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Publicado em 03/2011
1 INTRODUÇÃO
Nesse momento, tentar-se-á confirmar se a opção pela constituição de uma Holding que
controle o patrimônio da pessoa física implica, verdadeiramente, em vantagens concretas,
posto que os bens da pessoa física, que se torna apenas titular de quotas, passam para a
pessoa jurídica, havendo, assim, vantagens para seus titulares, principalmente no que
concerne a tributação diferenciada, transmissão “causa mortis” (quando da partilha de
bens), transmissões em geral (ITIV, etc.), bem como fácil acesso ao crédito no mercado
em geral e agilidade no processo de inventário.
Vale ressaltar que não se pretende esgotar o assunto, já que se limitará, neste trabalho, a
lidar com a Holding para pessoas físicas, deixando para momento outro a Holding para
pessoa jurídica (controladora, p.ex.).
Atinente aos objetivos do presente trabalho tem-se: a) apresentar uma visão geral do
funcionamento da Holding no Brasil; b) demonstrar as principais regras e princípios
societários existentes no ordenamento jurídico brasileiro; c) levantar bibliografia referente
ao tema; d) analisar a legislação nacional pertinente; e) identificar os aspectos
controvertidos da Holding; f) identificar os reflexos provocados pelos princípios
contemporâneos na regulamentação e jurisprudência sobre o tema; g) analisar textos de
diversas áreas para contextualizar o tema em questão.
Apesar dos cuidados, pedem-se as devidas escusas pelas lacunas e imperfeições que o
escrito seguramente encerra. Serve-se de consolo, todavia, a justificação do mestre Rui
Barbosa, que confessou a peito aberto: “uma verdade há que me não assusta, porque é
universal e de universal consenso: não há escritor sem erros”[2].
Nesse sentido, não se vê mal em asseverar que equívocos causados pelo arrojo
intelectual são, quase sempre, mais úteis do que os acertos vulgares, justamente porque
abrem espaços e propiciam novas e aprofundadas meditações.
O tema é fascinante, e num futuro próximo a Holding Patrimonial será muito mais
conhecida e utilizada por todos aqueles que quiserem planejar seu patrimônio de forma
segura e eficaz. Por fim, acredita-se poder chegar a conclusões valiosas ao final da
presente pesquisa.
Em remate, o presente trabalho visa oferecer ao leitor uma análise que reúna teoria e
prática em dose adequada à compreensão da Holding Patrimonial, através de uma
abordagem inovadora.
2 HOLDING
A expressão "holding" é de origem inglesa, formada a partir do prefixo "hold", que entre
outros, significa "controlar" [3]. Assim, holding é uma sociedade que controla outras
sociedades ou um patrimônio, não sendo uma espécie societária, mas apenas uma
característica da sociedade.
Surgiu no país em 1976, por meio da Lei nº 6.404, conhecida como Lei das S/A. A sua
legitimação encontra-se no parágrafo 3º do artigo 2º da mencionada lei, ao prever que "[...]
a companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades [...]".
A criação de uma Holding, tecnicamente, ocorre pela previsão de uma cláusula no contrato
ou estatuto social da sociedade, com a seguinte redação [4]:
Cláusula – A sociedade tem como objeto social a administração de bens móveis e imóveis próprios,
o controle, a participação e a administração de outras sociedades.
Parágrafo Único – Não faz parte do presente objeto social a atividade de corretagem.
Desse modo, ficam estabelecidos de forma clara os objetivos da sociedade holding. Tratar-
se-á mais à frente, no item 3.1 da presente, do objeto social e suas nuances.
Não se constitui, portanto, numa espécie societária autônoma, como é o caso das
sociedades empresariais e simples. Pelo contrário, precisa se revestir sob a forma de
alguma das espécies disciplinadas no Código Civil Brasileiro (CC/02), para que possa
assumir personalidade jurídica, inclusive devendo observar os requisitos inerentes ao
modelo escolhido, conforme será demonstrado adiante, em momento específico.
Nesse sentido, será necessário que a sociedade holding adote um nome empresarial, nos
moldes do art. 1.155 e ss, do CC/02, sendo de costume a opção pelo “Nome empresarial”,
acompanhado pela expressão “Empreendimentos / Participações / Comercial”, finalizado
pela característica “Ltda. / S.A.”.
No tocante às espécies de Holding, bem explica João Teixeira (2007) [5], que, de forma
geral, as empresas holding são classificadas como:
a) Holding Pura: quando de seu objetivo social conste somente a participação no capital de
outras sociedades, isto é, uma empresa que, tendo como atividade única manter ações de
outras companhias, as controla sem distinção de local, podendo transferir sua sede social
com grande facilidade; e
Complementa o autor que a doutrina aponta, ainda, outras classificações, tais como
holding administrativa, holding de controle, holding de participação, etc. Em resumo, a
Holding pode ser Pura, quando criada com o fim especial de participar como quotista ou
acionista de outras empresas, ou administrar um determinado patrimônio, não explorando
qualquer outra atividade; ou Mista, quando além de participar e controlar outras empresas
do grupo, ainda explorar um ou mais ramos de atividade (Indústria, Comércio ou Serviços).
Por ser o foco do presente trabalho, tratar-se-á especificamente da Holding Patrimonial (ou
Familiar), mesmo porque é a espécie mais difundida e conhecida, em função da sua
grande utilidade na concentração patrimonial, facilitação na sucessão hereditária e na
administração de bens[6].
Como se disse, utiliza-se a expressão Holding Patrimonial para qualificar uma sociedade
que controla o patrimônio de uma ou mais pessoas físicas, ou seja, ao invés das pessoas
físicas possuírem bens em seus próprios nomes, passam a possuí-los através de uma
pessoa jurídica – a controladora patrimonial.
A preocupação com os negócios da família, bem assim a sua continuidade, tem levado
muitas pessoas a constituírem holdings familiares. Essa medida visa, principalmente,
evitar possíveis mudanças de filosofia na gestão dos negócios, advindas dos diferentes
perfis dos herdeiros, impedindo, inclusive, que problemas familiares atinjam os negócios.
2.1 VANTAGENS
Além desses, pode-se asseverar também que há uma redução da carga tributária
incidente sobre os rendimentos da pessoa física (IRPF); a possibilidade de realização de
planejamento sucessório (herança); a preservação do patrimônio pessoal perante credores
de uma pessoa jurídica (empresa) da qual a pessoa física participe como sócio ou
acionista; e maior poder de negociação na obtenção de recursos financeiros e nos
negócios com terceiros[8].
Essas vantagens serão mais bem percebidas quando tratarmos da tributação na Holding,
onde buscaremos trazer alguns comparativos dos tributos incidentes nas operações
efetuadas na Holding e na pessoa física.
Enfim, a opção pela constituição de uma pessoa jurídica que controle o patrimônio da
pessoa física – Holding Patrimonial – implica verdadeiramente em vantagens concretas,
posto que os bens da pessoa física, que passa a ser apenas titular de quotas, passam
para a pessoa jurídica, havendo, assim, vantagens para seus titulares, principalmente no
que concerne a tributação diferenciada, transmissão “causa mortis”, transmissões em geral
(ITIV, etc.), bem como fácil acesso ao crédito no mercado em geral.
Nesses últimos anos, a criação da holding patrimonial tem, a nosso ver, uma posição
primordial e relevante na passagem de uma geração a outra, sem traumas.
Assim, é possível distribuir os bens da pessoa física, que estarão incorporados à pessoa
jurídica, antes mesmo que esta venha a falecer. Evita-se, desta maneira, as ansiedades
por parte da linha sucessória, posto que o quinhão de cada participante fica definido antes
mesmo do falecimento do sócio.
Assim sendo, sabe-se, desde logo, que metade das quotas sociais do sócio que vier a
falecer será rateada entre seus descendentes, ascendentes e o cônjuge sobrevivente. O
restante das quotas poderá ser devidamente distribuída segundo a vontade do sócio
falecido, por meio de testamento[10]. Conforme dispõe o art. 1.857, CC/02:
“Art. 1.857. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus bens, ou de
parte deles, para depois de sua morte.”
[...]”
Fácil concluir que a distribuição dos bens é feita mediante a sucessão das quotas sociais
da empresa.
De acordo com José Almeida (2003, p.23) [11], há quem negue a conveniência do direito das
sucessões. Afirma-se que os bens do falecido deveriam pertencer ao Estado, como forma
de distribuição de renda, e que a sucessão incentiva à preguiça, já que aquele que recebe
uma herança viverá dela, não mais precisando trabalhar, o que contraria os interesses do
Estado. Mas, a nosso ver, a crítica não procede. A uma, porque não se pode retirar da
propriedade o direito sagrado de transmissão dos bens após a morte do seu titular. A
duas, porque a supressão do direito das sucessões também contraria importante interesse
do Estado, qual seja, o da poupança interna [12]. Sabendo que não poderia transmitir seus
bens para além de sua morte, todos passariam certamente seus últimos dias de vida a
gastar tudo o que amealharam e pouparam por toda a vida.
Acrescenta o autor ainda dois argumentos: não se pode entender que o Estado daria
melhor aplicação aos bens do falecido que os herdeiros deste dariam; e o mau uso dos
direitos não pode ser causa de sua supressão[13].
Ela é substituta da pessoa física, agindo como sócia ou acionista de outra empresa,
evitando dessa maneira que a pessoa física fique exposta inutilmente. A holding atende
também a qualquer problema de ordem pessoal ou social, podendo equacionar uma série
de conveniências de seus criadores, tais como: casamentos, separação de bens,
comunhão de bens, autorização do cônjuge em venda de imóveis, procurações,
testamento, amparo a filhos.
30 dias em 05 anos em
2) Tempo para criação ou tempo do Inventário
média. média
Nessa seara, uma opção bastante interessante é a doação das quotas da holding
patrimonial aos herdeiros de cada sócio, com cláusulas restritivas [14]. Para garantir a
proteção do seu patrimônio (para que fique na família e não seja alienado) o sócio, pessoa
física, doa suas quotas da sociedade para seus herdeiros. Ressalte-se que apenas
tratamos, aqui, da parte disponível do patrimônio, pois a legítima [15] deve ser resguardada
em favor de seus herdeiros, conforme visto anteriormente.
Diante desta limitação será necessário realizar um levantamento [16] para verificar se o
patrimônio que se pretende doar fica dentro dos 50% disponível do sócio, devendo ser
observado o disposto no artigo 544 do Código Civil, que considera a doação de
ascendente para descendente como a antecipação do que lhes cabe como herança. Nesta
hipótese, o herdeiro, no processo de inventário, deverá levar à colação o bem ou a
importância respectiva para igualar as legítimas (art. 2002, CC/02), pouco importando se a
doação ao filho excedeu (ou não) a metade disponível, conforme art. 544 do CC/02:
Vale dizer que caso o herdeiro venha a sonegar o objeto doado, ou seja, não colacionar o
bem ou seu valor correspondente, caberá a este herdeiro na sentença a pena de perder o
direito sobre o bem sonegado, isto é, o bem sonegado não será computado para esse
herdeiro, para fins de partilha.
Por outro lado, poderão operar-se doações de ascendentes para descendentes sem que
se dê a ulterior conferência, por intermédio da colação, determinando o doador, em tal
hipótese, que saia de sua metade disponível, calculada conforme o art. 1.722, CC/02,
contanto que não a excedam, porque o excesso será considerado inoficioso, portanto,
nulo.
Registre-se que esta doação constitui contrato inter vivos, produzindo, desde logo, seus
efeitos, gerando para o doador a obrigação de transferir do seu patrimônio bens ou
vantagens para o do donatário.
Cláusula de Reversão dos Bens ao seu Patrimônio [18], em que na hipótese de sobreviver o
donatário, essa cláusula opera como resolutória do negócio, com efeito retroativo,
anulando eventuais alienações feitas pelo outorgado, recebendo-os o doador livre e
desembaraçados de quaisquer ônus. Tal disposição deve constar de cláusula expressa no
contrato.
A Cláusula de Inalienabilidade, como bem explica Carlos Eduardo [19], tem o propósito de
vedar a alienação de determinado bem, sendo normalmente instituída para evitar que o
beneficiário disponha do bem de maneira indiscriminada, dilapidando o patrimônio em face
de prodigalidade, incompetência administrativa, inexperiência entre outros.
O ilustre civilista Sílvio de Salvo Venosa, com a propriedade que lhe é peculiar, observa
que: "os bens inalienáveis são indisponíveis. Não podem ser alienados sob qualquer
forma, nem a título gratuito nem a título oneroso" [20].
Cumpre enfatizar que o art. 1.911, CC/02, dispõe que a cláusula de inalienabilidade,
imposta aos bens por ato de liberalidade, implica sua impenhorabilidade e
incomunicabilidade.
Importa dizer que se os rendimentos ou os frutos dos bens inalienáveis não estiverem
sujeitos à mesma condição, serão transferíveis ou poderão ser objeto de alienação ou
garantia.
XV - o valor dos bens adquiridos por doação ou herança, observado o disposto no art. 119 (Lei nº
7.713, de 1988, art. 6º, inciso XVI, e Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997, art. 23 e parágrafos);
[...]
Da análise do dispositivo, conclui-se que este imposto não incide sobre doação ou
herança. Dessa forma, os procedimentos estarão isentos do Imposto de Renda, exceto se
for atribuído na declaração de rendimentos dos beneficiários, valor superior a existente na
declaração do doador, pois aí estará configurado ganho de capital, que deve ser tributado
pelo imposto de renda.
No que concerne ao Imposto Sobre Transmissão Causa Mortis (ITCMD), deverá ser
observado o disposto na legislação estadual Lei nº 4.826 de 27 de janeiro de 1989,
alterada pela Lei nº 7.358/98, que Instituiu o Imposto sobre Transmissão, estabelecendo
as alíquotas e os fatos geradores deste imposto. Vejamos:
Art. 1º - O Imposto sobre transmissão "CAUSA MORTIS" e doação de quaisquer bens ou direitos
tem como fato gerador a transmissão "CAUSA MORTIS" e a doação, a qualquer título de:
I - propriedade ou domínio útil de bem imóvel por natureza ou acessão física, nos termos da Lei civil;
A incidência de tributos será abordada de forma mais precisa em momento seguinte (item
2.3). Por ora, vale o esclarecimento.
Além dos custos tributários acima indicados devem ser somados os gastos com honorários
advocatícios comumente cobrados sobre o montante do espólio, que costumam variar
entre 10% e 20 %.
2.2 DESVANTAGENS
Após tratar-se das vantagens da Holding, serão abordadas, agora, suas principais
desvantagens. Serão aproveitados, novamente, os preciosos ensinamentos do professor
Oliveira[23], que ao apontar as maiores desvantagens da holding, segrega-os por aspectos:
financeiros, administrativos, legais e societários. Ressalte-se que serão demonstradas as
desvantagens genéricas da Holding, ou seja, de suas várias espécies, não se limitando
apenas à holding patrimonial (familiar).
Quanto aos aspectos societários, assevera o professor que a principal desvantagem que
pode ocorrer é consolidação do tratamento dos aspectos familiares "entre quatro paredes",
criando uma situação irreversível e altamente problemática.
Pelo exposto, pode-se perceber que as vantagens trazidas pela Holding superam em
muito as desvantagens, notadamente quando se trata de uma holding patrimonial
(familiar), na qual não se aplica boa parte das desvantagens acima descritas.
Ultrapassada essa etapa, será abordada no próximo tópico a tributação da holding, com
breve incursão no tema Sistema Tributário Nacional (STN) e Planejamento Patrimonial e
Tributário, inclusive estabelecendo a diferença entre elisão e evasão fiscal, para facilitar a
compreensão do que se quer expor.
2.3 TRIBUTAÇÃO DA HOLDING
Assim, o sistema tributário brasileiro está construído de acordo com o modelo econômico
adotado na CF/88, fundado na propriedade privada, alcançando especial relevo o direito
fundamental à propriedade[25], bem como aqueles que lhe são correlatos: o direito de gerir,
usar, gozar e dispor.
Abordando o tema, bem explica o professor Machado (2004) [26], que o Estado, no exercício
de sua soberania, exige que os indivíduos lhe forneçam os recursos de que necessita,
instituindo tributos. No entanto, a instituição do tributo é sempre feita mediante lei, devendo
ser feita conforme os termos estabelecidos na Constituição Federal brasileira, na qual se
encontram os princípios jurídicos fundamentais da tributação.
E complementa o professor:
Para viver em sociedade, necessitou o homem de uma entidade com força superior, bastante para
fazer as regras de conduta, para construir o Direito. Dessa necessidade nasceu o Estado, cuja
noção se pressupõe conhecida de quantos iniciam o estudo do Direito Tributário (MACHADO, 2004,
p. 31).
Nesse sentido, destaca-se que a tributação, além de ser via própria para que o Estado
exerça seu papel – pois à míngua de recursos não poderia oferecer aos indivíduos o
mínimo existencial a que fazem jus como cidadãos -, deve estar limitada pelo direito que
cada um, empresa ou pessoa física, tem de organizar e desfrutar de seu próprio
patrimônio.
De acordo com Machado (2002), geralmente quando se faz referência à elevada carga
tributária não se leva em consideração a tributação oculta [29]. Os comparativos feitos entre
a carga tributária e o PIB levam em conta somente os tributos instituídos formalmente
como tais. Existe, porém, uma tributação oculta que agrava essa carga suportada pelos
particulares na manutenção do Estado. Tributação que se efetiva na transferência de
recursos financeiros do cidadão para o Estado, por vias oblíquas e geralmente obscuras.
Recorde-se que a empresa, no Brasil, é tributada nas três esferas políticas do Estado:
União, estado-membro e município.
Urge, portanto, uma Reforma Tributária eficiente e rápida, a qual o tributarista Yves
Gandra[30] denomina de “A verdadeira reforma tributária”, que seria aquela que implicasse
redução da carga tributária, pois melhorar a técnica de arrecadação sem reduzir a carga
não é suficiente. E prossegue o raciocínio afirmando que a carga tributária só cairá com a
diminuição da carga burocrática que, infelizmente, tem crescido assustadoramente, sem
contrapartida em serviços públicos correspondentes.
Tal reforma, tão pretendida por todos, parece não acontecerá em breve, restando ao
contribuinte planejar seu patrimônio da forma que melhor desejar. Esse planejamento pode
ser entendido como elisão fiscal, ou seja, licitamente, evitar ou minorar o pagamento de
tributos. E a Holding Patrimonial se insere justamente nesse contexto.
Nesse momento deve-se registrar que perante a maioria dos doutrinadores não subsistem
dúvidas de que no sistema jurídico adotado pelo Brasil, os contribuintes dispõem de
liberdade para pautar as suas condutas e os seus negócios da forma menos onerosa
possível, não existindo regras que lhes imponham a obrigação de, entre duas ou mais
realidades semelhantes, optar por aquela que implica o maior recolhimento de tributos.
Não há norma jurídica expressa, nem comando moral, ao que consta, neste sentido.
O obstáculo mais nítido (e legítimo) para a conduta dos contribuintes, e que, portanto,
apresenta se de forma inquestionável, consiste na lei.
Como o sistema tributário pátrio consagra o princípio da legalidade, por força das
disposições constitucionais (art. 5°, II e 150, I) e das normas que delas decorrem (Código
Tributário Nacional, art. 97, 114 e 116), a obrigação tributária somente emerge com a
concretização de fatos que devem estar descritos na lei. Desta forma, todas e quaisquer
ações ou omissões dos contribuintes que não deflagrarem a ocorrência destes fatos não
têm o condão de acarretar qualquer repercussão tributária.
O planejamento tributário deve ser discutido à luz dos princípios fundamentais do Estado
Democrático de Direito, que “reflete, em nosso sistema jurídico, uma realidade
constitucional densa de significação e plena de potencialidade concretizadora dos direitos
e das liberdades públicas”.[31]
Contudo, problema delicado que sempre se colocou, tanto no plano doutrinário como no
campo jurisprudencial, é a distinção entre a economia fiscal legítima, denominada pela
doutrina de elisão fiscal, e a redução ilegítima da carga tributária, designada de evasão
fiscal.
No plano doutrinário, há muito o assunto vem sendo estudado sob esse enfoque,
tomando-se como paradigma o binômio elisão/evasão fiscal, que busca estabelecer as
diferenças entre as opções lícitas e ilícitas a que teriam acesso os contribuintes, tendo se
como base, essencialmente, os meios eleitos pelo sujeito passivo e o momento em que se
pratica o ato voluntário tendente a evitar, diminuir ou retardar a incidência tributária, em
face da ocorrência do fato gerador.
Nesse sentido, afirma Dória (1977) [33], que “[...] a verdadeira elisão fiscal, pelo contrário,
resulta da manipulação inteligente e lícita de um elenco de opções e alternativas que todo
sistema jurídico contém [...]”.
De outro lado, há algum tempo as autoridades fiscais relutaram em aceitar o planejamento
fiscal como um direito do contribuinte de forma legítima. Porém, reiteradas decisões de
nossos tribunais confirmaram a licitude de tais procedimentos, desde que o planejamento
seja efetuado dentro da legalidade, conforme demonstraremos ao longo do estudo.
Assim, diante de um planejamento que possa ser feito de maneira a preservar um direito
da companhia e de outro que implique a sua perda, por certo a opção lógica será a
primeira. Ninguém é obrigado a dispor sua vida e organizar seus negócios de forma a
pagar mais tributos.
Com visto, a linha divisória entre a elisão e a evasão fiscal é, por vezes, extremamente
tênue, dificultando a distinção entre uma conduta que possa ser considerada contrária ao
ordenamento jurídico e uma prática que leve à redução legítima da carga tributária.
Sem dúvida trata-se de uma questão de política, onde o Estado e a atividade empresarial
se confrontam e se ajudam, mutuamente, mas um no intuito de manter a máquina estatal e
o outro visando a menor carga tributária possível.
A pergunta de partida que se faz é: Qual a melhor forma de apuração de tributos: lucro real
ou presumido?
Num país como o Brasil, com elevada carga tributária e constantes alterações nas
legislações, um erro nessa decisão pode significar prejuízos pesados pelo pagamento
equivocado de impostos.
Cada modalidade tem seus prós e contras, e antes de escolher uma ou outra, é necessário
analisar alguns fatores fundamentais, a fim de diminuir significativamente a chance de
perdas. São eles: porte da empresa, segmento de atuação, complexidade organizacional e
de atendimento às normas fiscais vigentes no setor, capacidade real de preparar um
orçamento confiável e, finalmente, análise da possibilidade de erros na projeção da
receita.
No Brasil há ainda a tributação pelo lucro arbitrado, mas essa “opção”, na verdade, é uma
penalidade imposta pelo Fisco ao contribuinte quando este não possui controles
suficientes para ser tributado de outra forma. Sendo assim, torna-se irrelevante aqui
considerar esta possível escolha.
Como em qualquer tomada de decisões, antes da escolha de uma das duas formas de
tributação – lucro real[34] ou lucro presumido – é necessário contextualizá-las com o perfil
da empresa, em todos os seus aspectos, pois cada qual tem suas vantagens e
desvantagens.
De acordo com Higuchi (2010) [35], o lucro real é o resultado líquido do período de apuração
(trimestral ou anual) ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou
autorizadas em lei, consistindo assim na soma algébrica dos lucros operacionais ou não e
das participações, devendo sempre ser determinado com observância dos preceitos da lei
comercial.
Essa opção, a exemplo das demais, se manifesta automaticamente perante o Fisco com o
pagamento da primeira do imposto devido correspondente ao primeiro período de
apuração de cada ano-calendário e só pode ser modificada no próximo exercício social.
Daí a importância de se escolher bem a opção.
Fica claro, portanto, que o lucro real tributa o resultado econômico, enquanto o presumido
é uma presunção, sobre a qual o Imposto de Renda e a Contribuição Social são
calculados com base na receita. Esta última sendo, desse modo, acaba sendo a mais
escolhida, pois implica em grande vantagem na redução da carga tributária.
Vale ressaltar que a Holding não poderá aderir ao Simples Nacional – regime diferenciado,
mais benéfico – pois existe expressa vedação legal na Lei Complementar nº 128/08, para
sociedade que realize atividade de locação de imóveis próprios, exceto quando se referir a
prestação de serviços tributados pelo ISS. Como o objeto social da Holding possui, em
regra, essa previsão de locação de imóveis próprios, sem intermediação, não poderá optar
pelo Super Simples.
É válido dizer que a Holding, como toda empresa, independente de seu porte, está
obrigada a elaborar a contabilidade, tanto para atender à legislação comercial como
fornecer informações relevantes aos seus acionistas / quotistas na tomada de decisão.
Mesmo porque as empresas que não elaboram contabilidade corretamente estão
praticamente excluídas de diversos mercados e linhas de crédito, além de abrir mão de
uma importante ferramenta de gestão.
Com base no orçamento preparado sob as duas formas de tributação (Real e Presumido)
a sociedade poderá identificar a mais econômica, isto é, a que possibilitará uma menor
carga tributária[36].
Em regra a Holding tem como principais fontes de receitas: a) Aluguéis de bens móveis e
imóveis; b) Juros de empréstimos a outras empresas do grupo (contratos de mútuo); c)
Repasse de financiamentos; d) Comissões; e) Prestação de serviços as demais empresas
do grupo tais como: Serviços administrativos e financeiros, serviços técnicos de
contabilidade e informática, Administração de pessoal, marketing, Vendas e Publicidade.
Relações públicas e outras de acordo com as atividades das empresas do grupo.
As receitas de aluguel auferidas pela holding são tributáveis normalmente pelo imposto de
renda e, se a holding optar pelo pagamento mensal do imposto por estimativa ou pela
apuração trimestral do imposto com base no lucro presumido, serão computados na base
de cálculo:
a) 32% dos aluguéis recebidos, se a locação dos bens fizer parte do objeto social [37];
b.2) no caso de opção pelo pagamento mensal do imposto por estimativa, os rendimentos
de aplicações financeiras de renda fixa, submetidos ao desconto de imposto na fonte, e os
ganhos líquidos de operações financeiras de renda variável, submetidos à tributação
separadamente.
Ademais, a Holding poderá também utilizar a distribuição de Juros sobre o Capital Próprio
(JCP) para reduzir a carga tributária, caso opte pelo lucro real, conforme será visto
adiante, quando tratar-se da remuneração de sócios. Nesse momento, vale escrever sobre
a incidência do ITIV (Imposto sobre Transmissão “Inter Vivos”) na Holding, notadamente
no momento de transferência de bens para integralização de capital social.
Conforme disposto no art. 114, do Código Tributário de Salvador, tem-se que o Imposto
sobre Transmissão Inter Vivos – ITIV, terá como fato gerador “[...] I - a transmissão de
bens imóveis, por natureza ou por acessão física; [...]”.
Apesar dessa previsão, é importante mencionar que o imposto não incidirá sobre a
transmissão de bens e direitos quando realizado para a incorporação ao patrimônio da
pessoa jurídica, em pagamento de capital, conforme disposto no art. 115, inciso I do
Código Tributário de Salvador[38] e art. 156, §2º, I, CF/88.[39]
Ademais, esclarece-se que o disposto acima não será aplicado quando a pessoa jurídica
adquirente tiver como atividade preponderante a compra e venda de bens imóveis e seus
direitos reais, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil. É o que determina o
Código Tributário de Salvador, no art. 115, §1°:
Art. 115. O imposto não incide sobre a transmissão de bens e direitos, quando:
[...]
§ 1° O disposto neste artigo não se aplica quando a pessoa jurídica adquirente tiver como atividade
preponderante a compra e venda de bens imóveis e seus direitos reais, a locação de bens imóveis
ou o arrendamento mercantil.
[...]
I - não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica
em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão,
incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade
preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens
imóveis ou arrendamento mercantil; [...]
Assim sendo, caso a receita da sociedade holding ultrapasse os 50% por cento previstos
na lei, conforme acima descrito, a sociedade deverá recolher o ITIV.
Feita a análise da tributação na Holding, em seus diversos aspectos, passa-se a tratar dos
seus aspectos societários.
3 ASPECTOS SOCIETÁRIOS
Luis Pinto (2002)[41], em seu livro intitulado “Pensar estrategicamente”, estabelece algumas
definições interessantes sobre a globalização[42] e a evolução de pensamento:
Inúmeras conquistas surgem, multiplicando-se resultados que são velozmente disponibilizados para
utilização pela sociedade. Assim, a globalização pode ser caracterizada como um processo radical
de mudanças rapidíssimas e irreversíveis nos planos econômico, financeiro, político, institucional e
cultural. Nesses cenários, a globalização vem acarretando mudanças extraordinárias no processo
de gestão, desde a forma de agir até fusões, cisões e incorporações.
Ainda segundo o autor, o grande desafio do processo estratégico no Brasil é provocar uma
nova mentalidade nas estruturas empresariais e institucionais, fazendo com que as
mesmas respirem e percebam estrategicamente o mundo.
Dessa forma, vive-se numa época em que as empresas são cada vez mais produtivas e
eficazes. Uma época em que há imensas oportunidades e grandes desafios para as
organizações. A mudança é a única certeza, e saber lidar com ela é uma grande virtude
que deve ser desenvolvida. Nesse cenário, o planejamento estratégico se mostra como um
método capaz de garantir a perpetuação das organizações.
A criação de uma holding se situa nesse contexto. É uma ferramenta empresarial até
agora imbatível nos seus aspectos de planejamento, controle e soluções societárias,
conforme apresentamos anteriormente. Nunca como agora a holding foi tão difundida e
utilizada, por empresários e empresas, sendo modalidade de proteção do grupo e do
planejamento bem-executado. E será, sem dúvida, muito mais utilizada no futuro.
Após ter-se abordado conceitos, histórico, previsões legais, espécies, vantagens e
desvantagens, e tributação da Holding, passar-se-á, agora, a comentar sobre seus
principais aspectos societários, tais como objeto social (ou CNAE), escolha da melhor
forma societária, administração da holding e remuneração dos sócios, diretores e
administradores.
A Sociedade Patrimonial deve adotar um objeto social [43], como toda e qualquer sociedade,
e para isso precisa definir a qual CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas)
se vincular. A CNAE é o instrumento de padronização nacional dos códigos de atividade
econômica e dos critérios de enquadramento utilizados pelos diversos órgãos da
Administração Tributária do país, em especial a Receita Federal do Brasil (RFB).
Vale dizer que os CNAE que se encontrarem no grupo de atividades imobiliárias, podem
ensejar fiscalização do CRECI (Conselho Regional de Corretores de Imóveis), órgão de
classe responsável pela fiscalização de atividades de corretagem. Logo, para que o
CRECI não venha a caracterizar a empresa como prestadora de serviços imobiliários, a
sociedade deverá se limitar a administrar imóveis próprios, ou seja, não poderá ser
utilizada para efetuar a compra e venda de imóveis de terceiro, uma vez que essa
operação poderia caracterizar a empresa como imobiliária, o que resultaria em pagamento
de taxas de inscrição, manutenção dos registros, obrigações diversas, dentre outras,
perante o CRECI e outros órgãos.
A sociedade Holding pode ser constituída sob qualquer tipo societário, pois, como já se
explicou, trata-se de uma característica da sociedade, não de um tipo societário específico.
Entretanto, em sua grande maioria a Holding é constituída sob a forma de S/A [45] ou
Limitada[46], e com isso em vista irá se tratar mais detalhadamente desses dois tipos
societários.
a) Sociedade Anônima
No dizer de Ulhoa (2004, p. 177) [47], a sociedade anônima é uma sociedade de capital.
Conforme o artigo 4º da LSA existe duas espécies distintas de companhia: a sociedade
anônima de capital aberto e a sociedade anônima de capital fechado.
A companhia de capital aberto tem seus valores mobiliários negociados nas Bolsas de
Valores, Mercados de Capitais e Mercado de Balcão, sendo registrada na Comissão de
Valores Mobiliários - CVM[48].
Quanto ao capital social, este se divide em ações com ou sem valor nominal, e de acordo
com a natureza dos direitos ou vantagens que conferirem a seus titulares, se classificam
em preferenciais, ordinárias ou de fruição (art. 11 e 15 da LSA).
Vale dizer que nas Companhias com ações sem valor nominal, o Estatuto Social poderá
criar uma ou mais classes de ações preferenciais com valor nominal, devendo o valor
nominal ser o mesmo para todas as ações da Companhia (art. 11 §§1º e 2º da LSA).
Companhia aberta é a sociedade anônima cujo capital pode ser disseminado pelo público,
contudo para que esse capital venha a circular é obrigatório o registro na CVM.
Dessa forma, nenhuma emissão pública de valores mobiliários poderá ocorrer sem prévio
registro da sociedade na CVM, entendendo-se por atos de distribuição a venda, a
promessa de venda, a oferta à venda ou subscrição, a aceitação de pedido de venda ou a
subscrição de valores mobiliários.
Importante ressaltar que a lei não exige que, efetivamente, a companhia negocie seus
valores no mercado de capitais, para caracterizar-se como aberta, mas que esteja
autorizada a fazê-lo.
Ações são títulos que representam parte da divisão do capital de uma sociedade anônima,
que dá ao seu possuidor direito creditício perante esta [51]. São, portanto, valores mobiliários
representativos de unidade do capital social de uma sociedade anônima, que conferem
aos seus titulares um complexo de direitos e deveres.
A ação ordinária é aquela que confere aos seus titulares os direitos que a lei reserva ao
acionista comum. São ações de emissão obrigatória. Não há sociedade anônima sem
ações desta espécie. O estatuto não precisará disciplinar esta espécie de ação, uma vez
que dela decorrem, apenas, os direitos normalmente concedidos ao sócio da sociedade
anônima.
Quanto à ação preferencial, esta confere aos seus titulares um complexo de direitos
diferenciados, como, por exemplo, privilégios ou vantagens como prioridade na distribuição
de dividendos fixos ou mínimos, prioridade no reembolso do capital, com prêmio ou sem
ele e acumulação de vantagens enumeradas.
Outra forma eficaz para captação de investimentos para a companhia aberta são as
debêntures, que se caracterizam como valores mobiliários representativos de dívida de
médio e longo prazo, que asseguram a seus detentores (debenturistas) direito de crédito
contra a companhia emissora.
A captação de recursos no mercado de capitais, via emissão de debêntures, pode ser feita
por Sociedade anônima, de capital fechado ou aberto. Entretanto, somente as companhias
abertas, com registro na CVM, podem efetuar emissões públicas de debêntures.
Assim a sociedade anônima aberta se apresenta como uma boa opção, para a captação
de investimentos.
Entre a companhia fechada e a aberta existem algumas diferenças. Contudo, a que mais
nos interessa, neste tópico, é a não emissão por parte das sociedades anônimas fechadas
de valores mobiliários (ações ou debêntures, por exemplo) para serem negociados na
bolsa de valores ou mercados de balcão.
Desta forma, para as atividades econômicas que, pelo seu porte, exigem uma alta soma
de recursos, e a exploração delas, por isso, depende de um mecanismo jurídico que
viabilize a captação deles junto aos investidores em geral, a opção pela companhia
fechada se torna, em comparação com a aberta, uma escolha menos vantajosa, haja vista
uma maior dificuldade na captação de recursos através de emissão pública.
Como resultado, a companhia aberta possui mais liquidez na captação de recursos que a
companhia fechada, e, portanto, é mais vantajosa no que se refere à captação de
recursos.
b) Sociedade Limitada
Vale dizer que a quota é indivisível em relação à Sociedade Limitada, salvo em caso de
transferência (art. 1.056, CC/02).
Ademais, a Ltda. poderá ser administrada por uma ou mais pessoas designadas no
Contrato Social ou em ato separado (art. 1.060 do NCC).
Importante frisar que o acordo de sócios nas sociedades limitadas funciona exatamente
como o acordo de acionistas da companhia. Logo, é no texto de um bom acordo de sócios
que será previsto, por exemplo, a forma de retirada de um sócio, observando as
exigências da lei.
Assim, com o acordo de sócios, podem ser criadas situações favoráveis aos investidores,
que procuram um ambiente corporativo onde haja liquidez e possibilidade de uma rápida
saída da sociedade pela venda com lucro da participação no capital social.
Além disso, tendo em vista a previsão do art. 1055 do Código Civil os problemas relativos
aos altos quoruns exigidos por essa modalidade de sociedade podem ser superados, de
modo a criar quotas que atribuam aos seus proprietários um maior peso na votação das
matérias.
Nessa linha, temos que a adoção das práticas de governança corporativa, nas sociedades
limitadas, também traz uma maior liquidez às suas quotas.
Assim, vemos que as sociedades limitadas representam uma boa opção para aqueles que
desejam aliar praticidade e liquidez, em contrapartida à dificuldade de captação de
recursos.
Matéria Limitada
AbertaFechada
1. Captação de Recursos 3 2 1
2. Burocracia 1 2 3
4. Transparência (Governança) 3 2 2
Matéria LimitadaS/A
1. Constituição X
3. Capital Social X
4. Administração X
5. Poder de Controle X
6. Transferência de
X
Participação
7. Captação de Recursos X
Da análise dos quadros pode-se extrair que a sociedade limitada se caracteriza como a
modalidade societária mais vantajosa, no que concerne a estrutura, notoriamente mais
simples em nível gerencial. Todavia, os meios a serem utilizados para a captação de
recursos são reduzidos, e, devido ao quorum elevado para as deliberações sociais, é uma
escolha arriscada para as sociedades que não possuem um quadro societário com
interesses convergentes e relações invioláveis.
Sendo assim, podemos afirmar que de maneira geral, a limitada é a opção societária mais
adequada para as sociedades com alta concentração de quotas nas mãos do controlador,
e que dispõe de capital próprio suficiente para a consecução dos seus objetivos sociais,
não dependendo de empréstimos de terceiros.
Em síntese, não existe um tipo societário “bom ou ruim”, existindo apenas aquele que seja
“mais ou menos adequado” ao caso concreto. A escolha entre um ou outro tipo societário é
decisão que deve ser pautada nos interesses dos sócios e da sociedade, analisados tanto
numa perspectiva presente como também futura.
Na S/A, diferente do que ocorre na Ltda., a administração é exercida pela Diretoria e pelo
conselho de administração (quando houver).
A diretoria é órgão eleito pelo conselho de administração, composto por, no mínimo, dois
membros, dentre sócios e não sócios. Nas sociedades anônimas fechadas, quando não
houver conselho de administração, a diretoria será eleita pela assembléia geral. Aos
diretores cabe a representação da sociedade, bem como todos os demais atos
necessários ao seu regular funcionamento[54].
Pró-labore é uma expressão latina que significa "pelo trabalho", ou seja, consiste numa
remuneração do trabalho realizado por sócio, gerente ou profissional. O direito à retirada
do pró-labore é fixado no próprio contrato social, sendo definido nele quais os sócios terão
direito a esta retirada.
Em regra, sobre os valores pagos a título de pró-labore dos sócios deverão ser recolhidos
aos cofres públicos a contribuição para o INSS calculada à alíquota total de 31%, da
seguinte forma: 20% devido pela empresa, e 11% que será retido pela empresa, mas
como é devido pelo sócio, esse valor será descontado quando do pagamento do pró-
labore. Assim, temos que sobre o valor do pró-labore incidirá INSS e IRRF (se o valor
ultrapassar o limite para retenção de IRRF).
O valor do pró-labore é estabelecido, normalmente, tomando por base o valor pago pelo
mercado para profissionais que exerçam a mesma função que o sócio desempenha na
empresa e a capacidade financeira da empresa. Se o valor do pró-labore não estiver
estipulado no contrato social da empresa, poderá ser definido pelos próprios sócios por
deliberação em reunião/assembléia.
Além do que lucros e dividendos de sócios são rendimentos isentos e não tributáveis, não
havendo o que falar de recolhimento de Imposto de Renda. Em contrapartida, com relação
ao pró-labore, se o valor ultrapassar o limite para retenção de IRRF, também deverá pagar
tal imposto, ou seja, haverá retenção na fonte do imposto de renda.
Vale dizer que uma empresa que esteja com seus impostos atrasados (FGTS, INSS e
SIMPLES) poderá efetuar o pagamento do pró-labore, no entanto, fica impedida de
distribuir lucros. Tal conclusão encontra fundamento legal no art. 889 do RIR/99.
Nesse ponto vale trazer a distinção entre pró-labore e distribuição de lucros, sendo
basicamente, "Pró-labore", a retribuição recebida pelo trabalho realizado; e "Distribuição
de Lucros", a retribuição pelo capital investido.
Ressalte-se também que os pagamentos efetuados aos sócios, tanto a título de pró-labore
como a título de distribuição de lucros devem ter coerência com as suas contrapartidas, ou
seja, o trabalho, a dedicação e o gerenciamento da empresa pelo sócio deve requerer um
pró-labore compatível com o labor despendido, da mesma forma que o lucro distribuído
deve ser compatível com a participação do mesmo no capital social da empresa.
Atinente ao Juro sobre o Capital Próprio (JCP)[56], pode-se dizer que constitui-se numa
remuneração do capital próprio investido na empresa por seus titulares, sócios ou
acionistas, calculado sobre as contas integrantes do patrimônio líquido, permite a dedução
destes juros - calculados à razão da TJLP – como despesa financeira [57].
Para fatos geradores ocorridos a partir de 01/01/96, a pessoa jurídica poderá deduzir, para
efeito de apuração do lucro real, observado o regime de competência, os juros pagos ou
creditados individualmente a titular, sócios ou acionistas, a título de remuneração do
capital próprio, calculados sobre as contas do patrimônio líquido e limitadas à variação pró-
rata dia da Taxa de Juros de Longo Prazo – TJLP[58].
O valor dos juros pagos ou creditados, para fins de dedutibilidade como despesa
financeira, não poderá exceder a cinqüenta por cento do maior entre os seguintes valores:
a) Do lucro líquido correspondente ao período de apuração (trimestral ou anual) do
pagamento ou crédito dos juros, após a dedução da CSLL e antes da provisão para o
imposto de renda e da dedução dos referidos juros; ou
O valor dos juros pagos ou creditados, a título de remuneração do capital próprio, ficará
sujeito à incidência de imposto de renda retido na fonte à alíquota de 15% na data do
pagamento ou crédito. O recolhimento deste imposto deverá ser efetuado até o terceiro dia
útil da semana subseqüente ao do pagamento ou crédito dos respectivos juros.
Há muito o Direito pátrio reconheceu às pessoas jurídicas personalidade jurídica [60] como
uma forma de incentivar o seu desenvolvimento. Possibilitou, assim, que pessoas físicas
que comungassem de interesses comuns pudessem criar um ente que superasse a
individualidade de cada um e atuasse no mercado com autonomia. Isto representou
importante incremento na atividade econômica e possibilitou aos membros das sociedades
auferirem rendimentos que sozinhos não alcançariam.
Acerca da personalização da sociedade, bem ensina o professor Ulhoa (2004, p.112) [61]
que:
A pessoa jurídica não se confunde com as pessoas que a compõem. Este princípio, de suma
importância para o regime dos entes morais, também se aplica à sociedade empresária. Tem ela
personalidade jurídica distinta da de seus sócios; são pessoas inconfundíveis, independentes entre
si.
[...] em conseqüência, ainda, de sua personalização, a sociedade terá seu patrimônio próprio, seu,
inconfundível e incomunicável com o patrimônio individual de cada um de seus sócios. Sujeito de
direito personalizado autônomo, a pessoa jurídica responderá com o seu patrimônio pelas
obrigações que assumir. Os sócios, em regra, não poderão não responderão pelas obrigações da
sociedade. Somente em hipóteses excepcionais, que serão examinadas a seu tempo, poderá ser
responsabilizado o sócio pelas obrigações da sociedade. (ULHOA, 2004, p.114)
Nesse raciocínio, a responsabilidade dos sócios pelas obrigações da sociedade
empresária é sempre subsidiária. Á vista do disposto no art. 1.024, CC/02 e art. 596 do
CPC, que asseguram aos sócios o direito de exigirem o prévio exaurimento do patrimônio
social. Segundo Ulhoa (2004, p.116):
Entretanto, o engenho humano não demorou a desvirtuar o instituto das "pessoas morais",
aproveitando-se de sua personalidade para cometer fraudes e lesar o direito de outros [62].
É notório que as pessoas jurídicas, como sujeitos de direitos que são, exercem importante
papel para o desenvolvimento sócio-econômico do país. São elas as responsáveis pela
maior quantidade de contratações de trabalhadores. Elas que produzem a maior parte da
riqueza do país, pois são, em sua maioria, titulares de empresas que fazem circular bens e
prestam serviços. Enfim, são as grandes responsáveis, por desenvolverem a "livre
iniciativa" preconizada como um dos fundamentos da República enumerados no art. 1º da
Constituição Federal ao lado dos "valores sociais do trabalho".
Se o patrimônio social não foi suficiente para integral pagamento dos credores da sociedade, o
saldo do passivo poderá ser reclamado dos sócios, em algumas sociedades, de forma ilimitada, ou
seja, os credores poderão sacias seus créditos até a total satisfação, enquanto suportarem os
patrimônios particulares dos sócios. Em outras sociedades, os credores somente poderão alcançar
dos patrimônios particulares um determinado limite, além do qual o respectivo saldo será perda que
deverão suportar. Em um terceiro grupo de sociedades, alguns dos sócios têm responsabilidade
ilimitada e outros não.
4 ASPECTOS PRÁTICOS
Para uma empresa exercer suas atividades no Brasil é preciso, dentre outras providências,
ter registro na prefeitura ou na administração regional da cidade onde vai funcionar, no
estado, na Receita Federal e na Previdência Social. Os passos para constituir uma
sociedade Patrimonial serão adiante enumerados, sendo, basicamente, os mesmos
necessários para se constituir uma Pessoa Jurídica em geral.
Um Passo a Passo foi montado no intuito de facilitar e agilizar as ações dos interessados
em constituir uma Holding Patrimonial. É descrito no item 4.3 em seguida.
Para fazer o registro na Junta Comercial, é preciso apresentar uma série de documentos e
formulários, tais como o Contrato Social da Patrimonial e documentos pessoais de cada
sócio. A documentação exigida pode variar de um estado para outro. Os preços e prazos
para registro da sociedade também variam de estado para estado.
Vejam-se, a seguir, os procedimentos que devem ser adotados para registro de uma
Holding Patrimonial.
A Holding pode ser constituída de duas formas: criação de uma sociedade com a
finalidade de holding; e “transformação” de uma sociedade já existente em holding, através
de alteração do seu objeto social.
Se feita por sócia ou acionista pessoa física, poderão ser utilizados quaisquer bens
(móveis ou imóveis) para sua consecução, desde que suscetíveis de avaliação em
dinheiro[64]. Assim, no caso de imóvel [65], ou de direitos a ele relativos, o contrato social por
instrumento público ou particular deverá conter sua descrição, identificação, área, dados
relativos à sua titulação, bem como o número de sua matrícula no Registro Imobiliário. As
integralizações ocorrem, em sua maioria, sob a forma de bens imóveis [66].
A preservação da integridade do capital social é uma exigência que deve ser cumprida nos
dois tipos societários (Ltda. e S/A). Demonstrando que a manutenção econômica do
capital não deve ser prejudicada por quaisquer atitudes dos sócios e/ou administradores,
em especial, pela distribuição indevida de lucros.
Nas companhias, as ações podem ser ordinárias (com direito a voto), preferenciais (sem
direito a voto ou com voto restrito), conforme a natureza dos direitos e vantagens que
confiram aos seus acionistas.
a) Se a entrega for feita pelo valor constante da Declaração de Bens, a pessoa física
deverá lançar nesta declaração as ações ou quotas subscritas pelo mesmo valor dos bens
ou direitos transferidos, não se lhes aplicando as regras de distribuição disfarçada de
lucros;
Vale salientar que não incide imposto sobre a transmissão dos bens ou direitos quando
incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital[67], ou quando
decorrente de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, conforme visto
anteriormente, na parte que se tratou da tributação da Holding.
Não é exigível a apresentação de laudo de avaliação para comprovação dos valores dos
bens declarados na integralização de capital de sociedade limitada. Cumpre dizer,
também, que se deve sempre indicar a forma e o prazo da integralização do capital social,
bem como não haver possível indicação de valor de quota social inferior a um centavo,
tudo o acima disciplinado na IN 98/2003.
No caso de a Sociedade desejar alterar sua atividade econômica para um objeto social de
Holding, deverá efetuar a alteração do seu contrato social e proceder ao registro nos
órgãos competentes, nos moldes apontados no item 4.2 seguinte.
Na Junta Comercial do Estado de Bahia – JUCEB, por exemplo, os atos de registro são
feitos diretamente na internet, por meio do "Cadastro Web", disponível no endereço
eletrônico www.juceb.ba.gov.br. O sistema gera os formulários necessários para a
inscrição do empresário ou da sociedade. Os custos dos atos variam conforme o Estado.
Entretanto, não costumam ultrapassar os R$ 500,00.
Para Holding Patrimonial criada sob a forma de sociedade empresária (Junta comercial):
4. Levar no Cartório de Registro Civil de Pessoa Jurídica uma cópia simples para emissão
de parecer positivo. Após, juntar os documentos solicitados no parecer, enviar o conjunto
para o Cartório de Registro Civil de PJ, juntamente com o requerimento solicitando
registro;
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em conclusão, pode-se afirmar que a holding tem se mostrado como uma ferramenta
empresarial magnífica nos seus aspectos de planejamento, controle e soluções
societárias.
Dentre algumas das vantagens vistas ao longo do trabalho tem-se: 1) evita ansiedades por
parte da linha sucessória: o quinhão de cada participante já fica definido sem as
mesquinharias de pesos e medidas; 2) evita o risco de descontinuidade: os negócios não
sentirão a falta de seu principal gestor e desestimula qualquer intenção de “racha”; 3) dá
fôlego para a geração sucessória fazer seus projetos dentro da organização; 4) redução da
carga tributária incidente sobre os rendimentos da pessoa física (IRPF) se feita com a
intermediação da pessoa jurídica, tributada com base no lucro presumido. Assim, ante a
notória redução da carga tributária da pessoa física, a diferença obtida pode retornar a
pessoa física, sem qualquer tipo de tributação, como retorno de capital sob a forma de
lucros e dividendos; 5) realização de planejamento sucessório (herança), a preservação do
patrimônio pessoal perante credores de uma pessoa jurídica (empresa) da qual a pessoa
física participe como sócio ou acionista; e 6) a facilidade na outorga de garantias (avais,
fiança) e na emissão de títulos de crédito (notas promissórias) através da pessoa jurídica
em função de sua maior credibilidade junto ao mercado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Coord. Álvaro Villaça Azevedo. v. 18. São Paulo: Atlas, 2003.
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2003.
WALD, Arnoldo. Direito das Obrigações: Teoria Geral das Obrigações e Contratos
Civis e Comerciais. São Paulo: Malheiros, 2001.
Notas
[1]
Consultor Tributário e Empresarial da Ernst&Young Terco. Advogado.
[2]
BARBOSA, Rui. Senado Federal. DF – RJ. Obras Completas. v. 29, t. 2, 1902, p. 49.
[3]
ANGHER, Anne Joyce. Dicionário Jurídico. 6 ed. São Paulo: Rideel, 2002.
[4]
Vale dizer que não necessariamente esta deve ser a redação da cláusula, pois a
legislação não define um modelo a ser seguido. Trata-se apenas de sugestão. O que
importa é a idéia.
[5]
TEIXEIRA, João Alberto Borges. Holding Familiar: Tipo Societário e seu Regime
Tributário. Fiscosoft, mai. 2007. Disponível em:
<http://www.fiscosoft.com.br/base/161862/holding_familiar_tipo_societario_e_seu_regime_
tributario_-_joao_alberto_borges_teixeira.html>. Acesso em: 10 fev. 2010.
[6]
Para maiores detalhes sobre as demais espécies de holding, ver bibliografia.
[7]
OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças. Holding, administração corporativa e
unidade estratégica de negócio: uma abordagem prática. São Paulo: Atlas, 1995.
[8]
Facilidade na outorga de garantias (avais, fiança) e na emissão de títulos de crédito
(notas promissórias) através da pessoa jurídica em função de sua maior credibilidade junto
ao mercado.
[9]
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito das sucessões. v. 6. São Paulo: Atlas,
2003.
[10]
No dizer de Zeno Veloso, não se pode negar que o testamento é um negócio jurídico
principalmente patrimonial; tipicamente, no sentido tradicional e específico, é um ato de
última vontade em que o testador faz disposições de bens, dá um destino ao seu
patrimônio, nomeia herdeiros, institui legatários. Texto “TESTAMENTOS. NOÇÕES
GERAIS; FORMAS ORDINÁRIAS; CODICILO; FORMAS ESPECIAIS”. Disponível em:
<www.flaviotartuce.adv.br/secoes/artigosc/zeno_testamento.doc>. Acesso em: 10 abr.
2010.
[11]
ALMEIDA, José Luiz Gavião de. Código Civil comentado: direito das sucessões.
[12]
Ibid. p.23.
[13]
Ibid. p. 23.
[14]
Vale dizer que o artigo 1.848, CC/02, é expresso em proibir o testador de estabelecer
cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade e de incomunicabilidade sobre os bens da
legítima, salvo se houver justa causa, declarada no testamento.
[15]
Legítima é a parte de 50% (cinqüenta por cento) do patrimônio do doador, cabível aos
herdeiros necessários, que pelo Código Civil vigente, perfazem os descendentes, os
ascendentes e os cônjuges.
[16]
Nesse sentido, José da Silva Pacheco nos ensina que o parágrafo único do artigo
2.002, do novo código; estabelece que "para o cálculo da legítima, o valor dos bens
conferidos será computado na parte indisponível, sem aumentar a parte disponível".
Coerentemente, o artigo 1.847, in fine, manda adicionar, "em seguida, o valor dos bens
sujeitos a colação". Assim, à metade dos bens do testador, adiciona-se a importância dos
bens sujeitos a colação. Em resumo, o valor apurado, após a dedução das dívidas e das
despesas de funeral, dividido por dois, dá, conseqüentemente, duas metades, uma das
quais corresponde à parte disponível, como acima dissemos, e à outra será adicionado o
valor dos bens sujeitos à colação (artigos 2.002 e seg.), obtendo-se, como resultado, o
valor da legítima. Texto “Da legítima dos herdeiros necessários e das cláusulas restritivas
sobre ela. Doutrina e Pesquisa”. Disponível em: < www.gontijo-
familia.adv.br/...da.../Legitimidade_herdeiros.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2010.
[17]
Art. 1.390, CC/02, e sgs.
[18]
Art. 547 e 1.359 do CC/02.
[19]
SILVA, Carlos Eduardo Jar e. Da possibilidade (ou não) da extinção da cláusula de
inalienabilidade de bem imóvel constituída através de doação ou testamento. Jus
Navigandi, Teresina, ano 13, n. 1975, 27 nov. 2008. Disponível em:
<http://jus.com.br/revista/texto/12011>. Acesso em: 13 abr. 2010.
[20]
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Direito das Sucessões. São Paulo: Atlas,
2003, p. 208.
[21]
Salienta-se que o Código Civil Brasileiro elevou o consorte à condição de herdeiro
necessário, passando este a concorrer com os descendentes, conforme estipula o inciso I,
do artigo 1.829 e o artigo 1.845 CC. Portanto, herdará quando o falecido tiver deixado
bens adquiridos anteriormente ao casamento, chamados bens particulares, isto é, bens de
família e os advindos de herança, doação ou legado. Resta claro dessa forma que, em
tendo as partes contraído núpcias pelo regime da Comunhão Parcial de Bens, tendo
adquirido bens anteriormente à união, e, tendo recebido bens de herança, doação ou
legado, no falecimento de um deles, o sobrevivente será tido como herdeiro, dos bens do
cônjuge falecido. Frisa-se, também que o sobrevivente figurará ainda como meeiro quando
os bens forem adquiridos anteriormente ou na constância da união.
[22]
RAMOS, Elisa Maria Rudge. O único imóvel residencial do fiador pode ser
penhorado para satisfazer a obrigação do locatário?. Informativo 374, nov. 2008.
Disponível em: <http://www.lfg.com.br/public_html/article.php?
story=20081107143449781&mode=print>. Acesso em: 13 abr. 2010.
[23]
OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças. Holding, administração corporativa e
unidade estratégica de negócio: uma abordagem prática. São Paulo: Atlas, 1995.
[24]
“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem
como fundamentos: [...]”
[25]
CF/88, art. 5º, XXII.
[26]
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. São Paulo, Malheiros, 2004.
[27]
De acordo com matéria veiculada na Folha de São Paulo, em 22 abr. 2010, a
arrecadação de impostos e contribuições federais bateu recorde. Em março, os brasileiros
recolheram R$ 59,42 bilhões em tributos, o que representa o melhor resultado para o mês
- com alta de 6,1% acima da Inflação em relação a igual período de 2009. No ano, a
Receita Federal já contabiliza a soma histórica de R$ 185,98 bilhões.
[28]
MACHADO, Hugo de Brito. Inflação normativa. 2003. Disponível em:
<http://www.hugomachado.adv.br>. Acesso em: 18 out. 2009.
[29]
MACHADO, Hugo de Brito. Tributação oculta. 2002. Disponível em:
<http://www.hugomachado.adv.br>. Acesso em: 11 dez. 2009.
[30]
Professor Emérito das Universidades Mackenzie. Texto disponível
em:<http://www.fiscosoft.com.br/a/466y/a-reforma-tributaria-ives-gandra-da-silva-martins>.
Acesso em: 14 jan. 2010.
[31]
STF – Pleno - MS 24.849/DF – Rel. Min. Celso de Mello – J: 22/06/2005.
[32]
SHANGAKI, Mário. Gestão de Impostos: para pessoas físicas e jurídicas. São
Paulo: Saint Paulo Institute of Finance, 2003. p. 316.
[33]
DÓRIA, Antônio Roberto Sampaio. Elisão e evasão fiscal. 2 ed. São Paulo: Bushatsky,
1977.
[34]
Estão obrigadas à tributação com base no lucro real, conforme artigo 14 da Lei nº
9.718/98, as sociedades:
[35]
HIGUCHI, Hiromi; HIGUCHI, Fábio. Imposto de Renda das empresas: interpretação
e prática. Atualizado até 10-01-2010. 35ª ed. São Paulo: IR Publicações, 2010.
[36]
Contudo, podem surgir situações em que apenas esta análise não baste, em virtude de
casos específicos como:
1) A receita da empresa ser extremamente incerta, o que torna a tributação pelo lucro real
a mais prudente, pois, na pior das hipóteses, os impostos serão pagos sobre o lucro
econômico, deixando assim de incidir sobre um lucro presumido, mas que na prática não
tenha se consumado.
3) A empresa estar em fase de organização, o que também justifica a escolha pelo lucro
presumido, haja vista que as obrigações fiscais são menores nesse enquadramento.
[37]
Se a locação de bens não fizer parte do objeto social da holding, as receitas de aluguéis
integram, por inteiro, a base de cálculo do imposto mensal determinada por estimativa,
bem como a base de cálculo do imposto trimestral determinado com base no lucro
presumido ou arbitrado.
[38]
Com base no que estabelece o art. 115, I, da Lei nº 7.186/06, o imposto não incide
sobre a transmissão de bens e direitos quando realizada para incorporação ao patrimônio
de pessoa jurídica, em pagamento de capital nela subscrito.
[39]
Com base no que preceitua o art. 156, §2º, I, da CF/88, não ocorre incidência de
imposto (ITIV) sobre a transmissão de bens incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica
em realização de capital.
[40]
Para maior aprofundamento sugerimos o texto: O QUE é gestão estratégica de
negócios? Disponível em:
<http://www.sefaz.ms.gov.br/segundoforum/artigos/Estrategia/O_QUE_E_GESTAO_ESTR
ATEGICA_DE_NEGOCIOS.htm>. Acesso em: 15 abr. 2009.
[41]
PINTO, Luiz Fernando da Silva. Pensar estrategicamente. Conjuntura econômica.
Rio de Janeiro, v. 56, n. 2, fev. 2002.
[42]
Sobre o tema recomendamos o texto “Direito e Economia num Mundo Globalizado:
Cooperação ou Confronto?”, do professor da UFRJ Armando Castelar Pinheiro, disponível
em: <http://www.econ.puc-
rio.br/gfranco/direito_e_economia_num_mundo_globalizado.pdf.>
[43]
A cláusula do Objeto Social que deverá constar no contrato da Holding Patrimonial é
mais ou menos a seguinte:
Parágrafo Único – Não faz parte do presente objeto social a atividade de corretagem.”
[44]
A Prefeitura Municipal de Salvador não admite que uma sociedade com este CNAE
exerça suas atividades em um escritório virtual.
[45]
Lei nº 6.404/76 - LSA.
[46]
Lei nº 10.406/02 – CC/02.
[47]
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. São Paulo: Saraiva, 2004.
[48]
Ibid. p.181.
[49]
Ibid. p.181.
[50]
Maiores informações no sitio: < http://www.cvm.gov.br/>.
[51]
ANGHER, Anne Joyce. Dicionário Jurídico. 6 ed. São Paulo: Rideel, 2002.
[52]
SILVA, José Orlando Gonçalves da. Acordo de acionistas e poder de controle na
sociedade anônima brasileira. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de
Economia, julho 2005. Disponível em: <
www.cvm.gov.br/port/.../Jose_Orlando_Goncalves_da_Silva.pdf>. Acesso em: 14 abr.
2010.
[53]
Os membros do Conselho de Administração deverão ser acionistas da Companhia e os
diretores deverão ser residentes no País, podendo ser acionistas ou não. (art. 146 da LSA)
[54]
Os conselheiros e diretores serão investidos nos seus cargos mediante assinatura do
termo de posse no livro de Atas do Conselho de Administração ou da Diretoria, conforme o
caso, devendo o termo ser assinado dentro de 30 dias contados da nomeação dos
administradores. (art. 149 da LSA).
[55]
Vale dizer que o INSS impõe certa restrição em relação a distribuição de lucros. É
importante realçar que para a empresa em débito com a seguridade social não é permitida
que a mesma distribua lucros aos seus sócios e, caso isso ocorra, o valor da multa será de
50% do total do lucro distribuído.
[56]
Sobre o tema recomendamos leitura do texto “Juros Sobre o Capital Próprio”, de Gilda
dos Santos Guimarães, disponível em: <http://www.audidata.com.br/noticias/notic2.htm>; e
FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS CONTÁBEIS, ATUARIAIS E FINANCEIRAS -
FIPECAFI. Manual de contabilidade das sociedades por ações. São Paulo: Editora Atlas,
2003.
[57]
Os juros sobre o capital próprio estão sujeitos à incidência do imposto de renda na
fonte, à alíquota de 15%, na data do pagamento ou crédito. Observar limitações e
condicionantes previstas na Lei nº 9.249/95 – artigo 9º e artigo 347 do RIR-Regulamento
do Imposto de Renda.
[58]
HIGUCHI, Hiromi; HIGUCHI, Fábio. Imposto de Renda das empresas: interpretação
e prática. Atualizado até 10-01-2010. 35ª ed. São Paulo: IR Publicações, 2010.
[59]
FILHO, José Carlos Bastos Silva. A desconsideração da personalidade jurídica na
execução trabalhista frente à jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho. Jus
Navigandi, Teresina, ano 13, n. 2114, 15 abr. 2009. Disponível em:
<http://jus.com.br/revista/texto/12634>. Acesso em: 26 abr. 2010.
[60]
Acerca do conceito de Personalidade Jurídica, ensina-nos o professor baiano Pablo
Stolze que, para a Teoria Geral do Direito Civil, constitui-se na aptidão genérica para se
titularizar direitos e contrair obrigações, ou, em outras palavras, é o atributo necessário
para ser sujeito de direito.
[61]
COELHO, Fábio Ulhoa. Op. Cit. p.112.
[62]
FILHO, José Carlos Bastos Silva. Op. Cit.
[63]
O Código de Defesa do Consumidor foi o primeiro a positivar a desconsideração da
personalidade jurídica em seu art. 28, pelo qual:
§1º. (Vetado).
(...)
§ 5º. Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua
personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados
aos consumidores".
[64]
A legislação brasileira é clara no sentido de que tanto as sociedades limitadas como as
anônimas, devem ter seu capital social expresso em moeda nacional.
[65]
Estes bens devem ser transferidos para o acervo da empresa patrimonial, através da
integralização de capital. Ressalte-se que o imposto de transferência – ITIV somente
incidirá sobre esta operação, caso a receita da sociedade seja predominantemente de
locação dos imóveis, conforme visto anteriormente.
[66]
Ressalte-se que, no caso de sócio casado, deverá haver a anuência do cônjuge, salvo
se regime de separação absoluta. Por seu turno, a integralização de capital com bens
imóveis de menor depende de autorização judicial.
[67]
Com base no que preceitua a Constituição Federal Brasileira de 1988, em seu art. 156,
2º, I, não ocorre incidência de imposto (ITBI) sobre a transmissão de bens incorporados ao
patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital.
[68]
O Roteiro contempla as situações comuns de abertura de empresas. Casos que
requeiram procedimentos especiais, como as entidades sujeitas à fiscalização do Banco
Central, CVM, CRECI, CREA, SUSEP, devem ser pesquisados na legislação.
[69]
Não há taxa a recolher no âmbito da Receita Federal.
[70]
Nos demais Estados deverão ser verificados os procedimentos específicos aplicáveis,
inclusive se há a celebração de convênio com a RFB.
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