
CONRAD)

Teste de talento musical, apli-


cável a partir de 8 anos. Gra- Consta de 6 escores: altura, tem-
vado em discos, em 2 formas: po, ritmo, harmonia, reconhecimen-
A e B. O te.ste utiliza 12 melo- to de tons e total. Não há da-
dias, cada uma de dificuldade e dos sôbre a fidedignidade e vali-
extensão progressivas, que podem dade.
ser também tocadas ao piano pelo São necessários para aplicação
aplicador. Normas e percentis são do teste, piano e metrônomo.
dadas para 8 níveis de idade, tan- Estes três testes podem ser apon-
to para môças como para ra- tados, porém sem que os estudos
pazes. a êles relacionados garantam con-
fiança nos resultados.
o "MUSICAL APTI11JDE TEST"
'rESTES DE CONHECIMENTO
(DE WHISUER & THORPE)
E EXECUÇÃO MUSICAIS

Examina 5 aspectos da musica- Além da avaliação do desempe-


lidade: nho musical, apontado por Seas-
1) "Rhythm Recognition"; hore, há testes de lápis e papel
2) "Pitch Recognition"; que servem para avaliar os inte-
3) "Melody Recognitinon"; rêsses e o grau de conhecimento
4) "Pitch Discrimination"; cultural em música alcançado.
"Advanced Rhythm Re- Os educadores de música vêm
5)
reconhecendo, cada vez mais, o
cognition" .
significado dêsse ponto básico que
Para o exame dêsses aspectos é a pequena relação entre tatento
usam os autores exemplos musi- musical e habilidade de aprender
cais e também não musicais, sen- fatos musicais e aspectos mecâni-
do a aplicação feita com o auxílio cos da música lida. Por isso, os
do piano. testes de conhecimento, têm sido
80 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PúBLICA

substituídos cada vez mais pelos Dentre êles: "Musical Achieve-


de aptidão musical. ment Test", de Glecn Gilders-
Os testes são quase todos apli- leeve & Wayne Sopcr; "Beach
cados em escolas de música para Music Test", de Frank Beach;
verificação da escolaridade musi- "Kwalwasser Test of Musical
cal, e bastante numerosos, poden- Information and Appreciation",
do a relação ser consultada nos de Jacob Kwalwasser; "Hilbrand
"Mental Measurem~nts Year- Sight-Singing Tests", de E. K
books" já mencionados. Hilbrand.

BIBLIOGRAFIA

1 - BUROS, OSCAR KRISEN - Mental Mea:mre-ments Year-


book. Rutgers University Press - New Brunswieh. 1940, 1949, 1953.
2 - FRYER, D. H. - HENRY, E. R. - IIandlYook of Applied
Psychology, Rinehart Company, Inc. (2 volumes), 1950.
3 - MEIER, NORMAN C. - Studies in P8Y'chology of Art.
Vols. I, n, lII. New of Iowa.
4 - PIERON, HENRY - La Psychologie DifferencieUe. Presses
Universitaires de Franee, Paris, 1949.
5 - SEASHORE, CARL - Ph1~chology of Music - McGraw
Hill Book Company, Inc. New York and London, 1938.
6 - SUPER, D. E. - Apprai&ing Vocational Fitnes8. Harper .li:
Brother. New Y-ork, 1949.
7 - The American Phychological Association - Phychological
Monographs - Nos 213 (1936) e 231 (1939).
CAPITULO V

TESTES PSICOMOTORES
CONCEITO DE PSICOMOTRICIDADE 3"1) - Habilidade digital.
4"1) - Coordenação motora
A palavra psicomotricidade tem
5"1) - Manipulação.
sido usada de maneira muito va-
69 ) - Agilidade manual
ga, quando se refere à execução
7<1) - Contrôle de movimento.
de uma tarefa de ordem prática SQ) - Precisão de movimento.
e concreta. Para fins didáticos,
99 ) Rapidez.
torna-se necessário diferenciarmos 10"1) - Ritmo.
as aptidões motoras das psicomo-
toras propriamente ditas.
Os psicologistas americanos ten-
Fatôres Motores - Desde as
dem a considerar nas aptidões psi-
primeiras pesquisas realizadas a
co~?ras apenas o aspecto motor,
respeito das aptidões motoras (pri-
clasSIficando-as em dois grandes>
meira análise fatorial realizada por
grupos:
Garfreld em 1923), conclui-se tra-
tar-se de um grupo de aptidões a) - aptidão motora "braçO'-
mais ou menos independentes .mã~", na qual se procura avaliar
uma das outras, e sem correlação mOVImentos mais largos, executa-
com a inteligência. Atualmente, dos por grandes grupos de mús-
depois de 30 anos de investiga- culos dos braços c das mãos. ~
ções, conseguiu-se isolar, nesse u:na atividade menos complexa c
tipo de aptidão, cêrca de 25 fa- nao tem valor para classificação
tôres puramente motores. Entre ês- de pessoas para tarefas qualifica-
tes distinguem-se: das. _ Tem utilidade apenas para
seleçao de trabalhadores não-qua-
1"1) Habilidade manual. lificados, como empacotado r, em-
- 2"1) - Precisão. brulhador, etc. Não apresenta
84 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PúBLICA

qualquer correlação com a capaci- de reação (aparecem principal-


dade intelectual. mente nos testes de execução, de
b) - A aptidão motora "pul- aptidão me-cânica).
so-dedo", que é uma atividade mais O terceiro elemento é o fator
-complexa e exige movimentos mais inteligência prática, que exerce um
finos e mais precisos. Indica ha- papel preponderante nas provas de
bilidade para microcinesias, neces- execução prática, complexas, tais
sária para certas profissões quali- como montagem de objetos de ma-
ficadas que exigem alta precisão deira, de peças mecânicas, puzzles,
de movimentos, tais como: ourives, etc. Aliás, êsse elemento é, pro-
cirurgião-dentista, mecalllCO de vàvelmente, o mesmo que aparece
precisão, relojoeiro, médico-cirur- nos testes de execução de aptidão
gião, etc. espacial, bem como nos testes de
inteligência. Na idade infantil ser-
Fatôres não motores - Além vem como teste de nível mental,
dos fatôres motores, constatou-se integrando baterias como as de
também existir nas aptidões moto- Grace Arthur, de Pintner-Paterson.
ras, (nesse caso seria melhor de- A.B.C., e outras.
nominá-las psicomotoras) outros
fatôres de outra ordem, que, toda- TESTES PSICOMOTORES
via, não deixavam de influenciar
na execução motora. o "O·CONNOR FINGER
DEXTERITY TEST"
Trata-se, primeiramente, do fa-
tor "relação ou vizualização espa- Visa medir a habilidade ma-
cial" (S. de Thurstone) que apa- nual fina - "pulso-dedo"
rece nos testes psicomotores de na- e consiste na seguinte operação:
tureza mais complexa (como no o examinando deve colocar três pi-
teste aptidão mecânica de Mac nos de cada vez, em um pequeno
Quarie, que mede habilidade ma- orifício. O tempo é um fator im-
ow.l, visão espacial e aptidão me- portante na apuração.
cânica) .
o "O·CONNOR 1WEEZER
Outro fator não motor é a ca- DEXTERITY TEST··
pacidade de percepção (fator P.
de Thurstone). Poderá ser per- Tem a mesma finalidade do
cepção de detalhe ou simplesmente teste anterior. A diferença con-
.rapidez de percepç~o em tempo siste no uso de- pinças para en-
INTRODUÇAO AOS TESTES PSICOLóGICOS 85
caixar um pino de cada vez nos res vantagens como instrumento
buracos, que, por sua vez, são me- para seleção de candidatos a ati-
nores do que os do teste anterior. vidades semiqualificadas, que exi-
Segundo Anastasi, os testes de jam o tipo de habilidade manual
O'Connor apresentam boa fide- verificada pelo teste. Fornece,
dignidade, mas sua validade deve principalmente, uma indicação da!
ser cuidadosamente examinada em possibilidades de adaptação inicial
têrmos de critérios específicos. a essas atividades.
São possivelmente úteis e válidos
para selecionar indivíduos para TESTE DE HABILIDADE
atividades que exijam a manipula- MECANICA DE MAC QUARIE
ção de pequenos obj ctos, com os
Publicado pelo California Teste
dedos ou com pinças, mas apre-
Bureau, em 1925, para avaliação
sentam pouco valor preditivo para
das possibilidades de mecânica e
atividades que envolvam outros
manuais. Não é apenas uma prova
tipos de manipulação.
de compreensão mecânica, mas
Super é de opinião qu,,: os tes-
uma bateria de subtestes, visando
tes de O'Connor são especialmen-
cada qual a mensuração de um fa-
te úteis para avaliar a capacidade
tor considerado importante nas
de aprendizagem e rapidez de
ocupações mecânicas e manuais.
adaptação a certos tipos de ativi-
Foram incluídos subtestes de visão
dade manual "pulso-dedo", que
espacial, destreza manual, rapidez
envolvam muita precisão.
c exatidão de percepção, com a
o "MINNESOTA RATE OF finalidade de avaliar, em seu con-
MANIPULATION" junto, a aptidão mecânica.
Visa avaliar habilidade ma- Elaborado, inicialmente, para
nual grossa, isto é, "braço-mão". adolescentes o seu uso foi esten-
Consiste em encaixar 60 cilindros dido a adultos. Grande número
em orifícios circulares. A veloci- de pesquisas têm sido realizadas
dade da operação é fator impor- com o tçste de Mac Quarie, em
tante na apuração e avaliação do grupos profissionais e estudantes.
resultado. Segundo Super, o tes- Concluiu-se que o teste mede três
te foi elaborado e padronizado es- diferentes aptidões: visualização
pecificamente para o uso de po- espacial, destreza manual e rapi-
pulações adultas. Oferece maio- dez e exatidão de percepção.
86 CADERNOS DE ADMINISTRAÇAO PúBLICA

o coeficiente de validade, obti- tinhos numa fôlha de papel em


do mediante comparação com as branco, tão depressa quanto possí-
notas em curso de trabalhos ma- vel, s~m se preocupar com a or-
nuais e mecânicos, foi .48 . O dem em que vai trabalhar. O co-
coeficiente de fidedignidade foi tovêlo do examinando deve estar
superior a .90. apoiado sôbre a mesa, a fim de
O teste de Mac Quarie pode que o movimento seja executado
ser usado com vantagens em orien- com o antebraço. A duração da
tação educacional, profissional e prova é de 6 segundos para cada
seleção. Oferr:ce boa perspectiva mão.
para investigação de aptidões para Contas ( de Decoendres)
profissões técnicas, odontologia, Consiste em 30 contas de vidro
bem como datilografia e esteno- cilíndricas, com cêrca de 4 milí-
grafia. m~tros de diâmetro interior, um

.A. BATERIA DE WALTHER


fio de algodão de 28 centímetros
de comprimento em cuja extremi-
Consiste das seguintes provas dade se encontra uma ponta de
bastante simples, que procuram côr (a 311} conta) e na outra ex-
investigar a habilidade manual e tremidade se acha enfiada uma
rapidez de movimentos. agulha. O examinando deve en-
19 ) - Pontilhagem (adapta- fiar tôdas as contas, o mais de-
do de Binet-Vachide) - Consis- pressa possível, segurando a agu-
te em duas fôlhas de papel, no lha com a mão direita e tomando
meio das quais está impresso um as contas de uma a uma com a
quadrado, subdividido em 100 pe- mão esquerda, deixando-as cair
quenos quadrados, medindo 1 cm Z quando houver quatro contas na
cada um. O examinando deverá, agulha. Marca-se o tempo.
tão depressa quanto possível, fa- Recortes (de Claparede Wal-
zer um ponto dentro de cada qua- ther) - Consiste numa fôlha de
drado, empregando um lápis azul. papel na qual estão impressas três
Marca-se o tempo em segundos. linhas de formatos diversos, que
Observa-se a mesma técnica com deverão ser recortadas pelo exa-
a mão esquerda. minando, sem sair do traço prê-
29 ) - Tapping (de Whitley) to. Dão-se 20 segundos para cada
- O examinando deve fazer pon- linha.
INTRODUÇÃO AOS TESTES PSICOLóGICOS 87

Discos (de Walther) - Con- deira. Mede percepção de formas.


siste em duas pranchas de pape- 4 9 ) - Puzzle, de Mira y Ló-
lão ou madeira, nas quais se en- pez. Consiste em armar um que-
contram 41 orifícios, contendo di,- bra-cabeças . Mede inteligência
cos de madeira. O examinando prática.
deve passar os discos da prancha 59) - Cubos Vermelhos, de
A para a prancha B (da esquer- Knose. Consiste em um grande
da para direita, com a mão direi- cubo vermelho, partido em 27
ta). Faz-se a prova três vêzes : cubos pequenos. O examinando
P, mão direita; 2'1-, mão esquerda deve reconstruir o grande cubo,
(a prancha A fica do lado direito recomendando que tôdas as suas
e os discos devem ser passados faces devem estar pintadas de ver-
da direita para a esquerda); 3'1-, melho. Pretende medir inteligência
duas mãos - a prancha A se en- prática e espacial.
contra novamente à esquerda da Marca-se o tempo de cada pro-
prancha B (passagem da esquerda va, interpretando os resultados pelo
para direita). Tomar o tempo pa- sistema de tetronagem.
Ia cada prova.
O TESTE A.B.C.
A BATERIA I.S.0.P.
Elaborado pelo professor Lou-
A bateria empregada no I.S.0.P. renço Filho, em 1933, a fim de
compõe-se não somente em testes diagnosticar o grau de maturida-
simplesmente motores, mas possui de da criança, em idade escolar,
também provas de natureza mais para aprendizagem da leitura e
complexa, que pretendem avaliar da escrita. Embora não seja ape-
os fatôres não-motores da psicomo- nas um teste de psicomotricidade
tricidade. foi incluído nesse grupo porque
19 ) - Discos, de Walther, já mede entre outros, o desenvolvi-
descritos. motor da criança.
29 ) - "Tweezer", de O'Con- Fundamentos teóricos - Pes-
nor, já descritos. quisas feitas a respeito das ope-
39 ) - "Form-Board", de Mira rações efetuadas no exercício da
y López. O examinando deve en- leitura e da escrita, demonstraram
caixar uma série de peças, de for- que são ambas de natureza bas-
mas diversas, nos orifícios corres- tante complexa. Envolve entre ou-
pondentes de uma prancha de ma- tras:
88 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PúBLICA

19 ) Coordenação visual e pos escolares, comparando-se os


auditivo-motriz que condicionam resultados obtidos no teste com
a conduta da cópia de figuras e a a aprendizagem subseqüente e a
capacidade dé! prolação; promoção do ano escolar.
2") - Resistência às tendên- A"aliou-se também o resultado
cias à inversão na cópia dessas fi- das classes homogeneizadas por
guras e à ecolalia na linguagem meio do A. B. C. ouvindo a opi-
oral; nião de professôres e diretores de
3") - Resistência à fadiga e escolas. Os resultados foram fa-
um mínimo de atenção dirigida; yoráveis.
49 ) - Memorização visual c A correlação do A. B. C. com
auditiva para figuras, palavras ou o Binet-Terman não foi significa-
frases . tiva - 0.17 ± 0,09.
O diagnóstico dêsse nível ini- A correlação com o Goode-
cial para os processos didáticos nough foi de 0.15. Apresentou
correntes pode ser obtido por meio melhor correlação com os testes
de pequeninos testes de muito fá- de execução. Pintner Cunnin-
cil emprêgo e muito mais especí- gham: 0,35.
ficos do que um teste de nível men- Conteúdo e aplicação - Com-
tal. Com essa finalidade foi ela- põe-se de oito subtestes:
borado o teste A. B. C. (sintéti- Teste 1 - Cópia de figuras
co por analogia), pois procura re- - Indica coordenação visual mo-
petir por analogia tôdas as opera- tora;
ções e capacidades necessárias pa- Teste 2 - Denominação de fi-
ra aprendizagem da leitura e da guras - Indica vocabulário, com-
escrita. Tem dupla finalidade: pre~nsão geral, memorização vi-
a) - diagnóstico da maturida- sual e atenção dirigida;
de do examinando para leitura e Teste 3 - Reprodução motora
escrita; e gráfica de movimentos - Inves-
b) - prognóstico da probabi- tiga a resistência à inversão na
hdade da aprendizagem dessas fun- cópia de figuras;
ções mais ou menos ràpidamente. Teste 4 - Reprodução de pa-
Validação e padronização - Fo- lavras de uso corrente - Investi-
rfim examinadas 15.605 crianças ga memória auditiva e capacidade
de escolas paulistas, de vários gru- de prolação;
INTRODUÇÃO AOS TESTES PSICOLóGICOS 89

Test~ 5 - Reprodução de nar- Teste 7 - Recorte de papel.


rativa. Avalia índice de atenção Avalia o índice de fatigabilidade
dirigida, vocabulário e compreen- c coordenação visual-motora;
são geral; Teste 8 - Pontilhagem em pa-
pel quadriculado - Indice de fa-
Teste 6 - Reprodução de po- tigabilidade.
lissílabos não usuais. Med~ re- São atribuídos de O a 3 pontos
sistência à ecolalia, coordenação para a execução do examinando,
auditivo-motora e capacidade de classificando-o de acôrdo com o
prolação; escore total.
QUADRO X

N9 de pontos Diagnóstico Prognóstico

Aprenderá a ler e escrever sem difi-


18 Superior culdade ou cansaço no semestre letivo.

Aprendizagem se dará normalmente


11 a 17 Média no decurso de um ano letivo.

Aprenderá a ler com dificuldade.


10 a 7 Inferior

o ensino escolar será totalm,:,nte Im-


7 ou abaixo profícuo.

Tabela do teste ABC

Elabora-se também o perfil dos do examinando nas diversas fun-


subtestes individualmente a fim de ções necessárias à aprendizagem da
serem verificadas as deficiências leitura e da escrita.
90 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PúBLICA

BIBLIOGRAFIA

1 - ANASTASI, A. - PsychoZogical Testmg, N. Y., Macrnillan,


1954.
2 - GOODENOUGH, FLORENCE - Test,e de Inteligencie In-
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N. Y., Odissey Press, 1941.
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5 - Revue de Psrychologie Appliqué, 1950 nos 1 e 2.

6 - SUCHANEK, ROBERT - Os Exames Especiais de Psico-


motricidade no I.S.O.P., Arquivos Brasileiros de Psicotécnica. Ano
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7 - SUPER, DONALD - Appraising Vocational Fitness. N. Y.,


Harper & Brothers, 1949.
8 - WALTHER, LEON - La PSYChologie du Travail. Paris,
Presses Universitaire de France.
CAPIruLO VI

A AVALIAÇÃO DAS CARACTER1STICAS


DA PERSONALIDADE
A - CONCEITO E uma constelação de traços psico-
ESTRUTURA DA lógicos. Entre outros, defendem
PERSONALIDADE essa teoria, Allport, Cattell, Stern,
Kurt Lewin. Os traços psicológi-
DEFINIÇÃO DE PERSONALIDADE cos têm sido definidos como hábi-
tos generalizados, atitudes ou ten-
A personalidade tem sido defi-
dências diretivas que caracterizam
nida como o conjunto de caracte- o comportamento humano, frente
rísticas desenvolvidas na pessoa, às situações.
<lu~ permitem sua diferenciação in-
Os psicólogos têm encontrado
dividual, específica e original. dificuldade em estabelecer u.ma
Traduz-se em forma de reação, de
nomenclatura uniforme para os
natureza inter e intrapessoal. Se-
traços de pc:rsonalidade - mui-
.gundo Mira y LÓp~2, a persona-
tas vêzes o mesmo traço é de-
lidade consiste na síntese de tô-
das as funções psíquicas. signado por nomes diferentes.
Cêrca de 18· mil traços têm sido
Há duas orientações teóricas mencionados e classificados pelos
concernentes ao estudo da perso-
vários autores.
nalidade: a teoria dos traços e a
teoria dos tipos de personalidade. Kurt Lewin chamou a atenção
Nos parágrafos que se seguem para o fato de que os mesmos tra-
examinaremos as duas diretrizes. ços, em pessoas diferentes, podem
significar características diversas.
TEORIA DOS TRAÇOS Assim uma mesma conduta exter-
DA PERSONALIDADE
na poderá ter diferentes causas
Baseia-se no conceito de que a determinantes. Denominava, êsse
personalidade é constituída de autor, & oonduta externa de feno-
94 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PúBLICA

tipo, sendo a causa determinante processo do pensamen-


o genotipo. to) .
As pesquisas realizadas nesse c) Depressão (oposta à dis-
setor têm demonstrado existir tra- posição otimista).
ços psicológicos comuns, através d) - Disposição ciclóide (es-
dos quais as pessoas podem ser tabilidade de humor em
comparadas. Há também evidên- oposição a flutuações
cias científicas quanto à consistên- emocionais) .
cia do comportamento do indiví- e) - Rhatimia (serenidade e
duo. As aparentes inconsistências ausência de tensão versus
podem ser causadas pelo desco- inibição e excessivo con-
nhecimento do traço básico - trôle emocional).
genotipo. Assim uma pessoa que f) Atividade (tendência à
se apresenta sumamente cuidadosa exercer atividades versus
e asseada com sua aparência e inércia e apatia) .
com objetos de sua propriedade e g) - Ascendência - Submis-
que, no entanto, demonstra com- são (liderança social
portamento oposto com relação a versus passividade so-
objetos pertencentes a outros, re- cial) .
vela simplesmente ter o egocentris- h) - Masculinidade Fe-
mo como causa determinante dessa minilidade (semelhança
atitude contraditória. com as características
Classificação dos traços da per- masculinas versus atitu-
sonalidade - Entre as tentativas des caracteristicamente
mais conhecidas nesse sentido, te- femininas) .
mos as seguintes: i) - Sentimentos de Inferio-
ridade (confiança versus
I - Classificação de Guilford: falta de confiança em si
a) - Introversão social - ex- próprio) .
troversão (sociabilidade j) - Nervosismo (calma e se-
versus timidez). renidade versus irritabi-
b) - Pensamento introversi- lidade e tendência à ex-
vo - extroversivo (in- citação) .
trospecção opo5ta à k) - Objetivismo (tendência
orientação objetiva no a perceber a si próprio
INTRODUÇAO AOS TESTES PSIOOLóGICOS 95

e ao ambiente objetiva- trovertida no processo


mente versus tendência do pensamento) .
a perceber tôdas as coi- d) - Adaptabilidade s o c i a I
sas duma maneira pes- (ausência de atitude be-
soal) . ligerante e tolerância).
I) - Cooperação ( desejo de III - Classificação de CattelI:
aceitar as situações e as Representa uma das mais ambi-
pessoas como estas são ciosas tentativas nesse setor. Par-
na realidade versus ten- tir do princípio de que os idio-
dência à crítica e à in- mas, na sua evolução através dos
tolerância) . séculos, nos haviam fornecido no-
m) - Simpatia (ausência de mes para tôdas as caractc:rísticas
atitude beligerante ver- de personalidade. Um exame dês-
sus atitude de dominân- ses nomes nos proporcionaria uma
cia) . lista representativa da "esfera to-
tal da p:::Tsonalidade". A identi-
II - Classificação de Lovell: ficação das constelações de traços,
LovelI realizou uma análise fa- por meio de análise fatorial, levar-
torial de correlação nas treze ca- nos-ia aos traços básicos. Foram
tegorias de Guilford que resultou os seguintes os traços básicos en-
na redução das mesmas para ape- contrados:
nas 4 traços principais. a) - Ciclotimia versus esqui-
a) - Ausência de tensão (in- zotimia.
clui os seguintes traços: b) - Inteligência versus defi-
sociabilidade, otimismo e ciência mental.
ascendência social). c) Maturidade emocional e
b) - Realismo (inclui objeti- estabilidade de caráter
vidade de masculinida- versus incoerência emo-
de, ausência de nervosis- cional.
mo e de sentimentos de d) - Hi persensibilidade e emf)-
inferioridade) . tividade infantil versus
c) - Emotividade (inclui es- tolerância fleumática à
tabilidade nas ações emo- frustração.
cionais, ausência de de- e) - Dominância versus sub-
pressão, orientação ex- missão.
96 CADERNOS DE ADMINISTRAÇAO PúBLICA

f) Entusiasmo versus me- TEORIA DE KRESTCHMER


lancolia, timidez, apatia.
g) - Integração positiva de . Baseava-se nos seguintes princí-
caráter v,erSus caráter pIOS:
imaturo e dependente. I - Não há limite absoluto
entre os processos psíquicos nür-
h) - Atitude otimista versus
mais e anormais.
retraimento, esquizofre-
nia. II - Tôda psicose pode ser
considerada como uma exageraçãü
i) - Sensibilidade, iroagina-
dos traços existentes na persüna-
çãü, ansiedade versus ri-
lidade nürmal.
gidez.
IH - Püssível correlação entre
j) - Neurastenia versus cará- certos tipos físicos e certüS tipos
ter dct-crminado e obses- de psicopatia.
sivo.
IV - Concluiu Krestchmer
k) - Mentalidade culta e so- que .os tipos físicos deveriam in-
cializada verslIS mentali- ~icar as características de persona-
dade rude e primitiva. ljdade normal e anormal.
Eram os seguintes os três tipos
TEORIAS TIPOLóGICAS
físicos de Kn:stchmer:
Pícnico - características: bai-
As teorias tipológicas ou dos xo, gordo, grandes cavidades (pei-
tipos de p:rsonalidade constituem to, abdome, cérebro), ombros
a forma tradiciünal de investiga- comparativamente estreitos, cabe-
çãü e classificaçãü das diferenças ça e face redondas.
individuais de personalidade. Al-
Leptosômico - características:
gumas classificações têm-se basea-
do em diferenças fisiológicas ou magro, alto, cavidades pequenas,
constitucionais. Entre essas assina- pescoçü e membros longos, cabe-
laremos as de Hipócrates, Krestch- ça lünga.
mer. Sheldon, Stevens. Outras ti- Atlético - características: es-
Te:raIn sua origem na obs':rvação trutura óssea e musculatura desen-
elo comportamento, atitudes, pre- volvidas, .ombros largos, cadeiras
ferências, interêsses, sistema de va- estreitas, pescoçü comprido.
lôres, tais como as teorias d~ Teo- Apresentava ainda dois tipos
frasto e de SprangeT_ p&Íquicos fundamentais:
INTRODUÇAO AOS TESTES PSICOLóGICOS 97

Ciclotímico - características: guintes os tipos de personalidade


variações na vida emocional, duas para Spranger:
fases no ciclo emocional, excita- Teórico - características: cog-
mento, alegria, atividade, otimis- nitivo, observador, racional, críti-
mo e depressão, desânimo, tristô- co, intelectual, científico.
za, pessimismo, apatia, desint;:- Econômico - características:
résse . prático, competitivo, materialista.
E~guizotímica - características: Estético - características: ima-
preocupação com idéias, tendên- turo emocionalmente, temperamen-
cia ao devaneio, introversão, sen- tal, ama ° belo.
sibilidade, desconfiança. Social - características: com-
Os tipos pícnicos são cidotími- preensivo, humano, generoso.
cos, os leptosômicos são esquizo- Político - características: lí-
tímicos. der, almeja o poder, diplomata.
Religioso características :
místico.
TEORIA DE JUNG
TEORIA DE ROSANOFF
Apresenta dois tipos fundamen-
tais de atitudes: Classificava as personalidades
normais, adotando como padrões
Extroversão - predominante-
os diversos tipos de psicopatia:
mente orientada para a realidade
Histeróide características:
externa; atenção e interêsses por egocêntrica, imatura.
coisas e acontecimentos, realismo.
Ciclóide - características: su-
Introversão subjetivismo, jeita a ciclos emocionais.
preocupação com as próprias idéias Esquizóide características:
e sentimentos. autista, imprevisível.
Epileptóide - características:
TEORIA DE SPRANGER temperamental, explosiva.
As teorias tipológicas, embora
Nessa teoria a classificação da ofereçam as vantagens de facilitar
personalidade está baseada no sis- os diagnósticos clínicos e de for-
teuna de valôres e centro de inte- necer possibilidades de compara-
rêsses predominantes. São os se- ção dos diversos tipos humanos,
98 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PúBLICA

têm sofrido muitas críticas. Entre MIlTODOS DE INVESTIGAÇÃO


outras têm sido criticadas pela fi- DA PERSONALIDADE
losofia dualista em que estão ba.
seadas, inadequada à natureza hu- Como pode-se observar no qll:l-
mana, onde se encontra gradação dro 11 são os seguintes:
c não oposição.
QUADRO XI

Observação: "ratings"; Inventário de Personali-


entrevista; estudo do caso. dade
Bernreuter
Inventários
(exige autojulgalllent<,) Inventário de Personali--
dade

Minnesota Multifásico

Objetivos
(interpretação objetiva) {QueStionáriOs

Jl]xpressivos {
(expressa a per,;ünalida- Miocinético
de por meio de uma ação) Grafologia
Testes
" Complementação de sen-·
r tenças
~~1~~~rch
Projetivos
(favorecem a extenori-

l
zação das cargas cona- Árvore de Koch
Uvas da personalidade) M.O.V. de Antipoff
Szondi
Rozensweig
Figura hurrnana

Situativas ou Fictícias (Psicodrama


(reproduzem artificial- ~ World Test de Lawenfeld.
mente certas situações) L
Técnicas de brinquedo

Métodos de investigação da Personalidade


INTRODUÇÃO AOS TESTES PSICOLóGICOS 99

Vantagens dos Inventários B - INVENTARIOS


19 ) - São entrevistas padro- DE PERSONALIDADE
nizadas que podem sa usadas
como base para futuras entrevistas. o "MINNESOTA MULTIPHASIC
29) - Identificam certos tra- PERSONALlTY INVENTORY"
- M. M. P. r.
ços de personalidade.
39 ) - Escores muito altos ou
Esse inventário foi elaborado
muito baixo:> têm vivo signifi-
por Hathaway e Mckinley, da
cado.
Universidade de Minnesota, em
4 9 ) - Vantagens estatísticas.
1943, e publicado pela Psycholo-
Desvantagens
gical Corporation, em 1945. É
19) - A transparência dos um instrumento clínico, para uso
itens facilita a falsificação de res- em diagnóstico psiquiátrico, e foi
postas. realizado com o propósito de me-
29 ) - A oscilação do humor
dir todos os aspectos da persona-
influencia os resultados. lidade, considerados importantes
39 ) Dificuldade de valid:t- para êsse tipo de diagnóstico. Do
ção. ponto de vista teórico está basea-
49 ) - Avaliação quantitativa do na teoria dos tipos, de Ro-
em detrimento de qualitativa. S;C,10ff .
Vantagens dos testes expressi-
Conteúdo - Consiste de 550
vos, projetivos e fictícios.
itens autodescritivos, de natureza
19 ) - Utilizam estímulos neu- semelhante àaueles encontrados
tros facilitando a espontaneidade. em outros tipo~ de inventários de
29 ) - Exploram aspectos mais personalidade. Estão classificados
profundos da personalidade. em 26 categorias: saúde geral, mo-
39 ) - Investigam mais a rea- bilidade e coordenação, sensibili-
lidade subjetiva do que objetiva. dade, sistema gastro-intestinal, há-
Desvantagens bito~ situa cão familiar e conju-
19 ) Interpretação subjetiva. gal, profissional, educacional, ati-
29) - Perigo do bloqueio. tudes sexuais, atitudes religiosas,
3<'» - Mais dispendiosos em atitudes políticas, afetividade de.-
tempo. prf'ssiva, fobias, tendências sado-
4 9 ) - Dificuldade de obter masoquistas, moral, estados obses-
normas estatísticas. sivos compulsivos, alucinações,
100 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PúBLICA

etc. O examinando deve respon- nais, no Manual não constam nor-


der a cada um dos itens das se- mas ocupacionais.
guintes maneiras: "correto", "fal- Validade - D~ acôrdo com Su-
so", ou "não sei" . per, as várias escalas do M. M.
As características de personali- P. 1. foram empiricamente desen-
dade são avaliadas na base dos es- volvidas e validadas em critérios
cores obtidos nas nove escalas do
externos apropriados. De um mo-
inventário. Essas escalas são: hi-
do g::ral, os coeficientes de vali-
Focondria, depressão, histeria, per-
dade obtidos pelo M. M. P. I.
sonalidade psicopática, masculini-
têm sido superiores aos outros in-
dade e feminilidade, paranóia, ventários de personalidade exis-
psicastenia, esquizofrenia e hipo- tentes. Citando outra vez Super,
mania. Há ainda outras escalas admite-se que êsse inventário é
adiutórias: de validade, de veraci- considerado como o mais válido
da~le, e para as respostas "não instrumento do seu tipo para clas-
sei". sificação e identificação de pro-
Existem duas formas do M. :M. blemas de personalidade.
P. 1., coletiva e individual. A in- Fidedignidade - De acôrdo
dividual é em forma de cartões, com os autores, um instrumento
em cada um dos quais é apresen- da natureza do M. M. P. I. exclui
tado um enunciado que deve ser a possibilidade de altos índices de
respondido pelo examinando. fidedignidade, devido as variações
Padronização - O inventário de certos traços, algumas vêzes, no
foi padronizado num grupo de m~smo indivíduo, e devido à he-
700 adultos masculinos e femini- tereogeneidade dos itens que cons-
nos, considerados representativos tituem os síndromes clínicos em
de estado de Minnesota, do pon- constraste com traços puros de per-
to de vista educacional e de ida- sonalidade. Os coeficientes encon-
de; as normas estão baseadas em trados vão de .71 a .83.
pacientes hospitalizados, perten- Aplicação - Pode ser realiza-
centes às nove categorias de diag- da individual ou coletivamente. O
nóstico, cêrca de 50 para cada ca- tempo de aplicação varia de 30 a
tegoria. Embora uma série de es- 90 minutos. Em casos de emer-
tudos tenham sido realizados com gência os autores recomendam
M. M. P . I. em grupos profissio- uma forma abreviada, constituída
INTRODUÇÃO AOS TESTES PSICOLóGICOS 101

dos primeiros 366 itens da forma o INVENTARIO DE PERSONALIDADE


BERNREUTER
coletiva.
A apuração é mais demorada Elaborado por R. G. Bernreu-
do que os instrumentos dessa na- ter, baseado nos trabalhos realiza-
tureza em geral, devido ao gran· dos anteriormente por Wood-
de núm2ro de itens e às inúme- worth, Thurstone e Allport. Na
ras categorias que devem ser le- construção do Bernreuter foram
vantadas. As características de per- utilizados itens retirados de outros
sonalidade são apresentadas em inventários já existentes e combi-
forma de perfil, de acôrdo com nados de uma maneira engenho-
os resultados obtidos. sa e hábil pelo seu autor. Publi-
cado inicialmente em 1931, pela
Usos - Como já foi dito ante- Stanford University Press, ainda
riormente, o M. M. P. L é um é amplamente utilizado nos vários
instrumento clínico, elaborado campos da psicologia aplicada.
principalmente com finalidade de Conteúdo - Gomo já foi dito,
diagnóstico psiquiátrico. Tem me- trata-se de um teste apresentado
nor utilidade em seleção, orienta- sob a forma de um inventário, na
ção profissional e educacional. Es- base de questões significativas, COn-
tudos realizados demonstraram to- tendo 125 perguntas que devem ser
davia diferenças interessantes, do consideradas e respondidas positi-
ponto de vista das características va, negativa ou dubidativamente.
de personalidade, examinadas pelo Dtsse modo, o examinando mar-
M. M. P. L, nos vários campos cará em uma fôlha à parte tôdas
profissionais. No entanto, Super as suas respostas, as quais serão
aconselha que êsse inventário só valorizadas de acôrdo com cada
seja usado para orientação profis- traço pesquisado e, no final, com-
sional quando o orientador fôr paradas com o grupo de classes
também um psicólogo clínico. Em padrão para cada traço.
seleção pode ser usado como ins- O estudo das intervariações dês-
trumento de triagem dos elemen- ses traços, muito mais que o valor
tos desajustados. Pode ser aplica- alcançado em cada um dêles, é
do em adolescentes e adultos de importante, uma vez que permite,
nível educacional médio ou supe- através dos desvios obtidos, veri-
rior. ficar o grau de ajuste emocional
102 CADERNOS DE ADlIIINISTRAÇÃO PÚBLICA

ou predisposição psicopática do Flanagam isolou, dentre os 4


indivíduo. Assim, por exemplo, traços acima, usando a análise fa-
se um indivíduo apresenta uma torial, mais dois traços:
pontuação alta em Bl-N (neuro- Confiança em si mesmo (FI-C)
se) e também alto em B4-D (do- Sociabilidade (F2-S)
minância), associado a um valor
baixo em B2-S (suficiência) o Transcreveremos, em seguida, a
prognóstico é mais sombrio do que d "scrição rápida dêsscs traços, de
se êle apresentasse os dois primei- acórdo com a publicação da revis-
ros altos, acompanhados também ta do Instituto de Administração
de um escore alto em B2-S, ou em de São Paulo, na adaptação de
nível normal. No primeiro caso, Raul de Morais.
revelaria traços indi~adores de que B 1- N (tendência neurótica)
o indivíduo estaria em conflito Quanto mais alto o resultado do
com o meio e consigo mesmo, uma indivíduo, maior a instabilidade
vez que a sua tendência neuróti- emotiva, mais sujeita está a pessoa
ca, aliada à sua agressividade pro- a manifestações emotivas exagera-
jetada para o exterior, seriam sem- das e, portanto, inadequadas, bem
pre reprimidas pela sua falta de como a mudanças rápidas de hu-
confiança em si mesmo, o qu~ im- mor e de tonus emotivo. Os re-
plica em distância de seus - anelos sultados baixos indicam alto grau
e impossibilidade, portanto de sua de moderação e equilíbrio emoti-
concretização, favorecendo, dêsse vos.
modo, o advento de um estado B2-S (auto-suficiência)
psicopático. Quanto mais alto o resultado, mais
definida é a tendência do indiví-
Elaborou o autor o seu teste, cUú para isolar-se, não se preo-
originalmente medindo 4 traços cl1llando em obter dos outros com-
de personalidade, tais CO:110: prtensão e encoraj:lll1ento e pou-
co se interessando pelos conselhos
Tendência neurótica (Bl-N)
que lhe dão. Os resultados bai-
Auto-suficiência (B2-S) xos revelam indivíduos que fre-
qiientcmente procuram apoio, sim-
Introyersão-extra versão (B 3-1 ) pJ.tia e conselhos e muito se preo-
cupam com o que os outros pen-
Dominância-submissão (B4-D) sam c sentem.
INTRODUÇÃO AOS TESTES PSICOLóGICOS 103

B 3-I (introversão-extraversão ) F2-S (sociabilidade) - Quanto


- Quanto mais alto o resultado, mais altos os resultados, tanto
mais introvertida é a pessoa, isto mais tendem as pessoas a estar
é, tanto mais mergulhada no seu sós, a não sentir necessidade de
mundo íntimo de pensamentos, re- companhia e mesmo a resolverem
flexões e imaginações, tanto mais seus próprios problemas sem re-
distraída, sensível e com muitas correrem aos outros. Os resulta-
preocupações; os resultados bai- dos baixos indicam que a pessoa
xos indicam extra versão, isto é, depende e necessita dos outros,
pessoas raramente atormentadas, gosta de companhia, procura com-
menos sujeitas a abalos emotivos e panheiros e os sente como estimu-
muito mais inclinadas a agir do hntes.
que a devanear. Padronização e Validação -
B4-D (dominância-submissão) Foi obtido um coeficiente de cor-
- As pessoas com resultados al- relação entre o Bernreuter e
tos, tend em, nas relações diretas inventários Ja existentes (dos
com as outras pessoas, a dominar, quais tinham sido retirados a
a impor-se, a fazer-se valer, a ser maior parte dos seus itens) de
ouvido e respeitado, a assumir a .67 a .94.
posição de quem guia, de quem Inúmeros estudos têm sido rea-
manda. Resultados baixos revelam lizados com o Bernreuter, nos
a tendência da pessoa a submeter- quais se procurou verificar a va-
se, a conformar-se com as opiniões lidade dêsse instrumento com rela-
c decisões dos outros. ção aos critérios externos, alguns
FI-C (confiança em si mesmo) com bons resultados, principal-
- Resultados altos revelam pes- mente no que diz respeito às pos-
soas fortemente sujeitas a emba- sibilidades de identificação de in-
raço e acanhamento e tomadas divínuos desajustados.
por sentimentos de inferioridade. Flded.ignidade - Os vanos es-
Resultados baixos indicam pessoas tudos realizados indicam coefi-
seguras de si mesmas, que ten- cientes que variam de .70 a .80.
dem a não se preocupar com o que Aplicação - O inventário ~
os outros pensam ou sentem e alJ,to-aplicável, variando o tempo
nem mesmo com os acasos da sor- de aplica~ão de 20 a 30 minutos.
te; são geralmente muito bem ajus- Há chaves de correção para as vá-
tadas ao meio em que vivem. rias categorias determinadas no
104 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PúBLICA

inventário, e normas para alunos contato com a realidade que ca-


de escola secundária, universitá- racteriza certas psicopatias, bem.
rios e "J'lltos em geral. como a escassez de autoconheci-
Usos - Já se conhecendo, de mento, além de déficit de autocrí-
antemão, a natureza do presente tica e outras falhas nos compo-
teste, estudados e abordados al- nentes da personalidade, podem
guns aspectos concernentes à sua tornar os seus valôres invalidados,
aplicação e, sobretudo, conhecen- por que se contrapõem aos princí-
do-se as restrições a êsse tipo de pios estabelecidos para a aplicação
pesquisa, uma vez que se trata de do teste.
inventário pessoal, parece-nos mais
razoável o seu uso em investiga- o INVENTÁRIO DE AJUSTAMENTO
ções que, tanto quanto possível, BELL
não propiciem a dissimulação.
Dêsse modo, situa-se melhor, o Inventário de Ajustamento
quando o objetivo visado é orien- Bel! foi publicado inicialmente em
tar e não selecionar. 1933 pela Stanford University
Todavia, a sua aplicação, bem Press. Elaborado pelo psicólogo
simples como ressaltamos, se pre-
Hugh M. Bell tinha como propó-
cedida de uma boa entrevista psi-
sito avaliar o ajustamento de adul-
cológic~, confirmará o diagnóstico
tos e adolescentes nas seguintes
esboçado frente aos sinais objeti-
áreas: família, saúde, social, emo-
vos colhidos na mesma entrevista,
tanto em sentido positivo como cional, profissional (só na forma
em negativo. para adultos). A forma para:
Conquanto não seja inoperante adultos apareceu posteriormente.
o seu uso em seleção, deve ser em 1938.
restrito, parece-nos, considerada a Padronização - Validação -
possibilidade de fraude, pôsto que Adolescentes - O Inventário BeH
voluntária ou inconscientemente o foi aplicado em alunos e alunas
examinando mostrará o aspecto dos ginásios e colégios dos esta-
mais favorável de sua persona- dos da Califórnia e New Jersey
lidade. nos U. S . A. durante mais de dois
Apesar de estar divulgado o anos, numa média de 400 indi-
seu uso em clínica psiquiátrica, víduos para cada seção de teste,
quer nos parecer que a falta de visando a validação inicial.
INTRODUÇÃO AOS TESTES PSICOLóGICOS 105

Adultos - A população usada de dois anos. (Forma para ado-


para a forma de adultos variou lescentes. )
dentro das idades de 20 a 50 39 ) - Os setores de ajusta-
anos, com a maioria compreendi- mento Social, de ajustamento
da entre os 25 e 40 anos. Foram Emocional e o Escore Total do
tomados indivíduos, dos Cursos de Inventário foram avaliados corre-
Extc:nsão na Califórnia e em New lacionando com resultados satisfa-
Jersey; da Associação Cristã de tórios: o Social - com o teste
Moços de Seattle (Serviço de "Allport Ascendance-Submission"
Aconselhamento); da Associação e com o Inventário de Personali-
Cristã de Môças de Chicago e das dade Bernreuter (B4-D) e o Emo-
classes de adultos, na "Psycholo- cional e o Escore Total - com
gical Industry" em Boston. o "Thurstone Personality Sche-
Segundo o Manual que o acom- dulc" .
panha, a validação do inventário 4'!) -- O Inventário também
se orientou desta maneira: foi avaliado através da seleção de
19 ) - Os itens selecionados grupos de estudantes "Muito Bem"
para cada um dos setores de ajus- c "Muito Fracamente" ajustados,
tamento e comportamento do In- feit.::. por conselheiros e diretores
ventário foram escolhidos de acôr- ::!e col6,ios na Califórnia e New
do com o grau em que se diferen- Jersty, '-'onde foi determinado o
ciaram os 15% de desajustados grau em que o Inventário os di-
dos 15% de bem ajustados, numa fcrcncÍJ.va entre si.
distribuição de escores de adoles- Foi estabelecido o mesmo crité-
centes e de adultos. Somente fo- rio para a seleção de adultos, bem
ram incluídos no Inventário aquê- e fracamente ajustados, cujos con-
les itens que diferenciaram os in- selheiros eram de New Jersey,
divíduos, significativamente, entre Chicago e Boston.
aquêlt'"s grupos extremos. (Foi Traxler e Ped::rsen, estudiosos
adotado c mesmo critério para as do tesk, encontraram dados de va-
duas formas.) lid.lde; o primeiro num estudo
29) - Os resultados das vá- ba~ado nos escores de alunos do
rias partes do inventário foram curso ginasial; o segundo nos es-
comprovadas durante entrevistas, cores das alunas da Universidade
com 400 estudantes, num p~ríodo de Rochester, onde encontrou evi-
106 CADERNOS DE ADl\n~ISTRAÇÃO PÚBLICA

dêncJa de validade no setor social, Coeficientes de Fidedignidade


de família e de saúde, mas não no
de ajustam~nto emocional. (N - 84)
a) - Ajust. Família .91
Fidedignidade - Os coeficien-
b) Saúde .81
tes de fidedignidade para cada c) Social ...... .88
uma das diversas seções do In- d) Emocional .. . 91
ventário e para o escore total, va-
e) Oeu pacional. . 85
riam de .80 a .89, na forma para Escore Total ...... .94
adolescentes.
Coeficiente de Fidedignidade Alguns psicólogos assim estuda-
(N - 258) ram a fidedignidade do teste:
Turney e Fee encontraram coefi-
a) - Ajust. Família o ••• .89 cientes de .74 a .85 para os es-
b) Saúde .80 cores parciais e .82 para o escore
c) Social .89 total; Traxler encontrou os coefi-
d) Emocional .. .85 cientes de .83 a .93 nos seus es-
Escore Total .93 tudos sôbre os escores parciais.

Est~s coeficientes são o resul- Conteúdo - O Inventário Bell


tado da correlação oriunda dos [orne,c quatro medidas de ajusta-
itens alternados do Inventário e mento pessoal e social na forma
do emprêgo da fórmula de previ- para adolescentes e cinco na for-
são de Spearman-Brown. ma pua adultos, onde há ainda a
medIda de ajustamento profissio-
Os coeficientes de fidedignida-
nal.
de para cada uma das cinco seções
do Inventário e para o seu escore 1) - Ajustamento Familiar:
total na forma para adultos, es- Indivíduos com escore alto, ten-
tão apresentadas na tabela que se dem a estar insatisfatàriamente
segue. Estes também foram deter- ajustados ao seu ambiente fami-
minados, correlacionando-se os liar. Escores baixos, indicam ajus-
itens alternados e aplicando a fór- tamento satisfatório.
mula de previsão -de Spearman- 2) - Ajustamento de Saúde:
Brown. Os indivíduos testados escores altos indicam ajustamento
eram homens e mulheres, entre as deficiente de saúde; escores bai-
idades de 23 e 28 anos. xos, ajustamento satisfatório.
INTRODUÇÃO AOS TESTES PSICOLóGICOS 107

3) - Ajustamento Social: es- tencem a cada uma delas estio


cores altos; indivíduos submissos misturadas ao acaso, através do
e tímidos nos seus contatos socÍlis. Inventário, não dando o assunto
Indivíduos com escores baixos são indicação aos examinandos das
agressiyos nos seus contatos so- categorias nas quais as respostas
ClalS. têm que ser classificadas.
4) - Ajustamento Emocional: São colocadas ao lado dos nú-
indivíduos com escores altos, ten- meros dos itc:ns, as letras a, b, ( c
dem a ser instáveis emocionalmen- d, que correspondem às quatro
te. Escores baixos, indicam os in- E1edidas de ajustamento (na forma
divíduos emocionalme:1te estáveis. para adolescentes) e a, b, C, d,
5) - Ajustamento Profissio- e e, às cinco medidas (na forma
nal: obedece às mesmas orienta- para adultos), que possibilitam ao
ções; escores altos indicam desa- técnico descobrir com rapidez a
justamento, baixos, ajustamento. que questões particulares estão re-
Os itens se classificam em ca- lacionados os desajustamentos do"
examinandos.
tegorias separadas, fornecendo
cada uma, um escore de ajusta- Na forma para adolescentes h'í
mento. São dêsse tipo @s itens: 140 itens, distribuídos em 4 seto-
Família: "Você pensa algumas res com 35 questões para c:da
yêzes que seus pais estão desa- grupo de ajustamento.
pontados com você?" Na forlT'a para adultos há ; 60
Saúde: "Você teve alguma doen- itens, distribuídos em 5 séton:s
ça grave: nos últimos dez anos?" com 32 questões para cada gmpo
Social: "Você alguma vez to· de aju:.itarr.ento.
mou a iniciativa de animar uma Os resultados são fornecidos em
reunião desinteressante?" forma de níveis de ajustamento
Emocional: "Você se desanima que: são apresentados com denomi-
com facilidade?" nações diferentes para cada setor.
Ocupacional: "Aprecia todos O Escore Total é assim expresso:
com quem trabalha no emprêgo?" Excelente
Como os nomes indicam, os Bom
itens envolvem problemas da vida Médio
real, concernente a essas áreas de Precário
ajustamento. As questõ~s que per- D:ficiente
108 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PúBLICA

Aplicação e apuração - O In- si.:Jnal c Vital. O seu uso na se-


ventário é administrado coletiva- leção é menos recomendado de-
mente. Para assegurar uma leitu- vido à transparência dos itens, que
ra cuidadosa das instruções, que pocicflam fi.cilmente sugerior res-
.!parecem na primeira página do postas falsas
folheto do teste, o examinador de-
verá ler alto essas instruções, en-
A ESCAJ_A DE TEMPERAMENTO
(juanto os examinandos acompa- THURSTONE
nh"rn a leitura em silêncio.
Nã:J há limite de tempo. Geral- Tem como finalidade identifi-
m:nte, não são necessários mais car tipos de temperamento predo-
do que 25 minutos para a execução minante nos indivíduos. Não pre-
da teste. tende indicar tendências ou traços
Pura apuração - São usadas neuróticos ou psicóticos. Foi ela-
"máscaras" de papel especial, borado em 1949 por L. L. Thurs-
transparente, para cada uma das tone, c é editado pela Science Rc-
seções do teste, na forma ame- search Associates Ine.
ricana. Fundamentos teóricos:
Assim, a forma para adolescen- Os fundamentos teóricos adota-
tes possu~ 4 chaves de correção na dos por Thurstone para elaoor2-
sua fOlma original americana. A ção dêste teste {~tão baseados na
forma para adultos possui 5 fôlhas análise fatorial que inclui os vários
de correção. A apuração pode ser fatôres isolados por Guilford. Se-
realizada em 4 minutos aproxi- gundo êsses autores, por intermé-
madamente. dio dessa análise fatorial é possí-
Usos - O Inventário Bell tem vel chégarmos a um conhecime!1-
ampla aplicação na orientação edu- to útil das fundamentais caracte-
cacional, (forma de adolescentes) ristic:lS da personalidade, através
pela possibilidade da aplicação do temperam(Cnto. Assim, aquêles
coletiva e rápida, servindo como que revelam um escore elevado
um meio de identificação dos alu- na área "Ativo" são pessoas que se
nos necessitados de ajuda mais es- movem usualmente com rapidez.
pecífica. Pode ser aplicado com Tor!1lm-se inquietas quando são
vantagem, nas suas duas formas, obrigadas a ficar paradas. Gos-
em Centros de Orientação Profis- tam de.; participar de tudo e sem-
INTRODUÇAO AOS TESTES PSICOLóGICOS 109

pre com pressa. Geralmente pas- ciais, promovendo novos proj etos
seiam, escrevem e trabalham com e persuadindo os outros. :Eles são
r:tpldez, mesmo quando não há os que, provàvelmente, tomariam
neccs~idadc de pressa. Pessoas que conta da situação em caso de um
obtêm alto índice no aspecto "Vi- acidente. As pessoas que obtêm
goroso" são as que participam de alto índice na categoria "Estável",
esportes físicos, trabalham em ta- são consideradas pelo autor como
refas que requerem o uso das emocionalmente firmes, usual-
mãos e de ferramentas, e ocupa- mente caprichosas e têm uma dis-
ções fora de casa. São traços que, posição serena. Podem repousar em
embora descritos muitas vêzes uma sala barulhenta e p~rmanecer
como "masculinos" encontramos calmas em uma crise. Não S~
wmumente altos índices em mu- irritam se são interrompidos quan-
lheres e meninas nessa área. Pes- do concentrados e não se sentem
soa com alto escore na categoria importunadas em fazer um traba-
"Impulsivo" indica um otimista lho incompleto ou terminar um
ousado, com disposição à ativida- trabalho começado por outro. Alto
de em todo o momento. Toma de- escore na área "Sociável" revela
cisões ràpidamente, gosta de com- pessoa que gosta da companhia
petições e muda ràpidamente de dos outros, faz amigos com faci-
uma tarefa para outra. A decisão lidade, é simpática, gosta de coo-
de uma ação ou mudança é rápi- perar e é agradável em suas rela-
da e não se interessa gue outras ções. Dificilmente falará de suas
pessoas ajam rápida ou vagaro- dificuldades pessoais. Na catego-
samente. Uma pessoa qu~ age de ria "Refletiva", a obtenção de
modo irritadiço, quer em ação, altos índices indica uma pessoa que
quer em pensamento, obtém esco- gosta de coisas que exijam me-
res muito baixos nesta área. Na ditação e reflexão. Prefere se dis-
categoria "Dominante", obtêm trair com coisas teóricas a proble-
altos escores as pessoas que pen- mas reais. Auto-exame é uma ca-
sam a seu respeito como líderes, racterística, segundo o autor, da
capazes de tomar iniciativa e res- pessoa reflexiva. Usualmente é
ponsabilidade. Não são domina- quieta, trabalha sozinha e gosta de
dores, mas têm capacidade de lide- trabalho que requeira refinamento.
rança. Gostam de falar em pú- Thurstone coletou grande núme-
blico, de organizar atividades 50- ro de inventários a fim de isolar
110 CADERNOS DE ADl\UNISTRAÇÃO PúBLICA

êstes sete fatôres e incluiu apenas vêm as instruções que são muito
os pertinentes ao comportamento claras e trazem exemplos bem oje-
normal, eliminando os anormais tivos. Há um esclarecimento muito
ou desajustados. Depois de diver- oportuno, de que não há respostas
sas tentativas, desenvolveu êsses certas nem erradas, para evitar
traços num total final de 20 itens qualquer inibição. Esclarece-se ao
para cada traço. testando que dev:rá assinalar um
Validadc - Em vários grupos "X" no quadrado correspondente
(400 aI. 200 pessoas, entre as se a resposta à pergunta fôr "sim";
quals estudantes de cursos supe- da mesma forma, no quadrado
nores e adultos) foi evidenciada se não souber responder, assinalar
uma satisfatória corrdação em no quadrado correspondente a "?".
comparação com outros testes, A fôlha de resPJstas é separada
como Qucstionário Guilford-Mar- e fácil de ser usada, pois como
tin, "Study of Values", "Kuder já foi descrito, só ap;rece para
Preference Record" (Vocational cada fôlha, a coluna de respost2..s
and Pcrsonal) c com Thurstone correspondente.
lnt~rest Schedule. Não há necessidade de se mar-
Conteúdo do teste - O teste é car o t:'mpo, a não ser para algu-
composto de um questionário de ma observação pessoal, mas a pro-
140 perguntas cujas respostas va consome, em média, de 10 a
"SIM", "?" ou "NÃO", revela- 20 minutos. Como a aplicação do
rão a predominância de um dos 7 teste é muito simples, não há ne-
aspectos considerados fundamen- cessidades de técnicos especialistas
tais do temperamento. Estes as- tem a vantagem de consumir pou-
pectos são os seguintes: co tempo e pode ainda ser aplicado
Ativo (A); Vigoroso (V); Im- coletivamente.
pulsivo (1); Dominante (D); Es- Usos - Aceitando-se as sete ca-
tivel (E); Sociável (S) e Refle- tegorias apresentadas por Thurs-
tiva (R). 28 perguntas em cada ton,: como traços fundamentais de
fôlha. A fôlha de respostas é se- temperamento, não há dúvida que
parada. é um inventário de valor, mas
Aplicação - A técnica de apli- para ser usado como complemento
cação é simples, não há diferença de outras avaliações, principalmen-
para o que é comumente aplicado. te em orientação educacional e
Na primeira página do folheto profissional.
INTRODUÇÃO AOS TESTES PSICOLóGICOS 111

BIBLIOGRAFIA

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12 - SANTOS, CELINA DE OLIVEIRA - A Escala de Tempe-
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Formação de Auxiliares de Psicotécnica, I. S. O. P. Fundação Getúlio
Vargas, 1957.
13 - SANTOS, ZILDA COMARK - O Inventário Bernrenter.
Trabalho não publicado, apresentado no Curso de Formação de Auxi-
liares de Psicotécnica, I. S. O. P., Fundação Getúlio Vargas, 1957.
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Harpers & Brothers, 1949.
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16 - TRAXLER, A. E. - Teeh;lÍqnes of Guidnnce. N. Y.
Harper & Brothers, 1945.
CAPITULO VII

T~CNICAS PROJETIVAS E EXPRESSIVAS


CONCEITO GERAL compreensão da personalidade na
sua estmtura global, a interpre-
Os testes projetivos e expressi-
tação àinâmica de seus componen-
vos constituem valiosa modalidade tes e as suas interrelações.
de investigação da personalidade. As técnicas expressivas pro-
Muitos psicólogos, principalmen- CU',1m investigar as características
te OS que se dedicam ao campo da personalidade por meio de
da psicologia clínica, os preferem açúcs, padrões de movimentos cor-
aos inventários para o diagnóstico !-,orais e ritmo.
diferencial da personalidade.
TllCNICAS PROJETIVAS:
Os testes projetivos oferecem
ao examinando uma situação pouco o PSICODIAGNóSTICO DE
RORSCHACH
estruturada, que! serve de estímulo
a manifestação das suas vivências Origem - O Psicodiagnóstico
emocionais, valôres, dinamismos de Rorschach foi elaborado pelo
psí,:!uicos, mecanismos de ajusta- psiquiatra suíço Hermann Rors·
mento e motivações, os quais são chach que, depois de 10 anos de
revelados através das percepções pesquisas, publicou os resultados
e interpretações que o examinan- de seus trabalhos, em 1921. Após
do faz da situação. Em outras pa- sua morte prematura, aos 38 anos
lavras, o examinando projeta o de idade, seus herdeiros intelec-
seu mundo psíquico na maneira tuais, Binder, Oberholzer, Klopfer,
pela tlual vivencia e percebe a si- Kelley e Beck, prosseguiram as
tuação apresentada pelo teste. En- pesquisas iniciadas, sendo o teste
quanto os inventários visam, s0- de Rorschach, no momento, indis-
bretudo, a identificação dos traços cutivelmente a técnica explorado-
predominantes na personalidade, ra da personalidade de mais amo
os testes projetivos pretend~m a pIo uso e divulgação.
116 CADERNOS DE ADMINISTRAÇAO PúBLICA

Fundamentos teóricos - Veri- indivíduo normal, em determina-


ficou Rorschach, nas suas pesqui- das circunstâncias, pode parecer
sas, haver uma relação entre as anormal em outras. Um artista
formas vistas nos borrões de tinta pode apresentar respostas, que se
por seus pacientes e o tipo de não forem interpretadas à luz do
doença mental de que eram por- grupo a que pertence, podem ser
tadores. classificadas como anormais.
Havia também wna relação Material do Teste - Consta de
entre a reação da pessoa às CÔl'CS 10 cartões, nos quais estão im-
e o seu tipo de "vivência emocio- pressos borrões de tintas, de for-
nal: o "extratensivo" tendia a ma indeterminada. Em cinco dêles
apresentar respostas motivadas por há apenas as côres preta e branca;
estímulos, "côr", enquanto no nos outros cinco Os borrões são
"intratensivo" predominavam res- coloridos.
postas relacionadas a movimento Aplicação - O examinando de-
hwnano. Entre êsses extremos se verá ser instruído a dizer ao exa-
localizavam as respostas do tipo minador tudo o que vê nas pran-
"forma", relacionadas com o as- chas. Deverá s~r marcado o tempo
pecto de inteligência e também de reação, (isto é, quando foi dada
com aspecto de coartação. a primeira resposta) e o tempo
Além dessas, descobriu Rors- final, para cada prancha. O exa-
chach e seus seguidores inúmeras minador deverá anotar as respos-
outras categorias relacionadas a tas dadas, bem como qualquer c0-
vários traços de personalidade. mentário ou exclamação expressa
O Psicodiagnóstico de Rors- pelo examinando. Em caso de re-
chach não é um instrwnento me- jeição de alguma prancha, deve-
cânico destinado a produzir diag- se, delicadamente, tentar uma vez
nósticos automàticamente. Ao con- mais. Caso receba uma negativa
trário, é de natureza muito deli- não se deve insistir.
cada e que deve ser ajustado a Terminado o décimo cartão, de-
uma série de circunstâncias tais ver-se-á prosseguir na segunda fase
como grupo cultural, idade, sexo, da aplicação, denominada o "in-
etc. Os resultados devem ser in- quérito". Nesta fase o examinan-
terpretados comparando-os com o do déve indicar onde foram vistas
grupo a que p:rtencem. l:l pre- e porque foram dadas as diversas
ciso lembrar, outrossim, que um respostas. Em muitos casos são
INTRODUÇJ\.O AOS TESTES PSICOLÓGICOS 117
também acrescentadas respostas 29 ) - Tempo (total para cada
adicionais. prancha)
Tabulação - São necessários os ( média para cada
seguintes dados a serem tabulados prancha)
para a interpretação do protocolo: 3'.') Categorias das respos-
1~) - Número de respostas. tas apresentadas no qua-
(de reação inicial) dro XII.
QUADRO XII
Localização Determinantes Conteúdo
(Onde? ) (Como?) (Quê)
(global)
~ (global corta- F (forma)
A
Ad
(animal)
(detalhe ani-
do) M (figura hu- mal)
Gs (global no mana) H (humano)
branco) Hd ( detalhe hu-
D (detalhe) FM (animal) mano)
Dd (detalhe me- m (fôrças da Sexo
nor) natureza) Natureza
Ds (detalhe no C (cOr) Nuvem
branco) CF ( côr-forma) Fogo
Dds (detalhe me- EC (forma-cOr Planta
nor no branco) K (claro escuro) Geografia
do (detalhe oligo- KF ( c I a r o Arte
frênico) , escuro-forma) Objeto
de (detalhe exter- FK ( forma-claro Alimento
no) k (três dimen-
di (detalhe inter- sões)
no) c (textura)
dr (detalhe raro) cF ( texiura .. for- ....
,,,
ma) 1
Fc (forma textu-
ra)
C' (acromática) V ( vulgares)
C'F ( acromática- O (originais)
forma)
FC' (forma acro-
mática)
F(c) (nuances no
claro escuro

Categorias de Rorschach
118 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PúBLICA

49 ) Sucessão -:- Ordem em com os seguintes símbolos:


função da localização na qual são <--.' ,>, <.
dadas as respostas.
59) - Posição do cartão na A tabulação se processa da se-
qual foi vista a resposta. Marca-se guinte forma (quadro XIII):
QUADRO XIII

CARTÃO I

Tempo Respostas Categorias


---
12" 19 Morcêgo G FM A V
2 9 Mapa G F Geogr.

Tabulação de Rorschach
Tipo de percepão - O tipo de percentagem dos elementos men-
percapção do examinando é apu- cionados, bem como a proporção
rado em função da localização das entre os mesmos. Normalmente
respostas apresentadas. Assim as esta proporção é a seguinte:
respostas:
G - indicam capacidade de G - 25% a 30%
síntese. d - 10%
D - indica tipo de percep-
ção mais prática e inte- D - 60% a 70%
gração à realidade obje- S - 1% a 3%
tiva. Estrutura da Personalidade
Dd - tendência à minúcia; em Compreende a combinação das vá-
grande número pode in- rias respostas qualificadas e tabu-
dicar obsessividade, an- ladas.
gústia ou ansie'dade As respostas M (movimento hu-
(conforme o conjunto). mano) - Indicam maturidade
S - tendência negativista, emocional, vivência intratensiva e,
oposição. quando combinadas com boas res-
Na técnica de interpretação do postas G, indicam também alto
protocolo é necessário apurar-se a nív01 mental.
INTRODUÇÃO AOS TESTES PSICOLóGICOS 119

F M (movimento animal) - adaptação; revelam instabilidade,


Demonstram imaturidade emocio- egocentrismo.
nal com o predomínio de impul- F C (forma-côr) - Indicam
sos e formas reativas primitivas bom ajustamento emocional e pos-
ou da infância. sibilidade de contato humano.
m (movimento de fôrças da na- C - cF - Fc (textura) -
tureza ou de objetos) - Indicam Demonstram sensualidade mais ou
impulsividade ou tensão interior, menos controlada, dependendo do
conflitos e podem estar relaciona- maior ou menor predomínio do fa-
das a estados de ansiedade. tor forma.
F (forma) - Predominam no
C' - CF - Fe (respont~
tipo de personalidade coartada.
acromáticas) - Revelam afetivi-
Quando superior a 50% indicam dade tímida, tendência à depres-
construção. Podem ser: F + (for-
são, sensibilidade artística.
ma bem vista) - determinam bom
nível mental e F (forma mal vis- F ( c) (determinadas por f.i-
ta) - que podem revelar baixa nas nuances em pequenas Zonas r.la
capacidade intei1ectual, fraco senso lâmina) - Revelam adaptação tí-
crítico. mida e cautelosa.
K ( claro-escuro) - Revelam Conteúdo - O conteúdo da res-
posta - animal, ser humano, ana-
angústia ou ansiedade e depressão.
As suas derivantes KF e FK in- tomia, objetos, arte, planta, etc.
dicam gradativo contrôle e possi- - também está relacionado a ca-
bilidade de adaptação. racterística de personalidade, s0-
k (resposta de três dimensões) bretudo interêsses.
- Estão ligadas a sentimento de As respostas animal demonstram
minusvalia. imaturidade, e quando superiores
C (côr pura) - Revelam emo- a 50% são consideradas índice de
tividade descontrolada, agressivida- estereotipia.
de, primitivismo. As respostas anatomia podem in-
C F (côr-forma) - Apresen- dicar, além de interêsse por ativi-
tam, em menor grau, as caracterís- dades rei1acionadas com o assunto
ticas acima descritas, havendo já (medicina, enfermagem), certa
alguma tentativa de contrôle e tendência hipocondríaca. Em mui-
120 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO Pú'BLICA

tos casos são respostas sexuais dis- tendência intratensiva, enquanto


farçadas. que Fc, c e C' indicam tendên-
As respostas de conteúdo sexual cia à extratensão:
podelm indicar preocupação com VIII + IX + X
êsse seror, quando em número ele- ----------=%
vado. R (número total de respostas)
Respostas V e O - As respos-
tas V (respostas vulgares) são as - A percentagem das respostas
comumente apresentadas e podem apresentadas aos três últimos car-
indicar boa adaptação ao pensa- tões indica boa ou capacidade real
mento coletivo. de adaptação ao ambiente.
As respostas O (originais) são
F K + F + Fc
aquelas que aparecem raramente
e podem indicar experiência pes-
-----------0/0
R (número total de respostas)
soal do examinando, muitas vêzes
de conteúdo simbólico. - Indica a capacidade de contrô-
Tempo de reação - Partindo lé. Quando superior a 50%, re-
do critério de que a pessoa reage vela bom contrôle. Ultrapassando
no tdste como na vida real, um 75%, indica constrição.
tempo de reação inicial superior Sucessão - Representa a ordem
a wn minuto indica bloqueio emo- em que a localização das respostas
cional, inibição, repressão ou é apresentada (G - D - Dd).
"choque". Quando há ordem em:
M: C (Erlebnestype) - A pro-
3 a 4 pranchas = sucessão rela-
porção de respostas M e C indica
xada
o tipo de vivência (de acôrdo com
Rorschach, denominada "Erlebnes- 5 a 7 pranchas = sucessão orde-
type"). Quando existe predomínio nada
das respostas M a viv€ncia reacio- 8 a 9 pranchas = sucessão metó-
nal é intratelnsiva. Nos protocolos dica
10 pranchas = sucessão rígida
em que C ultrapassa M a vivência
é extratensiva. (A + H) (Ad + Hd) - A
MF + m : Fc+ c + C' - proporção entre as formas animais
Determina o tipo de vivência cons- e humanas completas e incomple-
titucional do indivíduo. O predo- tas significa a preferência do in-
mínio de respostas M e m revela divíduo pelo detalhe ou pe!lo todo.
INTRODUÇAO AOS TESTES PSICOLóGICOS 121

Número total de resposta Usos - O psicodiagnóstico de


Para adulto a média é de 15 Rorschach é uma técnica explora-
a 30. tória da personalidade, que pode
Nível Mental - O psicodiag- ser aplicada a adultos e crianças
nóstico de Rorschach permite a dos 4 anos de idade em diante.
avaliação do nível intelectual do ~ usado com sucesso como instru-
indivíduo, mediante os seguintes mento clínico para diagnóstico das
dados: várias moléstias mentais. O teste
Número e qualidade das de Rorschach também é emprega-
respostas .............. G do em casos não-patológicos, para
Número e qualidade das estudo da personalidllide normal,
respostas .............. M com diversas finalidades, inclusive
Formas bem vistas: respos- para Orientação Profissional.
tas..... .... .... ... .. . F
Número e qualidade das o "'THEMATIC APPERCEPTION
TEST'"
respostas .............. O
Variedade do conteúdo Origem - Em 1907 o traba-
Sucessão lho de Brirtain "Um Estudo da
Características Neuróticas Imaginação" apresentava o resul-
(Erickson e Miale) tado de pesquisas efetuadas a res-
19 ) - Número de respostas peito das características das histó-
inferior a 25. rias narradas por um grupo de
29) - Rejeição de pranchas. adolescentes, para as quais se usou
39 ) - Choque-côr. como estímulo, uma série de 9
4 9 ) - Choques nas gradações gravuras.
das nuances. Posteriormente, Libby publicou
59) - Respostas FC em nú- estudo semelhante, procurando in-
mero inferior a 2. vestigar a relação entre os temas
6 9 ) - Respostas M em núme- imaginativos e os sentimentos de
ro inferior a 2. um grupo de colegiais. O psiquia-
79 ) - Maior número de res- tra Schwartz investigou as atitudes
postas FM do que M. de um grupo de delinqüentes, es-
89 ) Respostas F superior a timulando-os a narrar histórias a
50%. respeito de gravuras relacionadas
99) Respostas A superior a a situações por êles usualmente
50%. vividas.
122 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PúBLICA

Deve-Sei entretanto ao Dr. Hen- tivas oferecidas pelo examinando.


ry Murray, da Clínica Psicológica Apresentam também, de preferên-
da Universidade de Harvard, a sis- cia, figuras do mesmo sexo e ida-
tematização e divulgação desta téc- de do examinando, a fim de faci-
nica exploratória da personalida- litar o procelSso de identificação.
de, com a sua publicação do Algumas figuras foram considera-
Thematic Apperception Test das adequadas para os dois sexos e
(T.A.T.). se referem às várias áreas de idea-
Fundamentos teóricos - Partiu ção, dando a cada indivíduo a
oportunidade de revelar seus con-
Murray do princípio dei que quan-
do um indivíduo interpreta uma teúdos ideativos e atitudes impor-
situação social ambígua, está apto tantes naquela área de ideação. As-
a expor os dinamismos da sua sim, há gravuras que se referem à
própria personalidade nas narra- agressão, a perigos, mêdo, depres-
ções das situações por êle imagi- são, suicídio, relação entre pais e
nadas. A pessoa absorvida na sua filhos, situações de trabalho,
tentativa de explicar a ocurrência sexo, etc.
objetiva, tende a projetar as ten- Aplicação - l i efetuada em duas
dências, conflitos, prospecções e sessões divididas em:
outras fôrças dinâmicas caracterí~­ a) aplicação propriamente di-
ticas de sua personalidade. ta;
Material - Conta de 19 lâmi- b) inquérito.
nas impressas e uma em branco, O teste é dado, estando o exa-
dando lugar a 20 rdatos. Existem minando cômodamelnte sentado
3 séries: numa poltrona, de costas para o
examinador. A estética do am-
a) uma série para homens e
biente, o ar de simpatia, idade,
mulheres;
sexo e personalid~de do eocamina-
b) uma série só para homens e dor são fatôres que podem in.
c) uma série só para mulheres. fluenciar a atitude do examinando,
As gravuras apresentam, na sua 1l10tivando-o ou inibindo-o.
maioria, situações dramáticas, pois As instruções usadas são as se-
foi constatado, nas experiências guintdl: "Este é um teste de ima-
efetuadas por Murray, que estas ginação. Vou mostrar a você uma
facilitavam as fantasias nas narra- série de gravuras e quero que você
INTRODUÇÃO AOS TESTES PSICOLOGICOS 123

invente uma história a respeito pretação, não se-ndo aconselhável


delas. Quero que você me diga que a análise cega do protocolo.
situação há na gravura, que fatos 29 ) - Modalid3ide da análise
levaram a ela e como terminará, do conteúdo:
descrevendo os sentimentos e peP~ a) - O herói - Representa-
samentos dos personagens." do pela figura com a qual o exa-
Deve-se anotar o tempo de rea- minando se identifica. Em geral
ção inicial e o total para cada se assemelha ao examinando, por
prancha, a fim de verificar quan- ser do mesmo sexo, aproximada-
do há bloqueio, inibição, cho- mente da mesma idade e em si-
que, etc. tuação social, profissão, estado ci-
As primeiras 10 pranchas são vil, etc. ~ aquêle cujas ações são
apresentadas na primeira sessão e mais dramàticamente descritas, e
as outras 10 na segunda sessão, que constitui o centro da história.
que deve ser realizada no mínimo Muitas vêzes, há mais de um herói,
depois de 24 horas. Ao terminar de sexo e idades diferentes do exa-
cada sessão, procede-se ao inquéri- minando, nos quais êle projeta
to, no qual o examinando deve in- também as suas atitudes e formas
dicar a fonte da história e escla- de reação. As características dos he-
róis tendem a representar as pró-
recer alguma dúvida do examina-
prias características da pessoa que
dor, quanto às narrações.
os descreve, tais como: agressivi-
Resumo da Técnica de Interpre- dade, sentimento de inferioridade,
tação - Existem várias técnicas ambições, conflitos, feminilidade,
para a interpretação do T. A . T . masculinidade, etc.
Henry Murray adota o seguinte
b) - Motivações, telndências,
critério:
sentimentos do herói - Devem ser
1Q) - Considera necessanos interpretados pelo examinador em
alguns dados essenciais a respeito função da freqüência e intensida-
"<lo examinando, tais como: idade, de com que se apresentam. Mur-
estado civil, profissão, constelação ray denominava-os necessidades
familiar, se os pais estão vivos, (ne:eds) , que descreviam a dinâmi-
mortos ou separados. Sem estas ca predominante da personalidade
informações essenciais há pouca do indivíduo. O autor do teste
possibilidade de sucesso na inter- apresenta uma lista detalhada das
124 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PúBLICA

mesmas no seu livro Explorations no setor profissional, conflitos fa-


on Personality. miliares, etc.
c) - Fôrças do ambiente - e) - Epílogo - Qual o tipo
A maneira pela qual o meio-am- de epílogo predominante? São, na
biente! é descrito pelo examinando maioria, otimistas ou pessimistas?
também deve ser observada. Quais :fi importante observar quais os
são as características e traços das personagens eliminados pela morte.
pessoas que cercam o herói? São
f) - Interêsses - Os inte-
as figuras paternas e maternas com-
rêsses profissionais ou meramente
preensivas, ou hostis? São as figu-
recreativos do examinando são
ras femininas mais simpáticas do
também apurados através das suas
que as masculinas? ou vice-versa?
narrações: verifica-se se estão in-
:fi o herói aceito ou rejeitado pela
clinados para atividades artísticas,
sociedade?
científicas, assistenciais, esporti-
As interre1açÕe5 entre o herói vas, etc.
e as fôrças do ambiente também
devem ser interpretadas de acôrdo O autor do teste considera sem
com a freqüência, intensidade e significação narrações com um nú-
duração das mesmas. mero de palavras inferior a 150.
d) - Temas - Quais são os A média é de 300 palavras para
temas mais freqüentes? Symonds cada prancha.
considera um tema significativo O T.A.T. é um teste de in-
quando apresenta as seguintes ca- terpretação aparentemente fácil,
racterísticas: mas que na realidade, mais que ne-
19 ) é repetido no mínimo nhuma outra técnica projetiva, exi-
três vêzes; ge excelente lastro de conhecimen-
29 ) quanto mais se afasta tos de psicologia por parte do exa-
do estímulo sugerido minador. Os temas apresentados
pela prancha maior sua podem se referir a coisas que o
significação; examinando já fêz, ou que êle de-
39 ) - quanto mais incoerente. sejou realizar, ou fôrças elemen-
Pode haver teunas em que pre- tares da sua personalidade, das
dominam a agressão, conflitos cul- quais êle próprio nunca estêve
posos, situações de depressão, di- consciente, mas que tiveram um
ficu~dade'S econômicas, realizações papel preponderante na e1abora-
INTRODUÇÃO AOS TESTES PSICOL6GICOS 125
ção dos sonhos ou fantasias, na in- ambiente - personagens;
fância e na maturidade. Antecipam estímulos ambien-
também formas de reação e com- tais;
portamento futuro. epílogo;
Os conflitos revelados pelo símbolos.
T .A.T. podem ser: tema principal
a) - plenamente conscientes; análise formal
b) - parcialmente conscien-
tes; Tomkins estabeleceu sela. crité-
rio de interpretação, à base\de ve-
c) - inconscientes.
tores, níveis, fôrças externas e de
Há outras formas de interpre-
qualidade, por êle selecionadas.
tação. Entre estas podemos citar
a de Tomkins, na qual êle procura
FO~AS CORRELATAS
estudar o comportamento frente
aos principais setores existenciais:
Percival Symonds elaborou uma
a) - família;
variante do T. A. T., que de-
b) - amor
nominou "Picture Story Test", des-
c) - sociedade
tinada ao estudo da personalidade
d) - trabalho.
do adolescente. Consta de 20 pran-
Rappaport e Rotter dão mais ên-
chas, apresentando como figura
fase à análise formal das narra-
central adolescentes do sexo mas-
ções, principalmente com finalida-
culino e feminino, em várias situa-
de de diagnóstico psiquiátrico.
ções. Depois de intensa pesquisa,
Bellak também criou seu crité- chegou a conclusões interessantes
rio próprio de interpretação, jun- a respeito do conteúdo imaginati-
tamente com uma fôlha de análise vo dos adolescentese a sua relação
do protocolo, da qual constam com a vida psíquica (publicados no
os seguintes itens: seu livro .. Adolescent Fantasy").
herói - características; Bellak adaptou o T. A . T. numa
necessidades de gra- forma especial para crianças, usan-
tificação; do como estímulo figuras de ani-
estados interiores; mais, em substituição às figuras
catexis; humanas. Seu teste foi denomina-
seqüências do nível do o "Children Appetrception
de conduta. Test" (C. A. T.). Existe ainda
126 CADERNOS DE ADMINISTRAÇAO PúBLICA

uma forma especial para negros, aos interêsses do examinando e a


elaborada por Thompson. sua atitude frente ao trabalho.
Em 1950, foi elaborado por OUTROS TESTES PROJETIVOS
Blum o teste Blacky, com a fina-
lidade de investigar o desenvolvi- TESTE DE COMPLEMENTAÇÃO
mento psicossexual, baseado nas DE SENTENÇAS
teorias freudianas. Consiste em 11
figuras, que representam o perso- Conforme indica o nome, tra-
nagem central, um cachorrinho ta-se de uma série de sentenças
chamado Blacky, em várias situa- inacabadas, que devem ser comple-
ções de relevância com outros cães, tadas pelo examinando, com uma
que representam as figuras pa- ou mais palavras. Existem várias
terna, materna, fraterna. modalidades de testes de comple-
tação de sentenças, sendo mais co-
Usos - O T.A.T. e as suas
nhecidas as formas elaboradas por
formas correlatas podem ser em-
Rhode e Hildreth (para indiví-
pregadas como técnicas explorató- duos acima de 12 anos), a de
rias dos aspectos dinâmicos e mo- Rotter (para nível universitário) e
tivações da personalidade, sendo a de Sacks. Essa última forma con-
de grande utilidade para indicar siste em 60 itens, visando a pro-
as zonas conflitivas. Pode ser usa- jeção de atitudes e vivências con-
do também como diagnóstico, em- cernentes às seguintes áreas: rela-
bora em menos extensão, porquan- ção com os pais, relações com o
to ainda variam os vários crité- sexo oposto, atitude para com o
rios adotados para a classificação trabalho e para com os superiores,
das doenças mentais, por meio da sentimento de culpa, atitude para
interpretação das histórias do com o passado e para com suas
T. A . T . Inúmeros autores acen- próprias habilidades, temores, pros-
tuam o valor catártico do teste, pecções. As respostas relativas às
equivalente a várias sessões de as- várias áreas acima citadas são clas-
sistência psicoterápica. No âmbito sificadas de acôrdo com o grau de
da orientação profissional é tam- ajustamento revelado.
bém usado, fornecendo dados, tal- Os testes de complementação de
vez mais significativos do que tes- sentenças, embora não atinjam ní-
tes objetivos específicos, quanto veis tão profundos da personali-
INTRODUÇÃO AOS TESTES PSICOLOGICOS 127
dade como o Rorschach e o T.A.T., punitiva - quando o examinan-
podem ser usados, com vantagens, do dirige contra si próprio a rea-
como base para entrevista ou para ção agressiva; 3 - impunitiva -
subseqüentes investigações. quando o examinando faz um es-
fôrço para superar a situação de
TESTE DE ROSENZWEIG frustração, fugindo da reação
agressiva.
Tem como finalidade investigar
as reações do examinando a situa- b) - de acôrdo com o tipo
ções de frustrações. Visa também de reação; pode ser de: 1) - do-
verificar o grau de tolerância à minância do obstáculo; 2) - pre-
frustração e a direção da agressivi- dominância do ego do examinan-
dade perante a frustração. Existem do; 3) - persistência da neces-
duas formas do teste: uma para sidade.
crianças de 4 a 14 anos e outra
para pessoas de mais de 14 anos. M.A.P.S. TESTE
O teste compõe-se de vários de-
senhos que representam situações Foi elaborado por E. S. Schneid-
de frustrações comuns na vida diá- man e publicado pela Psychological
ria. O examinando deve escrever Corporation em 1948. Associa à
num local apropriado, na fôlha idéia aplicada por Murray no
do teste, a sua resposta à situação T. A. T. - narração de uma histó-
de frustração, enfrentada pelo ria - a possibilidade do exami-
personagem do desenho. O teste nando construrir a própria situação
está fundamentado na idéia de que a ser narrada, usando o material
o examinando se identificará com fornecido pelo teste. Esse material
o personagem frustrado e em cada inclui 22 cenários (acromáticos e
situação revelará, inconsciente- em papelão) e 67 figuras recor-
mente, pelas resp<15tas dadas, as tadas (65 humanas e dois ani-
suas próprias relações. As respos- mais). Entre os cenários encon-
tas são classificadas: tram - se banheiros, paisagens,
a) - de acôrdo com a direção quarto de dormir, sala de aula,
da agressividade; pode ser de três floresta, caveira, e\l:c. Entre as fi-
tipos: 1) - extrapunitiva - guras estão adultos dos dois sexos,
quando a agressividade é dirigida crianças, figuras legendárias, figu-
contra. o ambiente; 2) - intra- ras ambíguas, cachorro, cobra, etc.
128 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PúBLICA

A interpretação é feita consi- TllCNICAS EXPRESSIVAS:


derando a forma e o conteúdo.
O PSICODIAGNóSTICO
Alguns autores consideram o teste
MIOCINllTICO
M . A . P . S. mais rico em conteú-
do e em produção imaginativa es- Fundamentos teóricos - O
pontânea do que; o T. A . T ., visto
Psicodiagnóstico Piocinético (P.
que o examinando fornece, êle
M. K.) é um teste expressivo de
mesmo, o quadro para as suas
personalidade elaborado por Mira
histórias. Outros autores alegam
y López. Está baseado no princí-
que o M. A. A. P. S. possibilita ao
pio da Miopsique de Storch -
examinando fugir a certas situa-
"o desequilíbrio psíquico e o mio-
ções e problemas significativos no
cinético são aspectos extremos de
seu caso, fato êsse que não sucede
um mesmo processo individual".
no T.A.T.
Para cada fórmula psíquica há uma
TESTE DA ÁRVORE postura muscular correspondente.
Introduzido por Charles Koch é Por conseguinte, as perturbações
considerado pelo autor como um das tensões psíquicas se traduzem
teste projetivo, embora possa, tam- no domínio do movimento IJIUS-
bém, ser incluído entre as técnicas cular.
expressivas. Nesse teste, a inter- Resumo histórico - Já no iní-
pretação da personalidade é reali- cio do século XIX, as experiên-
zada através da análise do desenho cias do pêndulo, executadas pelo
de duas árvores, confeccionadas, Marquez de Chevreul, demonstra-
em separado, pelo examinando. As vam que o pensamento de um m0-
características pessoais são revela- vimento pode criar a reprodução
das mediante o estudo do espaço muscular dêsse movimento.
ocupado pIo desenho, raízes, for-
ma do tronco, folhagens, traçado, Ainda no mesmo século, Lava-
densidade, claro-escuro, etc. O teste ter, o iniciador da Escola Fisiog-
é de fácil aplicação e de pouca du- nomista, afirmava ser o rosto O es-
ração, facilitando o seu uso em pelho da alma e conseqüentemen-
grandes grupos, principalmente te o estudo da fisionomia do in-
com a finalidade de triagem e de divíduo representava um Instru-
identificação de casos que mere- mento para avaliação de suas ca-
cem maiores investigações. racterísticas de personalidade.
INTRODUÇAO AOS TESTES PSICOLóGICOS 129

William James afirmava que o cias, notou haver certa relação en-
essencial na emoção é a reação tre os desvios na avaliação cines-
muscular - a emoção é a tomada t€sica do espaço e características
da consciência - "choramos não p~icológicas dos candidatos. As
porque estamos tristes, mas esta- pesquisas sôbre o assunto foram
mos tristes porque choramos". levadas a têrmo no Hospital Maud-
Woodworth dizia que o que sley e o resultado foi a apresen-
mais define a pessoa é o seu es- tação do Psicodiagnóstico Mioci-
tilo de ação, isto é, como se com- nético à Sociedade Real de Medi-
porta do ponto de vista cinético. cina de Londres, em 1939.
Em 1920, Jacobson, neurofisio-
logista, demonstrou a importância Material necessário:
que as variações musculares têm
A) - Mesa com o tampo mó-
para determinar o curso do pro- vel.
cesso intelectual, volitivo e afetivo.
B) - Cadeira sem braços a
Foram muitos os que estudaram
fim de facilitar o mo-
'li personalidade por meio de mo-
vimento do sujeito.
vimentos expressivos. Em 1931,
C) - Caderno do teste - Sô-
Allport e Vernon publicaram seu bre as fôlhas do cader-
livro "Estudos dos Movimentos
no estão impressos os
Expressivos" no qual, com sólida
modelos dos traçados a
base estatística e experimental, de-
executar, na seguinte
':TIonstravam como os testes psico- ordem:
motores têm constância e validade,
c?mparáveis aos testes de inteligên- 1~ - página Lineogramas
CIa.
No mesmo ano, June Downey,
2~
3~
- '. Ziguezagues
Escadas e
no seu livro "Will and Tempera- círculos
ment", apresenta uma série de tes- 4~ Cadeias
tes gráficos e psicomotores. 5~ - Paralelos ego-
Em 1936, Mira y López subme-
teu os candidatos à aviação espa-
cífugas e I_I
nhola a uma prova de memória vertical
6~ - Paralelas ego-
muscular e sentido cinestésico, com
um aparelho denominado axiste- cípetas cI_I
reômetro. Durante suas experiên- sagital
130 CADERNOS DE ADMINISTRAÇAO PúBLICA

D) Lápis - dois lápis pre- D . P . ( desvio primário)


tos de tamanho igual e Desvio da linha-modêlo no senti-
bem apontados. O exa- do do movimento.
minador deverá ter dois D . S. (desvio secundário) -
lápis de côr para mar- Afastamento no sentido perpen-
car o fim do traçado do dicular ao movimento.
examinando. T . L. (tamanho linear) - Au-
E) - Tela para obstruir a vi- mento ou diminuição do traçado
são (de preferência de é'm comparação com a linha-mo-
papelão). dêlo.
F) - Taxas para fixar as fô- D. A. (desvio axial) - Desvio
lhas do teste no tampo do eixo.
da mesa. T. A . (tamanho angular).
G) - Cartões de várias di- A mensuração é feita em milí-
mensões. O examinando metros e convertida em tetrona-
muitas vêzes se deixa in- gemo
fluenciar pelos traçados Além dêsses dados quantitati"os
realizados. É necessário há os qualitativos, tais como tre-
portanto cobri-los com mores, irregularidade do traçado,
os cartões. cruzamentos de linhas, ângulos ne-
H) - Réguas graduadas em gativos, reversões e outros, de
mm para mensuração do gl ande valor diagnóstico.
traçado. Interpretação - Em resumo S10
Técnica de aplicação - O exa- as seguintes características da per-
minando deve reproduzir o modê- sonalidade apuradas pela P.M.K.:
lo do traçado com a mão direita a) - Atitudes de reação p.::r-
e com a esquerda, sucessivamente. manentes, constitucionais, geno-
Depois do terceiro movimento a tí picas (mão esquerda).
visão deve ser obstruída, com a b) - Atitudes de reação apa-
tela ou anteparo. rentes, transitórias, fenotípicas
O teste é aplicado em duas ses- (mão direita) .
sões, num intervalo de 7 dias. Em c) - Grau de coerência in-
casos excepcionais, pode ser apli- trapsíquica, que se observa pela
cado em intervalo de 24 horas. coincidência dos desvios dos traça-
Avaliação - Em resumo, é a se- dos correspondentes às duas atitu-
guinte a técnica de avaliação: des de reação, acima mencionadas.
INTRODUÇÃO AOS TESTES PSICOLóGICOS 131

d) - Valor da agressividade g) - Irregularidade do aspecto


- auto ou heterodirigida. da escada.
e) - Grau de depressão ou h) - Escada assimétrica.
euforia. i) - Desorientação no sentido
f) - Predominância da intra- do traçado da escada.
tensão ou extratensão. j) - Desvio axial no I I sa-
g) - Grau de emotividade gital. -
constitucional ou reacional. A correlação obtida com as pro-
h) - Predominância da inibi- vas de inteligênCia Abstrata e Es-
ção ou excitação. pacial, da baterial Morey e Otero,
i) - Tendtncia à ansiedade é de 0.73.
ou apatia.
j) - Grau de constância das As seguintes características são
reações. observadas nos seguintes traçados:
k) Apreciação da inteligtn- Agressividade - No desvio pri-
Cla. mário sagital dos lineogramas,
I) - Indicações de situações ziguezagues, cadeias, paralelas e
conflitivas ou de desorientação. I I I I·
m) - Indicações da existtDcia Energia e Tônus Vital - No
de dados patológicos. desvio primário vertical dos lineo-
gramas, escadas, círculos, cadeias
Apreciação da inteligtncia:
a) - Ziguezague homólogo em e_I "_1.
Intra e Extratcnsão - No des-
vez de simétrico.
vio primário horizontal dos lineo-
b) - Os ângulos são irregula-
gramas e paralelas.
res ( zi guezague) .
c) - Mudança na direção do Emotividade - No desvio se-
ziguezague. cundário dos lineogramas, círculos,
d) - Perda de forma na es- I I vertical e I I sagital.
cada. -:-I\.nsiedade e Inibição - No ta-
e) - Substituição dos ângulos mac.ho linear dos lineogramas e
agudos por ângulos retos (esca- dos ziguezagues.
das) . Sinais de conflitos e psicopatias:
f) - Tendência a anular os
ângulos no movimento de descida a) - Baixo índice de coerên-
(escada) . cia intrapsíquica.
132 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PúBLICA

b) Aumento da média dos g) - Grande média de varia-


desvios primários dos lineogramas ção entre a dimensão linear do
(superior a 10 mm). modêlo e a do traçado, especial-
c) - Imprecisão e instabilida- mente da mão esquerda.
de de movimentos da mão tempe- Usos e Vantagens - O P.M.K.
r3mental. pode ser aplicado em crianças de
d) - Grande amplitude do 7 anos em diante, adolescentes e
desvio secundário. adultos. Pode também ser usado
e) - Presença de sinais cor- com analfabetos, ou estrangeiros.
respondentes à constelação ciclo- Oferece as vantagens de ser um
tímica (aumento do tamanho li- teste de aplicação simples e rá-
near, oscilação do traçado no pla- pida (cêrca de 30 minutos), de
no vertical) e esquizotímica (re- comprovado valor diagnóstico, que
versões no traçado, polígOl1os em pode ser usado em clínicas psico-
vez de círculos, etc.). lógicas, centros de orientação e
l'
f) - Tremores iniciais 1.10 J.!- seleção profissional e nas escolas,
neograma da mão direita. para mientafã o educacional.

BIBLIOGRAFIA

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CAPITULO VIII

A INVESTIGAÇÃO DE INTERE.SSE E ATITUDES


CONCEITO GERAL tendem a expressar fantasias mais.
DE INTERESSE ou menos instáveis, sem base na
realidade objetiva.
O interêsse é a fôrça propulsora
b) - Manifestação de interês-
da realização das aptidões e par-
ses pela participação do indivíduo
te integrante da própria persona-
em certas atividades. Por exem-
lidade do indivíduo. É evidente a
plo, o estudante de curso secun-
importância da exploração dos in-
terêsses no processo educativo, pa- dário que toma parte ativa na re-
ra a motivação da aprendizagem, dação de wna revista escolar, de-
para melhor adaptação nos diver- monstra interêsse literário.
sos currículos e para ajustamento, c) - Interêsses investigados
satisfação e sucesso nas atividades por meio de testes objetivos em
profissionais. A dinâmica do in- oposição a inventários, nos quais
terêsse tem sido alvo de atenção e há uma avaliação subjetiva. Pode-
de intensas pesquisas nos últimos mos citar os testes de interêsse do
anos. tipo do "Michigan Vocabulary
Super reconhece quatro inter- Test", que mede o interêsse por
pretações para a palavra interêsse:
meio de um vocabulário especia-
a) - Interêsses expressos: São lizado. Baseia-se no princípio de
expressos verbalmente em relação
que as pessoas retém as palavras
a determinada atividade, objeto, relacionadas às atividades prefe-
tarefa ou profissão. Fryer denomi- ridas.
nava-os interêsses específicos; não
tem muito valor para diagnóstico d) - Interêsse investigados
ou prognóstico, principalmente em por meio de inventários, nos qua~s
se tratando de adolescentes que o próprio indivíduo se auto-analt-
138 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PüBLICA

sa, sendo atribuído um "pêso" à cessidade psicológica básica, liga-


.sua resposta em relação aos diver- das às camadas mais profundas da
sos campos de interêsse. estrutura da personalidade, e con-
Há também o conceito de inte- siderados, muitas vêzes, como as-
rêsses como resultante de uma ne- pectos centrais da mesma.

QUADRO XIV

Thurstone Allport Vernon Luria Síntese

Ciência Teorético Teorético Científico


Pessoas Social Social Social
LingUístico Econômico Material Literário
Negócios Politico Religioso Material
Estético Sistemas
Religioso Contactos
ArtístiCO'S
Musical I
Kuder Strong

I
I
Científico
Social
Literário
Avaliação
Persuasivo
Artístico
I
I
Ciência
Pessoas l
Linguistico
Concretos
Negócios
I

I
Muslcal

Classificação dos interêsses de acôrdo com vários autores.

A classificação das profissões, por Strong, durante a elaboração


na base de interêsses, torna-se de do Questionário de Interêsses Vo-
certa forma um problema, por- cacionais, tendo chegado à con-
~uanto para a mesma profissão há clusão de que uma mesma profis-
um entrelaçamento de múltiplos ~.ão pode apresentar vários cam-
interêsses, principalmente quanào P(Js de interêsses. A profissão de
se trata dos campos de especiali- médico, por exemplo, pode estar
zação. Este assunto foi estudado ligada a interêsses de tipo cientí-
INTRODUÇÃO AOS TESTES PSICOLóGICOS 139

fico e social. Na profissão de ficativa. Experiência feita com


advogado pode haver interêsses 'Minnesota Multiphasic Persona-
lingüísticos, literários e sociais. lity Inventory" e o Registro de
Por sua vez o interêsse social pode Interêsses Kuder obteve as seguin-
se subdividir em político e assis- tes conclusões: a tendência esqui-
tencial. Nas profissões semiquali- zóide e interêsse artístico apresen-
ficadas e não-qualificadas é quase tam uma correlação de 0.39; fe-
impossível a diferenciação dos in- minilidade e interêsse mecânico
terêsses. Podemos concluir, por- apresentam uma correlação negati-
tanto, que são necessárias maiores va de O. 37; depressão e o inte-
pesquisas nesse setor. rêsse por Serviço Social também
As diferenças ambientais c só- demonstram uma correlação neg.l-
cio-econômicas também contribuem tiva de 0.34.
para o desenvolvimento e diferen- Quanto à relação entre os inte-
ciação de interêsse. É preciso tam- rêsses e as necessidades básicas,
bém levar em consideração dife-
renças entre os dois sexos. Nas ligadas à estrutura mais profun-
mulheres tendem a predominar in- da da personalidade, é certament(;
terêsses artísticos, musicais, literá- bem mais íntima e não está rela-
rios, sociais. cionada apenas às atividades pro-
Partindo dessa diversidade de fissionais e educacionais, mas ao
interêsses entre os sexos, elaborou- comportamento total do indiví-
se o Questionário Terman-Miles, duo. Este assunto exige considera-
com a finalidade de determinar o ções mais complexas, que não se-
índice de masculinidade e femini- rão incluídas, tendo em vista a fi-
lidade. nalidade do presente trabalho.
Tem-se procurado investigar a Os interêsses tendem a se cris-
relação dos interêsses com a inte- talizar depois de 18 anos de ida-
ligência e aptidões. Parece haver de. Até essa idade, apresenta cer-
uma correlação positiva entre os ta instabilidade que depende da
interêsses lingüísticos, literários e maior ou menor maturidade emo-
científicos e as aptidões corres- cional do indivíduo e da conse-
pondentes. qüente identificação com os diver-
A relação com as carac~rísticas sos grupos profissionais e sociais,
de personalidade parece ser signi- na procura de um autoconceito.
140 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PúBLICA

Nesse processo, desempenha papel e precisão de conhecimento que o


preponderante a identificação com examinando tiver relativas às pro-
as figuras maternas e paternas. Pes- fISSõeS, será de primordial impor-
quisas feitas, revelaram ser mais tância.
alta a correlação entre os inte-
rêsses de pais e filhos do que entre ESTUDO DE VALóRES
ALLPORT·VERNON
irmãos (mesmo tratando-se de ir-
mãos gêmeos).
O teste foi elaborado em 1931
o INVENTARIO DE INTERllSSES
por Gordon Allport e Philip Ver-
THURSTONE
non, publicado no "Journal of
Abnormal Social Psychology" >
Foi elaborado por L. L. Thurs- 1931, n 9 26. Desde essa data,
tone e publicado pela Psychologi- uma série de pesquisas foram rea-
cal Corporation em 1947. lizadas com a finalidade de esta-
belecer padrões para grupos de
Consiste numa lista de 100 pro- profissões diversas, ou para estu-
fissões, agrupadas aos pares. O dar a validade do teste, em rela-
examinando deve indicar qual pro- ção a uma série de dados, tais
fissão prefere, em cada par. As como: ocupações, lazeres, leituras,
profissões estão classificadas em mudanças e influências culturais;
10 campos ocupacionais, represen- com os resultados dos dados das
tando as seguintes áreas de inte- pesquisas, os autores, agoza com a
rêsses: Ciências Físicas, Ciências colaboração de Gardner Lindzei,
Biológicas, Cálculos, Negócios, Di- foi feita uma revisão do teste, em
reção, Persuasão, Línguas, Huma- 1951, que constou de uma série
nidades, Artes, Música. de alterações, abrangendo não só
A principal vantagem dêsse tes- a formulação dos itens, como tam-
te é a rapidez, tanto na aplicação bém a forma de apuração dos pon-
e na apuração: 10 minutos, apro- tos, o uso de novas normas e a
ximadamente. No entanto pela adequação dos têrmos das questões
sua própria estrutura, o Thursto- à verdadeira fundamentação teó-
ne representa apenas uma expres- rica do teste.
são direta dos interêsses profissio- Propósito do teste e Funda-
nais do examinando. Nessas cir- mentação Teórica - O estudo de
cunstâncias, o grau de informações valôres tem como finalidade me-
INTRODUÇAO AOS TESTES PSICOLóGICOS 141

dir a relativa freqüência de seis ção de suas próprias necessidades.


motivações básicas da personalida- São os homens práticos, cujo inte-
de humana, ou também, dos seis rêsse característico é a utilidade.
valôres pelos quais se norteiam Nas relações humanas interessa-se
as atividades, a saber: teórico, eco- mais pelo aspecto da riqueza e do
nômico, estético, social, político e valor prático das ocasiões. É, em
religioso. linhas gerais, como afirma o pró-
prio Gordon Allport quando apre-
Esses valores, assim classificados, cia êsse estudo, o tipo que mais
estão baseados na teoria de se aproxima da média dos homens
Eduard Spranger, filósofo alemão, de negócio dos Estados Unidos.
exposta na sua obra "Types of É um valor que muitas vêzes vai
Men", traduzida para o português entr3.f em choque com outros va-
cemo "Formas de Vida" que pre- lôres, principalmente no que diz
coniza que "as personalidades dos respeito à ciência pura e à moral.
homens podem ser mais conheci-
das através de um estudo de seus 3) - Estético - Este valor
\'alôres ou atitudes valorizadas". determina no homem uma atitude
voltada para os episódios artís-
De uma forma geral, a teoria
ticos da vida, e para as idéias
de Spranger descreve os seis valô-
de forma e harmonia. Para pos-
res do seguinte ponto de vista:
suir o valor estético em predomí-
1) - Teórico - Valor cuja nio, não é necessário que o homem
predominância vai determinar nos seja um artista, mas seja voltado
homens o interêsse dominante de para o aspecto individualista, con-
descobrir a verdade, através de siderando a verdade dentro da sua
uma "atitude cognitiva", na pro- idéia subjetiva de belo. Confunde
cura de identidades ou diferenças. a beleza com as experiências reli-
É o homem intelectualista, que giosas.
constantemente organiza e sistema-
4) - Social - Caracteriza o
tiza os conhecimentos, observa, homem que ama as pessoas com
pondera e raciocina. simpatia, bondade, sem considerar
2) - Econômico - Valor que a si mesmo e a seus próprios in-
vai caracterizar as atividades dos terêsses . Aproxima-se um pouco
homens utilitaristas, no sentido de dos ideais do homem religioso e
que vivem em função da satisfa- combate a fôrça do poder político,
142 CADERNOS DE ADr.IINISTRAÇAO PúBLICA

ql!C' destrói a integridade da per- econômico enquanto que o segun-


sonalidade. do grupo apresentou um alto
valor teórico, confirmando assim
5) - Político - O homem as expectativas feitas "à priori".
predominantemente político está
Outras correlações satisfatória~
interessado no poder. :É o homem
toram obtidas comparando-se 0:0.
de personalidade dominadora, que
resultados das provas com as leI-
lidera e dirige outros homens.
turas preferidas, "hobbies", ativi-
6) - Religioso - Para o ho- dades extraclasse e autoclassifica-
mem religioso a vida se desenrola ções.
no sentido da união; sua estrutura Evidência de Fidedignidade -
mental é voltada para as explica- Os estudos para obtenção da pre-
ções místicas da realidade, e, mui- cisão do teste foram feitos pela
tas vêzes, comporta-se como um as- consistência interna dos itens e
ceta, isolando-se para meditar. Fi- foi verificada boa correlação com
nalmente, é o homem que encara o escore total no valor médio de
o universo como um todo, consi- .82 para a fórmula revista em opo-
derando-se êle próprio um do~ sição ao coefiCIente de .70 da pri-
seus elementos. meira fórmula. O único valor cuja
Evidência de Validade - O tes- correlação era mais baIxa foi o so-
te foi correlacionado com um cial: .65 e na forma revista foi de
grande número de provas e de .82.
ocupações. Os resultados não fo- Cont"údo - :É composto de
ram sempre satisfatórios, porém duas partes, tendo ao todo 120
há uma boa margem de resultados perguntas que estão reunidas em
favoráveis. Não apresentou corre- grupos de duas para a I parte
lação com o "Kuder Preference constituindo 30 questões e em gru-
Record-Personal". Boa correlação pos de 4 para a II parte, consti-
foi notada com o "Strong V I B" tuindo 15 questões. Essas ques-
e com "Thurstone Attitude Sca- tões são respondidas pela prefe-
1:::s". Foram feitos também estu- rência, sendo numeradas de O a 3
dos com estudantes de Teologia e c também por 1, 2, 3, 4. Apre-
Me licina. Os primeiros apresen- sentam-se em forma de perguntJs
taram valôres altos no aspecto re- afirmativas e múltipla escolha va-
ligioso e muito baixo no aspecto lorizada.
INTRODUÇÃO AOS TESTES PSICOLóGICOS 143'

Aplicação e apuração - O tes- tes universitários e discutidos em


te é aut()..administrado e não tem grupo, os resultados.
tempo marcado, devendo o aplI- O Estudo de Valôres, pela com-
cador estimular para que o exa- plexidade do conteúdo dos itens,
minando não demore muito mais só pode ser aplicado para estu.
de 20 minutos, dantes do 2 9 ciclo do curso secun-
Tôdas as explicações estão no dário. Assim mesmo, acha-se que
teste, de forma clara e com exem- o nível pré-universitário ou uni-
plos. versitário seriam os mais indica-
A apuração é rápida (no má- dos para o limite mínimo da esco-
ximo 5 minutos) exigindo muito laridade. Além do vocabulário não
cuidado nas somas dos pontos fei- ser simples, a graduação das res-
tas no fim de cada página e de- postas implica em já ter o exa·
pois passadas para a fôlha de re- minando uma certa filosofia de
sultados, que obedece a um códi- vida e uma posição definida dian-
go, isto é, cada letra corresponde te de problemas reais, a fim de
a um valor diferente em cada pá- exprimir as suas tendências e
gina, para não haver acertos por acentuar as direções das mesmas.
indução.
o INVENTARIO DE
Usos do teste - O Estudo de INTERJ;SSES VOCAClONAIS
Valôres não surgiu como teste de STRONG
Orientação Profissional, mas como
meio de estudo da personalidade_ Pouco depois da Primeira Guer-
:E interessante e útil, como mais ra Mundial, um grupo de psicolo-
um elemento que permite ao téc- gistas do Carnegie Institute of
nico tirar conclusões dos setores Technology iniciaram uma pesqui-
que dirigem as atividades huma- sa a fim de investigar aptidão para
nas. a carreira de vendedores. Organi-
Nos Estados Unidos tem sido zaram para isso uma bateria de tes-
usado nos casos em que o Kuder tes da qual fazia parte um ques-
e o Strong apresentam resultados tionário a respeito das preferên-
diferentes. :E também um bom cias. :Esse questionário foi estuda-
elemento para discussão de pr().. do e aperfeiçoado por um dos
blemas psicossociais - filosófi- psicologistas do grupo, Edward
cos quando aplicados em estudan- Strong, professor da Universidade
144 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PúBLICA

de Stanford, que publicou-o pela v~rsos setores profissionais. Pro-


primeira vez em 1927 com o nome curou-se incluir na amostra figu-
de Questionário de Interêsses Vo- ras bem sucedidas nas diversas pro-
cacionais Strong. fissões. Evidentemente o critério
Fundamentos teóricos - O tes- de sucesso para as diversas car-
te está baseado nas conclusões in- reiras foi bastante diverso.
feridas por Strong, de que os Fidedignidade - Oscila entre
membros de um determinado gru- 0.73 e 0.88.
po profissional apresentam, na Conteúdo - Compõe-se de 400
maioria dos casos, o mesmo per- itens relacionados com as diferen-
fil de interêsses. Para a investi- ças profissionais, atividades diver-
gação dos interêsses profissionais sas, matérias escolares, atitudes,
de um indivíduo, é necessário, formas de reação, auto-apreciação,
portanto, que se comparem as etc. O examinando deve indicar
suas preferências às dos diversos se "gosta", "desgosta" ou é "in-
grupos ocupacionais, para verifi- diferente". Há também uma es-
car-se o grupo com que mais se cala de feminilidade e masculini-
assemelham. dade. Existem duas formas -
Validação e Padronização - A masculina e feminina.
validade do Strong tem sido inves- Aplicação - Não há tempo
tigada, comparando os interêsses marcado; a média de tempo é 45
demonstrados no teste com a com- minutos.
plementação dos estudos, o sucesso Apuração - Podem ser apura-
profissional, a satisfação pessoal dos os interêsses para cêrca de
na atividade exercida. Tem sido 40 profissões, estendendo-se para
feito, durante 10 anos, o estudo as especializações dentro da mes-
de "follow up" dos casos, com ma profissão.
resultados satisfatórios. Parece ha- Dada a dificuldade e o imenso
ver maior validade para as pro- gasto de tempo, a contagem dos
fissões técnicas. Apresenta também pontos para o escore final deve ser
o Strong uma boa correlação com feita por máquina IBM. Com-
os interêsses expressos nas entre- para-se o resultado final com o
vistas. perfil das diversas profissões, clas-
A padronização foi feita em sificando-o por meio de letras A,
cêrca de 500 representantes dos di- A -, B +, B, B -, etc.
INTRODUÇAO AOS TESTES PSICOL()GICOS 145

Usos - O Questionário Strong a escolha do currículo e cursos


pode ser usado por adultos e por universitários. Assim indivíduos
adolescentes, de nível de escola- que escolhiam o curso de Medici-
ridade superior ao 3" ano secun- na, apresentavam um alto escore
dário. O vocabulário não é aces- em interêsses científicos; pessoas
sivel a alunos mais atrasados ou que escolhiam o curso de comér-
a adultos incultos. Pode ser usado cio, revelaram alto escore nas es-
em seleção, com muitas restrições, calas computacional e persuasiva;
porquanto há o perigo de falsifi- estudantes de Humanidades de-
cação das respostas. monstravam predominância dos se-
tôres artísticos, literário e musi-
o REGISTRO DE PREFERllNCIA cal, etc.
KUDER Grupos profissionais também
foram utilizados para a validação
Denominado no original Kuder do Registro de Preferências Kuder,
Preference Record, é da autoria com resultados satisfatórios, indi-
de Frederic Kuder da Universida- cando serem as várias escalas apro-
de de Ohio, e editado pela Scien- priadas, em têrmos das ocupações
ce Research Associates. Foi publi- e atividades para as quais eram
cado, na sua forma inicial, em utilizadas os seus escores.
1939, depois de 9 anos de estudos Foi utilizado para a padroniza-
e pesquisas. ção, um número substancial de
Fundamentos teóricos - Preten- indivíduos entre os quais estavam
de medir os interêsses puros, en- incluídos alunos de curso secun-
quanto que o Strong procura ava- dário, estudantes universitários, re-
liar a semelhança de interêsses en- presentantes dos vários grupos
tre pessoas da m~sma profissão. profissionais, perfazendo um total
No Kuder Preference, a relação de mais de 20 mil pessoas.
entre os itens e as respectivas res- Pidedignidade - Aproximada-
postas com os diversos setores pro- mente .90.
fissionais foi estabelecida a prioei. Conteúdo - A última fortIlll
Validação e Padronização - do Kuder, publicada em 1953,
Para a validação, procurou-se pes- consta de 168 grupos de itens.
quisar a relação consistente entre Cada grupo inclui três tipos de
o perfil apresentado no ICuder e atividades tais como:
146 CADERNOS DE ADMINISTRAÇAO PúBLICA

S - colecionar autógrafos dústria . A Pessoal é uma versão


T - colecionar moedas recente designada a demonstrar
U - colecionar borboletas preferências e características pes-
soais. Inclui as seguintes áreas:
O examinando deve escolher en-
tre essas três atividades a que lhe
1) - sociável - preferência
agrada mais e a que lhe agrada
por participação ativa em
menos, marcando-as na fôlha de
grupos
resposta.
Os itens se referem as seguintes 2) - prática - preferência
áreas de interêsses: por situações estáveis e
familiares
1) - atividade ao ar livre
3) - teóricas - preferência
2) - mecânica por lidar com idéias
3) computacional
4) científico 4) - domínio - preferência
5) persuasivo por situação de coman-
6) artístico do e direção
7) literário 5) - agradável - preferência
8) - musical por atividades que não
9) social envolvam conflito.
10) - burocrático
Aplicação - Pode ser indivi-
o manual apresenta extensa lista dual ou coletivamente. Não há
de profissões concernentes às várias tempo limite, e a aplicação demo-
áreas de interêsses incluídas no ra de 45 a 60 minutos.
Kuder. Assim, profissões como as Apuração - Contam-se as res-
de contador, estatístico, atuário, postas equivalentes à classificação
estão classificadas na área compu- de interêsses, adotada pelo autor:
tacional; médico pediatra e psiquia- mecânico, persuasão, avaliação,
tra, psicólogo, estão incluídos no científico, literário, musical, artís-
grupo científico-social. tico, social, comércio, atividade$
Além da forma Vocacional, aci- ao ar livre. Transforma-se, em se-
ma referida, existem ainda duas guida, ° escore em percentil, ela-
outras formas do Registro de Pre- borando-se o perfil de interêsses
ferências Kuder: Pessoal, e uma do examinando em forma de grá-
forma abreviada para uso na in- fico.
INTRODUÇAO AOS TESTES PSICOLóGICOS 147

Usos - Pode ser usado por pau orientação educacional, por-


adultos e adolescentes de 14 anos quanto evidencia uma boa correla-
em diante. O nível mínimo de es- ção com o sucesso nos estudos.
colaridade é o correspondente ao Não é recomendável o seu emprê-
3q ano secundário. :;0 em seleção porque a clareza
É recomendado especialmente dos itens facilita a falsificação.

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000052350
1111111111111111111111111111111111111
ANOTAÇOES
ANOTAÇOES
ANOTAÇOES
ANOTAÇõES
ANOTAÇ0ES
ANOTAÇOES

I
ANOTAÇOES
ANOTAÇOES
FUNDAÇAO GETÚLIO VARGAS
Entidade de caráter técnico-educativo, instituída em 20 de dezembro de 1944,
como pessoa jurídica de direito privado, visando os problemas da organização
racional do trabalho, especialmente nos seus aspectos administrativo e social,
e a conformidade de seus métodos às condições do meio brasileiro.

Presidente da Fundação: LUIZ SIMÕES LOPES


Diretor Executivo: ALIM PEDRO
CONSELHO DIRETOR

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Vice-Presidente - EUG~NIO GUDIN

VOGAIS: João Carlos Vital, José Joaquim de Sá Freire Alvim e


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SUPLENTES: Alberto Sá Souza de Brito Pereira e


Rubens D'Almada Horta Porto
CONSELHO CURADOR

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Apolônio Jorge de Faria Salles, Arthur Hehl Neiva, Ary Frederico Tôrres,
Brasílio Machado Neto, Carlos Alberto de Carvalho Pinto, Cezar Reis de
Cantanhede e Almeida, Celso Timponi, Francisco Montojos, Heitor Campelo
Duarte, Alzira Vargas do Amaral Peixoto, Henrique Domingos Ribeiro
Barbosa, Joaquim Bertino de Moraes Carvalho, José Nazareth Teixeira Dias,
Jurandir Lodi, Mário Paulo de Brito, Astério Dardeau Vieira e
Paulo de Tarso Leal.


Sede: Praia de Botafogo, 186
Caixa Postal 4081 - Telefone 46-4010
RIO DE JANEiIRO, GB - BRASIL

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