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As luvas brancas na 

Maçonaria
Publicado em 27/04/21 por Luiz Marcelo Viegas

As luvas brancas têm sido usadas pelos irmãos maçons como marca de distinção
e pureza. Porém, percebe-se que a utilização desse símbolo está caindo em
desuso entre os maçons.

No Ritual do Grau de Aprendiz Maçom da Grande Loja Maçônica de Minas


Gerias em podemos ler:

Obedecendo a uma antiga tradição, ofereço-vos dois pares de luvas.


Uma é para vós; pela sua alvura vos recordará a candura que deve reinar no
coração dos Maçons e, ao mesmo tempo, vos avisará de que nunca devereis
manchar as vossas mãos nas impurezas do vício e do crime;

O outro será para oferecerdes àquela que mais estimardes e que mais direito
tiver ao vosso respeito, a fim de que ela vos recorde constantemente os deveres
que acabais de contrair para a Maçonaria …
Embora acolhendo os significados do texto acima -, atrela-se a realidade da
homenagem “a virtude de uma mulher” que, mãe, esposa, irmã ou filha,
que sempre de corações afetivos, trazem consolações e comodidades nas horas
felizes da família, como nas atribulações e nos desfalecimentos da vida e de seu
esposo. 
A luva branca que o iniciado recebe, revela por sua brancura, que nunca deveis
manchá-las, incólumes as vossas mãos, das águas sujas do vício.

Registros dão conta de que: dos 2 (dois) pares de luvas, um será destinado ao
uso pelo irmão em reuniões (específicas). Sendo o outro par entregue àquela
que mais direito tiver a vossa estima e ao vosso afeto. Segundo Wirth:

“As luvas brancas, recebidas no dia de sua iniciação, evoca ao maçom a


recordação de seus compromissos. A dama que lhes mostrará as luvas se tiver
a ponto de fracassar, lhe aparecerá como sua consciência viva, como a
guardião de sua honra. Que missão mais elevada poderia ele confiar à dama
que mais ele ama?”
A Maçonaria tem as luvas brancas como o símbolo do amor e do carinho para
com a mulher.

Conceitos antigos
Possivelmente, sua origem remonta ao século X. Uma crônica relata que, no ano
960, os monges do Monastério de São Albano, em Mogúncia, ofereciam um par
de luvas ao bispo, em sua investidura. Na oração, que se pronunciava na
cerimônia da investidura, implorava-se a Deus que vestisse, com pureza, as
mãos de seu servente.
Na Idade Média, os dignitários eclesiásticos como o Papa, cardeais e bispos,
usavam luvas para os atos litúrgicos.
A maçonaria chamada operativa, utilizava as luvas para proteger as mãos dos
seus pedreiros nos campos de trabalhos ou construções. Ação que se distende
até os dias de hoje – trazendo consigo um lema “Como representação
simbólica de proteção das mãos contra as impurezas morais”.
Durandus de Mende (1237-1206 a. C) interpretava as luvas como símbolo de
modéstia, já que as boas obras executadas com humildade devem ser mantidas
em segredo. Na investidura dos reis da França, estes recebiam um par de luvas,
tal como os bispos. As mãos ungidas e consagradas do rei, assim como as de um
bispo, não deviam ter contato com coisas impuras. Depois da cerimônia, o
Hospitalário queimava-as, para impedir que pudessem ser utilizadas para usos
profanos.
No ano 1322, em Ely (cidade inglesa, onde se levanta uma grande catedral), o
Sacristão comprou luvas para os maçons ocupados na “nova obra”; em 1456, no
Colégio Eton, destaca-se que cinco pares de luvas foram entregues aos pedreiros
que edificavam os muros, “como é obrigação por costume”.
Também, há um documento que precisa que, no Colégio Canterbury, em
Oxford, o Mordomo anotou, em suas contas, que se deram vinte “pence” como
“glove Money” (dinheiro de luva) a todos os maçons ocupados na reconstrução
do Colégio”. Em 1423, em York (Inglaterra) dez pares de luvas foram
subministrados aos pedreiros “setters”, com um custo total de dezoito “pence”.
Também na Inglaterra, nas épocas isabelina e jacobina (1558-1625), as luvas
tinham um prestígio difícil de compreender na atualidade. Tratava-se de um
artigo de luxo, possuidor de muito simbolismo, e constituíam um presente
apreciado. A luva significava, então, um profundo e recíproco vínculo entre
quem a dava e quem a recebia.
Marco de uso na Maçonaria
As luvas lembram proteção –, no passado serviam para proteger as mãos contra
o frio, o fogo, as impurezas e no trabalho.

Antigamente a nossa Ordem eram compostas por pedreiros “Maçons


Operativos” que eram (Construtores de Catedrais, Castelos e Mausoléus etc.)
que as transformava em belas peças de arquiteturas.

A construção destes eram traçados e planejados pelos maçons Operativos em


reuniões e o resultado dos projetos definidos era mantido em sigilos.

No entanto, com advento da tecnologia, os maçons (antigos) foram


paulatinamente integrados à Maçonaria especulativa passando o talhar da pedra
vencida. Baliza que o Edifício que se constrói (hoje) é simbolicamente o Edifício
(social, moral e ético), através do exemplo de ação, que simboliza o crescimento
da humanidade, edificando conceitos de liberdade, igualdade e fraternidade,
com o aprimoramento do caráter.

Na familiaridade com a mulher


O irmão Jaime Balbino, no seu trabalho diz:

“Que a mulher esposa tem por sua vez os direitos sustentados desde os dias do
chamado PONTIFICADO ROMANO.”

Um provérbio persa diz: “Não firas a mulher nem com a pétala de uma
rosa”.
A maçonaria reforça este aforismo ainda mais: Nunca firas a mulher com
um lampejo de pensamento. Seja ela moça ou idosa, formosa ou feia, má ou
bondosa, delicada ou áspera, sabe ser sempre o segredo do G∴ A∴ D∴ U∴.
Como usar a luva branca?
Não existe uma forma padronizada e recomendada pela Maçonaria. Porém,
popularizou-se o costume de orientar a “Cunhada” a ter sempre consigo o seu
par de luvas, pois em momentos de dificuldades, discretamente deixa a luva em
exibição, não se preocupando com a configuração da apresentação.
Autor: José Amâncio de Lima

Amâncio é Mestre Instalado da ARLS Estrela de Davi II – 242 – GLMMG,


Oriente de Belo Horizonte, membro da Academia Mineira Maçônica de Letras,
delegado da 1ª Inspetoria Litúrgica do REAA de Minas Gerais e, para nossa
alegria, também um colaborador do blog.

Referências
FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de. Dicionário de Maçonaria. 4ª edição.
Editora Pensamento. São Paulo. Páginas 550.

GLMMG (BH). Ritual do Grau de Aprendiz Maçom. Página 136.

HOUAISS, Antônio. Koogan Larousse. Editora Larousse Brasil. Rio de Janeiro.


Páginas 1635.

RAIMUNDO, (trabalho) Luvas Brancas para o Palácio em Power Point.

ZELDIS, León. (trabalho) – Publicado no Correio Filosófico [GOPB], Nº 56


maio 2013.

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