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ACÓRDÃO
Documento: 1582365 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 22/03/2017 Página 1 de 4
Superior Tribunal de Justiça
Documento: 1582365 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 22/03/2017 Página 2 de 4
Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 1.637.747 - SP (2014/0054795-5)
RELATORA : MINISTRA NANCY ANDRIGHI
RECORRENTE : SANDOZ DO BRASIL INDÚSTRIA FARMACÊUTICA LTDA
ADVOGADOS : HÉLIO FABBRI JUNIOR - SP093863
LELIO DENICOLI SCHMIDT E OUTRO(S) - SP135623
RECORRIDO : ELI LILLY DO BRASIL LTDA
ADVOGADOS : CARLOS EDUARDO CORRÊA DA COSTA DE ABOIM E
OUTRO(S) - RJ110246
TATIANA MACHADO ALVES - RJ183027
ORLANDO LIMA BARROS - SP261120
LOUIS ALEXANDRE GUIMARÃES LOZOUET E OUTRO(S) -
RJ172812
ALBA MARIA DE SOUZA CRUZ E OUTRO(S) - RJ209135
RELATÓRIO
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Superior Tribunal de Justiça
Além de negativa de prestação jurisdicional, assevera que a presente liquidação
deve ser processada perante o Juízo onde tramitou a ação em que proferida a
medida antecipatória cuja execução causou os danos indenizáveis. Argumenta que
“o fato da liminar concedida em São Paulo ter sido fundamentada em anterior
decisão proferida na Justiça Federal de Brasília não transfere necessariamente a
esta a competência para liquidar os danos causados por aquela”, pois “a ação que
tramitava em Brasília tinha objeto diverso e se voltava contra a ANVISA” (e-STJ
Fl. 1.021). Requer, ao final, o provimento do recurso a fim de que seja
determinado o prosseguimento da presente liquidação no Juízo onde tramitou a
ação indenizatória por ela proposta.
Prévio juízo de admissibilidade: a irresignação não foi admitida
pelo TJ/SP, tendo sido interposto agravo da decisão denegatória, o qual foi
autuado como recurso especial.
É o relatório.
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Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 1.637.747 - SP (2014/0054795-5)
RELATORA : MINISTRA NANCY ANDRIGHI
RECORRENTE : SANDOZ DO BRASIL INDÚSTRIA FARMACÊUTICA LTDA
ADVOGADOS : HÉLIO FABBRI JUNIOR - SP093863
LELIO DENICOLI SCHMIDT E OUTRO(S) - SP135623
RECORRIDO : ELI LILLY DO BRASIL LTDA
ADVOGADOS : CARLOS EDUARDO CORRÊA DA COSTA DE ABOIM E
OUTRO(S) - RJ110246
TATIANA MACHADO ALVES - RJ183027
ORLANDO LIMA BARROS - SP261120
LOUIS ALEXANDRE GUIMARÃES LOZOUET E OUTRO(S) -
RJ172812
ALBA MARIA DE SOUZA CRUZ E OUTRO(S) - RJ209135
VOTO
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Superior Tribunal de Justiça
DECISÃO ANTECIPATÓRIA LIQUIDANDA
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Superior Tribunal de Justiça
perante a Justiça Federal, houve determinação de arquivamento do pedido de
patente por ela formulado para proteção do composto cloridrato de gemcitabina
(PI 9.302.434-7), ante o não cumprimento do disposto nos arts. 229 e 230 da Lei
9.279/1996 (LPI).
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Superior Tribunal de Justiça
Trata-se, no mesmo sentido do entendimento exposto no acórdão
recorrido, de responsabilidade de natureza objetiva, vale dizer, decorrente do
fato objetivo do dano, independentemente da verificação de culpa.
Isso porque a execução de medidas provisórias corre sob
responsabilidade do requerente, que fica obrigado “a reparar os danos que o
executado haja sofrido” (tal como disposto no art. 475-O, I, do CPC/1973).
Ao justificar a natureza objetiva dessa responsabilidade, CHIOVENDA
pontuou com propriedade que “é mais équo que suporte o dano aquele dentre as
partes que provocou, em sua vantagem, a providência a final tornada sem
justificativa, do que a outra, que nada fez para sofrer o dano e nada poderia
fazer para evitá-lo” (apud GALENO LACERDA, Comentários ao CPC, 10ª ed., p.
314).
Corroborando esse entendimento, a Segunda Seção desta Corte
acrescenta que “a sentença de improcedência, quando revoga tutela
antecipadamente concedida, constitui, como efeito secundário, título de certeza
da obrigação de o autor indenizar o réu pelos danos eventualmente
experimentados, cujo valor exato será posteriormente apurado em liquidação
nos próprios autos" (REsp 1.548.749/RS, DJe 6/6/2016, sem destaque no
original).
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Tribunal de origem entendeu que o dano por ela suportado não foi causado por
essa decisão, mas sim pela determinação exarada em momento anterior pelo TRF
- 1ª Região, que proibira a ANVISA de conceder qualquer outro registro que
autorizasse a comercialização de produto similar ao medicamento fabricado pela
recorrida.
O que se depreende, todavia, é que as medidas antecipadas
concedidas em ambas as ações não apresentam relação de similaridade ou
prejudicialidade. Os processos possuem partes, causas de pedir e objetos
distintos, não se podendo vislumbrar eventual continência ou conexão entre eles.
De fato, a ação distribuída perante o Juízo da 16ª Vara Federal de
Brasília/DF foi ajuizada pela recorrida em face da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária - ANVISA, tendo como finalidade obter declaração de exclusividade
do direito de comercialização do medicamento GEMZAR, composto pela
substância cloridrato de gemcitabina, objeto do pedido de patente PI
9.302.434-7.
A tutela provisória deferida em favor da recorrida nessa ação,
conforme assinalado anteriormente, cingiu-se em determinar à ANVISA que se
abstivesse de conceder registro a qualquer outro produto que pudesse resultar em
autorização de comercialização de medicamento similar ao produzido por ela.
Por outro lado, a presente ação, proposta pela recorrente em face da
recorrida, versa sobre eventual responsabilização civil desta em virtude da
prática de concorrência desleal derivada de divulgação de informação falsa e
caluniosa.
A medida antecipatória correlata, pleiteada pela recorrida na petição
de reconvenção apresentada, impôs obrigação de não fazer à recorrente,
proibindo-a de comercializar o produto sintetizado a partir da mesma substância
utilizada na fabricação do medicamento retro citado.
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A fixação dessas premissas permite inferir que, conquanto a decisão
da Justiça Federal tenha servido de substrato à fundamentação adotada pelo
julgador, que culminou no deferimento da medida pela Justiça Estadual, é certo
que eventual prejuízo suportado pela recorrente originou-se diretamente da
proibição de comercialização imposta pela tutela concedida por esta última.
A conclusão fica evidente ao se constatar que o fundamento do
pedido de ressarcimento deduzido pela recorrente reside no fato de ter ficado
aproximadamente três meses sem poder comercializar o medicamento que produz
em decorrência da proibição determinada pelo Juízo de Direito da 2ª Vara Cível
do Foro Regional II - Santo Amaro/SP (e-STJ Fls. 20/41).
Vale registrar, por fim, que a existência de requerimento de
liquidação de sentença protocolado perante o Juízo Federal da 16ª Vara do
Distrito Federal não guarda relação de prejudicialidade com a presente discussão,
pois aquele versa sobre eventuais danos decorrentes da execução da medida
antecipada deferida na ação movida pela recorrida em face da ANVISA, o que
extrapola os limites desta análise.
Ademais, compete ao respectivo Juízo verificar a presença dos
pressupostos necessários ao processamento regular do requerimento. Caso seja
verificada a ocorrência de duplicidade, compete a ele declará-la, a fim de indeferir
o pedido.
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Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
TERCEIRA TURMA
Relatora
Exma. Sra. Ministra NANCY ANDRIGHI
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. ANTÔNIO CARLOS ALPINO BIGONHA
Secretária
Bela. MARIA AUXILIADORA RAMALHO DA ROCHA
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : SANDOZ DO BRASIL INDÚSTRIA FARMACÊUTICA LTDA
ADVOGADOS : HÉLIO FABBRI JUNIOR - SP093863
LELIO DENICOLI SCHMIDT E OUTRO(S) - SP135623
GENNARO CHIARELLI NAPOLITANO - SP325695
RECORRIDO : ELI LILLY DO BRASIL LTDA
ADVOGADOS : CARLOS EDUARDO CORRÊA DA COSTA DE ABOIM E OUTRO(S) -
RJ110246
TATIANA MACHADO ALVES - RJ183027
ORLANDO LIMA BARROS - SP261120
LOUIS ALEXANDRE GUIMARÃES LOZOUET E OUTRO(S) - RJ172812
ALBA MARIA DE SOUZA CRUZ E OUTRO(S) - RJ209135
SUSTENTAÇÃO ORAL
Dr. GENNARO CHIARELLI NAPOLITANO, pela parte RECORRENTE: SANDOZ DO BRASIL
INDÚSTRIA FARMACÊUTICA LTDA
Dr. CARLOS EDUARDO CORRÊA DA COSTA DE ABOIM, pela parte RECORRIDA: ELI LILLY
DO BRASIL LTDA
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Terceira Turma, por unanimidade, deu provimento ao recurso especial, nos termos do
voto da Sra. Ministra Relatora.
Os Srs. Ministros Paulo de Tarso Sanseverino, Ricardo Villas Bôas Cueva e Marco
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Superior Tribunal de Justiça
Aurélio Bellizze (Presidente) votaram com a Sra. Ministra Relatora.
Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Moura Ribeiro.
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