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A holding como modalidade de

planejamento patrimonial da pessoa física


no Brasil
http://jus.com.br/revista/texto/18605

Publicado em 03/2011

Fred John Santana Prado

A sociedade denominada Holding Patrimonial tem por finalidade a redução de carga


tributária da pessoa física, o planejamento sucessório e o retorno de capital sob a forma de
lucros e dividendos, sem tributação.

1 INTRODUÇÃO

Neste trabalho de pesquisa trata-se da sociedade denominada Holding Patrimonial, em


seus diversos aspectos, notadamente como forma de redução de carga tributária da
pessoa física, planejamento sucessório e retorno de capital sob a forma de lucros e
dividendos, sem tributação.

O trabalho traz como problemática o questionamento: “Será a Holding Patrimonial uma


alternativa eficaz de planejamento do patrimônio da pessoa física? E quais as suas
vantagens e desvantagens?”

Para responder eficazmente a este e outros questionamentos, pretende-se, inicialmente,


delinear o conceito, previsões legais e espécies de holdings, analisando em seguida suas
vantagens e desvantagens.

Nesse momento, tentar-se-á confirmar se a opção pela constituição de uma Holding que
controle o patrimônio da pessoa física implica, verdadeiramente, em vantagens concretas,
posto que os bens da pessoa física, que se torna apenas titular de quotas, passam para a
pessoa jurídica, havendo, assim, vantagens para seus titulares, principalmente no que
concerne a tributação diferenciada, transmissão “causa mortis” (quando da partilha de
bens), transmissões em geral (ITIV, etc.), bem como fácil acesso ao crédito no mercado
em geral e agilidade no processo de inventário.

A fim de possibilitar uma melhor compreensão do tema, serão apresentadas também


noções de Sistema Tributário Nacional e Planejamento Tributário. Em seguida, tratar-se-á
dos tipos societários, tributação, integralização de capital em bens e direitos, recebimento
de lucros e dividendos e outros aspectos societários.
Por fim, serão demonstrados os passos e procedimentos para se constituir uma Holding
Patrimonial.

Vale ressaltar que não se pretende esgotar o assunto, já que se limitará, neste trabalho, a
lidar com a Holding para pessoas físicas, deixando para momento outro a Holding para
pessoa jurídica (controladora, p.ex.).

Atinente aos objetivos do presente trabalho tem-se: a) apresentar uma visão geral do
funcionamento da Holding no Brasil; b) demonstrar as principais regras e princípios
societários existentes no ordenamento jurídico brasileiro; c) levantar bibliografia referente
ao tema; d) analisar a legislação nacional pertinente; e) identificar os aspectos
controvertidos da Holding; f) identificar os reflexos provocados pelos princípios
contemporâneos na regulamentação e jurisprudência sobre o tema; g) analisar textos de
diversas áreas para contextualizar o tema em questão.

Como se disse, pretende-se, ao longo do trabalho, analisar a maioria dos aspectos da


sociedade Holding Patrimonial, como modalidade de planejamento do patrimônio da
pessoa física, em todos os seus pormenores, e os objetivos acima delineados servirão
para orientar a investigação científica.

Apesar dos cuidados, pedem-se as devidas escusas pelas lacunas e imperfeições que o
escrito seguramente encerra. Serve-se de consolo, todavia, a justificação do mestre Rui
Barbosa, que confessou a peito aberto: “uma verdade há que me não assusta, porque é
universal e de universal consenso: não há escritor sem erros”[2].

Nesse sentido, não se vê mal em asseverar que equívocos causados pelo arrojo
intelectual são, quase sempre, mais úteis do que os acertos vulgares, justamente porque
abrem espaços e propiciam novas e aprofundadas meditações.

O tema é fascinante, e num futuro próximo a Holding Patrimonial será muito mais
conhecida e utilizada por todos aqueles que quiserem planejar seu patrimônio de forma
segura e eficaz. Por fim, acredita-se poder chegar a conclusões valiosas ao final da
presente pesquisa.

Em remate, o presente trabalho visa oferecer ao leitor uma análise que reúna teoria e
prática em dose adequada à compreensão da Holding Patrimonial, através de uma
abordagem inovadora.

2 HOLDING

A expressão "holding" é de origem inglesa, formada a partir do prefixo "hold", que entre
outros, significa "controlar" [3]. Assim, holding é uma sociedade que controla outras
sociedades ou um patrimônio, não sendo uma espécie societária, mas apenas uma
característica da sociedade.

Surgiu no país em 1976, por meio da Lei nº 6.404, conhecida como Lei das S/A. A sua
legitimação encontra-se no parágrafo 3º do artigo 2º da mencionada lei, ao prever que "[...]
a companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades [...]".

A criação de uma Holding, tecnicamente, ocorre pela previsão de uma cláusula no contrato
ou estatuto social da sociedade, com a seguinte redação [4]:

Cláusula – A sociedade tem como objeto social a administração de bens móveis e imóveis próprios,
o controle, a participação e a administração de outras sociedades.

Parágrafo Único – Não faz parte do presente objeto social a atividade de corretagem.

Desse modo, ficam estabelecidos de forma clara os objetivos da sociedade holding. Tratar-
se-á mais à frente, no item 3.1 da presente, do objeto social e suas nuances.

Não se constitui, portanto, numa espécie societária autônoma, como é o caso das
sociedades empresariais e simples. Pelo contrário, precisa se revestir sob a forma de
alguma das espécies disciplinadas no Código Civil Brasileiro (CC/02), para que possa
assumir personalidade jurídica, inclusive devendo observar os requisitos inerentes ao
modelo escolhido, conforme será demonstrado adiante, em momento específico.

Nesse sentido, será necessário que a sociedade holding adote um nome empresarial, nos
moldes do art. 1.155 e ss, do CC/02, sendo de costume a opção pelo “Nome empresarial”,
acompanhado pela expressão “Empreendimentos / Participações / Comercial”, finalizado
pela característica “Ltda. / S.A.”.

No tocante às espécies de Holding, bem explica João Teixeira (2007) [5], que, de forma
geral, as empresas holding são classificadas como:

a) Holding Pura: quando de seu objetivo social conste somente a participação no capital de
outras sociedades, isto é, uma empresa que, tendo como atividade única manter ações de
outras companhias, as controla sem distinção de local, podendo transferir sua sede social
com grande facilidade; e

b) Holding Mista: quando, além da participação, ela exerce a exploração de alguma


atividade empresarial. Na visão brasileira, por questões fiscais e administrativas, esse tipo
do holding é a mais usada, prestando serviços civis ou eventualmente comerciais, mas
nunca industriais.

Complementa o autor que a doutrina aponta, ainda, outras classificações, tais como
holding administrativa, holding de controle, holding de participação, etc. Em resumo, a
Holding pode ser Pura, quando criada com o fim especial de participar como quotista ou
acionista de outras empresas, ou administrar um determinado patrimônio, não explorando
qualquer outra atividade; ou Mista, quando além de participar e controlar outras empresas
do grupo, ainda explorar um ou mais ramos de atividade (Indústria, Comércio ou Serviços).

Por ser o foco do presente trabalho, tratar-se-á especificamente da Holding Patrimonial (ou
Familiar), mesmo porque é a espécie mais difundida e conhecida, em função da sua
grande utilidade na concentração patrimonial, facilitação na sucessão hereditária e na
administração de bens[6].

Como se disse, utiliza-se a expressão Holding Patrimonial para qualificar uma sociedade
que controla o patrimônio de uma ou mais pessoas físicas, ou seja, ao invés das pessoas
físicas possuírem bens em seus próprios nomes, passam a possuí-los através de uma
pessoa jurídica – a controladora patrimonial.

A Holding Patrimonial é usada principalmente com o objetivo de facilitar a administração


de bens e a sucessão hereditária, garantindo a manutenção do conglomerado de
empresas em poder dos descendentes do sucessor.

A preocupação com os negócios da família, bem assim a sua continuidade, tem levado
muitas pessoas a constituírem holdings familiares. Essa medida visa, principalmente,
evitar possíveis mudanças de filosofia na gestão dos negócios, advindas dos diferentes
perfis dos herdeiros, impedindo, inclusive, que problemas familiares atinjam os negócios.

A seguir, serão demonstradas as principais vantagens e desvantagens na utilização de


uma sociedade Holding.

2.1 VANTAGENS

Para demonstrar as principais vantagens da Holding, utilizar-se-á a relação elaborada pelo


professor Oliveira (1995, p. 27 a 29) [7], que ensina que dentre as principais vantagens
obtidas nesta operação, estão a simplificação das soluções referentes a patrimônios,
heranças e sucessões familiares, através do artifício estruturado e fiscal de uma holding;
atuação como procuradoras de todas as empresas do grupo empresarial junto a órgãos de
governo, entidades de classe e, principalmente, instituições financeiras, reforçando seu
poder de barganha e sua própria imagem; facilitação da administração do grupo
empresarial, especialmente quando se considera uma holding autêntica; facilitação do
planejamento fiscal-tributário; e otimização da atuação estratégica do grupo empresarial,
principalmente na consolidação de vantagens competitivas reais e sustentadas.

Além desses, pode-se asseverar também que há uma redução da carga tributária
incidente sobre os rendimentos da pessoa física (IRPF); a possibilidade de realização de
planejamento sucessório (herança); a preservação do patrimônio pessoal perante credores
de uma pessoa jurídica (empresa) da qual a pessoa física participe como sócio ou
acionista; e maior poder de negociação na obtenção de recursos financeiros e nos
negócios com terceiros[8].
Essas vantagens serão mais bem percebidas quando tratarmos da tributação na Holding,
onde buscaremos trazer alguns comparativos dos tributos incidentes nas operações
efetuadas na Holding e na pessoa física.

Enfim, a opção pela constituição de uma pessoa jurídica que controle o patrimônio da
pessoa física – Holding Patrimonial – implica verdadeiramente em vantagens concretas,
posto que os bens da pessoa física, que passa a ser apenas titular de quotas, passam
para a pessoa jurídica, havendo, assim, vantagens para seus titulares, principalmente no
que concerne a tributação diferenciada, transmissão “causa mortis”, transmissões em geral
(ITIV, etc.), bem como fácil acesso ao crédito no mercado em geral.

A seguir, abordar-se-á o planejamento sucessório na Holding. Para tanto, reservou-se um


tópico específico, dada à sua relevância para o presente estudo.

2.1.1 Planejamento sucessório

Nesses últimos anos, a criação da holding patrimonial tem, a nosso ver, uma posição
primordial e relevante na passagem de uma geração a outra, sem traumas.

Através de uma Holding Patrimonial, é possível realizar um planejamento sucessório


bastante interessante e eficiente. Sucessão, em sentido comum, implica a idéia de
transmissão de bens. Suceder é, no dizer de Silvio Venosa, substituir, tomar o lugar de
outrem, no campo dos fenômenos jurídicos [9].

Assim, é possível distribuir os bens da pessoa física, que estarão incorporados à pessoa
jurídica, antes mesmo que esta venha a falecer. Evita-se, desta maneira, as ansiedades
por parte da linha sucessória, posto que o quinhão de cada participante fica definido antes
mesmo do falecimento do sócio.

Outrossim, a transmissão fica facilitada por meio da sucessão de quotas da empresa,


senão, vejamos. Consoante regra o artigo 1.845 do Código Civil Brasileiro, são herdeiros
necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge, sendo que estes concorrem na
mesma proporção na meação prevista no artigo 1.846, que estabelece pertencer aos
herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos bens da herança, constituindo a
legítima.

Assim sendo, sabe-se, desde logo, que metade das quotas sociais do sócio que vier a
falecer será rateada entre seus descendentes, ascendentes e o cônjuge sobrevivente. O
restante das quotas poderá ser devidamente distribuída segundo a vontade do sócio
falecido, por meio de testamento[10]. Conforme dispõe o art. 1.857, CC/02:

“Art. 1.857. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus bens, ou de
parte deles, para depois de sua morte.”

Entretanto, a limitação encontra-se no próprio parágrafo primeiro do artigo mencionado:


“Art. 1.857. [...]

§ 1º A legítima dos herdeiros necessários não poderá ser incluída no testamento.

[...]”

Fácil concluir que a distribuição dos bens é feita mediante a sucessão das quotas sociais
da empresa.

Desta maneira, consegue-se evitar os desgastes financeiros e emocionais comuns de um


inventário, já que, estando organizada a sucessão dos bens por meio da sucessão de
quotas, o procedimento judicial do inventário será mais célere e menos oneroso.

De acordo com José Almeida (2003, p.23) [11], há quem negue a conveniência do direito das
sucessões. Afirma-se que os bens do falecido deveriam pertencer ao Estado, como forma
de distribuição de renda, e que a sucessão incentiva à preguiça, já que aquele que recebe
uma herança viverá dela, não mais precisando trabalhar, o que contraria os interesses do
Estado. Mas, a nosso ver, a crítica não procede. A uma, porque não se pode retirar da
propriedade o direito sagrado de transmissão dos bens após a morte do seu titular. A
duas, porque a supressão do direito das sucessões também contraria importante interesse
do Estado, qual seja, o da poupança interna [12]. Sabendo que não poderia transmitir seus
bens para além de sua morte, todos passariam certamente seus últimos dias de vida a
gastar tudo o que amealharam e pouparam por toda a vida.

Acrescenta o autor ainda dois argumentos: não se pode entender que o Estado daria
melhor aplicação aos bens do falecido que os herdeiros deste dariam; e o mau uso dos
direitos não pode ser causa de sua supressão[13].

Em especial, a holding familiar é utilizada como importante instrumento de reestruturação


patrimonial, ao concentrar parte ou a totalidade de bens de que são proprietários alguns
membros de uma mesma família.

Nesse particular, a holding objetiva solucionar problemas referentes à herança,


substituindo em parte declarações testamentárias, podendo indicar, especificamente, os
sucessores da sociedade, sem atrito ou litígios judiciais. A visão da holding é fundamental
nesses casos.

Problemas pessoais ou familiares não afetam diretamente as operadoras. Em caso de


dissidências entre parentes ou espólios, será “a Holding” que decidirá sobre as diretrizes a
serem seguidas.

Ela é substituta da pessoa física, agindo como sócia ou acionista de outra empresa,
evitando dessa maneira que a pessoa física fique exposta inutilmente. A holding atende
também a qualquer problema de ordem pessoal ou social, podendo equacionar uma série
de conveniências de seus criadores, tais como: casamentos, separação de bens,
comunhão de bens, autorização do cônjuge em venda de imóveis, procurações,
testamento, amparo a filhos.

Pode-se verificar na tabela abaixo as vantagens referentes a utilização da Holding frente


ao procedimento de inventário, na comparação:

Vantagens da holding familiar em relação aos inventários

Eventos Holding Familiar Inventário

1) Tributação da Herança e Doação 4% 4%

30 dias em 05 anos em
2) Tempo para criação ou tempo do Inventário
média. média

3) Tributação dos Rendimentos 12.00% 27.50%

4) Tributação da venda de Bens Imóveis 5.80% 27.50%

5) Sucessão conforme novo Código Civil para Cônjuge NÃO é Cônjuge É


casamentos com comunhão parcial de bens herdeiro. herdeiro.

Fonte: Orsi & Barreto Consultoria Empresarial.

Nessa seara, uma opção bastante interessante é a doação das quotas da holding
patrimonial aos herdeiros de cada sócio, com cláusulas restritivas [14]. Para garantir a
proteção do seu patrimônio (para que fique na família e não seja alienado) o sócio, pessoa
física, doa suas quotas da sociedade para seus herdeiros. Ressalte-se que apenas
tratamos, aqui, da parte disponível do patrimônio, pois a legítima [15] deve ser resguardada
em favor de seus herdeiros, conforme visto anteriormente.

Diante desta limitação será necessário realizar um levantamento [16] para verificar se o
patrimônio que se pretende doar fica dentro dos 50% disponível do sócio, devendo ser
observado o disposto no artigo 544 do Código Civil, que considera a doação de
ascendente para descendente como a antecipação do que lhes cabe como herança. Nesta
hipótese, o herdeiro, no processo de inventário, deverá levar à colação o bem ou a
importância respectiva para igualar as legítimas (art. 2002, CC/02), pouco importando se a
doação ao filho excedeu (ou não) a metade disponível, conforme art. 544 do CC/02:

"Art. 544 - A doação de ascendente a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa


adiantamento do que lhes cabe por herança".
Observe-se que o ascendente (testador) não necessita da concordância dos demais para
doar a um descendente, ao contrário do que ocorre na compra e venda e na permuta, pois,
na hipótese da doação, já há a presunção de adiantamento de legítima. Logo, a doação de
ascendente para descendente, sem o consentimento dos demais, não é nula.

Vale dizer que caso o herdeiro venha a sonegar o objeto doado, ou seja, não colacionar o
bem ou seu valor correspondente, caberá a este herdeiro na sentença a pena de perder o
direito sobre o bem sonegado, isto é, o bem sonegado não será computado para esse
herdeiro, para fins de partilha.

Por outro lado, poderão operar-se doações de ascendentes para descendentes sem que
se dê a ulterior conferência, por intermédio da colação, determinando o doador, em tal
hipótese, que saia de sua metade disponível, calculada conforme o art. 1.722, CC/02,
contanto que não a excedam, porque o excesso será considerado inoficioso, portanto,
nulo.

Registre-se que esta doação constitui contrato inter vivos, produzindo, desde logo, seus
efeitos, gerando para o doador a obrigação de transferir do seu patrimônio bens ou
vantagens para o do donatário.

Conforme se enunciou, no momento da doação é possível utilizar cláusulas restritivas,


dentre as quais:

Cláusula de Reserva de Usufruto [17], em que se transfere para o donatário, exclusivamente,


a nua-propriedade, permanecendo o doador a gozar os frutos oriundos dos bens doados,
nesse caso, os lucros e dividendos, fruto das quotas.

Cláusula de Reversão dos Bens ao seu Patrimônio [18], em que na hipótese de sobreviver o
donatário, essa cláusula opera como resolutória do negócio, com efeito retroativo,
anulando eventuais alienações feitas pelo outorgado, recebendo-os o doador livre e
desembaraçados de quaisquer ônus. Tal disposição deve constar de cláusula expressa no
contrato.

Cabe ainda ressaltar a possibilidade de se estabelecer como cláusula resolutória da


doação a permanência de determinadas pessoas na administração da sociedade. Isto
porque o art. 553, CC/02, dispõe que o donatário (beneficiário da doação) é obrigado a
cumprir os encargos estipulados pelo doador como condição para a doação.

Pode-se, ainda, gravar as quotas dadas em doação com as cláusulas de inalienabilidade,


impenhorabilidade e incomunicabilidade, pois se entende que quando imposta por doação,
negócio entre vivos, permite-se que o doador, enquanto viver, levante o vínculo, não
estando limitado aos requisitos do art. 1.848, CC/02, que só se aplica à legítima.

A Cláusula de Inalienabilidade, como bem explica Carlos Eduardo [19], tem o propósito de
vedar a alienação de determinado bem, sendo normalmente instituída para evitar que o
beneficiário disponha do bem de maneira indiscriminada, dilapidando o patrimônio em face
de prodigalidade, incompetência administrativa, inexperiência entre outros.

O ilustre civilista Sílvio de Salvo Venosa, com a propriedade que lhe é peculiar, observa
que: "os bens inalienáveis são indisponíveis. Não podem ser alienados sob qualquer
forma, nem a título gratuito nem a título oneroso" [20].

A cláusula de inalienabilidade impõe, assim, uma limitação do direito de propriedade,


desde que o senhor e possuidor da coisa, com essa condição adquirida, não a pode
alienar, enquanto persistir ou tiver força a cláusula imposta. Daí poder ser vitalícia ou
temporária.

Cumpre enfatizar que o art. 1.911, CC/02, dispõe que a cláusula de inalienabilidade,
imposta aos bens por ato de liberalidade, implica sua impenhorabilidade e
incomunicabilidade.

Em suma, a cláusula de inalienabilidade impõe à coisa, automaticamente, a


impenhorabilidade (não são hipotecáveis nem dados em penhor), e a incomunicabilidade
(os bens não se comunicam ao cônjuge do beneficiário, não importando qual seja o regime
de bens do casamento).

Importa dizer que se os rendimentos ou os frutos dos bens inalienáveis não estiverem
sujeitos à mesma condição, serão transferíveis ou poderão ser objeto de alienação ou
garantia.

A Cláusula de Incomunicabilidade estabelece, portanto, que os bens doados não se


comuniquem pelo casamento, conservando-se como propriedade particular do cônjuge
favorecido, ou beneficiado, exclusivamente, mesmo que o casamento se tenha feito ou se
faça sob o regime da comunhão universal [21]. Assim, não há dúvida de que a imposição
isolada dessa cláusula não impede a alienação, haja vista, que não se pode presumir a
inalienabilidade, se não vier expressa no instrumento de doação.

Cláusula de Impenhorabilidade tem como finalidade proteger o patrimônio do devedor e


sua família, pois impede que determinado bem de sua propriedade seja penhorado [22].

Ademais, vale comentarmos sobre as conseqüências tributárias advindas da operação de


doação.

As conseqüências tributárias mais relevantes em um processo de sucessão patrimonial


estão diretamente ligadas ao Imposto de Renda e Imposto sobre Transmissão “CAUSA
MORTIS” e doação de quaisquer bens ou direitos (ITCMD).

No tocante à legislação do Imposto de Renda, deve-se observar a disposição constante no


art. 39, XV, do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99):

Art. 39. Não entrarão no cômputo do rendimento bruto:


[...]

XV - o valor dos bens adquiridos por doação ou herança, observado o disposto no art. 119 (Lei nº
7.713, de 1988, art. 6º, inciso XVI, e Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997, art. 23 e parágrafos);
[...]

Da análise do dispositivo, conclui-se que este imposto não incide sobre doação ou
herança. Dessa forma, os procedimentos estarão isentos do Imposto de Renda, exceto se
for atribuído na declaração de rendimentos dos beneficiários, valor superior a existente na
declaração do doador, pois aí estará configurado ganho de capital, que deve ser tributado
pelo imposto de renda.

No que concerne ao Imposto Sobre Transmissão Causa Mortis (ITCMD), deverá ser
observado o disposto na legislação estadual Lei nº 4.826 de 27 de janeiro de 1989,
alterada pela Lei nº 7.358/98, que Instituiu o Imposto sobre Transmissão, estabelecendo
as alíquotas e os fatos geradores deste imposto. Vejamos:

Art. 1º - O Imposto sobre transmissão "CAUSA MORTIS" e doação de quaisquer bens ou direitos
tem como fato gerador a transmissão "CAUSA MORTIS" e a doação, a qualquer título de:

I - propriedade ou domínio útil de bem imóvel por natureza ou acessão física, nos termos da Lei civil;

II - direitos reais sobre imóveis;

III - bens móveis, direitos, títulos e créditos.

Da análise, percebe-se, nitidamente, que há incidência do ITCMD no ato de transferência


de quotas, na alíquota respectiva.

A incidência de tributos será abordada de forma mais precisa em momento seguinte (item
2.3). Por ora, vale o esclarecimento.

Em resumo, as incidências tributárias evitadas com o planejamento sucessório são


basicamente: a) ITBI - 2%: não incidência quando efetuada mediante a integralização de
capital com bens e direitos; b) IRRF - 15%: incidência sobre o ganho de capital se a
transferência dos bens for processada pelo valor de mercado, ou seja, sobre o eventual
ganho de capital, representando pela diferença entre o custo de aquisição e o valor de
mercado.

Além dos custos tributários acima indicados devem ser somados os gastos com honorários
advocatícios comumente cobrados sobre o montante do espólio, que costumam variar
entre 10% e 20 %.

Pelos dados acima, podemos perceber que o planejamento sucessório é um dos


planejamentos mais importantes. Definido pelos americanos como “o jeito inteligente de
morrer” é também uma forma de garantir a continuidade dos negócios sem
estrangulamentos. Sem dúvida, a holding patrimonial facilita em muito essa transição de
gerações.

2.2 DESVANTAGENS

Após tratar-se das vantagens da Holding, serão abordadas, agora, suas principais
desvantagens. Serão aproveitados, novamente, os preciosos ensinamentos do professor
Oliveira[23], que ao apontar as maiores desvantagens da holding, segrega-os por aspectos:
financeiros, administrativos, legais e societários. Ressalte-se que serão demonstradas as
desvantagens genéricas da Holding, ou seja, de suas várias espécies, não se limitando
apenas à holding patrimonial (familiar).

No tocante aos aspectos financeiros, salienta o professor que as principais desvantagens


são as de a Holding não poder usar prejuízos fiscais (no caso de holding pura); ter maior
carga tributária se não existir adequado planejamento fiscal (inclusive opção pelo lucro real
ou presumido, conforme veremos adiante); ter tributação de ganho de capital na venda de
participações; ter maior volume de despesas com funções centralizadas, o que pode
provocar problemas dos sistemas de rateio; e ter imediata compensação de lucros e
perdas das investidas, pela equivalência patrimonial (no caso de holding controladora, por
exemplo).

Quanto aos aspectos administrativos, deve-se considerar a ocorrência das seguintes


desvantagens: ter elevada quantidade de níveis hierárquicos, o que aumenta o risco
inerente à qualidade e agilidade do processo decisório (no caso de holding controladora); e
não ter adequado nível de motivação nos diversos níveis hierárquicos, pela perda de
responsabilidade e autoridade, provocado pela maior centralização do processo decisório.

Quanto aos aspectos legais, os principais aspectos a serem considerados são:


dificuldades em operacionalizar os tratamentos diferenciados dos diversos setores da
economia; e ter problemas em operacionalizar as diversas situações provocadas pelas
diferenças regionais.

Quanto aos aspectos societários, assevera o professor que a principal desvantagem que
pode ocorrer é consolidação do tratamento dos aspectos familiares "entre quatro paredes",
criando uma situação irreversível e altamente problemática.

Pelo exposto, pode-se perceber que as vantagens trazidas pela Holding superam em
muito as desvantagens, notadamente quando se trata de uma holding patrimonial
(familiar), na qual não se aplica boa parte das desvantagens acima descritas.

Ultrapassada essa etapa, será abordada no próximo tópico a tributação da holding, com
breve incursão no tema Sistema Tributário Nacional (STN) e Planejamento Patrimonial e
Tributário, inclusive estabelecendo a diferença entre elisão e evasão fiscal, para facilitar a
compreensão do que se quer expor.
2.3 TRIBUTAÇÃO DA HOLDING

Nos domínios do Direito Tributário Brasileiro, a postura dominante é a de que o


contribuinte pode estruturar (planejar) os seus negócios da forma que melhor lhe convier,
desde que utilize de meios lícitos, antes da ocorrência do fato gerador, sem simulação.

Em 1988 o Brasil definitivamente consolidou o Estado Democrático de Direito, elencado no


preâmbulo e artigo primeiro da Carta Magna [24]. Em um Estado Democrático de Direito, o
Direito Tributário não pode apartar-se de princípios fundamentais que foram sedimentados
ao longo da história. Nessa esteira, a Constituição Federal Brasileira, pródiga nas
garantias de direitos individuais, contemplou uma série de princípios dentre os quais
podemos destacar: liberdade, livre-iniciativa e associação, legalidade, proporcionalidade e
intervenção mínima.

Assim, o sistema tributário brasileiro está construído de acordo com o modelo econômico
adotado na CF/88, fundado na propriedade privada, alcançando especial relevo o direito
fundamental à propriedade[25], bem como aqueles que lhe são correlatos: o direito de gerir,
usar, gozar e dispor.

Abordando o tema, bem explica o professor Machado (2004) [26], que o Estado, no exercício
de sua soberania, exige que os indivíduos lhe forneçam os recursos de que necessita,
instituindo tributos. No entanto, a instituição do tributo é sempre feita mediante lei, devendo
ser feita conforme os termos estabelecidos na Constituição Federal brasileira, na qual se
encontram os princípios jurídicos fundamentais da tributação.

E complementa o professor:

Para viver em sociedade, necessitou o homem de uma entidade com força superior, bastante para
fazer as regras de conduta, para construir o Direito. Dessa necessidade nasceu o Estado, cuja
noção se pressupõe conhecida de quantos iniciam o estudo do Direito Tributário (MACHADO, 2004,
p. 31).

Nesse sentido, destaca-se que a tributação, além de ser via própria para que o Estado
exerça seu papel – pois à míngua de recursos não poderia oferecer aos indivíduos o
mínimo existencial a que fazem jus como cidadãos -, deve estar limitada pelo direito que
cada um, empresa ou pessoa física, tem de organizar e desfrutar de seu próprio
patrimônio.

Entretanto, sabe-se que o Sistema Tributário Brasileiro é extremamente penoso, impondo


aos contribuintes uma pesada carga tributária, atingindo, inclusive, altos percentuais do
PIB nacional[27]. A complexidade da legislação dos tributos existentes, deriva da inflação
normativa da qual acertadamente nos alertava o eminente professor Hugo de Brito
Machado[28]:
Pior do que a rapidez das mudanças, porém, é a falta de respeito dos elaboradores dessas normas
à lógica e aos conceitos jurídicos. Legislam como se o Direito não fosse um sistema, tornando
extremamente difícil, quase impossível, o trabalho da doutrina de explicar as normas à luz da teoria
jurídica.

De acordo com Machado (2002), geralmente quando se faz referência à elevada carga
tributária não se leva em consideração a tributação oculta [29]. Os comparativos feitos entre
a carga tributária e o PIB levam em conta somente os tributos instituídos formalmente
como tais. Existe, porém, uma tributação oculta que agrava essa carga suportada pelos
particulares na manutenção do Estado. Tributação que se efetiva na transferência de
recursos financeiros do cidadão para o Estado, por vias oblíquas e geralmente obscuras.

Recorde-se que a empresa, no Brasil, é tributada nas três esferas políticas do Estado:
União, estado-membro e município.

Urge, portanto, uma Reforma Tributária eficiente e rápida, a qual o tributarista Yves
Gandra[30] denomina de “A verdadeira reforma tributária”, que seria aquela que implicasse
redução da carga tributária, pois melhorar a técnica de arrecadação sem reduzir a carga
não é suficiente. E prossegue o raciocínio afirmando que a carga tributária só cairá com a
diminuição da carga burocrática que, infelizmente, tem crescido assustadoramente, sem
contrapartida em serviços públicos correspondentes.

Tal reforma, tão pretendida por todos, parece não acontecerá em breve, restando ao
contribuinte planejar seu patrimônio da forma que melhor desejar. Esse planejamento pode
ser entendido como elisão fiscal, ou seja, licitamente, evitar ou minorar o pagamento de
tributos. E a Holding Patrimonial se insere justamente nesse contexto.

Nesse momento deve-se registrar que perante a maioria dos doutrinadores não subsistem
dúvidas de que no sistema jurídico adotado pelo Brasil, os contribuintes dispõem de
liberdade para pautar as suas condutas e os seus negócios da forma menos onerosa
possível, não existindo regras que lhes imponham a obrigação de, entre duas ou mais
realidades semelhantes, optar por aquela que implica o maior recolhimento de tributos.
Não há norma jurídica expressa, nem comando moral, ao que consta, neste sentido.

Essa liberdade de escolha, à evidência, não é ilimitada.

O obstáculo mais nítido (e legítimo) para a conduta dos contribuintes, e que, portanto,
apresenta se de forma inquestionável, consiste na lei.

Como o sistema tributário pátrio consagra o princípio da legalidade, por força das
disposições constitucionais (art. 5°, II e 150, I) e das normas que delas decorrem (Código
Tributário Nacional, art. 97, 114 e 116), a obrigação tributária somente emerge com a
concretização de fatos que devem estar descritos na lei. Desta forma, todas e quaisquer
ações ou omissões dos contribuintes que não deflagrarem a ocorrência destes fatos não
têm o condão de acarretar qualquer repercussão tributária.
O planejamento tributário deve ser discutido à luz dos princípios fundamentais do Estado
Democrático de Direito, que “reflete, em nosso sistema jurídico, uma realidade
constitucional densa de significação e plena de potencialidade concretizadora dos direitos
e das liberdades públicas”.[31]

Segundo Shingaki (2003, p. 316) [32] “o planejamento tributário é, portanto a escolha de


alternativas de ações ou omissões lícitas, portanto não (dis)simuladas e sempre anteriores
à ocorrência dos fatos geradores dos tributos, que objetivem direta ou indiretamente a
redução desses ônus, diante de um ato administrativo ou fato econômico”.

Colocando-se de uma forma ilustrativa, é como se as pessoas pudessem escolher


caminhos que desejam percorrer, segundo os seus interesses e conveniências, optando
entre as trilhas que implicam a prática de fatos que são eleitos pela lei como fontes de
obrigações tributárias e aquelas que, apesar de serem usualmente mais longas (ou
mesmo mais custosas, quando avaliadas na totalidade), estão à margem de qualquer
exigência legal. Estes caminhos, entretanto, apresentam uma única direção: ao se iniciar o
percurso, a partir da opção que existia na encruzilhada (tributação ou não tributação), as
características do atalho escolhido materializam se, de forma definitiva (ocorrência ou não
do fato gerador e do surgimento obrigação tributária), como que registradas em uma
fotografia.

Quando é obtida alguma economia tributária, como conseqüência da estruturação dos


negócios feita nos moldes descritos acima, dá-se a esta forma de estruturação dos
negócios a denominação de planejamento tributário. Desse modo, planejamento tributário
é a atividade de estudar continuamente a legislação e decidir pela adoção de medidas que
propiciam a praticar ou abster-se de atos visando a anular, reduzir ou postergar o
pagamento dos impostos.

Contudo, problema delicado que sempre se colocou, tanto no plano doutrinário como no
campo jurisprudencial, é a distinção entre a economia fiscal legítima, denominada pela
doutrina de elisão fiscal, e a redução ilegítima da carga tributária, designada de evasão
fiscal.

No plano doutrinário, há muito o assunto vem sendo estudado sob esse enfoque,
tomando-se como paradigma o binômio elisão/evasão fiscal, que busca estabelecer as
diferenças entre as opções lícitas e ilícitas a que teriam acesso os contribuintes, tendo se
como base, essencialmente, os meios eleitos pelo sujeito passivo e o momento em que se
pratica o ato voluntário tendente a evitar, diminuir ou retardar a incidência tributária, em
face da ocorrência do fato gerador.

Nesse sentido, afirma Dória (1977) [33], que “[...] a verdadeira elisão fiscal, pelo contrário,
resulta da manipulação inteligente e lícita de um elenco de opções e alternativas que todo
sistema jurídico contém [...]”.
De outro lado, há algum tempo as autoridades fiscais relutaram em aceitar o planejamento
fiscal como um direito do contribuinte de forma legítima. Porém, reiteradas decisões de
nossos tribunais confirmaram a licitude de tais procedimentos, desde que o planejamento
seja efetuado dentro da legalidade, conforme demonstraremos ao longo do estudo.

Assim, diante de um planejamento que possa ser feito de maneira a preservar um direito
da companhia e de outro que implique a sua perda, por certo a opção lógica será a
primeira. Ninguém é obrigado a dispor sua vida e organizar seus negócios de forma a
pagar mais tributos.

Com visto, a linha divisória entre a elisão e a evasão fiscal é, por vezes, extremamente
tênue, dificultando a distinção entre uma conduta que possa ser considerada contrária ao
ordenamento jurídico e uma prática que leve à redução legítima da carga tributária.

Todavia, quando os atos e negócios praticados são verdadeiros e formalmente lícitos, é


preciso definir até que ponto a fiscalização pode interferir na esfera da autonomia da
vontade privada, para negar seus respectivos efeitos tributários, alegando terem sido
efetuados de forma “abusiva” ou “ilegítima”.

Sem dúvida trata-se de uma questão de política, onde o Estado e a atividade empresarial
se confrontam e se ajudam, mutuamente, mas um no intuito de manter a máquina estatal e
o outro visando a menor carga tributária possível.

Feitas estas breves considerações sobre STN e Planejamento Tributário, tentar-se-á


apresentar, da forma mais simples possível, como se dá a tributação na Holding.

Conforme se enfatizou anteriormente, a Holding não é uma sociedade autônoma, podendo


optar por qualquer regime tributário aplicável aos demais contribuintes, sendo aplicáveis as
mesmas especificidades de cada regime, bem assim suas limitações.

Em termos gerais, não há na legislação tributária nenhuma obrigação específica para a


Holding, nem mesmo em relação ao cumprimento de obrigações acessórias. Portanto,
deve cumprir todas as obrigações acessórias inerentes a qualquer sociedade.

A pergunta de partida que se faz é: Qual a melhor forma de apuração de tributos: lucro real
ou presumido?

Num país como o Brasil, com elevada carga tributária e constantes alterações nas
legislações, um erro nessa decisão pode significar prejuízos pesados pelo pagamento
equivocado de impostos.

Cada modalidade tem seus prós e contras, e antes de escolher uma ou outra, é necessário
analisar alguns fatores fundamentais, a fim de diminuir significativamente a chance de
perdas. São eles: porte da empresa, segmento de atuação, complexidade organizacional e
de atendimento às normas fiscais vigentes no setor, capacidade real de preparar um
orçamento confiável e, finalmente, análise da possibilidade de erros na projeção da
receita.

No Brasil há ainda a tributação pelo lucro arbitrado, mas essa “opção”, na verdade, é uma
penalidade imposta pelo Fisco ao contribuinte quando este não possui controles
suficientes para ser tributado de outra forma. Sendo assim, torna-se irrelevante aqui
considerar esta possível escolha.

Como em qualquer tomada de decisões, antes da escolha de uma das duas formas de
tributação – lucro real[34] ou lucro presumido – é necessário contextualizá-las com o perfil
da empresa, em todos os seus aspectos, pois cada qual tem suas vantagens e
desvantagens.

De acordo com Higuchi (2010) [35], o lucro real é o resultado líquido do período de apuração
(trimestral ou anual) ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou
autorizadas em lei, consistindo assim na soma algébrica dos lucros operacionais ou não e
das participações, devendo sempre ser determinado com observância dos preceitos da lei
comercial.

Já no lucro presumido, o que ocorre é a incidência de um percentual de presunção de


lucro, para depois ser aplicado o percentual do tributo (IR, PIS, COFINS, CSL).

Essa opção, a exemplo das demais, se manifesta automaticamente perante o Fisco com o
pagamento da primeira do imposto devido correspondente ao primeiro período de
apuração de cada ano-calendário e só pode ser modificada no próximo exercício social.
Daí a importância de se escolher bem a opção.

Fica claro, portanto, que o lucro real tributa o resultado econômico, enquanto o presumido
é uma presunção, sobre a qual o Imposto de Renda e a Contribuição Social são
calculados com base na receita. Esta última sendo, desse modo, acaba sendo a mais
escolhida, pois implica em grande vantagem na redução da carga tributária.

Vale ressaltar que a Holding não poderá aderir ao Simples Nacional – regime diferenciado,
mais benéfico – pois existe expressa vedação legal na Lei Complementar nº 128/08, para
sociedade que realize atividade de locação de imóveis próprios, exceto quando se referir a
prestação de serviços tributados pelo ISS. Como o objeto social da Holding possui, em
regra, essa previsão de locação de imóveis próprios, sem intermediação, não poderá optar
pelo Super Simples.

É válido dizer que a Holding, como toda empresa, independente de seu porte, está
obrigada a elaborar a contabilidade, tanto para atender à legislação comercial como
fornecer informações relevantes aos seus acionistas / quotistas na tomada de decisão.
Mesmo porque as empresas que não elaboram contabilidade corretamente estão
praticamente excluídas de diversos mercados e linhas de crédito, além de abrir mão de
uma importante ferramenta de gestão.
Com base no orçamento preparado sob as duas formas de tributação (Real e Presumido)
a sociedade poderá identificar a mais econômica, isto é, a que possibilitará uma menor
carga tributária[36].

Em regra a Holding tem como principais fontes de receitas: a) Aluguéis de bens móveis e
imóveis; b) Juros de empréstimos a outras empresas do grupo (contratos de mútuo); c)
Repasse de financiamentos; d) Comissões; e) Prestação de serviços as demais empresas
do grupo tais como: Serviços administrativos e financeiros, serviços técnicos de
contabilidade e informática, Administração de pessoal, marketing, Vendas e Publicidade.
Relações públicas e outras de acordo com as atividades das empresas do grupo.

As receitas de aluguel auferidas pela holding são tributáveis normalmente pelo imposto de
renda e, se a holding optar pelo pagamento mensal do imposto por estimativa ou pela
apuração trimestral do imposto com base no lucro presumido, serão computados na base
de cálculo:

a) 32% dos aluguéis recebidos, se a locação dos bens fizer parte do objeto social [37];

b) Os ganhos de capital e demais receitas auferidas, exceto:

b.1) em qualquer caso, os rendimentos de participações societárias, e

b.2) no caso de opção pelo pagamento mensal do imposto por estimativa, os rendimentos
de aplicações financeiras de renda fixa, submetidos ao desconto de imposto na fonte, e os
ganhos líquidos de operações financeiras de renda variável, submetidos à tributação
separadamente.

Sobre as receitas de aluguéis incidem, mensalmente, a COFINS e o PIS-Pasep, sendo


irrelevante se a locação de bens faz parte ou não do objeto social da holding. Todavia, na
base de cálculo dessas contribuições não se incluem as receitas de participações
societárias, representadas pelos resultados positivos da avaliação de investimentos ela
equivalência patrimonial e pelos dividendos recebidos de participações societárias
avaliadas pelo custo de aquisição.

Ademais, a Holding poderá também utilizar a distribuição de Juros sobre o Capital Próprio
(JCP) para reduzir a carga tributária, caso opte pelo lucro real, conforme será visto
adiante, quando tratar-se da remuneração de sócios. Nesse momento, vale escrever sobre
a incidência do ITIV (Imposto sobre Transmissão “Inter Vivos”) na Holding, notadamente
no momento de transferência de bens para integralização de capital social.

I.1 – Da incidência do ITIV

Conforme disposto no art. 114, do Código Tributário de Salvador, tem-se que o Imposto
sobre Transmissão Inter Vivos – ITIV, terá como fato gerador “[...] I - a transmissão de
bens imóveis, por natureza ou por acessão física; [...]”.
Apesar dessa previsão, é importante mencionar que o imposto não incidirá sobre a
transmissão de bens e direitos quando realizado para a incorporação ao patrimônio da
pessoa jurídica, em pagamento de capital, conforme disposto no art. 115, inciso I do
Código Tributário de Salvador[38] e art. 156, §2º, I, CF/88.[39]

Ademais, esclarece-se que o disposto acima não será aplicado quando a pessoa jurídica
adquirente tiver como atividade preponderante a compra e venda de bens imóveis e seus
direitos reais, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil. É o que determina o
Código Tributário de Salvador, no art. 115, §1°:

Art. 115. O imposto não incide sobre a transmissão de bens e direitos, quando:

I - realizada para incorporação ao patrimônio de pessoa jurídica, em pagamento de capital nela


subscrito;

[...]

§ 1° O disposto neste artigo não se aplica quando a pessoa jurídica adquirente tiver como atividade
preponderante a compra e venda de bens imóveis e seus direitos reais, a locação de bens imóveis
ou o arrendamento mercantil.

E a CF/88, no seu art. 156, §2º, I:

Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:

[...]

I - não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica
em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão,
incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade
preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens
imóveis ou arrendamento mercantil; [...]

A título de esclarecimento, considera-se atividade preponderante aquela definida no art.


115, § 2° do Código Tributário de Salvador:

Art. 115. [...]

§ 2° Considera-se caracterizada a atividade preponderante quando mais de 50% (cinqüenta por


cento) da receita operacional da pessoa jurídica adquirente, nos 2 (dois) anos anteriores e nos 2
(dois) anos subseqüentes à aquisição, decorrer das transações mencionadas no § 1º. [...]

Assim sendo, caso a receita da sociedade holding ultrapasse os 50% por cento previstos
na lei, conforme acima descrito, a sociedade deverá recolher o ITIV.
Feita a análise da tributação na Holding, em seus diversos aspectos, passa-se a tratar dos
seus aspectos societários.

3 ASPECTOS SOCIETÁRIOS

Pensar estrategicamente[40] é muito importante. Melhor, fundamental. Vive-se numa Era de


ritmo extraordinário, batizada de Era da produtividade, resultado da interação da
produtividade com uma velocidade quase inacreditável, combinando conhecimentos de
vários universos com rapidez digital.

Luis Pinto (2002)[41], em seu livro intitulado “Pensar estrategicamente”, estabelece algumas
definições interessantes sobre a globalização[42] e a evolução de pensamento:

Inúmeras conquistas surgem, multiplicando-se resultados que são velozmente disponibilizados para
utilização pela sociedade. Assim, a globalização pode ser caracterizada como um processo radical
de mudanças rapidíssimas e irreversíveis nos planos econômico, financeiro, político, institucional e
cultural. Nesses cenários, a globalização vem acarretando mudanças extraordinárias no processo
de gestão, desde a forma de agir até fusões, cisões e incorporações.

E complementa o doutrinador, asseverando que:

Um processo estrategicamente rico baseia-se em dois pilares fundamentais: pensar


estrategicamente e agir estrategicamente. O pensar estrategicamente liga-se à questão da
maturidade estratégica e o agir estrategicamente vincula-se ao domínio e à realização de
providências táticas e trabalhos de planejamento estratégico. Esse é, em síntese, o desafio das
pequenas, médias e grandes empresas – além de regiões, setores etc.: a busca da competência
estratégica. É o desafio de todos! Até mesmo de famílias e pessoas. (PINTO, 2002).

Ainda segundo o autor, o grande desafio do processo estratégico no Brasil é provocar uma
nova mentalidade nas estruturas empresariais e institucionais, fazendo com que as
mesmas respirem e percebam estrategicamente o mundo.

Dessa forma, vive-se numa época em que as empresas são cada vez mais produtivas e
eficazes. Uma época em que há imensas oportunidades e grandes desafios para as
organizações. A mudança é a única certeza, e saber lidar com ela é uma grande virtude
que deve ser desenvolvida. Nesse cenário, o planejamento estratégico se mostra como um
método capaz de garantir a perpetuação das organizações.

A criação de uma holding se situa nesse contexto. É uma ferramenta empresarial até
agora imbatível nos seus aspectos de planejamento, controle e soluções societárias,
conforme apresentamos anteriormente. Nunca como agora a holding foi tão difundida e
utilizada, por empresários e empresas, sendo modalidade de proteção do grupo e do
planejamento bem-executado. E será, sem dúvida, muito mais utilizada no futuro.
Após ter-se abordado conceitos, histórico, previsões legais, espécies, vantagens e
desvantagens, e tributação da Holding, passar-se-á, agora, a comentar sobre seus
principais aspectos societários, tais como objeto social (ou CNAE), escolha da melhor
forma societária, administração da holding e remuneração dos sócios, diretores e
administradores.

3.1 OBJETO SOCIAL

A Sociedade Patrimonial deve adotar um objeto social [43], como toda e qualquer sociedade,
e para isso precisa definir a qual CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas)
se vincular. A CNAE é o instrumento de padronização nacional dos códigos de atividade
econômica e dos critérios de enquadramento utilizados pelos diversos órgãos da
Administração Tributária do país, em especial a Receita Federal do Brasil (RFB).

As opções de CNAE geralmente escolhidas são:

ü 6822-6 Gestão e Administração da Propriedade Imobiliária;

ü 6462-0 Holdings de Instituições Não-Financeiras [44];

ü 6810-2 Atividades Imobiliárias de Imóveis Próprios.

O CNAE 6462-0 (Holdings de Instituições Não-Financeiras) possibilita que a Holding


Patrimonial participe do capital social de um grupo de empresas com atividades
preponderantemente não-financeiras, podendo ou não exercer funções de gestão e
administração dos negócios da empresa do grupo. Portanto, não faz parte deste CNAE a
alienação de imóveis (terrenos, apartamentos, fazendas etc.) próprios ou de terceiros, ao
passo que eventual alienação será uma atividade secundária da sociedade, tributada “na
cabeça”.

Já os CNAE 6822-6 e 6810-2 permitem que a Holding Patrimonial controle, gerencie,


administre um determinado patrimônio, bem como aliene os bens do seu ativo com
tributação reduzida, tendo em vista se tratar de atividade primária (constante no objeto
social) havendo a aplicação de percentuais antes da incidência da alíquota do imposto,
notadamente no Lucro Presumido. Em suma, possibilitam a administração e aluguel de
imóveis próprios.

Vale dizer que os CNAE que se encontrarem no grupo de atividades imobiliárias, podem
ensejar fiscalização do CRECI (Conselho Regional de Corretores de Imóveis), órgão de
classe responsável pela fiscalização de atividades de corretagem. Logo, para que o
CRECI não venha a caracterizar a empresa como prestadora de serviços imobiliários, a
sociedade deverá se limitar a administrar imóveis próprios, ou seja, não poderá ser
utilizada para efetuar a compra e venda de imóveis de terceiro, uma vez que essa
operação poderia caracterizar a empresa como imobiliária, o que resultaria em pagamento
de taxas de inscrição, manutenção dos registros, obrigações diversas, dentre outras,
perante o CRECI e outros órgãos.

3.2 ESCOLHA DA FORMA SOCIETÁRIA

A sociedade Holding pode ser constituída sob qualquer tipo societário, pois, como já se
explicou, trata-se de uma característica da sociedade, não de um tipo societário específico.
Entretanto, em sua grande maioria a Holding é constituída sob a forma de S/A [45] ou
Limitada[46], e com isso em vista irá se tratar mais detalhadamente desses dois tipos
societários.

a) Sociedade Anônima

No dizer de Ulhoa (2004, p. 177) [47], a sociedade anônima é uma sociedade de capital.
Conforme o artigo 4º da LSA existe duas espécies distintas de companhia: a sociedade
anônima de capital aberto e a sociedade anônima de capital fechado.

A companhia de capital aberto tem seus valores mobiliários negociados nas Bolsas de
Valores, Mercados de Capitais e Mercado de Balcão, sendo registrada na Comissão de
Valores Mobiliários - CVM[48].

Já a sociedade anônima fechada não possui ações disponíveis no mercado para


negociação[49], o que sugere menor grau de liquidez em investimento.

No tocante às disposições gerais, o Estatuto Social deverá atender a todos os requisitos


exigidos para os contratos das sociedades mercantis em geral e aos peculiares às
companhias e deverá conter as normas pelas quais se regerá a Companhia (art. 83 da
LSA).

A responsabilidade dos sócios na S/A é limitada ao preço de emissão das ações


subscritas ou adquiridas (art. 1º da LSA).

Quanto ao capital social, este se divide em ações com ou sem valor nominal, e de acordo
com a natureza dos direitos ou vantagens que conferirem a seus titulares, se classificam
em preferenciais, ordinárias ou de fruição (art. 11 e 15 da LSA).

Vale dizer que nas Companhias com ações sem valor nominal, o Estatuto Social poderá
criar uma ou mais classes de ações preferenciais com valor nominal, devendo o valor
nominal ser o mesmo para todas as ações da Companhia (art. 11 §§1º e 2º da LSA).

As ações ordinárias das Companhias fechadas e as ações preferenciais das Companhias


abertas poderão ser de uma ou mais classes. O número de ações preferenciais sem direito
a voto, ou sujeitas à restrição no exercício desse direito, não pode ultrapassar 50% do total
das ações emitidas (art. 15 §§ 1º e 2º da LSA).
Ademais, a companhia poderá ser administrada por um Conselho de Administração e por
uma Diretoria, ou somente por uma Diretoria, sendo obrigatória a instalação de um
Conselho de Administração nas Companhias abertas e nas de capital autorizado (art. 138
da LSA).

a.1) Sociedade Anônima Aberta

Companhia aberta é a sociedade anônima cujo capital pode ser disseminado pelo público,
contudo para que esse capital venha a circular é obrigatório o registro na CVM.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é o órgão oficial cuja função primordial é a de


fiscalização das atividades do mercado de valores mobiliários [50].

Dentre as suas finalidades principais está promover a expansão e o funcionamento regular


do mercado de ações, estimular as aplicações em ações do capital social de companhias
abertas sob controle de capitais privados nacionais e garantir a eficiência e a regularidade
do mercado de capitais.

Dessa forma, nenhuma emissão pública de valores mobiliários poderá ocorrer sem prévio
registro da sociedade na CVM, entendendo-se por atos de distribuição a venda, a
promessa de venda, a oferta à venda ou subscrição, a aceitação de pedido de venda ou a
subscrição de valores mobiliários.

Importante ressaltar que a lei não exige que, efetivamente, a companhia negocie seus
valores no mercado de capitais, para caracterizar-se como aberta, mas que esteja
autorizada a fazê-lo.

Visto isso, passa-se a analisar as modalidades de ações e as vantagens proporcionadas


por cada uma delas em referência a captação de recursos.

Ações são títulos que representam parte da divisão do capital de uma sociedade anônima,
que dá ao seu possuidor direito creditício perante esta [51]. São, portanto, valores mobiliários
representativos de unidade do capital social de uma sociedade anônima, que conferem
aos seus titulares um complexo de direitos e deveres.

Dentre as modalidades de ações, as que mais interessam são as ações ordinárias e as


preferenciais.

A ação ordinária é aquela que confere aos seus titulares os direitos que a lei reserva ao
acionista comum. São ações de emissão obrigatória. Não há sociedade anônima sem
ações desta espécie. O estatuto não precisará disciplinar esta espécie de ação, uma vez
que dela decorrem, apenas, os direitos normalmente concedidos ao sócio da sociedade
anônima.

Quanto à ação preferencial, esta confere aos seus titulares um complexo de direitos
diferenciados, como, por exemplo, privilégios ou vantagens como prioridade na distribuição
de dividendos fixos ou mínimos, prioridade no reembolso do capital, com prêmio ou sem
ele e acumulação de vantagens enumeradas.

Outra forma eficaz para captação de investimentos para a companhia aberta são as
debêntures, que se caracterizam como valores mobiliários representativos de dívida de
médio e longo prazo, que asseguram a seus detentores (debenturistas) direito de crédito
contra a companhia emissora.

A captação de recursos no mercado de capitais, via emissão de debêntures, pode ser feita
por Sociedade anônima, de capital fechado ou aberto. Entretanto, somente as companhias
abertas, com registro na CVM, podem efetuar emissões públicas de debêntures.

Assim a sociedade anônima aberta se apresenta como uma boa opção, para a captação
de investimentos.

a.2) Sociedade Anônima Fechada

Entre a companhia fechada e a aberta existem algumas diferenças. Contudo, a que mais
nos interessa, neste tópico, é a não emissão por parte das sociedades anônimas fechadas
de valores mobiliários (ações ou debêntures, por exemplo) para serem negociados na
bolsa de valores ou mercados de balcão.

Desta forma, para as atividades econômicas que, pelo seu porte, exigem uma alta soma
de recursos, e a exploração delas, por isso, depende de um mecanismo jurídico que
viabilize a captação deles junto aos investidores em geral, a opção pela companhia
fechada se torna, em comparação com a aberta, uma escolha menos vantajosa, haja vista
uma maior dificuldade na captação de recursos através de emissão pública.

Nesse sentido, na compra e venda de ações da sociedade anônima fechada, o investidor


desconhece a realidade da companhia, tendo em vista que suas demonstrações
financeiras não são publicadas e o fato de que estas companhias não estão sujeitas às
normas regulatórias da CVM, e, em certos casos, às práticas de governança corporativa
exigida pelos investidores nas companhias abertas, demonstrando a necessidade da
aplicação do “Due Diligence” (investigação sobre a situação patrimonial, fiscal, trabalhista,
contábil, dentre outras áreas) como forma de mensurar o valor investido.

Como resultado, a companhia aberta possui mais liquidez na captação de recursos que a
companhia fechada, e, portanto, é mais vantajosa no que se refere à captação de
recursos.

b) Sociedade Limitada

Inicialmente, importa dizer que a sociedade limitada, equivocadamente, foi relegada ao


plano de pequenas empresas que não demandassem grandes articulações societárias.
Esclarecemos, no entanto, que essa idéia não condiz com as novas características da
sociedade limitada, pois com o advento do Código Civil (2002) ocorreu uma ampliação de
suas atribuições societárias, uma vez que as operações antes privativas da sociedade
anônima passaram a ser perfeitamente executadas no âmbito da limitada, tornando-as
muito mais atrativas sob o olhar de grupos de investidores.

No tocante às disposições gerais, o Contrato Social poderá prever a aplicação supletiva da


LSA, nos casos de omissão do Capítulo IV do CC/02, e quando não for assim definido no
Contrato Social da Sociedade Limitada, aplicar-se-ão as normas da sociedade simples
(art.1.053, CC/02).

A responsabilidade dos sócios na Ltda. é restrita ao valor de suas quotas, respondendo


todos os sócios solidariamente pela integralização do capital social (art. 1.052, CC/02).

Quanto ao capital social, este se divide em quotas, iguais ou desiguais, respondendo


solidariamente todos os sócios pela exata estimação dos bens conferidos ao capital social,
até o prazo de 5 anos, contados da data do registro da Sociedade Limitada, sendo vedada
a contribuição que consista em prestação de serviços (art. 1.055, CC/02).

Vale dizer que a quota é indivisível em relação à Sociedade Limitada, salvo em caso de
transferência (art. 1.056, CC/02).

Na omissão do Contrato Social da Sociedade Limitada, a cessão de quotas, total ou


parcial, entre sócios, poderá se dar independentemente da anuência dos demais, e à
terceiros, se não houver oposição de titulares de mais de 1/4 do capital social (art. 1.057,
CC/02).

Ademais, a Ltda. poderá ser administrada por uma ou mais pessoas designadas no
Contrato Social ou em ato separado (art. 1.060 do NCC).

Para um melhor aproveitamento da sociedade limitada é indispensável a utilização de


alguns conceitos básicos como: a possibilidade de efetivar-se um acordo de quotistas
entre os sócios da empresa, a aplicação do princípio da desigualdade de quotas do capital
social (criação de quotas com valores nominais diferenciados, como, por exemplo, quotas
“a”= R$1,00; quotas “b” = R$ 10,00 e quotas “c” = R$ 100,00) e, finalmente, a tendência
cada vez maior de exercer a administração da sociedade em observância às regras de
transparência e governança corporativa.

Governança corporativa é o sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas,


envolvendo os relacionamentos entre acionistas/quotistas, conselho de administração,
diretoria, auditoria independente e conselho fiscal. As boas práticas de governança
corporativa têm por finalidade aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao
capital e contribuir para sua perenidade [52].

Importante frisar que o acordo de sócios nas sociedades limitadas funciona exatamente
como o acordo de acionistas da companhia. Logo, é no texto de um bom acordo de sócios
que será previsto, por exemplo, a forma de retirada de um sócio, observando as
exigências da lei.

Assim, com o acordo de sócios, podem ser criadas situações favoráveis aos investidores,
que procuram um ambiente corporativo onde haja liquidez e possibilidade de uma rápida
saída da sociedade pela venda com lucro da participação no capital social.

Além disso, tendo em vista a previsão do art. 1055 do Código Civil os problemas relativos
aos altos quoruns exigidos por essa modalidade de sociedade podem ser superados, de
modo a criar quotas que atribuam aos seus proprietários um maior peso na votação das
matérias.

Nessa linha, temos que a adoção das práticas de governança corporativa, nas sociedades
limitadas, também traz uma maior liquidez às suas quotas.

É indispensável mencionar que a transparência na administração da sociedade, aliada à


possibilidade de se criar órgãos de fiscalização atuantes, como conselhos fiscais, tornou-
se possível administrar a sociedade limitada com o mesmo grau de transparência das
sociedades anônimas, atraindo desta forma, mais capital.

Assim, vemos que as sociedades limitadas representam uma boa opção para aqueles que
desejam aliar praticidade e liquidez, em contrapartida à dificuldade de captação de
recursos.

3.2.1 S/A X Ltda.

Para sintetizar e complementar o exposto anteriormente, onde se buscou apresentar, de


forma sucinta, as diferenças entre S/A e Ltda., foram elaborados quadros comparativos
entre estes dois tipos societários. Tentou-se opinar sobre a melhor alternativa societária,
ou seja, aquela que supera a outra em determinada característica, tarefa que, acredita-se,
facilitará o entendimento.

No primeiro quadro, comparam-se os quesitos captação de recursos, burocracia,


vantagens atribuídas aos sócios, e transparência (governança). Veja-se:

MELHOR ALTERNATIVA SOCIETÁRIA


S/A S/A

Matéria Limitada
AbertaFechada

1. Captação de Recursos 3 2 1

2. Burocracia 1 2 3

3. Vantagens Atribuídas aos 2 2 2


Sócios

4. Transparência (Governança) 3 2 2

Legenda: 3 - Excelente; 2 - Bom; 1 - Regular.

No segundo quadro, comparam-se os quesitos constituição da sociedade,


responsabilidade dos sócios, capital social, administração, poder de controle,
transferência de participação e captação de recursos. Veja-se:

MELHOR ALTERNATIVA SOCIETÁRIA

Matéria LimitadaS/A

1. Constituição X

2. Responsabilidade dos Sócios X

3. Capital Social X

4. Administração X

5. Poder de Controle X

6. Transferência de
X
Participação

7. Captação de Recursos X

Da análise dos quadros pode-se extrair que a sociedade limitada se caracteriza como a
modalidade societária mais vantajosa, no que concerne a estrutura, notoriamente mais
simples em nível gerencial. Todavia, os meios a serem utilizados para a captação de
recursos são reduzidos, e, devido ao quorum elevado para as deliberações sociais, é uma
escolha arriscada para as sociedades que não possuem um quadro societário com
interesses convergentes e relações invioláveis.

Sendo assim, podemos afirmar que de maneira geral, a limitada é a opção societária mais
adequada para as sociedades com alta concentração de quotas nas mãos do controlador,
e que dispõe de capital próprio suficiente para a consecução dos seus objetivos sociais,
não dependendo de empréstimos de terceiros.

A sociedade anônima, de estrutura mais complexa, apesar de possuir despesas mais


elevadas, fornece em contrapartida, instrumentos para captação de recursos a custos
menores do que aqueles cobrados no mercado financeiro.
Desta feita, seguindo a mesma linha, a sociedade anônima é o modelo societário mais
indicado às sociedades que abrigam a existência, ou eminência, de conflitos societários,
bem como que necessitam de recursos de terceiros para fomentar o seu capital de giro e o
regular desenvolvimento de suas atividades.

Em síntese, não existe um tipo societário “bom ou ruim”, existindo apenas aquele que seja
“mais ou menos adequado” ao caso concreto. A escolha entre um ou outro tipo societário é
decisão que deve ser pautada nos interesses dos sócios e da sociedade, analisados tanto
numa perspectiva presente como também futura.

Nestes termos, somente pela análise de todas as probabilidades possíveis é que se


poderá escolher com segurança pelo tipo societário que melhor se adapte aos interesses e
perspectivas. É inquestionável que a escolha de uma forma jurídica, em detrimento da
outra, sempre será vantajosa em relação a determinados aspectos, e desvantajosa em
relação a outros.

3.3 ADMINISTRAÇÃO DA HOLDING

Na S/A, diferente do que ocorre na Ltda., a administração é exercida pela Diretoria e pelo
conselho de administração (quando houver).

O conselho de administração é órgão eleito pela assembléia geral, composto por, no


mínimo, três membros, todos os quais deverão ser sócios da companhia. Este é o órgão
responsável, dentre outras matérias específicas, por fixar a orientação geral dos negócios
da sociedade. Nas sociedades anônimas fechadas é dispensada a existência do conselho,
sendo esta uma faculdade conferida aos acionistas [53].

A diretoria é órgão eleito pelo conselho de administração, composto por, no mínimo, dois
membros, dentre sócios e não sócios. Nas sociedades anônimas fechadas, quando não
houver conselho de administração, a diretoria será eleita pela assembléia geral. Aos
diretores cabe a representação da sociedade, bem como todos os demais atos
necessários ao seu regular funcionamento[54].

Nas sociedades limitadas, a estrutura administrativa é bem menos complexa. A sociedade


pode ser administrada por um ou mais administradores, sendo os mesmos sócios ou não,
designados no contrato social ou eleitos por ato em separado (art. 1.060, CC/02).

Necessário esclarecer que as limitadas que optaram em serem regidas subsidiariamente


pela LSA, nos moldes do art. 1.053 do CC/2, no que for aplicável, podendo adotar a
composição administrativa prevista para aquele tipo societário, distribuindo as funções
gerenciais entre uma diretoria e um conselho de administração. Este procedimento é
bastante comum em sociedades limitadas constituídas por mais de dez sócios, ou, ainda,
controladas por multinacionais.
Assim, pelos motivos acima expostos, percebe-se que as sociedades limitadas comportam
uma estrutura organizacional mais enxuta que as sociedades anônimas, e, neste caso, a
adoção deste tipo societário pode se apresentar como uma boa escolha para a sociedade
que tenha como objetivo reduzir custos.

3.4 REMUNERAÇÃO DOS SÓCIOS, DIRETORES E ADMINISTRADORES

Os sócios, diretores e administradores podem ser remunerados, basicamente, por três


formas: pró-labore, distribuição de lucros e juros sobre o capital próprio.

Pró-labore é uma expressão latina que significa "pelo trabalho", ou seja, consiste numa
remuneração do trabalho realizado por sócio, gerente ou profissional. O direito à retirada
do pró-labore é fixado no próprio contrato social, sendo definido nele quais os sócios terão
direito a esta retirada.

Em regra, sobre os valores pagos a título de pró-labore dos sócios deverão ser recolhidos
aos cofres públicos a contribuição para o INSS calculada à alíquota total de 31%, da
seguinte forma: 20% devido pela empresa, e 11% que será retido pela empresa, mas
como é devido pelo sócio, esse valor será descontado quando do pagamento do pró-
labore. Assim, temos que sobre o valor do pró-labore incidirá INSS e IRRF (se o valor
ultrapassar o limite para retenção de IRRF).

O valor do pró-labore é estabelecido, normalmente, tomando por base o valor pago pelo
mercado para profissionais que exerçam a mesma função que o sócio desempenha na
empresa e a capacidade financeira da empresa. Se o valor do pró-labore não estiver
estipulado no contrato social da empresa, poderá ser definido pelos próprios sócios por
deliberação em reunião/assembléia.

Os limites mínimos e máximos de retiradas de pró-labore foram abolidos pela Instrução


Normativa nº 93/97 da Receita Federal do Brasil. Assim, tais valores não possuem
limitação, podendo ser livremente definidos pelos sócios.

Além do que lucros e dividendos de sócios são rendimentos isentos e não tributáveis, não
havendo o que falar de recolhimento de Imposto de Renda. Em contrapartida, com relação
ao pró-labore, se o valor ultrapassar o limite para retenção de IRRF, também deverá pagar
tal imposto, ou seja, haverá retenção na fonte do imposto de renda.

Vale dizer que uma empresa que esteja com seus impostos atrasados (FGTS, INSS e
SIMPLES) poderá efetuar o pagamento do pró-labore, no entanto, fica impedida de
distribuir lucros. Tal conclusão encontra fundamento legal no art. 889 do RIR/99.

Ademais, os valores pagos ou creditados, mensalmente, ao titular, sócios, diretores ou


administradores das empresas, a título de remuneração (retiradas pró-labore), fixados
livremente e correspondentes à efetiva prestação de serviços, poderão ser considerados
integralmente como custo ou despesa operacional, no resultado da pessoa jurídica,
independentemente de qualquer restrição, condição ou limite de valor.

Nesse ponto vale trazer a distinção entre pró-labore e distribuição de lucros, sendo
basicamente, "Pró-labore", a retribuição recebida pelo trabalho realizado; e "Distribuição
de Lucros", a retribuição pelo capital investido.

Para fins de incidência de contribuição previdenciária, é considerada remuneração do


empresário todas as importâncias pagas ou creditadas pela empresa, a qualquer título,
inclusive os ganhos habituais sob a forma de utilidade, destinados a retribuir o seu
trabalho. Portanto, como o lucro distribuído, em sua natureza, não é retribuição pelo
trabalho, não há que se falar em incidência de contribuição previdenciária sobre o mesmo.

Isto posto, incide contribuição previdenciária sobre os pagamentos efetuados a título de


pró-labore e não incide sobre a distribuição de lucros [55]; e, em razão disso, muitas
empresas passaram a retribuir os seus sócios essencialmente com lucros em detrimento
do pró-labore.

Ressalte-se também que os pagamentos efetuados aos sócios, tanto a título de pró-labore
como a título de distribuição de lucros devem ter coerência com as suas contrapartidas, ou
seja, o trabalho, a dedicação e o gerenciamento da empresa pelo sócio deve requerer um
pró-labore compatível com o labor despendido, da mesma forma que o lucro distribuído
deve ser compatível com a participação do mesmo no capital social da empresa.

O que se vê bastante por aí é a adoção aleatória de um pró-labore mínimo e o restante


pago a título de distribuição de lucros, totalmente incoerente com a situação de fato. Tal
situação pode caracterizar-se infração a dispositivo da Lei nº 8.212/91, mais precisamente
no que se refere a apresentar documentos e/ou livros relacionados com as contribuições
previdenciárias contendo informações diversa da realidade ou, ainda, com omissão de
informação verdadeira.

Atinente ao Juro sobre o Capital Próprio (JCP)[56], pode-se dizer que constitui-se numa
remuneração do capital próprio investido na empresa por seus titulares, sócios ou
acionistas, calculado sobre as contas integrantes do patrimônio líquido, permite a dedução
destes juros - calculados à razão da TJLP – como despesa financeira [57].

Para fatos geradores ocorridos a partir de 01/01/96, a pessoa jurídica poderá deduzir, para
efeito de apuração do lucro real, observado o regime de competência, os juros pagos ou
creditados individualmente a titular, sócios ou acionistas, a título de remuneração do
capital próprio, calculados sobre as contas do patrimônio líquido e limitadas à variação pró-
rata dia da Taxa de Juros de Longo Prazo – TJLP[58].

O valor dos juros pagos ou creditados, para fins de dedutibilidade como despesa
financeira, não poderá exceder a cinqüenta por cento do maior entre os seguintes valores:
a) Do lucro líquido correspondente ao período de apuração (trimestral ou anual) do
pagamento ou crédito dos juros, após a dedução da CSLL e antes da provisão para o
imposto de renda e da dedução dos referidos juros; ou

b) Dos saldos de lucros acumulados e reservas de lucros de períodos anteriores.

A dedutibilidade se estende à base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro


Líquido, para fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 1997.

O valor dos juros pagos ou creditados, a título de remuneração do capital próprio, ficará
sujeito à incidência de imposto de renda retido na fonte à alíquota de 15% na data do
pagamento ou crédito. O recolhimento deste imposto deverá ser efetuado até o terceiro dia
útil da semana subseqüente ao do pagamento ou crédito dos respectivos juros.

3.5 O PROBLEMA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

Para desenvolvimento deste tópico, utilizar-se-á, basicamente, o excelente artigo


monográfico de José Carlos Filho (2009) [59], por apresentar uma interessante e atualizada
visão sobre o tema, ao qual, de imediato, remete-se leitura para maiores
aprofundamentos. Trata-se, decididamente, de um estudo enriquecedor sobre o tema, que
aqui será tratado de forma superficial.

Há muito o Direito pátrio reconheceu às pessoas jurídicas personalidade jurídica [60] como
uma forma de incentivar o seu desenvolvimento. Possibilitou, assim, que pessoas físicas
que comungassem de interesses comuns pudessem criar um ente que superasse a
individualidade de cada um e atuasse no mercado com autonomia. Isto representou
importante incremento na atividade econômica e possibilitou aos membros das sociedades
auferirem rendimentos que sozinhos não alcançariam.

Acerca da personalização da sociedade, bem ensina o professor Ulhoa (2004, p.112) [61]
que:

A pessoa jurídica não se confunde com as pessoas que a compõem. Este princípio, de suma
importância para o regime dos entes morais, também se aplica à sociedade empresária. Tem ela
personalidade jurídica distinta da de seus sócios; são pessoas inconfundíveis, independentes entre
si.

E complementa o professor ao tratar sobre responsabilidade patrimonial:

[...] em conseqüência, ainda, de sua personalização, a sociedade terá seu patrimônio próprio, seu,
inconfundível e incomunicável com o patrimônio individual de cada um de seus sócios. Sujeito de
direito personalizado autônomo, a pessoa jurídica responderá com o seu patrimônio pelas
obrigações que assumir. Os sócios, em regra, não poderão não responderão pelas obrigações da
sociedade. Somente em hipóteses excepcionais, que serão examinadas a seu tempo, poderá ser
responsabilizado o sócio pelas obrigações da sociedade. (ULHOA, 2004, p.114)
Nesse raciocínio, a responsabilidade dos sócios pelas obrigações da sociedade
empresária é sempre subsidiária. Á vista do disposto no art. 1.024, CC/02 e art. 596 do
CPC, que asseguram aos sócios o direito de exigirem o prévio exaurimento do patrimônio
social. Segundo Ulhoa (2004, p.116):

Quando a lei qualifica de “solidária” a responsabilidade de sócios – ao delimitar a dos membros da


N/C (CC/02, art. 1.039) dos comanditados da C/S (art. 1.045), dos diretores da C/A (art. 1.091) ou
dos da limitada em relação à integralização do capital social (art. 1.052) -, ela se refere às relações
entre eles; quer dizer, se um sócio descumpre sua obrigação, esta pode ser exigida dos demais, se
solidários.

Entretanto, o engenho humano não demorou a desvirtuar o instituto das "pessoas morais",
aproveitando-se de sua personalidade para cometer fraudes e lesar o direito de outros [62].

Diante do apontado desvio de finalidade da pessoa jurídica, os Tribunais desenvolveram a


chamada teoria da desconsideração da personalidade jurídica para, afastando a
separação inicial entre o ente moral e as pessoas que o criaram, penetrar no patrimônio
dos sócios que dela se utilizaram para fraudar o direito.

Desse modo, positivou-se no ordenamento jurídico brasileiro a desconsideração da


personalidade jurídica, sendo hoje prevista em instrumentos normativos como o Código de
Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/90) [63], a Lei de Defesa da Concorrência (Lei nº
8.884/94), a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98) e o CC/02.

É notório que as pessoas jurídicas, como sujeitos de direitos que são, exercem importante
papel para o desenvolvimento sócio-econômico do país. São elas as responsáveis pela
maior quantidade de contratações de trabalhadores. Elas que produzem a maior parte da
riqueza do país, pois são, em sua maioria, titulares de empresas que fazem circular bens e
prestam serviços. Enfim, são as grandes responsáveis, por desenvolverem a "livre
iniciativa" preconizada como um dos fundamentos da República enumerados no art. 1º da
Constituição Federal ao lado dos "valores sociais do trabalho".

No entanto, a personificação da pessoa jurídica e sua conseqüente responsabilidade


patrimonial deixaram de ter caráter absoluto. Assim, uma vez que exista fraude e/ou abuso
de direito por parte dos sócios usando da personalidade jurídica da sociedade, esta poderá
ser desconsiderada para atingir o patrimônio pessoal daqueles. Ressalta-se que a
desconsideração da sociedade jurídica não pode ser realizada de modo arbitrário pelos
juízes. A teoria não pode ser banalizada em sua aplicação, devendo sempre se revestir de
caráter excepcional, e é essa a mensagem que se pretende com a explanação, mesmo
que breve, desse tema.

Nesta seara, vale trazer o esclarecimento do professor Ulhoa (2004, p.117):

Se o patrimônio social não foi suficiente para integral pagamento dos credores da sociedade, o
saldo do passivo poderá ser reclamado dos sócios, em algumas sociedades, de forma ilimitada, ou
seja, os credores poderão sacias seus créditos até a total satisfação, enquanto suportarem os
patrimônios particulares dos sócios. Em outras sociedades, os credores somente poderão alcançar
dos patrimônios particulares um determinado limite, além do qual o respectivo saldo será perda que
deverão suportar. Em um terceiro grupo de sociedades, alguns dos sócios têm responsabilidade
ilimitada e outros não.

Do exposto, pode-se verificar o risco em que se encontraria o patrimônio de qualquer


pessoa física no caso de um eventual auto de infração ou qualquer outro tipo de execução.
Visando reduzir estes riscos e salvaguardar os bens dos membros da família, a opção de
se concentrar os bens imóveis e móveis de maior valor em uma única sociedade (Holding
Patrimonial), que administrará estes bens em seu nome próprio, é muito válida.

4 ASPECTOS PRÁTICOS

Para uma empresa exercer suas atividades no Brasil é preciso, dentre outras providências,
ter registro na prefeitura ou na administração regional da cidade onde vai funcionar, no
estado, na Receita Federal e na Previdência Social. Os passos para constituir uma
sociedade Patrimonial serão adiante enumerados, sendo, basicamente, os mesmos
necessários para se constituir uma Pessoa Jurídica em geral.

Um Passo a Passo foi montado no intuito de facilitar e agilizar as ações dos interessados
em constituir uma Holding Patrimonial. É descrito no item 4.3 em seguida.

Para fazer o registro na Junta Comercial, é preciso apresentar uma série de documentos e
formulários, tais como o Contrato Social da Patrimonial e documentos pessoais de cada
sócio. A documentação exigida pode variar de um estado para outro. Os preços e prazos
para registro da sociedade também variam de estado para estado.

A taxa de registro na Junta Comercial costuma ser de aproximadamente R$ 100,00 (cem


reais), e está vinculado ao montante do capital social da empresa. Ainda existem outras
despesas, como autenticação de cópias de documentos e reconhecimento de firmas. Para
isso, o ideal é consultar o site da Junta Comercial do estado no qual a sociedade pretende
se constituir.

Vejam-se, a seguir, os procedimentos que devem ser adotados para registro de uma
Holding Patrimonial.

4.1 FORMAS DE CONSTITUÇÃO DA HOLDING

A Holding pode ser constituída de duas formas: criação de uma sociedade com a
finalidade de holding; e “transformação” de uma sociedade já existente em holding, através
de alteração do seu objeto social.

Na primeira hipótese, de criação de uma sociedade, será necessário elaborar um contrato


social com objetivo de holding e proceder aos registros nos órgãos competentes, conforme
será demonstrado no item 4.2 seguinte. Para criação de uma pessoa jurídica, será
necessária integralização de capital social.

Se feita por sócia ou acionista pessoa física, poderão ser utilizados quaisquer bens
(móveis ou imóveis) para sua consecução, desde que suscetíveis de avaliação em
dinheiro[64]. Assim, no caso de imóvel [65], ou de direitos a ele relativos, o contrato social por
instrumento público ou particular deverá conter sua descrição, identificação, área, dados
relativos à sua titulação, bem como o número de sua matrícula no Registro Imobiliário. As
integralizações ocorrem, em sua maioria, sob a forma de bens imóveis [66].

A preservação da integridade do capital social é uma exigência que deve ser cumprida nos
dois tipos societários (Ltda. e S/A). Demonstrando que a manutenção econômica do
capital não deve ser prejudicada por quaisquer atitudes dos sócios e/ou administradores,
em especial, pela distribuição indevida de lucros.

Nas companhias, as ações podem ser ordinárias (com direito a voto), preferenciais (sem
direito a voto ou com voto restrito), conforme a natureza dos direitos e vantagens que
confiram aos seus acionistas.

A ação preferencial é um importante instrumento para os investidores que não pretendem


interferir na administração da sociedade, pois concedem aos mesmos a obtenção de
vantagens financeiras. Como proprietário de ações preferenciais, o investidor, via de regra,
não tem direito a voto, mas, em contrapartida, recebe dividendos prioritários, mínimos ou
fixos, conforme previsto no estatuto.

Ademais, é permitido às pessoas físicas transferirem a pessoas jurídicas, a título de


integralização de capital, bens e direitos pelo valor constante da Declaração de Bens ou
pelo valor de mercado, observando-se o seguinte:

a) Se a entrega for feita pelo valor constante da Declaração de Bens, a pessoa física
deverá lançar nesta declaração as ações ou quotas subscritas pelo mesmo valor dos bens
ou direitos transferidos, não se lhes aplicando as regras de distribuição disfarçada de
lucros;

b) Se a transferência não se fizer pelo valor constante da Declaração de Bens, a diferença


a maior será tributável como ganho de capital.

Vale salientar que não incide imposto sobre a transmissão dos bens ou direitos quando
incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital[67], ou quando
decorrente de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, conforme visto
anteriormente, na parte que se tratou da tributação da Holding.

A integralização de capital com quotas de outra sociedade, portanto, através de outra


pessoa jurídica da qual o integralizante é sócio, implicará na correspondente alteração
contratual, modificando o quadro societário da sociedade cujas quotas foram conferidas
para integralizar o capital social, consignando a saída do sócio e ingresso da sociedade
que passa a ser titular das quotas. Se as sedes das empresas envolvidas estiverem
situadas na mesma unidade da federação, os respectivos processos de alteração
tramitarão vinculados. Caso as sociedades envolvidas estejam sediadas em unidades da
federação diferentes, deverá ser, primeiramente, promovido o arquivamento da alteração
relativa à integralização do capital com as quotas e, em seguida, promovida a alteração
contratual de substituição de sócio.

Não é exigível a apresentação de laudo de avaliação para comprovação dos valores dos
bens declarados na integralização de capital de sociedade limitada. Cumpre dizer,
também, que se deve sempre indicar a forma e o prazo da integralização do capital social,
bem como não haver possível indicação de valor de quota social inferior a um centavo,
tudo o acima disciplinado na IN 98/2003.

No caso de a Sociedade desejar alterar sua atividade econômica para um objeto social de
Holding, deverá efetuar a alteração do seu contrato social e proceder ao registro nos
órgãos competentes, nos moldes apontados no item 4.2 seguinte.

4.2 ROTEIRO DE PROCEDIMENTOS

A Holding Patrimonial segue o rito de registros comuns a qualquer sociedade empresária,


pois sempre se reveste sob a forma de uma tipo societário (S/A, Ltda., etc.). Sintetizamos,
a seguir, os passos a serem seguidos no procedimento de abertura de empresa junto aos
órgãos federais, estaduais e municipais [68].

I - Junta Comercial - Inscrição, alterações e baixa

No caso de sociedades, a elaboração do contrato social é o primeiro passo. O empresário


(antiga firma individual) especifica as regras empresariais no próprio Requerimento do
Empresário a ser arquivado na Junta Comercial.

O Departamento Nacional do Registro do Comércio, pelas Instruções Normativas DNRC nº


97/2003 e 98/2003, padronizou as regras a serem observadas nas aberturas, alterações e
encerramento de empresas, aprovando o:

a) Manual de Atos de Registro de Sociedade Ltda;

b) Manual de Atos de Registro de Empresário.

Na Junta Comercial do Estado de Bahia – JUCEB, por exemplo, os atos de registro são
feitos diretamente na internet, por meio do "Cadastro Web", disponível no endereço
eletrônico www.juceb.ba.gov.br. O sistema gera os formulários necessários para a
inscrição do empresário ou da sociedade. Os custos dos atos variam conforme o Estado.
Entretanto, não costumam ultrapassar os R$ 500,00.

II. Receita Federal - Inscrição, alteração e baixa


Obtido o registro do contrato social ou o arquivamento da inscrição do empresário (antigo
firma individual), o próximo passo é a obtenção do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica -
CNPJ[69].

III. Receita Estadual - Inscrição, alteração e baixa

Conforme prevê a Instrução Normativa RFB nº 748, de 28.06.2007, a Secretaria da


Receita Federal do Brasil, no âmbito do CNPJ, poderá celebrar convênios com as
administrações tributárias dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, inclusive suas
autarquias, órgãos e entidades da administração pública federal e órgãos de registro de
entidades, objetivando o intercâmbio de informações cadastrais, a integração dos
respectivos cadastros e a prática de atos cadastrais perante o CNPJ.

O Estado da Bahia já celebrou convênio com a RFB para unificar os procedimentos de


inscrição no Cadastro de Contribuintes. Com isso, os contribuintes estabelecidos no
território baiano efetuarão sua inscrição cadastral conjuntamente com a inscrição no CNPJ
(Cadastro Sincronizado), por meio do próprio PGD CNPJ, que contemplará informações
específicas de interesse deste ente federativo [70].

4.3 PASSO A PASSO PARA REGISTRAR UMA HOLDING

Elaborou-se este passo a passo no intuito de facilitar as ações dos interessados em


constituir uma Holding Patrimonial. Conforme esclareceu-se na monografia, da qual o
presente é anexo, a sociedade holding pode ser criada sob a forma de empresária ou
simples, a critério do beneficiário. Sendo assim, os procedimentos que devem ser
cumpridos para cada tipo societário são:

Para Holding Patrimonial criada sob a forma de sociedade empresária (Junta comercial):

1. Tirar TVL na Prefeitura;

2. Elaborar o contrato de constituição;

3. Preencher programa CNPJ da Receita Federal do Brasil (RFB) e gerar DBE;

4. Arquivar o processo na Junta Comercial respectiva;

5. A depender da atividade, a exemplo do CREA, levar no respectivo órgão após todo o


registro.

Para o caso de constituição sob a forma de sociedade simples (Cartório):

1. Tirar TVL na Prefeitura;

2. Elaborar o contrato de constituição;


3. Levar no órgão de classe (CRC, CREA, CRA, etc.) para obter aprovação (carimbo) e
parecer de regularidade, caso necessário;

4. Levar no Cartório de Registro Civil de Pessoa Jurídica uma cópia simples para emissão
de parecer positivo. Após, juntar os documentos solicitados no parecer, enviar o conjunto
para o Cartório de Registro Civil de PJ, juntamente com o requerimento solicitando
registro;

5. Preencher programa CNPJ da RFB e gerar DBE;

6. Entregar na RFB juntamente com cópia autenticada do contrato de constituição


devidamente registrado no Cartório;

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em conclusão, pode-se afirmar que a holding tem se mostrado como uma ferramenta
empresarial magnífica nos seus aspectos de planejamento, controle e soluções
societárias.

A idéia de se constituir uma sociedade com a finalidade específica de controlar as


atividades de um único indivíduo ou as operações de todo um grupo societário está cada
vez mais difundida no mundo empresarial. A expressão inglesa “holding“ define claramente
o objetivo da nova sociedade: participar de outros investimentos como sócia - acionista ou
quotista - bem como administrar um determinado patrimônio.

A Holding possibilita uma melhor administração de bens móveis e imóveis, visando


principalmente resguardar o patrimônio da operadora, finalidade hoje muito procurada para
evitar conflitos sucessórios.

Quanto ao patrimônio em si, diante dos riscos já comentados anteriormente, é a maneira


mais eficaz de se garantir que o fruto do trabalho de anos não venha a solver
acidentalmente.

Dentre algumas das vantagens vistas ao longo do trabalho tem-se: 1) evita ansiedades por
parte da linha sucessória: o quinhão de cada participante já fica definido sem as
mesquinharias de pesos e medidas; 2) evita o risco de descontinuidade: os negócios não
sentirão a falta de seu principal gestor e desestimula qualquer intenção de “racha”; 3) dá
fôlego para a geração sucessória fazer seus projetos dentro da organização; 4) redução da
carga tributária incidente sobre os rendimentos da pessoa física (IRPF) se feita com a
intermediação da pessoa jurídica, tributada com base no lucro presumido. Assim, ante a
notória redução da carga tributária da pessoa física, a diferença obtida pode retornar a
pessoa física, sem qualquer tipo de tributação, como retorno de capital sob a forma de
lucros e dividendos; 5) realização de planejamento sucessório (herança), a preservação do
patrimônio pessoal perante credores de uma pessoa jurídica (empresa) da qual a pessoa
física participe como sócio ou acionista; e 6) a facilidade na outorga de garantias (avais,
fiança) e na emissão de títulos de crédito (notas promissórias) através da pessoa jurídica
em função de sua maior credibilidade junto ao mercado.

Atinente ao aspecto societário, os objetivos podem ser descritos como crescimento do


grupo, planejamento, controle e administração de todos os investimentos, aumento de
vendas e gerenciamento de interesses societários internos.

Ao longo deste trabalho, a preocupação constante foi demonstrar as vantagens e


desvantagens de se constituição de uma Holding Patrimonial. Acredita-se ter conseguido.

Portanto, ao fim do trabalho, torna-se possível extrair respostas para os questionamentos


iniciais, dos quais se lembra: “Será a Holding Patrimonial uma alternativa eficaz de
planejamento do patrimônio da pessoa física? E quais as suas vantagens e
desvantagens?”

Sem dúvida a Holding Patrimonial é uma alternativa bastante válida e eficaz de


planejamento do patrimônio da pessoa física. Suas vantagens superam e muito as
desvantagens, e tais superações ficam ainda mais nítidas quando se trata de Holding
Patrimonial (Familiar). Agora, é claro, desde que haja um adequado planejamento, como
amplamente explicado ao longo do presente trabalho.

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Civis e Comerciais. São Paulo: Malheiros, 2001.

Notas

[1]
Consultor Tributário e Empresarial da Ernst&Young Terco. Advogado.

[2]
BARBOSA, Rui. Senado Federal. DF – RJ. Obras Completas. v. 29, t. 2, 1902, p. 49.

[3]
ANGHER, Anne Joyce. Dicionário Jurídico. 6 ed. São Paulo: Rideel, 2002.

[4]
Vale dizer que não necessariamente esta deve ser a redação da cláusula, pois a
legislação não define um modelo a ser seguido. Trata-se apenas de sugestão. O que
importa é a idéia.

[5]
TEIXEIRA, João Alberto Borges. Holding Familiar: Tipo Societário e seu Regime
Tributário. Fiscosoft, mai. 2007. Disponível em:
<http://www.fiscosoft.com.br/base/161862/holding_familiar_tipo_societario_e_seu_regime_
tributario_-_joao_alberto_borges_teixeira.html>. Acesso em: 10 fev. 2010.
[6]
Para maiores detalhes sobre as demais espécies de holding, ver bibliografia.

[7]
OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças. Holding, administração corporativa e
unidade estratégica de negócio: uma abordagem prática. São Paulo: Atlas, 1995.

[8]
Facilidade na outorga de garantias (avais, fiança) e na emissão de títulos de crédito
(notas promissórias) através da pessoa jurídica em função de sua maior credibilidade junto
ao mercado.

[9]
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito das sucessões. v. 6. São Paulo: Atlas,
2003.

[10]
No dizer de Zeno Veloso, não se pode negar que o testamento é um negócio jurídico
principalmente patrimonial; tipicamente, no sentido tradicional e específico, é um ato de
última vontade em que o testador faz disposições de bens, dá um destino ao seu
patrimônio, nomeia herdeiros, institui legatários. Texto “TESTAMENTOS. NOÇÕES
GERAIS; FORMAS ORDINÁRIAS; CODICILO; FORMAS ESPECIAIS”. Disponível em:
<www.flaviotartuce.adv.br/secoes/artigosc/zeno_testamento.doc>. Acesso em: 10 abr.
2010.

[11]
ALMEIDA, José Luiz Gavião de. Código Civil comentado: direito das sucessões.

[12]
Ibid. p.23.

[13]
Ibid. p. 23.

[14]
Vale dizer que o artigo 1.848, CC/02, é expresso em proibir o testador de estabelecer
cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade e de incomunicabilidade sobre os bens da
legítima, salvo se houver justa causa, declarada no testamento.

[15]
Legítima é a parte de 50% (cinqüenta por cento) do patrimônio do doador, cabível aos
herdeiros necessários, que pelo Código Civil vigente, perfazem os descendentes, os
ascendentes e os cônjuges.

[16]
Nesse sentido, José da Silva Pacheco nos ensina que o parágrafo único do artigo
2.002, do novo código; estabelece que "para o cálculo da legítima, o valor dos bens
conferidos será computado na parte indisponível, sem aumentar a parte disponível".
Coerentemente, o artigo 1.847, in fine, manda adicionar, "em seguida, o valor dos bens
sujeitos a colação". Assim, à metade dos bens do testador, adiciona-se a importância dos
bens sujeitos a colação. Em resumo, o valor apurado, após a dedução das dívidas e das
despesas de funeral, dividido por dois, dá, conseqüentemente, duas metades, uma das
quais corresponde à parte disponível, como acima dissemos, e à outra será adicionado o
valor dos bens sujeitos à colação (artigos 2.002 e seg.), obtendo-se, como resultado, o
valor da legítima. Texto “Da legítima dos herdeiros necessários e das cláusulas restritivas
sobre ela. Doutrina e Pesquisa”. Disponível em: < www.gontijo-
familia.adv.br/...da.../Legitimidade_herdeiros.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2010.

[17]
Art. 1.390, CC/02, e sgs.

[18]
Art. 547 e 1.359 do CC/02.

[19]
SILVA, Carlos Eduardo Jar e. Da possibilidade (ou não) da extinção da cláusula de
inalienabilidade de bem imóvel constituída através de doação ou testamento. Jus
Navigandi, Teresina, ano 13, n. 1975, 27 nov. 2008. Disponível em:
<http://jus.com.br/revista/texto/12011>. Acesso em: 13 abr. 2010.

[20]
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Direito das Sucessões. São Paulo: Atlas,
2003, p. 208.

[21]
Salienta-se que o Código Civil Brasileiro elevou o consorte à condição de herdeiro
necessário, passando este a concorrer com os descendentes, conforme estipula o inciso I,
do artigo 1.829 e o artigo 1.845 CC. Portanto, herdará quando o falecido tiver deixado
bens adquiridos anteriormente ao casamento, chamados bens particulares, isto é, bens de
família e os advindos de herança, doação ou legado. Resta claro dessa forma que, em
tendo as partes contraído núpcias pelo regime da Comunhão Parcial de Bens, tendo
adquirido bens anteriormente à união, e, tendo recebido bens de herança, doação ou
legado, no falecimento de um deles, o sobrevivente será tido como herdeiro, dos bens do
cônjuge falecido. Frisa-se, também que o sobrevivente figurará ainda como meeiro quando
os bens forem adquiridos anteriormente ou na constância da união.

Inexistirá a condição de herdeiro necessário do cônjuge sobrevivente, quando o


casamento tiver sido celebrado pelo regime da Comunhão Universal de Bens e Separação
Obrigatória de Bens.

[22]
RAMOS, Elisa Maria Rudge. O único imóvel residencial do fiador pode ser
penhorado para satisfazer a obrigação do locatário?. Informativo 374, nov. 2008.
Disponível em: <http://www.lfg.com.br/public_html/article.php?
story=20081107143449781&mode=print>. Acesso em: 13 abr. 2010.

[23]
OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças. Holding, administração corporativa e
unidade estratégica de negócio: uma abordagem prática. São Paulo: Atlas, 1995.

[24]
“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem
como fundamentos: [...]”

[25]
CF/88, art. 5º, XXII.

[26]
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. São Paulo, Malheiros, 2004.
[27]
De acordo com matéria veiculada na Folha de São Paulo, em 22 abr. 2010, a
arrecadação de impostos e contribuições federais bateu recorde. Em março, os brasileiros
recolheram R$ 59,42 bilhões em tributos, o que representa o melhor resultado para o mês
- com alta de 6,1% acima da Inflação em relação a igual período de 2009. No ano, a
Receita Federal já contabiliza a soma histórica de R$ 185,98 bilhões.

[28]
MACHADO, Hugo de Brito. Inflação normativa. 2003. Disponível em:
<http://www.hugomachado.adv.br>. Acesso em: 18 out. 2009.

[29]
MACHADO, Hugo de Brito. Tributação oculta. 2002. Disponível em:
<http://www.hugomachado.adv.br>. Acesso em: 11 dez. 2009.

[30]
Professor Emérito das Universidades Mackenzie. Texto disponível
em:<http://www.fiscosoft.com.br/a/466y/a-reforma-tributaria-ives-gandra-da-silva-martins>.
Acesso em: 14 jan. 2010.

[31]
STF – Pleno - MS 24.849/DF – Rel. Min. Celso de Mello – J: 22/06/2005.

[32]
SHANGAKI, Mário. Gestão de Impostos: para pessoas físicas e jurídicas. São
Paulo: Saint Paulo Institute of Finance, 2003. p. 316.

[33]
DÓRIA, Antônio Roberto Sampaio. Elisão e evasão fiscal. 2 ed. São Paulo: Bushatsky,
1977.

[34]
Estão obrigadas à tributação com base no lucro real, conforme artigo 14 da Lei nº
9.718/98, as sociedades:

• Cuja receita total, no ano-calendário anterior, seja superior ao limite de R$ 48.000.000,00


(quarenta e oito milhões de reais), ou proporcional ao número de meses do período,
quando inferior a doze meses (R$ 4.000.000,00 x N° de meses);

• Cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de


desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e
investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores
mobiliários e câmbio, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de
arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de
capitalização (inclusive operadoras de planos de assistência à saúde – OPS) e entidades
de previdência privada aberta;

• Que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior;

• Que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam de benefícios fiscais relativos à


isenção ou redução do imposto;

• Que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado pagamento mensal pelo regime de


estimativa, na forma do art. 2° da Lei n. 9430/96; e,
• Que explorem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de
assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de
contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultante de vendas mercantis
a prazo ou de prestação de serviços (factoring);

[35]
HIGUCHI, Hiromi; HIGUCHI, Fábio. Imposto de Renda das empresas: interpretação
e prática. Atualizado até 10-01-2010. 35ª ed. São Paulo: IR Publicações, 2010.

[36]
Contudo, podem surgir situações em que apenas esta análise não baste, em virtude de
casos específicos como:

1) A receita da empresa ser extremamente incerta, o que torna a tributação pelo lucro real
a mais prudente, pois, na pior das hipóteses, os impostos serão pagos sobre o lucro
econômico, deixando assim de incidir sobre um lucro presumido, mas que na prática não
tenha se consumado.

2) A atividade ser prestação de serviços, ou seja, sujeita a poucas recuperações de


créditos não cumulativos (exemplo do PIS e COFINS), circunstância na qual, mesmo
havendo projeções semelhantes nas duas formas de tributação, a opção pelo lucro
presumido é sempre mais atraente, pois os impostos sobre vendas são significativamente
menores.

3) A empresa estar em fase de organização, o que também justifica a escolha pelo lucro
presumido, haja vista que as obrigações fiscais são menores nesse enquadramento.

[37]
Se a locação de bens não fizer parte do objeto social da holding, as receitas de aluguéis
integram, por inteiro, a base de cálculo do imposto mensal determinada por estimativa,
bem como a base de cálculo do imposto trimestral determinado com base no lucro
presumido ou arbitrado.

[38]
Com base no que estabelece o art. 115, I, da Lei nº 7.186/06, o imposto não incide
sobre a transmissão de bens e direitos quando realizada para incorporação ao patrimônio
de pessoa jurídica, em pagamento de capital nela subscrito.

[39]
Com base no que preceitua o art. 156, §2º, I, da CF/88, não ocorre incidência de
imposto (ITIV) sobre a transmissão de bens incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica
em realização de capital.

[40]
Para maior aprofundamento sugerimos o texto: O QUE é gestão estratégica de
negócios? Disponível em:
<http://www.sefaz.ms.gov.br/segundoforum/artigos/Estrategia/O_QUE_E_GESTAO_ESTR
ATEGICA_DE_NEGOCIOS.htm>. Acesso em: 15 abr. 2009.

[41]
PINTO, Luiz Fernando da Silva. Pensar estrategicamente. Conjuntura econômica.
Rio de Janeiro, v. 56, n. 2, fev. 2002.
[42]
Sobre o tema recomendamos o texto “Direito e Economia num Mundo Globalizado:
Cooperação ou Confronto?”, do professor da UFRJ Armando Castelar Pinheiro, disponível
em: <http://www.econ.puc-
rio.br/gfranco/direito_e_economia_num_mundo_globalizado.pdf.>

[43]
A cláusula do Objeto Social que deverá constar no contrato da Holding Patrimonial é
mais ou menos a seguinte:

“Cláusula X – A sociedade tem como objeto social a administração de bens móveis e


imóveis próprios, o controle, a participação e a administração de outras sociedades.

Parágrafo Único – Não faz parte do presente objeto social a atividade de corretagem.”

[44]
A Prefeitura Municipal de Salvador não admite que uma sociedade com este CNAE
exerça suas atividades em um escritório virtual.

[45]
Lei nº 6.404/76 - LSA.

[46]
Lei nº 10.406/02 – CC/02.

[47]
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. São Paulo: Saraiva, 2004.

[48]
Ibid. p.181.

[49]
Ibid. p.181.

[50]
Maiores informações no sitio: < http://www.cvm.gov.br/>.

[51]
ANGHER, Anne Joyce. Dicionário Jurídico. 6 ed. São Paulo: Rideel, 2002.

[52]
SILVA, José Orlando Gonçalves da. Acordo de acionistas e poder de controle na
sociedade anônima brasileira. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de
Economia, julho 2005. Disponível em: <
www.cvm.gov.br/port/.../Jose_Orlando_Goncalves_da_Silva.pdf>. Acesso em: 14 abr.
2010.

[53]
Os membros do Conselho de Administração deverão ser acionistas da Companhia e os
diretores deverão ser residentes no País, podendo ser acionistas ou não. (art. 146 da LSA)

[54]
Os conselheiros e diretores serão investidos nos seus cargos mediante assinatura do
termo de posse no livro de Atas do Conselho de Administração ou da Diretoria, conforme o
caso, devendo o termo ser assinado dentro de 30 dias contados da nomeação dos
administradores. (art. 149 da LSA).

No caso de vacância do cargo de conselheiro, salvo disposição em contrário do Estatuto


Social, o substituto será nomeado pelos conselheiros remanescentes e servirá até a
primeira Assembléia Geral. Se ocorrer vacância da maioria dos cargos, a Assembléia
Geral será convocada para proceder a nova eleição. (art. 150 da LSA)

A renúncia dos administradores torna-se eficaz, em relação à Companhia, desde o


momento em que esta toma conhecimento da comunicação escrita do renunciante e em
relação a terceiros, após o arquivamento no registro de comércio e publicação. (art. 151 da
LSA)

[55]
Vale dizer que o INSS impõe certa restrição em relação a distribuição de lucros. É
importante realçar que para a empresa em débito com a seguridade social não é permitida
que a mesma distribua lucros aos seus sócios e, caso isso ocorra, o valor da multa será de
50% do total do lucro distribuído.

[56]
Sobre o tema recomendamos leitura do texto “Juros Sobre o Capital Próprio”, de Gilda
dos Santos Guimarães, disponível em: <http://www.audidata.com.br/noticias/notic2.htm>; e
FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS CONTÁBEIS, ATUARIAIS E FINANCEIRAS -
FIPECAFI. Manual de contabilidade das sociedades por ações. São Paulo: Editora Atlas,
2003.

[57]
Os juros sobre o capital próprio estão sujeitos à incidência do imposto de renda na
fonte, à alíquota de 15%, na data do pagamento ou crédito. Observar limitações e
condicionantes previstas na Lei nº 9.249/95 – artigo 9º e artigo 347 do RIR-Regulamento
do Imposto de Renda.

[58]
HIGUCHI, Hiromi; HIGUCHI, Fábio. Imposto de Renda das empresas: interpretação
e prática. Atualizado até 10-01-2010. 35ª ed. São Paulo: IR Publicações, 2010.

[59]
FILHO, José Carlos Bastos Silva. A desconsideração da personalidade jurídica na
execução trabalhista frente à jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho. Jus
Navigandi, Teresina, ano 13, n. 2114, 15 abr. 2009. Disponível em:
<http://jus.com.br/revista/texto/12634>. Acesso em: 26 abr. 2010.

[60]
Acerca do conceito de Personalidade Jurídica, ensina-nos o professor baiano Pablo
Stolze que, para a Teoria Geral do Direito Civil, constitui-se na aptidão genérica para se
titularizar direitos e contrair obrigações, ou, em outras palavras, é o atributo necessário
para ser sujeito de direito.

[61]
COELHO, Fábio Ulhoa. Op. Cit. p.112.

[62]
FILHO, José Carlos Bastos Silva. Op. Cit.

[63]
O Código de Defesa do Consumidor foi o primeiro a positivar a desconsideração da
personalidade jurídica em seu art. 28, pelo qual:

Art. 28 - O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em


detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato
ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será
efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da
pessoa jurídica provocados por má administração.

§1º. (Vetado).

(...)

§ 5º. Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua
personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados
aos consumidores".

[64]
A legislação brasileira é clara no sentido de que tanto as sociedades limitadas como as
anônimas, devem ter seu capital social expresso em moeda nacional.

[65]
Estes bens devem ser transferidos para o acervo da empresa patrimonial, através da
integralização de capital. Ressalte-se que o imposto de transferência – ITIV somente
incidirá sobre esta operação, caso a receita da sociedade seja predominantemente de
locação dos imóveis, conforme visto anteriormente.

[66]
Ressalte-se que, no caso de sócio casado, deverá haver a anuência do cônjuge, salvo
se regime de separação absoluta. Por seu turno, a integralização de capital com bens
imóveis de menor depende de autorização judicial.

[67]
Com base no que preceitua a Constituição Federal Brasileira de 1988, em seu art. 156,
2º, I, não ocorre incidência de imposto (ITBI) sobre a transmissão de bens incorporados ao
patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital.

[68]
O Roteiro contempla as situações comuns de abertura de empresas. Casos que
requeiram procedimentos especiais, como as entidades sujeitas à fiscalização do Banco
Central, CVM, CRECI, CREA, SUSEP, devem ser pesquisados na legislação.

[69]
Não há taxa a recolher no âmbito da Receita Federal.

[70]
Nos demais Estados deverão ser verificados os procedimentos específicos aplicáveis,
inclusive se há a celebração de convênio com a RFB.

Autor

 Fred John Santana Prado

Consultor Tributário e Empresarial da Ernst&Young Terco. Advogado.

Informações sobre o texto

Como citar este texto (NBR 6023:2002 ABNT):


PRADO, Fred John Santana. A holding como modalidade de planejamento patrimonial da pessoa
física no Brasil. Jus Navigandi, Teresina, ano 16, n. 2800, 2 mar. 2011 . Disponível em:
<http://jus.com.br/revista/texto/18605>. Acesso em: 19 nov. 2012.

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